1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 PROPAGAÇÃO DE ECHEVERIA ELEGANS Rose EM DIFERENTES SUBSTRATOS ECHEVERIA ELEGANS Rose PROPAGATION IN DIFFERENT SUBSTRATES ANA CAROLINA DE ALMEIDA¹; GLEICE RENUNZA PIRES¹; GUILHERME AUGUSTO SHINOZAKI¹; MARIA APARECIDA DA FONSECA SORACE2; CONCEIÇÃO APARECIDA COSSA*2. ¹ Acadêmico do curso de agronomia da UENP-CLM; ² Prof. Dra. da UENP-CLM. *[email protected] RESUMO Echeveria elegans Rose, conhecida por rosa-de-pedra ou echeveria, é uma espécie ornamental da família Crassulaceae, que apresenta propagação assexuada. A estaquia é o método mais utilizado para a produção de mudas de muitas espécies de ornamentais e algumas frutíferas (DONADIO,2000). O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes substratos para a propagação vegetativa de E. elegans utilizando-se estacas foliares. O experimento foi conduzido em ambiente protegido na Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel-Pr. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos: T1(testemunha) - areia e húmus, comumente utilizado na propagação de ornamentais; T2 - areia, húmus e torta de filtro; T3 - areia, húmus e cama de frango e T4 areia, húmus e Organo-Nipo-Brasil, em proporções iguais e cinco repetições. Os parâmetros avaliados foram: massas fresca e seca de parte aérea e raiz e maior comprimento de raiz. As médias obtidas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O substrato areia+húmus foi o que proporcionou melhor desenvolvimento de raiz e parte aérea para produção de mudas de E. elegans por estaquia com melhores condições de drenagem e aeração, por se tratar de uma espécie pouco exigente em água. Palavras-chave: rosa de pedra; propagação vegetativa; estacas foliares. INTRODUÇÃO O Brasil apresenta elevado potencial para o cultivo de flores e plantas ornamentais, visando beneficiar pequenos produtores, por não exigir grandes áreas de cultivo. Com a expansão dos conhecimentos e a necessidade de preservar o meio ambiente, novas técnicas 568 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 passaram a ser empregadas. Logo, iniciou-se um processo evolutivo de profissionalização e de busca por tecnologias que tornassem a atividade mais competitiva e rentável (KÄMPF, 2005). Algumas plantas se destacam pela sua beleza, coloração, textura, dentre outros aspectos. As plantas suculentas caracterizam-se por armazenar água em uma ou em várias partes (caules, folhas, raízes) e nesses locais conotam aparente intumescimento (DEMATTÊ, 1992). Existem desde arbustos-densos até pequenas rosetas baixas e acaules (KINDERSLEY, 1984). Crassulaceae é uma família cosmopolita de plantas suculentas, com cerca de 35 gêneros e mais de 1500 espécies concentradas no Hemisfério Norte. O Brasil é pobre em crassuláceas, com apenas uma espécie nativa, a Crassula peduncularis, além de algumas espécies, subespontâneas do gênero Kalanchoe, a exemplo de K. tubiflora.(SODRÉ, 2015). Echevérias ou rosas-de-pedra são nomes utilizados para a maioria das espécies do gênero Echeveria (PATRO, 2013). Com mais de 150 espécies e inúmeros híbridos, tem sido largamente utilizadas como ornamentais (WILLIANS, 2006). Na fase adulta produzem rebentos em longos estolhos que se desenvolvem abaixo das folhas inferiores, de onde posteriormente, serão emitidas flores com cores em tons de rosa e extremidades amareladas em racemos com ráquis cor de rosa que atingem 30 cm de altura. As folhas são espatuladas, voltadas para cima, de cor verde rosada ou acinzentada e espessa (LORENZI, 2008). A estaquia é o método de propagação assexuada mais importante e utilizada para a produção de mudas de muitas espécies de ornamentais e algumas frutíferas (DONADIO, 2000). As estacas podem ser obtidas de porções vegetativas de caules, caules modificados (rizomas, tubérculos e bulbos), folhas e raízes. (PEREIRA, 2003). A propagação da echeveria pode ser realizada a partir de sementes, um processo lento, estacas de folhas e ramificações (LORENZI, 2008). Estacas foliares é o método mais utilizado (STUMPF, 2010). As suculentas são plantas originárias de clima árido que necessitam de muito sol para um bom desenvolvimento e apreciam pH neutro (WILLIANS, 2006). A seleção de substrato para produção de mudas para cultivo se destaca por ser o principal fator de desenvolvimento e crescimento da planta. A escolha do substrato depende da necessidade da planta ou manejo das mesmas. Os substratos mais utilizados em plantas ornamentais são: 569 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 turfa, serrapilheira, areia, casca de arroz carbonizada, vermiculita, composto orgânico, solo mineral e misturas (KÄMPF, 2006). Um substrato, para ser considerado ideal deve apresentar elevada capacidade de retenção de água, tornando-a facilmente disponível; distribuição das partículas de tal modo que, ao mesmo tempo que retenham água, mantenham a aeração para que as raízes não sejam submetidas a baixos níveis de oxigênio, o que compromete o desenvolvimento da cultura; decomposição lenta; que seja disponível para a compra e de baixo custo (MELO; BORTOLOZZO; VARGAS, 2006). O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes substratos para a propagação vegetativa de E. elegans utilizando-se estacas foliares. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em ambiente controlado (estufa), no campus Luiz Meneghel da Universidade Estadual do Norte do Paraná e as avaliações no laboratório de Botânica Aplicada. Para a propagação vegetativa, foram utilizadas folhas oriundas de plantas de E. elegans adquiridas no comercio local e como substratos: cama de frango (constituída de palha de arroz e palha de café), adubo orgânico (Organo-Nipo-Brasil), torta de filtro e húmus. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos: T1 (testemunha) - areia e húmus, comumente utilizado na propagação de ornamentais; T2 - areia, húmus e torta de filtro; T3 - areia, húmus e cama de frango e T4 areia, húmus e Organo-Nipo-Brasil, em proporções iguais e cinco repetições. Os parâmetros avaliados 45 após a instalação do ensaio foram: massa fresca de parte aérea e raiz e massa seca de parte aérea e raiz após secagem em estufa a 60°C por 72 horas e maior comprimento de raiz. Os dados foram submetidos à análise de variânciae as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias de massa fresca de parte aérea das plantas de echevéria variaram em função dos tratamentos (Gráfico 1). Os melhores substratos para produção de massa fresca de parte aérea foram: T1- areia+húmus e T2 - areia, húmus+torta de filtro. O substrato T3 – areia+ húmus+cama de frango apresentou média de massa fresca de parte aérea intermediária, 570 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 não diferindo dos tratamentos T1, T2 e nem de T4. O substrato T4 - areia+húmus+ OrganoNipo-Brasil foi o que apresentou a menor média de massa fresca de parte aérea. As médias de massa seca de parte aérea dos tratamentos (Gráfico 2) apesar de não diferirem, apresentaram resultados semelhantes aos obtidos para massa fresca. O menor acúmulo de massa fresca e seca na parte aérea das plantas de T4 pode ser explicado pelo fato da areia apresentar alta densidade e rápida drenagem e os materiais orgânicos se caracterizarem pela retenção de umidade, podendo ser benéficos para algumas plantas e prejudiciais para outras que requerem maior aeração (KÄMPF et al., 2006). Gráfico 1- Massa fresca da parte aérea (g), de E. elegans. Bandeirantes - PR 2015. MASSA FRESCA - PARTE AÉREA M é d i a a 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 a ab b 1 2 3 4 Tratamentos CV% 71,71 MASSA SECA - PARTE AÉREA 0.035 a 0.03 M é d i a 0.025 0.02 0.015 0.01 0.005 0 CV% 77,28 1 2 Tratamentos 3 4 Grá fico 2Mas sa seca de part e aére a (g), de E. elegans. Bandeirantes - PR 2015. 571 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 As massas fresca e seca de raiz de E. elegans no T1 não diferiram de T2 e T3, porém apresentou valor superior, diferindo apenas de T4 que foi o que apresentou menor eficiência para o desenvolvimento radicular. Segundo Bicalho (1969), as plantas ornamentais cultivadas, dentre elas as suculentas, desenvolvem-se melhor em substratos de textura relativamente média - grossa e de drenagem livre, proporcionando, às raízes, acesso ao ar e à luz, como ocorre na natureza. Para a maioria das plantas suculentas, é necessário um tempo maior de aeração, pois já possuem grande quantidade de água em seu interior (COSTA, 1998). Andrade et al., (2009) concluíram que, para melhor desenvolvimento de crisântemos (Dendranthema grandiflora), é necessário o emprego de substratos que possuam características de boa drenagem e elevada aeração. Gráfico 3- Massa fresca da raiz (g) de E. elegans. Bandeirantes - PR 2015. MASSA FRESCA - RAIZ MASSA SECA - RAIZ 0.2 0.02 M 0.15 0.018 é 0.016 0.1 d M 0.014 éi ad i a 0.012 0.05 0.01 0.008 0 0.006 CV% 65,96 0.004 0.002 0 CV% 45,70 aa ab ab ab ab b b 1 1 2 Tratramentos 2 3 3 Tratamentos 4 4 Gráfi co 4Mass a seca de raiz em (g) de E. elegans. Bandeirantes - PR 2015. 572 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 COMPRIMENTO - RAIZ 5 a a 4 M é 3 d i 2 a 1 a b 0 1 CV% 37,83 2 3 4 Tratamentos Gráfico 5 - Comprimento de raiz (cm) de E. elegans. Bandeirantes - PR 2015. Para o parâmetro comprimento de raiz, pode-se observar que T1, seguido de T2 e T3 não diferiram entre sí, porém apresentou maior média e T4 foi o que promoveu menor desenvolvimento de raiz ( Figura 1). O tratamento 1 se sobressaiu nos parâmetros avaliados e o tratamento 4 foi inferior na maioria deles. Figura 1- Desenvolvimento de parte aérea e radicular de plantas de E. elegans. Bandeirantes PR 2015. 573 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 O substrato areia pode fornecer condições para melhorar o enraizamento ao propiciar maior aeração e drenagem ou menor retenção de água, considerando que se trata de uma espécie tolerante à seca. Se houver um sistema radicular bem formado a planta deve apresentar maior desenvolvimento (SRISKANDARAJAV e MULLINS, 1981; SIMMONDS, 1983; HOUTCHINSON,1984; PASQUAL et al., 2000), o que pode explicar os melhores resultados para o comprimento das raizes no T1 com areia+humus em relação aos outros. CONCLUSÃO O substrato a base de areia e húmus foi o que proporcionou melhor desenvolvimento de raiz e parte aérea. Os demais tratamentos que além do húmus tinham mais matéria orgânica, influenciaram de forma negativa no desenvolvimento da planta. REFERÊNCIAS ANDRADE, L. O.; ANDRADE, L.O.; GLEYI, H.R.; SOARES, F.A.L.; NOBRE, R.G.; FIGUEIREDO, G.R.G.. Produção de Crisântemos (Dendranthemagrandiflora) em diferentes substratos e com e sem tratamento com promotor de crescimento. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. Campinas, v.15, n. 2, p. 143-152, 2009. BICALHO, H.D. Subsídios à orquidocultura paulista. São Paulo: Instituto de Botânica, 1969. (Boletim técnico, 6). COSTA, A. M. M. 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