Revista Filosófica de Coimbra Publicação semestral do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Director: Mário Santiago de Carvalho Coordenaçã o Redactorial: Antonio Manuel Martins e Luísa Portocarrero F. Silva Conselho de Redacção: Alexandre F. O. Morujão, Alexandre F. de Sã, Alfredo Reis, Amândio A. Coxito, Anselmo Borges, António Manuel Martins, António Pedro Pita, Carlos Pitta das Neves, Diogo Falcão Ferrer, Edmundo Balsemão Pires, Fernanda Bernardo, Francisco Vieira Jordão t. Henrique Jales Ribeiro, João Ascenso André, Joaquim das Neves Vicente, José Encarnação Reis, José M. Cruz Pontes, Luísa Portocarrero F. Silva, Marina Ramos Themudo, Mário Santiago de Carvalho, Miguel Baptista Pereira As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos Autores Toda a colaboração é solicitada Distribuição e assinaturas: Fundação Eng. António de Almeida Rua Tenente Valadim, 331 P-4100 Porto Tel. 226067418; Fax 226004314 Redacção: Revista Filosófica de Coimbra Instituto de Estudos Filosóficos Faculdade de Letras P-3000-447 Coimbra TeL 239859900; Fax 239836733 E-Mail : [email protected] Preço ( IVA incluído): Assinatura anual 2000: 4.000$00 (Portugal) Número avulso: 2.200$00 (Portugal) • 5.500$00 (Estrangeiro) • 3.000$00 (Estrangeiro) REVISTA PATROCINADA PELA FUNDAÇÃO ENG. ANTÓNIO DE ALMEIDA Revista Filosófica de Coimbra ISSN 0872-0851 Publicação semestral Vol. 9 • N.° 18 • Outubro de 2000 Artigos Miguel Baptista Pereira - O século da hermenêutica filosófica: 1900-2000 ..................................................................................... 189 Amândio A. Coxito - O direito da guerra em Luís de Molina. 1 - Jus Ad Bellum ...................................................................... 261 Mário Santiago de Carvalho - Presenças do platonismo em Agostinho de Hipona (354-430 ) ................................................. 289 Christoph Asmuth - A génese da génese . A noção de 'desenvolvimento' na fenomenologia do espírito de Hegel e o seu desenvolvimento ..................................................................................... 309 Luciano Espinosa Rubio - Pensar la naturaleza hoy .................... 325 Nota Maria Luísa Portocarrero Silva -Autonomia humana e clonagem 345 Edmundo Balsemão - Ensaio sobre a individualidade prática .... 351 Crónica ................................................................................................ 435 Ficheiro de Revistas ........................................................................... 453 Recensão ............................................................................................. 461 Livros Recebidos na Redacção .......................................................... 467 Índice Onomástico .............................................................................. 469 Índice do Volume ................................................................................ 479 CRÓNICA No momento actual integram o Instituto de Estudos Filosóficos três professores catedráticos jubilados, um professor associado aposentado, um professor catedrático, dois professores associados com agregação, quatro professores associados, dois professores auxiliares, quatro assistentes convidados, dois assistentes e um assistente estagiário. No ano lectivo de 1999-2000 prestaram serviço efectivo quinze docentes. Ingressaram no 1° ano da Licenciatura em Filosofia 42 alunos. Concluíram o curso 28 alunos. A presente Crónica refere-se às actividades administrativas, docentes e científicas desenvolvidas pelo Instituto de Estudos Filosóficos e pelos seus membros no período compreendido entre Setembro de 1999 e Agosto de 2000. Participação dos membros do Instituto em órgãos de gestão e em outras actividades administrativas ao serviço da Faculdade e da Universidade - Assembleia da Universidade Doutor ANTÓNIO MANUEL MARTINS Mestre FERNANDA BERNARDO ALVES - Assembleia de Representantes Vice-Presidente, Doutor MÁRIO SANTIAGO DE CARVALHO - Conselho Directivo Vice-Presidente, Doutor ANTÓNIO MANUEL MARTINS - Conselho Científico Vice-Presidente, Doutor ANTÓNIO PEDRO PITA Presidente da Comissão Científica, Doutores ANTÓNIO MANUEL MARTINS Comissão Coordenadora, Doutor ANTÓNIO MANUEL MARTINS, JOÃO MARIA ANDRÉ E JOSÉ ENCARNAÇÃO REIS - Conselho Pedagógico Mestre CARLOS PITTA DAS NEVES - Director do Instituto Doutor MÁRIO SANTIAGO DE CARVALHO Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra 436 - Secretário do Instituto Mestre DIOGO FALCÃO FERRER - Coordenador da Área Científico-Pedagógica Doutor AMÂNDIO AUGUSTO COXITO - Coordenadora do Mestrado Doutora MARIA LUÍSA PORTOCARRERO F. DA SILVA - Coordenador dos Programas Erasmus/Sócrates na área da Filosofia Doutor ANTÓNIO MANUEL MARTINS - Coordenador da Unidade I&D LIF Doutor JOÃO MARIA ANDRÉ - Secretária da Unidade I&D LIF Doutora MARIA LUÍSA PORTOCARRERO F. DA SILVA - Director de Publicações da Faculdade Doutor MÁRIO SANTIAGO DE CARVALHO - Director-adjunto do Teatro Académico de Gil Vicente Doutor JOÃO MARIA ANDRÉ Actividade lectiva O Instituto assegura a programação e leccionação das cadeiras dos cursos de Licenciatura e de Mestrado em Filosofia, e colabora noutras Licenciaturas e Cursos, mormente com a Universidade do Porto, conforme se indica a seguir. a) Licenciaturas: Amândio COXITO (Prof. Catedrático): "Filosofia em Portugal" e "Seminário em Filosofia" (Ramo de Formação Educacional); Maria Luísa Portocarrero F. da SILVA (ProlAssociada com Agregação): "Hermenêutica Filosófica" e "Linguagem e Hermenêutica" (Mestrado); António Manuel MARTINS (Prof. Associado com Agregação): "Filosofia Antiga", "Ética da Comunicação" (Curso de Jornalismo), e "Problemas de Filosofia da Comunicação" (Mestrado); João Maria ANDRÉ (Prof. Associado): "Epistemologia Geral" e "Filosofia Moderna"; José Encarnação REIS (Prof. Associado): "Filosofia do Conhecimento" e "Seminário em Filosofia" (Ramo de Formação Educacional); Mário Santiago de CARVALHO (Prof. Associado): "Filosofia Medieval" e "Problemas Históricos de Filosofia da Linguagem" (Mestrado); António Pedro PITA (Prof. Associado): "Estética" e "Problemas Actuais de Filosofia da Arte" (Mestrado); Henrique Jales RIBEIRO (Prof. Auxiliar): "Lógica"; pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 437 Edmundo Balsemão PIRES (Prof. Auxiliar): "Filosofia Social e Política" e "Problemática Filosófica da História da Filosofia"; Maria Fernanda Bernardo ALVES (Assistente convidada): "Axiologia e Ética" e "Filosofia Contemporânea"; Anselmo da Silva BORGES (Assistente): "Antropologia Filosófica"; Diogo Falcão FERRER (Assistente): "Ontologia"; Carlos Pitta das NEVES (Assistente): "Filosofia Antiga" e "Metodologias do Trabalho Filosófico"; Alfredo Simões dos REIS (Assistente convidado, requisitado): Orientação de Estágio RFE e "Didáctica da Filosofia"; Joaquim das Neves VICENTE (Assistente convidado, requisitado): Orientação de Estágio RFE, "Didáctica da Filosofia" e "Filosofia da Educação". b) Mestrados: M' L. P. F. DA SILVA, Coordenadora e docente do Curso de Mestrado "Hermenêutica, Linguagem e Comunicação" da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A. M. MARTINS, Problemas de Filosofia da Comunicação (Seminário de Mestrado). IDEM, Linguagem e Hermenêutica (Seminário de Mestrado). J. M. ANDRÉ, Hermenêutica dos Nomes Divinos (Seminário de Mestrado na FLUP). M. S. DE CARVALHO, Problemas Históricos de Filosofia da Linguagem (Seminário de Mestrado). IDEM Temas do Pensamento Português Medieval (Seminário de Mestrado na FLUP). A. P. PITA, Problemas Actuais de Filosofia da Arte (Seminário do Mestrado em Linguagem, Hermenêutica e Comunicação). E. B. PIRES, Conferência sobre "A formação e o significado da crítica hegeliana da moral kantiana" (1999), no Curso de Mestrado em Jornalismo da FLUC. c) Outros cursos universitários: A. BORGES, Conferência sobre "O crime económico na perspectiva filosófica e teológica" no curso de pós-graduação em Direito Criminal, Faculdade de Direito, Coimbra. IDEM, Conferência sobre "O Homem e a Morte" no curso de pós-graduação em Gerontologia Social, Instituto Superior de Serviço Social, Lisboa. D. FERRER, Colaboração no curso de tradução alemã da FLUC sobre excertos da obra de K.-O. APEL, Auseinandersetzungen. Revista Filosófica de Coimbra - ti." 18 (2000) pp. 435-452 438 Revista Filosófica de Coimbra Nomeações e Provas Académicas a) A Doutora MARIA LUÍSA P. F. DA SILVA e o Doutor ANTÓNIO MANUEL MARTINS foram nomeados Professores Associados com o título de Agregação. O Doutor EDMUNDO BALSEMÃO PIRES que prestou provas Doutoramento em Filosofia (Dezembro 1999), com a dissertação Povo, Eticidade e Razão. Contributos para o Estudo da Filosofia Política de Hegel nos Fundamentos da Filosofia do Direito, na Perspectiva da História da sua Génese e Recepção e à Luz da Reavaliação Crítica do Direito Natural Moderno, foi nomeado Professor Auxiliar. b) Participação em júris: A. COXITO: Vogal de júri para professor catedrático (Janeiro de 2000, na Universidade do Porto). Vogal de júri de concurso para professor associado (Janeiro de 2000, na Universidade do Porto). Vogal de júri de provas de doutoramento (Janeiro de 2000, com arguição, na Universidade de Lisboa). Vogal de júri de provas de agregação (Abril de 2000, com arguição, na Universidade de Coimbra). M. L. P. F. DA SILVA: Vogal do doutoramento em Filosofia do Mestre Edmundo Balsemão Pires (Universidade de Coimbra); Arguente do doutoramento em Letras de Alcino Teixeira ( Universidade Nova de Lisboa) sob o tema "Finitude e ontologia em Merleau - Ponty " (24 de Setembro de 2000 ); Arguente do doutoramento em Filosofia de José Manuel Morgado Heleno ( Universidade de Lisboa ) sob o tema "Hermenêutica e Ontologia em P. Ricoeur" (Janeiro de 2000); Vogal do doutoramento em Letras de Joaquim Cardozo Duarte (Universidade Católica Portuguesa) sob o tema "A poética do desejo . Uma introdução à filosofia de Jean Nabert" (Junho de 2000 ); Vogal em Provas de Agregação do Doutor António Manuel Martins (Universidade de Coimbra , Abril de 2000); Vogal em provas de Mestrado de Luis A F. C. Umbelino e Maria I. P. T. do Amaral ( Universidade de Coimbra). A. M. MARTINS, Vogal do doutoramento em Filosofia do Mestre Edmundo Balsemão Pires (Universidade de Coimbra). M. S. DE CARVALHO, Arguente em provas de doutoramento na Universidade de Salamanca (Espanha) sobre a filosofia de João Escoto Eriúgena. b) Provas de Mestrado: A Lic. Simona Donato , foi aprovada em provas de Mestrado com a dissertação O sentido e a sua contingência . Emilio Garroni leitor de Benedetto Croce, orientada pelo Doutor A. M. MARTINS. O Lic. João Tiago Proença , foi aprovado em provas de Mestrado com a dissertação O belo natural em Adorno, orientada pelo Doutor A. M. MARTINS. pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 439 Homenagem ao Doutor Francisco Vieira Jordão No preciso dia em que se perfaziam seis anos sobre a sua morte prematura, 29 de Março de 2000, na Sala dos Conselhos da Faculdade de Letras, teve lugar a cerimónia de homenagem à memória do malogrado Professor do Instituto de Estudos Filosóficos, Doutor Francisco Vieira Jordão (1939-1994). Coordenador redactorial da Revista Filosófica de Coimbra, cuja criação a ele muito deve, recordámos o seu ensino de Ontologia e Filosofia da Religião, a sua investigação profunda sobre Bento de Espinosa, os inúmeros trabalhos meditando temas variados "do pensamento grego à análise da experiência mística" (vd. Revista Filosófica de Coimbra (vol. 3, n° 5, p. 3), a sua fidelidade à saga do Ser que a presença nadificadora da morte interrompeu. Tratou-se também, na ocasião, de lançar os dois volumes de Da Natureza ao Sagrado. Homenagem a Francisco Vieira Jordão (Porto: Fundação Eng. António de Almeida 1999, 939 páginas), os quais visavam, como escreveu na "Nota de Abertura" o Doutor Miguel Baptista Pereira (p. 11), abrir "um espaço de viva rememoração, onde prossiga a sua memória, pois demasiado débil é o pensamento, que não dá lugar aos seus mortos". Por seu lado, o Director do Instituto procurou recordar (no sentido etimológico da palavra) o percurso académico e científico do Doutor F.V. Jordão, a sua dedicação exemplar à res universitaria , o diálogo permanente que praticou das "intuições do passado" com as "intuições do presente, no sentido de uma tomada de posição crítica a respeito das grandes questões subjacentes a todo o questionar humano", o seu modo humano de meditar a tradição filosófica. Orientação de dissertações em curso a) Doutoramento: A. M. MARTINS, Mestre António Pedro Mesquita, Indivíduo. Uma perspectiva aristótelica (Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa); IDEM, António Campelo Amaral, Poética, ética e política na filosofia aristotélica da acção (Universidade Católica Portuguesa Lisboa). J. M. ANDRÉ (co-orientador), Mestre Isabel Maria Carrilho Calado Antunes Lopes, Reabilitando o graphein: fronteiras da imagem com o verbal em Teoria e História da Imagem (título provisório). A. P. PITA, Mestre Hélder Gomes, Relativismo axiológico na arte contemporânea (título provisório). Co-orientador: Doutor Vítor Serrão, FLUL. IDEM, Mestre Isabel Maria Jorge Gomes, Desassossego e identidade narrativa (Cultura Portuguesa, FLUC). Co-orientador: Doutor Carlos Reis, FLUC. IDEM, Mestre Bénédicte Houart, Lyotard e o conceito de resistência (título provisório). (Filosofia, FLUP). Co-orientação com o Doutor Diogo Alcoforado, FLUP. Revista Filosófica de Coimbra - nP 18 (2000) pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra 440 b) Mestrado: M. L. PORTOCARRERO, Lic. Maria do Céu de Jesus e Cunha, "Sentido e Existência em Vergílio Ferreira". IDEM, Lic. Fernando Acílio Saldanha, "Mal, Símbolo e Hermenêutica em Ricoeur". A. M. MARTINS, Lic. Maria de Fátima Carvalho, "A crítica da racionalidade em Maria Zambrano". IDEM, Lic. Maria de Fátima Fonseca Martins, "A ideia de bem comum em Rawls". IDEM, Lic. Célia Gameiro Pedro, "A crítica de Habermas à Hermenêutica de Gadamer". IDEM, Lic. Carla Isabel A Martins, "O político em H. Arendt". M. S. CARVALHO, Lic. António José Abreu da Silva, "O Tratado da Justiça Comutativa" (FLUP). IDEM, Lic. Palmira Fernandes de Figueiredo, "O Comentário do Perihermeneias do Curso Conimbricense" (FLUP). A. P. PITA, Lic. Maria da Conceição Barros, "João José Cochofel o real futurante da arte" (Universidade do Minho). Área Científico- Pedagógica de Filosofia Núcleos de estágio coordenados pelos Mestres A. REIS e J. VICENTE: Escolas Secundárias Avelar Brotero, D. Duarte, Esgueira, Pombal, Quinta das Flores, Cantanhede, Jaime Magalhães Lima, Oliveira do Bairro, Figueiró dos Vinhos e Acácio Callazans Duarte. Unidades e Centros de Investigação a) O Instituto acolhe a Unidade I&D "Linguagem, Interpretação e Filosofia", e a generalidade dos seus membros estão integrados nos projectos de investigação patrocinados e coordenados pela Unidade I&D LIF. Nesse âmbito, foram desenvolvidas diversas actividades em estreita colaboração entre as duas instituições, e muito da investigação realizada no âmbito da Unidade tem uma repercussão directa na leccionação e produção científica realizadas no âmbito do Instituto. Sobre estas actividades, poderá consultar-se: www.fl.uc.ptllif b) Participação noutras unidades ou centros de investigação. A. M. MARTINS, Investigador no projecto "Estudo da Identidade Colectiva Nacional" (SNCI; research task (1-7):6 ) coordenado pelo Doutor Dídac Ramirez da Universidade de Barcelona. M. S. CARVALHO, Colaborador do Centro de História da Sociedade e da Cultura (FLUC). IDEM, Consultor do Programa "Corpo e Natureza" (FLUP). A. P. PITA, Investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX - CEIS 20 (Univ. de Coimbra). pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 441 Encontros e conferências Realizaram-se no período, em colaboração com a unidade I&D LIF: Conferência intitulada "Soberanía y Nación en H. Heller", por M.H. MARCOS da Universidade de Salamanca (Novembro 1999); Conferência intitulada "Carnap e o revisionismo histórico", por J. C. P. de OLIVEIRA, da Universidade de Campinas (Dezembro 1999); Conferência intitulada "Le souffrir dans Ia philosophie de l'action" por G. VINCENT da Universidade de Estrasburgo (Março, 2000); Conferência intitulada "La médiation du corps dans le Pentecôtisme", por J.-P. BASTIAN, da Universidade de Estrasburgo (Março, 2000); Colóquio "Caminhos do Platonismo", organizado em colaboração com o Instituto de Estudos Clássicos (Março, 2000); Conferência intitulada "Do Mundo da Vida ao Mundo do Texto. Fenomenologia e Hermenêutica em Paul Ricoeur", por M. AGIS VILLAVERDE da Universidade de Santiago de Compostela (Maio, 2000). Participação de membros do Instituto em reuniões científicas Ma L. P. F. DA SILVA, "Corpo-próprio, sofrimento, memória", comunicação ao Colóquio Internacional "A Dor e o Sofrimento hoje" (Porto 27-29 de Março de 2000); IDEM, "A repercussão histórica de Heidegger em Gadamer", comunicação ao Seminário "Ontologia e hermenêutica em Heidegger" (Participação no Projecto Heidegger em Português, coordenado pela Doutora Irene Borges Duarte da Universidade de Lisboa, Maio de 2000). A. M. MARTINS, "A recepção da Metafísica de Aristóteles na segunda metade do séc. XVI", comunicação ao 1° Colóquio Luso-Brasileiro de Pesquisa Filosófica (Univ. Federal do Rio de Janeiro, 23-27 de Agosto de 1999). J. M. ANDRÉ, "Hombre y Naturaleza en Nicolás de Cusa: el microcosmos en una perspectiva dinâmica y creadora" comunicação ao Congresso Internacional de Filosofia Medieval sobre "Hombre e naturaleza en el pensamiento medieval (organizado em Buenos Aires pelo Grupo Argentino de Filosofia Medieval e pelo Instituto Teológico Franciscano "Fray Luís Bolanos", Buenos Aires, Outubro de 1999); IDEM, "Filosofia e Biologia" comunicação ao IV Encontro de Biologia da Região Centro, sobre "Filosofia da ciência e desenvolvimento sustentável" (organizado na Covilhã pela Associação de Professores de Biologia, Março de 2000). IDEM, "Multiculturalismo e Comunicação" comunicação ao 12° Encontro da Associação dos Professores de Expressão e Comunicação Visual, sobre "Multiculturas" (Funchal, Abril de 2000). IDEM, "Pluralidad de creencias y diferencia de culturas: de Ia concordia renacentista a Ia educación intercultural" comunicação ao Congresso "Pluralidad de Creencias, Unidad de Religión" (Departamento de Filosofia y Lógica, Universidade de Salamanca, Maio de 2000). Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) pp. 435-452 442 Revista Filosófica de Coimbra J. REIS, "O tempo de Platão a Plotino", comunicação apresentada no Colóquio "Caminhos do Platonismo" (FLUC, Março de 2000). M. S. CARVALHO, "Hombre y Naturaleza en el Pensamiento Medieval" (Buenos Aires, Outubro de 2000); IDEM, "Corpo e natureza. Sentidos e Representações" (Universidade do Porto, Fevereiro de 2000); IDEM, "Presenças do Platonismo em Agostinho de Hipona", comunicação apresentada no Colóquio "Caminhos do Platonismo" (FLUC, Março de 2000). A. P. PITA, "Formas da estética. Velocidade, expressão, deformação", comunicação à Jornada "Reflexões em volta da estética contemporânea" (Universidade do Minho, Novembro de 1999). H. J. RIBEIRO, "From Russell's Logical Atomism to Carnap's Aufbau: Reinterpreting the Classic and Modern Concepts on the Subject", conferência no Institut Vienna Circle, Austria (Novembro de 1999). IDEM, "Rejeição versus aceitação de Kant na filosofia analítica contemporânea", Conferência na Universidade de Toulouse-Le Mirail (Fevereiro, 2000). E. B. PIRES, Hegel's concept of Entzweiung and Luhmann's account of Ausdifferenzierung, comunicação ao 23° Congresso da Internationale Hegel-Gesellschaft (Zagreb, Agosto de 2000). F. BERNARDO, "L'à-venir de Ia paix - dans Ia trace d'E. Lévinas", comunicação ao XXVII! Congresso Internacional das Associações de Filosofia de Língua Francesa (29 Agosto-2 Setembro, Bolonha). A. BORGES, "Antropologia do processo de morrer" comunicação ao Colóquio Internacional "A Dignidade da Pessoa Humana no Ocaso da Vida" (Universidade do Porto, Novembro de 1999). IDEM, "Valores e Comunidade" comunicação ao Colóquio "Educação e Comunidade" (Universidade Fernando Pessoa, Porto, Dezembro de 1999). Actividades extra-universitárias ligadas à filosofia J. M. ANDRÉ, Presidente da Mesa da Assembleia geral da Associação de Professores de Filosofia. IDEM, Apresentação do livro de ANTÓNIO PEDRO PITA, A experiência estética como experiência do mundo. A Estética segundo Mikel Dufrenne (Casa Municipal da Cultura de Coimbra, Março de 2000). IDEM, Acção para Professores da Escola Secundária da Quinta das Flores, sobre Interdisciplinaridade e educação intercultural (Janeiro de 2000). IDEM, Conferência sobre "Construir a paz no diálogo intercultural" (Colégio de Anadia, Fevereiro 2000, Escola Secundária Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz e Escola Secundária José Estevão, Aveiro, Abril de 2000). IDEM, Mesa-redonda na Casa Municipal da Cultura, sobre Teatro Popular, promovida pelo GEFAC (Fevereiro de 2000). IDEM, Conferência sobre "Saber científico e reflexão filosófica" (Escola Secundária Frei Heitor Pinto, Covilhã, Março de 2000). IDEM, Conferências sobre pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 443 "Tolerância e Educação para a Paz" (Escola Secundária Joaquim de Carvalho e Escola Secundária de Leça da Palmeira , Abril de 2000 ). IDEM, Conferência sobre "Tolerância e a Construção das Paz no Diálogo entre as Culturas " (Escola Secundária Dom Dinis, Coimbra, Maio de 2000 ). IDEM, moderador , no debate sobre "Os senhores da Guerra e as fábricas da guerra" (Cooperativa Bonifrates, Casa Municipal de Cultura de Coimbra , Maio de 2000). A. M. MARTINS, " O epicurismo de Lucrécio " comunicação ao Encontro da Associação de Professores de Filosofia (Condeixa, Outubro de 1999). A. P. PITA, Apresentação do livro de JOÃO MARIA ANDRÉ , Pensamento e afectividade (Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra, Novembro de 1999). IDEM, Comissário científico do colóquio "Forma e emoção - As artes e as ciências no horizonte da racionalidade ", ( 26 e 27 de Novembro de 1999, organizado pela Casa-Museu Abel Salazar, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto ). IDEM , Conferência sobre "A poesia na filosofia de Antero " (Escola Secundária de Porto de Mós, Dezembro de 1999 ). IDEM, Conferência "Sobre Antero" ( Academia de Cultura e Cooperação , Leiria, Abril de 2000). IDEM, Conferência sobre "Bento de Jesus Caraça : crise e enciclopedismo " ( Setúbal , Maio de 2000 ). IDEM, Conferência " Sobre a Saudade " ( Escola Secundária de Condeixa , Maio de 2000 ). IDEM, Conferência sobre "A filosofia hoje" (Instituto Piaget , Macedo de Cavaleiros , Maio de 2000). IDEM, Conferência sobre "Abel Salazar, artista e filósofo da arte" (CCR - Centro Comune di Ricerca , Milão, Junho de 2000 ). IDEM, Participação na Mesa redonda sobre " A imprensa clandestina " ( Biblioteca Nacional, Lisboa, Outubro de 1999). IDEM , Coordenação do ciclo de "Conversas ao fim da tarde" ( organizadas pela companhia de teatro A Escola da Noite, em torno da peça de Milan Kundera Jacques e o seu amo, Dezembro de 1999 ). IDEM, Apresentação do livro de Alberto Vilaça Bento de Jesus Caraça , militante integral do ser humano ( Casa da Cultura de Coimbra, Maio de 2000 ). IDEM, Comissário científico do colóquio " O ano em que o Sol nasceu - A imprensa cultural portuguesa , 1937-1940" ( organizado pela Casa Museu Abel Salazar, Matosinhos , Junho de 2000 ). IDEM, Acção de formação sobre os fundamentos filosóficos do neo-realismo (Vila Franca de Xira , 21, 26 e 28 de Janeiro de 2000). A. BORGES, Lançamento do livro de João Maria André , Pensamento e afectividade (Fundação Eng. António de Almeida) Março de 2000 ; IDEM, Palestra sobre "Os últimos instantes da vida" (Março de 2000 ) na Associação Portuguesa dos Técnicos de Cardiopneumologia (Porto); IDEM, Lançamento do livro de Mário de Oliveira, Nem Adão e Eva nem Pecado Original (Porto, Feira do Livro ) Junho de 2000. A. REIS, "A escola e os Caminhos do Futuro " comunicação ao Colóquio dos 26 anos da Revista " O Professor ". IDEM, "Diagnostic linguistique : sa necessité et son utilité dans 1'initiation à 1'étude de Ia philosophie ", comunicação ao "Colloque de I'ACIREPH " e participação na mesa redonda, deste mesmo colóquio, sobre "L'Enseignement de Ia Philosophie à 1'étranger " (Lycée Balzac, Paris). Revista Filosófica de Coimbra - ,i.° 18 (2000) pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra 444 J. N. VICENTE, " Relação Pedagógica e Valores" comunicação às Primeiras Jornadas de Formação Educacional (Escola Básica 2 , 3 / Secundária de Oliveira de Frades , Março de 2000). IDEM , Membro da equipa do Departamento do Ensino Secundário para reformulação dos Programas de Filosofia do Ensino Secundário. Revista Filosófica de Coimbra No período em causa foram publicados os n° 15 e 16 (1999), com os seguintes artigos: M. B. PEREIRA, "Metafísica e modernidade nos caminhos do milénio"; IDEM, "Filosofia e memória nos caminhos do milénio"; A. COxITO, "Luis de Molina e a Escravatura"; J. REIS, "O tempo em Kant"; M. S. CARVALHO, "Cultural interactions in Medieval Iberian Peninsula: Review Article"; H. J. RIBEIRO, "Proposições de Russel, proposições russelianas e outros proprosições: elementos para uma discussão de Gillermo Hurtado"; E. B. PIRES, "O povo não sabe o que quer". Alguns aspectos da crítica hegeliana a J. J. Rousseau, a respeito da ideia de legitimidade e da origem do Estado entre 1817/1818 e 1820"; F. BERNARDO, "Da responsabilidade ética à ético-política-jurídica: A incondição da responsabilidade ética enquanto incondição da subjectividade do sujeito segundo Emmanuel Lévinas"; Outras Publicações a) Obras independentes: J. M. ANDRÉ, Pensamento e afectividade. Sobre a paixão da razão e as razões das paixões (Quarteto, Coimbra, 1999). A. P. PITA, A experiência estética como experiência do mundo (Campo das Letras, Porto, 1999). b) Traduções: F. BERNARDO, Tradução e notas de J. DERRIDA, O monolinguismo do outro (Campo das Letras, Porto, 2000). c) Volumes colectivos editados por membros do Instituto: A. M. MARTINS, J. ANDRÉ & M. S. CARVALHO (Eds.), Da Natureza ao Sagrado. Homenagem a Francisco Vieira Jordão (2 vols., Fundação Eng. António de Almeida, Porto, 1999). A M. MARTINS, A. CARDOSO & L. R. SANTOS (Eds.), Francisco Suárez (1548-1617). Tradição e Modernidade.( Colibri, Lisboa, 1999). pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 445 d) Publicações dos membros do IEF em outros lugares: A. COXITO, "A projecção de Aristóteles no pensamento português" in Raizes greco - latinas da cultura portuguesa . Actas do I Congresso da APEC ( Coimbra, 1999) 271-278. IDEM , " A restauração escolástica . Capítulo I - Pedro da Fonseca" in História do Pensamento Filosófico Português , Vol. II (Lisboa, 2000). IDEM, "A restauração escolástica . Capítulo II - O Curso Conimbricenses" in História do Pensamento Filosófico Português , Vol. II (Lisboa, 2000). M. L. P. F. DA SILVA, " O significado hermenêutico da experiência da obra de arte em H.-G. Gadamer " in O Homem e o Tempo . Liber amicorum para Miguel Baptista Pereira ( Porto, 1999, 497-515) IDEM, "Sobre a Amizade", in A. M. MARTINS, J. M. ANDRÉ & M. S. CARVALHO (Eds.), Da Natureza ao Sagrado . Homenagem a Francisco Vieira Jordão (Porto, 1999) 707-723. A. M. MARTINS, "Platão: o filósofo e a cidade" in Arquipélago - Filosofia 6 (1998) 47-57. IDEM , " Teoria ou tipologia da racional idade ?" in O Homem e o Tempo. Liber amicorum para Miguel Baptista Pereira ( Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 1999)115-123. IDEM, "Tópica metafísica : de Fonseca a Suárez" in A. Cardoso, A. M. Martins & L.R. Santos (Eds.), Francisco Suárez (1548-1617). Tradição e Modernidade (Lisboa, 1999), 157-168. IDEM, "Metafísica depois de Kant ? Nótula sobre o interlúdio Henrich Habermas " in A. M. MARTINS, J. M. ANDRÉ & M. S. CARVALHO (Eds.), Da Natureza ao Sagrado. Homenagem a Francisco Vieira Jordão (Porto, 1999), 101-114. IDEM , " A recepção da Metafísica de Aristóteles na segunda metade do séc. XVI" (Rio de Janeiro, 2000). J. M. ANDRÉ, "O outro corpo de Descartes", in A. M. MARTINS, J. M. ANDRÉ E M. S. CARVALHO ( Eds.) Da natureza ao sagrado . Homenagem a Francisco Vieira Jordão (Porto, 1999, 313-366). 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No seu acervo conta actualmente com 11.010 volumes . Foram adquiridos no período em referência , com verbas da Unidade LIF e do próprio Instituto , 597 títulos. Foi actualizada e retomada a assinatura das seguintes revistas científicas: Kant- Studien , Revue philosophique de Louvain e Zeitschrift filr philosophische Forschung. Revista Filosófica de Coimbra - tt° 18 ( 2000) pp. 435-452 448 Revista Filosófica de Coimbra Resumos de Teses de Mestrado Luís António Ferreira Correia UMBELINO . O Olho e o Espaço: Fenomenologia e Ontofenomenologia do Espaço em M. Merleau -Ponty, Coimbra, 2000. Quando, absorvido por um motivo que se faz carne ante o seu olhar, o pintor sente a natureza reflectir-se, pensar- se em si, saber-se através do seu corpo, alberga já a certeza de que o mundo jamais se oferece na plenitude de uma continuidade objectiva e exaurível ou na ilusória construção calculadora de uma realidade derivada porque disponível teoretico-cognoscitivamente, mas apenas num perguntar intra-ontológico que faz de cada gesto do pincel não um movimento de "maitre et possesseur de Ia nature" mas testemunho endo-topológico do nascer continuado das coisas. A este coração do mundo pertence o pintor como corpo que se empresta, corpo vidente-visível ou elemento que, na natureza, permite à natureza expressar-se, ter voz e dignidade (M.B.Pereira). Falamos do cumprimento último da empresa fenomenológica ao revelar no olhar esteseológico uma dimensão incontornável de receptividade que acolhe a expressão muda à procura de ser expressão do seu próprio sentido, ou irreflectido impossível de catalogar como dificuldade temporária. Uma remeditação profunda revelará o Espaço como o próprio horizonte da minha situação; mas esta não é já a questão da minha "localização", mas a de um Visível cruzado de Invisível que no meu corpo parece fazer- se "génese secreta e fervorosa" como se "as coisas passassem por mim" para serem expressão e, precisamente nesse momento, espacializassem o corpo e lhe permitissem ter um lugar. O Espaço é assim Topos de uma Sinngebung espacializante ou proto- espacializante enquanto revela a pertença do sujeito (corpo quiasmaticamente trespassado-trespassante) ao próprio movimento de fenomenalização do Ser como testemunha ontofenomenológica, como dobra ou ressonância pois aquele não é senão índice de uma relação "que reflecte a minha incarnação e da qual eu sou a contrapartida". "Estar" no espaço é "ser" investido na "filigrana" de cada "lugar de mundo" (M. Richir). Impõe-se deste modo à reflexão uma "viragem anti-antropocêntrica" uma vez que a "percepção efectiva do espaço" não nos revela um conjunto de objectos situados no espaço a uma distância determinada uns dos outros, mas objectos que desenrolam um espaço, objectos que não estão localizados mas criam localizações por um envolvimento mútuo que me percorre, nesse mesmo movimento fazendo a minha situação antes de mais em termos de "anonimato" ou "despossessão", fazendo-me vidente, espacializando-me por empiétement, épaisseur, espacialidade ao revelar o corpo como contrapartida da visibilidade originária , possibilidade de ser mediação infinita da qual o sentido precisa para vir a ser. Pensar o Espaço na sua realidade profunda será então pensá -lo como vivido, ou seja, como índice de pertença, de inerência, de entrecruzamento, como Einfuhlung, que o mito, o sonho e a poesia tentam dizer pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 449 e que o modelo do jogo ajuda a pensar. A pertença à carne do mundo é possibilidade de um Espaço que não é pura extensão mas organização em profundidade. Profundidade que a Phénonzénologie desvenda como eco de uma vivência originária do espaço, como o que nasce sob o meu olhar quando procuro qualquer coisa , como "génio perceptivo" em acção no campo visual, como o próprio aparecer do espaço, antecipando o seu sentido "infra-geométrico" como "espessura de um meio sem coisa", "fantasma de coisa mal qualificado", afastamento que é máxima proximidade; profundidade que os Résimiés vão desvelando como "unidade por transcendência", "teia por onde o olhar se esgueira", in-visibilidade do visível, Ineinender e que, finalmente, em Le Visible et L'/nvisible é aprofundada como "dimensionalidade fundamental, princípio originário de equivalência, alusão ao todo, textura do movimento de fenomenenalização do Ser ou "processo de Gestaltung" no sentido de um etwas de rayonnenient. Qualquer conhecimento do espaço é, pois, derivado desse movimento mais antigo pelo qual o sujeito se descobre inscrito numa teia já existente que ele não constitui, mas que não termina sem o "constituir" como testemunha da aparição do aparecer que não é senão o próprio tecido carnal onde nada aparece fixo mas ligando-se a tudo o resto, onde posso "estar em todo o lado, tão perto do que está longe como do que está próximo". Neste sentido, é a própria questão do movimento que urge remeditar, começando pelo desvelamento de um movimento vivido "sensível ao coração", prescrito pela dinâmica interna do espectáculo visível e do qual a mudança de lugar mensurável é a "finalização ou invólucro", para derradeiramente o descobrir como "transição carnal, "vibração ou irradiação", "inscrição à distância", Sich bewegen. R. Barbaras afirmará que o quiasma da carne e do mundo só ganha sentido num quiasma mais originário que é o da percepção e do movimento originário, ontológico, pelo qual o mundo se esclarece - movimento espacializante que o olhar redobra nos momentos em que parece mover-se com as coisas, mover-se no movimento das coisas, mover-se orientado pelo movimento das coisas. É assim que o tecido de profundidade espacializa o olhar e, em contrapartida, é do olhar devedor da sua própria fenomenalidade; mas para tal é necessário que o corpo seja presença e presente entrelaçado com algo que se faz presença e presente; o espaço, a fim de ser espacializante tem então que ser tempo e o tempo espaço, o que só se pode entender em função de uma correcta compreensão da ideia de "co-presença" que não pode ser confundida com a estrita contemporaneidade que pressupõe, precisamente, um espaço completamente desvelado. O Tempo é antes "simultaneidade originária", "eternidade originária", "pirâmide de simultaneidade", "Ekstase ", que ganha realidade ao fazer-se presente "de uma vez por todas" no Espaço, ao "deixar marcas", pelo que devemos admitir que o tempo, no presente, de algum modo e em algum lugar, se refere a si mesmo para depois poder ser passado e futuro. E o Tempo reflecte-se no corpo; melhor dizendo, o corpo é dobra da reflexão do tempo sobre si mesmo e, de novo, aí encontra o fundamento e verdade da sua situação como espacialização. Afirmar pois que o corpo é intérRevista Filosófica de Coimbra - e.° 18 (2000) pp. 435-452 450 Revista Filosófica de Coimbra prete do espaço equivale a afirmá-lo como antepredicativamente investido de uma topologia profunda e de uma kairologia profunda, podendo postular-se que a fenomenologia se concretizará no campo de uma ontofenomenologia, esta última resolvendo-se numa ontotopologia ou ontotópica, na medida em que esse Espaço que "estará sempre para pintar" não é senão a Terra onde não tenho um lugar de pertença mas onde a pertença é o lugar. Maria Isabel do Amaral P. TAVARES, A Crise do Homem Contemporâneo na `Carta sobre o Humanismo ' de M. Heidegger, Coimbra, 2000. O presente trabalho visa uma reflexão acerca dos fundamentos de uma antropo-ontologia enquanto horizonte filosófico da Carta sobre o Humanismo de M.Heidegger. A compreensão da pergunta pelo humano do homem deve, para Heidegger, inscrever-se no âmbito de uma proximidade essencial ao Ser a partir da qual se poderá, então, aceder à compreensão da singularidade do existir humano. O texto da Carta é suportado pela pergunta acerca do agir próprio do homem, mas, o significado de tal agir, só poderá desvelar-se se se compreender que o pensar e o agir (ou o pensar enquanto agir essencial) estão inelutavelmente comprometidos com o destino do Ser: "L'Histoire de l'Etre supporte et détermine toute condition et situation humaine".(Lettre sur 1'Humanisme in Questions III, Gallimard, Paris, 1966. pp.75) Existir é habitar na proximidade do Ser. Entendido deste modo o lugar do homem, abrir-se-á à reflexão acerca da essência do humano a exigência de uma compreensão atenta ao significado do seu destino extático como expressão da correspondência do homem ao apelo reivindicativo do Ser. (Ereignis). É na determinação da essência ex-sistentencial do homem que Heidegger virá a reivindicar a medida do lugar ou a morada do habitar humano, oferecendo, nesta intenção, os fundamentos ontológicos, éticos e hermenêuticos da condição humana pensada como abertura, cuidado e receptividade originárias, expressões existenciais que configuram o modo de ser (ou de habitar) do pastor ou do guardião. O homem é, na sua essência mais profunda, guardião da verdade do Ser. Os fundamentos de uma ética heideggeriana esboçam-se, deste modo, na conciliação do destino humano com o destino do Ser. A perda da exigência ontológica experienciada como esquecimento do Ser terá conduzido a pergunta acerca do humano do homem a uma nova orientação que se faz exprimir sob os conceitos basilares de verdade do ser, de ex-sistência e de pertença à verdade do ser, expressões que lançam o desafio a um reposicionamento do humano no Ser e, com ele, a um retorno à condição própria do Homem, isto é, ao sentido vivo da tragicidade e finitude que, incontornavelmente, atingem o existir humano. A essência do agir traduz um modo essencial de recepção e de acolhimento à verdade do Ser e, no sentido deste agir, estará comprometido o destino humano que se pretende medido na distância essencial aos fundamentos pp. 435-452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Crónica 451 metafísicos do humanismo antropológico que terá conduzido o destino do Ocidente a uma crise do humano de que a guerra declarada em Setembro de 1939 era a trágica comprovação. É numa proximidade essencial ao Ser que habita o homem, ou seja, é sobre a sua condição de pastor que ao homem é dada a possibilidade de assumir o seu destino histórico, ou seja, é na possibilidade livre do cuidado e da vigilância e, portanto da receptividade, e não sob as determinações sistémicas ou conceptuais, que se ergue a morada humana e, esta, só pode ser dita na medida de um habitar poético. O habitar poético é marcado pela singularidade de um destino histórico comprometido com o destino da verdade do Ser e, por isso, ao texto da Carta presidirá, ainda, a intenção de revelar o sentido de uma ética originária: o confronto com a ética tradicional levará Heidegger, neste texto, a convocar as implicações de uma interpretação ontológica do conceito de ethos a partir da experiência heraclitiana , reflexão que trará para o domínio do pensamento essencial a confirmação de que a essência do humano se joga na estrutura extática do cuidado pela verdade do Ser, que se faz, simultaneamente vigilância e cuidado pelo ser do homem. João Tiago PROENÇA, Belo natural , belo artístico e filosofia na "Teoria Estética " de Theodor W. Adorno, Coimbra 2000. O estudo realizado teve por objecto o pensamento de T. W. Adorno. Tratou-se de analisar a questão estética em três momentos: o belo natural, o belo artístico e a relação entre filosofia e a obra de arte. A articulação entre os estes três momentos evidencia a primazia da obra de arte perante o belo natural e a interpretação filosófica, na medida em que a obra de arte reúne quer o medium puramente sensível da beleza natural, quer o medium da filosofia, a saber, o conceito. Numa primeira parte, analisou-se o belo natural enquanto expressão de um estado de não-dominação, existente apenas para a consciência subjectiva. Assim, não é um estado real de reconciliação que é evocado, mas sim a anamenese de algo que nunca existiu. Em seguida, estudou-se a fixação dessa anamenese na obra de arte. Tal pressupõe uma acção humana sobre um material, isto é, uma formação do "Mais" que é dado no e pelo momento sensível, mas também a despeito dele. Na obra de arte está em acção um elemento conceptual por indeterminado que seja, mas, sobretudo, está em relação de paridade com o material que é o suporte sobre o qual se exerce a actividade do sujeito humano. Ou seja, a obra de arte exemplifica, pela sua própria existência e independentemente de qualquer "conteúdo" um estado de comunicação e de reconciliação entre a ratio e a natureza. Esta exemplificação permite assim que a obra de arte seja a mais elevada instância de conhecimento, porquanto funde a dissociação moderna da experiência (conhecimento, moral, e arte). A obra de arte permite o juízo sem, no entanto, ter qualRevista Filosófica de Coimbra - a.° 18 (2000) pp. 435-452 452 Revista Filosófica de Coimbra quer pretensão fundacionalista, o que impede que seja diagnosticável uma simples inversão da relação entre arte e filosofia tal como foi pensada por Hegel. Por último, a interpretação filosófica move-se no campo de verdade previamente aberto pela obra de arte. A filosofia tem por tarefa, então, percorrer os sulcos abertos pelo arado da obra de arte, a fim de tornar o campo fértil. Isto é, cabe-lhe rasgar, ou melhor, ir rasgando as portas e janelas da solidão monádica da obra de arte. pp. 435 -452 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) FICHEIRO DE REVISTAS * Acta Philosophica - Roma, Vol.9, (2000) Fasc.2: Juglio-Dicembre - Daniel Gamarra, Un caso di platonismo ed agostinismo medievale. Matteo d'Acquasparta: conoscenza ed esistenza, (197-222); Fernando Inciarte, Heidegger, Hegel and Aristotle: A Straight Line?, (223-240); Paulin Sabuy, La question du dualisme anthropologique. Une analvse d'après Robert Spaemann, (241-266); Javier Aranguren Echevarría, Eudaimonía e historicidad, (267-276); Gabriel Chalmeta, Aristotele e Solov'ëv sul significato dell'amore, (277-286); Mariano Fazio, The proposte di società cristiana (Berdiaeff, Maritain, Eliot), (287-312); Juan Andrés Mercado, Brief comments on Capald's "We Do" interpretation of Humean ethics, (313-318); José Ignacio Murillo, Una aproximación al Curso de Teoría del Conocimineto de Leonardo Polo, (319-338). 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Pensamiento - Madrid, Vol. 56, N°216 (2000): Septiembre-diciembre - Luis Fernando Cardona, La teoria schellingiana de Ia inversión positiva de los principio: un aporte a Ia teodicea, (353-378); Antonio Bielsa Drotz, Función y relevancia e Ia antropologia en Ia ética formal de Kant, (379-398); W.R. Daros, La construcción de ias ideas (Confrontación Locke-Rosmoni), (399-437); Ana Marta Gonzáles, Moral, filosofia moral y metafísica en santo Tomás de Aquino, (439-467); Manuel Guillen de Ia Nava, Reflexiones en torno al discurso contra los sofistas dei Alcidamante de Élide, (469-476); Juan Pegueroles, Amor, sufrimiento y alegria. Dios en el Diario de Kierkegaard, (477-489). Revista de Filosofia de Ia Universidad de Costa Rica - San José, Vol. XXXVII, n° 93 (1999). Amán Rosales Rodriguez, Hans Jonas y el determinismo tecnológico, (313-320); Edgar Roy Ramírez Briceno, Como hacerle frente a Ia discriminácion genética?, (321-326); Carlos Alb. Rodríguez Ramírez, Ética y salud: algunos problemas específicos, (327-334); Eliam Campos Barrantes, Teoria "pura" y "conocimineto" dei derecho: ias pretensiones de Hans Kelsen, (335-342); Mauricio Molina Delgado, La investigación cualitativa y cuantitativa en Ciencias Sociales: un acercamiento desde Kuhn a Ia tesis de una crisis paradigmática, (343-354); Jackelini García Falias, Una visión contextual y subjectiva sobre Ia valorácion de los aprendizajes. Pensando en Ia metacognición, (355-362); Celso Vargas, Esbozo de una teoria dei aprendizaje neuronal a partir dei ADN móvil, (363-370); Luis A. Camacho Naranjo, La paradoja de Lewis Carroll en Douglas R. Hofstadter, (371-376); Sergio Rojas Peralta, Delas sensaciones al Jardín. Una interpretación materialista de ias sensaciones, (377-384); Luis Falias López, Dos filosofias desde lo singular en el pensamiento antiguo: Cínicos y Cirenaicos,(384-394); Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) pp. 453-459 Revista Filosófica de Coimbra 456 George García, Sobre Ia (post-) modernidad filosófica: Ias Investigaciones filosóficas de Wittgenstein, 395. Revista de Humanidades e Tecnologia - Lisboa, n°3 (2000): Fernando Santos Neves, Apresentação, 6; Luísa Costa Gomes, "Ceci n'est pas une pomme" ou Sobretudo Insucessos na Busca de uma Língua Perfeita, (8-12); Frederico Carvalho Dias, Supercondutividade - uni tema em aberto, (13-17); M. A. da Costa Martins, Estratégia Empresarial e Gestão do Conhecimento, (18-23); Alberto Carneiro, Reflexões sobre a gestão da inovação tecnológica, (24-30); Zoran Roca, O Contexto do Desenvolvimento e Impacto dos Agentes Locais: Uni Modelo Conceptual e Experiências do Portugal Rural, (31-39); Augusto Pereira Brandão, São Bento, uni edifico em mutação contínua, (40-47); António Teodoro, O fim do isolacionismo, (48-54); Helena Neves, Meninos e Meninas ao seu lugar - A segregação no Ensino Primário do Estado Novo, (55-60); José Carlos Cruz, A Inspecção do Ensino Liceal. O II Congresso Pedagógico do Ensino Secundário Oficial e a Ditadura Militar (1926-1933), (61-65); Áurea Adão, O Ensino Secundário - Liceal nos debates parlamentares, (66-72); José Maria Teixeira Dias, «Dissidium de Primatu Inter Novem Insulas, Vulgo dos Açores», uma peça «especial» no teatro jesuítico?, (73-77); Manuel Tavares, Historicidade e inovação: fundamentos filosóficos de alguns modelos de ensino, (78-84); José B. Duarte, Críticas dos alunos de uma escola Secundária, (85-90); Dulce Sá Silva, Contributo da Língua Portuguesa para a Formação Pessoal e Social do Aluno, (91-94); Óscar C. de Sousa, Ortografia e Escola, (95-103); José Gregório Viegas Brás, Anatomia do Grupo-Turma, (104-111); Isabel Sanches, A Escola Inclusiva e a sua (Des)Contextualização nos 2° e 3° Ciclos do Ensino Básico, (112-119); António de Sousa Santos, José Esteves. O Desporto e as Estruturas Sociais, (120-122); Armando Castro, A Hora da Epistemologia: Do Homem Engrenado ao Homem Empenhado, (123-124); João Bettencourt da Câmara, Luis Sá - Em Memória, (127-131). Revista da Faculdade de Letras - Porto, N°15-16, (1998-99): Eduardo Abranches de Soveral, Reflexões sobre a pedagogia para a era tecnológica , (5-22); António José de Brito, Defender Kant contra Hegel, (23-40); Maria José Cantista da Fonseca, O Político e o Filosófico no pensamento de Hannah Arendt, (41-58); Adalberto Dias de Carvalho, O Estatuto da Filosofia da Educação: especificidades e preplexidades, (59-98); Adélio Melo, O Principio semiótico da relatividade, (95-136); Lídia Cardoso Pires, As mil e uma histórias, (137-212); J. M. Costa Macedo, Anselmo e a astúcia da razão (concl.), (213-326); Sofia Miguens , Linguistas e Filósofos: maneiras de fazer teoria da mente, (327368); Celeste Natário, Raúl Proença: um perfil de filósofo, (367-374); Bénédite Houart, Merleau-Ponty e Antonin Artaud: anotações para uma encenação comum, (375-390); Irene Ribeiro, Filosofia e Ensino Secundário em Portugal, (391-502); pp. 453-459 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Ficheiro de revistas 457 José Maurício de Carvalho , A filosofia política, Joaquim de Carvalho e a liberal democracia , (503-520); Neiza Teixiera, Para que toda a lei não seja apenas artificio da razão humana , (521-532 ); José Fernando Guimarães , (533-560). Revue Philosophique de Ia France et de l'etranger - Paris, N°4 (2000): Octobre-Décembre - Michel Malherbe, Adam Smith et l'idée d'une science morale, (407-422); Frédéric Brahami, Le processus de subjectivation chez Adam Smith, (423-434); Jean-François Pradeau, La cause de l'utile et le stoïcisme de Ia fabrique, (435-448); Michaël Biziou, Kant et Smith critiques de Ia philosophie morale de Hume, (449-464); Jean-Louis Euvrard, La justice entre inorale et économic, (465-486); Daniel Diatkine, L'utilité et l'amour du systéme dans Ia Théorie des Sentiments moraux, (487-504). Revue Philosophique de Louvain , Lovaina. 96, (1998): Fevrier 98: Jean-François Stoffel, La révolution copernicienne et Ia place de l'homme dans l'Univers. Etude programmatique (7-50); Thomas De Praetere, La justificacion du principe de non-contradiction (51-68); Marc Leclerc, La confirmation performative des premiers principes (69-85); Vincent Descombes, L'identification des idées (86-118); Emmanuel Tourpe, Analogia libertatis. Notes conjointes sur deux ouvrages récemment parus de E Marty et P. Gilbert (119-133); Mai 98: Donald Ipperciel, La vérité du mythe: une perspective herméneutique-épistémologique (175-197); Fabio Ciaramelli, L'originaire et !'immédiat.. Reinarques sur Heidegger et le dernier Merleau-Ponty (198-231); Roland Breeur, Merleau-Ponty, un sujes désingularisé (232-253); Jean-Michel Counet, Ontologie et itinéraire spirituel chez mattre Eckhart (254-280); Gwendoline Jarczyk et Pierre-Jean Labarrière, A propos de Maitre Eckhart,(281-284); Philipp W. Rosemann, Penser l'Autre: Ia philosophie africaine en quête d'identité (285-303). Aoút 98: Gilbert Gérard, Olivier Depré et Philippe Van Parijs, Philosophie et environnement , (393-394); Axel Gosseries , L'éthique environnementale aujourd'hui , (395-426); Dieter Birnbacher , Éthique utilitariste et éthique environnementale - une mésalliance ?, (427-448); François Blais, Commentaire: Utilitarisme et écologie sont- il réconciliables ?, (449-452); François Ost, Du contrai à Ia transmission . Le sintultané et le sucessif, (453-475 ); Pierre Destrée, Commentaire : Communauté intergénérationnelle et eommunauté naturelle, (476-480); Jean-Michel Chaumont , Commentaire : Le diable se moque bien des générations futures. Un commentaire satanique du texte de E Ost, (481-488); Olivier Perru , Rapports de droit et propriété selon Fichte, (489-495); Élise Domenach , Stanley Cavell: Les chemins de Ia reconnaissance , (496-511); Fabio Ciaramelli , L'inquiétante étrangeté de l'origine , (512-524). Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) pp. 453-459 Revista Filosófica de Coimbra 458 Novembre 98: Olivier Dekens, Initiation à Ia vie malheureuse. De l'impossibilité du pardon chez Kant et Kierkegaard, (581-597); Bertrand Bouckaert, Vers une phénoménologie première: de Husserl à Maine de Biran et retour, (598-623); Jean-Luc Thayse, Fécondité et évasion chez Lévinas, (624-659); Daniel Laurier, L'analyse téléologique du contenu intentionnel: l'écueil du désir, (660-690); Gilbert Gérard, Une nouvelle traduction - intégrale - des écrits hégéliens de Francfort, (691-697); Rudolf Bernet, Sublimation et symbolisation: présentation d'une psychanalyse aristotélicienne, (698-709); COMPTES RENDUS, Histoire de Ia philosophie, (710-750); NOTES BIBLIOGRAPHIQUES (751-760); Thierry Lucas, In memoriam Georges Van Riet, (761-764); Pierre Magnard, Roger Aubert, William Desmond, Prix Cardinal Mercier 1995, (765-777); Jean-Pierre Deschepper, Chronique, (778-821). Telos - Santiago de Compostela, N°2 (2000): Dicembre - Pedro Schwartz, Liberalismo neoclássico: Bases filosóficas y consecuencias empíricas, (11-34); Carlos Rodriguez Braun, Invitación a pensar sobre el Estado, (35-38); José Motyoa, Algunas reflexiones a propósito de Nuevos Ensayos Liberales,(39-44); Manuel Escamilla Castillo, Una sociedad para Ia libertad, (45-64); Pedro Schwartz, Reacciones a los comentarios de Rodriguez Braun, Motyoa y Escamilla, (65-70); Miguel Angel Afonso Melero, La psicología dei honro oeconomicus, (71-80); Pedro Schwartz, La ventaja realtiva y los pobres, (81-86); Manuel Segura Ortega, Las insuficiencias dei liberalismo, (87-92); Pedro Schwartz, Suecia y Suiza, (93-96); Victoria Camps, El liberalismo sin adjetivos, (97-104), Pedro Schwartz, Sobre el liberalismo social, (105-110); Esperanza Guisán, Liberalismo y solidaridad, (111-120); Pedro Schwartz, Homo sociologicus, (121-124); Joaquin Rodríguez-Toubes Mufliz, Liberalismo y igualdad de oportunidades, (125-140); Pedro Schwartz, Contra Ia igualación de tas oportunidades, (141-146); J. Venancio Salcines Crsital, La Tierra es plana, (147-160), Pedro Schwartz, El coste de Ia educación, (161-166); Julia Barragán, Lbbertad y mercado (un difícil camino a recorrer), (167-178); Pedro Schwartz, Eppur si muove, (179-184); Maria Teresa López de Ia Vieja, Liberalismos, (185-194); José Manuel Bermudo, El mistério de la filosofia Liberal, (195-210); Pedro Schwartz, Contestación a dos escépticos, (211-214). Teoria - Pisa, XX (2000) 2: Gunter Scholtz, Socrate e l'idea dei sapere neli'interpretazione di Schleiermacher, (3-22); Féliz Duque, Posizioni delta ragione. Dei punto di vista supremo da cui deve essere giudicata ogni filosofia in generale, (23-46); Faustino Fabbianelli, Descartes, Fichte e Ia Filosofia, (47-68). Zeitschrift für philosophische Forschung - Tübingen, Band 54 (2000) 3: Gianfranco Soldati, Canobbio, Frühe Phánomenologie und die Ursprünge der pp. 453-459 Revista Filosófica de Coimbra - a." 18 (2000) Ficheiro de revistas 459 analytischen Philosophie; Rolf Darge, Die Grundlegung einer allgemeinen Theorie der transzendentalen Eigensehaften des Seienden bei F. Suarez; Ulrich Baltzer, Besehauer der Reden-Hdrer der Taten. Übersehene Potentiale antirer Rhetorirtheorie fiir die Moral-philosophie; Michael Esfeld, Ein Argument für sozialen Holismus und Überzeugungs- Holismus; Nabert Campagna, Figuren des Liberalismus. Revista Filo sófica de Coimbra - n.° 18 (2000 ) pp. 453-459 RECENSÃO Maria Leonor Lamas de Oliveira XAVIER - Razão e Ser. Três Questões de Ontologia em Santo Anselmo. ( Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas ) Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e a Tecnologia , 1999, 793 p. Manuela Brito MARTINS - L'Herméneutique Originaire d'Augustin en relation avec une ré-appropriation heideggerienne ( Mediaevalia. Textos e Estudos 13/14). Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 1998, 495 p. Duas jovens investigadoras universitárias acabam de ver merecidamente editadas as suas teses de doutoramento. Estão de boa saúde os estudos de filosofia medieval no nosso País. A diversidade metodológica que separa o rigoroso trabalho analítico de M' L. Xavier (Univ. Clássica de Lisboa) e a ousada aproximação de Manuela B. Martins (Univ. Católica, Porto) entusiasmam-nos a pensar que à alegada boa saúde se pode adunar a pluralidade perspectivística, factor sempre preponderante na investigação universitária. Lamentamos apenas que uma das dissertações não tivesse sido editada em tradução portuguesa (ela foi apresentada no Instituto Superior de Filosofia da Universidade Católica de Lovaina-a-Nova) e que, diferentemente, e bem, do que sucede com o volume de Maria L. Xavier, se apresente desprovida de qualquer índice analítico, sempre desejável em investigações de fôlego. Dito isto, cabe-nos frisar como o momento que vivemos é, do ponto de vista dos estudos augustinistas (não empregaremos o galicismo augustinianos), de rara fecundidade. À tese de Martins acaba de juntar-se a recente edição bilingue de duas obras do Bispo de Hipona (A Ordem e Confissões) com a chancela da INCM. Provavelmente, muito em breve sairão do prelo as Actas do importante Congresso Internacional recentemente reunido em Lisboa para comemorar os 1600 anos da redacção das Confissões. Recordemos que a Fundação Calouste Gulbenkian publicou A Cidade de Deus e que a série "Mediaevalia.Textos e Estudos" acolheu a tradução de A Natureza do Bem do autor desta recensão, que igualmente assinou a versão de De Beata Vita. O leitor interessado em informar-se sobre a presença de Agostinho e do augustinismo em Portugal deverá ler a entrada erudita de J.M. da C. Pontes publicada no Dicionário de História Religiosa de Portugal (vol. 1, Lisboa 2000). Apesar de tudo, o panorama das traduções das obras de S. Agostinho e de S. Anselmo é confrangedor, se comparado, v.g. (este gesto é natural), com o que acontece na vizinha Espanha. O caso do arcebispo de Cantuária é ainda mais grave, pois, salvo erro, em Portugal, ainda só conta com o interesse pelo Proslogion, quer por António Soares Pinheiro, quer por J. Costa Macedo. Como tivemos oportunidade de escrever numa outra Revista Filosofica de Coimbra - n." 18 (2000) pp. 461-465 462 Revista Filosófica de Coimbra ocasião, este estado de coisas só se modificará desde que se concerte sistematicamente um plano de traduções gizado e concretizado por uma equipa interdisciplinar e interuniversitária devidamente apetrechada. Os esforços, aliás apreciáveis, quer do Gabinete de Filosofia Medieval (Porto), quer do Centro de Filosofia (Lisboa) são assim louváveis, mas manifestamente insuficientes. Começámos por reconhecer estarmos em presença de dois trabalhos distintos. Consideremos o primeiro. Na densa "Introdução" que compôs (a qual, diga-se de passagem, não se aconselha ao leitor circunstancial antes da demora pelo estudo propriamente dito) Maria L. Xavier coloca-se claramente do lado da «opção pelo primado da obra, na relação entre nós e Santo Anselmo» (p. 12). Daí pretende não só poder ler os seus textos de um ponto de vista filosófico - «E, pois, por filósofo que tomamos o autor do Proslogion (...). De modo análogo assumimos o conteúdo de Cur Deus Homo» (p. 15) - como, sobretudo, determinar o seu acesso no plano da «ontologia» (interpretada na perspectiva da doutrina dos transcendentais). Este é o ponto arquimédico de todo o seu portentoso estudo que confere plena inteligibilidade, e, o que é mais, coerência , à pormenorizadíssima leitura da obra feita. Seja-nos permitida a seguinte nota marginal : ficamos à espera que a A. nos legue uma introdução à obra de Anselmo, dado ser actualmente a nossa mais profunda conhecedora do abade de Le Bec. Apressemo-nos a confessar que a A. desenvolve a sua interpretação de uma maneira exemplar. Todavia, não a podemos acompanhar na totalidade do seu notável projecto. Definida a perspectiva ontológica, exploram-se coordenadamente as três questões anunciadas no título complementar: (i) dizibilidade ou inefabilidade do ser (ontologia da linguagem ), com demora acertada no «princípio da dupla significação» (natural e acidental), contexto metafísico no quadro da teologia do Verbo e o problema dos nomes divinos (p. 57-292); (ii) univocidade ou plurivocidade do ser (p. 295-577), onde iremos encontrar páginas magníficas na sua maturada ponderação sobre o denominado «argumento ontológico», proposta a noção de ser pensável como maximamente universal ou transcendental do ser, onde também se abordam os problemas prévios do Uno e do Múltiplo e a tese de uma integração ontológica da teologia (em rigor, um refrão nesta obra); (iii) necessidade ou gratuidade do ser (p. 581-712), «porventura a menos suspeitável das três questões ontológicas» (p. 44), sobre a «metafísica do dom» e a sua extensão trinitária (a gratuidade do ser). Seria sem dúvida tarefa impossível de levar a cabo neste lugar querer dar conta de toda a profundidade na análise, da surpresa de algumas propostas, sobretudo do rigor e (repetimo-nos) da coerência com que os textos de Anselmo são profusamente interpretados. O nosso apreço por este estudo justifica a formulação de quatro tipos de reservas que em nada o beliscam. A primeira é de ordem geral de hermenêutica. Santo Anselmo é um daqueles autores maiores ( a sua estatura filosófica é a de um Aristóteles, Kant ou Hegel, e a sua obra teológica emparceira com a de Küng ou Bonhoeffer) que mensalmente concitam o diálogo conflitual das interpretações contemporâneas. Toma-se impossível acompanhar o número sem fim de publicações sobre Anselmo. Isto significa que não se passa incólume com uma opção pelo primado da obra. A A. reconhece-o, afastando cedo qualquer leitura inocente ou desinformada (p. 12), e, de facto, pratica-o: vd., entre outras, as páginas 82, 98, 101, 115, 122 e 145 em diálogo com D.P. Henry; p. 154-55, com P. Vignaux; p. 163, 229 com Gilson; 206, com O. Rossi; p. 164, com J.J. Gracia; p. 530, com Vuillemin; veja-se sobretudo a sua impressionante e sistemática bibliografia (p. 717-761), o seu predilecto e excepcional diálogo com Kant (p. 519 ss.) ou, por último, o inevitavelmente constante confronto, aliás sempre tão exemplarmente esclarecedor (pelo que haveria que tirar ilações daí), com S. Agostinho (passim). O problema reside em querer- se «restituir o sentido» (p. 13) do autor analisado como se houvesse que optar unilateralmente entre «recepção acrítica da tradição» e «primado da obra». A afirmação mais ou menos veemente deste primado deve sempre presidir a qualquer investigação deste pp. 461 -465 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Recensão 463 tipo, mas perguntamo-nos, no caso vertente, porquê em algumas situações promover o diálogo da produtividade histórica e noutras não? E então como decidir entre compreender ou optar por diálogos interpretativos ? Dir-se-ia que a resposta está na sua ( dos diálogos) pertinência para a compreensão da tese proposta, mas iremos mostrar adiante como isso pode não acontecer. A segunda reserva é de natureza pragmática e deriva directamente da primeira: as notas que acompanham o texto não abrem horizontes; são escassos os casos de notas do género: p. 101, n. 71; p. 133, n. 116; p. 145, ri. 133; p. 165, n. 19; p. 213, n. 1; p. 229, n. 25; p. 253, n. 79; p. 381, n. 123; p. 535, n. 51, etc. Em terceiro lugar, algumas observações meramente pontuais ou acidentais: a nota 99 da p. 263 mereceria um desenvolvimento que explicasse que a redução do princípio de individuação à tradição porfiriana não é exclusiva na Idade Média (vd. A. de Libera, L'Art des Généra/irés); foi pena não se ter ao menos revelado a produtividade histórica do problema (e respectiva solução) tratado a págs. 277; haverá que ter presente (p. 332) que a expressão «nominalismo anselmiano » é usada numa acepção lata e anistórica ; decerto que a copulativa da pág. 371, onde se apresenta a teologia de S. Anselmo como «filosofia do impensável e do inefável», não é identitativa, pelo que teria valido a pena permenorizar filosoficamente essa diferença; a n. 108 da página imediatamente seguinte podia trazer a indicação dos passos nucleares de DLA, DCD e Cone.; o leitor terá de esperar pelo fim da obra para poder ter uma aproximação mais perfeita à caracterização, definição e horizonte do «ontológico» com que se labora progressivamente em quase todas as páginas, posto que uma tal tese é inúmeras vezes sugerida mas só paulatinamente definida no seu horizonte. E era aqui que queríamos chegar. A quarta e última reserva prende-se directamente com o núcleo da dissertação. Diz-se repetidamente que a chave da leitura da obra de Anselmo é ontológica (pp. 14, 387, etc), o que implica que a teologia seja uma função da sua filosofia (p. 388), embora - inevitavelmente - numa união tão estreita que faz daquela «um caso paradigmático de teologia filosófica» (p. 401). Deve-se aliás considerar impertinente a distinção entre filosofia e teologia. Em rigor, determinar a razão de Anselmo como «ontológica» é definir especificamente a natureza filosófica da teologia anselmiana (p. 402). Problema sério, então, será o da integração da metafísica da Criação com a teologia da Trindade (p. 408) e, aqui, a intérprete não só não vê incompatibilidade entre uma inspiração teológica da ontologia como assevera que uma tal integração é « genuinamente filosófica ou , melhor, ontológica» (p. 409). Dir-se-ía termos andado em círculo, caso a A. não explorasse coerentemente, sobretudo nas páginas dedicadas aos princípios de relação, diferença e ordem, o seu Leitmotiv. A exploração leva-a, v.g., a militar pelo fundo ontológico do argumento ontológico (p. 531), assim exprimindo quer a sua relatividade quer a sua necessidade. Seja como for, a integração da razão teológica e da razão filosófica sob a figura da «correlatividade» (p. 519) - traduzível no princípio de que o argumento em favor da existência necessária do supremo pensável é feito em função da ordem do ser pensável (p. 531) -, se representa uma aquisição no plano da teologia filosófica, força a um entendimento do ontológico que colide em vários sentidos, parece-nos, com o ponto de partida do primado da obra. Sem demorarmos na estranha escotização do argumento que nos é proposta (p. 537 ss.), cabe reparar que o próprio Escoto (e era precisamente aqui que um diálogo teria sido benéfico) se distancia de qualquer leitura do argumento anselmiano feita no plano da ontologia. O sentido da célebre coloratio de Duns Escoto é a de que sem ontologia tal argumento é vazio (vd. Ordinatio 1, 2 ou a minha versão de De Primo Principio IV), embora estejamos prontos a admitir que o que me separa da A. é uma versão do que distancia as interpretações de Th. Kobusch vs. L. Honnefelder (metafísica vs. ontologia), polémica eventualmente remontável ao próprio neoplatonismo, que não teria sido desprovido de interesse discutir ou conhecer neste importante trabalho de L. Xavier. Depois do que dissemos só nos resta vincar uma vez mais que a coerente tese da A. nos Revista Filosófica de Coimbra - n.' 18 (2000) pp. 461-465 464 Revista Filosófica de Coimbra impressiona pelo conhecimento revelado de S. Anselmo e da sua obra, nos deixa gratificados pelo rigor, profundidade e meditação da sua leitura, e pela surpresa de algumas descobertas propostas , de entre as quais ainda assinalaríamos , para terminar, as seguintes: a oposição entre o antropocentrismo de Agostinho e o ontoteocentrismo de Anselmo (p. 70) ou o tema da «personalização anselmiana do legado augustiniano» (p. 339); a defesa de uma ontologia da linguagem (cap. 1); a acribia com que se não omite, aqui e ali, alguma imprecisão anselmiana; evidentemente, toda a exploração do argumento ontológico com a qual, doravante, todos teremos obrigatoriamente de nos confrontar (e seria decerto entusiasmante ouvir o seu parecer sobre recente e provocante leitura do argumento proposta por um outro filósofo português, F. Gil, La Conviction); a interpretação da processão do Espírito segundo princípios ontológicos (p. 472); a pertinência da dimensão transcendental da acção (p. 532); a originalidade da última das três questões propostas. Muito distinto no escopo e no percurso adoptado está o trabalho de Manuela Martins, explicitamente apostado na «actualidade de S. Agostinho» (p. 31-281) e na retoma deste autor por um pensador contemporâneo que o não desmereceu, Heidegger (p. 285-453). Uma Conclusão geral (p. 455-477) e uma importante bibliografia (p. 479-495) fecham o volume. A A. patenteia há já algum tempo uma predilecção especial por diálogos de cimeira, nos quais favorece os nomes de Ricoeur, de Husserl e de Heidegger vs. Agostinho, que parece ser o seu autor antigo de eleição (p. 10). Esta estratégia não é, naturalmente, nova, mas parece ser S. Tomás de Aquino quem leva a palma no cômputo final. Pensamos, designadamente, nos trabalhos de L.-B. Geiger, J.-B. Lotz, M. Corvez, K. Rahner, G. Siewerth, U.M. Lindblad, etc. Em vista dste cenário, a A. visa reparar a lacuna no silêncio sobre Agostinho em diálogo com o autor de Sein und Zeit (p. 17). Para o efeito, este título, juntamente com os trabalhos do período de Friburgo e Marburgo (sabemos como a experiência do protestantismo feita em Marburgo será superada, o que não quer dizer destruída: vd. GA t. 66, p. 415), bem como, depois, A Essência do Fundamento e, antes, a conferência de 1930, precisamente dedicada à leitura da análise do Livro XI das Confissões sobre o tempo (Des heiligen Augustinus Betrachtung über die Zeit: Confessiones lib. XI), são os textos mais estudados. Frise-se que a A. não desconhece os «perigos» de uma tal estratégia. Contudo, ela apenas visa cumprir os destinos da hermenêutica promovendo, como dissemos já, duas ideias ou programas fundamentais (p. 19): «développer les traits d'une philosophie augustinienne ouverte à une interpellation philosophique qui se situe, par rapport à elle, dans son avenir, celle de notre existence d'aujourd'hui» e «dégager dans Ia pensée de Heidegger ce qu'elle a en soi de spécifiquement augustinien, et qui devient une source d'inspiration pour Ia réflexion heideggerienne elle-même». Tanto quanto sabemos, caso único no seio dos trabalhos do âmbito da filosofia antiga e medieval no nosso País, este tipo de investigações corre muitas vezes o risco de tomar o ar de família (as relações Ser/ Deus, o Cogito e o Cuidado são aqui temas centrais) por uma especificidade. De notar, ainda, que, no caso de Heidegger, convém ser cauteloso dadas as limitações da sondagem sobre uma obra ainda em curso de edição (veja-se, v.g., GA t. 27, p. 242-44 sobre S. Tomás e S. Agostinho). Na verdade, v.g., o interesse que Heidegger dispensou à questão augustinista da relação entre veritas e vira (vd. GA t. 17, p. 120-26), tema determinante ainda no § 44 de SZ, não se pode explicar exclusivamente pela sua leitura do livro X das Confissões, testemunhada nos cursos de 1922 sobre filosofia da religião. Na sua óptica, a questão é mais radical: também os Gregos se deixaram obnubilar pelo tema da verdade proposicional, diferentemente portanto do sentido existencial ou aleteiológico da verdade reconhecível no Novo Testamento e em S. Agostinho. Não é de facto um acaso que leva Heidegger a dedicar o segundo curso do semestre de 1921 ao livro X das Confissões; contudo, e diferentemente do que parece dar a entender a A., o principal interlocutor polémico de Heidegger não é Harnack, Dilthey ou Troeltsch (não obstante visar romper com as leituras pp. 461 -465 Revista Filosófica de Coimbra - n." 18 (2000) Recensão 465 destes intérpretes), mas é Max Scheler. Por outras palavras: não é o neoplatonismo mas a leitura alegadamente axiologizante que Scheler fazia de Agostinho que dá que pensar a Heidegger. Ao desvincular as vivências afectivas de uma filosofia dos valores, o filósofo alemão parece saudar uma atitude comum a Agostinho e a Aristóteles, o método protofenomenológico (GA t. 60, p. 159). Só assim se percebe que a armação metodológica da hermenêutica da facticidade seja a do ternário mundo ambiente (Umwelt), mundo comum (Mitsein) e mundo próprio (Selbstwelt) cuja explicitação nos remete para o Vollzugssinn (sentido da realização plena) que Heidegger detecta no livro X (que a A. analisa), justamente aquele em que Agostinho, culminando a sua autobiografia, a decifra no presente vivo do hoje sob a perspectiva da realização. Do lado de Agostinho sobressai o trabalho feito sobre as Confissões, A Cidade de Deus, A Trindade, O Ensino Cristão e a Explicação literal do Génesis, e muitas vezes, aí, não é só o carácter vivo do pensar augustinista que se destaca, mas, de igual modo, a sua «perenidade» (ou quiçá esta por causa daquele). Observemos que a questão da «actualidade» augustinista reaparece sistematicamente, e o mérito da A. passa, certamente, por ter posto em relevo que ela pende mais para uma leitura desconstrutiva do género da de Heidegger do que para a banda daquelas mais afins ao estilo, aliás tão refinado, de J. Guitton. Dito isto, sempre acrescentaremos que é nossa convicção que se Heidegger mereceu Agostinho, o que é digno de ser pensado é que a «actualidade» deste se não pode circunscrever no merecimento daquele. Ao irónico sorriso de augustinistas perante uma estratégia como a presente, e à acusação de superficialidade, por parte dos heideggerianos, a coragem da A. esteve talvez em ter podido demonstrar que se a filosofia não se encerrou com a obra de S. Agostinho decerto não se poderá dar por concluída com Heidegger. Por outras palavras: interrogar a «actualidade» da leitura de Agostinho feita por Heidegger implicará convocar novos leitores que à semelhança do filósofo da Floresta Negra o saibam merecer, muito para além da meditação deste. Mário Santiago de Carvalho Revista Filosófica de Coimbra - n." 18 (2000) pp. 461-465 LIVROS RECEBIDOS NA REDACÇÃO AGOSTINHO (Santo) - Diálogo sobre a Ordem. Tradução, introdução e notas de P. O. e Silva. Edição bilingue, Lisboa; INCM, 2000, 266p. ALBUQUERQUE, M. de - Estudos de Cultura Portuguesa. 2° volume, Lisboa: INCM, 2000, 493p. BARBOSA, A. M. - Obras Filosóficas. Organização e prefácio de A. F. Morujão, Lisboa: INCM 1996, 672p. BRAGA, T. - Poesia do Direito. Origens poéticas do Cristianismo. As lendas cristãs. Prefácio de M. da C. Azevedo, Lisboa: INCM, 2000, 501p. CAEIRO, F. da G. - Dispersos. Organização de M' de L. S. Ganho. Vol. I: Prefácio de P. Calafate, II e III , Lisboa: INCM, 1998, 1999, 2000, 546p., 253p., 518p. Enciclopédia Einaudi 34.: Comunicação-Cognição, Lisboa: INCM, 2000, 500p. Enciclopédia Einaudi 41.: Conhecimento, Lisboa: INCM, 2000, 432p. FERNANDES, J. M. - Arquitectura portuguesa. Unta síntese, Lisboa: INCM, 2000, 226p. FRANCO, A. C. - A literatura de Teixeira de Pascoaes, Lisboa: INCM, 2000, 550p. FRANCO, A. C. - Unta Bibliografia de Teixeira de Pascoaes (Separata da obra `A Literatura de Teixeira de Pascoaes'), Lisboa: INCM, 2000. GOMEZ-HERAS, J. M - Ética y hermenéutica. Ensayo sobre Ia construcción moral del 'mundo de Ia vida' cotidiana, Madrid: Biblioteca Nueva, 2000, 537p. JUENGER, E. - O Trabalhador. Domínio e Figura. Introdu., trad. e notas de AF de Sá. Prefácio de N. Rogeiro, Lisboa: Hugin, 2000, 271p. LOPES, R. da C. - O Segredo do Cofre Espanhol. Notas para uma ideário filosófico de José Maria Eça de Queiroz, Lisboa: INCM, 2000, 170p. MACHADO, P. F. - Sorrisos e Desalentos. Prefácio de F. Soares, Lisboa: INCM, 2000, 74p. MARQUILHAS, R. -A Faculdade das Letras. Leitura e escrita em Portugal no séc. XVII, Lisboa: INCM, 2000, 367p. NEMÉSIO, V. - O Retrato do Semeador. (Obras Completas vol. XVIII), Lisboa: INCM, 2000, 212p. Revista Filosófica de Coimbra - o.° 18 (2000) pp. 467-468 468 Revista Filosófica de Coimbra NEMÉSIO, V. - Ondas Médias. (Obras Completas vol. XIV), Lisboa: INCM, 2000, 240p. REIS, C. - O Essencial sobre Eça de Queirós, Lisboa: INCM, 2000, 123p. RUSSELL, P. E. - A Intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos, Lisboa: INCM, 2000, 647p. SOARES, L. R. - Pedro Margalho, Lisboa: INCM, 2000, 268p. SCHMITT, C. - Catolicismo Romano e Forma Política. Prefácio, trad. e notas de AF. De Sá, Lisboa : Hugin , 1998, 55p. pp. 467-468 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) ÍNDICE ONOMÁSTICO (ARTIGOS) Abensour, M. 69, 82, 88, 90 Adeodato 296 Adriano 265 Adorno, Th. 88, 214, 342 Agostinho 16, 28, 59, 60, 130, 192, 238, 245, 248, 265, 269, 271, 278, 284, 289-307 Alano de Lille 27 Alberto de Saxónia 124, 128, 135, 144, 148 Albino 297 Alcuino de York 304 Alfaric, P. 298 Alípio 296 Albrecht de Scharfenberger 147 Ambrósio de Milão 296, 297, 299 Amónio Sacas 49 Anaximandro 58, 213, 251 André, J.M. 305 Andrés. T. de 140, 141, 142, 143 Antíoco de Ascalon 297 Appun, Ch. 397 Apuleio 297 Arato, A 417 Arendt, H. 57, 88, 89, 291, 298, 251 Aristóteles 6, 7, 16, 21, 26, 28, 29, 30, 31, 34, 43, 48, 54, 55, 58, 59, 60, 61, 75, 123, 127, 128, 129, 135, 136, 137, 147, 191, 193, 194, 195, 206, 213, 215, 219, 229, 233, 240, Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) 241, 248, 250, 265, 304, 322, 328, 354, 356, 359, 366, 367 Ático 297 Atlan, H. 345, 347, 349 Augé, M. 345, 347 Bacon, F. 34, 35, 55 Bagessen , S.I. 98 Bak, P. 344 Balsemão, E. 353, 398 Balzac, J.-L.G. 52 Bammel, C.P. 299 Barbosa, A de M. 292, 301 Barth, K. 250 Bártolo 265 Basch, V. 109 Bastien , J.-P. 151, 154, 156 Bauer, A & B. 55, 56 Beckert, M.C. 114 Béguin, D. 290 Belaval, Y. 382 Bellah, R. 417 Benakis, L. 297 Benjamin, W. 291 Bentham, J. 413, 414, 415 Berchman, R.M. 297 Bergner, D. 110 Bergson, H. 291 Berlinger, R. 303 Bernardo, F. 63 Beuchot, M. 122, 123, 126, 150 Bianco, F. 190 pp. 469-475 470 Biard, J. 134 Blanchot, M. 74, 76 Bochet, I. 291, 294 Boécio 50, 128, 131, 132, 135, 304, 357 Boehner, Ph. 125, 133, 144 Bolland, G. 218 Bollème, G. 294 Bollnow, O.F. 37, 42, 48, 189 Bouretz, P. 82 Boyer, Ch. 298 Bradley, F. 218 Bragança, J.O 298 Brague, R. 297 Branco, C.C. 291 Brandão, R. 156 Brentano, F. 365, 367 Brown, P. 290 Brown, S. 125, 136 Buber, M. 88, 250 Buehler, K. 27, 33 Bultman, R. 3 Busse, A. 49 Caeiro, F.da G. 97 Caetano (Cardeal) 265, 266 Campos, L.S. 156 Canetti, E. 88 Cantor, G. 291 Carlos V 274 Carvalho, M.S. de 299, 303 Cassirer, E. 3, 36, 50, 51, 193, 228, 229 Castro, A de 265, 266, 283 Cézanne, P. 230 Chalier, C. 82, 87, 89 Chenu, M.D. 294 Claudel, P. 291 Cícero 21, 241, 293, 297, 331 Clastres, P. 88 Cohen, H. 193, 197 Cohen, J.L. 417 Collingwood, R. 231 pp. 469 -475 Revista Filosófica de Coimbra Cocote, A. 36 Copérnico, N. 5, 147, 326 Costa, M.R.N. 298 Costello, F.B. 267, 275, 278, 287 Cornell, D. 69 Corte, F. delia 296 Corten, A 151, 156 Courcelle, P. 294, 298, 299 Courcelles, D. 292 Courtine, J.F. 297 Covarrúbias 265 Coyle, J.K. 297 Croce, B. 218, 231 Crouse, R. 290 Curtius, E.R 27 Cutino, M. 302 Dannhauer, J.C. 5, 28, 30 De La Brière, Y. 275 De Rijk, L.M. 132, 144, 148 Delmas-Marti, M. 345, 347 Derrida, J. 68, 69, 80, 81 Descartes, R. 5, 215, 248, 302, 322, 329 Di Mijolla, E. 292 Dilthey, W. 3, 9, 39, 40, 42, 43, 45, 46, 47, 48, 57, 193, 195, 196, 197, 198, 227, 229 Dodaro, R. 290 Doignon, J. 298 Dostoievski, F.M. 52 Dreschsler, J. 114 Droit, R.-P. 345, 347, 349 Droysen, J.G. 39, 40, 41, 45, 227 Drozdec, A 291 Druet, P.-Ph. 110 Duesing, K. 51 Ebner, F. 244, 250 École, J. 5 Edelman, G.M. 341 Egídio Romano 304 Engels, F. 192 Erasmo, D. 262, 305 Revista Filosófica de Coimbra - n." 18 (2000) Índice Onomástico Espinosa, B. 33, 208, 317, 318, 331, 397 Espinosa Rubio, L. 331 Etzioni, A 417 Euclides 49, 50 Evódio 296 Faessler, M. 69 Ferrer, D. 97 Ferrier, F. 291, 305 Fetscher, I. 109, 117 Feuerbach, L. 55, 56 Fichte, J.G. 38, 97-119, 218, 220, 227, 310, 317, 318, 403, 405, 412, 413, 416 Filon de Alexandria 297 Finkielkraut, A. 65, 82, 89 Fish, S. 69 Flasch, K. 304 Flashar, H. 37, 39, 46 Fleg, E. 66 Fraenkel, E. 25 Fraga Iribarne, M. 263, 266, 286 Fraga, G. de 302 Franck, A. H. 32 Fredborg , K.M. 124, 143 Frege, G. 374 Freire, J.G. 290, 292 Fresco, N. 345, 347 Freud, S. 3, 191, 233, 291 Friedlaender, P. 25 Fulda, H.F. 62 Gabriel Biel 213, 265 Gadamer, H.-G. 3-62, 189-259, 298, 300, 306 Gál, G. 125 Galilei, G. 35, 36, 326 Gambatesse, A. 136 Geerlings, W. 290, 293, 296, 299 Gellhaus, A. 51 George, S. 230 Gethmann, F. 60 Gethmann-Siefert, A. 51 Gide, A 291 Revista Filosófica de Coimbra -?1.0 18 (2000) 471 Gilot, F. 292 Gilson, E. 34, 300 Glaserfeld, E. v. 352 Glocenius, R. 5 Goethe, J.W. 14, 309, 310 Gogarden, F. 250 Gogh, V. 230 Godescalco de Orbais 304 Gogol, N.V. 52 Gómez rabal, A 293 Gonçalves, J.C. 290, 302 Goodman, F. 153, 156 Goya, J. 127 Gracia, J.J. 355, 357 Green-Pedersen, N.J. 143 Greisch, J. 7, 306 Gris, J. 230 Grócio, H. 33 Grondin, J. 33, 42, 189, 190, 199, 200, 209 Gruender, K. 37, 39, 46 Guardini, R. 53 Guerolt. M. 109 Guilherme de Conches 132 Guilherme de Ockham 121-150 Guilerme de Saint-Thierry 294 Guitton, J. 291 Gusdorf, G. 190 Habermas, J. 69, 417 Hadot, I. 299 Halperin, J. 69, 70 Hamesse, J. 293 Hamman, A G. 294 Harder, R. 25 Harnack, A v. 292 Hartmann, N. 61, 193, 228, 332 Hayat, P. 82, 88 Haym, R. 411 Heath, T. 49 Hegel, F.W. 3, 16, 17, 21, 23, 42, 43, 45, 53, 54, 55, 56, 83, 190-237, 242, 246, 248, 249, 254, 255, 257, pp. 469-475 472 302, 309-323, 402, 403, 406, 410, 412, 413, 416, 418, 419, 430 Henry, P. 298 Heraclito 58, 193, 197, 239, 248, 251, 331 Herder, J.G. 51 Hesíodo 195 Heidegger , M. 3-62, 189-259, 291, 310, 345, 346 Hcinrich, D. 5 Helmholtz , H. 44, 45 Henrique de Gand 304 Herder, J.G. 37, 41, 51, 310 Hobbes, Th. 69, 82, 83, 88, 90, 92, 404, 405, 407, 408, 409 Hoelderlin , F. 192, 217 Hoelderlin, J.C. 13, 230, 236, 251, 252, 254 Holenstein, E. 39 Holmes, S. 89 Holte, R. 300 Homero 26, 195 Hoerstmann , A. 37, 39, 46, 62 Humboldt, W. V 23, 40 Hume, D. 35, 371, 372, 373, 375, 377, 378, 379, 385 Hurbon, L. 156 Husserl , E. 3, 15, 16, 18, 48, 52, 57, 60, 229, 250, 377, 378, 379 Illyricus, M. F. 30, 31, 32 Isidoro de Sevilha 265 lodocus Trutvetter 145, 148, 150 Jacob, Ch. 296 Jacques, R. 294 Jaeger, W. 25 Jâmblico 297 Janicaud, D. 192 Janke, W. 114 Jankélévitch, V. 72 Jaspers, K. 52, 56, 57, 291 Jelles, J. 397 João (Evangelista ) 203, 204, 238, 310 pp. 469 -475 Revista Filosófica de Coimbra João III (rei) 274 João Escoto Eriúgena 304 João Duns Escoto 133, 135, 136, 143, 304, 360, 361 Jesus Cristo 203, 205, 296 Joyce, J. 291 Juliano de Eclanum 304 Kant , I. 3, 21, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 69, 90, 91, 102, 110, 112, 192, 194, 196, 199, 202, 215, 218, 220, 228, 233, 241, 304, 322, 365, 379, 405, 409, 410, 411, 412, 413, 416, 418 Kepler, J. 34, 35 Kessler, D. 88 Kettering, E. 57 Kierkegaard , S. 52, 56, 114, 191, 202, 230, 232, 250, 252, 292 Kimmerle , H. 33, 37 Kirwan , Ch. 301 Kobusch, T. 290 Kohn, H. 109, 110, 113 Kojève, A 218 Kramer, K. 62 Kripke, S.A 364, 375 Kueng, H. 292, 305 Kuki, S. 6 Lacan, J. 291 Lafont, C. 7 Laks, A 189 Lanchos, F.J. 292 Lask, E. 228 Lasson, G. 406 Lawless, G. 290 Lefort, Cl. 89 Leibniz, G.W. 16, 18, 21, 34, 41, 215, 236, 241, 382, 383, 385 Lejbowicz, M. 293 Lemoine, M. 294 Leon, X. 109 Lerma, C. de 150 Lessing , H.-U. 42 Lévinas, E. 63-95 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) Índice Onomástico Levy-Bruhl, L. 110, 113 Licêncio 296 Lipps, H. 189 Locke, J. 35, 401 Lodovici, E.S. 292 Loessi, J. 306 Loessl, J. 301 Loewith, K. 56 Liuzzo, M. 145 Lubac, H. De 27 Luhmann, N. 352, 404, 417, 432 Lutero, M. 28, 31, 208, 238, 240, 262, 263, 304, 305 Lyotard, J.F. 69 Macedo, C. 299 Madec, G. 293, 294, 296, 297, 299, 303, 306 Mader, J. 55 Maesschalck, M. 107, 116 Malka, S. 89 Mallarmé, S. 54, 230 Mandouze, A 290 Maquiavel, N. 89, 104 Marcel, G. 52 Marcuse, H. 56 Mario Vitorino Afer 298, 301 Marrou, H.I. 297, 299, 300 Martins, M.B. 292 Marx, K. 14, 55, 56, 191, 192, 194, 227, 233 Marx, W. 237, 311 Mateus (Evangelista) 263 Mathieu, V. 292 Maturana, H. 342, 352, 353 Mauriac, F. 294 Mayr, J. 283 Meinecke, F. 109 Melanchton, Ph. 30, 31 Merleau-Ponty, M. 52 Mestre Eckhart 21, 213, 240 MilI, J.S. 36, 42, 44, 45, 415 Minguez Perez, C. 147 Revista Filosófica de Coimbra - a.° 18 (2000 ) 473 Misch, G. 48, 189 Mojsisch, B. 290, 310 Molesworth, W. 407 Molina, L. de 261-287 Mommsen, Th. 39 Mongin, O. 88, 89 Mônica (St') 296 Montaigne, M.E. 68, 292 Moratalla, A.D. 190 Morris, Ch. W. 363 Moog, W. 110 Muhalac, U. 39 Munoz García, A 121, 124, 128, 145 Natorp, P. 60 Nédoncelle, M. 291, 292 Nemo, Ph. 89 Neschke, A. 189 Neschke-Hentschke, A 293 Neske, G. 57 Neves, M. das 290, 292 Nicolau de Cusa 18, 305 Niebuhr, B.G. 39 Nielsen, L. 124, 143 Nietzsche, F. 22, 23, 42, 52, 55, 57, 191, 193, 213, 226, 233, 237, 289, 291, 292, 293 Nohl, H. 202 O'Daly, G. 297, 300, 302, 304 Oehler, K. 46 Oliveira, M. de 291 Orígenes 299 Ortega y Gasset, J. 295, 325, 326, 327 Ortigues, E. 302 Pacheco, M.C. 290, 292 Pannenberg, W. 290 Panormitano 265, 267 Pappos de Alexandria 49 Parménides 58, 243, 251 Pascal, B. 68, 292 Paulo (apóstolo) 59, 262, 300 Pedro (apóstolo) 268 Pedro Abelardo 137 pp. 469-475 474 Pedro Hispano 122, 123, 126, 127, 132 Pedro Lombardo 304 Pegueroles, J. 290 Peirce, C.S. 353, 398, 430, 431 Pelágio 304 Pépin, J. 297 Pereira, M.B. 5, 11, 14, 49, 50, 51, 53, 57, 189, 290, 291, 292, 303, 306 Pcrena, L. 280 Perez Prendes, J.M. 280 Perez Ruiz, F. 297 Petitdemange, G. 88 Picasso, P. 230 Pina, A.A. de 295 Pinborg, J. 124, 143 Piret, P. 306 Platão 13, 14, 15, 16, 18, 19, 21, 26, 30, 48, 53, 54, 66, 129, 191, 192, 193, 213, 220, 223, 227, 230, 231, 232, 235, 236, 237, 241, 243, 247, 293, 294, 304, 322, 328, 356 Plotino 18, 296, 297, 298, 299, 300, 301 Poeggeler, O. 14, 15, 26, 51, 60 Pombo, F. 292 Porfírio 296, 297, 299, 300, 356, 357 Portalié, E. 304 Proust, M. 291 Przywara, E. 292 Pseudo-Dionísio Areopagita 299 Ramsey, F.P. 386 Ranke, L.v. 39, 40, 228 Rawls, J. 417, 419, 420 Regout, R. 287 Reil, E. 307 Rentsch, Th. 62 Rey, J.-F. 65, 70 Ricoeur, P. 291, 300 Riedel, M. 7, 43 Rilke, R.M. 230, 258 Rincón, A 291 Roberto Kilwardby 143 pp. 469 -475 Revista Filosófica de Coimbra Rogério Bacon 124 , 134, 144, 148 Rolim, F.C. 156 Roamniano 296 Rombach, H. 36 Rorty, R. 430 Rosa, J.M.S. 290, 298 Rosenzweig, F. 85 Rossatto, N.D. 292 Rosseau , J.-J. 91, 242, 401, 421 Roth, E.W. 45 Rotahcker, E. 228 Ruge , A. 55, 56 Sacks, O. 341 Sartre, J.-P. 14, 52, 199, 291 Santos, J.O 295 Schadewalt, W. 25 Schaeffler, R. 27 Schelling, F.W. 18, 51, 202, 216, 237, 252, 258, 309, 312, 313, 314, 315, 317, 410, 416 Schlegel , A & F. 38 Schleiermacher, F.D.E. 9, 29, 37, 38, 39, 41, 193, 196, 227 Schillebeeckx, E. 33 Schiller, J.Ch. 114, 192 Schiller, J.F. 14, 51 Schluck, H. 5 Schmidt, J. 190 Schmidt , K. 317, 352 Schmidt, V. 297 Schneiders, W. 5 Schoetlaender, R. 109 Schopenhauer, A 213 Schultz, W. 5 Sciacca , M.F. 298 Selby-Bigge, L.A 372 Séneca 241, 297 Shakespeare, W. 204 Simon, J. 322 Sócrates 7 Soto, D. 150, 265 Spengler, O 3 Revista Filosófica de Coimbra - n.° 18 (2000) índice Onomástico Spiegelberg, H. 292 Spranger, E. 228 Steiner, S. 291 Stendhal (H.B.) 52 Stierle, K. 37 Stirner, M. 55, 56 Strathern, P. 291 Strawson , P.F. 383, 384, 385, 386 Suárez, F. 285, 286, 358, 359, 360, 362, 367 Suárez de Urbina, J.A 145, 148, 150 Tales de Mileto 195 Taminiaux, J. 192 Taylor, Ch. 409 Terrel, J. 404 Testard, M. 297 Teofrasto 48 Teske, R. 298 Tezuka, T. 6, 7, 8 Thierry de Chartres 293 Ticónio 305 Todisco, O 290 Tolstoi, L.N. 52 Tomás de Aquino 16, 147, 219, 241, 261, 265, 271, 284, 304 Tononi, G. 341 Torricelli, E. 36 Trendelenburg, F. A 193 Trigano, Sh. 72 Trundle, R. 291 Unamuno, M. 121 Watzlawick, P. 352 Weber, M. 195 Revista Filo sófica de Coimbra - a." 18 (2000) 475 Weber, S. 69 Weil, E. 88 Weizsaecker, C.F.v. 237 Wiclef 262 Wierviorka, M. 81 Wildt, A 106 Williams, C. 154, 156 Wilson, J. 27 Winckelmann, J.J. 14 Wisser, R. 55 Wittgenstein, L. 6, 291, 321, 374, 375 Whitehaed, A N. 332 Wolff, Ch. 5 Wordsworth, W. 292 Valencia, G. de 287 Valéry, P. 52 Vanderpol, A 285, 286, 287 Vannier, M.A 302 Varela, F. 342 Varrão 297 Velásquez, L. 145 Veloso, A M. 302 Vico, G. 50, 51 Vitória, F. de 265. 267, 268, 269, 271, 280, 282, 285 Vives, L. 145, 150 Volkmann, K. 5 Zahn, M. 403 Zambrano, M. 294 Zeller, E. 193, 196 Zimmermann, A 114 Zola, E. 52 Zum Brunn, E. 302, 303 pp. 469-475 ÍNDICE 2000 Artigos Amândio A . Coxito - Luis de Molina e a escravatura ................. O direito da guerra em Luís de Molina . 1 - Jus Ad Bellum.. 117 261 Christoph Asmuth - A génese da génese. A noção de 'desenvolvimento ' na fenoinenologia do espírito de Hegel e o seu desenvolvimento ........ .................................................................................. 309 Edmundo Balsemão Pires - « O povo não sabe o que quer». Alguns aspectos da crítica hegeliana a J. J. Rousseau , a respeito da ideia de legitimidade e da origem do Estado entre 1817/18 e 1820 ............................................................................................... 65 Luciano Espinosa Rubio - Pensar la naturaleza hov .................... 325 Mário Santiago de Carvalho - Presenças do platonismo em Agos- tinho de Hipona (354-430) .......................................................... Miguel Baptista Pereira - Metafísica e modernidade nos caminhos do milénio ..................................................................................... - O século da hermenêutica filosófica: 1900-2000 ................. 289 3 189 Notas Henrique Jales Ribeiro - Proposições de Russell , proposições russellianas, e outras proposições : elementos para uma discussão de Gillermo Hurtado ....................................................... 145 Edmundo Balsemão - Ensaio sobre a individualidade prática .... 351 Maria Luísa Portocarrero Silva - Autonomia humana e clonagem 345 Mário Santiago de Carvalho - Cultural interactions in medieval Iberian Peninsula : review article ............................................... 137 Crónica ................................................................................................ 435 Ficheiro de Revistas ...................................................................... 167, 453 Recensões ....................................................................................... 171, 461 Livros recebidos na Redacção ........................................................ 467 Índice Onomástico (Artigos) do Volume 9 ...................................... 469 Execução gráfica da TIPOGRAFIA LOUSANENSE, LDA. Depósito legal n .° 51135/92