Módulo 2 – Anexo 1 OS GANHOS DAS NOVAS CONFIGURAÇÕES LOGÍSTICAS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: CONDOMÍNIO INDUSTRIAL, CONSÓRCIO MODULAR E PARQUE INDUSTRIAL Luis Piñel Nos projetos das novas plantas apresentados por algumas montadoras, nota-se a presença não somente das instalações das montadoras, mas também de instalações de alguns de seus fornecedores. Assim, o projeto da GM em Gravataí (RS), com 17 “sistemistas” (grupos de fornecedores da mesma especialidade, como tapeçaria, por exemplo), e Ford (BA) com mais de dez fornecedores, reforçam a tendência das novas configurações junto à montadora, entregando sub-conjuntos ou módulos completos just-in-time na linha de montagem final dos veículos. Esquemas semelhantes aparecem nas fábricas paranaenses da Renault e VW/Audi (ambas em São José dos Pinhais), onde além da montadora estão plantas de fornecedores de bancos, motores e chassis. Na planta destinada à produção do Classe A em Juiz de Fora - MG, a MBB estabeleceu em seu próprio terreno um parque industrial interno onde já estão instalados cinco de seus fornecedores diretos. Numa área adjacente (parque industrial externo), outros cinco fornecedores estão presentes, vide figura abaixo: No fluxo abaixo são demonstradas as localizações dos fornecedores e a rota usada na distribuição entre o Parque de Fornecedores externo e a linha de produção. Empresa ----> 1. Pedido de Compras ----> Empresa ABC <---- 2. Resposta ao Pedido <---- XYZ Ltda. <---- 3. Nota Fiscal <---- S?A ----> 4. Aviso de Embarque ----> As movimentações Inter-Plantas Externas são feitas com plataformas sider tracionadas por trator diesel. Estas plataformas acomodam três racks que sobem nas mesmas através de rampas, não sendo necessário o uso de empilhadeiras. Os racks, possuem rodízios, engates e rampas para carga e descarga sem a utilização de empilhadeiras e os mesmos carregam embalagens contendo as peças produzidas pelos fornecedores. Após chegar na linha de montagem, os racks são engatados em rebocadores elétricos para que as peças, acomodadas em embalagens específicas, sejam distribuídas nos pontos de consumo. No movimento da plataforma, inicia saindo do parque, até a linha de montagem e seu retorno com os racks vazios para o local de origem para ser reabastecidos. Estes não são utilizados no translado externo, evitando que se leve sujeira até o chão da fábrica. As plataformas não são dedicadas, passando nas fábricas de acordo com o cronograma de produção previamente fornecido pela montadora. A comunicação entre os operadores da Cardoso Minas (motoristas e tratoristas) e os coordenadores logístico do parque de fornecedores é feita via rádio-freqüência, com monitoramento pela Logística que disponibiliza dois ramais para contato entre Fornecedores, Cardoso Minas e Logística. Nesses casos, a localização dos fornecedores amarra-se à logística da montadora, sendo por ela projetada e mesmo na negociação de eventuais incentivos governamentais para a instalação das plantas, a presença de fornecedores nos arredores é levada em consideração com relação ao número de empregos gerados e até o tamanho do terreno necessário. Denomina-se condomínio industrial a configuração em que alguns fornecedores, escolhidos pela montadora, estabelecem suas instalações nas adjacências da planta da montadora e passam a fornecer componentes ou subconjuntos completos. Entende-se que uma característica fundamental do condomínio industrial é a presença da montadora como diretora de todo o projeto. Isso significa que é ela quem decide que produtos serão fornecidos através do condomínio, que empresas devem fornecer esses produtos, onde elas se localizarão e como deverão ser realizadas as entregas, além, é claro, da freqüência da entrega e das especificações técnicas do produto e seu preço. Do ponto de vista da análise da cadeia automotiva, a montadora é cada vez mais explicitamente a orientadora das estratégias de todas as empresas a montante e conseqüentemente são as estratégias da montadora que definem a configuração do tecido industrial da região onde ela se instala. Na formação de distritos industriais marshalianos Langlois e Robertson, por exemplo, onde a localização também é um aspecto chave, a instalação de plantas próximas às montadoras é uma decisão do fornecedor, através de uma análise de viabilidade do investimento, que pode incluir análises das condições de infraestrutura, qualificação de mão-de-obra e facilidade de obtenção de matéria-prima. Dessa forma, qualquer fornecedor pode, a priori, vir a instalar-se no distrito, podendo-se inclusive estabelecer uma concorrência entre diversas firmas. No condomínio industrial, ao contrário, existe toda essa análise de viabilidade quanto à localização, sob responsabilidade da montadora. Os fornecedores são “convidados”, ou pressionados a se estabelecerem segundo as condições que a montadora apresenta. Os condomínios industriais atuais, entretanto, não são tão novos quanto as plantas citadas acima. Na realidade, em plantas inauguradas já há algum tempo, como da VW em Taubaté e da Ford em São Bernardo do Campo (após a reforma da planta da FORD para o lançamento do Fiesta), encontramos várias características do condomínio: fornecimento em subconjuntos, plantas de alguns fornecedores localizadas nos arredores da montadora ou galpões de certos fornecedores presentes dentro do terreno da montadora. Em alguns casos, dentro da própria planta da montadora existem áreas dedicadas a alguns fornecedores. É o que ocorre, por exemplo, na Ford, em São Bernardo do Campo, onde, em um pequeno espaço anexo à linha de montagem principal, quatro funcionários de uma empresa fornecedora de bancos realizam a montagem de seu produto no veículo. Sob o ponto de vista analisado, o condomínio industrial é uma configuração que resulta da associação de vários conceitos: desverticalização, concentração no core business (atividade ou negócio central da empresa), fornecimento em subconjuntos, just-in-time externo seqüenciado, cuja implantação conjunta foi factível devido à possibilidade, em termos de perspectivas de mercado, de construção de novas plantas, do acirramento da disputa pelo fornecimento direto na cadeia automotiva, do conseqüente aumento de poder de barganha das montadoras e das facilidades oferecidas pelos governos locais, que estimularam (e estimulam) os agrupamentos. Nos condomínios estudados até agora, o grau de participação da montadora na agregação de valor no produto final varia de acordo com a empresa e com a definição de seu core business, conforme discussão feita anteriormente. A montagem final dos veículos está sob a responsabilidade das montadoras em todos os casos. Segundo a terminologia de Porter, os condomínios são esquemas de “quase-integração”. Os fornecedores, por sua vez, tendem a diminuir a existência desses ativos específicos, buscando obter economia de escala quando for possível e diminuindo os riscos através de uma estratégia de “desmembramento” da produção, concentrando numa planta principal as atividades centrais, como a fabricação propriamente dita dos componentes, e localizando próximo à montadora, ou no condomínio, somente as partes finais do processo, tipicamente as atividades de montagem, que necessitam menos investimentos em ativos fixos. Em termos de quais produtos devem estar presentes nessas novas configurações, uma rápida análise de alguns mostra que a grande maioria dos produtos possue em comum a característica de apresentar custos logísticos elevados, seja porque possue volume espacial considerável em relação ao seu valor agregado (caso dos painéis, bancos, tanque de combustível, escapamentos, pára-choques), seja porque apresenta risco de deterioração quando do transporte (como bancos, revestimentos, peças pintadas em geral). Mesmo nas empresas onde existe algum embrião de condomínio, como é o caso da VW em Taubaté, os fornecedores localizados nas proximidades possuem essas mesmas características. No processo de escolha de quais produtos estarão localizados nessas novas configurações, não está em jogo somente a questão dos custos logísticos devido ao transporte de componentes com altos volumes espaciais ou risco de danos. O problema da proximidade é mais complexo e passa por pelo menos mais dois aspectos: a prestação de serviços e as entregas just-in-time seqüenciadas. A proximidade é um fator otimizante do sistema de entregas just-in-time (são entregas imediatamente após o pedido, possibilitando estoque zero, ou um estoque mínimo irrelevante), já que, dado um certo tempo de atravessamento, quanto mais próximo, mais freqüentes podem ser as entregas, menor pode ser o lote e o espaço destinado a ele no fornecedor e na montadora e maior o giro do capital. Obviamente, limitantes a essa política são problemas relativos ao aumento do tráfego e da poluição e o custo associado a cada viagem, conforme Scott e Mair. A existência de just-in-time externo faz com que estejam presentes empresas fabricantes de produtos como vidros e pneus, que possuem no condomínio basicamente estoques de produtos acabados e prontos para serem entregues à montadora. Não é viável, para essas empresas, inaugurar plantas completas para fabricação desses componentes. Por outro lado, esses produtos apresentam custos logísticos e riscos de danos elevados, que continuam a existir se no condomínio estão presentes somente os estoques. Nesses casos, a vantagem do condomínio, para a montadora, é passar esses estoques ao fornecedor e continuar tendo a garantia de fornecimento imediato, com menores riscos de interrupção. A entrega seqüenciada, ou seja, a entrega de um sub-sistema ou componente na ordem correta em que deve entrar na linha de montagem final do veículo, o chamado just-in-sequence (JIS), uma radicalização do just-in-time é uma tendência forte nas montadoras, uma vez que traz vantagens consideráveis do ponto de vista da economia de custos associados à armazenagem, tanto de estoques iniciais quanto intermediários e de produto final, e à embalagem dos componentes. O just-in-sequence é viabilizado, na prática, por dois fatores: primeiro, a troca de informações eletrônicas online (via sistemas de Electronic Data Interchange, ou EDI, em que os protocolos dos pedidos são enviados por computador, ou ainda via correio eletrônico pela Internet), que permite que a programação final da montadora seja enviada eletronicamente para os fornecedores com apenas algumas horas de antecedência. Como exemplo: para bancos fornecidos para a planta da Ford em São Bernardo do Campo (SP), esse intervalo de tempo é de apenas 90 minutos. No caso do fornecimento de bancos para a GM em São José dos Campos (SP), existe uma programação provável enviada ao fornecedor com três horas de antecedência, e a programação real é enviada duas horas antes da entrada do componente na linha. Segundo, o JIS é viável pela proximidade física da unidade do fornecedor em relação à montadora, justamente devido a esse horizonte de tempo restrito. Nesse sentido, podemos citar a diretoria da VW, época final de conclusão do projeto VW/Audi em S. José dos Pinhais, que a montadora está “(...) preparando uma área especial para nossos fornecedores que será vizinha à planta. Isso começará com uma área inicial de 250.000 metros quadrados; e nós esperamos que ela hospede todos os nossos fornecedores de montagens e pré-montagens principais, especialmente quando o conceito logístico necessário torna essencial que ambas as partes estejam próximas entre si” (Automotive Sourcing, 1997: 169). Também nesse caso somente alguns fornecedores são envolvidos, isto é, o just-insequence é adotado para alguns componentes ou sub-sistemas e não para outros. Aqui, o importante é a influência do componente em questão na diferenciação do produto final, em relação a versões, cores e acessórios. Ou seja: componentes comuns a todos os produtos que são fabricados em determinada linha não necessitam ser entregues just -in-sequence; ao contrário, componentes que diferenciam os produtos entre si (bancos, revestimentos, painel de instrumentos, motor, módulo de porta) devem ser entregues de forma seqüenciada, conforme o veículo especificado na ordem de produção correspondente. Colocados esses fatores, pode-se dizer que quanto maiores forem os pesos dos custos logísticos na estrutura de custos de um produto e quanto maiores as economias advindas da adoção de um sistema de entregas seqüenciado, maior a chance do fornecedor desse produto se instalar nessas novas configurações. Assim, por exemplo, no caso do condomínio da MBB em Juiz de Fora (MG), partes como embreagens, motor e caixa de câmbio, que não apresentam volume espacial elevado em relação ao valor agregado nem muitos riscos de deterioração no transporte, serão fornecidos a partir de plantas localizadas em São Paulo e, para os dois últimos componentes, que serão produzidos pela própria MBB, na Alemanha. O fato é que num esquema de condomínio, o “risco compartilhado” é maior, já que o desempenho da planta do fornecedor é muito mais dependente do desempenho da planta da montadora do que num esquema de fornecimento tradicional, onde o fornecedor conta com uma carteira maior de clientes e, dessa forma, dificuldades eventualmente apresentadas por um deles não prejudica tanto seus resultados. Os fornecedores, por sua vez, tendem a diminuir a existência desses ativos específicos, buscando obter economias de escala quando for possível e diminuindo os riscos através de uma estratégia de “desmembramento” da produção, concentrando numa planta principal as atividades centrais, como a fabricação propriamente dita dos componentes, e localizando próximo à montadora, ou no condomínio, somente as partes finais do processo, tipicamente as atividades de montagem, que necessitam menos investimentos em ativos fixos. No Brasil, a Magneti Marelli é fornecedora do Classe A em Juiz de Fora; recentemente, está investindo cerca de R$ 50 milhões em uma fábrica em Contagem, próximo a Betim, que fornecerá escapamentos e outros componentes para a Fiat, localizada nesse município, e para a MBB em Juiz de Fora. A empresa também realizará investimentos em sua planta de Hortolândia, município a 120 km de S. Paulo, onde serão produzidos os instrumentos de painel. Ao mesmo tempo, a Marelli investirá cerca de R$ 1 milhão em suas instalações no condomínio da MBB. A planta de Contagem será uma planta central, que produzirá e fornecerá componentes também para a planta de Juiz de Fora, onde serão realizadas as montagens finais do escapamento e painel de instrumentos e a entrega dos módulos na linha da MBB, mostrando ser esse o caminho entre montadoras e seus fornecedores no aspecto de inovação das configurações. Em uma pesquisa realizada com as montadoras: Volks-Resende (consórcio modular), Volks-Audi, GM (RS), MBB (MG) (essas três últimas condomínio industrial) constatou-se que essas montadoras utilizando-se dessas novas configurações conseguiram excelentes resultados. Na Volks-Resende os fornecedores parceiros estão fisicamente dentro da própria linha de montagem da montadora, responsabilizando-se pela montagem de partes inteiras dos caminhões e ônibus e respondendo até pela contratação de subfornecedores, que antes se relacionavam diretamente com a montadora, enfatizando o outsourcing (tercerização), prática esta que deverá estar cada vez mais presente nas configurações de consórcio e condomínio. Nessa linha a mais antiga montadora do País desde os tempos de JK (Volkswagen – Anchieta - SBC) planejou até o final de 2002 com seu projeto Masterplan, ser uma fábrica tão competitiva quanto a Volks- Audi. CONDOMÍNIOS INDUSTRIAIS E CONSÓRCIO MODULAR O condomínio industrial é uma configuração, no qual alguns fornecedores escolhidos pelas montadoras se instalam junto às plantas das indústrias automotivas, objetivando reduzir custos em estoques, processos, transporte e facilitar a integração entre os parceiros. Inicialmente, essas empresas faziam entregas em pequenos lotes (just-in-time). Posteriormente, foram chamadas para participarem dos projetos, gerando um relacionamento de parceria entre as partes. Atualmente, são fornecidos componentes e subconjuntos completos, podendo estes, estarem já na seqüência de montagem (Salerno, 1997). Apesar do comprometimento dos fornecedores em todas as fases do processo, a montadora permanece como diretora de todo o projeto, sendo esta uma das características fundamentais do condomínio industrial (Dias e Salerno, 1999). Esta configuração é denominada de Condomínio Industrial pela VW-Audi e de Parque de Fornecedores pela MBB - MG. A VW - Resende adota o consórcio modular, em que os fornecedores, além de produzirem os componentes, participam diretamente da montagem dos veículos, ou seja: a Volks não possui funcionário próprio na linha de montagem, esta função é de responsabilidade dos parceiros, sendo internamente chamados de “modulistas” pela Volks. Com o crescente processo de terceirização na montagem dos veículos obtém-se uma produção paralela, que é a construção de vários subconjuntos pelos fornecedores alocados nos condomínios industriais ou consórcios modulares, ao mesmo tempo, em que a montadora produz os veículos. Este processo difere do sistema tradicional, no qual uma série de peças são montadas seqüencialmente. O sistema atual reduz os custos associados à montagem do veículo e os tempos de fabricação do produto final, reduzindo a verticalização das montadoras e aumentando o nível de agregação de valor fora da empresa, podemos observar esse fato na Mercedes Benz de Juiz de Fora, onde ocorre a montagem das rodas nos pneus feita pela Continental, que é uma empresa que se encontra dentro do próprio prédio da montadora. A grande maioria dos componentes produzidos nos condomínios ou consórcios, possui em comum a característica de que se fossem produzir longe da planta, apresentariam custos logísticos elevados, devido, por exemplo, ao grande volume em relação ao seu valor agregado (peças muito grandes com um custo muito baixo, o que torna caro o transporte das mesmas a longas distância, por ocuparem todo o espaço físico do caminhão), é o caso dos bancos na MBB-JdF (Juiz de Fora) e VWAudi. Um outro elemento que gera a elevação dos custos é a possibilidade de danos nas peças pintadas, causado pelo transporte fazendo com que as mesmas sejam transportadas em embalagens especiais. Além da redução dos custos logísticos, os outros benefícios que podem ser alcançados pela proximidade são a prestação de serviços (assistência técnica) oferecida pelos fabricantes dos subsistemas mais complexos e as entregas seqüenciadas – just-in-sequence - (entrega de subsistemas ou componente na ordem correta de entrada na linha de montagem do veículo). Esta proximidade permite a redução dos tamanhos dos lotes devido ao aumento de freqüência das entregas, fazendo com que haja redução nos estoques e, conseqüentemente, no espaço físico da fábrica. O just-in-time e o just-in-sequence são viabilizados, por meio da troca de informações eletrônicas online feitas por EDI (Electronic Data Interchange) ou Internet, do qual são repassados as seqüências de montagem dos componentes ou subsistemas para os fornecedores, que abastecem diretamente a linha de montagem com pequenos lotes e alta freqüência. O JIS só será empregado pelos fornecedores de acessórios ou peças, que diferenciam os modelos dos automóveis, como é o caso do fornecimento de bancos, painel de instrumentos, motor, retrovisores pintados nas cores dos veículos, etc. Os componentes comuns a todos os produtos obedecem apenas à filosofia do Just-intime. Quanto maiores forem os pesos dos custos logísticos e as economias advindas da adoção de um sistema de entregas seqüenciado, maiores as chances dos fornecedores se instalarem em condomínios industriais. Na MBB-JdF, por exemplo: partes como embreagens, motor e caixa de câmbio que não apresentam volume elevado em relação ao valor agregado nem muitos riscos de deterioração no transporte, serão fornecidos a partir de plantas localizadas em São Paulo e, para os dois últimos componentes, na Alemanha. O elevado custo fixo na produção dos componentes pode ser um dos obstáculos para a instalação de uma empresa dedicada em um Condomínio Industrial, levando muitos fornecedores a instalarem apenas depósitos, em vez de indústria para garantir a entrega seqüenciada. Isto ocorre porque o investimento em equipamentos necessários para a produção de componentes só será viabilizado, em muitos casos, com escalas maiores do que as pretendidas pelas montadoras. Para solucionar o problema do baixo volume de produção, os fabricantes de veículos tentam estabilizar o planejamento e o controle dos programas de produção para dar alguma estabilidade aos fabricantes de componentes. Outro problema observado pelos fornecedores nacionais é o fato de se confrontarem com política de follow sourcing, que ocorre quando um fornecedor que é selecionado na fase de projeto de um determinado veículo passa a acompanhar a montadora em todos os locais onde serão produzidos o modelo e o global sourcing que é a busca das melhores condições de fornecimento não importando sua localização geográfica. Isto, aliado à concentração das decisões de escolha de fornecedores pelas matrizes, torna cada vez mais difícil a presença de empresas de capital majoritariamente brasileiro na primeira camada de fornecimento. Para que o Condomínio Industrial, Parque de Fornecedores ou Consórcio Modular reduzam efetivamente os seus custos, é necessário uma logística de suprimento adequada, sendo este um problema macro-logístico devido às suas características: produção estoque transferência distribuição A logística de suprimento envolve decisões de qual, como e quando movimentar cargas, com o propósito de atender à demanda através da entrega dos produtos no momento e locais determinados. Na logística de suprimento existe um alinhamento de planos estratégicos de fornecedores e empresas (buyer - supplier relationships) que direcionam recursos para reduzir custos de desenvolver novos produtos, essa parceria pode fazer surgir a política de follow sourcing. Nenhuma atividade deve acontecer em um sistema enquanto não houver necessidade dela, o que é um dos princípios mais importantes da filosofia just-in-time adotada pelas montadoras no abastecimento de suas linhas de montagem. Na figura abaixo, veja o tradicional sistema de entrega e o atual utilizado pela Volkswagen Audi e esse será o caminho a seguir para ser altamente competitivo no seu “core competence”. Melhorar fluxograma FORNECIMENTO CONVENCIONAL Fornecedores ---entrega---> Centro de Consolidação ---entrega---> Montadora VW-Audi FORNECIMENTO INTEGRADO Fornecedores ---entrega (sequenciada)---> Montadora VW-Audi