sustentabilidade cultural e ambiental: a interpretação do

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XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro 2012 - Juiz de Fora
SUSTENTABILIDADE CULTURAL E AMBIENTAL:
A INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO COMO PROCESSO DE
PROJETO NA OBRA DE GLENN MURCUTT
F. S. Campos(1); L. M. S. Andrade(2)
(1) IBRAM, e-mail: [email protected]
(2) UnB, e-mail: [email protected]
Resumo
A indústria da construção civil se configura como uma das atividades que mais
degradam o meio ambiente enquanto a arquitetura contemporânea, apesar da busca pela
sustentabilidade, se caracteriza pela permanência da influência do Movimento Moderno,
onde imperam soluções importadas sem critério, criando edifícios desprovidos de adaptação
ao contexto. Com vistas a subverter esta lógica surgem as “teorias do lugar”, que buscam
uma simbiose entre os avanços científicos e tecnológicos e os conhecimentos vernaculares,
abrindo caminho para uma arquitetura contextualista.
A partir da análise crítica de teorias consolidadas como Ecoconstruções,
Bioclimatismo, Regionalismo Crítico e Fenomenologia do Lugar, o estudo desenvolve uma
Metodologia de Análise com vistas a mensurar o desempenho de edificações em
sustentabilidade cultural e ambiental. A aplicação da Metodologia em dois projetos do
arquiteto contemporâneo Glenn Murcutt (Marika-Alderton House e Marie Short House)
localizados na Austrália, permitem a verificação da eficácia da metodologia e contribui para
disseminação deste importante repertório.
O estudo também contribui para as pesquisas em sustentabilidade arquitetônica à
medida que coloca a dimensão cultural no eixo central, como forma de se evitar um novo
“Estilo Internacional” pela imposição de uma possível linguagem sustentável, o que seria,
naturalmente, uma contradição.
Palavras-chave:
Glenn Murcutt, Arquitetura Contemporânea, Contextualismo, Sustentabilidade Cultural e
Ambiental, Projeto Bioclimático.
Abstract
The construction industry is set up as one of the activities that most degrade the
environment while contemporary architecture, despite the search for sustainability, is
characterized by the permanence of the influence of the Modern Movement, where the
desperate solutions imported uncritically, creating buildings devoid of adaptation to the
context. In order to subvert this logic arise "theories of place," seeking a symbiosis between
the scientific and technological knowledge and the vernacular, paving the way for a
contextual architecture.
From the critical analysis of theories as consolidated Ecological Architecture,
Bioclimatic, Regionalism and Critical Phenomenology of Place, the study develops a
methodology for analysis in order to measure the performance of buildings in cultural and
environmental sustainability. The application of the methodology in two projects of the
contemporary architect Glenn Murcutt (Marika-Alderton House and Marie Short House)
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located in Australia, enabling the verification of the effectiveness of the methodology and
helps to spread this important repertoire.
The study also contributes to research on sustainable architecture as a cultural
dimension that places the central axis, as a way to avoid a new "International Style" by the
imposition of a possible language development, which would, of course, a contradiction.
Keywords:
Glenn Murcutt, Contemporary Architecture, Contextualism, Cultural and Environmental
Sustainability, Bioclimatic Design.
1.
INTRODUÇÃO
O mundo globalizado assiste a intensa busca pelo desenvolvimento sustentável, seja
por ideologia, obrigação legal ou imposições de mercado, onde o atual conceito não se resume
a visão simplista de preservação da natureza e incorpora dimensões como social, econômica,
ecológica, espacial, política e cultural. A produção contemporânea tem sido marcada pelo uso
da arquitetura como elemento midiático de modo a atender os anseios do mercado e do poder.
A influência do Movimento Moderno e seu Estilo Internacional impõem às comunidades
padrões estéticos e tecnológicos desvinculados de qualquer questão local, prevalecendo a
lógica da importação de soluções sem critério ou a mera “cópia” de baixa qualidade de
soluções do circuito internacional. O legado modernista da tabula rasa, fruto da crença
irrestrita na ciência e na tecnologia, levou o ofício de projeto à perda gradativa de sua
capacidade de interpretação e adaptação ao meio, convertendo edifícios em objetos isolados,
ineficientes e sem significado cultural para a comunidade local. O entendimento deste
processo pela pós-modernidade abriu caminho para o estabelecimento das “teorias do lugar” e
para a retomada de soluções vernaculares, consolidando a arquitetura contextualista como
caminho para a redução dos impactos da antropização.
Neste cenário, torna-se necessário construir metodologias de análise, com base em
teorias consagradas como Ecoconstruções, Bioclimatismo, Regionalismo Crítico e
Fenomenologia do Lugar. O foco dos estudos nas questões tecnológicas e ambientais
demonstra a necessidade de colocar a dimensão cultural no eixo central das discussões como
forma de se evitar a imposição de uma “linguagem sustentável”, o que seria, naturalmente,
uma contradição.
2.
BASES TEÓRICAS E METODOLOGIA DE ANÁLISE
Partindo-se dos conceitos de sustentabilidade cultural – desenvolvimento conectado ao
contexto cultural de forma a valorizar raízes endógenas e soluções vernaculares, respeitando e
contribuindo para a continuidade cultural de determinada comunidade – e sustentabilidade
ambiental – a garantia do equilíbrio dos ecossistemas e da harmonia entre homem e meio – e
por meio da análise crítica das bases teóricas, elaborou-se a Metodologia de Análise.
O estudo da dimensão cultural da sustentabilidade em arquitetura se inicia com o
Regionalismo Crítico, termo criado por Tzonis e Lefaivre (1981) e que possui em Kenneth
Frampton seu principal expoente. Utilizando-se das teses de Paul Ricoeur, Lewis Munford e
Immanuel Kant (Escola de Frankfurt) o autor propõe uma “escola” ao invés de um estilo
arquitetônico e defende uma “arquitetura de resistência” como estratégia de superação do
Estilo Internacional, evitando-se a eliminação da cultura local, e utiliza a desfamiliarização
dos elementos artificiais e naturais como forma de revelar e ressaltar o Genius Loci, conceito
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romano que define o “espírito do lugar”. Sem utilizar soluções fáceis revivalistas ou cópias
pitorescas do vernáculo, evita um populismo nostálgico que se resume à mera reprodução de
tipologias regionais em favor de um decorativismo cenográfico.
A teoria busca o desenvolvimento de projetos capazes de conter uma identidade
contemporânea adequada ao lugar, nas dimensões técnicas, morfológicas, táteis e sensoriais,
condensando o potencial artístico regional à reinterpretação das influências culturais externas
(ou internacionais), operando como facilitadores da apropriação do espaço pelo usuário e
resultando numa arquitetura que não só responde ao lugar, como o constrói. Por meio de uma
categoria crítica composta de características comuns, o autor elenca uma série de atitudes a
serem utilizadas como ferramentas de análise e projeto.
A Fenomenologia do Lugar elaborada por Christian Norberg-Schulz com base nos
conceitos de Martin Heidegger também encontra no Genius Loci importante referência. A
fenomenologia aplicada à arquitetura é entendida como método que exige o retorno as coisas
concretas, opondo-se a abstração mental como forma de compreensão do espaço. Para
Norberg-Schulz o conceito filosófico de habitar implica estar em paz num lugar protegido,
onde cercamento, demarcação ou diferenciação do lugar se converte em ato arquetípico,
gerando enquadramentos que estabelecem a mediação entre homem e meio, tornando a
arquitetura elemento de conexão entre interior e exterior e reforçando a sua função de prover
ao homem sua base existencial.
O autor argumenta não existirem diferentes “tipos arquitetônicos” e sim, diferentes
situações, contextos, que requerem diferentes soluções para satisfazer as necessidades físicas
e psicológicas humanas – mais que um abrigo, o homem necessita de um “lar” – onde ele
possua compreensão do meio e nele possa se orientar, o que significa pertencer a um “lugar” e
nele construir sua identidade.
A arquitetura começa a existir quando “faz visível todo um ambiente”, para citar
uma definição de Suzanne Langer. Isso significa concretizar o “genius loci”. Vimos
que isso acontece por meio de construções que reúnam as propriedades do lugar e as
aproximam do homem. Logo, o ato fundamental da arquitetura é compreender a
“vocação” do lugar. (NORBERG-SCHULZ apud NESBITT, 2006, p. 459)
Na dimensão ambiental o conceito de Ecoconstrução nasce em meio ao movimento
ambientalista da década de 1970 com a “permacultura” e a “arquitetura solar passiva”. O
desempenho técnico das edificações e cidades em termos de impacto ao meio ambiente tornase fundamental, observando-se como cada decisão de projeto resulta em contribuição ou
prejuízo.
É essencial um olhar tecnológico, pelo qual se considerem os fluxos de materiais e
energia, sob o enfoque de análise de ciclo de vida, que analise desde a forma como
se extraem os materiais e a energia da natureza, até a destinação final dos materiais
(...) Adicionalmente, há que compatibilizar essa preocupação, que poderia ser
chamada de tecnológica, com outros enfoques, sociais, econômicos e ambientais,
envolvendo inclusive, a reeducação ambiental, formal e informal, de seus usuários,
inserindo-se todo o conjunto de considerações nas assim denominadas dimensões da
sustentabilidade. (SATTLER, 2007, p. 74)
A produção de ecoconstruções implica a compreensão das possibilidades de redução
de impacto em todas as etapas – planejamento, projeto, construção, utilização e manutenção,
adaptação a novos usos e desconstrução – sendo as duas primeiras fundamentais, pois
definem a eficiência das etapas posteriores. Ferramentas como Análise do Ciclo de Vida,
Pegada Ecológica e Avaliação Pós-Ocupação são importantes indicadores de desempenho,
permitindo a avaliação permanente e revisão das soluções adotadas, tornando as
ecoconstruções um processo contínuo de evolução.
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O Bioclimatismo se caracteriza pela junção das estratégias elencadas na dimensão
cultural com aspectos ambientais. Propõe a retomada de conhecimentos vernaculares de
adaptação ao contexto como forma de produzir edificações coerentes com o entorno e de
baixo impacto, à medida que se utiliza de materiais e mão-de-obra locais, ou seja, a função da
arquitetura é compreender o lugar, incorporá-lo ao projeto e responder às condicionantes
físicas (clima, topografia etc.) e culturais (tradições, hábitos, história etc.). Para o
Bioclimatismo não há soluções prontas que garantam a sustentabilidade, pelo contrário, é a
própria diversidade de soluções fruto do contexto que determina uma arquitetura mais
sustentável.
Da análise crítica das bases teóricas extraiu-se uma série de soluções que definem uma
edificação como sustentável, dando origem à Matriz de Avaliação Geral (MAG), dividida
entre a dimensão cultural e ambiental e composta pelos critérios abaixo:
Quadro 01: Matriz de Avaliação Geral - Critérios de Sustentabilidade Cultural
Participação dos usuários no processo de projeto.
Satisfação das demandas holísticas dos usuários.
Promoção do encontro entre usuários, evitando a
segregação espacial.
Abordagem sistêmica na elaboração do projeto.
Satisfação e apropriação do espaço pelos usuários.
Participação de mão-de-obra local na execução.
Interpretação do contexto cultural como partido.
Incorporação de hábitos, costumes e tradições.
Estímulos táteis presentes na edificação.
Manutenção ou ampliação da qualidade do lugar.
Relação do usuário com o entorno resultante.
Estética proposta e sua inserção no contexto.
Relação do gabarito proposto com o entorno.
Relação do edifício com elementos artificiais locais.
Relação do edifício com elementos naturais locais.
Incorporação de soluções vernaculares no projeto.
Incorporação de soluções (espaciais e construtivas)
contemporâneas no projeto.
União entre soluções vernaculares e contemporâneas.
Contribuição do projeto para a preservação da cultura.
Capacidade de reprodutibilidade do projeto.
Prevenção de impactos negativos à cultura local.
Relação entre “cultura mundial” e “base regionalista”.
Segurança dos usuários proporcionada pelo edifício.
Qualidade ambiental no interior do edifício.
Garantia da Acessibilidade Universal.
Uso da edificação como processo educativo.
Facilidade de operação do edifício.
Uso de programa de Avaliação Pós-Ocupação.
Quadro 02: Matriz de Avaliação Geral - Critérios de Sustentabilidade Ambiental
Adaptação à topografia original.
Mínima ou baixa movimentação de terra.
Baixa impermeabilização do solo.
Baixa taxa de ocupação do sítio.
Determinação do local de implantação privilegiando
áreas já degradadas, evitando a antropização de áreas
naturais preservadas.
Plantas estreitas e compactas de modo a
potencializar a ventilação e iluminação natural e
reduzir o gasto de espaço com circulação.
Sistema construtivo que permite a substituição de
partes ou componentes isolados.
Dimensionamento adequado do pé-direito, de forma
a favorecer o “efeito chaminé”.
Alta durabilidade da construção.
Demanda por manutenção e uso de produtos
químicos.
Facilidade de acesso para manutenção.
Possibilidade de desmonte (desconstrutibilidade) e
posterior reuso ou reciclagem de componentes.
Baixa (ou não ocorrência) supressão de vegetação.
Não introdução de espécies exóticas de vegetação.
Utilização de componentes reciclados ou de reuso.
Porosidade da massa edificada.
Controle e seleção de fornecedores sustentáveis.
Especificação de produtos com certificados.
Uso de isolamento térmico eficiente
(evitando perda de calor no inverno e ganho de calor
no verão).
Correta implantação e dimensionamento /
posicionamento das aberturas, privilegiando a
iluminação natural.
Correta implantação e dimensionamento /
posicionamento das aberturas, privilegiando a
absorção de calor natural.
Correta implantação e dimensionamento /
posicionamento das aberturas, privilegiando a
ventilação natural.
Conforto acústico.
Correto uso de sistemas de sombreamento, como
vegetação ou brise-soleil.
Conforto higrotérmico na edificação.
Eliminação do uso (ou redução drástica) de sistemas
de ventilação / refrigeração / calefação artificiais.
Uso de fontes de energia renovável / limpa.
Uso de sistema de aquecimento de água solar.
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Paisagismo produtivo e sensorial.
Baixa (ou não ocorrência) interferência na fauna.
Conservação dos ecossistemas do entorno.
Redução da geração de resíduos durante a execução
das obras.
Correta destinação dos resíduos da construção.
Redução do consumo de energia durante a execução
das obras.
Redução do consumo de água durante a execução.
Redução da geração de resíduos durante a utilização
do edifício.
Recuperação de áreas degradadas presentes no local
de implantação.
Especificação de materiais e componentes
disponíveis na região.
Opção por componentes com baixo volume de
energia incorporada.
Opção por componentes com baixo volume de água
incorporada.
Especificação de componentes com baixa toxicidade.
Geração de energia renovável no próprio edifício.
Uso de equipamentos de alta eficiência energética.
Adoção de sistemas de redução do consumo de água.
Adoção de sistemas de redução do consumo de
energia.
Adoção de sistemas de reuso de águas cinza.
Adoção de sistema de captação, tratamento,
armazenamento e uso de águas pluviais.
Correta destinação do esgoto sanitário.
Adoção de medidas de contenção de geração da
poluição sonora.
Implantação de produção de alimentos (vegetal e
animal) no sítio.
Uso de sanitários secos.
Coleta seletiva e correta destinação de resíduos
gerados no edifício.
Adoção de sistemas de compostagem para tratamento
e uso dos resíduos orgânicos.
Obtenção de certificação e selos de sustentabilidade.
Os critérios foram avaliados em três níveis de desempenho: pleno atendimento,
atendimento parcial e não atendimento, tendo como referência o trabalho de MEDEIROS
(2010). Considera-se a edificação sustentável cultural e ambientalmente quando possui no
mínimo 70% dos critérios atendidos sem que se ultrapasse 5% de critérios não atendidos
(excluindo-se itens que não se aplicam ao projeto e itens que a pesquisa não pode avaliar).
Aplicando-se a metodologia aos estudos de caso busca-se compreender como a leitura do
contexto resulta em decisões de projeto e como tais soluções contribuem para a
sustentabilidade.
3.
RESULTADOS
A análise dos estudos de caso: Marika-Alderton House (1991/1994) e Marie Short
House (1974/1975), projetos significativos de Murcutt localizados na Austrália, demonstrou
que os edifícios desenvolvidos para uma família aborígene com suas especificidades culturais
e para uma zona rural, com a presença da arquitetura vernacular, respectivamente, se
adaptaram com maestria às diferentes condicionantes culturais sem abrir mão do desempenho
ambiental.
Tabela 01: Análise do estudo de caso Marika-Alderton House
Fonte: Glenn Murcutt
Aplicação da Matriz de Avaliação ao
estudo de caso
Fonte: Reiner Blunck
Pleno atendimento
Atendimento parcial
Não atendimento
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Fonte: Reiner Blunck
76 %
20 %
04 %
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Tabela 02: Análise do estudo de caso Marie Short House
Fonte: Glenn Murcutt
Aplicação da Matriz de Avaliação ao
estudo de caso
Fonte: NY Times.
Pleno atendimento
Atendimento parcial
Não atendimento
Fonte: Anthony Browell
77 %
19 %
04 %
As soluções de planta em pavilhão e o pequeno porte dos edifícios, além da opção por
sistemas construtivos pré-fabricados e pela diversidade de materiais, os sistemas de ventilação
e iluminação natural (adaptáveis às variações climáticas), a elevação em relação ao solo,
dentre inúmeras outras, expressam a estratégia de Murcutt em consolidar no edifício as
soluções espaciais modernas, a tecnologia disponível e a adequação à cultura local, criando
uma linguagem que se insere na paisagem com excelente desempenho bioclimático.
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O procedimento adotado – análise crítica de bases teóricas, formulação da
Metodologia de Análise e aplicação em estudos de caso – demonstrou coerência na
construção de ferramentas para avaliar o desempenho de edificações, contribuindo para a
pesquisa em sustentabilidade cultural e ambiental. A MAG, que permitiu verificar o
desempenho por meio da análise dos projetos (material iconográfico), e leitura complementar
sobre as obras, deve passar por revisões que a tornem mais precisa e eficiente, principalmente
no que tange a forma de avaliação, à medida que alguns critérios demandam medições in loco
ou séries históricas que comprovem sua efetividade. A análise da obra de Murcutt confirma a
hipótese de que os edifícios são ecoconstruções. Seu processo de trabalho é claro quanto a
interpretação do contexto, revelando e reforçando características do entorno (naturais e
artificiais) e dos usuários. Importante ressaltar que os edifícios funcionam como organismos
adaptáveis as variações do ambiente, o que Murcutt denomina como “resposta ao meio”.
A pesquisa contribui de forma significativa em diferentes campos da sustentabilidade
aplicada à arquitetura. Na elaboração de metodologias de análise que incluam avaliação de
desempenho, em colocar a dimensão cultural no eixo principal do debate e, por fim, por
auxiliar na disseminação da obra de Murcutt como repertório de projetos contextualistas
exemplares.
REFERÊNCIAS
MEDEIROS, Paulo Fredson Brito. Inculturação de Empreendimentos Hoteleiros em Áreas Naturais
Remotas. 2010, 51 f, Ensaio Teórico (Iniciação Científica), Unieuro, Brasília, 2010.
NESBITT, Kate. Org. Uma Nova Agenda para a Arquitetura – Antologia Teórica 1965-1995. 1, Cosac
Naify, São Paulo, 2006.
NORBERG-SCHULZ, Christian. Genius Loci. Towards a phenomenology of architecture. 1, Rizzoli, New
York, 1984.
SATTLER, Miguel Aloysio. Habitações de Baixo Custo Mais Sustentáveis – A Casa Alvorada e o Centro
Experimental de Tecnologias Habitacionais Sustentáveis. 1, Porto Alegre, UFRGS, 2007.
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