BARBOSA, Alberto

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LUCIANO REIS
Personalidades
Artísticas
Século XX
1º Volume
Fonte da Palavra
1
À memória de Maria Helena Reis
e a todos aqueles que amam as
Artes do Espectaculo
2
PREFÁCIO
UMA NOVA VISÃO DA HISTORIOGRAFIA
A "Enciclopédia - Personalidades Artísticas" de Luciano Reis, no
carácter exaustivo da sua elaboração, configura uma nova abordagem da
Historiografia do Teatro Português, mais adequada à própria realidade do
seu objecto artístico e científico. Quer isto dizer que se assume, nesta obra,
uma visão integral do fenómeno teatral para lá, portanto, da matriz
iniciática da literatura dramática em si mesma considerada e tantas vezes
delimitada. Por outras palavras, a tradição portuguesa de estudos de
História do Teatro, para além de relativamente recente e escassa nas suas
manifestações concretas, concentra-se predominantemente, para não dizer
quase exclusivamente, na dimensão do texto dramático em si. É evidente
que esse texto dramático, pela vocação para a realização através dos corpos
e das vozes dos actores, se identifica desde logo com uma potencialidade
da arte do espectáculo. E se não cumpre essas características dinâmicas, se
se realizar fora da capacidade e da obrigatoriedade estética do espectáculo,
pode ser literatura, poesia, prosa dialogada de melhor ou menor qualidade mas teatro, só o será quando for concretizado no quadro do espectáculo. E
já agora - espectáculo sem texto também não é teatro, independentemente
da qualidade estética da manifestação em si.
Ora, o que tem ocorrido, desde Teófilo Braga até aos nossos dias - e
nessa lista, aliás escassa, eu próprio me incluo, com muita honra mas noção
exacta das limitações - é uma concentração de estudos,
preponderantemente na Literatura Dramática, com menor atenção às
componentes do espectáculo. Claro que as Histórias gerais ou sectoriais do
Teatro também referem os aspectos a juzante, mas, insista-se, com menor
incidência. Algumas excepções que se vão assinalando, são exactamente
excepções mesmo quando indiciem uma nova visão da realidade histórica
subjacente. Cito, a propósito, o projecto de História desenvolvido pelo
Museu Nacional do Teatro, com estudos de autores diversos, algumas obras
avulsas sobre Teatros ou companhias, as Memórias de actores, alguns
3
textos vindos das Universidades, ou investigações sobre Ópera. Tudo
somado é pouco.
A Enciclopédia que agora se edita, corresponde a uma visão integral
da arte do Teatro - espectáculo, vista na contemporaneidade do universo
seleccionado e na perspectiva de uma abrangência praticamente exaustiva
da componente espectacular, usando agora o termo no sentido literal e no
sentido figurado. Literal porque estes nomes são precisamente, nomes do
espectáculo e figurado, porque a Enciclopédia constitui em si mesma um
impressionante documento de pesquisa histórica e biográfica e um
instrumento de trabalho extremamente abrangente, até porque integra
autores, músicos, actores, cantores, bailarinos - em suma, todos os que
fazem Teatro e, como tal, fazem Espectáculo!
Duarte Ivo Cruz
4
INTRODUÇÃO
Desde os dezasseis anos que me interesso pelo universo teatral.
O primeiro passo foi ver peças de teatro e, depois, querer saber coisas
sobre quem escreve, quem representa e quem ajuda na construção técnica
de um espectáculo.
Logo no início do curso de Formação de Actores, pela Escola Superior
de Teatro e Cinema, em 1977, comecei a adquirir obras de referência, como
dicionários, enciclopédias, monografias, revistas e jornais, e outro material
documental, por forma a enriquecer a criação de uma biblioteca específica.
Surge, depois, uma fase de pesquisa e consulta em vários arquivos e
bibliotecas institucionais, como no Teatro Nacional D. Maria II, Sociedade
Portuguesa de Autores, Escola Superior de Teatro e Cinema e Museu
Nacional do Teatro.
A ideia desta obra nasceu, portanto, há muitos anos, talvez por 1978 e
o seu leit-motiv é a carência de um trabalho desta envergadura.
Depois de 30 anos de pesquisa continuam, deparei-me com o problema
de decidir como apresentar a estrutura da obra. Escolhi, pois, a época
contemporânea, por ser a que nos é mais próxima, fechando-a no séc. XX.
Para tanto, termina o trabalho com as figuras cujo óbito decorreu até finais
do século passado.
Assim, esta obra incluirá as biografias de 843 personalidades directa
ou indirectamente ligadas ao teatro português. Apresentar-se-á em 3
volumes e incluirá um registo de cerca de 920 imagens.
Espero que os leitores se sintam estimulados por esta enciclopédia,
quer seja como objecto de estudo – como, por exemplo, no curso de alunos
de teatro -, quer ainda como ferramenta de consulta. Espero, ainda,
corresponder às expectativas criadas aos futuros leitores, colocando-me
desde já à v/ disposição para recolher as sugestões, informações, críticas
e/ou correcção ou adição de dados que certamente me terão escapado, dada
a envergadura da obra. E por ser minha convicção de que em Portugal
nenhuma outra do género terá sido publicada, tratei esta “história da cultura
5
teatral”, com um carinho especial pensando, assim, estar a contribuir para
ampliar e melhorar o nível de conhecimento que dela temos.
Dentro deste propósito, desde já anuncio o meu projecto de publicar
oportunamente um volume de biografias de personalidades teatrais do séc.
XXI.
Luciano Reis
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A., Ruben
Ruben Alfredo Anderson Leitão, nome literário de A. Ruben, nasceu
em Lisboa em 1920 e faleceu em Londres em 1975.
Romancista e memoralista, a obra de A., Ruben gravita na órbita do
surrealismo. A sua permanência em Londres como professor de cultura
portuguesa no “King’s College” fez-lhe despertar o interesse para o teatro,
pondo em cena textos de Gil Vicente e Miguel Torres no âmbito
universitário.
Para além de um breve apontamento dramático, O Fim de Orestes,
datado de 1963, publicou nesse mesmo ano a peça em 2 actos e 4 quadros
Júlia, notando-se nessa obra influência do modernismo no teatro inglês em
geral e de T. S. Eliot em particular, segundo a análise de Maria Lúcia
Lepecki.
Deixou inédita uma peça em 1 acto, Triângulo, e outra em 7 cenas,
intitulada Relatos 1453, gravada de improviso, em fita magnética, no ano
de 1965.
ABELHO, Joaquim Azinhal
O escritor Joaquim Azinhal Abelho nasceu em Orada, Borba, em 1916
e faleceu em Lisboa, a 20 de Janeiro de 1979.
Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi poeta de raiz
popular e cineasta de feição regionalista. Dedicou-se também à ficção de
cunho ruralista e ao estudo do teatro popular. Neste campo publicou seis
volumes, através da Editora Pax: Teatro Popular Português (Trás-osMontes I); Teatro Popular Português (Trás-os-MontesII); Teatro Popular
Português (Entre-Douro-E-Minho, III); Teatro Popular Português (EntreDouro-E-Tejo, IV; Teatro Popular Português (Lisboa e Seus Termos, V);
Teatro Popular Português (Ao Sul do Tejo, VI). Publicou também: Auto de
Alvura, 1944; Glória ao Deus Menino, 1965 e o drama pós-romântico Na
Paz das Herdades, representado pela companhia do actor Alves da Cunha
numa digressão pela província. Para o Teatro d’Arte de Lisboa, que fundou
em 1955 com Orlando Vitorino, e em colaboração com este, traduziu obras
de Grabiam, Greene, A Casa dos Vivos; de Frederico Garcia Lorca, Yerma
e de Tchekov, As Três Irmãs.
O seu volume de poemas Solidão…Ai Dão, Confidências de Um
Rapaz, obteve em 1936 o Prémio Antero de Quental. Com o filme Alentejo
não Tem Sombra recebeu o Prémio Paz dos Reis. Publicou contos, novelas,
memórias, peças de teatro, ensaios e histórias populares.
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ABRANCHES, Adelina
Margarida Adelina Abranches, nome artístico Adelina Abranches,
nasceu em Lisboa, no dia 15 de Agosto de 1866 e veio a faleceu nesta
cidade, a 21 de Novembro de 1945.
Com apenas cinco anos de idade deixa-se seduzir pelo Teatro e
estreia-se na comédia, Os Meninos Grandes, a 10 de Janeiro de 1872, no
Teatro D. Maria II, peça ensaiada pelo mestre José Carlos Santos. Já antes
disso tinha tido uma pequena experiência numa peça de Carnaval,
intitulada Seis Vinténs Por Cabeça, uma espécie de sátira politica onde
intervinham alguns miúdos. Dentre eles, Adelina fazia um “travesti”,
género que viria a repetir várias vezes ao longo da sua carreira artística.
Adelina sempre se caracterizou pela sua irreverência, e não satisfeita
com os pequenos papéis que lhe eram atribuídos, metia muitas “buchas”
para, assim, valorizar as suas interpretações. O seu trabalho foi, logo no
início de carreira, notado por alguns empresários da época e isso valeu-lhe
alguma disputa.
Adelina matriculou-se no Conservatório Nacional quando tinha apenas
11 anos de idade, mas o seu carácter indisciplinado e rebelde, dificultavalhe a sujeição às regras ali impostas e, por isso, viria a desistir pouco tempo
depois. A sua verdadeira formação passou a ser o contacto com grandes
figuras do teatro daquela época, principalmente quando foi trabalhar para o
Teatro D. Amélia, em 1902, na empresa “Rosas e Brasão”.
Aos 23 anos casa-se com Luís Ruas, filho do então empresário
Francisco Ruas, do qual teve dois filhos, Aura e Alfredo, que seguiram a
profissão da mãe.
Ao longo da sua vida representou centenas de peças, todas de
assinalável êxito, em Portugal e no Brasil, e até arrojadas para a sua época.
Também nos presenteou com papéis de relevo no cinema, nos filmes
de Leitão de Barros, Maria do Mar e Lisboa, realizados em 1930 e na Rosa
do Adro, filme de Chianca de Garcia, com realização do ano de 1938.
Franzina de corpo, mas grande na sua condição de artista, foi
considerada uma das maiores actrizes no panorama teatral português do seu
tempo. Mesmo vivendo numa época em que o cinema, o box, e o futebol,
ocuparam as principais atenções da multidão, Adelina Abranches
conseguiu ser, ainda assim, um caso de excepcional talento e admiração.
Talento esse, maleável e fulgurante pôde demonstrar grandeza nos papéis
que lhe foram atribuídos.
Percorreu quase todos os teatros de Lisboa: esteve no Variedades, no
Luís de Camões, em Belém, Teatro do Rato, Teatro da Trindade, Chalet da
Rua dos Condes, Teatro Dona Amélia, Teatro do Príncipe Real (depois
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Teatro Apolo) e Teatro Nacional D. Maria II, tendo representado todos os
géneros teatrais.
Terminou a carreira no mesmo teatro onde alcançou os seus maiores
êxitos, Teatro do Príncipe Real, na temporada de 1941-1942, então no
espaço já designado de Teatro Apolo. Aí representou o seu último sucesso,
com a peça, A Formiga, da autoria de Alfonso Torrado.
Foi distinguida com a Ordem de Santiago e com a Medalha de Ouro
da Cidade de Lisboa.
Em resumo no seu percurso artístico participou das seguintes
produções teatrais:
Os Meninos Grandes, de Enrique Gaspar, 1872; A Revista de 1878;
Gaiato de Lisboa, de Bayard, 1882; A Pérola, de Marcelino de Mesquita,
1885; Rosa Enjeitada, de D. João da Câmara, 1901; À Procura do Badalo,
revista de Baptista Dinis 1902; Ressurreição, de Leon Tolstoi, 1903; O
Segredo de Polichinelo, de Peter Wolff, 1904; A Cruz da Esmola, de
Eduardo Schwalbach, 1904/5; O Avô, de Galdós, 1905; Missa Nova, de
Bento Faria, 1905 e Oresteia, de Ésquilo, em teatro de Ar Livre; Afonso de
Albuquerque, de Henrique Lopes de Mendonça, 1906; As Pupilas do
Senhor Reitor, de Ernesto Biester, drama extraído do romance de Júlio
Dinis, 1909; Num Rufo, revista de Machado Correia, 1911; Uma Anedota,
de Marcelino de Mesquita; O Grande Amor, de Niccodemi, 1920; O Lodo,
de Alfredo Cortez, 1923; Fogo Sagrado, de Eduardo Schwalbach, 1924;
Justiça, de Ramada Curto, 1924; A Taberna, de Zola, 1925; Auto das
Barcas e Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente; O Gebo e a Sombra, de
Raul Brandão, 1926; Rosas de Portugal, revista de Silva Tavares, A.
Carneiro, Feliciano Santos e José Clímaco, 1927; O Domador de Sogras,
de O. Schwartz e G. Lenbach, 1928; Feira da Luz, revista de Félix
Bermudes, João Bastos e Pereira Coelho, 1930; A Bisbilhoteira, de
Eduardo Schwalbach, 1934; Tá-Mar, de Alfredo Cortez, 1936 e A
Formiga, de Afonso Torrado 1941/2.
ABRANCHES, Aura
Aura Abranches nasceu em Lisboa no dia 9 de Maio de 1896 onde
veio a falecer a 22 de Março de 1962.
Filha da actriz Adelina Abranches, seria com esta que viria a estrear-se
aos 12 anos de idade, no Teatro D. Maria II, na peça em 1 acto Zefa, de
autoria de Maximiliano de Azevedo.
Em 1911, numa adaptação de Coelho de Carvalho, fez uma
experiência de teatro ao ar livre, designada de Teatro da Natureza, onde
interpretou o Corifeu, de Orestes. Esta iniciativa levada a cabo pelo actor
Alexandre de Azevedo, teve lugar no Jardim da Estrela.
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Em 1913 foi ao Brasil com a mãe, onde obteve o seu primeiro êxito,
na peça, Menina de Chocolate, de Gavault. Seguem-se outros êxitos, como
no ano seguinte no Teatro Politeama com A Garota. Nesse mesmo teatro,
em 1917, fez o papel principal de Blanchette, ao lado do actor Chaby
Pinheiro.
Com a comédia O Conde Barão, que foi à cena 100 vezes em 1918, de
autoria da parceria Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, Aura
Abranches alcança outro enorme êxito, num elenco onde figurava também
Chaby Pinheiro, Jesuína de Chaby, Estêvão Amarante, Luísa Satanela,
Hermínia Silva e Araújo Pereira.
Casa-se em 1916 com o actor Pinto Grijó. Em 1921 forma uma
companhia com a mãe e o marido.
A sua carreira sofre alguns interregnos e só por volta de 1950
estabiliza quando integra a companhia Amélia Rey Colaço-Robles
Monteiro. Aí recria alguns êxitos interpretados pela mãe e interpreta papéis
noutras peças, como Outono em Flor, de Júlio Dantas, e As Meninas da
Fonte da Bica, de Ramada Curto.
Aura Abranches também actuou em teatro radiofónico, na antiga
Emissora Nacional e na RTP chegou a ter um programa infantil.
A sua paixão passou igualmente pela escrita: traduziu algumas peças e
publicou outras de sua autoria, como: Madalena Arrependida, 1922;
Aquele Olhar, 1924; Três Cães a um Osso, 1929; Comédia da Vida, 1930,
escrita em colaboração com Branca de Gonta; Cinema, 1937; Quantas
Vezes a Mãe Canta, escrita com Alice Ogando, 1939. Com Madalena
Arrependida, em 1922 estreia em S. Paulo, no Brasil, e no ano seguinte no
Teatro Sá da Bandeira no Porto. Coligiu também um volumoso livro de
memórias de sua mãe.
Foi comparada pela crítica francesa à actriz italiana Anna Magnani,
quando o Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em Paris, a peça de
Alfredo Cortez, Tá Mar.
Fez ainda cinema, estreando-se no filme de Leitão de Barros Lisboa,
crónica anedótica e em O Primo Basílio, na versão de António Lopes
Ribeiro, realizada em 1960.
Aura Abranches foi considerada uma artista culta, de grandes
qualidades e boa presença.
A sua participação estende-se às seguintes produções teatrais:
Zefa, de M. Azevedo, 1907; Prisão Celular; O Assalto; Esta Mascara;
Oresteia, de Ésquilo, 1911; Primerose, de Flers e Caillavet, 1912; Menina
de Chocolate, de P. Gavault, 1913 e Madalena Arrependida, de sua autoria;
A Garota, de P. Veber e S. Grosse, 1914; Cruz de Clarinha; O Gaiato de
Lisboa, de Bayard; Blanchette, de Brieux, 1917; O Conde Barão, 1918; O
Modelo; Eva, de Paulo Barreto (João do Rio), 1919; Alma Forte, de
Niccodemi, 1919; O Grande Amor e A Migalha, também de Niccodemi,
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1920; A Caminho do Sol, de Niccodemi, 1921; Fogo Sagrado, de Eduardo
Schwalbach, 1924; O Feitiço, de Oduvaldo Viana, 1932; A Senhora das
Brancas Mãos, de A. Casona, 1950; As Meninas da Fonte da Bica, de
Ramada Curto, 1950; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, 1952; O
Senhor Roubado, de Chagas Roquette, 1953; Tá-Mar, de Alfredo Cortez,
1955; Para cada um sua verdade, de Pirandello, 1955; Bruxas de Salém, de
Arthur Miller, 1957; Maribel e a Estranha Família, de M. Mihura, 1960; O
Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente 1961.
No teatro de revista, integrou a remodelação da revista Sardinha
Assada, de Aníbal Nazaré, M. Marques, Amadeu do Vale e Santos
Carvalho, 1935.
No cinema, participou nos filmes: Lisboa, crónica anedótica, de
Leitão de Barros, 1930; Rosa de Alfama, de Henrique de Campos, 1953; e
O Primo Basílio, de Afonso Lopes Ribeiro, 1960.
ABREU, Carlos
Carlos de Oliveira Abreu nasceu em Lisboa em 10 de Janeiro de 1888,
onde faleceu a 23 de Junho de 1932.
Filho de pais brasileiros, foi no Brasil que iniciou a carreira de actor,
em 1911.
Durante várias temporadas, a partir de 1921, trabalhou em Portugal,
integrado nas companhias dos actores Chaby Pinheiro e Alves da Cunha.
Com Mário Duarte traduziu as peças italianas: Triste Amor, de Giacosa e O
Antepassado, de C. Veneziani, esta representada no Teatro Nacional D.
Maria II.
Com a sua mulher, Maria de Sottomayor e Abreu traduziu as comédias
francesas de P. Géraldy e R. Spitzers, Se eu Quisesse e Meu Marido. É
também de sua autoria a tradução da comédia de Shaw O Homem do
Destino, representada no Teatro Politeama em 1927.
ABREU, Pepita de
A actriz Pepita de Abreu nasceu em 1889 e faleceu no ano de 1962.
Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, numa revista de autoria de
Sousa Bastos, com música de Rio de Carvalho, intitulada Fim de Século.
Na estreia entrava pelo palco adentro, montada numa bicicleta, a cantar e
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que o público fazia bisar e trisar, sob a influência carinhosa de uma
desconhecida manifestação de pasmo.
Depois desta estreia Pepita nunca mais parou de representar, ao
mesmo tempo que ia estudando. Representou nos teatros de Lisboa, Porto,
Ilhas e Brasil, muitas peças que foram estrondosos êxitos, como: Cigana,
Cega, Cigarra, Piratas da Savana, Voluntário de Cuba, Ano em Três Dias,
Flor do Tojo, Noite de Núpcias, Testamento da Velha, Dragões de El-Rei,
Filha do Ar e Semana de Nove Dias.
Entrou também na última revista escrita por Sousa Bastos em 1909,
intitulada A Nove, levada à cena no Teatro Avenida. A música foi de Assis
Pacheco e Del Negro.
ABREU, Solano de
Francisco Eduardo Solano de Abreu, nome artístico Solano de Abreu,
nasceu em Abrantes em 1858 onde faleceu no ano de 1941.
É autor de uma revista académica intitulada O País das Arrufadas,
levada à cena em Coimbra no ano de 1882, bem como das peças:
Madrugada Redentora, em 1 acto, escrita em 1909; Do Alto da Cruz, 1924;
O Espectro e Irmã da Caridade.
ABREU, Vasconcelos
O escritor Guilherme Augusto de Vasconcelos Abreu, nome artístico
Vasconcelos Abreu, nasceu em 1842 e faleceu no ano de 1906.
Tendo estudado no estrangeiro, com os mais destacados professores e
frequentado vário cursos, foi nomeado lente da cadeira de Língua e
Literatura Sânscrita, Clássica e Védica no Curso Superior de Letras, vindo
depois a representar Portugal em vários congressos internacionais,
destacando-se a tal ponto, que lhe originou, em 1875, as palmas de oficial
da Academia de Paris, de cujo Congresso de Ciências Geográficas, naquele
ano, foi um dos Secretários Gerais. Anos depois adquiriu em Londres um
dos nove únicos diplomas de honra, dados pelo Congresso Internacional de
Orientalistas que ali se reuniu em 1891, que lhe foi conferido pelo seu
notável trabalho, intitulado Sumário das investigações em Sânscrito desde
1886 até 1891.
Entre o grande número de obras que escreveu, contam-se: Fragmentos
de uma Tentativa de Estudo Escolástico da Epopeia Portuguesa; Passos
dos Lusíadas, esboçados à luz da mitologia e do orientalismo; Crestomatia
Clássica; Chand-Bibi ou A Sultana Branca do Amenagara, conto indiano;
Contos, apólogos e fábulas da Índia, com influência indirecta no Auto de
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Mofina Mendes, de Gil Vicente – curioso estudo sobre este autor e uma
História da Literatura e da Civilização Africana em que punha todo o seu
cuidado e saber, mas que ficou, infelizmente, inédita.
Encarregado pelo duque de Ávila de escrever um Curso de Literatura e
Língua Sânscrita, Clássica e Védica, traduziu por essa ocasião o primeiro
acto do drama Xacuntalá, que foi impresso na Imprensa Nacional em 1878
e do qual se fez uma pequena tiragem em edição de luxo, acompanhada do
original em caracteres próprios.
ACÚRSIO, Óscar
O actor Óscar Acúrcio nasceu em Lisboa no dia 7 de Agosto de 1916 e
faleceu também nesta cidade, a 11 de Junho de 1990.
Em 1935 iniciou a carreira cinematográfica como assistente de Leitão
de Barros no filme As Pupilas do Senhor Reitor. Participou em mais de três
dezenas de películas, evidenciando-se principalmente a partir de João
Ratão, realizada em 1940 por J. Brum do Canto; Pão Nosso, 1940 de
Armando de Miranda; e Ala-Arriba, 1942 de Leitão de Barros. Também
actuou sob as ordens de realizadores estrangeiros, como Perla, José Ferrer e
Clift Owen, entre outros.
Distinguiu-se sobretudo no teatro de revista.
ADELAIDE, Emília
A actriz Emília Adelaide nasceu numa aldeia próxima de Castelo
Branco, no dia 1 de Novembro de 1836 e faleceu em 11 de Setembro de
1905.
Aos 18 anos veio para Lisboa. Estreou-se no Teatro D. Maria II, em
1856, na comédia A Chávena Quebrada.
Foi uma actriz de grande mérito. Trabalhou em muitos teatros de
Lisboa, Porto, província e Brasil, onde permaneceu muito tempo.
Representou, entre muitas outras, as seguintes peças: Caridade na Sombra,
drama de Ernesto Biester; Fidalgos de Bois Doré; Vida Dum Rapaz Pobre;
Nobres e Plebeus; Morgadinha de Vale Flor; Judia; Frei Caetano
Brandão; Ângelo; Antony; Aventureira; Maria Antonieta; Tartufo; Amor
Molhado; Sinos de Corneville; Barba Azul; Fernanda; Fortuna e Trabalho;
Homens Ricos e Dama das Camélias.
Estava no apogeu da sua glória quando decidiu formar a sua própria
companhia com a qual percorreu as províncias, ilhas e o Brasil. No Rio de
Janeiro trabalhou na empresa de Furtado Coelho. Foi acompanhada pelo
escritor dramático Ernesto Biester, seu amante durante muitos anos. Teve
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por lá grandes sucessos, mas não alcançou a fortuna que ambicionava.
Quando regressou a Lisboa e foi representar nos teatros dos Recreios e
Príncipe Real, deixou o público desapontado. Voltou mais tarde ao Brasil,
onde nada mais fez e por lá ficou vivendo da reforma que o governo
português lhe concedeu pelos serviços prestados no Teatro Nacional D.
Maria.
ADELAIDE, Hermínia
A actriz e empresária Hermínia Adelaide nasceu em Braga e faleceu a
3 de Março de 1923.
Estreou-se no Teatro Príncipe Real em 27 de Setembro de 1874, na
empresa de Pinto Bastos, na opereta em 1 acto Amor e Dinheiro, original
de Costa Braga, com música de Alvarenga, onde obteve um sucesso
formidável. Passou logo para o Teatro da Trindade, onde se estreou no
mesmo ano, na opereta Três Dragões, estreada a 10 de Dezembro. No dia
29 do mesmo mês substitui a actriz Ana Pereira e Florinda no Príncipe
Encantador da mágica A Gata Borralheira. Fez depois variados papéis em
muitas outras produções teatrais, sobressaindo na Filha da Senhora Augot,
Duquesinho, Sinos de Corneville, Gata Borralheira, Rouxinol das Salas,
Barba Azul, Marselhesa, Fausto e Petiz, Paródia da Lucrécia Borgia, a
comédia A Botija, e muitas outras.
Durante cinco anos, Hermínia, que cativara o público com a sua
engraçada fisionomia, com a sua desenvoltura, com a sua bela voz, foi o
ídolo da plateia do Teatro da Trindade. Partiu para o Rio de Janeiro em
1879 e lá alcançou grande sucesso, que se prolongou até ao momento do
abandono de cena, de que esteve retirada muito tempo.
No final da sua vida reapareceu em Lisboa, no Teatro D. Amélia, mas
sem conseguir mostrar o seu valor.
Morreu na miséria, no Brasil, albergada pela Casa dos Artistas.
AFONSO, José
O cantor José Afonso nasceu em Aveiro, no dia 2 de Agosto de 1929 e
faleceu em Setúbal a 23 de Fevereiro de 1987.
Formou-se em Ciências Histórico - Filosóficas na Universidade de
Coimbra, tendo exercido o magistério em diversos estabelecimentos de
ensino particulares. É em Coimbra que começa a cantar e a compor. Integra
o Orfeão Académico, a Tuna, o Coral de Letras. Tem o seu primeiro
casamento, o serviço militar (1953-1955), o nascimento de dois filhos.
Apesar de não fazer da canção uma actividade profissional grava alguns
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discos de baladas, o primeiro datado de 1958 e actua em público, em
colectividades, em sessões de índole recreativa e cultural, actividade de
militância que fez de José Afonso o primeiro andarilho da canção da
resistência.
Parte para Moçambique como professor do ensino oficial (1963-1966),
onde lecciona em Lourenço Marques e na Beira. Continua a compor e na
Beira tem a sua primeira experiência teatral ao musicar as canções da peça
A Excepção e a Regra, de Bertolt Brecht, para o Teatro de Amadores da
Beira, dirigido por Cardoso dos Santos. Casa pela segunda vez em 1964.
De regresso a Portugal, em 1967, fixa-se em Setúbal onde é professor do
liceu. A actividade antifascista de José Afonso começa a ser notória e, para
o fascismo, intolerável. É expulso do ensino e sujeito a uma atenta
vigilância policial.
A partir de 1969 dedicou-se em exclusivo à actividade musical, como
compositor e intérprete. Começa a gravar álbuns com regularidade, sempre
com carácter de militância e recusando radicalmente transformar-se em
artista de variedades.
O seu nome impôs-se com Baladas e Canções, 1964. A Casa da
Imprensa galardoou-o em 1969, 1970 e 1971 como o melhor compositor de
música ligeira. A sua canção Grândola, Vila Morena, utilizada como sinal
para o arranque da Revolução de 25 de Abril de 1974, tornou-se uma
espécie de hino do Movimento das Forças Armadas. Entretanto começa o
reconhecimento internacional e José Afonso faz espectáculos em Portugal,
em Espanha e em França. Em 1974 e 1975, com a Revolução na ordem do
dia, José Afonso desenvolve importante actividade política na extremaesquerda, intensifica as suas actuações de carácter militante e também os
espectáculos no estrangeiro. Em 1976 apoia a candidatura de Otelo Saraiva
de Carvalho à Presidência.
Para além dos espectáculos e dos discos, José Afonso teve várias
incursões em música para cinema e para teatro, nomeadamente: Zé do
Telhado, peça de Hélder Costa com encenação de Augusto Bual, em 1978;
e Fernão Mentes?, também de autoria de Hélder Costa com encenação do
próprio, levada à cena por A Barraca, em 1981 e As Guerras de Alecrim e
Manjerona, de António José da Silva com encenação de João Mota,
estreada na Comuna em 1979. Para o cinema fez música para: Continuar a
Viver ou Os Índios de Meia-Praia, de António da Cunha Telles, 1975;
Antes do Adeus, de Rogério Ceitil, 1977; e fez de actor em Ninguém Duas
Vezes, de Jorge Silva Melo, 1983.
A sua discografia comercial é, entre outra: Cantares de Andarilho,
1968; Cantigas do Maio, 1971; Venham Mais Cinco, 1973; Como Se Fora
Seu Filho, 1983 e Galinhas do Mato, 1985.
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AGUILAR, Eduardo de
Eduardo de Aguilar nasceu no Porto no ano de 1875 e faleceu em
Lisboa em 1942.
Jornalista, crítico tauromático, romancista, escreveu para o teatro Uma
Noite de Consoada, em prosa rimada, imitada da Ceia dos Cardeais;
Juramento de Amor, em verso, 1920; Serenata de Arlequim, também em
verso e Lágrimas e Roas, 1921; A Casa em Ruínas, drama em 3 actos, 1921
e O Toque das Trindades.
AIRES, Cristóvão
Cristóvão Aires de Magalhães nasceu em Lisboa, no dia 19 de
Dezembro de 1880, onde faleceu a 16 de Janeiro de 1944.
Foi crítico teatral em vários jornais, designadamente no Jornal do
Comércio, Novidades, Diário de Notícias e Século.
Colaborou com Matos Sequeira, Pereira Coelho e Vasconcelos e Sá na
revista Fogo de Vistas, musicada por Venceslau Pinto e Raul Ferrão, levada
à cena no Teatro Avenida em 1933, com a interpretação de Beatriz Costa,
Corina Freire, Teresa Gomes, Álvaro de Almeida, Ricardo Santos Carvalho
e Erico Braga.
Traduziu as peças O Senhor Sereno, de A. Vély e L. Miral, levada à
cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1913; O Príncipe João, de C.
Méré, em parceria com Acúrsio Pereira, representada no Teatro de S.
Carlos em 1925; D. Formiga, dos irmãos Quintero, estreada também no
Teatro Nacional em 1932; e Era uma vez.., de F. de Croisset.
ALBERGARIA, António da Costa Sá de
Escritor e jornalista, nasceu em São Miguel do Mato, Arouca, no dia
15 de Maio de 1850 e faleceu no Porto a 22 de Dezembro de 1922.
Professor em diversos estabelecimentos de ensino, dedicou-se sobretudo ao
jornalismo e à actividade literária. Fez parte da redacção de vários jornais
humorísticos e fundou os semanários O Sorvete, 1878 e O Porto Cómico,
1880. Dirigiu diversos jornais e foi redactor do Jornal de Notícias, onde
durante largos anos manteve a secção «De Raspão», muito popular pela
graça do comentário e pela ironia crítica, expressa em verso. Da sua obra,
referimos, entre outras publicações, o romance Os Meus Pecados, 1866;
16
Noites do Porto, 1879; Irmã Doroteia, 1902, 3 volumes; O Segredo do
Eremita, 1904, em cinco volumes e Os Filhos do Padre Anselmo, 1904. No
teatro, O Porto por um Canudo, primeira revista, estreada no Porto, no
Teatro Baquete em 1886, com textos de Sá de Albergaria, versos de
António Cruz e música de Manuel Benjamim; O Ovo da Galinha Pinta,
revista levada à cena no Porto, em 1887; As Pastilhas do Diabo, revista
estreada no Teatro Chalet, Porto, em 1889; O Brasileiro Pancrácio, 1891;
TimTim por Tim-Tim; O Diabo Loiro, opereta, estreada em 1870, no Porto,
na inauguração do Teatro Carlos Alberto; O Século das Luzes, revista,
estreada em 1900; Por Cima e por Baixo, revista com textos de Sá de
Albergaria e Ferraz Brandão e música de F. Symaria; O Teso, revista com
música de Carlos Calderón, estreada em 1907; Domingos, Dias, Santos &
Cª; A Bicha de 7 Cabeças, revista levada à cena no Porto, em 1898; O
Filho do Diabo, estreada no Teatro Avenida em 1910.
Sá de Albergaria despediu-se da cena em 1917, aos 67 anos de idade,
com a revista Fantasias do Diabo, cuja composição musical esteve a cargo
de M. Figueiredo e foi estreada no Teatro Carlos Alberto.
Quando morreu fazia parte da redacção do Jornal de Notícias, do
Porto.
ALBERGARIA, Maria
Maria de Lurdes Santos Albergaria nasceu em 1928 e faleceu a 10 de
Janeiro de 1985.
Após tirar o Curso de Teatro no Conservatório de Lisboa, ingressou no
Teatro Nacional D. Maria II, tendo mais tarde participado no Teatro do
Povo, na Companhia do Teatro Gerifalto e, finalmente, no Teatro
Experimental de Cascais, onde terminou a sua carreira.
Maria Albergaria teve numerosas participações em peças radiofónicas
e de TV.
Na peça Antígona, representada no Teatro D. Maria II, conseguiu uma
das mais brilhantes interpretações da sua carreira.
A peça Onde Vaz…Luís foi o seu último trabalho no Teatro
Experimental de Cascais.
Morreu com cinquenta e sete anos no Instituto de Oncologia, após
prolongada doença.
O reconhecimento das suas qualidades artísticas fez com que João
Lourenço a chamasse para encarnar O Suicidário, de Kikolal Erdman, em
que alcançou um enorme êxito.
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ALBERTINA, Maria
A actriz e fadista Maria Albertina Soares Pai Prieto, nasceu em 5 de
Janeiro de 1910, na freguesia de S. Cristóvão, concelho de Ovar, distrito de
Aveiro e faleceu no ano de 1985.
Estreou-se como fadista no Teatro Maria Vitória, na peça História do
Fado, através da empresa Lopo Lauer, na companhia Maria das Neves, no
dia 16 de Julho de 1930. Depois desta peça, foi contratada para uma
tournée que correu o país, tendo feito sucesso nas localidades por onde foi
passando.
Das muitas peças em que participou referimos: Alfama; Viva a Folia,
revista de autoria de Lino Ferreira, Fernando Santos e Almeida Amaral,
música de Raul Portela, António Melo e Jaime Mendes, ao lado de Maria
das Neves, Luísa Durão, Costinha, Ricardo Santos Carvalho e Mirita
Casimiro, estreada no Teatro Maria Vitória em 1934; Vista Alegre; As
Flores; Pernas ao Léu; A Feira da Alegria; Fogo de Vistas; Bola de Neve;
Sardinha Assada, revista de autoria de Aníbal Nazaré e Mário Marques,
música de Manuela Bonito e Raul Portela, em que actuou 65junto de Luísa
Satanela, Filomena Casado, António Silva, Alfredo Ruas, Barroso Lopes e
Ricardo Santos Carvalho e levada à cena no Teatro Variedades em 1935;
Coração de Alfama; Feira de Agosto, escrita pela parceria “Meia Dúzia”,
música de Camilo Rebocho, Fernando de Carvalho e Frederico Valério,
com a actuação de Maria das Neves, Estêvão Amarante, Álvaro Pereira,
Costinha, Maria Cristina, Álvaro de Almeida, Luísa Durão, Eugénio
Salvador e Lina Duval, estreada no Teatro Maria Vitória em 1936; O Liró;
Maria Rita, revista da autoria de Félix Bermudes, Ascensão Barbosa e
Abreu e Sousa, com música de Raul Ferrão, Venceslau Pinto e B. Ferreira e
levada à cena no Teatro Apolo, em 1936; e a revista Água Vai!, de T.
Ribeiro e Chianca de Garcia, música de Frederico de Freitas e António
Melo, estreada no Teatro da Trindade em 1937.
Trabalhou nos teatros Maria Vitória, Variedades, Avenida, Politeama,
Ginásio, Trindade, Apolo, Capitólio, Sá da Bandeira, Teatro República do
Rio de Janeiro e Teatro Santana em S. Paulo.
No cinema participou como fadista no filme Canção de Lisboa,
realizado em 1933 por Cotinelli Telmo, filme com diálogos de José
Galhardo, música de Jaime Silva (Filho), Raul Portela e Raul Ferrão,
interpretando ao lado de Beatriz Costa, Vasco Santana, Manuel dos Santos
Carvalho, Teresa Gomes e Silvestre Alecrim, entre outros artistas.
ALBERTY, Ricardo
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Ricardo Eduardo Rios Rosa Alberty nasceu em Lisboa, no dia 22 de
Agosto de 1919, onde faleceu a 28 de Abril de 1992.
Frequentou o Curso Superior de Letras e o Conservatório Nacional.
Concluiu o curso de Desenho e Pintura na Sociedade Nacional de BelasArtes.
Estreou-se como actor em 1947, ainda como aluno da Faculdade de
Letras de Lisboa, num agrupamento experimental de efémera existência,
onde interpretou o Pierrot das Três Máscaras, de José Régio. Integrou
depois, até à sua extinção em 1950, o Teatro Estúdio do Salitre, onde
desempenhou importantes papéis em obras clássicas e modernas.
Em 1954, no Conservatório Nacional de Lisboa, fez exame de Arte de
Representar, com a peça de Pirandello, O Homem da Flor na Boca.
Especializou-se na criação de peças infantis, género em que atingiu
merecido prestígio. Estreou-se como autor em 1950, com a peça em 3 actos
Era Outra Vez, que apresentou no Estúdio do Salitre. Traduziu obras de
grandes autores, como a peça de William Shakespeare, Hamlet, e Dança
da Morte, na versão original de Strindberg e na versão de Durrenmartt,
Velhos Tempos, de Harold Pinter.
Foi galardoado com prémios de prestígio, como o Prémio Amália Vaz
de Carvalho, em 1960. Das muitas obras de autoria é de referir Flor Sem
Par; A Terra Natal; A Galinha Verde, 1959; Os Quatro Corações, 1968;
Relógio de Sol, 1969; Brincos de Cerejas, 1970; O Príncipe de Ouro, 1971;
Fábulas Que Ninguém me Contou, 1978; Eu também Sou Gente, 1982 e A
Cozinha Barulhenta, 1987. As peças infantis O Menino e o Papagaio de
Papel, 1951; O Segredo da Abelha, representada pela primeira vez no
Teatro Nacional D. Maria II, no dia 28 de Maio de 1955, com encenação de
António Manuel Couto Viana e a interpretação de Alexandre Vieira,
Eduardo Quinhones da Silva Pereira, Manuel Amado, Maria do Carmo
Fonseca, Alda Rodrigues, Catarina Avelar, Eduardo de Mello, Alina Vaz e
Alfredo da Palma Vaz; O Soldadinho Medroso e O Rei Tem Orelhas de
Burro, 1961; A Pastorinha e o Comboio e Os Dois Meninos Traquinas,
1966; Presépio Sem Pastor. As pantomimas O Guarda-Chuva e a Pomba,
1960; Silêncio de Ouro. As peças para fantoches O Dinheiro do
Polichinelo, 1955 e Desapareceu a Camisa à Ti Cochicha, 1958.
Das muitas peças infantis que escreveu a partir de 1950, grande parte
das quais levadas à cena pelo Teatro do Gerifalto, destaca-se O Segredo da
Abelha, publicada em 1979, na colecção de Repertório da Sociedade
Portuguesa de Autores, com desenhos de Catarina Rebello.
Paralelamente à actividade de autor para crianças, Ricardo Alberty
desenvolveu a de actor profissional no Teatro Nacional D. Maria II, onde
se estreou na reposição de O Regente, de Marcelino Mesquita. Destacou-se
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também como autor de contos e de poemas para a infância, bem como de
numerosas adaptações de textos clássicos.
ALBUQUERQUE, Henrique de
Henrique Fausto Carcomo Lobo de Albuquerque nasceu em Lisboa,
no dia 9 de Novembro de 1880 e faleceu em Coimbra a 9 de Janeiro de
1942.
Frequentava o Curso Superior de Letras quando abraçou a carreira de
actor, estreando-se no Teatro do Ginásio em 1904, em O Comissário de
Polícia, de autoria de Gervásio Lobato. Ali se manteve vários anos,
entrando na distribuição das comédias: O Olho da Providência, de Xavier
da Silva e João Bastos; O Rei dos Gatunos, de F. de Croisset, entre outras.
Depois deste teatro passou para o Teatro da República, onde
interpretou, além de outras peças: A Tomada de Berg-Op-Zoom, de S.
Guitry e Aljubarrota, de R. Chianca. De 1914 a 1921 fez parte do elenco do
Teatro Nacional D. Maria II onde, numa carreira ascendente, desempenhou
papéis de índole diversa, em peças como A Dama das Camélias, Frei Luís
de Sousa e Hamlet.
Em 1918-1919, em épocas intercalares, representou no Teatro do
Ginásio e Avenida, algumas peças de maior repertório, como A
Morgadinha de Vale Flor, Leonor Teles, de Marcelino Mesquita e
Marionettes, de P. Wolff e Sua Majestade, de M Wachel, num
agrupamento de que faziam parte Brazão, Palmira Bastos e outros
elementos do Teatro Nacional D. Maria II.
Propondo-se por várias vezes para societário do Teatro Nacional D.
Maria II sem que as circunstâncias o favorecessem, mas sempre por
motivos alheios ao seu mérito, ingressou em 1921 na companhia de Amélia
Rey Colaço-Robles Monteiro, que então se formara, interpretando no
Teatro de S. Carlos, Sedutores, de Vasco de Mendonça Alves e Jerusalém,
de Georges Rivolete. Depois no Teatro Politeama, para onde a companhia
transitara, em A Rival, de Henry Klestmaeckers e Eugène Delard; O
Regresso, de Flers e Croisset, entre outras peças.
No Verão de 1924, fez no Teatro Apolo uma época de repertório
popular, entrando no desempenho de O Comboio nº 6, traduzida por João
Soler, que encenou e nos dramas sociais O Capital, de E. da Silva e Os
Mineiros, de Dicenta. Voltou ao Teatro Nacional D. Maria II para
interpretar o protagonista de O Regente, de Marcelino Mesquita, seguindose O Desejo, de C. Méré e, já em 1925, Náufragos, de Fernanda de Castro.
Nesse mesmo ano, ingressou na companhia teatral do Teatro do Ginásio,
antes destruído por um incêndio e interpretou com Palmira Bastos Vida e
Doçura, de S. Russiñol e Martinez-Sierra, seguindo-se em 1926 Banca à
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Glória, de A. Savoir; A Noite do Casino, de Ramada Curto e Eva Nua e
Crua, de P. Nivoix. Ainda com Palmira Bastos, interpretou em 1927, no
Teatro de S. Carlos Entre Lobos, de G. Toudouze e Mulher, de E. Guirand
e, em 1930, no Teatro do Ginásio, Os Revoltados, de E. Fabre.
Em 1931-1932 voltou a fazer parte da companhia Rey Colaço-Robles
Monteiro, já então instalada no Teatro Nacional D. Maria II.
As facetas principais do seu talento foram as de galã cómico. A sua
versatilidade interpretativa teve ocasião de se manifestar também nos
filmes O Destino, 1922; O Táxi 9.297, 1927; Maria Papoila, de Leitão de
Barros, realizado em 1937; A Rosa do Adro, de Chianca de Garcia; e Os
Fidalgos da Casa Mourisca, de Artur Duarte, ambos realizados no ano de
1938.
ALBUQUERQUE, Mafalda Mouzinho de
Mafalda Mouzinho de Albuquerque nasceu em Lisboa, no ano de
1874, onde faleceu em 1952.
Poetisa de inspiração tradicionalista, escreveu um drama em 3 actos, O
Ciúme, que foi levado à cena em 1918 no Teatro Nacional, sob o
pseudónimo de Ruben de Lara, que também utilizou ao publicar, em 1929,
a peça Resignação.
ALBUQUERQUE, Orlando de
O escritor Orlando de Albuquerque nasceu em Maputo, no ano de
1925 e faleceu em Braga em 1997.
Foi médico em Angola, onde casou com a poetisa e médica angolana
Alda Lara. Em Portugal foi um dos pioneiros do estudo e da divulgação da
arte e da literatura africana.
Estreou-se nas letras com Batuque Negro, 1947. Obteve o Prémio
Fernão Mendes Pinto com a novela O Homem Que Tinha a Chuva, 1968. É
de sua autoria a peça de teatro Ovimbanda e O Grande Capitão, ambas
datadas do ano de 1967; o livro de contos Crioulismos e Mulatismos, 1975,
São Nicolau, 1995 e Maxaquene, 1996.
ALCAIDE, Tomás
Tomás de Aquino Carmelo Alcaide nasceu em Estremoz, no dia 16 de
Fevereiro de 1901 e faleceu em Lisboa a 9 de Novembro de 1967.
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Abandonou os estudos em Medicina para se dedicar ao canto.
Artista lírico de reputação internacional, estreou-se no ano de 1924 no
Teatro de São Carlos de Lisboa, cantando a Bohème e o Rigoletto. Já no
ano seguinte cantava no Teatro Carcano, de Milão, a Mignon, e em 1930
fazia a sua apresentação no Scala com As Preciosas Ridículas, de F.
Lattuada, que nesse ano estreara no Teatro Real da Ópera de Roma. Desde
então e até 1948, ano em que abandonou a carreira musical, exibiu-se nos
mais importantes palcos de ópera da Europa e da América, alcançando os
seus maiores êxitos no Fausto, de Gounod, no Werther, nos Pescadores de
Pérolas, na Manon, no Rigoletto, e, numa eventual incursão pela opereta,
no País dos Sorrisos, de F. Lehar, em 1939, no Teatro Alhambra, no de
Bruxelas e T. de l’Empire, em Paris.
Tentou também o teatro declamado, interpretando no Teatro
Monumental, no espectáculo inaugural, a opereta As Três Valsas.
Participou também nas peças As Mulheres de quem se Fala, de V. R.
Iriarte, em 1953 e Sua Alteza, de Ramada Curto, em 1955.
Em 1963 iniciou a sua actividade como encenador da Companhia
Portuguesa de Ópera, de que era professor de canto desde o ano anterior e a
que consagrou os últimos cinco anos da sua vida, pondo em cena no Teatro
da Trindade a Bohème, em 1963, o Rigoletto, O Amigo Fritz e La Traviata,
1965, Lúcia de Lamermoor, 1966 e Werther, 1967, para cujos cenários
desenhou as maquetas.
No cinema teve uma episódica intervenção no filme de Leitão de
Barros, Bocage, em 1974. Publicou em 1961 um livro de memórias,
intitulado Um Cantor no Palco da Vida.
ALEGRIM, Silvestre Augusto
O actor Silvestre Augusto Alegrim nasceu em Lisboa, no dia 10 de
Março de 1881, onde faleceu a 17 de Outubro de 1946.
Estreou-se aos 9 anos de idade no teatro infantil da Rua D. Pedro IV.
Foi tipógrafo antes de entrar no Conservatório Nacional, onde obteve o 1º
Prémio de Comédia. Dotado de agradável voz de tenor, desempenhava nas
operetas o papel de galã, chegando a cantar trechos do Trovador e da
Traviata. Interveio em muitas peças de teatro ligeiro, e estreou-se no
cinema, no primeiro filme sonoro português, realizado por Leitão de
Barros, A Severa, 1931. Actuou também nas películas A Canção de Lisboa,
1933, realizada por Continelli Telmo, com diálogos de José Galhardo;
Bocage, de Leitão de Barros, 1936; A Rosa do Adro, realizado por Chianca
de Garcia e Fidalgos da Casa Mourisca, de Artur Duarte, ambos realizados
em 1938; A Varanda dos Rouxinóis, de Leitão de Barros, 1939; Pão
Nosso, de Armando Miranda, 1940; Amor de Perdição, de António Lopes
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Ribeiro, 1943; e A Vizinha do Lado, realizado também por António Lopes
Ribeiro em 1945.
ALEIXO, António
António Fernandes Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António, no
ano de 1899 e faleceu em Coimbra em 1949.
Poeta popular de rara espontaneidade, exerceu as profissões de
tecelão, guardador de gado, servente de pedreiro e cauteleiro. O exercício
desta profissão levou-o de terra em terra, favorecendo-lhe o cultivo da sua
veia poética. Os seus versos de tom dolorido reflectem bem a vida amarga
que lhe coube por sorte. Deixou versos cheios de sabedoria popular,
reunidos em Este Livro Que Vos Deixo, 1969, e em Inéditos de António
Aleixo, 1978.
O seu teatro que no dizer de Maria Aliete Galhoz “revela um moralista
para quem a justificação é posta numa moral do próprio homem, cuja
orientação se baseia na razão e cuja esperança está no bem que a ciência
trará ao mundo para todos”, compreende três autos, o último dos quais
deixou incompleto, em que a forma vicentina revive com uma fluência e
uma naturalidade de que poucos epígonos de Mestre Gil terão sido capazes,
o que tornou a sua presença quase obrigatória nos repertórios dos
agrupamentos de amadores, sobretudo na província: Auto da Vida e da
Morte, editado em 1948; Auto do Curandeiro e Auto do Ti Joaquim,
editados postumamente em 1950 e 1960.
ALMADA NEGREIROS, José Sobral de
José Sobral de Almada Negreiros, escritor e artista plástico, nasceu em
São Tomé, no dia 7 de Abril de 1893 e faleceu em Lisboa a 15 de Junho de
1970.
Filho de um alto funcionário ultramarino, estudou no Colégio de
Campolide (1900-1910) e na Escola Nacional de Belas-Artes, em Lisboa.
Em 1911 escreveu a sua primeira peça de teatro.
Foi um dos fundadores da revista Orpheu, lançado no ano de 1915.
Expôs pela primeira vez em 1912, tendo posteriormente estudado pintura
em Paris (1919-1920). De 1917 a 1932 viveu em Espanha. A pujança da
sua arte surge em 1938, com os mosaicos e pinturas da Igreja de Nossa
Senhora de Fátima, em Lisboa. Trabalhou em desenho, pintura a óleo e a
fresco, mosaico, vitral, tapeçaria, decorações incisas e gravura, tendo
recebido os mais conceituados prémios artísticos em 1942, 1945, 1957 e
1959. Entre as suas obras plásticas destacam-se murais das gares marítimas
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do porto de Lisboa – a de Alcântara e a da Rocha do Conde de Óbidos – e o
retrato de Fernando Pessoa.
Foi conferencista, novelista, crítico panfletário, ensaísta, dramaturgo,
romancista e poeta. Muita da sua obra escrita ficou dispersa em revistas e
jornais. O romance Nome de Guerra é um dos mais significativos no
panorama literário português. Escrito em 1925, só foi publicado em 1938.
Na poesia destacou-se em A Invenção do Dia Claro, publicado em
1921.
No Teatro do Salitre representou-se, pela primeira vez, em 1949, uma
das suas peças, Antes de Começar, escrita exactamente trinta anos antes, já
anunciada em 1925, para inauguração do Teatro Novo. Trinta e cinco anos
teve de esperar outra peça sua, Deseja-se Mulher, peça em 3 actos e 7
quadros, para subir à cena na Casa da Comédia em 26 de Novembro de
1963, numa encenação de Fernando Amado e com interpretação de
Norberto Barroca, Manuela de Freitas, Fernanda Lapa, Maria do Céu
Guerra, Santos Manuel, Miguel Mendonça, Maria Odete Lopes, Deta
Martins, Eládio Clímaco, Orlando Marta, Marcelo de Brito, Fernando
Ferro, Teles Ribeiro, Alberto Sampaio, José d’Orey e Alexandre Passos.
Do seu restante teatro publicou-se em 1924 os dois «ensaios de diálogo
(cómico e trágico)» Pierrot e Arlequim; em 1935, na revista Sudoeste, (de
que foi director) dois quadros de S.O.S. – que, com Deseja-se Mulher,
deveria constituir a Tragédia da Unidade, originariamente escrita em
castelhano sob o título El Uno, «tragédia documental da la colectividad y el
indivíduo»; em 1946, e em tradução inglesa de Charles David Ley, o acto
O Público em Cena; e posteriormente, 1971, acompanhados dos seus textos
teóricos sobre teatro, o diálogo Aquela Noite, três quadros de uma paráfrase
de Apuleio, O Mito de Psique, e duas peças num acto, Galileu, Leonrado e
Eu e Aqui Cáucaso, variações sobre o mito de Prometeu.
Almada Negreiros desenhou também cenários e figurinos para
diversos espectáculos.
ALMADA, Joaquim
O actor Joaquim Almada nasceu em Lisboa, no dia 1 de Dezembro de
1893, onde faleceu a 11 de Dezembro de 1934.
Teve a sua primeira educação na Casa Pia de Lisboa, matriculando-se
em 1908 no Conservatório Nacional onde obteve o primeiro prémio de
composição em 1911.
Excelente actor de composição, estreou-se em 1911 no Teatro Apolo,
na opereta O Chico das Pegas, de autoria de Eduardo Schwalbach e Filipe
Duarte. Em 1912 foi escriturado para o Teatro Nacional D. Maria II, onde
se manteve durante duas épocas, entrando no desempenho de Peraltas e
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Sécias e Noites do Calvário, de Marcelino Mesquita, Marcha Nupcial, de
Bataille, Honra Japonesa, de P. Anthelme.
Em 1914 entrou para o Teatro do Ginásio, fazendo parte da companhia
Maria Matos-Mendonça de Carvalho, com a qual depois se deslocou ao
Brasil em 1919-1920, adaptando-se com a mesma facilidade ao repertório
alegre, nomeadamente em Os 3 Noivos da Germana, de G. Berr e L.
Verneuil, O Olho da Providência, de X. da Silva e João Bastos, Sherlock,
de C. Roquete e Álvaro Lima, Champignol à Força, de G. Feydeau,
Reservado para Senhoras e O Anjo do seu Amigo, ambas de Hennequin e
Veber, e muitas outras.
Na época de Verão de 1920, toma parte no desempenho de Os Lobos,
de F. Lage e J. Correia de Oliveira, estreada no Teatro Nacional D. Maria
II. Em 1923 foi contratado para a companhia Lucília Simões-Erico Braga,
onde ocupou um lugar de primeira fila no Teatro de São Carlos e mais
tarde, em 1926, no Teatro da Trindade, distinguindo-se nas comédias A
Vinha do Senhor, de Flers e Croisset; Madame Flirt, de P. Gavault e G.
Berr; O Sinal de Alarme, de Hennequin e Coolus; Os 3 Anabaptistas, de
Bisson e Berr; O Homem das 5 Horas, de Hennequin e Veber; O Senhor
Prior, de P. Chaine e C. Vautel e no repertório sério: A Rajada e O Ladrão,
de Bernstein; A Casa em Ordem, de Pinero; Mademoiselle Pascal, de M.
Piechaud; O Príncipe João, de Méré; A Verdade, de F. Lage e Correia de
Oliveira; Salomé, de Renato Viana; A Garçomne, de V. Margueritte; Sua
Alteza e A Cadeira da Verdade, de Ramada Curto; Tosca, de Sardou, entre
outras.
Novamente com Maria Matos, entrou no Teatro Avenida em 1932,
onde representou em O Noivo das Caldas e O Escorpião de João Bastos.
Escreveu duas comédias originais de recorte convencional, O Senhor
Professor, comédia em 3 actos representada em 1933 no Teatro Avenida,
em cujo desempenho tomou parte e O Amor é o Diabo, representada pela
actriz Maria Matos, dois dias depois do falecimento do autor.
Deu também o seu contributo ao cinema, estreando-se em Os Lobos,
de Rino Lupo, em 1923 e interpretou o papel de Reitor no filme As Pupilas
do Sr. Reitor, de Leitão de Barros, cuja actuação terminou dias antes da sua
morte.
ALMEIDA, Álvaro
O actor Álvaro Augusto de Almeida nasceu em Lisboa, no dia 21 de
Outubro de 1888, onde faleceu a 2 de Novembro de 1945.
Estreou-se como actor em 1908, interpretando a revista: Garotices &
Cª, de A. Arriegas, com música de Hugo Vidal, estreada no Chalet
Avenida, seguindo-se a revista Trapos & Trapaças, levada à cena em 1909
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no Teatro Chalet. Neste mesmo ano o empresário Afonso Taveira
contratou-o para o Teatro da Trindade, onde se estreou na revista O País do
Vinho, escrita por André Brun e Leandro Navarro e música de Luís
Filgueiras e Filipe Duarte. Nesta companhia permaneceu até 1918. Actor
característico especializado na criação de personagens de opereta e revista,
abordou também o teatro declamado, como em 1922-1923, no Salão Foz;
em 1924 no Teatro Nacional, fez, com êxito, o Timpanas da Severa; em
1924-1925 na companhia de Rey Colaço-Robles Monteiro e 1926-1927 na
companhia de Nascimento Fernandes no Teatro Politeama; em 1929 no
Teatro Apolo na companhia de Adelina Abranches e, em 1931, na Teatro
do Ginásio, na companhia de Ester Leão.
Participou no desempenho do filme O João Ratão, de Brun do Canto
em 1940 ao lado de Óscar Lemos, Maria Domingas, António Silva, M.
Santos Carvalho, Teresa Casal, Costinha, António Maia e Aida Ultz.
Foi casado com a actriz Teresa Gomes.
ALMEIDA, Augusto César de
Augusto César de Almeida nasceu no dia 20 de Julho de 1835 e
faleceu em 19 de Março de 1904.
Estreou-se no ano de 1855 no Teatro da Rua dos Condes,
representando na comédia A Ramalheira, ao lado de Queirós, com quem
depois contracenou durante largos anos no Teatro da Trindade. Além de
Queirós, no Teatro da Rua dos Condes teve companheiros como Simões
Carlos de Almeida Domingos de Almeida, Rolão, Luísa Fialho, Luísa
Cândida, Maria Joana e Joana Carlota, entre outros.
Da Rua dos Condes transitou para o Teatro do Ginásio, até que o
empresário Francisco Palha o foi buscar para o Teatro da Trindade, onde se
apresentou a 25 de Setembro de 1868 na peça A Flor de Chá. A partir de
então Augusto estabeleceu-se definitivamente no Teatro da Trindade, onde
prosseguiu com glória a sua carreira de artista, sempre muito querido do
público, que não se fartava de o aplaudir. Na época de 1895 a 1896 a
companhia foi para o Brasil e, Augusto, não querendo acompanhá-la,
representou durante a sua ausência no Teatro do Príncipe Real.
Foi um dos mais populares e dos mais engraçados artistas da cena
portuguesa. O traço caricatural com que compunha as personagens que
tinha de interpretar, em muito concorria para o seu êxito. Entre muitas
outras, referimos a actuação nas seguintes peças: Os Aspirantes da
Marinha; Tribulações e Ventura; Coronel no Reinado de Luís XV; Rei dos
Criados; Feia no Corpo Bonita na Alma; Marina Serenos; Sapateiro
Industrioso; Luísa e Augusto; Joaquim; O Terra Nova; Tio Brás; Mancílio;
Bela Helena; Canção de Fortúnio; Gata Borralheira; Princesa de
26
Trebizonda; Rosa de Sete Folhas; Rouxinol das Salas; Ilha de Tulupana;
Pepe Hilo; Só Morre Quem Deus Quer; Amar Sem Conhecer; Amor e
Mistério; Amazonas de Tormes; Três Rocas de Cristal; Sargento Frederico;
Nini; Campanone; Cruz de Ouro; Duende; Três Dragões; Lucrécio Bórgia;
Néné; Giroflé-Giroflá; Fausto; O Petiz; Marselheza; Sinos de Corneville;
Viagem à Lua; Milho da Padeira; Filha do Enfermo; Perichole; Barba
Azul; Último Figurino; Mascote; Volta ao Mundo em 80 Dias; Bocácio;
Toutinegra do Templo; Moleiro de Alcalá; Amor Molhado; Cigana; Gato
Preto; Pato de Três Bicos; Falote, opereta; Princesa Colombina, opereta;
Ponte do Diabo; Brasileiro Pancrácio (onde desempenhou o célebre Cabo
de Ordem, uma das mais pitorescas figuras da sua carreira); Sal e Pimenta;
O Grão Mogol, entre outras interpretações. No princípio da sua carreira
celebrizou-se nas cenas cómicas: O Pilha; O Pilhado; O Sebastianista e
Ferro e Fogo.
Por norma era conhecido pelo Augusto da Trindade.
ALMEIDA, Avelino de
Avelino de Almeida, nome jornalístico de Avelino de Almeida Pereira
nasceu em Sintra, no dia 10 de Novembro de 1873 e faleceu em Lisboa a 2
de Agosto de 1932.
Foi um jornalista conceituado, servido por vasta cultura e apurado
estilo. Repórter, crítico teatral de autorizada opinião que não excluía a
vivacidade polémica que travou, quer em questões relacionadas com os
destinos do Teatro Nacional D. Maria II, quer com António Ferro em torno
da iniciativa do «Teatro Novo». Cursou preparatórios no Seminário de
Santarém, mas não seguiu a carreira eclesiástica. O primeiro jornal a que
deu a sua colaboração foi A Aurora, de Sintra, quando ainda tinha apenas
18 anos, seguindo-se mais tarde outras colaborações designadamente, no
Correio Nacional, na Capital, no Século, na Ilustração Portuguesa, na
Palavra, no Jornal de Notícias, no Jornal Primeiro de Janeiro, e ainda a
revista cinematográfica Cinéfilo, que planeou e fundou e da qual era
director quando morreu. Como jornalista cinematográfico, bateu-se
denodadamente em notáveis e sucessivos artigos, pela produção de filmes
falados em português. Também figurou entre os colaboradores do Mundo
Católico onde adoptou o pseudónimo de «Pedro Fabro», que evocava o
beato Pedro Fabro.
Nos últimos anos da Monarquia, Avelino de Almeida, desavindo com
os dirigentes católicos, passou-se totalmente para o lado anticlerical, sendo
um trabalhador profundamente anticatólico. Nesse sentido fundou então A
Lanterna, semanário de violento ataque aos católicos e à hierarquia
eclesiástica. A imprensa católica replicou com veemência e mesmo com
27
violência não inferior ao ataque. É inegável que Avelino de Almeida
contribuiu muito com os seus ataques para que a República viesse
furiosamente anticatólica. Depois da proclamação da República combateu
em vários artigos o que na Lei da Separação lhe parecia excesso e
iniquidade. E foram célebres e causaram «escândalo», nos meios
anticatólicos, os artigos que em Outubro de 1917 publicou no Século sobre
as aparições de Fátima. Que Avelino de Almeida acreditava nas aparições,
é o que se infere dos artigos publicados nas colunas de um jornal tantas
vezes anticatólico. Ele apenas conta o que viu: a chuva suspender-se no
momento anunciado, o bailado aparente do Sol. E conclui, numa carta
inserta na Ilustração Portuguesa de 29.10.1917: «O resto é com a ciência e
com a Igreja».
Como repórter, fez entrevistas sensacionais e revelou ao público o
desenrolar de acontecimentos de grande vulto, entre os quais ficou célebre
o julgamento dos marinheiros que, em 1908, se revoltaram a bordo do
cruzador “Vasco da Gama”.
Ao nível da profissão teatral, traduziu individualmente ou em parceria
com o actor Robles Monteiro, Dias Costa ou António Portalegre, um
grande número de peças do repertório francês, do primeiro quartel deste
século, entre as quais Pecados da Juventude, de A. Bisson, representada no
Teatro do Ginásio em 1918; A Garra, de Bernstein, também apresentada no
Teatro Ginásio, em 1920; Guardado Está o Bocado, de L. Verneuil, levada
à cena no Teatro Avenida em 1921; A Vertigem, de Charles Méré, peça em
4 actos, representada no Teatro Nacional, nas temporadas de 1923-24 e
1924-25, num total de 23 representações, com as seguintes interpretações
em ambas as temporadas: Clemente Pinto, Rafael Marques, Ribeiro Lopes,
Carlos de Sousa, José Henriques, António Nascimento, Carlos Shorce, Ilda
Stichini, Emília Fernandes, Maria P., Teixeira Soares e Raquel Costas;
Raparigas de Hoje, de Armonte e Gerbidon e Quando o Amor Acaba, de P.
Wolff e H. Duvernois, apresentada no Teatro Politeama, em 1925; Os
Filhos, de L. Népoty, peça em 3 actos, representada no Teatro Nacional, no
Verão de 1926, com 40 representações; O Nono Ídolo, de Curel, também
apresentada no Teatro Nacional, em 1927; Os Dois Maridos da Senhora, de
F. Gandéra, levada à cena no Teatro da Trindade, em 1927; Os Três Ratões,
de Armont e Gerbidon, representada igualmente no Teatro da Trindade, no
ano de 1928; Mamã, de P. Moncousin, representada no Teatro Politeama,
em 1929; O Autoritário, de H. Clerc, estreada no Teatro Avenida, no ano
de 1930 e O Mestre, de autoria de Henry Rotschild, peça em 3 actos, levada
à cena no Teatro Nacional, na temporada de 1933/34, com 16
representações e interpretada por Álvaro Benamor, Maria Brandão,
Brumilde Júdice, Alves da Cunha, José Morais, Raul de Carvalho, Maria
Clementina, Amélia Rey Colaço, José Cardoso, Delmiro Rêgo, João Lopes,
João Villaret, Emília de Oliveira, J. Morais, e J. Cardoso.
28
A sua ligação ao Teatro Nacional D. Maria II dá-nos bastante
informação, relativa a diversas áreas da sua actividade teatral. Como
sabemos, existiram neste teatro diversas sociedades de exploração artística,
originando tumultuosas contestações contra o governo e exaltações do meio
intelectual lisboeta. Além destas sociedades de “exploração artística”
existia o Cofre de Subsídios e Socorros. No ano de 1918, o decreto que
mantinha o Cofre com as receitas estavam consignadas e garantia os
direitos adquiridos pelos societários contribuintes, permitia a reentrada na
nova sociedade dos artistas que o requeressem e que, com vantagens iguais
às que tinham, não renunciassem à nova situação que se lhes
proporcionava. Além disso, aumentava-se as quotas de lucros em um
décimo e um terço, com dois terços de décimo às actrizes, para as
«toilettes». Os licenciamentos foram anulados e aqueles que se não
apresentassem perderiam os direitos que lhes estavam garantidos. A
comissão nomeada para o estudo da Reforma ficou composta por seis
dramaturgos: Júlio Dantas, Eduardo Schwalbach, Marcelino Mesquita,
Augusto de Lacerda, Vítor Mendes e Bento Mântua, pelo Comissário do
Governo, Dr. Augusto de Castro, pelo Director-Geral de Belas-Artes, Dr.
Augusto Gil, pelo antigo Comissário Alberto Pimentel, pelos críticos
Acácio de Paiva e Avelino de Almeida, pelos empresários Ricardo Jorge,
filho e Lino Ferreira, pelos artistas Lucinda Simões, Eduardo Brazão e
Carlos Posser e por delegados da Associação dos Trabalhadores dos
Teatros e da Sociedade Artística dissolvida.
Na temporada de 1923-24, o Teatro Nacional levou à cena A Virgem,
de Charles Mèré, traduzida por Avelino de Almeida, tendo agradado ao
público, embora tivesse tido só dezoito representações.
Como crítico teatral era era considerado um mestre. E tão considerado
entre os demais críticos que, ao constituir-se a Associação da Crítica, foi
nomeado, por aclamação, seu presidente honorário.
Era Oficial da Ordem de S. Tiago. Quando o Presidente da República,
Dr. António José de Almeida, foi ao Brasil, Avelino de Almeida, que fazia
parte da missão jornalística que o acompanhava, foi, pelos seus colegas,
escolhido para chefiar essa missão. Desempenhou o cargo de presidente da
mesa da assembleia geral da Associação de Classe dos Trabalhadores da
Imprensa, da Casa dos Jornalistas e do Sindicato dos Profissionais da
Imprensa de Lisboa e ocupou as funções de redactor do Diário das Sessões
da Câmara dos Deputados. Possuía diversas condecorações que não usava.
ALMEIDA, Beatriz
A actriz e empresária Beatriz Almeida nasceu em Lisboa, no dia 10 de
Setembro de 1896, onde faleceu a 3 de Abril de 1979.
29
Ainda aluna do Conservatório Nacional de Lisboa, estreou-se em 1912
no Teatro Nacional D. Maria II, participando no desempenho de O
Reposteiro, de Júlio Dantas. No ano seguinte, a 16 de Novembro de 1913,
integra a companhia do Teatro do Ginásio, de que era primeira figura
Lucinda Simões, na peça A Conspiradora, de Vasco de Mendonça Alves.
No mesmo teatro interpretou depois ao lado de Maria Matos, A Vizinha do
Lado, de André Brun; A Madrinha de Charley, de B. Thomas, em 1913 e
Não Largues a Amélia, de Feydeau, em 1914.
Fez parte da companhia do Teatro República, quando esta, após o
incêndio que o destruiu, actuou no Teatro de São Carlos, acompanhando-a
no regresso àquele teatro em 1916. De 1917 a 1920 foi contratada da
companhia que Chaby Pinheiro organizada para o Teatro Politeama com a
qual foi ao Brasil de onde voltou em 1922, reaparecendo no Salão Foz à
frente de uma companhia que pôs em cena peças de Niccodemi,
Hennequin, Arniches e o acto de Marcelino Mesquita A Menina. Em 1925,
na inauguração do Teatro Joaquim de Almeida, fez a Marquesa da Severa
e a seguir a Marcolina da Rosa Enjeitada.
A partir de 1928 foi empresária do antigo Teatro Salão-Foz, em
Lisboa. Por motivos de saúde retirou-se do palco, ao qual regressou em
1919, integrada no elenco que Maria Matos encabeçava no Teatro Avenida
em Os Anjinhos, de F. Arnold e E. Bach e que, no ano seguinte,
acompanhou ao Brasil.
De 1942 a 1952 integrou o elenco do Teatro do Povo. Em 1953
substituiu Palmira Bastos numa digressão da companhia do Teatro
Nacional às Ilhas. Nas temporadas de 1956-1957 e 1958-1959 trabalhou no
Teatro Avenida, destacando-se nas suas interpretações nas peças Gebo e a
Sombra, de Raul Brandão e Seis Personagens, de Pirandello. Fez parte
depois do elenco do Teatro Popular de Lisboa, companhia dirigida por
Augusto de Figueiredo, onde pautou pela caracterização de grandes
personagens.
Despediu-se do teatro, actuando na peça O Processo de Jesus, 19601961. Deu recitais de poesia e representou papéis de relevo nos filmes
como A Maluquinha de Arroios, 1970 e Os Demónios de Alcácer- Quibir.
ALMEIDA, Carlos Augusto
Carlos Augusto Almeida nasceu em Coimbra, no ano de 1854, onde
faleceu em 1933.
Foi uma figura de relevo no meio teatral amador de Coimbra. Fundou
e dirigiu vários grupos de teatro, para os quais escreveu revistas, operetas,
comédias e peças burlescas destacando-se, entre outras: O Carnaval
Conquistado, 1907; Guerra aos Homens e Proezas da Rita, 1908.
30
ALMEIDA, Fialho de
José Valentim Fialho de Almeida nasceu em Vilar de Frades, Alentejo,
no dia 7 de Maio de 1857 e faleceu em Cuba do Alentejo a 4 de Março de
1911.
Filho de um professor primário a ensinar em Lisboa, Fialho de
Almeida, frequentou, de 1875 a 1878 o Liceu Francês e a Escola
Politécnica, onde fez os preparatórios de Curso Superior. Em 1879
matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica, completando o curso de
Medicina só aos 38 anos, não chegando a defender tese e apenas exerceu
uns dias na Pampilhosa, em comissão oficial e cerca de dois anos (18861887) no Alentejo.
Cultivou a boémia jornalística e literária lisboeta, o que o ajudou a
caracterizar nas suas crónicas, depois de ter colaborado com jornais de
província (Barcelos, Leiria e Viseu). Em 1880 fundou e dirigiu a revista
literária A Crónica, publicando vários textos assinados com o pseudónimo
de «Valentim Demónio». Em 1881 publicou o primeiro livro de Contos,
dedicado a Camilo Castelo Branco. Começa a tornar-se famoso, quer como
contista, quer como cronista, pela colaboração em periódicos como o diário
Novidades, onde publica um folhetim intitulado «Os decadentes –
Romance da vida contemporânea», projecto de um romance que nunca
terminou O Repórter, Pontos nos II (aqui sob o pseudónimo de «Irkan» e
de colaboração com Rafael Bordalo Pinheiro). Colaborou também nos
periódicos Correio da Manhã, O Contemporâneo, Museu Ilustrado, Os
Dois Mundos, A Renascença, Revista Académica Literária, O Ocidente,
Diário de Portugal, A Ilustração e Ilustração Portuguesa.
O ponto mais alto da sua fama atingiu-a com a publicação mensal,
iniciada em Agosto de 1894, de uma série de folhetins panfletários de
inquérito à vida portuguesa, (57 números, depois reunidos em seis
volumes) intitulada Os Gatos.
Em 1893 casa com uma abastada proprietária alentejana de Cuba, para
onde vai residir, ficando viúvo 10 meses depois e herdando a fortuna da
mulher, vítima de tuberculose.
Nos últimos anos da sua vida consagra-se à lavoura. Viaja muito pelo
estrangeiro, sobretudo Espanha. Politicamente, vem a opor-se ao
republicanismo e a exaltar João Franco, o que lhe cria muitas inimizades e
provoca crítica dos próprios amigos. Morre desiludido com o país e com a
sociedade portuguesa, como se compreende por este passo de Saibam
Quantos…, datado de Novembro de 1910: «Dada a ignorância e o
desmazelo relaxado, que foi o que a Monarquia legou às classes médias,
31
dadas as tendências vaziamente exibicionistas, que foi o que o partido
republicano deu às multidões, a República, como forma de governo, há-de
reproduzir todos, absolutamente todos os fracassos da Monarquia… Na
essência o País ficará o mesmo. Que digo eu? Ficará pior».
Da sua obra destacamos: Contos, Porto, 1881; A Cidade do Vício,
contos, Porto, 1882; O País das Uvas, contos, Lisboa-Porto, 1893,
colectânea de textos publicados nos anos 80 do século XIX, em jornais e
revistas; Os Gatos, 1889-1893; Pasquinadas (Jornal dum vagabundo),
Porto, 1890; Lisboa Galante (Episódios e aspectos da cidade), Porto, 1890;
Vida Irónica (Jornal dum vagabundo), Lisboa, 1892; Madona do Campo
Grande, 1896 e À Esquina (Jornal dum vagabundo), Coimbra, 1903.
Postumamente foi publicado: Barbear, Pentear (Jornal dum vagabundo),
Lisboa, 1911; Saibam Quantos…(Cartas e artigos políticos), Lisboa, 1912;
Estâncias de Arte e de Saudade, Porto, 1921; Aves Migratórias, Porto,
1921; Figuras de Destaque (Artigos vários sobre homens notáveis como
Camilo, Herculano, entre outros), Porto, 1924; Actores e Autores
(Impressões sobre teatro), Lisboa, 1925 e Vida Errante, Lisboa, 1925.
Traduziu para teatro um drama em 3 actos de João Darlot, que se
representou no Teatro da Trindade em 1898 e outro, levado à cena no
Teatro Nacional D. Maria II em 1899.
ALMEIDA Jerónimo
Jerónimo António de Almeida nasceu em Guimarães, no ano de 1886,
onde faleceu em 1975.
Publicou as seguintes peças: O Cego da Colegiada, 1943; Rosas do
Milagre, drama lírico em 3 actos e em verso; O Sonho de Maria, cena
rústica minhota escrita em 1949; Auto de Frei Gualter, 1955 e Auto da
Beira-Mar, 1955. Deixou inédita a peça Casto Véu.
ALMEIDA, Joaquim de
Joaquim de Almeida nasceu em Aldegalega (hoje Montijo) a 5 de
Outubro de 1838 e faleceu em Lisboa, no dia 22 de Julho de 1922.
Joaquim de Almeida, que estudava pilotagem, deixou os estudos para
se dedicar inteiramente à arte de representar, começando a carreira artística
no antigo Teatro das Variedades. Era ali o velho Salitre, um barracão a
meio do Salitre, que uma associação formada no ano de 1857 transformou
completamente, restaurando o edifício o mais possível conforme as
condições permitiam, abrindo as suas portas ao público em 1 de Fevereiro
32
de 1858, inaugurando os seus espectáculos com a mágica espalhafatosa, em
3 actos e 19 quadros, A Lotaria do Diabo, tradução de Francisco Palha e
Joaquim Augusto de Oliveira. Nesta peça que metia muita gente e obteve
um enorme sucesso, estrearam-se auspiciosamente dois principiantes que
depois se tornaram actores distintos, dois vultos gigantescos da arte de
representar, duas glórias da cena portuguesa: Joaquim de Almeida e
António Pedro. O empresário contratou os dois com o ordenado mensal de
quatro mil réis.
Continuando no Teatro Variedades, Joaquim de Almeida começou a
desempenhar papéis de maior importância, revelando sempre muita
inteligência e muita vocação para a cena. Entrou então em muitas peças,
como, entre outras Filha da Noite; Mateus o Gajeiro; Piratas; Glórias do
Trabalho; O Duende; Lição aos Maridos, etc. A convite do empresário
teatral Francisco Palha, então comissário régio junto ao Teatro Nacional D.
Maria II, Joaquim de Almeida, entrou naquele teatro, para preencher o
lugar que ficara vago pela morte do actor Marcolino, que fazia parte da
companhia. Joaquim de Almeida debutou no drama Pedro, de Mendes
Leal, desempenhando o papel de Manuel Maria, que fora criado por
aquele falecido actor. Apesar do confronto ser um tanto difícil, Joaquim de
Almeida apresentou-se perfeitamente e o público dispensou-lhe os mais
justos aplausos. Projectando-se construir o Teatro da Trindade, Francisco
Palha, seu futuro director, tomou inteiramente o antigo Teatro da Rua dos
Condes para os espectáculos da nova companhia que se organizara e em
que figurava parte dos actores do Teatro D. Maria II, conservando-se a
outra parte naquele palco, continuando as representações. Joaquim de
Almeida seguiu Francisco Palha. A nova empresa inaugurou os
espectáculos em 7 de Junho de 1866. Uma das peças ali representadas A
Família Benoiton, em que Joaquim de Almeida se tornou bastante notável.
Mais tarde, no Teatro da Trindade, cuja inauguração se verificou em 30 de
Novembro de 1867, criou o papel tipo do conde Óscar no Barba Azul.
Joaquim de Almeida percorreu todos os teatros de Lisboa e Porto,
mesmo os de menor importância. Tão depressa aparecia no Teatro Nacional
D. Maria II como no Dona Amélia, como no Ginásio, no Príncipe Real,
Avenida ou Rua dos Condes e Alegria, não escapando o extinto teatrinho
dos Restauradores, que se improvisou na esplanada dos antigos Recreios,
Rato e Alegria. Também pisou o palco do Coliseu dos Recreios, sendo
difícil vê-lo duas épocas seguidas no mesmo teatro.
Em Setembro de 1876 acompanhou Eduardo Brasão a Pernambuco,
ambos contratados pela notável actriz brasileira Isménia dos Santos e dali
continuando a digressão para o Rio de Janeiro, contratados pelo grande
actor cómico José António do Vale. Rafael Bordalo Pinheiro, que também
se encontrava no Rio de Janeiro à frente do semanário de caricaturas, O
33
Mosquito, deixou brilhantemente marcada, numa das suas páginas a
passagem dos dois artistas pelos palcos daquela cidade.
A grade prática de representação e o reconhecimento do público
constituíram o segredo do seu permanente sucesso, quer no drama, quer na
comédia, no burlesco, na tragédia, na opereta, ou quer ainda na revista. O
seu repertório foi vastíssimo e genérico. Teve criações magníficas e, tanto
no género dramático como no cómico, foi sempre um artista correcto e
distinto. Pela dificuldade de enumerar todas as peças em que representou
sublinhamos a sua participação em: O Anjo da Meia Noite; O Fidalguinho;
A Torre de Babel; A Estrangeira; Gabriel e Lusbel ou o Dramaturgo;
Vulgo Santo António; Luís XI; Uma Bola de Sabão; Os Campinos; As Duas
Bengalas; O Marido de Duas Mulheres; O Criado Brioso; Viagem à Suiça;
Os Lazaristas, de António Enes; Nitouche; O Saltimbanco; O Papá
Lebonnard, de Jean Aicard, traduziada em conjunto por Manuel Penteado e
Luís Galhardo, com estrondosa interpretação de Joaquim de Almeida;
Miguel Strogoff; O Solar dos Barrigas; O Ferrabraz de Alexandria; João
Brandão; Louco da Serra; Capitão Fantasma; O Homem das Barbas
Brancas; O Homem da Bomba; A Órfã do Aldoar; Opinião Pública;
Debaixo da Máscara; A Boceta de Pandorra; O Bobo, de Alexandre
Herculano, numa récita de homenagem a este realizada no Teatro Nacional,
a 4 de Dezembro de 1877; Nas Armas do Touro; Ave Agoireira; A Família
Mongrol; Quem Muito Fala; Dar no Vinte; O Romance Duma Mulher
Honesta; A Galinha da Vizinha; A Chave do Trinco; O Homem dos
Suspensórios; Nº 1 Ali à Esquina; Joana a Doida; O Camões do Rossio;
Coração e Arte; Ângelo; Tirano de Pádua; O Cavalheiro da Indústria;
Guerra ao Nunes; Por Causa Dum par de Botas; As Fidalgas de Pontalec;
À Procura do Badalo, revista cujo título depois foi alterado para Num Sino,
de Baptista Dinis e música de Miguel Ferreira, levada à cena do Teatro do
Príncipe Real, tendo também excelente interpretação de Adelina
Abranches; Fruta do Tempo; O Lenço Branco; Moços e Velhos; O Lobo no
Redil; Laços de Família; A Pérola Preta; Positivo; O Caminho Mais
Comprido; Nobreza do Trabalho; Guerrilheiro; Mulheres à Solta; O
Demónio do Jogo; A Redenção; O Suplício Duma Mulher; A Mãe do
Enjeitado; Como se Conhece o Vilão; FF e RR, revista e que subiu à cena a
11 de Janeiro de 1890 em Lisboa, por iniciativa de um jornalista e um
militar, no Teatro da Alegria interpretado por Joaquim de Almeida e Elisa
Aragonez, uma das muitas actrizes espanholas que se fixaram em Portugal,
Conde e Augusto de Melo, da autoria de Baptista Machado e a música de
F. Symaria; A Mana do Conselheiro; A Primeira Pedra; Zig-Zag, revista
que subiu à cena em 1891 no Teatro da Alegria, interpretada por um elenco
encabeçado por Joaquim de Almeida e Madalena Delgado, actriz
espanhola, da autoria de Ludgero Marques e música de Daniel Lacueva;
Sarilhos; O Desaparecido e Cabeça de Burro, comédia em 4 actos.
34
Joaquim de Almeida foi casado com Adelaide Pessoa, que também se
dedicou à arte dramática durante algum tempo, debutando no Teatro do
Ginásio em 24 de Julho de 1862, na comédia em 1 acto, Minha Mulher
Perturba-se e, depois, no antigo Teatro da Rua dos Condes, onde
representou no drama marítimo em 5 actos, O Corsário, escrito pelo
falecido José Romano.
Joaquim de Almeida foi agraciado pelo Presidente da República Dr.
António José de Almeida, com o oficialato da Ordem de Santiago.
No dia 20 de Dezembro de 1917 foi acometido duma congestão
cerebral, tornando-se quase cego, dias depois.
Em sua homenagem os actores Casimiro Tristão e Francisco Judicibus
construíram um teatro no Largo do Rato, que se chamou Teatro Joaquim de
Almeida, inaugurado em 1924 sendo, alguns anos depois, demolido para
alargamento da Avenida Álvares Cabral.
ALMEIDA, Maria Pia de
A actriz Maria Seabra da Cruz, nome artístico Maria Pia de Almeida,
nasceu no Porto, no dia 22 de Junho de 1860 e faleceu em 1940.
Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, na empresa de Lucinda
Simões, a 28 de Fevereiro de 1895, na peça Os Cabotinos, de Pailleron. Em
1897 foi contratada para o Teatro do Príncipe Real, do Porto. A seguir
tomou parte numa tounée realizada por alguns artistas do teatro de D.
Maria II e, de regresso, entrou como societária de uma empresa artística do
Teatro da Trindade.
Passou em seguida para o Teatro Dona Amélia, empresa Rosas &
Brasão, onde permaneceu bastante tempo com imensa evidência. Em 1905
entrou como societária no Teatro D. Maria II e acompanhou a companhia
Rosas & Brasão para o Teatro D. Amélia. Em seguida voltou à D. Maria II,
sendo nomeada societária de primeira classe em 1907.
Foi brilhante a sua carreira no destacando-se, entre outras, as
interpretações, nas seguintes peças: Marquês de Villemer, Preciosas
Ridículas, A Madrugada, João José, Bibliotecário, Coração Manda,
Hamlet, O Leque de Lady Margarida, Fédora, Tosca, Reposteiro Verde,
Salão de Madame Xavier, Um Serão nas Laranjeiras, Morgadinha de
Valflor, A Cruz da Esmola, O Crime de Arronches, O Sol da Meia-Noite, A
Clareira e O Íntimo.
Mais, Maria Pia evidenciou-se, principalmente, em papéis de alta
comédia.
ALMEIDA, Mário de
35
Mário de Almeida nasceu em Lisboa, no ano 1889, onde faleceu em
1922.
Oficial do exército, jornalista e filho da actriz Maria Pia, escreveu
duas peças em 1 acto: o episódio em verso, intitulado Dó Sustenido,
representado no Teatro Nacional em 1910 e Saber Amar. A primeira foi
publicada no mesmo ano com um prefácio de Fialho de Almeida.
ALMEIDA, Matias de
Matias de Almeida nasceu no dia 24 de Março de 1885 e faleceu a 16
de Outubro de 1922.
Estreou-se no Teatro da Trindade em 1905, na empresa de Afonso
Taveira, numa reposição da opereta Musa dos Estudantes, tendo feito
depois parte das companhias Luís Galhardo, Alfredo Miranda, Chaby
Pinheiro e Cremilda de Oliveira.
Trabalhou em quase todos os teatros de Lisboa, Porto, Províncias,
Ilhas e nalguns estados do Brasil, em estilos como dramas, comédias e
revistas.
Foi casado com a actriz-cantora Isabel Fragoso.
ALMEIDA, Mercedes de
Mercedes de Almeida nasceu no ano de 1901 e faleceu em 22 de
Outubro de 1926.
Estreou-se em 1926 no Teatro S. Luís, na companhia teatral de
Armando Vasconcelos.
As principais peças onde actuou foram: A Intrusa, Sol e Moscas,
Magda, Duplo Embuste, Casa de Boneca, A Castelã, A Dama das
Camélias, Apaixonada, O Lodo, A Tia Andreza, O Az, Fogueiras de S.
João, e Vida e Doçura.
ALMEIDA, Teixeira de
Artur Teixeira de Almeida nasceu em Lisboa no dia 17 de Março de
1894 e faleceu a 6 de Dezembro de 1925.
Estreou-se em 1912 no Teatro da Rua dos Condes. Fez parte da
companhia de Dora Vieira que actuou em 1915-16 no Porto. Entrou em
36
várias peças, entre elas Alma da França, no papel de Didier e na revista A
Ferro e Fogo.
ALMEIDA, Vieira de
Francisco Lopes Vieira de Almeida nasceu em Castelo Branco, no ano
de 1888 e faleceu em Cascais em 1962.
Filósofo, poeta, estudioso do teatro de Camões e Pirandelo, publicou
em 1956 a fábula trágica em 4 actos e em verso, Judite, obra de inspiração
clássica escrita em 1920.
ALVARES, Patrício
Augusto Patrício Alvares nasceu no ano de 1896 e faleceu em Lisboa a
23 de Novembro de 1969.
Ligado aos primeiros passos do cinema português, Patrício Alvares
frequentou o Instituto Superior Técnico e a Escola Politécnica, tendo sido
oficial do exército entre 1917 e 1919 e, sucessivamente funcionário do
Ministério da Justiça, empregado bancário, professor do ensino particular
da Marconi e da Emissora Nacional.
Foi sobretudo o campo artístico aquele que mais o interessou,
diplomando-se pelo Conservatório Nacional de Lisboa em 1925. Patrício
Alves organizou recitais poéticos e actuou como actor profissional nas
peças Rosa Enjeitada, Mouraria, Cabeça de Pau e A Vida de Cristo.
No cinema tomou parte nos filmes A Voz do Operário, Catedral do
Bem, Severa, Porto de Abrigo, José do Telhado, Noiva do Brasil, Um
Pedaço de Terra, A Morgadinha dos Canaviais, Sol e Toiros e A Volta do
José do Telhado. Foi também assistente de realização em Capas Negras e
Aqui Portugal e autor dos diálogos em Cais do Sodré e Serra Brava e dos
versos nos filmes Porto de Abrigo, Cais do Sodré e Serra Brava.
Deve-se a esta personalidade a primeira tentativa de teatro radiofónico,
em Portugal, com a peça Inauguração de um Teatro de Bairro, em 1931.
Posteriormente, realizou vários recitais na Emissora Nacional e colaborou
em várias peças radiofónicas, nomeadamente o Auto do Viúvo, de Gil
Vicente e Envelhecer, de Marcelino Mesquita. Foi também autor de
diversos programas radiofónicos e colaborou em jornais e revistas. Ainda
como autor, dedicou-se ao teatro e foi eleito Príncipe dos Poetas, nos Jogos
Florais da Emissora Nacional em 1937. Da sua bibliografia salientam-se os
títulos: Raça, versos publicados em 1939; os inéditos Poemas de Alma e da
Vida e Sonetos e Poemas Vários. Para teatro escreveu O Erro e a Tela.
ÁLVARO
37
Álvaro, nome artístico do actor Álvaro Filipe Ferreira nasceu em
Vieira de Leiria, no dia 29 de Janeiro de 1848, onde faleceu a 21 de Junho
de 1929.
Empregado no comércio em Lisboa, veio a estrear-se como actor em
16 de Setembro de 1868, numa comédia em 1 acto traduzida em verso por
Eduardo Vidal, com o título O Que Fazem as Rosas. Agradou
imensamente. Foram grandiosos os progressos que Álvaro fez em poucos
meses, no Teatro do Príncipe Real e depois no Teatro D. Maria II,
retomando o papel criado por Tasso na Morgadinha de Vale Flor. Entrou
também nas peças: Luís XI e O Poeta, de Banville, em 1883; A Cruz de
Madalena, de E. Souvestre, em 1875; Demi-Monde, de Dumas Filho; e
Henriqueta Coverlet, de Augier em 1876.
A ambição fê-lo aceitar o contrato oferecido por Emília Adelaide e
com ela partir para o Porto, logo depois para os Açores e, em seguida, para
o Brasil. No regresso, tornou ao Teatro do Príncipe Real, especializando-se
no repertório melodramático. Foi particularmente aplaudido no drama de
Marcelino Mesquita, A Pérola, em 1885 e em O Grande Galeoto, de
Echegaray, em 1886.
O seu nome aparecia em letras gordas nos cartazes do Teatro do
Príncipe Real ou nos anúncios dos jornais do Brasil e o público não se
cansava de o festejar.
Tendo arranjado uma pequena fortuna, em 1893 retirou-se para a sua
quinta, entregando-se à vida da lavoura e aos prazeres da pesca e da caça.
A nostalgia do palco fê-lo regressar em 1908. Despediu-se dos palcos,
interpretando, em 1915, o papel de Romeiro na peça Frei Luís de Sousa,
de Almeida Garrett, A Vida dum Rapaz Pobre e, na temporada seguinte, O
Marquês de Villemer, de G. Sand e Os Novos Apóstolos de Lacerda, última
peça em que apareceu em cena. Galã romântico, foi o ídolo das plateias
amantes do género melodramático.
ALVES, Carlos
O actor Carlos Alves nasceu em Lisboa, no dia 23 de Agosto de 1889 e
faleceu em 6 de Fevereiro de 1964.
Começou a actividade como amador de teatro dramático em várias
colectividades de cultura e recreio, designadamente no Grupo Recreativo
Lusitano, que, durante muitos anos, esteve instalado na Rua da Academia
das Ciências, antiga Rua do Arco a Jesus. Deixou depois a actividade
comercial para cumprir contrato numa sociedade artística que explorava o
Teatro Nacional, com Eduardo Brasão em primeira figura.
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Transitou para a companhia de Lucinda Simões, onde desempenhou papéis
de índole dramática que o acreditaram junto do público e da crítica da
época. No teatro declamado participou em inúmeras peças do repertório de
então. A estima que Lucinda Simões tinha por este actor, fez com que o
contratasse durante várias épocas.
Instalou-se também no género de revista, por volta de 1920, com
intercadência em operetas populares e comédias. Nos palcos de revista e
das operetas bairristas, o actor criou tipos de pitoresco irresistível. Foi ídolo
das plateias populares de muitas gerações, ficando inesquecível a dupla que
criou com Álvaro Pereira, e que ao longo de quinze anos, entre 1925 e
1940, animou mais de meia centena de peças, principalmente nos teatros
localizados no Parque Mayer e no Teatro Apolo.
Representou em todos os palcos deste género. Viajou muito pelas
províncias, incluindo as ex-colónias portuguesas e foi várias vezes ao
Brasil com director de várias companhias, nomeadamente as de Alves da
Cunha e do empresário António Macedo.
É impossível enumerar os títulos das peças em que Carlos Alves participou.
Em meio século de actividade entrou em mais de duas centenas de obras,
além de algumas incursões nos estúdios de cinema, com papéis de relevo.
A última peça em que participou foi Aqui Há Fantasmas, levada à cena no
Teatro Variedades. Foi, também presença frequente na televisão e notável a
figura que criou no programa de variedades “Café Concerto”. Os
espectadores da televisão viram-no pela última vez no programa “Tempo
de Teatro”, na edição de Janeiro de 1964.
Das muitas produções teatrais em que colaborou, referimos: A Mulher
Artificial, A Raça, Emigrantes, A Máscara, Mulher que Passa, Os
Mineiros, A Cabana do Pai Tomaz, A Grande Noite, O Homem que
Assassinou, A Severa, No País, No País do Tirismo, Onze Mil Virgens, O
Mártir do Calvário, O Dia das Romarias, O Zé dos Pacatos, Maria
Cachucha, A Volta a Portugal, Miss Lisboa, Bombo da Festa, Cantiga
Nova, Cabeças no Ar, O Sete e Meio, Café com Leite, Pernas de Pau, Olha
o Balão, Mouraria, Há Festa na Mouraria, Estrelas de Portugal, Ó Graxa,
Maria Rita, A Praça da Alegria e Pega-me ao Colo.
ALVES, Fernanda
A actriz Fernanda Alves nasceu em Lisboa, no dia 5 de Junho de 1930
e faleceu no Porto a 6 de Janeiro de 2000.
Diplomada pelo Conservatório de Lisboa em 1958, fez parte do elenco
do Teatro do Gerifalto (1956-1961) e da Companhia Nacional de Teatro
(1961-1963). Transitou depois para o Teatro Moderno de Lisboa e daí para
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o Teatro Experimental do Porto, tendo posteriormente integrado vários
agrupamentos, onde prosseguiu uma carreira dedicada à renovação da cena
portuguesa. Teve também assinalável passagem pelo Teatro Nacional D.
Maria II, Teatro de Sempre, Teatro Experimental de Cascais e Teatro
Estúdio de Lisboa. Foi societária do Teatro Moderno de Lisboa e fundadora
do Grupo de Teatro Independente “Os Bonecreiros” e “A Barraca”.
No Teatro Experimental do Porto entrou, entre outras, nas seguintes
peças: Desperta e Canta, de Clifford Odets; O Gebo e a Sombra, de Raul
Brandão e O Novo Inquilino, de Ionesco. Ainda nesta companhia, encenou
a peça infantil O Mistério da Fábrica de Chocolates, de José António
Ribeiro.
A convite do Círculo Portuense de Ópera, encena a ópera Rita, de
Donizetti, sob a direcção musical do maestro Günther Arglebe.
Em 1968 e 1969 conquistou, sucessivamente, o 1º Prémio do
Concurso de Artes Dramáticas do SNI com as peças Os Velhos Não Devem
Morrer, de Alfonso Castelãs e O Santo e a Porca, de Ariano Suassuma.
Colaborou em dezenas de peças dos autores mais representativos da
dramaturgia mundial tais como Shakespeare, Gil Vicente, Kleist, Goldoni,
Tchekov, Pirandelo, Adamov, Ionesco, Almeida Garret, Clifford Odetts,
Yeats, Osborne, Bueno, Vallejo, Gombrowicz, Arthur Kopitt, Ruzzante,
Tankred, Dorst e Gorki. Conquistou o Prémio da Casa da Imprensa com a
interpretação da peça A Grande Imprecação das Muralhas da Cidade, de
Tankred Dorst.
Ingressou no elenco do Teatro Nacional D. Maria II em 1978, no qual
interpretou várias peças, nomeadamente Auto da Geração Humana,
Felizmente Há Luar, Filhos do Sol, Lodo, Três Irmãs, Jardim Zoológico de
Cristal, A Casa de Bernarda Alba, Auto de Vicente Anes Joeira, Fígados
de Tigre, O Gebo e a Sombra, Anatole e Romance de Lobos. Como artista
cedida pelo Teatro Nacional, participou também nas peças: Quase por
Acaso uma Mulher, de Dário Fo, apresentada na Casa da Comédia em
1986; As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Fassbinder, levada à
cena pelo Grupo de Teatro Hoje, em 1986 e Seis Personagens em Busca de
um Autor, de Luigi Pirandello, representada no Teatro de S. Luís em 1987.
Noutros grupos de teatro, sublinhamos a sua participação em: Ivone,
Princesa de Borgonha, de Witold Gombrowicz, levada à cena pelo Teatro
Experimental de Cascais ao lado de Zita Duarte, Cecília Guimarães,
António Marques, João Vasco, Graça Lobo, Maria Albergaria, Mário
Viegas e José Campeão; Noite de Verão, de Ted Willis, representada pela
Teatro Estúdio de Lisboa, numa encenação de Luzia Maria Martins, e com
a interpretação, entre outros, de Fernanda Alves, Vasco de Lima Couto e
Joaquim Rosa; O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, levada à cena pelo
Teatro do Arco da Velha, encenada pela própria Fernanda Alves, com a
interpretação de Rui de Carvalho, Graça Vitória, Canto e Castro e Lisete
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Frias. Teve música original, composta por Jorge Constante Pereira; O
Circo Imaginário de Super-Basílio, de Beatrice Tanaka, representada por
“Os Bonecreiros – Teatro-Laboratório de Lisboa”, grupo constituído pela
Fernanda Alves, Glicínia Quartin, João Mota e Mário Jacques. Neste grupo
integrou, também, o elenco da peça A Grande Imprecação diante das
Muralhas da Cidade, de Tankred Dorst, peça encenada por Mário
Barradas.
Paralelamente à sua actividade teatral participou em inúmeras
realizações de televisão, cinema e rádio.
ALVES, Henrique Alfredo
O actor Henrique Alfredo Alves nasceu em Lisboa, no dia 20 de Julho
de 1872, onde faleceu a 21 de Abril de 1934.
Estreou-se no Teatro Avenida, em 31 de Janeiro de 1891, na revista
em 1 acto, Sonho do Citado Autor, de João Soler e José Inácio de Araújo.
Actuou pela última vez no Teatro Maria Vitória, em 1 de Janeiro de 1934,
mas a sua despedida do teatro ocorreu no Porto, em 13 de Fevereiro de
1934, actuando no Teatro de Carlos Alberto.
Manteve-se durante 26 anos na empresa teatral Rosas & Brasão.
Trabalhou em quase todos os palcos portugueses e ainda no Brasil. Galã
cómico de apreciáveis recursos, actuou também na opereta, na revista e no
cinema, em A Morgadinha de Vale Flor, de Ernesto Albuquerque, 1924, e
no filme A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo, 1933, tendo sido um
dos últimos actores da sua geração.
Além de outras, participou nas seguintes peças: A Madrugada, de
Fernando Caldeira, 1892; A Primeira Seta, de Blumenthal, 1895; Cyrano
de Bergerac, de Rostand; Blanchette, de Brieux; O Ladrão e A Raljada, de
Bernstein, 1907; O Botequim do Felizardo, de T. Bernard; Zazá, de P.
Berton e C. Simon; A Cruz da Esmola, de Eduardo Schwalbach; Madame
Flirt, de P. Gavault e G. Bert; O Rei da Gafanha de Flers, Caillavert e
Arène; A Casa em Ordem, de Pinero; Viúva Alegre; Sonho de Valsas;
Amores de Príncipe; Solar dos Barriga; Dama Roxa; Mulher de Mármore;
Hamlet, de William Shakespeare; Kean; Zázá; Leonor Teles; Aljubarrota,
de Rui Chianca, adaptada de Alexandre Herculano; O Camarim, de Urbano
Rodrigues e Vítor Mendes, 1910; Num Rufo!, revista de Machado Correia e
Baptista Coelho, 1911; Ladrão, A Mulher do Juiz, Silêncio Calado; O Salto
Mortal; A Caixeirinha; Lagartixa; A Severa; Alcácer Kibir, de D. João da
Câmara; O Outro Eu; D. César de Bazã; O Leque; Amor Não Dorme; O
Capote e Lenço, revista de autoria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e
João Bastos, 1913; Anos do Papá; O Apóstolo; Salão Tesouro Velho;
Primeira Causa; O Fado, de Bento Mântua, 1913; Auto…Aqui!, revista de
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Lino Ferreira, Pereira Coelho e Matos Sequeira, 1913; Tango Cordial,
revista de Eduardo Schwalbach, 1914; Ditosa Pátria, revista de Luís
Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues,
1925; O Papá de Lebonnard, de J. Aicard; O Turbilhão, de Faria de
Vasconcelos, 1924; Bibliotecário; Amigo Fritz; Menino Ambrósio; Feijão
Frade; Madame Fliert; Abade Constantino; Minha Mulher Noiva de Outro;
Toque de Recolha; Postiços; Afonso VI; Duque de Viseu; Luís XI; Diabo a
Quatro e Santa Inquisição.
ALVES, José Monteiro Correia
O escritor e actor teatral José Monteiro Correia Alves nasceu no Porto
no ano de 1922, onde faleceu em 1982.
Licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra. Fez parte do Teatro de Estudantes da mesma
universidade e do Teatro Experimental do Porto, a partir de 1952, no qual
assumiu funções de director artístico.
Como autor teatral estreou-se em 1949 com Sombras. Depois de se ter
inspirado numa temática neo-realista com antecedentes no teatro de Raul
Brandão, a partir de 1957 passou a ser solicitado por tendências
experimentalistas. Outras obras de sua autoria: Trevas, 1949; Até Logo,
1950; Náufragos, 1954; Variações sobre o Mesmo Tom, 1957; Tudo Pode
Acontecer, 1958 e Ensaio Interrompido, 1963.
Quase todas estas peças (além das que escreveu para crianças, rádio e
televisão) foram levadas à cena por agrupamentos universitários,
nomeadamente na Cidade do Porto. Deixou inédita uma adaptação cénica
do romance de Almeida Garrett O Arco de Santana, que a censura proibiu
em 1957.
A peça Variações Sobre o Mesmo Tom, obteve o Prémio de Teatro do
Centro de Estudos Humanísticos, em 1956. Foi publicada em separata da
revista Vértice, em Junho de 1961 e representada, pela primeira vez, em 5
de Maio de 1957, pelo Teatro Universitário do Porto, numa encenação do
autor.
ALVES, Laura
A actriz Laura Alves Magno nasceu em Lisboa, no dia 8 de Setembro
de 1921, onde faleceu a 6 de Maio de 1986.
Estudou até ao quarto ano na Escola Machado de Castro e frequentou
o curso de dança do Conservatório Nacional.
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Estamos perante uma artista de grande versatilidade, da alta comédia
ao teatro de boulevard e à revista, passando pela opereta. O seu talento
vencia todas as dificuldades, como a de aprender a dançar em pontas para
As Três Valsas, no Teatro Monumental, que inaugurou em 1951. Era
também dotada duma certa faceta cómica que facilmente transmitia ao
público, não só no teatro como no cinema.
Estreou-se na peça As Duas Garotas de Paris, adaptada por Eduardo
Schwalbach, no Teatro Politeama, em 1935, na Companhia de Alves da
Cunha.
Casou em 1948 com o empresário Vasco Morgado, o grande amor da
sua vida, que passara a ser seu empresário e que por isso, não teve o
acompanhamento orientador que o talento requeria.
Há quem diga que Laura Alves nunca mais viria a ser a actriz popular
de outras épocas enquanto integrada em grandes companhias nos velhos
teatros do Parque Mayer, Avenida ou Apolo, apesar do jovem marido lhe
ter proporcionado um teatro construído de raiz, que habitou até 1972 e
outro a que foi dado o seu próprio nome, no antigo Cinema Rex,
inaugurado em 29 de Dezembro de 1969. O primeiro, o Teatro
Monumental, ela própria o viu ruir, em 1983, após a última representação
da sátira política Um Zero à Esquerda.
Foi até 1972 primeira figura da Companhia do Teatro Monumental,
alcançando grandes êxitos com as peças: Boa Noite Betina, de Pietro
Garinei, 1960; Criada para Todo o Serviço; Meu Amor É Traiçoeiro, de
Vasco de Mendonça Alves 1962; A Rapariga do Apartamento, de M.
Rednick 1963; A Fera Amansada, de W. Shakespeare 1952; A Promessa
de Bernardo Santareno 1967; A Flor do Cacto, de Barillet e Grédy 1967;
Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams 1959; e A
Querida Mamã, entre outras.
Em 1962 foi-lhe concedido o Óscar da imprensa para a melhor actriz
de teatro ex-aequo com Eunice Muñoz. Recebeu ainda o prémio Lucinda
Simões-63, do SNI, pelo seu trabalho na peça A Rapariga do Apartamento.
É no ano de 1948 que se inclina definitivamente para o teatro
declamado, com a peça Fanny e os seus criados, de Jerome, tendo passado
a fazer comédia e alta comédia. Em 1950 interpreta, no Odeon, uma série
de peças em 1 acto, escritas expressamente para ela. Em 1967 divorcia-se
de Vasco Morgado.
Participou em vários filmes portugueses, como: O Pai Tirano, de
António Lopes Ribeiro, 1941; O Pátio das Cantigas, de Francisco Ribeiro,
1942; O Leão da Estrela, de Artur Duarte, 1947 e Perdeu-se um Marido,
de Henrique Campos, 1956.
Participou ainda em muitas outras produções, designadamente: Lisboa
1900, opereta, 1941; A Formiga, de A. Torrado, 1942; O Senhor da Pedra,
revista 1942, Margarida Vai à Fonte, revista, 1943.
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No Teatro Apolo: O Zé do Telhado, opereta, 1944; Casei com Um
Anjo, de J. Vaszary, 1948; Enquanto Houver Santo António, revista, 1950;
Lisboa Nova, revista, 1952; A Sereia do Mar e da Terra, 1952; Viva o
Luxo! revista, 1953; Ele Não Gostava do Patrão, 1953; A Menina Feia e
Perdeu-se um Marido, 1954; A Rainha do Ferro Velho, 1958.
Laura Alves tinha alguns sonhos, talvez o mais significativo fosse
interpretar My Fair Lady. Infelizmente a doença não se compadeceu e
Laura Alves bem merecia tê-los realizado.
ALVES, Sebastião
O actor Sebastião Alves nasceu em Lisboa, no ano de 1871 e faleceu
em Pará, Brasil, em 1903.
Tendo-se dedicado desde muito novo ao comércio, aplicava as horas
vagas ao teatro amador. Representou pela primeira vez em 1887, no Teatro
Garrett, aos Anjos, na comédia Os Advogados e na cançoneta Do Outro
Lado. Fez, depois, parte do grupo dramático Tasso.
Em 1890 abandonou o comércio para entrar como discípulo no Teatro
do Ginásio, fazendo pequenos papéis no Piperlim, Patifa da Primavera,
entre outras produções teatrais.
Em 1891, tendo mostrado aptidões, a empresa deste teatro escriturou-o
e ali se conservou alguns anos. Integrou os elencos em: Genro do Caetano,
Madrinha de Charley, Receita dos Lacedemonios, Filho da Carolina, Roça
de Valentim, Padre-Filho-Espírito Santo, Zaragueta, Hotel LusoBrasileiro, Comissário de Policio, Sôra Francisca, Huguenotes, entre
outras.
Foi casado com a actriz Adélia Soler que, também morreu no Brasil
pouco tempo depois do marido.
ALVES, Vasco de Mendonça
O dramaturgo Vasco de Mendonça Alves nasceu em Lisboa, no dia 19
de Abril de 1883, onde faleceu a 4 de Dezembro de 1961.
De 1904 a 1905 frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra.
Atraído pelo teatro, a sua primeira peça subiu à cena em 1909 no
Teatro Apolo (então Teatro do Príncipe Real) e intitulava-se Último Amor,
peça em 3 actos, apresentando uma visão romântica do mundo, próxima da
linguagem aderente ao naturalismo.
As peças deste autor abordam temas que se podem dividir em três
grupos bem definidos: drama ou comédia sentimental, drama histórico e
patriótico e comédia de costumes populares.
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Dessa obra regista-se os dramas sentimentais: Os Filhos, 1910; A
Promessa, 1910; Noite de Santa António, 1916; Sedutores, peça encenada
por António Pinheiro e estreada no Teatro nacional em 30 de Julho de
1921, com a interpretação de Amélia Rey Colaço, Maria Júdice, Robles
Monteiro e Constança Navarro; Bodas de Ouro, 1923; Perdoai-nos Senhor,
escrita em 1927, reposta em Novembro de 1917 no Teatro Nacional, com a
interpretação de Lucília Simões, Samuel Diniz, Raul de Carvalho e Adelina
Campos; Sonho de Madrugada, 1932; Os Hóspedes de D. Epifânia, 1933;
Meninas, peça encenada por Robles Monteiro para o Teatro Nacional e
estreada em 18 de Janeiro de 1935 com Palmira Bastos, Amélia Rey
Colaço, Maria Clementina e Álvaro Benamor; A Hora do Dinheiro, 1940 e
A Senhora Doutora, 1957, os dramas históricos, A Conspiradora, peça em
4 actos, representada pela primeira vez no Teatro do Ginásio em 28 de
Março de 1913, com Lucinda Simões, Zulmira Ramos, Adélia Pereira,
Maria Matos, Elvira Basto, Maria Frazão, Alice Teixeira, Virgínia
Farrusca, Alves da Cunha, Mário Duarte, Mendonça de Carvalho, Joaquim
Silva, Silvestre Alegrim, Telmo Larcher, Cardoso, José Azambuja, António
Palma, João Lopes e Mário Veloso; Os Marialvas, 1914; Um Bragança,
1931; Vila Viçosa, 1941 e Pátria, 1943; as peças de costumes populares,
Meu Amor é Traiçoeiro, peça em 3 actos, estreada no Teatro Capitólio em
13 de Dezembro de 1935, interpretada por Ilda Stichini e Alves da Costa;
Ao Peso da Cruz, 1939, reposta em cena quatro anos depois com o título de
Rompia a Manhã; À Porta da Rua, 1943 e Perdida no Mundo, 1946.
Foi um dos fundadores, conjuntamente com Gino Saviotti e Luiz
Francisco Rebello do Teatro-Estúdio do Salitre, em 1946, do qual
representou a tendência mais conservadora e onde foram levadas à cena
algumas das suas comédias em um acto, como Viúvos, 1946; Sonho, 1947 e
Vésperas de Exame, 1950.
Das peças em um acto, indicamos: Flores que se Desfolham, 1912; A
Neta, 1919; Quando Canta o Pintassilgo, 1937; Provas Públicas, 1938; A
Volta; Sorte Grande; Quem Fizer Juras de Amor; Um Chá; Quero Casar;
Antigas Relações; És Tu?; Lá no Céu Combinaram; Duas Noivas; Um
Beijo; Primeiras Impressões; Arlete e Estefânia; Um para o Outro e Com
Pressa.
As suas peças que tiveram mais reposições foram A Conspiradora e
Meu Amor é Traiçoeiro.
Vasco de Mendonça Alves recebeu o Prémio Gil Vicente em 1936,
com a peça Meu Amor é Traiçoeiro. Durante quatro décadas foi um dos
autores mais assíduos nos palcos nacionais.
ALVIM, Miguel de Sousa
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Miguel de Sousa Alvim, poeta e jornalista açoriano, nasceu em Ponta
Delgada, no dia 20 de Junho de 1882, onde faleceu a 9 de Maio de 1915.
Após ter terminado os estudos secundárias serviu no Exército de 1900
a 1902. Depois disso consagrou a sua breve vida à literatura e ao
jornalismo. Com F. de Carvalho fundou, em 1904, o semanário Interesse
Público e o bissemanário O Arauto (1905-1906). Foi também chefe de
redacção do Diário dos Açores e director do diário A República, de 1911 a
1914.
Para o teatro escreveu o entreacto Duas Dores, estreado em 1911 no
Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. Na sua produção literária é a poesia
que sobressai e nela se reflectem a estética realista e parnasiana ainda com
ressaibos de romantismo e influência de Antero de Quental.
AMADO, Fernando
Fernando Alberto da Silva Amado nasceu em Lisboa, no ano de 1899,
onde faleceu em 1968.
Entrou no mundo literário aos 17 anos sob a influência de Almada
Negreiros e do movimento Orpheu. Para teatro escreveu uma peça
futurista, O Homem Fatal, compondo em seguida um ambicioso poema
dramático de inspiração fáustica, O Pescador, publicada em 1925. Dez
anos mais tarde, a actividade dramatúrgica torna-se mais regular a partir de
O Retrato de César, a que se seguem várias peças num acto, que designou
por «debuxos teatrais». Destas peças, indicamos A Caixa de Pandora,
peça-manifesto com que se iniciaram, em 1946, as actividades da Casa da
Comédia, por ele fundada, e O Iconoclasta ou o Pretendente Imaginário,
estreada em 20 de Maio de 1955 (sob o pseudónimo de Alberto Rui) no
Teatro Avenida, pelo Teatro Universitário de Lisboa; O Casamento das
Musas, peça em 2 actos, levada à cena em 1949 no Estúdio do Salitre; D.
Quixote e o Outro; A Máscara; Caiu Um Anjo; O Meu Amigo Barroso; Sua
Excelência Não Atende Mais; Descobri Uma Estrela; O Pensador; O
Ladrão; Música na Igreja; Novo Mundo; Véspera de Combate; O Livro; O
Aldrabão (as duas últimas escritas para a campanha de educação de
adultos, no ano de 1955) e a peça infantil O Segredo do Polichinelo. Muitas
destas peças ainda estão inéditas.
AMARAL, Abílio do
O actor Abílio do Amaral nasceu no dia 21 de Novembro de 1885 e
faleceu a 6 de Março de 1923.
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Abílio do Amaral era actor amador no Clube Estefânia, ao lado de
Mário Duarte e outros, acabando por ser actor profissional. Sendo
reclamista no Teatro da Rua dos Condes onde se representava a revista Ele
ali está, adoeceu repentinamente o primeiro actor da Companhia Eusébio
de Melo, que tinha um papel de responsabilidade. Os responsáveis vestiram
Abílio Amaral à força e “atiraram” com ele para o palco. Saíu-se bem!
Depois disso nunca mais parou, progredindo ora em Lisboa, ora em teatros
da província e em teatros de feira. Também no Porto foi bem conhecido e
aplaudido.
Em Lisboa fez parte da Companhia de Afonso Taveira, no Teatro da
Trindade. Dos muitos espectáculos teatrais onde representou, destacamos:
Sem Garantias; Adeus Ó Mota; Papas e Bolos; Já Vi Tudo; Rebola a Bola;
Espiga; O Diabo na Terra; Mira Encantada; Uma Hora no Porto; Homem
das Mangas; Pupilas do Sr. Reitor; Niniche; Dragões de El-Rei; Tosca;
Dia de Juízo; Verdades e Mentiras; Amor de Perdição; Avante Franceses;
Ovo de Colombo e Enfim Sós.
AMARAL, Almeida
O escritor teatral José de Almeida Amaral nasceu em Lisboa, no dia
10 de Novembro de 1901 e faleceu em Colares, a 25 de Setembro de 1964.
Assentou praça na Escola de Guerra, em 1918, tendo tirado o curso de
Administração Militar.
Estreou-se como escritor teatral em 1929 e daí em diante firmou o seu
nome em mais de trinta peças de vários géneros, sendo um vasto número de
revistas e operetas populares. Entre estas, conta-se A Senhora da Saúde,
levada à cena no Teatro Maria Vitória em 1931 e Nazaré, estreada em
1940.
De traduções do repertório do teatro espanhol comercial escreveu com
Fernando Santos, seu assíduo colaborador, três comédias que a actriz Maria
Matos levou à cena com a sua companhia, no Teatro Variedades, em 1933
e 1944: Os Vizinhos do Rés-do-Chão, representada em 28 de Outubro de
1943, com a participação de Maria Matos, Maria Helena, Maria Shultz,
Humilta de Macedo, Elvira Velez, Hortense Risso, Assis Pacheco, Erico
Braga, Luísa de Campos, Vital Santos e Álvaro Benamor. Esta comédia foi
transposta para o cinema por Alexandre Perla, em 1947, com a
interpretação de António Silva, Costinha, Eunice Muñoz, Teresa Gomes,
Milita Meireles, Carlos Otero, Curado Ribeiro, Luísa Durão, Óscar
Acúrcio, Hortense Luz, Vital dos Santos, Maria Bernardo, Rosária
Meireles, Maria Olguim e Sales Ribeiro e ainda Três Camaradas e Pobreza
Envergonhada.
Com o mesmo colaborador e com Leitão de Barros, escreveu a peça
em 3 actos Prémio Nobel, representada pela primeira vez no teatro nacional
47
em 8 de Maio de 1954, com a representação de Raul de Carvalho, Manual
Correia, Rogério Paulo, Paiva Raposo, Costa Ferreira, Luís Filipe, Álvaro
Benamor, Erico Braga, António Palma, Pedro Lemos, Gabriel Pais, José
Cardoso, Amélia Rey Colaço, Helena Félix e Meniche Lopes. Foi das
peças mais vezes reposta em cena e traduzida em vários idiomas.
Em 10 de Junho de 1935, sobe à cena no Teatro Nacional a comédia
em 3 actos, O Pai da Menina, peça com arranjos de Lino Ferreira,
Fernandes Santos e Almeida Amaral, interpretada por Amélia Rey Colaço,
Palmira Bastos, Adelina Abranches, Maria Clementina, Maria Lalande,
Estêvão Amarante, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, João Silva e Vital
dos Santos.
Também no campo da tradução e com a colaboração de Fernando
Santos, é responsável pela comédia em 4 actos, O Espelho de Três Faces,
original de André Birabeau, estreada em 11 de Abril de 1940, no Teatro
Nacional, com Adelina Abranches Palmira Bastos, Lucília Simões, Amélia
Rey Colaço, Maria Clementina, Maria Côrte Real, Robles Monteiro, Igrejas
Caeiro, João Villaret e Augusto de Figueiredo.
Regista-se também as peças: Aparências; A Hora de Fantasia; O
Senhor Administrador e A Madre Alegria, comédia em 3 actos de Rafael
Sepúlveda e Luís Sevilha, traduzida por Lino ferreira, Fernando Santos e
Almeida Amaral, estreada em 1936 com o seguinte elenco: Palmira Bastos,
Constança Navarro, Maria Lalande, Adelina Abranches, Maria Clementina,
Isabel Maria, Emília de Oliveira, Maria Brandão, Estêvão Amarante,
António Sarmento, João Villaret, Álvaro Benamor, João Silva, Beatriz
Santos, Hortense Rizzo e J. Pratas.
No teatro de revista, a sua produção, entre outra, passa por: Siga a
Dança, revista que originou a sua estreia no universo teatral, cuja parceria
foi de Lino Ferreira e Fernando Santos, e levada à cena no Teatro
Variedades no ano de 1929; O Mexilhão, escrita em colaboração com
Xavier de Magalhães e Silva Tavares, música de Raul Portela, Ramón
Torralba e Frederico de Freitas, com a interpretação de Beatriz Costa,
Corina Freire, Dina Teresa, Álvaro Pereira, Francis, Ruth Walden, Barroso
Lopes e Ribeirinho e representada no Teatro Variedades em 1931; Pernas
ao Léu, de colaboração com Xavier de Magalhães, música de Raul Ferrão,
Jaime Mendes e Afonso Correia Leite, cujo elenco foi o seguinte: Luísa
Satanela, Irene Isidro, Maria Sampaio, Maria Cristina, Virgínia Soler,
Alfredo Ruas, Assis Pacheco e Barroso Lopes e também levada à cena no
Teatro Variedades, no ano de 1933; Chuva de Mulheres, original de Lopo
Lauer, Almeida Amaral, Vasco de Sequeira e Frederico de Brito, música de
Carlos Calderón e Frederico Valério, levada à cena no Teatro Eden, em
1937, com Carlos de Sousa, Luísa Durão, Arminda Martins, Elisa Carreira,
Álvaro de Almeida, Maria das Neves, Beatriz Belmar, Lina Duval, Eugénio
Salvador, Maria Ema, Costinha, Julieta Valença, Laura Puchol e Natália
48
dos Anhos; Marcha Lisboa, em colaboração com Alberto Barbosa e José
Galhardo, representada no Teatro Apolo, em 1941; Ai Bate, Bate, em
colaboração Fernando Santos e Fernando Ávila, música de Fernando
Carvalho estreada no teatro Variedades em 1948; Aguenta-te Zé!, de
parceria com Fernando Almeida, música de Fernando Carvalho e César
Salvador, levada à cena no Teatro Apolo, em 1951; Mãos no Ar!, de
colaboração com Fernando Santos e Lourenço Rodrigues, música de João
Nobre e Miguel de Oliveira, estreada no Teatro Apolo em 1954.
AMARANTE, Estêvão
O actor Estêvão Amarante nasceu em Lisboa, no dia 9 de Janeiro de
1889 e faleceu no Porto a 6 de Dezembro de 1951.
Estreou-se no Teatro do Infante, em 1901, desempenhando o papel de
“Boi” na peça A História da Carochinha, de autoria de Eduardo
Schwalbach. A partir de 1905 passou a surgir habitualmente nos palcos.
Como cançonetista impôs-se com Toma Lá Cerejas, que o levou ao teatro
de revista no Teatro Avenida, onde triunfou graças ao seu talento
histriónico.
Não tardou a fazer-se empresário, primeiro ao lado de Joaquim Costa
e, depois, com a companhia Satanela-Amarante, de que também foi director
artístico.
Participou nos filmes: Lisboa, Crónica Anedótica, de Leitão de Barros,
1930; Maria Papoila, filme de Leitão de Barros, realizado em 1937;
Feitiço do Império, de António Lopes Ribeiro, 1940; O Hóspede do Quarto
13 e É Perigoso Debruçar-se, ambos realizados em 1946; O Grande Elias,
realizado por Artur Duarte em 1950 e Madragoa, de Perdição Queiroga, de
1951.
Actuou em operetas, revistas e teatro declamado, designadamente:
P’rá Frente, revista de Camacho Garcia e Aires Pereira da Costa, 1906;
Casta Susana, opereta de Jorge Oyonkowsky, adaptada por José Paz
Guerra em 1909; Céu Azul, de Luís Galhardo, Pereira Coelho e Gustavo de
Matos Sequeira, em 1914; Dominó e a revista Diabo a Quatro, 1915; Novo
Mundo, levada à cena no Éden em 1916; A Torre de Babel, de parceria com
Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, 1917; O Conde Barão,
de autoria da mesma parceria, estreada em 1918; Miss Diabo, opereta de
Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa; João Ratão, opereta da mesma parceria
em 1920; Pérola Negra, 1922; Poço do Bispo, 1924; O Pão-de-ló, da
parceria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos e Henrique
Roldão, 1925; Água-pé, 1927; Tremoço Saloio, de Xavier de Magalhães,
Lourenço Rodrigues, A. Leal e C. Mourão, 1929; Uma para três, 1933;
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Nobre Povo, revista de autoria de João Bastos e música de Wenceslau Pinto
e B. Ferreira, 1934; Tá Mar, peça de Alfredo Cortez, 1936; Bocage,
opereta, 1937; Cartaz de Lisboa, revista da parceria de Lino Ferreira,
Fernando Santos, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, 1937; Praça
da Alegria, de autoria da mesma parceria, em 1938; O Criado-Patrão, de
Paul Armond, 1940; A Nortada, de Emília Tavares, João Reis e Mário
Duque, 1941; Um Homem Admirável, de Pierre Chaine, 1941; a revista
Marcha de Lisboa, escrita por Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando
Santos e Almeida Amaral, 1941; De Fora dos Eixos e João Ratão, 1943; O
Zé do Telhado, opereta, 1944; A Canção Nacional, de A. Torres e F.
Ferreira, 1944; O Fado da Mouraria, de Alberto Barbosa e José Galhardo e
A Casta Susana, 1945; Ó ai, ó linda, 1947; Tico-Tico, 1948 e a comédia
João da Lua, de autoria de Marcel Achard, representado em 1951 ao lado
de Eunice Muñoz e de Rogério Paulo. Esta foi a sua última interpretação.
Excelente intérprete de alta comédia, as suas composições de figuras
populares chegaram a atingir um nível magistral. Representou em quase
todos os teatros do país.
AMARAL, Humberto do
O actor Humberto do Amaral nasceu em Lisboa, no dia 22 de
Fevereiro de 1876 e faleceu em 1924.
Estreou-se em 31 de Dezembro de 1896 no Teatro Apolo, no drama
Jerónimo o Marinheiro. Entrou, depois, nas principais produções teatrais
Solar dos Barrigas; Burro do Sr. Alcaide; Bocacio; Verónica; Princesa
Magalona; Pericholé; Braga por um Canudo; Ama Seca; Beijos de Burro;
Marido Feliz; Já te Pintei; Boneca; Coração à Larga; O Beijo, Trombeta
da Fama; Com Unhas e Dentes; O Amor em Pó; Dia de Juízo; Cerco ao
Rei; Pé de Dança; A Viúva Gomes; A Rainha do Animatógrafo; Flor da
Rua; Maria do Rosário; O Testamento da Velha; Generala; Reisinho;
Amores de Zíngaro; O Conde de Luxemburgo; Sinos de Cornevile; A Viúva
Alegre; Cigana; O Pão Nosso e Casamento de Nitouche.
A sua vida artística foi passada no Teatro do Príncipe Real, Teatro do
Rato, Teatro Avenida, Teatro de S. Luís e Teatro da Trindade. Foi 5 vezes
ao Brasil. Foi ensaiador dos Estudantes de Medicina.
AMARELHE
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Américo da Silva Amarelhe, nasceu no ano de 1864 e faleceu em
1946. Foi conhecido como o grande cronista do Teatro Português,
retratando grandes figuras do teatro, quer na vida quotidiana, quer no palco.
Quando Amarelhe apareceu em Lisboa, com o seu charuto e a
pronúncia portuense, foi nos palcos e camarins que começou a ser notado.
Rapidamente viu uma série de postais com figuras de gente de teatro a
circular por Lisboa, de José Ricardo, Eduardo Brasão, Augusto Rosa,
Ferreira da Silva, Ângela Pinto, Carlos Leal, António Silva, Vasco Santana,
Adelina Abranches, Palmira Bastos, Laura Costa, Lucinda Simões a Chaby
Pinheiro, entre muitos outros.
Amarelhe tinha o dom especial da imitação, sem esquecer os
processos deformadores da fisionomia, os exageros das linhas faciais ou do
contorno do corpo, que constituem essencialmente o estilo das caricaturas
de Amarelhe.
Na revista De Teatro, no Notícias Ilustrado e no Sempre Fixe, tem
Amerelhe vasta documentação das suas raras qualidades de caricaturista na
galeria de actores, actrizes, autores e maestros.
A sua extensa obra é também marcada por cartazes, capas de partituras
que, segundo Artur Portela, são “duma técnica originalíssima de requintada
beleza e de um alto pensamento decorativo. O traço afinou-se em
sensibilidade. A cor obedece ao ritmo das imagens”.
No período entre as duas guerras, quase todas as grandes figuras do
nosso teatro foram fixadas por Amarelhe.
AMARO, Carlos
Carlos Amaro nasceu na Chamusca, no dia 23 de Agosto 1879 e
faleceu em Lisboa a 8 de Julho de 1946.
Licenciado em Direito em 1907 pela Universidade de Coimbra, fixa-se
depois em Lisboa e entrega-se à propaganda republicana. Em 1911 foi
deputado, membro do Partido Unionista e Conservador do Registo Civil.
Poeta, ensaísta, crítico de arte e dramaturgo, estreou-se com Cena
Antiga ou Entre Dois Beijos, comédia em verso levada à cena em 1905.
Escreveu ainda a peça, S. João Subiu ao Trono, 1927, que, pelo recorte
saboroso dos seus versos e pela sábia ingenuidade da efabulação, se filia na
mais pura tradição vicentina. Ficou inédita a comédia Cabra-Cega,
estreada levada à cena em Setúbal a 23 de Abril de 1935. Escreveu, ainda,
o livro de ensaios Castelos em Espanha.
AMARO, José
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José Pinheiro Amaro nasceu em Lisboa, no dia 11 de Dezembro de
1915 e faleceu em Algés a 15 de Setembro de 1975. Estreou-se no teatro
em Deus Lhe Pague, ao lado do brasileiro Procópio Ferreira, fez também
cinema, opereta e comédia. Durante 12 anos foi chefe dos serviços de
produção da Emissora Oficial de Angola e, depois de 1943, fez parte do
elenco dos Parodiantes de Lisboa.
Interpretou, ainda, alguns dos mais notáveis filmes portugueses como
Maria Papoila, de Leitão de Barros, 1937; Aldeia da Roupa Branca, de
Chianca de Garcia, 1938, ao lado de Beatriz Costa; Amor de Perdição, de
António Lopes Ribeiro, 1943; Camões, de Leitão de Barros, 1946; Três
Espelhos, de Ladislau Vadja, 1947; O Desterrado, 1949 Vendaval
Maravilhoso, 1949, Frei Luís de Sousa, 1950.
A passagem pelos Comediantes de Lisboa proporcionou-lhe algumas
criações, que ficaram a assinalar a sua carreira em peças como Fanny, de
Marcel Pagnol e na Rosa Enjeitada, de D. João da Câmara.
AMORIM, António
O cenógrafo António Amorim, nasceu no ano de 1898(?) e faleceu em
1964(?).
A actividade de António Amorim desenvolve-se na ilustração de livros
e em cenários e figurinos para revista. Na primeira é de referir a ilustração
da Colecção Manecas que, na década de 40, teve grande impacto no país.
A passagem pelo teatro de revista foi bastante breve, deixando-nos
apenas sete revistas desenhadas por si. No entanto, segundo a opinião de
Vítor Pavão dos Santos “deixou figurinos de uma minúcia preciosa,
fantasias folclóricas tratadas como delicadas miniaturas, coloridas com
suavidade, mas de modo a resultar em pleno no palco, como atestam as
fotografias de cena”.
O seu primeiro trabalho neste campo inicia-se em 1929, a convite de
Luísa Satanela e Estêvão Amarante, que desenha o guarda-roupa da revista
O Tremoço Saloio, da parceria de Xavier de Magalhães, Lourenço
Rodrigues, A. Leal e C. Mourão. Os seus trabalhos rapidamente foram
solicitados por outros empresários, como Hortense Luz, que o contratou
para a revista Feira da Luz, estreada no Teatro da Trindade em 1930,
escrita por Félix Bermudes, João Bastos e P. Coelho.
António Amorim é também autor do desenho das cortinas e muitos
trajos da revista A Viagem Maravilhosa, de P. Coelho e Gustavo de Matos
Sequeira, que Amélia Rey Colaço apresentou na Exposição Colonial do
Porto de 1934. Esta revista teve um sucesso tal em termos plásticos, que
rapidamente passou para o palco do Teatro Sá da Bandeira. Depois desta
revista participa em mais duas, estreadas em 1937, com destaque para
52
Balancé, de produção luxuosa e cuidada, em que Corina Freire tentava
impor um novo visual à revista, escrita por Luís de Oliveira Guimarães e A.
Nazaré.
Dedicou-se, depois de 1937, a tempo inteiro à decoração de interiores,
designadamente em lojas da baixa de Lisboa.
AMORIM, Ema de
Ema Pessoa de Amorim Gonçalves, nome artístico Ema de Amorim,
nasceu em Cabo Verde, no dia 26 de Abril de 1874 e faleceu a 22 de Março
de 1925.
Estreou-se no Teatro do Rato, em 1889, em Pão Pão, Queijo Queijo,
seguindo-se, depois, muitas outras interpretações, designadamente em Tim
Por Tim Tim, Agulhas e Alfinetes, Sal e Pimenta, Solar dos Barriga, Burro
do Sr. Alcaide, Duas Órfãs, Tomada da Batinha, Bocacio, e Voluntário de
Cuba.
Trabalhou nos principais teatros de Lisboa e Porto e fez várias
digressões à província e Brasil.
AMORIM, Guedes de
O escritor e jornalista António Guedes de Amorim nasceu em
Sedielos, Peso da Régua, no dia 26 de Outubro de 1901 e faleceu em
Lisboa a 11 de Março de 1979.
Aos 18 anos de idade consagrou-se ao jornalismo na cidade do Porto
e, a partir de 1935, em Lisboa. Aos 20 anos, depois de ter colaborado em
jornais académicos e escrito pequenas peças de teatro, desfrutava já, no
Porto, de renome literário.
A par da reportagem, cultivou a ficção e o género histórico. Publicou
contos, novelas, biografias e romances. Com o romance Aldeia das Águas,
1939, obteve o Prémio Ricardo Malheiro e com Jesus Passou por aqui,
1963, o Prémio Cervantes. O volume Francisco de Assis Renovador da
Humanidade, 1960, testemunha o seu itinerário espiritual.
Teve uma fecunda produção, em que as preocupações sociais e a
exaltação mística se combinam. Das peças que escreveu é de referir
Maldição, em 2 actos, levada à cena por amadores, mas que, como livro,
ficou inédita.
AMORIM, Pestana de
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O actor António Carlos Freitas Pestana de Amorim, de nome artístico
Pestana de Amorim, nasceu em Lisboa, no dia 15 de Fevereiro de 1891,
onde faleceu em 1961.
Tirou o 5º ano do liceu e matriculou-se no Conservatório, seguindo
para o teatro depois de terminar o curso.
Estreou-se a 1 de Outubro de 1910, no Teatro Nacional D. Maria II, na
peça Burguês Fidalgo, de Molière, numa tradução do poeta António
Feliciano de Castilho.
Actuou em todos os teatro de Lisboa, Porto e província nos teatros
Recreio, República e Apolo, do Rio de Janeiro, Teatro de S. José, de São
Paulo. Integrou diversas companhias, nomeadamente Ruas, Lucília Simões,
Palmira Bastos, Maria Matos, Mendonça de Carvalho, Alves da Cunha,
Luís Galhardo, Lopo Lauer, Ilda Stichini e Adelina Abranches.
Foram muitas as peças em que participou, como Jigajoga; O Príncipe
da Cochinchina; Aqui d’El-Rei; Amanhecer; Divorciemo-nos; Os Dominós
Cor de Rosa; Irmãos Unidos; D. Paço de Manzanilha; Bichinha Gata; A
Castelã; O Leque; Madame Flirt; Sinal de Alarme; Ninho de Águias; Os 3
Anabaptistas; Príncipe João; Os Homens de Hoje; A Exilada; Aventuras de
Rafael; Mulher que Passa; Morgadinha de Vale Flor; Mártir do Calvário;
Homem de Gelo; Duas Causas; Negócios São Negócios; Cobardias; Paz
em Tempo de Guerra; Cadeira nº 13; Palavra de Honra; Fado; Viagem de
Suzete; Entre os Lobos; Pinto Calçudo; Rosa Tirana; Mouraria; O Velho
da Horta; Arisca; Perigo Amarelo; O Homem das 5 Horas; De Capote e
Lenço; Nun’Álvares; Folha Corrida; O Chico das Pegas; Amores em
Coimbra; A Águia Negra; De Alto a Baixo e O Sonho Dourado.
ANDRADE, Álvaro de
O jornalista e comediógrafo, Álvaro de Andrade, de seu nome
completo Álvaro Jorge Vaz Ferreira de Andrade, nasceu em Lisboa, no dia
3 de Julho de 1894 e faleceu a 11 de Novembro de 1976.
Foi chefe dos serviços de produção da Emissora Nacional e chefe de
redacção dos jornais: Diário de Lisboa, Diária da Manhã e Jornal do
Comércio e das Colónias e também das revistas Ilustração, Notícias
Ilustrado e Hoje. Dirigiu também, por algum tempo, o jornal desportivo A
Bola. Como crítico teatral exerceu no jornal Restauração, onde trabalhou
durante o ano de 1921.
Come comediógrafo gostava de divagar, de imaginar peças e
companhias de teatro e de saber pequenas histórias o palco. Estreou-se em
1924 no Teatro de São Carlos, na companhia de Lucília Simões e Erico
Braga.
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Colaborou em várias revistas e adaptações. As principais peças que
traduziu foram para a companhia de Lucília Simões-Erico Braga. Na
função de tradutor e adaptador, referimos: O Homem e os Seus Fantasmas,
Condessa Maria, O Homem das 5 Horas, Mademoiselle Pascal, A Pastilha
do Amor (em colaboração com Lino Ferreira), Criminosos, 2 Milhões, Eu e
Ela, O Branco e o Preto, A Primeira Noite, O Sr. Dr. e Seu Marido, O Sr.
Prior, Amorosa, O Deitar da Noite (em colaboração com Tomaz Ribeiro
Colaço), O Pai Queiroz, também com a mesma colaboração, O Banqueiro
Burlão, A Grã-Duqueza e o seu Criado de Quarto e A Língua das
Mulheres.
Escreveu o original Há Homens para Tudo, em parceria com Tomaz
Colaço e Fernando Ávila.
ANDRADE, António de
António de Andrade nasceu em Lisboa, no dia 13 de Abril 1854 e
faleceu a 18 de Dezembro de 1942.
Não obstante ser um cantor de ópera, estreou-se como actor,
representando com enorme êxito, no Teatro Taborda, a peça Os Fidalgos
da Casa Mourisca.
Dotado de uma excelente voz de tenor, especializando-se em Itália,
viria a passar pelos principais teatros europeus, desde Moscovo,
Sampetersburgo a Porto e Lisboa, entre outros.
ANDRADE, Augusto
O actor Augusto Andrade nasceu em Setúbal e faleceu em Santiago do
Cacém a 29 de Novembro de 1922.
Fez durante alguns anos, parte da companhia Soares, companhia com
grande mérito na província. Depois fez-se empresário, sendo o primeiro a
contratar a actriz Ilda Stichini.
Passou depois a fazer parte da companhia do actor Carlos de Oliveira,
onde esteve contratado 4 anos, vindo a falecer em Santiago do Cacém,
quando a mesma companhia passou por aquela terra.
Nunca representou em Lisboa, onde era conhecido só de nome. Era
um actor bastante consciencioso, conhecendo a sua arte e tendo no seu
repertório muitas peças do reportório de José Ricardo, que tinha por ele
bastante admiração.
ANDRADE, João Pedro de
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João Pedro de Andrade nasceu em Ponte de Sor, no dia 13 de Março
de 1902 e faleceu em Lisboa a 12 de Março de 1974.
Veio para Lisboa aos 12 anos de idade. Desenvolveu larga actividade
como crítico literário e teatral, publicando em volume alguns ensaios
consagrados ao romance português contemporâneo, em 1942 à poesia da
moderníssima geração, em 1943 e a Raul Brandão, 1963.
Estreou-se com um livro em verso, em 1922 e publicou a novela A
Hora Secreta, em 1965. Mais significativa é a sua produção teatral,
iniciada em 1925 e que se impôs a partir da publicação da Continuação da
Comédia, em 1939, apresentada por José Régio que nele elogiava «a
naturalidade e qualidade literária do diálogo, a finura de observação
psicológica, a segurança dos recursos técnicos, o interesse dos motivos».
Esta peça subiu à cena em 1948, no segundo espectáculo dos
Companheiros do Pátio das Comédias. Referimos outras peças, como: O
Lobo e o Homem, 1925; A Ave Branca, 1927; A Glória dos Césares, Eva e
sua Filha, 1933; A Outra Face da Vida, 1934; Adolescente, 1935; Cegos,
representada no Conservatório Nacional por alunos de Araújo Pereira em
1937; Uma Vez Só na Vida, Transviados, peça em 3 actos, 1941; Outros
Ventos, 1945; Maré Alta, publicada em 1947 que, destinada ao Teatro
Estúdio do Salitre, a sua representação foi proibida pela censura em 1974;
Barro Humano, 1948 e O Diabo e o Frade, 1963.
ANJOS, António
O actor António Anjos nasceu em 1936 e faleceu a 21 de Janeiro de
1995.
Estreou-se no Teatro Nacional em 1956, com a peça Breve Sumário da
História de Deus, de Gil Vicente, ainda como aluno do Conservatório
Nacional de Lisboa. Neste teatro ainda fez Avó Lisboa, de Leitão de Barros,
ao lado de Palmira Bastos, Erico de Braga, Luz Veloso, Hortense Luz,
Pedro Lemos e Vasco Santana. A encenação foi também de Leitão de
Barros.
Acabado o curso, ingressou no Teatro do Gerifalto e na Companhia
Nacional de Teatro, dirigida por António Manuel Couto Viana, no Teatro
da Trindade. Aí, além de dezenas de peças infantis, fez Nunca se Sabe, de
Bernard Shaw, que lhe valeu o Prémio de Revelação e ainda participou na
Rainha e os Revolucionários, de Ugo Betti e Mercador de Veneza, de
William Shakespeare, entre outras.
No ano de 1963, estreou-se com Ivone Silva, Henriqueta Maya,
Francisco Nicholson e Irene Cruz, no Teatro ABC, numa companhia que
foi renovar o teatro de revista de então, com os espectáculos: Gente Nova
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em Bikini, de autoria de César de Oliveira, Francisco Nicholson e Rogério
Bracinha. Música de José de Magalhães, com Yola, Irene Cruz, Francisco
Nicholson, Henriqueta Maia, Manuela Maria, Nina Flores, Esmeralda
Amoedo, João Maria Tudela, António Anjos e Ivone Silva; Chapéu Alto,
escrita pela mesma parceria, musicada por João Nobre e José de
Magalhães, com a interpretação de Ivone Silva, Francisco Nicholson,
Henriqueta Maia, Manuela Maria, António Anjos, Esmeralda Amoedo e
António Calvário e Lábios Pintados, 1964, escrita pela mesma parceria, no
texto e na música, interpretada por António Anjos, Ivone Silva, Francisco
Nicholson, Manuela Maria, Maria Alice, António Calvário e Fernanda
Baptista. A seguir a estas três revistas seguiram-se outras, num total de
cerca de vinte produções; duas tournées em África e três aos Estados
Unidos.
Em 1970 vai para Cascais para o Teatro Experimental, trabalhar com
Carlos Avilez nas peças Antepassados Vendem-se, de Joaquim Paço
d’Arcos e Um Chapéu de Palha de Itália, de Labiche. Com esta companhia
foi até ao Japão, à Expo 70, onde representou o Auto da Barca do Inferno,
de Gil Vicente. Em 1971, integrou a Companhia Teatral de Angola, sediada
em Luanda, onde fez até 1975, o protagonista do Tartufo, de Molière e,
entre outras peças, O Processo de Jesus, Homem do Princípio ao Fim e A
Ratoeira.
Depois do 25 de Abril de 1974, esteve em várias companhias
independentes: Os Cómicos, onde fez A Mandrágora, de Maquiavel,
dirigida por Ricardo Pais; na Teatro A Barraca, onde fez Histórias de
Fidalgos; no Teatro A Cornucópia, onde participou em Capitão Shell e
Capitão Esso, dirigido por Luís Miguel Cintra. No ano de 1980 passou a
integrar o elenco residente do Teatro Nacional de D. Maria II, onde fez,
entre outras, O Judeu, de Bernardo Santareno; Rómulo, o Grande, de F.
Durrenmatt; O Doido e a Morte, de Raul Brandão; A Sobrinha do Marquês,
de Almeida Garrett; Guerras de Alecrim e Manjerona, de António José da
Silva; As Sabichonas, de Molière.
Em 1988 foi cedido à Companhia de Teatro de Lisboa, onde
interpretou Feydeau, no espectáculo Boulevard Boulevard.
Ao longo de toda a sua carreira, colaborou sempre no teatro
radiofónico da RDP e na televisão, onde fez programas infantis e séries,
com destaque para a Rua Sésano.
ANJOS, Emília dos
Emília dos Anjos nasceu no dia 22 de Maio de 1846 na freguesia dos
Anjos, em Lisboa onde faleceu a 3 de Julho de 1921.
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Emília dos Anjos, apesar do seu modesto nascimento, pois o pai era
sapateiro, procurou sempre estudar e instruir-se, sendo uma das actrizes
que, na época, mais liam e melhor conversava.
O seu primeiro contacto com a arte de representar, deu-se em teatros
particulares, principalmente no Teatro da Floresta, um teatrinho de ferro e
cristal construído no centro dos jardins da antiga Floresta Egípcia, fundada
por José Ostina, na antiga Rua do Colégio dos Nobres, hoje Rua da Escola
Politécnica.
Tendo cursado o Conservatório, prestou provas públicas no Teatro
Nacional D. Maria II em 4 de Fevereiro de 1865, na comédia que lhe serviu
como exame e que se intitulava Por um Cabelo, de autoria de Feuillet, com
tradução de Duarte de Sá e em que representou com o actor Carlos dos
Santos, de quem fora discípula predilecta. Esta comédia agradou de tal
forma que Emília dos Anjos, ficou logo fazendo parte da companhia do
mesmo teatro, como artista de 2ª classe. Fez, depois, uma época com a
companhia de Francisco Palha no Teatro da Rua dos Condes, ao lado de
Delfina, Emília Adelaide, Carlos Santos e Tasso, entre outros, cujos artistas
acompanharam Francisco Palha na sua saída do Teatro D. Maria II.
Entrando de seguida com outros elementos que foram inaugurar o
Teatro da Trindade, em 1867. Aí fez um grande repertório até 1871. A
Companhia inaugural do Teatro da Trindade e do elenco do espectáculo
inaugural, era constituída pelos artistas: Tasso, Isidoro, Queirós, Eduardo
Brasão, Delfina do Espírito Santo, Rosa Damasceno, Leoni, Emília
Adelaide, Mariana Ferraz, Emília dos Anjos, Lucinda da Silva, Gertrudes
Carneiro, Ernestina Duarte, Bayard e Lima.
Na noite de 30 de Novembro de 1867 inaugurava-se o Teatro da
Trindade, com um longo espectáculo, constituído por um drama em 5
actos, A Mãe dos Pobres, de autoria de Ernesto Biester e a comédia
espanhola em 1 acto o Xerez da Viscondessa, adaptada e traduzida por
Francisco Palha que se esmera na organização de uma brilhante companhia,
da qual faziam parte os maiores nomes do teatro de então. O ponto era
Cipriano José dos Santos, antigo actor do Teatro Condes e o ensaiador,
José Maria da Cunha Moniz. Emília dos Anjos participa, em seguida, nas
peças Duas Bengalas, comédia em 1 acto, com tradução de Ricardo José
Sousa Neto, estreada no Teatro do Ginásio em 1855 e mantendo-se nos
anos seguintes. Repetida, depois, nos Teatros: D. Maria II, Avenida, Rua
dos Condes e Trindade; Família Benoiton, comédia em 5 actos de
Victorien Sardon, traduzida por Ernesto Biester, estreada pela primeira vez
no Teatro da Rua dos Condes, em 1866 e repetida, depois, nos Teatros da
Trindade e Ginácio; Conspiração na Aldeia; Provincianos em Lisboa; Mãe
da Justiça; Tempestade na Família; Carta Anónima; Médico à Força.
Comédia em 5 actos de Molière, com arranjo do Visconde de Castilho,
estreada nos Teatros do Ginásio, D. Maria II e D. Amélia; Diário de
58
Notícias; Bons Vizinhos; Médico, comédia em 3 actos, com arranjo de
Aristides Abranches, estreada no Teatro do Ginásio, em várias épocas e no
Teatro D. Maria II, D. Amélia e Recreios; Gata Borralheira, representada
em 1869, arranjada da mágica francesa Cendrillon, por Joaquim Augusto
de Oliveira e com música de Ângelo Frondoni. Obteve um grande êxito. O
desempenho foi confiado a Delfina, Ana Pereira, Rosa Damasceno, Emília
dos Anjos, Mariana Ferraz, Lucinda da Silva, Carolina Felgas, Isidoro,
Queirós, Augusto, Leoni e Bayard. Esta peça teve repetição em 1874 e,
depois, em 1896; Viver de Paris; Rosa de Sete Folhas; Grande Duquesa;
Dalila; Rouxinol das Salas, ópera – cómica em 3 actos, arranjo de Aristides
Abranches, representada no Teatro da Trindade em 1871 e várias
reposições no mesmo teatro; Posso Falar à Srª Queirós?; Rascunho;
Última Moda; Papafinas, Contos de Bocácio; Fruto Proibido; e Pepe
Hillo.
O período mais brilhante da sua carreira foi no Teatro do Ginásio,
junto de grandes artistas, entre eles: Maria das Dores, Margarida Cruz,
Maria Adelaide, Pola, João Rosa, Augusto Rosa e Pinto de Campos, onde
entrou em 1871 e representou em muitas peças com bastante êxito,
nomeadamente em Os Campinos, de S. Marques (1873); Lenço Branco,
comédia em 3 actos, traduzida por Rangel de Lima e representada no
Teatro do Ginásio em várias épocas; High-life; Bola de Sabão, comédia em
3 actos, traduzida por Mariano de Carvalho, representada no Teatro do
Ginásio em 1874; Família Mongrol; Os Lazaristas; Eugénia Milton,
(1875); Os Enjeitados; (1876) e O Saltimbanco, (1877) estas quatro
últimas, da autoria de seu marido, o dramaturgo António Enes.
Na temporada de 1877-78 integrou o elenco do Teatro da Rua dos
Condes. Na temporada de 1878-79, voltou ao Teatro Nacional D. Maria II,
por contratação da empresa Brasão, Biester & Cª., onde se manteve de
1880 a 1892 (ano em que se retirou do palco). No Teatro Nacional D.
Maria II, participou na representação da peça O Grande Homem, comédia
em 4 actos de Teixeira de Queirós, estreada em 18 de Fevereiro de 1881,
com Joaquim de Almeida, Augusto Rosa, João Rosa, Eduardo Brasão,
Acácio Antunes, Júlio Vieira, Macedo, Sousa, Emília dos Anjos, Virgínia,
Luísa Lopes e Emília Cândida.
Neste teatro, entrou no elenco da comédia-drama em 4 actos,
Cipriano Jardim, representada, pela primeira vez, em 29 de Agosto de
1882. Nela entraram: Carolina Falco, Emília dos Anjos, Luísa Lopes,
Emília Cândida, Maria Adelaide, Joana Carlota, João Rosa, Joaquim de
Almeida, Augusto Antunes, Joaquim Costa e Baptista Machado.
Em 13 de Janeiro de 1885, deu-se uma representação no Teatro
Nacional a favor das vítimas dos terramotos da Andaluzia e a 17 estreou-se
a peça o Cão de Cego, numa tradução de Garrido, que se representou com
uma casa quase vazia. No entanto, os espectadores presentes deliciaram-se
59
com o desempenho de Eduardo Brasão, Carolina Falco, António Pedro e
Emília dos Anjos.
Foi também societária deste Teatro, através de um concurso aberto em
22 de Julho de 1880, onde, no mesmo, constava que os sócios eram
Carolina Falco de Lacerda, Emília dos Anjos, Emília Cândida, Virgínia
Dias da Silva, João Rosa, Augusto Rosa, Pinto de Campos e Eduardo
Brasão.
Era das actrizes do seu tempo mais cultas. Poderia ter prestado outros
e melhores serviços à história do teatro se não tivesse tido tantas decepções,
designadamente ao ser irradiada da sociedade do Teatro Nacional D. Maria
II, abandonando logo de seguida a nível teatral.
Para além das peças citadas, as principais em que representou foram
as seguintes: A Estrangeira, de Dumas Filho (1880); Condessa Heloisa, de
Gervásio Lobato (1882); Dionísia, de Sardou (1885); em «D. Maria Teles»
da Leonor Teles, de Marcelino Mesquita, drama histórico em verso, 5
actos, representado pela primeira vez por um grupo de estudantes, em 1876
e, na versão definitiva, no Teatro Nacional D. Maria II, em 3 de Outubro de
1889, com Virgínia, Emília dos Anjos, Rosa Damasceno, Eduardo Brasão,
Augusto Rosa, Posser, A. Antunes, Baptista Machado, Ferreira da Silva,
Bravo, Santos, Silva, Umbelina e Pinheiro, entre outros e A Madrugada,
comédia em 3 actos de Fernando Caldeira, publicada em 1892, que foi
apresentada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II, em 26 de
Abril de 1892, com as interpretações de João Rosa, Eduardo Brasão,
Augusto Rosa, Fernando Maia, Ferreira da Silva, Antunes, Alves, Joaquim
Ferreira Silva, Bayard, Massas, Rosa Damasceno, Carolina Falco, Emília
dos Anjos, Iva Ruth, Emília Cândida, Amélia Cristina e Alidá, entre outros
e Baronesa da Madrugada, de F. Caldeira (1892).
ANTUNES, Acácio
Acácio Antunes nasceu na Figueira da Foz, no dia 6 de Agosto de
1853 e faleceu em Lisboa a 2 de Abril de 1927.
Estreou-se como autor dramático em 1880, traduzindo para o Teatro
da Trindade a ópera cómica A Embaixatriz, a que se seguiu a comédia
original em 3 actos Às Onze e Meia, representada no Teatro do Ginásio.
Depois, adaptou numerosas óperas cómicas, operetas e zarzuelas, sendo
notável a facilidade com que ligava os versos à música original.
Entre as obras que assim arranjou para a cena portuguesa, contam-se:
Colégio de Meninas e Os 28 dias de Clarinha, em colaboração com
Gervásio Lobato, levada à cena no Teatro da Trindade em 1890 e 1894; A
Guerra Alegre, estreada no mesmo teatro em 1892; Vénus, no Teatro D.
Amélia em 1895; A Boneca, em colaboração com Sousa Bastos, Teatro
60
Avenida, 1900; Verónica, Teatro D. Amélia, 1907; Padre Valbuena, levada
à cena no Teatro Apolo, em 1912; O Jardim de Aspásia, no Teatro S. Luís
em 1921; A Canção do Olvido, A Montaria e Os Gaviões, representadas no
mesmo teatro em 1925; Roma Galante, também no mesmo teatro em 1926.
É responsável por várias operetas vienenses, designadamente: Sonho
de Valsa, O Conde de Luxemburgo, Amores de Príncipe, Eva, A Casta
Susana, A Bailarina Descalça, A Dança Roxa e A Mulher de Mármores,
esta última levada à cena no Teatro de S. Luís em 1927.
Extraiu do romance de Júlio Verne, Atribuições de um Chinês ma
China uma opereta, Kin-Fa, que se estreou no Teatro do Príncipe Real do
Porto, e com, Machado Correia traduziu A Cigarra, musica de F. Gazul,
apresentada no Teatro da Trindade em 1888. Escreveu as revistas O Ano
em Três Dias, escrita em parceria com Machado Correia, música de Filipe
Duarte estreada no Teatro do Príncipe Real em 1904 e De Ponta a Ponta,
escrita também em colaboração com Machado Correia, música de A.
Mântua e L. Filgueiras, levada à cena no Teatro da Trindade em 1918.
Em 1890 publicou uma tradução em verso de O Rei Diverte-se, de V.
Hugo. Traduziu as peças: O Tio Milhões, de H. Heule, estreada no Teatro
Nacional D. Maria II em 1893; A Primeira Seta, de Blumenthal, levada à
cena no mesmo teatro em 1895; A Carvoeira, de H. Crémieux e P.
Decourcelles, em colaboração com Eduardo Schwalbach, estreada no teatro
do Príncipe Real em 1896; A Corrida do Fado, de P. Hervieu, levada à
cena no Teatro D. Amélia em 1902; Uma Visita, de E. Brandis, estreada no
teatro Nacional D. Maria II em 1904; O Leque, de Flers e Caillavert,
estreada no Teatro D. Amélia em 1909; e A Alegria de Viver, de P. Wolff e
G. Leroux, estreada no Teatro Politeama em 1920, entre outras.
Em 1895 deslocou-se ao Brasil como ensaiador e director de uma
companhia teatral organizada por Sousa Bastos, permanecendo cinco anos
no Rio de Janeiro, onde estreou em 1899, com grande êxito, a revista O
Buraco, escrita com Moreira Sampaio. Quando regressou a Portugal
exerceu as funções de ensaiador em vários teatros, nomeadamente no
Teatro Nacional D. Maria II (1901) e Teatro Apolo em 1911, na empresa
de Eduardo Schwalbach.
Escreveu, também, diversos monólogos e cançonetas, como O
Estudante Alsaciano e O Pão Fresco, que se tornaram bastante populares e
fizeram parte do repertório de grandes actores como Chaby Pinheiro e
outros.
ANTUNES, Augusto
O actor Augusto Antunes nasceu em Lisboa, no dia 22 de Outubro de
1849 e faleceu a 15 de Novembro de 1912.
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Tipógrafo e amador dramático, Augusto Antunes estreou-se no Teatro
das Variedades, através do empresário Costa Matraco, em Novembro de
1868, no drama O Amor da Pátria ou o que são os Portugueses, teatro
aquele onde permaneceu algum tempo. Depois, passou o Teatro do
Príncipe Real, onde se estreou na mágica Pele de Burro, continuando neste
teatro até 1876. A seguir, é contratado para o Teatro D. Maria II, onde
apareceu no drama marítimo de César de Lacerda O Botão de Âncora.
Conservou-se neste teatro por muitos anos, na empresa Rosas & Brasão,
com a qual passou para o Teatro Dona Amélia.
Segundo relatos da época, foi o actor que melhor sabia caracterizar-se.
Tomou parte na representação das seguintes peças: Afonso VI, 1890;
Alcácer - Kibir, 1891 e Os Velhos, 1893, as três da autoria de D. João da
Câmara e A Severa, de Júlio Dantas, em 1901; D. César de Bazan;
Ressurreição; Madame Sans-Gêne, em 1904; Aspásia; A Arlesiana;
Henrique III; O Adversário; João José; Os Íntimos; O Judeu Polaco; A
Nossa Mocidade; O Duque de Viseu; Zázá; Vénus; O Avô; Magda, de
Sudermann em 1903; Tragédia Antiga; Francillon; O Subprefeito da
Château Buzard; A Clareira, Cão de Cego; Por Causa de Uma Carta;
Radiante; O Marido; Os Galopins; A Toutinegra Real; O Amigo das
Mulheres e Os 4 Cantinhos.
Foi casado com a actriz Umbelina Antunes.
ARAGONEZ, Elisa
Elisa Aragonez nasceu em Espanha e de lá veio para Portugal na
companhia de uns patrícios que, como ela, era saltimbancos ou palhaços.
Começaram a trabalhar nas barracas de feira, percorrendo diversas, até que
foram parar à mais afamada da época, a dos irmãos Dallot.
Com a transformação das feiras, que se modernizaram para um género
de teatros específico, Elisa Aragonez, educou-se e cresceu no seu percurso
artístico. Passou depois a actuar no Teatro do Rato onde demonstrou
habilidades e disposição para a cena. Tendo depois andado pela província e
estado no Porto, em 1891, veio fazer parte do elenco do Teatro Alegria,
como uma das suas primeiras figuras, agradando bastante, mas
essencialmente no propósito patriótico, escrito por Campos Júnior com o
título A Torpeza, em referência ao Ultimatum da Inglaterra. Nessa peça
heróica Elisa Aragonez desempenhava o papel da História. Além de
aplaudida pelo público, foi unânime e calorosamente louvada pela
imprensa.
Depois, esteve uma época no Teatro da Rua dos Condes,
representando papéis em que não pôde salientar-se. Passou depois para o
Teatro do Príncipe Real onde obteve sucesso na paródia de Esculápio ao
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drama João José. Foi ao Brasil com a companhia de José Ricardo mas ali
pouco fez, porque a doença já a atormentava bastante. Regressando a
Lisboa faleceu a 24 de Setembro de 1905.
ARANHA, Pedro Wenceslau de Brito
Escritor e jornalista, tradutor, adaptador e bibliógrafo, nasceu em
Lisboa, no dia 28 de Junho de 1833 e faleceu a 8 de Setembro de 1914.
De origem humilde, não pôde, por falta de recursos, seguir curso
algum, vendo assim contrariadas as suas aspirações literárias. Depois de
obtidos os rudimentos de instrução primária, entrou aos 16 anos na
aprendizagem da arte tipográfica, exercendo-a com algumas intermitências
até 1857. Fez parte do quadro do pessoal artístico da Imprensa Nacional.
Dava à leitura todos os momentos livres e cultivava o convívio e a
conversação com pessoas ilustradas. Estreou-se no jornalismo em 1852,
com um artigo sobre trabalhos da Associação Tipográfica Lisbonense, nas
colunas do Jornal do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classe
Laboriosas. Em seguida publicou uma carta na Tribuna do Operário, jornal
dirigido por F. Vieira da Silva. Animado pelo acolhimento que estes
escritos mereceram e aconselhado por alguns amigos, abandonou a arte
tipográfica e entregou-se inteiramente ao jornalismo, passando a colaborar
em periódicos e revistas, publicando originais e traduções. Entre a
vastíssima colaboração que dispersou pela imprensa diária e periódica
devemos salientar a que prestou à revista Arquivo Pitoresco na qualidade
de director e de cujos últimos volumes dirigiu a publicação, juntamente
com Vilhena Barbosa, além de colaborar nos jornais Liz, Leiriense, Diário
Ilustrado, Correio da Manhã, Diário do Recife, Correio da Europa, Gazeta
de Notícias, Comércio do Porto, Artes e Letras, Rei e Ordem, Ocidente,
Federação, Gazeta do Povo, Jornal para Todos, Gazeta de Portugal,
Arquivo Familiar, Política Liberal, Correspondência de Coimbra, Futuro,
trabalhando ainda como tradutor e revisor no Jornal do Comércio, Distrito
de Leiria, entre outros. O trabalho de maior vulto é a continuação do
Dicionário Bibliográfico Português, de Inocêncio Francisco da Silva, num
total de 12 volumes. Essa empresa a que meteu ombros abriu-lhe as portas
da Academia Real das Ciências, que o nomeou seu sócio correspondente.
Entre os volumes publicados é de justiça salientar dois consagrados à
bibliografia camoniana e que constituem preciosa e completíssima
documentação do que se havia escrito sobre os Lusíadas e o seu autor. Foi
por morte de Eduardo Coelho e a convite do fundador sobrevivente, o
conde de S. Marçal, que Brito Aranha foi ocupar o lugar de redactor
principal do Diário de Notícias. O seu nome figura entre os dos fundadores
da Sociedade de Geografia de Lisboa, Albergue dos Inválidos do Trabalho,
63
Associação Tipográfica Lisbonense, de que foi fundador em 1855, Artes
Correlativas, Grémio Artístico e Associação dos Escritores e Jornalistas
Portugueses. Pelos serviços prestados como vogal da Associação
Tipográfica Lisbonense, durante a epidemia da febre amarela em 1857, foilhe concedido o grau de Cavaleiro da Torre e Espada e dada pela Câmara
Municipal de Lisboa a Medalha de Prata por serviços humanitários. Viveu
sempre alheio a lutas políticas, sendo a sua vida um exemplo de trabalho
contínuo e útil e de dignidade profissional. Com as iniciais B. A. publicou
um livro sensacional: Os Jesuítas em 1860. Entre muitas outras obras, deu
à estampa: Elementos de Corografia do Brasil, 1888; Elementos de
Corografia de Portugal, 1888; Leituras Populares, 1871; Memórias
Histórico-Estatísticas de Algumas Vilas e Povoações de Portugal, 1871;
Glorificação do Actor (dedicado ao actor Joaquim José Tasso), 1864;
Glorificação a Vítor Hugo; Emília dos Anjos, esboço biográfico, 1874;
Lágrimas e Saudades, 1872; Esboços e Recordações, 1875; Processos
Célebres do Marquês de Pombal, 1882; Subsídios para a História do
Jornalismo nas Províncias Ultramarinas, 1885; Uma Memória BioBibliográfica de Mendes Leal, 1887; Memória Àcerca dos Terramotos de
Lisboa; Factos e Homens do Meu Tempo, 1907-1908, em três volumes; A
Obra Monumental de Luís de Camões, estudos biográficos em dois
volumes publicados em 1870-89; A Imprensa de Portugal nos Séculos XV e
XVI, 1898 além de uma infinidade de contos originais e outros traduzidos.
Para o teatro escreveu Às Armas!...pela França, cena dramática
oferecida a Victor Hugo representada no Teatro do Ginásio em 1870; O
Hábito Não Faz o Monge, ópera-cómica em 3 actos imitação, que se
representou no Teatro da Trindade em benefício da actriz Rosa
Damasceno; Receita para Casar, comédia em 1 acto, imitação,
representada nos Teatros de Lisboa e Porto; Pela Boca Morre o Peixe,
comédia-drama em 5 actos, traduzida; Amor à Pátria, drama, em 3 actos,
original, miscelânea literária, crítica e política e muitas traduções e
arranjos.
Na sua vasta obra reflecte-se bem a influência do liberalismo e do
socialismo, então imperantes.
O centenário do seu nascimento foi solenemente comemorado em
Lisboa a 28 de Junho de 1933, comemoração a que deu o seu apoio a
Academia das Ciências de Lisboa.
ARAÚJO, Assis
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O autor teatral, de nome completo José Bento de Araújo Assis, nome
artístico, Assis Araújo, nasceu em Lisboa, no dia 9 de Janeiro de 1841 e
faleceu em 1920.
Para além de autor teatral foi redactor do jornal de arte Crónica dos
Teatros. Escreveu obras teatrais, quase todas representadas com êxito.
Entre elas destacamos os dramas O Segredo Duma Esmola, Dúvidas do
Coração, Trevas e Luz, Abençoada Resignação e Cabo Simão; as
comédias: Deus nos Livre de Mulheres, O Que é o Destino, A Ciência aos
Trambolhões, Um Tutor, As Lições de Joaninha, Protecção e Mistério e
Um Encontro no Ónibus e a farsa lírica Enganos e Loucuras.
Este autor escreveu também a biografia da artista Luísa Fialho e a do
ponto-autor Ricardo José Fortuna.
ARAÚJO, José Inácio de
José Inácio de Araújo nasceu em Lisboa, no dia 30 de Julho de 1827,
onde faleceu a 23 de Agosto de 1907.
Cultivou a poesia com espontaneidade, primor e graça nas suas horas
vagas, pois era ourives de profissão. Chamavam-lhe o poeta-operário.
Abordou o teatro com êxito nas seguintes peças originais, quase todas
em verso, ao nível de poesias cómicas, monólogos e entreactos
humorísticos. A sua obra fez parte dos actores cómicos mais populares de
Lisboa. A sua abundante produção dramática compreende também
tragédias burlescas em verso. Da sua obra referimos: A Princesa de
Arrentela, em 3 actos; O Espectro, A Sombra do Sineiro, em 3 actos,
editada em 1860; Um Bico em Verso, Um Progressista de Escacha
Pessegueiro, Por Causa de Uma Serapina, Dois Curiosos Como há
Poucos, Um Velho de Bom Gosto, O Principie Escarlate, em 2 actos,
editada em 1862; Procópio, Íman de Corações, Cosme Parola, Simplório e
Giraldo, Morte de Renhaunhau, O Sr. Galvão, A Herança do TamborMor, comédia em 1 acto, editada em 1866; Últimos Momentos de Um
Judas, O Trapeiro; A Vingança, opereta em 1 acto, editada em 1867; Um
Homem que Tem Cabeça, comédia em 1 acto, editada em 1864; A Viúva
Felizarda, comédia em 1 acto, editada em 1863 e Um Sonho do Citado
Autor, revista escrita em colaboração com João Soler e estreada no Teatro
Avenida em 1891.
Traduziu também em verso, para o Teatro D. Maria II a comédia A
Mulher de Sócrates e, em colaboração com João Soler, imitou a zarzuela
El Plato Del Dia e escreveu a revista Um Sonho do Citado Autor.
ARAÚJO, Luís de
65
Poeta e comediógrafo nasceu em Portalegre no dia 5 de Abril de 1833
e faleceu em Lisboa a 12 de Janeiro de 1908. Era filho do advogado e
escritor popular, Luís António de Araújo. Foi funcionário público e esteve
colocado na secretaria do Ministério das Obras Públicas.
Começou a sua carreira literária aos 20 anos de idade, animado e
auxiliado pelo pai, aproveitando com rara facilidade episódios de ocasião,
para os reproduzir em cena, sendo sempre fiel observador dos usos e
costumes populares, a que dava especial relevo a sua grande veia cómica.
A sua estreia no teatro deu-se com a comédia em 1 acto, Por Causa de
um Algarismo, com bastante êxito, levada à cena em 1854 no Teatro do
Ginásio, por Taborda, Isidro e Sargedas e para a qual seu pai escreveu, em
continuação, a comédia em 2 actos Mestre Igreja muito em cima.
Depois, entre outras, escreveu as comédias: Zé Canaia, comédia de
costumes saloios; Regedor; O Senhor João e a Senhora Helena, comédia
estreada no Teatro da Rua dos Condes em 1863; O Meu Casamento,
comédia em 2 actos, também representada no Teatro da Rua dos Condes
em 1866; Não se Casem Assim, comédia em 1 acto, estreada no Teatro
Nacional II em 1865; Ciúmes, Amor e Cozinha, 1 acto, 1870; Amanhã Vou
Pedi-la, cena cómica, 1866; J.R., comédia em 1 acto, representada no
Teatro D. Maria em 1865; Abaixo das Décimas, comédia em 4 actos,
representada no Teatro da Rua dos Condes, em 1870; Enquanto o Pano não
Sobe, cena cómica, 1868; A Felicidade das Felicidades, 1 acto, 1855; Um
Marido Vítima das Modas, 1 acto, 1860; O Sr. João e a Srª Helena,
comédia em 1 acto, levada à cena no Teatro da Rua dos Condes em 1863;
Um Provinciano nas Festas da Aclamação, cena cómica, 1855; Eu Gosto
de Namorar, cena cómica, 1864; Confissões Duma Pessoa Sincera, cena
cómica, 1865; Qual dos Bancos é Melhor?, cena cómica; Com Medo da
Revolta, 1 acto; As Economias do Príncipe Cornélio Gil, cena cómica;
Desabafos do Zé-Leiteiro Contra as Vacarias, cena cómica; Os Estribilhos,
cena cómica; Mestre Farronca Cantando o Carlos Magno, juízo crítico de
um remendão sobre a mágica das variedades, cena cómica, 1860; Quem
Conta um Conto Acrescenta um Ponto, 1 acto, publicado na colecção do
Teatro Para Rir, assim como os entreactos: O Mano João Explicando o
Caminho de Ferro, e O Galego e O Cauteleiro; a comédia num acto, Na
Casa da Guarda; A Paixão de André Gonçalves, 1 acto, 1860; O Galo e o
Corvo Feitos Patos por Causa dum Pinto, 1 acto; O Guizo do Tio Filipe, 2
actos; O Baile de Minhas Tias, cena cómica; Um contribuinte em Panças!,
cena cómica sobre a temática dos impostos, 1871; Por Causa Duma
Mulher, 1 acto, 1871; Um Marido em Suores Frios, 1 acto, 1871; Grandes
aflições de um Esposo, 1 acto, 1872; As Touradas de José Diogo, disparate
em 1 acto, 1872; A Baronesa dos Dentes, paródia cómica em 3 actos; O
66
Dente da Baronesa, 1872; O Passeio Público à Noite, acto lírico com
fogos, coros e balões, em colaboração com Artur Bordalo, levado à cena no
Teatro do Príncipe Real, em 1872; Intrigas no Bairro, opereta em 2 actos
com grande sucesso alcançado no Teatro da Rua dos Condes, em 1864;
Dois Dias no Campo Grande, opereta em 2 actos, também levada à cena no
Teatro da Rua dos Condes; A Carreira do Sr. Carreira, cena cómica, 1872;
O Dr. João da Cruz, 1 acto, 1872; O 34 da 3ª Companhia, Aventuras dum
Soldado Conquistador, cena cómica; O Tio Zé Chibato, cena cómica; Dois
Galegos Políticos, entreacto cómico; As Pegas dos Touros, 1 acto; Que
Arco! Que Amazonas! Que Palhaços!, entreacto cómico, publicado no
Almocreve das Petas, do mesmo autor, assim como a comédia em 1 acto,
Coisas que Acontecem ao Sr. António Joaquim; Uma Criada Impagável, 1
acto, publicada na colecção Teatro Moderno; O Caminho de Ferro
Larmanjat, a propósito num acto, entre outros escritos teatrais.
Uma das suas peças de maior êxito foi Intrigas do Bairro, que se
tornou célebre nos palcos portugueses, onde contou, até 1937, com mais de
mil representações.
Escreveu ainda: O Novo Almocreve das Pêtas, escrito na forma do
antigo livro de crítica, do mesmo título, de José Daniel Rodrigues da Costa;
Almanaque dos Bons Petiscos e Almanaque do Padre Prior; Contos e
Histórias, dedicado a sua majestade el-rei D. Fernando, Lisboa, 1871;
Coisas Portuguesas, volume para rir, dedicado a sua majestade el-rei D.
Luís I, Lisboa, 1872. Publicou durante muitos anos o Almanaque, de Luís
de Araújo e colaborou em diversos jornais, entre eles no Boudoir, Diário
de Notícias, Diário Ilustrado, Comércio de Lisboa.
ARAÚJO, Norberto
Norberto de Moreira Araújo nasceu em Lisboa, no dia 21 de Março de
1889, onde faleceu a 25 de Novembro de 1952.
Tinha apenas 15 anos quando foi forçado a interromper os estudos
pelo falecimento dos pais e se foi empregar na Imprensa Nacional, por cuja
escola se habilitou como artista gráfico, conquistando o 1º Prémio no final
da aprendizagem. A sua força de vontade e o desejo de se ilustrar levaramno não só a concluir o curso dos liceus, como até a frequentar o Curso
Superior de Letras mas, em 1916, saiu da Imprensa Nacional para ingressar
no jornal O Mundo, onde se manteve até 1917, passando neste ano para A
Manhã, do qual se tornou co-proprietário ao fim de seis meses.
Foi neste jornal, sobretudo, que teve ocasião de revelar os seus
notáveis dotes de jornalista, que depois levaram à sua actividade em grande
número de outros importantes diários da capital, como redactor,
nomeadamente do Diário de Notícias, de O Século, da Noite e do Diário de
67
Lisboa, periódicos onde sempre soube deixar, com vigor, assinalada a sua
passagem. Renovador dos processos jornalísticos, fez reportagens de
notável projecção e publicou estudos sobre as artes gráficas, teatro e poesia.
Mostrou-se um olisipógrafo erudito, como se pode ver em
Peregrinação em Lisboa, 1939, Legendas de Lisboa, 1943 e Inventários de
Lisboa, 1944-1945 (concluído por D. Pires de Lima).
No campo teatral traduziu do italiano a peça de G. Zorzi A Veia de
Ouro, 1930. Colaborou com Alberto Barbosa, Matos Sequeira e Pereira
Coelho na revista Negócio da China, estreada no Éden Teatro em 1918.
Escreveu um diálogo para a récita comemorativa dos 50 anos de teatro de
Adelina Abranches, Diálogo de Duas Mulheres, que interpretou com
Lucília Simões no Teatro S. Luís, em 1928 e um drama original em 3 actos,
intitulado Dentro do Castigo, estreada no Teatro Nacional em 1924 e
protagonizado por Ester Leão, Ilda Stichini, Rafael Marques e Ribeiro
Lopes. História triangular que escandalizou o público pela sua comédia
ousadia e cujo pendor melodramático é atenuado por um discreto
intimismo. Extraíu da sua novela Amor Humilde, 1925, uma comédia que
ficou inédita.
Deixou ainda as obras: Democratização da Arte, 1914; Da Iluminura
à tricromia, 1915; Miniaturas, 1910; Varanda dos meus amores, 1922; O
Crime da carne branca, 1923; Vinha vindimada, 1924; A morte trágica de
Fernando de Oliveira, 1924; Novela do amor humilde, 1925; Portugueses
em Roma, 1925; Murtosa, 1927; A transfusão de sangue, 1928; Passa
longe o amor, 1929 e Fado da Mouraria, 1931.
ARCHER, Maria
Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, nome artístico Maria
Archer, nasceu em Lisboa no dia 4 de Janeiro de 1905, onde faleceu a 23
de Janeiro de 1982.
Viveu quase sempre em África: na Guiné (1916-1918), em
Moçambique (1921-1926) e em Angola (1930-1934). Exerceu actividades
jornalísticas em Moçambique e Angola, prosseguindo-as depois em
Portugal.
No campo literário, estreou-se em 1935 em Três Mulheres. Escreveu
contos, romances, peças de teatro e livros de viagens. Com Viagem à Roda
de África obteve, em 1937, o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho.
Publicou, além disso, Roteiro do Mundo Português, 1940; Fauno Sovina,
1941; Ela é apenas Mulher, 1944; Há-de Haver Uma Lei, 1949; A
Primeira Vítima do Diabo, 1954; Bato às Portas da Vida, 1951 e O Mal
Está Entre Nós, 1952.
Escreveu em 1937 uma peça de teatro, O Leilão, que deixou inédita.
68
ARCOS, Joaquim Paço d’
Joaquim Paço d’Arcos, pseudónimo de Joaquim Belford Correia da
Silva, nasceu em Lisboa, no ano de 1908, onde faleceu em 1979.
Escritor considerado dos mais lidos nos anos 40 e 50, foi chefe de
gabinete do governo do território da Companhia de Moçambique na Beira,
em 1936. Foi chefe dos Serviços de Imprensa do Ministério dos Negócios
Estrangeiros.
Joaquim Paço d’Arcos foi um intelectual apoiante do regime
salazarista, que se destacou no domínio do romance com Diário de Um
Emigrante, 1936; Ana Paula, 1938; Ansiedade 1940; O Caminho da Culpa,
1944; Tons Verdes em Fundo Escuro, 1946; Espelho de Três Faces, 1950;
Corça Prisioneira, 1956.
Deixou-nos no conto e novela, Amores e Viagens de Pedro Manuel,
1935; Neve sobre o Mar, 1942; O Navio dos Mortos, 1952; Carnaval,
1959; Novelas Pouco Exemplares, 1967.
No teatro, iniciou-se com a comédia dramática em 3 actos Cúmplice,
1940, estreada no Teatro Avenida, a que se seguiram O Ausente, estreada
em 3 de Junho de 1944, com a interpretação de Alves da Cunha, Augusto
de Figueiredo, Paiva Raposo, Virgílio Macieira, José Cardoso, César
Viana, Júlio Pereira, Amélia Rey Colaço, Maria Lalande, Maria
Clementina, Maria Côrte-Real e Laura Fernandes; Paulina Vestida de Azul,
levada à cena no Teatro Nacional em 1948; O Braço da Justiça, peça em 9
quadros, representada pela primeira vez no Teatro Nacional em 3 de
Janeiro de 1964, numa encenação de Varela Silva; Boneco de Trapos, 1965
e duas peças a que a censura não consentiu representação pública, A Ilha de
Elba Desapareceu e O Crime Inútil (esta última publicada em 1984) e
Antepassados, Vendem-se, 1970.
No ensaio escreveu: O Romance e o Romancista, 1943; Confissão e
Defesa do Romancista, 1946; Eça de Queirós e o Século XX, 1948.
Foram-lhe atribuídos os seguintes prémios do SPN: Eça de Queirós,
pelo seu romance Diário de um Emigrante, em 1936; Fialho de Almeida,
pelo livro de novelas Neve Sobre o Mar em 1942 e Gil Vicente, pela peça
O Ausente, em 1944. Publicou, ainda, Memórias da Minha Vida e do Meu
Tempo em três volumes, 1973, 1976 e 1979.
ARNOSO, Conde de (Bernardo Pinheiro Correia de Melo)
Escritor e pensador português, nasceu em Guimarães, no dia 27 de
Maio de 1855 e faleceu em Lisboa a 25 de Maio de 1911.
69
O Conde de Arnoso pertenceu a uma das mais antigas e fidalgas casas
do Minho. Foi oficial da arma de engenharia, havendo sido, a seu pedido,
reformado no posto de general de brigada logo após a morte daquele que
sempre serviu com abnegação e que foi, talvez, o seu melhor amigo: o rei
D. Carlos.
Em 1887, acompanhou a Pequim, como secretário, o conselheiro
Tomás Rosa numa missão diplomática que tinha por fim celebrar um
tratado com a China e foi o negociador do convénio do primeiro de
Dezembro do referido ano. Acompanhou o Rei D. Carlos a Inglaterra, em
Janeiro de 1901, por ocasião do falecimento da Rainha Vitória e foi assistir
às cerimónias do rei Eduardo VII, acompanhando Sua Alteza o Príncipe
Luís Filipe. Fez, também, parte da comitiva real na viagem que suas
majestades realizaram em Junho de 1901 às ilhas dos Açores e Madeira.
A sua obra literária é uma série de instantâneos do seu espírito, cuja
graça e agudeza revelam assim os actos da sua vida e espelham o seu
coração. Sendo grande admirador de Eça de Queirós, foi um dos principais
impulsionadores para que se levantasse um monumento à memória
daquele. Colaborou em diversos jornais, designadamente com artigos sobre
a Arte e a Natureza, com publicação quinzenal em Editores Biel & Cª, do
Porto.
Nas Novidades inseriu as suas notas da viagem a Pequim, em 1887, as
quais reuniu depois num livro com o título de – Jornadas pelo mundo, que
publicou em 1895 e que teve um enorme êxito. É uma obra curiosíssima
em que descreve a China e o Japão. A edição foi feita pela casa editora
Magalhães & Moniz, do Porto.
O primeiro livro que publicou tem por título Azulejos, impressões da
sua vida de estudante na Universidade de Coimbra. A obra deixada é ainda
constituída por: De Braço Dado, escrito em parceria com o conde de
Sabugosa, edição da livraria Gomes, Lisboa, 1894; A Primeira Nuvem,
comédia em 1 acto, representada no Teatro Dona Amélia em Maio de 1902,
com interpretação de Lucinda e Lucília Simões e editada pela casa Ferin,
de Lisboa; Suave Milagre, em 4 actos e 6 quadros, de colaboração com o
diplomata Alberto de Oliveira. É este um dedicado trabalho adaptado do
conto de Eça de Queirós, editado em 1986 com prefácio do próprio Eça de
Queirós e que se representou no Teatro Nacional D. Maria II, pela primeira
vez em 28 de Dezembro de 1901, com música de Óscar da Silva e cenários
de Luigi Manini e se repetiu em bastantes noites, obtendo sempre grandes
aplausos. Esta obra, foi também publicada pela casa editora Ferin, em
1902, numa edição adornada de belas ilustrações. Fez parte, em Eça,
Oliveira Martins e outros elementos, da Geração de 70, do chamado grupo
dos «Vencidos da Vida», e foi ajudante de campo e secretário particular do
Rei D. Carlos.
Recebeu o título de conde em 1895.
70
ARNOSO, Vicente Miguel de Paula Pinheiro de Melo
Poeta e comediógrafo nasceu em Lisboa, no dia 9 de Dezembro de
1882, onde faleceu a 15 de Junho de 1925.
Era filho do Conde de Arnoso de quem herdou não só o título mas as
suas qualidades intelectuais.
Formado em Direito pelo Universidade de Coimbra, a sua passagem
por esta cidade deixou recordações no espírito académico da sua geração,
que lhe votaram verdadeiro culto.
Quando acabou a formatura pensou em seguir a carreira diplomática,
chegando ainda a ocupar o lugar de adido à legião de Berlim. A
transformação política que por essa ocasião se operou no país, fê-lo
abandonar a carreira. Consagrou-se, então, à vida literária, à qual honrou
com obras cheias de inspiração, reveladoras, todas elas, da grande ternura
que teve pelo povo e em especial pela terra onde passou os mais belos dias
da mocidade: Coimbra nobre cidade, livro de memórias publicado em
1909; Cantigas...leva-as o vento, 1915 e Quem canta seus males espanta,
1916, em cujas páginas se encontram algumas das suas mais belas quadras,
de sabor popular.
Para teatro escreveu: O Chico, episódio em 1 acto, escrito em
colaboração com C. Roquete e levada à Cena no Teatro Nacional em 1916;
Dor que Mata, episódio dramático, em 1 acto, expressamente feito para a
festa artística da actriz Adelina Abranches e representado no Teatro
Avenida em 1917; O Último Senhor de São Geão, peça em 3 actos,
estreada no palco do Teatro República em 1917, tendo como protagonistas
Ferreira da Silva e Chaby Pinheiro e Coimbra, Terra de Amores, em honra
da velha cidade universitária, representado com enorme êxito no Teatro
Nacional de Lisboa, em 13 de Janeiro de 1916. De um conto de seu pai
extraíu, em 1919, uma peça em 3 actos, A Guitarra do Brás, cujo
manuscrito inédito se conserva no Teatro Nacional.
ARRIEGA, Pereira
O actor Pereira Arriega nasceu em Lisboa no dia 20 de Março de 1885
e faleceu a 9 de Julho de 1927.
Estreou-se em 2 de Maio de 1922 em Vila Real de Santo António na
companhia de Emília de Oliveira, na peça Ladrão.
As principais peças em que entrou foram a Fédora, Severa, Mancha
que Limpa, Centenário, Simone, Emboscada, Fidalgos da Casa Mourisca,
Pupilas do Sr. Reitor, Morgadinha, Hamlet, Comissário de Polícia, Em
71
Boa Hora o Diga, Mister Xu, Rosa Maria, Bodas de Ouro, Era Uma Vez
Uma Menina, O Amor é Assim, Mouraria, Um Filho de 3ª Classe, Má Sina,
Renascer, O Pinto Calçudo e Santo António.
Foi um dos autores da peça O Pilha de Alcântara, em colaboração
com Adriano Mendonça e Alexandre Fonseca.
ARRIEGAS, Artur
O autor teatral, Artur Arriegas nasceu em 1883 e faleceu em 25 de
Setembro de 1924.
Estreou-se como amador dramático aos 12 anos, no antigo Teatro
Garrett. Percorreu então muitas Colectividades de Cultura e Recreio
cantando algumas cançonetas originais e revelando-se um excelente poeta.
Trabalhou, depois, em vários teatros de feiras e na província, onde
obteve considerável êxito, sendo conhecido pelo “actor da luneta”, em
consequência do extraordinário agrado que obteve a sua cançoneta
intitulada “É da Luneta!”.
Não querendo abandonar a vida de funcionário público, dedicou-se a
escrever para o teatro, tendo produzido várias comédias, cançonetas,
monólogos, revistas e fundando e dirigindo, também, vários jornais.
Publicou ainda um livro de poesia.
Como autor teatral estreou-se em 1907 com a revista No Centro,
escrita em colaboração com José Cidreira e música de Luz Júnior, levada à
cena no Teatro da Rua dos Condes. Ainda neste ano e com a mesma
parceria escreveu as revistas: O Messias, No Descanso. No ano seguinte
escreveu Também Vou Nisso…, com música de Luz Júnior; Garotices &
Cª, com música de Hugo Vidal, estreada no Chalet Avenida. Seguiram-se
as revistas: Ora Bolas!, levada à cena no Teatro Chalet em 1909; Roupa
Suja, 1910; Ferros Curtos, Panelas e Cafeteiras, levada à cena no Teatro
Chalet da Rotunda e Pentes e Dedais, estreada no Teatro Júlia Mendes,
ambas no ano de 1911, com música de Hugo Vidal; A Lanterna, escrita em
parceria com Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal, estreada no
Teatro Moderna, em 1912; De Xaile e Lenço, música de Hugo Vidal, 1914;
Aguenta-te que É Serviço, estreada em 1916 no Teatro do Povo; O Conde
Vigário, levada também à cena no Teatro do Povo e Fora e Dentro, com
música de Raul Portela, ambas no ano de 1917; Formiga Preta, 1918; Café
com Leite, com música de V. de Macedo e Raul Portela, em 1920.
É também de sua autoria a opereta Micas das Violetas, representada no
Porto e a peça Canção de Portugal, levada à cena pela primeira vez no
Teatro República.
72
ARROIO, António José
António José Arroio nasceu no Porto, no ano de 1856 e faleceu em
1934. Crítico de arte, escritor e conferencista, era irmão de João Arroio.
Formado em engenharia pela Academia Politécnica do Porto, ingressa
em 1881 no quadro das Obras Públicas, sendo-lhe conferido o cargo de
encarregado dos serviços de recepção de material estrangeiro, no
desempenho do qual fez várias viagens pela Europa, que muito vieram a
influir na sua vida espiritual. Fixou residência em Bruxelas, por algum
tempo e ali e noutras capitais travou elações com artistas notáveis.
Regressando a Portugal em 1890, é nomeado inspector do ensino, cargo
que exerce por muitos anos.
Em 1898 começou a escrever os seus primeiros trabalhos de crítica
literária e artística e, no ano seguinte, publicou Soares dos Reis e Teixeira
Lopes. De entre os restantes trabalhos, destacam-se: A música de Wagner,
1909, série muito apreciada de conferências; B. Moreira de Sá, 1895, sob o
pseudónimo de Falsaff; José Viana da Mota, 1896; Parisiana, esboço
crítico; A estética de Frei Luís de Sousa, 1899; O chinó de Garrett e Júlio
Dantas, 1915; A Viagem de Antero de Quental à América do Norte, 1916;
Almeida Garrett e Fialho de Almeida no Vale de Santarém, 1917; A figura
dramática de Maria de Noronha no Frei Luís de Sousa, de Garrett, 1921.
Dirigiu em 1900 os trabalhos da comissão à Exposição Universal de
Paris e a edição das Notas sobre Portugal, pelo que foi condecorado com o
oficialato da Legião de Honra, possuindo também a comenda da Ordem de
Cristo.
ARROIO, JOÃO Marcelino
Nasceu no Porto, no dia 4 de Outubro de 1861 e faleceu em Colares a
18 de Maio de 1930.
Lente de Direito na Universidade de Coimbra, deputado, ministro da
Marinha e Ultramar em 1890 e dos Negócios Estrangeiros em 1900, orador,
poeta, dramaturgo, compositor musical, figura múltipla que reuniu em si
um conjunto de aptidões invulgares. Era filho do compositor José Francisco
Arroio e irmão do escritor e crítico de arte, António José Arroio. Das várias
aptidões que manifestou, umas sobreporam-se às outras – como, em regra,
acontece nas figuras que se multiplicam. De facto, nem o professor, cedo
desviado da cátedra para a política; nem o político que tão discutido foi;
nem o poeta cujo livro de sonetos está longe de ser uma maravilha poética;
nem o dramaturgo cuja peça Paulo e Lena só viveu o espaço de uma noite
– atingiram o mesmo nível alcançado, quer pelo orador, quer pelo
73
compositor, a quem a música portuguesa ficou devendo, entre outras obras
de merecimento, uma ópera notável inspirada no Amor de Perdição.
Como orador, lembra-nos Júlio Dantas que o ouviu recordar um dia
com seu raro poder evocativo, o que era a eloquência, ao mesmo tempo
fina e impetuosa, subtil e veemente, de João Arroio. Arroio, segundo o
valioso testemunho de Júlio Dantas, “ora mandava, espectacularmente,
ajoelhar, no meio do assombro de toda a Câmara, os adversários
sucumbidos; ora impressionava a assembleia pela evocação dramatizada de
acontecimentos e figuras; ora usava do apólogo, com cintilação e malícia,
como no famoso discurso das «abelhas» que o indispôs com o Paço e com
as damas da corte. (…)”
Tendo ferido, num dos seus ímpetos oratórios, o próprio Rei D.
Carlos, João Arroio caiu na desgraça política. Volta-se então,
ostensivamente, para a música, fosse como lenitivo, fosse como desejo de
nova evidência social.
Obviamente que não é, certamente, aos quarenta e tantos anos que se
nasce músico e, por conseguinte, não foi nesta idade que João Arroio
apareceu músico. Desde criança que ele mostrava vocação musical. O pai,
súbdito espanhol, era músico de profissão mas, embora conhecedor da
vocação do filho preferiu que ele seguisse o Curso de Direito e assim
aconteceu. Feitos os preparatórios, o filho foi para Coimbra, concluindo o
curso em 1884 com distinção e sendo convidado para lente.
Apesar dos seus triunfos universitários, não se cansava de em repetir: Quanto haveria desejado que seu pai o tivesse deixado ir estudar música
para a Alemanha!
Criança, ainda no Colégio, principiara a compor música. Aos doze
anos fez uma ópera, A Noiva d`Abidos, com uma qualidade que
ultrapassava uma mera tentativa de criança e, em Coimbra, nem os
Colégios, nem as sebentas lhe comprometeram as tendências musicais.
Quando menos esperava, João Arroio tomou a iniciativa de organizar um
Orfeão Académico, tornando-se assim o fundador do 1º Orfeão, em
Portugal: mobilizou a Academia e, em 7 de Dezembro de 1880, apresentou
em público o seu Orfeão de 80 vozes, que se tornou célebre. Era uma
autêntica revoada de rouxinóis de capa e batina. João Arroio dirigiu o coro
e a orquestra, tendo nesta audição tomado parte seu irmão António, crítico
de arte dotado de apreciável voz que neste certame cantou o Barbeiro de
Sevilha.
Ainda estudante em Coimbra escreveu, para uma das récitas dos
quintanistas, a música de uma opereta de Domingos Ramos, Três Sábios no
90º Hemisfério Norte, representada na Academia daquela cidade. Extraíu
do Amor de Perdição uma ópera (sobre texto italiano) que se cantou em
1907 no Teatro de São Carlos e em Hamburgo três anos depois com libreto
de Francisco Bernardo Braga. A ideia de compor uma obra inspirada no
74
célebre romance de Camilo Castelo Branco partira, não do libretista, mas
do compositor. Arroio pensara, primeiro, em aproveitar o Frei Luís de
Sousa, mas não encontrando no tema rico do ponto de vista dramático, a
necessária plasticidade musical, lembrou-se do Amor de Perdição, que, a
seu ver, continha excelentes requisitos. Pediu ao amigo Bernardo Braga
que lhe fizesse o libreto e, concluído este, João Arroio meteu ombros à
composição. A noite de 2 de Março de 1907 ficou memorável nas anais da
ópera nacional. O São Carlos encheu-se a transbordar. Tudo o que havia de
mais representativo na Lisboa literária, artística, política e mundana, da
época, acorreu ao teatro para ouvir o Amor de Perdição. O êxito obtido por
esta ópera foi enorme e motivou que ela fosse interpretada, pouco tempo
depois, em Hamburgo com não menos êxito. A ópera foi dirigida em
Lisboa pelo maestro Luiz Mancinelli e interpretada pelas sopranos
Gagliardi e Torreto e pelo barítono Bonini. Em 1913, no salão do Teatro da
Trindade, foi tocado pela orquestra dirigida pelo maestro José Henrique dos
Santos, o Poema Sinfónico, que obteve também grande sucesso. A 29 de
Dezembro 1917 a única peça de sua autoria, Paulo e Lena, em 3 actos,
subiu à cena pela primeira vez no Teatro República.
Compôs ainda uma cantata, Inês de Castro e outra ópera, Leonor
Teles, em 1911, que só em 1945 foi cantada integralmente.
ARTAGÃO, Mário de
Mário de Artagão, pseudónimo literário de António da Costa Correia
Leite, poeta brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul, no ano de 1867 e
faleceu em 1937.
Veio para Portugal muito cedo e aqui frequentou o antigo Colégio de
Campolide e mais tarde foi para a Alemanha, onde fez o curso superior de
Filosofia. Era um cidadão abastado, dotado de considerável fortuna e, por
isso, nunca teve necessidade de uma profissão.
Viajou muito, percorrendo quase toda a Europa, Norte de África,
Argentina e os sertões do seu amado Brasil.
A sua actividade literária, se não foi o que se possa chamar grande, foi,
contudo brilhante na poesia. Publicou, entre outros trabalhos: As Infernais,
O Psaltério, Música Sacra, No Rasto das águias, Rimas Pagãs, Hélade,
Ninho dos Deuses e Feras à Solta. Das três primeiras obras, muitas páginas
foram vertidas para alemão.
Deixou-nos 2 volumes inéditos: À Beira do Abismo, obra social e O
Grande Exilado, drama em verso. Para teatro escreveu também o drama em
3 actos Jamina, publicado em 1907 e a comédia em 1 acto, Os Arrufos.
Sena Freitas, no seu livro Ao Veio do Tempo, dedicou a Mário de
Artagão um capítulo especial.
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Mário de Artagão era também membro da Academia de Letras do Rio
Grande do Sul, do Instituto de Coimbra e de outras instituições.
ASSUNÇÃO, Júlia de
A actriz Júlia Amélia Campos de Assunção nasceu em Lisboa, no dia
26 de Junho de 1881 e faleceu em 1954.
Estreou-se em 1899, no Teatro do Príncipe Real, na companhia do
empresário Ruas, com a peça O Comboio nº 6.
Actuou na maioria dos teatros portugueses e nos mais diversos do
Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Porto Alegre, Rio Grande e
Campinas, entre outros.
Das muitas peças em que participou, citamos: O Bode Expiatório,
Bichinha Gata,Giga Joga,Piparote, Pé de Meia, Boa Gente, O Amigo de
Peniche, Irmãos Unidos, Ventoinha, Adão e Eva, D. Paço de Manzanilha,
Boas Festas, Fruto Proibido, O Mártir do Calvário, Bolo-Rei, Pic-Nic,A
Semana dos Nove Dias, Tio da Minha Alma, 2 Garotos, O Conde de Monte
Cristo, Os Postiços, Fausto e Margarida, Os 3 Anabatistas, Bafles, Fora
dos Eixos, As Doidivanas, O Canto do Cisne,O outro Sexo, O Grande
Bolha, Gente para Alugar, O Cinematógrafo, O Sr. Freitas, Primerose, O
Botequim do Felisberto, A Melhor das Mulheres, A Feira do Diabo, O
Homem de Gelo, A Alma Francesa, Gilberta, Há Festa na Mouraria, José
João, A Menina Amélia, Prisão-Hotel,Doidos com Juízo, Conde Barão, Os
Velhos, Duas Causas, A Rosa Enjeitada, O Gaiato de Lisboa, Marido em
Branco, O Correio de Lião, O Domador de Feras, A Vertigem, Casados e
Solteiros, Bisbilhoteira, Vida Airada, Águas Passadas, Mouraria e Cacho
Dourado.
ASSUNÇÃO, Tomás Lino de
Jornalista e escritor, Inspector-Geral das Bibliotecas e Arquivos,
Tomás Lino de Assunção nasceu em Lisboa, no dia 7 de Maio de 1844 e
faleceu em Paço de Arcos a 1 de Novembro de 1902.
Completou, no Instituto Industrial o curso de condutor de obras
públicas e também frequentou o Curso Superior de Letras. Partiu para o
Brasil onde, pelas suas habilitações tomou a direcção do Caminho de Ferro
de São Paulo ao Rio de Janeiro. Mas, as letras tentavam-no e a elas se
dedicou, colaborando em jornais e revistas e fazendo representar algumas
comédias de sua autoria. Tendo feito boa carreira nos seus trabalhos de
construção de linhas-férreas, empregou capitais na fundação duma livraria
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e associou-se com Faro e Oliveira. A empresa não prosperou e Lino de
Assunção voltou para a Europa e fixou residência em Paris. Passados
alguns anos regressou a Lisboa e fez parte da redacção do Dia, jornal
fundado por António Enes, seu amigo íntimo. Foi um dos mais assíduos
redactores dessa folha. Por influência de António Enes, então inspector das
Bibliotecas e Arquivos, alcançou o lugar de secretário da Biblioteca
Nacional, cargo que executou com a maior competência. A nomeação de
António Enes para comissário em Moçambique colocou-o no lugar de
inspector interino, ficando efectivo quando António Enes faleceu. Datam
desse tempo os seus estudos históricos. A inspecção obrigatória dos
arquivos dos conventos extintos, trouxe-lhe rico manancial para os seus
estudos e trabalhos. Escreveu: Narrativas do Brasil; Mil e Seiscentas
Léguas pelo Atlântico; Os Jesuítas (O catolicismo no século XVI); Fins de
Século (história do meu tempo); As Festas de Outrora; A Vida de Santo
António; Um Padre com o Diabo no Corpo (episódio político-religioso do
século XVIII); Geografia e História; As Últimas Freiras; As Monjas de
Semide; As Freiras de Lorvão; Dicionário de Arquitectura; História dos
Frades; Miscelânea, contos; Os Mártires; Em Espanha; Frades e Freiras.
Para o teatro escreveu: Os Lázaros, peça em 5 actos representada no
Teatro Ginásio em Rio de Janeiro em 1877, protagonizada por Simões,
Lucinda e Furtado Coelho; Monsenhor, levada à cena no Teatro Nacional
D. Maria II, em 1894; O Mundo e o Claustro; as comédias num acto: O
Criado de Minha Mulher e Dormir Acordado, representadas em 1866 no
Teatro Académico de Coimbra; Maldita Campainha, comédia em 1 acto,
representada no Teatro da Rua dos Condes em 1868; A Pátria na Oficina,
1871; A Gramática, 1872. Escreveu, ainda, os dramas em 5 actos, Eva,
representado no Teatro Nacional em 1887 e Ajuste de Contas, 5 actos,
1898. Fez traduções de algumas peças, como a de Georges Ohnet, Sérgio
Panine, apresentada no palco do Teatro Nacional em 1896 e outra de
Erckmann-Chatrian, Os Rantzau, também levada à cena em 1901.
Lino de Assunção tinha a comenda da Ordem de Nossa Senhora da
Conceição. Era correspondente da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro,
oficial da instrução pública da Academia Real das Belas Artes de S.
Fernando de Madrid e do Conselho dos Monumentos Nacionais.
ATAÍDE, Alfredo
Alfredo Ataíde nasceu em Lisboa no ano 1834 e faleceu em França em
1907.
Apesar de se ter dedicado à vida comercial, foi sempre um apaixonado
pelo teatro, escrevendo muitas peças que tiveram bastante êxito, entre elas:
Tio Torcato, De Noite Todos os Gatos São Pardos, Rosário, Batina e
77
Chambre, Joana do Arco, Sol de Navarra, Dama dos Cachuchos e
Nordeste & Cª.
AUGUSTA, Maria
A actriz Maria Augusta nasceu no dia 3 de Novembro de 1863 e
faleceu em Lisboa a 19 de Abril de 1935.
Estreou-se em 1907 no Porto, na companhia da actriz Ângela Pinto, na
peça O Outro Eu. Trabalhou com Furtado Coelho, Emília Adelaide e
Lucinda Simões, no Brasil. Em 1909 e 1910 esteve na companhia Alves da
Silva e com ele foi ao Brasil, onde o público a recebeu carinhosamente.
Regressando a Portugal, foi para o Teatro do Ginásio em 1911, para a
companhia do actor Vale e agradou imenso na peça Direitos de Mulher.
Vale, radiante pelo seu sucesso, começou a contar com Maria Augusta para
as mais difíceis personagens do seu repertório. Substituiu, com agrado, em
reposições, papéis que tinham pertencido a Bárbara e Jesuína.
Passou, depois, para o Teatro Nacional, onde interpretou as peças
Perpétua que Deus Haja, Vida Dum Rapaz Pobre e Malquerida. Ao lado
de Adelina Abranches entrou no Gaiato de Lisboa, Mãe e Rosa Enjeitada.
Em 1905 esteve no Teatro Apolo, onde representou a Casa se Susana e
Alma Francesa. Voltou ao Teatro Nacional, com Adelina Abranches,
entrando nos Mexericos, Anjinho da Pele do Diabo, Salto Mortal e
Mártires do Ideal, entre outras.
Em 1917 foi para o Teatro Avenida e, em 1918, voltou para o Teatro
Apolo, sempre ao lado de Adelina Abranches, entrando no Mártir do
Calvário e Fausto e Margarida. Fez várias digressões pela província,
agradando sempre.
Além das peças referidas acima, entrou, ainda, em: Marido à Força,
Príncipe da Cochinchina, Bode Expiatório, Cabana do Pai Tomás, A
Grande Noite, Bela Aventura, Amor de Perdição, Correio de Leão,
Miquete e a Mamã, Mulher Duma Cana, Ao Correr da Fita, O Rei dos
Gatunos, A Receita do Mourisca e O Crime Duma Mulher Bonita.
A última vez que representou foi em 1927, no Teatro Apolo, na
companhia de Jorge Grave-João Silva, com desempenho de papéis nas
peças Capitão, Comboio nº 6, Cabana do Pai Tomás, Causa Célebre e
Grande Noite.
AUGUSTO
O actor Augusto de Almeida, nome artístico Augusto, nasceu no dia
20 de Julho de 1835 e faleceu a 19 de Março de 1904.
78
Estreou-se logo como actor profissional, no Teatro da Rua dos
Condes, em 1855, na comédia A Ramalheteira, fazendo uma boa carreira
neste teatro.
AVELAR, Amélia de
A actriz Amélia de Avelar nasceu no dia 21 de Dezembro de 1865 e
faleceu a 24 de Setembro de 1904.
Estreou-se em 17 de Setembro de 1880, no Teatro da Trindade, na
ópera burlesca em 3 actos intitulada Barba Azul.
Em 1884 retirou-se da cena para ali voltar em 1889, representando, no
Teatro Avenida, com bastante agrado e voltando depois para o Teatro da
Trindade, onde teve papéis muito interessantes.
Abandonou de novo o teatro em 1892, mas, em 1895 escriturou-se no
Teatro Avenida e passou depois a ser societária de 3ª classe do Teatro D.
Maria II, posição que ocupava quando, em 1904, morreu repentinamente.
As principais peçam que desempenhou papéis foram: Noiva dos
Girassóis, Amor e Marisco, Fato de Três Bicos, Sorte Grande, Colégio fr
Meninas, Guerra Alegre, Gato Preto, Um Serão nas Laranjeiras e Amor
de Perdição.
ÁVILA, Artur Eugénio Lobo de
Artur Eugénio Lobo de Ávila nasceu em Lisboa em 1856 e faleceu a 9
de Fevereiro de 1945.
Frequentou o Curso Superior de Letras e logo enveredou pela
actividade jornalística e literária. Foi um autor de notável escrita,
especializando-se em folhetins históricos. Como autor de teatro estreou-se
com a comédia Uma Noiva no Prego, estreada em 1879; Empenhos
Políticos, 1880. Viu também representadas as peças de sua autoria Os
Malhados e O Coração de Bocage, que subiram à cena, respectivamente,
em 1902, no Teatro D. Amélia e em 1905 no Teatro Nacional. Escreveu
outras peças que, no entanto, não alcançaram o palco: A Descoberta da
Índia ou o Reinado de D. Manuel, drama escrito para o concurso aberto por
ocasião do 4º centenário da Viagem de Vasco da Gama (1898); O Infante
D. Manuel e as adaptações dos seus romances Os Amores do Príncipe
Perfeito, 1904 e O Rei Magnífico, 1911. Em colaboração com Júlio Rocha,
escreveu a comédia As Meias Roxas, 1903.
Artur Ávila cultivou vários estilos literários, mas em nenhum deles o
seu nome se impôs com projecção. Escreveu o seu último livro em 1944,
79
Nos Bastidores do Jornalismo. Tentou, em vão, demonstrar a nacionalidade
portuguesa de Cristóvão Colombo.
ÁVILA, Fernando
Fernando Pedroso de Ávila nasceu em Lisboa, no ano de 1909, e aí
faleceu em 1981.
Jornalista, autor de várias revistas e operetas de sucesso, entre elas as
quais Nazaré, de que foram colaboradores Fernando Santos e Almeida
Amaral. Escreveu, com Xavier de Magalhães a farsa em 3 actos, intitulada
A Ditadora, interpretada pela actriz Maria Matos, com a sua companhia, no
Teatro do Ginásio, no ano de 1943.
AYRES, Frederico Pereira
Frederico Pereira Ayres nasceu em Lisboa no dia 28 de Julho de 1887
e faleceu em Lourenço Marques no ano de 1953.
Foi discípulo de Carlos Reis e detentor de vários prémios escolares em
pintura. Teve impacto no campo da cenografia, nas maquetas que realizou
para as óperas Boris Goudonov, de Debussy e Siegfried, de Wagner,
levadas à cena no Teatro São Carlos, em 1923 e 1925. Assinala-se ainda,
dentro da mesma orientação estética, os cenários de sua autoria para a peça
de Silva Tavares, Vasco da Gama, também levada à cena no Teatro São
Carlos, em 1922 e para o drama A Fera, de Ramada Curto, estreada no
Teatro Politeama no ano de 1923.
AZEVEDO, Alexandre
O actor Alexandre Azevedo, de nome completo Alexandre Pais de
Azevedo e Lima nasceu em Cabanas, Carregal do Sal, no dia 28 de Janeiro
de 1873 e faleceu em Petrópolis, Brasil, em finais de Março de 1954.
Estreou-se em 1898 no Teatro da Rua dos Condes, no drama Mar e
Guerra. Fez vaudeville e opereta, tendo uma notável criação no papel de
Gaspar em Os Sinos de Corneville. Cultivou a canção e a mímica. Neste
último género viajou por França e Espanha.
Quando do seu ingresso no elenco do Teatro Dona Amélia, em 1907,
iniciou uma carreira de galã dramático que lhe valeu vários triunfos, ao
lado dos consagrados Rosas & Brasão, nas peças A Ralada, O Ladrão e O
Assalto, de Bernstein, A Casa em Ordem, de Pinero, O Duelo, de Lavedan,
Os Postiços, de Eduardo Schwalbach, Margarida do Monte, de Marcelino
80
Mesquita, Primerose, de Flers e Caillavet, O segredo do Polichinelo, de P.
Wolff, entre outras.
No Verão de 1911, organizou e dirigiu uma série de espectáculos ao ar
livre com Adelina e Aura Abranches, a que chamou Teatro da Natureza,
representados no Jardim da Estrela, nomeadamente Orestes, com adaptação
de Coelho de Carvalho; das Coéforas, de Ésquilo e a Cavalheira da Rússia,
de Verga.
Em 1913 seguiu para o Brasil, onde se demorou largos anos, tendo
sido empresário no Rio de Janeiro, onde, em 1916, repetiu a tentativa do
Teatro da Natureza. Voltou em 1922 e, com a companhia Adelina-Aura
Abranches, reapareceu no Porto e, depois, em Lisboa, onde trabalhou em
duas épocas seguidas no Teatro Avenida e Teatro da Trindade.
Em 1924 foi contratado pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro
que, então, actuava no Teatro Politeama. Ali tomou parte no desempenho
de A Mulher Nua, de Bataille; A Aigrette, de Nicodemi; Quando o Amor
Acaba, de P. Wolff e H. Duvernois; Zilda, de Alfredo Cortez; A Tentação,
de Ch. Méré, entre outras.
No ano de 1926 esteve no Teatro do Ginásio, onde participou em A
Noite do Casino, de Ramada Curto e Eva Nua e Crua, de P. Nivoix, ao lado
de Palmira Bastos. No Verão deste ano representa no Teatro Nacional, com
um grupo de que fazia parte Ilda Stichini, Os Filhos, de L. Népoty; Se Eu
Quisesse, de Géraldy e Spizer e Para Fazer-se Amar Loucamente, de M.
Sierra.
Formou, depois, uma companhia com Palmira Bastos em 1927, que
apresentaram no Teatro Politeama, Um Homem, adaptação da novela de
Unamuno; Inimigos, de V. Braga; O Centenário, dos irmãos Quintero; O
Senhor Doutor e o seu Marido, de Berr e Verneuil e Lourdes, de Alfredo
Cortez.
No Verão de 1929 chefiou um grupo de artistas, entre os quais Ester
Leão e Alegrim, que explorou o Teatro Nacional com um repertório
popular, no qual sobressaíram as peças A Ameaça, de P. Frondaie e O
Processo de Mary Dugan, de B. Veiller. Com Ester Leão interpretou em
1930, no Teatro Apolo, Os Maus Pastores, de Mirbeau.
Em 1931 voltou ao Teatro Politeama para desempenhar a peça Um
Bragança, de Vasco de Mendonça Alves, com Ilda Stichini e Alves da
Cunha. Acompanhou esta artista ao Teatro São Carlos onde, em 1933,
interpretou Alfama, de António Botto; Divórcios, de Lorjó Tavares e
Rainha Santa, de Rui Chianca, entre outras.
No ano de 1935, no Teatro do Ginásio, realiza uma primorosa
composição na peça Deus Lhe Pague, ao lado de Procópio Ferreira.
Integrado na mesma companhia, entrou ainda em O Bobo do Rei, de J.
Camargo e A Lei da Vida, de Anita Patrício. No ano seguinte transita com o
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mesmo elenco para o Teatro da Trindade, onde faz o papel de “S. Pedro”,
na sátira brasileira Amor, de Oduvaldo Viana.
Em 1937 participou no filme A Revolução de Maio, de António Lopes
Ribeiro.
AZEVEDO, Maximiliano Eugénio de
Oficial do Exército, autor e crítico teatral e tradutor, Maximiliano de
Azevedo nasceu no Funchal, no dia 16 de Fevereiro de 1850, e faleceu em
Lisboa a 3 de Fevereiro de 1911, vitimado por uma congestão cerebral.
Maximiliano de Azevedo viveu os primeiros anos no Funchal, onde
fez os estudos preparatórios vindo, depois, para Lisboa. Frequentou a
Escola Politécnica e a Escola do Exército, donde saiu em 1875, sendo
promovido a 2º tenente de artilharia em 5 de Janeiro de 1876. Foi
destacado para Santarém, depois para a Ilha Terceira onde casou com uma
senhora duma das primeiras famílias de Angra. Aquando da promoção a
primeiro tenente, em 21 de Janeiro de 1878, voltou a Lisboa e foi escolhido
para secretário particular de Latino Coelho, cooperando nos trabalhos
preparatórios da História Política e Militar de Portugal dos finais século
XVIII e princípio do século XIX. Durante 10 anos coadjuvou Latino
Coelho. Aliás, este refere-se a ele na Introdução do 2º e 3º volumes.
Azevedo foi promovido a capitão em 31 de Outubro de 1884 e a major em
4 de Janeiro de 1897. Terminou a carreira militar com o posto de coronel.
Foi administrador da sociedade artística adjudicatária do Teatro
Nacional D. Maria II em 1909. Foi, também, Director do Arquivo Histórico
Militar e Comandante do Regimento de Artilharia 1.
Estreou-se como autor em 1873. Deixou uma copiosa e, hoje,
esquecida produção teatral, em que avultam as traduções do repertório de
transição para o naturalismo: As Ideias de Mme. Aubray, de Dumas Filho;
Náná de Zola, traduzida em colaboração com Gervásio Lobato e levada à
cena no Teatro do Príncipe Real em 1885; A Honra de Sudermann, estreada
no Teatro da Trindade em 1897; A Toga Vermelha de Brieux e várias
comédias e dramas originais, obras de temática regional, nos seus aspectos
históricos e românticos, designadamente: - Dramas: Causa Célebre, 6
actos; Inês de Castro, 5 actos, representado com muito êxito em 1894 no
Teatro da Rua dos Condes; Crime das Picoas, 5 actos e 7 quadros, escrita
para o Teatro do Príncipe Real; O Amor, 5 actos; Susana, 5 actos; Filha e
Mãe, 5 actos; Tosca, em 4 actos e 5 quadros; O Convento do Diabo, 1
prólogo e 6 actos; A Mendiga, 5 actos; O Incêndio do Brigue Atlântico, 5
actos e 6 quadros; Os Dois Órfãos, 5 actos e 6 quadros; A Avó, 5 actos e 6
quadros; O Sargento do 5 de Linha, 5 actos e 7 quadros; O Capitão dos
Bandidos, 5 actos e 7 quadros; A Sereia, 5 actos; O Mestre de Obras, 5
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actos e 8 quadros; Educação Errada, 5 actos; O Romance Duma Actriz, 4
actos; O Segredo do Padre, 5 actos e 7 quadros; João José, 4 actos; O Ás
de Paus, 5 actos e 6 quadros; Os Filhos do Capitão Grant, 5 actos e 11
quadros; Marido e Amante, 5 actos e Os Jesuítas, 4 actos. As comédias em
1 acto: O Epílogo, estreada no Teatro Nacional em 1883; Paulo, estreada
no Teatro do Ginásio em 1873; Entre a Vítima e o Carrasco; Por Força!,
estreada no Teatro do Ginásio em 1873; Contas e Bordão, comédia em
verso levada à cena no Teatro Nacional em 1884; Santos da Casa, comédia
representada no Teatro do Ginásio, 1874; Um Fura Vidas, 1909; Gostos
Não se Discutem; As Bofetadas; Vida Airada, estreada no Teatro Nacional
D. Maria II em 1874; Duas Crianças, levada à cena no Teatro do Ginásio
em 1874; Os Anos da Menina, comédia estreada no Teatro do Ginásio em
1880; Ralham as Comadres, peça de costumes ilhéus açorianos,
representada no Teatro União, Horta em 1879; Em Casa do Filho, peça
também de costumes açorianos, levada à cena no Teatro do Príncipe Real;
Maridos que Choram; Um Pai da Pátria; O Senhor Ministro, estreada no
Teatro Nacional em 1883; Paulo e Virgínia; Sózinha; Maria do Ó;
Caprichos de Sogra, comédia num acto levada à cena no Teatro Nacional
em 1882; Prisioneiro Sob Palavra; Um Homem Sério; O Diário do
Governo; Lua Cheia; O Crime das Picoas, melodrama que subiu à cena no
Teatro do Príncipe Real em 1892; O Homem das 16 Mulheres; Engaiolado;
As Vítimas do Folhetim; No dia do Noivado e O Rapto dum Noivo. É ainda
da sua produção teatral: Ave Agoureira, comédia em 3 actos, cuja estreia se
deu no Teatro do Ginásio em 1874; A Família Mongrol, 3 actos; A Mãe de
Minha Mulher, 3 actos; Antonieta Rigaud, 3 actos; A Pesca Milagrosa, 2
actos; As Recordações da Mocidade, 4 actos; Condecorado, 3 actos;
Empresta-me a Tua Mulher, 2 actos; A Surpresa do Divórcio, 3 actos; Os
Beijos do Diabo, ópera fantástica em 4 actos e 8 quadros e Os Carvoeiros,
opereta em 1 acto; Zefa, episódio das lutas liberais, de um mal disfarçado
reaccionário, 1907.
Escreveu ainda A Petiza, melodrama cuja
representação aconteceu no Teatro do Príncipe Real em 1902; uma
adaptação do romance de Victor Hugo Nossa Senhora de Paris, 1908 e
uma peça de costumes madeirenses, A Rosinha do Castelo, em 5 actos,
estreada no teatro Nacional D. Maria II, em 1909. A sua obra mais
conhecida foi o drama histórico, em 5 actos, Inês de Castro, cuja estreia se
deu no Teatro da Rua dos Condes, em 1894.
Maximiliano de Azevedo, deixou traduzido um grande número de
peças, entre as quais: O Segredo do Padre, de P. D.’ Aigremont e J.
Dornay, levada à cena no Teatro do Príncipe Real em 1895; A Galdéria, de
P. Decourcelle, em colaboração com Moura Cabral e estreada igualmente
no Teatro do Príncipe Real; A Toga Vermelha, de Brieux e O Ás de Paus,
de P. Decourcelle, em colaboração com Salvador Marques, também levada
à cena no Teatro Príncipe Real em 1901; Tosca e A Feiticeira, de Sardou,
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estreadas no mesmo teatro, respectivamente em 1902 e 1905; A
Consciência dos Filhos, de G. Dévore, estreada no Teatro Nacional, 1903;
O Templo de Salomão, de A. Bourgeois e D’ Ennery, estreada no Teatro do
Príncipe Real, em 1906 e as comédias italianas Um Fura Vidas, estreada no
Teatro Nacional m 1874; Educação Errada, de A. Montignani, estreada no
Teatro do Príncipe Real em 1895 e Purgatório de Casados, de E. Dominici,
estreada no Teatro Ginásio.
Colaborou em diversos jornais de Lisboa onde deixou apreciável
produção. Começou na Discussão, de cuja redacção, sendo ainda estudante,
fez parte a convite de Pinheiro Chagas. De 1882 a 1884 foi redactor do
Jornal da Noite, estando encarregue da secção de crítica teatral e colaborou
ainda nos seguintes periódicos: Ocidente, Jornal de Domingo, Atlântico,
Diário da Manhã, Revista de Ciências Militares, Ilustração de Portugal e
Brasil, Contemporâneo, Arte, País e nos jornais da Horta: Faialense,
União, Grémio Literário, entre outras publicações. Publicou sobre assuntos
militares: Em Campanha e no Quartel, contos, 1910; Tiro das Bôcas de
Fogo, 1889 e Marchas e Estacionamento, este trabalho de colaboração com
Artur Perdigão.
Publicou, com D. João da Câmara e Raul Brandão, o Livro de Leitura
para as escolas de instrução primária.
Exerceu a crítica no Jornal da Noite, no período de 1882 a 1884.
Publicou uma série de artigos sobre o Teatro da Rua dos Condes na revista
Ocidente.
Tinha os graus de Cavaleiro e Oficial da Ordem de S. Bento de Avis.
AZEVEDO, Narciso
Narciso José da Silva de Azevedo nasceu no Porto em 1888, onde
faleceu em 1969.
Escreveu três peças em que transparece o culto dos valores do
passado: Paços do Encantamento, 1921; Auto da Perfeita Mensagem, 1924
e A Profecia de Gil Vicente, 1925. Nenhuma destas obras foi levada à cena.
BANDEIRA, Pedro
Pedro Bandeira nasceu no Porto em 1871 e faleceu em Lisboa no ano
de 1945.
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Foi autor de revistas, operetas e monólogos em verso, que reuniu
depois em dois volumes. Estreou-se em 1902 com a comédia O Sacrifício
de Abraão, representada no Teatro Carlos Alberto no Porto.
Da sua obra teatral destacamos a peça de costumes populares A Rosa
do Minho, o drama num acto Crime de Mãe, publicado em 1912 e a
comédia Aníbal, César & Cª, escrita em colaboração com F. Carvalho
Mourão.
BAPTISTA, Armando
O actor e cantor Armando Mariano Batista nasceu em Lisboa, a 19 de
Setembro de 1896 e faleceu em 1947.
Abandonou o liceu após a conclusão do 3º ano, para se matricular na
Escola de Teatro do Conservatório Nacional, de onde saiu para se dedicar
ao teatro.
Estreou-se no dia 23 de Junho de 1916 no Teatro da República, na
revista Lisbia Amada, escrita por Lino Ferreira, A. Rocha e Henrique
Roldão, com música de Luz Júnior e V. de Macedo
As principais produções teatrais em que participou foram: Sonho de
Valsa, Princesa dos Dólares, O Dote, Noite e Dia, Severa, João José,
Amor em Pó, Com Unhas e Dentes, Gato Maltês, Dama Roxa, Última
Valsa, João Ratão, Quatro Cantinhos, Bichinha Gata, Palhaços, Cármen,
O Toureador, O Fado, Uma Aventura, Médico à Força, Aqui d’El-Rei,
Feira do Diabo, Deus Dará, Noite e Dia, De Ponta a Ponta, Leonor Teles
e Palhaços.
Trabalhou nos vários teatros da cidade de Lisboa, Porto, Évora, Faro,
Funchal e também em Espanha.
BAPTISTA, Carlos
O actor Carlos de Sousa Baptista nasceu em Lisboa, em 24 de Abril de
1899, onde veio a falecer a 8 de Janeiro de 1950.
Estreou-se em 1921, no drama de Sardou, Termidor, levado à cena no
Teatro da Trindade. Fez parte, durante vários anos, da companhia teatral
Satanela-Amarante, tendo-se dedicado ao teatro ligeiro. Apesar dessa
opção, não deixou de fazer breves incursões no teatro declamado,
nomeadamente em O Rosário, estreada no Teatro do Ginásio em 1926; Sete
Mulheres e Papirusa, no Teatro da Trindade, em 1936, ambas ao lado de
Palmira Bastos.
Teve, no campo cinematográfico, uma intervenção episódica no filme
de Chianca de Garcia, O Trevo de Quatro Folhas, realizado em 1936 e
interpretado por Carlos Baptista, Nascimento Fernandes, Beatriz Costa,
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Mafalda, Procópio Ferreira, Castelar, Augusto Costa e António
Sacramento.
BAPTISTA, José
José Baptista nasceu em Lisboa, em 26 de Abril de 1869 e faleceu em
Manaus a 15 de Maio de 1903.
Entrou para o ramo comercial em 1882 e, ao mesmo tempo, fez-se
amador dramático. Passou depois a trabalhar na província até que, em
1891, foi escriturado para o Teatro do Rato, estreando-se no drama Filhos
da Noite.
Fez alguns papéis importantes sob direcção cénica do actor Salazar.
Quando o teatro fechou foi, com um grupo de artistas do Teatro D. Maria II
dar alguns espectáculos fora de Lisboa e, de regresso, tornou para o Teatro
do Rato, contratado pelo actor Freitas. Entrou ali na revista Feira da Ladra
e nos dramas Conde de Monte Cristo, Duas Órfãs e Piratas.
Depois deste teatro, é contratado pelo empresário do Teatro do
Ginásio em 1894 e lá se conservou algum tempo. Neste teatro entrou em
quase todo o repertório, nomeadamente na Roça de Valentim e Primos de
Minha Mulher, peças com que lá se estreou e nas seguintes: Zaragueta,
Cadeia Perpétua, Corda Bamba, Saltimbanco, Receita dos Lacedemonios,
Festa da Inauguração, Madrinha de Charley, Hotel do Livre Câmbio e
Pimentas, entre outras.
Do Teatro Ginásio passou para o Teatro do Príncipe Real, onde mais
agradou. Incorporado nessa companhia foi a Manaus, Brasil, e a febreamarela o vitimou.
BARBOSA, Alberto
Alberto Barbosa nasceu em Lisboa, no dia 8 de Junho de 1891 e
faleceu em 12 de Junho de 1960.
Começou a sua actividade profissional como jornalista, nos tempos
áureos dos periódicos O Mundo e A Manhã, estendendo a sua actividade
pelos Ridículos, Azulejos, O Zé, Bandarilhas de Fogo e Ferros Curtos.
Consagrou-se ao teatro, não só como comediógrafo mas,
principalmente, como empresário. Era um revisteiro por excelência.
Da sua vasta produção artística começamos por indicar as revistas: Ao
Correr Da Fita, 1912, de Alberto Barbosa e Leandro Navarro, música de
Luís Filgueiras e Luís Quesada; O 31, 1913, de Luís de Aquino (Luís
Galhardo), Pereira Coelho, Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro e
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Alves Coelho; Alerta!, 1913, de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Pereira
Coelho e Barbosa Júnior, música de Tomás Del Negro, Carlos Calderón e
Alves Coelho; Dominó!, 1915, de Pereira Coelho, Alberto Barbosa,
música, Tomás Del Negro e Carlos Calderon; Ás de Oiros, 1917, de José
Moreno, Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro, Wenceslau Pinto e
Luz Júnior; A Revolta, 1918, original de Alberto Barbosa, Pereira Coelho e
Gustavo de Matos Sequeira, música de Tomás Del Negro e Carlos
Calderon e Vasco de Macedo; Tic-Tac, 1921, de Alberto Barbosa, Xavier
Magalhães, música de, Alves Coelho, Raul Portela e António Lopes;
Piparote, 1922, de Alberto Barbosa, Luís Galhardo, Xavier de Magalhães e
Lourenço Rodrigues, música de Luís Filgueiras, Raul Portela e Hugo
Vidal; Fado Corrido, 1923, de Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães,
Lourenço Rodrigues, música de Bernardo Ferreira de Raul Portela; Resvés,
1924, de Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal e
Raul Portela; Vida Nova, 1925, de Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães,
Lourenço Rodrigues, música de Tomás Del Negro, Raul Portela e Luz
Júnior; Rataplan!, 1925, de Gregos e Troianos (Ernesto Rodrigues, Félix
Bermudes, João Bastos, Alberto Barbosa, Luís Galhardo e Xavier de
Magalhães), música de Raul Portela e António Benavente; Foot-Ball, 1925,
de autoria da parceria atrás indicada, música de Raul Portela; O Às de
Espadas, 1926, cujo texto é também da mesma parceria, com música de
Raul Portela e Angel Gomez; Pó De Arroz, 1926, de autoria da mesma
parceria, música de Tomás Del Negro e Raul Portela; Fox-Trot, 1926, de
«Uns e Outros», de Lino Ferreira, Pereira Coelho, Gustavo de Matos
Sequeira, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e A. Carneiro, música de
Raul Portela, T. Joaquim de Almeida e Hugo Vidal; Malmequer, 1926, de
Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal, Raul
Ferrão e A. Gomez; Olarila, 1926, de Luís Galhardo, Alberto Barbosa,
Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Raul Portela e A.
Lopes; Sempre Fixe, 1926, de Alberto Barbosa, Silva Tavares, Xavier de
Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Wenceslau Pinto, A. Coelho e
Raul Portela; Água Pé, 1927, de Irmãos Unidos (Luís Galhardo, Alberto
Barbosa, Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, José Galhardo),
música de Hugo Vidal, Angel Gomez e Frederico de Freitas; O Sete-EMeio, 1927, de autoria da mesma parceria; A Reviravolta, 1927, de Luís e
José Galhardo e Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro e Cruz e
Sousa; A Rambóia, 1928, de Luís Silva, José Galhardo, Alberto Barbosa,
Xavier de Magalhães e Manuel Santos Carvalho, música de Hugo Vidal,
Raul Ferrão e Frederico de Freitas; Chá de Parreira, 1929, de José
Galhardo, Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Frederico de
Freitas, A. Coelho, Wenceslau Pinto e Raul Portela; A Bola, 1930, de
Alberto Barbosa e José Galhardo, música de Venceslau Pinto, Alves
Coelho, Raul Portela; Biscaia Lambida, 1930, de José Galhardo, Vasco de
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Matos Sequeira, F. Ferreira e Alberto Barbosa, com música de autoria de
A. Coelho, Wenceslau Pinto e Raul Portela; Ai-Ló (1931), de Félix
Bermudes, João Bastos, Alberto Barbosa, música de Frederico de Freitas,
António Melo; Toma, Teresa!, 1931, de Alberto Barbosa, Alberto Ghira, F.
Ferreira e M. Fervença, música de Raul Portela, Wenceslau Pinto, Raul
Ferrão, A. Gomez e A. Coelho; Pirulau, 1932, (de Cicranos e Beltranos),
parceria constituída por Alberto Barbosa, Lino Ferreira, Xavier de
Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Raul Ferrão e Raul Portela;
Arraial, 1933, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, música
de Raul Ferrão, Raul Portela; Zé dos Pacatos, de Alberto Barbosa; José
Galhardo, Vasco Santana, Xavier de Magalhães, música de Raul Portela,
Raul Ferrão, Afonso Correia Leite; O Jogo Da Glória, 1934, de Alberto
Barbosa, José Galhardo e Vasco Santana, e música de Frederico de Freitas
e Wenceslau Pinto; Loja Do Povo, 1935, de Alberto Barbosa, José
Galhardo, Vasco Santana, Xavier de Magalhães, música de Raul Portela,
Raul Ferrão e Afonso Correia Leite; Arre, Burro!, 1936, de Alberto
Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Amadeu do Vale, música de Raul
Portela, Raul Ferrão, Fernando de Carvalho; Olaré Quem Brinca, 1937,
com a mesma parceria; A Estrela de Ouro, 1937, de Alberto Barbosa, José
Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale, música de Raul Portela, Raul
Ferrão e Fernando de Carvalho; Rua d268a Paz, 1938, de Alberto Barbosa,
José Galhardo e Amadeu do Vale, música de R. Ferrão, Frederico Valério e
Carlos Dias; Eh, Real!, 1939, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Amadeu
do Vale, música de Raul Portela, António Lopes, Frederico Valério; O
Banzé, 1939, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Amadeu
do Vale e Manuel Santos Carvalho, música de Raul Portela, Raul Ferrão e
Fernando de Carvalho; A Marcha de Lisboa, 1941, de Alberto Barbosa,
José Galhardo, Fernando Santos, Almeida Amaral, música de Raul Ferrão,
Carlos Dias; A Grande Paródia, 1941, de Alberto Barbosa, José Galhardo,
Fernando Santos e Almeida Amaral, música de Raul Ferrão e Carlos Dias;
O Zé Povinho, 1942, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos
e Almeida Amaral, música de R. Ferrão e Carlos Dias; Alerta Está!, 1943,
de Alberto Barbosa, João Galhardo, António do Vale, Vasco Santana e
Manuel Santos Carvalho, música de Raul Ferrão, Carlos Dias e Frederico
Valério; O Fado da Mouraria, 1945, de Alberto Barbosa e José Galhardo,
música de Fernando de Carvalho e Carlos Dias; Sempre em Pé!, 1946, de
Alberto Barbosa, José Galhardo, música de Raul Ferrão e Carlos Dias; Se
Aquilo que a Gente Sente, 1947, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco
Santana, Luís Galhardo, música de Raul Ferrão, Fernando de Carvalho,
Frederico Valério; É de Gritos, 1950, de Alberto Barbosa, José Galhardo e
Lourenço Rodrigues, música de Raul Ferrão, Fernando de Carvalho, Jaime
Mendes, João Nobre e Carlos Dias; Sempre em Festa, 1950, de Alberto
Barbosa, José Galhardo e Fernando Ávila, música de Raul Ferrão, Jaime
88
Mendes, Frederico de Freitas, Carlos Dias e Fernando de Carvalho; Daqui
Ninguém me Tira, 1951, de Alberto Barbosa e Amadeu do Vale, música de
R. Ferrão e Carlos Dias; Sol de Portugal, 1951, de Alberto Barbosa, José
Galhardo e Amadeu do Vale, música de vários autores; Eva no Paraíso,
1953, de Alberto Barbosa, Lourenço Rodrigues, música de António Melo,
João Nobre, Miguel de Oliveira; Lisboa Antiga, 1953, de Alberto Barbosa,
Fernando Santos, Almeida Amaral, e Lourenço Rodrigues, música de João
Nobre, Alves Coelho e Miguel de Oliveira; Mãos no Ar, 1954, de Alberto
Barbosa, Fernando Santos, Almeida Amaral e Lourenço Rodrigues, música
de João Nobre e M. de Oliveira e De Bota Abaixo, 1955, de Alberto
Barbosa e L. Rodrigues, música de João Nobre e Carlos Dias.
No capítulo do teatro declamado, a vasta produção de Alberto Barbosa
compreende operetas de costumes populares, com destaque para A
Gandaia, 1928, com Luís e José Galhardo; Coração de Alfama, 1935, com
Amadeu do Vale, José Galhardo e Vasco Santana; Senhora da Atalaia,
1937; Ribatejo, 1939; O Colete Encarnado, 1940 e A Rosa Cantadeira,
estreada em 1944.
No campo das adaptações e traduções, Alberto Barbosa é responsável
por cerca de meia centena de peças estrangeiras, escolhidas em função das
possibilidades de êxito. A maior parte era constituída por farsas e comédias
espanholas, que fizeram longas carreiras. Assim: A Malquerida, com Lúcio
Escorcio; O Pardal Maluco, com Lino Ferreira e Xavier de Magalhães;
Boa Noite, Sr. Borges, com José Galhardo, Santos Carvalho e Vasco
Santana; O Crime Da 5ª Avenida, com Félix Bermudes e João Bastos; A
Menina do Coro, com José Galhardo, Vasco Santana e Xavier de
Magalhães; Sopa de Massa, com Lino Ferreira, Álvaro Santos, Lopo Lauer
e Silva Tavares; Desculpa Ó Caetano, com José Galhardo, Vasco Santana e
Santos Carvalho; Ó Costa, Vai-Te Matar, com Carvalho Mourão, José
Galhardo, Santos Carvalho e Vasco Santana; É Agora, Ó Nicolau, com
José Galhardo e Vasco Santana; A Cadeira Nº 13, com Pereira Coelho; O
Menino Virtuoso, com José Galhardo; Sangue Azul, com José Galhardo,
Luís Galhardo e Vasco Santana, adaptada de uma peça espanhola; A Culpa
é do Bibi, com José Galhardo e Vasco Santana; A Flor De Laranjeira, com
Lino Ferreira e Xavier de Magalhães; O Grão de Bico, com Lino Ferreira,
Álvaro Santos, Silva Tavares e Xavier de Magalhães; O Coca Bichinhos,
com Lino Ferreira e Xavier de Magalhães; O Jorge Cadete, com Lino
Ferreira, Silva Tavares e Xavier de Magalhães; Flor de S. Roque, com Luís
Galhardo; Três Contra Um, com Vitor Lopes e Santos Carvalho; O Crime
do Cochicho, com Lino Ferreira, subida à cena no Éden-Teatro; Os
Gaviões, com Acácio Antunes e Xavier de Magalhães; O Amor Perfeito, A
Menina Amélia, com José Galhardo, Vasco Santana e Santos Carvalho; O
João-Ninguém, com José Galhardo; O Padre Piedade, e A Formiga entre
muitos outros trabalhos.
89
Para a sétima arte, escreveu os diálogos e o argumento dos filmes: A
Canção de Lisboa, Maria Papoila, e Capas Negras.
Alberto Barbosa foi secretário de Luís Galhardo e Teixeira Marques.
Foi empresário de vários teatros de Lisboa e Porto. Durante muitos anos, e
até à sua demolição em 1947, foi empresário do Teatro Apolo.
Foi sócio fundador da Associação dos Autores Dramáticos e da
Sociedade dos Escritores e Compositores Teatros.
BARBOSA, Ascensão
António de Ascensão Barbosa nasceu no Porto, em 24 de Maio de
1900 e faleceu em Lisboa, a 10 de Setembro de 1955, onde exerceu
advocacia.
Foi um dos mais credenciados autores de teatro ligeiro e teve uma
importante parceria com Abreu e Sousa, em farsas, operetas e revistas,
iniciada em 1920 com a revista Bomba Real, em que predominam as obras
desse género. Mencionam-se as farsas: O Tavares Rico, A Mulher de
Virtude, 1934; A Bicha de Rabiar, As Meninas Pires, 1936, de que também
foi co-autor Félix Bermudes; A Sopa Juliana, comédia em 3 actos, escrita
em colaboração com Abreu e Sousa e representada pela primeira vez no
Teatro Avenida, em 2 de Fevereiro de 1938, com a interpretação de Maria
Matos, Maria Helena, Lúcia Mariani, Rosina Rego, Laura Fernandes,
Maria Reis, Idalina Lopes, Assis Pacheco, Joaquim Prata, António Palma,
Joaquim Miranda, Francisco Costa, Hermano Rio, José Morais, Alfredo
Pereira e José Monteiro; Os Pires de Sacavém, escrita em 1924 e reposta
em cena em 1960 com o título Os Primos Basílios. Todas estas obras foram
representadas pela companhia de Maria Matos no Teatro Avenida, além do
episódio bíblico em verso Nosso Senhor, escrito em colaboração com
Abreu e Sousa em 1930 e representado no Teatro Variedades neste mesmo
ano. Com este colaborador escreveu também O Bicho do Mato, peça
representada no Teatro Avenida em 1932.
O estilo das suas farsas assenta na crítica de uma pequena burguesia
pelintra que presume de abastada, o que provoca o seu envolvimento em
situações equívocas exploradas pelo lado caricatural.
Ao nível de operetas, destaca-se Os Vareiros, estreada no Teatro
Apolo e Miss Lisboa, também levada à cena neste teatro em 1934, a
primeira, escrita em colaboração com H. Campos Monteiro e, a segunda,
com Félix Bermudes. Traduziu As Fontes Luminosas, de Berr e Verneuil,
estreada no Teatro Avenida em 1936; as comédias O Quarto Azul, de Y.
Mirande e H. Géruole, levada à cena no Teatro Apolo em 1932; Morena
Clara, de A. Quintero e Guillén, estreada no Teatro Variedades em 1936; O
Fiel Amigo, de T. Berbard, Y. Mirande e G. Quinson, também no mesmo
Teatro em 1944.
90
Estreou-se no Porto, aos 18 anos, com a revista Pim-Pam-Pum, em
colaboração com o actor Gil Ferreira, revista essa estreada no Teatro Águia
de Ouro.
BARBOSA, Carvalho
Luís Antero de Carvalho Barbosa nasceu no Porto, em 3 de Janeiro de
1884, onde faleceu a 17 de Agosto de 1936.
A sua primeira peça, a comédia Figuras do Passado, estreou-se em
1906.
Teve uma parceria com Arnaldo Leite, conhecida nos ambientes
teatrais como a “Parceria do Porto”, para se distinguir da que, em Lisboa e
na mesma época, constituíram com Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e
João Bastos.
A colaboração com Arnaldo Leite teve início em 1908, com a comédia
A Sombra da Torre e nas revistas Já te Matei e Contas do Porto e dela
resultaram, entre comédias, revistas e operetas, cerca de sessenta títulos.
Destes, os mais lembrados dessa colaboração foram a trilogia O Amor, O
Beijo e A Mulher, ciclo de revistas-fantasias, representadas no Porto nos
anos de 1915, 1916 e 1917; as operetas: Miss Diabo, interpretada pela
Companhia Satanela-Amarante no Teatro Politeama em 1921; O Gordo da
Ribeira, levada à cena no Teatro Carlos Aberto, no Porto, em 1927,
protagonizada por Cremilda de Oliveira e A Catraia do Bulhão, levada à
cena no Teatro Sá da Bandeira, do Porto, em 1936, protagonizada por
Mirita Casimiro; a farsa em 3 actos, Cama, Mesa e Roupa Lavada, estreada
no Teatro Avenida em 1922 e que proporcionou a Chaby Pinheiro uma das
suas mais notáveis criações. São de referir também, O Homem da Capa
Preta, estreada no Teatro Sá da Bandeira, em 1922, com interpretação de
Adelina e Aura Abranches; Ser ou Não Ser, também neste teatro em 1924;
as farsas O Dr. Xabregas e O Ladrão, 1912; a comédia lírica Flor da Rua,
1913; as comédias Quem Deus Levou, 1916; Tenório Júnior, 1916, O
Homem da Capa Preta, 1923; Ser ou Não Ser, 1924, Uma Velha que Tinha
um Gato, levada à cena no Teatro Sá da Bandeira, em 1925, interpretada
por Maria Matos e Nascimento Fernandes e o drama O Pão, a Terra e o
Lar, estreado no Teatro São João, no Porto, no ano de 1930, protagonizado
por Alves da Cunha.
Juntaram-se ambos a Augusto Veras, para escrever a comédia X e a
Alfredo Miranda, para a peça de viagens Robinson.
Fora da parceria, Carvalho Barbosa escreveu, em 1907, as comédias
Ossadas, Casa, Pucarinho; Quem Matou Abel?, peça policial num acto, em
1912 e Quem Deus Matou, estreada no teatro Nacional em 195, bem como
91
um livro, escrito em 1914, àcerca de pessoas e factos do teatro, intitulado
Figuras de Passar.
BARBOSA, José
O cenógrafo José Barbosa nasceu em 1900 e faleceu em 1977.
Homem culto e viajado, com fascinação pelos Ballets Russos, foi um
dos nossos mais modernos desenhadores teatrais.
O seu primeiro trabalho foi para a companhia de Luísa Satanela e
Estêvão Amarante, na revista Água-Pé, estreada no Teatro Avenida em
1927, de autoria de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães,
Lourenço Rodrigues e José Galhardo. Teve interpretação, entre outros dos
artistas: Luísa Satanela, Estêvão Amarante, António Silva, Francis, Maria
Santos, Josefina Silva, João Silva, Jorge Grave e Salvador Costa. Foi um
êxito estrondoso. Era uma revista que respirava modernidade e que juntou
outros talentos jovens, como foi o caso do bailarino Francis e do
compositor Frederico de Freitas.
José Barbosa tinha então 27 anos e impôs-se de imediato neste meio
com um traço inovador passando, de imediato, a desenhar trabalhos para
outras revistas, tragédias, bailados, óperas, comédias e teatro infantil. O seu
percurso no mundo do espectáculo foi de tal relevo, que foi considerado o
maior desenhador teatral português, do século XX.
José Barbosa obteve enormes sucessos nos palcos, designadamente
com as revistas: A Rambóia, 1928; Chá de Parreira, 1929; Ai-Ló e
Mexilhão, 1931; Pirilau, 1932; Areias de Portugal; Pernas ao Léu, 1933,
entre outras, num total de 21 revistas, desenhadas entre 1927 e 1950.
Amélia Rey Colaço, requisitou também o talento deste artista,
principalmente em Amadis de Gaula, de Gil Vicente, versão de Júlio de
Castilho estreado em 1935; A História da Carochinha, de Eduardo
Schwalbach, em 1935; Sua Excelência, de Gervásio Lobato, em 1936; a
tragédia Maria Stuart, de Friedrich Schiller, em 1938; Sonho de Uma Noite
de Verão, de William Shakespeare, em 1941; Frei Luís de Sousa, de
Almeida Garrett, em 1943; e Santa Joana, de George Bernard Shaw, em
1956.
Por último, é de enaltecer o trabalho que José Barbosa fez para a
Rainha Santa, de Rui Chianca, em 1933, a convite de Ilda Stichini e Ester
Leão e levado à cena no Teatro de S. Carlos; os trabalhos que fez para a
Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio; para a Companhia de
Francisco Ribeiro “Ribeirinho”; para Os Comediantes de Lisboa, onde se
cita O Cadáver Vivo, 1946, de Léon Tolstoi, O Morgado de Fafe em
Lisboa, 1948, de Camilo Castelo Branco, A Dama das Camélias, 1949, de
Alexandre Dumas Filho; para o Teatro do Povo, a Castro, 1952, de
92
António Ferreira, O Traído Imaginário, 1952, de Molière; para o Teatro
Nacional Popular, Noite de Reis, 1957, de William Shakespeare e Sabina
Freire, 1969, de Manuel Teixeira Gomes, entre muitos outros trabalhos de
figurinos e cenários.
BARRADAS, Jorge
Jorge Nicholson Moore Barradas nasceu em Lisboa, em 16 de Julho
de 1894, onde faleceu em 1971.
Desenhador, pintor, gravador e ceramista, foi um dos artistas que
contribuíram, com o seu traço estilizado em que se insinuam sugestões
satíricas, para a renovação da decoração teatral nos anos 20 do século XX,
tanto no teatro declamado, como na revista. No teatro declamado fez um
trabalho interessante para o 3º e 4º actos da peça Zilda, de Alfredo Cortez,
representada no Teatro Nacional D. Maria II em 1921, bem como para a
revista O Sete e Meia, levada à cena no Teatro Apolo em 1927; na revista
Ó Ricócó, no teatro Maria Vitória, em 1929; na Cigarra e a Formiga,
estreada no Teatro da Trindade em 1930; O Canto da Cigarra e Pernas ao
Léu, ambas levadas à cena no teatro Variedades, respectivamente em 1931
e 1933.
Foi também um dos mais populares ilustradores, tendo colaborado em
O Sempre Fixe. Em 1925 participou na decoração do Bristol Club e
executou duas telas para a Brasileira do Chiado. Em 1945 lançou-se como
ceramista. Ao longo dos anos 40 e 50 a sua pintura seguiu de perto, no
formalismo decorativo, as peças e os desenhos de cerâmica, amaneirandose num grafismo mais frágil que gracioso.
BARRETO, João
O actor e escritor, João Carlos de Melo Barreto nasceu em Lisboa, em
3 de Julho de 1873, onde faleceu a 26 de Janeiro de 1935.
Jornalista, escritor e diplomata entrou, desde muito novo, para a vida
da imprensa. Além de colaborar em muitos periódicos, principalmente em
artigos de crítica teatral e de música, foi redactor efectivo do Jornal da
Noite, Arte Musical, Correio Nacional, Tarde, Repórter, Novidades,
Revista Teatral, Ocidente, Gazeta dos Caminhos de Ferro, Ecos da
Avenida e Diário Ilustrado.
Foi durante muitos anos o correspondente de O País, do Rio de
Janeiro.
O teatro deve-lhe, além de modelares traduções das melhores obras de
Bataile, Bernstein, Tolstoi, R. de Flers e outros, algumas peças originais,
tais como: As Violetas, opereta que, com música de Freitas Gazul, se
93
representou no Teatro da Trindade em 1892; Em Pé de Guerra, ópera
cómica em 3 actos e 4 quadros e Vizinha a Saltar, revista escrita em
colaboração com Câmara Lima.
No campo da tradução referimos A Hospedeira, de Goldoni, levada à
cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1899; Um Pai Pródigo, de Dumas
filho, também representado no mesmo teatro em 1900; As Semi-Virgens, de
M. Prévost, levada à cena no Teatro Dona Amélia em 1901; Madame Flirt,
de P. Gavault e G. Berr, levada à cena no mesmo teatro em 1902;
Ressureição, adaptada por H. Bataille do romance de Tolstoi, também
estreada no mesmo teatro no ano de 1903; A Pedra de Toque, de Augier e
Sandeau, estreada no Teatro Nacional em 1904; A Rajada, de Bernstein, no
Teatro Dona Amélia em 1906; Minha Mulher Noiva Doutro, de P. Gavault,
também no mesmo teatro em 1909; Primerose, de Flers e Caillavet e O
Clube dos Suicidas, de Mouézy-Éon e P. Armont, também estreadas no
Teatro Dona Amélia em 1912; A Última Tortura, de A. De Lord, levada à
cena no teatro Sá da Bandeira, no Porto, em 1912; A Menina de Chocolate,
de P. Gavault, estreada no teatro do Ginásio em 1912; A Marcha Nupcial,
de Bataille e A Honra Japonesa, de P. Anthelme, estreada no Teatro
Nacional em 1913; A Labareda, de Kistemaeckers e Papá, de Flers e
Caillavert, levadas à cena no teatro República em 1913; O Mistério do
Quarto Amarelo, de G. Leroux, no Teatro do Ginásio em 1913; A Bela
Aventura, de Flers e Caillavert, no Teatro de S. Carlos em 1914; A Força
do Destino, de P. Hervieu, no mesmo teatro em 1915; A Sopa do Mel, de P.
Gavault, no Teatro do Ginásio em 1915; O Escândalo, de Bataille, estreada
no teatro Nacional em 1916; O Manequim, de Gavault e Os Três Noivos de
Germana, de Berr e Verneuil, estreadas no teatro do Ginásio em 1916;
Reservado para Senhoras, de Hennequin e Veber, O Altar da Pátria, de
Bernstein e Marionettes, de P. Wolff, levadas à cena no mesmo teatro em
1918; Géneros Alimentícios, de Y. Mirande e G. Montignac, estreadas no
Teatro S. Luís em 1918; Bodas de Prata, de P. Géraldy e O Encoberto, de
Berton, no Teatro Nacional em 1919 e Montmartre, de P. Frondai, também
estreada neste teatro em 1920.
Tendo acompanhado desde a sua entrada no jornalismo, o partido
regenador, aderiu ao novo regime logo que a República se implantou e nela
veio a desempenhar cargos de grande relevo, desde director geral do
Congresso a Ministro de Estado e, por fim, Embaixador de Portugal em
Espanha.
Foi secretário da empresa do Real Teatro de S. Carlos, entre 18971898. Era sócio fundador da Associação dos Jornalistas.
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BARRETO, Luís
Luís Barreto da Cruz nasceu em Lisboa em 1872 e faleceu no Porto
em 1948.
Jornalista e diplomata foi autor de uma tese de concurso para
professor do Conservatório Nacional, que publicou em 1912 com o título O
Teatro Português Existe? e de três peças: Lei Mais Forte, escrita em
colaboração com Amadeu de Freitas, representada em 1905 pela
companhia do Teatro Moderno; Um Lar, de que foi colaborador Manuel
Neves, levada à cena no Teatro Nacional em 1908 e À Margem do Código,
estreada no mesmo teatro em 25 de Janeiro de 1910, na interpretação de
Inácio Peixoto, Carlos Santos, Augusto de Melo, Cristiano de Sousa, Luís
Pinto, Palmira Torres e Augusta Cordeiro.
Em 1914 o Teatro do Ginásio levou à cena a sua peça policial O
Crime da Avenida 33, escrita em colaboração com Bento Mântua, que
reflecte o estilo, então muito em voga, dos dramas e romances de Gaston
Leroux ou de Maurice Leblanc.
BARROS, Amélia
A actriz Amélia Barros nasceu em 1842 e faleceu em 1929.
Representou, pela primeira vez, no antigo Teatro Esperança, do
Funchal, com um grupo de teatro de amadores no drama Cinismo,
Cepticismo e Crença, de autoria de César de Lacerda, e na comédia Entre a
Bigorna e o Martelo, de Paulo Midosi.
Saindo dali para os Açores, estreou-se no Teatro Micaelense, de Ponta
Delgada, no drama Os Homens Ricos, de Ernesto Rodrigues.
Passados alguns anos veio para o continente, onde se iniciou no
Teatro do Príncipe Real do Porto, na opereta de Cardim Joana do Arco.
Esteve neste teatro uma época. Depois, foi para Lisboa em 1876, para se
estrear no Teatro da Trindade, na comédia em 1 acto Um Favor ao
Procópio. A partir daqui a sua carreira foi magnífica, entrando em muitas
peças, designadamente em: Giroflé-Giroflá, Almas do Outro Mundo,
Graziela, Barba Azul, Duende, D. Juanita, Bocácio, Niniche, Cigarra,
Gato Preto, Moira de Silves, Burro do sr. Alcaide, Sal e Pimenta, Fado do
Amor, Gata Borralheira e Em Pratos Limpos.
Fez digressões ao Brasil, onde foi recebida com a maior admiração.
BARROS, Carlos
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O actor Carlos António Barros nasceu em Lisboa, em 10 de Março de
1898 e faleceu a 13 de Fevereiro de 1962.
Estreou-se como actor no dia 7 de Abril de 1906 no Teatro Apolo, na
Companhia Ruas, através do drama Inês de Castro.
As principais peças onde participou, foram: Sonho Dourado, Casta
Susana, Viúva Alegre, Eva, Amores de Príncipes, Dote, Solar dos Barrigas
e Sonho de Valsa.
Actuou nos principais teatros de Lisboa, África, província e Brasil.
Era casado com a actriz Salete Barros.
BARROS, Corrêa de
José Augusto Corrêa de Barros nasceu no Porto, em Outubro de 1835
e faleceu nos primeiros anos do século XX.
Engenheiro civil e deputado, fez representar no Teatro Nacional D.
Maria II os dramas Expiação, em 1857, que escreveu enquanto estudante
da Universidade de Coimbra; Nobreza, em 1864, protagonizado por Emília
Adelaide; A Cruz do Matrimónio, tradução do espanhol, em 1865 e a
comédia original em 1 acto, Fisiologia do Casamento, levada à cena em
1866, protagonizada por Manuela Rey.
Traduziu do francês os dramas Suplício duma Mulher, de E. Girardin
e Os Íntimos, de Sardou.
BARROS, Figueiredo de
Jorge Manuel Pujol Figueiredo de Barros nasceu em Lisboa em 1929,
onde faleceu em 1981.
Escreveu várias peças originais ou adaptadas, escritas para a rádio e
televisão. Escreveu para a cena, sem que no entanto tivessem sido
representadas, as peças: O Moinho, A Secretária, O Vale Esquecido e O
Criado do Marajá, entre outras.
BARROS, Leitão de
José Júlio Marques Leitão de Barros nasceu no dia 22 de Outubro de
1896, na freguesia de Santa Isabel, no Porto e faleceu em Lisboa, a 29 de
Junho de 1967.
Cursou o liceu, a Escola de Belas Artes, as Faculdades de Ciências e
Letras de Lisboa e a Escola Normal Superior da Universidade Lisboa.
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Professor liceal de Desenho e Matemática (nomeadamente, no Liceu
Passos Manuel, em Lisboa), seriam, porém, outras actividades que o
haviam de tornar um dos maiores vultos públicos da sua geração.
O jornalismo, que inicia em 1916, seria a mais constante e prolongada,
tendo colaborado nos principais jornais do seu tempo com artigos,
reportagens, entrevistas, críticas e crónicas (ficaram célebres a entrevista a
Salazar em O Século e as crónicas que, sob o título genérico «Corvos»,
publicou no Diário de Notícias entre 1953 e 1967) e que editou em livro
esgotando várias edições. No jornalismo, Leitão de Barros foi fundador e
dirigiu o Domingo Ilustrado, um semanário que evoluiu para o Notícias
Ilustrado, edição semanal do Diário de Notícias de Lisboa. Mais tarde
ingressou na Sociedade Nacional de Tipografia, proprietária de O Século,
como director de O Século Ilustrado.
Trabalhou como jornalista em A Capital, O Dia e em vários jornais
brasileiros, entre os quais a Tribuna de Imprensa, do Rio de Janeiro, o
célebre jornal de Carlos Lacerda.
Também como pintor se destacou e o mérito reconhecido em
exposições e prémios, em Portugal e no estrangeiro. Foi, aliás, durante
anos, Director da Sociedade Nacional de Belas Artes.
No teatro colaborou como autor e cenografista sendo, aliás, um dos
principais renovadores da cenografia em Portugal, nos anos 20. Neste
campo cenografou várias peças para Amélia Rey Colaço, no Teatro
Ginásio, no Teatro S. Carlos e, até no teatro ligeiro deu o seu contributo
renovador, montando e dirigindo as revistas que lançaram a actriz Beatriz
Costa.
A concepção monumental de festejos históricos (tão do agrado do
Estado Novo) foi outra das suas facetas, que o tornaram conhecido. A
«tradição» das marchas populares de Lisboa foi ele quem a criou. O
Cortejo das Viaturas, em 1934, o Cortejo da Embaixada do Século XVIII,
em 1936, o Cortejo Medieval e o Torneio Medieval dos Jerónimos, no ano
de 1938, as Festas Centenárias, em 1940, a Exposição do Mundo
Português, também em 1940, de que foi secretário, o Cortejo Histórico das
Festas Centenárias de Lisboa, 1947, eis algumas das iniciativas onde esteve
activamente presente, dirigindo, concebendo, propondo. A Feira Popular de
Lisboa teve nele, em 1943, um dos decisivos promotores e, quando o
regime precisava de organizar recepções triunfais ia buscá-lo. Orientou as
seguintes recepções a Franco e à Rainha Isabel II.
No cinema está presente desde 1918, através da Lusitânia Film – uma
das várias efémeras tentativas de lançar uma produção industrial, que em
Portugal nas décadas de 10 e 20. Realiza, então, dois filmes e deixa um
terceiro incompleto. Da sua filmografia iriam fazer parte alguns dos mais
marcantes momentos do cinema português dos anos 30 e 40.
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No teatro, trabalhou com encenador e como autor e escreveu as
comédias num acto: 30 H P, com Ilda Stichini como protagonista, e ainda
Maria Matos e Mendonça de Carvalho, levada à cena no Teatro Apolo em
1923; O Idílio das Mães e A Aposta das Lágrimas, 1922, O Homem que
Passa, peça em 1 acto, levada à cena no Teatro Nacional, em Janeiro de
1923, com a participação de Ana de Oliveira, Laura Kimel e Luis Pinto; O
Ramo de Violetas, 1923 representadas por Palmira Bastos; Náufragos, peça
de Fernanda de Castro Ferro, cuja montagem cenográfica sofreu uma
apresentação modernista por Leitão de Barros; Um Actor à Volta de Seis
Papéis, 1925; Se Eu Quisesse, comédia de Geraldy, onde Leitão de Barros
colaborou como decorador teatral, e que Ilda Stichini representou
excelentemente. A tradução foi de Carlos Abreu e Maria Sottomayor e deu
30 representações.
Três décadas volvidas, durante as quais desenvolveu a carreira
cinematográfica, tornou ao teatro com duas peças que alcançaram grande
êxito de bilheteira: Prémio Nobel, publicada em 1955 em colaboração com
Fernando Santos e Almeida Amaral e Avó Lisboa, respectivamente
estreadas em 1954 e 1956 no Teatro Nacional. Grande parte desse êxito
ficou a dever-se ao que nelas era oportuna exploração de temas da
actualidade: a atribuição ao professor Egas Moniz no Nobel de Medicina, a
especulação imobiliária e as negociatas da construção civil. Nesta peça,
para além de autor foi também o responsável pela encenação. A estreia
deu-se no Teatro Nacional, dia 7 de Fevereiro, com Palmira Bastos, Vasco
Santana, Erico Braga, Pedro Lemos, Luz Veloso e Hortense Luz.
Como cenógrafo, deve-se a Leitão de Barros uma vasta colaboração.
No Teatro Nacional D. Maria II foi o responsável pelas seguintes
produções:
A Rival, peça de autoria de Henry Kiestmaeckers e Eugène Delard,
tradução de José Paulo da Câmara, cenografia de Leitão de Barros e
Frederico Aires e interpretação de Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço,
Robles Monteiro e Henrique de Albuquerque, estreada a 14 de Julho de
1922.
A Ribeirinha, de Francisco Lage e João Correia de Oliveira,
cenografia de Leitão de Barros e Martins Barata, interpretação de Amélia
Rey Colaço, Robles Monteiro, Gil Ferreira, estreada a 1 de Março de 1923.
A Hora Imaculada, de Dario Niccodemi, tradução de Augusto Gil e
encenação de Amélia Rey Colaço, cenografia de Leitão de Barros e
interpretação de Amélia Rey Colaço e Raul de Carvalho, estreada em 19 de
Abril de 1926.
Colaborou numa extensa filmografia, onde se destaca, Malmequer
(1918); Mal de Espanha (1918); Sidónio Pais (1918); O Homem dos Olhos
Tortos (inacabado, 1918); Festas da Curia (1926); Nazaré, Praia de
Pescadores (1929); Lisboa, Crónica Anedótica (1930); Maria do Mar
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(1930); A Severa(1935); As Pupilas do Senhor Reitor (1935); Bocage
(1936); Maria Papoila (1937); Legião Portuguesa (1937); Mocidade
Portuguesa (1937); Varanda dos Rouxinóis (1939); A Pesca do Atum
(1939); Ala-Arriba! (1942); A Póvoa de Varzim (1942); lisboa e os
Problemas do Seu Acesso (1944); Inês de Castro (1945), realizado em três
versões e para o qual, pela primeira vez, um artista português dirigiu uma
obra em estúdios estrangeiros e que foi considerada obra de interesse
nacional pelo Ministério da Educação de Espanha, onde o seu trabalho
obteve clamoroso êxito e lhe deu jus ao 1º prémio da cinematografia
espanhola; Camões (1946), conquistando o Grande Prémio do Secretariado
Nacional da Informação para o melhor filme do ano; Vendaval
Maravilhoso (1949); A Última Rainha de Portugal (1951); Relíquias
Portuguesas no Brasil (1959); Comemorações Henriquinas (1960); A
Ponte da Arrábida sobre o Rio Douro (1961); Escolas de Portugal (1962);
A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo (1966).
Além da Grã-Cruz da Ordem de Santiago, atribuída pelo Marechal
Carmona, Leitão de Barros possuía o grau de Grande-Oficial da Ordem de
Cristo e de Afonso o Sábio (condecoração espanhola). Com os seus
«Corvos» conseguiu o Prémio Júlio César Machado, destinado a galardoar
o melhor cronista de Lisboa.
Foi, ainda, fundador do Grupo Amigos de Lisboa e director da
Sociedade Nacional de Belas Artes.
Publicou, entre outros trabalhos, Elementos de História da Arte e
recebeu expressivas homenagens, tanto pelas suas obras cinematográficas
como literárias.
Revelou-se bastas vezes um conferencista brilhante, nomeadamente,
com a conferência que, em 1947, pronunciou no salão do Século sobre
«Cinema - Conceitos e Suas Relações».
Leitão de Barros era genro do grande mestre aguarelista Roque
Gameiro e era casado com a talentosa pintora Helena Roque Gameiro
Leitão de Barros.
BARROS, Mário
Mário Barros nasceu em Lisboa, em 11 de Outubro de 1896 e faleceu
no dia 2 de Março de 1972.
Era sócio da Sociedade de Escritores e Compositores desde o seu
início, ascendendo nela ao cargo de Presidente do Conselho Fiscal, cargo
que vinha exercendo há muitos anos, até falecer.
Era neto da actriz Amélia Barros, irmão da actriz cantora Raquel
Barros. Desde muito novo que o teatro constituía para ele uma autêntica
99
devoção. Deliciava-se a falar de peças, de autores e de artistas e só por
motivo imperioso faltava a uma estreia.
Deixou o seu nome ligado a numerosas peças, umas, originais, como o
Auto do Cristo Redentor; Milagre de Fátima; Quem Tiver Filhas no
Mundo; Marcha de Alfama; outras, traduzidas, quer do género declamado,
A Mulher; Eterna Mocidade; Miss França, Pijama Nupcial, quer do género
musicado, Princesa Manequim; Príncipe Orlof; A Bayadera; Paganini; Ás
de Cinema; A Violeta de Montmartre; Cló-Cló e O Moinho do Diabo.
Trabalhou com diversos colaboradores, designadamente, Acácio Antunes,
Arnaldo Brandeiro, Avelino de Sousa, Feliciano Santos e Mário Monteiro.
BARROS, Nelson
Nelson Cesário Monteiro Barros nasceu em Lisboa em 1924, onde
faleceu no ano de 1966.
Foi colaborador de numerosas revistas portuguesas a que imprimiu um
cunho de bom gosto e imaginação renovadora. Escreveu, com Luna de
Oliveira, a farsa em 3 actos A Ama Seca, representada em 1941 no Teatro
Avenida pela companhia da actriz Maria Matos e adaptou, com Francisco
Matos e Carlos Wallenstein, O Inspector-Geral de Gogol, para a
inauguração do Teatro Villaret em 1965.
Das revistas em que colaborou, destacamos: Ora Vai Tu!, escrita em
colaboração com Aníbal Nazaré, representada no Teatro Maria Vitória em
1940, com a interpretação de Carmencita Aubert, Álvaro Pereira. Virgínia
Soler, Carminda Pereira, Alfredo Ruas, Barroso Lopes, Armando Machado,
Maria Amélia, Maria Luísa e Mafalda; Cantiga da Rua, em colaboração
com Ascensão Barbosa, estreada no Teatro Maria Vitória em 1943, com a
participação de Mirita Casimiro, Vasco Santana, Ribeirinho, Costinha,
Barroso Lopes, Luísa Durão, Maria Luísa, Natália Viana e Domingos
Marques; Há Festa no Coliseu, em colaboração com Ascensão Barbosa e
Aníbal Nazaré, levada à cena em 1944 no Coliseu dos Recreios de Lisboa,
com o elenco: Irene Isidro, Álvaro Pereira, Costinha, Barroso Lopes, Luísa
Durão, Carlos Alves, Maria Luísa, Maria Graça, Domingos Marques,
Ricardo Santos Carvalho e Maria Sidónio; Bolacha Americana, em
colaboração com Ascensão Barbosa e Aníbal Nazaré, levada à cena no
Teatro Apolo em 1945, com a colaboração de Hermínia Silva, Costinha,
Carmencita Aubert, Ricardo Santos Carvalho, Alfredo Ruas, Luísa Durão,
Carlos Alves, Maria Sidónio e António Mestre; Estás na Lua, da mesma
parceria, estreada em 1946 também no Teatro Apolo, com a interpretação
de Laura Alves, Costinha, Amália Rodrigues, Luísa Durão, Maria Clara,
Soares Correia e Maria Sidónio; Tá Bem ou Não Tá?, da mesma parceria,
levada à cena no Teatro Avenida em 1947, com a colaboração de Laura
100
Alves, Álvaro Pereira, Ribeirinho, João Villaret, Maria Luísa, Carlos
Alves, Georgina Cordeiro e Arminda Vidal; Feira da Avenida, escrita em
colaboração com os mesmos parceiros, estreada no Teatro Variedades em
1949, com um elenco constituído por Irene Isidro, António Silva, Alfredo
Ruas, Maria Luísa, Aida Baptista, Carlos Alves, Guilherme Kijolner e João
Villaret; Melodias de Lisboa, escrita em colaboração com Fernando Santos
e João Villaret, representada no Teatro Monumental em 1955, com a
participação de Laura Alves, João Villaret, Assis Pacheco, Mimi Gaspar,
Camilo de Oliveira, Raul Solnado, Fernando Lima e Águeda Sena; Há
Horas Felizes, em colaboração com José Galhardo e Carlos Lopes, levada à
cena no Teatro Variedades em 1957, com Vasco Santana, Bibi Ferreira,
Costinha, Raul Solnado, Carlos Coelho, Rui de Carvalho, Alda Pinto e
Gisèle Robert; Vinho Novo, escrita com Fernando Santos e Paulo Fonseca,
estreada no Teatro ABC em 1958, com Aida Baptista, Álvaro Pereira, José
Viana, António Montês, Carlos Coelho, Clarisse Belo, Raul Solnado,
Leónia Mendes, Yola e Paulo e Loris Velli; Delírio de Lisboa, em
colaboração com Fernando Santos, estreada no mesmo teatro em 1959,
com Cármen de Lírio, Aida Baptista, Berta Loran, José Viana, Raul
Solnado, Hortense Luz, Carlos Coelho e Helena Tavares; Está Bonita a
Brincadeira, escrita com o mesmo colaborador e estreada no Teatro
Avenida em 1960, com a participação de Milú, Humberto Madeira, Raul
Solnado, Carlos Coelho, Berta Loran, Helena Tavares, Maria Cristina e
Emílio Correia e Bate o Pé, escrita com o mesmo em 1961, estreada no
Teatro ABC, com Hermínia Silva, Ivone Silva, Maria Adelina, Susana
Prado e Mariema.
BARROS, Teresa Emília Marques Leitão de
Teresa Emília Marques Leitão de Barros nasceu em Lisboa no ano de
1898 e faleceu em 1983.
Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, diplomada com o Curso do Magistério Liceal, foi
professora durante alguns anos no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho
em Lisboa, dividindo também a sua actividade pelo jornalismo e pelas
letras.
Publicou ao longo da sua vida várias obras, designadamente:
Escritoras de Portugal, obra constituída por 2 volumes e editada em 1924.
Traduziu Uma Verdade Para Cada Um, peça de Pirandello, levada à cena
em 1925, no segundo e último espectáculo do Teatro Novo, Silêncio,
1930; Vidas que Foram Versos, 1930; No Jardim do Passado, 1932; Vidas
de Santos, 1937; contos infantis: Varinha de Condão. Em colaboração com
101
Fernanda de Castro escreveu Bonecos de Estampar; História Maravilhosa
e A Primeira Aventura do Zé Nêspera. Escreveu, ainda, uma comédia
histórica em 3 actos: Alcipe, inspirada na vida da marquesa de Alorna, que
Amélia Rey-Colaço interpretou Teatro Nacional em 1947. Outra peça de
sua autoria que permanece inédita, é Homens de Boa Vontade.
BASTOS, Holbeche
O actor Luís César Holbeche Bastos nasceu em Lisboa, em 18 de
Fevereiro de 1889 e faleceu a 10 de Março de 1964.
Tinha o curso de Arte Dramática do Conservatório. Estreou-se em
1908, no Teatro Paraíso. Das muitas peças em que participou, sublinhamos
as seguintes: Pé de Meia, Jigajoga, A Mulher Artificial, Vida Airada, Fruto
Proibido, Sorte Grande, Bolo Rei, Revista do Fado, O Moleiro de Alcalá,
Pompom, Mouraria, Fausto e Margarida, A Bela Aventura, Traços e
Troças, Dominó, Peço a Palavra, Os Piratas da Savana, Sonho de Valsa,
Não Digas Mais, O Beijo, O Brasileiro Pancrácio, O Segredo da Morgada,
É P’ra Já, Era Não Era, O Sacrifício de Abraão, Atrás Duma Orelha,
Tiroliro, O Rei dos Judeus, Fim do Mundo, Hamlet, Derrocada, Egas
Moniz, O Lagartixa, O Labareda, Mártir do Calvário, Gaiato de Lisboa,
Morgadinha de Vale Flor, Ceia dos Cardeais, Avante Portugal, Amor de
Perdição, Balancé, Faça Sol, Tudo na Hora, Viúva Alegre, Princesa dos
Dólares, Conde de Luxemburgo, Soldado de Chocolate, Bailarico Saloio e
Cacho Dourado.
BASTOS, João
João Bastos, um dos nossos maiores comediógrafos, nasceu em Lisboa
em 1883, onde faleceu no ano de 1957.
Iniciou a sua carreira teatral em 1908, com a comédia em 3 actos O
Olho da Providência, escrita em parceria com Xavier da Silva e estreada no
Teatro do Ginásio, onde no ano seguinte, subiram à cena duas outras
comédias dos mesmos autores: O Doutor Zebedeu e O Trinca-Espinhas,
bem como em 1910, a farsa Valente Balbino, de que foi co-autor Bento
Faria.
Com Ernesto Rodrigues, seu colaborador na farsa em 1 acto Casa com
Escritos (1912) e Félix Bermudes, fundou, nesse ano, uma parceria que se
tornou famosa e dotou os teatros do país de um grande número de
comédias, farsas, operetas, revistas e mágicas, originais e traduzidas, ou
adaptadas, que, na sua maioria, obtiveram prolongados êxitos. Entre as
mais conhecidas, que dessa colaboração resultaram, deve mencionar-se três
102
comédias destinadas ao grande actor Chaby Pinheiro: O Conde Barão,
representada pela primeira vez no Teatro Politeama, em 30 de Janeiro de
1918, com a interpretação de Chaby Pioneiro, Estêvão Amarante, Santos
Melo, Jaime Zenóglio, Ribeiro Lopes, Araújo Pereira, Otelo de Carvalho,
João Gaspar, Luís Portugal, Saúl de Almeida, Rafael Gomes, Aura
Abranches, Luísa Satanela, Jesuína de Chaby, Elvira Bastos, Josefina
Soares, Maria Spinoza e Hermínia Silva; O Amigo de Peniche, estreada no
Teatro Apolo em 1920; O Leão da Estrela, Teatro Politeama, 1925. De
referir, também, a mágica Senhor Dourado, 1912 e a opereta O João
Ratão, 1920, alusiva à participação dos soldados portugueses na grande
guerra.
Após a morte de Ernesto Rodrigues, em 1926, manteve-se associado a
Félix Bermudes, com quem escreveu a comédia O Arroz de Quinze, de que
André Brun foi também co-autor (1926), além de várias outras revistas e
operetas.
De sua autoria indicamos ainda as farsas: O Noivo das Caldas, 1932;
O Costa do Castelo e Gente de Fora, 1940; O Pátio do Vigário, 1941; O
Fado, opereta escrita em parceria com Filipe Duarte e Bento faria e
estreada no Coliseu dos Recreios de Lisboa, na temporada de 1942 e O
Menino da Luz, 1945, todas representadas pela companhia de comédias da
actriz Maria Matos, e das quais as duas primeiras foram transpostas para o
cinema por Artur Duarte.
BASTOS, Palmira
A actriz Palmira Martinez de Sousa Bastos nasceu na Aldeia Gavinha,
concelho de Alenquer, em 30 de Maio de 1875 e faleceu em Lisboa, a 10
de Maio de 1967.
Uma longa carreira, iniciada em 1890 na área do teatro musicado,
elevou-a ao primeiro plano da cena portuguesa, de que foi uma das
principais intérprete até ao ano de 1966, ano em que pela derradeira vez
pisou o palco para interpretar a peça de Somerset Maugham, Ciclone, que
havia criado em 1932 no Teatro Nacional D. Maria II, traduzida por
Henrique Galvão e a cujo elenco pertenceu em várias épocas,
nomeadamente, 1905-7, 1915-16, 1929-20 e a partir de 1931, até se retirar
de cena.
Palmira Bastos era filha de artistas espanhóis, que percorriam Portugal
com uma modesta companhia ambulante a cujo elenco pertenceu, nos
géneros musicado e declamado, antes do empresário Sousa Bastos a
descobrir e com quem viria a casar no dia 1 de Julho de 1894. Por morte
deste, veio depois a casar com o actor-cantor Almeida Cruz.
103
Em Junho de 1895 partiu, com a companhia de Sousa Bastos, para o
Brasil, obtendo grandes êxitos no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as
peças: Sal e Pimenta, Tim tim por tim, Fim de Século, Fado de Amor,
Cigana, Burro do Sr. Alcaide, Dragões de El-Rei, Brasileiro Pancrácio,
Aposta, Solar dos Barrigas, entre outros.
Mas a primeira digressão ao Brasil foi efectuada em 1893 com a
companhia Rosas e Brasão do Teatro Nacional D. Maria II.
De volta a Lisboa, entrou pouco tempo depois para a Companhia de
Teatro do Trindade, onde entrou em produções, como: Gata Borralheira,
Noite e Dia, Falote, Em Pratos Limpos, nas temporadas entre 1896 e 1898.
Nos princípios do Século XX veio a fixar-se no género declamado,
onde conquistou os seus mais assinaláveis êxitos.
A passagem pela opereta deixou-lhe também um rasto de elegância e
distinção, principalmente nas produções: A Boneca, Burro do Sr. Alcaide,
Sal e Pimenta, Verónica, A Princesa dos Dólares, Grã-Duqueza, Reino das
Mulheres, Bocácio, A.B.C., Cigano, Tição Negro, Barba Azul, Galo de
Oiro, Gata Borralheira, Noite e Dia, 28 Dias de Clarinha; Penichole e O
Soldado de Chocolate.
Foi, contudo, na alta comédia e no drama que os seus dotes
histriónicos mais expressivamente se firmaram, numa série de criações com
que prolongou e manteve, discretamente actualizados, uma tradição e um
estilo de representação que vinham do século anterior.
Intérprete por excelência do repertório pós-naturalista (os franceses
Bataille, Bernstein, Wolff, Deval, o belga Kistemeckers, o alemão
Suderman), teve no entanto brilhantes intervenções em algumas obras
fundamentais da moderna dramaturgia, como Os Criminosos, de F.
Bruckner, ao lado de Alves da Cunha, no ano de 1930; Electra e os
Fantasmas, de Eugene O’Neil, em 1943, ao lado de Amélia Rey Colaço,
João Villaret, Raul de Carvalho, Maria Lalande, Luís Filipe e Robles
Monteiro; A Casa de Bernarda Alba, de Frederico Garcia Lorca, estreada
em 16 de Janeiro de 1948, no Teatro Nacional, interpretada ao lado de
Maria Matos, Maria Barroso, Adelina Campos e Luz Veloso; Para Cada
Um Sua Verdade, de Pirandelo, levada à cena em 3 de Fevereiro de 1955,
conjuntamente com Raul de Carvalho, Rogério Paulo e Cármen Dolores.
Dos muitos autores portugueses que interpretou, recordam-se as suas
criações em O Grande Cagliostro, de Malheiro Dias, num travesti do
Príncipe D. José, em 1905; A Noite do Casino, de Ramada Curto, 1928; Sol
Poente, de Ramada Curto, estreada em 15 de Dezembro de 1934 no Teatro
Nacional, ao lado de Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho e Alberto
Ruas; As Meninas da Fonte da Bica, peça também da autoria de Ramada
Curto, levada à cena igualmente no Teatro nacional, em Outubro de 1948,
num elenco em que entrava, além de Palmira Bastos, Maria Matos, Luz
Veloso, Amélia Rey Colaço e Samuel Diniz; Gladiadores, de Alfredo
104
Cortez, estreada em 12 de Janeiro, ao lado de Brunilde Júdice, Amélia Rey
Colaço, Alves da Cunha e João Villaret; Tá-Mar, também deste autor,
levada ao palco em Janeiro de 1936, num elenco estrondoso, composto por
Estêvão Amarante, Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches, Palmira
Bastos, Emília de Oliveira, Maria Clementina e Robles Monteiro. De
Vasco Mendonça Alves, interpretou: Meninas, estreada em 18 de Janeiro
de 1935, ao lado de Amélia Rey Colaço, Maria Clementina e Álvaro
Benamor; A Hora do Dinheiro, em 1940; Pátria, estreada em Junho de
1943, contracenando com Raul de Carvalho. Seguiram-se, O Inimigo, de
Cristiano Lima, em 1936, ao lado de Estêvão Amarante, Maria Lalande e
Maria Clementina; Tempos Modernos, de Olga Alves Guerra, levada à cena
em Fevereiro de 1940, conjuntamente com Amélia Rey Colaço, Maria
Lalande, Raul de Carvalho e João Villaret; Vendaval, de Virgínia Vitorino,
estreada em Novembro de 1941, conjuntamente com Eunice Muñoz,
Samwel Diniz, Lucília Simões, Maria Lalande e Amélia Rey Colaço;
Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d’Arcos, levada à cena em Abril
de 1948, nas interpretações de Palmira Bastos, Maria Barroso, Raul de
Carvalho e Samuel Diniz; Outono em Flor, de Júlio Dantas, 1949, ao lado
de Amélia Rey Colaço, Maria Matos, Luz Veloso, Eunice Muñoz, Erico
Braga, Robles Monteiro e Paiva Raposo; Trapo de Luxo, de autoria de
Costa Ferreira, estreada em 21 de Maio de 1952, ao lado de Amélia Rey
Colaço, Mariana Rey Monteiro, Paiva Raposo e Costa Ferreira; Avó
Lisboa, de Leitão de Barros; Alguém Terá de Morrer, de Luiz Francisco
Rebello, estreada em 22 de Maio de 1956, conjuntamente com Amélia Rey
Colaço, Raul de Carvalho, Rogério Paulo, José de Castro e Carmen
Dolores.
A sua integração no repertório de teatro declamado passa, ainda, pelas
seguintes obras: Zazá, Ressurreição, Outro Sexo, Pipiola, Mamã Bonita,
Mademoiselle, Toque de Recolher, Grades Floridas, Tio Milhões, Minha
Mulher Noiva de Outro, Maria Antonieta, Severa, Conspiradora, O Amor
Não Dorme, Direitos Paternos, Coração Manda, Leonor Teles, Idade de
Mar, Sua Majestade, Marionettes, Altar da Pátria, D. João Tenório,
Monimarte, Dama das Camélias, Fédora, Tosca, Feiticeira, Rosário, Vida
e Doçura, Banco, Noite do Casino, Mamã, Flor de Murta, Madre Alegria,
Papirusa, Ama e Senhora.
Em 1965, na comemoração do seu 90º aniversário, festejou-se os 75
anos da sua vida inteiramente dedicada ao teatro. Neste ano entrou no
elenco da peça As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona, estreada
em 25 de Dezembro no Teatro Avenida, ao lado de Luís Filipe, Lurdes
Norberto e Varela Silva.
No campo cinematográfico, fez uma única participação em O Destino,
de Georges Pallu, ao lado de António Pinheiro, Maria Emília Castelo
Branco, Maria Clementina, António Sacramento, Henrique de
105
Albuquerque, Flora Frizzo e Raul de Carvalho, película realizada em 1922,
pela Companhia Cinematográfica do Porto.
No teatro de revista, entrou, entre outras, nas seguintes produções:
Santo António, estreada no Teatro Avenida em 1943, texto de Alberto
Barbosa, Vasco Santana e Luís Galhardo, música de Raul Portela, Afonso
Correia Leite e Silva Júnior, interpretação de Beatriz Costa, Irene Isidro,
Vasco Santana, Dina Teresa, Alfredo Ghira, Armando Machado, Palmira
Bastos e Nascimento Fernandes; Olaré Quem Brinca, de Alberto Barbosa,
José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale, com música de Raul
Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho, com Mirita Casimiro, Vasco
Santana, António Silva, Maria Albertina, Josefina Silva, Maria Paula,
Barroso Lopes, Armando Machado, Mafalda e Palmira Bastos. Foi estreada
no Teatro Variedades, em 1937.
Das várias distinções e homenagens que recebeu, destaca-se: o
descerramento de uma lápide no Teatro Copacabana, no Rio de Janeiro, a 1
de Novembro de 1960; Medalha de Ouro da cidade de Lisboa; Prémio
António Pinheiro, atribuído pelo SNI, pela encenação da peça de Pirandelo,
Para Cada Um Sua Verdade, em 1962; homenagem do Teatro S. Luís, em
Lisboa, com o descerramento de uma lápide com o seu nome, afixada em
Julho de 1965; homenagem pela Sociedade de Escritores e Compositores e
do Prémio Lucinda Simões e a Comenda da Ordem Militar de Cristo, em
1965; atribuição do seu nome a um Largo na cidade do Porto, em 1962.
BASTOS, Pinto
António Gonçalves Pinto Bastos nasceu no Porto, em 23 de Junho de
1843 e faleceu no momento a seguir à implantação da República.
Aos 13 anos veio para Lisboa, como marçano, para uma loja de
fazendas brancas na Rua Augusta. Esteve ali oito anos. As horas vagas
utilizava-as a fazer prestidigitação. Daquela casa passou para outra onde
tinha mais tempo e mais liberdade e por isso se entregava, cada vez mais,
aos estudos.
Naquela época veio a Lisboa o célebre prestidigitador Hermann. Pinto
Bastos pediu o lugar que ocupava fechando-se em casa, dia e noite, a
estudar incessantemente, até que, a 27 de Setembro de 1863, se estreou
como prestidigitador português no Circo Price, em Lisboa, obtendo grande
êxito. A sua segunda sessão foi a 6 de Outubro do mesmo ano a benefício
do cofre da Associação Protectora da Indigência. Teve, nessa noite, uma
completa ovação. A terceira sessão, foi ainda de caridade, em benefício do
Asilo da Mendicidade e foi, para ele, a terceira noite de festa.
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Acompanhado pelo escritor dramático Costa Braga, que tomou o lugar
de seu secretário, Pinto Bastos percorreu as províncias, fazendo boas
actuações e sendo muito aplaudido.
Chegado a Lisboa, tomou de arrendamento o Teatro Variedades por
duas épocas, durante as quais pôs em cena várias mágicas e fantasias, entre
elas Amores do Diabo, em 1865, de autoria de Joaquim Augusto de
Oliveira e A Pêra de Satanás, de Eduardo Garrido, que teve magnífica
carreira.
Em 1867 associou-se ao actor J. Carlos Santos na exploração do
Teatro do Príncipe Real, inaugurando com o drama João o Carteiro. Para o
elenco da companhia vieram os artistas Emília Letroublon e António Pedro,
que estavam já contratados por Francisco Palha para o Teatro da Trindade.
No ano seguinte montou com enorme sucesso, A Grã-Duquesa de
Gerolstein e apresentou o grande trágico italiano Ernesto Rossi, obtendo
um dos maiores sucessos que houve nos teatros portugueses e abriu novo
caminho para se explorar o género teatral.
Foi, depois, empresário do Teatro da Rua dos Condes em 1869, do
Circo Price e Variedades em 1873 e, novamente, do Teatro do Príncipe
Real, ao qual trouxe, em 1875, a actriz italiana Palladini e, em 1876, uma
companhia de que eram primeiras figuras Margarita Preziosi e Marie
Denis. No Teatro da Rua dos Condes inaugurou a opereta de costumes
populares em 2 actos, original de Luís Araújo, Dois Dias no Campo
Grande e com a opereta em 2 actos com tradução de Lopes Cardoso,
musicada pelo maestro Sá Noronha, chamada O Fagulha. Da companhia
era ensaiador Lopes Cardoso. Como artistas tinha, entre outros: Vicente
Franco, Luísa Cândida, Joaquim Bento, Felicidade, Faria, Gertrudes
Amélia, Marcelino Franco, Luísa Fialho, Carlos de Almeida, Georgina,
Apolinário, Lopes Cardoso, Gama, Pae Gil, Brandão e Abreu.
Abandonou depois a actividade teatral.
BASTOS, Raquel
A cantora e escritora Raquel Bastos nasceu em Lisboa em 26 de Abril
de 1903, onde faleceu a 15 de Janeiro de 1984.
Estudou piano no Conservatório Nacional de Lisboa. Foi cantora de
ópera e soprano ligeiro, estreando-se no Coliseu dos Recreios, em Lisboa,
em 16 de Maio de 1923, na ópera Rigoletto. Desempenhou os principais
papéis em óperas famosas, estrangeiras e portuguesas.
Casada em 1930 com o escritor José Osório de Oliveira, estreou-se
com a novela Um Fio de Música, 1937, galardoada com o Prémio Fialho de
Almeida.
107
Publicou romances, contos e novelas, poemas em prosa e teatro. Os
contactos com o teatro limitam-se a uma peça para crianças, inédita, O
Urso e a Rosa, e uma peça num acto, Comediante, que ela própria
interpretou ao lado da sua filha, a actriz Isabel de Castro, no Estúdio Livre,
em 1947.
Outras obras de sua autoria: Destino Humilde, 1942, Coisas do Céu e
da Terra, 1944, Ana de Castro Osório, Mulher, 1953, Diário Fantástico,
1954, O Largo de D. Tristão, 1956, A Hora das Sombras, 1964.
BASTOS, Sousa
António Sousa Bastos nasceu em Lisboa, no dia 13 de Maio de 1944,
onde faleceu a 14 de Julho de 1911.
Fez a instrução primária em Lisboa e o liceu em Santarém. Voltou para
Lisboa para seguir o curso de agronomia no Instituto Agrícola, não o
concluindo, entregando-se depois a diversao empregos e à vida jornalística.
Começou a trabalhar no Álbum Literário, passando depois para o Comércio
de Lisboa, Diário Comercial, Gazeta Setubalense, Gazeta do Dia, entre
outros periódicos.
No campo teatral, desenvolveu actividade como director técnico de
teatros de 2ª ordem, autor dramático, empresário, cronista e memorialista
teatral, sendo considerado a personalidade mais activa e influente da vida
teatral portuguesa, no último quartel do século XIX e primeiros anos do
século XX.
A sua actividade teatral desenvolveu-se igualmente no Brasil, onde, a
partir de 1881 e em sucessivas temporadas, apresentou várias companhias
teatrais portuguesas, especialmente do género musicado.
Tanto em Portugal como no Brasil, dirigiu diversos teatros: em Lisboa,
Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Pernambuco e foi, em ambos os países,
empresário de muitas companhias dramáticas. Como jornalista ficou ligado
aos periódicos O Palco, O Espectador Imparcial, A Arte Dramática e Tim
Tim por Tim Tim, que fundou e dirigiu, sendo também um dos fundadores
do Contemporâneo (1875-1876) e ainda colaborador de muitos outros.
Sousa Bastos, além de ter sido o autor de uma vastíssima obra teatral
com inúmeras peças que obtiveram grandes êxitos e o tradutor-adaptador
de grande número de obras estrangeiras, é uma das grandes personalidades
da história do teatro português. Teve notoriedade, sobretudo, como director
e ensaiador teatral e historiador do nosso teatro.
Com 20 anos, Sousa Bastos, era já chefe de família com
responsabilidades de pai. Enviuvou e, depois, em 1 de Julho de 1894,
contraiu matrimónio em segundas núpcias com a grande actriz Palmira
108
Bastos. Esta artista era considerada inteligentíssima e graciosa, um dos
mais belos talentos da cena portuguesa. Sousa Bastos consagra-lhe o mais
vivo e respeitoso afecto e disso lhe deu testemunho na dedicatória que
escreveu no livro, Carteira do Artista, chamando-lhe: - “querida e santa
mulher, modelo das esposas, espelho das mães e exemplo dos artistas”,
palavras que sempre foram reconhecidas como da mais absoluta justiça.
Raras vezes Portugal teve um homem de teatro tão fecundo. Detentor
de grande alegria e de fácil camaradagem, era disputado pelos seus
numerosos amigos. Gostando de ajudar os novos foi, por seu intermédio
que Eduardo Schwalbach escreveu a sua primeira revista. Chamava-se
Retalhos de Lisboa.
Para além de revistas, mágicas, a propósitos, dramas e comédias, foi o
responsável por três obras de grande valor teatral, que demonstra um
profundo conhecimento da cena portuguesa: Coisas de Teatro, publicada
em 1895; A Carteira do Artista, em 1896 e Dicionário de Teatro
Português, última obra, escrita antes da sua morte, publicada em 1908. São
obras que nos dão larga informação sobre artistas, escritores dramáticos,
compositores, cenógrafos, datas de espectáculos e outros preciosos dados.
Há ainda a destacar, no campo editorial, Recordações de Teatro, edição
póstuma, com prefácio de Eduardo Schwalbach, lançado em 1947, pela
editorial O Século.
A sua colaboração em revistas começou a ter notoriedade, através das
designadas "revistas do ano", tendo escrito cerca de 25 revistas. Na área do
teatro declamado, a sua produção estende-se a mais de 30 dramas, a cerca
de 29 comédias, de 10 mágicas, de 15 a propósitos e 20 operetas.
Em Lisboa, for empresário dos Teatros: Rua dos Condes, Trindade,
Príncipe Real e Avenida.
BATALHA, Ladislau
Ladislau Estêvão da Silva Batalha, nasceu em Lisboa em 2 de Agosto
de 1856 e faleceu na Arruda dos Vinhos a 26 de Abril de 1931.
Tripulante da marinha mercante, correu mundo de 1876 a 1887. Foi
intérprete, jornalista, comerciante, marinheiro, operário e viandante por
terras e mares de África, Ásia e América.
Ao regressar a Portugal foi professor do ensino secundário, dirigente
socialista e deputado. No campo literário é o autor de romances: Mistérios
da Loucura, em quatro volumes e Misérias de Lisboa, em nove volumes.
Publicou peças de teatro, designadamente, o drama social, A Miséria e uma
comédia num acto, As Consequências dum Sim.
O melhor da sua obra literária é constituído pelos livros de viagens e
memórias, nomeadamente: Através do Reino Unido, 1904 e Memórias e
109
Aventuras, 1928. Por último, publicou Gomes Leal na Intimidade, em
1933, obra que relata os últimos tempos deste poeta.
BAYARD, Carlos
O actor Carlos António Bayard (n.?-m. 1902).
Bayard foi um amador dramático muito festejado. Estreou-se em 28
de Setembro de 1865, no Teatro do Príncipe Real, na empresa “Ruas &
Cª”.
No começo da sua carreira de actor deu também grandes esperanças, a
ponto de Francisco Palha o contratar para a sua companhia do Teatro da
Trindade, na intenção de fazer dele o substituto de Tasso.
As esperanças foram-se perdendo, foi chegando a desilusão e Carlos
António Bayard, já mal colocado no Trindade, por lhe atribuírem pequenos
papéis de índole muito diversa da sua, deixou aquele teatro e aceita a
contratação para o Teatro do Ginásio. Ali teve uma posição satisfatória até
que a doença o atingiu e o fez descer na escala artística.
Passou ao Teatro Avenida, onde pouco fez, seguindo-se o Teatro
Nacional D. Maria II, onde esteve em modesto lugar, mas foi sempre um
actor muito estimado pelo seu carácter.
Entre outras, entrou nas seguintes produções teatrais: Muito Padece
Quem Ama e Dois Pobres a Uma Porta, comédias num acto, interpretadas
na inauguração do Teatro do Príncipe Real; O Condenado, Missa Nova, A
Condessa de Vilar, O Íntimo, Os Trapeiros de Lisboa, À Volta do Outro
Mundo, A Clareira, O Marido da Debutante, Brisas e Vendavais, Henrique
III e O Judeu Polaco, entre muitas outras.
BELÉM, António Manuel da Cunha
António Manuel da Cunha Belém, escritor, tradutor, adaptador, crítico
teatral e médico, nasceu em Lisboa a 17 de Dezembro de 1834, onde
faleceu a 12 de Março de 1905. Depois de tirar o Curso de Medicina em
Coimbra, fazendo acto de formatura em 1858, foi exercer clínica para
Mangualde, alistando-se mais tarde no exército, como cirurgião, sendo
várias e importantes as comissões de serviço que no desempenho desse
cargo veio a exercer, dentro e fora do País. Foi general de brigada do corpo
de médicos militares, presidente da antiga Associação dos Atiradores Civis
Portugueses, depois União dos Atiradores Civis Portugueses, cirurgião em
chefe do exército, chefe da 6ª Repartição da Secretaria da Guerra.
A sua entrada nas Letras deu-se ainda como estudante, com um livro
de Poesias, 1856, ao qual se seguiram Novas Poesias, 1857, e as Cenas
110
Contemporâneas da Vida Académica, reunidas em volume, em 1863.
Atraído, depois, pelo teatro, escreveu várias comédias e dramas, como,
Amores da Primavera, comédia em 1 acto, em verso; José, o Enjeitado; Os
Três Extravagantes; Um Marido que se Multa; Um Noivado Amargurado;
Como o Diabo as Tece; Equilíbrios do Amor; O Pedreiro Livre, 4 actos;
Rapaziadas, comédia em 2 actos; A Flor da Laranjeira, 3 actos; José
Exposto, comédia em 1 acto; Verão de S. Martinho; As Cataratas, comédia
em 1 acto; Marido, Mulher e... Primo, comédia em 1 acto; As Núpcias de
Elesbão, comédia em 1 acto; Casca Grossa, comédia em 1 acto, etc., além
de traduções e adaptações de outras peças. Se não conseguiu êxitos
ruidosos e longos, deu, contudo, provas de conhecer perfeitamente a
técnica teatral.
Escreveu também os romances: Luísa Enjeitada, 1862; O Filho do
Padre Cura (2 vol.) e Onde Está a Felicidade?, 1865 - este inspirado,
como o de Coelho Lousada, pelo Onde Está a Felicidade?, de Camilo - e
outros trabalhos que ficaram dispersos pelo grande número de jornais em
que colaborou.
Escreveu na Revolução de Setembro, a partir de 1871, muitos artigos
de crítica literária e teatral, assinando com o pseudónimo de Cristóvão de
Sá. Depois da morte de António Rodrigues Sampaio, assumiu a direcção
deste jornal que, por muitos anos ainda sustentou. Como jornalista foi
também director do Correio da Europa, redactor do Economista e do
Escoliaste Médico, de 1864 a 1869; da Gazeta dos Hospitais Militares, de
1877 a 1884 e colaborador da Medicina Militar, da Gazeta Comercial,
Diário Ilustrado, Ocidente, Correio da Manhã, Estrela Literária, entre
outras obras.
Tomou parte na «Questão Coimbrã», para a qual contribuiu com os
folhetos O mau senso e o mau gosto e Horácios e Curiáceos, ou mais um
ponto e vírgula na questão literária.
Cunha Belém chegou à mais elevada posição que pode atingir um
médico militar em Portugal, sendo várias as condecorações, não só
portuguesas como estrangeiras.
As obras que, no campo científico da medicina deixou impressas, são,
além de avultadas em número, importantíssimas, muitas delas são escritas
em francês. Tomou parte no Congresso Internacional de Higiene e Ciência
Médico-Militar, de Paris, em 1878; Assistiu ao Congresso Internacional das
Ciências Médicas de Amesterdão, em 1879; foi ao Congresso Médico que
se realizou em Londres em 1881; tomou parte no Congresso Internacional
de Higiene celebrado em Viena em 1887 e foi membro da Conferência das
Sociedades da Cruz Vermelha em Karlsruhe, Grão-Ducado de Baden.
Era sócio da Academia Real das Ciências, da Sociedade Farmacêutica
Lusitana, da Sociedade da Cruz Vermelha. Era director da Escola Maria
111
Pia, vogal efectivo da Junta Consultiva de Saúde Pública, presidente da
Junta Escolar do Conselho de Lisboa.
Tinha as seguintes condecorações: Comenda de Aviz, Isabel a
Católica, de Espanha, Rosa, do Brasil e Leopoldo, da Bélgica; Oficial da
Ordem de Santiago, Cavaleiro da Torre e Espanha, Medalha de Ouro de
bons serviços, de prata, também de bons serviços, de prata do valor militar,
de Prata de Comportamento Exemplar; Cavaleiro da Ordem da Coroa da
Prússia e a Cruz da Sociedade Francesa de Socorros aos Feridos e Doentes
do Exército de Terra e Mar.
BELO, Tavares
O maestro Tavares Belo nasceu em Faro, em 20 de Novembro de
1911 e faleceu em Lisboa, no ano de 1993.
Iniciou o estudo do piano aos 5 anos de idade. A sua estreia
profissional teve lugar em 1929, com o Orquestra do Clube Montanha,
integrando a seguir a Orquestra Portugal, que actuava no antigo Maxime.
Em 1938 fundou a famosa Orquestra Tozelli, que dirigiu até 1946, ano
em que assumiu a direcção da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional,
exercendo as respectivas funções até 1986. Foram quarenta anos durante os
quais desenvolveu uma intensa actividade de divulgação da música, dos
músicos portugueses e dos seus intérpretes, para além da de compositor e
orquestrador de notáveis recursos.
O bailado “Severa Jones”, que escreveu para a revista Forrobodó,
estreada no Teatro Aveiro em 1962 e a formação da Orquestra Swing, em
que actuaram músicos como Fernando de Albuquerque, Domingos Vilaça,
Artur Machado, Esteves Graça, entre outros, foram revelação de novos
ritmos e a faceta da obra de Tavares Belo.
Colaborou num grande número de revistas, desde: Ó Rosa, Arredonda
a Saia, em 1962, levada à cena por Eugénio Salvador no Teatro Maria
Vitória e na partitura dos filmes Rosa de Alfama e Duas Causas. Compôs
também, num concerto para piano e orquestra, um bailado intitulado A
Banda, que foi incluído no repertório do grupo Verde Gaio.
Pertencia, desde 1973, aos órgãos directivos da Sociedade Portuguesa
de Autores, onde foi Vice-Presidente da Direcção de 1974 a 1976.
Tavares Belo foi distinguido pelo Presidente da República com o grau
de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e foram-lhe atribuídas as
medalhas de Mérito Municipal da Cidade de Lisboa e Faro.
BENAMOR, Álvaro
112
Álvaro Benamor nasceu na cidade de Lisboa em 4 de Maio de 1907 e
faleceu a 12 de Setembro de 1976. Estreou-se no Teatro da Trindade em
1928, na comédia Os Três Ratões, de autoria de Armont e Gerbidon,
interrompendo, por isso, os estudos universitários.
Trabalhou até 1939 com Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro e
noutras companhias teatrais, como a Companhia Teatral Portuguesa,
dirigida por António Pinheiro, a Companhia da actriz Maria Matos, nos
Comediantes de Lisboa e na Companhia Nacional de Teatro, dirigida por
Couto Viana. De realçar os seus dotes de galã, adaptando-se ao reportório
clássico e romântico.
Em paralelo com a carreira de actor, desenvolveu intensa actividade
como director de teatro radiofónico (Teatro de Comédia) e realizou
encenações para a Companhia Portuguesa de Ópera.
O seu último trabalho foi na peça A Dança da Morte, de Strindberg,
levada à cena na Casa da Comédia em 1969.
Foi ainda professor da Arte de Representar no Conservatório
Nacional, a partir de 1959. Participou nos filmes Matar ou Morrer, 1950,
de Max Nossek e a Garça e a Serpente de Artur Duarte, 1952, ao lado de
Teresa Casal, Cremilda de Oliveira, Cármen Dolores, Raul de Carvalho,
Rogério Paulo, Erico Braga e Alves da Cunha, entre outros.
As principais obras em que interpretou papéis, para além das já
referidas, foram as seguintes: Além Mar, de Pagnol, 1930; Amor de
Perdição, de D. João da Câmara, segundo o romance de Camilo Castelo
Branco, em 1931; Filodemo, de Luís de Camões, 1932; O Alfageme de
Santarém, de Almeida Garrett, 1939; O Cúmplice, de Joaquim Paço
d’Arcos, 1940; O Gonzaga, de Ramada Curto, 1942; Hino à Vida, de
Casanova, 1944; A Madrinha de Charley, de B. Thomas, 1946; Um Marido
Ideal, de Óscar Wilde, 1946; Águia de Duas Cabeças, de Cocteau, 1948; A
Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, 1950; Castelos no Ar, de
Jean Anouille, 1953; A Hora da Fantasia, de Anna Bonacci, 1954;
Cotovia, de Anouilh, 1955; Gigi, de Colette, 1959; A Casa dos Vivos, de G.
Greene, 1960; Os Fantasmas, de E. de Filippo, 1961; O Príncipe de
Homburgo, de Kleist; A Escola de Má Língua, de Sheridan; O Mercador de
Veneza, de William Shakespeare; O Casamento, de Gogol.
BENAMÔR, Irene
A actriz, Maria Irene Benamôr Palma, nasceu em Lisboa em 16 de
Julho de 1899 e faleceu a 25 de Abril de 1928.
Estreou-se a 18 de Agosto de 1918 no Éden Teatro, em Lisboa, pela
companhia do empresário Armando de Vasconcelos, através da peça A
Trombeta da Fama.
113
Na sua curt vida, participou ainda nas peças: Vida Airada, Fruto
Proibido, Crime de Arronches, Vida Nova, Comboio nº 6, Os Mineiros, A
Grande Noite, O Homem que Assassinou, Knoch, Apaixonada e O Lodo.
Além do teatro onde se estreou, trabalhou também no Teatro Apolo, Teatro
Nacional e Teatro S. Luís.
BENAVIDES, Francisco da Fonseca
Francisco da Fonseca Benavides nasceu em Lisboa no dia 21 de
Janeiro de 1835, onde faleceu a 19 de Maio de 1911.
Professor do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Naval, publicou
em 1883 uma História do Teatro de S. Carlos, completada por um 2º
volume, em 1902, intitulada de O Real Teatro de S. Carlos de Lisboa desde
a sua Fundação em 1793 até à Actualidade.
É autor, de várias obras técnicas, como, por exemplo, Princípios de
Óptica, em 1868 e de uma Memória Histórico-descritiva sobre A Música,
publicada em 1866.
Era sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. Representou
oficialmente o governo na Exposição Internacional do Porto, em 1865, e na
Universal de Paris, em 1867.
BERARDI, Isabel
Maria Isabel de Oliveira Berardi nasceu em Lisboa em 29 de Outubro
de 1869 e faleceu a 28 de Maio de 1925.
Aos 30 anos de idade, por uma série de circunstâncias particulares,
viu-se forçada a tentar a carreira de actriz como modo de vida. Estreou-se
com amadores no Teatro do Rato e, em 1892, entrou para o Teatro da Rua
dos Condes, onde pouco fez. Passou logo para o Teatro do Príncipe Real,
onde teve agradou pela figura e apresentação.
Foi, depois com uma companhia aos Açores e, na volta, foi contratada
por Lucinda Simões para a sua empresa do Teatro da Rua dos Condes. Dos
espectáculos teatrais onde participou, indicamos os seguintes: Marido
Ideal, Os Velhos, Triste Viuvinha, Virgem Louca, Mártir, Rapaz Pobre, Pai
Pródigo, Sociedade Onde a Gente se Aborrece, Alcácer Kibir, Alma Forte,
Saltimbanco, Sol da Meia Noite, Apóstolos, Telhados de Vidros, Sombra,
Gaiato de Lisboa, O Homem do Papagaio, Malquerida, Ilustre
Desconhecido, Bicho do Mato, Uma Lição de Piano, A Honra Japonesa,
Um Serão nas Laranjeiras, Sem Dote, A Noite do Calvário, O Filho
Perdido, Cara ou Escravatura, A Menina Virtuosa, A Dama das Camélias,
Casa de Boneca, Doidos com Juízo, Infelicidade Legal, A Marcha Imperial
e Uma Aventura de Viagem.
114
BERMUDES, Félix
Félix Redondo Adães Bermudes nasceu no Porto em 4 de Julho de
1874 e faleceu em Lisboa a 5 de Janeiro de 1960. Diplomou-se com o
Curso Superior de Comércio.
Comediógrafo e escritor, a sós ou em colaboração com outros,
especialmente Ernesto Rodrigues e, João Bastos, deu para o teatro grande
número de peças que, dentro do seu género, constituíram êxitos dos mais
retumbantes da cena nacional da época.
Estreou-se no teatro em 1907, com a opereta O Tira-Teimas, de
colaboração com Ernesto Rodrigues. Da sua extensa obra teatral
destacamos, em co-autoria com Ernesto Rodrigues e André Bruno, A
Pensão da Pacheca, no ano de 1911. Com Ernesto Rodrigues e João
Bastos, O Conde Barão, representada pela primeira vez no Teatro
Politeama em 30 de Janeiro de 1918, com a participação de Chaby
Pinheiro, Estêvão Amarante, Santos Melo, Jaime Zenóglio, Ribeiro Lopes,
Araújo Pereira, Otelo de Carvalho, João Gaspar, Luís Portugal, Saúl de
Almeida, Rafael Gomes, Aura Abranches, Luísa Satanela, Jesuína de
Chaby, Elvira Bastos, Josefina Soares, Maria Spinoza e Hermínia Silva; O
Amigo de Peniche, 1920; Leão da Estrela, 1920. Com João Bastos e André
Brun O Arroz de Quinze, 1926. Com Ascensão Barbosa e Abreu e Sousa
escreveu O Tavares Rico e A Mulher de Virtude, 1934; A Bicha de Rabiar e
As Meninas Pires, 1936.
Publicou um volume de novelas e poesia, dois livros de versos, três
ensaios teosóficos e a opereta O Timpanas, 1933, com música de Frederico
de Freitas.
Colaborou activamente na revisão das leis portuguesas sobre
propriedade intelectual e sua adaptação ao texto da Convenção de Berna,
revista em Roma, representando os autores portugueses em vários
congressos internacionais.
Foi Presidente da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais,
cujos destinos dirigiu de 1927 a 1960. Em 1956 foi eleito Presidente da
Federação Internacional das Sociedades de Homens de Letras.
Foi também Oficial da Ordem de Santiago.
Também se destacou como desportista, já que fez parte da
representação portuguesa nos Jogos Olímpicos. Foi, ainda, director do
Sport de Lisboa.
BESSA, Manuel
115
O actor Manuel Cândido Santos Bessa nasceu no Porto, em 17 de
Abril de 1891 e faleceu em 1938.
Estreou-se no Teatro Nacional do Porto em Abril de 1915, na revista
A Ferro e Fogo, escrita por Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa e musicada
por Manuel Figueiredo. Na sua estreia fez um grande sucesso no papel de
Luís de Camões. Fez parte das companhias teatrais de Ângela Pinto,
Ferreira da Silva e Chaby Pinheiro.
As principais peças em que participou foram: Novo Mundo, Chá e
Torradas, Paz Armada, Povo Soberano, Tenho Dito, Bota Abaixo, Salada
Russa, Pé de Dança, De Ponta a Ponta, Gato Maltês, Bichinha Gata, Alma
da França, Tio Padre, Labareda, Garra, Duas Causas, Vasco da Gama,
Pai Todos e Morgadinha de Vale Flor.
BETTENCOURT, Gastão de
Gastão Faria de Bettencourt nasceu em Lisboa no ano 1894 e faleceu
em 1962.
Depois de colaborar com vários jornais académicos da época, fez
durante anos parte da redacção do Diário de Noticias. Foi também crítico
de arte especialmente de música. Foi colaborador de algumas revistas
francesas e italianas. Dirigiu ainda a Vida Musical e A Música.
Exerceu algum tempo a sua actividade no Brasil, escrevendo para
vários jornais entre eles, A Pátria, A Noite, A Gazeta de Noticías, O
Imparcial, A Manhã, O Jornal Português e para as revistas, Para Todos,
Malho e Ilustração.
Publicou os seguintes livros: Sem Máscara, 1917; Epifania do
silêncio, 1918; A Melancolia na Arte, 1920; Do Meu Ermo, 1923; Último
Capítulo, 1924. De teatro: Mais Forte, 1930 e O Último Capricho, peça em
3 actos e ainda conferencias várias sobre música.
Foi organizador do Álbum da Colónia Portuguesa do Brasil. Com o
Dr. João de Barros e José Osório de Oliveira publicou também o livro:
Brasil.
Gastão de Bettencourt pertenceu à Academia Internacional de
Ciências e Letras de Nápoles, como sócio correspondente e foi Cavaleiro
da Ordem do Cruzeiro do Sul, do Brasil.
Gozou ainda de bastante prestígio e renome em assuntos musicais.
BIVAR, Berta de
Berta de Bívar nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1891, onde
faleceu a 10 de Maio de 1964.
116
Começou a carreira artística como cantora, tendo participado em
Lausana e Genebra nas representações de Le Jeu de Robin et Marion, de
Adam de la Halle, sob a direcção de Viana da Mota, seu primeiro marido.
A partir de 1920 dedicou-se ao teatro, estreando-se nesse mesmo ano,
ao lado de Lucinda Simões, na interpretação de uma das principais
personagens do Ninho de Águias, de Carlos Selvagem, estreada no Teatro
do Ginásio.
Depois, casou com o actor Alves da Cunha e toda a sua carreira se
desenrolou em companhia do marido. A última peça em que participou foi
Alouette, de J. Anouilh, estreada no Teatro Avenida, em 1955. Depois
disso, apenas surgiu episodicamente na TV.
BLASCO, Mercedes
Mercedes Blasco nasceu no Alentejo em 1870 e faleceu em Lisboa a
12 de Abril de 1961. Seu verdadeiro nome era Conceição Vitória Marques.
Desde muito nova que se apaixona pelo teatro e foram muitos os anos
em que deu largas ao seu temperamento artístico, sobretudo no género de
ópera, onde alcançou grandes êxitos, não só em Portugal, mas também no
estrangeiro. Estreou-se, criança ainda, no Teatro Chalet, do Porto, na peça
de Jacobety A Grande Avenida, adaptação da zarzuela La Gran Via. Em
Lisboa, estreou-se no Teatro da Trindade em 1890 com Mam’zelle
Nitouche, que constituiu um grande êxito.
Na época seguinte interpretou as operetas O Piparote e Miss Helytt,
como protagonista, o que se considerou o seu maior êxito. Depois de uma
breve passagem pelos Teatro Avenida e Teatro da Rua dos Condes, volta
em 1893 ao Teatro da Trindade, reaparecendo também nas peças Segredo
de uma Dama, Sal e Pimenta, Fado de Amor e O Brasileiro Pancrácio,
entre outras. Por essa época compõe o seu repertório de cançonetista,
adquirindo relevo as suas interpretações em francês, no estilo de Yvette
Guilbert.
Na temporada de 1914 foi vítima da guerra, que lhe levou um filho
que residia com ela em Liège e todos os bens que até ai conseguira
amealhar. Alistou-se no corpo de enfermeiras da Cruz Vermelha, onde
prestou assinaláveis serviços. Quando a Guerra terminou, regressou
empobrecida a Portugal e dedicou-se à escrita, entusiasmada talvez pelo
êxito do seu primeiro livro, As Memórias de Uma Actriz.
Publicou então: Vagabunda, Desventurada e Enjeitada, todos de
memórias; dois livros de versos: Musa Esotérica e Versos de Mulher; Os
Bastidores do Amor; Caras Pintadas; Tagarelices; Os Meus Homens;
Adão e a Sua Costela; Esta Vida; Como Elas São; Caras e Corações;
117
Como Eu Fui Amada; Quando a Alma Fala; Querem Saber?; Batalha de
Sexos; Qualquer Coisa; O Meu Príncipe; Uma Hora de Amor; Uma
Mulher Que Acredita No Amor; O Homem que Deu o Seu Cérebro;
Namoradas e Amantes; Hipócritas; Como se Conquista um Homem; Arco
de Cupido; Uma Mulher Um Beijo Uma Traição; Nas Trincheiras da Vida
e Diário de Um Escriba este, em 1938.
BORGES, Carlos
Carlos Borges nasceu em Lisboa em 1849 e faleceu no ano de 1932.
Escritor e empresário de teatro, começou a sua vida literária com a
publicação de romances como, O Demónio do Ciúme, Cristina, Dois
Génios Diferentes e Eulália, género que depressa abandonou, para se
entregar com paixão ao teatro.
Estreou-se em 1866 com o entre-acto, intitulado Arrependimento.
Depois foram muitas e variadas as peças que compôs, traduziu e adaptou,
sendo as mais notáveis as que extraiu dos romances Os Fidalgos da Casa
Mourisca, de Júlio Dinis; O Bobo, de Alexandre Herculano, ambas levadas
à cena em 1877 no Teatro Nacional; O Selo da Roda, de Pedro Ivo e O
Arco de Sant’Ana, de Almeida Garrett, em 1879.
Das suas traduções, as que alcançaram maior êxito foram, O Genro do
Caetano, A Receita dos Lacedemónios.
No campo dos originais teatrais é de destacar: O Primeiro Desgosto,
peça em 1acto; Na Boca do Lobo, 1884; Coisas do Sebastião, 1885; Não
me Embaçam; O Marido de Duas Mulheres, peça em 2 actos; A Política,
obra em 3 actos.
Carlos Borges teve sob sua responsabilidade as empresas de vários
teatros do país e trouxe a Portugal os maiores nomes do teatro europeu,
como Sara Bernhardt e Ernesto Rossi, entre outros.
BORGES, João Baptista
Escritor e jornalista, João Baptista Borges nasceu no concelho de
Sousel, distrito de Évora, a 17 de Junho de 1850 e faleceu em Lisboa a 9 de
Setembro de 1903. Dois ou três anos antes da fundação do Diário de
Notícias, viera para Lisboa a fim de seguir a vida comercial e, à
semelhança do que sucedera com Eduardo Coelho, seu mestre e por
influência deste, mudou de carreira e seguiu a das Letras, depois de haver
frequentado, alguns meses antes, a escola de aprendizagem tipográfica na
Tipografia Universal do falecido conde de S. Marçal, Tomás Quintino
Antunes. Ao mesmo tempo cursava a Escola da Associação Civilização
Popular, vindo mais tarde a entrar para a Escola de Belas-Artes. Durante
118
trinta anos colaborou e redigiu no Diário de Notícias, dando provas do seu
labor e talento. Entre elas destaca-se um romance original, O Rouxinol da
Ópera, publicado em folhetins. Em manuscrito deixou alguns trabalhos,
sendo o principal uma comédia, O Filho da Minha Mulher e ainda um
drama popular em 5 actos.
BORGES, José
José Simões Nunes Borges, nome artístico Simões, nasceu na
freguesia de Beijos, distrito de Viseu, em 10 de Março de 1826 e faleceu
em Lisboa a 21 de Fevereiro de 1904.
Foi músico do Batalhão de Caçadores 2. Entrou para uma sociedade
de amadores representando, pela primeira vez, em 12 de Junho de 1845, no
Teatro das Escolas Gerais, no drama Joana de Flandres e na farsa O
Enredador. Na récita seguinte encarregou-se do papel de Padre Francisco
Cabral, no drama O Cativo de Fez.
A revolução de 1846 fez com que Simões seguisse para o Porto,
interrompendo o seu divertimento predilecto. Por lá andou ao serviço da
Junta do Porto, sob as ordens do Conde das Antas. Foi preso com toda a
divisão, a 30 de Maio de 1847, dando entrada na torre de S. Julião a 4 de
Junho e, em seguida, deportado para Peniche. Regressou a Lisboa em
Agosto, ficando em Caçadores 2, que se formou em Cascais com os
restantes recrutas do depósito da Graça. Mais tarde, seguiu com o batalhão
para a Guarda, onde permaneceu oito meses.
Voltando a Lisboa em 1849, tratou de reorganizar a sociedade
dramática com os mesmos elementos e levou a efeito uma récita no Teatro
do Cascão, com um drama Júlio Assassino, original do sócio Conceição.
Assistiram a esta récita os notáveis actores Epifânio e Vitorino, que
aconselharam Simões a seguir a carreira dramática. Deu baixa a 17 de Abril
de 1850 e entra como discípulo para o Teatro D. Maria II, estreando-se a 9
de Julho desse mesmo ano, no drama Os Herdeiros do Czar.
Saiu dali pouco tempo depois, para fazer parte da sociedade que se
organizou para o Teatro D. Fernando e que se inaugurou a 27 de Julho,
com a opereta cómica Barcarola e a comédia de Duarte de Sá, Trabalhos
em Vão. Foi fazendo pequenos papéis até que, a instâncias de Emílio Doux,
lhe deram a importante parte do Morgado de Agualva na comédia Uma
Hora no Cacém, também de Duarte de Sá. Em 1883 récitas consecutivas
que a peça teve, nunca Simões deixou de ser chamado e muito aplaudido.
Com a companhia do D. Fernando fez uma digressão pelo Alentejo até
Badajoz.
De volta a Lisboa, foi logo contratado pelo então comissário régio,
Sebastião Ribeiro, para o Teatro Nacional D. Maria II onde esteve, desde
119
Outubro de 1853 até 30 de Novembro de 1854, agradando bastante,
principalmente na substituição que fez de Vitorino no Camões do Rossio.
A 18 de Dezembro de 1854 estreou-se no Teatro da Rua dos Condes,
nas comédias que já tinha feito no Teatro D. Fernando, ambas de Duarte de
Sá: Trabalhos em Vão e Um Par de Mortes ou a Vida Dum Par. A 12 de
Janeiro de 1855 entrou na mágica de Pessoa, A Romã Encantada. Logo
depois fez o drama bíblico Sansão, original de José Romano. Estas duas
peças tiveram imensas de representações. Simões adquiriu nesta época uma
enorme popularidade e teve peças em que foi extremamente festejado. São
de registar desta época: Torre Suspensa, Josefina a Costureira, Feia de
Corpo e Bonita de Alma, 29 ou Honra e Glória, Feiticeiro de Karnak,
Tripulação e Ventura, Anjo Maria, Circo de Badajoz, Três Inimigos de
Alma, Má Cara e Bom Coração, As Criadas, Zé Cosme o Varredor, entre
outras.
A 28 de Agosto de 1858 estreou-se no Teatro do Ginásio na comédia
Destes há Poucos, de autoria de Mendes Leal. Teve aqui a sua época
brilhante em numerosas peças, mas principalmente no Manuel Escota da
Probidade; no Cristóvão do Trabalho e Honra; no João Maria dos Filhos
dos Trabalhos; no 33 da Aristocracia e Dinheiro; no Mestre Jerónimo, no
Tio Braz, no Cabo Simões, nas Trevas e Luz, nas Georginas, etc.
Foi depois ao Brasil na companhia do actor João Caetano dos Santos,
em 1861. Foi de tal maneira recebido no Brasil que voltou lá mais oito
vezes, demorando-se bastante. Em Lisboa e Porto representou ainda nos
teatros do Ginásio, Rua dos Condes, Baquet e Príncipe Real.
Era pai da actriz Lucinda Simões, avô da actriz Lucília Simões e
bisavô da actriz Julieta Simões.
BOTELHO, Abel Acácio de Almeida
Militar, romancista, jornalista, dramaturgo, poeta, cronista, académico
e diplomata, Abel Acácio de Almeida Botelho nasceu em Tabuaço em 23
de Setembro de 1856 e faleceu em Buenos Aires a 24 de Abril de 1917,
como Ministro de Portugal na Argentina.
Foi aluno do Colégio Militar, cujo curso concluiu em 1878,
alcançando o posto de general. Fez uma brilhante carreira no Estado-Maior
do Exército. Atraído pela política após a proclamação da República, foi
sucessivamente deputado, senador e ministro. Nomeado para as funções de
Inspector das Belas-Artes, em Outubro de 1910, terá colaborado «nas
reformas pedagógicas e museológicas do novo regime». Ainda devido ao
seu interesse por estudos de arte (com artigos e ensaios publicados em
Museu Ilustrado e Ocidente), fez parte da comissão artística e cultural e de
120
instituições científicas, tendo participado na criação do Grémio Artístico
(1888-1890).
Como jornalista, deu vasta colaboração a jornais como: O Dia, O
Século, Ocidente e Ilustração, Revista Moderna, Revista Literária, Serões,
Mala da Europa, Diário da Manhã, Novidades, Correio Português,
Portugal e Repórter, do qual foi director. Foi o iniciador do naturalismo de
Zola aplicado à ficção portuguesa. Publicou em 1885 o seu primeiro livro,
poesias, com o nome Lira Insubmissa, e em 1898 o livro de contos
Mulheres da Beira. Um dos seus melhores romances é Amanhã, 1901, o
primeiro na literatura portuguesa em que o proletariado surge como
personagem colectiva. Este romance é o terceiro dos cinco que constituem
a série Patologia Social, 1898-1910, graças à qual se tornou, em Portugal,
um característico representante do naturalismo. Este ciclo de romances
procurava retratar a decadência de certas classes, explicando-a a partir da
hereditariedade e da influência do meio circundante. Compreende as obras:
Barão de Lavos, 1891, romance que lhe alcançou o maior renome; O Livro
de Alda, 1898; Amanhã, 1901; Fatal Dilema, 1907 e Próspera Fortuna,
1910.
Entre outras obras que escreveu são também notáveis: Sem Remédio Etologia de Um Fraco, 1900; Os Lázaros, 1904 e, por último, o Amor
Crioulo, Vida Argentina, 1919, novela publicada ainda que a deixasse
postumamente incompleta.
O naturalismo está presente na sua obra teatral, por exemplo em
Jucunda, comédia em 3 actos, representada em 1889 no Teatro do Ginásio
e Claudina, peça em 4 actos que Lucinda Simões desempenhou
genialmente em festa artística no Teatro Príncipe Real, em 1890. Para
teatro apresentou ainda as peças: Germano, em verso, rejeitada no Teatro
D. Maria II e que foi publicada em 1896; Parnaso, acto em verso, 1894;
Vencidos da Vida, comédia em 3 actos, cuja estreia se deu no Teatro do
Ginásio em 1892; Imaculável, 1892, representada em 1897 no Teatro
Nacional D. Maria II e Fruta do Tempo, comédia moderna representada em
1904, no Teatro Dona Amélia; Fatal Dilema; Nevrose.
Foi na casa de Abel Botelho, ao Caldas, que se realizaram as primeiras
conversas para preparo dos estatutos de «Grémio Artístico», oriundo do
célebre «Grupo Leão». Abel Botelho foi académico de mérito da Academia
das Belas-Artes.
BOTELHO, Artur
Artur Botelho nasceu em Alvites Vila Real de Trás-os-Montes em
1883 e faleceu em 1940. A sua estreia literária inicia-se em 1914, com o
livro de versos Alma Lusitana, a que se seguiu em 1919 o drama heróico,
121
Camões. Depois, envereda pela crítica e escreve o volume Guerra
Junqueiro - Falso Poeta, 1923, que fez escândalo e foi como que um
incidente na sua vida literária. Voltou em 1928 ao drama heróico, com O
Mar Tenebroso. Escreveu também as obras teatrais: O Mártir de Fez, O
Infante Santo, Mãe Sacrificada e Amor Maldito.
Porém a sua mais notável obra, é o poema Europiada, em que canta os
feitos heróicos da guerra de 1914 em versos dignos de um grande poeta.
Tem 25 cantos com 2.550 oitavas. Esse poema, que começou a publicar-se
em fascículos em Janeiro de 1935, acabou de publicar-se em Abril de 1937.
Em 1912 fundou com António Fernandes da Silva e Ângelo Jorge a
revista Ideia Livre, que durou alguns anos, tendo dado também a sua
colaboração a outros jornais e revistas.
Artur Botelho estudou no Instituto Superior de Comércio. Exerceu as
funções de chefe de secção na Companhia dos Caminhos-de-ferro
Portugueses, ocupando um cargo como funcionário superior da
Administração Geral do Porto de Leixões, a partir de 1934.
BOTTO, António
António Tomás Botto nasceu em Concavada em 1897 e faleceu no
Rio de Janeiro em 1959.
Escreveu 4 peças: Flor do Mal, publicada em 1923; António, editada
em 1933; Alfama, peça em 3 actos, estreada pela primeira vez no Teatro de
São Carlos em 16 de Junho de 1933, com a interpretação de Ilda Stichini,
Amélia Pereira, Irene Isidro, Hermínia Tavares, Alves da Costa, Assis
Pacheco, Alexandre de Azevedo, Barroso Lopes e Luís de Campos e Nove
de Abril, estreada em 1938.
Em 1940 adaptou a opereta A Morgadinha de Vale Flôr de Pinheiro
Chagas.
BRAGA, Alberto
O contista, dramaturgo, tradutor e jornalista de nome completo
Alberto Leal Barradas Monteiro Braga, nasceu no Porto em 4 de Outubro
de 1851, onde faleceu em 1911, vitimado pela tuberculose. Colaborou nos
jornais: Novidades, Ocidente, Repórter e Jornal do Comércio. Foi redactor
da Semana de Lisboa. Escreveu sob o pseudónimo de Diogo Mateus,
algumas crónicas literárias para o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.
Também colaborou nos jornais de Paris, Soleil, Gaulois e Temps.
Publicou as seguintes obras: Contos da Minha Lavra, 1878; Contos de
Aldeia, 1880; Novos Contos, Contos Escolhidos, 1892 e Os Confidentes.
122
Alguns destes livros foram traduzidos em francês, alemão e sueco.
Escreveu três peças de teatro que se representaram no Teatro Nacional D.
Maria II, todas elas em 4 actos: A Estrada de Damasco, comédia, estreada
em 1892 com algum êxito de crítica a que o público não se associou; A
Irmã, estreada em 2 de Março de 1894, que teve 22 representações e de que
o público gostou, ao contrário da opinião da crítica. Foi a peça da época
que melhor resultado deu à bilheteira; O Estatuário, peça publicada em
1897 e representada pela primeira vez em 8 de Abril de 1897 no Teatro
Nacional, com Delfina Cruz, Augusto Cordeiro, Eduardo Brasão, entre
outros. Também publicou uma comédia em 1 acto que escreveu em francês
Le Buste, que se representou num salão particular e que, depois, traduziu e
foi representada no Teatro da Rua dos Condes por Lucinda Simões e
Cristiano de Sousa. Para a empresa desta actriz traduziu a Francillon, de
Alexandre Dumas filho. Traduziu para o Teatro Nacional D. Maria II a
comédia de Augier As Elegantes Pobres. Cultivou um teatro de raiz
romântica e pendor naturalista.
Era funcionário público e sócio do Instituto de Coimbra.
BRAGA, Artur
O actor Artur P. Estrela Braga nasceu em Lisboa, a 16 de Dezembro
de 1875 e faleceu em 1945.
Estreou-se em Janeiro de 1911 no Teatro Moderno, contratado pelo
empresário Albino José Batista na revista Pinto na Casca. Actuou em todos
os teatros de Lisboa e província e em alguns de Espanha e do Brasil. Das
muitas participações referimos: Pó de Pirlimpimpim, revista de autoria de
Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e André Brun e música de Fortes
Rebelo, estreada no Teatro das Variedades em 1911; Saúde e Bichas,
revista escrita por João Bastos e Xavier da Silva, com música de Barbosa
Júnior, estreada no Teatro de Júlia Mendes, em 1913; Chico das Pegas;
Diplomata dos Figuristas; Fado; O Preto no Branco, revista de autoria de
Eduardo Schwalbach e Acácio de Paiva, com música de Filipe Duarte e
estreada no Teatro Apolo em 1912; Bebé e Totó; Apolo Revista, revista
escrita por Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, com música de Bernardo
Ferreira e Cruz Braz, estreada no Apolo Terrasse em 1914; Rosas de Nossa
Senhora; A Rosa Tirana, revista de Lino Ferreira, A. Rocha, Henrique
Roldão e Álvaro Santos, com música de Carlos Calderón e Vasco de
Macedo, levada à cena no Teatro Apolo em 1915; Fado e Maxixe, revista;
Sonho Dourado; Nabos da Púcara, revista de autoria de A. Rocha e Álvaro
Santos, estreada no Teatro Apolo em 1916; e Amor de Perdição, Santo
António, João José, Homem de Gelo, Coração à Larga, Sorte dos Maridos,
X.P.T.O., Caldo Verde, Casta Susana, Conde de Luxemburgo, Rainha do
123
Cinema, Flor da Ruga, Labareda, Alma Forte, Vasco da Gama, Fernando
Vai Casar, As Pílulas de Hércules, A Severa, O Saltimbanco, O Pobre
Valbuena, Jesus, Carnaval Alegre, A Águia Negra, Salamandra 27,Amores
de Pescador, A Dez Réis, Fala Baixo, O Homem da Bomba, A Alma
Francesa, Um Inimigo do Povo, A Taberna e Simone.
BRAGA, Costa
O autor teatral, Francisco Joaquim da Costa Braga, nasceu a 10 de
Janeiro de 1831 e faleceu em Maio de 1902. “Viveu” sempre, no teatro,
exercendo diversas áreas, como ponto, contra-mestre, secretário, gerente,
ensaiador, copista e autor.
Escreveu muitas peças originais e traduziu outras das quais foram
algumas publicadas. Desse repertório salientamos: O que é o Mundo? O
que são as Riquezas?, duas comédias-drama em 2 actos, editadas em
Lisboa, em 1857 e 1858; Paula e Maria, ou a Escravatura Branca,
comédia-drama em 2 actos, 1859; A Honra Dum Português, comédiadrama em 2 actos e 1 prólogo, 1859; Os Pagens de Luiz XII, ópera cómica
em 2 actos; Hei-de Ser Actor, Um Discípulo de Latim, Um Marquês Feito à
Pressa, comédias em 1 acto; Loucura da Mocidade, comédia-drama em 3
actos; Castigo e Arrependimento, drama em 6 actos; O Torrador, paródia à
ópera com o mesmo nome, em 4 actos; O que é Lisboa, peça em 4 actos; S.
Jorge, drama sacro em 4 actos; Civilização e Progresso, revista escrita em
parceria com Francisco Serra, estreada em Fevereiro de 1858, no Teatro da
Rua dos Condes; Revista do Ano de 1865, levada à cena do Teatro das
Variedades; Revista do Ano de 1966, estreada igualmente no Teatro
Variedades.
Ficou a dever-se a Costa Braga a primeira tentativa de criar uma
associação destinada a defender os direitos dos escritores dramáticos, em
1873, mas que não chegou a concretizar-se.
BRAGA, Erico
O actor e empresário teatral, Erico Braga nasceu no Rio de Janeiro em
10 de Novembro e faleceu em Lisboa a 24 de Outubro de 1962.
Estreou-se como actor em 19 de Janeiro de 1916 no Teatro Politeama,
na peça A Vida Dum Rapaz Pobre. Neste mesmo ano fez a sua primeira
digressão teatral ao Brasil. Anos mais tarde formou a companhia teatral
Lucília Simões-Erico Braga, que teve a servi-la nomes importantes da arte
de representar, como Lucinda Simões, Palmira Bastos e Brunilde Júdice.
Foi co-autor de diversas revistas: O Papo Seco, estreada no Teatro da
Trindade em 1926; Cocotes de Areia; A Feira de Amostras; Tit-Top, com
124
música de Fernando de Carvalho, também estreada no Teatro da Trindade
em 1932; Barril de Luxo; Carioca e Aldeia da Roupa Suja.
Erico Braga deixou o seu nome ligado ao semanário Girassol. Entrou
em diversos filmes e, em 1957, recebeu o Prémio do Melhor Actor do Ano.
BRAGA, Teófilo
Joaquim Fernandes Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada em 24 de
Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1924.
Teófilo Braga era filho de uma senhora da aristocracia açoriana, de
seu nome Maria José da Câmara Albuquerque e de Joaquim Manuel
Fernandes Braga, professor de liceu. Fica órfão de mãe aos 3 anos e pai
volta a casar com uma mulher que o hostiliza e lhe provoca graves
problemas na infância e adolescência.
A sua vocação literária e força de vontade cedo se revelaram e, para se
tornar independente, vai trabalhar para uma tipografia onde compõe o seu
próprio livro de estreia, uma colectânea de poesias intitulada Folhas
Verdes, em 1859, com prólogo de Francisco Maria Supico, sobre a História
Literária da Ilha de S. Miguel.
Depois de ter feito os primeiros estudos no liceu de Ponta Delgada
vem para o Continente, para a cidade de Coimbra, onde concluiu com
distinção o curso de Direito em 1867 recebendo o grau de Doutor em 1868
com a tese História do Direito Português. I. Os Forais.
Com Antero de Quental deu origem à «escola coimbrã», publicando
em 1864 a Visão dos Tempos e as Tempestades Sonoras, conjuntos cíclicos
de poemas segundo o modelo da Legende dês Siècles, de Vítor Hugo.
Ainda em verso escreveu dois dramas, Poeta Por Desgraça e Um Auto por
Desafronta, publicados em 1869. O primeiro, representado por estudantes,
entre os quais Eça de Queirós, no Teatro Académico de Coimbra, em 1865,
tinha por protagonista, Correia Garção; o segundo, Gil Vicente. Escreveu
também um auto de inspiração vicentina, O Lobo da Madragoa, publicado
em 1869; um drama em 5 actos, enquadrados por um prólogo e um epílogo,
Gomes Freire, 1907 e o libreto para a ópera de Rui Coelho, O Serão da
Infanta, cantada em 1913 no Teatro São Carlos.
Como poeta publicou ainda: Visão dos Tempos, 1864; Tempestades
Sonoras, 1864; Torrentes, 1869 e Miragens Seculares, 1884. Como
folclorista publicou também: Contos Tradicionais do Povo Português, em
1883; O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições, 1885,
em dois volumes.
Pensador positivista, escreveu Traços Gerais da Filosofia Positivista,
no ano de 1877.
125
Historiador da Cultura Portuguesa lançou-se nos estudos da História
Literária, publicando em 1867 a História da Poesia Popular Portuguesa,
abrangendo o Romanceiro Geral e em 1870 e 1871 os quatro volumes da
História do Teatro Português e os quatro volumes da Historia da
Universidade de Coimbra, em 1892 e 1902.
De 1872 a 1910 regeu a cadeira de Literaturas Modernas no Curso
Superior de Letras, em Lisboa. Militante do Partido Republicano, após a
queda da Monarquia em 1910, presidiu ao governo provisório e, em 1915,
foi eleito Presidente da Republica.
BRAGA, Visconde de S. Luís de
Filho de portugueses, nasceu no Rio Grande do Sul, Brasil em 1850.
No Rio de Janeiro, ainda que nomeado Visconde, continuou a ser
conhecido por Braga Júnior. No teatro começou por ser ponto e, depois,
sócio de uma empresa artística no Teatro Recreio Dramático do Rio de
Janeiro. Mais tarde fez-se empresário, tendo adquirido o espólio da
empresa Ester de Carvalho.
Com a companhia que organizou, percorreu o Brasil de Norte a Sul
fazendo dinheiro, principalmente com as operetas O Periquito e D.
Juanita. Depois, associou-se a Celestino da Silva. Com o advento da
república no Brasil, Braga Júnior foi atacado da febre de companhias e
outros negócios que se tornaram epidémicos no Rio de Janeiro.
Veio depois para Lisboa, donde nunca mais saiu. Aqui, fez-se
visconde e um dos proprietários do Teatro Dona Amélia e sócio da empresa
exploradora do mesmo, com Guilherme da Silveira, António Ferreira
Ramos e Celestino da Silva. Foi um homem prestigiado, tendo feito a
inauguração do “seu” teatro com uma companhia italiana em 1894.
BRAGA, Vitoriano
Vitoriano de Sousa Feio Peixoto Braga, nasceu em Lisboa em 11 de
Julho 1888 e faleceu a 30 de Janeiro de 1940.
Foi funcionário da Companhia dos Caminhos-de-ferro Portugueses,
colaborou na imprensa sobre temas de teatro e exerceu interinamente, o
cargo de Comissário do Governo junto do Teatro Nacional de Almeida
Garrett (hoje D. Maria II).
A sua primeira peça data de 1911, tem 3 actos e chama-se: A Bi,
escrita em colaboração com João de Vasconcelos e Sá, só passados 5 anos
regressa à cena com: Octávio, 1916, que pelo arrojo da sua tese causou
grande celeuma. Vieram depois sucessivamente: O Salon de Madame
126
Xavier; 1918, sátira dos meios pseudo-literários da capital, O Conselho da
Noite; A Casaca Encarnada, 1922, no Teatro Politeama, onde faz uma
severa crítica à sociedade decadente da época e que foi, sem duvida, a mais
elogiada pela crítica; Inimigos, 1926 no Teatro Politeama, Lua de Mel,
1928; Extremo Recurso em 2 actos, 1917 e Entre As Cinco e As Oito, estas
duas últimas publicadas, mas não representadas. Fez ainda traduções várias
de Bourget, Irmãos Quintero, Ibsen, Martinez Sierra, Pagnol e outros. Tem
artigos dispersos por vários jornais dos quais foi crítico teatral. Se bem que
a partir de 1928 se tenha recolhido ao silêncio (o que não se justificava uma
vez que tinha anteriormente alcançado enorme êxito e todos esperavam o
seu regresso) certo é que o seu nome foi sempre respeitado e apreciado nos
meios teatrais.
A sua obra dramática, curta mas valiosa, ora se situa na crítica social
de costumes, ora entra pelo campo da análise psicológica.
BRAGANÇA, Nuno
O escritor Nuno Bragança nasceu em Lisboa em 12 de Fevereiro de
1929, onde faleceu a 7 de Fevereiro de 1985.
Licenciado em Direito, fez parte da geração de intelectuais católicos
que, nos anos 60, foram companheiros de caminho do Cinema Novo.
Colaborou em jornais e revistas, nomeadamente em O Tempo e o Modo,
Seara Nova e Vértice. No meio cinematográfico foi dirigente cineclubista,
autor de diálogos e crítico de cinema na primeira série de O Tempo e o
Modo e autor de textos posteriores sobre cinema português, dispersos por
publicações várias como o Expresso e Diário de Lisboa.
Como ficcionista revelou-se com o romance A Noite e o Riso, no ano
de 1969, seguindo-se o romance Directa, 1971; Square Tolstoi, 1981;
Estação, 1985 e Do Fim do Mundo, em 1990.
A sua obra satiriza a burguesia lisboeta e retrata a vida intelectual e
política da capital, dos anos 60 até ao período da Revolução de 25 de Abril
de 1974.
Em A Noite e O Riso marcou-se uma data na evolução das formas
literárias entre nós.
Foi autor dos diálogos do filme Os Verdes Anos, realizado por Paulo
Rocha e estreado em Lisboa a 29 de Novembro de 1963.
BRAMÃO, Octávio
127
O actor Octávio Bramão nasceu em Lisboa em 11 de Março de 1902 e
faleceu em 1957. Era filho do actor Álvaro Pereira Bramão e casado com a
actriz Amélia Rodrigues da Silva Bramão.
Estreou-se no dia 28 de Junho de 1920 no Teatro Avenida, na revista
Com Unhas e Dentes, escrita por Artur Arriegas e musicada por Luz
Júnior.
Trabalhou em todos os teatros de Lisboa, Porto e em alguns do Brasil,
nas companhias de Lucília Simões, Aura Abranches, Ilda Stichini e Rey
Colaço-Robles Monteiro, entre outras.
As principais peças em que participou foram: O Regresso, O Amor em
Pó, Jerusalém, O Homem que Assassinou, O Regente, Náufrago, Tio da
Minha Alma, 2 Garotos, O Conde de Monte Cristo, O Mártir do Calvário,
Os Milhões do Criminoso, Otelo, O Gato Bravo, Mulher-Homem, A
Bisbilhoteira, Pernas ao Léu, O Pimpão, Paga e Não Bufes, O Cão de
Fala, Chapéus Modelos, Das 5 às 7, O Pé de Cabra, Se eu Quisesse, Caras
e Corações, A Língua das Mulheres, O Clube do Diabo, O Escândalo,
Uma para 3, Paris, Conquistadores, Casa Cercada, Dama das Camélias,
Entre Giestas, Era Uma Vez Uma Menina, Amor de Perdição, Morgadinha
de Vale Flor, Sol de Abril, Domador de Sogras, Sonho de Uma Noite de
Agosto e Cacho Dourado.
BRANCO, Castelo
Manuel Castelo Branco nasceu em Castelo Branco, em 6 de Abril de
1869 e faleceu em Lisboa a 14 de Abril de 1934.
Vindo para Lisboa, logo se manifestou nele a tendência para o teatro,
estreando-se com a revista O Século XIX, de autoria de Baptista Diniz, no
Teatro do Rato, de que era empresário o actor Santos Júnior. Fez, depois,
outros papéis noutros espectáculos teatrais, mas não se fixou nesta
modalidade. A indumentária era a sua especialidade. Trabalhou como
contra-mestre no guarda-roupa do Araújo, na Rua Nova da Palma e, mais
tarde, com o «costumier» Carlos Cohen, onde manifestou o seu grande
gosto pela arte de vestir. Foi a actriz Lucinda Simões que, reconhecendo
que, como actor, ele não passaria da mediocridade, um dia o chamou para
vestir a peça Cirano de Bergerac. O impacto foi tal que o grande cómico
Vale lhe deu para vestir as peças Agulhas e Dedais e Poetas de Xabregas.
Nunca mais parou.
Foi-se aperfeiçoando, progredindo, viajando pelo estrangeiro em
busca de ideias novas e, no regresso, passa a fornecer o Teatro D. Maria II,
em cujo edifício montou as suas oficinas. Mais tarde, o Governo da
República, premiando os seus méritos artísticos, nomeou-o Professor de
Indumentária do Conservatório Nacional, cuja função desempenhou
128
durante quinze anos e condecorou-o com o Hábito de Santiago. Foi cedido
a Castelo Branco um terreno junto ao Conservatório Nacional, na Calçada
dos Caetanos, onde criou o seu riquíssimo guarda-roupa.
Activo e empreendedor, Castelo Branco também escreveu para o
teatro e foi empresário do Novo Teatro Chalet, na feira de Alcântara, do
Éden-Teatro, na feira do Campo Grande e de vários outros.
Durante a sua carreira, trabalhou para os maiores artistas da cena
portuguesa, tendo vestido, um total de cerca de setecentas peças. O último
trabalho que teve foi a confecção dos trajes para os grupos dos bairros que
deveriam figurar nas Festas da Cidade de Lisboa.
Coube-lhe a honra de ajustar trajes aos maiores actores portugueses,
como os irmãos Rosa, Brasão, Ferreira da Silva, Chaby Pinheiro, Lucinda
Simões, Ângela Pinto e Lucinda do Carmo, entre tantos. Castelo Branco
ocupou-se do guarda-roupa de peças de Pinheiro Chagas, de Lopes de
Mendonça, de Júlio Dantas, de D. João da Câmara, de Rui Chianca, de
Jaime Cortesão e foi notável o seu trabalho nas reconstituições da
indumentária dos autos de Gil Vicente.
Em 1920, a empresa do Teatro Apolo dedicou-lhe uma festa de
homenagem, organizada por Nascimento Fernandes, Henrique Santana e
Lino Ferreira, entre outros. Nessa altura publicou-se um único número dum
jornal, intitulado Bons Costumes e escrito por Júlio Dantas, Palmira Bastos,
Vicente Arnoso, Eduardo Schwalbach e Matos Sequeira, entre outros.
Das peças que vestiu, para além das já citadas, indicamos também as
seguintes: Suave Milagre, Judas, Leonor Teles, Hamlet, Gata Borralheira,
Noite e Dia, Bocacio, Frei Luís de Sousa, Avarento, Ó da Guarda, A.B.C.,
Sonho Dourado, Paz e União, Peço a Palavra, O 31, Filha do Inferno, Fim
do Mundo, Arco da Velha, Princesa Encantada, Aljubarrota, Margarida do
Monte, Sempre Noiva, Pai Paulino, Sol e Sombra, Rosa Tirana, Alerta,
Serão nas Laranjeiras, Soror Mariana, Primo Basílio, Honra Japonesa,
Amor de Perdição, Coimbra Terra de Encantos, Morgadinha de Vale For,
Os Campinos, Beijos de Burro, Auto da Barca, Bocage, Sombra do Rei,
Duque de Viseu, Amor de Perdição (ópera), Aventureira, O Caminheiro, O
Tartufo, Volta ao Mundo a Pé, Rei dos Bandidos, Do Sol à Estrela,
Toureador, Soldado de Chocolate, Dama Roxa, Sonho de Valsa, Viúva
Alegre, O Palhaço, Princesa dos Dólares, A Severa, Inês de Castro, Nossa
Senhora de Paris, Duas Órfãs, Pão Nosso, De Capote e Lenço, Dominó,
Maré de Rosas, Traços e Troças, Chico das Pegas e Diabo a Quatro.
BRANCO, Freitas
João de Freitas Branco, escritor e pensador português, nasceu no
Funchal em 5 de Agosto de 1855 e faleceu em Lisboa em 1910.
129
Matriculou-se em Coimbra nos cursos de Matemática e de Filosofia
em 1871, quando por doença, teve de interromper os estudos no 2º ano e de
se retirar para a terra natal, onde recuperou a saúde passado um ano.
Durante essa época traduziu e publicou no Funchal a célebre obra de
Douglas Jerrold, Mrs. Caudde’s Lectures. Mais tarde, já restabelecido, foi
para o estrangeiro (Austrália, Inglaterra e França) onde completou a sua
educação e adquiriu específicos conhecimentos não só das línguas, como
das literaturas respectivas, que vieram a favorecer as nossas letras, pois foi
considerado o introdutor em Portugal dos modernos autores nórdicos e
alemães, até então completamente desconhecidos mesmo em França –
Ibsen, Bjornson, Kipling, Maeterlinck, Sudermann e Ludwig Fulda, de
quem traduziu algumas obras mais importantes. Entre elas, traduziu a
célebre Casa da Boneca, do grande escritor escandinavo, muito antes –
afirma um biógrafo – da França travar relações intelectuais com aquele.
Traduziu também os Sustentáculos da Sociedade, do mesmo escritor, a
peça de Bjornson Uma Falência e várias peças alemãs, entre as quais: O
Fim de Sodôma, de Sudermann; O Bode Expiatório, comédia em 3 actos,
representada pela primeira vez em 4 de Dezembro de 1903 no Teatro do
Ginásio, com a interpretação de Soler, Carlos Leal, Telmo, Cardoso,
António Pinheiro, Inácio, Sarmento, Bárbara Wolckart, Júlia de Assunção,
Emília Sarmento, Sofia Gomes, Palmira Torres e Carlota Fonseca, entre
outros; Gente para Alugar, peça em 4 actos, levada à cena também no
Teatro do Ginásio, no dia 4 de Março de 1904, apresentada por Cardoso,
Inácio, A. Ferreira, António Pinheiro, Sarmento, António de Sousa, Carlos
Leal, Sales, Bárbara, Isabel Benardi, Carlota Fonseca, Júlio de Assunção,
E. Sarmento e Almeida; Os Inseparáveis, levada à cena no Teatro Nacional
D. Maria II, no dia 27 de Abril de 1907, em récita do actor Ferreira da
Silva; O Ninho do Cupido, comédia burlesca em 3 actos, estreada no Teatro
do Ginásio em 21 de Abril de 1904, com as interpretações de Telmo Inácio,
Cardoso, Pinheiro, Sarmento, Ferreira, Carlos Leal, Palmira Torres, Sofia
Santos, Carlota Fonseca e Palmira Ferreira; Os Penedos do Inferno,
comédia, estreada no Teatro D. Maria II; Aranha de Ouro; Os Inocentes e
O Gatuno, estas três últimas também levadas ao palco do Teatro do Ginásio
e O Homem das Mangas, que se representou com imenso êxito no Teatro
da Trindade em Lisboa.
Escreveu a comédia em 3 actos A Engenhoca e deixou ainda notáveis
artigos de crítica sobre o teatro, publicados em português, nalguns jornais
de Lisboa e, em alemão, em revistas importantes de Berlim e Viena. Pelos
seus conhecimentos revelações e autoridade naquela veio a ser nomeado
pelo Governo, Vogal do Júri de admissão de peças no Teatro D. Maria II e,
pouco antes de morrer, Vogal do Conselho de Arte Dramática.
A ele ainda se deve o haver-se vulgarizado em Portugal os nomes dos
principais dramaturgos alemães da época.
130
Detinha uma invulgar erudição musical e poliglotismo. Era senhor de
uma admirável cultura, o que certamente se devia ao facto de haver feito
quase toda a sua educação no estrangeiro.
BRANDÃO, João Augusto Soares
O actor João Augusto Soares Brandão nasceu em São Miguel, Açores,
no dia 19 de Junho de 1845 e faleceu no Rio de Janeiro a 16 de Novembro
de 1921.
Chegou ao Brasil quando tinha 17 anos de idade, estreando-se no
Teatro de São Januário em 1862.
Teve um impacto grande com actor cómico, ao ponto de ter sido
denominado de o “Popularíssimo” pois foi, no seu tempo, dos actores mais
conhecidos do Brasil.
Lançou-se também na escrita teatral, sendo de sua autoria as
comédias: O tio Geriva, escrita em 1895; Capenga não Forma, em 1895 e
Lamentações de Um Porteiro.
Deixou inédito o livro de memórias Último Acto.
BRANDÃO, Maria
A actriz Maria Brandão nasceu em 1899 e faleceu a 3 de Novembro
de 1984 em São João da Madeira.
Maria Brandão trabalhou no Teatro Nacional D. Maria II, na
Companhia de Rey-Colaço-Robles Monteiro e participou em diversos
filmes portugueses, entre os quais O Dinheiro dos Pobres, onde actuou ao
lado de Vasco Santana.
Das várias peças em que entrou na companhia referida, sublinhamos
as seguintes: Demónio, de Ramada Curto; Falar Verdade a Mentir, de
Almeida Garrett; Alma de Mulher, de Gustavo de Matos Sequeira; e Amor
de Perdição, de D. João da Câmara.
Actuou, entre outros, com os seguintes artistas: Amélia Rey Colaço,
Robles Monteiro, Abílio Alves, Carlos Oliveira, Luís de Campos, Barroso
Lopes, Emília de Oliveira, Maria Clementina, Maria Lalande, Lúcia
Mariani, Álvaro Benamor, António Pinheiro.
BRANDÃO, Raul
O escritor Raul Germano Brandão nasceu na Foz do Douro, Porto, a 2
de Março de 1867 e faleceu em Nespereira, Guimarães no dia 5 de
Dezembro de 1930.
131
Passa a infância na Foz. Na adolescência convive com António Nobre,
Alberto de Oliveira, Hamílton de Araújo e Justino de Montalvão, entre a
Foz e Leça da Palmeira, passando então a fazer parte de um grupo
portuense de jovens escritores rebeldes e excêntricos.
Frequenta, no Porto, o Curso Superior de Letras, mas enveredou
depois pela carreira militar, a convite dos pais, entrando para a Escola do
Exército, vindo a reformar-se com o posto de Major do Exército, aos
quarenta e cinco anos.
Dedica-se então à escrita e ao jornalismo, a par com a actividade de
pequeno proprietário rural, na região de Guimarães. Ma a actividade
literária começa em 1885, ano em que publica o primeiro texto Bendita!,
evocando a violência do terramoto e exaltando a Caridade como a virtude
mais «bendita». O texto foi publicado na revista Andaluz, em número único
publicado pelos alunos do Colégio de S. Carlos «em favor das vítimas dos
terramotos de Andaluzia», com colaboração de João de Lemos, Trindade
Coelho e José Leite de Vasconcelos, entre outros. Em 1890 publica o
primeiro livro, Impressões e Paisagens, livro de contos feito de uma
sucessão de pequenos quadros da vida piscatória e rural, entre Eça e Fialho.
No prefácio-carta a Alberto Bramão, companheiro de juventude, evoca a
Foz do Douro e comenta: «Foi das nossas discussões sobre Arte que estes
contos nasceram...». Dessas discussões nasce também o manifesto de 28
páginas assinado com o pseudónimo colectivo de Luís de Borga, Os
Nefelibatas, escrito quando tinha 18 anos, e publicado, sem data, entre fins
de 1891 e princípios de 1892.
No campo jornalístico fundou, no Porto, um jornal literário e de larga
informação, o Correio da Manhã, tendo assiduamente colaborado também
no jornal do mesmo título que, em Lisboa, foi fundado por Pinheiro Chagas
e, ainda em, O Dia, Diário de Notícias, Portugal-Brasil, Imparcial, Diário
da Tarde, Revista de Hoje, O Século e na República, fundada por António
José de Almeida, de quem foi grande amigo e correligionário político. Nos
últimos tempos escrevia para a Seara Nova que, desde a sua fundação, lhe
mereceu sempre especial simpatia, pois foi um dos elementos do grupo
fundador. A esta se pela pena de Castelo Branco Chaves, um estudo sobre
a obra literária de Raul Brandão.
Organizou com D. João da Câmara e Maximiliano de Azevedo, livros
de leitura escolar.
Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e
estudos históricos. A sua prosa simples e tensa palpita de dramatismo e
fogo interior, em clarões de idealismo no lírico anarquismo niilista. Neto de
um pescador, as suas páginas resumem simpatia e angústia ao evocarem as
desgraças dos humilhados e ofendidos, sob a directa influência da leitura de
Dostoievski, sendo neste aspecto caso impar na prosa portuguesa.
132
Entre as suas obras avultam: Vida de Santos, publicada em 1891, em
parceria com Júlio Brandão; História de Um Palhaço, 1896, refundida
posteriormente sob o título A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore,
1926; A Arte, obra também escrita em parceria com Júlio Brandão, 18951899; O Padre, 1911; A Farsa, 1903; Os Pobres, com prefácio de Guerra
Junqueiro, 1906; El-Rei Junot, 1912; A Confissão de Gomes Freire, 1914;
Húmus, 1917; Memórias (I, 1919, II, 1925 e III, 1933); Os Pescadores,
reportagem, 1923; As Ilhas Desconhecidas, reportagem, livro escrito após
uma viagem aos Açores; 1926; O Pobre de Pedir, 1931; Portugal
Pequenino, literatura para a infância, escrito em colaboração com a mulher,
Maria Angelina Brandão e que representa a última obra que publicou, 1930
e prefácio e notas a O Cerco do Porto - Contado por Uma Testemunha - O
Coronel Owen, 1915.
No teatro são de salientar duas peças em 3 actos, escritas em
colaboração com Júlio Brandão: Noite de Natal, representada no Teatro
Nacional D. Maria II, em 1899 e O Maior Castigo, levada à cena no Teatro
Dona Amélia, em 1902. A primeira, que Fialho de Almeida considerou
«uma obra de rapazes, desconexa», impregnada da «reminiscência de
alguns romances e peças russas», só em 1891 foi publicada e o texto da
segunda não chegou até nós. O Gebo e a Sombra, peça em 4 actos, foi
publicada em 1923, tendo depois várias reedições. Foi representada pela
primeira vez pela Companhia Alves da Cunha, no Teatro Nacional D.
Maria II, em 27 de Abril de 1927, numa encenação de Araújo Pereira e
interpretação de Alves da Cunha, Adelina Abranches, Ribeiro Lopes, Berta
de Bivar, Luís Pinto, Elvira Velez, entre outros. O Doido e a Morte, farsa
em 1 acto, publicada no ano de 1923, também com várias reedições. Foi
representada pela primeira vez no Teatro Politeama, em 1 de Março de
1926, com encenação de Araújo Pereira e interpretação de Alves da Cunha,
Joaquim de Oliveira, Maria Isabel e António de Melo, nos papéis
principais. O monólogo O Rei Imaginário, foi representado pelo actor
Alves da Cunha em 1926 e 1927. De referir o monólogo, Eu Sou um
Homem de Bem, 1927; uma tragicomédia em 7 quadros escrita com
Teixeira de Pascoais Jesus Cristo em Lisboa, representada pela primeira
vez, numa adaptação de Alexandre O’Neill e Mendes de Carvalho, pelo
Teatro Popular, Companhia Nacional 1, no Teatro São Luís, em 23 de
Junho de 1978, com encenação de Carlos Wallenstein, e interpretada por
António Ramo, Antonino Solmer, Augusto de Figueiredo, Fernanda Lapa,
Baptista Fernandes, Mário Sargedas, Jorge Neves, Fernando Nascimento,
Canto e Castro, Glicínia Quartin, José Severino, Manuela Cassola, Alina
Vaz, Norberto Barroca, Nuno Franco, Armando Venâncio, Lino Morgado,
Maria Amélia Matta, Maria José, Manuela Santos, José Raimond, Lourdes
Norberto, António Feio, Baptista Fernandes, António Anjos, António
133
Augusto, Fernanda Lapa e José Nery. É ainda de sua autoria O Avejão,
episódio dramático em um acto, escrito em 1929.
Raul Brandão pertenceu à Academia das Ciências de Lisboa. Foi uma
das figuras de maior relevo da Literatura Portuguesa Contemporânea.
BRASÃO, Eduardo
O actor e empresário teatral, Eduardo Joaquim Brasão, nasceu em
Lisboa em 6 de Fevereiro de 1851 e faleceu nesta cidade a 29 de Maio de
1925.
Assentou praça na Marinha em 12 de Julho de 1862 e foi pajem da
futura Rainha D. Maria Pia.
Atraído pelo teatro, estreou-se no Teatro Baquet, no Porto, em 1867,
interpretando o galã de Os Trapeiros de Lisboa. Conquistou rapidamente
um lugar proeminente quando começou a trabalhar sob a direcção do
grande ensaiador Santos, que deixou na história da arte de representar,
provas do seu alto valor como mestre, nos ilustres discípulos que colocou
na cena portuguesa, como António Pedro, Virgínia, Brasão, Amélia Vieira,
Augusto de Melo, entre outros.
De todos os actores dramáticos da sua geração, Eduardo Brasão foi
dos mais brilhantes. O número dos seus papéis foi considerável, sendo
bastante apreciado como actor de alta comédia e de dramas históricos.
Foi casado com a actriz Rosa Damasceno. Deixou o seu nome ligado
ao êxito de dramaturgos como Marcelino Mesquita, D. João da Câmara e
Júlio Dantas.
Despediu-se do público com a sua actuação em Manhã de Sol, no dia
26 de Novembro de 1924.
Entrou em diversos filmes, como, por exemplo, O Fado, em 1923.
Longo seria enumerar todas as peças em que este “gigante” da cena
participou. Lembremo-nos, porém, das seguintes: O Cardeal, Afonso de
Albuquerque, Castelã, Keam, Hamlet, Otelo, João José, Os Velhos,
Manelich, Adversário, Alcácer Kibir, Amigo Fritz, Morta, O Íntimo,
Bibliotecário, Severo Toreli, Fura Vidas, Timidez de Cornélio Guerra, Os
Fidalgos da Casa Mourisca, Elogio Mútuo, Marquês de Vilemer, Feodora,
D. Afonso VI, Surpresas do Divórcio, A mulher do Juiz, Leonor Teles,
Envelhecer, O Alfageme de Santarém, Ressurreição, O que Morreu de
Amor, Ceia dos Cardeais, A Madrugada, O Regente, Mantilha de Renda, O
Gavião, Judas, Madame Flirt, Triste Viuvinha, Meia Noite, Manhã de Sol,
Frei Luís de Sousa, Primerose, Margarida do Monte, O Duque de Viseu, A
Dúvida, História de Sempre, Altar da Pátria, Marionetas, Sua Majestade,
D. João Tenório, Simone, Casa Cercada, A Cavalgada das Nuvens, Os 3
Analfabetos, A Promessa, Inês de Castro, A Labareda, A Mártir, D.
Francisco Manuel, Auto Pastoril, A Cruz da Esmola, O Paralítico, A
134
Ironia da Vida, O Adversário, Papá, As Nossas Amantes, A Clareira,
Derrocada, A Maluquinha de Arroios, Lâmpada Maravilhosa, Cortiço do
Rei Guilherme, 2 Anjos, Alva Estrela, Cigana, Mãe dos Pobres, O Barba
Azul, Barbeiro de Sevilha, Cão de Cego, O Pretexto, A Arlesiana, O Velho
Tema, Capitão Carlota, Santa Humbelina, A 1ª Seta, O Flibusteiro, O
segredo do Padre, Henrique III e a Sua Corte, A Fera Amansada, Madame
Sans Gene e Rosa de Sete Folhas.
Trabalhou em muitos teatros, nomeadamente: Príncipe Real, Trindade,
D. Maria II, Dona Amélia, Teatro Normal, Teatro República e Teatro do
Ginásio.
Depois de ter superado uma grave doença que o minava, este grande
artista veio a falecer às 23 horas do dia 29 de Maio de 1925, em
consequência de uma hemorragia cerebral. O cadáver foi amortalhado no
hábito de S. Francisco.
BRASÃO, Eduardo (Filho)
Eduardo Brasão (Filho) nasceu em Lisboa em 1 de Fevereiro de 1907
e faleceu nesta cidade a 6 de Dezembro de 1987.
Formou-se em 1929 na Faculdade de Direito de Lisboa. Abraçou a
vida diplomática em 1935. Promoveu a criação do Instituto Português e da
Escola de Camões em Hong Kong e a fundação de uma Cadeira de
Português em Dublin.
De 1956 a 1958 esteve à testa do Secretariado Nacional da
Informação. Foi embaixador em Roma, em Otava e no Vaticano, passando
à disponibilidade a 8 de Março de 1974.
Depois de tentar a ficção literária (1925-19127) e de ter publicado as
Memórias de Eduardo Brasão (seu pai), dedicou-se aos estudos históricos,
especializando-se em temas diplomáticos a partir da História Diplomática
de Portugal 1640-1834, 1932-1933, em dois volumes. Entre a sua vasta
bibliografia contam-se estudos como: L’Unificazione Italiana Vista Dai
Diplomatici Portoghesi 1848-1870, 1962, em dois volumes; La Découverte
de Terre Neuve, 1964; Os Cortê-Reais e Novo Mundo, 1965; Relações
Diplomáticas de Portugal com a Santa Sé, 1969-1974, em 8 volumes e
Portugal e a Santa Sé, 1976.
No campo teatral para além das memórias de seu pai publicou, em
1926, na revista De Teatro, o «lever-de-rideau» Envelhecendo,
representado por alunos da Faculdade de Letras. Em 1928 escreveu a lenda
dialogada, em 4 quadros, Maria do Mar, com desenhos de Arlindo Vicente.
BRASÃO, Guimarães
135
O actor, António Silva Guimarães, de nome artístico, Guimarães
Brasão, nasceu no Porto, em 20 de Março de 1881 e faleceu em Lisboa a 9
de Fevereiro de 1946.
Abandonou a vida comercial para se dedicar ao teatro. Estreou-se no
dia 19 de Outubro de 1920 no Teatro Ginásio, na companhia de Alves da
Cunha, na peça Os Irmãos Unidos. Em 1921 partiu para o Brasil onde
permaneceu até 1930, trabalhando com várias companhias portuguesas e
brasileiras.
Regressou a Portugal e ingressou na companhia de Amélia Rey
Colaço-Robles Monteiro, assim como mulher, a actriz Georgina
Guimarães, com quem casara no Brasil. Em 1934 voltou ao Brasil, onde
trabalhou até 1940, ano em que regressou a Lisboa. Até 1942 trabalhou
com a mulher no Teatro Nacional D. Maria II.
Interpretou também as peças Amigo do Seu Amigo, Príncipe João, Os
Vinhos do Senhor e Manuela.
Foi também artista de cinema, tento entrado nos filmes: A Canção de
Lisboa, realizado em 1933 por Cotinelli Telmo; O Pai Tirano, realizado
por António Lopes Ribeiro em 1941; e Um Homem Às Direitas, realizado
por Jorge Brun do Canto em 1944.
Como actor trabalhou, pela última vez, no Teatro Apolo, na peça A
Formiga. Nos últimos anos de vida, Guimarães Brasão, que era também
um aguarelista-paisagista de merecimento, pintava quadros que vendia para
se manter a ele e à mulher. Quando faleceu trabalhava numa colecção de
aguarelas de paisagens nortenhas, que tencionava expor na Casa do Distrito
do Porto.
BRACINHA, Rogério
O autor Rogério Bracinha nasceu em Lisboa em 11 de Janeiro de
1923, onde faleceu a 6 de Setembro de 1986.
Foi dos autores mais representados no teatro ligeiro e no teatro de
revista. Foi distinguido com diversos prémios da crítica, o último dos quais
em 1985, pela autoria da revista Não Batam mais no Zézinho, estreou-se
como escritor teatral em 1963.
Teve sempre grande paixão pelo teatro. Aos 18 anos já frequentava as
chamadas tertúlias onde se falava de teatro, sobretudo de teatro ligeiro e o
Parque Mayer era uma das suas grandes atracções. Um dia, José Miguel,
empresário, incompatibilizou-se com os seus autores e perguntou-lhe se ele
era capaz de escrever uma revista. Aceitou o convite e pediu a Francisco
Nicholson e a César de Oliveira para se associarem com ele. A revista
acabou por acontecer ao ar livre, no Parque Mayer, precisamente no
136
Pavilhão Português. Chamava-se Gente Nova em Bikini e foi estreada em
14 de Junho de 1963, no Teatro ABC.
Com Nicholson e César de Oliveira escreveu também as revistas
Chapéu Alto e Lábios Pintados, ambas levadas à cena no Teatro ABC em
1963 e 1964, tendo por compositores João Nobre e José de Magalhães.
A sua carreira é recheada de êxitos, somando-se mais de 50
espectáculos de revista e teatro musicado, para além de ter feito também
guiões para cinema e televisão.
Teve uma parceria com Paulo Fonseca, durante 12 anos, considerada
uma das mais longas e profícuas de autores do teatro português.
Das revistas em que participou referimos: Ai Venham Vê-las, estreada
no Teatro ABC em 1964; Zona Azul, no Teatro ABC, 1965; Zero, Zero Zé,
Ordem P’ra Pagar, Teatro Variedades, 1966; Mini-Saias, Teatro ABC,
1966; Mulheres à Vela, Teatro ABC, 1966; Quem Tem Boca Vai a Roma,
Teatro Capitólio, 1967; Arroz de Miúdas, Teatro ABC, 1968; Lisboa É
Sempre Mulher, Teatro Monumental, 1968; Elas é que Sabem, Teatro
ABC, 1969; Ena, Já Fala, Teatro ABC, 1969; Peço a Palavra, Teatro
Variedades, 1969; Alto Lá com Elas e Pega de Caras, no Teatro ABC em
1970; Frangas na Grelha, teatro ABC, 1972; P’rá Frente Lisboa, Teatro
Monumental 1972; Mulheres É Comigo, Teatro Monumental, 1973;
Simplesmente Revista, Teatro Capitólio, 1973; Uma no Cravo, outra na
Ditadura, Teatro ABC, 1974; Afinal Como É? e P’ra Trás Mija a Burra,
ambas no Teatro ABC em 1975; O Bombo da Festa, Teatro Maria Vitória,
1976; Em Águas de Bacalhau e Ó da Guarda! ambas no Teatro ABC em
1977; A Aldeia da Roupa Suja, Teatro Variedades, 1978; E Tudo São Bento
Levou, Teatro Maria Vitória, 1978; Rei capitão Soldado Ladrão, no Teatro
Maria Vitória, 1979; Mais Vale Sá que Mal Acompanhado e Ó Patego,
Olha o Balão!, as duas no Teatro Maria Vitória em 1980 e ainda Não
Deites Foguetes, também neste ano, estreada no teatro Variedades; O
Escabeche, Teatro ABC, 1981; Chá e Porradas, Teatro ABC, 1982; Sem
Rei Nem Rock, Teatro Maria Vitória, 1982; Quem me acaba o Resto, Teatro
Maria Vitória, 1983 e O Bem Tramado, também no Teatro Maria Vitória
em 1984.
No cinema, a actividade de Rogério Bracinha foi consequência do seu
trabalho na revista. Neste campo foi co-autor com Paulo da Fonseca em
Um Cão e Dois Destinos, de Alain Bornette, realizado em 1965; Rapazes
de Táxis, de Constantino Esteves, em 1965, em colaboração com Paulo da
Fonseca, César de Oliveira e José Ramos; Sarilhos de Fraldas, de
Constantino Esteves, em 1976, em colaboração com César de Oliveira e
Augusto Ramos e O Destino Marca a Hora, de Henrique Campos, em
1969, com César de Oliveira e Paulo Fonseca.
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Foi funcionário da Sociedade Portuguesa de Autores a partir de 1971.
Quando morreu Rogério Bracinha, desempenhava funções de adjunto da
administração desta instituição.
BRITO, Freitas
Diogo Maria de Freitas Brito nasceu em 23 de Dezembro de 1840 e
faleceu a 24 de Novembro de 1922.
Foi durante muito tempo amigo inseparável do escritor e professor do
Conservatório, Alfredo de Melo.
Freitas Brito começou a estudar medicina, abandonando a carreira
para se tornar comissário de bordo. Foi, depois, nomeado amanuense do
Ministério da Marinha, lugar que lhe deu a reforma.
Nessa época traduziu algumas peças para o teatro. Tendo alcançado
alguns meios de fortuna, pelo casamento, em 1876 fez-se sócio de uma
empresa de accionistas, organizada por Pedro Jorge Pacini para explorar o
Teatro de São Carlos. Apesar de Pacini ser o director e haver uma
administração de que faziam parte Barbosa e Albuquerque, Domingos
d’Abreu e depois Jaime da Costa Pinto, a alma da sociedade e o senhor
absoluto era Freitas Brito.
Dissolvida esta em 1878, foi o teatro adjudicado a Freitas Brito & Cª.
Depois dele voltou ainda Campos Valdez e uma administração nomeada
pelo Governo. Mais tarde, tornou a ser empresário Freitas Brito, que ali se
conservou até 1897, ano em que o teatro foi adjudicado a José Pacini.
Freitas Brito foi também empresário dos Recreios Whittoyne,
trazendo para ali diversas companhias que fizeram sucesso. A sua
administração no Teatro de São Carlos também foi brilhante, trazendo a
Lisboa verdadeiras notabilidades e fazendo cantar óperas novas com
bastante êxito.
BRUN, André
O escritor e dramaturgo de ascendência francesa, André Brun, nasceu
em Lisboa em 1881, onde o pai dirigia uma oficina de luvaria, no Chiado e
morreu nesta cidade no ano de 1926.
Naturalizou-se português com o intuito de concorrer à Escola Naval.
Gorado este plano e, por morte do pai, acabou por entrar para a Escola do
Exército, arma de Infantaria, tendo combatido na Grande Guerra, em
França e alcançado o posto de major e várias condecorações, entre elas a
Cruz de Guerra.
138
Ainda bastante jovem, fundou com vários amigos em 1899, o Águia,
jornal onde publicou os seus primeiros trabalhos. Colaborou também em
vários outros órgãos de informação, como Chinelo (1900), semanário de
caricaturas de que, com Carlos Simões e Francisco Valença foi fundador e
onde os seus dotes se começaram a revelar. A verdadeira iniciação no
jornalismo e nas letras data porém de 1907, ano em que entrou para as
Novidades, passando depois a colaborar na Capital onde foi responsável da
secção Migalhas durante anos. Colaborou também no Diário de Notícias e
no suplemento humorístico de O Século e em O Espectro.
Terminada a colaboração nestes periódicos, compilou material para o
seu primeiro livro Sem Pés nem Cabeça, que foi imediatamente aceite pelo
editor, atingindo grande êxito junto do público.
A sua produção literária, que se compõe de contos, crónicas, peças,
versos, etc., está quase toda reunida nos 22 volumes que editou a partir de
1910, ano em que deu à estampa Dez Contos em Papel, seguindo-se: Sem
Pés nem Cabeça; Cada Vez Pior; Sem Cura Possível; Soldados de
Portugal; Folhetins de Qualquer Ano; Praxedes, Mulher e Filhos; Outra
Vez Praxedes; A Malta das Trincheiras, livro que tinha muito da sua
própria vida e que, por isso, era o da sua predilecção, contendo no mesmo
volume Migalhas da Grande Guerra; Sumário de Várias Crónicas; Os
Meus Domingos, que reunia as várias crónicas que durante anos escreveu
para o Diário de Notícias; Filosofia de Félix Pevide; Almas do Outro
Mundo; Histórias em Verso; Namoro Alfacinha e A Baixa às Quatro Horas
da Tarde.
A par da sua obra literária obteve no teatro os mais destacados êxitos.
Sobressaem: O Tabelião das Almas, peça que o tornou conhecido; A
Revista Praxedes, espectáculo que se exibiu triunfalmente no Teatro S.
Luís em 1922; A Vizinha do Lado, comédia em 4 actos, publicada em 1922
na revista «De Teatro» (nº 2). Foi estreada no Teatro do Ginásio em 29 de
Outubro de 1913, por Mendonça de Carvalho, António Cardoso, Silvestre
Alegrim, Joaquim Silva, Júlio Candeia, Ludgero Campos, Mário Veloso,
Adélia Pereira, Maia Matos, Zulmira Ramos, Virgínia Farrusca, Beatriz de
Almeida, Hermínia Silva e Benvinda de Abreu; Cavalheiro Respeitável; A
Vida de um Rapaz Gordo; A Maluquinha de Arroios comédia em 3 actos,
estreada em 14 de Fevereiro de 1916 no Teatro República, interpretada por
Ângela Pinto, Emília de Oliveira, Bárbara Wolckart, Jesuína Saraiva, Luz
Veloso, Laura Hirsch, Paz Rodrigues, Chaby Pinheiro, Ferreira da Silva,
Eduardo Brasão, Carlos de Oliveira, Rafael Marques, Tomás Vieira e
Manuela Pinto. Foi adaptada ao cinema por Henrique de Campos em 1970,
interpretada por Artur Semedo, Alina Vaz, Eugénio Salvador, Ivone Silva,
Beatriz de Almeida, Henrique Viana, Alma Flora, Carlos de Oliveira,
Carlos Queirós, Luís Pinhão, Anita Guerreiro, Óscar Acúrcio, Linda Silva,
Leonor Poeira, Helena Isabel e Carlos Coelho; Auspicioso Enlace, escrita
139
em colaboração com Carlos Selvagem; O Pinto Calçudo, em colaboração
com Ernesto Rodrigues; A Severa, em colaboração com Júlio Dantas; GigaJoga, em parceria com Lino Ferreira e António Carneiro; Ano Novo, Vida
Velha e O Juiz de Fora, adaptação do original francês por André Brun e
apresentada pela Companhia do Chiado Terrasse, com interpretação de Luz
Veloso, Teodoro Santos, Salvador Costa, Jaime Zenoglio, Rafael Gomes e
Maria Clementina.
BRUNO, Armando
O desenhador Armando Bruno nasceu em 1907 e faleceu em 1989.
Armando Bruno iniciou-se a desenhar em 1931 para a revista Viva
Portugal, uma super produção apresentada por Ricardo Covões, no Coliseu
dos Recreios de Lisboa. Esta revista foi remodelada em 1932 com o título
de A Revista do Coliseu.
Entre 1931 e 1941 desenhou dezassete revistas, algumas delas em
colaboração com Pinto de Campos. Destas, é de referir um trajo que Corina
Freire apresentou na revista Parade du Monde, representada no Casino de
Paris e que teve grande impacto.
Armando Bruno dedicou-se também a outras artes, como o cinema
onde desenhou figurinos para o filme A Rosa do Adro, realizado por
Chianca de Garcia em 1938 e fazendo brilhar a actriz Maria Lalande.
Também desenhou cartazes, entre eles o que fez para o filme A
Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano Bonnuchi no ano de
1949.
BURNAY, José Eduardo Pisani
José Eduardo Pisani Burny nasceu em Lisboa, no dia 17 de Junho de
1924 e faleceu nesta cidade a 10 de Janeiro de 1998.
Era filho do pintor e água-fortista, Luís de Ortigão Burny, neto de
Ramalho Ortigão e de Maria José Bastos Pisani Burnay. Estudou no
Colégio Manuel Bernardes em Lisboa, onde concluiu o Curso Liceal.
Frequentou o Curso de Direito da Universidade de Lisboa, que não chegou
a concluir, por ter sido atraído pelo teatro. Em fase desta paixão, terminou
em 1950 o Curso de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa.
No seu percurso de actor representou no Teatro Nacional D. Maria II,
Teatro Monumental, Teatro Avenida e Teatro da Trindade. Entrou também
em peças de televisão e em filmes nacionais e estrangeiros. Traduziu para
português diversas peças teatrais de Henri Ghéon e de Pirandello. Foi
140
assistente da Direcção da Companhia Portuguesa de Ópera no Teatro da
Trindade.
Casou com a actriz Maria Emília Baptista, da qual teve três filhos. Foi
galardoado com os prémios Eduardo Brasão e Augusto Rosa.
Foi sócio da Academia Nacional de Belas-Artes e pertenceu a diversas
associações artísticas, quer nacionais, quer estrangeiras.
Aderiu à maçonaria, onde foi iniciado no Grande Oriente Lusitano e
foi Venerável da Loja Simpatia e União.
CABRAL, Alexandre
O escritor Alexandre Cabral nasceu em Lisboa em 17 de Outubro de
1917, onde faleceu a 21 de Novembro de 1996.
Frequentou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de
Lisboa. Foi redactor de uma agência noticiosa, delegado de propaganda
médica e chefe de escritório. Trabalhou também numa agência de
publicidade antes de se consagrar, em exclusivo, à actividade literária.
Estreou-se com Cinzas da Nossa Alma, em 1937. Publicou contos e
romances de feição neo-realista, como Contos Sombrios, 1938; O Sol
Nascerá Um Dia, 1942; Contos da Europa e da África, 1947; Fonte da
Telha, 1949; Terra Quente, 1953; Malta Brava, 1955; Histórias do Zaire,
1956 e Margem Norte, 1961.
São também de referir os estudos que consagrou à vida e obra de
Camilo Castelo Branco, entre os quais Estudos Camilianos, 1978; Escritos
Diversos de Camilo Castelo Branco, 1979 e Dicionário de Camilo Castelo
Branco, 1989.
Publicou em 1959 a sua única incursão nos domínios do teatro, a
«conferência em 4 quadros», As Duas Faces, em que perpassa o mundo
clandestino ao fascismo.
CABRAL, Álvaro
Actor, director de cena e autor, nasceu em Vila Nova de Gaia em 22
de Junho de 1865 e faleceu no Porto a 22 de Outubro de 1918. Estreou-se
como actor no Teatro da Rua dos Condes de Lisboa, na noite de 18 de
Março de 1889 na revista, Tim Tim por Tim Tim, de Sousa Bastos, música
de Plácido Stichini, com Pepa Ruiz, Álvaro Cabral, Alfredo de Carvalho e
Sérgio de Almeida. Depois de fazer parte durante muitos anos da
Companhia Rosas & Brasão, passou para a empresa de Luís Galhardo,
desempenhando então primeiros papéis em mágicas, operetas, dramas e
revistas, designadamente: Herói da Vida, peça em 3 actos de Pierre
141
Morgand e Claude Roland, tradução de Alberto Braga, levada à cena no
Teatro Dona Amélia em 16 de Dezembro de 1903, com: Cristiano,
Henrique Alves, Chaby Pinheiro, Álvaro Cabral, Francisco Sena, Sales,
Lucinda Simões, Lucília Simões, Maria Falcão, Laura Cruz, Delfina Cruz e
Elvira Costa; A Ressurreição, peça em 5 actos, extraída do romance de
Tolstoi, por Henry Bataille, versão de Mello Barreto, estreada também no
Teatro D. Amélia em 23 de Dezembro de 1903; A Cruz da Esmola, peça
em 3 actos de Eduardo Schwalbach, levada à cena no mesmo teatro, em 30
de Janeiro de 1904, com: Carlos Oliveira, João Rosa, Augusto Rosa,
Brasão, Henrique Alves, António Pinheiro, Gil, Álvaro Cabral, Francisco
Sena, Adelina Abranches, Rosa Damasceno, Maria Pia, Delfina Cruz,
Maria Falcão, Laura Cruz, Josefa de Oliveira, Elvira Costa e Jesuina
Saraiva; O Sub-Perfeito de Château Buzard, peça em 3 actos, de Gandillot,
tradução de Eduardo Garrido, estreada na noite de 13 de Fevereiro de 1904,
também no Teatro Dona Amélia, com: Maria Falcão, Delfina Cruz, Laura
Cruz, Josefa de Oliveira, Cristiniano de Sousa, Augusto Antunes, António
Pinheiro, Carlos de Oliveira, Pinaroff, Álvaro Cabral, Frederico Lagos,
Francisco Sales, Nunes; A Castelã, peça em 4 actos de Alfred Camus,
tradução de Acácio de Paiva, também levada à cena neste teatro, com:
Eduardo Brasão, Augusto Rosa, António Pinheiro, Henrique Alves, Gil,
Álvaro Cabral, Lucinda Simões, Josefa de Oliveira, Laura Cruz e Maria
Falcão; Madame Sans-Gêne, peça em 1 prólogo e 3 actos, de V. Sardou e
E. Moreau, tradução de Moura Cabral e estreada em 22 de Abril de 1904.
Como autor teve os melhores êxitos com as revistas: Peço a Palavra,
escrita em parceria com João Bastos e Santo António de Lisboa, escrita
com Penha Coutinho.
Morreu no Hospital do Bonfim, do Porto, sendo nessa altura primeiro
actor e director de cena da companhia Luís Ruas, que trabalhava no Teatro
Nacional daquela cidade. A última produção teatral em que participou foi
na revista, Papagaio Real.
CABRAL, Moura
Carlos de Moura Cabral nasceu em Lisboa em 24 de Janeiro de 1852,
onde faleceu no ano de 1922.
Jornalista, autor teatral e tradutor do repertório francês de Dumas
Filho a Feydeau, escreveu algumas obras de comentário à sociedade
elegante dos fins do século XIX, que se representaram com êxito,
nomeadamente: Paris em Lisboa e Comédia Íntima, 1880; Cenas
Burguesas, 1884; Bibi, 1889; O Homem Terrível, 1892; Kermesse, 1893;
uma adaptação cénica do romance O Grande Industrial, de G. Ohnet,
142
representada no Teatro Nacional em 1883; Cenas Burguesas, peça em 3
actos; O Homem Terrível, levada à cena no Teatro do Ginásio.
Escreveu mais: A Galdéria, em colaboração com Maximiliano de
Azevedo, representada no Teatro do Príncipe Real; Crime e Castigo,
Penedos do Inferno. Traduziu: As Alegrias do Lar (levada à cena no Teatro
do Ginásio), Princesa de Bagdad, Miguel Trogoff, Príncipe Zillah,
Madrinha de Charley, Madame Sans Gêne, Perfume, Hotel de Livre
Câmbio, Questão de Dinheiro, O Salta-Pocinhas (no Teatro do Ginásio), O
Desaparecido (estreada no Teatro do Ginásio), De Quem é a Criança? O
Leque e Ama Seca, entre outras traduções.
Com D. João da Câmara e Henrique Lopes de Mendonça escreveu a
farsa O Burro em Pancas, 1892 e a peça fantástica A Aranha, 1902, de que
foram também colaboradores Eduardo Schwalbach, Fernando Caldeira e
Jaime Batalha Reis, na primeira e Júlio Dantas, na segunda.
CABRAL, Pedro
O autor e actor, Pedro Cabral nasceu no ano de 1855 e faleceu em
1927.
Começou, a trabalhar como empregado de comércio mas, de muito
novo, demonstrou grande entusiasmo pelo teatro.
Traduziu diversas comédias e escreveu para o Teatro das Variedades
uma paródia à opereta Filha da Senhora Anjot, com o título O Neto da
Senhora Anjot.
Como actor estreou-se no Teatro do Ginásio, no dia 29 de Novembro
de 1877, na comédia de Sardou, Les gens nerveux, traduzida por José
Romano com o título Todos Assim. Em 1879 passou para o Teatro do
Príncipe Real.
Um ano depois fez parte da companhia de Emília Adelaide no Teatro
dos Recreios indo, em seguida, para o Porto. No ano de 1883 regressou ao
Teatro dos Recreios, na empresa de Salvador Marques. Dois anos depois,
após ter estado no norte do Brasil com a companhia de Brandão e Gil,
voltou ao Porto, onde se conservou até 1888, vindo a fazer parte da
companhia que abriu o Teatro da Avenida.
Em 1890 foi dirigir uma companhia de opereta aos Açores. Esteve,
depois, duas épocas no Teatro da Rua dos Condes, até que voltou aos
Açores. No regresso fundou uma sociedade com Vale, Silva Pereira,
Lucinda do Carmo, entre outros artistas, para explorar os teatros da
Trindade, Dona Amélia e Rua dos Condes.
143
Por último, ainda voltou ao Pará, Brasil, onde esteve apenas dois
meses. Regressando a Lisboa, formou nova sociedade para explorar, com
operetas, o Real Coliseu.
CABREIRA, Tomás
Tomás Cabreira Júnior nasceu em Lisboa em 1892, onde faleceu no
ano de 1911.
Escreveu com Mário de Sá-Carneiro, seu condiscípulo de liceu, a peça
em 3 actos Amizade, editada e representada por amadores no Teatro do
Clube Estefânia em 1912, um ano depois do seu suicídio, que foi precedido
da destruição de todas as suas obras, nas quais se contava uma peça de
inspiração oriental, intitulada Musmé.
CAEIRO, Bento
Este autor nasceu em Amareleja, em 1886 e faleceu no ano de 1961.
Escreveu uma comédia num acto, em verso, designada de Torneio do
Amor e baseada num conto de Catulle-Mendès, premiada nos Jogos Florais
de Lisboa, no ano de 1908 e que em tradução francesa se representou em
Lausana em 1923. É também autor de uma comédia, num acto, de costumes
do século XX, em verso, O Grão-Duque de Sintra em Lisboa.
CAIOLA, Lourenço
Lourenço Caiola, nasceu em Campo Maior em 1863 e faleceu em
Lisboa no ano de 1935.
Seguiu a carreira militar, vindo a atingir o posto de Coronel de
Artilharia pelo qual se achava reformado quando faleceu. Teve várias e
importantes missões de serviço. Foi deputado em várias legislaturas
durante a monarquia. Quase sempre era escolhido como relator de todos os
projectos de lei concernentes a assuntos coloniais. Nessa especialidade
deixou publicados trabalhos de vulto, tais como, Ciência da Colonização (2
volumes) e Características da Colonização Portuguesa.
No campo literário cultivou sobretudo, a novela, o romance e o teatro.
Deixou impressas as novelas: Glória Amarga, História de Amor, A Mulher
dos Olhos Negros, Conversão, Caso de Consciência, Páginas da Vida,
Noite de Núpcias e Esfinge; os romances Coração Doente e Despertar; o
drama em 3 actos, A Derrocada, que foi levado à cena no Teatro Nacional
D. Maria II em 1919. Três anos depois, escreveu o drama A Renúncia que
foi rejeitado pela empresa do Teatro Nacional.
144
Escreveu, também, dois livros de memórias: Revivendo o Passado e
Cenas Delicadas pelo Tempo.
Exerceu também a actividade de jornalista, quer na qualidade de
director do Correio da Noite, quer na de redactor político da Era Nova e do
Jornal da Noite, bem como a de crítico literário no Diário de Notícias.
Foi professor da Escola Superior Colonial. Possuía várias
condecorações, entre elas a de Santiago de Espada, a de Carlos III de
Espanha, o oficialato da Legião de Honra e o grande oficialato de Avis.
CALAZANS, Carlota
A actriz Maria Carlota Calazans, filha do actor João Calazans, nasceu
em Lisboa, no dia 27 de Dezembro de 1919 e faleceu em 1993.
Estreou-se no Teatro Nacional em 8 de Maio de 1925, na peça A Hora
do Amor, quando tinha apenas 6 anos, no desempenho do papel de
Clarinha. No ano seguinte fez o papel de Maria da Luz, na peça Ave de
Rapina.
Em 1927, integrada na companhia de Berta de Bívar-Alves da Cunha,
entrou em Os Miseráveis, de Victor Hugo.
Foi discípula da arte coreográfica de Madame Brittons e, tendo
completado o curso de Bailarina com distinção, entrou em diversas récitas
de caridade.
No ano de 1936 voltou ao Teatro, integrada na companhia de Rafael
Marques, onde entrou na revista Maria Rita, escrita por Félix Bermudes,
Ascensão Barbosa e Abreu e Sousa, com música de Raul Ferrão, Venceslau
Pinto e B. Ferreira. Transitou depois para o Éden-Teatro, pela mão de
Maria das Neves e Lopo Lauer, entrando em O Homem da Rádio e Chuva
de Mulheres. Um ano depois, no Teatro do Ginásio, com estreia no dia 27
de Novembro, fez parte do elenco da revista Balancé, de Luís de Oliveira
Guimarães e Aníbal Nazaré, com música de António Correia Leite, A.
Câmara Rodrigues e João Nobre.
CALAZANS, João
O actor João Calazans nasceu no dia 14 de Dezembro de 1879 e
faleceu em 1954.
Estreou-se no Teatro do Ginásio na peça Condessa de Marcery. No
seu percurso artístico desempenhou muitas vezes o papel de galã.
As principais peças que interpretou foram: Os Velhos, Peraltas e
Sécias, Morgadinha de Vale-Flor, Amor de Perdição, Serão nas
Laranjeiras, 20.000 Dólares, Noventa e Três, O Tartufo, Maria da Graça,
Kean, Malquerida, ….., Os Novos Apóstolos, O Milionário, História de
Sempre, Cora ou a Escravatura, A Oitava Mulher, O Barba Azul, A
145
Casaca Encarnada, Alcácer Kibir, O Noivado do Sepulcro, A Flor de Seda,
A Guerra, O Encontro, D. João Tenório, Fédora, A Dama das Camélias,
Os Conquistadores, Emigrantes, A Máscara, Mulher que Passa, Viriato, A
Comediante, Lei do Divórcio, Farsa do Ciúme, O Pasteleiro de Madrugal,
A Severa, O Homem do Papagaio, O Regente, Ave de Rapina, Dicky,
Vivete, O Abade Constantino, O Conde de Monte Cristo, O Mártir do
Calvário, O Paralítico, Justiça, Os Milhões do Criminoso, Otelo, Coimbra
– Terra de Amores, Ilustre Desconhecido, O Morcego, Virgem Louca,
Coração de Todos, Bicho do Mato, O Gato Bravo, Pedro, o Cruel, A
Honra Japonesa, A Noite do Calvário, Sem Dote, Íntimo, O Filho Perdido,
O Escândalo, A Mártir, João José, Manelick, A Bisbilhoteira, Doidos com
Juízo, O Coração Manda, O Salon de Madame Xavier, Infelicidade Legal,
A Marcha Nupcial, Quem Deus Levou, O Sol da Meia Noite, O Outro, A
Senhora Ministra, Há Festa na Mouraria, O Aldrabão, O Crime de
Arronches, O Senhor Doutor, O Chico das Pêgas, Nobre Povo, A Vizinha
do Lado, Dentro do Castigo, Os Dois Garotos, O Leão da Estrela, O
Homem e os Seus Fantasmas, Prisão – Hotel, Maria Cachucha, O Arroz
Doce, O serra da Estrela, Viva o Amor, Os Fidalgas da Casa Mourisca,
Auspicioso Enlace, Milagres de Santo António, Miguel Strogoff, As Pupilas
do Senhor Reitor e O Moinho do Diabo.
CALDEVILLA, Raul
Publicista e dramaturgo, Raul de Caldevilla, nasceu no Porto, no dia
28 de Novembro de 1877, onde faleceu a 25 de Agosto de 1951.
Raul de Caldevilla esteve em Espanha como cônsul e em vários países
da América, África e Médio Oriente como agente comercial.
A este autor se deve a criação de novas e eficientes técnicas
publicitárias, devendo-se-lhe talvez o primeiro grande filme publicitário
português, Um Chá nas Nuvens, 1917. Foi o principal responsável pela
constituição da empresa produtora de filmes Caldevilla Film, comparável
à Invicta Film, e da qual saíram, além de documentários, as duas longasmetragens: Os Faroleiros e As Pupilas do Senhor Reitor, com Eduardo
Brasão, em 1922.
Foi também amador dramático, declamador, escritor, cronista,
comediógrafo e tradutor. Publicou várias peças de teatro, designadamente,
A Laranja Azul e as comédias Gente Séria, peça em 3 actos e Oração
Tarde, bem como o drama Pecado Que Mata.
CÂMARA, D. João da
146
D. João Gonçalo Zarco da Câmara nasceu em Lisboa no dia 27 de
Dezembro de 1852 no Palácio dos Condes da Ribeira Grande, à Junqueira,
onde faleceu a 2 de Janeiro de 1908.
Filho de D. Francisco de Sales Maria José Antónia de Paula Vicente
Gonçalves Soares da Câmara, 8º Conde e 1º Marquês da Ribeira Grande,
Par do Reino, Alferes-Mor do Reino, Alcaide-Mor do Castelo de S. Brás na
Cidade de Ponta Delgada e de sua primeira mulher D. Ana da Piedade
Brígida Senhorinha Francisca Máxima de Sousa de Bragança Melo e Ligne
Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, filha dos terceiros Duques de Lafões.
Iniciou os seus estudos no Colégio de Campolide e continuou-os no de
Nossa Senhora da Conceição fundado e dirigido por Joaquim Lopes
Carreira de Melo instalado no antigo Convento das Bernardas da Rua da
Esperança. No intuito de se formar em engenharia seguiu para a Bélgica e
fixou-se em Louvain até 1872, ano em que o falecimento do pai o forçou a
regressar a Portugal, terminando os seus estudos na Escola Politécnica e no
Instituto Industrial e Comercial de Lisboa.
Em 1874 casou com D. Eugénia de Melo Breyner, filha dos segundos
Condes de Mafra. Desse casamento nasceram sete filhos: D. Vicente, D.
José Paulo, D. Tomás Maria, D. Emília, D. Ana Maria, D. Maria de Jesus e
D. Antónia.
Concluído o curso de Condutor de Obras Públicas empregou-se logo
nos Caminhos de Ferro. Dirigiu a construção das linhas férreas de Cáceres,
Sintra, Torres Vedras e Cascais. Em 1888 foi nomeado Chefe de
Repartição da Companhia Real dos Caminhos de Ferro do Norte e Leste, e
em 1900 Chefe da Repartição dos Caminhos de Ferro Ultramarinos.
Esta actividade profissional não conseguiu distrair D. João da Câmara
da tendência literária que revelara em criança, especialmente dirigida para
o teatro. O Diabo foi uma das suas primeiras composições teatrais, escrita
ainda no Colégio de Campolide e interpretada pelos condiscípulos, tal
como Nobreza, drama em um acto, e o monólogo em prosa e verso
Charadas e charadistas escrito propositadamente para a festa do Carnaval
de 1873 do mesmo Colégio e Bernarda no Olympo, em 1874, com igual
objectivo. Dois anos depois estreou-se publicamente como autor dramático,
no Teatro de D. Maria II, com a comédia num acto, em prosa Ao Pé do
Fogão. Os encargos de família obrigam-no a encarar a vida pelo lado
prático e forçaram-no a interromper a actividade literária, só retomada em
1888, quando conseguiu fixar-se em Lisboa.
Liberto da itinerância a que o levara a profissão de Engenheiro dos
Caminhos de Ferro e, agora, um errante da vida literária, dispersando toda
a sua obra pelo teatro, pelo jornalismo, pela crítica, colaborando nos jornais
da época, revistas, almanaques, em números únicos marcando a sua
personalidade de homem de letras e impondo-se desde logo como poeta e
dramaturgo de inconfundível lirismo. Esta característica ficou bem revelada
147
na revista Ocidente, onde exerceu durante mais de onze anos o cargo de
cronista literário após o falecimento do seu íntimo amigo e colaborador,
Gervásio Lobato. Relendo hoje o que ficou disperso pela Ocidente, nós
podemos acompanhar o dia a dia da vida na capital, pois na Crónica
Ocidental, D. João da Câmara, tal como os seus antecessores Guilherme de
Azevedo e Gervácio Lobato, fixou todos os acontecimentos que agitaram e
interessaram a sociedade portuguesa daquele período (1895-1907)
relatando e comentando, no estilo elegante e simples que o notabilizou
como um dos mais distintos prosadores portugueses. A sua obra é variada.
Abrange dramas históricos de estrutura complexa, em versos heróicos de
rima emparelhada, como o D. Afonso VI (1890), por exemplo, em que o rei
é tratado com uma simpatia negada em Alcácer-Kibir (1891) ao Cardeal D.
Henrique. Escreveu peças ligeiras em verso, como o Poeta e a Saudade e o
Auto do Menino Jesus (1903) e dramas em prosa sobre a sociedade
contemporânea de Lisboa: O Pântano (1894), drama em 4 actos, A Rosa
Enjeitada (1901), drama em 6 actos, A Toutinegra Real (1895), comédia
em 4 actos, A Triste Viuvinha(1897), peça em 3 actos, Casamento e
Mortalha (1904), comédia em 2 actos. Nestas peças há vida e naturalidade,
mas outras há em que o autor dá largas à sua fantasia: o retrato do cónego
velho que vive debaixo do telhado da Sé, na Meia-Noite (1900), ou do prior
e outros tipos de vida rural alentejana em Os Velhos (1893) ou do
marinheiro velho de O Beijo do Infante (1899). O José Doido de O
Pântano, o protagonista disparatado de A Toutinegra Real, a pretensiosa D.
Plácida de A Rosa Enjeitada não dão ideia do tão exacto interesse humano
característico.
Da obra de D. João da Câmara apenas referimos uma pequena parte da
sua produção, pois, ao todo, entre originais e traduções, peças declamadas e
musicadas, escritas sozinho ou de colaboração, a bibliografia do autor de
Os Velhos compõe-se de cerca de cinquenta obras.
D. João da Câmara tinha consciência de que um teatro digno só pode
florescer e desenvolver-se onde existir um informado público, por isso ele
procurou elevar o nível cultural dos frequentadores das salas de
espectáculos, que era baixíssimo no seu tempo. Foi um renovador
constante. Aos dramas históricos artificiais que deliciavam a nobreza, apôs
a simplicidade e a expressão humana do seu D. Afonso VI. Os Velhos foram
um seguro passo no sentido da criação de um teatro popular de qualidade,
mas faltou a D. João da Câmara um público popular que as condições
sociais do momento não promoviam e que a falta de continuidade do seu
esforço não logrou desenvolver. Com o Pântano procurou dirigir-se a uma
elite intelectual, que não existia e o público foi mais sensível aos defeitos
da peça do que à novidade. A tentativa foi procurada com A Toutinegra
Real resultou improfícua: nem drama simbolista, nem comédia burguesa,
mas uma mistura irreconhecível de tudo isso. Outra experiência no mesmo
148
campo, representada por Meia-Noite, resultou melhor, graças ao valor
poético da obra.
No seu todo a obra teatral de D. João da Câmara apresenta-se-nos,
assim, irregular, desequilibrada, dispersa, oscilando entre os pólos mais
diversos, solicitada pelas mais diversas tendências. Obra onde o
psicologismo simples e linear de uns Velhos alterna com as complexidades
nebulosas de um Pântano; onde a legítima seiva popular daqueles mesmos
Velhos vizinha com o populismo melodramático da Rosa Enjeitada; onde a
banalidade de um Ganha-Perde confina com o lirismo requintado de uma
Meia-Noite; onde os dramas históricos e poemas de intenção simbolista se
encontram lado a lado com as comédias regionais e aqueles e estas
emparceiram com farsas, operetas e revistas do ano.
Irmanando todas estas obras, apenas um traço de união: uma
concepção essencialmente romântica e idealista do homem e da vida, do
mundo e do destino, - vazada em moldes de dimensão teatral. Diversidade
de caminhos, que influência directa ou indirectamente tantos dramaturgos
portugueses, entre si tão diferentes, desde Chagas Roquete e Vasco de
Mendonça Alves a Carlos Selvagem e Ramada Curto, António Botto, Raul
Brandão. E a que atribuir tal diversidade de caminhos e resultados, senão à
própria estrutura da sociedade portuguesa do seu tempo.
A essa estrutura social devemos, em última análise, imputar as
responsabilidades pelo fracasso de quase todas as tentativas sérias de
criação de um teatro português superior. Ele explica que, entre nós, a
poesia dramática, o teatro - arte essencialmente colectiva, não passe de uma
actividade artística de segundo plano e que o primeiro plano caiba antes à
poesia lírica, ao lirismo que é essencialmente individual.
Os Velhos são a obra-prima do teatro de D. João da Câmara e uma das
mais belas obras de todo o nosso teatro. Nos seus três actos o autor
procurou trazer para o palco esse lirismo de raízes tão implantadas na alma
nacional, dando-lhe tanto quanto possível expressão dramática. O caminho
apontado por Os Velhos - levando a um encontro total entre o povo e a arte
- é, por isso mesmo, o caminho da criação de um teatro português
verdadeiramente digno deste nome.
D. João da Câmara é especialmente notável como poeta e dramaturgo.
Ainda hoje os historiadores-críticos como Luíz Francisco Rebelo e Duarte
Ivo Cruz consideram que a sua obra não perde actualidade, principalmente
a comédia Os Velhos. A este propósito Luíz Francisco Rebelo diz-nos que
D. João da Câmara é um dos dois únicos dramaturgos portugueses do
século XIX que falaram uma linguagem susceptível de ainda interessar as
plateias de hoje. O outro, desnecessário dizê-lo, foi Almeida Garrett.
CAMPOS Júnior, António
149
António Maria de Campos Júnior, escritor, jornalista e dramaturgo,
nasceu em Angra do Heroísmo a 13 de Abril de 1850 e morreu na Marinha
Grande em 8 de Setembro de 1917.
Oficial do Exército, prestou serviço militar em Leiria e foi ali
professor na escola regimental. Escreveu peças de teatro para amadores,
assinando artigos de mérito em A Revista de Leiria e Distrital de Leiria.
Foi transferido para Lisboa, reformando-se no posto de capitão, em 9 de
Dezembro de 1899, para se dedicar inteiramente às letras e à política,
primeiro no partido regenerador e, depois da morte de Fontes Pereira de
Melo, no da «Esquerda Dinástica», dirigido por César Barjona de Freitas,
formado duma fracção do partido regenerador, onde foi redactor do jornal
que teve o mesmo nome do partido. Foi também redactor da Revolução de
Setembro e do Século e Diário de Notícias. Colaborou no Diário de
Portugal, Tempo, Diário Ilustrado, Revista Teatral, Perfis
Contemporâneos, entre outros órgãos de comunicação social.
Campos Júnior tinha o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o
oficialato de São Tiago; a Medalha de Prata da Classe de Comportamento
Exemplar, e a de 1ª classe da Ordem de Mérito Militar de Espanha.
Na sua obra é de referir o romance histórico de tendência anticlerical e
que teve grande êxito popular Guerreiro e Monge, 1898; A Filha do
Regedor, comédia em 3 actos, escrita expressamente para benefício do
actor Vale e que esteve em cena duas épocas; O Nariz de Cera, comédia
em 3 actos; A Filha do Major, comédia em 3 actos, todas estas
representadas no Teatro do Ginásio, a partir de 1892; A Consciência, drama
em 4 actos, que se representou no Teatro do Príncipe Real duas épocas e
também levada no repertório da companhia ao Brasil, sendo os principais
papéis desempenhados por Amélia Vieira, Maria das Dores, Adelina Ruas,
Soler, Posser e Francisco Costa; A Torpeza, a-propósito em 1 acto e 3
quadros, peça teatral escrita aquando do ultimato em 1890 e que teve
retumbante êxito no Teatro Alegria, originando manifestações populares e
patrióticas. Os principais papéis foram desempenhados por Joaquim de
Almeida e Elisa Aragonez. A Revue Britanique, publicação literária de
Paris, deu notícia do grande êxito desta peça, resumindo o seu contexto.
Representou-se em teatros de província, sem que o autor recebesse ou
pretendesse receber quaisquer direitos. Foi levada para o Brasil pela
companhia de Teatro do Príncipe Real, mas a política brasileira não a
deixou representar, decerto para não ferir susceptibilidades da colónia
inglesa do Rio de Janeiro. São, também, de sua autoria os romances
históricos: Ala dos Namorados; O Marquês de Pombal, 2 vols., 1899; Luís
de Camões, 2 vols., 1901 e A Filha do Polaco, 4 vols. Na ficção é também
de sua autoria: Pedras que Falam; A Rainha Madrasta, 1910; Os Últimos
Anos de Napoleão; O Pagem da Duquesa, 2 vols.; Inês de Castro, 2 vols.,
A Senhora Infanta; e Santa Pátria, 4 vols,. Em colaboração com Melo
150
Barreto, escreveu a opereta patriótica com o título Em Pé de Guerra, em
parceria em Melo Barreto.
CAMPOS, António
O cineasta António Pereira Campos nasceu em Leiria, em 28 de Maio
de 1922 e faleceu na Figueira da Foz a 8 de Março de 1999.
Membro do Grupo Dramático Joaquim Leitão, de Leiria, aí se dedicou
ao teatro amador, começando entretanto a actividade cinematográfica em 8
mm. O seu primeiro filme data de 1957, nesse formato, e intitula-se O Rio
Liz. Segue-se Um Tesouro, 1958; O Senhor, 1959; Leiria, 1960; e
Almadraba Atuneira, 1961.
Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Londres, em 1961,
onde aprofunda os seus conhecimentos cinematográficos, vindo a revelarse dos mais categorizados documentaristas portugueses. Foi, depois,
funcionário da Gulbenkian, de 1970 a 1977, tendo aí realizado alguns
trabalhos de documentário.
Os seus filmes, para além dos citados foram: Debussy, 1961;
Instrumentos Musicais Populares Portugueses-I, 1962; Arte Portuguesa
Contemporânea em Leiria, 1963; Arte Portuguesa Contemporânea em
Évora, 1964; Instrumentos Musicais Populares Portugueses-II, 1964; La
Fille mal gardée, 1964; Incêndio no Auditório Antigo da Fundação
Calouste Gulbenkian, 1964; Ouro do Perú, 1965; Cem Anos de Pintura
Francesa, 1965; Retratos das Margens do Rio Liz, 1965; A Invenção do
Amor, 1965; Chagall-Breve a Lua, Lua Cheia, Virá Aparecer, 1966;
Inauguração do Hospital S. João de Deus – Montemor-o-Novo, 1966;
Colagem, 1967; Iniciação Musical pelo Método Orff, 1967; Construção do
Centro de Biologia de Oeiras da Fundação Calouste Gulbenkian, 1967; O
Principezinho, 1968; Art portugais à Paris, 1968; Arte Portuguesa – Do
Naturalismo aos Nossos Dias, 1968; Festa de Natal dos Funcionários da
Fundação Calouste Gulbenkian no Monumental, 1968; Recordando, 1969;
Obras de Construção da Sede do Museu e do Grande Auditório da
Fundação Calouste Gulbenkian, 1962-1969; Arte Francesa depois de
1951, 1971; Vilarinho das Furnas, 1971; Portugal e a Pérsia, 1972; Rodin,
1973; Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa – Instalações Actuais, 1974;
Falamos de Rio de Onor, 1974; A Festa, 1975; Gente da Praia de Vieira,
1975; Paredes Pintadas da Revolução Francesa, 1976; XX Aniversário da
Morte de Calouste Gulbenkian, 1976; Ex-Votos Portugueses, 1977; Ti
Miséria, 1978; Histórias Selvagens, 1978 e Terra Fria, 1993.
CAMPOS, Henrique
151
O actor e cineasta Henrique Campos nasceu em Santarém no dia 9 de
Fevereiro de 1909 e faleceu em Lisboa a 18 de Dezembro de 1983.
Iniciou a sua carreira artística aos 18 anos como actor amador. Em
1927 é dirigente da Secção de Teatro da Associação Católica Nun’Álvares.
Fixou-se em Lisboa em 1931 e conseguiu ingressar na prestigiosa
companhia do actor Alves da Cunha, sediada no Teatro Politeama, tendo-se
estreado na peça Um Bragança, de autoria do dramaturgo português Vasco
de Mendonça Alves.
Nesta companhia e, mais tarde, na de Abílio Alves, sedeada no Teatro
Avenida, Henrique de Campos enceta uma carreira teatral com bastante
êxito. É como actor, de resto, que entra no cinema, em Os Fidalgos da
Casa Mourisca, realizado por Artur Duarte em 1938.
Apaixonado pelo cinema, parte para Espanha onde adquire
conhecimentos técnicos, estagiando com Benito Perojo e Florian Rey.
Regressa a Portugal e tenta realizar a sua primeira longa-metragem, Um
Homem do Ribatejo, com argumento de Cardoso dos Santos, crítico de
teatro. Iniciou a rodagem em 1943. O filme é várias vezes interrompido e
retomado. Muda três vezes de protagonista até conseguir terminar e estrear,
o que acontece em 1946, no Politeama.
Depois deste filme, a sua carreira foi muito produtiva, constituída pela
realização de 16 filmes de carácter popular, entre os quais: Ribatejo, 1949;
A Canção do Cigano, 1949; Rainha Santa, 1949; Cantiga da Rua, 1949;
Catraia do Porto, 1950; Rosa de Alfama, 1953; Quando O Mar Galgou a
Terra, 1954; Perdeu-se Um Marido, 1958; O Ladrão de Quem se Fala,
1969; A Maluquinha de Arroios, 1970; e Os Toiros de Mary Foster, em
1972.
Dirigiu também cerca de 30 filmes curtos e vários documentários para
a televisão de Nova Bedford.
CAMPOS, Marinha de
Artur Marinha de Campos nasceu em Lisboa em 1871, onde faleceu
no ano de 1930.
Oficial da Armada, foi autor da peça patriótica num acto Depois da
Vitória, representada em 1916 no Teatro Politeama.
CAMPOS, Pinto de
António Pinto de Campos nasceu em 1908 e faleceu no ano de 1975.
152
Pinto de Campos foi o maior desenhador de teatro musicado no século
XX em Portugal. Começou em 1931 a desenhar para teatro, na revista Viva
o Jazz. Entre 1931 e até à sua morte, Pinto de Campos nunca mais deixou
de desenhar crendo-se que terá desenhado cerca de 137 revistas além de
operetas, comédias, peças clássicas e filmes.
A revista foi o seu maior meio de expressão, onde a sua imaginação
era sempre destacada. Foram magníficos os seus trabalhos em: Ó Ri-CóCó, de Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer estreada em 1929; Arre
Burro, 1936, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu
do Vale; Olaré Quem Brinca, 1937, também da mesma parceria; O Banzé,
1939, de João Ninguém; Boa Nova, 1942, de Amadeu do Vale, Manuel
Santos Carvalho e Fernando Ávila; Cantiga da Rua, 1943, de Ascensão
Barbosa, Aníbal Nazaré e Nelson de Barros; Há Festa no Coliseu, 1944, da
mesma parceria; Alto Lá Com o Charuto, 1945, de autoria de Vasco
Santana, Luís Galhardo e Carlos Lopes; Sempre em Pé, 1946, de Alberto
Barbosa e José Galhardo; Se Aquilo Que A Gente Sente, 1947, de Alberto
Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Luís Galhardo; Tá Bem Ou Não
Tá?, 1947, de Ascensão Barbosa, Aníbal Nazaré e Nelson de Barros; Ai,
Bate, Bate!, 1948, de Fernando Santos, Aníbal Nazaré e Fernando Ávila;
Ora Agora Viras Tu, 1949, de Carlos Lopes; Viva o Luxo, 1953, de
Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e António Cruz; Mulheres Há Muitas,
1954, de Ascensão Barbosa, Aníbal Nazaré e Carlos Lopes; Melodias de
Lisboa, 1955, de Fernando Santos, Nelson de Barros e João Villaret; Ó Zé
Aperta O Laço, 1955, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Eugénio
Salvador; Festa é Festa, 1955, da mesma parceria; Cidade Maravilhosa,
1955, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e António Cruz; Fonte
Luminosa, 1956, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador;
Toca a Música, 1957, da mesma parceria; Curvas Perigosas, 1957, de
Amadeu do Vale, Rui Martins e Rui Andrade; Pernas À Vela, 1958, de
Amadeu do Vale, António Cruz e Eugénio Salvador; Mulheres de Sonho,
1960, escrita por Amadeu do Vale e Paulo da Fonseca.
Pinto de Campos faleceu em 1975. Neste mesmo ano estava a
desenhar mais uma revista para o Vasco Morgado apresentar no Teatro
Monumental. Chamava-se Lisboa Acordou.
Pinto de Campos trabalhou para o empresário António Macedo, em
espectáculos realizados por Piero, para este último quando se tornou
empresário, após a morte de António Macedo; para Eugénio Salvador e
para Vasco Morgado, entre outros.
CANDEIRA, Júlio
O actor Júlio Candeira faleceu em 12 de Outubro de 1917.
153
Fez parte da companhia de Maria Matos, que esteve no Teatro do
Ginásio em 1914 e 1915. Com esta companhia foi ao Porto, onde trabalhou
no Teatro Carlos Alberto.
Das muitas peças onde participou, referimos as seguintes: O Pato, O
Pai do Regimento, O senhor Roubado, O Deputado Independente, A
Vizinha do Lado, Lourenço, Entre Giestas, O Infante de Sagres, A
Conspiradora, O Comissário da Polícia, Que Boa Hora o Diga, O
Misterioso Quadro Amarelo, Não Alugues a Amélia e O Olho da
Providência.
Trabalhou também no Teatro Politeama, no Teatro Sá da Bandeira, no
Águia de Ouro e Teatro da República.
CÂNDIDA, Emília
A actriz Emília Cândida nasceu em Lisboa a 18 de Maio de 1823 e
faleceu no dia 11 de Fevereiro de 1907. Começou a sua actividade como
bailarina no Teatro de São Carlos e estreou-se depois como actriz em Beja,
no drama em 5 actos, O Sineiro de S. Paulo, na companhia organizada por
um seu parente, o actor Xavier de Macedo. Veio mais tarde para Lisboa
fazer parte do elenco do Teatro do Ginásio, que nesse tempo era um
pequeno circo, sendo então escriturada como actriz, quando se organizou o
teatro, inaugurado em 1846. Estreou-se num drama em 4 actos, Fernando
ou o Juramento, do actor-autor José Maria Brás Martins. A carreira de
Emília Cândida neste teatro foi muito longa e brilhante. Ali representou ao
lado de grandes “monstros” do teatro, como os actores Taborda e Isidro,
criando um nome notável e as maiores simpatias no público, que lhe
dispensava os mais frenéticos aplausos, porque Emília Cândida logo se
manifestou uma actriz inteligente, muito graciosa, e com variadas aptidões
para a cena. Foi longo o seu repertório, do qual mencionamos as seguintes
participações: A Velhice Namorada; As Duas Bengalas; Amor Londrino;
Os Médicos; A Tia Maria; Nem César Nem João Fernandes;
Campanólogos Portugueses; Trabalho e Honra; Projectos de Minha Tia;
O Autógrafo; Cozinha; Casa de Jantar e Sala; A Tia Ana de Viana; As
Nossas Aliadas; Mariquinhas a Leiteira; Quatro Alminhas do Senhor; A
Sonâmbula Sem o Ser; Ensaio da Norma; Uma Mulher que se Deita da
Janela Abaixo; O Juiz Eleito; Zé Canaia Regedor; A Meia do Saloio;
Pródigos e Económicos; Mistérios Sociais; Um Bernardo Como há Muitos;
Três Minhotos em Lisboa; Emília Travessa; Dois Mundos; A Última
Carta; A Pastora dos Alpes; Os Maridos aos 50 Anos.
154
No teatro de revista, esta actriz participou nas seguintes produções:
Lisboa em 1850, primeira revista portuguesa, de autoria de Francisco Palha
e Latino Coelho; Qual Delas o Trará ?, de autoria de Brás Martins,
estreada em 1853; O Festejo Dum Noivado, também de autoria de Brás
Martins, levada à cena em 1852; Fossilismo e Progresso, de Manuel
Roussado, estreada em 1855; A Vingança Dum Cometa, de Brás Martins,
representada em 1854; Os Lanceiros e Quadros Vivos, entre outras levadas
à cena no Teatro do Ginásio.
Do Teatro do Ginásio passou para o Teatro Nacional D. Maria II, onde
sustentou os seus créditos de actriz, encarregando-se de papéis da maior
responsabilidade. Lembramos aqui a sua entradas nos seguintes
espectáculos teatrais: A Mantilha de Renda; O Abade Constantino; D.
César Bazan, representada em 1886; Guerra em Tempo de Paz; Casamento
de Olímpia; A Sociedade Onde a Gente se Aborrece; A Caridade, estreada
na época de 1875-76, peça que focava o problema da roda dos enjeitados,
enorme êxito de António Pedro e Emília Cândida, obtendo 27
representações; O Bibliotecário; A Madrugada; Fim de Sodoma; O Amor
por Conquista, estreada em 1881, em que Emília Cândida foi deliciosa e
Augusto Rosa espectacular; Segredo da Confissão; A Mosca Branca;
Tartufo; Solteirões; Cláudia; Fernanda; Jogo de Cartas, estreada em
1884; Anthny; Rogério Laroque; Força da Consciência; A Sobrinha do
Marquês; Odete; Mulheres de Mármore; Helena; Sara; Manhã de Sol,
comédia, representada em 20 de Maio de 1906; O Luxo, etc.
Os Velhos, de D. João da Câmara, foi a última peça em que entrou,
retirando-se depois do teatro onde tantas glórias alcançou, por se encontrar
já octogenária, cansada e com muita falta de vista e de memória.
CANTO, Jorge Brun do
O realizador e actor, Jorge Brun do Canto nasceu em Lisboa em 10 de
Fevereiro de 1910, onde faleceu a 7 de Fevereiro de 1994.
Terminado o liceu, Jorge Brun do Canto ingressou na Faculdade de
Direito, curso que não concluiria.
Ainda criança, começou a publicar na imprensa textos sobre cinema.
Em 1925 fez um papel no cinema em O Desconhecido, de Rino Lupo. Em
1927 é o Século que o tem como crítico cinematográfico onde, a partir do
ano seguinte, assinará uma página semanal, O Século Cinematográfico, que
durará até ao ano de 1929. No campo jornalístico foi redactor e colaborador
de várias revistas de cinema que então floresciam em Portugal: Cinéfilo,
Kino e Imagem.
Inicia-se como realizador em 1929, A Dança das Paroxismos. Dois
anos depois, tenta uma nova fita que ele próprio produz, Paisagem, mas
155
que nunca concluiu por razões financeiras. Em 1935 faz alguns
documentários, como: Fabricação de Mangueira, 1932; Abrantes, 1933;
Nada de Novo…em Óbidos, 1933; Sintra de Filme Romântico, 1933; Uma
tarde em Alcácer, 1933; Berlengas, 1934; A Doenças dos Ulmeiros, 1934 e
A Obra da Junta Autónoma de Estradas, 1934. A profissionalização só
ocorrerá no ano de 1935, quando se torna assistente de realização e autor da
planificação do filme As Pupilas do Senhor Reitor, de Leitão de Barros.
Segue-se O Trevo de Quatro Folhas, de Chianca de Garcia, filme em que é
assistente geral.
É em 1936-1938 que Jorge Brun do Canto realiza a sua primeira
longa-metragem, A Canção da Terra, com a interpretação de Barreto
Poeira, Elsa Rumina, António Moita, Óscar de Lemos, Maria Emília Vilas,
Celestino Soares e João Manuel. Depois desta película, a carreira de Brun
do Canto projectou-se com enorme impacto. Até aos primeiros anos da
década de 50 rodou mais seis longas-metragens: A Hora, 1938; João Ratão,
1939-1940; Lobos da Serra, 1941-1942; Fátima, Terra de Fé, 1942-1943;
Um Homem às Direitas, 1943-1944; Ladrão, Precisa!..., 1945-1946.
Seguiu-se Chaimite, realizado em 1951-1952. Entre 1953 e 1959
interrompeu a actividade a actividade de realizador e abandona Lisboa.
Fixa-se na ilha de Porto Santo, dedicando-se à administração agrícola das
suas terras e à pesca desportiva.
Voltou ao cinema na década de seguinte com a produção de três
filmes: Retalhos da Vida de Um Médico, 1962; Fado Corrido, 1964 e A
Cruz de Ferro, 1965.
Em 1973 actua em peças teatrais apresentadas pela RTP, onde faz,
com grande sucesso, O grande Negócio, de Paddy Chayefsky e 12 Homens
em Conflito, de Reginald Rose, ambas dirigidas por Artur Ramos. Voltou
ainda como actor à RTP, no ano de 1975, na série Angústia para o Jantar,
de Jaime Silva.
O seu último filme, O Crime de Simão Bolandas, foi realizado em
1978-1984.
CARDIM, Luís
Luís Cardim nasceu em Cascais no dia 9 de Julho de 1897 e faleceu
no Porto a 6 de Junho de 1958.
Foi professor de vários liceus, entre os quais o Gil Vicente, de Lisboa,
de que foi reitor. Em 1907-1908, como pensionista do Estado, fez um
estágio em Londres, onde seguiu cursos universitários de psicologia,
fonética e literatura inglesa, estudando depois, também, fonética
experimental e metodologia na Alemanha.
156
Em 1916 fez, na Academia de Estudos Livres um breve curso sobre
literatura inglesa e, em 1918, foi nomeado para a Faculdade de Letras do
Porto como professor de literatura inglesa.
Publicou vários trabalhos dispersos pela Revista da Faculdade de
Letras do Porto e por jornais e revistas em que colaborou, nomeadamente A
Capital, A Luta, Águia, Seara Nova, Ocidente, Presença.
Da sua produção, citamos: Luz Reflectida, 1921; Auto da Natividade,
1923; Estudos de Literatura e Linguística, 1929; Semblantes do Fausto, de
Goethe, 1932; Aquele Homem, 1936; sete diálogos sob o título Aquele
Homem, 1936 e Através da Poesia Inglesa, 1939.
Estudioso erudito e profundo da obra de Shakespeare, traduziu a
tragédia de Júlio César, 1925 e Shakespeare e o drama Inglês, 1931.
CARDOSO, Acúrcio
Jornalista e escritor teatral nasceu no Porto em 1875 e faleceu em
Lisboa no ano de 1955.
Estreou-se como autor dramático em 1905 com a farsa em 1 acto
Aguenta e Cara Alegre, representada no Teatro Águia de Ouro da cidade
natal, a que várias outras peças se seguiram, designadamente, O Trevo de
Quatro Folhas, Sonho de Pastora, O Bom e o Mau Ladrão, Tudo Fechado,
O Modelo da Virgem, Príncipe Lili, Uma Hora no Porto, Flor do Bem, O
Teso, São Ordens, uma versão dos Palhaços de Leoncavallo, em parceria
com Rafael Ferreira, Modelo de Viagem, de colaboração com Pedro
Bandeira, São Ordens, revista escrita em colaboração com Arnaldo Leite e
adaptações cénicas de Júlio Dinis, como As Pupilas do Sr. Reitor e Uma
Flor Entre o Gelo.
Como jornalista trabalhou em diversos jornais de Lisboa e do Porto,
nomeadamente no "Jornal do Comércio e das Colónias" de que foi
secretário de redacção.
Como funcionário público, ocupou o cargo de Chefe de Secção de
Secção no Ministério da Educação Nacional.
CARDOSO, António Ferreira (1860-1979
António Ferreira Cardoso nasceu a 5 de Abril de 1860 e faleceu no
dia 3 de Agosto de 1917.
Filho de um serralheiro, começou também a sua actividade
profissional por esta profissão, mas entusiasmado pelo teatro, ingressou no
Grupo de Teatro da Colectividade Guilherme Cossoul, representando pela
157
primeira vez em 1878 na comédia, Casamento por Anúncio. O empresário
Alcântara Chaves, contratou-o para o elenco do Teatro do Rato, onde se
estreou como profissional, em 1881, na comédia Zé Povinho.
Cardoso obteve muitos êxitos em obras, como: Seita Negra; Maria da
Fonte; Quatro Noivos Num Sarilho e Filha do Sr. Crispim. Em 1883 foi
para o Teatro do Ginásio, onde se estreou em A Medalha da Virgem e nele
permaneceu até morrer, isto é, durante trinta e quatro anos, salvo curtas
épocas de Verão.
Sem mestres que o tivessem esclarecido, António Cardoso devia ao
seu esforço tudo o que foi.
Da sua actividade há a destacar o alcance de grandes êxitos, tendo
sido, sem qualquer dúvida, um dos actores cómicos portugueses mais
notáveis de todos os tempos, duma graça popular muito grande,
naturalidade assombrosa e poder de sugestão sobre o público
verdadeiramente extraordinário.
Fora do Teatro do Ginásio criou, em 1893, no Teatro da Trindade, o
famoso Regedor de O Brasileiro Pancrácio, que foi levado à cena 300
vezes seguidas; no Teatro Avenida a mágica O Cabo da Caçarola e no
Teatro da Rua dos Condes O Dente do Maçarico. No repertório do Ginásio
ficaram célebres muitas das suas criações cómicas e sobretudo as que
realizou em: O Comissário de Polícia; Piperlin; Noivo de Alhos Vedros;
Hotel Luso-Brasileiro; Zaragueta; Quem Vê Caras...; Assassino do
Macário; O Mesmo Para Duas; Kalifa; Camões do Rossio; O Príncipe
Herdeiro; Amor Engarrafado; O Rei dos Gatunos; O Carrasco de Sevilha;
O Talassa; Pai-Mãe; Em Boa Hora o Diga; Os Pimentas; O Pato; O Cão e
o Gato; O País do Vinho; Deputado Independente; A Vizinha do Lado; O
Senhor Roubado; Casa com Escritos; Noivas de Eneias; Os Fidalgos da
Casa Mourisca; O Rato Azul; A Conspiradora; Dr. Jojó; O Olho da
Providência; Madrinha de Charley; Hotel do Livre Câmbio e muitas outras
farsas e comédias jocosas.
CARDOSO, Berta
A actriz-cantora Berta Cardoso nasceu em 1911 e faleceu em 1997.
Depois de ter cantado no Retiro da Severa e no Solar da Alegria, com
grande agrado dos ouvintes, que a seguiam inebriados pela voz melodiosa,
Berta Cardoso encontrou uma oportunidade de cantar no teatro e foi um
êxito.
Além de Hermínia Silva, Ercília Costa, Maria Albertina e tantas outras
cantadeiras que o teatro atraiu e fez artistas, coube a vez a Berta de elevar o
fado no conceito das multidões.
158
Já integrada no meio artístico teatral, estreou-se no dia 3 de Maio de
1932 no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, no Brasil, integrada na
companhia de Maria das Neves, na revista Zás! Trás! Pás!, de autoria de
Lino Ferreira, Silva Tavares, Fernando Santos, Almeida Amaral, Vasco de
Matos Sequeira e Lopo Lauer com música de Jaime Mendes, V. de
Macedo, C. Rebocho e A. Lopes. Esta revista esteve também em cena no
Teatro Maria Vitória, em Lisboa.
Entrou depois em muitas revistas a cantar fados, nomeadamente em O
Cartaz de Lisboa, em 1937, da parceria de Lino Ferreira, Fernando Santos,
Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, com música de Raul Portela,
Raul Ferrão, Fernando de Carvalho e F. Guimarães e estreada no Teatro
Maria Vitória e em Pega-me ao Colo, em 1938, de autoria de Aníbal
Nazaré, João Nobre, José Rosado, Xavier de Magalhães e Fernando Santos,
com música de João Nobre, Raul Portela e Constança Maria e estreada no
Teatro Capitólio.
CARDOSO, Ciríaco
O compositor e instrumentista Ciríaco Cardoso nasceu no Porto em 8
de Agosto de 1846 e faleceu em Lisboa a 16 de Novembro de 1900.
Foi um dos mais populares compositores portugueses do seu tempo. O
pai chamava-se João Cardoso e era músico. O filho saiu desde pequeno que
não pensava noutra coisa senão em ser músico. Aos 13 anos já era
violinista no Teatro de São João. Foi concertista notável, tanto de violino e
de trompa, como de violoncelo e viola, director de orquestra e empresário
teatral.
Numa digressão pela América do Sul como violinista e compositor
musical desempenhou, no Brasil, em1873, as funções de maestro do Teatro
Lírico de D. Pedro II, no Rio de Janeiro.
Como compositor, a sua primeira obra foi uma valsa, Ela, que obteve
êxito. Outras valsas se seguiram: Leonor, Lúcia, O Tejo, com êxito
semelhante. Em 1888 foi empresário do Teatro Baquete do Porto, quando
um pavoroso incêndio destruiu o teatro. Ciríaco exclamara: - Terei de andar
de luto todo o resto da vida!
A vida quis compensá-lo. Em 1891, já com residência em Lisboa,
organizou uma companhia de opereta para o Teatro Avenida. Pediu a D.
João da Câmara e a Gervásio Lobato que escrevessem uma peça para ele
musicar e, a 14 de Agosto desse ano, o Teatro Avenida abria as portas para
um dos espectáculos de teatro ligeiro musicado que mais êxito alcançou em
Portugal: a opereta O Burro do Senhor Alcaide. Essa noite memorável
perdurou por largo tempo e o maior triunfador foi Ciríaco Cardoso.
159
Vieram depois outros êxitos, como o do Solar dos Barrigas, Valete de
Copas, Testamento da Velha e Relógio Mágico.
CARMO, Lucinda do
A actriz, poetisa e escritora, Lucinda Eugénia do Carmo, nasceu em
Lisboa em 15 de Dezembro de 1861, onde faleceu a 1 de Janeiro de 1922.
Estudou música no Conservatório de Lisboa, que abandonou para se
dedicar ao teatro. Estreou-se em 22 de Novembro de 1882, no Teatro do
Ginásio, com a comédia francesa A Estação Calmosa, de Chivot e Dun.
Durante os anos em que esteve neste teatro fez imensos progressos
num enorme repertório de comédias, deixando-o para entrar para o Teatro
dos Recreios. De lá passou para o Teatro da Trindade, onde a Nitouche e
Cigarra, agradaram bastante.
Saindo do Trindade entrou para o Teatro da Rua dos Condes e, depois,
para o Teatro Nacional D. Maria II onde alcançou muitos êxitos. Em 1893
a sua companhia foi ao Brasil. Regressando, entra novamente no Teatro da
Rua dos Condes, numa empresa que procurava dramas violentos para
Amélia Vieira e peças com música ou com primeiros papéis característicos
para Ana Pereira. Num ou noutro caso, Lucinda do Carmo ficava na
sombra, com papéis inferiores ao seu talento ou muito fora da sua índole.
Terminada essa época, foi com a companhia aos Açores. De regresso
entrou numa sociedade artística que deu espectáculos nos teatros da
Trindade e Dona Amélia e os seus trabalhos de resistência foram ainda a
Cigarra, em 1888 e uma imitação de Lucinda Simões na revista Retalhos
de Lisboa.
Aproveitando um contrato vantajoso que lhe ofereceu José Ricardo,
fez duas épocas no Teatro D. Afonso do Porto, onde muito agradou, como
merecia. Depois, passou para o Teatro Avenida, na empresa dirigida pelo
escritor Gonçalves de Freitas.
Alguns espectáculos teatrais onde participou Lucinda do Carmo: Os
Nossos Apóstolos, A Luva Branca, Infelicidade Legal, O Salão da Madame
Xavier, Perdoar, Frei Tomaz, D. João Tenório, Os Lobos, Afonso VI, Às
Portas do Paraíso, Hotel da Barafunda, O Íntimo, Malquerida, Coimbra
Terra de Amores, Ilustre Desconhecido, Amor à Antiga, O Morcego,
Coração de Todos, Paixões Passageiras, A Honra Japonesa, 20 Mil
Dólares, O Direito Feudal, Diabrete, Inês de Castro, A Marechala, Doidos
com Juízo, Os Filhos do Capitão Grant, A Espionagem, Mártires do Ideal,
O reposteiro Verde, Herança, O Sol da Meia Noite, O Outro, O Homem da
Bomba, Noites do Calvário, A Serpente, As Mulheres São o Diabo, Brisas e
Vendavais, Paraíso Conquistado, A Miniatura, Capitão Carlota, O Marido
160
da Debutante, A Russinha, Champignol à Força, A Manjerona e Entremez
da Muda Casada.
Era dotada de um poder excepcional de mímica, não só na expressão
fisionómica mas também nas mãos e nos dedos. A partir de 1911 regeu no
Conservatório a cadeira de Arte de Representar.
Escreveu poesias de mérito e um livro de memórias.
CARNEIRO, António
António Carneiro nasceu em Lisboa em 1881 e faleceu a 4 de Julho
de 1934.
Foi poeta, escritor teatral e jornalista, embora sem nunca ter reunido
em volume a sua produção.
Estreou-se no jornalismo como redactor do Correio da Manhã,
deixando neste e noutros jornais, uma farta colaboração, muitas vezes sob o
pseudónimo de João Fernandes. Com Raposo de Oliveira fundou a Casa
dos Jornalistas.
Dedicou-se também ao teatro, estreando-se em 10 de Março de 1922
com a revista Giga-Joga, em parceria com Lino Ferreira e André Brun,
música de Luís Filgueiras e Hugo Vidal, no Salão Foz. Colaborou depois
com estes em Rosas de Portugal e, com outros, designadamente na
Carapinhada, com Xavier de Magalhães, no Teatro Variedades. Seguiu-se
Mãe Eva, de colaboração com Lino Ferreira, Feliciano Santos e Silva
Tavares, estreada no Teatro Variedades; Pé de Vento, de Lino Ferreira,
Fernando Santos, Almeida Amaral e Mário de Carvalho; No País do
Tirismo, João Saraiva; Fox-trot, em colaboração com Lino Ferreira,
Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, levada à cena no Teatro Joaquim
de Almeida; Madragoa, de Feliciano Santos, Francisco Viana e Wenceslau
de Oliveira e Vamos ao Vira, de José Galhardo e Manuel Santos Carvalho,
entre outras.
Deve-se-lhe também uma tradução da Samaritana, de Rostand, que
não chegou a ser representada.
CARNEIRO, Gaudêncio
Gaudêncio Eduardo Carneiro, escritor, jornalista e dramaturgo, nasceu
no Porto em 9 de Setembro de 1846 e faleceu em Lisboa no dia 12 de
Novembro de 1925.
Oficial do Exército, foi colaborador de muitos jornais nacionais,
redactor principal do Açoriano Oriental, de Ponta Delgada e redactor de
161
Bandeira Portuguesa, de Lisboa. Pertenceu ao corpo da Administração
Militar, passando à reserva no posto de general, tendo sido chefe de
Repartição de Abonos e Processos, na respectiva Secretaria de Estado.
Possuía as Ordens de Avis e Conceição e Medalha de Comportamento
Exemplar. Pai de Décio Gaudêncio de Freitas Carneiro e do caricaturista
Celso Hermínio, deixou vasta obra publicada.
Essa obra estende-se ao longo de quase meio século, repartida entre
criações originais e as adaptações de conhecidos romances. Citaremos,
entre outras: Coisas Deste Mundo, comédia, representada em 1870;
Gutenberg, drama histórico traduzido do francês e publicado em folhetim
no Diário dos Açores, em 1872; Um Casamento a Revólver, comédia
levada à cena em 1872; Últimos Momentos de Camões, drama, levado à
cena no ano de 1880; Leonor, drama, 1884; A Inteligência e o Dinheiro,
drama, 1896; Direito Torto, comédia, 1900. Entre as adaptações, salientase: Os Brilhantes do Brasileiro, versão do romance de Camilo Castelo
Branco, 1902; Amor de Perdição, 1907; O Sangue, segundo Camilo, 1916;
Mário, segundo Manuel da Silva Gaio, 1916; Lucíola, segundo José de
Alenquer, 1911; A Inteligência e o Dinheiro, segundo Henri Conscience,
1896; A Verdadeira Mãe, novela de Júlio Dinis, 1914 e, ainda, adaptações
de dezenas de comédias espanholas e francesas, pequenas comédias e a
propósitos.
CARREIRO, José-Bruno
José-Bruno Carreiro nasceu em Coimbra no ano de 1880 e faleceu em
Ponta Delgada em 1957.
Autor de uma peça de costumes de Coimbra, intitulada Uma Véspera
de Feriado, constituída por um prólogo, três actos e um epílogo, escrita
para a récita de despedida dos quintanistas de Direito, que o Teatro do
Príncipe Real daquela cidade levou à cena em 1904.
Deve-se a este autor uma adaptação de Os Maias, de Eça de Queirós,
estreada em 1945 no Teatro Nacional e reposta em 1962, com êxito.
CARVALHAIS, Stuart
José Stuart Carvalhais nasceu em Vila Real no dia 7 de Março de
1887 e faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1961. Foi o protótipo do artista
boémio, disperso, irreverente, multímodo e genial.
Nas artes plásticas fez de tudo um pouco: foi pintor, humorista,
cartazista, capista de livros e discos, cenógrafo e decorador da Feira
Popular, em 1943.
162
Estreou-se em 1906 no Século Cómico e, em 1911, é editor de A
Sátira, responsável pela ideia de uma sociedade de humoristas portugueses,
que viria a concretizar-se e organizaria três salões em Lisboa, palco de
exposições da maioria dos Modernistas da primeira geração.
Em 1912 reside em Paris onde colabora como ilustrador na Gil Blas,
bem como num grande número de diários, semanários e magazines das
mais diversas facções políticas.
Expôs individualmente uma única vez, em 1932, no Salão da Casa da
Imprensa.
Celebrizou-o o desenho das figuras populares da Lisboa do seu tempo:
a varina, o mendigo e a cena de rua, entre outros.
Boémio, frequentador de cafés e tabernas, saía do seu retiro saloio, e
ai a Lisboa vender por cindo reis a qualquer jornal uma anedota, quase
sempre um tanto brejeira, procurar que lhe encomendassem a capa de um
livro ou o cartaz de uma nova revista do Parque Mayer. Embora
modernista, tomou posição contra os Futuristas, caricaturou a arte de SantaRita e a sua colaboração na Brasileira do Chiado, em 1925, não primou por
grande originalidade.
Stuart Carvalhais foi também o autor da primeira banda desenhada
portuguesa, As Aventuras do Quim e do Manecas, publicadas a partir de
1915 na revista O Sr. Dr. e, mais tarde, no suplemento Pim-Pam-Pum de
O Século. Financiado pelo empresário Artur Emanus e tendo como
operador de câmara Ernesto de Albuquerque, Stuart de Carvalhais realizou
o “primeiro filme cómico português” com argumento baseado naquele
livro. Suart, além de argumentista e responsável pela produção, interpretou
a figura de “Pai do Manecas”. O actor Octávio de Matos interpretou o
“Quim”, Maria Ferreira foi a namorada do “Quim”, José Clímaco fez de
“polícia”. Não se conhece quem interpretou a figura do “Manecas”. As
filmagens de exterir decorreram na Estrela, Jardim Botânico, Avenidas
Novas e junto ao antigo Coliseu onde se filmaram as cenas de estúdio. O
filme foi exibido durante semanas, com enchentes.
Em 1929 é convidado pela Empresa Lopo Lauer que explora o Teatro
Maria Vitória, para executar maquetes de cenário para revistas.
A colaboração de Stuart como caricaturista foi enorme. Cumpre-nos
referenciar ainda as colaborações em vários periódicos, como: O Zé, A
Lanterna, Rir, Sourrire, Gris de Paris, Ilustração Portuguesa, O Papagaio
Real, A Batalha, O Riso da Vitória, ABC a Rir, ABCzinho, Renovação, Os
Sportinhos, Diário de Notícias, Ilustração «Bertrand», Sempre-Fixe,
Ilustração, ABC, Magazine, Kino, Repórter X, O Senhor Doutor, Diário
Popular, Comércio do Porto, Os Ridículos, Ver e Crer, e revista Cara
Alegre.
Intimamente ligado a Queluz, no concelho de Sintra, tanto na vida
como na obra, Stuart Carvalhais conquistou aí inúmeras amizades e grande
163
estima. Viveu, durante largos anos, na Avenida da República, numa singela
moradia do início do século XX. Seu filho questionado sobre a relação
entre o artista e o lugar, em entrevista ao Jornal de Queluz, diria: «Para
Stuart, Queluz foi o seu refúgio, a saudade da sua infância transmontana, o
seu amor pela Natureza. O mais importante para ele foi o jardim, porque
talvez consubstanciasse tudo um pouco do que amou profundamente.
CARVALHO, Alfredo de
Alfredo de Carvalho nasceu em Lisboa em 24 de Janeiro de 1854,
onde a 4 de Abril de 1910.
Este notável actor cómico, descendente de família distinta, tio do
conde de Castelo Mendo, desde muito cedo se apaixonou pelo teatro,
estreando-se na peça Ilha dos Amores, em 26 de Outubro de 1867 numa
casa popularíssima, construída de madeira e lona inaugurada na Rua da
Fábrica da Pólvora, a Alcântara.
Alegre, inteligente, boémio irrequieto mas extremamente simpático,
prosseguiu na sua carreira pelos teatros populares das feiras das Amoreiras
e Belém, fazendo parte das companhias de que foram empresários José e
Carlos Dalot e Manuel José Araújo. Com os primeiros e com um açor de
nome Domingos percorreu as províncias com moderníssimas companhias
ambulantes.
Entretanto, a fama da sua graça chegava aos empresários de Lisboa e
Porto. Citavam-se os seus colossais êxitos de gargalhada na mágica El-Rei
Abracadabra 37 e numa paródia de Jacobetty Os Dragões de El-rei, grande
êxito do Trindade. A empresa do Teatro da Trindade do Porto escriturou-o
e Lisboa chamou-o logo depois, fazendo-o apresentar-se no Teatro do
Ginásio, depois no Teatro da Rua dos Condes, no Teatro dos Recreios que
existiu nos jardins do palácio Castelo Melhor e nos teatros Avenida,
Príncipe Real e Trindade.
Brilhou então extraordinariamente em comédias, mágicas, operetas e
revistas, especialmente nestas, muitas das quais deveram a maior parte do
seu êxito aos “compères” por ele desempenhados, papéis em que incluía
muitos seus ditos de espírito, porque era um repentista admirável sem ser
grosseiro. De grande probidade artística, tendo sido convidado a
representar em Lisboa Médico à Força e Os Médicos, que representara na
província e que eram do repertório do actor Taborda, negou-se
terminantemente a fazê-lo, por respeito ao mestre.
Em 7 de Setembro de 1900, os actores portugueses dedicaram-lhe um
espectáculo de homenagem que teve lugar no Teatro do Príncipe Real. A
última vez que trabalhou como profissional foi em Braga, na peça A.B.C.,
na companhia do empresário Luís Galhardo.
164
O papel que lhe deu enorme popularidade foi Lucas, da revista Tim
Tim Por Tim Tim. Neste tipo de espectáculo, mencionamos também a sua
participação nas revistas: Tam Tam, Sal e Pimenta, Pratos Limpos, Talvez
te Escreva, Vivinha a Saltar, Beijos de Burro. Nas peças e operetas: Barba
Azul, A Ave do Paraíso, A Boneca, O Casamento da Nitouche, O Reino das
Mulheres, O Reino dos Homens, A Grã-Duquesa de Gerolstein, Bocácio,
Sombra do Rei, Tição Negro, Os Diabos na Terra, A Preta do Mexilhão, A
Flor do Mercado, Cigarra, Fausto o Petiz, O Homem da Bomba, Os Sinos
de Corneville, Giroflé-Giroflá, Vénus, A Filha do Inferno e A Gata
Borralheira, entre tantas outras.
Na véspera de morrer tomara ainda parte num espectáculo no Salão da
Trindade, promovido pelos compositores do Anuário Comercial, com o
monólogo O Sonho.
Fez várias digressões ao Brasil. Alfredo de Carvalho dedicou-se
também à pintura, como cenógrafo muito apreciado e em quadros a óleo.
CARVALHO, Armindo Mendes de
O poeta, dramaturgo e novelista, Armindo Mendes de Carvalho,
nasceu em Alcaide, Fundão, em 1927 e faleceu em Lisboa, no ano de 1988.
As suas obras versam, sobretudo, instituições e grupos sociais. Entre
elas contam-se: Camaleões e Altifalantes, 1963; Cantigas de Amor e
Maldizer, 1966; Poemas de Ponta e Mola, poesias, 1975 e O Rei Montoya,
ficção, 1960.
Para o teatro escreveu a peça num acto A Comédia e a Rua, publicada
em 1958, que deu à estampa em 1972 e a sátira A 10ª Turista, representada
pela primeira vez, profissionalmente, pelo Teatro de Animação de Setúbal
em 1977, numa encenação de Carlos César e interpretação de Mário Anjos,
Clara Rocha, Maria da Conceição, Lídia Franco, Gil António, Valdemar de
Sousa, António Banha, Manuel Borges, João Manuel, Carlos Caboz,
Alexandre de Sousa, Manuel Borges e João Vítor.
Com Alexandre O’Neill elaborou a versão da tragicomédia de Raul
Brandão e Teixeira de Pascoais Jesus Cristo em Lisboa, que a Companhia
de Teatro Popular montou em 1978 no Teatro São Luís.
CARVALHO, Coelho de
Joaquim José Coelho de Carvalho nasceu em Faro em 1855 e faleceu
em Ferragudo no ano de 1934.
Coelho de Carvalho era licenciado em Direito pela Universidade de
Coimbra. Pouco tempo depois de estar formado, e após concurso nomeado
165
cônsul de Portugal no Rio Grande do Sul, não chegando a tomar posse do
cargo por entretanto haver sido colocado em Xangai. Na China e na
Espanha decorreu depois, toda a sua carreira diplomática.
Foi presidente da Academia das Ciências de Lisboa e, por fim, sócio
benemérito.
Consagrando-se desde muito novo à meditação e ao estudo, deixou
obras de destaque na nossa literatura, tanto pela perfeição da forma como
pela probidade da execução. Deixou excelentes traduções de obras
célebres, como Éclogas, 1901 e Eneida, 1908, de Virgílio; do Cântico dos
Cânticos, atribuída a Salomão, 1876; dos Salmos, 1893, de David; O
Violeiro de Cremona, 1896, de Copée; A Aventureira, 1902, de Augier;
Macbeth, 1902, de Shakespeare; Dolores, 1903, de Feliu y Codina e Escola
de Mulheres, 1905, de Molière, entre outras.
Poeta, historiador, ensaísta e dramaturgo, deixou, entre outras, e além
das já citadas obras, mais os seguintes trabalhos: Generalidades da
História do Direito Romano, 1874; D. Pedro I – 8º Rei de Portugal,
Estudos da História e de Filosofia; Versos (1881); Carta de Conselho (a
El-rei) sátira em verso, 1889; O Vitalismo na Arte, 1905.
No teatro é também autor de: Casamento de Conveniência, peça
estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 23 de Janeiro de 1904, com a
interpretação de Augusta Cordeiro, Cecília Machado, Ângela Pinto, Beatriz
Rente, Carolina Falco, Luz Veloso, Alda de Aguiar, Amélia Viana, Amélia
Avelar, Maria da Luz, Sarah Coelho, Ferreira da Silva, Fernando Mais,
Augusto de Melo, Luís Pinto, Joaquim Costa, Carlos Santos, Cardoso
Galvão, Teodoro Santos, Pinto de Campos, Francisco Sampaio e Augusto
Sampaio; o drama O Filho Doutor, 1906; o drama A Infelicidade Legal,
1911, estes dois últimos também levados à cena no Teatro Nacional D.
Maria II; uma versão da Oresteia, de Ésquilo; O Cântico dos Cânticos,
representado no Jardim da Estrela, numa tentativa de teatro de ar livre; A
Ponte, 1924; a paráfrase do mito de Fausto, O Grão-Doutor, 1926.
CARVALHO, Constantino de
O actor Constantino Santana de Carvalho nasceu em Lisboa, no dia 17
de Outubro de 1886 e faleceu no ano de 1960.
Foi um distinto amador, tendo feito a sua estreia com 12 anos de
idade, no Grupo Dramático Ernesto Silva. Passou depois para o Grupo
Domingos Lopes Mega. Aos 14 anos toma parte no Teatro do Príncipe
Real, em dois espectáculos, lendo poemas de Guerra Junqueiro e
interpretando o célebre monólogo de Acácio Antunes “Estudante
Alsaciano”. Depois de ter passado em vários grupos de teatro entrou para o
166
Teatro Taborda e, dali, para o Gil Vicente, entregando-se devotadamente à
vida de actor.
As principais produções teatrais em que entrou foram: Frei Luís de
Sousa, Morgadinha de Vale-Flor, Tosca, Voluntários de Cuba, Mártir,
Dama das Camélias, Remorso, Dote, Severa, Viúva Alegre, Miss Olga,
Mão Cheia de Rosas, Valha-nos Isso, Festa na Mouraria, Prisão-Hotel, O
Homem que Mudou de Cor, Adeus Artur, Morena Clara, As Pupilas de
Marcolina, 3 Mil Libras, O Pão Saloio, Ordem e Lei e Sorte Grande, entre
tantas outras.
Dos muitos espectáculos em que participou, considerou a revista O
Pão Saloio, levada à cena no Teatro Apolo, em 1937, como um dos seus
melhores trabalhos.
CARVALHO, Fernando de
O compositor e maestro Fernando de Carvalho nasceu em 5 de
Fevereiro de 1913 e faleceu a 18 de Agosto de 1967.
Era membro da Sociedade de Escritores e Compositores, tendo
desempenhado o cargo de secretário-geral do seu Conselho-Director, no
triénio de 1959 a 1962.
Fernando de Carvalho nasceu com vocação musical. Aos quatro anos
já trauteava áreas de ópera. Aos oito anos escreveu a primeira composição.
Aos vinte, iniciava na revista Tip-Top, escrita por Acácio de Paiva e Erico
Braga, a sua carreira de compositor profissional, revista essa estreada no
Teatro da Trindade.
Daí para a frente teve um trabalho constante. Compôs música para
vinte e tantas operetas, para cento e tantas revistas e uma dezena de filmes.
Ao todo mais de duas mil canções, muitas delas de invulgar êxito. E
Fernando de Carvalho não se limitava a compor infatigavelmente: era
também um constante director de orquestras. Viveu toda a sua vida para a
música. Morreu com cinquenta e quatro anos.
CARVALHO, Leopoldo
Leopoldo de Carvalho nasceu em Lisboa em 8 de Junho de 1844 e
faleceu a 22 de Agosto de 1913.
Começou a estudar no colégio Annaya, mas as dificuldades da família
obrigaram Leopoldo a começar a trabalhar muito novo. Empregou-se no
comércio, indo depois estudar na Academia de Belas Artes. Depois,
aprendeu a gravação em madeira na oficina dos Castros. Tendo terminado a
167
única publicação ilustrado que então havia no género, o Arquivo Pitoresco,
ficou sem trabalho.
Por este tempo representava como amador em diversas sociedades
particulares, ao lado do irmão, Ernesto de Carvalho, que era um dos
primeiros curiosos da época.
Leopoldo chegou aos vinte anos sem modo de vida e, por isso,
resolveu entrar para o Conservatório, para seguir o curso de Arte de
Representar, sob a direcção dos professores Duarte de Sá e Alfredo de
Melo. Leopoldo concluiu o curso com distinção e, por isso, foi obrigado a
prestar provas públicas no Teatro Nacional D. Maria. A primeira prova
realizou-se a 22 de Maio de 1867, nas comédias O Malheiro e Viagem à
China.
Em 1869 foi escriturado pelo actor Santos para o Teatro do Príncipe
Real, onde esteve até 1870, sem se destacar. Em 1871 foi convidado para a
companhia do Teatro do Ginásio e, com excepção de uma época que fez
como ensaiador no Porto, conservou-se no Ginásio muitos anos. De
simples actor passou a acumular os cargos de actor e ensaiador, e depois só
o de ensaiador.
Traduziu muitas comédias espanholas, algumas das quais fizeram boa
carreira.
CARVALHO, Manuel Santos
Manuel Santos Carvalho nasceu em Lisboa em 17 de Junho de 1891,
onde faleceu a 29 de Março de 1974.
Depois de completar o liceu, ingressou na Escola de Arte de
Representar. Estreou-se como profissional em 1916, no Porto, no Teatro Sá
da Bandeira. Nunca mais abandonou o palco, quer como actor, quer como
ensaiador. Foram inúmeras as peças que interpretou, ensaiou e encenou,
como também aquelas a que, na qualidade de autor, ficou ligado o seu
nome.
Actor de teatro de características populares, participou em comédias,
farsas, revistas e filmes. Escreveu também várias revistas, operetas e farsas
originais, entre as quais Afonso Henriques, em 1 acto, 1943; O Meu
Menino; Desculpa ó Caetano; Gato Escaldado; Marido Solteiro,
representada no Teatro Maria Vitória em 1950; Papá Precisa-se, levada à
cena no Teatro Avenida em 1961 e A Verdade é Só Uma, comédia estreada
no Teatro Variedades em 1964. As revistas: Rambóia, Chá de Parreiras,
Zé dos Pacatos, A Bola e Rataplan, Rés-Vés.
Fez a sua estreia cinematográfica no filme de Cotinelli Telmo A
Canção de Lisboa, em 1933, ao lado de Beatriz Costa, Manuel de Oliveira,
Teresa Gomes e Silvestre Alegrim. Continuou a trabalhar no cinema
mesmo depois de abandonar os palcos em 1954. Os principais filmes em
168
que participou foram: A Aldeia da Roupa Branca, realizado por Chianca de
Garcia em 1938; Costa do Castelo, realizado por Artur Duarte em 1943 e O
Primo Basílio, realizado por António Lopes Ribeiro no ano de 1959.
Escreveu o argumento cinematográfico do filme Um Marido Solteiro,
realizado em 1952 por Fernando Garcia.
Obteve o 1º Prémio do Concurso de Originais do SNI, em 1958, com
O Gato Escaldante.
CARVALHO, Maria de
A poetisa e jornalista Maria de Carvalho nasceu na Chamusca em
1889 e faleceu em Lisboa no ano de 1973.
A sua estreia literária data de 1915, com o livro As Sete Palavras, que
a crítica recebeu com agrado e a que logo no ano seguinte, se veio juntar o
livro de Sonetos.
Vieram depois: Pensamentos, 1919; Folhas, 1921; Através da Bruma
e Chama Inquieta, em 1937, além da larga produção que um avultado
número de revistas e jornais, bem como alguns livros de prosa, como entre
outros, Viagens da Vida e As Quatro Estações.
Colaborou vários anos com o Comércio do Porto, em crónicas ligeiras
de comentários críticos aos mais variados acontecimentos da época.
Publicou em 1925 a peça num acto em verso, Antes da Batalha.
CARVALHO, Mendes de
Joaquim José Coelho de Carvalho nasceu em Faro em 1855 e faleceu
em Ferragudo no ano de 1934.
Reitor da Universidade de Coimbra e presidente da Academia das
Ciências, escreveu para o teatro Casamento de Conveniência, peça estreada
no Teatro Nacional D. Maria II em 23 de Janeiro de 1904, com a
interpretação de Augusta Cordeiro, Cecília Machado, Ângela Pinto, Beatriz
Rente, Carolina Falco, Luz Veloso, Alda de Aguiar, Amélia Viana, Amélia
Avelar, Maria da Luz, Sarah Coelho, Ferreira da Silva, Fernando Maia,
Augusto de Melo, Luís Pinto, Joaquim Costa, Carlos Santos, Cardoso
Galvão, Teodoro Santos, Pinto de Campos Francisco Sampaio e Augusto
Sampaio; O Filho Doutor, 1906 e A Infelicidade, em 1911.
Escreveu também três dramas de crítica social que contêm algumas
das cenas mais fortes do nosso naturalismo dramático e que foram
representados no Teatro Nacional D. Maria II. Deve-se também a este autor
uma versão da Oresteia de Esquilo e um drama bíblico em verso, O
Cântico dos Cânticos, representado em 1911 no Jardim da Estrela, numa
tentativa de teatro ao ar livre; A Ponte, escrita em 1924 e uma paráfrase do
169
mito de Fausto, O Gran-Doutor, 1926, além de traduções de Sófocles,
como o Rei Édipo; Augier, A Aventureira; Feliu y Codina, A Dolores e de
Molière, Escola de Mulheres.
CARVALHO, Mendonça de
O actor e empresário Francisco Mendonça de Carvalho nasceu no
Porto, no dia 8 de Dezembro de 1883 e faleceu em 1953.
Estreou-se em 1905 no Teatro Águia de Ouro, na peça do grande
dramaturgo Marcelino Mesquita, O Rei Maldito. Depois de ter percorrido a
província foi para Lisboa, ingressando no Teatro Nacional, onde se
conservou de 1908 a 1911, trabalhando ao lado dos mestres e
desempenhando com grande êxito o difícil papel de D. Dinis, da peça
Leonor Teles, anteriormente criado pelo ilustre actor Augusto Rosa.
Em 1912 passou para o Teatro da República, onde tomou parte nas
tragédias Peste, Luz Vermelha, Delegado da 3ª Secção e nas comédias
Casa com Escritos e O Sr. Sereno, entre outras. Entrou depois para o
Teatro do Ginásio, onde acedeu à categoria de empresário com a mulher,
em fins da época de 1915.
Para além das peças já indicadas, entrou ainda nas seguintes
produções: Pato, Senhor Roubado, Soror Mariana, Os Três Noivos da
Germana, O Olho da Previdência, Alfaiate de Senhoras, O Carrasco de
Sevilha, O Afilhado da Madrinha, Pecados da Juventude, O Raio, Chuva
de Filhos, Malvalouca, Inimiga, A Morgadinha dos Canaviais, A Sombra,
Bodas de Ouro, Era Uma Vez Uma Menina, Os Autores dos Meus Dias,
Carlota Joaquina, O Topa-a-Tudo, A Menina do Chocolate, Má Sina, 93,
Pena Última, O Príncipe Herdeiro, A Conspiradora, O Comissário de
Polícia, Reservado para Senhoras, Conde Barão, A Sopa no Mel, A
Vizinha do Lado, Lá Donna é Mobile, O Pinto Calçudo, O Deputado
Independente, Tenório Júnior, Venturosa, 4028 Lx., O Crime da Avenida
33, A Tartaruga, O Mistério do Quarto Amarelo, Auto da Barriga, Não
Largues a Amélia, O Primo Basílio, A Sociedade Onde a Gente se
Aborrece, O Sol da Meia Noite, Uma Mulher que Veio de Londres, Meio
Dia em Ponto, O Homem dos Sete Ofícios, Novos e Velhos, O Amor é o
Diabo, Os Fidalgos da Casa Mourisca, 30 H.P., Sentinela Morta, Uma
Velha que Tinha um Gato, Sangue Azul, O Meu Crime, O rei Maldito,
Leonor Teles, Peste, Luz Vermelha, O Delegado da 3º Secção, Casa com
Escritos, O Sr. Sereno, Assassino, As Pupilas do Senhor Reitor, Marialva,
20 Mil Dólares, Miquette e a Mamã, Avante Franceses, Sôror Mariana,
Serão das Laranjeiras, Manequim e A Fidalga de Arronches.
170
Mendonça de Carvalho era casado com a actriz Maria Matos, e ambos
dirigiram o Teatro do Ginásio. Este actor era, incontestavelmente, um dos
primeiros galãs e um dos artistas mais alegres em cena, na sua época.
CARVALHO, Otelo de
O actor Otelo de Carvalho nasceu em 15 de Janeiro de 1888 e faleceu
em África a 26 de Março de 1930.
Cursou o Conservatório de Lisboa, onde desempenhou toda a espécie
de papéis, que sempre airosamente apresentou. Nas provas finais, no Teatro
Nacional, representou em Os Velhos, uma das melhores peças de D. João
da Câmara e no Amor de Perdição, onde obteve uma vibrante ovação nos
papéis de Bento e João da Cruz, respectivamente. Foi aprovado com 20
valores, único aluno que conseguiu tal classificação naquele ano.
Estreou-se em 1913 no Teatro Avenida, na revista Raínha das Rosas,
contratado pelo empresário Luís Galhardo. Uns meses depois fez o
compère da revista O 31, escrita por Luís Galhardo, Pereira Coelho e
Alberto Barbosa. Música de Tomás Del Negro e Alves Coelho, num elenco
constituído também por Nascimento Fernandes, João Silva, Etelvina Serra,
Amélia Pereira, Maria Litaly, Martins Veiga, Maria Vitória. Quase todos os
números desta revista alcançaram um êxito fora do vulgar, como é o caso
de Cegarrega Afonsina, Dona de Casa, Adjectivo, Assídua Leitora, As
Meninas dos Centavos, Fado da Estúrdia, O Amor Apache, Arco de
Santo André e o ainda o hoje conhecido Fado do 31, cantado pela grande
Maria Vitória, que o público adorava e que morreu com apenas 24 anos. É
um número alusivo à agitação social e às greves que assolavam o país. Em
Lisboa a bordoada fervia e, por dá cá aquela palha, rebentava o “31”.
Dos muitos espectáculos em que participou é de referir: Jigajoga,
Piparote, Pé de Meia, Eva, Alma Forte, O Amigo de Peniche, Ele – Ela e
Ele, A Agulha Oca, A Labareda, Duas Causas, Irmãos Unidos, A Garra,
Negócios são Negócios, Adão e Eva, D. Paço de Manzanilha, O Célebre
Pina, Boas Festas, Fruto Proibido, Vida Airada, Mademoiselle Demónio,
O Amor Vence, A Dança da Meia Noite, Perigo Amarelo, Papillon Bom
Rapaz, A Princesa Boémia, Maria do Rosário, Amor de Máscara, A Rainha
das Rosas, Generala, O Filho Perdoado, O Escândalo, As Doidivanas, A
Rosa Enjeitada, A Mãe, O Médico à Força, Burro do Sr. Alcaide, O
Homem que assassinou, Bichinha Gata, O Cão do Comissário, O Caldo
Entornado, A Vida Dum rapaz Pobre, Blanchet, A Primerose, Marido em
Branco, A Garota, Boa Gente, O Conde Barão, A Bisbilhoteira, Vontade
e O Modelo.
Numa tournée a África por lá faleceu. Foi também empresário de
diversas companhias teatrais.
171
CARVALHO, Raul de
O actor Raul de Carvalho nasceu em Salvaterra de Magos em 15 de
Fevereiro de 1905 e faleceu na cidade de Lisboa a 11 de Agosto de 1984.
Estreou-se no Teatro do Ginásio quando tinha 20 anos de idade, na
peça Zilda, de Alfredo Cortez. Em breve se revelou uma figura de primeiro
plano na cena portuguesa.
Ao longo de 45 anos de carreira teatral representou os mais diversos e
destacados papéis. Entre os anos 30 e 60, Raul de Carvalho foi primeira
figura do Teatro Nacional e protagonista de várias peças e filmes. Teve a
sua despedida a 16 de Dezembro de 1966, interpretando no Teatro de São
Luís a peça O Ciclone, de S. Maugha. Teve uma das suas melhores
criações, em 1931, na personagem “Capitão Stanhope” da peça O Fim da
Jornada, de autoria de R. C. Sherriff.
No cinema, onde em 1922 deu os primeiros passos cpm O Primo
Basílio, de G. Pallu, os êxitos foram semelhantes. Participou em filmes
como Gado Bravo, realizado por António Lopes Ribeiro em 1934, com a
actuação de Nita Brandão, Olly Cebauer, Mariana Alves, Raul de Carvalho,
Artur Duarte, e Alberto Reis, entre outros; Bocage, realizado por Leitão de
Barros em 1936, com as principais actuações de Raul de Carvalho, Maria
Helena, Maria Castelar, Silvestre Alegrim, Joaquim Prata, António Silva,
João Villaret e Tomás Alcaide; Frei Luís de Sousa, realizado por António
Lopes Ribeiro em 1950, com as principais actuações de Maria Sampaio,
Maria Dulce, Raul de Carvalho, João Villaret, Tomás de Macedo, Maria
Olguim e Jaime Santos; e A Garça e a Serpente, realizado por Artur Duarte
em 1952, com actuações, entre outras, de Raul de Carvalho, Carmen
Dolores, Cremilda de Oliveira, Alda Aguiar, Rogério Paulo, Samuel Dinis,
Erico Braga, Álvaro Benamor e Alves da Cunha.
Das muitas peças representadas no Teatro Nacional D. Maria II, pela
companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, referimos Além-Mar, de Marcel
Pagnol, estreada em 17 de Junho de 1930, com a interpretação de Amélia
Rey Colaço, Raul de Carvalho, Emília de Oliveira e Robles Monteiro;
Leonor Teles, de Marcelino Mesquita, estreada em 16 de Outubro de 1931,
com a interpretação de Palmira Bastos, Raul de Carvalho, António
Pinheiro e João Villaret; A Severa, de Júlio Dantas, estreada a 20 de
Novembro de 1931, com Maria Clementina, Raul de Carvalho e António
Pinheiro; Pedro ou Jack?, de Francis de Croisset, também estreada em
1931 (13 de Dezembro), com actuações de Rual de Carvalho, Álvaro
Benamor, Amélia Rey Colaço e Henrique de Albuquerque.
No ano de 1932, entrou nos elencos das peças: 1808 (Junot), de
Reinaldo Ferreira, ao lado de Palmira Bastos, António Pinheiro e Maria
172
Lalande; Filodemo, de Luís de Camões, junto de João Villaret e Amélia
Rey Colaço; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, ao lado de Palmira
Bastos, Maria Lalande e António Pinheiro; Fascinação, de Virgínia
Vitorino, conjuntamente com António Pinheiro, Amélia Rey Colaço,
Palmira Bastos e Adelina Abranches e O Diabo Azul, de Gustavo de Matos
Sequeira e Pereira Coelho, junto de Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos,
Maria Clementina e Robles Monteiro. No ano seguinte participou em El
Baile de Luiz Alonso, de Xavier de Burgos, ao lado de Nascimento
Fernandes, Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos e Maria Clementina; Seja
Feita a Sua Vontade, de Muñoz Seca, junto de Adelina Abranches, Maria
Lalande e Nascimento Fernandes; Quem Desdenha…, de Manuel Pinheiro
Chagas, juntamente com Adelina Abranches, João Villaret e Amélia Rey
Colaço; e D. Sebastião, de autoria de Tomás Ribeiro Colaço, junto do
elenco de Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches e Palmira Bastos.
Nos anos seguintes seguiram-se actuações nas seguintes peças: O
Mestre, de Henri de Rotschild; Castro, de António Ferreira; Sol Poente, de
Ramada Curto; Morre Povo, de João Bastos, ambas em 1934; Cinco
Lobitos, dos Irmãos Quintero; Como se Faz um Homem, adaptação de
Henrique Galvão; Desencontro, de Armando Vieira Pinto; Amadis de
Gaula, de Gil Vicente (versão de Júlio Castilho); O Perfume do Pecado, de
Ramada Curto; Auto da Fundação das Caldas, de Silva Tavares; Portugal
Independente, de Henrique Galvão, todas em 1935; O Velho de Oiro, de
Henrique Galvão e Silva Tavares em 1936; Isabel, Raínha da Inglaterra,
de André Josset; Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco;
O Chefe, de James M. Barrie, O Chocolate dos Anos de D. Lesma, de
Leonardo José Pimenta e Anjos; Telmo, O Aventureiro Carlos Selvagem;
Mola Real, de Virgínia Lopes de Mendonça e Laura Chaves; Loucura de
Amor (Joana a Doida) de Manuel Tamayo y Baús; Perdoai-nos Senhor, de
Vasco de Mendonça Alves; Férias da Páscoa, de Romain Coolus, todas em
1937; La Verbena de la Paloma, de Ricardo de la Vega; Maria Stuart, de
Friedrich Schiller, em 1938; O Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett;
Disraeli, Um Judeu, de Raimundo Magalhães Júnior, em 1939; Tempos
Modernos, de Olga Alves Guerra; O Paço de Portuledo, de João Correia de
Oliveira; A Lei do Coração, de Manuel Fragoso; A Sobrinha do Marquês,
de Almeida Garrett, no ano de 1940; A Encruzilhada, de Carlos Selvagem;
Os Anfitriões, de Luís de Camões, em 1941; Horizonte, de Manuel
Frederico Pressler; La Revolta, de José Lopez Silva e Carlos Fernández
Shaw; O Rosário, de Alexandre Charles Auguste e André Bisson, em 1942;
Electra e os Fantasmas, de Eugene O’Neill; Centenário do Frei Luís de
Sousa, de Almeida Garrett, 1943; Raça, de Rui Correia Leite; O Leque de
Lady Windermere, de Óscar Wilde, 1944; Vidas Sem Rumo, de Olga Alves
Guerra; Os Maias, de José Bruno Carreiro sobre o romance de Eça de
Queirós, 1945; Antígona, de Júlio Dantas, 1946; Frei António das Chagas,
173
de Júlio Dantas; A Hospedeira, de Carlos Goldoni; Milagre!, de Armando
de Lacerda; Entremez Del Retablo de Las Maravillas, de Miguel
Cervantes, 1947; Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d’Arcos; A
Marechala, de Alphonse Lemonnier e Jean-Louis Péricaud; A Vida é um
Jogo, de Francisco Mata, 1948; Essa Mulher!, de Cesare Giulio Viola; A
Luz do Gás, de Patrick Hamilton; A Raposa Azul, de Ferec Herczeg, 1949;
A Senhora das Brancas Mãos, de Alejandro Casona; A Herdeira, de Ruth
& Augustus Goetz, Centenário de Guerra Junqueiro (com A Pátria), 1950;
As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona; Filomena Marturano, de
Eduardo de Filippo; O Amor Precisa de Escola, de Jacinto Benavente,
1951; O Vestido da Noiva, de João Gaspar Simões, O Milagre do Ouro, de
José Lúcio, A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas, A Voz da Cidade, de
Ramada Curto, Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare,
1952; O regente, de Marcelino Mesquita, Castelos no Ar, de Jean Anouilh,
1953; Prémio Nobel, de Leitão de Barros, Fernando Santos e Almeida
Amaral, 1954; Para Cada Um Sua Verdade, de Luigi Pirandello, A
Muralha, de Joaquim Calvo Sotelo, Tá Mar, de Alfredo Cortez, 1955;
Santa Joana, de G. Bernard Shaw, Alguém Terá de Morrer, de Luiz
Francisco Rebello, Pleito de Família, de Diego Fabbri, 1956; O revisor, de
Nicolai Gogol, Castro, de António Ferreira, Dona Inês de Portugal, de
Alejandro Casona, A Ferida Luminosa, de José Maria de Sagarra, As
Bruxas de Salém, de Arthuar Miller, 1957; Uma Mulher Extraordinária, de
John Patrick, O Processo de Jesus, de Diego Fabbri, 1958; Intriga e Amor,
de Friedrich Schiller, O Lugre, de Bernardo Santareno, 1959; A sapateira
Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca, Do Alto da Ponte, de Arthur Miller,
1960; D. Henrique de Portugal, de João Osório de Castro, Romeu e Julieta,
de W. Shakespeare, 1961; O Anjo Rebelde, de Carlos Selvagem, Furacão
Sobre o Caine, de Herman Wouk, Os Maias, de José Bruno Carreiro sobre
o romance de Eça de Queirós, 1962; A Peliça de Castor, de Gerhart
Hauptmann, La Condessa, de Maurice Druon, 1963; O Hábito de Morrer,
de Afonso Botelho, Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán,
Macbeth, de W. Shakespeare, 1964; O Motim, de Miguel Franco, Ciclone,
de W. Somerset Maugham, A Escada de Jorge Andrade, Auto da Festa, de
Gil Vicente, 1965; Os Velhos, de D. João da Câmara, A Bela Impéria, de
Carlos Selvagem, Isabel de Inglaterra, de André Josset, 1966.
Raul de Carvalho era oficial da Ordem de Cristo e de Santiago de
Espada e recebeu os prémios da crítica pela sua actuação em Bola ao
Centro e Frei Luís de Sousa.
CARVALHO, Ricardo Santos
O actor Ricardo Lozano dos Santos Carvalho nasceu em Alcobaça no
dia 7 de Abril de 1892 e faleceu em 1947.
174
Estreou-se a 20 de Agosto de 1911 no Teatro da Rua dos Condes.
Dentre o seu largo currículo teatral, entrou nas seguintes produções: Dois
Garotos, Morgadinha de Vale-Flor, As Duas Órfãs, Saltimbanco, Amor de
Perdição, A Dama das Camélias, O Gaiato de Lisboa, Hotel de Livre
Câmbio, A Nitouche, O Moleiro da Alçada, O Segredo da Morgada, Os 20
Milhões, Belo Sexo, Ovo de Colombo, Cigarro Brejeiro, Gato Preto, Tiro
ao Alvo, Gata Borralheira, Sempre Fresquinho, Vida Airada, Vida Nova,
Sorte Grande, A Viúva Alegre e O Processo do Rasga.
Fez uma série enorme de compères de revista, designadamente em
Chuva de Mulheres, levada à cena no Éden-Teatro, pela parceria de Lopo
Lauer, Almeida Amaral, Vasco de Matos Sequeira e Frederico de Brito.
Música de Carlos Calderón e Frederico Valério, com Maria das Neves,
Costinha, Elisa Carreira, Álvaro de Almeida, Luísa Durão, Alfredo Ruas,
Ricardo Santos Carvalho, Eugénio Salvador, Hermínia Silva e Lina Duval
e em Eh, Real!, escrita por Alberto Barbosa, José Galhardo e Amadeu do
Vale. Música de Raul Portela, António Lopes e Frederico Valério,
apresentada no Teatro Variedades, em 1939, com a interpretação de Beatriz
Costa, Costinha, Armando Machado, Elisa Carreira, Zulmira, Miranda,
Luísa Durão e Ricardo Santos Carvalho.
CARVALHO, Rio de
João Pedro Augusto Rio de Carvalho nasceu em Lisboa em 20 de
Setembro de 1838 e faleceu nesta cidade a 2 de Novembro de 1907.
Desde muito cedo começou a sua educação musical no Conservatório
Nacional e com tal aproveitamento que, aos 14 anos, já fazia parte da
orquestra do Teatro de São Carlos, onde foi elevado à posição e chefe
daquela orquestra.
Como compositor estreou-se escrevendo a música da mágica A Filha
da Noite, que se representou no Teatro das Variedades
Foi um compositor fecundo, tendo escrito música para um sem
número de operetas, revistas, dramas e oratórias.
O grande campo de composição foi o teatro, onde alcançou grandes
sucessos. Da sua extensíssima obra citamos. Como exemplo as mágicas,
Sombra do Rei, Pomba dos Ovos de Ouro, Diamante Vermelho, Pêra de
Satanás, Varinha de Condão, Espelho da Verdade, Anel Prodigioso, El-rei
Maringombé, Diabo Negro, e Espírito do Diabo; as revistas: Juízo do Ano,
Etcetera e Tal, António Maria, Abre Bem os Teus Olhos, Micróbio, Pontos
nos Is, O rei Kalacana, O Ano das Pontas, e Fim de Século; as óperas
cómicas: Flor de Laranjeira, O Botão, Mascote Número 2, Calixto e
Mascato, Lesto a Virar, Lazarilho, As Três Saias da Menina, Toutinegra,
Estrela do Norte e Os Dois Cádis e as operetas: Nitouche, Sam Fato e Sem
175
Noiva, Às Claras e às Escuras, Os Dois Sargentos, Médico da Aldeia,
Atchim-Fá XVIII, Circassianas e Dama de Espadas.
Compôs também música sacra. Escreveu ainda muitas peças para
bailados, bandas e orquestras, algumas das quais alcançaram grande
popularidade. Para bandas militares teve composições interessantes,
sobressaindo a Batalha 12 de Agosto, executada nos concertos da
Exposição Industrial. Foi regente da Orquestra da Real Câmara, que regeu
pela última vez por ocasião da visita a Lisboa do Rei Eduardo VII.
Compôs o Te Deum que se executou na aclamação de D. Carlos.
Foi Condecorado com as Comendas de S. Tiago e de Cristo e com
outras Ordens estrangeiras.
CASIMIRO, Mirita
A actriz Mirita Casimiro, filha do célebre cavaleiro tauromáquico José
Casimiro de Almeida, nasceu em Viseu a 10 de Outubro de 1918 e faleceu
em Cascais no dia 25 de Março de 1970.
Desde muito pequena que o seu talento se evidenciou em festas de
carácter popular e em espectáculos de caridade onde as suas imitações eram
apreciadas. Por insistência de Lino Ferreira, autor dramático e jornalista,
foi convidada a tomar parte numa récita de caridade no Teatro Nacional D.
Maria II, onde obteve indiscutível êxito na interpretação de canções da
Beira, fados regionais, anedotas características, tudo interpretado com
espontaneidade e delicadeza extraordinárias. Imediatamente Lopo Lauer,
autor dramático e então empresário do Teatro Maria Vitória lhe ofereceu
um contrato interessante.
Mirita Casimiro conseguiu vencer a oposição tenaz de seus pais e
irmãos e, em 5 de Janeiro de 1935, naquele teatro, em dois quadros
intercalados especialmente na revista Viva a Folia, obteve do grande
público verdadeira consagração, exibindo como profissional.
A sua carreira afirmou-se logo fulgurante. Na mesma época e no
mesmo teatro continuou a ser o ídolo do público com intervenções na
revista Anima-te, Zé e em 1936 passou ao Teatro Variedades, onde lhe
coube apresentar nova faceta do seu temperamento ao interpretar a comédia
musicada O João Ninguém, no complexo papel do protagonista, um
«travesti» de exame. A sua popularidade crescia e o público afirmava pela
sua presença, que estava ali uma das suas artistas mais estimadas, sendo as
festas artísticas verdadeiramente apoteóticas e o seu nome um dos de maior
cartaz em Lisboa.
Os seus êxitos contam-se pelas criações, sendo de registar: MorenaClara, Os Ardinas, Brasileiro Pancrácio, Catraia do Bulhão, Senhora da
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Atalaia, Olaré quem brinca (revista), onde o seu trabalho foi comparado
por Stefan Zweig, que a foi admirar, ao das melhores artistas do seu género
em todo o mundo. No Porto e depois numa triunfal digressão ao Brasil,
confirmou junto daquelas plateias exigentes o seu talento. Naquele país
actuou no teatro, na rádio e na televisão. Posteriormente desempenhou com
brilho os principais papéis de Ribatejo (opereta), Papa Açorda (farsa), O
Padre Piedade, Pai Paulino e Cabo Elísio (comédias).
Em Maio de 1940 formou companhia com Vasco Santana. Em cinco
anos de teatro, havia conquistado um lugar de primeira fila na cena
portuguesa.
Sob a direcção de Leitão de Barros interpretou a protagonista do filme
Maria Papoila, comédia popular, tendo tido grande êxito.
No Teatro Experimental de Cascais foi actriz de grande mérito.
Apresentou as seguintes peças: A Casa de Bernarda Alba, de Frederico
Garcia Lorca; O Comissário de Polícia, de Gervásio Lobato; A
Maluquinha de Arroios, de André Brun; e D. Quixote, de Cervantes.
Representava esta peça, quando sofreu um acidente de automóvel que a
obrigou a abandonar a carreira artística, despedindo-se do público um ano
depois, em Dezembro de 1969.
CASTRO, Augusto de
Augusto de Castro Sampaio Côrte-Real, nasceu no Porto em 11 de
Janeiro 1883 e faleceu na cidade de Lisboa a 24 de Julho de 1971.
Em 1903 formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Nesse
mesmo ano começou a sua carreira como advogado no Porto. Foi professor,
funcionário público, diplomata, procurador à Câmara Corporativa e
membro do conselho de administração de várias empresas.
Aos 13 anos, Augusto de Castro entrou no jornalismo e quase com
noventa anos mantinha-se ainda nele. Na cidade do Porto assumiu a
direcção do diário A Província e, depois, a Folha da Noite.
Deputado progressista, fixou-se em Lisboa, entregue ao jornalismo
como redactor principal do Jornal do Comércio e cronista de O Século. Foi
professor no Conservatório Nacional e Embaixador de Portugal em
Londres, no Vaticano, em Bruxelas, em Roma, novamente em Bruxelas e
ainda em Paris.
A partir de 1919 teve, durante largos períodos de tempo, a direcção do
Diário de Notícias. Em 1939 lançou e dirigiu A Noite.
Foi breve a sua passagem pelo teatro, trocando-a cedo pelo
jornalismo, a política e a diplomacia.
Depois de uma revista de fim de curso, Até que Enfim!, escrita em
colaboração com o poeta João Lúcio e representada por estudantes de
Coimbra em 1902, acedeu à cena profissional em 1906 com o drama em 3
177
actos Caminho Perdido, cuja estreia no Teatro Nacional provocou a
demissão do comissário do governo, que a proibira pela ousadia do tema.
Seguiram-se depois as comédias Amor à Antiga, 1907; Chá das Cinco,
1909 e o drama Vertigem, em 1910, bem como uma espirituosa comédia
talhada pelo figurino parisiense de Capus e Donnay, intitulada As Nossas
Amantes, no ano de 1912. Em 1918 reaparece no teatro com uma peça num
acto, A Culpa, que teve honras de ter sido levada à cena no Teatro
República e, em 1934, com um drama poético em 4 actos, chamado Amor.
Esta última obra não foi levada à cena.
Entre outras obras, escreveu também crónicas e reportagens como
Fantoches e Manequins, 1917 e Homens e Sombras, 1958; contos como O
Amor e o Tempo, 1929 e ensaios como A Crise Internacional e Garrett e o
Teatro Português, em 1954.
Quase toda a sua obra literária, desde O fumo do meu cigarro até ao
seu último, O Mundo não começa amanhã, foi publicada nos jornais antes
de aparecer em livro.
Foi um dos fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores e, a
partir de 29 de Dezembro de 1964, seu Presidente de Honra, sucedendo a
Júlio Dantas.
CASTRO, D. João de
D. João de Castro nasceu em Azurara, Vila do Conde, em 6 de Agosto
de 1871 e faleceu no Porto a 20 de Maio de 1955.
Foi Secretário do Ministro das Obras Públicas, em 1903 e delegado do
governo em várias companhias até 1933.
Camilo e Tomás Ribeiro apadrinharam a sua estreia poética,
Alvoradas de Abril, 1889. Poeta e romancista, publicou Alma Póstuma,
sonetos, 1890; Os Malditos, romance, 1892. Em 1895 publicou o poema
dramático Jesus, como uma segunda edição em 1920 e, em 1898, o poemadrama Via Dolorosa, concebido como primeiro volante de um díptico, O
País da Quimera, que não teve continuidade.
As suas produções seguintes foram as operetas: Arlequim, 1909 e O
Sacrifício de Abraão, 1913; a peça em 3 actos a Desonra, representada pela
primeira vez no Teatro República a 2 de Janeiro de 1913, com a
interpretação de Teodoro Santos, Chaby Pinheiro, Pinto Costa, Henrique de
Albuquerque, Tomás Vieira, Rafael Marques, Francisco Sena, Manuel
Pina, Itália Fausta, Luz Veloso, Bárbara Volckart, Jesuína Saraiva, Ana
Espinosa e Sofia Galdini; O Anel de Ferro, publicada em 1913; O Marquês
de Carriche, comédia histórica de costumes representada no Teatro
Nacional em 1927; Auto da Primavera e um volume de Teatro Heróico,
com dois dramas históricos em verso, Brasil e Por Bem!, publicados,
178
respectivamente, em 1927 e 1931. O seu Teatro Heróico foi galardoado
com o Prémio Tomás Ribeiro, em 1931.
CASTRO, Eugénio de
Eugénio de Castro e Almeida nasceu em Coimbra em 4 de Março de
1869 e faleceu também nesta cidade a 17 de Agosto de 1944.
Professor e Director da Faculdade de Letras de Coimbra, foi o
introdutor do simbolismo nas letras nacionais, com os poemas de Oaristos,
em 1890.
Aos 15 anos publicou Cristalizações da Morte e Canções de Abril.
Em 1887 já pertencia à redacção de O Dia e em 1895, com Manuel da
Silva Gaio, lançou a revista internacional Arte; em 1899 funda e dirige a
revista Os Insubmissos, órgão do movimento poético decadentistasimbolista.
Não sendo em rigor um dramaturgo, adoptou a forma teatral em obras
como Belkiss, publicado em 1894, com várias traduções e Sagramor, 1895.
Escreveu: Os Olhos da Ilusão, 1896; O Rei Galaor, 1897; Salomé e Outros
Poemas, 1896; Saudade do Céu, 1899; Constança, 1900; A Sombra do
Quadrante, 1906; O Anel de Polícrates, 1907; O Filho Pródigo, 1910; O
Cavaleiro das Mãos Irresistíveis, 1915; A Tentação de São Macário, 1922;
Descendo a Encosta, 1924 e Últimos Versos, 1938. De O Cavaleiro das
Mãos Irresistíveis e de Belkiss foram extraídas por Rui Coelho duas óperas,
em 1927 e 1928, respectivamente.
CASTRO, Fernanda de
A poetisa e escritora Maria Fernanda Teles de Castro nasceu em
Lisboa em 8 de Dezembro de 1900, onde faleceu a 19 de Dezembro de
1994.
Foi esposa e colaboradora do jornalista António Ferro. Fundou a
Associação Nacional dos Parques Infantis.
A obra de Fernanda de Castro compreende os livros de poesia:
Antemanhã, 1919; Danças de Roda, 1921; Jardim, 1928; Daquém e
Dalém-Alma, 1935; Exílio, 1952; Altar Sem Culto, 1954; Asa no Espaço,
1955; Poesia I e II (Prémio Nacional de Poesia em 1969) e Urgência, 1989.
Em prosa publicou: O Veneno do Sol, romance, 1928 e as novelas infantis
As Aventuras de Mariazinha, 1928 e Mariazinha em África, 1959; O
Segredo da Casa Amarela e Varinha de Condão este, em colaboração com
Teresa Leitão de Barros.
A sua produção teatral foi iniciada em 1925 com uma peça de
costumes regionais, representada no Teatro Nacional D. Maria II, intitulada
179
Náufragos, levada à cena no dia 27 de Abril desse ano, com a interpretação
de Ilda Stichini, Palmira Torres, Elvira Costa, Elvira Carreira, Emília
Fernandes, Albertina de Oliveira, José Ricardo, Rafael Marques, Carlos de
Sousa, Ribeiro Lopes, Henrique de Albuquerque, Júlio Soares, Octávio
Bramão e Carlos Shore. Seguiram-se em 1931, Nova Escola de Maridos e,
em 1934, A Pedra no Lago, ambas estreadas no Teatro da Trindade.
Entre 1927 e 1933 publicou, na página teatral do Diário de Notícias,
um grande número de comédias em 1 acto, nomeadamente: Ensaio Geral,
1927, Uma Lição, Final de Acto, Entre Marido e Mulher, O Hábito Faz o
Monge, 1928, A Felicidade, Buena Dicha, O Acaso, Um Casamento à
Americana, As Duas Vidas, 1929, A Mais Forte, 1930, O Teatro não é
Vida, 1931, Adolescência, 1932, Foi Assim… e A Gaiola Doirada, 1933.
Traduziu para o primeiro espectáculo do Teatro Novo, dirigido por
António Ferro, o Knock de Jules Romains (1925) e A Volúpia da Honra,
de Pirandello e O Rei Vai Morrer, de Ionesco, que a companhia do Teatro
Nacional D. Maria II levou à cena no Capitólio, em 1968 e no Teatro da
Trindade em 1970, com a interpretação de José de Castro, Mariana rey
Monteiro, Henriqueta Maia e Paiva raposa.
Publicou, ainda, Ao Fim da Memória: Memórias 1906-1939, em 1986.
CASTRO, Ferreira de
José Maria Ferreira de Castro nasceu em Ossela, no concelho de
Oliveira de Azeméis em 24 de Maio de 1898 e faleceu no Porto a 29 de
Junho de 1974.
Órfão de pai aos 8 anos, emigrou para o Brasil em 1911, tendo
trabalhado num seringal na Amazónia. Estreou-se nas Letras em
Criminosos por Ambição, 1916.
Escritor, jornalista, dramaturgo, Ferreira de Castro é um autor
traduzido em mais de vinte línguas.
Ferreira de Castro alcançou o auge do reconhecimento nacional e
internacional em obras como Os Emigrantes, 1928; A Selva, 1930;
Eternidade, 1933; Terra Fria, 1934; Pequenos Mundos e Velhas
Civilizações, 1937; A Tempestade, 1940; A Volta ao Mundo, 1944; A Lã e
a Neve, 1947 e As Maravilhas Artísticas do Mundo, 1958-1961, entre
muitas outras.
No campo jornalístico funda o jornal O Luso, em 1919 e a revista A
Hora em 1922. Funda e dirige em 1928-1930, de colaboração com Campos
Monteiro, o magazine portuense Civilização. Par além da criação destes
180
periódicos escreveu a um ritmo alucinante, crónicas, reportagens e críticas,
para as mais diversas revistas e jornais.
Em 1934, com o romance Terra Fria recebeu o Prémio Ricardo
Malheiros, da Academia de Ciências. Foi dos autores portugueses que,
ainda vivo, teve o maior número de livros traduzidos para a maioria das
línguas europeias.
Da bibliografia de Ferreira de Castro consta uma peça em 2 actos,
publicada no Brasil, quando o escritor tinha ainda dezoito anos, intitulada
Alma Lusitana e editada por F. Lopes, Pará 1916, bem como O Rapto,
entreacto representado no Teatro-Bar Paraense, em 1918.
Escreveu ainda O Mais Forte, no início dos anos 20, «classificada em
mérito absoluto num concurso do Teatro Nacional, no Brasil, mas que o
autor quis manter inédita, por – como escreveu no próprio manuscrito, anos
mais tarde – sofrer de uma excessiva carga retórica e ser «produto duma
crise de desespero». Escreveu também Sim, Uma Dúvida Basta.
Nesta peça em 3 actos, inédita, que lhe fora pedida por Robles
Monteiro e Amélia Rey Colaço e que a censura proibiu de representar-se, o
autor analisa um caso de consciência a partir de um facto real que
apaixonou a opinião pública: trata-se do rapto e assassinato do filho do
aviador Charles Lindbergh e de Anne Morrow, ocorrido em 1923, que
emocionou a opinião pública americana e mundial.
Ferreira de Castro recorreu a esse facto da actualidade de então e
sobre ele escreve a peça, que dramatiza um caso de consciência,
desenvolvendo-a com um seguro sentido de construção teatral que as
anteriores incursões neste domínio estavam longe de manifestar.
Toda a peça gira em torno do conflito que se trava no foro íntimo do
Governador do Estado, em que o presumível raptor e assassino foi julgado
e condenado à pena capital, apesar de proclamar a sua inocência.
A peça esteve meio século na “gaveta”, tendo tido por parte da
Sociedade Portuguesa de Autores, a oportunidade de publicar-se na
colecção de “Reportório Teatral”, em 1994, pelo empenho do Dr. Luiz
Francisco Rebello.
CASTRO, José de
O actor José Manuel da Conceição Pinhaço, nome artístico José de
Castro, nasceu em Paço de Arcos em 16 de Novembro de 1931 e faleceu
em Lisboa a 6 de Outubro de 1977.
Começa a fazer teatro no Grupo Cénico do Clube Desportivo de Paço
de Arcos, onde é descoberto pela actriz Maria Lalande, mercê de um
181
concurso de teatro amador organizado pelo SNI, em que esta actriz era
membro do júri.
Em Novembro de 1952 estreia-se profissionalmente no Teatro Maria
Vitória com a peça A Hipócrita, encenada por António Sacramento. Em
1954 ingressa no Teatro Nacional D. Maria II, onde permaneceu dez anos e
fez carreira. Desta época desta-se o seu trabalho em O Lugre, de Bernardo
Santareno, em 1959. Ingressa em 1964 no Teatro do Povo, de Ribeirinho,
passando, depois em seguida para o Teatro Estúdio de Lisboa, onde, sob a
direcção de Luzia Maria Martins, terá alguns êxitos memoráveis, como,
Joana de Lorena, de Maxwell Anderson. Trabalha ainda para Vasco
Morgado, no Teatro Villaret e na revista, nomeadamente, P’rá Frente
Lisboa, em 1972. Regressa ao Teatro Nacional para um dos seus maiores
êxitos O Rei Está a Morrer, de Ionesco e um polémico Calígula, de
Camus.
Após 1974 ainda tem ocasião para ser notado em Seara de Vento, de
Manuel da Fonseca, no Teatro Maria Matos, mas a doença mina-o. Morre
em Lisboa, a 6 de Outubro de 1977.
Para além de teatro, José de Castro fez ainda rádio, televisão e breves
incursões no cinema.
CASTRO, Luciano de
Nasceu em Lisboa a 13 de Outubro de 1873, onde faleceu a 13 de
Junho de 1916. Iniciou a sua carreira em 1872 no Teatro do Rato, na peça
Voltas Que o Mundo Dá. Fez quase toda a sua carreira no Teatro do
Príncipe Real. Actor de processos sóbrios e discretos, mas profundamente
humano, teve interpretações de alto nível nas peças: Inimigo do Povo, de
Ibsen, 1902; Conde de Monte Cristo, drama extraído do romance de Dumas
por José António Moniz, com a seguinte interpretação: Luciano de Castro,
Alves da Silva, P. Costa, Sepulveda, Machado, Roque, Eduardo Vieira,
Monteiro, Chaves, Jaime Silva, Gentil, Silva, Adelaide Coutinho, Georgina
Vieira e Augusta Guerreira, e levado à cena em 1 de Dezembro de 1903; O
Príncipe Perfeito, drama histórico em 5 actos de Carlos Lobo de Ávila e
Júlio Rocha, estreado em 29 de Dezembro de 1903, com as interpretações
de: Alves da Silva, Pinto Costa, Roque, E. Vieira, Monteiro, Jaime Silva,
A. Machado, Sepúlveda, Chaves, Gentil, Luciano de Castro, Adelaide
Coutinho, Adelina e Cândida de Sousa; O Coxo do Bairro Alto, drama
popular em 6 actos de Eduardo Coelho, estreado em 15 de Janeiro de 1904;
Perdidos no Mar, drama em 3 actos e 5 quadros, imitação de José António
Moniz, levada à cena em 6 de Março de 1904, com as interpretações de:
Pinto da Costa, Eduardo Vieira, Alves da Silva, Luciano de Castro,
Monteiro, J. Silva, Gentil, Chaves, Frederico, Adelaide Coutinho, Adelina
182
Nobre, Maria das Dores, A. Guerreiro, Georgina Vieira e Emília de
Oliveira; A Moral Deles, recita do Teatro Livre, comédia em 3 actos de
Boniface e Bodin, levada à cena em 8 de Março de 1904; Jack, o
Estripador, drama em 5 actos de Louis Péricoud e Gaston Marot, tradução
de Eduardo Vitorino, estreada em 12 de Abril; Em Ruinas (2ª récita do
Teatro Livre), peça em 3 actos original de Ernesto Silva; A Feiticeira, de
Sardou, 1905; O Rei Maldito, drama histórico em 5 actos e 6 quadros,
original de Marcelino Mesquita, representada em 1903, ao lado de: Pinto
Costa, Eduardo Vieira, António Gomes, Alves da Silva, Guilhermino,
Augusto Machado, Chaves, Simão Rodrigues, Roque, Peixoto, Henrique
Nunes, Monteiro, Joana Vaz, Adelina Nobre, Cândida Sousa e Georgina
Vieira; Anjo da Meia Noite, peça simbólica em 5 actos e 6 quadros, levada
à cena em 16 de Novembro de 1903, com a interpretação de Alves da Silva,
Sepúlveda, P. Costa, Eduardo Vieira, Augusto Machado, Luciano Castro,
Roque, Chaves, L. Froes, Monteiro, Gentil, Adelina Nobre, Adelaide
Coutinho, Georgina Vieira, Augusta Guerreira e Lúcia; Amanhã, de
Manuel Laranjeira, 1904; O Ano em 3 Dias, revista da parceria de Machado
Correia e Acácio Antunes, música de Filipe Duarte, levada à cena no
Teatro do Príncipe Real, em 1904, num elenco que reunia ainda os nomes
de Acácia Reis, Elvira Mendes e Santos Melo; A Carreira, de Mirbeau,
1904, onde desempenhou o papel de protagonista. Como encenador dirigiu
o Teatro Livre conjuntamente com Araújo Pereira (1904-1905) e António
Pinheiro, 1908.
CASTRO, Simões de
Alfredo Simões de Castro nasceu no Porto em 1886, onde faleceu em
1917.
Foi jornalista e colaborou com Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa em
duas revistas. Foi autor das peças A Declaração, publicada em 1908; Mal
Fazer por Bem Querer, representada no Rio de Janeiro e em S. Paulo em
1916 e da peça O Irremediável.
CASTRO, Urbano de
Artur Urbano Monteiro de Castro, jornalista e deputado, autor e crítico
teatral, tradutor, nasceu em Lisboa, em 22 de Janeiro de 1851 e faleceu no
dia 6 de Novembro do ano de 1902.
A sua obra estende-se por uma vasta e interessante participação como
jornalista, ao lado de homens como Teixeira de Vasconcelos e de Manuel
Pinheiro Chagas, a quem substituiu, por vezes, no Diário da Manhã, na
183
redacção de artigos de especial interesse, nas páginas do Jornal da Noite,
nas do Diário da Manhã, Correio da Noite e A Tarde, jornal fundado por
Eduardo Schwalbach e do qual foi proprietário. Aqui teve artigos
admiráveis, principalmente na questão do «Castelo da Pena», de que
Emídio Navarro também tratou nas Novidades.
Escreveu A Princesa na Berlinda (Rattazzi à vol d’oiseau, com a
biografia de Sua Alteza), de 1880; Baile de Roda (trovas); Cartas a El-Rei
D. Luiz I, sob o pseudónimo de Sá de Miranda. Para o Teatro, escreveu O
Mistério da Rua da Prata, comédia em 2 actos; O Camarim da Actriz,
comédia em 1 acto, representada com êxito no Teatro do Ginásio; Na
Aldeia, comédia em 1 acto escrita em parceria com Gervásio Lobato e
representada em 1896; Lisboa Por Um Canudo, revista escrita em
colaboração com Gervásio Lobato, levada à cena em 1883 no Teatro das
Variedades, além da tradução de operetas francesas em colaboração com
Gervásio Lobato.
Foi Oficial da Direcção Central do Ministério da Justiça e antigo
Deputado das Cortes.
CERQUEIRA, Luís
O actor Luís Cerqueira nasceu na vila da Parede, em Dezembro de
1926 e faleceu em Lisboa a 24 de Julho de 1984, vítima de doença
prolongada.
O actor, pai da actriz Guida Maria, participou em dezenas de peças
teatrais, filmes e, sobretudo, em programas de televisão, que o tornaram
mais conhecido do público.
A sua última aparição no pequeno écran teve lugar no ano da sua
morte, na peça Antígona, tendo contracenado ainda na telenovela Origens,
onde fez o papel de empregado de hotel.
Participou também em muitos folhetins radiofónicos e desempenhou
papéis de relevo em filmes portugueses.
CÉSAR de Lima, Oldemiro
Oldemiro César de Lima nasceu no Porto no dia 25 de Agosto de 1884
e faleceu em Lisboa a 27 de Março de 1953.
Crítico, tradutor e secretário teatral, deve-se-lhe, entre muitas outras,
as versões de O Milionário, de J. Jullien, levada à cena no Teatro Nacional
em 1918; A Emboscada, de Kistemaeckers, estreada no Teatro República
em 1919; Montmartre, de P. Frondaie, e A Idade de Amar, de P. Wolff,
levadas à cena no Teatro Nacional, em 1919; Cobardias, de L. Rivas,
representada no Teatro Politeama, em 1920; O Burguês Afidalgado, de
184
Molière; Manga de Alpaca, de Courtilene; O Escrínio Partido, de H.
Bordeaux; Coração Cego, de Martinez Sierra.
Com Rocha Júnior escreveu um volume de comentário humorístico à
vida teatral portuguesa, intitulado O Teatro em Fralda, editado em 1914.
CÉSAR, Ângelo
Ângelo César nasceu em Resende em 1900 e faleceu no Porto no ano
de 1972.
Este advogado escreveu a peça bíblica Eva e Madalena, que a
companhia do Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em 1962 e
publicou O Clube das Máscaras, editada pelo SNI em 1965.
CHAVES, José Rodrigues
Actor e imitador, José Rodrigues Chaves, nasceu em Lisboa a 29 de
Julho de 1852 e faleceu no dia 13 de Novembro de 1919. Inteligente,
trabalhador e dotado dum espírito de iniciativa verdadeiramente
assombroso, aos 9 anos escrevia uma peça para ser representada pelos seus
condiscípulos e por ele próprio, no colégio que frequentava. Da escola
passou a aprender a arte de relojoeiro, mas o teatro atraía-o, e aos 14 anos,
aparecia no antigo Teatro das Variedades, à Rua do Salitre, a tomar parte
no desempenho da mágica, A Pomba dos Ovos de Ouro. Dali passou ao
Teatro do Príncipe Real, de que eram empresários Santos «Pitorra» e Pinto
Bastos, que vista do êxito alcançado por Chaves em várias peças, lhe
entregaram o papel de General Bourm, na peça Grã-Duquesa de
Gerolstein. Chaves conseguiu agradar muito. Entretanto, ia escrevendo
monólogos, cenas cómicas, uma das quais, com o título A Duquesa por um
Sábio, em que se apresentava como um cidadão de Tuy, representando-a
centenas de vezes chegando mesmo a ter a alcunha de «Chaves Galego».
Além de fazer parte de companhias do Variedades e Príncipe Real, esteve
também no Teatro do Ginásio e no D. Maria II, como discípulo. Ainda
percorreu outros palcos de Lisboa e províncias, como actor, imitador,
ensaiador, aderecista e noutras modalidades.
Necessitando para própria e da família arranjar processos que lhe
permitissem auferir quaisquer lucros, Chaves começou recorrendo às suas
extraordinárias faculdades, imitando todos os ilusionistas, ventríloquos,
prestidigitadores, magnetizadores, calculistas, músicos excêntricos e
fabricantes de fantoches articulados. Assim, apareceu imitando: Serini, na
desaparição de pessoas; O'Kil na ventriloquia; Dicka com o seu «Gabinete
Negro»; Onofroff com os seus trabalhos de hipnotismo, sugestões e
185
transmissão de pensamento, que a autoridade nunca proibiu senão quando
Chaves o imitou. Copiou, com felicidade, o Chrowter nos seus
extraordinários golpes de saber, cortando barras de chumbo e um carneiro
pelo meio; Inaudi, nos seus cálculos matemáticos mentais. Imitou na
perfeição, os célebres fantoches articulados do Holden, apresentando-os ao
público, em Portugal e em Espanha. Para os seus andróides escreveu uma
mágica, apresentada no Teatro dos Recreios com o título, Um Rei que
Perde a Cabeça. Mas os resultados financeiros não correspondiam ao
agrado obtido pelos espectáculos. Para maior infelicidade, os bonecos
arderam num incêndio e o seu proprietário lembrou-se então de organizar
uma companhia infantil que actuou num rés-do-chão da Rua D. Pedro V, o
Teatro Bijou, fazendo parte do elenco, Silvestre Alegrim, posteriormente
aluno do Conservatório e excelente actor. Organizou, dirigiu e ensaiou uma
companhia de negros, no Teatro da Rua dos Condes. Pintou quadros a óleo,
fez caricaturas instantâneas no género de François, distinguiu-se também
pelas ornamentações que apresentou, aquando do casamento do Rei D.
Carlos e em ocasião de batalhas de flores. Esteve numa fábrica de papéis
pintados, onde muito se notabilizou na confecção dum tipo especial de
papéis, imitações de mármore e madeira, até então desconhecidos em
Portugal, sendo também o autor dum medalhão com o busto do conde de
Paris, que ofereceu à Rainha D. Amélia e de inúmeros baixos-relevos. Fez
uma colecção de instrumentos excêntricos e escreveu músicas, para neles
serem executadas. Era, enfim, um homem de faculdades raras e dotado de
grande coração, pois dedicava-se a ensaiar um grupo de internados do
Albergue das Crianças Abandonadas, para alegria e diversão desses
pequenos órfãos, sem qualquer retribuição financeira. Chegou ao último
quartel da vida na miséria ao lado da mulher, Ernestina Duarte Chaves que
fora também actriz e de dois filhos. Morreu numa enfermaria do Hospital
de S. José.
CHAVES, Laura
Laura da Fonseca Chaves nasceu em Lisboa em 31 de Janeiro de
1888, onde faleceu a 12 de Novembro de 1966.
Estreou-se nas Letras aos onze anos com um livro de poesia a que deu
o título de Esboços. Veio depois Trovas Simples, em 1921; Do Amor, 1922;
Vozes Perdidas, 1924 e Tentação do Menino Jesus, em separata. Do género
infantil publicou livros em prosa e verso, nomeadamente: História da
Raposa Raposeca e do Favo de Mel, 1928; O Anão Tiro-Liro, 1932, em
colaboração com com Virgínia Lopes de Mendonça; Memórias de Uma
Galinha da Índia, fábula em verso; Nena de Trapos e O Rabicho Chinês.
186
Poetisa, compositora, escultura, autora de contos, fábulas e peças
infantis, escreveu várias peças de índole sentimental e concepção
passadista, designadamente Mola Real, Maria Migalha e Lua de Fel,
ambas em colaboração com Virgínia Lopes de Mendonça. A primeira, foi
representada no Teatro Nacional D. Maria II em 1937 e a segunda, no
Teatro Avenida em 1940; Deus Dispõe, levada à cena no Teatro da
Trindade em 1948; No Nosso Tempo, representada no Teatro Avenida em
1953 e Fachada, também no Teatro Avenida em 1959, bem como de várias
peças num acto, entre as quais A Grande Crise, O Roubo dos Jóias e
Encantamento, esta última para a récita de despedida de Lucília Simões,
em 1953, no Teatro de S. Luís e ainda Até à Morte, Areia Movediça e
Mentira.
CHIANCA, Rui
Rui Chianca nasceu em Lisboa em 10 de Março de 1891, onde faleceu
a 21 de Julho de 1931.
Oficial do exército, tomou parte nos movimentos monárquicos de
1917 e 1919. Viveu exilado viveu no Brasil até 1929. No Rio de Janeiro foi
professor na Academia do Comércio e dirigiu as revistas Portugal e
Portugal Ilustrado. De novo em Portugal dedicou-se ao ensino na Escola
Agrícola da Paiã. Escreveu romances, novelas e peças de teatro.
Começa a actividade teatral nos primeiros anos do regime republicano
e em oposição a este, escrevendo teatro histórico em verso, como o drama
Aljubarrota, inspirado numa narrativa de Alexandre Herculano. Esta peça
foi representada pela primeira vez no Teatro República em 12 de Dezembro
de 1912, com a interpretação de Eduardo Brasão, Ferreira da Silva,
Augusto Rosa, Carlos de Oliveira, Henrique Alves, Teodoro Santos,
Henrique de Albuquerque, António Sarmento, Rafael Marques, Pinto
Costa, Tomás Vieira, João Gil, Sena, Pina, Luz Velos e Bárbara Wolckart.
Seguiram-se D. Francisco Manuel, 1914, também estreada no Teatro
República e Nun’Álvares, levada à cena no Teatro Apolo em 1918.
No Brasil, para onde emigrou devido à sua participação na abortada
insurreição monárquica de 1919, escreveu outras peças de cariz histórico:
O Magriço, em verso, escrita em 1925 e Portugal Restaurado, em prosa.
Na mesma linha situam-se também as peças: O Cego da Batalha, Buçaco,
Leonor Teles e Rainha Santa, esta última criada postumamente por Ester
Leão, em 1933, no Teatro de São Carlos.
O seu percurso teatral compreende ainda a comédia dramática As
Portas do Céu, representada no Teatro Politeama em 1916; as comédias A
Desafronta e O Doutor Jacarandá, escrita em parceria com Luís Palmeirim
e estreada no Rio de Janeiro em 921; a comédia em verso A Triste Feia,
187
levada à cena no Teatro Politeama e várias comédias num acto, como: Por
um Beijo e A Cómica, 1913, A Alma de D. João, 1914 A Freira de Beja,
1915, de que Rui Coelho extraiu uma ópera cantada em 1927.
CID, Heloísa
Maria Heloísa de Matos Cid nasceu em Oliveira do Hospital, no ano
de 1908 e faleceu em Lisboa em 1968.
Poetisa foi autora de uma peça inédita, Tula Achmatova e da comédia
em 3 actos O Avô Cláudio, representada postumamente em 1969, pela
Companhia de Teatro Popular de Lisboa.
CIDADE, Hernâni
António Hernâni Cidade nasceu no Redondo em 1887 e faleceu em
Lisboa no ano de 1975.
Escritor e conferencista, exerceu o professorado por vários liceus e
faculdades do país.
Estreou-se nas letras com um drama num acto em verso, intitulado
Zara, representado em Leiria em 1915 e editado no ano seguinte. A sua
carreira literária passa por um avultado número de trabalhos,
designadamente: Ensaio sobre a crise portuguesa do Séc. XVIII, 1929; A
obra poética do Dr. José Anastácio da Cunha, 1930; Fernão Lopes é ou
não o autor da Crónica do Condestável?, 1932; Lições de Cultura e
Literatura Portuguesa, iniciada publicação em 1933; História de Portugal
de D. João V aos nossos dias, 1936; Luís de Camões, I – O Lírico, 1936;
Poesia Lírica Cultista e Conceptista e Cantigas de Amigo, ambos editados
em 1938; Tendências do Lirismo Contemporâneo – Do «Oaristos» às
«Encruzilhadas de Deus».
Como conferencista reuniu em volume as suas principais
conferências: Camões, Garrett e Gomes de Amorim, 1929; A Marquesa de
Alorna, 1930; Elogio histórico do Dr. António José de Almeida, também
em 1930 e Os Lusíadas na formação da Pátria, no ano de 1940.
Hernâni Cidade, dirigiu com outros autores, a História da Expansão
Portuguesa no Mundo.
Há também capítulos diversos de sua autoria na História de Portugal
(edição de Barcelos) e na História da Literatura Portuguesa Ilustrada, de
Forjaz de Sampaio, além de uma extensa colaboração dispersa no Boletim
de Estudos Filológicos, Revista da Faculdade de Letras de Lisboa,
“Biblos”, Águia, Revista da Universidade de Santiago de Compostela,
188
Revista do Brasil e por inúmeros jornais brasileiros e portugueses, como o
Primeiro de Janeiro, do Porto, de que foi colaborador assíduo enquanto
esteve como professor na Faculdade de Letras daquela cidade.
CLEMENTINA, Maria
A actriz Maria Clementina nasceu em Faro no dia 28 de Janeiro de
1896 e faleceu a 22 de Dezembro de 1947.
Estreou-se em 17 de Novembro de 1918 no Teatro da Trindade, em
Lisboa, na peça Bela Risette. As principais peças em que entrou foram as
seguintes: O Assassino de Macário, Pirangas, Em Guarda, O Mercador de
Veneza, Ilustre Governador, Sou Eu Não Sou, O Az, O Noivado no
Sepulcro, É Preciso Viver, A Massaroca, O Outro Eu, Vem Cá Não Tenhas
Medo, Quando o Amor Acaba, O Leão da Estrela, Zilda, Raparigas de
Hoje, O Segredo de Polichinelo, Jim – O Rei dos Gatunos, A Petiza do
Gato, O Rei do Ouro, Ciclone, A Dançarina Vermelha, O Mestre,
Fascinação, D. Sebastião, Paz Armada, Susi, Zé das Castanha, O fado, À
Lá Fé, Cristalina, Mademoiselle, Greve Geral, Ondina, Seguro de Vida, Os
Velhos, O Diabo Azul, O Homem das Calças Pardas, El Baile de Luiz
Alonso, Seja Feita a Sua Vontade, O Pardalito, O Ai Jesus, D. Afonso VI,
Boca de Inferno, Manuela, Meninas, 5 Lobitos, Como se Faz um Homem,
Topaze, O Pai da Menina, Asas Quebradas, O Perfume do Pecado, Tá
Mar, Sua Excelência, Inimigo, A Melodia do Jazz Band, Cristalina, O Sr.
Conde, O Velo do Oiro, O Morgado de Fafe em Lisboa, Entre Giestas, Juiz
de Fora, Feira do Livro, Chá e Torradas, Ilustre Desconhecido, Arroz
Doce, Novo Testamento, Mário e Maria, O Cheque, Assembleia ou Partida
e Loucura de Amor.
CLÍMICO, José
José Clímico nasceu em Lisboa em 1882, onde faleceu no ano de
1933.
Actor, autor e empresário, participou na autoria de diversas revistas,
que pôs em cena no Eden Teatro. Com Silva Tavares e Carvalho Mourão
escreveu o drama sacro em 2 actos e em verso, O Rei dos Judeus,
representado nesse teatro em 1927.
Foi dirigente da Associação de Classe dos Trabalhadores de Teatro.
COELHO, Adolfo
José Adolfo Coelho nasceu em Lisboa em 1899, onde faleceu no ano
de 1953.
189
É o autor das peças policiais O Tesouro do Faraó, escrita em
colaboração com Reinaldo Ferreira e O Tratado Secreto, em parceria com
João de Sousa Fonseca e Jorge Grave, que foi levada à cena no Eden
Teatro, nos anos 20 e em Espanha.
COELHO, ALVES
Alves Coelho, de seu nome completo, João Rodrigues Alves Coelho,
nasceu numa pequena aldeia de Arganil em 27 de Janeiro de 1882. Feitos
os primeiros estudos, cursou a Escola Normal Primária de Lisboa onde,
concluídos os exames finais, foi considerado habilitado para exercer o
Magistério Primário, ingressando pouco depois no ensino.
Alves da Cunha que nascera para professora, nascera igualmente para
a arte musical. Do seu diploma da Escola Normal consta que, tendo feito
exame de canto coral, alcançou a classificação de 20 valores.
Alguns anos decorridos, Tomaz Borba não hesitou em atestar que,
havendo leccionado Alves Colho nas disciplinas o 1º ano do Curso de
Harmonia, o considerava um bom aluno. E este bom aluno não tardaria a
ser um mestre. Na verdade, as suas composições, que animaram de forma
notável durante perto de três décadas, um bom número de operetas e de
revistas, outorgaram-lhe um lugar inconfundível no nosso teatro ligeiro.
Quantos não se recordarão ainda, por exemplo, do Fado do 31, das
Cartolinhas, do Trevo e da Espiga, cujo êxito alcançou fronteiras?
Estreou-se com a música de uma opereta que se chamava Visões de
Rabi, estreada por um grupo de amadores de uma academia recreativa que
existia, por esse tempo, na antiga Travessa do Despacho, a Santa Marta.
O seu trabalho esteve ligado a quarenta revistas, dezoito operetas e
quatro vaudevilles. Faleceu na tarde de 21 de Outubro de 1931, quando
dirigia no Teatro Avenida em Lisboa, os ensaios da revista Vamos ao Vira,
acometido de congestão cerebral.
COELHO, Carlos
Carlos Rodrigues Coelho nasceu em Lisboa em 3 de Fevereiro de
1923 e faleceu na Casa dos Artistas, em Lisboa, a 16 de Março de 2000.
Filho de um comerciante, Carlos Coelho iniciou a sua actividade
profissional também neste sector. Um dia indo passar férias ao Porto, foi
assistir a vários espectáculos da companhia teatral de Rosa Mateus. Como
tinha muitos amigos nesta companhia, num desses dias, ao faltar o bailarino
António Gonçalves, foi sugerido que Carlos Coelho o substituísse num
número com Carmenzita Aubert. O número agradou e satisfez o público.
Isto aconteceu no ano de 1942.
190
Daí lhe nasceu a atracção pelo teatro, atracção que teve de vencer os
desejos da família, porque seu pai não olhava com agrado a gente do palco.
No entanto a tendência de Carlos Coelho para a dança levou-o a continuar,
sendo então o ensaiador mais jovem que ensaiava coreografias em
Portugal. Nesta modalidade fez parte, durante cerca de dois anos, do grupo
coreográfico Verde Gaio que tanta fama alcançou em Portugal e até além
fronteiras.
Em 1950, Carlos Coelho, começa a trabalhar como actor e ensaiador
coreográfico em diversas revistas e operetas. Em 1952 vai a África, na
Companhia de Guiseppe Bastos, fazendo aqui as suas primeiras rábulas de
maior responsabilidade. O ano seguinte marca a sua entrada em grandes
elencos de teatro de revista, como actor, ensaiador coreográfico e autor.
Da vastíssima participação no teatro de revista destacamos, entre
outras, a sua entrada naquelas em que Carlos Coelho se desdobrou em
diversas formas de actuação: Ó Ai Ó Linda, 1947; Ó Papão, Vai-te
Embora, 1951; Lisboa Antiga, 1953; Mãos No Ar, 1954; Não Faças Ondas,
1956; Há Horas Felizes e Casa da Sorte, 1957; Vamos à Lua, Lisboa Em
Festa e Vinho Novo, 1958; Delírios de Mulher, 1959; Está Bonita a
Brincadeira, A Vida é Bela e Quem Sabe…Sabe, 1960; Bate O Pé! 1961;
Forrobodó, 1962; Ena, Tantas! 1963; O Que é Bom É P’ra Se Ver!, 1963;
Zero, Zero Zé, Ordem Para Pagar, 1966; De Vento Em Popa e Arroz de
Miúdas, 1968; Peço a Palavra, 1969; E o Zé Faz Tudo, 1970; Viva a
Pandilha, 1972; Ó Pá, Pega na Vassoura!, 1974; Põe-te na Bicha, 1978;
Rei, Capitão, Soldado, Ladrão, 1979; Mais Vale Sá Que Mal
Acompanhado!, 1980; Ó Zé Arregala a Taxa, 1981; Ó Patego Olha o
Balão!, 1980 e É Tudo a Roubar, levada à cena em 1984.
Carlos Coelho trabalhou com os mais destacados artistas do seu
tempo. Participou nas operetas: As Três Valsas, 1951; A Rosinha dos
Limões, em 1954 e Campinos, Mulheres e Fado, no ano de 1961. Integrou
os elencos das comédias: Dois Num Guarda Vestidos, levada à cena em
1973; As Coisas que o Padre Faz, 1976 e Desculpa Ó Caetano, 1977.
Foi empresário teatral, primeiro numa parceria com Humberto
Madeira e Raul Solnado no Teatro Capitólio e, por último, sozinho, no
mesmo teatro. Entrou também em diversos programas de televisão,
designadamente: Quando Portugal Canta, 1958; Sol E…Dotes, 1958;
Silêncio…Vai-se Cantar o Fado, 1958; Melodias de Sempre, 1967;
Ricardina e Marta, telenovela; O Mistério, Misterioso; Caixa Alta;
Napoleão Meu Amor; Quem Manda Sou Eu; A Árvore; Telhados de Vidro,
telenovela; Mariana, Mariana; Altar dos Holocaustos; Roseira Brava,
telenovela; Queridas e Maduras; Pensão Estrela; Lelé e Zequinha; e de O
Resto São Cantigas, em 2 episódios.
191
COELHO, Eduardo
Eduardo Coelho Júnior nasceu em Lisboa em 1863, onde faleceu a
198.
Era filho do jornalista e escritor Eduardo Coelho, que fundou e dirigiu
o jornal Diário de Notícias.
Escreveu diversas comédias em 1 acto para o Teatro do Ginásio e
Teatro D. Amélia, nomeadamente: Uma Lição, As Ideias do Braz, O Herói
de Cacilhas, Um Dia na Outra Banda, Por Causa de Um Anúncio,
Pobreza, Miséria & Cª; as comédias em 3 actos: Ratoeira Matrimonial,
Ares da Serra, Os Dois Irmãos, O Ministro da Água-Furtada, a comédia
em verso Notícias da Última Hora, o melodrama O Coxo do Bairro Alto,
representada em 1904 no Teatro do Príncipe Real.
Em colaboração com Júlio Rocha escreveu a comédia em 2 actos, Os
Remorsos do Anicleto, em 1887 e, com Pedro Pinto, uma paródia à ópera
Aida, que foi levada à cena em 1904, no Teatro da Trindade, com o título A
Preta do Mexilhão.
COELHO, Luís Cândido Furtado
O actor, encenador e empresário, Luís Cândido Furtado Coelho,
nasceu em Lisboa em 28 de Dezembro de 1831, onde faleceu a 13 de
Fevereiro de 1900.
Como autor, teve a sua estreia com o drama O Agiota, em 1855. Logo
no ano seguinte vai para o Brasil, estreando-se nos palcos em 1857, em
Porto Alegre.
Em 1958 fixa-se no Rio de Janeiro, vindo ali a construir dois teatros,
um em 1870 e, o outro, em 1880, um deles em homenagem à actriz
portuguesa Lucinda Simões, com quem havia casado em 1872.
Retirou-se da vida teatral em 1889 e, em 1899, regressou a Lisboa
doente e na miséria. Escreveu também as seguintes peças: O Actor e a
Actriz, 1886; O Bom Anjo da Meia-noite, 1877; Misérias Humanas, 1878 e
De 13 de Maio a 15 de Novembro, 1890. Compôs as partituras de várias
operetas e mágicas, entre as quais A Pêra de Satanás.
COELHO, Pereira
José Pereira Coelho nasceu em Elvas em 1879 e faleceu em Lisboa no
ano de 1963.
Foi oficial do exército, jornalista e autor de várias revistas e da
comédia em 3 actos O Diabo Azul, representada no Teatro Nacional D.
Maria II em 1932, escrita em colaboração com Gustavo de Matos Sequeira,
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que foi o seu mais assíduo colaborador. No mesmo teatro estreou em 1934
o Auto da Boca do Inferno e, em 1937, a peça infantil Pimpinela, escrita
em parceria com Norberto Lopes.
No teatro ligeiro é de assinalar a célebre revista 31, o maior êxito de
todos os tempos do nosso teatro ligeiro, de que foi co-autor. Mais de trinta
peças ilustraram depois, a carreira deste autor que soube, realmente, ser
popular. Êxitos como O Dominó, O Céu Azul, O Ziguezague, A Espiga, O
Negócio da China, O Sete e Meio e tantas outras revistas, provam que
Pereira Coelho era exímio nesta arte.
COIMBRA, Fernanda
A actriz Fernanda Lavrador Coimbra nasceu em Lisboa no dia 14 de
Junho de 1903 e faleceu no ano de 1991.
Cursou o Conservatório Nacional de Lisboa até 1921, na Escola de
Música, tendo dado vário concertos com o seu professor Sousa Coutinho,
“Chico Redondo”. Cursou durante 4 anos aulas de violino e piano, tendo
sido notada num concerto que aquele professor deu. Foi, depois, convidada
por Eduardo Raposo, estreando profissionalmente no dia 21 de Maio de
1923, no Teatro do Entroncamento.
As principais produções teatrais onde participou, foram: Solar dos
Barrigas, Rosas da Virgem, A Sogra de Meu Marido, A Viúva Alegre,
Mercado de Donzelas, Eva, Gaviões, Moça de Campanillas, Mouraria e
Gaviões.
Representou numa grande variedade de palcos do Brasil, África,
Açores, Madeira; como sejam o Teatro Carlos Alberto, Sá da Bandeira e
Águia de Ouro, do Porto; Palácio Faz, Apolo, Variedades, Avenida,
Coliseu dos Recreios e Teatro Maria Vitória, em Lisboa.
COLAÇO, Amélia Rey
Esta actriz nasceu em Lisboa a 2 de Março de 1898, onde faleceu no
dia 8 de Julho de 1990.
Era filha do pianista Alexandre Rey-Colaço e estreou-se no teatro em
1917, com 19 anos de idade obtendo, desde logo, enorme êxito. Em 1929,
constituiu, com seu marido, o actor Robles Monteiro (1885-1958), a
Empresa Teatral Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, à qual, naquela
data, foi concessionado o Teatro Nacional D. Maria II, nele permanecendo
até 1966, apenas com algumas interrupções na realização de tournées.
193
Versátil, inteligente, culta, esta actriz-empresária procurou com
dignidade e elevação, manter a linha conservadora do teatro em Portugal.
Pela sua actividade como empresária, recebeu do Governo diversos
louvores, como a Comenda da Ordem da Instrução e o Oficialato de
Santiago. Em 1949 publicou, com Robles Monteiro, o livro Vinte Anos no
Teatro Nacional.
A sua companhia de teatro começou a funcionar no Teatro Nacional
em 1921 e integrava alguns dos melhores artistas da cena portuguesa,
montando com qualidade inúmeras peças como Zilda, de Alfredo Cortez;
Marianela, dos Irmãos Quintero, segundo o romance de Pérez Galdós;
Entre Giestas, de Carlos Selvagem; Amanhecer de G. Martinez Sierra;
Jerusalém de Georges Rivolet; Os Lobos, de João Correia de Oliveira e
Francisco Lage; O Regresso, de Robert de Flers e Francis Croisset.
No início de Maio de 1922, a Companhia fixou-se no Teatro
Politeama, onde ficou até 1926. Nesse período levou à cena as seguintes
produções: As Asas Quebradas, de Pierre Wolff; A Menina Virtuosa, de
António Paso e Joaquim Abati; O Segredo, de Henri Bernstein; A Rival, de
Henry Kiestmaeckers e Eugène Delard; As Flores e Porque Sim dos Irmãos
Quintero; Cautela com a Fernanda, de Gutierrez Roiz; A Dama das
Camélias, de Alexandre Dumas Filho; Rosa Maria, de Tristan Bernard e C.
Henri Hirsh; Canção do Berço, de Gregório y Maria Martinez Sierra; O
Entremez da Muda Casada, de Anatole France; A Emboscada, de Henry
Kiestemaeckers; Mamã Colibri, de Henri Bataille; Ninho de Águias, de
Carlos Selvagem; O Outro Eu, de Henri Hennequin e Duval; A Ribeirinha,
de Francisco Lage e José Correia de Oliveira; As Pragas, de Francisco
Lage; A Castro, de Júlio Dantas; O Herdeiro, de Carlos Selvagem; Que
Pena Ser Só Ladrão, de João do Rio; Uma História de Boneca, de Ester
Leão; A Luva de Ricardina, de Ricardo Durão; A Filha de Lázaro, de
Chianca de Garcia e Noberto Lopes; O Presidiário, de A. Pinto de
Almeida; O Lodo e À LÁ FÉ!...,de Alfredo Cortez; Ordem de Marcha, de
Laurent Doillet; O Câmbio...Do Marcos, de A. Tout Coeur; As Virtudes da
Germana; de Paul Armonte e Marcel Gerbidon; O Pombo Mariola, de
Chagas Roquete; Cristalina e Sangre Gorda, dos Irmaõs Quintero; Greve
Geral, de Joaquín Vicente Filho e António Paso Filho; A Ondina, de Marco
Praga; A Migalha, de Dario Niccodemi; Almas Sem Rumo, de Giuseppe
Giacosa; À Luz Dum Vitral, de Veva de Lima; É Preciso Viver!, de Luis
Oliva y Lafuente; A Mulher Nua, de Henri Bataille; Vem Cá, Não Tenhas
Medo, de Lino Ferreira e Nascimento Fernandes; A Massaroca, de Pedro
Muñoz Seca, Pedro Perez Fernandez; A Aigrette e A Hora Imaculada, de
Dario Niccodemi; Os Velhos, de D. João da Câmara; Mademoiselle Blá, de
Leopoldo Ferreira; O Chapéu de Coco, de Henrique Roldão; Quando o
Amor Acaba, de Pierre Wolff e Henri Duvernois; Raparigas de Hoje, de
194
Paul Armonte e Marcel Gerbidon; A Tentação, de Charles de Mère; Não Te
Melindres Beatriz, de Carlos Arniches e Joaquín Abati; Um Drama
Policial, de Munõz Seca e Perez Fernandez; Sonor Mariana, A Severa e O
Rendez-Vous Amarelo, de Júlio Dantas; O Auto do Fim do Mundo, de
António Correia de Oliveira; À Última Hora, de Tito Arantes; O Segredo
dePolichinelo, de Pierre Wolff; Jim, O Rei dos Gatunos, de Jean Guiton;
Salomé, de Oscar Wilde; Sonho de Uma Noite de Verão, de G. Martinez
Sierra; A Petiza do Gato, de Carlos Arniches; O Caso do Dia, de Ramada
Curto.
No ano de 1927, a Companhia de Amélia Rey Colaço – Robles
Monteiro, passa pelos palcos do Teatro Ginásio, Teatro Micaelense (S.
Miguel, Açores) e Teatro Municipal no Rio de Janeiro. Neste ano leva à
cena: Condessa Maria, de Luca de Tena; Actualidades X.P.T.O, de Lino
Ferreira, Xavier de Magalhães e Silva Tavares (revista de Carnaval); Os
Milhões de Monty, de Luís de Olive e Pascual de Frutos; A Sorridente, de
Denys Amiel e André Obsey, e O Milhafre, de Armando Cortes Rodrigues,
para além de várias reposições.
A estada da Companhia no Teatro da Trindade em 1928 e 1929, leva à
cena, entre outras, as seguintes produções: Demónio, de Ramada Curto; O
Rei do Ouro, de Carlos Arniches e António Estreméra; Os Três Ratões, de
Paul Armonte e Marcel Gerbidon; Lagarto...Lagarto, de Lino Ferreira e
Álvaro Santos; A Boa Estrela, de Paul Gavault e André Mouézi-Éon;
Cravos de Papel, de Lino Ferreira, Nascimento Fernandes e Silva Tavares
(revista); Casas Comigo, de Louis Verneuil; Brás Cadunha, de Samuel
Maia; Auto Pastoril Português, de Gil Vicente; Romance, de Edward
Sheldon, na versão de Robert de Flers, Francis de Croisset; Heróis do Mar,
de Bach Arnold; O Hotel do Gato Preto, de George Feydeau; Caras e
Caretas, de Lino Ferreira, Silva Tavares, Lopo Lauer e Vasco de Matos
Sequeira (revista de Carnaval); Topaze, de Marcel Pagnol; Peraltas e
Sécias, de Marcelino Mesquita. No ano de 1928 a Companhia desloca-se
ainda ao Teatro Sá da Bandeira, do Porto, com a peça Primerose, de Robert
de Flers e Gaston de Gaillavet e Castro de Júlio Dantas. No ano de 1929,
desloca-se novamente ao Rio de Janeiro, ao Teatro Lírico, com a peça O
Processo de Mary Dugan, de Bayard Veiller.
Novamente nas instalações do Teatro Nacional de Almeida Garrett, a
partir do dia 30 de Dezembro de 1929, com a peça Peraltas e Sécias,
desenvolve a construção de um reportório nacional e do grande teatro
mundial, passando por aquela sala de espectáculos, muitas e muitas peças,
a partir de 1930, entre elas: A Boneca e os Fantoches, O Diabo em Casa,
Sol Poente, Três Gerações, O Perfume do Pecado, Recompensa, Sua
Alteza, de Ramada Curto; O Auto do Busto, de Marcelino Mesquita;
Pegadas na Areia, de Lourenço Rodrigues e Álvaro Leal; O Café do
195
Felisberto, de Tristan Bernard; Falar Verdade a Mentir, Frei Luís de
Sousa, O Tio Simplício, O Alfageme de Santarém, A Sobrinha do Marquês,
de Almeida Garrett; Um Anjinho da Pele do Diabo, de Eugène Scribe;
Almas de Mulher, Allô...20379, de Gustavo de Matos Sequeira;
Degredados, de Virgínia Vitorino; O Veio de Ouro, de Guglielmo Zorzi;
Revolução, de Henrique Galvão e Francisco Leite Duarte; Além Mar, de
Marcel Pagnol; Nós Já Não Somos Crianças, de Leopold Marchand; O
Homem Que Assassinou, de Pierre Frondaie; Carnaval, de Matheson Lang
e M. Harding; Auto da Barca do Inferno, Farsa do Velho da Horta,
Trigicomédia Pastoril da Serra da Estrela, Todo o Mundo e Ninguém do
Auto da Lusitânia, O Pranto da Maria Parda, O Monólogo do Vaqueiro,
Amadis De Gaula, Súplica de Cananeia, Exortação da Guerra, Auto de
Mofina Mendes, A Farsa de Inês Pereira, Oração à Virgem Pela Morte de
D. Manuel, Auto da Alma, de Gil Vicente; O Festim de Baltazar, Sua
Excelência, de Gervásio Lobato; Uma Garota Sem Importância, de Paul
Armonte e Marcel Gerbidon; Actualidades Sonoras, Como Se Faz Um
Homem, Portugal Independente (textos de Camões, Garrett), Pudim de
Pasteleiro, de Henrique Galvão; Domus, Os Gladiadores, Tá Mar, As
Saias, de Alfredo Cortez; Amor de Perdição, A Triste Viuvinha, D. Afonso
VII, de D. João da Câmara; A Fuga, de Henri Duvernois; A Volta, Manuela,
Vendaval, de Virgínia Vitorino; A Conspiradora, Perdoai-nos Senhor, de
Vasco de Mendonça Alves; Um Serão Romântico, O Diabo Azul, Auto de
S. João, de Gustavo de Matos Sequeira; Dinis e Isabel, de António Patrício;
Um Sonho, Mas Talvez Não, de Luigi Pirandello; Teonor Teles, Uma
Anedota, de Marcelino Mesquita; A Severa, A Ceia dos Cardeais, de Júlio
Dantas; Pedro ou Jack?, de Francis de Croisset; S. João Subiu ao Trono, de
Carlos Amaro; Ciclone, de W. Somerset Maugham; A Dançarina
Vermelha, de Charles-Henri Hirsh; 1808 (JUNOT), de Reinaldo Ferreira
(Repórter X); Filodemo, Os Anfitriões, de Luís de Camões; Quando Manda
o Coração, de Bento Mântua; Dona Formiga, Oiro de Lei, Cinco Lobitos,
Quanta Vez a Gente Ri..., dos Irmaõs Quintero; Fascinação, Camaradas,
de Virgínia Vitorino; O Doutor Sovina, de Manuel Rodrigues da Maia;
Terra de Ninguém, de François de Curel; As Guerras do Alecrim e
Manjerona, Vida do Grande D. Quixote De La Mancha e do Gordo Sancho
Pança, de António José da Silva (O Judeu); Assembleia ou Partida, de
Pedro António Correia Garção; O Homem das Calças Pardas, de Manuel
Morcillo, Victor Garibano e António G. Alvarez; El Baile de Luiz Alonso,
de Javier de Burgos; O Aniversário do Armistício, de José Eduardo; Uma
Bela Aventura, de Robert de Lers, Gaston de Caillavet e Etiènne Rey; Seja
Feita a Sua Vontade, de Muñuz Seca; Os Dois Surdos, de Manuel
Roussado; Quem Desdenha..., de Manuel Pinheiro Chagas; As Duas
Bengalas, de Ricardo José de Sousa Neto; Vida e Doçura, de Martinez
Sierra e Santiago Russiñol; D. Sebastião, Um Ensaio de Apuro, Uma
196
Mulher e o Mesmo Homem, de Tomás Ribeiro Colaço; O Pardalito, de
Sabatino Lopez; Marido à Força, O Ai Jesus, de Carlos Arniches; Tragédia
do Silêncio, de Nascimento Fernandes; Cinco Milhões, de Louis Verneuil;
Aquela Noite, de Lajos Zilaehy; O Mestre, de Henri de Rotschild; O MataMouros, de Muñoz Seca; O Auto da Boca do Inferno, de Gustavo de Matos
Sequeira e Pereira Coelho;
A Serpente, de Armando Moock;
Mademoiselle, de Jacques Deval; Juramento de Amor, de Alfredo da
Cunha; A Castro, de António Ferreira; Auto de Santo António, de Gustavo
de Matos Sequeira, segundo Afonso Álvares; A Viagem Maravilhosa, de
Gustavo de Matos Sequeira, Pereira Coelho e Hugo Rocha; Nobre Povo, de
João Bastos; Meninas, de Vasco de Mendonça Alves; O Solar dos
Barrigas, de Gervásio Lobato e D. João da Câmara; Ondas Curtas, de
António Portalegre; Desencontro, de Armando Vieira Pinto; O Pai da
Menina, de Muñoz Seca e Perez Fernandez; Madre Alegria, de Luiz
Fernandez de Sevilla e Rafael Sepúlveda; A História da Carochinha, A
Feira do Diabo, de Eduardo Schwalbach; Auto da Fundação das Caldas,
de Silva Tavares; O Inimigo, de Cristiano de Lima; Maria Migalha, Mola
Real, de Virgínia Lopes de Mendonça e Laura Chaves; A Melodia do JazzBand, de Jacinto Benavente; A Mãe, de Santiago Rusiñol; O Senhor Conde,
de Yvan Noe e H. de Vere Stackpoole; O Velho de Oiro, de Henrique
Galvão e Silva Tavares; A Gata Borralheira, de Eduardo Garrido e Lino
Ferreira; Isabel, Rainha da Inglaterra, de André Josset; O Morgado de
Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco; Feira do Livro, de Lino
Ferreira, Fernando Santos e Xavier de Magalhães; O Chefe, de James M.
Barrie; O Outeiro ou os Poetas Afinados, de Pedro António Ferreira; O
Chocalho Dos Anos de D. Lesma, de Leonardo José Pimenta e Anjos;
Telmo, O Aventureiro, Encruzilhada, de Carlos Selvagem; Loucura de
Amor (Joana a Doida), de Manuel Tamayo y Baus; Férias da Páscoa, de
Romain Coolus; La Verbena De La Paloma, de Ricardo de la Vega; Atrás
do Reposteiro, de João Villaret e Maria Clementina; Maria Stuart, de
Friedrich Schiller; As Três Helenas, de Armando Moock; Pimpinela, de
Pereira Coelho e Norberto Lopes; Riquezas da Sua Avó, de Luiz Vargas; A
Nódoa Negra, de André Birabeau; Disraeli, Um Judeu, de Raimundo
Magalhães Júnior; Schérazade, de Guilherme de Almeida; Simila
Similibus, de Júlio Diniz; Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Carlos
Borges, segundo o romance de Júlio Diniz; O Criado-Patrão, de Paul
Armonte e Leopold Marchand; Pão de Ló, O Conde Barão, de Ernesto
Rodrigues, João Bastos e Félix Bermudes; A Nossa Revista, de Maria
Clementina e João Villaret (revista de Carnaval/1940); Tempos Modernos,
de Olga Alves Guerra; O Fidalgo Aprendiz, de D. Francisco Manuel de
Melo; Fogo de Palha, de Augusto Costa; O Paço de Portuledo, de João
Correia de Oliveira; O Padre Setúbal, de Maurice Maeterlink; A Lei do
Coração, de Manuel Fragoso; Auto da Fundação, de Ramiro Guedes de
197
Campos; Nortada, de Emília Tavares, João Reis e Mário Duque; O Espelho
de Três Faces, de André Birabeau; Um Homem Admirável, de Pierre
Chaine segundo a peça de Jean de Ladislau; Maria Rita, de Teresa do
Canto (Mariana Rey Monteiro); Sonho de Uma Noite de Verão, de William
Shekespeare; Horizonte, de Manuel Frederico Pressler; A Madrinha de
Charley, de Brandon Thomas; Diz-Se Por Música, de João Villaret e
Lucien Donnat; La Revoltosa, de José Lopez Silva e Carlos Fernández
Shaw; O Rosário, de Alexandre Charles Auguste, André Bisson, segundo
Florence Barday; Coristas, de Armando Viera Pinto; Gente Nova, de Henry
Bernstein; O Relógio e o Tempo, de Anthony Armstrong; O Outro Eu, de
Henri Hennequin.
No ano de 1943, a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro,
leva ao Teatro do Ginásio, no 20 de Janeiro de 29 de Dezembro, a peça O
Desaparecido, de Olga Alves Guerra, estreando ainda no Teatro Nacional
as produções: Electra e os Fantasmas, de Eugene O`Neill; Labirinto, de
Manuel Frederico Pressler; As Sabichonas, de Molière; Pátria, de Vasco de
Mendonça Alves; Dois e Dois Cinco, de W. Somerset Maugham;
Centenário do Frei Luís de Sousa (constituído por duas versões); João
Pateta, de Teresa do Canto (Mariana Rey Monteiro); Israel, de Henry
Bernstein, para além de várias reposições, levadas à cena nas tounées de
Outubro e Novembro.
Até 1964 a Companhia continua no Teatro Nacional a prestar um
serviço de teatro ao país, nunca igualado por qualquer outra companhia
portuguesa, exemplo ímpar que não se deve esquecer-se. Do vasto rol das
suas estreias, por vezes ao ritmo de duas por mês, destacamos as seguintes
produções: Dulcineia ou a Última Aventura de D. Quixote, Balada de
Outono, Espada de Fogo, Entre Giestas, O Anjo Rebelde, de Carlos
Selvagem; A Bisbilheteira, Os Postiços, As Duas Máscaras, de Eduardo
Schwalbach; Auto da Feira, Farsa do Juiz da Beira, Auto da Cananeia,
Quem Tem Farelos, Auto da Índia, Breve Sumário da História de Deus,
Auto da Visitação, Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do
Purgatório, Auto da Barca da Glória, de Gil Vicente; Trovaritch, de
Jacques Deval; Auto de El-Rei Seleuco, de Luís de Camões; Raça, de Rui
Correia Leite; Ascensão de Joaninha, de Gerhart Hauptmann; O Ausente,
Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d`Arcos; O Leque de Lady
Windermere, Um Marido Ideal, de Óscar Wilde; Figuras Vicentinas,
evocação de Gustavo de Matos Sequeira; O Anão Gigante, de Ilda Correia
Leite; Auto da Pastora Perdida e da Velha Gaiteira, de Santiago Prezado;
Othello ou o Mouro de Veneza, Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e
Julieta, Macbeth, de William Shakespeare; Casa de Pais, de Francisco
Ventura; Os Maridos Peraltas e as Mulheres Sagazes, de Nicolau Luís da
Silva; Vidas Sem Rumo, de Olga Alves Guerra; Zilda, Tá Mar, Saias, de
198
Alfredo Cortez; Os Maias, de José Bruno Carreiro, segundo o romance de
Eça de Queiroz; Férias, de Maria Luz Regas e Juan Albornoz; Napoleão,
de Paul Reynal; É Preciso Viver, de Luís Oliva y La Fuente; À Lareira do
Pecado, de Pedro Alvelos; O Alcaide de Zalamea, de Pedro Caldéron de La
Barca; Antígona, de Sófocles, segundo Júlio Dantas; Era Doce e
Amargava, O Amor Precisa de Escola, de Jacinto Benavente; Pé de Vento,
dos Irmãos Quintero; O Grande Advogado, de Joaquim Sabino de Sousa;
Alcipe (Marquesa de Alorna), Prólogo Duma Grande Vida (Garrett), de
Teresa Leitão Barros; Frei António de Chagas, Outono em Flor, A Ceia
dos Cardeais, de Júlio Dantas; A Hospedeira, de Carlos Goldoni; Milagre,
de Armando de Lacerda; Os Velhos, Casamento e Mortalha, Meia Noite,
de D. João da Câmara; A Casa, de José Maria Péman y Permartín; O Rapaz
de Hoje, de Roger Ferdinand; Lisboa, de Gustavo de Matos Sequeira,
segundo Jorge Ferreira de Vasconcelos; Benilde ou a Virgem Mãe, de José
Régio; Peraltas e Sécias, O Regente, de Marcelino Mesquita; Entremez Del
Retablo De Las Maravillas, de Miguel Cervantes; A Casa de Bernarda
Alba, de Federico Garcia Lorca; O Comissário de Polícia, de Gervásio
Lobato; A Águia de Duas Cabeças, de Jean Cocteau; As Duas Bengalas, de
Ricardo José de Sousa Neto; Os Dois Surdos, de Jules Moineaux; Um
Anjinho da Pele do Diabo, de Eugène Scribe; A Marechala, de Alphonse
Lemonnier e Jean-Louis Péricaud; As Meninas da Fonte da Bica, A Voz da
Cidade, de Ramada Curto; As Aventuras do capitão Bonifrate, de Pedro
Lemos e António Tavares; O Bastardinho, de Maurice Bradell e Anita
Hart; Essa Mulher!, de Cesare Giulio Viola; O Avarento, As Velhacarias de
Scapin, O Tartufo, de Molière; As Duas Madalenas, A Volta (Episódio em
verso), de Gustavo de Matos Sequeira; A Senhora das Brancas Mãos, As
Árvores Morrem de Pé, Sete Gritos no Mar, A Terceira Palavra, Dona Inês
de Portugal, de Alejandro Casona; A Comédia da Morte e da Vida, de
Henrique Galvão; O Cardeal Primaz, de Herald Van Leyden; A Herdeira,
de Ruth & Augustus Goetz; Lady Frederick, de W. Somerset Maugham;
Nau Catrineta, A Menina do Capuchinho Vermelho, de Alice Gomes; A
Noiva Sem Rumo, Guerra Fria, de Francisco Mata; Filomena Marturano,
de Eduardo de Filippo; Crime e Castigo, de Rodney Ackland; O Vestido da
Noiva, de João Gaspar Simões; Doidos Com Juízo, de Jacoby e Lanfs; O
Milagre do Ouro, de José Lúcio; O Casaco Encantado, de Lucia Benedetti;
Trapo de Luxo, de Costa Ferreira; A Canção do Berço, de Gregório y Maria
Martinez Sierra; O senhor Roubado, de Chagas Roquete; A Menina Tonta,
de Lope de Vega; Castelos no Ar, de Jean Anouilh; A Taça de Oiro, de
Olavo d`Eça Leal; Rapaziadas, de Victor Ruiz Iriarte; Casaco de Fogo, de
Romeu Correia; O Filho Pródigo, de Isabel Nóbrega; A Hora da Fantasia,
de Anna Bonacci; Prémio Nobel, de Leitão de Barros, Fernando Santos e
Almeida Amaral; Para Cada Um Sua Verdade, de Luigi Pirandello; A
Muralha, de Joaquín Calvo Sotelo; Avó Lisboa, de Leitão de Barros;
199
Saudade, de Henrique Lopes de Mendonça; Santa Joana, de G. Bernard
Shaw; Clara Bonita, de Pedro Lemos; Alguém Terá de Morrer, O dia
Seguinte, de Luíz Francisco Rebello; Direito de Família, de Diego Fabbri;
Amor à Antiga, de Augusto de Castro; O Revisor, de Nicolau Gogol;
Castro, de António Ferreira; A Ferida Luminosa, de José Maria de Sagarra;
As Bruxas de Salém, Do Alto da Ponte, de Arthur Miller; O Vendedor de
Rebuçados, de Thais Bianchi; A Floresta Encantada, de Elvira de Freitas;
Comediantes, de Guy Bolton; Uma Mulher Extraordinária, de John
Patrick; O Processo de Jesus, de Diego Fabbri; Intrigas e Amor, de
Friedrich Schiller; O Lugre, de Bernardo Santareno; Diálogos das
Carmelitas, de Georges Bernanos; A Menina Júlia, de August Strindberg;
A Sapateira Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca; A Visita da Velha
Senhora, de Friederich Durrenmatt; Maribel e a Estranha Família, de
Miguel Mihura; Ponto de Vista, de Varela Silva; D. Henrique de Portugal,
de João Osório de Castro; A Nova Vaga, de Pierre Barillet; Madame SansGêne, de Victorien Sardau e Émile Moreau; O Consultório, de Augusto
Sobral; O Pescador à Linha, de Jaime Salazar Sampaio; O Alfageme de
Santarém, de Almeida Garrett; Blusões Negros, de João Osório de Castro;
Eva e Madalena, de Ângelo César; Oito Mulheres, de Robert Thomas;
Furacão Sobre o Caine, de Herman Wouk; Sorriso de Pedra, de Pedro
Bloch; O Sr. Biederman e os Incendiários, de Max Frish; A Peliça de
Castor, de Gerhart Hauptmann; La Condessa, de Maurice Druon; O Braço
de Justiça, de Joaquim Paço d`Arcos; Delírio, de Charles Peyret; O Hábito
de Morrer, de Afonso Botelho; Divinas Palavras, de Ramón del ValleInclán; A Espada de Cristal, de Fernanda de Castro. Ao longo daquele
período a companhia ainda manteve presença em vários teatros, para além
das habituais tournées, designadamente no ano de 1949, no Teatro da
Trindade, com os espectáculos: A Luz do Gás, de Patrick Hamilton; A
Raposa Azul, de Ferec Herczeg; Miss Mabel, de R. C. Sherriff; no Estrela
Hall, com a peça Curva Perigosa, de J. B. Priestley; no Teatro São Luís,
com Um Eléctrico Chamado Desejo, de Tennessee Williams.
Em consequência do incêndio que destruiu grande parte do material
de cena pertencente à empresa (cenários, guarda-roupa, acessórios,
arquivos), ocorrido no dia 2 de Dezembro de 1964 a companhia abandona o
Teatro Nacional, recomeçando no Coliseu dos Recreios, no dia 15 de
Dezembro do mesmo ano com a peça Macbeth, de Shakespeare, indo
depois para o Teatro Avenida, onde estreou a 6 de Fevereiro de 1965, O
Motim, de Miguel Franco. Por ordem superior foi retirada de cena ao fim
de cinco representações, o que motivou um veemente protesto contra a
Censura, subscrito por mais de uma centena de escritores e artistas. A
Companhia manteve-se neste Teatro até finais de 1967, levando à cena,
entre outras, as seguintes produções: Ciclone, de S. Maugham, Duas
Dúzias de Rosas Vermelhas, de Aldo Benedetti; Apesar de Tudo, de
200
Philippe Hériat; Sim Quero!, de Alfonso Paso; A Escada, de Jorge
Andrade; As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona; Auto da Festa,
Farsa do Velho da Horta,Pranto da Maria Parda, Auto da Índia, de Gil
Vicente; Os Velhos, de D. João da Câmara; A Bela Impéria, de Carlos
Selvagem; Isabel de Inglaterra, de André Josset; O Príncipe do Meu
Bairro, de Varela Silva; O Emigrado, de Georges Schéade; Senhora na
Boca do Lixo, de Jorge Andrade; As Profecias do Bandarra, de Almeida
Garrett; O Camarada Miussov, de Valentin Kataiev; O Príncipe Constante,
de Pedro Calderón de La Barca; A Visita da Velha Senhora, de Friedriche
Durrenmatt; Equilíbrio Instável, de Edward Albee; Feliz Aniversário, de
Harold Pinter.
Com o incêndio havido no Teatro Avenida, no dia 13 de Dezembro de
1966, a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, vê-se de novo
obrigada a mudar para outro espaço teatral. Desta vez vem para o Teatro
Capitólio onde permanece até ao fim do ano de 1970. Leva à cena as
seguintes produções: A Volúpia de Honra, de Luigi Pirandello; A
Locomotiva, de André Roussin; As Três Perfeitas Casadas, de Alejandro
Casona; Tango, de Slawomir Mrozek; Frei Luís de Sousa, de Almeida
Garrett; Os Visigodos, de Jaime Salazar Sampaio; A Esfera Facetada, de
Nuno Moniz Pereira; O Segundo Tiro, de Robert Thomas; O Pecado de
João Agonia, de Bernardo Santareno; O Cravo Espanhol, de Romeu
Correia; A Celestina, de Fernando Rojas; Tchau, de Marc-Gilbert
Sauvajon.
De novo a companhia muda de espaço, agora para o teatro da
Trindade, onde se fixa até ao início de 1974. Neste período estreia além de
outras peças, as seguintes produções: O Último Inquilino, O Rei Está a
Morrer, de Eugène Ionesco; O Duelo, de Bernardo Santareno; Calígula, de
Alberto Camus; A Farsa dos Almocreves, Clérigo da Beira, de Gil Vicente;
A Gaivota, de Anton Tchekov; Hedda Gabler, de Henrik Ibsen; Anfitriões,
de Luís de Camões; Adriano VII, de Peter Luke; O Concerto de Santo
Ovídio, de António Buero Vallejo; Sábado, Domingo e Segunda, de
Eduardo Fillippo.
Por último, a companhia muda-se para o Teatro de São Luís. No mês
de Abril de 1974, ensaia Os Desesperados, de Costa Ferreira, com
encenação do próprio, peça que então se encontrava proibida pela censura.
Em 30 de Abril, Costa Ferreira manda retirar a sua peça de ensaios. A
companhia inicia os ensaios d’O Motim, de Miguel Franco, peça que fora
retirada pelo Ministério do Interior em 1965. Alguns dias depois, Amélia
Rey Colaço decide suspender a sua actividade teatral e acaba com a
companhia Rey Colaço – Robles Monteiro.
201
COLAÇO, Branca de Gonta
Branca de Gonta Colaço nasceu em Lisboa em 1880, onde faleceu no
ano de 1945.
Data de 1907, com o volume Matinas, a sua estreia, que a crítica
recebeu com muito agrado. Vieram depois Canções do Meio Dia, 1912; À
Margem das Crónicas, 197; Hora da Sesta, 1918 e Últimas Canções, em
1926. Foi também uma distinta conferencista.
Esta poetisa escreveu para o teatro o Auto dos Faroleiros,
representado no Teatro Nacional D. Maria II em 1922 e A Comédia da
Vida, em colaboração com a actriz Aura Abranches, que a interpretou em
1930 no Teatro Avenida.
COLAÇO, Tomás
Tomás Jorge Raimundo Ribeiro Colaço nasceu em Lisboa, em 3 de
Novembro de 1899 e faleceu no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.
Filho de Jorge Colaço e de Branca de Gonta Colaço, formou-se na
Faculdade de Direito de Lisboa. Foi Secretário das Juventudes
Monárquicas. Fundou e dirigiu, a partir de 1934, o semanário literário
Fradique. Fixou-se no Brasil em 1940.
Estreou-se com Primeiros Versos em 1919.
Jornalista, romancista e autor dramático, a sua obra compreende, neste
último campo, além de várias traduções e revistas, as comédias Duas
Chamas, estreada no Teatro Ginásio em 1931, de que ele próprio foi um
dos intérpretes, ao lado de Ester Leão. Segue-se A Estrangeira, escrita em
colaboração com Virgínia Vitorino, em 1932, também representada neste
teatro.
Escreveu também o poema dramático em 3 cantos e 12 jornadas, D.
Sebastião, cuja encenação de António Pinheiro, no Teatro Nacional, em
1933, utilizou pela primeira vez entre nós um palco rotativo. Foi
interpretado por Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches, Palmira Bastos e
Raul de Carvalho; Uma Mulher…e o Mesmo Homem, estreada no Teatro
Nacional em 19 de Novembro de 1938, com a interpretação de Palmira
Bastos, Samuel Diniz e Virgílio Macieira. Escreveu as revistas em 1 acto:
Há Horas para Tudo e Ensaio de Apuro, representadas no Carnaval dos
anos de 1932 e 1937. A primeira, foi escrita em parceria com Fernando
Ávila e Álvaro de Andrade. A música era de Frederico de Freitas e António
Melo.Foi estreada no Teatro do Ginásio. A segunda foi estreada no Teatro
Nacional D. Maria II.
Em colaboração com Chianca de Garcia escreveu a revista Água Vai,
com música de Frederico de Freitas e António Melo, estreada no Teatro da
Trindade em 1937.
202
Foi autor das traduções: O Câmbio de Marcos, de F. Gandéra,
estreada no Teatro Politeama em 1923; A Noite Louca e O Deitar da Noiva,
levadas à cena no Teatro do Ginásio em 1931 e 1932, a última, em
colaboração com Álvaro de Andrade; Eusébio, de H. Duvernois, estreada
no Teatro da Trindade em 1931; O Pai Queiroz, de M. Seca, em
colaboração com Álvaro Andrade, levada à cena no Teatro do Ginásio em
1931 e A Melodia do Jazz-Band, de Benavente, estreada no Teatro
Nacional D. Maria II em 1936.
Escreveu o argumento e os diálogos do filme de Chianca de Garcia, O
Trevo de Quatro Folhas, realizado em 1936. Manteve no jornal Fradique,
de que foi director, uma secção independente de crítica teatral.
CONTREIRAS, Aníbal
O cineasta Aníbal Contreiras nasceu em Lisboa em 26 de Agosto de
1896, onde faleceu em 1993.
Iniciou a actividade profissional em 1917 como intérprete em Pratas
Conquistador, dando início a uma carreira que se estendeu por meio século.
Foi produtor e realizador. Realizou as longas-metragens: A Vida do
Soldado, 1930; Filigramas de Ouro, 1935.
Foi cine-repórter A Caminho de Madrid, 1936, sobre a Guerra Civil
Espanhola. Fundou o Sindicato Nacional dos Profissionais de Cinema e
esteve no lançamento do «jornal sonoro», Século Cinematográfico, 1932.
Foi co-produtor com Espanha em Rainha Santa, 1947 e Senhora de
Fátima, 1951 e com França, em Lavadeiras de Portugal, no ano de 1956.
CORDEIRO, Augusta
A actriz Augusta Cordeiro nasceu em 1868 e faleceu no ano de 1952.
A sua estreia teatral data do dia 12 de Março de 1892 no Teatro da
Trindade, em Lisboa, na representação da peça A Menina do Telefone, de
autoria de Desvillères e Serpette. No dia seguinte a crítica dizia maravilhas.
O crítico Melo Barreto dizia o seguinte: “A estreia de Augusta Cordeiro foi
a mais brilhante dos últimos tempos. Mil parabéns à gentil actriz, à
empresa da Trindade e ao teatro português”.
Durante duas épocas, Augusta Cordeiro impôs o seu trabalho de tal
forma, que a empresa do Teatro Nacional D. Maria II a chamou em 1894
para fazer parte do elenco. Estreou-se naquele teatro com a peça de D. João
da Câmara O Pântano, seguindo-se muitas outras, nomeadamente, a
Virgem Louca, uma das suas criações mais notáveis.
203
A nota elegante e notável distinção na forma de vestir, impuseram-na
como uma das mais atraentes figuras de mulher do teatro português da
época, vindo a interpretar as mais importantes figuras da história da
representação, como a que fez em o Pai Pródigo e que marcou
definitivamente o seu lugar no teatro.
CORDEIRO, Georgina
A actriz Georgina Cordeiro nasceu em Lisboa no dia 27 de Junho de
1905 e faleceu no ano de 1974.
Estreou-se em 15 de Dezembro de 1921 no Teatro Politeama na peça
Emigrantes, contratada pelo empresário Macedo e Brito. Entrou em: Uma
Mulher Sem Importância, Magda, Amor a Quanto Obrigas, Zázá, As
Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais, Morgadinha de
Vale Flor, Miss Franca, Feiticeira, Maria Antonieta, Malvalouca, 20
Milhões, Lisboa Sem Camisa, Mulher que Passa, A Dama das Camélias, A
Intrusa, Pirilau, O Mexilhão, Uma Mulher que Veio de Londres, Meio Dia
em Ponto, Lua Cheia, O Homem dos Sete Ofícios, O Tavares Rico, Novos e
Velhos, Viva a Folia, Viúva Gomes, Feijão Frade, A Feira da Alegria, O
Sr. Professor, Tabu, Joana a Doida, Bicha de Rabiar, Bate Certo, Sexo
Fraco, Marechala, Meninas Pires, A Tia Engrácia, O Liró, Fontes
Luminosas, A Milionária e Sempre em Pé.
Os principais teatros e companhias onde participou foram: Maria
Matos – Mendonça de Carvalho, no Teatro Avenida, Politeama, Lucília
Simões, Apolo; Maria Matos-Mendonça de Carvalho, Teatro de São
Carlos, Lucília Simões, Trindade, Palmira Bastos e São Luís; Teatro Maria
Vitória e Teatro Variedades, Companhia Hortense Luz, Politeama –
Artistas Associados, Maria Vitória, Companhia Maria das Neves.
CORDEIRO, José
José Joaquim de Rêgo Cordeiro nasceu em Lisboa em 2 de Setembro
de 1874 e faleceu no ano de 1927.
Diplomado pelo Instituto Industrial e Comercial, com o Curso
Superior de Comércio, foi nomeado Adido Extraordinário da legação, por
Decreto de 16 de Novembro de 1906 e por Portaria de 6 de Maio desse ano,
foi mandado prestar serviço na Repartição de Expediente do Ministério dos
Estrangeiros. Foi depois prestar serviço na legação de Bruxelas. Foi ali
encarregado de negócios, de 2 de Outubro a 7 de Novembro de 1911 e de 1
de Outubro a 11 de Novembro de 1912, na ausência do respectivo ministro.
Foi depois para a legação de Londres, como 1º Secretário da Legação. Em
15 de Agosto de 1922 foram-lhe concedidos o título e as honras de
Conselheiro da Legação.
204
Além de diplomata, foi escritor e poeta, colaborando no Diário
Ilustrado, na revista O recreio e no semanário O Chiado, de que foi
fundador. Publicou os seguintes livros de versos: Vibrações, em 1897;
Coração Meu, em 1907 e o entre-acto em verso, Namorados, publicado em
1903.
CORREIA, Emílio
O actor Emílio das Neves Salvador Correia nasceu no dia 23 de
Dezembro de 1903 e faleceu no Hospital de Santo António dos Capuchos,
por insuficiência respiratória, no ano de 1978.
Começou por ser amador de teatro no Grupo Dramático Lisbonense.
Estreou-se na opereta Ribatejo, no Teatro Variedades, em 1939, tendo
pertencido a diversas companhias de teatro, nomeadamente a de Vasco
Santana e Alves da Cunha.
Dentre as peças em que representou é de salientar a sua participação
na revista Já Vais Aí, estreada em 1956 no Teatro ABC, de autoria de
Carlos Lopes, Paulo da Fonseca e E. Fernandes (filho), com música de
Ferrer Trindade e Carlos Dias; A Promessa, de Bernardo santareno; Tombo
do Inferno e A Relíquia, que assinala o seu afastamento dos palcos, no ano
de 1971.
Foi também actor de cinema, tendo entrado, por exemplo, nos filmes
Cais do Sodré, realizado por Alexandre Perla em 1946, com música de
Jaime Mendes e interpretação de Ana Maria Campoy, Barreto Poeira,
Virgílio Teixeira, Carlos Otero, Costinha, Julieta Castelo, Eugénio
Salvador, Alda de Aguiar, Óscar Acúrcio, Vital dos Santos, Mário Santos,
Carlos de Sousa, Silva Araújo, Tarquínio Vieira, João Guerra e Emílio
Correia; O Fado, realizado em 1947 por Perdigão Queiroga e com
excelente interpretação de Amália Rodrigues e Virgílio Teixeira, Vasco
Santana, António Silva, Tony D’Algy, Nenita Queiroga, Eugénio Salvador,
Emília Vilas, José Vítor, Armando Ferreira, Alda de Aguiar, Raul de
Carvalho e Emílio Correia; Sol e Toiros, realizado por José Buchs, em
1949; A Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano Bonnuchi, em
1949; Chaimite, realizado por Jorge Brum do Canto em 1953, com música
de Braga Santos e a interpretação de Artur Semedo, Carlos José Teixeira,
Emílio Correia, Julieta Castelo, Maria Emília Vilas, Lourdes Norberto,
Silva Araújo, Pedro Navarro, Fernando Gusmão e Amílcar Peres e ainda A
Planície Heróica, entre outros, realizado por Perdigão Queiroga, em 1953,
com um elenco constituído por Emílio Correia, Augusto de Figueiredo,
Mariana Rios, Grace do Céu, João Iglésias, Ilda Andrade, Armando
Ferreira, Carlos de Sousa e Américo Portela.
205
Emílio Correia foi também presença assídua da RTP, nos inícios
desta.
CORREIA, Evangelina
A actriz Evangelina Correia nasceu em Vila Real a 2 de Fevereiro de
1880 e faleceu em Lisboa em 3 de Agosto de 1963.
Estreou-se como profissional no Teatro D. Afonso, no Porto, na
comédia Sobrinhos do Papá. Trabalhou em várias teatros desta cidade.
Percorreu depois a província, como primeira figura de várias companhias,
sobressaindo a sua actuação em muitas peças, nomeadamente no Rosa
Enjeitada, Morgadinha de Vale-Flor, Dama das Camélias, Heroína do
Século XVIII, Noite de Calvário, Severa, Voluntários de Cuba, Henriqueta,
Comissário de Polícia, Surpresa, Amor de Perdição, Manhã de Sol,
Soldado de Chocolate, Homem das Mangas, Os 3 Milhões, Bairro Alto, O
saltimbanco, O Pai, O Infanticido, João José e Rainha Santa Isabel.
Trabalhou em Lisboa no Teatro de S. Luís, Teatro Avenida, Salão
Foz, Teatro Maria Vitória e Joaquim de Almeida, integrada nas
companhias de que foram titulares muitos nomes brilhantes da cena
portuguesa. Em 1931 fez parte dum agrupamento dirigido por seu marido,
que andou em digressão por África e Ásia, sendo esse grupo o único que
visitou a Índia e Macau.
CORREIA, Fernando da Silva
Fernando da Silva Correia nasceu no Sabugal em 1893 e faleceu na
cidade de Lisboa em 1966.
Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e pouco
depois mobilizado, partiu para França em Janeiro de 1918 como alferes
médico miliciano.
Regressa a Portugal no ano seguinte e aqui fica a residir e a fazer
clínica.
Médico e escritor, publica três peças: A Máscara, em 1 acto, em 1915;
À Sombra de Esculápio, em 4 actos, 1917 e Leonor de Lencastre, em 1932.
Deixou inéditas três outras peças: Obsessão, Vidas Erradas e Um
Casamento de Ensaio, em 3 actos.
CORREIA, José Maria
José Maria Correia nasceu em 25 de Dezembro de 1854 e faleceu em
26 de Julho de 1922. Começou a sua carreira artística em sociedades
206
particulares como amador. Estreou-se como profissional em 1875, no
Teatro da Rua dos Condes, numa revista. Seguiu dali para o Teatro das
Variedades, onde começou fazendo papéis de importância. Trabalhou nas
peças seguintes: Carmen; Vale de Andorra; Garra de Açor; Nitouche;
Intrigas no Bairro; Sinos de Corneville; Niniche; Reino das Mulheres;
Grã-Duquesa; Burro do Sr. Alcaide; Lenda do Rei de Granada; Virtudes
de D. Pedro V; Processo do Fado; Testamento da Velha; Mascote; A
Boneca; País do Vinho; Reizinho; Viúva Alegre; Cartas do Conde Duque;
Filipa do Tambor-Mór; Sino do Eremitério; De Capote e Lenço, entre
outras. Do Variedades passou para o Teatro D. Maria II, mas como ali só
fizesse papéis insignificantes, saiu, contratando-se no Teatro do Rato.
Sousa Bastos contratou-o para o Teatro do Príncipe Real, onde agradou
bastante. Esteve durante muito tempo no Brasil, contratado por Sousa
Bastos onde era disputado pelos empresários, fazendo papéis de géneros
diversos até 1888, ano em que regressou à pátria. Depois de regressar só
representou no Teatro Avenida. Foi em seguida para o Porto, contratado
por Ciríaco Cardoso. Em 1889 veio contratado para o Teatro da Rua dos
Condes. Neste teatro, no da Avenida e no Teatro da Trindade, foi diversas
vezes contratado. Fez também parte duma sociedade artística que explorou
o Real Coliseu.
CORREIA, Machado
José Sebastião Machado Correia nasceu em Lisboa, em 15 de
Fevereiro de 1861, onde faleceu a 12 de Dezembro de 1935.
Autor, secretário e ponto teatral, jornalista e poeta, a sua primeira
peça original foi a revista Berliques e Berloques, escrita em parceria com
M. Teotónio dos Santos e estreada em 1888, no Teatro Variedades da Feira
de Alcântara.
O seu nome ficou ligado à autoria de diversas peças de teatro
musicado, que ao tempo obtiveram êxito, designadamente a opereta Roupa
de Franceses, com música de Freitas Gazul e representada no Teatro
Avenida e ainda às revistas: O Ano em 3 Dias, de colaboração com Acácio
Antunes, com música de Filipe Duarte, estreada no Teatro do Príncipe Real
em 1904 e De Ponta a Ponta, também escrita em colaboração com Acácio
Antunes, com música de A. Mântua, levada à cena no Teatro da Trindade
em 1918. Também em colaboração também com Acácio Antunes, adaptou
a opereta A Cigarra, em 1888. Traduziu O Rei, de Flers e Caillavet,
representada no Teatro D. Amália em 1908.
Foi intérprete nos filmes A Dança dos Paroxismos, de Jorge Bruno do
Canto em 1929 e em A Castelã das Berlengas, de António Leitão, realizado
em 1930.
207
CORREIA, Natália
Natália de Oliveira Correia nasceu na freguesia da Fajã de Baixo, na
Ilha de São Miguel, Açores, no dia 13 de Setembro de 1923 e faleceu no
ano de 1993.
Ainda em criança veio para Lisboa, onde fez os estudos liceais no
Liceu Filipa de Lencastre.
Senhora de uma vasta cultura, deveu-a essencialmente ao convívio
com intelectuais e à sua incansável actividade de leitora, tendo em sua casa
uma das melhores bibliotecas de Lisboa.
Aos 20 anos era jornalista no Rádio Clube Português. No final da
Segunda Guerra Mundial, assinou as listas do MUD (Movimento de
Unidade Democrática). Amiga de António Sérgio, torna-se frequentadora
do Chiado e das livrarias onde se reúnem escritores e políticos. Na década
de cinquenta a sua casa vai ser uma espécie de salão literário, frequentado
pelos mais diversos artistas, como o escultor Martins Correia, Almada
Negreiros e representantes do movimento surrealista. Aí será mesmo
representada a peça de Jean-Paul Sartre Huis-Clos, proibida pela censura.
No período de campanha do general Humberto Delgado à Presidência
da República, afluem a casa de Natália Correia poetas, romancistas,
pintores e expoentes de diversos quadrantes da oposição ao salazarismo.
Em 1969, Natália Correia combate a ditadura de Marcelo Caetano no
CEUD, ao lado de Mário Soares e Salgado Zenha. Como proprietária do
bar O Botequim, aí junta amigos, escritores, gente de teatro, boémios,
criaturas excêntricas, um pequeno mundo onde reina, com a sua irradiante
mescla de narcisismo e generosidade.
Depois do 25 de Abril de 1974, lá se encontram, entre outras, estrelas
do PREC, os protagonistas do Grupo dos Nove. Primeiro afecta ao PS,
depois ao PPD de Sá Carneiro e, por fim, ao PRD, foi deputada pelo PPD à
Assembleia da República, de 1979 a 1980 e de 1980 a 1983 e pelo PRD,
como independente, de 1987 a 1991. Nos últimos anos da sua vida
aproximou-se da esquerda.
Ensaísta, cronista, teatróloga, romancista é, no entanto, na poesia que
se revela completamente, nela projectando erotismo, ânsia libertária,
desafio iconoclástico, sentido do fantástico, tudo isto com alguns ecos
românticos e acentuadas marcas surrealistas. O seu primeiro grande livro
de poemas foi Dimensão Encontrada, com data de 1957. Antes tinha
publicado o romance Anoiteceu no Bairro, 1946; Rio de Nuvens, poesia,
1947 e o livro de viagem à América Descobri que era europeia.
No domínio da dramaturgia a obra de Natália Correia inclui a primeira
peça que escreveu Sucubina ou a Teoria do Chapéu, em colaboração com
208
Manuel de Lima, em 1952 e que ainda se encontra inédita; a peça infantil
Dois Reis e Um Sonho, escrita em 1952, também em colaboração com
Manuel Lima; o poema dramático O Progresso de Édipo, 1957; uma
espécie de oratória em verso, Comunicação, no ano de 1959; a tragédia
jocosa em 5 quadros O Homúnculo, em 1964, em que Natália Correia
desenha o retrato grotesco do tirano que então oprimia o povo português; a
peça em 3 actos, um prólogo e 8 episódios A Pécora, escrita em 1966 e
publicada em 1983; O Encoberto, variante surrealista do mito sebástico,
que só em 1977 subiu à cena, proibida que foi pela censura e, em 1982,
uma rapsódia de temas camonianos Erros Meus, Má Fortuna, Amor
Ardente, escrita por ocasião do quarto centenário de Luís de Camões.
Da obra de Natália Correia sublinhamos ainda: Passaporte, poemas,
1958; Poesia de Luta e Realismo Poético, ensaio, 1958; Cântico do País
Emerso, 1961, longo poema alusivo ao assalto ao paquete Santa Maria;
Antologia de Poesia Erótica e Satírica, 1966, que veio a ter grande
repercussão, especialmente no estrangeiro e que, em Portugal, a levou a
tribunal, onde foi condenada com pena suspensa; O Vinho a e Lira, poesia,
1969; A Mosca Iluminada, poesia, 1972; O Surrealismo na Poesia
Portuguesa, antologia, 1973; O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro,
poesia, também com data de 1973; Uma Estátua para Herodes, ensaio,
1974; Poemas a Rebate, 1975; Epístola aos Iamitas, 1976; Não percas a
rosa – Diário e algo mais, 1978; Dilúvio e a Pomba, poesia, 1979 e As
Núpcias, 1992.
Em 1993, a obra completa de Natália Correia é reunida nos dois
volumes O Sol nas Noites e Luar nos Dias.
CORREIA, Romeu
O escritor e dramaturgo Romeu Henrique Correia nasceu em Almada
em 17 de Novembro de 1917 e faleceu a 12 de Junho de 1996.
Escritor de raiz autenticamente popular, arrancando os seus temas
dramáticos e romanescos à sua experiência dos meios proletários e
pequeno-burgueses da capital e da cintura desta, cedo se iniciou contacto
com grupos de teatro de amadores. Estreou-se como dramaturgo na terra
natal, em Outubro de 1940, com a peça em 3 actos, Razão. Depois disso
teve uma carreira de autor dramático que o levaria até à primeira fila do
nosso teatro contemporâneo.
Em 16 de Dezembro de 1953, o Teatro Nacional D. Maria II leva à
cena a sua peça em 3 actos Casaco de Fogo, interpretada por Carmen
Dolores, Aura Abranches, Luz Veloso, Lourdes Norberto, Maria CôrteReal, Laura Fernandes, Luís Filipe, Augusto Figueiredo, Jacinto Ramos,
Álvaro Benamor, Pedro Lemos, Costa Ferreira, Gabriel Pais e António
Palma. Seguem-se: O Céu da Minha Rua, estreado no Teatro Maria Vitória
209
em 1955 com o título Isaura, a Galinheira; Sol na Floresta, estreada no
Teatro Experimental do Porto em 1957; O Vagabundo das Mãos de Oiro,
representada pela primeira vez em 1 de Agosto de 1962 no Teatro
Experimental do Porto, numa encenação de João Guedes e interpretação de
Nunes Vidal, Jayme Valverde, Alda Rodrigues, Madalena Braga, Dalila
Rocha, Nita Mercedes, Mário Jacques, Fernando Rocha, José Brás, Alcina
Félix e Fernanda Gonçalves; Jangada, estreada no Teatro Villaret em 1966;
Bocage, «crónica dramática e grotesca», publicada em 1965; Amor de
Perdição «glosa dramática» do romance de Camilo Castelo Branco,
publicada em 1966; O Cravo Espanhol, estreada no Teatro Capitólio em
1970; Roberta, farsa trágica, 1971; Grito no Outono, 1980; As Quatro
Estações, 1981; Tempos Difíceis, 1982 e O Andarilho das Sete Partidas,
em que evoca os últimos anos de vida de Fernão Mendes Pinto, editada em
1983.
Escreveu também as peças num acto: Laurinda, 1949; As Cinco
Vogais, 1951; Desporto-Rei, 1968 e A Vaga, 1977. Está inédita a sua
adaptação do romance de Manuel Maria Rodrigues, A Rosa do Adro.
Publicou o livro de contos Sábado sem Sol em 1947 e Um Passo em
Frente, 1976, com o qual obteve o Prémio Ricardo Malheiros e ainda os
romances Trapo Azul, 1948, Calamento, 1950, Gandaia, 1952, Os
Tanoeiros, 1976 e Tritão, 1983.
CORREIA, Soares
António Soares Correia nasceu no Porto, em 5 de Janeiro de 1885,
onde faleceu a 25 de Março de 1964.
Estreou-se como actor no Teatro Carlos Alberto, interpretando
diversas rábulas na revista Cócórócó.
Foi uma figura popular do teatro ligeiro embora, tivesse participado
esporadicamente em espectáculos de teatro declamado, entre os quais
Hamlet, de William Shakespeare, que desempenhou na província ao lado
da actriz Ângela Pinto. A sua actividade desenvolveu-se principalmente na
cidade do Porto, criando compères e tipos regionais de numerosas revistas
e operetas ali estreadas e com as quais, depois, se apresentava em Lisboa.
CORTES-RODRIGUES, Armando
Armando Cortes-Rodrigues nasceu em Vila Franca do Campo, S.
Miguel, Açores em 28 de Fevereiro de 1891 e faleceu em Ponta Delgada a
14 de Outubro de 1971.
210
Formou-se em Filologia Românica em 1915, na Faculdade de Letras
de Lisboa, passando o resto da sua vida nos Açores, como professor liceal.
Foi director da revista Insular. Amigo de Fernando Pessoa e
colaborador da Orpheu, fez parte do movimento modernista. No campo
poético editou Horto Fechado e Outro Poemas, em 1953, obra que o leva a
obter o Prémio Antero de Quental.
Este poeta, colaborador no Orpheu, escreveu duas peças de ambiente e
costumes açorianos: O Milhafre, estreada em 1927 no Teatro Micaelense,
pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, que a levou também à cena
em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, em 1931 e Quando o Mar
Galgou a Terra, representada por Ilda Stichini e João Perry em 1938 para
as colónias portuguesas de Fall River e New Bedford e transporta para o
cinema por Henrique Campos em 1954, com Mariana Villar e Alves da
Cunha como protagonistas.
Compôs também o texto de uma opereta, com música de Tomás de
Lima, Em Férias, representada no Teatro Micaelense em 1910; Um Auto de
Natal, 1926; a comédia regional num acto O Senhor Administrador, com
que foi inaugurado em 1939 o Teatro de Vila Franca do Campo; O Tempo e
as Máscaras, cujo prólogo e 1º acto se representaram no Teatro
Micaelense, em 1952 e o Auto do Espírito Santo, 1957.
Outras obras de sua autoria em poesia: Ode a Minerva, 1923; Em
Louvor da Humildade, 1924; Cânticos das Fontes, 1934; e Cantares da
Noite, seguidos dos Poemas de Orfeu, 1942.
CORTESÃO, Jaime
Jaime Zuzarte Cortesão nasceu em Ançã, Cantanhede em 29 de Abril
de 1844 e faleceu na cidade de Lisboa a 14 de Agosto de 1960.
Formado em Medicina em 1909, exerceu o magistério no Porto, entre
1911 e 1915 e a medicina na Flandres como voluntário. De 1919 a 1922 foi
director da Biblioteca Nacional. Foi dirigente do fracassado movimento
revolucionário de 3-2-1927. Conheceu o exílio de 1927 a 1957. Esteve em
Espanha, França e Inglaterra e, a partir de 1940, viveu no Rio de Janeiro.
Regressou a Portugal em 1957 e em 1958 foi eleito presidente da
Sociedade Portuguesa de Escritores.
Na Literatura estreou-se com o volume de poemas A Morte da Águia.
Escreveu teatro histórico, contos, livros de memórias e de viagens e
cultivou a literatura infantil. Integrou-se no movimento saudosista da
Renascença Portuguesa e de A Águia. A partir de 1921 fez parte da
direcção da revista Seara Nova.
Abordou por três vezes o teatro: em 1916 e 1918 com dois dramas
históricos em verso, O Infante de Sagres, representado pela primeira vez
211
em 15 de Dezembro de 1916, no Teatro da República, com a interpretação
de Ferreira da Silva, Ângela Pinto, Luz Veloso, Augusto Rosa, Chaby
Pinheiro, Teodoro Santos, Tomás Vieira, Carlos de Oliveira, Robles
Monteiro, Francisco Judicibus, Manuel Rocha, Beatriz Viana, Meneses e
Almeida, Francisco Sena, Rafael Gomes e Júlio Candeira e Egas Moniz,
também representado no Teatro da República e ainda uma peça de tema
contemporâneo, Adão e Eva, estreada no Teatro do Ginásio em 21 de Maio
de 1921, com a interpretação de Berta de Bívar, Júlia da Assunção, Alves
da Cunha, Augusto Machado, Otelo de Carvalho e António Palma. A peça
Egas Moniz foi interpretada, entre outros, por Ângela Pinto, Lucinda
Simões, Ferreira da Silva, António Pinheiro, Robles, Samwel Diniz e
Joaquim Oliveira.
Da sua investigação histórica resultaram páginas em obras colectivas,
como: História da Colonização Portuguesa do Brasil; História de
Portugal, dirigida por Damião Peres; História do Regime Republicano em
Portugal; História da Expansão Portuguesa no Mundo e Alexandre de
Gusmão e Tratado de Madrid 1950-1963, em nove volumes; Raposo
Tavares e a formação Territorial do Brasil, 1950; Pauliceae Lusitana
Monumenta Histórica, 1956-1960, em três volumes; e Descobrimentos
Portugueses, 1960, em dois volumes.
CORTEZ, Alfredo
O dramaturgo Alfredo Cortez nasceu em Estremoz em 29 de Julho de
1880 e faleceu em Oliveira de Azeméis a 7 de Abril de 1947.
Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo exercido
em África o cargo de Juiz de Investigação Criminal, antes de se fixar em
Lisboa.
A sua obra situa-se no período compreendido entre as duas guerras
mundiais. Com pleno domínio da técnica teatral, Alfredo Cortez pretendeu
analisar rigorosamente a sociedade contemporânea tendo, para isso,
percorrido um caminho que oscila entre os dramas realistas de crítica social
– sua primeira fase – e as peças de costumes regionais da última fase.
Estreou-se com a peça Zilda, acção situada num meio de alta
burguesia, levada à cena no Teatro Nacional, em 1921, com encenação de
António Pinheiro, cenografia de Alice Rey Colaço, Mily Possoz e Jorge
Barradas, figurinos de Amélia Rey Colaço e interpretação a cargo de
Amélia Rey Colaço, Henrique de Albuquerque, Robles Monteiro e com
estreia do actor de Raul Carvalho. Seguiu-se O Lodo, peça em 3 actos,
publicada em 1923 e representada pela primeira vez em 2 de Julho de 1923,
em récita única, no Teatro Politeama, depois de ter sido recusada por todas
212
as empresas teatrais. Foi interpretada por: Adelina Abranches, Amélia Rey
Colaço, Constança Navarro, Maria Mesquita, Antónia Mendes e Robles
Monteiro. A acção decorre num prostíbulo e tenta denunciar vícios de uma
sociedade pretensamente moralista, onde o vazio e o tédio anunciam já a
própria decadência. Nesta obra Alfredo Cortez inicia o retrato da
desagregação dessa mesma sociedade burguesa.
Alfredo Cortez é, com Ramada Curto, Vitoriano Braga e Carlos
Selvagem, um comentador atento da mundanidade dos anos de guerra e dos
que imediatamente se lhe seguiram. Percorrendo o drama histórico, o
drama regional e a comédia de costumes, ele é dos poucos autores, tal
como Carlos Selvagem, que tentarão a ruptura com um drama de estética
naturalista, presente nos finais do século XIX e primeiros anos da
República e no início do pós-guerra. Experimenta o drama histórico em
verso, com a obra À La Fé, estreada no Teatro Politeama em 1924.
Lourdes, onde se destaca a crença religiosa e que contém algum valor
autobiográfico, foi também levada à cena no Teatro Politeama em 1927. O
Ouro, foi estreada no Teatro do Ginásio em 1928; Domus, peça de intenção
moralista, tal como as duas anteriores, foi estreada no Teatro Nacional D.
Maria II em 5 de Março de 1931, com a interpretação de Amélia Rey
Colaço. Robles Monteiro, Assis Pacheco e Emília de Oliveira;
Gladiadores, caricatura em 3 actos publicada em 1934 foi estreada no dia
12 de Janeiro de 1934 no Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de
Robles Monteiro e Amélia Rey Colaço, figurinos de Jorge Herold, e
interpretação de Palmira Bastos, Brunilde Júdice, Amélia Rey Colaço,
Alves da Cunha, João Villaret, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, José
Manuel, José Gamboa, José Cardoso, Delmiro Rego, José Morais, Álvaro
Benamor, Maria Clementina, Maria Brandão, Elisabeth Jordan, Emília de
Oliveira, Isabel Maria, Tereza Taveira e Maria Lalande. Com Gladiadores,
Alfredo Cortês sente-se coagido a abandonar a audácia experimentada e
envereda pela recriação de ambientes regionalistas, como em Tá-Mar, peça
publicada no ano de 1936, onde um realismo lírico ecoa no drama da gente
do mar, face importante da realidade portuguesa. Esta peça em 3 actos, foi
estreada no dia 11 de Janeiro de 1936 no Teatro Nacional, com cenário da
responsabilidade de Abílio de Matos e Silva e a interpretação de Estêvão
Amarante, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, João Silva, João Villaret,
Vital dos Santos, António Sacramento, José Cardoso, Amélia Rey Colaço,
Maria Clementina, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Emília de Oliveira,
Maria Lalande, Beatriz Santos, Maria Brandão e Isabel Maria. Também
Saias, publicada no ano de 1938, envoca esse regionalismo e naturalismo
excessivamente preocupados até com a fidelidade fonética,
menosprezando, em seu favor, o tratamento da acção. Levada à cena no
Teatro Nacional em Novembro de 1938 foi interpretada por Palmira
Bastos, Lucília Simões, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro. As suas
213
últimas peças foram: Bâton, escrita em 1939, mas que só em 1946, após a
morte do autor, é que a censura permitiu que se estreasse. Foi uma criação
da companhia eatral Os Comediantes de Lisboa que, sob a direcção de
Francisco Ribeiro a deu a conhecer. Lá-Lás, publicada no ano de 1944.
Escreveu também o argumento e os diálogos do filme Ala-Arriba, de
Leitão de Barros.
Em 1918 havia-se estreado nas lides literárias com a revista, Terra e
Mar, que assinou com o pseudónimo de Virgílio Pinheiro. Para além da
produção teatral já citada, escreveu ainda duas peças num acto, Ralhos de
Avô, em verso, 1922 e Moema, episódio africano, no ano de 1940. Como
tradutor, traduziu obras de Porto-Riche, Henri Ghéon, Schiller, entre outros
e deixou incompleto um drama expressionista, Babel.
COSTA, Alberto
Alberto Mário de Sousa Costa nasceu em Vila Pouca de Aguiar em 10
de Maio de 1879 e faleceu no Porto a 11 de Janeiro de 1961.
Era bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra. Deve-se-lhe a
criação, em 1911, da Tutoria da Infância. Foi secretário da Tutoria Central
da Infância de Lisboa até 1919 e, posteriormente, do Tribunal do
Comércio. Cultivou o conto, a novela, o romance, a crónica, a literatura de
viagens, o ensaio e o teatro.
Escreveu para o teatro duas comédias num acto Como se Vingam as
Mulheres, representada no Teatro Nacional em 1916 e Que Vergonha,
levada à cena no Teatro do Ginásio em 1918. Escreveu também duas peças
em 3 actos: Frei Satanás, estreada no Teatro Nacional no ano de 1921 e A
Marquezinha, cuja estreia aconteceu no Teatro Sá da Bandeira em 1923.
Deixou inéditas as peças Manhã de S. João, 1915 e Último Beijo,
1916.
Publicou contos e novelas: Excêntricos, 1917; Canto do Cisne, 1927 e
Como se Faz um Ladrão, em 1931. Em romance, publicou: Ressurreição
dos Mortos, 1914; A Pecadora, 1917 e Miss Século XX, 1936. Crónicas:
Milagres de Portugal, 1925 e Mapa Falado de Portugal, 1936. Evocações
históricas: Páginas de Sangue, 1919-1930, em dois volumes e Camilo no
Drama da Sua Vida, 1959.
COSTA, Alves da
O actor Alves da Costa nasceu em Lisboa em 26 de Maio de 1898,
onde faleceu a 2 de Março de 1971.
214
Tirou o curso da Escola Comercial Rodrigues Sampaio e teve aulas de
teatro numa escola particular, dirigida por Araújo Pereira.
Começou a actividade como actor, em 22 de Novembro de 1922, pela
mão de Alves da Cunha, no drama histórico Vasco da Gama, de autoria de
Silva Pereira.
Foi casado com a actriz Fernanda de Sousa e, posteriormente, com
Brunilde Júdice, tendo formado com esta uma companhia teatral, que levou
à cena peças variadas, desde Gil Vicente a Shakespeare e dramaturgos da
época.
Um dos seus maiores êxitos foi no Teatro Capitólio, em 1935, com a
peça popular de Vasco de Mendonça Alves, Meu Amor é Traiçoeiro.
Fez parte com a sua mulher do teatro radiofónico na Emissora
Nacional e dirigiu algumas peças para a RTP, onde interpretou a figura do
Cerdeal Rufo na Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas, com João Villaret e
Assis Pacheco nos outros personagens.
Em 25 de Junho de 1967, Alves da Costa foi homenageado no Teatro
da Trindade, numa festa artística, com a peça Eram Todos Meus Filhos, de
Arthur Miller, no âmbito dos quarenta e cinco anos da sua carreira.
Alves da Costa participou ainda em: A Chama, de Méré, 1923; Papá
Lebonnard, 1924; A Severa, de Júlio Dantas, no âmbito da inauguração do
Teatro Joaquim de Almeida, 1925; Vidas Cruzadas, de Benavente;
Criminosos, de F. Brukner, 1930; Alfama, de António Botto, levada à cena
no Teatro S. Carlos em 1933; O Grande Industrial, de George Ohnet;
Prima Tansa, de Alice Ogando, 1936; O Preço da Verdade, de Pirandelo,
1941; Dominó, de Michel Achard, 1945; Comédia da Morte e da Vida, de
Henrique Galvão, 1950; Esta Noite em Samarcanda, de Jacques Deval,
1925; Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tenessee Williams, 1959; A
Casa dos Vivos, de Graham Greene, 1960; As Três Irmãs, de Anton
Tchekov; Lutar Até de Madrugada, de Hugo Betti, 1960; O Pai, de
Strindberg, 1961.
No cinema fez mais de uma dezenas de filmes. Entre eles: Maria
Papoila, de Leitão de Barros, 1937; Ribatejo, de Henrique Campos, 1949;
O Cerro dos Enforcados, de Fernando Garcia, 1953; Quando o Mar
Galgou a Terra, de Henrique de Campos, 1954 e Um Dia de Vida, de
Augusto Fraga, 1962. Neste último teve o prémio do SNI, para o melhor
actor de cinema.
COSTA, Augusto
Augusto da Costa nasceu em Setúbal em 1899 e faleceu na cidade de
Lisboa no ano de 1954.
215
Autor de romances convencionais, estreou-se no teatro com a comédia
em 3 actos, intitulada Fogo de Palha, estreada em 24 de Abril de 1940 no
Teatro Nacional D. Maria II, com a participação de Amélia Rey Colaço,
Raul de Carvalho, Beatriz Santos, Palmira Bastos, Robles Monteiro, Maria
Brandão, Maria Clementina, Adelina Campos, Lucília Simões, João
Villaret, Maria Côrte-Real, Maria Lalande e Estêvão Amarante.
Publicou Comédia Sentimental, diálogos, em 1935.
É também de sua autoria: O Crepúsculo dos Deuses (Colecção de
Estudos Políticos, Económicos e Sociais), 1933; A Nação Corporativa
(Textos legais, comentados e justificados), 1937; Apologia do Império
Português, 1934; Portugal Vasto Império (Prémio “António Enes”, do
Secretariado da Propaganda Nacional – Imprensa Nacional), 1934;
Legislação sobre o Horário de Trabalho (Anotada e comentada), 1934;
Factos & Princípios Corporativos, 1935; Linha Quebrada, novelas, 1935;
Código do Trabalho, 1937; Portugal-Inglaterra (Fragmento de História
futura sobre a Aliança Inglesa), 1938; Problemas do Tempo Presente,
ensaio, 1939 e Os Sete Pecados Mortais da Vida Nacional, ensaios, 1940.
COSTA, Beatriz
Beatriz da Conceição Costa, nome artístico Beatriz Costa, nasceu em
Charneca, Milharado, junto à Malveira, em 14 de Dezembro de 1910 e
faleceu no ano de 1996.
Iniciou-se na vida artística como corista no Eden-Teatro em 10 de
Agosto de 1923, numa reposição da revista Chá e Torradas. Em 1924,
fazendo parte duma companhia de revista organizada para uma digressão
pelo Brasil, a bordo do Lutetia, tomou parte duma festa a bordo,
apresentando-se nela como actriz e obteve êxito. No Rio de Janeiro foi
também apresentada então como actriz na revista Fado Corrido e o seu
sucesso foi grande.
Devido aos triunfos significativos alcançados durante esta digressão,
ao regressar a Lisboa foi contratada para o Teatro da Trindade, onde
apareceu em 10 de Julho de 1925, na revista Ditosa Pátria, confirmando as
esperanças dos que lhe profetizavam um futuro brilhante. Em pouco tempo
passou a ser um verdadeiro ídolo do público, bastando o seu nome à frente
dum elenco para proporcionar êxito a qualquer exploração do género
ligeiro.
O seu verdadeiro talento na interpretação fiel de tipos populares, com
especial domínio sobre as plateias pela sua alegria comunicativa e
irradiante simpatia, tornaram-na um caso invulgar na história do teatro
português de triunfo rápido e duradouro duma artista saída, da massa
anónima do corpo corista.
216
Grandes êxitos do teatro de revista a partir da aparição de Beatriz
Costa como «estrela» de companhias, devem-se, em grande parte, à sua
actuação. Também no campo das comédias e dramas, intercalados nas
obras de revista, ela mostrou uma intuição e uma inteligência pouco
vulgares, próprias duma figura de primeira fila.
Em 1939 seguiu para o Brasil à frente duma companhia portuguesa e
depois de ali obter novos triunfos, passou a trabalhar, com aplauso geral,
nos principais teatros do Brasil, como atracção de espectáculos brasileiros,
com companhia própria.
Em 1950 reapareceu em Lisboa na revista Ela aí Está, levada à cena
no Teatro Avenida. Mais tarde, em 1959, voltou ao Teatro Maria Vitória.
Das inúmeras obras ligeiras que interpretou citamos: Arre Burro e O
Mexilhão, Fox-trot, Sete e Meio, Mãe Eva, Pó de Maio, Manda quem pode,
A Bola, Canto de Cigarra, A Garota da Sorte, Ó Liró, e Oh meu rico S.
João.
Também o cinema português aproveitou as suas faculdades, com
êxito, especialmente na Canção de Lisboa, de Cotineli; Trevo de 4 Fôlhas,
de Chianca de Garcia e, sobretudo, no filme popular Aldeia da Roupa
Branca, do mesmo realizador. Também em Paris interpretou a versão
portuguesa do filme internacional A Minha Noite de Núpcias, dirigida por
E. W. Emo.
Oriunda duma família muito pobre, era analfabeta quando iniciou a
actividade artística e foi por sua iniciativa que conseguiu estudar vindo
depois a ser uma destacada figura no campo das letras. Publicou: Sem
Papas na Língua, 1975 (com prefácio do escritor brasileiro Jorge Amado);
Quando os Vascos Eram Santanas... e não só, 1978 e Mulher sem
Fronteiras, 1981.
COSTA, Cunha e
José Soares da Cunha e Costa nasceu em Lisboa em 1868, onde
faleceu no ano de 1928.
Escreveu para o teatro as peças mum acto: Noite de Natal e Entre
Veludos e Rendas; O Regedor Agrícola, peça em 2 actos; Lobos na
Malhada, em 3 actos; duas operetas: A Musa dos Estudantes e o Pagem
d’El-Rei, além de traduções de Sudermann, Giacosa, Feydeau, Flers e
Calivet.
COSTA, Duarte
O actor e autor Duarte Costa nasceu em 1888 e faleceu no ano de
1932.
217
A sua comédia num acto Prevenção Rigorosa foi levada à cena em
1920 no Teatro Sá da Bandeira, do Porto. Publicou em 1922 a comédiafarsa de costumes, em 3 actos O Camarada Fava-Rica, bem como o
episódio dramático João Ninguém; as farsas num acto As Tristezas do Sr.
Alegria e Quem Espera por Sapatos de Defunto e Vida de Cristo, em
parceria com o actor Jorge Grave.
COSTA, Ercília
A actriz e fadista Ercília Costa nasceu na Costa da Caparica em 1902
e faleceu em Algés no ano de 1985.
Filha de pescadores, começou a sua vida como costureira. Como tinha
uma voz intensa e dramática, cedo começou a chamar as atenções para a
maneira como interpretava o fado.
Estreou-se no retiro Ferro de Engomar. Bonita e elegante, vestindo-se
com gosto e de uma grande simpatia, foi considerada a rainha que
antecedeu Amália Rodrigues. Era conhecida no meio artístico por “a Santa
do Fado”, por cantar com as mãos postas e como a “Sereia Peregrina do
Fado”.
Actuou em casas de espectáculos de todo o país, bem como em festas
de Colectividades de Cultura e Recreio, tendo feito parte da Troupe
Guitarras Portuguesas. Nos anos trinta entrou no elenco de algumas
revistas, designadamente: Feira da Luz, de autoria de Félix Bermudes, João
Bastos e Pereira Coelho, com música de Carlos Calderón, Frederico de
Freitas e Camilo Rebocho, levada à cena no Teatro da Trindade em 1930;
O Canto da Cigarra, da parceria de Silva Tavares, Carvalho Mourão e
Xavier de Magalhães, com música de Raul Ferrão e Armando Rodrigues,
estreada no Teatro Variedades em 1931, numa interpretação ao lado de
Luísa Satanela, Beatriz Costa, Álvaro Pereira, Assis Pacheco, Barroso
Lopes e Raul de Carvalho; Feira da Luz, esta última depois de enfrentar
uma grave doença.
No ano de 1932 deslocou-se à Madeira e aos Açores, acompanhada
por João da Mata e Martinho d’Assunção. Em 1936 desloca-se ao Brasil
como primeira figura de cartaz, integrada na Companhia Teatral de Vasco
Santana e Mirita Casimiro.
Com o apoio de António Ferro e do SPN (mais tarde SNI), Ercília
Costa passou por vários países, nomeadamente Espanha (onde gravou
alguns discos), França e Estados Unidos da América, onde trabalhou
conhecimento com Bing Crosby e Cary Grant. Em 1945 volta ao Brasil,
com a Companhia de Alda Garrido, permanecendo ali durante quinze
meses.
218
Foi objecto de duas festas de homenagem, uma no salão de chá do
Chave de Ouro e a outra no Retiro da Severa.
Em 1954, sem qualquer explicação, abandonou a vida artística,
embora tenha continuado a gravar discos até 1972, data do álbum Museu do
Fado, obra que incluiu os maiores sucessos. Dos seus números referimos:
Fado Ercília, Fado Dois Tons, O Meu Filho, Rosas, Fado Sem Pernas,
Fado Aida, Fado Tango, Fado Lisboa, Padre Nosso Pequenino, Saudades
Que Matam, Meu Tormento, Pobreza Envergonhada, Pesar Profundo,
Divina Graça, A Minha Vida, Desilusão, Um Desgosto, Amor de Mãe,
Negros Traços e Fado Corrido, entre muitos outros.
COSTA, Ernestino Augusto
O actor Ernestino Augusto Costa, conhecido por “Costinha”, nasceu
em Santarém em 24 de Fevereiro de 1891 e faleceu em Lisboa a 25 de
Janeiro de 1976.
Fez o curso numa escola elementar de comércio e frequentou algum
tempo o Conservatório Nacional de Lisboa. Depois de ter sido actor
amador, estreou-se como profissional no Teatro do Ginásio em 1870, na
comédia As Informações, de Júlio Howorth. Representou depois no Teatro
Nacional D. Maria II na peça Helena, de autoria de Pinheiro Chagas e na
Condessa do Freixial, de Rangel de Lima.
Tornou-se rapidamente um actor cómico, uma figura impressionante
da revista e opereta.
No cinema participou nos seguintes filmes: A Severa, realizado por
Leitão de Barros; As Pupilas do Senhor Reitor, também realizado por
Leitão de Barros, no ano de 1935; Varanda dos Rouxinóis, igualmente
realizado por Leitão de Barros, em 1939; A Morgadinha dos Canaviais,
realizado por Caetano Bonnuchi e A Costureirinha da Sé, realizado por
Manuel Guimarães, em 1959, entre outros.
Fez vários programas de televisão e entrou em inúmeras revistas.
Dedicou-se também à literatura e ao jornalismo, escrevendo sobre
assuntos teatrais, como no Correio da Manhã, O Século, O Primeiro de
Janeiro e no António Maria. Para a colecção “Biblioteca do Povo e das
Escolas”, escreveu O Manual do Ensaiador Dramático e O Actor e o
Teatro.
Participou ainda nas seguintes interpretações teatrais: A Valsa, A
Condessa Heloísa, de Gervásio Lobato, As Elegantes Pobres, de Augier e
Recepções de Embaixada, do Conde de Monsaraz, todas levadas à cena no
Teatro da Rua dos Condes e ainda O Tartufo, de Molière, estreada em
1901.
219
COSTA, Francisco
O actor e empresário Francisco Costa nasceu em Castelo Branco a 19
de Julho de 1852 e faleceu em 8 de Novembro de 1906, apenas com 54
anos de idade.
Estreou-se como discípulo no Teatro da Rua dos Condes, em 1871, na
peça, Naufrágio do Brigue Mondego, onde manifestou decidida vocação. O
seu primeiro contrato profissional foi feito em 1875, para o Teatro do
Príncipe Real, situado na Rua da Palma. Em 1876 foi contratado para a
companhia de que era primeira figura a actriz Emília Adelaide e com esta
companhia trabalhou no Porto, nos Açores e no Brasil, onde foi várias
vezes. Em 1885 foi contratado para o Teatro D. Maria II, mas voltou na
época seguinte para o Teatro da Rua da Palma e ali se conservou até 1896.
Em 1897 fez parte duma sociedade artística empresária do Teatro da Rua
dos Condes, onde mesmo em operetas e revistas, que não eram o seu
género conseguiu agradar. Foi, por fim, societário duma empresa no Teatro
da Trindade, onde o seu trabalho no drama, Os Dois Garotos, foi
notabilíssimo, assim como na comédia francesa, O Hotel do Livre-Câmbio.
Não é possível dar uma resenha completa das peças em que entrou,
podendo citar-se: O Porta-Bandeira do 99 de Linha; Os Voluntários da
Morte; Santa Quitéria; O 29 ou a Honra e Glória; a farsa Milagre de
Santo António; Os Fidalgos da Casa Mourisca; A Volta ao Mundo; O
Gato Preto; Primerose; Inês de Castro; Pum; As Calças do Juiz de Paz;
Cão de Cego e Os Sinos de Corneville, entre tantas outras.
O período considerado mais brilhante da sua carreira, foi aquele em
que esteve no Teatro do Príncipe Real, salientando-se ao lado de Álvaro,
Pala, Pereira, João Gil, Brandão, Margarida, Amélia Vieira, Adelina
Abranches, entre muitos outros. O género mais adequado au seu jeito
artístico era o dramático. Muitas vezes exerceu o cargo de Director de
Cena. Era casado com a actriz Elvira Antunes Costa.
COSTA, Joaquim
Actor, empresário e ensaiador, nasceu em Lisboa a 29 de Abril de
1853, onde faleceu a 19 de Novembro de 1924. Joaquim Costa fez a sua
aprendizagem artística sob a direcção do actor José Carlos dos Santos,
estreando-se na empresa deste artista e de José Joaquim Pinto, no Teatro D.
Maria II em 2 de Dezembro de 1870, na comédia em 1 acto, Juiz e Parte.
Conservou-se nesta empresa até 1877, transitando em seguida para a nova
220
empresa de Biester & Brasão, a quem este teatro fora adjudicado e onde se
manteve até ao ano de 1880. Depois de fazer no Teatro da Rua dos Condes,
empresa de Salvador Marques, a época de 1880-81, participando no
desempenho da revista, Tutii-Mundi, de António de Meneses e Carlos
Borges; com música de Carlos Araújo, Francisco Alvarenga e Rio de
Carvalho, volta ao Teatro Nacional D. Maria II, contratado pela sociedade
empresária que naquele se organizou com alguns artistas, tendo como
dirigentes os irmãos Rosas & Brasão. Ali se manteve até 1888, passando
depois para o Teatro da Trindade e, depois, para o Teatro da Rua dos
Condes. Voltando ao Teatro Nacional D. Maria II, ali se manteve até 1895,
tomando parte no desempenho das peças: A Radiante; Dionísia; Tio
Milhões, de H. Heule, que lhe valeu um grande êxito como protagonista,
1896; Duque de Viseu; A Morta, ambas as peças de Henrique Lopes de
Mendonça; Alcácer-Quibir, de D. João da Câmara; Kean, de Dumas Filho
e Velhos, de D. João da Câmara. Em 1895 seguiu para o Brasil numa
companhia de opereta organizada e dirigida por Sousa Bastos e, tanto no
Rio como em S. Paulo, alcançou um êxito nomeadamente na opereta GrãDuquesa de Gerolsteins. No regresso ingressou na companhia de opereta
que, em Junho de 1896 actuou no Teatro Dona Amélia, tomando parte no
desempenho das produções: A Manjerona e Grã-Duquesa de Gerolstein.
Sousa Bastos convidou-o então para fazer parte da companhia do
Teatro da Trindade, como primeiro actor e ensaiador durante a época de
1896 e 1897 e, neste teatro, desempenhou, ao lado de Palmira Bastos,
papéis em que muito se distinguiu, designadamente nas peças: Gata
Borralheira; Noite e Dia; Falote e na revista Em Pratos Limpos, de Sousa
Bastos, com música de Plácido Stichini. A esta empresa outra se seguiu, em
regime de sociedade artística (1897 a 1898), sob a direcção de Sousa
Bastos e Carlos Posser e de que eram primeiras figuras: Virgínia, Amélia
Vieira, Palmira Bastos, Amélia Barros, Maria Pia, Ferreira da Silva, entre
outros. Nesta companhia Joaquim Costa teve uma actuação de primacial
destaque nas peças: A Honra, de Sudermann; A Boémia; A Mártir, de D’
Ennery; Os Dois Garotos; Auto dos Esquecidos, de Sousa Monteiro; As
Ideias de Mme. Aubry, de Dumas Filho. No final desta época Joaquim
Costa foi contratado para a companhia do Teatro Avenida, como actor e
ensaiador, destacando-se brilhantemente pelas suas interpretações, nas
peças Frei Satanás e Burro do Sr. Alcaide, de D. João da Câmara. Quando
em 1898, o Teatro D. Maria II, pela reforma de António Enes, passou a
regime de sociedade empresária, entrou para ela como societário de 1ª
classe e ali se conservou até final da sua vida. Foi esse o período mais
brilhante da sua carreira artística, ligada ao desempenho do vasto repertório
dessa exploração: Vinte Mil Dólares, de P. Armstrong, 1911; Um Serão
nas Laranjeiras, de Júlio Dantas, 1903; Reposteiro Verde, de Júlio Dantas;
Ilustre Desconhecido; Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, 1902;
221
Fraquezas Humanas, de Brieux, 1907; As Pupilas do Senhor Reitor,
adaptação de Antero de Figueiredo do romance de Júlio Dinis, em que
Joaquim Costa brilhou particularmente no papel de João Semana, levada à
cena em 1909; O Burguês Fidalgo, de Molière, na versão de Eduardo
Garrido, 1910; Humans Morgadinho de Val-Flor; Boubouroche, de
Courteline; Um Marido Ideal; O Fidalgo Aprendiz, de D. Francisco
Manuel de Melo, 1905; Mercadet, de Balzac, levada à cena em 1900; Bicho
do Mato; No Tempo do Luís XV, de Dumas pai; Dolores, de Feliu y
Codina, em adaptação de Coelho de Carvalho; O Caminheiro, de Richepin,
1901; O Coração Manda; Afonso de Albuquerque; O Centenário, de
Quinteros, estrada em 1922 e em que José Ricardo, Ilda Stichini, Joaquim
Costa, Laura Hirch e Rafael Marques tiveram aplausos enormes; O Tartufo,
de Molière, estreada em 23 de Março de 1901, em que sobressaíram
Augusto de Melo, Joaquim Costa e Emília Lopes; D. Perpétua que Deus
Haja; Amor de Perdição, de D. João da Câmara, segundo o romance de
Camilo Castelo Branco; Terra-Mater, de Augusto de Lacerda; Os Filhos
Alheios, de Brieux; Casamento e Mortalha, de D. João da Câmara;
Casamento de Conveniência, de Coelho de Carvalho; Cavalaria Ligeira, de
Courteline; Triste Viuvinha, de D. João da Câmara, levada à cena em 9 de
Maio de 1922 e que foi um sucesso nas interpretações de Brasão, José
Ricardo, Ilda Stichini, Joaquim Costa e Rafael Marques; Peraltas e Sécias.
No interregno da época de 1918-1919, ainda interveio, no Teatro
Politeama, na representação das peças: Conde Barão e A Vizinha do Lado,
na de 1913 no Teatro D. Amélia, na revista De Capote e Lenço, de Ernesto
Rodrigues e João Bastos, música de Filipe Duarte e Carlos Calderón.
Participou também nas revistas: O Novo Mundo, parceria de Ernesto
Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, música de Alves Coelho,
Venceslau Pinto, com interpretaçõeso de Nascimento Fernandes, Rafael
Marques, Estêvão Amarante, Amélia Pereira, Amadeu Ferrari, Irene
Gomes, Ema de Oliveira, Luísa Durão, Joaquim Costa e Julieta Soares; A
Torre de Babel, de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos,
música de Tomás Del Negro, Bernardo Ferreira, com interpretação ao lado
de Estêvão Amarante, Francisca Martins, Filomena Lima, Alberto Ghira,
Julieta Soares e Laura Costa, cuja estreia se deu no Teatro Apolo em 1917;
O Pé de Meia, de Eduardo Schwalbach, música de Tomás Del Negro e
Alves Coelho, levada à cena no Teatro de São Luís.
Joaquim Costa foi um actor cómico de grande notoriedade, que se
distinguiu pelo modo natural e simples da sua actuação no palco. A
maneira como desempenhou as suas variadas interpretações permite
enfileirá-lo ao lado dos grandes comediantes Taborda, Vale, Isidro e
Joaquim de Almeida.
222
COSTA, Maria Júdice da
A cantora e actriz, Maria Júdice da Costa nasceu em Lisboa em 16 de
Junho de 1870, onde faleceu a 31 de Maio de 1960.
Estudou no Conservatório de Lisboa, estreando-se em 31 de Janeiro
de 1890 no Teatro de São Carlos, cantando a ópera Gioconda, de
Ponchielli. Depois foi para Itália onde aperfeiçoou os seus conhecimentos
líricos. Actuou como soprano dramático em toda a Europa e América,
contracenando com grandes artistas, como Caruso, T. Rufo e Battistini.
Dedicada sobretudo à música wagneriana, ficaram paradigmáticas as
suas actuações no Tannhaüser e em especial a sua criação de Brunilde na
Valquíria.
Em Portugal, além de ter cantado várias óperas, na temporada de
1913-1914, encabeçou a companhia de opereta do Teatro da Trindade, em
A Mulher de Mármore, A Princesa dos Dólares, A Grã-Duquesa de
Gerolstein e, também, embora fugazmente, teatro declamado, interpretando
papéis de relevo em Sedutores, de Vasco de Mendonça Alves; Jerusalém,
de G. Rivollet, no Teatro de São Carlos em 1921; A Mulher, de E. Guiraud,
também no mesmo teatro, em 1928, contracenando com Amélia Rey
Colaço e Robles Monteiro, nas duas primeiras peças e com Palmira Bastos
nas duas últimas. Contracenbou com Alves da Costa na peça «Minha
Mulher é um Homem». Em 1921 participou no desempenho de dois filmes
Amor de Perdição, de R. Lupo e em 1927 de Fátima Milagrosa, também
do mesmo realizador.
Em Lisboa dedicou-se também ao ensino do canto. Retirou-se da vida
artística em 1939.
COSTA, Mendonça e
Leonildo de Mendonça e Costa nasceu em Lisboa em 1849 e faleceu
no ano de 1922.
Aos 14 anos ficou órfão de pai, o que o obrigou a empregar-se na
administração do Jornal do Comércio e, depois, no escritório de Mariano
José Cabral, onde começou a fazer correspondência com jornais dos
Açores, de onde era natural.
Com outras pessoas fundou os jornais O Recreio e Rossi. Colaborou
também com muitos periódicos lisboetas e fundou a Gazeta das Caminhos
de Ferro, importante quinzenário da especialidade. Entre 1876 e 1878
publicou o Almanaque da Senhora Angot, que teve bastante impacto.
Como autor teatral escreveu: Uma Mulher-Homem, comédia em 1
acto, de colaboração com Manuel Domingos Santos, representada nos
223
teatros da Rua dos Condes e Baquet, no Porto; Safa, que Susto!, comédia
em 1 acto, que agradou imenso no Teatro Nacional D. Maria II
COSTA, Pinto da
O actor Pinto da Costa nasceu no dia 12 de Novembro de 1872 e
faleceu em 3 de Janeiro de 1917.
Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, em 6 de Outubro de 1894.
Foi por duas vezes contratado pela empresa do actor José Ricardo, no
Porto, e por duas vezes foi a Lisboa com a companhia, fazendo papéis
superiores às suas capacidades.
Foi também contratado para o Teatro do Príncipe Real de Lisboa. Das
muitas peças onde entrou, salientamos a participação em: 1023, 20 Mil
Dólares, D. César de Bojan, O Assalto, Aljubarrota, Infante, Hamlet,
Primerose, A Labareda, Auto da Barca do Inferno, O Anjo da Meia Noite,
Conde de Monte Cristo, O Príncipe Perfeito, A Amante do Rei, O Coxo do
Bairro Alto, As Duas Órfãs, Perdidos no Mar, O Apóstolo, A Desonra, A
Lua de Mel, O Rei Maldito, O Rei Lear, A Sonata e Os Amores do Diabo.
COUTINHO, Adelaide
A actriz Adelaide Coutinho nasceu em Lisboa, em 25 de Janeiro de
1861 e faleceu a 4 de Outubro de 1952 na Casa dos Artistas do Rio de
Janeiro, onde estava internada desde 1944.
Estreou-se em 1872 no Teatro do Príncipe Real, integrada numa
companhia onde eram principais figuras o actor Simões e a italiana
Celestina de Palladini. A partir daí a sua carreira desenvolveu-se
alternadamente no Brasil e em Portugal.
Em 1889 o seu nome figura no elenco da companhia organizada por
Emília Adelaide, então a actuar no Teatro de S. Pedro em Alcântara, do Rio
de Janeiro, onde interpretou a ingénua do drama Joana Fortier, de X.
Montépin e Domay. Quando regressou a Lisboa, trabalhou no Teatro do
Ginásio e no Teatro do Príncipe Real, onde fez a protagonista da comédia
A Moral Deles, de Boniface e Bodin, apresentada no espectáculo inaugural
do Teatro Livre, em 1904. Voltou depois ao Brasil, como primeira figura
da companhia do actor Cristiano de Sousa.
Foi casada com o filho do actor Simões. Fez um segundo casamento
com o actor brasileiro João Barbosa Dey Burns. Em 1912 encabeçou o
elenco do Teatro Municipal do Brasil, onde criou, entre várias peças, O
canto sem Palavras, do dramaturgo brasileiro Roberto Gomes.
224
COUTINHO, Penha
José Maria Olavo de Penha Coutinho nasceu em Lisboa em 1864,
onde faleceu no ano de 1937.
Foi autor de imensas revistas, mágicas, cenas cómicas, operetas,
cançonetas, peças infantis e comédias, nomeadamente: Aeronauta à Força,
A Página 115, Estilo Figurado, Os Cuidados da Mana Amélia, Precisamse Dois Homens, Os Dois Matutos, O Filho do Povo, Honra e Dedicação,
O Dedo de Deus, O Ciúme, Garra de Abutre, O Proletário, Nobreza do
Povo, A Morte de Marat, Pedro o Salteador.
Grande parte destas obras subiu à cena entre os últimos anos do século
XIX e os primeiros do século XX. O seu maior êxito foi a opereta A
Leiteira de Entre Arroios, em 1920, que extraiu do conto de Júlio Dinis “As
Apreensões de uma Mãe”, com música de Filipe Duarte.
COUTO, Vasco de Lima
O poeta e actor Vasco de Lima Couto nasceu no Porto em 1924 e
faleceu na cidade de Lisboa a 10 de Março de 1980.
Começou desde muito jovem na declamação. Em 1953 actuou como
actor estagiário no Teatro Nacional D. Maria II na peça A Menina Tonta, de
Lope de Vega, ao lado de Gina Santos, Helena Félix, Álvaro Benamor e
Maria Albergaria. Começou a carreira de actor no Teatro Experimental do
Porto, tendo pertencido Posteriormente ao Teatro Estúdio de Lisboa e à
Cooperativa Repertório.
Gravou poesia em disco e publicou os volumes de poemas Romance,
1947; Recado Invisível, 1949; Olhar do Silêncio, 1952; O Silêncio
Quebrado, 1959; Bom Dia Meu Amor…, 1975 e Centro de Vida e de
Morte, 1981.
Os seus poemas foram cantados por Amália Rodrigues, Carlos do
Carmo e Max, entre outros artistas.
Participou nas seguintes peças: O Regente de Marcelino Mesquita,
1953; Antígona, de António Ferreira, levada à cena no Teatro Experimental
do Porto em 1954 e Morte de um Caixeiro Viajante, de Artur Miller, 1954.
No ano de 1955 participa no Burro do Barba Azul, de Miguel Mihura,
seguindo-se: Macbeth, de William Shakespeare, 1956; Guerras de Alecrim
e Manjerona, de António José da Silva (o Judeu), 1956; O valentão do
Mundo Ocidental, de J. M. Synge, 1957; Ratos e Homens, de John
Steinbeck, 1957; A Promessa, de Bernardo Santareno, 1957; A Bilha
Quebrada, de Heinrich von Kleist, 1958; O Morgado de Fafe em Lisboa,
de Camilo Castelo Branco, 1958; Volpone o Magnífico ou a Raposa Velha,
de Ben Johnson, 1958; O Crime da Aldeia Velha, de Bernardo santareno,
225
1959; Quanto Importa Ser Leal, de Óscar Wilde, 1960; O tio Vânia, de
Anton Tchekov, 1960; O Rinoceronte, de Ionesco, 1960; Hedda Gabler, de
Henrik Ibsen, 1961; O Oiro, de Alfredo Cortez, 1961; O Mercador de
Veneza, de W. Shakespeare, estreado no Teatro da Trindade em 1963;
Todos Eram Meus Filhos, de Artur Miller, também levado à cena no
mesmo teatro, em 1966; Bocage – Alma Sem Mundo, de Lazia Maria
Martins e A Louca de Chaillot, de Giraudoux, ambas as peças estreadas no
Teatro Vasco Santana na época teatral de 1967-1968; O Encoberto, de
Natália Correia, no Teatro Maria Matos; História Exemplar de um
Traficante de Armas e Campeão da Ordem Nova, de Jean Pierre Bisson,
pelo Grupo de Teatro “Os Bonecreiros”, no ano de 1975.
COVÕES, Ricardo
Ricardo Covões nasceu em Lisboa em 16 de Setembro de 1881, onde
faleceu a 1 de Junho de 1951.
Depois de uma intensa carreira política, em que defendeu o ideal
republicano e foi vereador e deputado, dedicou-se inteiramente ao teatro, a
partir de 1919 tendo sido empresário do Coliseu dos Recreios de Lisboa,
inicialmente associado a João Pires Correia e, a partir de 1925, sozinho até
à sua morte e, em 1927, do Teatro de S. Carlos.
No Coliseu dos Recreios apresentou uma vasta variedade de
espectáculos: ópera, opereta, revistas e circo. Ali se estrearam também as
revistas e operetas que escreveu de colaboração com Eduardo Fernandes,
contando-se entre as primeiras: Viva Portugal!, em 1931, que a censura
proibiu e que remodelada, voltou no ano seguinte à cena com o título A
Revista do Coliseu, com música de Luís Gomes; O Fim do Mundo, em
1934, com música de João Pais de Almeida e Anselmo Lopes Vieira; A
Última Maravilha, estreada em1935, com música da mesma parceria; A
Minha Terra, levada à cena em 1936, com música de Rui Coelho, Raul
Ferrão, Fernando de Carvalho e Frederico Valério; e Lisboa é Coisa Boa,
com música de Pestana e Abreu, com Leónia Mendes, Gustavo Ré, Maria
Cristina, Dulce de Oliveira, Berta Cardoso, Elisa Guisette, Camilo de
Oliveira, Carlos Duarte, Maria Olguim, José Viana e Tomé de Barros
Queirós.
Entre as operetas é de destacar: O Salão da Morte, 1939 e Escravos e
Soberanos, em 1940. Neste ano publica os 50 Anos do Coliseu dos
Recreios, em que traça a história da sala de espectáculos a que deixaria
ligado o seu nome e em cuja direcção lhe sucedeu o filho Américo.
CRESPO, Alves
226
Joaquim Pedro Alves Crespo, poeta e escritor, nasceu em 1847 e
faleceu no ano de 1907.
Alves Crespo, foi, sobretudo, um poeta bastante considerado,
apaixonado pelo culto da forma. Parte das suas poesias, foram reunidas no
volume intitulado Escola.
Para o teatro, escreveu a comédia em verso, Jogo de Cartas,
representada com êxito no Teatro Nacional D Maria II, tendo como
protagonista a actriz Emília Cândida e Feliz Engano, 1915, além de outras
que terão ficado inéditas. Nesta área ainda traduziu obras de André
Theuriet e F. Coppée.
Alves Crespo, que era formado em Medicina, exercendo clínica na
Ericeira, deixou também um elogio do professor Manuel Bento de Sousa.
Postumamente (1919) publicou-se mais um volume seu, sob o título:
Versos de Alves Crespo.
CRESPO, Manuel Granjeio
Manuel Granjeio Crespo nasceu em Viana do Castelo em 1939 e
faleceu em Lisboa no ano de 1983.
Publicou a sua primeira peça de teatro em 1961, intitulada Os
Implacáveis. No ano seguinte escreveu Homem & Cª, exercício num acto,
em que o protagonista da peça dialoga consigo próprio e se debate com o
seu duplo. Em 1965 publicou O Gigante Verde, originariamente publicada
em versão francesa e, em 1969, publicou No Princípio Será a Carne.
CRUZ, Delfina
A actriz Delfina Cruz nasceu em Sines em 19 de Janeiro de 1872 e
faleceu em Lisboa a 14 de Julho de 1953.
Estreou-se em 1893 na revista Tam-Tam, escrita por Sousa Bastos e
musicada por Filipe da Silva e levada à cena no Teatro da Rua dos Condes.
No ano seguinte ingressou no elenco do Teatro Nacional D, Maria II, do
qual fez parte durante várias temporadas (1894 a 1900, 1905 a 1909 e
1912-1913) e onde, ao lado do extraordinário actor Ferreira da Silva, teve
notável interpretação em O Pântano, de D. João da Câmara, 1894; em A
Noite de Natal, de Raul Brandão e Júlio Brandão, estreada em 1898 e em O
Pato Bravo, de Ibsen, estreado em 1900.
Entre 1901 e 1905 foi de novo contratada pela empresa Rosas &
Brasão, actuando no Teatro Dona Amélia, onde alcançou, na protagonista
de As Semi-Virgens, de M. Prévost, 1901 e na «Trude» das Fogueiras de S.
João, de Sudermann, 1903, os dois maiores êxitos da sua carreira.
227
CRUZ, Laura
A actriz Laura Cruz nasceu em Lisboa em 12 de Março de 1880 e
faleceu na Ericeira a 3 de Outubro de 1936.
Começou a carreira artística numa companhia constituída por
societários do Teatro Nacional D. Maria II, que percorreu a província no
Verão de 1895. Finda essa digressão, estreou-se nesse teatro
desempenhando um dos papéis da comédia alemã A Primeira Seta, de
autoria de Blumenthal.
Em 1897 fez a protagonista de A Triste Viuvinha, de D. João da
Câmara. Até 1900, e depois nas temporadas de 1908-1909 e de 1911 a
1924, fez parte do elenco do Teatro Nacional, destacando-se as suas
interpretações, entre outras, nas peças Peraltas e Sécias, de Marcelino
Mesquita, em 1899; A Marcha Nupcial, de Bataile, 1913; A Malquerida, de
Benavente, 1915 e A Pecadora de Guimerá, em 1920. Criou em 1915 a
protagonista de A Freira de Beja, de Rui Chianca e teve em 1916, uma das
suas maiores interpretações, numa reposição da Dor Suprema, de
Marcelino Mesquita, ao lado do actor Luís Pinto.
CRUZ, Maria Adelaide Lima
A figurinista, cenógrafa e decoradora, Maria Adelaide Lima Cruz,
nasceu em 1908 e faleceu em 1985.
Começou a trabalhar no teatro de revista aos 20 anos, a convite de Eva
Stichini, colaborando com José Barbosa em 1928, na revista Carapinhada,
escrita por Feliciano Santos, Silva Tavares, Xavier de Magalhães e António
Carneiro, com músicas de Alves Coelho, Raul Portela e Vasco de Macedo
e estreada no Teatro Variedades, tendo Eva Stichini, Carlos Leal e Álvaro
Pereira à frente de um grande elenco.
Entre 1928 e 1937, Maria Adelaide desenhou um total de dezanove
revistas, género que abandonou, tendo desenhado apenas mais duas, entre
1942 e 1946. Dessas revistas destacamos: Pernas Ao Léu, de Almeida
Amaral, Fernando Santos e Mário de Carvalho, estreada em 1933 no Teatro
Maria Vitória e Arre Burro, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco
Santana e Amadeu do Vale, estreada no Teatro Variedades em 1936, onde
Maria Adelaide na apoteose das “Praias”, apresenta um fundo, onde está
suspenso um chapéu de palha cheio de mulheres.
Maria Adelaide desenvolveu um estilo cosmopolita, colorido e sempre
elegante. As mulheres desenhadas por si eram muito esguias e elegantes,
sugerindo movimento. Fez grandes temporadas em Paris, onde o seu estilo
sofreu larga influência. As suas principais clientes foram Hortense Luz e
Eva Stichini.
228
CUNHA, Alfredo da
Poeta e jornalista, Alfredo Carneiro da Cunha, nasceu no Fundão a 21
de Dezembro de 1863 e faleceu em Lisboa no ano de 1942.
Concluído o curso de Direito na Universidade de Coimbra em 1885,
foi para Lisboa exercer a advocacia, vindo pouco depois a desempenhar
cargos importantes junto da Administração Geral da antiga Companhia dos
Tabacos, designadamente o de auditor jurídico, desde Maio de 1889 até
1934.
No início da sua vida em Lisboa começou também a colaborar na
imprensa, dirigindo, com Trindade Coelho, a Revista Nova. Mais tarde, já
com nome feito no jornalismo, passou para o Diário de Notícias,
sucedendo a seu sogro, o jornalista Eduardo Coelho, na função de director,
sendo depois o principal co-proprietário. O seu esforço e competência
muito contrubuiram para elevar o velho órgão de Eduardo Coelho ao
apogeu. Neste jornal manteve-se até 30-06-1919, data em que o Diário de
Notícias passou para a tutela de outra empresa.
Como poeta publicou, Endeixas e Madrigais, editada em Lisboa em
1892, que se supõe ter sido a sua primeira obra poética. Depois, entre
outros trabalhos, publicou: O Naufrágio do Poveiro, 1892;O Imposto do
Bem, versos, 1893; Elogio Histórico do Imperador D. Pedro II, lido em
sessão solene da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1893;
Madalena de Vilhena, poemeto, 1896 (2ª ed. 1899); Campo de Flores Exame da chamada edição autêntica e definitiva (de col. Com Trindade
Coelho, pai), 1894; O Livro de Mesmer, diálogo em verso, que Virgínia e
Ferreira da Silva interpretaram em 1897, na inauguração do Teatro Dona
Amélia (depois Luísa Todi) de Setúbal; Representação contra a Proposta
de Lei sobre liberdade de imprensa, 1898; João de Deus, versos, 1898;
Coimbrães, versos de aula, 1906; Sousa Viterbo, elogio lido em sessão
solene da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1911; José Germano
da Cunha, homenagem, 1913; Versos para Gente Moça. Poesias de José
Germano da Cunha, Alfredo da Cunha e José Coelho da Cunha, 1913; O
Portuense Sousa Viterbo, elogio lido em sessão solene do Ateneu
Comercial do Porto, 1913; A influência da mulher na poesia e nos poetas,
conferência em verso, 1915; Ditames e Ditérios, glosas em verso a ditados
ou dizeres comuns, 3 vol., 1929, 1930, 1931.
Além de conferências e elogios que correram impressos, escreveu
também: Da Formação da Nacionalidade Portuguesa e do
Estabelecimento da Forma Monárquica em Portugal, obra editada em
Coimbra em 1881; Discursos em honra de Luís de Camões, também
editada no ano de 1881.
229
Consagrando atenção à personalidade de Eduardo Coelho, escreveu a
Sua Vida e a Sua Obra, 1891, completada em 1914 com o volume O
Diário de Notícias – a sua fundação e os seus fundadores – alguns factos
para a sua história do jornalismo português. É também de sua autoria:
Göethe haveria lido Gil Vicente?, 1932; Gil Vicente na Lisboa Antiga e a
Antiga Lisboa nas Obras de Gil Vicente, 1937; Academia Nacional de
Belas Artes, 1938; Elementos para a História da Imprensa Periódica
Portuguesa (1641-1821), 1941; Relances sobre os três séculos do
jornalismo português, conferência realizada na Câmara Municipal de
Lisboa em 1941, além de muitos outros trabalhos de elogio e conferências,
que seria fastidioso enumerar todos.
No teatro é de salientar ainda o auto intitulado Juramento de Amor,
escrito em verso e representado no Teatro Nacional D. Maria II no ano de
1934, na festa da actriz Palmira Bastos e com interpretação de João
Villaret, Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Maria Lalande e Álvaro
Benamor.
Alfredo Cunha foi Presidente da Associação dos Jornalistas de Lisboa,
pertenceu à Academia das Ciências de Lisboa, a partir de 1908; foi sócio
do Instituto de Coimbra e da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da
Academia das Ciências de Lisboa, da Ordem dos Advogados e honorário
do Ateneu Comercial do Porto. Foi também Director do Banco Lisboa &
Açores; Presidente do Conselho Director dos Amigos do Museu de Arte
Antiga; Director da Sociedade de Geografia de Lisboa e do Jardim
Zoológico; Presidente das Direcções das Associações dos Jornalistas de
Lisboa, do Albergue das Crianças Abandonadas, da Sociedade Propaganda
de Portugal.
Era Comendador de Ordem de Santiago (1903) e Oficial da Legião de
Honra (1905) e possuía da Cruz Vermelha as Medalhas de 1ª classe (1915),
Placa de Honra (1919) e Dedicação (1920).
CUNHA, Alves da
José Maria Alves da Cunha nasceu em Lisboa no dia 19 de Agosto de
1889, onde faleceu a 24 de Setembro de 1956.
Estreou-se no Teatro do Ginásio, em 11 de Outubro de 1912, na peça
A Volta, da autoria de Nobre Martins.
Teve criações magistrais em várias peças, Frei Luís de Sousa, Otelo,
O Avarento, O Alcaide de Zalamea, Henrique IV e A Ascensão de
Joaninha, entre muitas outras, sendo considerado uma das principais
figuras da cena portuguesa do seu tempo. Aliás, a fracção mais entendida
em crítica teatral, considerava que se Alves da Cunha tivesse nascido além
fronteiras, pertenceria à categoria dos actores de renome internacional.
230
Casado com a actriz Berta de Bívar, formou com esta uma companhia
teatral que teve grande impacto. Como empresário, encenador e director de
companhia, fez várias digressões artísticas por todo o país, por África e
pelo Brasil, onde obteve assinaláveis êxitos.
Foi também professor de Arte Dramática no Conservatório Nacional
de Lisboa.
No campo cinematográfico participou nos filmes: Maria do Mar, de
Leitão de Barros, 1930; Feitiço do Império, de António Lopes Ribeiro,
1940; A Garça e a Serpente, de Artur Duarte, 1952 e Rosa de Alfama, de
Henrique de Campos, realizado em 1953.
Alves da Cunha era o actor de “peças fortes”. Era um intérprete que
vivia a prestigiar a arte de representar; que sentia as personagens, que as
exteriorizava com tanta verdade que arrastava, deslumbrava e subjugava os
espectadores. Dessas registamos a personagem de médico, na peça Um
Inimigo do Povo, com que Ibsen se assinalou no teatro, ao lado dos triunfos
da Casa da Boneca e do Pato Bravo, em que Alves da Cunha fez uma
encarnação magnífica. Foi também o genial intérprete de peças de autores
consagrados, como Balzac, Vítor Hugo, Zola, e de outras, como na Garra,
de Benestein; nas Duas Causas, de Mário Duarte e Alberto Morais; no
Papá Lebonard, peça de exame que só ele e o actor Joaquim de Almeida,
foram capazes de “sentir” em Portugal.
Além dos padrões celebrizados do grande teatro, como Otelo, Kean e
Hamlet, encontram-se para as experiências dos actores de fôlego,
personagens como as de Copeau, que devem fazer pensar muito quem
decidir exteriorizá-las. Alves da Cunha não hesitou e venceu. Venceu,
igualmente, com peças como o Saltimbanco, de António Enes; em A Morte
Civil, de Leonormand; Um Homem, peça em 5 actos de Miguel de
Unamuno, traduzida por dias Costa e representada no Teatro Nacional por
Alves da Cunha, Berta Bívar, secundados por Carlos de Oliveira, Elvira
Velez, Maria Isabel, Luís de Pinto, Alves Costa, Calazans e Julieta Silva e
Alma Forte, que Nicodemi escreveu e fez elevar à categoria das grandes
criações.
Alves da Cunha foi também o intérprete magnífico das nossas figuras
históricas, incarnando os mais diversos papéis. Na companhia de Amélia
Rey Colaço-Robles Monteiro participou em várias peças, levadas à cena no
Teatro Nacional de Almeida Garrett e Teatro do Ginásio, nos anos de 1933,
1934 e 1943, designadamente em: Aquela Noite!, original de Lajos Zilaehy
e Denys Amiel, traduzida por Virgínia Vitorino; Os Gladiadores, de
Alfredo Cortez; O Mata Moiros, de Muñoz Seca, traduzida por Feliciano
Santos e Mário Barros; A Serpente, de Armando Moock, traduzida por
Dinis de Melo; Oiro de Lei, dos Irmãos Quintero, com tradução de Virgínia
Vitorino e Israel, peça de Henry Bernstein, traduzida por Norberto Lopes,
231
com a interpretação de Palmira Bastos, Alves da Cunha, Luís Filipe e
Samuel Dinis.
CUNHA, Augusto
Augusto Henrique Roberto da Cunha nasceu em Lisboa em 1894,
onde faleceu no ano de 1947.
É autor de uma farsa num acto que foi um dos grandes êxitos de
Vasco Santana, o Exame do Meu Menino, escrita em 1930 e de três
comédias, também num acto: A Traição, 1913; Sempre Noivos, 1931 e O
Processo de Mário Dâmaso, levado à cena no Teatro da Trindade em 1932.
CUNHAL, Avelino
Avelino Cunhal nasceu em Seia, em 20 de Outubro de 1887 e faleceu
em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1966.
Advogado, pintor e contista, escreveu na década de 40 uma série de
peças de intervenção social, num acto, que provocariam a sistemática
hostilidade da censura e de que algumas permanecem inéditas.
Com o pseudónimo de Pedro Serôdio, publicou em 1947 as peças
Naquele Banco e Ajuste de Contas. A peça, Dois Compartimentos, foi
representada pela primeira vez em 1950 no Teatro do Clube Estefânia, sob
a direcção de António Vitorino. As suas duas últimas peças foram reunidas
em volume juntamente com Tudo Noite, em 1966, com prefácio de Luíz
Francisco Rebello.
CURTO, Ramada
Amílcar Ramada Curto nasceu em Lisboa em 6 de Abril de 1886,
onde faleceu a 18 de Outubro de 1961.
Escritor e dramaturgo, Ramada Curt, formou-se em Direito na
Universidade de Coimbra e dedicou-se à advocacia, sendo no seu tempo
um dos responsáveis pelos mais importantes e notáveis processos que
passaram pelos tribunais, principalmente em causas-crime.
Militante republicano desde estudante, contribuiu para a preparação
do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910, tendo fundado a
Escola 31 de Janeiro e a Liga da Academia Republicana. Foi deputado em
1911 e, em 1919, filiou-se no Partido Socialista Português.
232
Jornalista muito activo iniciou a sua colaboração em 1902 nos diários
A Liberdade e A Marselhesa e 5 anos depois ainda tinha a seu cargo uma
crónica semanal no Jornal de Notícias, do Porto. Dirigiu também os jornais
A Pátria, A Revolta e O Povo.
Publicou trabalhos jurídicos, obras de ficção, crónicas e, sobretudo,
peças de teatro. Escreveu mais de 30 peças de realismo naturalista. Esta
actividade dramatúrgica exerceu-a regularmente durante meio século,
culminando nas décadas de 20 e 30. A primeira que escreveu, O Estigma,
em 3 actos, foi encenada por Araújo Pereira em 1905, no espectáculo
inaugural do Teatro Moderno. Seguiram-se: Segundas Núpcias, 1913; A
Sombra, 1914; Os Redentores da Ilíria, 1916 e Os Tenórios, 1922, todas
elas representadas no teatro Nacional D. Maria II; A Fera, estreada no
Teatro Politeama em 1923; O Caso do Dia, levada à cena no Teatro do
Ginásio em 1928; O Homem que se Arranjou, representada pela primeira
vez no dia 25 de Julho de 1928 no Teatro Politeama, com a interpretação de
Pinto Grijó, Raul de Carvalho, Gil Ferreira, António Palma, António
sacramento, José Balsemão, Joaquim Miranda, Carlos Santos, Mendonça
de Carvalho, Aura Abranches, Maria Matos, Maria Helena, Adelina
Abranches, Miquelina Rodrigues e Idalina Lopes; Demónio, no Teatro da
Trindade, em 1928; O Sapo e Doninha, Teatro do Ginásio, 1929; A Boneca
e os Fantoches, Teatro Nacional, 1930; Sua Alteza, Teatro da Trindade,
1930; O Diabo em Casa, Teatro Nacional, 1931; A Cadeira da Verdade,
estreada no Teatro da Trindade em 18 de Fevereiro de 1932, com a
interpretação de Lucília Simões, Maria Sampaio, Brunilde Júdice, Adelina
Campos, Maria Matos, Maria de Oliveira, Samuel Dinis, Erico Braga,
Joaquim Almada, Nascimento Fernandes, José Gambôa e Raul Sargedas;
Mascarada, Teatro S. Carlos, 1933; Sol Poente, 1934; O Perfume do
Pecado, 1935; Recompensa, 1938, estas três últimas levadas à cena no
Teatro Nacional D. Maria II; Duas Mães, Teatro da Trindade, 1939;
Consciência, 1939; Colombina e o Telefone, 1940; O Tio Rico e O
Gonzaga, 1941, estas quatro últimas representadas no Teatro Avenida;
Madame Solange, Vidente, Teatro da Trindade, 1943; As Meninas da Fonte
da Bica, Teatro Nacional D. Maria II, 1948; Multa Provável, Teatro do
Ginásio, 1951; A Voz da Cidade, Teatro Nacional D. Maria II, 1952 e Fogo
de Vistas, no Teatro da Trindade em 1956.
Escreveu também as duas comédias num acto, Três Gerações, 1931 e
o Salão Cor-de-Rosa, em parceria com Luís de Oliveira Guimarães e,
outra, em 3 actos, escrita em colaboração com Mário Marques, O Amigo
Pimenta. Foi também o responsável pelas traduções de Pegnol (Topaze),
Boudet (O Sexo Fraco) e de Óscar Wilde (Um Marido Ideal). Colaborou
com Luís de Oliveira Guimarães, Amadeu do Vale e Lourenço Rodrigues
na revista O Jogo do Diabo, levada à cena no Teatro Avenida em 1944,
com música de Raul Ferrão, Frederico Valério de Jaime Mendes.
233
DAMASCENO, Rosa
A actriz Rosa Damasceno nasceu em S. Pedro da Cova, Porto, em 23
de Fevereiro de 1849 e faleceu no Gradil, Mafra a 5 de Outubro de 1904.
Era filha de um militar que a deixou órfã em tenra idade. Ainda em
criança é levada pela mãe para o Alentejo, onde foi actriz numa companhia
de teatro de amadores. Aos 18 anos é vista pelo actor profissional,
Marcolino que a convida a ir para Lisboa e a apresenta no Teatro Nacional
D. Maria II, onde faz um pequeníssimo papel. Essa actuação causou
entusiasmo no meio teatral e Francisco Palha contrata-a para o Teatro da
Trindade, que ia inaugurar a 30 de Setembro de 1867. É aqui que é
considerada a estreia definitiva desta actriz, uma das maiores da segunda
metade do século XIX, com o drama Mãe dos Pobres, de Ernesto Biester e
na comédia O Xerez da Viscondessa, peça traduzida por Francisco Palha.
234
Duas gerações se apaixonaram por esta artista. E também o Rei D.
Luís, que traduziu peças para ela representar e lhe comprou casa na
Avenida da Liberdade e que, até morrer, lhe mandou entregar trezentas
libras por mês. Dizia-se na época que foi esta ligação que influiu no
concurso do D. Maria II, quando em 1878 a Companhia Biester, Brasão &
Cª ganhou a José Carlos dos Santos, por a ter no seu elenco.
Em 1880 esta empresa passou a Rosas & Brasão e Rosa Damasceno
ficará ligada a ela durante o resto da sua actividade. Em 1891 casa com
Eduardo Brasão, com quem vai três anos depois a Santarém para uma récita
de angariação de fundos para a construção de um teatro que acabará por
ficar com o seu nome.
A companhia mudou-se depois para o Teatro Dona Amélia, onde Rosa
Damasceno continuou a exibir o seu génio teatral cuja memória ficou
gravada numa lápide colocada no foyer, junto das mais célebres actrizes
estrangeiras.
A última peça em que participou foi Adversário. Um ataque cardíaco
vitimou-a às três da madrugada do dia 5 de Outubro de 1904.
As principais peças em que participara haviam sido, para além das já
citadas: Família Benoiton, de Sardou; Conspiração na Aldeia, de Sardou;
Pupilas do Senhor Reitor, de Ernesto Biester, extraída do romance de Júlio
Dinis, 1868; Procópio Baeta, opereta traduzida por Paulo Midosi, 1868;
Amazonas do Tormes, zarzuela traduzida por Passos Valente, 1872 e O
Avarento, de Molière, 1873. No Teatro Nacional D. Maria II, interpretou
em: O Amigo Fritz, de Erckmann-Chatrian, 1878; A Sociedade onde a
gente se aborrece, de Pailleron, 1881; Fédora, de Sardou, 1883; Marquês
de Villemer, de George Sand, 1885; Arlesiana, de Alphonse Daudet, 1886;
Hamlet, de William Shakespeare, 1887; D. Afonso VI, de D. João da
Câmara, 1890; A Madrugada, de F. Caldeira, 1892; Os Velhos, de D. João
da Câmara, 1893; A Fera Amansada, de W. Shakespeare, 1896; a Triste
Viuvinha, de D. João da Câmara, 1897. No Teatro D. Amélia entrou em:
Ditoso Fado, de Manuel Roussado, 1898; O que morreu de amor, peça de
estreia de Júlio Dantas em 1899; Meia Noite, de D. João da Câmara, 1990 e
Ressurreição, de Tolstoi.
Fez duas digressões ao Brasil, tendo sido entusiasticamente
ovacionada, tanto no Rio de Janeiro, como em São Paulo. Foi a maior
criadora de ingénuas que jamais pisou os palcos em Portugal.
DANIEL, Carlos
Carlos Daniel nasceu em Lisboa em 11 de Maio de 1952, onde faleceu
a 9 de Abril de 1996.
235
Tirou o curso da Escola de Teatro da Conservatório Nacional de
Lisboa.
Ainda estudante estreia-se no Teatro Popular de Lisboa, numa
companhia dirigida por Augusto Figueiredo na Estufa Fria do Parque
Eduardo VII, na Antígona, de Sófocles. Ao mesmo tempo entra na Castro,
apresentada pela RTP. Passa depois para a companhia Metrul, onde entra
no elenco da Mantilha de Beatriz, de Pinheiro Chagas, adaptada ao teatro
por Carlos Wallenstein.
Após o término do curso no Conservatório, Carlos Daniel, aceita o
convite de Carlos Avilez para ingressar no Teatro Experimental de Cascais,
onde se estreia no espectáculo de Fuentovejuna, de Lope de Vega,
acompanhando o grupo ao Festival de Teatro de Vitória, em Espanha e a
África, numa tournée.
A seguir ao 25 de Abril de 1974 funda com outros colegas, o Teatro
Animação de Setúbal, onde permanece até 1978. Neste ano, após a
reabertura do Teatro Nacional D. Maria II, catorze anos depois do incêndio
que o destruíra quase por completo, entra para o corpo de actores deste e
nele representou grandes autores e grandes textos.
É neste teatro que representa D. Juan, de Molière, dirigido pelo
francês Jean-Marie Villegier, espectáculo que se desloca a Paris ao Thêatre
l’Europe. Dois anos depois, este encenador convida-o para representar em
francês, na Comédie de Caen, o que lhe abre as portas a uma carreira
internacional, que se prolongaria na televisão, ao ir para o Brasil participar
na telenovela co-produzida pela RTP e Globo, Pedra Sobre Pedra.
O seu percurso artístico é vasto. Referimos, aqui, algumas das
principais obras em que participou: A Maratona, de Claude Confortes e
Medida por Medida, de William Shakespeare, ambas estreadas pelo Teatro
Animação de Setúbal. No Teatro Nacional: Alfageme de Santarém, de
Almeida Garrett, 1878; Felizmente há Luar, de Luís de Stau Monteiro,
1978; As Alegres Comadres de Windsor, de W. Shakespeare, 1978; Os
Filhos do Sol, de Máximo Gorki, 1979; As Três Irmãs, de Anton Tchekov,
1980; A Tragédia da Rua das Flores, de Eça de Queirós; Longa Viagem
para a Noite, de Eugene O’Neil, 1983; Fígados de Tigre, de Gomes de
Amorim, 1984; D. João, de Molière, 1986; Mãe Coragem e os Seus Filhos,
de Bertolt Brecht, 1986; O Leque de Lady Windermere, de Óscar Wilde,
1993 e Ricardo II, de W. Shakespeare, 1995. No ACARTE, participou no
Hamlet, de W. Shakespeare, 1987.
Em televisão entrou em O Caso Rosenberg e Fantasmas, de Eduardo
de Filipo, nas telenovelas, Chuva na Areia, Desencontros e Pedra Sobre
Pedra, rodada no Brasil. No cinema, O Processo do Rei, 1988 e O Fim do
Mundo, 1993, ambos realizados por João Mário Grilo.
DANTAS, Júlio
236
Dramaturgo, poeta, jornalista, médico, diplomata e académico, nasceu
em Lagos em 19 de Maio de 1876 e faleceu na cidade de Lisboa a 25 de
Maio de 1962.
Formou-se em Medicina em 1900, com a tese Poetas e pintores de
Rilhafoles, sendo nomeado médico do Exército em 1902. Foi parlamentar
em várias legislaturas a partir de 1905, Ministro da Instrução Pública, por
duas vezes (1902) e dos Negócios Estrangeiros (1921 e 1923), membro da
Academia das Ciências de Lisboa em 1908 e Presidente várias vezes
reeleito, da mesma instituição, a partir de 1922.
Foi também comissário do Governo junto do Teatro Nacional D. Maria
II; professor e director da secção de Arte Dramática do Conservatório
Nacional de Lisboa, inspector superior das Bibliotecas e Arquivos e
inspector do Conservatório Nacional.
Júlio Dantas foi uma figura multifacetada e das mais controversas da
cultura portuguesa. Aclamado por uns e alvo da crítica mordaz por outros,
de que é exemplo o ataque movido por Almada Negreiros no célebre
Manifesto Anti-Dantas, datado de 1916. A sua obra literária abrange os
mais diversos géneros: romance, teatro, poesia, conto, crónica e ensaio. No
campo jornalístico, colaborou em quase todos os jornais portugueses e
ainda no Correio da Manhã do Brasil e em La Nación da Argentina.
A sua estreia nas Letras fez-se em 1896 com o livro de versos Nada,
prefaciado por Henrique Lopes de Mendonça. Em 1916, vinte anos depois
voltou a este género literário com Sonetos. Ficcionista, deu a lume Outros
Tempos, 1909; O Síndroma Glosso-Labiado do Rei D. José, 1914; Figuras
de ontem e de hoje, 1914; Pátria Portuguesa, 1914; O Amor em Portugal
no Século XVIII, 1915; Ao Ouvido de Madame X, 1915; Mulheres, 1916;
Novas Bibliotecas – Novos Arquivos, 1917; Eles e Elas, 1918; Espadas e
Rosas, 1919; Abelhas Doiradas, 1920; Os Gatos de Apolo, 1921; A Arte de
Amar, 1922; O Heroísmo, a Elegância, o Amor, 1923, baseado nas
conferências realizadas no Teatro Lírico do Rio de Janeiro; Eva, 1925;
Cartas de Londres, 1927; Diálogos, 1928; O Eterno Feminino, 1929;
Contos, 1930; Alta Rosa, 1932;Viagens em Espanha, 1936 e Marcha
Triunfal, 1954.
Em colaboração com Manuel Penteado publicou Outros Tempos,
1909, inquéritos médicos às genealogias reais portuguesas e estudos sobre
o século XVIII em Portugal; Estática e Dinâmica da Fisionomia, tese de
concurso, 1900; Elogio de Raimundo A. de Bulhão Pato, 1913.
Para teatro escreveu peças de ambiente histórico, romântico e de tema
contemporâneo, as primeiras caracterizam-se pela reconstrução dos
exteriores da época em que a acção decorre; as segundas exprimem o seu
melhor teatro, de cariz naturalista. Neste género destacado o mais da sua
actividade literária, escreveu: O que Morreu de Amor, drama em 4 actos,
237
representado pela primeira vez no Teatro D. Amélia a 5 de Janeiro de 1899,
com Eduardo Brasão, João Rosa, Augusto Rosa, Augusto Antunes, Rosa
Damasceno e Maria Falcão; Viriato Trágico, comédia heróica em 5 actos,
representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 1900, com a
participação de Eduardo Brasão, João e Augusto Rosa, Augusto Antunes,
Pinheiro, Luís Pinto, Henrique Alves, João Gil, Rosa Damasceno, Ana
Pereira, Carolina Falcão e Maria Falcão; A Severa, peça em 4 actos,
representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 25 de Janeiro de
1901, com a interpretação de Ângela Pinto, Maria Falcão, Elvira Santos,
Augusto Rosa, Henrique Alves, João Rosa, João Gil, Seta da Silva,
António Pinheiro, Lagos, Quaresma e Massas; A Ceia dos Cardeais, peça
em 1 acto representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 24 de
Março de 1902 e interpretada por João Rosa, Eduardo Brasão e Augusto
Rosa; D. Beltrão de Figueirôa, comédia ingénua em 1 acto, representada
pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 31 de Maio de 1902 pelos
artistas Cristiano de Sousa, Chaby Pinheiro, Henrique Alves, Lucília
Simões e Lucinda Simões; Crucificados, peça em 4 actos, representada
pela primeira vez no Teatro D. Amélia em Janeiro de 1902, com a
interpretação de Luís Pinto, João Rosa, Pinheiro, Augusto Antunes, João
Gil, Ângela Pinto, Delfina Cruz, Maria Pia, Carolina Falco, Elvira Costa,
Isaura Ferreira e Elvira Santos; O Paço de Veiros, peça em 3 actos,
representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia a 28 de Fevereiro de
1903, com Eduardo Brasão, João e Augusto Rosa, Carlos Oliveira, Rosa
Damasceno e Amélia O’Sullivan; Um Serão nas Laranjeiras, peça em 3
actos, representada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II a 24
de Dezembro de 1903, com a interpretação de Ferreira da Silva, F. Maia,
Joaquim Costa, Carlos Santos, Pinto Campos, Augusto Melo, Luís Pinto, T.
Santos, Cardoso Galvão, Sampaio, Beatriz Rente, Ângela Pinto, Cecília
Machado, Augusta Cordeiro, Alda Aguiar, Amélia Viana e Luz Veloso;
Rosas de Todo o Ano, comédia num acto estreada no Teatro D. Amélia em
1907; Mater Dolorosa, peça em um acto, representada pela primeira vez no
Teatro do Príncipe Real, na noite de 29 de Janeiro de 1908, com a
participação de João Gil, Carlos Leal, Eduardo Vieira, Luz Veloso,
Georgina Vieira e Carlos; Santa Inquisição, peça em 4 actos e 1 quadro,
levada à cena no Teatro D. Amélia em Março de 1910, com a interpretação
de Augusto Pina, Joaquim Viegas, Chaby Pinheiro, Ângela Pinto, Augusto
Rosa, Carlos Oliveira, João Silva, Lopo Pimentel, Henrique Alves e Luz
Veloso; O Primeiro Beijo, peça em 1 acto, representada pela primeira vez
no Teatro S. Geraldo em Braga a 13 de Abril de 1909 e, pela segunda vez,
no Teatro S. Carlos em Lisboa, a 10 de Abril de 1911; D. Ramón de
Capichuela, sainete em verso sobre um motivo castelhano, representado
pela primeira vez no Teatro do Pará, a 7 de Julho de 1911; O Reposteiro
Verde, peça em 4 actos, representada pela primeira vez no Teatro Nacional
238
Almeida Garrett, a 5 de Dezembro de 1912, com Inácio, Carlos Santos, J.
Costa, Augusto Melo, Luís Pinto, Pinheiro, Augusta Cordeiro, Maria Pia e
Lucinda do Carmo; 1023, episódio em verso em 1 acto, representado pela
primeira vez no Teatro República em Março de 1914, por Chaby Pinheiro,
Pinto Costa, Manuel Pina e Ana Espinoza; Sóror Mariana, representada em
1915, pela Maria Matos, Luísa Lopes, Celeste Leitão, Berta de
Albuquerque, Hermínia Silva, Francisco Mendonça de Carvalho e Mário
Duarte; Carlota Joaquina, peça em 1 acto em prosa, representada pela
primeira vez no Palace-Teatro, do Rio de Janeiro em 1919, num elenco
constituído por Mendonça de Carvalho, Henrique Alves, João Lopes,
Silvestre Alegrim, Joaquim Almada, Gil Ferreira, Joaquim Prata, António
Palma, Joaquim Silva, Henrique Pereira, Maria Matos, Hortense Luz,
António de Sousa, Tina Coelho, Lucinda Lopes, Alice Ribeiro, Benvinda
de Abreu, Pepita de Abreu, Maria Prata e Virgínia Farrusca; Frei António
das Chagas, 1947 e Outono em Flor, 1949. É autor de uma sátira em verso,
Auto da Rainha Cláudia, escrita em 1897 e que mais tarde excluiu das suas
obras completas; e do libreto para uma ópera de Óscar da Silva, Dona
Mécia, 1901 de uma peça em 4 actos. De várias das suas obras foram
extraídas óperas, operetas e uma zarzuela.
É também autor das traduções das peças: Cyrano de Bergerec, de
Rostand; O Caminheiro, de Richepin e O Leque de Lady Windermere, de
Wilde.
Possuía, entre outras decorações, a Cruz da Ordem de Santiago e a de
Grande Oficial da Legião de Honra da França.
DAVID, José
O actor José David nasceu em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1893 e
faleceu no ano de 1942.
Estreou-se em Agosto de 1911 em Beja, na revista em 2 actos e 8
quadros de autoria de Vitorino Brito, É Melhor Isso!
Dos inúmeros espectáculos teatrais em que entrou, salientamos os
seguintes: O Caixeiro, Hora Fatal, Cavaquinho, Homem das Mangas, As
Pupilas do Sr. Reitor, Rosas de Nossa Senhora, A Severa, Mouraria,
Bairro Alto, Maria Rapaz, Estrele de Alva, Conde de Luxemburgo, Solar
dos Barrigas, Trapos e Trapaços, 20 Mil Dólares, Princesa Magalôna,
Bichinha Gata, Jigajoga, Piparote, Trolaró, Céu Aberto, Caldo Verde,
Mola Real, Tiroliro, As Onze Mil Virgens, Manjerico, O Beijo, Céu Azul, O
Dinheiro, Fruta do Tempo, O Velho Mundo, A Nova Avenida, Os Dragões
de Chaves, Avante Franceses, Fungágá, Bombo de Festa, A Júlia dos
Terramotos, Arca de Noé, As 2 Garotas de Paris, Posto na Rua, O João
Ninguém e Tudo na Lua.
239
DEL NEGRO, Tomaz
Joaquim Tomaz Del Negro nasceu em Lisboa em 5 de Junho de 1850,
onde faleceu a 12 de Fevereiro de 1933.
Em 1867, um ano antes de terminar o curso da Escola de Música do
Conservatório Nacional de Lisboa, ingressou como primeiro trompa na
orquestra do Teatro de S. Carlos. Exerceu uma notável actividade como
empresário do Teatro D. Afonso, do Porto e director de companhia de
teatro musicado do Teatro da Trindade, entre 1895 e 1898.
Foi professor do Conservatório de Lisboa. Foi compositor de uma
grande quantidade de operetas e revistas, entre as quais Os Filhos do
Capitão-Mor, ópera cómica de Eduardo Schwalbach, estreada no Teatro da
Trindade, em 1896; O Reino da Bolha e Formigas e Formigueiros,
estreadas no Teatro da Rua dos Condes em 1897 e 1898; Arte Nova, revista
de Acácio de Paiva, estreada no Teatro da Trindade em 1902; A.B.C. e Sol
e Dó, revistas de Ernesto Rodrigues e Acácio de Paiva, levadas à cena no
Teatro Avenida, respectivamente, em 1908 e 1909; Arlequim, opereta de D.
João de Castro, em 1909; O Rei Chegou, opereta de Arnaldo Leite e
Carvalho Barbosa, estreada no Teatro Apolo em 1911; Castelos no Ar,
revista de Eduardo Schwalbach e Acácio de Paiva, no Teatro República em
1915; O Diabo a 4, revista representada no Éden Teatro em 1915; Armas
em Coimbra, opereta, estreada no Teatro Apolo em 1916; Com 600 Diabos,
revista de P. Coutinho, levada à cena no Teatro da Trindade em 1916; Ao
Deus Dará, revista de Eduardo Schwalbach, 1918; A Menina de Chocolate,
opereta de André Brun, segundo a comédia de P. Gavault, representada no
Teatro Avenida em 1924 e Os Varinos, opereta de Rafael Ferreira.
DELGADO, Humberto
O militar e político Humberto Delgado nasceu em Brogueira, Torres
Novas, em 15 de Maio de 1906 e faleceu em Villanueva del Fresno,
Badajoz a 13 de Fevereiro de 1965.
Concluiu o curso de Artilharia em 1928 e o de Piloto e Observador em
1936. Aos 46 anos foi promovido a Brigadeiro e, aos 47, a General. Entre
1941 a 1943 foi o representante português para os acordos secretos a
estabelecer com o governo inglês, referentes à concessão de bases nos
Açores. Durante cinco anos chefiou a missão militar portuguesa em
Washington.
Em 1958, então General de aeronáutica, candidatou-se pela oposição à
presidência da República, tendo contestado os resultados das eleições, por
suspeitar de fraude eleitoral. Demitido das Forças Armadas, pediu asilo
240
político na embaixada do Brasil, onde vai encabeçar um movimento de
oposição ao governo português, numa ampla congregação dos exilados
políticos. Em 1961 orientou e concebeu o assalto ao paquete Santa Maria.
Morreu assassinado pela PIDE.
Foi um homem ligado ao teatro. Escreveu a peça em 3 actos Asas,
levada à cena em 1942 pela companhia do actor Alves da Cunha, no Teatro
da Trindade. Escreveu também três peças radiofónicas: 28 de Maio, 1939;
A Marcha para as Índias e Soror Mariana Alcoforado, 1940.
DEMOEL, Lina
Carolina Adelaide Rodrigues, nome artístico Lina Demoel, nasceu em
1897 e faleceu em Cascais no ano de 1982.
Iniciou a vida teatral em 1919 na revista Paz Armada, de autoria de
António Torres e Fernando Pereira, com música de Luís Filgueiras e Alves
Coelho, com a interpretação de Teresa Taveira, Inácio Peixoto, Justino de
Magalhães, António Pinheiro, Martins Santos e Lina Demoel, apresentada
no Teatro da Trindade pelo empresário António Macedo. A partir desta
revista o êxito foi-lhe assegurado. A actriz contracenou depois com outros
grandes nomes do nosso teatro, nomeadamente, com Palmira Bastos,
Samuel Dinis, Ester Leão, Elvira Velez e Rafael Marques. De 1919 a 1938,
em mais de três dezenas de revistas, foi sempre a vedeta.
Foi ao Barsil com António de Macedo, em 1924, na tournée em que foi
promovida a corista Beatriz Costa.
Interpretou as peças: A Dama das Camélias, Fedra, A Morgadinha de
Vale Flor, entre outras. Ao lado do actor Chaby Pinheiro desempenhou, no
Teatro Avenida, um dos papéis da peça A Pequena do Marquês.
Muitos foram os sucessos que esta artista obteve no teatro de revista,
destacando-se: Foot-Ball, escrita por Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes,
João Bastos, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Luís Galhardo, com
música de Raul Portela, com Lina Denoal, Hortense Luz, Carlos Leal,
Alberto Ghira, Luísa Durão, Carminda Pereira, Alfredo Ruas, Manuel
Santos Carvalho e Elisa de Guisette, levada à cena no Teatro Maria Vitória
em 1925, revista que se manteve em cena mais de um ano; Cabaz dos
Morangos, de Lino Ferreira, Silva Tavares, Luna de Oliveira e Acúrcio
Pereira, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho, Raul Portela, com
a interpretação de Deolinda de Macedo, Lina Demoel, Elisa Carreira,
António Gomes, Ema de Oliveira, Jorge Roldão, Rosalina Sayal e Francis,
estreada no Éden-Teatro em 1926. Nesta altura, Lisboa inteira cantava com
ela «Maria! São teus olhos azeitonas/Cachopa! São teus lábios quais
cerejas…», grande êxito daquela revista, tal como muitas canções que Lina
Demoel levou às plateias do nosso teatro, «Sou Saloia de Alcanena», por
exemplo, cantiga que originou uma célebre marcha de Benfica.
241
Em 1928, Lina Demoel teve a sua própria companhia a trabalhar no
Éden, com Manjerico. No entanto, a má administração levou-a a vender
algumas jóias e quintas.
A revista Bailarico Saloio, levada à cena no Teatro Maria Vitória em
1938 é a sua despedida dos palcos, depois da qualidade dos espectáculos
em que aparece ter começado a baixar consideravelmente. Embarca então
para Luanda, onde trabalha em alta-costura. No ano de 1954, de passagem
por Lisboa, sofre um desastre de automóvel.
Seguem-se muitos anos de silêncio. Em 1972, é descoberta, quase
inválida, vivendo na pobreza num quarto alugado. Lina Demoel surgiu
depois no programa de televisão E O Resto São Cantigas, saindo do
anonimato de 24 anos vividos em quartos alugados, confrontando-se com a
doença e solidão e uma magra pensão de invalidez. Só depois de Raul
Solnado a ter “descoberto” para esse programa é que a popular actriz teve
melhor sorte, indo viver no Lar da Terceira Idade da Cruz Vermelha, em
Alcoitão, por iniciativa da Dra. Manuela Eanes.
A última vez que apareceu em palco foi no dia de São Martinho de
1981, por ocasião da festa de homenagem que o actor Fábio Berger lhe
preparou na Estalagem de Nossa Senhora da Esperança, em Cascais, e a
que assistiram, entre outras figuras do espectáculo, Eunice Muñoz e
Florbela Queirós.
DESFORGES, Ernesto
Ernesto Desforges nasceu em Lisboa em 16 de Agosto de 1849, onde
faleceu a 7 de Março de 1912.
Foi empresário do Teatro da Rua dos Condes, em sociedade com o
cunhado José Torres e do Teatro do Ginásio onde, em 1877, apresentou a
primeira companhia italiana de opereta, que veio a Lisboa, encabeçada por
Achille Lupi e Maria Frigerio e também do Circo Price.
Foi um dos fundadores e primeiro empresário do Teatro Avenida, em
1888. Escreveu e fez representar várias peças, nomeadamente O BarbaRoxa, O Cego da Guitarra, A Família do Bailarino, Ali-Bábá, Dueto de
Harpa e Rabeca, Variações de Flauta, todas representadas no Teatro da
Rua dos Condes; Otelo em Calças Pardas, Casamento e Mortalha, O
Favorito da Favorita, estreadas no Teatro do Ginásio; Quadros Vivos,
levada à cena no Teatro Recreios; A Volta de Lisboa em 365 dias, estreada
no Teatro do Rato e Lisboa em Camisa, em colaboração com o jornalista
Cruz Moreira, representada no Teatro Avenida. Foi também empresário do
Coliseu dos Recreios de Lisboa.
242
Nos últimos anos de vida, dedicou-se à organização de espectáculos de
variedades, cortejos carnavalescos, batalhas de flores, bailes de máscaras e
festas sevilhanas, que tinham lugar em jardins públicos e, por vezes, em
salas de teatros, como o Teatro Nacional e o Coliseu dos Recreios de
Lisboa.
DIAS, Carlos Malheiros
O jornalista, cronista, dramaturgo e romancista, Carlos Malheiros
Dias, nasceu no Porto em 13 de Agosto de 1875 e faleceu na cidade de
Lisboa a 19 de Outubro de 1941.
Passou a sua adolescência no Rio de Janeiro. Formou-se em 1890 na
Faculdade de Direito de Coimbra, entregando-se logo à política como
deputado do Parrido Regenerador. Foi viver para o Brasil em 1893,
dedicando-se lá ao jornalismo. A publicação de A Mulata, 1895, obrigou-o
a voltar para Portugal.
Foi director da Ilustração Portuguesa. A sua colaboração jornalística,
reunida na obra Cartas de Lisboa (3 volumes – 1904-05-06), é de grande
interesse para o conhecimento da conturbada vida nacional daquela época.
Mais ou menos por esta ocasião foi vogal do Conselho de Arte Dramática
do Conservatório Nacional de Lisboa.
Monárquico militante, a implantação do Regime Republicano levou-o,
em 1913, a um exílio voluntário no Brasil, que duraria 25 anos. Ali fundou
a revista O Cruzeiro e lançou a História da Colonização Portuguesa, 19211924, em três volumes.
A sua estreia como escritor data de 1895, com o volume Cenários,
impresso no Rio de Janeiro, mas o seu grande êxito foi o romance O Filho
das Ervas, publicado em 1900. Depois, vieram as obras, A Fábrica, e Os
Teles de Albergaria; A Paixão de Maria do Céu, 1902; O Grande
Cagliostro, 1905, novela romântica de tema sensacional, de que depois se
extraiu uma comédia, Amor de Mulher, em 1907; A Vencida, contos, 1907.
De teatro escreveu: Coração de Todos, 1895; Inimigos, 1913. Publicou
ainda: Em Redor de Um Grande Drama, subsídios para uma história da
sociedade portuguesa – 1908-1911; Do Desafio à Debutada (3 volumes);
Zona de Tufões, 1912; O Estado Actual da Causa Monárquica, 1913; Entre
Precipícios, 1916; A Verdade Nua, Prosadores Brasileiros; O Piedoso e o
Desejado, 1925 e Exortação à Mocidade, também no mesmo ano.
Malheiro Dias fez parte, a partir de 1908, da Academia das Ciências de
Lisboa e foi membro fundador da Academia Portuguesa de História, bem
como um dos 10 membros correspondentes portugueses da Academia
Brasileira de Letras. Já no fim da vida, em 1915, foi Embaixador em
Madrid mas não chegou a tomar posse, devido ao precário estado de saúde.
243
DINIS, Baptista
Autor, actor, ensaiador e empresário, Eduardo Baptista Dinis, nasceu
em Lisboa em 19 de Novembro de 1859, onde faleceu no ano de 1913. A
maioria das peças deste autor fez carreira nos teatros populares das feiras
de Belém, Alcântara e Campo Grande; nos Teatros do Rato, Rua dos
Condes e Príncipe Real. O estilo em que obteve maior êxito foi o da
revista, como: De Portas a Dentro, revista em 3 actos, estreada a 6 de
Fevereiro de 1903 no Teatro da Rua dos Condes, com a participação, entre
outros de: Marcelino Franco, Júlio Guimarães, Isabel Costa, Júlia Castilho,
Júlia Moniz, Cláudia Martins, Júlia Sá, Ofélia Godinho, Rita Machado,
Rebocho, César Máximo, Augusto Martins, António Salvador, José
Moreira, P. Brandão; De Pernas Para o Ar, revista levada à cena no Teatro
Chalet (feira de Belém), em 1904; O Livro Proibido; O Pêssego, revista
estreada no Teatro do Rato em 1895; A Paródia, revista com música de Rio
de Carvalho Júnior, estreada no Teatro do Príncipe Real em 1899; Da
Parreirinha ao Limoeiro, representada no Teatro do Príncipe Real; O Ano
em Hora e Meia, com música de Esteves Graça e levada à cena no Teatro
Chalet (feira de Belém), em 1904; Zás Trás, estreada no Teatro da Rua dos
Condes; Século XIX, levada à cena no Teatro do Rato; À Procura do
Badalo, revista com música de Miguel Ferreira, estreada em 1902, no
Teatro do Príncipe Real; Paródia ao Homem das Mangas; Mercúrio;
Paródia à Vénus, levada à cena no Teatro D. Amélia, entre outras.
Escreveu também, dramas de cariz popular, entre eles: Um Erro Como
Leonardo o Pescador; Um Erro Judiciário; e O Veterano da Liberdade.
Escreveu também peças com vincado espírito anticlerical, como: A
Inquisição e Os Crimes dos Jesuítas e as comédias: Um Servo Perigoso,
em 2 actos; O Comendador Ventoinha, peça de costumes populares em 3
actos, representada em 1896; O Comboio do Amor, 1898; Caetano,
Gregório & Cª, revista representada no Teatro Chalet (feira de Belém e
Condes; O Livro Proibido, com música de L. Filgueiras e Joaquim
Alagarim, estreada no Teatro do Rato em 1904; Não É Santo António,
música de Esteves Graça, estreada em 1906; Sorte de Gaiola, revista levada
à cena no Teatro Chalet (feira de Belém), em 1907; A Batota, revista com
música de Chiquinha Gonzaga, levada à cena no Teatro da Trindade em
1908; O Leão da Estrela, revista estreada no Casino Étoile, em 1908; O Sol
dos Navegantes, revista com música de Luz Júnior, representada no Teatro
Condes em 1909; O Homem das Meias e Os Mártires do Matrimónio, 1903
e os entre-actos dramáticos: Heróis do Mar; A Fome do Operário e O Povo
e a República.
244
Foi um autor que usou e abusou do elemento pornográfico. Explorou o
Teatro da Rua dos condes, juntamente com Castelo Branco.
DINIS, Samuel
O actor Rodrigo Samuel Dinis nasceu em Lisboa, em 17 de Julho de
1888, onde faleceu a 28 de Julho de 1978.
Findo o curso geral dos liceus, empregou-se nos caminhos-de-ferro.
A sua estreia no teatro deu-se como autor, ao escrever, em 1916, um
peça num acto, denominada de Conflitos de Alma, posta em cena pela
companhia de Adelina e Aura Abranches, no Teatro Avenida. A actividade
como actor, já com 30 anos, deu-se a 23 de Abril de 1918, no Teatro do
Ginásio, na peça Sopa de Mel, de P. Gavault, com a companhia de Maria
Matos, no Teatro do Ginásio, de onde passou para o Teatro S. Luís. A
verdadeira peça em que este actor se distinguiu verdadeiramente foi em
Ninho de Águias, de Carlos Selvagem, representada no ano de 1920.
Em 1922 foi nomeado societário do Teatro Nacional D. Maria II, onde
se conservou apenas alguns meses. No ano seguinte teve impacto no Teatro
Avenida, com Palmira Bastos na peça Dama de Camélias, de Alexandre
Dumas Filho e vai pela primeira vez ao Brasil. Ao voltar deste país, foi
para o Teatro Nacional em 1924, onde representou em A Severa e no Amor
de Perdição. Neste Teatro, em 1931 viveu um dos maiores momentos da
sua vida de actor quando, na presença do próprio autor, Pirandelo, intervém
na estreia mundial de Um Sonho, mas talvez não.
Em 1937, também no elenco do Teatro Nacional, participa na Loucura
de Amor, de Tamayo y Baús, seguindo-se a interpretação de uma rica
galeria de personagens, como Romeiro, em Frei Luís de Sousa, em 1943; o
João da Ega, em Os Maias, 1945 e o Harpagão, do Avarento, em 1949.
Após deixar o Teatro Nacional D. Maria II, em 1955-1956, fez parte
do Teatro d’Arte de Lisboa, que actuou no Teatro da Trindade sob a
direcção de Orlando Vitorino e Azinhal Abelho.
Quando em 1936 é criado o Sindicato dos Artistas Teatrais, Samuel
Dinis é nomeado Presidente da Direcção, cargo que ocupa até 1970.
Era casado com a actriz Adelina Campos. Foi professor e director da
Secção de Teatro do Conservatório Nacional, entre 1942 e 1958. Tinha o
grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago.
Para além das peças citadas, participou também em: A Emboscada, de
Kiestemaeckers e Egas Moniz, de Jaime Cortesão, 1919; A Cadeira nº 13,
peça policial de Veiller; O Libertino, de Piñero, ao lado de Lucinda
Simões; A Labareda, de Kistemaeckers, representada no Teatro Politeama
em 1920, ao lado de Alves da Cunha; A Chama, de C. Méré; Mamã
245
Colibri, de Bataille. Entre 1921 e 1923, acompanhando Palmira Bastos
interpretou em Dama das Camélias, no Teatro Avenida; A Chama, de C.
Méré; Mamã Colibri, de Bataille e O Homem que Assassinou, de Pierre
Frondaie, no Teatro de S. Carlos em 1923; Amor de Perdição, no Teatro
Nacional, 1924. De 1924 a 1932 integrado na companhia de Lucília
Simões-Erico Braga, entrou nomeadamente, em A Casa em Ordem, de
Pinero; O Príncipe João, de C. Méré, uma das uas mais notáveis
composições, 1925; Homens de Hoje, de Flers e Croisset, no Teatro de S.
Carlos, 1925; A Exilada, de Kistemaeckers; A Garçonne, de V. Marguerite;
A Toga Vermelha, de Brieux, 1926; Perdoai-nos Senhor, de Vasco de
Mendonça Alves, estreada no Teatro da Trindade em1927; A Primeira
Noite, de C. Méré; O Segredo do Harém, de L. Besnard, estreada no Teatro
do Ginásio em 1929; Sua Alteza e A Cadeira da Verdade, de Ramada
Curto; O Senhor Prior, de C. Vautel, 1931; A Carta, de Sommerst
Maugham, 1932; Loucura de Amor, de Tamayo e Baús, 1937; Uma mulher
e o Mesmo Homem, de Tomás Ribeiro Colaço, 1938.
Nas temporadas de 1955 e 1956, dentro do elenco do Teatro d’Arte de
Lisboa, que actuou no Teatro da Trindade sob a direcção de Orlando
Vitorino e Azinhal Abelho, actuou em várias peças, como A Casa dos
Vivos, de Graham Green; As Três Irmãs, de Anton Tchekov; Já Aqui
Estive, de Priestley. Em 1959 criou a personagem de o «Director de Cena»
das Seis Personagens à Procura de Autor, de Pirandello, estreada no
Teatro Avenida.
A sua participação no cinema foi escassa. Participou na versão muda
de Amor de Perdição, de Georges Pallu, em 1921 e em A Garça e a
Serpente, de Artur Duarte, filme realizado em 1952.
DOMINGOS
O actor e empresário Domingos nasceu no ano de 1854 e faleceu a 29
de Abril de 1918.
Foi um actor que trabalhou mais na província. Durante 40 anos
percorreu Portugal de Norte a Sul, sendo 12 anos empresário de uma
companhia com o seu nome, que teve grande destaque no trabalho em
feiras. Nos últimos anos de sua vida trabalhou na companhia Constantino
de Matos, que também era companhia da província.
Era o pai da actriz Aurora Silva.
DORES, Maria das
246
A actriz Maria das Dores nasceu em Lisboa no dia 11 de Junho de
1844 e faleceu em Nova Belford, América do Norte, a 27 de Janeiro de
1928.
Filha de uma costureira do Teatro Nacional D. Maria II, estreou-se
neste teatro, quando as peças exigiam papéis de criança. Logo que cresceu
nele começou a representar pequenos papéis de géneros diversos, sem que
o público a notasse. Depois, começou a ter grandes papéis, chegando
mesmo a substituir a talentosa actriz Manuela Rey, num dos seus melhores
papéis, A Mulher que Deita Cartas. Teve destaque depois em: Pena de
Talião, Cisterna de Albi e Berta a Flamenga, entre outras.
Em 1869 foi contratada para o Teatro do Ginásio. Posteriormente
afastou-se depois de cena até que, em 1872, voltou para o Ginásio,
colocada como primeira ingénua, ao lado de Emília dos Anjos, Margarida
Cruz, Maria Adelaide, Pola, João Rosa, Augusto Rosa e Pinto de Campos.
Teve, neste teatro, papéis em que foi muito feliz, entre eles: Avó, Filha
Única, Órfã de Aldoar, Como se Enganam Mulheres, Família Mongrol e
Lazaristas, entre outros.
No Teatro do Príncipe Real, em 1884, estreou-se nas Duas Órfãs,
substituindo com grande vantagem a actriz Alexandrina. Então passou a
dedicar-se aos papéis centrais, nas peças Condessa Sarah, Capitão Pirata,
Voluntários de Cuba e A Feiticeira.
Foi 5 vezes ao Brasil, sempre em companhia dos melhores artistas,
como Álvaro, Gil, Pola, Amélia Vieira, Margarida Loura e Adelina
Abranches.
DOROTEIA
A actriz Doroteia nasceu no dia 22 de Outubro de 1836 e faleceu a 25
de Dezembro de 1910.
Estreou-se em 1868 no Teatro da Trindade, na peça de Sardou,
intitulada Conspiração na Aldeia. No ano seguinte, no Teatro das
Variedades, entrou na mágica de Sousa Bastos, O Primo de Satanás.
Depois andou por quase todos os teatros de Lisboa e províncias. No Teatro
da Rua dos Condes entrou no drama de José Romano, Os Bombeiros.
Foi depois ao Brasil onde esteve bastante tempo. Era mãe da actriz
Adelaide Coutinho.
DUARTE, António
O actor António de Jesus Duarte nasceu em Lisboa no dia 18 de Julho
de 1886 e faleceu a 19 de Janeiro de 1932.
247
Estreou-se a 18 de Junho de 1918 no Teatro da Trindade de Lisboa, na
peça O Morgado de Fafe em Lisboa. Seguiu-se depois uma longa carreira
de interpretações, nomeadamente nas peças: O Mercador de Veneza,
Boneca de Trapos, Paz Labareda, Agulha Oca, Mineiros, Fogueiras de S.
João em Lisboa, O Homem que Assassinou, Pinto Calçudo, Marido à
Força, Homem Duplo, Conde Barão, Entre Giestas, Marianela, Jerusalém,
Madrinha de Charley, Paz Armada e Bomba Real.
DUARTE, Artur
Artur de Jesus Pinto Pacheco Duarte nasceu em Lisboa em 17 de
Outubro de 1895, onde faleceu a 22 de Agosto de 1982.
Foi o mais internacional dos actores portugueses – só na Alemanha
participou em 57 filmes, como actor. Fez também filmes em Paris, em
Hollywood, em Viena, na África do Sul, em Madrid e Portugal.
Tinha o curso do Conservatório Nacional, tirado no ano de 1918.
Depois, entrou para a companhia Rosas & Brasão, estreando-se como actor
na peça A Conspiradora, de Vasco de Mendonça Alves, no Teatro
República. Trabalhou também no Teatro de São Carlos, no Teatro da
Trindade, e no Teatro Nacional D. Maria II.
No cinema português entrou como actor, pela primeira vez, no filme A
Morgadinha de Vale Flor, de Ernesto de Albuquerque, em 1921. Segue-se
Primo Basílio, de George Pallu, 1922; As Pupilas do Sr. Reitor, de Maurice
Mariaud, 1922; Olhos da Alma, em 1923; Gado Bravo, de Max Nosseck,
em 1934 e O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro, 1941.
Como assistente de realização participa em Bocage, de Leitão de
Barros, 1936 e, no ano seguinte, é director de produção de A Rosa do Adro,
de Chianca de Garcia e de A Varanda dos Rouxinóis, de Leitão de Barros
em 1940; é assistente de realização de António Lopes Ribeiro em Feitiço
do Império, 1940 e director de cena em Alta Riba, de Leitão de Barros, em
1942.
Na função de realizador em longas-metragens, foi o responsável por:
Os Fidalgas da Casa Mourisca, 1938; O Costa do Castelo, 1943; A
Menina da Rádio, 1944; É Perigoso Debruçar-se (co-produção PortugalEspanha), 1946; O Hóspede do Quarto 13 (co-produção PortugalEspanha), 1947; O Leão da Estrela, 1947; Fogo (co-produção PortugalEspanha), 1949; O Grande Elias, 1950; A Garça e a Serpente, 1952;
Parabéns, Senhor Vicente (co-produção Portugal-Espanha), 1954 e O
Noivo das Caldas, 1956; Dois Dias no Paraíso, 1957; Encontro com a
Vida, 1960; Encontro com a Morte (co-produção Portugal-Espanha-Brasil,
1965 e Recompensa, 1979.
248
DUARTE, Carlos
O actor Carlos Duarte nasceu no dia 31 de Janeiro de 1927 e faleceu
em 29 de Junho de 2000.
Ainda aluno do Conservatório Nacional de Lisboa, estreou-se em
1944, no Teatro Nacional D. Maria II na peça Dulcineia ou a Última
Aventura de D. Quixote. Neste mesmo ano transitou para o Teatro da
Trindade para integrar a companhia dos Comediantes de Lisboa, dirigida
por Francisco Ribeiro. Mais tarde, e paralelamente à actividade
profissional, participou em vários espectáculos no Teatro Estúdio do
Salitre, primeiro teatro experimental dirigido por Gino Saviotti.
Representou aqui Uma Distinta Senhora, de Rodrigo de Melo e Curva do
Céu, de Branquinho da Fonseca.
Regressa de novo ao Teatro Nacional onde colabora em diversas peças
da companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, destacando-se na peça Um
Marido Ideal, de Óscar Wilde.
Integrou também diversas companhias de teatro, nomeadamente no
Teatro Apolo, os Comediantes de Lisboa, onde colabora na Dama das
Camélias, de Alexandre Dumas e na Comédia Alegre, que teve como
primeira figura a actriz Laura Alves; no Teatro Monumental, onde faz parte
do elenco da inauguração, com a opereta Três Valsas, de Marchand e
Willemetz, com música de Strauss; Teatro do Povo (itinerante); no Teatro
Avenida, em 1948 onde se encontrava os Comediantes de Lisboa,
interpreta O Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco. Entra
no Teatro do Salitre, em 1950, actuando novamente ao lado de Laura
Alves; no Coliseu dos Recreios, faz toda a temporada de 1951 com a
revista Lisboa é Coisa Boa; Teatro Variedades, Teatro Estúdio de Lisboa
(dirigido por Luzia Maria Martins) e, no final dos anos 60, está no Teatro
Popular de Lisboa (da Câmara Municipal de Lisboa, na Estufa Fria, com
direcção de Augusto Figueiredo). Trabalhou na Rádio Televisão
Portuguesa, no período em que esta se fazia em directo.
Em 1978 integrou o elenco residente do Teatro Nacional D. Maria II,
onde participou, entre outras, nas seguintes peças: As Alegres Comadres de
Windsor, O Príncipe Disfarçado, Rómulo o Grande, O Anúncio Feito a
Maria, O Avejão, A Paixão do Mestre Afonso Domingues, Mãe Coragem e
os Seus Filhos, Romance de Lobos e O Fidalgo Aprendiz.
O seu amplo e conceituado percurso artístico é ainda composto, entre
outras, pelas seguintes produções teatrais: Noite de Reis, de William
Shakespeare, para a RTP; A Idiota de Marcel, de Achard; Joana de Lorena,
de Maxwel Anderson; Pomar das Cerejeiras, de Tchekov; Ceia dos
Cardiais, de Júlio Dantas; D. Gil Vestido de Verde, de Tirso de Molina,
para a RTP; O Arneiro, de F. de Barros, para a RTP; El-Rei Seleuco, de Gil
249
Vicente, para a RTP; Um Dia de Vida, de Costa Ferreira; Ninho de Águias,
de Carlos Selvagem; Nem Amantes nem Amigos, de Orlando Vitorino;
Jacob e o Anjo, de José Régio; O Leão da Estrela; Barrabás, de
Cherderode, para a RTP; O Inseparável, de Agustina Bessa Luiz; O Lugre,
de Bernardo Santareno; O Carrasco, o enforcado e a forca, de Jack
Richardson; A Curva, de Tankred Dorst; Querida Irmã, de André Roussin;
O Avarento, de Molière, para a RTP; Os Porquinhos da Índia, de Yves
Jamiaque; Pedra no Sapato, de Feydeau; Homem, escravo ou animal, de
Vercors; Dentadinhas na Maçã (revista), de Eduardo Damas e Vilhena;
Fan-Shen, de David Hare; O Escritório, de Vaclav Havel; O Crime do
Padre Amaro, de Eça de Queirós; Os Maias, de Eça de Queirós; O Anúncio
Feitoa Maria, de Paul Claudel; Rei Lear, de W. Shakespeare; É Proibido
Suicidar-se na Primavera, de Casona e Felizmente Há Luar, de Luís Sttau
Monteiro.
DUARTE, Filipe
O compositor e chefe de orquestra Filipe Duarte nasceu em Lisboa em
1 de Julho de 1885, onde faleceu a 8 de Julho de 1928.
Concluiu o Curso de Violino no Conservatório Nacional de Lisboa em
1886. Para ganhar a vida ingressou num grupo de ocarinistas que deu
concertos em Lisboa e na América do Sul. Após esta digressão dedicou-se
à música de Câmara e a dar recitais de violino.
Estreou-se como solista no Teatro de São Carlos em 10 de Novembro
de 1882. Foi um dos fundadores da Real Academia de Amadores de
Música, onde se manteve durante 50 anos como regente de orquestra.
Compôs música ligeira, religiosa, operetas, mágicas e revistas,
ultrapassando a centena de composições teatrais, das mais apreciadas no
seu tempo. Das suas obras, algumas alcançaram grande popularidade, como
A Severa, as Pupilas do Senhor Reitor, O Chico das Pegas, O Fado, A
Leiteira de Entre-Arroios, Mouraria, História da Carochinha, O Senhor
Dourado e Agulha em Palheiro.
DUARTE, Mário
Mário Duarte nasceu em Lisboa em 1890, onde faleceu no ano de
1934.
Após uma breve carreira de actor, iniciada em 1912, como amador no
Clube D. Estefânia, como protagonista da peça Amizade, de Mário de SáCarneiro e Tomaz Cabreira Júnior, desenvolveu depois uma intensa
250
actividade de divulgação teatral, escrevendo e traduzindo peças,
nomeadamente do repertório italiano.
Fundou a revista De Teatro, que dirigiu nos seis anos (1922-1928) em
que se publicou, e a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais
Portugueses (hoje Sociedade Portuguesa de Autores) em 1925.
A sua produção original compreende os dramas O Passado, escrito em
colaboração com Ponce de Leão em 1916-1917; Renascer, estreado no
Teatro Apolo em 1913 e Fortúnio, estreado em Madrid em 1926 e em
Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, ambos em colaboração com
Valério de Rajanto. Escreveu ainda as comédias César e João Fernandes,
levadas à cena no Teatro Politeama em 1925 e Velha, estreada no Teatro
Apolo em 1933, de que foram colaboradores, respectivamente, Alberto de
Morais e Silva Tavares.
DUARTE, Reginaldo
O actor Reginaldo Duarte nasceu em Lisboa no dia 13 de Outubro de
1899 e faleceu no ano de 1957.
Estreou-se em 24 de Novembro de 1909 em Lisboa na peça infantil
Festança na Aldeia, de autoria de António Tavares. Trabalhou no Teatro da
Trindade, na companhia de opereta do empresário José Loureiro; no Teatro
Avenida, companhia Satanela-Amarante; no Teatro Apolo, companhia
Ruas; no Palácio Foz, companhia Otelo de Carvalho; no Teatro Maria
Vitória, companhia António de Macedo; no Teatro Variedades, companhia
Eva Stichini; no Teatro da Trindade, companhia Hortense Luz e no ÉdenTeatro, companhia Otelo de Carvalho. Trabalhou também em teatros do
Brasil, África, Espanha e ainda nos Teatro Sá da Bandeira, Teatro São João
e Águia de Ouro, do Porto.
Os principais espectáculos teatrais onde entrou foram: Sonho de Valsa,
Moleiro de Alcalá, Capital Federal, Maria Rapaz, Estrela de Alva, Capote
e Lenço, Vinho Novo, Sopa de Massas, Rambóia, Chá de Parreira, Meia
Noite, Jigajoga, Bichinha Gata, Vida Airada, Fruto Proibido, O Pobre
Valbuena, O Solar dos Picoas, O Chico das Pegas, Nobre Povo, A Menina
Amélia, O Serra da Estrela, Peixe Espada, Sardinha Assada, O João
Ninguém, Adeus Artur, A Senhora da Atalaia, O Cartaz de Lisboa, Praça
da Alegria, Coração de Alfama, Ribatejo e Olaré Quem Brinca.
DUARTE, Zita
A actriz Zita Glória Duarte nasceu em Cascais no dia 17 de Fevereiro
de 1944 e faleceu a 14 de Janeiro de 2000.
251
Quando fez o curso liceal ingressou no Conservatório Nacional, que
concluiu em 1964. Estreou-se como amadora na Casa da Comédia, na peça
Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros. Findo o Conservatório passou
seis meses em Paris.
Em 1965 faz parte do grupo que fundou o Teatro Experimental de
Cascais, onde permaneceu até 1975. Entrou ali nas mais diversas peças,
nomeadamente Esopaida, de António José da Silva, em 1965 e em 1966: A
Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca; O Mar, de Miguel Torga; Auto
de Mofina Mendes, de Gil Vicente; A Maluquinha de Arroios, de André
Brun. No ano seguinte, D. Quixote, de Yves Jamiaque; Fedra, de Racine; O
Comissário de Polícia, de Gervásio Lobato; Bodas de Sangue, de Garcia
Lorca. Em 1969, Maria Stuart, de Schiller; A Maçã, de Jack Gelber. No
ano de 1970: Antepassados, Vendem-se, de Joaquim Paço d’Arcos; Um
Chapéu de Palha de Itália, de Labiche; Auto da Índia, Auto da Barca do
Inferno e Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente. Em 1971:
Ivone, Princesa de Borgonha, de W. Gombrowcz; Sinfonia dos Salmos, de
Igor Stravinsky; Acto sem Palavras, de Samuel Beckett. No ano seguinte:
Auto de El-Rei Seleuco e Anfitriões, de Luís de Camões. Em 1973,
Fuenteovejuna, de Lope de Vega e em 1975 integrou o elenco de
Cerimónia para Um Combate, de autoria de Claude Prin. Quase todas as
peças em que entrou foram encenadas por Carlos Avilez.
Em 1975 fez uma breve incursão no teatro de revista, entrando em
Força Força Camarada Zé, de autoria de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador
e Henrique Santana, estreada no Teatro Maria Vitória e participa em
Equus, de Peter Shaffer, estreada no Teatro Capitólio.
No ano seguinte entrou para o Teatro da Cornucópia, onde participa
em: Tambores na Noite, de Brecht; Casimira e Carolina, de Odon von
Horváth, 1976. Em 1977 faz uma ruptura com os canônes do teatro: com
Ana Zanatti, numa pequena sala de cinema (o Quarteto), à meia noite, leva
à cena A Verdadeira História de Jack, o Estripador, de Elisabeth Huppert,
encenada com a colaboração de Carlos Avilez. Em 1979, a solo, encena e
interpreta (no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores) À Procura de
Alberto, de Gilbert Leautier.
Neste ano protagoniza uma série de doze programas de TV com Ana
Zanatti: mímica, canto, texto, dança, fazem o corpo dessa série.
Seguidamente passa dois anos na República Federal da Alemanha, como
bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Em Munique é assistente de
Hans Peter Cloos na Companhia Rota Ruber que se dedica a teatro
musicado; em Berlim estagia na Schaubuhne, como assistente de Peter
Stein na encenação de Oresteia.
Após o seu regresso a Portugal, participa em Meu Nome É Som e
Fumo, em 1982, um espectáculo de cabaret alemão no Bar Roller; Dança
de Roda, de Arthur Schnitzler, encenado por António Solmer, em 1983;
252
Maria Stuart, em 1984, encenada pela própria no Teatro da Trindade;
Mulheres de Calças, em 1987, espectáculo de canções de revista,
organizado por Vítor Pavão dos Santos, na Drogaria Ideal. O Balcão, de
Jean Genet, 1987, marca o seu regresso ao Teatro Experimental de
Cascais. Depois, entrou ainda em: Opereta, de Witold Gombrowcz e D.
João no Jardim das Delícias, de Norberto Ávila, em 1988. E também nos
Erros Meus Má Fortuna Amor Ardente, de Natália Correia, representada no
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, com
encenação de Carlos Avilez.
Zita Duarte fez também teatro radiofónico e televisivo, bem como
uma notável carreira no campo cinematográfico. Neste último estreou-se
em 1965, num pequeno papel em Domingo à Tarde, filme realizado por
António Macedo, seguindo-se: Uma Abelha na Chuva, de Fernando Ávila,
em 1968-1971; O Cerco, de António da Cunha Telles, 1969; O Mal
Amado, de Fernando Matos Silva, 1972; Os Demónios de Alcácer Quibir,
de José Fonseca e Costa, 1975; Reina a Tranquilidade no País, de Peter
Lilienthal, 1975; O Rei das Berlengas, de Artur Semedo, 1975-1977; Nós
Por Cá Todos Bem, de Fernando Lopes, 1976-1977; A Ilha dos Amores, de
Paulo Rocha, 1977-1980; Conversa Acabada, de João Botelho, 1980-1981;
Crónica dos Bons Malandros, de Fernando Lopes, 1981-1982; Jogo de
Mão, de Monique Rutler, 1982; Ninguém Duas Vezes, de Jorge Silva Melo,
1983 e O Barão, de Artur Semedo, realizado em 1985.
DUBINI, Aurora
A actriz Aurora Capote de Campos Dubini nasceu em Vilar de
Maçada, Vila Real, no dia 13 de Maio de 1897 e faleceu no ano de 1962.
Era filha de Alfredo Campos, actor bem conhecido e da actriz Maria
Campos, notável pelas suas características. Desde muito nova começou a
fazer vários papéis em peças de repertório da companhia do pai. Em 1915
casou com o ponto Carlos Dubini, tendo trabalhado muitos anos com este
em teatros do Porto, Lisboa e províncias. Também com Carlos Dubini
formou o duo Dubini que percorreu as províncias com um enorme êxito.
Querendo educar a voz, foi discípula de Montelli e do barítono
António Garcia.
Estreou-se a 20 de Janeiro de 1910 no Teatro Águia de Ouro, na peça
Casa de Orates. Ao longo da sua carreira entrou, entre outras, nas seguintes
peças: Flores de Inverno, O Dinheiro, Se Dormes Cais, Doutora Bolas,
Nova Avenida, Dragões de Chaves, Chi Coração, De Barba, Terra e Mar,
Fruta do Tempo, Chá e Torradas, O Fado, Gato Maltês, A Procura do
Badalo, Porto, Tantos de Tal, Garota, Tratado Secreto, Naufrágio da
Lagosta, Roubo do Diamante Negro, Féria do Diabo, O Novo Mundo, O
253
Aldrabão, O Chico das Pêgas, Venha a Nós, Poema de Amor, O João
Ninguém, A Catraia do Bolhão, Perdi a Minha Mulher, A Rosa de Alfama,
Morgadinha, Paz Armada, Vida de Um Rapaz, Santo António, A
Milionária e Maria Madalena.
Era irmã da actriz Maria Salomé e cunhado dos actores Jorge Grave e
José Dubini.
DUBINI, Carlos
O actor, ponto e ensaiador Carlos Dubini nasceu no Porto no dia 29 de
Maio de 1890 e faleceu a 16 de Junho de 1964.
Estreou-se em 1907 no Teatro Luís de Camões. As principais peças
que desempenhou, foram as seguintes: Chá e Torradas, No País do
Tirismo, Carnaval Alegre, O País do Vinho, De Borla, Terra e Mar, Diabo
Atrás da Porta, Se Dormes Cais, O Dinheiro, Fruta do Tempo, O Velho
Mundo, A Nova Avenida, Ora Bolas e Flor de Inverno.
DUBINI, José
O actor e director de companhia, José Carlos Dubini, nasceu no Porto
no dia 29 de Maio de 1889 e faleceu no ano de 1964.
Estreou-se a 8 de Maio de 1906 no Teatro Salão de Vila Real de Trásos-Montes, com a peça Moleiro de Alcalá. Depois desta estreia foi
contratado como barítono, para a companhia teatral de Abílio Amaral, para
ir para África. Seguiu-se um contrato para o Teatro da Trindade, pela
empresa Taveira. Mais tarde, passou pelo Éden-Teatro, Teatro Avenida e
Teatro Apolo.
Com a companhia do Apolo foi ao Brasil. De regresso, foi convidado
para ensaiar a Companhia Infantil Maria Laura. Depois, dedicou-se a
organizar companhias para tournées à província, sendo a última que levou
às Ilhas composta por 26 pessoas.
As principais produções teatrais onde entrou foram as seguintes:
Conde de Monte Cristo, Dois Garotos, Duas Causas, Rainha Santa Isabel,
Santo António, Raminho de Ouro, Má Sina, Severa, Mouraria, Burro em
Pé, Dia de Juízo, Gato por Lebre, Primerose, Amor de Príncipe, Amores de
Pescador, Rosas de Portugal, Romarias e Cerco ao Rei.
DURÃO, Américo de Oliveira
254
Américo de Oliveira Durão nasceu no Couço, Ribatejo, em 1893 e
faleceu em Lisboa no ano de 1969.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi funcionário
das Câmaras Municipais de Lisboa e de Guimarães e Cônsul em Bilbau e
Trieste.
Colaborou em diversos periódicos e revistas: Diário de Lisboa,
Notícias Ilustrado, Ilustração, Águia, Atena, Seara Nova, e Revista
Ocidente, entre outros.
Poeta pós-simbolista, iniciou-se com obras de cariz tradicional,
escrevendo: Penumbras, Vitral da Minha Dor (1917); Poemas de
Humildade, Tântalo, 1921; Lâmpada de Argila, 1930; Tômbola, 1942;
Ecce Homo, 1953 e Sinal, 1963.
Escreveu algumas peças de recorte naturalista, das quais as três
primeiras se representaram no Teatro Nacional D. Maria II: Perdoar, 1919;
Maria Isabel, 1920 e A Ave de Rapina, estreada em 22 de Novembro de
1924 neste teatral, com a interpretação de Ilda Stichini, Palmira Torres,
Helena de Castro, Elvira Costa, Jesuína Motili, Clemente Pinto, Rafael
Marques, José Ricardo, João Calazans e Carlos Sousa; O Centro do
Mundo, foi levado à cena no Teatro da Trindade em 1965.
Foi também autor de dois episódios dramáticos publicados em 1929, A
Casa e Depois do Baile, de uma comédia dramática, publicada em 1939 e
intitulada Já Não Temos Vinte Anos e de um drama inédito A Máscara e o
Rosto.
DURÃO, Luísa
A actriz Luísa Durão nasceu em Lisboa em 8 de Agosto de 1900, onde
faleceu a 18 de Julho de 1977.
Iniciou a carreira profissional aos 7 anos numa opereta infantil que se
estreou no Casino Étoile, à Calçada da Estrela, em Lisboa. A partir daí não
mais deixou de actuar no teatro e também no cinema. Neste último caso
entrou nos filmes: A Severa, em 1931, realizado por Leitão de Barros, com
a interpretação de Dina Teresa, António Luís Lopes, Maria Sampaio,
Ribeiro Lopes, Maria Isabel, Silvestre Alegrim, António Fagim, Luísa
Durão, Oliveira Martins e Patrício Álvares; A Rosa do Adro, 1938,
realizado por Chianca de Garcia e com interpretação de Maria Lalande,
Elsa Rumina, Oliveira Martins, Tomás de Macedo, Manuela Couto Viana,
Henrique de Albuquerque, Silvestre Alegrim, Costinha, Regina
Montenegro, Vital dos Santos, Luísa Durão e Emília de Oliveira; Um
Homem do Ribatejo, realizado por Henrique de Campos, em 1946, com a
participação dos artistas Luísa Durão, Julieta Castelo, Barreto Poeira, Linda
de Miranda, Eunice Muñoz, Hermínia Silva, Maria Olguim, Regina
255
Montenegro, Fernanda de Sousa, Maria Schultz, Costinha, António Palma,
Armando Machado, Jorge Gentil, Manuel Lereno, Augusto Gomes e
Alberto Ribeiro; A Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano
Bonnuchi em 1949, com o elenco de Costinha, Luísa Durão, Eunice
Muñoz, Maria Matos e Raul de Carvalho; O Costa do Castelo, com
realização de João Mendes em 1954 e interpretação de Luísa Durão, Vasco
Santana, Laura Alves, Eriço Braga, Teresa Gomes, Aida Baptista, Maria
Cristina, Pepita de Abreu, Holbeche Bastos e José Cardoso; O Noivo das
Caldas, realizado por Artur Duarte em 1956 e constituído pelo elenco: Ana
Paula, Fernando Curado Ribeiro, Josefina Silva, Luísa Durão, Maria
Olguim, Manuel Santos Carvalho, Erico Braga, Carmen Mendes, Costinha,
Humberto Madeira, António Palma, Maria da Luz, Yola, Raul Solnado e
Sales Ribeiro e O Primo Basílio, realizado por António Lopes Ribeiro no
ano de 1959, com a participação de Luísa Durão, António Vilar, Cecília
Guimarães, João Villaret, Maria Domingas, Ribeirinho, Aura Abranches,
Fernando Gusmão, Virgílio Macieira, Santos Carvalho, Costa Ferreira,
Manuel Lereno, Luís de Campos, Irene Velez, Maria Olguim, Carmen
Mendes e Pisany Burnay.
Entre 1926 e 1929 fez parte da companhia teatral de António Macedo,
pisando os palcos dos principais teatros brasileiros do Rio de Janeiro, São
Paulo e Santos. Com uma companhia teatral de Vasco Santana percorreu
Angola e Moçambique.
Foi casada com Costinha, com quem actuou na Emissora Nacional e
na Televisão.
DURÃO, Ricardo
Ricardo Durão faleceu em 1977.
É autor da comédia em 3 actos A Luva de Ricardina, estreada pela
companhia Rey Colaço-Robles Monteiro em 12 de Maio de 1923, no
Teatro Politeama, com a interpretação de Amélia Rey Colaço, Ester Leão e
Raul de Carvalho. Em 1969 publicou o drama regional num acto,
Margarida.
DUVAL, Lina
A actriz bailarina Carolina Rosa da Silva Salvador Marques da Silva,
nome artístico Lina Duval, nasceu em Telões, Amarante, em 1910 e faleceu
a 2 de Janeiro de 1978.
Nos anos 30 Lina formou parelha com Salvador, actuando nos
Complementos Vivos, do Éden-Teatro. Quando mais tarde casou com
256
Eugénio Salvador, Lina abandonou a vida artística para se dedicar apenas
ao lar.
Entrou nas produções teatrais: La Verbena de la Paloma; O Dia das
Romarias; Arraial; Milho Rei; Anima-te, Zé; À Vara Larga; Feira de
Agosto; O Homem da Rádio; Arca de Noé; Hotel da Barafunda; As
Lavadeiras; Chuva de Mulheres; e Fanfarra.
DYSON, Flora
A actriz Flora Dyson nasceu no dia 26 de Julho de 1892 e faleceu no
ano de 1942.
Estreou-se a 17 de Outubro de 1908 no Teatro Avenida na revista Ó da
Guarda!, escrita por Luís Galhardo e Barbosa Júnior, com música de Filipe
Duarte e C. Calderón. Actuou também no Teatro da Trindade, Teatro
Apolo, Éden-Teatro, Teatro Politeama, Teatro do Ginásio, Teatro Sá da
Bandeira, Teatro Águia de Ouro e Olímpia.
Das muitas peças onde entrou, referimos, entre outras, as seguintes:
Princesa dos Dólares, Amores de Príncipe, Sonho de Valsa, Bailarinas do
Music-hall, Boémia, Mulher Moderna, Suzi, Reino das Mulheres, Família
Polaca, Ares de Paris, Casta Susana, Bota do Diabo, País do Vinho,
Mascote ABC, Jardim da Europa, A Bota do Diabo, Sol e Dó, Viúva
Alegre, Verdades e Mentiras, Ovo de Colombo, Direito Feudal, Brasileiro
Pancrácio, 31, País do Sol, Torre de Babel, Ás de Ouros, Novo Mundo,
Arco da Velha, Não Desfazendo, Revolta e Mantinha de Renda.
257
GLOSSÁRIO1
ACÇÃO – É o elemento dinâmico de toda a efabulação que o teatro
veicula.
ACTO – Acto de uma peça que corresponde a um ciclo de acção.
ACTOR – Profissional que representa um papel e assim actua
visivelmente numa peça.
AMADOR – O actor não profissional que trabalha sem remuneração
por «amor à arte».
APARTE – Forma de monólogo teatral em que a personagem exprime
os comentários para o público.
BOCA DE CENA – O mesmo que boca de ópera; numa distinção
mais rigorosa, a boca de ópera será a abertura fixa, e
construída, na parede do palco de separação da sala.
BURLESCO – Classificação, em sentido genérico sinónima de
cómico, que se atribui a uma produção, ou parte
dela, cujo objectivo é fazer rir.
CENA – Cena é o palco. Estar em cena é estar a representar ou a
ensaiar dentro da área de representação.
CENÁRIO – Conjunto de elementos que fecham o espaço cénico e o
decoram.
CENÓGRAFO – O autor da maquete do cenário e, sobretudo, o seu
executante.
COMÉDIA – Peça teatral em que se põe em acção, de um modo
jocoso, os caracteres, costumes ou factos da vida
social.
COMPÈRE – Actor que, no espectáculo de revista, liga os quadros e
entretém o público durante as mutações, intervindo
também na sua acção.
CONFLITO – è o elemento essencial da acção, narrativa ou
dramática.
DIRECTOR – Planifica e assegura a organização, coordenação e
administração dos méis materiais e humanos
intervenientes numa produção.
1
A maioria destes termos foram elaborados a partir das obras: Pequeno Tratado de Encenação, de
António Pedro, Manuel sobre a montagem teatral, de Richard Southern e Dicionário Breve de Termos
Literários, de Olegário Paz e António Moniz.
258
DIRECTOR TÉCNICO – O responsável, perante o Director e
Encenador, do actor de pôr em cena tudo quanto é
necessário a um espectáculo.
DRAMA – Peça teatral de assunto sério em que apresenta uma
narrativa viva e animada de acontecimentos em que
há agitação ou tumulto.
ELENCO – Diz-se duma companhia ou duma peça. Os actores
contratados pela empresa ou que fazem parte da
distribuição duma peça.
EMPRESÁRIO – Aquele que empreende o negócio teatral.
ENCENADOR – O que concebe, orienta e dirige toda a encenação.
ENSAIADOR – O que dirige os ensaios, seja ou não o encenador da
peça.
ENTREMEZ – Peça de teatro medieval, de carácter cómico ou
burlesco, composta por um acto de pequena
dimensão.
ESPAÇO CÉNICO – O espaço ocupado pelo cenário, considerado do
lado voltado para o espectador.
FARSA – Peça que critica determinados tipos sociais a partir do
ridículo e do grotesco.
IMPLANTAÇÃO DE CENA – A planta que desenha o encenador,
servindo para erguer o cenário e poder fazer-se a
marcação.
MÁGICA – Peça teatral com acção ou argumento fantástico.
MÍMICA – Representação por gestos e movimentos fisionómicos.
MIMO – Interpreta um papel ou personagem num espectáculo de
pantomima.
MONÓLOGO – Modo de expressão que exterioriza o mundo interior
da personagem, sem a contestação do interlocutor.
MUTAÇÃO – A mudança dum cenário para outro.
OPERA – Poema dramático ou lírico, originário da Itália, cantado
com acompanhamento de orquestra.
OPERETA – Ópera ligeira de texto simples e feição popular.
PANO DE BOCA – Cortina que fecha a cena e a encobre da vista do
público.
PANTOMIMA – Representação por meio de gestos sem recorrer à
palavra.
PAPEL – O texto da parte que compete dizer a cada actor e por
extensão, a personagem que lhe coube na
distribuição.
PARÓDIA – Termo que designa a imitação irónica ou burlesca de
personagens, com finalidade cómica.
PONTO – O profissional que sopra as palavras aos actores em cena.
259
QUADRO – Pequeno acto que não é separado, por outros por um
intervalo mas apenas por uma descida da cortina de
corte ou da luz, tenha ou não cenário diferente.
RÁBULA – Pequeno papel de composição que, no entanto, constitui a
parte fundamental duma cena.
RÉCITA – Representação em teatro lírico ou de declamação.
SOCIEDADE ARTÍSTICA – Companhia em que os actores são
simultaneamente empresários e dividem entre si
lucros e prejuízos em proporção aos ordenados que
deveriam auferir.
TOURNÉE – Digressão duma companhia pela província ou por
teatros diferentes do seu próprio teatro.
TRAGÉDIA – Peça teatral, muito usada entre os Gregos, onde
geralmente era em verso e com um desfecho funesto.
VEDETA – A primeira figura feminina ou masculina duma
companhia, com nome de cartaz.
260
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Hemeroteca de Lisboa
Créditos das Ilustrações
Arquivo de Luciano Reis, Museu Nacional do Teatro e obras indicadas na
Bibliografia.
266
AGRADECIMENTOS
Carlos Porto
Conceição Fernandes
Duarte Ivo Cruz
Escola Superior de Teatro e Cinema
Fernanda Bastos
Gonçalves Preto
Guida Bruno
Hélder Freire Costa
Jorge Trigo
José Afonso Prata
José Carlos Alvarez
Maria Helena Reis
Ricardo Reis
Mário Barradas
Museu Nacional do Teatro
Ricardo Reis
Sociedade Portuguesa de Autores
Teatro Experimental de Cascais
Teatro Nacional D. Maria II
Vítor Pavão dos Santos
267
268
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