Café Filosófico

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CAFÉ FILOSÓFICO: O CONSUMO DE MASSA E SUAS PATOLOGIAS
Cleudete Aparecida Dias do Prado1; Ethel Joyce Pereira Borges de Calmon e Munhoz2;
Jackson Valentim Bastos3; Nilza Ferreira Ramos4
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Estudante de graduação no curso de licenciatura em Filosofia da Universidade do Sagrado Coração.
Estudante de graduação no curso de licenciatura em Filosofia da Universidade do Sagrado Coração.
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Professor do curso de Filosofia da Universidade do Sagrado Coração.
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Professora das disciplinas de Geografia, Filosofia e Sociologia da Escola Estadual Guia Lopes.
RESUMO
O tipo de encontro que visa à realização de um debate filosófico, que mais tarde se
tornaria conhecido como Café Filosófico, surgiu na França. Ganhou muitos adeptos ao redor
do mundo, chegou ao Brasil - onde até se tornou um programa de televisão -, alcançou as
escolas e hoje se encontra em inúmeras universidades. Nosso objetivo é mostrar que a adoção
doprojeto Café Filosófico para o trabalho junto aos alunos do ensino médio, como parte do
subprojeto do PIBID intitulado Ética e Cidadania: Ensino e Prática,é uma maneira de,por
meiodo debate e da comunhão de ideias,vencer o estigma de que a Filosofia não pode fazer
parte da realidade, do dia-a-dia, podendo existir apenas como discurso acadêmico. Ao mesmo
tempo, é possível estabelecer um diálogo com os alunos atendidos a respeito de questões que
são pertinentes ao exercício da cidadania e da conscientização ética. A realização do Café
Filosófico requer um período de preparação, um trabalho de estudo e pesquisa que o antecede,
seja por parte dos alunos atendidos, seja por parte dos bolsistas, o que caracteriza o evento
como o culminar de um processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino Médio. Filosofia. Debate. Reflexão.
INTRODUÇÃO
O primeiro Café Filosófico surgiu na França, no “Café de Phares” em 1992, aos
domingos, por um acaso do destino num dos lugares mais significativos de Paris, a Praça da
Bastilha. Foi organizado pelo filósofo Marc Saltet. O Café foi um sucesso e rapidamente
conseguiu a atenção e a participação de muitas pessoas que interagiam nos debates. Desde
então, esse encontro filosófico ganhou muitos adeptos, não apenas nos cafés franceses, mas
atravessou o mar, chegou ao Brasil. Aqui, virou programa de televisão, alcançou as escolas e,
hoje,está presenteem inúmeras universidades.Ao adotarmos oprojeto Café Filosófico para o
trabalho junto aos alunos do ensino médio, como parte do subprojeto do PIBID intitulado
Ética e Cidadania: Ensino e Prática, encontramos um meio de,por meiodo debate e da
comunhão de ideias,vencer o estigma de que a Filosofia não pode fazer parte da realidade, do
dia-a-dia,podendo existir apenas como discurso acadêmico. A Filosofia, desde a antiga Grécia
ensinou ao homem o amor à sabedoria, a possibilidade do debate, da pergunta, do exercício da
dúvida. Os filósofos que antecederam Sócrates já demonstravam preocupação com a sua vida,
o mundo e o desejo de responder qual o papel do homem e como viver de maneira que todos
se respeitem. Antes mesmo de buscar respostas, a Filosofia se preocupa com a pergunta sobre
o que é melhor para a sociedade, qual a melhor maneira de viver, como construir um agir
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ético e que permita o desenvolvimento de todas as nossas potencialidades de forma respeitosa.
A estrutura do pensar filosófico é o que nos permite analisar, sintetizar, buscar o
conhecimento e organizar as ideias. “A filosofia e o pensar- ou, talvez, a filosofia e a busca
pelo pensar melhor- andam de mãos dadas”. (LIPMAN,1990,p.175).O projeto Café Filosófico
é uma possibilidade de criar um espaço para o debate com um olhar ético e filosófico sobre
temas diversos, pertinentes à realidade dos alunos atendidos no ensino médio. Um momento
de construção de liberdade, do pensar e do livre questionamento.É um espaço onde se dá o
encontro da Filosofiacom professores e alunos da rede pública eque pode ser estendido para a
comunidade em geral. O que nos faz pensar em Ghedin (2008),quando afirma que a Filosofia
necessita conquistar seu espaço, tanto no campo político-institucional como no plano de sua
efetivação no currículo.O exercício do Café Filosófico permite ao aluno aguçar o senso crítico
sobre os conteúdos programáticos e estimula à reflexão filosófica durante os debates, com
temas variados, sendo um instrumento que auxilia na prática do ensino da Filosofia como
disciplina no ensino médio. É um espaço de exercício da racionalidade aplicada às noções
mais próximas da vida concreta das pessoas. A escolha do tema “O consumo de massa e suas
patologias” ocorreu a partir da escolha dos próprios alunos atendidos e a palestra foi
ministrada nas dependências da Escola Estadual Guia Lopes, de forma voluntária, pelo
psicólogo Fernando Kendi Noda, egresso da Universidade do Sagrado Coração e ex-membro
do nosso subprojeto. Almeja-se, desse modo, utilizar tais estratégias para fomentar o exercício
da cidadania entre os alunos atendidos e capacitar os bolsistas para a organização de ideias e
preparação desses momentos de enriquecimento intelectual.
OBJETIVOS
Procuramos, por meio de palestra seguida de debate, discutir temas do conteúdo
programático, atualidades e questões filosóficas de nosso tempo, aliadas à tradição do
pensamento ocidental. Encaminhar os alunos ao exercício da argumentação filosófica;
introduzir a prática da Filosofia como diálogo e instrumento de debate junto aos alunos.
Motivar a experiência da Filosofia no contexto da educação básica, como ferramenta capaz de
amadurecer o estudante no exercício do seu convívio social e profissional. Possibilitar aos
alunos do ensino médio um aprendizado significativo que possibilite a expansão das
experiências obtidas na sala de aula, para que possam aprender e exercer a construção do
diálogo, o uso da palavra, a compreensão da ligação entre a sua realidade e o saber filosófico,
sempre num ambiente de respeito mútuo, responsabilidadee preocupação ética. Capacitar os
bolsistas para a organização e realização de eventos de reflexão e debate conceitual em torno
do cotidiano.
METODOLOGIA
A escolha do tema para o Café Filosóficoera feita junto com os alunos atendidos pelo
projeto, levando em conta suas necessidades e interesses.Os bolsistasparticipavam do
planejamento e realização do evento. Antes da realização, os alunos eram preparados no
decorrer do semestre pelos bolsistas, fazendo pesquisas em textos e vídeos sobre o tema para
poderem ter uma participação mais efetiva e proveitosa em relação ao conteúdo apresentado
pelo palestrante. Ao final do evento, ocorreuuma confraternização com o sorteio de alguns
brindes arrecadados pelos bolsistas e um coffee-break, também com alimentos arrecadados.
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RESULTADOS FINAIS
Além de incentivar o exercício da crítica e da reflexão, a atividade foi importante para
o fortalecimento das identidades e o despertar da autonomia dos alunos atendidos frente ao
mundo do consumo, suas oportunidades e armadilhas, e o desenvolvimento das relações éticas
e sociais fora do ambiente da sala de aula. Os alunos puderam participar com liberdade e
apresentaram grande interesse com o debate, levantando questões pertinentes e
enriquecedoras para todos: inclusive para os bolsistas e professores que acompanharam o
desenvolvimento do debate.
CONCLUSÕES
A utilização do projeto Café Filosófico como instrumento de aproximação e reflexão
filosófica junto aos alunos do ensino médio possibilita de maneira criativa o aprendizado, a
participação, o entendimento da igualdade e do livre direito ao debate, a utilização do espirito
crítico e ajuda o aluno a trazer para a discussão seus conhecimentos e vivências. O aluno
aprende que a discordância faz parte do debate e que todos possuem o direito de argumentar,
de perguntar e de apresentar ideias. A criação, o preparo e o desenvolvimento dos temas a
serem discutidos durante o Café Filosófico com a ajuda dos alunos é um momento
enriquecedor que permite a troca de ideias ea participação de todos, sendo um instrumento
que auxilia na prática do ensino da Filosofia e na aproximação entre os alunos. Podemos
afirmar que o projeto realizado favoreceu o desenvolvimento intelectual, o crescimento dos
laços de amizade e companheirismo entre os alunos e os bolsistas participantes, e despertou a
conscientização de todos para questões pertinentes ao exercício da cidadania frente aos
hábitos de consumo.
REFERÊNCIAS
GHEDIN, E. Ensino de filosofia no ensino médio. São Paulo: Cortez, 2008 (Coleção
Docência em formação. Série Ensino Médio).
LIPMAN, M. A Filosofia vai à escola.3. ed. São Paulo: Summus,1990.
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