síndromes de dor - Luzimar Teixeira

Propaganda
Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
SÍNDROMES DE DOR
1) Fibromialgia
A Fibromialgia pertence ao grupo das síndromes de dor musculo-esquelética
idiopática difusa.
O que é?
A Fibromialgia é caracterizada por dor musculo-esquelética generalizada e
prolongada, rigidez nos tecidos moles (músculos e tendões), e fadiga intensa.
É uma doença comum?
A Fibromialgia surge principalmente em adultos, ocorrendo raramente em crianças, e
nestes casos predomina em adolescentes.
As mulheres são afetadas mais frequentemente que os homens. As crianças com
esta doença compartilham muitas características com as que sofrem da síndrome de
dor musculo-esquelética idiopática (idiopática significa causa indefinida).
Quais são os sintomas principais?
Os pacientes queixam-se de dor difusa e generalizada por todo o corpo. A
intensidade da dor é subjetiva. A dor acomete ambos os lados do corpo, e nas
extremidades superiores e inferiores dos membros.
O sono é irregular e, pela manhã, os pacientes têm a impressão de despertar de um
sono não reparador, ou seja a pessoa acorda cansada.
Outra queixa importante é a de fadiga intensa, acompanhada pela diminuição de
capacidade
física.
Os pacientes relatam frequentemente queixas generalizadas, como dores de cabeça,
uma sensação de inchaço dos membros (apenas a sensação pois o inchaço não é
1
observadp de fato), e entorpecimento. Estes sintomas causam ansiedade,
depressão, e muitas faltas à escola.
Como é diagnosticada?
A presença de dor generalizada em 4 áreas de corpo, durando mais de 3 meses, em
conjunto com dor à palpação em 11 de 18 pontos sensíveis verificados no exame
clinico,
são
as
características
que
permitem
o
diagnostico.
Os pontos sensíveis são identificados pelo médico e mensuráveis por pressão do
dedo polegar, o que é tão eficaz como o “dolorímetro”, um instrumento especial que
avalia a dor por meio de compressão dos pontos sensíveis.
Qual é o tratamento?
Um objetivo importante é a diminuição da ansiedade produzida pela doença,
explicando ao paciente e família que, embora a dor seja intensa e real, não há lesão
nas articulações, nem uma doença física séria.
A terapia é determinada por uma abordagem multidisciplinar (equipe com
especialistas em áreas diferentes), e baseia-se numa intervenção tendo em vista 3
objetivos distintos:
O primeiro é mais importante, consiste em iniciar um programa de treinamento
cardiovascular progressivo, sendo o melhor exercício a natação. O segundo objetivo
é começar uma psicoterapia de apoio individualmente ou em um grupo.
Finalmente, alguns pacientes podem precisar de medicamentos, para restabelecer o
sono. O uso de uma almofada especial, que mantém o apoio do pescoço durante o
sono, pode ajudar.
Qual é a evolução a longo prazo (prognóstico)?
A recuperação não é fácil, sendo necessário empenho do doente e um grande apoio
por parte da família. Geralmente, a evolução em crianças é muito melhor que em
adultos, e a maioria recuperará completamente. O cumprimento de um programa
regular de exercícios físicos é um dos fatores mais importantes para a recuperação.
2) Síndrome de Dor Musculoesquelética Idiopática Localizada
Sinônimos
Distrofia Simpática Reflexa, Síndrome da Dor Regional Complexa
2
O que é?
È a dor extremamente aguda de um membro, de causa desconhecida,
frequentemente associada com alterações na cor e temperatura da pele.
É uma doença comum?
Não há dados seguros em relação à sua frequência. Contudo, sabe-se que é mais
frequente em adolescentes (idade média de inicio é cerca dos 12 anos ), e em
meninas.
Quais são os sintomas principais?
Normalmente há uma história longa de dor muito intensa e duradoura num membro,
resistente aos diferentes tratamentos e que vai aumentando com o passar do tempo.
Frequentemente
resulta
em
impossibilidade
de
usar
o
membro
afetado.
Sensações indolores para a maioria das pessoas, como a exposição à luz, podem
resultar extremamente dolorosas para alguns destes pacientes. Este fenômeno
chama-se alodínia.
A combinação destes sintomas dificulta as atividades diárias das crianças afetadas,
que normalmente faltam muito à escola.
Algumas crianças desenvolvem, com o passar do tempo, alterações na cor da pele
(que fica com uma aparência marmórea, pálida ou roxa), temperatura (normalmente
reduzida) ou transpiração. Às vezes a criança mantém o membro em posturas
incomuns, recusando-se a efetuar qualquer movimento.
Como é diagnosticada?
Até alguns anos atrás, estas síndromes recebiam diferentes nomes mas, apesar
disso, considerando que a maioria é de origem desconhecida e que o tratamento é
igual, a tendência atual é de englobá-las conjuntamente sob a denominação comum
de síndrome de dor musculoesquelética localizada. Um conjunto de critérios é
utilizado no diagnóstico da doença.
O diagnóstico é clínico, baseado nas características da dor (intensa, prolongada,
limitando a atividade, não responsiva aos tratamentos habituais; presença de
alodínia) e no exame físico. As características da dor e dos achados clínicos levam
3
ao diagnóstico, mas há que se avaliar também a possibilidade de outras doenças
que cursam com dor crônica. Os exames laboratoriais são normais.
Qual é o tratamento?
A abordagem em um programa de de exercícios físicos, supervisionado por
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, com ou sem psicoterapia é a que traz
melhores resultados.
O tratamento é árduo para todos os envolvidos, a criança, a família e a equipe de
tratamento. Uma intervenção psicológica é normalmente necessária por causa da
preocupação frente aos sintomas da doença.
Vários tipos de tratamentos, isoladamente ou combinados(anti depressivos,
“biofeedback”,
excitação
eléctrica
transcutânea
de
nervo,
modificação
de
comportamentos) têm sido propostos, mas sem resultados definitivos.
Qual é a evolução a longo prazo (prognóstico)?
Esta doença tem um prognóstico melhor em crianças que em adultos. Quase todas
as crianças recuperarão completamente.
E o dia a dia da criança?
As crianças devem ser encorajadas a manter um nível normal de atividade, indo à
escola regularmente e socializando com os seus colegas.
3) Eritromelalgia
Também é conhecida como Eritermalgia. A doença deriva de 3 palavras gregas autoexplicativas: Erythros (vermelho), Melos (membro), e Algos (dor). É extremamente
incomum,
embora
possa
aparecer
mais
de
um
caso
na
família.
A maioria das crianças tem cerca de 10 anos de idade quando apresentam a
doença. É mais frequente em meninas.
A doença é caracterizada por uma sensação de queimadura, com os pés quentes,
vermelhos e inchados ou, mais raramente, as mãos.
4
Os sintomas pioram com a exposição ao calor e são aliviados com o resfriamento da
parte atingida, ao ponto de algumas crianças recusarem remover os pés da água
gelada. O curso é crônico.
Evitar o aquecimento e os exercícios físicos vigorosos parecem ser as medidas
terapêuticas mais úteis. A doença em crianças normalmente não responde aos
medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, que se revelaram eficazes em
adultos. Medicamentos vasodilatadores (que facilitam a circulação do sangue)
podem ajudar.
4) Dores de Crescimento
O que é?
Dores do crescimento são uma síndrome benigna, que corresponde ao padrão
característico de dor nos membros que acomete freqüentemente crianças com
menos de 10 anos de idade.
É uma doença comum?
As dores nos membros estão entre as principais causas que originam a ida aos
especialistas em pediatria.
Entre estas, as dores de crescimento são as mais comuns. 10-20% das crianças em
todo o mundo sofrem de dores de crescimento, principalmente entre as idades dos 312 anos. Os meninos e as meninas são igualmente afetados.
Quais são os sintomas principais?
A dor aparece principalmente nas pernas (canela, barriga da perna, atrás dos joelhos
ou nas coxas), sendo freqüentemente bilateral. A dor aparece ao fim do dia ou à
noite, acordando frequentemente a criança. Os pais geralmente relatam que as
crianças
apresentam
a
dor
em
dias
de
atividade
física
intensa.
A duração da dor normalmente é entre 10 e 30 minutos, embora possa variar de
minutos a horas.
A sua intensidade pode ser moderada ou muito intensa.
As dores de crescimento são intermitentes, com intervalos sem dor de dias a meses.
Em alguns casos a dor pode ocorrer diariamente.
5
Como é diagnosticada?
As manifestações de dor são características e combinadas com um exame físico
normal levam ao diagnóstico. Não há necessidade de exames ou de raios X , pois
estes serão normais.
Qual é o tratamento?
Pela natureza benigna do processo não há motivo para ansiedade da criança e da
família. Durante os episódios de dor, as massagens no local e analgésicos podem
ajudar. Em crianças com episódios frequentes, uma dose noturna de ibuprofeno
pode diminuir ou evitar a dor.
Qual é a evolução a longo prazo (prognóstico)?
As dores de crescimento não estão associadas com qualquer doença orgânica séria,
e normalmente desaparecem no fim da infância. Em 100% das crianças, a dor
desaparece com o passar do tempo, sendo o período mais crítico também o de
maior cresciemto.
5) Síndrome de Hipermobilidade Benigna
O que é?
A síndrome de hipermobilidade benigna (SHB) refere-se a às dores nas
extremidades, devido a uma mobilidade aumentada (ângulo dos movimentos) das
articulações, sem qualquer doença congênita ou do tecido conectivo associada.
Deste modo, a SHB não é uma doença, mas uma característica peculiar em algumas
crianças (até 20% dependendo da etnia) e portanto considerada uma variação da
normalidade.
É uma doença comum?
Esta síndrome é extremamente comum em crianças, verificando-se em 25 a 50%
dos jovens com menos de 10 anos de idade. A sua frequência diminui com a idade.
Frequentemente acomete vários membros de uma mesma família.
Quais são os principais sintomas?
6
A hipermobilidade causa frequentemente dores intermitentes, intensas, e periódicas
no final do dia ou à noite nos joelhos, pés e/ou tornozelos. Em crianças que tocam
piano, violino, etc. pode afetar mais as articulações envolvidas nestas atividades.
A atividade física e o exercício provocam e/ou aumentam a dor. Em casos raros,
pode ocorrer inchaço moderado das articulações.
Como é diagnosticada?
Com base num conjunto de critérios que quantificam a hipermobilidade em cada uma
das articulações.
Qual é o tratamento?
O tratamento consiste no condicionamento físico e analgésicos como tratamento
sintomático. Se a criança pratica esportes de impacto repetitivo como o futebol ou a
ginástica, e desenvolve distensões periódicas e entorses, então um fortalecimento
muscular e a proteção das articulações (com faixas próprias) são recomendados.
E o dia a dia da criança?
A hipermobilidade é uma condição benigna que melhora com a idade.. Embora
cause algum desconforto, isto não impede que a criança leve uma vida normal com
atividades próprias da idade e participe de jogos e esportes desde que devidamente
orientadas.As crianças devem ser encorajadas a manter um nível normal de
atividade, incluindo praticar esportes ou atividade física em que elas estejam
interessadas, desde que não haja impacto e risco de lesões.
6) Sinovite Transitória do Quadril, Sinovite Tóxica, Quadril Irritável.
O que é?
Trata-se de um derrame articular (presença de líquido dentro da articulação) do
quadril, de causa desconhecida, que resolve espontâneamente sem deixar
quaisquer lesões ou sequelas.
É comum?
É a causa mais comum de dor no quadril, em pediatria. Afeta 2 a 3% das crianças
entre 3-10 anos. É mais comum nos meninos, que são afetados 3 a 4 vezes mais
que as meninas.
7
Quais são os sintomas principais?
A criança manca devido à dor nos quadris. A dor nos quadris pode manifestar-se
como dor na virilha, coxa superior ou ocasionalmente no joelho, normalmente de
início súbito. A manifestação mais comum é quando a criança desperta mancando
ou recusando-se a caminhar.
Como é diagnosticada?
O exame é característico, pelas características da marcha (mancando) e a amplitude
dos movimentos assim como a dor ao movimento das articulações do quadril. Em
5% dos casos, ambas os quadris são afetados. As radiografias dos quadris não
apresentam alterações importantes e o ultrassom pode revelar o derrame articular .
Qual é o tratamento?
A base do tratamento é o repouso, que deve ser proporcional à intensidade da dor.
Medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides, ajudam a diminuir a dor. Em casos
de dor forte, tratamentos de tração da perna podem ser usados. O problema resolvese normalmente sem nenhum tratamento, em média depois de 6-8 dias.
Qual a evolução a longo prazo (prognostico)?
Excelente, com recuperação completa na grande maioria das crianças. No entanto,
às vezes surgem novos episódios de sinovite transitória, que costumam ser mais
moderados e mais curtos que o primeiro.
7) Dor patelo-femural - Dor no Joelho
Introdução
A dor patelo-femoral (a patela é a rótula) é a Síndrome de uso excessivo mais
comum em idade pediátrica. Estes problemas resultam de lesões mínimas
decorrentes de movimentos repetitivos e ligados aos exercícios contínuos de uma
parte do corpo em particular.
Estes problemas são muito mais comuns em adultos (cotovelo de golfe ou tênis,
síndrome de túnel carpal, etc), que em crianças.
Sinônimos
Síndrome Patelo-femural, Condromalácia da rótula, Condromalácia da patela, dor de
joelho Anterior.
8
O que é?
Esta síndrome refere-se ao desenvolvimento de dor na zona anterior do joelho,
devido as atividades que colocam carga adicional sobre a articulação patelo-femural
(articulação formada pela rótula e a parte inferior do osso da coxa ou femur).
Quando a dor é acompanhada de alterações no tecido da superfície interna da rótula
(cartilagem) o termo “condromalácia da rótula” ou “condromalácia da patela” é usado.
É uma doença comum?
É pouco frequente em crianças com menos de 8 anos de idade, sendo
progressivamente mais comum em adolescentes. A dor patelo-femoral é mais
comum nas meninas. Também pode ser comum em crianças com uma angulação
significante dos joelhos para dentro (joelhos valgos) ou pernas arqueadas (joelhos
varos), bem como também nos com doenças da rótula (instabilidade periódica e mau
alinhamento).
Quais são os sintomas principais?
Os sintomas característicos são dor anterior no joelho que piora com atividades
como correr, subir ou descer degraus, agachar ou saltar. A dor também piora quando
sentado por períodos prolongados, com o joelho dobrado.
Como é diagnosticada?
Em crianças saudáveis é feito um diagnostico clínico (exames ou radiografias não
são necessários). A dor pode ser provocada comprimindo-se propositalmente a
rótula, ou contendo o movimento superior da rótula quando o músculo da coxa
(quadrícipes) é contraído, sendo estes sinais característicos ao exame.
Qual é o tratamento?
Normalmente não é necessário qualquer tratamento. Na maioria das crianças, sem
outras doenças associadas (tais como angulação defeituosa dos joelhos ou
instabilidade da patela), a dor é uma condição benigna que se soluciona por si. Se a
dor interfere com as atividades diárias ou esportes, o início de um programa de
fortalecimento dos quadrícipes (músculos das coxas) pode ajudar. A aplicação de
compressas frias pode aliviar a dor depois dos exercícios.
E o dia a dia da criança?
9
As crianças devem levar uma vida normal. O seu nível de atividade física deve ser
ajustado para os manter sem dor. As crianças muito ativas e envolvidas na prática de
esportes devem usar uma joelheira especial,. para estabilizar a rótula durante a
movimentação.
8) Epifisiólise proximal do femur
O que é?
É um deslocamento de causa desconhecida da cabeça do fêmur pela cartilagem de
crescimento. A cartilagem de crescimento é uma porção de cartilagem intercalada
entre tecido ósseo, responsável pelo crescimento ósseo em comprimento. É a parte
mais fraca do osso, que e durante o crescimento é mineralizada se transformando
em osso. Quando ocorre a mineralização completa da cartilagem de crescimento o
indivíduo para de crescer.
É comum?
É uma doença pouco comum que afeta entre 3-10 em 100.000 crianças. É mais
frequente em adolescentes, e em meninos. A obesidade parece ser um fator de
risco.
Quais são os sintomas principais?
São dor no quadril e a alteração da marcha, que pioram com a atividade física, com
diminuição de mobilidade dos quadris. A dor é referida na parte superior (dois terços)
ou inferior (um terço) da coxa, e aumenta com a atividade. Em 15% das crianças a
doença afeta ambos os quadris.
Como é diagnosticada?
O exame físico é característico, com mobilidade dos quadris diminuída. O
diagnóstico é confirmado através de radiografias, sendo preferível a radiografia
realizada com a criança na posição conhecida como “posição de rã”.
Qual o tratamento?
Pode ser necessária a cirurgia (fixação cirúrgica ( para estabilização da cabeça do
fêmur com fio metálico, para a mantê-la no lugar).
10
Qual a evolução a longo prazo (prognostico)?
Depende em quanto a cabeça femoral deslizou antes do diagnóstico e do grau de
deslizamento.
9) Osteocondroses (Sinônimos: Osteonecroses, Necroses Avasculares).
A palavra “Osteocondrose” quer dizer “morte do osso”. É um grupo diverso de
doenças de causa desconhecida, caracterizado pela interrupção do afluxo de sangue
aos centros primários e secundários de ossificação, dos ossos afetados. Ao
nascimento, o esqueleto é constituído principalmente por cartilagem, um tecido mais
macio que é substituído com o passar do tempo por um tecido mais mineralizado e
resistente, o osso. Esta substituição começa em locais específicos dentro de cada
osso, que são chamados "centros de ossificação".
O que é?
A osteocondrose refere-se ao processo associado com a perda de fornecimento de
sangue ao centro de ossificação dos ossos, e sua substituição posterior por tecido
reparador
do
osso.
A
dor
é
o
sintoma
principal
destas
doenças.
O diagnóstico é confirmado através de exames radiológicos ou outros exames de
imagem. As radiografias mostram, sequências de fragmentação ("ilhas" dentro do
osso), colapso (fratura), esclerose (aumento de densidade, o osso aparece "mais
branco" nas imagens) e, frequentemente, re-ossificação (formação de novo osso)
com reconstituição do contorno ósseo.
Embora possa parecer uma doença séria, é bastante comum em crianças e, com a
possível exceção de envolvimento extenso dos quadris, tem um prognóstico
excelente. Algumas formas de osteocondroses são tão frequentes que são
consideradas "variantes normais" de desenvolvimento do osso (por exemplo a
doença de Sever).
Outras síndromes podem ser incluídas nas síndromes de sobre-utilização (doenças
de Osgood-Schlatter e Sinding-Larsen-Johansson).
9.1) Doença de Legg-Calvé-Perthes
O que é?
11
É a necrose avascular da cabeça femoral (parte do osso da coxa mais próximo dos
quadris).
É comum?
Não é uma doença comum, verificando-se 1 entre 10.000 crianças. É mais frequente
em meninos (4 ou 5 meninos para cada menina) entre as idades de 3 e 12 anos,
particularmente em crianças de idades entre os 4 e 9 anos.
Quais são os sintomas principais?
A maioria das crianças podem ter dor e mancar de forma variável, até sem nenhuma
dor no início do processo. Normalmente só envolve uma articulação, mas em
aproximadamente 10% dos casos, a doença afeta ambas.
Como é diagnosticada?
A mobilidade dos quadris é prejudicada e pode ser dolorosa. As radiografias podem
ser normais inicialmente mas depois mostram a progressão referida anteriormente.
Imagens do osso e Ressonâncias Magnéticas detectam estas doenças mais cedo
que as radiografias simples.
Qual o tratamento?
As crianças com a doença de Legg-Calvé-Perthes devem sempre recorrer a um
serviço Pediátrico Ortopédico. O tratamento depende da severidade da doença. Em
casos mais simples, só observação pode ser suficiente.
Em casos mais graves, a o tratamento consiste em conter a cabeça femoral afetada
dentro da articulação do quadril, de forma a que quando se formar o osso novo
(também chamada de remodelação óssea), a cabeça femoral recupere a sua forma
esférica.
Este objetivo pode ser alcançado de diversas formas ou usando “splints” ou órteses
(em crianças mais jovens) ou por. meio de uma técnica cirúrgica chamada
osteotomia, que consiste em um corte no osso, para acomodar a cabeça do fêmur no
local apropriado com recuperação da forma e da função da articulação, sendo
indicada em crianças maiores.
Qual a evolução a longo prazo (prognostico)?
12
Depende da extensão é do envolvimento da cabeça femoral (quanto menor, o
prognóstico é melhor) como também da idade da criança (o prognóstico é melhor se
mais jovem que 6 anos). A duração do processo, da fragmentação à regeneração
leva entre 12 e 18 meses. Em geral, o prognóstico a longo prazo é bom na maioria
dos casos.
E o dia a dia da criança?
Depende do tratamento indicado. Para crianças sob observação devem ser evitados
atividades e exercícios de impacto nos quadris (saltar, correr). Elas devem levar uma
vida escolar normal e participar em todas as outras atividades que não impliquem em
suportar pesos excessivos.
9.2) Doença de Osgood-Schlatter
É o resultado do trauma repetido pelo tendão da rótula do centro de ossificação da
tuberosidade anterior da tibia (pequena proeminência em forma de crista presente 45 cm abaixo da rótula, onde se liga o tendão). Está presente em aproximadamente
1% dos adolescentes, sendo no entanto mais comum nos que praticam esportes.
A dor piora com atividades como correr, saltar, subir ou descer escadas e ajoelhar. O
diagnóstico é estabelecido pelo exame físico, com uma rigidez ou dor muito
características, às vezes acompanha-se de inchaço, na inserção do tendão da rótula
na tíbia.
As radiografias podem ser normais ou mostrar pequenos fragmentos de osso na
região da tuberosidade anterior da tíbia. O tratamento baseia-se no ajuste do nível
de atividades das crianças de modo a mantê-los sem dor, aplicando gelo depois dos
esportes, e com repouso. Melhora e passa com o tempo.
9.3) Doença de Sever
Também chamada “apofisite do calcâneo”. É um osteocondrose da apófise do
calcâneo (o osso do calcanhar), provavelmente relacionado com a tração aplicada
pelo tendão de Aquiles.
É uma das causas mais comuns de dor do calcanhar em pediatria. A doença de
Sever está relacionada com a atividade, e é sendo mais comum nos meninos. Inicia-
13
se normalmente por volta dos 6-10 anos de idade, com dor do calcanhar e
ocasionalmente a criança manca depois de exercício.
O diagnóstico é feito pelo exame clínico. Não há necessidade de terapia além do
ajuste do nível de atividade, para manter as crianças sem dor e, se não houver
resultado recomenda-se o uso de uma almofada debaixo do calcanhar. A situação se
resolve espontaneamente com o passar do tempo.
9.4) Doença de Freiberg
A osteonecrose da cabeça do segundo osso do metatarso, no pé. A sua causa é
provavelmente traumática. É pouco comum e na maioria dos casos afeta as
adolescentes. A dor aumenta com a atividade física.
Um exame físico mostra dor à compressão por baixo da cabeça do segundo
metatarso e inchaço ocasional. O diagnóstico é confirmado através de radiografias,
embora possa levar duas semanas desde o princípio dos sintomas para se
verificarem alterações.
O tratamento inclui repouso e um apoio da zona afetada.
9.5) Doença de Scheuermann
A doença de Scheuermann ou “cifose juvenil” é uma osteonecrose do núcleo de
ossificação do anel apofisário do corpo vertebral (que constituem as superfícies
superior e inferior da vértebra). É mais comum em adolescentes do sexo masculino.
A maioria das crianças com este processo apresenta uma postura inadequada, com
ou sem dor das costas. A dor é relacionada com a atividade e pode ser aliviada
através de repouso.
O diagnóstico é verificado pelo exame (curvatura pronunciada nas costas) e
confirmado com radiografias.
Para ser considerada como sofrendo de doença de Scheuermann, a criança cuja
radiografia apresentar irregularidades nos corpos vertebrais e uma lesão chamada “
em cunha anterior” com ângulo de 5º graus em pelo menos três vértebras
sucessivas.
O tratamento recomendado consiste em ajustar o nível de atividades da criança,
observação e, em casos mais graves, a utilização de colete ortopédico.
14
15
Download