Ficha de Leitura Educação Infantil

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Ficha de Leitura
Ficha de leitura
A gramática que os bebés sabem
São várias as teorias existentes sobre a aquisição da linguagem. Dessas teorias
destacamos três.
A teoria cognitivista explica a aquisição da linguagem como um fenómeno
decorrente da evolução psicológica das crianças, isto é, depende da aprendizagem ou
maturação
de
outros
processos
cognitivos.
Contudo,
está
provado
que
o
desenvolvimento linguístico é independente de outras capacidades cognitivas, como é o
caso da existência de patologias que afectam apenas as capacidades linguísticas sem
afectar outras capacidades cognitivas.
A perspectiva comportamentalista, por sua vez, explica que a linguagem é um
conjunto de hábitos verbais desenvolvidos através de interacções sociais do tipo
estímulo-resposta, ou seja, de acordo com esta perspectiva, os bebés adquirem a
linguagem por imitação de tudo aquilo que os rodeia.
Esta perspectiva que considera que a criança aprende a linguagem verbal através
da imitação do que ouve é muito dominante entre os pais e educadores, mas a mesma
apresenta algumas limitações, isto é, não consegue explicar determinados fenómenos
que ocorrem.
A teoria inatista, defendida por Noom Chomsky, refere que as crianças nascem
com capacidades inatas para adquirir a linguagem, ou seja, as crianças nascem com
faculdades mentais próprias ao desenvolvimento da linguagem. Deste modo, segundo
esta teoria, as crianças não se limitam a imitar o que observam, mas sim, a desenvolver
a sua faculdade em função do ambiente que a rodeia.
Se a criança não for estimulada, isto é, se não viver num ambiente em que esteja
exposta a uma língua, não terá condições de desenvolver a fala, independentemente da
língua a que esteja exposta.
Portanto, para desenvolver a fala, a criança necessita que falem com ela,
independentemente de ser uma ou mais línguas.
Chomsky concluiu que as crianças fazem mais do que imitar aquilo que
observam e que até se comportam como alguém que sabe alguma gramática. Assim
sendo, apontou alguns argumentos que defende a sua teoria.
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Dentro desses argumentos referiu que os bebés produzem palavras ou frases que
nunca ouviram. Por exemplo, a criança muitas vezes diz “eu fazi” ou “prato”, em vez
de dizer “eu fiz” e “pato”, respectivamente. Isto revela que os comportamentos
linguísticos das crianças não são arbitrários, pois durante alguns meses e até mesmo
anos, as mesmas cometem este tipo de erros.
Este argumento é a favor da teoria inatista por três motivos: as crianças dizem
palavras e frases que nunca ouviram e se estivessem apenas a imitar o que ouvem, não
utilizavam palavras ou frases que não existem na língua que estão a aprender; as
crianças são sistemáticas nos seus erros e são bem sucedidas; e, os erros das crianças
revelam conhecimento da gramática, pois esses erros revelam que as mesmas possuem
desde cedo capacidade de produzir inconscientemente, regras gramaticais.
Relativamente a este último caso, é perceptível que quando uma criança diz “eu
fazi” não está a inventar formas verbais, mas sim a transformar verbos irregulares em
verbos regulares, pois o passado destes verbos é sempre i. A criança é então, capaz de
fazer uma análise morfológica dos verbos separando o radical de marcas de pessoa e
tempo e, de aplicar uma regra de formação do passado, pois consegue separar o radical
do verbo faz, juntando-lhe a marca regular de primeira pessoa do singular do passado i.
A criança é também capaz de aplicar regras gramaticais no que diz respeito aos
pronomes em Português (europeu). O único problema é que a criança, na frase “eu não
o vi”, diz “eu não vi-o”, ou seja, coloca o pronome depois do verbo em vez de colocálo antes. Deste modo, a única coisa que tem que aprender é que existem contextos em
que o pronome tem que ser colocado antes do verbo.
Estes casos estão relacionados com uma regularização ou adaptação a nível dos
sons, isto é, a nível fonológico. Outros casos estão relacionados com uma aplicação de
processos que permitem observar regularidades na construção de formas linguísticas.
Por exemplo, a palavra “prato” é produzida como “pato” pela criança, mas nunca
“rato”. Isto acontece porque a criança simplifica a estrutura silábica complexa, isto é, a
palavra “prato” é iniciada por duas consoantes e a criança simplifica preservando a
primeira consoante e não a segunda. Deste modo, é possível compreender que a criança
tem conhecimentos sobre a relevância de cada um destes sons na organização da sílaba.
Outro argumento a favor desta teoria é que o desenvolvimento linguístico é
universal e sequencial, ou seja, as crianças passam por fases e sequências semelhantes,
independentemente da língua que estão a aprender.
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Existem determinados comportamentos na criança que não são esperados antes
de esta ter atingido um certo grau de maturação. A linguagem, por ser uma faculdade
inata, deverá obedecer a um processo de amadurecimento, semelhante de criança para
criança, seja qual for a língua que estas aprendem.
O processo de aquisição da língua não segue sempre uma ordem arbitrária, ou
seja, existem etapas e sequências que não são seguidas universalmente. Portanto, apesar
de existir uma sequencialidade, isso não implica que todas as fases da sequência do
desenvolvimento se verifiquem.
Por não se observar uma certa fase de uma sequência, isso não implica que a
capacidade e o potencial não existam.
A rapidez do desenvolvimento linguístico é outro argumento a favor da teoria
inatista. Se a criança quando nasce, já é capaz de analisar a estrutura da língua, o
processo de aquisição desta é simplificado e a sua rapidez deriva da simplicidade do
processo.
As crianças têm a capacidade de formar regras e de extrair regularidades da
gramática o que denota um conhecimento implícito em relação aos processos
gramaticais da sua língua. Todavia, a criança desconhece a existência de verbos
irregulares o que faz com que por vezes esta conjugue os verbos de uma forma errada.
Mesmo assim esta capacidade possibilita que as crianças quando ingressam no 1º ciclo
já tenham desenvolvido/apreendido quase todas as regras da sua língua.
Por norma, os pais e educadores corrigem com frequência os erros gramaticais
das crianças mas estas ou simplesmente ignoram a correcção ou reproduzem, por
imitação, a forma correcta mas apenas para satisfazer a vontade do adulto e agradá-lo.
Esta atitude sustenta a teoria inatista de Chomsky.
Para que futuramente a criança possa ter um domínio da sua língua é necessário
crescer num ambiente favorável ao seu desenvolvimento e amadurecimento, cabendo
assim ao adulto o papel de fazer brincadeiras e correcções que estimulem desde logo o
bebé a exercitar os seus comportamentos verbais.
Apesar da enorme capacidade que os bebés possuem de adquirir a sua língua
existe uma grande diferença entre o que estes entendem e aquilo que realmente são
capazes de produzir. Por exemplo, se dermos uma instrução a um bebé este é capaz de a
realizar mesmo não conseguindo ainda produzir qualquer palavra pois o mesmo percebe
aquilo que lhe foi pedido apesar da eventual complexidade da frase. Esta questão é mais
um dos argumentos a favor da hipótese de Chomsky.
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Aos 6 meses, os bebés já conseguem reconhecer as diferenças que existem entre
as sílabas pa, ba e ga. Pode-se também afirmar que os bebés tratam a informação
linguística que os rodeia ao fazerem a análise acústica e a descriminação de alguns
aspectos. Por exemplo, as crianças bilingues têm a capacidade de distinguir as várias
línguas tanto ao nível da compreensão como ao nível da produção.
Em relação ao conhecimento inato, é interessante verificar-se que tanto as
crianças como as pessoas não alfabetizadas sabem diferenciar uma frase mal construída
de outra construída da forma correcta. Este conhecimento acerca das frases mal
formadas vem apoiar a teoria inatista.
No texto em análise é-nos apresentado o Problema de Platão que defende que
um falante de uma dada língua, após terminar o processo de aquisição da mesma, é um
conhecedor implícito de um conjunto de regras gramaticais que aplica para gerar novas
palavras ou frases, contudo o problema reside no facto de se chegar a este conhecimento
da língua a partir de um input altamente degradado. Isto significa que a língua falada ao
redor da criança se rege pelas características da linguagem oral mas que mesmo assim
esta consegue formular regras produtivas e seleccionar o que é relevante ignorando tudo
o que não é significativo. Em suma, o problema em questão consiste em saber de que
modo a criança consegue chegar a um conhecimento tão profundo da língua que lhe
permite aplicar regras para gerar novas palavras ou enunciados. A resposta ao problema
é a seguinte: apesar de os dados serem caóticos e desorganizados, a criança tem a
capacidade de formular regras e chegar a conclusões complexas ao seleccionar dados
simples e ao dar respostas simples a questões de variação.
O texto refere também a existência de uma fase crítica para a aquisição da
linguagem e que se a criança for privada de qualquer estimulo verbal nesta altura de
maior pré-disposição para adquirir língua, esta pode nunca vir a ser capaz de adquirir a
gramática da sua língua, limitando-se apenas a produzir sons e imitações. A linguagem
deve ser estimulada na altura mais propícia que acontece durante os primeiros anos de
vida do bebé.
Segundo a teoria inatista a tarefa de um bebé que aprende a sua língua é igual à
de um linguista, pois este tem como objectivo estudar o funcionamento das diversas
línguas do mundo, separando os aspectos universais dos aspectos específicos de cada
língua, de modo a formular generalizações que lhe permitam compreender o seu
comportamento.
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Também compete ao linguista estudar as variações de cada língua, de modo a
formar regras universais que podem ou não se aplicar dependendo da língua em questão.
De acordo com a perspectiva chomskyana os bebés apresentam conhecimentos
universais das línguas, sabendo quais os elementos linguísticos onde elas não divergem.
Assim sendo, a criança só precisará de aprender se a sua língua apresenta ou não as
regularidades que conhece.
A aquisição de linguagem depende do estádio de maturação ou de
desenvolvimento psicomotor do bebé, o que explica alguns dos erros que dá durante a
aprendizagem da sua língua, a dificuldade que por vezes apresenta na emissão de sons,
na estruturalização de frases e as diferenças individuais, características e estratégias de
aprendizagem apresentadas por cada criança durante o seu desenvolvimento linguístico.
Enquanto os inatistas procuram descobrir modelos de desenvolvimento
universais, há quem estude as diferenças de aprendizagem de cada criança de modo a
estabelecer diferentes percursos de desenvolvimento dentro do processo normal de
aquisição da língua.
Este estudo é essencial pois tanto os pais como os educadores se preocupam com
o desenvolvimento linguístico das crianças a seu cargo. Ora, cada criança reage de
maneira diferente durante a aprendizagem da língua, o que leva frequentemente à
comparação com outras crianças. Porém, na maior parte dos casos, as diferenças vão
desaparecendo com o passar do tempo.
Ainda é de referir que a hipótese inatista não tem resposta para tudo o que
acontece durante o processo de aquisição de língua, o que torna necessário encontrar
factores externos ao inatismo que também sejam utilizados pela criança.
Segundo os investigadores Nelson e Bloom existem dois tipos de crianças, as
referenciais e as expressivas.
As crianças referenciais tendem a utilizar mais nomes e menos verbos, pois têm
necessidade de referir ou designar os objectos que as rodeiam, sendo que adquirem as
palavras isoladamente.
Por outro lado, as crianças expressivas utilizam mais a língua para interagir com
os outros, expressar sentimentos e necessidades. Estas crianças adquirem mais
facilmente conjuntos de palavras ou expressões feitas.
As variações apresentadas por estas crianças aquando da aprendizagem da sua
língua estão relacionadas com diversos factores, como a personalidade de cada criança,
o modo como se dedicam à língua e os estímulos exteriores que recebe.
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Outros investigadores, como Bates, Dale e Thal sintetizaram as principais
diferenças nas estratégias de aquisição da língua, que podem não estar ligadas a
fenómenos gramáticas, mas sim a características sociais ou demográficas que podem
condicionar a velocidade do processo de aquisição.
Estes autores distinguem crianças faladoras de crianças de poucas palavras.
Os meninos faladores usam a língua na sua função denotadora, usando mais
substantivos e palavras isoladas de modo a nomear objectos enquanto os meninos de
poucas palavras utilizam expressões feitas e fórmulas.
Os meninos faladores associam cada palavra a um significado exacto, os
meninos de poucas palavras atribuem vários significados a uma palavra ou som. Os
primeiros aprendem palavras novas mais depressa e apresentam uma maior variedade de
palavras que estes últimos.
No entanto, os faladores têm um discurso telegráfico, ou seja, omitem palavras
funcionais (que, de, mas) substituindo-as por substantivos, verbos ou adjectivos.
Os faladores começam a falar mais cedo que os de poucas palavras. Assim, os
meninos faladores recorrem mais a regras gramaticais e de sintaxe, acabando por
cometer mais erros de sobregeneralização de regras pois começaram a construir a sua
gramática mas cedo.
Os meninos de poucas palavras inclinam-se a usar combinações fixas, não
procurando combinar palavras para gerar novas frases com o auxílio das regras que vai
formulando como os faladores.
No que concerne à organização dos sons e à entoação, os meninos faladores
preocupam-se primeiro por organizar os sons das palavras enquanto os de poucas
palavras se centram na organização dos sons ao nível da entoação.
Os meninos faladores são consistentes na maneira como pronunciam certas
palavras e os meninos de poucas palavras exibem uma maior variação, daí ser mais fácil
entender os faladores do que estes últimos.
Sendo os meninos de poucas palavras mais expressivos, utilizam mais frases
imperativas. Por sua vez, os faladores são tendencialmente referenciais, ou seja, usam a
língua para descrever situações e objectos apresentando assim um comportamento mais
declarativo.
Também importa referir que os autores acima apresentados sintetizaram as
principais características demográficas destas crianças: as meninas são propensas a ser
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faladoras enquanto os meninos a serem de poucas palavras; os meninos faladores são
normalmente primogénitos e os meninos de poucas palavras irmãos mais novos.
Note-se que estes dados são meramente estatísticos, não devendo de ser
considerados como únicos.
Apesar destas diferenças individuais, se o processo de aquisição de língua
decorrer normalmente e não houver nenhum défice cognitivo ou lesão, todas as crianças
passam por etapas semelhantes e atingem por volta dos 5 ou 6 anos um conhecimento
efectivo da sua língua.
Apesar do contributo da teoria inatista para a explicação do processo de
aquisição de língua existem outros factores que influenciam a forma como as crianças
aprendem a falar e que também devem de ser tidos em conta: factores demográficos;
características de personalidade; desenvolvimento das capacidades cognitivas; factores
sociais; ritmos individuais de desenvolvimento psicomotor.
A influência destes factores durante a aquisição da língua pode explicar porque
dois bebés com a mesma idade podem exibir comportamentos linguísticos diferentes.
O mecanismo biológico com que a criança nasce simplifica a tarefa da mesma,
sendo que assumir que ele existe explica que a criança ignore correcções elaboradas
pelo adulto quando insiste num erro.
Quando interpretam mal a perspectiva inatista podem supor que os estímulos são
pouco importantes no desenvolvimento da criança, não se concluindo que tal está
relacionando com três aspectos independentes: a) a estimulação é importante em
qualquer processo de desenvolvimento psicomotor, independentemente de ser inato; b)
há fenómenos linguísticos que são excepcionais, tendo de ser aprendidos
explicitamente; c) conhecimento linguístico explícito e consciência linguística são dois
factores diferentes, sendo que o primeiro só pode ser desenvolvido através de
estimulação.
O primeiro aspecto refere que, mesmo a criança nascendo predisposta à
aquisição linguística, esta necessita de um estímulo do meio envolvente para activar o
processo de aquisição da língua, um desses é falando ao pé do bebé, porém existem
outros que facilitam essa aprendizagem, tais como: as correcções de erros, os jogos de
palavras, as rimas e as imitações.
A criança, ao ouvir o que é falado em seu redor e a fala que lhe é dirigida, terá os
instrumentos necessários para construir a sua gramática. Deste modo, asseguramos que
a aquisição da língua num ambiente estimulante é inevitavelmente saudável.
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Apesar de possuirmos capacidades inatas, não se pode afirmar que a relação com
o meio envolvente não é importante para a criança. Por este motivo, tanto os inatistas
como os cognitivistas pressupõem que o desenvolvimento e aquisição da linguagem são
beneficiados, se forem estimulados através da interacção entre o adulto e a criança.
Há coisas na língua que têm de ser explicitamente aprendidas e para as quais não
é possível formular uma regra. A associação do som de uma palavra ao significado
dessa mesma palavra aprende-se explicitamente, pois a relação entre a associação e o
significado é arbitrária. Quando a criança nasce, vem provida de conhecimento sobre a
gramática, mas não sobre o conjunto de palavras que constitui a língua que vai adquirir.
A estimulação linguística é essencial para o enriquecimento e consolidação do
vocabulário.
As irregularidades também fazem parte da aprendizagem explícita e é certo que
todas as línguas possuem formas irregulares. O facto de a criança fazer a regularização
de formas irregulares constitui um argumento para se poder dizer que a criança tem
conhecimento implícito sobre a gramática.
A correcção dos erros feitos através da regularização fornece um ambiente
linguístico que vai permitir à criança, num futuro próximo, um comportamento
linguístico adequado.
Para aprender algumas das irregularidades é indispensável que haja uma
estimulação explícita e directiva. Grande parte do nosso conhecimento gramatical é
inato e não decorre de uma aprendizagem explícita de gramática, porém não quer dizer
que não necessitemos de estimulação adequada. Deste modo, tanto pais como
educadores devem proporcionar estímulos ao desenvolvimento linguístico, nas situações
formais de aprendizagem.
Resumindo, assumir que a capacidade de falar decorre em grande parte da
existência de um mecanismo inato não é incompatível com a necessidade de estimular
as crianças linguisticamente.
Comentário:
Desde os primórdios da sua existência que o Homem sente necessidade de
procurar respostas para os fenómenos que o rodeiam.
Muitos foram aqueles que se debruçaram no processo de aquisição de língua,
perguntando-se como poderiam os bebés aprender a falar. Criaram-se várias teorias
como a behaviorista que cria na imitação para a aprendizagem de uma língua.
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De acordo com a teoria inatista os bebés nascem com uma predisposição para vir
a falar, sabendo desde cedo uma série de princípios universais acerca das línguas que
lhe permitirão adquirir a língua ou línguas a que está exposto mais facilmente. O bebé
durante a aprendizagem da sua língua comporta-se tanto como um pequeno linguista,
estudando a língua a que está exposto e formulando hipóteses sobre a sua estrutura de
modo a criar regras, como um cientista, ao recorrer ao método cientifico de tentativa e
erro para obter validação acerca das hipóteses que formula.
O inatismo procura padrões universais no processo de aquisição de língua,
porém isso não quer dizer que não haja diferenças individuais de criança para criança,
ou que quando estas existem a criança em questão tenha algum problema por fugir à
regra. Há crianças que se enquadram no que se considera o percurso normal de
aquisição da língua, mas que recorrem a estratégias diferentes durante o mesmo.
Existem crianças referenciais ou meninos faladores e crianças expressivas ou
meninos de poucas palavras que embora se expressem de maneiras diferentes e
recorreram a estratégias diferentes acabam por obter resultados semelhantes, ou seja,
todos chegam a um domínio efectivo da língua a que estão expostos independentemente
dos meios que usam para lá chegar.
Apesar de defenderem que as crianças nascem equipadas com um mecanismo
biológico inato que lhes permite aprender uma ou mais línguas, os inatistas não negam a
importância do estímulo durante o processo de aquisição de língua.
A estimulação é essencial para a aquisição de uma língua, pois se uma criança
não tiver contacto com ela, muito dificilmente adquirirá uma, e quanto mais
direccionada para o bebé o estímulo for, melhor.
O que já sabia:
Já tínhamos conhecimento de que os bebés têm um mecanismo inato que
lhes permite adquirir uma língua e apresentam desde cedo conhecimento
implícito da mesma.
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Tínhamos noções do papel da imitação na aprendizagem das
irregularidades da língua a que o bebé está exposto, bem como da importância
do estímulo para o bom desenvolvimento da língua.
O que não sabia:
Aprofundámos os conhecimentos e noções que referimos anteriormente e
aprendemos as características entre crianças expressivas, referenciais, faladoras e de
poucas palavras.
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