Curso de F[érias para Aperfeiçoamento de Professores de

Propaganda
CURSO DE FERIAS
PARA
APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES
DE
GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO
JANEIRO DE 1967
ÍNDICE
A necessidade da aplicação da Metodologia da Geografia no Ensino e n a
........................
.
Pesquisa.Prof . Antônio José de Mattos Musso
Sugestões metodológicas para o Ensino da Geografia . Prof Carlos
Goldenberg ..................................................................
A correlação entre a História e a Geografia.Prof Emmanuel Leontsinis
Aplicabilidade do Livro. Leituras Geográficas no Ensino da Geografia - Prof
Ângelo Dias Maciel
Elementos de Cartografia.Prof.8 Izabel Klausner
Conceitos sôbre o Ensino da Geografia Pr0f.a Maria Magdalena Vieira
Pinto
A Agricultura n a Faixa Tropical - Prof Orlando Valverde
As Indústrias no Brasil - Prof J Cezar de Magalhães
As Indústrias no Mundo - Prof . J . Cezar de Magalhães
Relação entre a estrutura geológica do Brasil e os minerais - Pr0f. Othon
Henry Leonardos
Economia Mineral do Brasil - Prof Othon Henry Leonardos
A Geografia Política e a Geopolitica - Prof Emmanuel Leontsinis
Fronteiras - seu conceito - Prof J. Cezar de Magalhães
Fronteiras do Brasil - Prof J Cezar de MagalBes
Problemas de Pressões Demográficas e Espaços Vazios - Prof . Ney Strauch
Geografia e Planejamento - Prof . Pedro Pinchas Geiger
O Relêvo do Mundo - Pr0f.a Maria Francisca Thereza Cardoso ...........
0 s minerais da Região Nordeste e sua importância na Economia do Brasil
- Prof Antonio Teixeira Guerra
Construção e Interpretação de Gráficos Econômicos - Prof Ângelo Dias
Maciel
Leitura de Cartas - Prof. Antônio Teixeira Guerra
Utilização de fotografias aéreas n a Geografia - Prof Carlos de Castro
Botelho
Utilização de cartazes no Ensino da Geografia - Prof Francisco Barbosa
Leite
Elementos de Cartografia de Atlas Geográfico Escolar
Proi Ary de Almeida
Velho Mundo - Prof Carlos Marie Cantão
Mundo Novissimo - Prof . Carlos Marie Cantão ..........................
Interpretacão do Livro Exercícios e Práticas de Geomorfologia - Pr0f.S Celeste
Rodrigues Maio ............................................................
Lagos, lagoas e lagunas do Brasil - Prof Antônio Teixeira Guerra
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PROVAS
Metodologia .....................................................................
Cartografia
Geografia Física
Geografia Econômica
Trabalhos Práticos
Geografia Humana e Política
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REGULAMENTO
Resolução que fixa o número e o valor das bolsas de estudo
Participantes do Curso
Deveres e Direitos dos Alunos
Relação dos Professôres
Distribuição do Tempo
Relação do Corpo Discente
InstruçOes Reguladoras da Excursão
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METODOLOGIA
A necessidade da aplicação d a metodologia da
Geografia n o ensino e n a pesquisa. Prof. Antônio
José de Mattos Musso
Sugestões metodológicas para o ensino da Geografia. Prof. Carlos Goldenberg
A correlação entre a História e a Geografia. Prof.
Emmanuel Leont,sinis
A aplicabilidade tío livro "Leituras Geográficas" n o
ensino da Geografia. Prof. Ângelo Dias Maciel
Elementos de Cartografia. Prof." Izabel Klausner.
Conceitos sobre o Ensino da Geografia. Pr0f.a . . . .
Maria Magdalena Vieira Pinto
A NECESSIDADE DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA
GEOGRAFIA NO ENSINO E NA PESQUISA
Prof. ANTONIO
JOSÉ DE
MATTOS MUSSO
1 - Introdução.
2 - Metodologia da Geografia, princípios que orientam o raciocínio geográfico.
2.1. A Geografia faz parte das ciências Naturais e Sociais.
2.2. Os seis princípios que conduzem o raciocínio geográfico
2.3. O princípio do tipo
2.4. "
"
da localização e extensão
2.5. "
"
da associação
"
da evolução
2.6. "
2.7. "
"
da comparação
"
da causalidade
2.8. "
3 - A observação direta
4 - A observação indireta
5 - Conclusão:
5.1. A aplicação da metodologia da Geografia no ensino.
6 - A aplicação da metodologia a pesquisa geográfica.
7 - Bibliografia
A necessidade da aplicação da metodologia da Geografia ao ensino
e a pesquisa geográfica.
i.
INTRODUÇÃO
1.1.
O tema que iremos examinar é bastante extenso,
admitindo um sem número de variações, todavia,
escolhemos os pontos que nos parecem de maior importância para sua aplicação no curso secundário ou
mesmo em um nível mais elevado de ensino.
1.2. A moderna Geografia, por incrível que nos pareça,
continua em pleno século XX, como uma ciência mal
compreendida pela grande maioria das pessoas, isso
porque, ou tomam-na apenas como um estudo de
nomes de acidentes geográficos (nomenclatura), superfícies, populações e outros suplícios da memória, ou
então, como se ela fora uma espécie de lição de coisas,
sem levar em conta o extraordinário impulso que esta
ciência teve, no decorrer de pouco mais de um século.
1 . 3 . No Brasil, o progresso da Geografia em determinado
setor foi bastante apreciável, mercê da excelente
contribuição de notáveis cientistas nacionais e estrangeiros, que tantos serviços prestaram e vêm prestando
ao progresso da Geografia em nosso País.
1 . 4 . De outro lado, merece um realce especial, a admirável
cooperação das instituições, como os Institutos Históricos e Geográficos, a Sociedade Brasileira de Geografia, o Serviço Geográfico e Geológico de São Paulo,
o antigo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil,
hoje integrando como Divisão de Geologia e Mineralogia o Departamento Nacional da Produção Mineral, as Associações dos Geógrafos Brasileiros, com uma
contiribuição das mais brilhantes, o Instituto Brasileiro de Geografia da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, um dos grandes esteios da
Geografia no território nacional, as Faculdades de Filosofia o Museu Nacional e tantas outras não menos
importantes instituições.
1.5. Hoje a Geografia é uma ciência que está à serviço do
homem, servindo à coletividade, como base do ensino,
de pesquisas, planejamentos de grande envergadura,
bem como, constitui fator indispensável para a integração do homem ao meio pátrio e internacional.
1 . 6 . Apesar do que acabamos de relatar a Geografia continua - como dissemos de inicio - mal compreendida
do grande público, muito embora, seja incomensurável
o esforço e a esplêndida atuação do Instituto Brasileiro
de Geografia e das entidades apontadas, através de
congressos, cursos de aperfeiçoamento para professôres de todo País, conferências, divulgação de trabalhos
executados por seus proficientes técnicos, através de
suas preciosas publicações, indispensáveis aos professores de Geografia e demais especialistas.
1 . 7 . Torna-se necessário portanto, insistir no excelente
trabalho que vem executando o IBG, as instituições
de caráter geográfico e geológico, a atualização, sem-
pre que passível, dos currículos F! programas, a fim de
que, o educmdo, em especial, tenha um contato mais
direto com a realidade dos fatos geográficos, suas
correla~õese resultantes, desta forma sinta uma vivência mais real dêsses fatos e dêles saiba tirar partido
em benefício da sua formação e portanto, da melhor
adaptação e utiliz-ação do aeio em que vive.
1.8. Coadjuvando êsse mqmo tmbalho cabe a nós professares, a tarefa de divulgar 4s métodos aplicados pela
moderna Geografia e através dêles conduzir o raciocínio do aluno, ensin8hdo-o a pensar geogràficamente
e portanto, a estudar a Geografia, do mesmo modo
utilizando esta metodologia nó preparo das nossas
aulas, nas nossas pesquisas de laboratório ou de campo
enfim aos trabalhos. Nessa forma a geografia é uma
ciência a serviço do homem e sem essa metodologirt
c a b o s na velha geografia.
2,
METODOLOGIA DA GEOGRAFTA: Princípios que orientam
o raciocínio geográfico. .
2.1. A Geografia faz parte das Giencias Naturais e Sociais
apoiando-se, portanto, na observação direta e indireta dos fen&menos.
Emprega, ainda, a análise, a síntese além da hipótese, no
estudo dos fatos que são vistos à luz dos principios que iremos
examinar, terminando por demonstra-los, isto é: descrevê-las racionalmente.
2.2. Com esta finalidade, baseia-se em seis princípios que
conduzem o raciocínio geográfico:
2.3. O princípio do tipo
2.4. '*
"
da localização e extensão;
2.5. "
'>
da associação;
2.6. "
da eyolução;
2.7. "
"
da comparação;
9,
da causalidade;
2.8, "
.
H
2.3. Princípio do tipo: ao observar um4 paisagem devemos
nos preocupar com o que 6 típico, com o que é normal e caracteriza esta paisagem.
Exemplos:
a - Cidade do Rio de Janeiro tem como características geornorfológicas, as serras e maciços arquemos com os seus morros
de formas arredondadas (agulhas, pontões, abóbadas) separados
por largas planlcies quaternárias que se debruçam sobre o mar;
?
n a &@o
Sul
dPbi a
tfm Èta paisagem
vegetal;
d - o planalto da Bocaina que #sealonga na direção NE-SW
entre o vale do Paraiba e a Serra do ,Mar caracteriza-se por ser
um extenso planalto (três blocos falhados) basculado para o mar
' apresentando um relêvo dissecado, com ondulações suaves nas
partes mas altas, coberto por matas e campos naturais de altitude,
e - O Corcovado, com a imagem do Cristo Redentor, só a
fotografia, mesmo sem os dizeres, seria suficiente para identificar
o Rio - de Janeiro.
2 . 4 . Princípio da localização e extensão: verificando o que
é típico, procuramos localizar e traçar os limites do fato geográfico,
cartografando-o, representando-o em um mapa.
aste principio responde às perguntas: onde e até onde.
Um fato deixa de ser geográfico, quando não forem conhecidos: o seu domínio próprio e não puder ser cartografado.
A Geografia está indispensavelmente ligada a Cartografia.
Exemplos :
a - onde e até onde (limites) se situam as restingas na
Região Leste?
b - Onde e até onde se estende o trecho em meandros, que
apresenta o rio Paraíba do Sul?
c - Onde e até onde se situam os grandes derrames, os
maiores do mundo, de lavas basálticas, 'de idade tribssica, no
Brasil?
d - Onde e até onde se situam 03 principais depósitos de
zircônio em nosso País.
e - O pau brasil, onde e ate onde se estendia esta riqueza
que deu origem ao nosso primeiro ciclo econômico?
2.5. Princípio da assobiação ou correlação: a Geografia só
interessa os fatos em grupo. O fato isolado é uma abstração isso
porque, bles nunca se apresentam isolados na Natureza e sim associados e atuando uns sôbre os outros - correlação.
A habilidade do Geógrafo está em saber até que ponto os fatos
atuam uns sabre os outros e suas conseqüências (ver princípio
da causalidade).
Parte dêsse princípio a noção de paisagem, isto é: as características detesminantes de uma região.
Dizia o Professor Francis Ruellan: uma paisagem é um meio,
um ambiente, que comporta numerosos fenômenos associados
entre si, e o modo como êles se associam, lhes dando a sua indivi-
dualidade. Todo meio é complexo e nunl estudo geográfico, um
fato só interessa, na medida que êle está ligado a outros.
Quer isto, dizer que, anzlisados os fatos geográficos procuramos
as relações, as conexões entre êstes fatos.
Exemplos :
a - Por que o povoamento brasileiro custou a galgar o interior do País?
b - Como explicar as diferenças entre a mata amazônica e
a mata atlântica?
c - Quais as razões que explicam a localizacão de Volta
Redonda?
d - Qual a influência que tem o Sol sobre a Terra?
e - Como explicar o esgotamento dos solos em certas regiões?
2 . 6 . Princípios da Evolução: todo fato geográfico se modifica através do tempo. Por isso, se deve estudar os fatos atuais e
procurar as suas ligacões através do tempo: o que foi, o que é,
possivelmente o que será, procurando por tanto, as suas fases
evolutivas. Nasce daí a noção de ciclo.
Exemplos
a - O ciclo econornico do açúcar, sua influência na economia
brasileira, preparando outros ciclos econômicos.
b - O ciclo da borracha, a era de ouro da Amazônia
c - Vassouras, a primeira cidade do café, hoje centro turístico.
d - Os rios têm o seu ciclo evolutivo (Morris Davis), e o
ciclo evolutivo das lagunas fluminenses.
2 . 7 . Princípio da comparação ou da Geografia Geral: é necessário comparar o's fenomenos análogos, que se passam em diversas regiões da Terra, a fim de que possamos estabelecer leis
gerais.
Exemplos:
a - o estudo do aproveitamento das nossas florestas de
pinheiro (silvicultura) como se faz na Finlândia, Suécia, Noruega,
Alemanha etc;
b - a cultura do trigo nos Estados Unidos da América do
Norte, no Canadá, na Argentina, no Brasil;
c - estudo comparativo da zona equatorial brasileira e
africana;
d - influência da laterização dos solos na África e no Brasil;
e - a criação do bicho da sêda no Brasil e em outros países.
2 . 8 . Princípio da causalidade (causa e efeito) : todo fato
geográfico tem uma causa física ou humana e uma conseqüência.
Êste princípio é o porquê da Geografia e veio dar-lhe o seu
moderno caráter científico.
Todo fato tem uma causa e seu efeito; Alexandre de Humboldt
aplicou-as a Geografia, tornando-a uma disciplina explicativa.
Exemplos :
a - Por que o Rio de Janeiro ainda não possui um metro?
b - Por que a seringueira do Brasil foi suplantada pela da
Malásia?
c - Qual a causa do rebaixamento dos solos de cultivo e
suas conseqüências?
d - Como explicar as formas do relêvo granito gnáissico do
Rio de Janeiro?
e - Quais as conseqüências que teve para o nordeste a construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso?
Êste conjunto de princípios, cuja importância nunca será por
demais ressaltar, nos levam ao método geográfico, que é complementado com a observação direta e indireta dos fenômenos.
3.
A OBSERVAÇÃO DIRETA
3 . 1 . É o contato com a Natureza, com o meio, e a maneira
mais eficaz de fazer Geografia, no dizer de Cholley.
3 . 2 . A Geografia parte da observação; é preciso saber ver,
sentir e contar (descrever), ter intuição e distinguir no conjunto
dos fatos, aquêles mais significativos, aplicando, para êste fim,
os princípios da Geografia.
3.3.
4.
As excursões de estudo, sua importância.
A OBSERVAÇAO INDIRETA
4 . 1 . I3 um auxiliar poderoso da observação direta; n a impossibilidade de nos utilizarmos das duas, o que seria o ideal pois
viria facilitar o nosso trabalho, faremos isso da observação indireta.
4 . 2 . Bste tipo de observação é feita, dentre outras, através
de uma, boa bibliografia; no curso secundário ensinaremos ao
aluno como usar honestamente esta bibliografia, pois isso é importante para a sua própria formação; gravuras, fotografias, diafilmes,
slides, fotografias aéreas, desenhos, blocos, diagramas, maquetes,
globos, cartas, mapas, atlas.
4 . 3 . Aplicando com objetividade os métodos da Geografia,
visualizando, objetivando o quanto possível o ensino desta ciência
- embora não desconhe~aas dificuldades em se obter material
didático - procurando um contato mais direto com a Natureza,
através de excursões, de estudos, visitas, mostrando a aplicacão
imediata dos fenômenos (causa e efeito), poderemos imprimir um
maior ritmo de entusiasmo e aproveitamento ao ensino da Geografia.
5.
CONCLUSÁO
5.1. Justifica-se, pois, a necessidade imperiosa da aplicacão
da metodologia da Geografia ao ensino e a pesquisa geográfica.
5.2. No ensino - fugindo a improvisacão, ao acaso, diz
Challaye: as autodidatas seguem um rnétodo por intuição, indicado por um dom natural, o talento as faz descobrir um caminho.
5.3. Mostremos o que pode realizar a Geografia, como ciência, aplicando o seu método próprio; examinando os fatos
estudados e estruturando as nossas aulas, raciocinando a luz dos
princípios que acabamos de mencionar, desta forma, estaremos
fugindo da Geografia, h á muito ultrapassada, de citacões de fatos
sem correlação, sem resultantes.
6.
NA PESQUISA GEOGRÁFICA
6.1. Da mesma forma torna-se indispensável o emprêgo do
método geográfico, utilizando-se a observacão direta e indireta dos
fenômenos, começando pela segunda, indo ao campo e trazendo
os elementos observados para serem analisados a luz do método
geográfico. Sem esta disciplina de pesquisa, de raciocínio, não
faremos um estudo geográfico, mas quando muito, uma descrição
por vêzes bem feita mas jamais um estudo geográfico, científico.
6.2. É a metodologia, e não será demais repeti-lo, que dá
a Geografia uma grande expressão como ciência e como poderosa
fôrça de pesquisa, de planejamento e previsão, proporcionando
grandes realizacões. Vide artigo sobre "A Geografia aplicada n a
conservação dos recursos naturais básicos", tendo em vista o poder
nacional e a seguranca nacional escrito pelo Professor Antônio
Teixeira Guerra e publicado n a Revista Brasileira de Geografia
Ano X X V I I I - janeiro-marco de 1966, n.0 1, págs. 57 a 60.
Por ser a geografia uma ciéncia de correla$óes de fatos cabe a ela o primeiro phsso,
nos diversos tipos de planejamento.
6 . 3 . Não queremos com o que acabamos de expor, no curso
secundário fazer Geógrafos, mas, pelo menos conhecedores conscientes do meio em que vivemos, para melhor desfrutá-lo em
benefício do nosso imenso e desconhecido Brasil, e pelo mesmo
motivo, em benefício do mundo no qual habitamos e cujo espaço
e o tempo se encurtam cada vez mais, em função das grandes
velocidades que hoje o homem alcança, nos foguetes teleguiados,
nas espaçonaves, nos jatos; por estas e outras razões, devemos
com urgência, conhecer melhor o planêta em que vivemos e dessa
forma, colaborar, através da Geografia para um mundo que melhor
se compreenda.
7.
BIBLIOGRAFIA
- BLACHE: Paul Vida1 de La
Princípios de Geografia Humana
Edições Cosmos - Lisboa
- B RUNHES : Jean
La Geographie Humaine - Edition
Abrégeé - Presses Universitaires - France (págs. 1 a 14).
- CHOLLEY: Andre
Guide de l'étudiant en Géographie
Presses Universitaires - France
- DELGADO
DE CARVALHO: Carlos Miguel
A excursão geográfica (Guia do Professor)
IBGE-CNG - Rio de Janeiro.
- GEFFONTAINES
: Pierre
Qu'est-ce, que la Géographie Humaine
Boletim Geográfico do Conselho Nacional de Geografia,
n.0 3 - págs. 13-17. Rio de Janeiro
- F REEMAN : Otis W. Raup; H. F.
Essentials of Geography
Prefácio
,Mc Graw - Hill Book Comp. Inc. Cosmos
- MARTONNE: Emmanuel de
Panorama da Geografia
Geografia Física - vol. I - Ed. Cosmos
Lisboa.
- MONBEIG: Pierre
Papel e valor do ensino da Geografia e sua pesquisa IBGE - Conselho Nacional de Geografia.
- PASTORE: Lorenzo Dagnino
La Ciencía Geográfica
Ediciones Geográficas Argentina - Buenos Aires
R UELLAN: Francis
Os métodos modernos do ensino da Geografia
Biblioteca Geográfica Brasileira
Publicacão n.0 2 da série B.
IBGE - Conselho Nacional de Geografia
Rio de Janeiro.
- RUELLAN:
Francis
O trabalho de campo nas pesquisas originais de Geografia
Regional.
Separata da Revista Brasileira de Geografia - Ano VI,
n.0 1 - Rio de Janeiro.
- SCHNASS: Franz y Rude
Ensefianza de la Geografia. Iden de la História y Educación
Civica - Editorial Labor S.A. - Barcelona, Madrid, Buenos Aires, Rio de Janeiro. *
- STERNBERG : Hilgard O'Relly
Contribuicão ao estudo da Geografia de Pierre Deffontaines
Ministério da Educacão e Saúde - Servico de Documentação - Rio de Janeiro.
- THRALLS: Zoe A.
O ensino da Geografia - Tradução de Dalibay Sperb Ed. Globo.
- UNESCO
L'enseignement de la Géographie
Petite guide a I'usage des maitres vers la compréhension
internacional - Paris.
- UNESCO
Y su programa - VII.
-
La enseiíanza de Ia Geografía a1 servicio de la compreensión internacional.
SUGESTõES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DA
GEOGRAFIA
Prof. CARLOS GOLDENBERG
1.
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA NATURAL E SOCIAL E
SEUS OBJETIVOS FACE AOS DA EDUCAÇÃO SECUNDARIA.
1.1. Fazer com que os alunos conheçam e apreciem as
influências recíprocas entke o meio físico e os sêres vivos.
Dizem que o homem tem dois inimigos físicos indomáveis
quando procura alargar o ecúmeno.
Os lugares onde a vida por demasiado exuberante, se enfraquece, ou sejam as regiões intertropicais. Estamos assistindo, desde
já, a dominação do deserto, quer nas zonas semi-áridas até bem
pouco completamente inaproveitáveis, quer do deserto do Colorado
(EEUU), quer no deserto de Neguev (sul de Israel), hoje abrigando uma população de 100 000 habitantes, numa área de 14 024
km2, quer no próprio Saara (na atualidade um vasto campo mineral a prosperar, a explotar e a industrializar, contando hoje
com uma população de 2 000 000 de habitantes) .
As regiões estão sendo estudadas minuciosamente, e 14 países
possuem terras n a Antártica. O Brasil, país tipicamente tropical,
é o 8.0 do mundo e o mais populoso da América Latina.
Todos os sêres sofrem a influência do meio; sob essa palavra
devem ser compreendidos não só os fatores cósmicos como outros.
Os vegetais que não se podem mover, fixados como estão no solo,
são verdadeiras fotografias climáticas. Quem quer que olhe para
um mapa da distribuição da temperatura e das chuvas, e examine,
em seguida, a disseminação das associações vegetais desde a
tundra até a floresta amazônica - verá como êsses mapas se
superpõem por coincidência. Mas, já os animais têm automobilidade. Nas épocas pré e proto-históricas, o homem teria sido
excessivamente irrequieto e nômade, precisamente para fugir ao
"meio" contra o qual não podia lutar.
As migrações de animais, em geral, e do homem mais particularmente, têm causas tipicamente geográficas. Geográficas são
também por outro lado, as adaptações que sofrem animais e povos
quando acabam vencendo o pêso do meio físico.
O homem, animal inteligente, engendra meios de combater
o que h á de inospitalidade no ambiente que o cerca e não raro
consegue ser o vencedor.
Essa inospitalidade pode ser combatida desde já, em certos
pontos da terra, pela educação e pela técnica.
1.2. Dar o conhecimento geográfico da produção e distribuição da riqueza.
Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o
homem é chamado a viver, somos levados a examinar de que modo
êle explora e explota estas terras e seus recursos.
A Geografia humana não é mais uma enumeração de fatos
mais ou menos interessantes, julgados úteis a conhecer e tidos por
exatos: tal cidade tem tantos mil habitantes; tal país tantas toneladas de trigo etc., nem unia disciplina de frases circunstanciadas
sem base geográfica, tais como: "Na América Central, a República
de Cuba, grande produtora de fumo e açúcar ou ainda o café é
cultivado em larga escala no norte do Paraná" etc.
As proposições não geográficas se tornam geográficas quando
envolvidas em relações recíprocas, que podem ser de causa e efeito;
ou de simples interdependência. Ex: no sertão nordestino, a agricultura é realizada nas serras cristalinas e nas chapadas permeáveis, porque estas recebem maior quantidade de chuvas ou pelo
menos maior unidade do que a parte baixa do sertão; uma vez que
as poucas massas de ar que conseguem ultrapassar a Borborema,
(que barra as massas de ar vindas do Atlântico, possibilitando
chuvas ao longo do litoral), são barradas pelas citadas elevacóes
(chuvas de relêvo). Após a Borborema, encontramos o sertão
nordestino que se apresenta plano, interrompido apenas por dois
tipos de elevações: as serras cristalinas e as chapadas permeáveis.
1 . 3 . Focalizar a íntima interdependência social e econômica
dos diferentes povos; fazer sentir que o aluno integra a grande
comunidade humana, compreendendo outros povos, outras sociedades, outras nações, despertando o sentimento de respeito mútuo,
de solidariedade humana e internacional. A Geografia ensina, de
certa forma, uma moral.
Ela demonstra ao mesmo tempo, a grandeza e a pequenez do
homem; ensina, além disso, uma moral de responsabilidade. Cada
geração inscreveu sobre a terra a sua obra Geográfica, obra de
organização, de progresso. O homem é, de certo modo, responsável
pela terra; êle não deve degradá-la. 'Cada um de nós trabalha
para que esta terra seja menois áspera, mais humana. Assim é,
indiscutivelmente, uma moral de fraternidade o que ensina a
geografia humana, e aí está toda a sua grandeza.
1 . 4 . A preparação da inteligência do educando para a
compreensão da influência da Geografia sobre as mais importantes
atividades sociais.
Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o
Homem é chamado a viver somos levados a examinar de que modo
êle explora e explota estla terra e seus recursos.
Antes porém, da visão de seu trabalho e dos resultados por
me10 dêle obtidos, precisamos saber de que modo o Homem se
apresenta sobre a superfície da terra, como forma seus grupos,
suas sociedades, como organiza sua vida coletiva, como se desloca,
no espaço, como progride n a cultura e de que modo vive. São estas
as feições de uma das partes mais modernas dos estudos geográficos: é a denominada geografia Humana, que nos prepara a
interpretar mais satisfatòriamente a exploração e a explotação
econômica do Globo pelo Homem.
1.5. Fazer o aluno perceber, localizar, correlacionar e interpretar os fatos geográficos através dos hábitos de atenção, observação, pesquisa e técnica. São precisamente as capacidades de
observação que a Geografia pode desenvolver; poderia dizer-se,
sem exagêro, que a Geografia é a arte de saber ver: saber ver uma
paisagem, um mapa, uma fotografia. Êsse estudo analítico das
paisagens ou de suas reproduções, que é feito por uma leitura
atenciosa e precisa, constitui um excelente exercício de observação; os alunos aprendem, assim, a constatar as semelhanças e
diferenças depois de um exame metódico.
Quanto mais estiverem habituados a êsse exercício tanto
melhores serão os resirltados em seus trabalhos escolares, e tanto
melhor adquirirão hábitos mentais que, fora da escola e da Geografia, lhes serão valiosos.
O Professor de Geografia também tem uma outra função
muito importante: ajudar a formação cívico-moral do aluno. Digo
bem a formação cívico-moral. Qual o professor do curso secundário, a não ser o professor de Geografia, que vai ensinar ao aluno,
por exemplo, que a gente do Nordeste está lutando contra um
certo meio geográfico que, por determinados fatores, estão lutando
contra a sêca? Que esta zona do Nordeste apresenta um problema
de importância nacional. O problema das cheias do Amazonas.
Quem vai ensinar ao futuro cidadão brasileiro que um dos problemas mais important~sde seu Pais é o da defesa do solo, bem
como, quem ensinará as condições apropriadas para o desenvolvimento da produção agrícola, e as possibilidades de industrialização
do País? Será naturalmente o professor de Geografia que irá ensinar os problemas de importância econômica do Brasil no seu
conjunto.
1.6.
razão.
Despertar o patriotismo consciente fundamentado na
1.7. Que os alunos ao terminarem o curso possuam, para
sempre, interêsse por esta matéria e que sejam inteligentemente
sensíveis aos "conios" e porquês" de um mundo que está em
contínua transformacão.
Criticamos a aprendizagem da Geografia do Mundo por menorização, porque quando nossos alunos chegarem a ser adultos
encontrar-se-ão numa situacão diferente. Fazendo-se pé firme na
causalidade no ensino fica-se livre desta crítica, porque o seu fim
é criar pensadores geográficos ao invés de memorizadores. Se, por
intermédio da experiência escolar ensinam-se aos alunos, a se
deleitarem em busca de atividades de causas, de fenômenos, o
processo terá a tendência a continuar.
1 . 8 . Contribuir para a realização dos objetivos da Escola
Média: desenvolvimento integral da personalidade do aluno,
visando a adaptá-lo ao meio físico e social, da melhor maneira possível, de forma a capacitá-lo para a continuidade do progresso
humano.
Uma missão especial no ramo que nos interessará a formação
do aluno cidadão. Esta alta função deve ser desempenhada com
amor, clarividência e aptidão. São e serão os discípulos os homens
de amanhã e sobre eles recairão a responsabilidade da formação
mental e cívica de nossa Pátria.
Em resumo, isso equivale a repetir que o ensino da Geografia,
como de outras disciplinas, deve ser praticado em um ritmo que
os espíritos dos alunos possam acompanhar; como não são nem
sábios nem técnicos que se pretende formar no ensino médio, o
professor deve esquematizar, esclarecer e cultivar a humildade
intelectual. Seu papel, é preciso repetir, é contribuir a formação
de intelectos suficientemente guarnecidos, versados no manejo
do pensamento e dotados de métodos para manejar êsse pensamento. É por isso que o curso de Geografia não pode ser organizado
para alunos de 11 a 16 anos como o seria para especialistas. Sente-se frequentemente que os professôres se deixam levar por seus
gostos pessoais e, ultrapassam seus alunos; é um grande perigo
esquecer que a Geografia não pode senão ser modesta no conjunto
do curso médio, que os alunos têm muitos outros ensinamentos
a receber, que cada professor não é senão um elemento entre outros.
2.
INTERPRETAÇÃO DOS PROGRAMAS DE GEOGRAFIA
2.1. A Diretoria do Ensino Secundário elaborou, através da
Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário,
um relatório, a propósito da posição da Geografia no ensino, em
face da Lei de Diretrizes e Base.
este documento foi enviado ao Conselho Federal de Educação,
o qual adotou as sugestões apresentadas pela Comissão designada
pela CADES, destacando-se as seguintes:
2.1. - 1) que a primeira série ginasial seja considerada,
com efeito e de fato, o ponto inicial para os demais estudos geográficos e, assim, sejam desenvolvidos estudos de iniciação geográfica, com abundantes exemplificaçóes brasileiras;
2.1. - 2) que a segunda série seja dedicada ao estudo da
geografia do Brasil, objetivando sua caracterização regional;
2.1. - 3) que n a 3." série seja estudada a organização
política e econômica do mundo em suas diferentes áreas geogrhficas;
2.1. - 4) que o ensino da Geografia no curso colegial
abranja, para 1.0 ano, uma visão da Geografia humana e econômica do Brasil, e, para o 2.0 ano, o estudo das principais potências
e dos blocos regionais.
Embora o Conselho Federal de Educação tenha estabelecido
a amplitude e o desenvolvimento da Geografia dentro do sistema
de ensino médio, não obriga, entretanto que os professôres interpretem as mesmas, como normas ou programas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (promulgada a 20/12/61) entre outras vantagens, trouxe autêntica descentralização do ensino possibilitando largueza de interpretaqão
didática.
3.
PRINCÍPIOS BASICOS DA GEOGRAFIA
3.1. No ensino da Geografia é necessária a aplicação de um
certo número de conhecimentos adquiridos, os quais são chamados
de princípios básicos da Geografia (atividade, localizaçáo delimitação, correlação e causalidade).
3.2.
Atividade
Quando encaramos qualquer fato que se passa n a terra e
queremos estudá-lo, temos que ter em mente que, nela, tudo está
1 Os membros desta Comissão foram os professôres: Carlos Goldenberg, Emanuel
Leontsinis, Maria Magdalena Vieira Pinto, João Carlos Fernandes Cantuária, Nilo Bernardes, Carlos Marie Cantão, Maurício Santos, Tharceu Nehner e Clovis Doctori.
em atividade, que está permanentemente se transformando, embora sua aparência, as vêzes, seja imutável. Convém, assim, ter
sempre em mente a constante evolução dos fatos geográficos.
Todo o fenômeno geográfico tem uma idade, quer se trate de
uma montanha, quer de um litoral, de uma indústria ou de um
poder econômico. O relêvo que temos sob os nossos olhos é apenas
o resultado de um passado que deverá ser evocado de relance;
fazendo fundo a um rio, perfilam-se como uma imagem superposla,
seu regime, suas variaçiões no tempo e no espaço etc.
33 na Geografia humana e econômica que a idéia de evolução
deve predominar (cidades nasceram, cresceram, brilharam e desapareceram; certa área já foi coberta de floresta, como a própria
toponímia prova, derrubada a mata, cultivaram-na, hoje acha-se
revestida por campos onde pasta o gado de corte).
Os fatos geográficos são fatos em constantes transformagões
e como tal devem ser ensinados.
Localixação
Para que um estudo de fatos tenha caráter geográfico é
necessário que êsses fatos existam em algum lugar (dado o dinamismo da ocorrência geográfica, podem os fatos ser chamados
de fenômenos ou acontecimentos. Só podem ser considerados
geográficos os fenômenos passíveis de fixação em certo e determinado lugar.
Assim, quando estudamos, por exemplo, a localização das
florestas, n a superfície do globo estamos fazendo geografia mas,
quando estudamos as raízes, os caules etrc., estamos em pleno
campo da história natural. Não compete ao professor de Geografia
ensinar a estrutura das plantas que germinam na superfície da
terra, as múltiplas variedades de uma espécie vegetal, as famílias
a que pertencem etc., mas sim as associações vegetais de um dado
meio-geográfico, o proveito que os homens e os animais tiram
dessas associações, quais as conseqüências resultantes de sua
destruição (desflorestamento) etc.
É necessário localizar os fatos explicados aos alunos: tratando-se de um pôrto, qual a sua posição, seu sítio, sua função, suas
relações marítimas etc. De chuvas no Brasil: a proposição, um
movimento de convecção de massas de ar saturadas que determina
precipitação, seria uma proposição meteorológica; mas, o encontro
de massas de ar do Atlântico com a parte oriental do planalto
brasileiro, que determina chuvas ao longo do nosso litoral é uma
proposição geográfica.
3.3.
3.4. Delimitação
Quando analisamos um fenômeno qualquer, dizemos que o
fenômeno se passa em algum ponto. Mas fenômenos verificam-se
em áreas e não em pontos. Assim, devemos fazer uma delimitacao
da área. A propósito do princípio anterior e dêste, diz R. Clozier:
"A geografia retém a localização e a delimitação dos fatos. Assim
a delimitação da área geográfica do trigo, os contornos que traçam
seus limites indicam suas exigências e suas condições de vida".
Os princípios da localização e da delimitação adquirem plena
significação com a utilização do mapa geográfico que nada mais
é do que a localização e a delimitação das áreas terrestres e
aquosas, e dos fenômenos físicos e humanos.
3 . 5 . Correlação ou conexão
Quando estudamos uma paisagem geograficamente, em prjmeiro lugar, consideramos a atividade, depois sua localização e
a delimitação. Mas isso não é suficiente, pois uma área de florestas
compactas e área de clima equatorial, é área de abundantes
chuvas. Ex: floresta Amazônica.
Na superfície da terra os fenômenos não estão destacados
uns dos outros. Disse Vida1 de La Blache que "São precisos mil
fenômenos para explicar um".
A Floresta Amazônica, a do Congo e a da Indonésia estão
i
na mesma latitude porque estão sob certo tipo de clima (equatorial), com certa quantidade de chuvas (abundantes durante o
i ano todo), que possibilitam o desenvolvimento dessas florestas.
Para estudarmos a serra do Mar devemos compará-la com a cordilheira dos Andes, com as Montanhas Rochosas etc.
Num mapa de relêvo no qual se representam as isoietas, a
correlação entre o relêvo e a quantidade anual de chuvas logo
se evidenciará.
Só se avaliará a riqueza de uma terra confrontando-a com
outra menos fértil; a exuberância de uma cidade considerando-se
a tranquilidade de outra etc.
É da comparação entre o que foi visto no lugar e que existe
fora dêle que nascem os "porquês".
3.6.
Causalidade
É o princípio que dá, finalmente, caráter científico a Geografia. Todo fenômeno geográfico tem suas causas: a extensão
de um bairro urbano, a localização de uma fazenda, certa forma
de vale, certo progresso de cultura, certa forma agrícola (no
Japão, país muito montanhoso, o arroz, produto básico de sua
alimentação é cultivado em terraços, porque aquêle alimento deve
ser cultivado em terrenos que possam ser inundados, consequentemente planos etc . )
Concluindo, podemos dizer que a Geografia é a ciência que
estuda a distribuição sobre a superfície da terra dos fenômenos
físicos, biológicos e humanos, procurando localizar, delimitar,
correlacionar e explicar as causas dêsses fenômenos.
Assim, é necessário que o ensino aplique, o quanto possível,
idéias de evolução, localização, delimitação, correlação e causalidade.
4.
SUGESTÕES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NA I.", 2." E 3." SÉRIES.
4.1. - 1.a série - O método de ensino da Geografia n a primeira série é de grande importância, pois, se impingirmos a
alunos que se iniciam no curso médio uma série de dados, de fatos
e hipóteses sem nenhuma base, aquêles logo no início do curso
passarão a ter ojeriza pela disciplina.
Deve-se partir de uma idéia simples, riliotivadora e dentro das
possibilidades de compreensão dos alunos, ampliando-a progressivamente em todos os sentidos da aprendizagem. No ensino da
Terra como membro do sistema Solar devemos chamar a atenção
que ela mantém com o Sol e a Lua relações importantes ligadas
as condições em que vivemos.
O estudo do Equador, dos meridianos e dos paralelos deve
ser realizado demonstrando-se sua utilização na separação de
hemisférios, cálculos da longitude e latitude, fusos horários divisão
da terra em zonas climáticas etc.
Na 1.a série ginasial assume grande importância a interpretação de mapas pelos alunos, o que terá utilidade para todo o
curso. Diz o professor James B. Vieira Fonseca que "os alunos
devem aprender a ler um mapa como o colega de línguas consegue
ler um texto". Na realidade, sendo o mapa. uma forma de simbolismo, precisa ser interpretado, e ao mestre de Geografia cabe a
função de educar o estudante, capacitando-o a tirar do mapa
tudo quanto nêle se acha contido.
Para a consecução dêsse objetivo, deve-se assim proceder:
a ) Dizer quais os tipos de cartas, física, política etc., e a
significação simples de cada uma.
b) Partir da planta da cidade tendo em mira a relação
existente entre as dimensões representadas n a carta e as dimensões reais do terreno - é a escala, - para progressivamente
atingir-se desde o cálculo da distância da, residência ao colégio,
até o cálculo da separação entre países, d~:quantos metros serão
necessários para se atravessar um país no seu trecho mais largo,
e compará-lo com outro país etc.
c) Convenções - As convenções cartográficas são símbolos
empregados nas cartas para indicar construções e acidentes existentes no terreno. Geralmente constituem desenhos simples,
semelhantes aos acidentes e construções que representam, e a
turma deve ser treinada na procura do significado dêsses desenhos,
e não na sua memorização. A sua fixação será alcançada com a
frequência do trabalho. Fazer ver aos alunos que nos mapas físicos,
cada cor ou totalidade representa determinada zona da altitude,
e que as cores geralmente usadas são verde para as planícies
(sendo que quando o mapa tiver duas tonalidades de verde, a mais
escura representa as partes abaixo do nível do mar, e as mais
claras as planícies), e o castanho ou marrom para as elevações,
cujas tonalidades vão-se tornando mais fortes à medida que a
altitude aumenta.
Da mesma maneira, o azul que representa os oceanos, vai-se tornando escuro, a medida que as profundidades aumentam.
As cartas possuem uma legenda, indicando a correspondência
entre as cores e altitudes e as profundidades.
Salientar as curvas de nível (linhas que unem pontos de
mesma altitude) e que são tiradas, como se tivéssemos vendo uma
elevação do alto.
Existindo na natureza algumas formas de relêvo semelhantes,
umas ao cone (picos), outras a hemisférios (mamelões), outras
ao tronco de cone (planaltos, mesetas) etc., torna-se fácil representar por curvas de nível as formas geométricas as quais se
assemelham. Pelo uso constante das curvas de nível facilmente
se constatará, através das mesmas, ou pela confecção de perfis
simples, a forma do relêvo representado. Interpretar os mapas de
isarítimas (isotermas, isoietas etc.), pontinhos e setores.
Quanto ao estudo da terra e seus elementos, as discussões
devem ser superficiais, demonstrando-se as grandes relações entre
os elementos.
Devemos passar rapidamente sobre os assuntos que não têm
aplicações no Brasil; deixemos o estudo mais detalhado das geleiras aos estudantes suíços e o exame circunstanciado dos Vulcões
aos japonêses e aos equatorianos. Insistamos, em compensação,
sobre climatologia tropical, sobre as condições das zonas semi-áridas do Globo, sobre tipos de formação litorânea etc.
No estudo da litosfera devem ser evitadas as hipóteses sobre
a constituição do núcleo da terra sobre as eras em que surgiram
as montanhas etc. É muito mais importante demonstrar a desigualdade e a posição do relêvo no mundo (através das curvas de
nível, da confecção de perfis ao longo dos paralelos e meridianos
pelo levantamento do relêvo, através do processo da cartolina),
comentando as conseqüências resultantes dessa desigualdade e
posição, no povoamento, nos transportes, no clima (semelhança
po mapa, entre as manchas que indicam as máximas de chuva, e
os altos relevos; localização de cidades); as modificaçóes a que
está constantemente sujeito; os solos e sua utilização; a importância das ilhas (escalas abrigos, portos etc).
Não se recomendam no estudo da Atmosfera, as teorias sobre
a sua divisão, os tipos de nuvens, a citação de detalhes técnicos,
os cálculos complexos de todos os elementos atmosféricos etc.
Mas, sim, a utilização das conclusões dêsses cálculos n a interpretação de mapas pluviométricos, barométricos, isotérmicos etc. a
fim de, levando em consideração também, os fatores do clima,
fixar tipos de clima do qual dependem, em última análise, as
culturas, o gênero de vida do homem do campo, as associações
vegetais etc.
No que tange a hidrosfera, deve-se fugir da citação de todos
os sêres orgânicos que vivem nas águas oceânicas etc. Deve-se dar
ênfase ao papel que as águas (oceanos, rios, lagos) representam
para o homem, (transporte, importância dos canais; comércio;
energia elétrica; alimentação; localização de cidades; irrigação
etc.).
Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o
Homem é chamado a viver, somos levados a examinar de que modo
êle explota e explora estas terras e seus recursos.
Antes, porém, da visão de seu trabalho e dos resultados por
meio dêle obtidos, precisamos saber de que modo o Homem se
apresenta sobre a superfície da terra. Com referência ao ensino
dos grupos humanos, deve-se levar em consideração os seguintes
aspectos :
1 - No que tange à População do globo, realçar em que
condições esta cresce (em número) ou se desloca (imigração,
colonização). Isto não significa a simples citação de dados numéricos, mas sim a localização e a delimitação baseadas nas circunstâncias de clima, de topografia, de economia, em que se produziram. (Como o meio influi n a distribuição da população e como
o homem se adapta ao meio. )
2 - Não se deve ensinar, aos alunos, a classificacão de
etnias baseadas no tipo do queixo, do nariz, dos cabelos etc.
porque êste assunto não pertence a Geografia, mas sim a Antropologia. É mais racional demonstrar que etnias são grupos humanos que diferem por certos caracteres hereditários, onde a cor da
pele é o que mais chama a atenção, sendo que os culturais não
servem para definir etnias (hoje substitui-se o têrmo raça por
etnia) .
É claro que podemos classificar grupos humanos pelos caracteres culturais, e falar, por exemplo, em povos nômades e seden-
tários monoteístas e politeístas, monogâmicos ou poligâmicos
etc. Mas estaremos então distinguindo culturas e não etnias.
De fato o que importa em Geografia, estudando o homem,
não é saber a sua formação craniana, a cor de seus cabelos etc.
o que tem valor é saber as razões do estado de sua cultura.
3 - Realçar que um homem sòzinho dificilmente pode prover-se de alimento, roupas e abrigo, pois usa diariamente alimentação,
roupas, veículos e variadíssimos utensílios que por seu exclusivo
esforço, nunca poderia obter; que todo o progresso humano depende de vivermos em grupos, pois um indivíduo tem pouca importância a não ser como membro da sociedade; os homens vivem
juntos e não podem viver a parte, e que, portanto, a conduta
cooperativa dos homens é objetivamente mais importante que os
atos e os pensamentos de um indivíduo; que há em conseqüência
um "querer-viver" em coletividade ao qual se deu o nome de
"instinto gregário", que leva os homens a um sistema de relações
que constitui a organização social. Por seu lado, esta organização
supõe a existência de instituições (povos, nações etc.), os tipos
que a sociedade modela para o govêrno, das várias instituições;
que em nossa época, particularmente, a interdependência dos
homens e das nações aumenta de maneira notável.
O nascimento de cidades segundo os elementos geográficos.
Realizar estudo geográfico sobre uma cidade é tarefa complexa.
Requer análise minuciosa do próprio aglomerado urbano desde
sua origem e sítio, passando por sua posição, evolução e conseqüente ampliação da área urbana, até suas funções e sua estrutura urbana atual. Mas, além disso, é indispensável, para o bom
êxito dêsse estiudo, situar a cidade n a região em que se desenvolver
e a qual pelo desempenho de sua prápria função urbana, está
intimamente ligada.
Será também preciso atribuir uma parte muito importante
ao regime de alimentação: horário e sobretudo quantidade e qualidade. Escreveu-se que a maioria dos homens é subalimentada;
concebem-se as conseqüências econômicas de um tal regime. A
importância que ocupa a alimentqão no trabalho dos homens
é singularmente variável; para muitos povos está aí o esforço
maior, as vêzes o único. Esta alimentação é raramente regular e
em muitas regiões ela muda conforme as estações, se bem que
em nossos dias os progressos da indústria alimentar, tenha alcançado um bom nível.
4 - O ensino das línguas não deverá ser feito sob o ponto de
vista de todas as suas classificações (talvez seja função do professor de Português) porque, em si, as línguas não constituem
um fenômeno geográfico, mas a sua distribuição e expansão é que
pertencem a Geografia Humana, por que são possibilitadas, até
certo ponto, pelos meios geográficos. Daí a citação que as distâncias, os obstáculos e a diversidade dos ambientes históricos e geográficos não permitiram que se desenvolvesse entre os homens
uma língua universal; as influências do meio geográfico (montanhas, planícies, vales, proximidades dos mares etc); a distribuição geográfica das línguas, tendo em vista que é frequente
existir uma ligação entre línguas e povos.
"1ao e a
Não há relações diretas e necessárias entre a reli,"
Geografia, mas há casos em que a vida religiosa é influenciada pelo
meio físico. Algumas religiões se prestam a uma interpretação
a
regionalista. Certas religiões do globo ultrapassam consideravelmente os quadros étnicos, isto é, os grupos, as regiões, os países.
Sua expansão e distribuição em determinado momento histórico.
Sob êsses aspectos é que se deve considerar o ensino das religiões.
5 - Há homens que vivem em casas de campo, nas montanhas, em malocas, em ocas, em palafitas, em tendas, em casas
de gêlo etc. O local que se habita, ou habitat, apresenta problema
que o ser tem de resolver para subexistir e escolher os tipos de
atividade que deve desenvolver. Em cada Região, em cad época,
a habitação é uma solucão que revela o estado de cultura e uma
adaptação ao meio. Sôbre êstes conceitos e aspectos é que deve
girar o ensino da habitacão.
A habitação deve ser estudada quanto ao seu local e a sua
repartição e serão assim abordadas as formas de povoamento rural
em primeiro lugar, ora vilas construídas no sentido do comprimento, alongadas acompanhando a estrada, ou o rio, ora vilas
nodulares, redondas, organizadas eni torno de uma praça central,
como em certos países eslavos, ou simplesmente trepadas no alto
de urna montanha, com ruas íngremes e tão estreitas que as casas,
as vêzes, as recobrem como se encontram frequentemente na zona
mediterrânea; ou ainda vilas em tabuleiros de xadrez, testemunhas
de uma colonização estudada e regulada. E, por outra parte a
variedade dos povoamentos dispersas: casas totalmente isoladas no
meio do seu domínio, com um só proprietário, como as fazendas
ou pequenas aldeias minúsculas originárias muitas vêzes de uma
família-tronco e dirigindo um conjunto de campos em vias de
funcionament,~.
Demonstrar como as facilidades de circulação dos homens e
das idéias vão multiplicando os contatos, vencendo distâncias,
obstáculos e preconceitos sociais.
6 - O estudo da Circulação da Agricultura e Pecuária e da
Indústria e Comércio não pode ser feito independentemente um
do outro uma vez que estão intimamente ligados. O seu ensino não
significa o inventário da produqão dos países em trigo, cevada,
aveia, batatas, carne, carvão, ferro etc., e a conjugá-lo a algumas
/
informações sôbre ferrovias e marinhas mercantes, mais interessante seria dizer aos alunos onde encontrar êsses dados para a confecção de gráficos simples, que são de grande valia para compreender-se a afirmação dos textos (queda da exportação de trigo,
queda da produção de ferro etc.) através da organização de um
bom questionário que explorará tudo o que afirmam os traçados.
Quanto à agricultura e a pecuária, não se trata de agrologia, nem
de zootécnica, mas das ligações fundamentais que existem entre a
Geografia física (solo e clima) e a Geografia humana (grupos '
sociais) por meio da produção, tanto agrícola como animal.
Devemos mostrar, geograficamente, as causas das lutas pelo
aumento da produção de bens, como se deu a transformação da
paisagem, (um dos elementos que a humanidade melhor submeteu
e domesticou foi o do mundo vegetal e, sobretudo a floresta; ela
cedeu seu solo para a cultura das plantas escolhidas pelos homens
e grupadas nesses estranhos quadrados chamados campos e a
primeira agricultura é quase sempre uma agricultura silvestre;
ela forneceu com seus frutos, um maná alimentar que tantas
civilizações coletoras utilizaram; a árvore deu, também, esta potência extraordinária que é o fogo; a floresta forneceu ao homem
a energia do fogo e permitiu a luta contra o frio; ela também
facilitou a conquista de um outro elemento, a água. Devemos-lhe,
ainda, tantas construções, casas, veículos, tantas indústrias como
a do papel, do carvão vegetal etc. O homem reduziu o revestimento florestal em tais proporções que hoje n a maior parte das
regiões cogita-se do Reflorestamento) ; que proveitos o homem tira
do solo, o habitat dos produtos agrícolas (principais produtos de
clima tropical etc), favorecendo o comércio; o mesmo para as
plantas industriais; as condições de clima e vegetação necessárias
a criação de gado variando desde as estepes semi-áridas até os
campos tropicais úmidos, e de que modo as necessidades da alimentação humana têm influído de modo decisivo sôbre o aproveitamento das condições naturais para adaptação das espécies
animais a criar, nos diferentes meios; os têxteis de origem animal,
e sua importância; a pesca como atividade econômica em tôdas as
latitudes, e como um incentivo, na História da Humanidade, que
fêz do homem um navegante explorador, um comerciante, um conquistador de terras; os gêneros de vida; a evolução dos métodos de
trabalho e suas conseqüências. Em todas as regiões em que se espalharam, no meio de todas as batalhas que empreenderam, os homens levam vidas muito diferentes. Elas diferem sobretudo pelo
seu regime de trabalho. A principal diferenciação entre os homens
reside n a sua organização do trabalho. A vida repousa sôbre o trabalho; o que faz viver as massas humanas é menos a densidade
das riquezas do que a densidade do trabalho.
Daí a importância da pesquisa em cada país, dos horizontes
de trabalho, estabelecer a série das ocupações do ano o que se po-
deria chamar os trabalhos e os dias, é uma pesquisa formidável
para o professor de Geografia. As pessoas humildes, sobretudo, que
fazem a massa, estão prêsas ao trabalho; a falta de trabalho e
as crises castigam-nas; sobre elas pesam, essencialmente as conseqüências das super-populações, dos desempregos das emigrações
de massas definitivas ou temporárias. São elas que praticam essa
espécie de esclarecimento especial que conduz a descoberta de
uma infinidade de pequenas profissões complementares (pequeno
comércio ou artesanato que foram a origem de grandes indústrias); a necessidade de conservação e melhoria dos solos (adubação, irrigação etc.), de que maneira o homem explora o subsolo,
os tipos de indústrias e as razões de sua localização, as causas
do estabelecimento de certas estradas (caminhos, rodoviárias,
ferroviárias etc., e rotas marinhas e fluviais; os portos e os canais,
influência no comércio, a circulação dos indivíduos, das mercadorias e das informações na multiplicação das oportunidades de
contatos econômicos e sociais entre os homens); a evolução e os
principais centros comerciais e industriais do mundo (cada centro
industrial ou comercial do mundo tem o seu passado, a sua história, e a sua significação econômica, recursos naturais, facilidades
de comunicação e transportes etc.) .
Uma Geografia da energia que o homem doméstico criou para
facilitar a exploração da terra. A princípio êle não teve a sua dispo.
sição senão as suas forças musculares. Para libertar-se do seu
castigo, êle se serviu parceladamente ou ao mesmo tempo, dos
elementos mais diversos: músculos dos animais domésticos para
o transporte, a tração ou mesmo como motor. A utilização do
vento também pelas velas das embarcações, e por moinhos para
diversos fins. A madeira foi durante séculos o grande combustíveI
que fazia funcionar as primeiras fábricas, a ponto das indústrias
dos séculos XVII e XVIII se fixarem muitas vêzes nas zonas florestais, As florestas estavam a ponto de desaparecer ao pêso da
grande indústria nascente. No momento em que por uma feliz
coincidência o carvão substituiu a madeira nas fornalhas, posteriormente a energia desloca-se para os óleos e petróleos minerais.
A maravilhosa transformação das quedas de água em força
elétrica, tão facilmente transportável marca uma nova etapa nesta
Geografia da energia e nos achamos n a eminência de novas fontes
de força, com a utilização das calorias marítimas e das energias
atômicas .
Para formar uma idéia mais viva e real é evidente que o
interêsse pessoal que surge diariamente na produção e no consumo pode servir de ponto de partida para um estudo racional
das ditas riquezas, além da aplicação de cartogramas em setores,
pontos etc. (cartas industriais superpostas as de densidades de
população, produtos agrícolas sobre um fundo climático etc.) .
Vide os globos, mapas, gráficos e cartogramas no ensino da
Geografia, de nossa autoria, in: A Sala de Geografia, publicação
da CADES.
4 . 2 . - 2." Série - Para o ensino da parte física do Brasil,
nossas sugestões são as seguintes:
Posição na América do Sul e no Mundo; problemas e vantagens da extensão; terras em várias latitudes (vários tipos de climas, vários tipos de vegetação, possibilidades agrícolas diferentes); os três trechos do litoral e suas características; importância de sua extensão; influência no povoamento;
O Brasil não é um país de serras: comparar com os Andes,
apenas 3 % acima de 900 metros de altitude, escarpas de planalto,
ler o mapa físico; planaltos e planícies; planaltos: divisão, localização, denoininação, influência no clima, n a vegetação, na hidrografia, dificuldade de penetração, ocupação humana, recursos
minerais, transporte; planícies: localização, atividades humanas.
Os Grandes (5) tipos de clima: causas, características, distribuição geográfica, influência do relêvo, possibilita vários tipos
de associações vegetais e de produtos agrícolas; procura de produtos tropicais, colonização.
Vegetação: vários tipos de climas, vários tipos de vegetação,
distribuição das grandes paisagens vegetais, aproveitamento
industrial extrativo .
Demonstrada a base física do País, passa-se ao ensino da
parte humana e da parte econômica.
Quanto à Organização Política e Administrativa, devem ser
considerados os seguintes aspectos: a citação das etapas da evolução política do Brasil, a nossa forma de govêrno, as Entidades
que compõem a União (Estados, Territórios e o Distrito Federal),
ressaltando-se a presença de Estados de grande extensão territorial, como por exemplo, o Estado do Amazonas em cuja área
cabem os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e quase
todo o Rio Grande do Sul, e os problemas resultantes dessas extensões; os Estados e Territórios subdivididos em ~ u n i c í p i o se
êstes em Distritos, as Cidades e as Vilas.
A importância e as conseqüências das cotas municipais do
impôsto de renda e da constante descentralização administrativa;
o poder executivo, os órgãos ministeriais de natureza consultiva,
deliberativa, de pesquisa etc., o veto - o poder legislativo; Congresso Nacional - o poder judiciário; a administração de ~ n t i dades da União e dos Municípios; a Constituição Brasileira.
No que diz respeito ao tópico da População Brasileira, devem
ser ressaltados os seguintes fatos:
Com seus 80 milhões de habitantes o Brasil ocupa, presentemente, o oitavo lugar entre os países de maior efetivo demográfico
do mundo, sendo o mais populoso entre os países de cultura latina,
- que o forte excedente dos nascimentos sobre os óbitos constitui
fator primordial do desenvolvimento da populaçáo do Brasil,
cabendo a imigração exterior um papel secundário.
Irregular distribuicão da população brasileira pois, se tomarmos por base, para medida do grau de penetração do nosso povoamento, uma faixa ao longo de toda a costa, com uma profundidade
da ordem de 100 km ("faixa litorânea") verificaremos que ela
abrange a área de 656 241 km' correspondendo a apenas 7,7%
da superfície do Brasil, mas a,presentando 36% do número global
de habitantes do País, englobando 566 Municípios, isto é, a q u ~ r t a
parte de sua totalidade, ao passo que o Norte e o Centro Oeste,
que representam apenas 7 % do total Nacional (para o estudo
dêsses aspectos é indispensável a utilização do Cartograma da Densidade de Populacão do Brasil, onde os fatos citados se realçam visivelmente como, por exemplo, a linha de 0,s hab./kmQstabelecendo o limite entre a região povoada e a praticamente despovoada.
dentro do País, ocupando esta cêrca de 2/3 do território Nacional,
facilitando a interpretacão das causas dessa irregular distribuicão
da população brasileira), as frentes pioneiras; as migrasoes internas e suas características; que a mesti~agemnão acarreta nen11.lma "degenerescência", sendo pelo contrário formadora de t i ~ o s
resistentes que estão possibiiitando a construção de unia ci~rilização nos trópicos. Quanto a parte econômica cremos que os
aspectos mais importantes devem girar sob a nocão dos vários
aspectos da produção e da distribuição, expostos em têrmos de
nossos cursos atuais e de nossas necessidades de consumo, a diversificação e os problemas da agricultura (erosão, mecanizacão,
concorrência africana etc.), a exploração vegetal, animal e mineral (base física e problemas) ; a deficiência dos transportes, causas
e influências; histórico e localização das indústrias (concentra-se
na "faixa litorânea" a parte mais importante da indústria brasileira: três quartas partes do número de empregados e quase dois
terços do número e.e empregadores industriais), agricultura x
indústria; a composição de nossas trocas comerciais com o Exterior refletindo a estrutura da economia brasileira.
A confecção e a interpretação de graficos e cartogramas completarão o ensino dessa parte economica.
A etapa posterior consiste em demonstrar os aspectos que
fazem com que as Regiões Norte, Meio Norte, Nordeste, Leste,
Sul e Centro Oeste sejam consideradas grandes regiões geográficas
mencionando-se o critério didático e o critério geográfico na separação das Regiões. Considerada essa etapa inicial, convém estabelecer uma rápda comparação entre a base física e humana das
Regiões através de esquemas e mapas regionais.
Logo surgirão os desequilíbrios das economias regionais.
Daí a criação de Órgãos de Valorização Regional no sentido
de promover a recuperação e o desenvolvimento da maior parte
do território nacional de modo a proporcionar o bem-estar de
consideráveis massas humanas.
A seguir considera-se os grandes problemas regionais e as
tentativas de suas soluções, através de órgãos de Planejamenio
Regional, tais como SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia); SUDENE; CHESF; Comissão da Bacia
Paraná-Uruguai etc., interpretando-se os tópicos principais
do plano de ação dêsses Órgãos - ressaltando-se como êles influem,
possibilitam e estão sendo utilizados pelo homem na sua tentativa
de adaptação e utilização dos recursos econômicos, de cada Região.
4 . 3 . - Na terceira série ginasial segue o programa o ensino
dos Continentes. É, talvez, na afirmação do Professor JAMES B.
VIEIRA FONSECA, "das três séries de ginásio, a que apresenta
maiores extensões de possibilidades a integração dos alunos nos
problemas da humanidade".
Seu ensino não significa dar informações, mais ou menos
interessantes, sôbre acidentes físicos, sobre as superfícies, os habitantes, as produções etc., de cada continente, mas sim a imagem
mais exata possível do "mundo atual" através de um conjunto
de noções que deve ser leve - dadas as possibilidades de absorção
da mente infantil - mas que contenha o indispensável e o que
é verdadeiramente geográfico, acêrca do Continente.
O Professor deve visar, inicialmente, no estudo dos Continentes, a preparação dos elementos que constituirão as grandes
Regiões, objetivo atual da moderna Geografia.
É comum numerosos professôres afirmarem que não conseguem "dar" o programa, deixando de lecionar a África e a
Asia.
Em conseqüência, diminuto conceito do mundo pode ser
aprendido pelos alunos levando em consideração que a Africa vem
participando ativamente dos problemas atuais do mundo (canal
de Suez - aliança de Países - movimentos de independência concorrência aos produtos brasileiros e k . ) , e que a Ásia para o
estudante de cultura ocidental é uma grande lição sob vários
pontos de vista, geograficamente falando, e porque, como disse J.
RUSSEL SMITH, a "Ásia está pegando nas ferramentas e mecanismos inventados no Ocidente começando a reconstruir o seu
velho continente, n a redescoberta de potências mundiais".
Sugerimos, então, o seguinte sistema que vem sendo por nós
executado com real proveito. O estudo em conjunto dos continentes, realizado através dos seguintes aspectos:
I - DAR A DIVISÃO POLÍTICA
1.
Características Gerais dos Continentes
a) América do Norte - b) América Central - c) América do
Sul - d) Europa - e) Ásia - f ) África - g) Oceania - h )
Regiões Polares.
2.
Relêvo dos Continentes
a) América do Norte - b) América Central - c) América
do Sul - d) Europa - e) Ásia - f ) África - g) Oceania - h )
Regiões Polares.
E pelo mesmo sistema seriam ensinados os demais tópicos da
parte física, 3-Clima, 4-Vegetação, 5-Hidrografia.
A etapa inicial consiste em fazer a turma "ler" o mapa para
o estabelecimento de correlações e diferenças entre os Continentes
(localização, formas, tipos de litoral etc.), e das conseqüências
resultantes.
As Características Gerais (localização, formas, tipos de litoral
etc.) ; o Relêvo; o Clima; a Vegetação e as Águas Correntes descritas com poucas nocões que procuram caracterizá-las sem lhes
atribuir feições de nomenclatura, isto é, a simples enumeração de
nomes, mas obedecendo aos princípios básicos da Geografia. É
antes um quadro descritivo das condições gerais do conjunto.
Êste sistema permite ao professor ensinar comparativamente
os diversos aspectos físicos dos Continentes, o que não acontece,
frequentemente, no ensino de Continente por Continente.
EXEMPLOS: - O professor após ter ensinado o relêvo das
Américas onde planícies e os planaltos estão localizados entre as
cadeias de montanhas que estão próximas do litoral (ocidental
e oriental), no sentido geral N-S, e o relêvo da Europa, onde a
disposição do relêvo já é outra, pois as cadeias de montanhas estão
no sentido L-W, existindo entre uma e outra planícies, demonstrando as influências exercidas por estas disposições.
Nas Américas, do Norte e do Sul, facilita a penetração de
ventos, dificulta a comunica~ãono sentido L-W etc.
Na Europa, impede a penetração de ventos frios do Norte e
dificulta a comunicação no sentido N-S, donde a presença de
vários túneis.
Da mesma maneira, após o ensino da hidrografia dos Continentes, o professor demonstrará a influência da disposição do
relêvo (rios de planalto, de planície, de grande ou pequena exterisão etc.), e do clima (período de congelamento-cheias etc.), no
curso dos principais rios dos Continentes.
Os capítulos referentes a Geografia Humana devem obedecer,
também, o mesmo processo sugerido para a parte física dos Continentes, levando-se em consideração, voltamos a repetir, os princípios básicos da Geografia.
NOÇÓES DE GRANDES REGIÓES GEOGRÁFICAS
De fato, levar a criança a pensar no plano universal, é ensiná-la a compreender outros povos, outras sociedades, outras atividades, a conhecer gêneros de vida diversos dos que lhe são peculiares; é forçá-la a ultrapassar o limitado horizonte local, a situar
seu próprio país entre os Estados do mundo, a ter consciência
que ela e sua pátria são fragmentos de uma comunidade. Para
uma formação desta ordem não basta possuir um mínimo de
conhecimentos geográficos, mas é necessário completá-los com
métodos adequados de investigação geográfica e de trabalho. Nesta
se vê como nas demais é de grande importância a elaboração de
gráficos e de cartogramas.
A CORRELAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E A GEOGRAFIA
Prof. E M M AN U E L LEONTSINIS
A História é a Geografia do passado e como
tal seu estudo não só é necessário, como imprescindivel aos futuros professôres de Geografia, dai
aproveitarmos alguns dos conceitos emitidos pelo
mestre " L y n White Jr." n a obra "Frontiers of
Knowledge", n o capitulo institulado:
A E v o l u ~ ã od o Passado
A História também tem a sua história e, atualmente, ocorrem
mais fatos nos calmos gabinetes dos historiadores do que a
maioria das pessoas poderia suspeitar. Em verdade, a História
está evoluindo com tanta rapidez que sobrepuja nossa capacidade
de absorvê-la.
Isso foi reconhecido pela primeira vez nos dias que correm,
sendo a quantidade de fatos históricos recém-descobertos simplesmente opressiva. O Leste e o Sul da Ásia, a Riíssia e a América
pré-colombiana não podem mais ser encarados pela civilizaçiio
ocidental apenas como bons assuntos para notas ao pé da página.
Porém, nem mesmo ARNOLD TOYNBEE conseguiu analisar realmente todo o material recém-encontrado. E mesmo o mais especializado historiador sente a grandeza do trabalho que está por
fazer.
Para tornar ainda mais complexa a situação, as ativas pás
dos arqueólogos estão arrancando do solo não apenas objetos, mas
civiliza.ções inteiras, completamente desconhecidas até há poucos
anos atrás. Em 1900, os hititas nada mais representavam além
de um nome da Bíblia. As selvas do Cambeja foram revolvidas
para que surgissem a luz as surpreendentes ruínas do ANKOR
VAT e da desaparecida civilização do KHMER. O fanatismo dos
mulçumanos ainda impede a realização de escavações nas ruínas
de Sabá, ao sul da Arábia, cuja rainha dizem ter visitado Salomão
há três mil anos atrás. Mas, no vale do rio Indo, diversas cidades,
talvez tão antigas quanto a Babilônia e o Egito, surgiram do pó.
Em Creta e no Egeu os minoanos deixaram a escuridão.
Em 1953, um arquiteto britânico que durante a I1 Guerra
Mundial trabalhara na decifração de códigos usados por espiões
nazistas encontrou a chave da escrita minoana. Recentes estudos
sobre os celtas e os germânicos estão modificando os nossos conhecimentos sobre o que os romanos encontraram quando, em sua
marcha para o Norte, ultrapassaram os Alpes. Na América, vestigios das civilizações asteca e pré-asteca, inca e pré-inca, por vêzes
magnificentes, mas sempre curiosas, surgem em embaraçosa confusão.
Em realidade, não sabemos o que fazer com toda essa História
que hoje possuímos.
Mas, atualmente, os historiadores não se entusiasmam apenas
com a imensa quantidade de descobrimentos no tempo e no
espaço. Mais fascinante que tudo é a invenção de novos meios para
pesquisar o passado. Surgiram novos métodos para interpretar e
compreender os traços deixados por velhíssimos feitos, pensamentos e paixões. A qualidade da História também está evoluindo.
O atual desenvolvimento das Ciências Naturais colocou novas
e poderosas ferramentas no equipamento dos historiadores. Em
1949, foi aperfeiçoando um contador que possibilitava medir a
quantidade de radioatividade remanescente em pedaços de carbono com até 25 000 anos de idade. Em 1953, nas Universidades
de Chicago e Manitoba, foram aperfeiçoados dois tipos de contadores luminosos, os quais possivelmente poderão determinar a
idade de objetos com aproximadamente 45 000 anos, superando
assim contadores em uso que determinam a idade sòmente até
30 000 anos.
Conquanto alguns enigmas resistam a essas máquinas, especialmente os que se relacionam com a idade de materiais provenientes de regiões úmidas, podemos agora tomar pequenos pedaços
de madeira, resíduos de carvão vegetal usado em antiquíssimos
acampamentos, uma lasca de osso ou uma tira de pano retirada
de uma tumba e tentar saber sua idade. Talvez dentro de dez anos,
tenhamos, pela primeira vez no mundo, uma cronologia universal
que fará a conexão dos fatos que se desenrolaram em regiões, das
quais subsistem escritos com os que ocorreram em outras áreas
mais amplas, mas dos quais nos faltam tanto documentw, quanto
datas.
Os documentos escritos nunca são idênticos em inteligência
ou em vitalidade. Para uma exata compreensão dos fatos históricos devemos considerar os bárbaros, embora iletrados, mas não
necessàriamente estúpidos e incultos, tão importantes quanto os
povos mais civilizados. Sem dúvida êsses últimos, se um dia se
vissem subjugados pelos bárbaros, seriam levados a modificar sua
arte e sua ordem social para agradar ao gôsto dos seus novos
senhores. Perspecbivamente isto já nos ajudou a compreender que
enquanto os atenienses estavam construindo o Partenon, os templos e as tumbas do monte Alban, próximo a Oaxaca, também
estavam sendo erguidos; que, enqurtnto AUGUSTO se vangloriava
de ter encontrado uma Roma de tijolos e tê-la transformado
numa cidade de mármore, a grande pirâmide do sol, que se ergue
em Teotihuacan, perto da cidade do México, já era antiga e se
submetia a reformas.
Dos primórdios da agricultura aos dias atuais, os cientistas
aprofundaram-se, tanto no estudo das plantas que o desenvolvimento da Botânica veio proporcionar processos de evidência histórica inteiramente novos. Os estudos sobre o pólen fossilizado
estão lançando nova luz sobre a História da Europa setentrional.
Da Irlanda a Finlândia existem pântanos de turfa e, anualmente,
uma nova camada de musgo ali se deposita. Quando a brisa sopra,
o pólen das plantas vizinhas voa e é lançado no pântano, aumentarido o musgo. Êsse pólen, apesar de sua delicadeza, é tão bem
preservado que a espécie de cada grão pode ser identificada, milhares de anos depois, através de microscópios. As variações do
cliina local podem ser descobertas pelas modificacões que produzem em certas árvores e plantas que circundam os pântanos,
modificações essas que se estendem também ao pólen que se irá
depositar ao nível da turfa. A idade dêsses níveis pode ser constatada com precisão de maneira que assim desvendamos milhares
de anos da história climática das regiões adjacentes ao mar
Báltico e ao mar do Norte.
Um dos mais impressionantes resultados dêsse estudo foi a
descoberta de que no ano 1300 ocorreram grandes e desastrosas
variações climáticas que tornaram a lavoura tão difícil que durante as três gerações seguintes milhares de vilas no norte da Europa
foram abandonadas. Embora essa mudanca do clima não possa
ser inteiramente culpada pela terrível transforniação intelectual
operada no século XIV, que é reconhecido como uma ipoca de
tumultos, agonias e deportações, ela naturalmente contribfiiu
para isso. Todavia, a cuidadosa contagem dos grãos de pólen
fossilizado nos forneceu nova percepção de sofrimento e descontentamento dos camponeses do norte, dos seus azares econômicos
e conseqüentes neuroses de seus senhores feudais.
Os botânicos também reabriram antigas controvérsias descobrindo boas evidências de que nos primórdios dos tempos, a Asia
e a América do Sul formavam um só continente. O Comandante
da expedicão KON-TOM1 popularizou o fato de que a batata-doce,
uma planta do Novo Mundo, foi encontrada pelos primeiros exploradores brancos em toda a Polinésia, naturalmente levando-se
em conta o seu nome indígena. O inhame, originário das fndias
Orientais, era conhecido do Caribe ainda de COLOMBO, enquanto
a abóbora, que é nativa da fndia, foi encontrada em túmulos
peruanos anteriores a 1000 A.C. Uma certa espécie de algodão cor^
treze cromossomos longos foi cultivada, inicialmente, na Índia.
Posteriormente foi levada para a América, onde se cruzou com
uma outra espécie de algodão que possuía treze cromossomos
curtos. O híbrido parece ter sido levado em direção ocidental.,
para as ilhas do Pacífico, antes ainda de os europeus cruzarem,
pela primeira vez, essas águas.
Certas coisas comuns a Ásia e ao Novo Mundo foram h á muito
observadas (como, por exemplo, dardos, zarabatanas, motivos de
decoração, brinquedos com quatro rodas, ábacos, hieróglifos, o
zero etc.), muito embora a maioria dos historiadores tenha considerado isso como pura coincidência. Mas como um botânico já
comentou "as plantas não são construções da mente". Sua vadiagem para a frente e para trás, através do Pacífico, uma vez provada, reabre a questão acima. A história da civilização do gênero
humano pode ter mais unidade do que até aqui se julgou possível.
O atual desenvolvimento dos estudos históricos, entretanto,
apenas em pequena parte é devido as novas técnicas e tipos de
evidência fornecidos pelas Ciências Naturais. Idéias novas podem
ser instrumentos de pesquisa mais importantes que um contador
Geiger ou um microscópio eletrônico. E elas estão desabrochando.
Só recentemente os historiadores se aperceberam dos longos
anos durante os quais êles se ativeram a documentos. Os registros
escritos, dos quais anteriormente dependiam, com raríssimas
exceções, eram produto das classes superiores e refletiam apenas
seus interêsses e os fatos aos quais atribuíam importância. A
arte de escrever foi inicialmente dominada apenas por uns poucos
sacerdotes e governantes. Gradualmente, através dos séculos, a
maior parte da nobreza e alguns dos grandes comerciantes penetraram no círculo encantado dos "HISTORIADORES" mas o que
realmente sabemos - e nos têrmos dos documentos escritos o que
podemos saber - sobre nove décimos da população, mesmo das
sociedades letradas, até tão tarde - quanto ao século XVIII a não ser que eram iletrados e sem voz. Só após a Revolução Francesa e a Americana é que as grandes massas se articularam e
surgiram decididamente nos documentos históricos.
O mesmo ocorreu com os Estados Geográficos, daí a dificuldade de se poder associar a História a Geografia como um todo
e também de separá-las como pretendem outros.
A GEOGRAFIA ,MODERNA
A Geografia deixou de ser uma obra de erudição no serviço
da História; deixou de ser, a maneira antiga, um conjunto de
conhecimentos práticos, uma enumeração mais ou menos ordenada
de montanhas, de rios ou de cidades. Já não é um agregado de
nomes e de números, assim como a História já não é um amontoado de datas. Verificada pelo contato das ciências, animada pelas
relacões dos exploradores, estimulada pelos progressos da Geologia,
a Geografia colocou-se ao lado da investigacão científica e a ela
compete, não só descrever e inventariar, mas raciocinar e explicar.
Atacando de frente os "enigmas do Universo", a Geografia
sujeitou-se, portanto, as exigências da Ciência. Causas diversas,
mas convergentes, orientaram-na por esta nova via: progresso
da cartografia, esforço inovador de Humboldt e de Ritter, explorações continentais, organização de um ensino geográfico universitário. Mas estas causas não intervieram todas ao mesmo
tempo, a Geografia não se libertou de uma só vez. O conhecimento
racional da superfície terrestre foi tão lento e progressivo como
as laboriosas etapas do descobrimento da Terra. Compreendemos
assim melhor a elaboração da ciência geográfica, pois, segundo o
método cartesiano, "a natureza das coisas é bem mais difícil de
conceder quando as vemos nascer pouco a pouco, do que quando
as consideramos apenas já feitas".
A,
CARTOGRAFIA E A GEOGRAFIA MATEMATICA
Cartografia beneficiou-se diretamente da precisão das medidas
geodésicas. Foram estas medições que permitiram o estabelecimento da primeira carta em grande escala (carta topográfica) de
um país: a carta da França por Cassini de Thury, estabelecida n a
escala de uma linha por 100 toezas (1:86 500) e concluída em
1815. Ela provocou a emulação dos outros países. Ora, a fixação
do canevas destas cartas topográficas levanta grande núrnero
de problemas e foi assim que a ciência das projeções se tornou
exata. A superfície esférica da Terra não pode ser transposta
diretamente sobre um plano sem sofrer uma deformação; esta
transposição implica na determinacão das projegões, isto é, a
construção em plano do sistema das coordenadas terrestres, meridianos e paralelos, êstes sistemas de projecões - equiângulos
equidistantes ou equivalentes foram codificados, em meados do
século XIX, por Germain e Tissot.
Os levantamentos de precisão (planinietria e nivelamento)
podiam, daí em diante, ser transcritos cartograficamente. E compreendemos agora o aparecimento dêsses notáveis instrumentos
de trabalho que são as cartas na escala de 1:80 000 da França,
de 1: 100 000 do império alemão, de 1: 63 360 (uma polegada por
milha) das Ilhas Britânicas etc.
Estas cartas são depois completadas ou substituídas por cartas de escala maior. Por exemplo, para a França, a carta de
1 :500 000 em curvas nível, feita sobre levantamentos de 1:10 000
e de 1:20 000, obra-prima de Cartografia, aliás inacabada. A foto-
grafia aérea veio ajudar as operações de nivelamento, quer para os
relevos de alta montanha, quer para os planos cadastrais.
Mas os levantamentos de precisão e as cartas de grande escala
não se estendem ao mundo inteiro, nem mesmo a toda a Europa;
uma parte dos continentes asiático e africano é conhecida apenas
por levantamentos de exploração ou de descobrimento. O conhecimento cartográfico do Globo está longe de ser integral. Contudo,
êle chega-nos para realizarmos hoje a interpretação geral do
relêvo terrestre. Com efeito, as cartas publicadas permitiram
revelar as modalidades da superfície terrestre; as mesmas formas
de terreno reproduzem-se em série, segundo a natureza das rochas
e dos climas, e agregam-se em famílias morfológicas, cuja repetição e generalização as cartas mostraram - tanto mais que as
cartas topográficas se encontram agora reforçadas pelas cartas
geológicas.
Estas cartas geológicas em que figuram a idade e a natureza
dos terrenos, são, para as cartas topográficas, o que um retrato é
para a sua reprodução fotográfica. Elas permitem, portanto, inferir
os elementos de uma descrição explicativa da superfície representada. Um exemplo basta para o mostrar.
No momento em que Guilherme Delisle suprimia das cartas
as figuras errôneas e em que Cassini iniciava a elaboração da carta
de França surgia uma dessas concepções geográficas caras aos espíritos apaixonados por generalidades fáceis e cuja aparente simplicidade ia fazer perder, por muito tempo, o benefício das realidades que as cartas começavam a revelar. O autor desta teoria
era o próprio genro de Delisle, Philippe Buache. Numa memória a
Academia das Ciências, de 15 de Novembro de 1752, exprime-se
dêste modo: "O que até hoje se conheceu das cadeias de montanhas não chega para determinar a série ininterrupta dos lugares
mais elevados da Terra; para chegar a êsse conhecimento, julguei
dever servir-me dos índices fornecidos pelos rios. Náo se pode duvidar da ligação e da relação existentes entre as montanhas e os
rios". Exagerando então o rigor das relações que ligam o relêvo
e a hidrografia e partindo do conhecido para o desconhecido com
uma temerária simplicidade, Buache traçava aquilo a que dava
o nome de "vigamento do Globo" pela simples inserção de cadeias
de montanhas entre os diversos sistemas fluviais. Assim, o relêvo
continental e mesmo a topografia submarina encontravam-se
reduzidos a uma série de alviolos ou bacias fluviais enquadrados
por elevações que constituíam a linha de divisão das águas. Bste
êrro iria pesar, durante mais de um século, sobre o ensino da
Geografia, mesmo após o aparecimento da carta geológica, de
que Dufrénoy e Elie de Beaumont foram os autores em França.
No primeiro volume da Explicação da Carta Geológica da França,
êstes dois sábios revelavam a existência de regiões morfológicas
despercebidas ou esquecidas, tais como a Bacia Parisiense e o
Maciço Central; a primeira deixava de estar atrofiada numa poderosa bacia do Sena e o segundo erguia no coração da França uma
poderosa massa que não se fracionava já arbitràriamente em
vários domínios fluviais. Criaram, dêste modo, uma nocão geográfica essencial, a das regiões naturais; por outro lado, observaram
a correspondência da topografia com o subsolo e deduziram daí
as conseqüências sobre a vida e a atividade humana. Como verdadeiros iniciadores, êles traçavam o caminho à verdadeira Geografia,
a que assenta, sem qualquer idéia preconcebida, sobre a própria
observação do solo.
A explicação da Carta Geológica aparecia em 1841. Em 1845,
Humboldt começava a publicação do seu grande tratado da física
do Globo, o Cosmos.
OS FUNDADORES DA GEOGRAFIA MODERNA - HUMBOLDT
E RITTER
Os fundadores da Geografia moderna são Alexandre de Humboldt e o seu compatriota e contemporâneo Karl Ritter.
De todas as obras de Humboldt, a mais conhecida e significativa é o Cosmos, onde descreve o Universo, o céu, o globo terrestre, a sua forma, densidade, estrutura, o vulcanismo etc. Esta
obra, incompleta, em quatro grandes volumes que apareceu de
1845 a 1858, envelheceu já, mas não deixou de ter interêsse. Verdadeira enciclopédia viva, Humboldt quis meter tudo no seu livro
e daí o fato de o leitor se encontrar em presença de um texto
prodigiosamente denso, interrompido com frequência por chamadas e notas, por vêzes excessivamente longas e reunidas no fim
do volume. Mas lê-se com proveito e Humboldt exerceu uma influência fecunda sobre a Geografia; os quadros de observação que
criou, "êle avulta em mobilizar os fatos e em convertê-los em
fórmulas correntes e em dados comparáveis entre si" (Vida1 de
La Blache). Em vez de estudar em si próprio e isoladamente os
fenômenos climáticos, botânicos ou geológicos, êle examina-os nas
suas relações recíprocas e n a sua repartição, isto é, segundo o
princípio de coordenação que está na base da investigação geográfica; como êle próprio .declara, prefere "a ligação dos fatos
anteriormente observados ao conhecimento dos fatos isolados,
mesmo que êstes sejam novos". Ao mesmo tempo, Humboldt foi
o inspirador dêsse notável documento cartográfico que é o Atlas
Fisico de Berghaus, onde êste generalizou a representacão das
temperaturas por meio de cartas isotérmicas.
Karl Ritter, n a Ciência Comparada da Terra, ultima os princípios tão brilhantemente apresentados pelo seu compatriota. Mas,
ao passo que Humboldt terá sido um sábio e um viajante, servido
por um notável sentido de observação, Ritter possuía uma cultura
histórica e filosófica; com o primeiro, as ciências naturais tinham
sido postas ao serviço da Geografia, com o segundo é a História
que vem em seu auxílio.
A ciência comparada da Terra, com as suas penetrantes
observações, tal como a noção de posição geográfica, procura, não
sem certo rigor excessivo, discernir as relações do homem com o
solo e a influência das condições naturais sobre o desenvolvimento
das sociedades. Ritter compôs também uma monumental Geografia, verdadeira soma de erudição e de crítica, mas que ficou
incompleta.
Graças a Humboldt e a Ritter, ficam estabelecidos os princípios da Geografia moderna: 1.0 determinar a coordenação, "as
conexões superficiais entre os três estados da matéria - ar, terra
e água - para os explicar traçando de novo o encadernamento dos
fatos e precisando o ponto da sua evolução"; 2.0 localizar os fenômenos, mostrar a sua extensão, colocá-los no seu quadro espacial.
Em conclusão os fenômenos que as outras ciências dissociam
pela análise ou pela experimentação, encara-os a Geografia n a
ordem concreta das coisas, n a sua diversidade complexa, n a sua
realidade em constante mudança, pois a Natureza, como o declara
Ritter, não é uma mecânica morta. Dêste modo, a Geografia é
levada a utilizar os resultados das ciências da Natureza e do
Homem, a servir-se dos dados da Geologia, Botânica, Meteorologia,
História e da Estatística.
É êste o significado da obra de Humboldt e de Ritter, cuja
importância tanto maior se torna quanto mais as circunstâncias
são favoráveis aos trabalhos geográficos. Ambos morreram em
1859, isto é, na época em que a unidade italiana e alemã vão permitir o estabelecimento da carta de 1:100 000, dêstes dois estados,
n a época da fase mais ativa das grandes explorações continentais
(Livingstone e Barth n a África, Prejevalsky n a Ásia), época em
que se fundam as sociedades de Geografia que vão popularizar
êste novo ramo do saber humano.
Contudo, a Geografia só poderia conservar a sua individualidade pela realização de um programa bem definido e, êste programa só o ensino universitário poderia formular e aplicar. Êste
ensino, porém, ia dar as investigações um impulso, se não divergente, pelo menos diverso segundo os estados. Poucas ciências
existem em que o caráter nacional seja tão marcado como n a
Geografia; pode-se assim falar de uma escola geográfica francesa,
de uma escola geográfica alemã, americana etc.
AS ESCOLAS DE GEOGRAFIA - GEOGRAFIA GERAL
E REGIONAL
A escola geográfica alemã foi a primeira escola organizada,
diretamente inspirada por Ritter, dedicou-se sobretudo à Geografia
geral, a investigação sistemática das condições que a distribuição
dos fenômenos na superfíce do Globo, tanto em Geografia física
(Morfologia de A. Penck, Climatologia de J. Hann), como em
Geografia humana (Antropogeografia e Geografia Política de F r .
Ratzel) .
Pelo contrário, a preocupação regional é a característicz. mais
visível, se não a mais profunda, da escola geográfica francesa.
O seu fundador, P. Vidal de La Blache, historiador de inteligência
viva e penetrante, dotado de um espírito realista, inimigo de todo
o dogmatismo, foi o animado de notáveis trabalhos cujos autores,
Emm. de Martonne, A. Demangeon, R. Blanchard, J. Sion M.
Sorre, R. Mbsset, A. Cholley e tantos outros, por desconfiança a
priori e pelos quadros já feitos, preferiram consagrar-se, principalmente, as regiões francesas. Contudo, esta atitude intelectual
não lhes fêz esquecer a Geografia geral e a Geografia humana,
sobretudo com o próprio Vidal de La Blache, J. Brunhes, A. Demangeon e A. Siegf'ried, assim como a Morfologia, com Emm. De
Martonne, H. Bulig e G. Chabot.
A escola geo,gráfica americana especializou-se na evolução do
relêvo do solo. Esta tendência manifestou-se sob a influência de
geólogos-mineralogistas como Barrel e Gilbert, exceIentes observadores, que foram atraídos cada vez mais para o estudo das
relações entre a geologia e os processos fisiográficos e climáticos.
Mas foi W. M. Davis quem imprimiu a escola americana o seu
cunho próprio; foi êste astrônomo, que se tornou geógrafo graças
as viagens que lhe infundiu o rigor lógico das deduções matemáticas, em particular pelas suas exposições teóricas sobre a peneplanície (superfície de erosão continental) e o ciclo de erosão;
D. W. Johnson adotou um método análogo para o estudo das
plataformas de desgaste marinho.
Apesar dêste espírito de escola, os congressos internacionais
de Geografia (Cairo 1924, Cambridge 1928, Paris 1931, Varsóvia
1934, Amsterdã 1938) mostram bem a solidariedade entre os sábios
estrangeiros. O campo de investigação mantém-se o mesmo e
dispõe-se em dois grupos de estudos; a Geografia geral e a Geografia regional.
A Geografia geral procura aprender o que h á de permanente
e de regular nos fatos terrestres, de os esclarecer uns pelos outros
de maneira a explicar-lhes as condições. Cada fenômeno quer se
trate de rios ou de habitações, de correntes marítimas ou de migrações humanas, de associações vegetais ou de estabelecimentos
industriais, deve ser encarado não apenas em si próprio mas como
parte de um todo; êste sentido da repetição regular dos fenômenos
de superfície e da sua comparação está n a base da explicação
geográfica.
a) A Geografia física geral comporta: a ) a geografia climática que estuda sobretudo os tipos de tempo, os ciclos de estações
e as regiões de climas, b) a geografia morfológica que estuda a
formação do relêvo pela erosão normal (ação das águas correntes
mais ou menos dirigida pelas influências estruturais ou tectônicas:
erosão glaciar, erosão eólia e erosão marinha), c) a geografia
botânica e zoológica.
A Geografia humana geral tem como problema primordial
determinar a extensão da espécie humana e, por conseqüência
examinar o povoamento com as suas variações de densidade. Estuda, em seguida, as paisagens determinadas pelo habitat (agrupamentos rurais e urbanos), pelos fenômenos de população
(agricultura, indústria etc.), e pelos gêneros de vida.
A Geografia econômica geral estuda, por um lado, as matérias-primas e as fontes de energia (produção, indústria, comércio)
e, por outro, os problemas postos pela utensilhagem, pelas técnicas
e pelas trocas.
b) As combinações locais dos fatos estudados pela Geografia
geral varia a Geografia do seu conteúdo "regional", isto é, afasta-se da própria concepção de Geografia.
,Mas esta contradição é apenas aparente. É certo que a Geografia se inspira, como as outras ciências naturais, na idéia da
unidade terrestre, mas isto unicamente para se libertar de um
empirismo acidental; ela orienta sempre a sua investigação para
os variados aspectos que, segundo os lugares, a face da Terra
apresenta e tem "por missão especial estudar como as forças
físicas e biológicas, que regem o mundo, se combinam e se modificam, ao se aplicarem às diversas partes da superfície do Globo.
A Geografia segue-as nas suas combinações e interferências"
(Vida1 de La Blache) .
A outra objeção é a seguinte: a Geografia explicativa é apenas
uma ciência parasitória que vai buscar os seus elementos de
determinação nas disciplinas vizinhas; por si própria é incapaz de
formular leis.
Na verdade, o objeto da Geografia decompõe-se em fatos
que isolados e estudados separadamente dizem respeito a outras
investigações. "Por mais consciensiosamente que eu estude a
erosão de uma falésia, as características de um determinado vento
local ou as cheias de um rio, conservar-me-ei geólogo meteorologista ou engenheiro-hidrógrafo, e o meu trabalho não ganhará
um valor geográfico, se eu não ligar os fatos observados às leis
gerais da erosão marinha, dos movimentos da atmosfera e de
regime dos rios" (Emm. De Martonne). Mas esta situacão no cruzamento de várias ciências, provoca as vêzes conflitos da atribuicão e de delimitação, em particular com 8, Geologia e com a
Sociologia, e numerosos são os geólogos e sociólogos que estão
prontos a declarar que não há Geografia, mas apenas geógrafos.
Resumamos, rapidamente, êste debate acêrca dos limites da
Geografia.
a) Geografia e Geologia - Acontece com o relêvo o mesmo
que com a história dos homens: o presente tem demasiadas ligagões com o passado geológico para poder ser expllicado com êle.
Por isso, desde que os geógrafos procuram estudar uma paisagem
morfológica não como uma paisagem lunar, os geólogos têm de
ser considerados por êles como iniciadores. Mão poderemos concluir
daqui que a Geografia física constitui um ramo da, Geologia?
A Geologia tem direito de prioridade sobre a Geografia e, além
disso, um campo de investigação nitidamente definido; estuda as
rochas, a sua estratigrafia e a sua formacão tectonica, a dinâmica
interna (vulcanismo, tremores de terra etc . ) , a dinâmica e, em
particular, a ação das águas correntes, dos glaciares.
Ora, dinâmica é estudada igualmente pela Greografia sob o
nome de erosão fluvial, glacial, marinha etc. NãLo haverá aqui
um duplo emprêgo e não será a Geografia apanhada em flagrante
delito de ultrapassagem de limites?
Vale mais um exemplo do que uma longa discussão teórica
e o das montanhas francesas vai-nos permitir estabelecer a separacáo entre as duas disciplinas.
No exame do relêvo das montanhas francesas, o geólogo trata-lhe a História, reconstitui tôdas as fases tectônicas, as eras e os
períodos sucessivos, as condições de formacão das rochas, quer
elas expliquem ou não as formas do relêvo atual; êste é invocado
ocasionalmente, apenas como controle das hipóteses mais verossímeis. O geógrafo, por sua vez, constata, em primeiro lugar, o
estado atual, isto é, três tipos de relêvo: 1) altas cadeias acidentadas, os Pireneus e os Alpes; 2) maciços a maneira de planalto,
Ardenas e Bretanha; 3) montanhas intermediárias, Jura, Vosgos,
Macico Central, que, pelo seus planaltos ou pelas suas formas
pesadas, se ligam aos maciços, mas que, pelos seus desnivelamentos,
lembram as cadeias; êle descreve estas diferentes montanhas,
precisa a sua topografia e explica-a apontando os traços da sua
evolução anterior, mas esta só é invocada na medida em que faz
compreender os fatos constatados.
Portanto, enquanto o geógrafo se detém sobiretudo na compreensão das paisagens morfológicas, o geólogo pretende estudar
a gênese das deslocacões da superfície terrestre; as duas ciências
podem e devem prestar-se recíprocos serviqos, sem lhes ser necessário invadir o domínio alheio. Um exemplo: geólogos (Depérêt,
Chaput) trouxeram uma importante contribuição ao estudo do
terraços fluviais; verificaram a existência nos vales franceses, de
quatro terraços em andares diferentes; ora, as maraínas da ultima
glaciação (glaciação de Wurm) chegam frequentemente aos
baixos terraços fluviais; daí concluíram uma relação entre os
terraços e as fases glaciárias e, sobre estas bases, estabeleceram
a sua cronologia do Quaternário. Por sua vez, um geógrafo (H.
Baulig), retomando a análise morfológica dos terraços, verifica
que a sincronização dos estádios glaciários e dos terraços fluviais,
lògicamente verossímil é inválida pelos fatos; com efeito, durante a
fase glaciária, verifica-se a formação de um depósito de terras
fluvio-glaciárias, na parte superior dos vales, mas n a parte inferior
a descida do nível do mar, provocada pela imobilização da enorme
massa de água congelada nos glaciares, determina um desgaste
do vale; portanto, na parte inferior, o terraço corresponde a uma
fase interglaciária, quando a fusão dos gelos liberta a água e,
por conseqüência, faz subir o nível da base marinha (glácio-eustatismo).
Um outro exemplo é-nos fornecido pelas categorias separadas
das classificaçóes sociológicas, tais como o estado pastoril ou o
estado agrícola. Estas categorias estão longe de corresponder a
contrastes tão acentuados n a natureza e os geógrafos mostram que,
n a verdade, os gêneros de vida são combinações variadas de atividades, que incluem ao mesmo tempo a cultura das terras e a
criação de animais, mais ou menos influenciadas pelas condições
locais. O papel dos geógrafos é, portanto, o de revelar estas condições. Mas, inversamente, não devem esquecer nunca que elas
não são as únicas; por exemplo, os regimes agrários estudados na
Europa, assim como as técnicas rurais descobertas n a Africa
(Frobenius), excedem os limites das regiões naturais e não se
ligam apenas a causas físicas.
Geografia humana e Sociologia podem coexistir e bom é que
os seus pontos de vista se mantenham diferentes, mesmo quando
os seus campos de estudo são contíguos. "Na complexidade dos
fenômenos que se entrecruzam na Natureza, não deve haver uma ,
só maneira de abordar o estudo dos fatos; é útil que êles sejam '
encarados sob ângulos diferentes. E se a Geografia se apropria
de certos dados que trazem um outro sêlo, nada h á nesta apropriação que possa classificar-se de anticientífico" (Vida1 de La
Blache) .
A AUTONOMIA DA GEOGRAFIA
A posiçao da Geografia define-se portanto. As suas investigações incidem, ao mesmo tempo, sobre fatos que observa diretamente e sobre resultados que outras ciências obtiveram aplicando
aos fatos a observação e a experiência. Mas a Geografia não utiliza
êstes resultados isoladamente: restabelece-os no seu ambiente
natural, coloca-os na ordem concreta das coisas; precisa, portanto,
a inesgotável variedade das combinaqões de que resultam as
paisagens morfológicas, as paisagens botânicas, os gêneros de vida
dos grupos humanos. Assim, a convergência e a interdependência
dos fatos de ordzm diversa: climática, biológica etc., dominam a
investigacão geográfica e conferem-lhe a sua originalidade.. . e a
sua utilidade. Com efeito, o que a Geografia pode trazer ao tesouro
comum das ciências com as quais mantém relaqões, é "a aptidão
a não fragmentar o que a Natureza junta" (Vida1 de La Blache).
E esta contribuiqão é fecunda; a Geografia inspira, por sua
vez, novos meios de acão as outras ciências. "Tôda ciência, ao
abordar o problema da extensão de um fenômeno, se aproxima
da Geografia. A superfície terrestre é um maravilhoso laboratório;
observando aí a área de extensão de um fenômeno e as suas variações locais, podem-se apreender, por vêzes, ao vivo, as suas causas
e as suas cons~quências" (Emm. De Martonne). Dêste modo,
a Geografia Botânica ou Zoológica revelou úteis conexõ,OS OU
divergências pelo agrupamento regional de fenômenos abstratamente isolados do seu ambiente complexo; a Geografia linguística
ajudou a renovar a ciência da linguagem; existem, também, curiosos e instrutivos exemplos de cartografia que tiveram influência
sobre a arqueologia medieval, sôbre os partidos políticos em
Franca e noutros países.
Como se vê, a Geografia, largamente devedora das outras
ciências, presta os seus serviços sob uma outra forma.
A Geografia coloca-se, portanto, entre as ciências da Natureza
e nas do Homem; a sua autonomia não poderá ser contestada.
A GEOGRAFIA HISTÓRICA
Notas:
No estudo do "PRESENTE HISTÓRICO" o Geógrafo deve
tratar de retroceder até o presente que tenha existido, seja de mil
ou dois mil anos. Deve conseguir pensar a Geografia, isto é a
Geografia dessa época como completa; como tal deve tratá-la e
restaurá-la. Sir HALFORD MACKINDER.
Os estudos geográficos e históricos são afins. Entretanto marcham separados. Tanto o geógrafo como o historiador sabem que
seus estudos são interrelacionados e que cada um dêles pode em
certos problemas buscar esclarecimentos no outro.
O historiador na sua tentativa de explicar a localização de
acontecimentos passados; os contrastes em sistemas agrários, as
migrações dos povos, as origens e crescimento das cidades, a
estratégia naval e militar, e os meios de comunicação e os transportes são problemas cuja solução exige um conhecimento de base
geográfica. Por sua vez, o geógrafo interessado no transcurso do
presente, encontra-se òbviamente com problemas para os quais
a história tem a solução.
O FATOR GEOGRÁFICO NA HISTÓRIA
A GEOGRAFIA DA HISTÓRIA
A GEOGRAFIA É COM EFEITO INSEPARAVEL DA "HISTÓRIA"
QUE A PRODUZIU. Sir HAEFORD MACKZNDER disse: a Geografia da Grã-Bretanha é de fato um intrincado (complexo) produto
de fatos históricos e Geológicos. O mapa é um documento social
(Geógrafo Russo Mikailov).
As linhas do mapa são a Escritura da História - Notas de Emmanud Leontsinis - Palestra do CNG em 16/1/1967.
GEOPOLÍTICA
Estudo da História e da Política atendendo à influência dos
fatores geográficos.
GEOPOLÍTICA: nada tem a ver com o futuro. Seu objetivo consiste em determinar e apurar as realidades telúricas que se encontram n a base de manifestações políticas econômicas. -
BIBLIOGRAFIA
G. BAUER - E1 Estudio de La História.
CHOLLEY - Géographie Guide de L'Etudiant;.
L. GUDES - Didática - a Metodologia da História.
SW. WOOLDRIDGE e W. GORDON
EAST - Significado y propósito de
la Geografia.
CA. FISHER - Economic Geography in a Changing World.
W . G. EAST - The Geography Behind History.
L. F EBRE - La Terre et L'Evolution Humaine: Introdution Gé0graphique a L'Histoire.
C. M. DELGADO
DE CARVALHO - Didática das Ciências Sociais.
APLICABILIDADE DO LIVRO LEITURAS GEOGRAFICAS NO
ENSINO DA GEOGRAFIA
Prof.
ÂNGELO
DIAS MACIEL
O manual "Leituras Geográficas", editado pelo Instituto Brasileiro de Geografia em 1965, é uma coletânea de textos geográficos,
sucintos e objetivos, selecionados pelos Professores DELGADO
DE CARVALHO e THEREZINHA DE CASTRO, nomes mais do
que conhecidos no campo da Geografia, os quais, como podemos
verificar no "Preâmbulo" do livro, procuraram reunir temas geográficos concernentes as primeiras séries. O espírito da coletânea
é o que tem como objetivo a complementacão do tiinomio do
ensino moderno - o aluno, o mestre e o compêndio - motivando,
incentivando, correlacionando ou fixando os ensinamentos adquiridos pelo aluno, com o auxílio do mestre e do compêndio. A sua
leitura pode ser dirijida e fracionada, dentro de cada parte do
programa, ou efetuada de um só fôlego, coni o que se procurará
dar uma idéia geral, rápida, do que ocorre em outras terras (o
que, como, e porque ocorre), possibiiitando uma ampla visão
dos diferentes assuntos, se bem que sucintamente.
Dentro da idéia básica de utilização das "Leituras Geográficas" passo a passo com a matéria lecionada podemos assinalar
e destacar exemplos aos quais podem recorrer os Professbres de
Geografia, que, por sua vez, poderão alargar o campo das leituras
geográficas selecionando, êles mesmos, assuntos de interêsse geográfico em livros, revistas, jornais etc. etc. As ilustrações contidas
no livro poderão ser acrescidas de outras, como, e principalmente,
fotografias e mapas, comparando e desenvolvendo o tema.
É evidente que cada professor poderá utilizar-se das "Leituras
Geográficas" a sua maneira, mas sempre dentro do espirito da
didática moderna - motivando, incentivando, correlacionando e
fixando.
Como sugestão prática tomamos a liberdade de aconselhar,
por exemplo, a sua utilização dentro do roteiro "motivacão correlação - fixação", recorrendo-se, para o exemplo tomado à
Leitura de n.0 87 (pág. 180 do livro), dentro do programa da 1."
série ginasial e do estudo dos CLIMAS.
Assim é que, se formos ministrar aulas concernentes a tipos
de clima como o DESÉRTICO e o POLAR, e suas conseqüências
geográficas, poderemos seguir um roteiro simples e prático, a saber:
1) Uma aula sobre o Clima Polar, n a qual se recorrerá a
técnica comum de motivação (uma fotografia de um livro adequado, como " T h e Pobes", da revista LIFE, ou outro semelhante) ;
explanação da matéria (caracterização dos fatos principais, distribuição espacial) com destaque para o tipo de ação humana em
tal clima (binômio meio-físico/'homem, dependência do homem
quanto a natureza), descrevendo e ilustrando a vida em tais áreas,
fechando a aula na habitação típica esquimó, que é o IGLU (desenho no Quadro-Negro ou fotografia do Iglu incentivarão a classe),
explicando forma, material .usado, valor prático etc.. . .
2) A aula seguinte, sobre Clima Desértico, poderá ser, então,
ministrada partindo da Leitura Silenciosa do texto n.0 87,
"OÁSIS NO SAARA", pág. 180 de "Leituras Geográficas". Ao
aluno será pedido, então que:
a)
Leia atentamente o texto,
b)
Assinale no texto (sublinhando) os elementos que se
encontram nesse tipo e não se encontram no clima polar,
c)
Explique sucintamente o que entende por cada um dos
elementos assinalados (aos quais poderá ser dado um
limite mínimo e máximo - 3 e 5, p. ex.),
d)
Procure destacar que semelhança existe entre um determinado elemento contido no texto e outro estudado n a
aula anterior.
Finalmente, caberá ao professor terminar a aula, fixando-a
com os traços característicos do tipo climático, e que se traduzem
numa situação como a descrita por Jean Brunhes no trecho lido.
A complementaçáo da aula servirá, evidentemente, para verificação das explicações dadas pelos alunos para os elementos assinalados. Este trecho poderá ser, também, utilizado para uma verificação de aprendizagem, invertendo-se a ordem acima descrita.
Procurando tornar esta aula a mais prática possível poderíamos nós mesmos seguir, rapidamente, o roteiro sugerido,
partindo do pressuposto de que já houvesse sido ministrada uma
aula sobre o Clima Polar.
Para tal, leiamos rapidamente o texto referido no Livro
"Leituras Geográficas" (n.0 87, pág. 180). . .
. . . e destaquemos os elementos característicos de clima desértico,
anotando-os.
. . . . . . bem como a semelhança que se nota em determinado
elemento dêsse clima e do clima polar, qual seja:
Outros exemplos poderiam ser destacados e examinados, mas
a exiguidade do tempo disponível não o permite. Podemos, tão
sòmente, enumerar alguns, como:
n.O 6
-
MAGNETISMO TERRESTRE - complementação do
texto com a utilização de um planisfério no qual se
marcaria a LINHA ISOGoNrCA ZERO, descrita a
"grosso modo".
n.0 7
-
A TERRA É REDONDA - conjugação do texto com as
modernas viagens orbitais, com fotografias tiradas por
astronautas em suas cápsulas espaciais.
n.0 20
-
OCEANOGRAFIA - desenvolvimento do tema a partir
da ilustração (correntes), identificando-as em mapas
maiores e destacando suas ações e importância.
Essas "Leituras Geográficas" têm, assim, importância no
desenvolvimento dos estudos geográficos, ajudando a despertar os
interêsses latentes dos alunos, e muitos autores recorrem a êsses
tipos de leituras, como bem o faz, por exemplo, o Professor Aroldo
de Azevedo nos seus livros didáticos, com real proveito.
ELEMENTOS DE CARTOGRAFIA
KLAUSNER
Prof .a IZABEL
Sugestões para a organixação de u m a Unidade sobre Cartografia
no Curso Secundário.
1. Poucos professôres de Geografia preocupam-se em dar aos
seus alunos, as noções básicas cartográficas que lhes possibilitem
a utilização de um Atlas Escolar. O motivo invocado é que êsse
assunto não aparece nos programas escolares (quando muito, na
1." série ginasial). Os professôres porém, têm liberdade na organização do seu plano de Curso, que não deve ser confundido com
o programa do livro didático adotado.
2. Não é preciso ressaltar a importância da presença permanente do Atlas nas aulas de Geografia, pois o mapa "é um instrumento de observação indireta" e os estudos geográficos não podem
muitas vêzes ser feitos pela observação direta. "O mapa tem como
função contribuir para a visualização de regiões extensas e distantes" (Thralls, Zoe A. - "O Ensino de Geografia" - USAID 1965).
3 . Essas noções cartográficas podem ser distribuídas em aulas
que focalizem os conceitos geográficos de:
a) proporção (distância e dimensão)
b) orientação (dire~ões)
c) localização (exata e relativa)
4. Como sugestão apresentamos a distribuição abaixo, dos
assuntos e números de aulas correspondentes:
A - Escala cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 aulas
B - Orientação e localização do fato geográf ic;d:
a) Processos de orientação (Rosa-dos-ventos) . . . 1 aula
b) Linhas imaginárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 aula
c) Zonas terrestres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 aula
d)
e)
Coordenadas geográficas: latitude e longitude 2 aulas
Fusos horários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 aulas
f ) Projeções cartográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 aula
C - Convenções cartográficas (análise dos símbolos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 aulas
5 . Para facilitar o trabalho do professor e do aluno, o Atlas
deve ser do mesmo autor para toda a turma.
1.a AULA:
Aula no Curso Secundário sobre
COORDENADAS GEOGRÁFICAS: Latitude e Longitude
I - Objetivos:
1 - Habilitar o aluno a localizar com exatidão qualquer
ponto da superfície da Terra.
2 - Desenvolver no aluno habilidade de relacionar fatos
e lugares.
3 - Dar habilidade de usar a latitude de uma região ou
país a fim de chegar a conclusões referentes as condições climatológicas.
4 - Dar habilidade de calcular as distâncias angulares de
uma região ou país.
I1 - Motivacão inicial:
Narrar aos alunos, que o célebre escritor Júlio Verne, baseou
uma de suas obras - "Os filhos do Capitão Grant" na falta de
localização exata de um ponto através das coordenadas geográficas.
Resumindo o enrêdo: - O iate de um "lord" escossês fazia
uma viagem de experiência, no canal do Norte, quando o vigia
deu sinal de tubarão, próximo ao barco, o qual foi pescado e
aberto. Com surprêsa encontrou-se uma garrafa dentro do tubarão,
contendo três mensagens: uma em inglês, outra em alemão e
outra em francês. A água que penetrara na garrafa, apagara
muitas palavras das mensagens mas entendia-se que era um
pedido de socorro de náufragos que haviam chegado a uma terra
a 37011' de latitude austral mas faltava a longitude. O "lord"
resolve procurá-los, em companhia de dois filhos do capitão Grant
(um dos náufragos). Primeiramente dirigiram-se para a América do Sul e chegando ao litoral do Chile, na altura do paralelo
mencionado nas mensagens (379, atravessaram os Ancles e os
Pampas, em linha reta, nada encontrando. Resolveram prosseguir
a viagem, agora em direção a Austrália, passando pela Ilha de
Tristão da Cunha e litoral meridional da África. Após atravessarem
o sul da Austrália sem sucesso, foram impelidos para a Nova
Zelândia, sempre arrastando os maiores perigos e contratempos.
Resolvem desiludidos, atravessar o Pacífico e alcançar novamente
o litoral da América do Sul e voltarem a Escócia pelo Atlântico.
Por fim numa tarde, divisam um rochedo perdido no Oceano
Pacífico, fora das rotas - a ilha Maria Teresa ou Tabor a 1530
de longitude oeste, onde encontraram o capitão Grant e dois marinheiros, após nove meses de procura, por não saberem a longitude do ponto de naufrágio.
I11 - Desenvo Lvimento
1.
Latitude.
A - Conceito: Latitude de um lugar é a distância em
graus que vai dêsse lugar ao Equador.
B - Contagem:
a) Linha de partida: O Equador que tem o
valor de 00 de latitude.
b) Tipos de latitude:
- Latitude norte - contada do Equador (O o )
ao pólo norte (900);
- Latitude sul - contada do Equador (00) ao
pólo sul (900).
Ilustrar as explicações com um desenho do Globo Terrestre
com os paralelos.
2.
Longitude:
A - Conceito: Longitude de um lugar é a distância
em graus que vai dêsse lugar ao Meridiano de
Greenwich (ou Meridiano Internacional de
Referência).
B - Contagem:
a) Linha de partida: o Meridiano de Greenwich
que tem o valor de 00 de longitude.
b) Tipos de longitude:
- Longitude oriental - do Meridiano de Greenwich (00) até o ante-meridiano (1800)
para leste;
- Longitude ocidental - do Meridiano de
Greenwich (00) até o ante-meridiano (1800)
para oeste.
Ilustrar a explicação com o desenho do Globo Terrestre com
os meridianos. Depois mostrar o desenho do Globo Terrestre com
os paralelos e meridianos, formando uma rêde que tornará possível
a localização exata de um ponto qualquer.
LOCALIZAÇÃO DE PONTOS NUM ESBÔÇO DE "CANEVAS":
Observações para o professor:
a)
b)
c)
d)
e)
Os alunos traçarão no caderno, uma rêde de paralelos e
meridianos, como no desenho abaixo onde serão marcados
pontos cujas coordenadas serão dadas pelo professor.
O professor fará o mesmo, no quadro negro, ou poderá
levar uma cartolina com a rede prèviamente traçada.
Chamar a atenção dos alunos para a coIocação dos valores
crescentes dos graus, em relação ao Equador e ao Meridiano de Greenwich.
Mandar-colorir em cores diferentes, as linhas de partida
para a contagem da latitude e longitude, por exemplo,
o Equador em vermelho e o Meridiano de G., em verde.
Dar exemplos de localização de pontos nos quatro quadrantes
Pontos:
A - 400 lat. N;
B - 50 lat. N;
C - 200
D - 300
E - 50
F - 350
G - 200
H - 300
I - 00
J - 00
lat. N;
lat. N;
lat. S;
lat. S;
lat. S;
lat. S;
lat.;
lat.;
100
550
400
300
150
200
400
500
00
500
long.
long.
long.
long.
long.
long.
long.
long.
long.
long.
W (ocidental)
W (ocidental)
L (oriental)
L (oriental)
L (oriental)
L (oriental)
W (ocidental)
W (ocidental)
W (ocidental)
Chamar alunos ao quadro negro para localizar pontos
dados pelo professor, isto é, com latitude e longitude determinadas.
g ) Levar os alunos a reconhecerem em que zonas terrestres
se localiza o esboço traçado e que continentes e oceanos
abrange. Usar o Planisfério da pág. 17 do Atlas Geográfico Escolar, onde os alunos delimitarão com lápis prêto,
ou de cor, a área abrangida pelo exercício.
h) Localizar nos mapas dos continentes, os acidentes geográficos que coincidam com os pontos marcados na
gratícula do quadro negro. O cuidado a tomar será em
relação as diferenças entre a projeção da gratícula e as
projeções dos mapas consultados no Atlas.
f)
Correspondência entre os pontos marcados no "canevas" do
quadro-negro e os mapas consultados (no Atlas Geog. Escolar):
A - ponto no Atlântico perto do litoral de Portugal
- consultar a pág. 50 (Europa).
B - ponto próximo à cidade Paramaribo (A. do
Sul) pág. 59.
C - ponto próximo à cidade de Meca (Asia) pág. 59.
D - ponto entre o Cairo e Alexandria (África) pág.
59.
E - ponto próximo à cidade de Leopoldville (Africa) pág. 59.
F - cabo das Agulhas (África) - pág. 59.
G - ponto próximo à Vitória (Brasil--AmBrica do
Sul) pág. 18.
H - ponto próximo ao litoral do Rio Grande do Sul
(América do Sul) - pág. 18.
I - ponto no golfo da Guiné (África) pág. 59.
J - ponto n a ilha Caviana (Brasil - América do
Sul) pág. 18.
4.
EXERCICIOS NOS MAPAS DO ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR:
A) Consultando a pág. 34 do AGE (BRASIL. Norte Físico-político) .
a) Dar as coordenadas aproximadas de MANAUS (AM) :
R. - 30 lat. S; 600 long. W.
Observação: No quadro interno do mapa há subdivisão das quadrículas em segmentos
que valem 2.0 cada um.
b) Dar as coordenadas aproximadas de RIO BRANCO
(ACRE) : R. - 100 lat. S. S; 680 long. W.
B)
Consultando a pág. 36 do AGE (BRASIL. Meio Norte e
Nordeste físico-político) .
a) Dar as coordenadas aproximadas da ponta Seixas
(PB) :
R. - 70 lat. S; 350 long. W.
Observação: Os alunos poderão compreender o
motivo do ponto extremo Leste do
Brasil possuir longitude Oeste. Chamar
a atenção para o fato dos pontos extremos leste e oeste serem citados
apenas com sua longitude e os pontos
extremos norte e sul, apenas com sua
latitude.
b) Dar as coordenadas aproximadas de AREIA BRANCA (RN) : R. - 50 lat. S; 370 long. W.
C) Consultando a pág. 38 do AGE (BRASIL. Leste físico-político).
a)
Dar as coordenadas aproximadas de SALVADOR
(BA) : R. - 130 lat. S; 380 30' long. W.
b) Dar as coordenadas aproximadas de BELO HORIZONTE (MG) : R. - 200 lat. S; 440 long. W.
D)
Consultando a pág. 42 do AGE (BRASIL. Sul fisico-político).
Dar as coordenadas aproximadas de FLORIAN6POLIS (SC) : R. - 270 30' lat. S; 480 30' long. W.
b) Dar as coordenadas aproximadas de SANTA VIT6RIA DO PALMAR (RS) : R. - 330 30' lat. S; 530 30'
long. W.
a)
5.
Cálculo das distâncias angulares do Brasil:
A - Para se calcular a distância angular Norte-Sul, soma-se
a latitude do ponto extremo norte com a latitude do ponto extremo sul do Brasil, porque são latitudes de tipos diferentes: 50 16'
19" lat. N
330 45' 09" lat. S = 39O 01' 28" lat.
B - Para se calcular a distância angular Leste-oeste, diminui-se a longitude do ponto extremo Leste da longitude do ponto
extremo Oeste do Brasil, porque são longitudes de mesmo tipo:
730 59' 32" long. W - 340 45' 54'' long. W = 39O 13' 38" long.
C - Para se calcular a diferença entre as distâncias angulares, subtrai-se o total da latitude do total da longitude: 390 13'
38" longitude - 390 01' 28" latitude = 00 12' 10". Isso demonstra
que o Brasil é um pouco mais largo do que comprido.
+
2.a AULA:
Aula do Curso Secundário sobre
ESCALA CARTOGRÁFICA:
I - Objetivos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Dar noção ao aluno, de proporção (distância e dimensão) pois extensas áreas são reduzidas (inclusive
a superfície total do globo terrestre) mantendo-se as
proporções, nos mapas.
Dar habilidade ao aluno de ler as distâncias reais
diretamente, nos mapas, pela escala gráfica.
Dar habilidade de calcular as distâncias reais, nos
mapas, por meio da escala numérica.
Dar habilidade de calcular a redução que uma distância que o terreno sofre ao ser representado num mapa
(achar a escala).
Dar habilidade de calcular a distância que encontrará
num mapa, conhecendo a distância verdadeira e a
redução que essa distância sofreu (isto é, conhecendo
a escala).
Dar habilidade de construir uma escala gráfica a
partir de uma escala numérica e vice-versa.
Dar habilidade de localizar pequenas áreas, em escala
grande, em grandes áreas, em escala pequena.
I1 - Motivação Inicial:
Mostrar a planta da cidade, onde o aluno mora, e chamar
a atenção, de que toda a cidade está representada naquele mapa,
mantendo as proporções certas na redução da área real.
I11 - Desenvolvimento:
Conceito:
Escala é a relação que existe entre a distância real e a distância no mapa.
1.
Tipos de esca2a mais usados nos Atlas:
A - Escala Numérica: é a escala representada por uma fração ordinária, cujo numerador é a unidade e o denominador, um
número qualquer superior a unidade, o qual mostra quantas
vêzes o mapa foi reduzido.
2.
1
Ex: -50 O00 O00
OU
1/50 O00 O00
OU
1 :50 O00 O00
B - Escala Gráfica: é a representada por uma reta graduada, cujos segmentos têm determinado valor.
A esquerda do zero, divide-se o segmento chamado talão, em
valores menores do que o dos intervalos.
3 . Problemas sobre escala:
A - Elementos dos problemas são representados pelas letras:
E = escala
D = distância no terreno (real ou verdadeira)
d = distância no mapa (gráfica)
B - Processo mnemônico para as fórmulas dos 3 tipos
de problemas: As letras de triângulo no sentido
horizontal, multiplicam-se e no sentido vertical,
dividem-se.
C - Achar a distância no terreno (D) conhecendo-se a
escala (E) e a distância no mapa (d):
a ) A fórmula neste tipo de problema será:
b)
Exemplos:
1.0) Qual é a distância verdadeira, em linha reta, entre
São Pedro d'Aldeia e Cabo Frio, sabendo-se que a
folha CABO FRIO, do IBGE, está n a escala 1:50 000
Resposta: A distância é de 9,250 km
Observação:
Nesse exemplo, como a escala é grande (topográfica) os erros das medições diretas não são grandes.
As distâncias reais a serem calculadas não sofrerão
erros grandes, pois 1 cm vale 500 metros ou 0,5 km.
Porém ao se medirem distâncias diretas em cartas
geográficas, como por ex., cartas n a escala de
1:190 000 000 (planisférios), os erros serão enormes, pois no exemplo citado, 1 cm do map& valerá
1900 km e 1 mm de mapa, 190 km.
2.0) Qual é a distância real, entre a Fábrica Nacional
de Alcalis e a cidade de Cabo Frio, percorrendo-se
a estrada (em amarelo) que existe entre êsses dois
locais, sabendo-se que a escala da folha CABO
FRIO, do IBGE, é de 1:50 000? Resposta: 11,150 km.
Observação: d é o resultado da soma dos três segmentos da
estrada (5,3 cm + 7 cm -+- 10 em).
3.0) Exemplo baseado no Atlas Geográfico Escolar
(MEC-2." edição-1962): Consultar a pág. 44 do AGE
(BRASIL, Centro Oeste físico-político) e calcular a
distância real, em linha reta, entre Corumbá e
Cáceres, em Mato Grosso.
Resposta: A distância é de 323,750 km
D - Achar a distância no mapa (d), conhecendo-se a escala
(E) e a distância no terreno (D):
a) A fórmula neste tipo de problema será:
b)
Exemplos:
1.0) Qual a distância no mapa (em linha reta), entre
a ponta da Prainha e o farol da Lajinha, situados
no litoral fluminense, sabendo-se que distam entre
si 6 550 metros e a escala do mapa é 1:50 000?
Resposta: A distância é de 13,l cm (confirmar a
resposta n a folha CABO FRIO).
2.0)
Exemplo baseado n a pág. 42 do AGE (MEC-1962,
2.9 edição) (BRASIL. Sul f ísico-político) :
Qual a distância no mapa, em linha reta, entre Pôrto Alegre
(RS) e Uruguaiana (RS), sabendo-se que a escala é de 1: 6 500 000
e a distância real 565,5 km?
Resposta: A distância é de 8,7 cm (confirmar a
resposta na página do Atlas, citada).
E - Achar a escala ( E ) , conhecendo-se as distâncias n o
mapa ( d ) e n o terreno ( D ) :
a)
A fórmula neste tipo de problema será:
b) Exemplos:
1.0) Qual é a escala do mapa em que a extensão da
praia de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro,
é de 17,2 cm, sabendo-se que a extensão real é de
8,6 km?
Resposta: A escala é 1:50 000 (confirmar a resposta
na folha CABO FRIO).
Observação: Nos problemas de escala trabalhamos com o denominador das escalas. Igualmente, no tipo de problema acima, calculamos o denominador da escala.
2.0) Exemplo baseado n a pág. 34 do AGE (MEC-1966,
2.a edição) (BRASIL. Norte físico-político):
Qual é a escala do mapa em que as cidades de Manaus (AM)
e Tabatinga (AM) distam entre si 9,7 cm, sabendo-se que na
realidade estão separadas por 1115,5 km, em linha reta?
Resposta: A escala é 1:11 500 000 (confirmar a
resposta n a página do Atlas, citada).
4.
Transformação de uma escala gráfica em escala numérica:
Para se transformar uma escala gráfica em escala numérica,
mede-se a extensáo da reta, que representa a escala gráfica num
mapa, a partir de zero para a direita, encontrando-se um certo
número de centímetros (ou milímetros) que equivalerão a um certo
número de quilômetros (ou metros). .
Partindo-se do princípio de que uma escala numérica representa 1 cm (ou 1 mm) é igual a um número x de quilômetros (ou
metros), arma-se uma regra de três, com o número de centímetros
encontrados na reta graduada e o valor real que representa (em
quilômetros ou metros) no terreno.
1.0 Exemplo: Baseado n a pág. 19 do AGE (MEC-1962,
2." edição) - mapa AMÉRICA DO SUL:
Medindo-se a escala gráfica encontramos que 5 cm representam 1000 km:
portanto,
logo, 1 cm = 200 km = 20 000 000 cm,
e a escala numérica será:
1:20000000
2.0 Exemplo: Baseado n a pág. 34 AGE (MEC-1962, 2." edição)
mapa-BRASIL. Norte físico-~olitico:
~ e d i n d o - s ea escala gráfica entontramos que 5,3 cm representam
600 km:
-
portanto,
logo, 1 cm = 113,2 km = 11 320 000 cm,
e a escala numérica será:
1:11 500 000 (por aproximação)
5.
Transformação de urna escala numérica em escala gráfica:
Transforma-se em quilômetros (ou metros) a distância real
representada no 2.0 têrmo da relação de uma escala numérica, e
teremos o valor que 1 mentimetro no mapa vale, na realidade, em
quilômetros ou metros.
Exemplo da folha CABO FRIO:
1: 50 000, onde 1 cm (no mapa) = 500 metros (no terreno).
Após, constrói-se uma escala gráfica, traçando-se um segmento da reta horizontal, subdividido em intervalos que terão o
valor expresso na escala numérica.
No exemplo citado acima, 1 cm = 500 m, podemos traçar a
escala gráfica da seguinte forma:
Exemplo baseado na pág. 38 do AGE (MEC-1962, 2." edição)
- mapa BRASIL. Leste físico-político:
Escala numérica - 1:7 500 000, logo 1 cm = 75 km.
Podemos traçar a escala gráfica da seguinte forma:
ou, também, como abaixo:
O intervalo com o valor de 100 km (como aparece na pág.
38 do AGE) consegue-se, partindo do valor de 1 cm da escala
numérica, da seguinte maneira:
x =
100
x
75
1
= 1,33 cm (valor do intervalo da escala
gráfica = 100 km)
6.
Localixaçáo de pequenas áreas e m escala grande, e m grandes
áreas e m escala pequena:
aste é um exercício que se deve fazer com os alunos para lhes
dar a habilidade de localizar, por exemplo, uma planta de cidade
no mapa do estado respectivo, ou trechos de estados em escala
grande no mapa do país ou continente, em escala pequena. "Mapa
de escala grande, representando trechos específicos, são frequentemente usados em jornais quando se trata de distinguir lugares
importantes", como zonas de terremotos, conflitos, turismo e
outros fatos.
Exemplo: A folha CABO FRIO, 1:50 000, pode ser localizada
na folha RIO DE JANEIRO - SE, 1: 500 000, IBG.
BIBLIOGRAFIA
"Guia Metodológico para Uso do Atlas Geográfico Escolar" - MEC,
1963 - págs. 32-33.
"Curso de Informações Geográficas" - IBGE, 1964 - págs. 185
a 190.
"Curso de Férias para Professores" - IBGE, 1965 - págs. 259 a
261.
"Curso de Férias para Professores" - IBGE, 1966 - págs. 7 a 16
e págs. 20 a 25.
THRALLS,
Zoe A. - "O Ensino da Geografia" - USAID, 1965 - Rio.
CONCEITOS SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA
1.
Introdução
Sendo a Educação um processo dinâmico, qualquer tentativa
de valorizar determinada técnica, nos parece prejudicial, porque
significa mais uma tentativa de estabelecer limites e valores, os
quais poderão rapidamente, se transformar em mais u m a "regra
didática": "se não fizer assim, não está certo.. ." etc.
O conceito de Educação, no mundo objetivo e apressado que
vivemos, não se pode prender a detalhes, limites ou regras que
impeçam as'modificações que a evidência apontar e a experiência
exigir. (1) *
Se não é bom que o processo educativo se limite a uma
hierarquização mais ou menos formal de certas técnicas, é aconselhável também, que excessivo uso de nomenclatura didática
(diferentes palavras significando a mesma coisa), seja devidamente
revisto.
Habitualmente empregamos com objetivos diferentes expressões como técnicas, processos, métodos. Se nos dermos ao trabalho
de procurar o significado dessas palavras, observaremos uma
notável coincidência entre elas. (2)
Sabemos que a maneira de ensinar engloba uma apreciável
soma de conhecimentos, que utilizados para orientar o estudo de
determinado assunto, resulta, simplesmente, num processo de
aprendizagem. Quanto mais adequada for a orientação, mais
atuante será a aprendizagem e mais significativas as informações
recebidas.
Por mais simples que seja o processo, êle adquire outras
pespectivas com o uso: seja a simplificação ou o aperfeiçoamento
I *)
64
As chamadas remetem a bibliografia e ilotas no fim do capitulo.
de acordo com certas exigências materiais e locais. O resultado é
que também o seu campo de ação forçosamente passa a ser mais
amplo, e sua classificação mais variada.
A técnica consiste enfim, no modo através do qual, conseguimos
objetivar claramente o que pensamos. Ela é um meio para se
alcançar determinado fim. Melhor até dizer que a técnica é sempre
o exercício de um método.
E por isso as atividades educativas obrigatòriamente dinâmicas não podem aceitar formalismos seja o da hierarquização de
trabalho ou do emprêgo excessivo de adjetivos, sob pena de comprometerem a objetividade do ensino.
O importante no ensino é compreender o sentido atual da
geografia e desenvolver no ensino um trabalho de aprimoramento;
reformulando conceitos se necessário, inspirando-se em experiências
adquiridas por outros, onde ficou demonstrado seu valor. A imitação puramente mecânica seria insuficiente e até nefasta. É bem
mais interessante pesquisar pessoalmente, os meios que melhor se
adaptarem as condi~õeslocais e elaborar finalmente um plano de
trabalho que melhor convenha as atitudes e aspirações dos alunos.
Trataremos aqui dos métodos de observação direta e observação
indireta, procurando demonstrar a aplicação de um em funcão do
outro. Pois se é certo que os princípios gerais (seja da Geografia
ou da Educação) têm um valor universal, a aplicação dêsses
princípios impõe a seleção de procedimentos e métodos que deverão
aplicar-se a um plano local que procure satisfazer inteligentemente
as necessidades do ensino com os recursos de que dispomos. (3)
2.
Os métodos de ensino da geografia
O ensino da geografia envolve basicamente dois métodos distintos: os que so fundamentam na observação direta que abrange
todas as atividades do campo, e os de observação indireta que
correspondem as investigações realizadas com o material didático. (4)
2.1
Observação direta
Consiste em obter informações geográficas através da observação precisa dos fatos. &te trabalho, compreende três pontos
principais: a observação, a descrição e a interpretação. Segundo
êste método, os alunos aprendem a observar os fatos com precisão
e a desconfiar de generalizações fáceis. Além disso, o trabalho
direto com a natureza, revela diferenças notáveis no modo de
viver dos habitantes de um mesmo país, isto é adaptações ou
reaçóes a ambientes geográficos diferentes.
2 . 2 Observações indiretas
O aluno deve adquirir plena consciência do meio ambiente que
o cerca, e através do método de observação indireta êle vai
começar a compreender as relações distintas naquele -meio ambiente.
S claro que tal atitude será grandemente facilitada quando o
aluno estiver familiarizado com os trabalhos de observação direta,
ou sejam: excursões, trabalhos no terreno, observações e de
interpretações de mapas e gráficos e trabalhos de observações com
diferentes instrumentos.
A observação indireta é o trabalho realizado na sala de aula,
que visa proporcionar as condições necessárias para o perfeito
trabalho na natureza. Assim, é necessário desenvolver a percepção
para as relações geográficas, seja através do mapa, gravuras, dados
estatísticos ou textos. Acresce que esses recursos, são igualmente
empregados quando se deseja que o aluno aprenda a tirar
conclus'óes sobre regiões que são impossíveis de serem observadas
diretamente, por serem distantes.
Através desse método, não será difícil ao aluno definir e
entender conceitos abstratos, partindo de imagens concretas.
Por ex: a gravura de uma rodovia, evocará a atividade econômica
dos grandes centros de comunicações, os quais serão definidos e
localizados.
3.
Conclusão
Não importa a região ou tema de geografia que será tratado
com os alunos, nem o método que se utilize. O mais importante,
antes de tudo, é não esquecer que o ensino da geografia, deve
basear-se em quatro princípios fundamentais:
1 - A GEOGRAFIA ESTUDA ESSENCIALMENTE OS FENÔMENOS VISÍVEIS: a geografia descreve os aspectos
reais e atuais da'superfície da terra. Se interessa também
por fatores "invisíveis" (psicológicos, políticos, religiosos)
na medida em que se explicam fatos visíveis.
2 - A GEOGRAFIA SE PREOCUPA CONSTANTEMENTE
COM A LOCALIZAÇÃO E A EXTENSA0 DOS FENOMENOS QUE ESTUDA: primeiro porque uma de suas
tarefas consiste em "cartografar" o mundo e, segundo
porque nesta análise de localização dos fatos surgem os
problemas e os elementos de explicação.
3 - A GEOGRAFIA ESTUDA COM ESPECIAL CUIDADO AS
RELAÇÕES ENTRE FENÔMENOS E EM PARTICULAR,
AS RELAÇÕES ENTRE FENÔMENOS QUE PERTENCEM A DIFERENTES CATEGORIAS: sem inclinar-se a
favor ou contra o determinismo, a geografia analisa o
jogo de influências recíprocas das condições naturais e
dos grupos humanos.
4 - A GEOGRAFIA DEVE APRESENTAR-SE NOS DIFERENTES NÍVEIS DE ENSINO DE UMA ÚNICA MANEIRA: isto é, como uma ciência atual e prática, como
uma ciência aplicada.
BIBLIOGRAFIA
(1) NEILL, A. S. "Liberdade sem excesso" (1967). Bste extraordi-
nário educador, que pôs em prática, de maneira simples e
direta, os conceitos de educação, revolucionando técnicas
acadêmicas, assim se expressa nesta questão de limitar o
processo educativo: organização onificada é a morte para o
pioneirismo. "Cf. Liberdade sem mêdo" (1960). Ambos os
livros, editados pela Record, S. Paulo.
(2)
Como exemplo, verifique a sinonímia das expressões abaixo
enumeradas; tôdas elas significando uma só coisa: maneira
de ensinar:
1. MEIOS - Processos ou técnicas eficientes para realizar
alguma coisa.
2. MÉTODO - Processo ou técnica de ensino. Modo de
proceder no ensino.
3. PRÁTICA - Aplicação da teoria. Exercício. Rotina, uso
da experiência.
4 . PROGRESSO - Maneira de ensinar. Técnica. Seguimento.
5 . TÉCNICA - Conjunto de processos de uma arte. Prática.
EM RESUMO: Método e processo são semelhantes e são
estatísticos.
(Cf. Enciclopédia do Ensino e Pequeno Dicionário da
Língua Portuguêsa - A. B. Holanda, Cia. Ed. Nacional,
1963).
(3)
Sobre as fontes de documentação no ensino da geografia
veja da Coleção UNESCO na série Programas e Métodos de
Ensino, o livro dirigido pelo Prof. Benoit Bronillette "Método
para o ensino da geografia" - Paris, 1967.
(4)
A investigação geográfica se baseia essencialmente numa
atitude científica diante do conhecimento, isto é: na observa-
ção que mais tarde se fixa por escrito e se interpreta a interpretação pode ser mais uma arte que uma ciência, no sentido
de que muitos fatos observados admitem uma diferenciação
qualitativa melhor que quantitativamente. Norman J. Graves,
na obra citada, pág. 101.
(5)
Veja o capitulo de Normam J. Graves na obra citada (item 3)
sobre o método de observaçáo indireta no ensino de geografia,
onde o autor documenta ao texto, excelentes exercícios
práticos.
GEOGRAFIA ECONBMICA
A agricultura n a faixa tropical - Prof. Orlando
Valverde.
As indústrias no Brasil - Prof. J . Cezar de Magalhães.
As indústrias no Mundo - Prof. J . Cesar de Magalhães.
Relucão entre a estrutura geológica do Brasil e os
minerais - Prof. Othon Henry Leonardos Jr.
Economia mineral do Brasil - Prof. Othon Henry
Leonardos.
A AGRICULTURA NA FAIXA TROPICAL
V ALVERDE
Prof. ORLANDO
A faixa tropical é a zona do planêta que displõe de maior área
de terras; entretanto, seus solos têm sido trabalhados por sistemas
agrícolas (definir) predatórios: uns extensivos outros intensivos
(definir).
Roça
rí: o sistema mais extensivo do mundo.
Denominação nos trópicos :
Milpa, na América Central
Conuco, na Venezuela
Lugan, no Sudão
Tavy, em Madagáscar
Ladang, na Malásia
Taungya, na Birmânia
Rây, no Vietnã
Caifígin, nas Filipinas
- Características: derrubada, queimada, semeadura, colheita.
Abandono após redução da safra. Não usa adubos, nem arado,
nem animais de trabalho.
- Instrumentos: machado, foice, enxada ou bastão de cavar.
- Objetivo da produção: subsistência, daí a adoção de culturas
consorciadas e de ciclo curto. Exceções:
- Produtos comerciais :
- arroz, no Maranhão;
- porcos, no oeste do Paraná e alto Ribeira do Iguape.
- Cultura permanente:
- algodão, no centro-norte de Goiás. Religião e shijting cultivat-
ion.
- Discussão sobre os defeitos do sistema. Conclusão: adaptado
ao meio e a falta de capitais, quando não é ultrapassado um
limite crítico de densidade demográfica. Qual é êsse limite?
- Van Beukering: ilhas externas da Indonésia (família = 5
pessoas, sustentadas por I ha. de cultivo), 50 hab. 1 km2.
- Waibel, planalto Meridional do Brasil (família = 5 a 7 pessoas,
sustentadas por 5 ha. de cultivo), 5 a 13 hab. 1 km2.
- O. Valverde: Bragantina.
Medidas para corrigir seus efeitos perniciosos:
- O taungya - foreitry system (Birmânia, 1851, Dietrich Bradis) ;
- árvores de valor comercial no meio dos ladangs
tais Holandesas).
(fndias Orien-
SISTEMAS ,MONOCULTURAIS
- Culturas voltadas para os grandes mercados externos, das
zonas temperadas: "plantativos" (impérios coloniais).
- Plantation é um grande empreendimento simultâneamente
agrícola e industrial, dirigido por pessoas com cultura técnica,
o qual, com grande aplicação de mão-de-obra e de capitais,
vende um produto agrícola de vultosa demanda, processado ou
semiprocessado, para os grandes mercados. (12, portanto, mais
que um simples sistema agrícola; é uma forma de economia.)
A industrialização acarreta divisão do trabalho e monocultura.
Esta é devida à maquinaria especial cuja, compra e instalação
requerem capital avultadíssimo.
- Conseqüências:
Rápido esgotamento dos solos (donde, necessidade de adubação);
- fragilidade da estrutura econômico-social: sensibilidade extrema aos fatores meteorológicos (ex: geadas no café) ; às doenças
e pragas (o boll weevil ou "coruquerê", nos algodoais nortie-americanos); o mosaico, nos canaviais de todo o mundo) ; as
perturbações políticas (Haiti, Indonésia, Vietnam) ; aos novos
inventos técnicos (açúcar, no Nordeste do Brasil; anil) e às
flutuações de preços nos mercados (algodão no Maranhão) . Daí
resulta uma grande instabilidade das plantations, quer no
tempo (Ceilão, século XIX: canela, café, quinina, chá e borracha) quer no espaço (café, no sudeste do Brasil).
-
- O problema da mão-de-obra nas plantations foi resolvido de
--
maneira brutal, com o tráfico de escravos negros e de coolies
chineses.
Pierre George distingue dois tipos de plantations:
1 - o da especulação espontânea, empreendida pela população autóctone, ou nacional, de um país (exemplos: café,
açúcar e cacau, no Brasil);
2 - o da especulação autoritária, introduzida no meio colonial
pela classe dirigente colonizadora, em seu proveito
(exemplos: borracha, n a Indonésia e Malásia; banana,
n a América Central; açúcar, em Cuba pré-revolucionária) .
Conseqüências do predomínio das do 1.0 tipo: formas precoces
e estáveis de independência política (Brasil, E.U.A.) ; - 2.0 tipo:
intervencão profunda do capital estrangeiro na política interna
do país, daí resultando:
.longa submissão colonial ou semi-colonial (exs: Malásia, Guian a Inglêsa, países centro-americanos) ;
.reações tardias e violentas: Cuba, Indonésia.
JARDINAGEM DE TIPO ORIENTAL
- Culturas nas planícies:
- Junto a casa, horta com abóbora, pepino, plantas condimentares, pomar e amoreiras; cânhamo.
- Nas encostas suaves, culturas sêcas (não irrigadas) : soja, trigo,
cevada, milho alvo.
- Na planície aluvial: arroz de brejo.
Grandes culturas: arroz, amoreira (para sêda), chá, bambu.
Habitat concentrado : aldeias cerradas, por causa dos trabalhos
de irrigação e da defesa.
- Nas montanhas habitadas (ex: Javá), terraceamento para
arroz do brejo:
antieconômico (trabalho humano praticamente sem preço) ;
- focos de malária (viveiros de anofelinos nos interstícios das
pedras das muralhas de arrimo).
- Extremo fracionamento das propriedades:
- China do Norte (culturas sêcas) : 45 acres, em média; (1 acre
= 0,4047 haj .
- baixo Yang-tsê (arroz) : média = 30 acres.
- Japão: mais da metade tem menos de 5 acres;
- delta
do Fonkin (Vietnam do Norte) : em média 1 hectare é
dividido em 6 parcelas.
- O animal como concorrente do homem; aplicação sobretudo de
estêrco humano, trabalho manual.
Tese de Gourou: civilização do vegetal, situação irreversível.
- Reforma agrária chinesa (refutação dessa tese) : a maior do
mundo, afetando 500 milhões de pessoas.
Pragas sociais fora da lei: arrendamentos, impostos, usura.
Medidas imediatas :
- confisco das propriedades dos que não as exploram (menos as
dos camponeses ricos, que vivem do trabalho assalariado) ;
- abolição das dívidas.
- Outras medidas:
- aumento da área cultivada;
- aumento da produtividade :
- seleção de sementes;
- diversificação das culturas (novas espécies) ;
- incentivo à cooperação, sem abolir a propriedade privada;
- industrialização.
- Características do sistema:
- não emprega o arado;
- não emprega o gado (pelo menos, obrigatòriamente) :
- búfalos (pastando nas beiras de estradas, cemitérios e montanhas despovoadas) ;
- porcos, gansos e galinhas;
- cão (comestível nas épocas de fome).
- Emprega estêrco de várias qualidades: humano, vegetal e vasas.
- Esquema teórico:
A agricultura nos trópicos úmidos se resumiria a plantations
e a jardinagem de tipo oriental, ou as roças. Os dois primeiros
com sistemas intensivos de agricultura e sobrecargas humanas;
o último, com vazios demográficos. Todos, entretanto, predatbrios.
Sòmente o primeiro seria uma típica lavoura comercial, porque
dirigida pela técnica da civilização ocidental, de climas temperados.
- Pequena lavoura comercial:
- África:
- Nigéria: amendoim, algodão (e extração de óleo de dendê).
No norte, os Haussá associando a cultura com a pecuária. Contr8le absoluto do comércio comptoirs.
- Kênia: os Kikuyu associando a lavoura a pecuária leiteira.
- Sistemas intensivos de agricultura no Brasil:
AGRICULTURA ASSOCIADA
A
PECUÁRIA
FUMO:
- No oeste do RecÔncavo baiano.
- Em Santa Cruz do Sul (com adubo orgânico e químico, associado à pecuária leiteira).
- O "Cultivo em currais", n a Bragantina e Guajarina.
"SISTEMA PAULISTA"
- Adubação química dos produtos valorizados (algodão, batata
-
inglêsa, amendoim), com outras culturas em rotação, aproveitando o efeito residual da adubação (milho, feijão, mandioca).
Planalto paulista, Norte do Paraná e outros pequenos locais
dispersos.
CULTURAS PERMANENTES, ADUBADAS E IRRIGADAS
- Novas culturas de café, nas zonas velhas, associadas
a avicul-
tura e a pecuária leiteira.
CULTURAS SBCAS PERMANENTES, ADUBADAS
- Pimentais de Tomé-Açu (Pará) :
- solos pobres.
- condições para
o êxito da colonização agrícola n a tierra cali-
ente:
1 - produto comercial valorizado
2 - sistema agrícola racional e intensivo
3 - boa organização cooperativa
4 - acesso ao mercado.
PECUÁRIA
- adaptação das raças bovinas de corte e de leite ao meio tropical.
- A "praga do Oceano índico", o bovino sem valor comercial,
indicativo apenas do nível social.
- Brasil: seleção econômica de raças zebuínas aos pastos tropicais.
CONCLUSÃO
O principal obstáculo ao êxito da colonização agrícola nos
trópicos não depende sòmente de sistemas agrícolas racionais e
intensivos, mas de libertar-se do controle da comercialização dos
principais produtos por grandes firmas estrangeiras.
AS INDÚSTRIAS NO BRASIL
I
-
A evolução industrial
Ao contrário da Geografia Agrária, cuja evolução pode ser
estudada desde os primórdios da colonização quando as primeiras
áreas produtoras de açúcar se estruturaram, a Geografia das indústrias no Brasil é um fato relativamente recente, pois só a partir
do Império começamos a ter realmente algumas fábricas, enquanto
nos períodos anteriores o que existia era a indústria artesanal de
feições essencialmente agrícolas, isto é, o pouco que se elaborava
era produzido mesmo nas fazendas.
Antes que ocorresse na Europa a Revolução Industrial, não
se podia ter no Brasil um processo de formqáo industrial e, mesmo
após a mecanização das indústrias na Europa, a Inglaterra liderou
de tal forma o comércio dos países de estrutura colonial que as
tarifas preferenciais que lhe foram concedidas pelos governos
portuguêses (D. João VI) e brasileiro (império até as Tabelas Alves
Branco) impediam o movimento de indústrias importantes.
Os períodos de evolução industrial brasileira podem ser divididos:
1 - 1850 - 1890 quando surgem as primeiras instalações
de fábricas têxteis e de alimentos, principalmente estas
que tendiam mais generalizadamente ao pequeno mercado consumidor brasileiro.
- quando por influência de capitais inglêses e belgo-luxemburgueses instalam-se respectivamente no território brasileiro frigoríficos e metalúrgicas.
2 - 1918 - 1925
3
- aumentam as indústrias de transfòrmação (usinas de açúcar, frigoríficos e curtumes) e
produção de artigos de largo consumo imediato, fabricados com matéria-prima nacional (tecidos, produtos
alimentares, artigos para fumantes, bebidas, vestuário).
- 1926 - 1931
4 - 1940 em diante - começam a se estruturar em linhas
gerais as bases de um sudeste industrial no qual Rio de
Janeiro e São Paulo exercem papel relevante.
A expansão do mercado interno, provocado pelo crescimento
vegetativo da população e a dificuldade de comerciar com o exterior,
em virtude da Segunda Guerra Mundial, possibilitam a instalação
de numerosos gêneros industriais, inclusive indústrias de base
como as siderúrgicas e outros bens de produção como tornos (1955:
7 000 unidades, 1958: 17 000); aumenta-se para êste parque industrial nascente a importação de máquinas operatrizes (1955: 13
milhões de dólares, 1956: 30 milhões).
Com a melhoria do padrão de vida do homem brasileiro nas
grandes cidades, há correlativamente um aumento nos bens de
consumo, representados por aparelhos elétricos e fios artificiais,
ao passo que a agricultura passa a se entrosar cada vez mais com
as indústrias.
I1
- Fatôres da industrialixaçáo.
O têrmo industrialização deve ser empregado num sentido
restrito e não amplo. Devemos entendê-lo como significando que
a "atividade industrial tende a ser o elemento dinâmico motor da
economia nacional; que a produção se volta essencialmente para
o mercado interno em expansão; que as chamadas indústrias de
base e equipamento têm um desenvolvimento relativamente maior;
que a indústria orienta atividades agrícolas e extrativas, o que
influi enormemente no comércio, inclusive deixando de depender
das matérias-primas nacionais para importar do estrangeiro". (*)
Por esta definição observa-se que as iniciativas industriais
anteriores a Segunda Grande Guerra Mundial, pouco possuíam
de caráter de industrialização, apenas caracterizando-se como atividades embrionárias.
Entre os fatores que propiciaram a industrialização no Brasil
temos :
1 - Fatores Geográficos
a - posição dos portos
b - mão-de-obra
c - matérias-primas
d - transportes
e - energia elétrica
* Estudos para a Geografia no Brasil Sudeste - Grupo de estudos de Geografia de
Indústrias da Divisáo de Geografia do Conselho Nacional de Geografia, in Re14sta Brasileira de Geografia, ano XXV, n.O 2, pág. 163.
I
2
- Fatores de ordem político-financeira
a - flutuações cambiais
b - capitais estrangeiros e nacionais
c - proteçáo oficial a indústria
d - inflação como fator positivo
A posição dos portos como Recife, Salvador, Vitória, Rio de
Janeiro e Santos, faz convergir para as cidades que os abrigam,
indústrias ligadas diretamente a importação, como as refinarias
de petróleo, moageiras, estaleiros navais.
O pôrto do Rio de Janeiro, em especial, servindo como exportador de ouro no período colonial, veio estruturar a primeira área
industrial do Brasil, pois da cidade do Rio de Janeiro partiam os
primeiros caminhos que atingiam as Minas Gerais como o caminho
de Garcia Pais. Mais tarde o café se utilizaria dos caminhos antes
preparados, aproveitando agora as estradas de ferro que os acompanhou em linhas gerais.
A expansão do café pelo vale do Paraíba, propiciou a ligação
ferroviária entre as duas principais cidades do Sudeste que vieram
a constituir os primeiros centros industriais do Brasil: São Paulo e
Rio de Janeiro.
A mão-de-obra disponível provinha do campo, em procura de
melhores oportunidades nas grandes cidades e a medida que o País
se industrializava, maiores eram os contingentes de trabalhadores
a serem requisitados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Ao lado desta mão-de-obra proveniente do campo, a indústria
requisitava, também, operários das próprias cidades, liberadas do
comércio ou dos novos contingentes de população jovem que
começava a trabalhar.
Esta mão-de-obra, ao mesmo tempo que atua como operária,
constitui pela sua expressão numérica, mercado consumidor de
importância, ao lado de outros componentes das funções terciárias.
Além dos fatores acima analisados, três outros, agindo praticamente interligados, vieram a favorecer a industrialização no
Brasil, muito especialmente da Região Sudeste: as matérias-primas, as estradas de ferro e o grande potencial hidráulico, representado pelas quedas e volume de água dos rios que percorrem o
sudeste brasileiro.
Para as indústrias de base, encontramos no Quadrilátero
Ferrífero jazidas de ferro, manganês e calcário que misturados
com carvão mineral ou vegetal, possibilitaram as siderúrgicas do
Vale do Rio Piracicaba, rio das Velhas e as do Vale do Paraíba, em
Volta Redonda. Do ponto de vista das indústrias que utilizam
matéria-prima vegetal, destacam-se as indústrias têxteis que elaboram o algodão cultivado em várias regióes do Brasil.
As estradas de ferro que se ramificaram pela região sudeste,
onde são mais numerosos em função do transporte do café, são
utilizados para o transporte das matérias-primas pesadas e para a
interligação das áreas produtoras com os centros consumidores.
O potencial hidráulico resultante não só do relêvo movimentado do Sudeste e do volume de água abundante, originário das
fortes chuvas de clima tropical, propiciou desde cedo a construção
de hidrelétricas que na primeira fase correspondiam em linhas
gerais a usinas pequenas "a fio de água" e na atualidade, às grandes
usinas com reservatórios imensos como Furnas e Três Marias.
Entre as medidas de caráter oficial e particular que vieram
incentivar os fatores pròpriamente geográficos, temos as flutuações cambiais que atuaram de certa forma positivamente, pois a
queda do cruzeiro, pagava-se menos pelos produtos de exportação,
o que obrigava os produtores a aplicarem dinheiro em atividades
industriais, ao contrário do câmbio valorizado que incentivava a
exportação de produtos agrícolas.
O capital estrangeiro que começou a entrar maciçamente após
a Primeira Grande Guerra Mundial, apresenta duas fases características: a primeira, quando são eminentemente inglêses, aplicavam-se em estradas de ferro, portos, serviços hidrelétricos, frigoríficos e em algumas atividades siderúrgicas isoladas como n a Belgo;Mineira em Monlevade.
A segunda fase representa capitais americanos que se aplicam
preferentemente em indústrias de transformação como refinações
de milho, fabricação de leite em pó, fios plásticos, óleos vegetais
etc. e mais recentemente na indústria automobilística.
Os capitais nacionais, quer os particulares, quer os estatais,
sempre muito insuficientes, estão aplicados em diversos gêneros; o
particular provém especialmente da atividade cafeeira e da vocação
industrial dos imigrantes como Martinelli, Matarazzo ou de um
pioneiro mineiro como Bernardo Mascarenhas em Juiz de Fora.
O capital estatal liga-se à fase intervencionista do govêrno na
economia nazional, arrastando grandes sacrifícios, representados
pela descrença de uma elite acomodada nas iniciativas nacionais
e pelo asfixiamento promovido pela política econômica internacional.
Em campos menos seguros, onde a iniciativa privada considerava os lucros incertos, o Govêrno Federal construiu a Companhia Siderúrgica Nacional, a PETROBRÁS e a ELETROBRÁS etc.
~lkm
da implantacão direta, o Govêrno auxiliou os industriais
brasileiros para que levassem avante os seus empreendimentos
industriais. A êste auxílio, liga-se em parte a política inflacionária,
na esperança de que o dinheiro derramado viesse a ser compensado
pelas novas producóes industriais.
Ainda vamos encontrar nos grandes conflitos mundiais um
fator de aceleração do processo industrial, pois o País não podendo
importar da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte
produtos industrializados, em virtude do bloqueio econômico, procura fabricá-los localmente.
I11 - Localixação e distribuição das indústrias.
O fato industrial caracteriza-se sempre pela concentração,
isto é, sòmente em alguns pontos da superfície terrestre ou do
território dos países é que êle se verifica. O Brasil não foge a regra.
A localização e a distribuição das indústrias se processam
segunda uma hierarquia que vai desde um entrelaçamento muito
dinâmico até um simples núcleo industrial; desta forma temos o
complexo industrial, a região industrial e os centros industriais
conforme a classificação de Chardonnet em Les Grands types des
complexes industriels. (*)
Conforme êstes conceitos e pelos estudos já publicados sobre
as indústrias no Brasil, analisemos em seguida estas diversas áreas.
1
- Complexo industrial da área metropolitana de São Paulo.
Corresponde a uma área externa em torno do núcleo gerador
da cidade de São Paulo, envolvendo os municípios de São Paulo,
Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mogi das Cruzes, Mauá, Cubatão, Guarulhos, Ribeirão Pires,
Poá, Ferraz de Vasconcelos, Franco da Rocha, Barueri e Suzano.
Caracteriza-se pela diversificada quantidade da produção,
havendo dentro do complexo a mais variada presença de gêneros
industriais.
É por excelência um centro polindustrial, isto é, no quai a
mão-de-obra empregada não ocupa isoladamente - num gênero
único industrial - mais do que 50% de toda a mão-de-obra
utilizada no complexo.
Na paisagem industrial distingue-se a localização de estabelecimentos menores na área de São Paulo, enquanto na periferia
da cidade aparecem as grandes fábricas ocupando os subúrbios e
as cidades satélites, pois aí podem seus proprietários obter terrenos
mais baratos; não dificultam, por outro lado o crescimento vertical
da metrópole paulista.
Com exceção do 'gênero editorial e gráfico, essa área do complexo industrial de São Paulo figura em primeiro lugar em todos
* As definiçóes dêstes conceitos estão citadas em nossa aula sobre "Indústria Brasileira e seus problemas" publicada, in "Curso de Informações Geogr&ficas". p&g. 169
180, 1964 e transcrita sem o nosso nome no Curso de Férias para professôres - ano de
1965, pág. 120 - 130.
-
os outros gêneros industriais, reunindo uma massa operária de
mais de 500 000 operários que pode-se deslocar com relativa facilidade por causa do nó ferroviário e rodoviário que a cidade de
São Paulo dispõe, de forma que o movimento pendular operário
é feito entre a capital e os centros vizinhos.
Na área dêste complexo industrial são fabricados tecidos de
lã, fios artificiais, linhas, malhas, produtos químicos e farmacêuticos, plásticos, desinfetantes.
Pelo alto desenvolvimento que a indústria química alcançou,
êste complexo comanda neste setor todas as indústrias no Brasil.
Nas cidades satélites temos a indústria de material de transporte, responsável pela produção de automóveis e auto-peças.
Encontramos a Mercedes Benz, Willys, DKW-Vemag e Volkswagen.
Estas indústrias que estão no A.B.C. compreendem ainda máquinas de escrever e aparelhos elétricos (R.C.A. Victor, Walita,
Arno etc.).
2
- Região industrial
da Paulista no trecho Jundiai-Piracicaba.
Representa um extravasamento da área industrial do complexo
industrial de São Paulo e está ligado a ela pelas modernas ferrovias
e rodovias como, por exemplo, a Estrada de Ferro Santos, Jundiaí
e a Via Anhanguera. Ao longo dêsses eixos e nos centros da própria
região (Jundiaí, Campinas, Americana, Piracicaba) distribuem-se
os gêneros mecânica, química, farmacêutica, metalúrgica etc.
Nesta região que ocupa mais de 50 000 operários, destaca-se,
também, a produ~ãode material destinado a mecanização da
lavoura.
3 - Trecho paulista do vale do Paraiba.
Corresponde a antigos centros têxteis que passaram a receber
novas fábricas como conseqüência de expansão do parque industrial paulista na direção da Rodovia Dutra e da Estrada de Ferro
Central do Brasil. Fábricas modernas são encontradas na paisagem como a Elgin, em Mogi das Cruzes e a Olivetti, em Guarulhos.
4
- Área de Sorocaba.
Corresponde a uma área que se desenvolveu muito com a
produção cafeeira e que em seguida aplicou capitais na indústria
têxtil, passando posteriormente a contar com novos gêneros industriais em função da proximidade de São Paulo.
A medida que nos afastamos de São Paulo e da região SantosJundiaí, penetramos na direção do interior de São Paulo numa
'
área de caracterização agrícola onde as sedes municipais são
muitas vêzes centros industriais, isto é, conforme Chardonnet,
cidades que possuem apenas um núcleo industrial. Avultam nestas
cidades as fábricas de produtos alimentares como os de Barretes,
Araraquara, Jaú, Ribeirão Prêto, Taquaratinga.
5
- Complexo industrial-portuário do Rio de Janeiro.
Conforme se aprecia pela definição, está o Rio de Janeiro na
mesma ciassificação da área de São Paulo e corresponde a segunda
área industrial do País, ocupando mais de 250 000 operários.
Difere essencialmente do primeiro, em virtude de ser um complexo industrial portuário e por ser històricamente a primeira
regiao industrial do País.
uma área que apresenta, também, variada produção e estabelecimentos que vão desde os pequenos até os grandes, ocupando
mais de 1 500 operários.
O desenvolvimento das indústrias ao longo do pôrto possibilitou a instalaçao da indústria petroquímica em Duque de Caxias,
a construção naval em alguns pontos da Baía de Guanabara (Caju,
ilria ao Viana, ilha das Cobras).
O complexo corresponde a área da Guanabara, acrescida dos
subúrbios satélites de Nova Iguaçu, Caxias, São Gonçalo já pertencentes ao Estado do Rio de ~aneiro.
6
- Area industrialixada
do vale do Paraiba.
O aparecimento das indústrias neste trecho deve-se a presença
do importante eixo rodo-ferroviário que une as duas grandes
metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, tendo-se desenvolvido extraordinariamente, em virtude da instalação no vale do
rio Paraíba do Sul, da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta
Redonda que por ser uma indústria de base, está estruturando um
novo complexo industrial em torno da cidade de Volta Redonda e
demais cidades vizinhas.
7
- Zona
metalúrgica de Minas Gerais.
Esta zona difere essencialmente dos complexos industriais do
Rio de Janeiro e São Paulo por ter-se organizado inicialmente com
a indústria de base representada pelas indústrias que puderam
expandir-se em função das imensas jazidas de ferro, manganês e
calcário do Quadrilátero Ferrífico.
As principais siderúrgicas dessa zona são a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira em João Monlevade, a Cia. Ferro Brasileiro
de Caeté, a Usiminas em Ipatinga e a Acesita na localidade do
mesmo nome nas proximidades de Coronel Fabriciano.
Esta área está interligada pela ferrovia Central do Brasil e
por uma moderna rodovia, a Belo Horizonte, que organiza agora
um novo complexo industrial com características de metrópole
poliindustrial.
Esta área industrial se completa com Contagem, Santa Luzia
e Lagoa Santa ocupando o conjunto mais de 30 000 operários.
8 - Zona da Mata de Minas Gerais e trechos
serranos.
fluminenses
(*)
São centros que representam ou a expansão da área industrial
do Rio de Janeiro, ou núcleos de uma velha indústria têxtil instalada com capitais oriundas da agricultura ou de capitais acumulados n a metrópole carioca.
São considerados do ponto de vista de uma classificação industrial, como satélites, e no que se refere aos centros serranos,
a localização das indústrias tem suas causas na abundância de
água para a tinturaria e caldeiras das indústrias e, também, para
a producão de energia hidrelétrica.
A proximidade com o Rio de Janeiro, o clima úmido dos vales
e a qualificação de mao-de-obra de origem européia são outras
causas do seu desenvolvimento industrial.
9
- Área industrial de Cz~ritiba.
Caracteriza-se pela íntima ligacão com o parque industrial
paulista do qual é uma continuação, pois são muitos os capitais
paulistas empregados n a área.
O principal gênero é o da indústria madeireira que emprega
2 305 operários, seguindo-se os têxteis, usinas de açúcar e de álcool,
máquinas de beneficiar arroz, café, e cereais e aIgodão.
Está sendo organizada uma região industrial com espaço geográfico muito semelhante ao paulista, no qual o pôrto de Paranaguá, a semelhança do de Santos, também fica separado do
núcleo maior pela serra do Mar.
A energia elétrica que tem sido até agora muito deficiente,
é obtida em grande parte na hidrelétrica de Guaricana, no vale
do rio Cachoeira.
As ligacões com as outras regiões do Sul do País, São PauIo,
norte do Paraná, Joinvile, Florianópolis, são atendidas mais ren* P ; ~o estudo detalhado de Petrópolis sugerimos o ilosso trabalho: a Função
Indiistrial de Petrópolis, publicado na Revista Brasileira de Geografia, Ano XXVIII, n.0 1,
págs. 19-35.
tàbilmente através de rodovias, uma vez que a ferrovia apresenta
muita morosidade.
10
- Zona industrial de origem alemã e m Santa Catarina: Blumenau, Brusque, Joinvile:
A indústria foi organizada com capitais de pioneiros de origem
aiemã e recebeu mão-de-obra liberada dos campos, aproveitando
a água e a energia elétrica do vale do Itajaí. Seu crescimento se
deve ao nascimento do mercado consumidor brasileiro.
Hermann Hering, Paul Werner, Gustavo Schlosser, Carlos
Renaux são vários pioneiros que possibilitaram o crescimento de
Brusque e Blumenau.
"É preciso lembrar que Blumenau é um dos principais centros
de preparação do tabaco no Brasil, produz a totalidade das gaitas
de boca nacionais, uma parte considerável de acordeões, 20% das
pás nacionais assim como uma parte dos teares de que necessita
e outras máquinas." (*)
---
11
- Area metropolitana de Pôrto Alegre e outras regiões gaúchas.
A industrialização no Rio Grande do Sul vem-se processando
em tôrno de Pôrto Alegre onde se encontram mais de 35 000 pessoas
trabalhando nas indústrias; destacam-se os gêneros metalúrgico,
alimentar, mecânico, têxtil e o ramo dos vestuários.
Uma excelente posição geográfica no estado facilitada pela
influência em toda a bacia do Jacuí-Guaíba através da navegação
fluvial ainda auxiliada pelas ferrovias, além da presença do porto,
possibilitaram a Porto Alegre estruturar uma área metropolitana
com os subúrbios industriais de Canoas e Esteio à qual vêm ligar-se
os centros de Nôvo Hamburgo (material de couro, metalúrgicas)
São Leopoldo e Caxias do Sul (metalurgia, indústria de madeiras,
têxtil), Bento Gonçalves (vinhos).
Mais ao sul, a cidade do Rio Grande especializa-se, juntamente
com Pelotas, n a preparação de carnes para exporta(;ão. No interior
distribuem-se frigoríficos da Armour em Santana do Livramento,
Swift em Rosário do Sul, Cespal em Bagé.
Além destas regiões, duas outras áreas apresentam maior industrialização fora do conjunto do suleste e do sul do Erasil: são
os centros de Recife e Salvador que estão estruturando uma região
industrial em torno de suas cidades próximas e se beneficiando
não só com os novos fornecimentos de energia hidrelétrica de P a ~ l o
* Armen Mamignonian - Estudo Geográfico das Indústrias de Blumenau, in "Revista
Brasileira de Geografia", Ano XXVII, n.O 3, pág. 393.
84
Afonso, mas também com a localização da área em torno de 2
bons portos, aos quais se ligam boas vias de transporte que colocarn
Salvador e Recife em contato com uma vasta hinterlândia.
IV
-
A implantação industrial e seus problemas. (:$)
Se, por um lado, as dimensões continentais do Brasil oferecem
ao processo de desenvolvimento industrial fatores positivos, não
é menos verdadeiro que essa mesma extensão territorial proporciona problemas aos quais se ligam outros de fundo sócio-econômico-político.
cumpre apreciar inicialmente a desarticulação entre a fase
de industrialização e a estrutura social do campo, pois esta impossibilita a aquisição de bens industriais; a desorganização na evolucão industrial é uma conseqüência da juventude do parque
industrial brasileiro, de forma que surgiram certos gêneros sem
que outros os completassem harmônicamente. Por outro lado, as
matérias-primas nem sempre chegam com facilidade até aos centros produtores; o petróleo nacional é insuficiente e há fome de
energia elétrica. Nas fábricas há material obsoleto e a instabilidade
financeira provoca concordatas e fechamentos de emprêsas.
Concluindo sobre a análise das indústrias no Brasil, verifica-se
que o processo de industrialização processa-se no sudeste, onde
encontramos 84% dos capitais aplicados, 84,5% da energia elétrica
consumida e 79% do valor da produção industrial e 73,3 C/c da mão-de-obra empregada no Pais.
Só nos ÚItimos anos, graças a uma política protecionista do
Govêrno, é que o parque industrial brasileiro conseguiu ganhar
maior independência, sendo instaladas indústrias de base como
as de cimento, siderúrgicas e petrolíferas, as quais requisitaram
imensas fontes de energia que estão sendo fornecidas nelas ~ i e a n tescas barragens ultimamente construídas: Furnas, Três Marias,
Peixotos, Barra Bonita e Urubupungá, esta em fase de conclusão.
O processo industrial provoca o gigantismo das aqlomeracões
urbanas de onde parte novo dinamismo industrial que se vai refletir inclusive nas paisagens rurais próximas onde se introduzem
arados, fertilizantes e passa-se a usar técnicas modernas como os
cursos de nível.
Em nosso processo de industrialização náo se pode esquecer
o caráter da economia de país subdesenvolvido que caracteriza o
Brasil; desta forma, nossa indústria é ainda essencialmente de
transformação e seus capitais pertencem na maior parte a emprêsas estrangeiras.
a.
Para melhor análise llesta parte veja-se nossa aula sobre Problemas da Indústria
Brasileira, op. cit. págs. - 169-180.
85
Apesar do esforço da burguesia nacional para ampliar o
parque industrial brasileiro, observa-se que o subdesenvolvimento
econômico do País impede que a maioria do povo brasileiro usufrua
dos bens materiais produzidos pelas indústrias.
'V - Bibliografia
1 - CARNEIRO, José Gonçalves
1965 "Brasil econômico - a Indústria", in "Curso de
férias para professôres" págs. 117-130 - Rio de Janeiro, IBGE - CNG.
2
- GEIGER,
Pedro Pinchas
1965 "As atividades industriais", in "Geografia e Atlas
1lust;rado Delta", Vol. I1 - O Brasil, págs. 272-284,
Rio de Janeiro, Editora Delta S. A.
3
-
MAGALXÃES,
José Cezar de
1961 "Recursos Energéticos", in Boletim Geográfico, Ano
XIX, n.0 161, págs. 195-237 - Rio de Janeiro, IBGE
- CNG.
1964 "A Indústria Brasileira e seus problemas", in "Curso
de Informações Geográficas, págs. 169-180, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.
1965 "Implantação Industrial", in "Grande Região Leste",
págs. 379 a 436, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.
1966 "A Função Industtrial de Petrópolis", in "Revista
Brasileira de Geografia, Ano XXVIII, n.0 1,
págs. 19-35, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.
4 - MAMIGNONIAN, Armen
1960 "A Indústria em Brusque (Santa Catarina) e suas
conseqüências sobre a vida urbana", in "Boletim
Carioca de Geografia", Ano XIII, ns. 3 e 4, págs.-46-82,
Rio de Janeiro, A.G.B.
1.965 "Estudo Geográfico das Indústrias de Blumenau",
in "Revista Brasileira de Geografia", Ano XXVII,
n.O 3, págs. 389-478, Rio de Janeiro, IBGE-CNG.
5 - MATOS, Dirceu Lino de
1958 "O Parque Industrial Paulistano", in "A Cidade de
São Paulo" Estudo de Geografia Urbana, Vol. 111,
págs. 5-98, São Paulo, Companhia Editora Nacional.
6
-
PETRONE, Pasquale
1963 "As Indústrias Paulistanas e os fatores de sua expansão", in. Boletim Paulista de Geografia", n.0 14,
págs. 26-37, São Paulo, A.G.B.
7
-
PETEY, Beatriz Celia C. de Mel10
1964 "Industrializa~ão", in "Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros - Conclusões Geográficas - Principais
problemas d a Geografia do Brasil", Vol. XIII, págs.
451-501. Rio de Janeiro IBGE - CNG.
8
- Vários autores
(Grupo de Geografia das Indústrias)
1963 "Estudos para Geografia das Indústrias do Brasil
Sudeste", in "Revistist Brasileira de Geografia, ano
XXV n.0 2, págs. 155-265, Rio de Janeiro, IBGE CNG.
AS INDÚSTRIAS NO MUNDO
Prof. J. CEZAR
DE
MAGALHÃES
As origens da atividade industrial
Quando estudamos a geografia das indústrias, uma de nossas
primeiras indagações é a de saber porque a concentração industrial verificou-se inicialmente na Europa Centro-ocidental.
Por que não nas terras da bacia do Mediterrâneo? Por que
não na Africa, Asia ou n a União Soviética?
Em cada uma destas partes da superfície terrestre há recursos
minerais e vegetais que oferecem as mesmas possibilidades ou
ainda maiores do que aquelas existentes no ocidente europeu.
Logo, teremos que encontrar outro fator para explicar a primeira concentração industrial.
Observe-se que na Idade Antiga a civilização greco-romana
possibilitava aos povos do Mediterrâneo utilizar a metalurgia,
porém os povos bárbaros que viviam em parte nas terras hoje
industrialmente evoluídas da Europa Ocidental não dispunham
de condições culturais para utilizar os recursos naturais locais que
mais tarde fariam a fortuna da Europa.
Verifica-se mesmo que esta área do mundo exportava minerais
e outros produtos para a bacia do Mediterrâneo. Assim, portos e
caminhos terrestres possibilitavam que os romanos importassem
estanho das Cassiterides já antes visitadas pelos fenícios, estanho
e chumbo da Cornuália, âmbar das costas do mar do Norte e do
mar Báltico.
Por isso, antes de procurarmos as causas do processo industrial e simplesmente nas condições naturais de uma região dzvemos achá-las também no seio de uma civilização do interior do
qual estão os melhores técnicos, os inventores, enfim, o espírito
criador que emigrará para outras regiões por imposição ou por
assimilação.
Desta forma o homem ao realizar as suas migrações levava
para outros cantos uma soma de conhecimentos transmitidos
paulatinamente de povo a povo.
Coube em grande parte aos romanos levar os melhores conhecimentos das civilizações mediterrâneas para a Europa Centro
Ocidental. Na Idade Média, numa cidade onde tiveram grande
influência, Mogúncia, foram encontrados artesãos orientais que
vieram praticar sua arte nesta cidade e nestas áreas latinlzadas.
Com a sedentarização dos povos bárbaros, êles começam a
aplicar melhor a técnica da metalurgia, explorando os centros
mineiros nas montanhas do Harz, do Erzegebirge, do Siegerland
e do Alto Palatinato.
A maior densidade popuIaciona1 numa área relativamente
pequena, n a qual diversos rios paralelos desembocavam no mar
do Norte relativamente próximos como o Reno, o Weser e o Elba,
além do fato de se encontrar a pequena distância do coiitinente
uma grande ilha, a Inglaterra, favorecem a existência de uma
navegação marítima também aproveitada pelos normandos que
vasculhavam as costas da Inglaterra, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia.
As condições particulares de navegação nos dois mares,
Mancha e Báltico e o abrigo para portos em costas recortadas e
nos estuários dos rios, repetiam em grande parte as condições
físicas favoráveis que encontramos n a Grécia e que lhe possibilitaram a expansão colonial grega.
Sempre retirando do desenvolvimento comercial a possibilidade de sua afirmação, a indústria vê nascer n a bacia do Escalda
e no Baixo Reno um primeiro setor industrial dependente de
matérias-primas da Europa Temperada.
Forma-se, então, a conhecida região industrial de Flandres
que trabalha com lã importada da Inglaterra, madeira do Alto
Reno, materiais de construção procedente do Médio Reno e mineral
do Harz.
A indústria que se organizou em corporações, recebia contribuições não só da Europa do Norte (âmbar e peles) mas também
os produtos mediterrâneos e orientais que chegavam do sul. A
localização fazia-se em função das praqas comerciais ao largo da
rota do Mediterrâneo, isto é, ao longo das vias que cruzavam a
Europa, assim como nos terrenos mineiros das montanhas e em
alguns territórios especificamente agrários dedicados a criação da
ovelha e ao cultivo do linho.
Um mapa (*) da Idade Média mostra como estavam distribuídos os centros comerciais e industriais ora em análise.
As matérias-primas empregadas são a lã, a sêda, a linha e o
fustão.
1x1
Prodotti industrie e comc-rci dell'Italia, Francia, Inghilterra
Medio Evo, zn "Atlante Storico I1 - Medio Evo, pág. 14.
e Europa centrale
--
Os principais centros produtores de lã estão na Inglaterra e
na França, cujas principais cidades são York, Londres, Bruges,
Gand, Antuérpia. A lã é encontrada ainda no nordeste italiano
em tôrno de Pisa e Livorno; ao norte, em Milão e Parma e no Médio
Reno, nas proximidades de Colônia.
Ao contrário dos centros produtores de lã mais concentrados,
vamos encontrar diversos centros de sêda espalhados pela Europa
continental, Florença, Bolonha, Milão, Veneza, Beauçaire, Lion,
Tours, Augsburge, Ulm, Nuremberg, Colônia.
O linho é fabricado especialmente em Constança (Suíça),
Duisberg, Osnabruek, ainda n a Flandres e na Prússia litorânea,
em Braunsberg.
Centros de mineração de ferro são encontrados nas encostas
meridionais dos Alpes, nas proximidades do Ruhr, a prata apresenta uma distribuiçáo muito espalhada nos maciços enquanto
o carvão é assinalado na bacia do Ruhr.
Bstes núcleos industriais já possibilitam, portanto, antes de
1453, uma indústria artística variada, centros bancários como na
Flandres, comércio de grãos, construção naval, comércio de peles
e vidraçarias.
As relações entre a Itália do Norte, desde então a mais industrial, e a Europa Ocidental, são feitas por vias comerciais que
atravessando os Alpes atingem o vale do Ródano e daí ao do Sena,
o vale do Reno e do Danúbio. Ao longo dêsses rios localizam-se as
feiras comerciais que duram às vêzes 45 dias, como as da região da
Champanha e que possibilitam as trocas comerciais e industriais
entre norte e sul do Continente.
Com o dinheiro acumulado, proveniente do artesanato da
Idade Média reunido às grandes somas que foram colocadas na
Europa Ocidental, provenientes do ouro e prata trazidos do novo
continente, gera-se o capitalismo e êste proporcionará a Europa
e ao mundo uma revolução econômica.
Ble será o responsável pelas invenções mecânicas que ocorrem na Inglaterra e cujo início vamos encontrar n a aplicação do
vapor de água para movimentar os teares.
As invenções de Watt, Cartwright, Papin etc. correspondem,
portanto, a uma pressão do dinheiro sobre a estrutura econômica
de então já tornada obsoleta.
Londres como foco do comércio marítimo, a estabilidade política da Inglaterra, os recursos em carvão e ferro e a umidade do
clima inglês favorável à tecelagem possibilitaram a Revolução
Industrial na Grã Bretanha.
As indústrias deixam de ser locais para se tornarem regionais,
nacionais e internacionais e quanto à localização adquirem maior
independência, pois sendo movidas à água ficavam n a estrita
dependência do rio e agora com o vapor de água podem ficar mais
afastadas dêle, e mais tarde com a eletricidade, a libertação será
quase total e a localização passará a ser em função da mão-de-obra
e dos mercados consumidores.
Com a Revolução Industrial surge no mundo a era moderna
da industrialização. Da Europa Ocidental parte para os demais
continentes o fluxo industrial. Mais uma vez a experiência contida
nos valores culturais da huma.nidade irá realizar uma viagem para
possibilitar a ampliacão do fato industrial.
As caracteristicas das grandes regiões industriais
As regiões industriais em todo o mundo apresentam o que
Erich Otrembra (*) chama de estilo industrial, isto é, individualidades que as diferenciam entre si e cujas causas são dadas por
êste autor como: combinacão de diferentes elementos estruturadores do espaço industrial, sociedade industrial, magnitude da explotacão, recursos técnicos, amor ao trabalho e finalidade.
1
- Regiões industriais da
Europa ocidental
Estas áreas que compreendem países como a Alemanha,
França, Itália, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, caracterizam-se pela suficiência de energia hidrelétrica, mas possuem
escassas fontes de matérias-primas minerais, pois se há abundância
de carvão na Alemanha, falta contudo, na Franca e o petróleo,
que corresponde a uma nova fonte moderna no processo industrial,
é importado na maior parte de outros continentes.
Há uma sólida relacão de dependência de matérias-primas
agrárias e industriais em virtude do alto grau de técnica que tanto
a agricultura como 11 indústria alcancaram através da evolução
histórica da Europa.
Êste estágio de adiantamento técnico reflete na mão-de-obra
que apresenta forte luta para alcançar uma oportunidade de trabalhar e uma vez obtido emprêgo êste tem que ser realizado com
o maior amor, pois isto constitui não só uma garantia de sobrevivência para operário como a própria sobrevivência da indiístria
européia que luta contra a concorrência externa, graças à sua
qualificação. Esta luta conduziu a um alto grau de racionalizacão
na produção e a um sentimento de rígida observância do tempo
para a maior produtividade.
A qualificação da mão-de-obra da Europa Ocidental é o resultado de uma longa vida histórica como apreciamos anteriormente
e que possui seus alicerces na formação artesã e na capacidade
de invencão e apurada técnica.
E i i c h Otrember - Geografia Geneial Agiaria e I n d u s t r i a l , pág. 277.
Uma pequena área geográfica habitada por diversos povos e
uma densidade populacional que é uma das maiores do mundo,
exigiram para que o processo industrial triunfasse nessa parte do
mundo que houvesse uma participação importante da organiza650
do trabalho e de distribuição das fábricas de forma que papel saliente neste setor tiveram as corporaç8es da Idade Média e ainda
da Idade Moderna e apos a sua abolição com a introducão do liberalismo economico chegou-se a uma gigantesca associaçgo onde
se assinalam uma diversidade de produção industrial que tende
cada vez mais a concentração espacial em virtude da concentração
financeira das emprêsas. Nesta concentração, lugar especial vem
cabendo a planificação, controlada por uma autoridade superior
que pode ser os dirigentes das emprêsas, o Govêrno ou instituições
extranacionais como o M. C. E. e a C. E. C. A.
Neste sentido procura-se uma localização que seja atendida
por uma rêde de transporte cada vez mais eficiente que possibilite
não só abastecer maiores massas humanas, como possibilitar deslocamentos pendulares de operários de cidade a cidade, região a
região, país a país.
A harmonia da indústria dentro do espaço econômico é a
finalidade ansiada. Mantêm-se a planificação do espaço e o respeito A paisagem para conservar ou para fomentar esta harmonia
em consonância com a capacidade industrial e evitar uma situação
de desequilíbrio.
Esta harmonia necessita ser testada a cada momento, em
virtude da amplitude do fato industrial no mundo e também em
função da evolução da técnica, isto é, há necessidade de manter
e conquistar novos mercados, introduzir máquinas mais modernas
nas fábricas e atender a substituição histórica das fontes de energia, passando-se do carvão para o petróleo, o que exige a colocação
de refinarias no litoral ou junto aos rios que comportem tonelagem
pesada como é o Reno.
2 - Regiões industriais norte-americanas
Caracterizam-se por ser uma criação européia, isto é, representam um transbordamento do processo da Europa Ocidental
mas apresentam individualidades marcantes que têm suas origens
nas condições físicas do novo Continente e no caráter essencialmente jovem da população norte-americana.
As bases em matérias-primas, principalmente de recursos
minerais são muito mais ricas que as da Europa, principalmente
em petróleo e ferro, mas em virtude da grande expansão que vem
alcançando a indústria norte-americana, há importação de países
da América Latina como a importação de petróleo da Venezuela.
Êstes recursos gigantescos aliados a potencialidade demográfica conduzem esta indústria a possuir um pessoal que não se
detém diante de nada, apenas se preocupando com o lema "Time
is money".
Mas como não houve tempo histórico suficiente, a base social
é inferior a européia, pois não foi trabalhada pacientemente no
artesanato como aquela; disto resulta que a preparacão dos produtos não alcança a qualificação dos países europeus, vence-se
pela quantidade para vender ao mundo inteiro; desta forma, há
uma montagem em cadeia. Pierre George (:I:) sintetiza muito bem
' êste novo estilo industrial no mundo:
" a indústria americana é o resultado de uma formidável
improvisação num meio novo, desprovido de tradição
comercial e de artesanato local, onde a audácia aproxima-se do banditismo e onde quedas estrondosas frequentemente concluíram aventuras prodigiosas".
Com a finalidade de se atingir a uma grande produção, deu-se
ao operário o método de Ford, no qual não se pede ao mesmo que
pense para produzir, pois há outros encarregados disto; a êle
pede-se apenas que produza.
A produção é obtida por um baixo custo no que se refere a
obtenção de matérias-primas, sendo isto conseguido graças ao
excelente grau de mecanização; desta forma, o minério do lago
Superior (Mesabee) é extraído a céu aberto por possantes escavadeiras, o que elimina o custoso processo das galerias; outra vez
será beneficiado por ocasião de seu transporte, pois a navegação
lacustre em direção aos altos fornos das margens do Eriê e da
Pensilvânia
é mais barata que o transporte ferroviário.
Outra característica da produção norte-americana, vista em
caracteres globais, é que n a Europa a agricultura adquire uma
forma de base alimentar, isto é, procura-se obter os produtos perto
dos centros consumidores, enquanto na América do Norte a agricultura assume aspectos essencialmente industriais, isto é, produz-se longe para abastecer mercados distantes: isto decorre da grande
área dÕ país, diversa, portanto, da pequena área da ~ u r o f aOcidental.
Finalmente quanto à loca;iza@o das indústrias norte-americanas, deve-se notar cjue ela pode expandir-se daquele primeiro
núcleo do nordeste para áreas ao sul da bacia do Mississipi, para
o sudoeste, para o litoral do Pacífico, para a Região dos Grandes
Lagos. Há, em virtude do vasto território norte-americano, certa
descentralização, enquanto a indústria da Europa Ocidental, pelo
seu pequeno espaço, orientou-se para forte concentração.
*
Pierre George
-
Geografia Industrial do Mundo, págs. 67-68.
3
- Regiões industriais soviéticas
Embora sendo mais recentes que as norte-americanas, derivam
como aquelas de um extravasamento do núcleo primitivo europeu-ocidental.
Diferem essencialmente dos outros estilos industriais, pois,
enquanto a América e Europa ocidental giraram com o seu capital
em moldes de sistema capitalista, na Europa Oriental a indústria
foi estruturada em bases socialistas, abolindo-se a tradição e a
iniciativa privada, esta inteiramente substituída pela direção
estatal.
Há igualmente, como no agrupamento norte-americano, uma
sólida base de recursos naturais, mas ao contrário dêle, o nível
de vida da população é baixo, a fim de se aproveitar melhor a
inversão de capitais na produção de base e de material de guerra,
pois, a URSS teve que enfrentar a agressão nazista e faz face
atualmente aos imprevistos da guerra fria.
Diversamente da Europa Ocidental, existe falta de harmonia
n a estrutura e no espaço, isto é, as indústrias não estão ainda
sòlidamente relacionadas e uma área geográfica apresenta grande
diversidade de potencial em relação a outra, de forma que há
grandes emprêsas nas zonas de máxima concentração, correspondentes aos velhos núcleos europeus não anteriormente industrializados como o núcleo de Moscou.
Em virtude dos amplos espaços, ocorreu um movimento dinâmico em direção ao leste, procurando equilibrar o espaço industrial
soviético.
4
- Regiões industriais asiáticas meridionais e orientais
Caracterizam-se pelas formas próprias de explotação e pelas
formas modernas européias, isto é, a um longo passado de indústria artesanal veio superimpor-se a Revolucão ~ndustrialEuropéia.
As grandes massas demográficas asiáticas não se caracterizam,
até as conquistas européias, por movimentos comerciais que fizeram, por exemplo, a fortuna da Europa Ocidental; elas eram essencialmente caseiras e na Índia e China havia íntima união de
economia agrária com a industrial, sendo esta união representada
pelo )algodão e pela sêda. Em cada casa rural a roça era o símbolo
do estilo industrial artesanal.
Ao lado desta generalizada atividade, o sentimento artístico
era altamente cultivado e os povos asiáticos, principalmente o
chinês, passaram a ter grande preocupação com as obras de detalhe, feitas com cuidado e paciência.
H satisfação eeonomica não é o que interessa mais, de forma
que o valor do trabalho e medido pelo tempo invei'cido e não pelos
benefícios materiais trazidos.
Os produtos manufaturados: bordados, fazendas, tapeçarias,
pinturas em laca, porcelana, atendiam a soberania feudal imperante e aos ricos comerciantes que se encarregavam da circulação
dos produtos.
Os resultados da Revolujão Industrial vêm-se sobrepor a esta
estrutura, primeiramente no Japão, após a abertura, a força, de
seus portos aos ocidentais e depois na China e india com os
inglêses.
A localização passa a ter valor fundamental em função dos
princípios tradicionais de procura de matéria-prima, enquanto
antes o artesanato estaya espalhado pelo campo diferentemente
da Europa medieval quando era em grande parte urbano.
5
- As regiões industriais coloniais
Quando escasseiam na Europa os recursos em matérias-primas
e quanao a concorrência entre os prcdutores os obriga a procurar
e abrir novos mercados, surgem para os países da América Latina,
África e Ásia uma oportunidade de industrializacão.
O processo industrial entrará enião em contacto com povos
nativos que vivem em economia de troca.
Corno não interessam realmente às matrizes que exportam
capitais, o desenvolvimento industrial destas áreas no sentido de
sua independência economica, as indústrias que se instalam têm
por objetivo obter a primeira, industrializacão das matérias-primas
com a finalidade de exportá-las pzra as áreas altamente industrializadas. Neste sentido, as empresas têm suas sedes nas matrizes
e são dirigidas por especialistas que estão nas grandes cidades
mundiais ou que são enviados às filiais.
Há realmente um forte desequilíbrio na estrutura, pois não
existe uma sequência entre os gêneros e ramos industriais, pois
há as fábricas de transformação mas não existe muitas vêzes a
de meios de producão.
A mão-de-obra recrutada entre emigrados do campo ou nas
cidades ressente-se de especializaçáo e como é abundante e mal
paga, justifica a instalação de novas fábricas em países tropicais
e subtropicais.
Nos países de estrutura comercial agrária alimentada com
a exportacão de um produto rei como café, cacau, borracha,
acumularam-se alguns capitais que possibilitaram o aparecimento
de um parque industrial que se desenvolve principalmente por
ocasião de grandes guerras mundiais, pois, aproveita-se da impos-
sibilidade do abastecimento de produtos pelas grandes áreas industriais. Nesta ocasião vendem artigos de consumo e com os capitais
adquiridos procuram investir nas indústrias de meios de produção.
Nestes países, tem capital importância a orientação que seus
governos tomam, pois, sem um esforço sobre-humano não há saída
para o subdesenvolvimento.
A principal característica econômica é o atraso geral do nível
de vida da população, especialmente daqueles que contribuem com
seu esforço para a prosperidade dos industriais, os operários.
O processamento de novas relações industriais n o mundo contem-
porâneo e suas resultantes.
Com a irradiação do movimento industrial da Europa Centro-ocidental para o oeste, atingindo a América do Norte, para leste,
penetrando na atual União Soviética, para a Ásia, alcançando o
Japão e ainda em direção a algumas áreas esparsas do mundo
subdesenvolvido ou ainda especialmente para a Austrália, vieram
surgir relações novas que interessam a localização das indústrias,
a sua estrutura em função das técnicas mais aprimoradas e das
novas fontes de energia e ainda a sua organização financeira propiciando a existência de concentrações verticais, horizontais e a
constituição de monopólios.
Apesar de o fato industrial sobre toda a superfície terrestre
apresentar-se com características de concentração em relação as
outras atividades econômicas, êle se dilatou de seu foco original
em direção as regiões acima indicadas.
A principal característica atual do processo industrial é a
concorrência que obriga cada região a se especializar para enfrentar os mesmos mercados ou defender um dêles anteriormente
conquistado das investidas de um novo produtor. Neste sentido a
luta oferece, as vêzes os resultados mais negros para a humanidade, a Guerra. Desta forma surgem problemas para os países
industriais. A Inglaterra, por exemplo, que iniciou a Revolução
Industrial, despovoou de tal forma seus campos em função dos
novos centros urbanos que surgiam, que hoje, de cada 100 inglêses
econômicamente ativos, sòmente 6 vivem do trabalho da terra,
de forma que a venda de produtos industriais para garantir o
abastecimento de gêneros alimentícios adquire para êste país um
caráter de luta pela sobrevivência, sobrevivência esta tanto mais
difícil quanto mais tem que enfrentar a concorrência alemã, americana e japonêsa. O carvão, que a fêz potência no século XIX,
caiu demasiado n a exportação; vários países do mundo produzem
tecidos de algodão, o que redundou no fechamento de várias
fábricas nas cidades inglêsas.
O equipamento moderno da América e condições favoráveis
da produção de ferro fundido e de aço do Ruhr dobraram a fabricação de metais e as indústrias secundárias inglêsas ligadas a
metalurgia e à tecelagem como olarias, tinturarias, fábricas de
máquinas de tear e fiar sofrem com esta queda.
A fim de manter a liderança industrial, os velhos países
industriais da Europa instalam novas indústrias como, por exemplo, a mesma citada Inglaterra que criou no sul do país e no
nordeste indústrias químicas baseadas no petróleo, ainda indústrias
automobilísticas, aparelhagem elétrica etc.
Quando a defesa não se torna suficiente apenas com a criação
de novas indústrias, proporcionam acordos de que resultam os
monopólios, as instituições que suspendem as fronteiras economicas como na Europa Ocidental industrial.
No fim do século XIX, a economia capitalista européia é
uma economia de mercados nacionais e internacionais e registra
os primeiros meios de superprodução. A concorrência se transpõe
sobre o plano de rivalidade econômica entre estados, implicando
numa pressão crescente das direções econômicas sobre o aparelho
político do govêrno dos estados.
Uma das formas para eliminar a concorrência é a formação
dos monopólios que permite às grandes empresas afastar dos
mercados os mais fracos ou ainda absorvê-los.
BIBLIOGRAFIA
1 - CHARDONNET,
Jean
- 1953 - "Les Grands Types des Complexes Industriels" - 193 págs., Paris, Librairie Armando Colin.
2 - GEORGE, Pierre - 1952 - "Geografia Industrial do Mundo",
119 págs., Coleção Saber Atual, São Paulo, Difusão
Européia do Livro.
1956 "Précis de Géographie Economique", 402 págs., Paris,
Presses Universitaires de France.
3 - GOLDENBERG, Carlos - 1966 - "Regiões Industriais" in
"Curso de Férias para Professôres", págs. 170-186 Rio de Janeiro, IBGE - CNG.
4 - LAJUGIE, Joseph - 1959 - "Os Sistemas Econômicos" 138 págs., Coleção Saber Atnal, São Paulo, Difusão
Européia do Livro.
5 - M. O z o u ~e PH. P INCHEMEL - 1961 - "Géographie", Classe
de Seconde, 319 págs., Bourges, Fernand Nathan.
6 - OTREMBER, Erich - 1955 - "Geografia General Agrária e
Industrial" - 420 págs., Barcelona, Ediciones.
RELAÇÃO ENTRE A ESTRUTURA GEOLÓGICA DO BRASIL E
OS MINERAIS
J UNI OR
Prof. OTHON HENRY LEONARDO$
Existe um velho ditado inglês sobre minério que diz: "O
minério está onde êle está". De um certo modo êle implica em que
a causa do minério se encontrar em um lugar, é indecifrável. Modernamente, os geólogos têm-se empenhado nas jazidas minerais.
Por que o minério está onde êle está? Os controles estruturais-estratigráficos são sem dúvida decisivos na localização do minério.
Êles ~ o d e magir isoladamente ou associados a contrôles físicos e
químicos, que, por sua vez, dividem-se em controles regionais ou
de detalhe.
CONTROLES REGIONAIS
MOVIMENTOS OROGÊNICOS. A grande maioria dos depósitos
minerais ocorrem em regiões que foram berço de movimentos orogênicos (p.e. Urais). Nestas regiões ocorrem espêssa sedimentação,
movimentos crustais, falhamentos e instruções de rochas ígneas
que trouxeram os fluidos mineralizantes. No Nordeste do Brasil
a área de dobramentos do Xisto Seridó tem produzido depósitos
de tantalita, columbita, scheelita, cassiterita, berilo etc.
INSTRUÇÕES MAGMÁTICAS. Como as instruções magmáticas
são as fontes das soluções mineralizantes, é evidente que, em
escala regional, estas instruções são localizadoras de minério.
ROCHAS MAGMÁTICAS E MINÉRIOS ASSOCIADOS
Tipo de rocha
Granito e pegmatito
Minério Associado
Tungstênio
Estanho
Granodiorito e
Tonalito
Cobre
,Molibdênio
Exemplo
Prov. da Borborema
Ipameri, Go; Rondônia
Chile, EUA
Climax, Colorado
Gabro - Norito
Diabásio ( ? )
Rochas alcalinas
Carbonatitos
Peridotito-Piroxenito
(Serpentinito)
Kimberlito-Eclogito
Cobre
Prata, Cobalto
e Níquel
Zircônio
Nióbio e Tório
Cromo,
Níquel e Amianto
Diamante
Caraibas, Bahia
Cobalt, Ontário
Pocos de Caldas,
MG
Araxá, NIG
Niquelândia, GO;
Liberdade, MG etc.
África
FALHAS R E G I O N A I S . As grandes falhas regionais servem de con-
duto das soluções mineralizadoras (p.e. sistema de falhas do
Mother Lode of Gold, Califórnia, EUA.)
GEOSSINCLINAIS. Geossinclinais são cinturões móveis entre
massas rígidas continentais (V. Krumbein e Sloss. 1958) onde
espêssa acumulação de sedimentos é seguida por levantamento,
dobramento, falhamento e invasão de corpos niagmáticos. Assim
a associacão de depósitos minerais com montanhas é uma associação com pretéritos geossinclinais. Os geossinclinais são também
locais de depósitos sedirilentares importantes. A delimentacão dos
geossinclinais brasileiros é de suma importância na pesquisa de
depósitos minerais e, felizmente, já começa a ser revelada através
dos trabalhos do geógrafo e geólogo Fernando F. M. de Almeida.
Aos geossinclinais, estão frequentemente relacionados cinturões de
serpentinito, com jazidas importantes de níquel, cromo, cobalto
cobre, platina e amianto (p.e. cinturão de serpentinito na zona
central de Goiás, com concorrência significativas de amianto e
dos metais acima mencionados, salvo platina).
Muitos depósitos seciimentares econômicos são encontrados em bacias de deposi~ãode escala muito
menor que os geossinclinais, Tais bacias delimitam camadas de
carvão e minérios de ferro, manganês, fosfato, enxofre, sais, argilas
etc. No Brasil os depósitos de óleo estão relacionados a estas bacias.
BACIAS DE DEPOSIÇÁO.
INCONFORMIDABE. Superfícies de erosão indicadas por inconformidade são lugares favoráveis a depósitos de bauxita, ferro e
manganês.
Os contrôles de detalhe são os
responsáveis diretos por o rniiiério "estar onde ele está". Abertura
nas rochas, intersecáo de falhas, zonas de brechiacão, cobertura
impermeável numa camada porosa etc. são exemplos de estruturas
de detalhe que servem de localizadores diretos de depósitos minerais.
CONTR O LES DE DETALHE.
/
OS DEP6SITOS MINERAIS E AS ESTRUTURAS BRASILEIRAS
Graças a contribuição recente no campo da tectônica de
Fernando de Almeida, Wilhelm Kegel e outros, tem sido possível
delinear as principais feições estruturais que se relacionam com
a mais importante época metalogenética no Brasil. Tal época coincidiu com a Orogenia Assíntica ou Baikaliana e se efetivou até o
início do Neogênico, quando se deu a cratonização dos geossinclinais e paleozóicos. A definição tão precisa quanto possível dêstes
geossinclinais apresenta chave sòmente para o conhecimento da
evolução da plataforma brasileira como também seleciona áreas
promissoras para a pesquisa de jazidas minerais.
Segundo Fernando de Almeida (1967), as faixas orogênicas
Baikalianas do centro-oeste brasileiro assinalam uma generalizada
oocrrência de ouro. Sua zona axial, em Goiás, apresenta mineralização de estanho e se relaciona as instruções ultrabásicas que
são representadas por um cinturão de serpentinitos que se estende
por mais de 500 km. Esta faixa é mineralizada com níquel, cobre,
cobalto e cromo além de constituir a mais importante faixa de
amianto no Brasil. As bordas dos cratons do Guaporé e do São
Francisco apresentam grandes concentrações detríticas de diamante e parecem possuir significante mineralizqão de chumbo,
zinco, cobre, vanádio, como indicam os detritos mineiros de
Januária e Vazante.
A última fase metalogenética no Brasil está relacionada com
a reativação Wealdeniana (V. Almeida, 1967) que se manifestou
até durante o Terciário com instruções de rochas alcalinas. A
estas, minérios de nióbio, zircônio, urânio e tório e jazidas de apatita e bauxita estão associados. No Nordeste do Brasil invasões
marinhas e vulcanismo básico-alcalino foram conseqüências desta
reativação. As invasões marinhas deram origem a jazidas de
calcário, salgema, sais de potássio, gêsso e fosforita enquanto o
vulcanismo foi responsável pelas jazidas de bentonita de Campina Grande, formada possivelmente pela alteração de cinzas
vulcânicas.
LEITURA RECOMENDADA:
ALMEIDA, F. F. M. de (1967) - Origem e Evolução da Plataforma
Brasileira. Conferência pronunciada na Soc. Bras. Geol. em
18/1/1967. Rio de Janeiro (no prelo).
BATEMAN, A. M. (1955) - Economic Mineral Deposits, John
Wiley 2nd ed.
FRÓES ABREU, S. (1960) - Recursos Minerais do Brasil. Min. Trab.
Ind. Com. Inst. Nac. Tec., Rio de Janeiro.
KRUMBEIN, W. C., and S ~ o s s ,L. L. (1958) - Stratigraphy and
Sedimentation. Freman and Co.
NEWHOUSE, W. H. (1942) - Ore Deposits as Related to Structural
Features. Princeton, University Press.
ECONOMIA MINERAL DO BRASIL
Prof. OTHON H ENRY LEONARDO
A cobiça dos metais e pedras preciosas levaria os aventureiros
europeus a se apossarem cedo das terras do Novo Mundo. A colonização do México e do Peru no século XVI é motivada pela prata
dos Astecas e pelo ouro dos Incas. Outro teria sido o panorama
político do Brasil se Américo Vespúcio, ao constatar com os nossos
Tupis e Tapuias, que não havia aqui "nem ouro", nem prata, nem
coisa de "metal".
Esta assergão é válida para os primeiros tempos coloniais até
que entradas descobrem nas quebradas do Espinhaço, o ouro
acumulado pelas águas correntes no decorrer da história geológica. E como os bandeirantes se deixavam levar tão-sòmente pela
ambição, ignorando as bulas de Alexandre VI, empurram o Meridiano de Tordesilhas até as águas andinas. Sem o ouro, o Brasil
teria atravessado os séculos sem conhecer nada mais que a sua
periferia.
Toma-se a carta geológica e logo a primeira vista ressalta
que as grandes linhas de penetração e a conquista de Minas Gerais,
Bahia, Goias e Mato Grosso correspondem exatamente as faixas
proterozóicas mineralizadas. É sobre os alinhamentos das séries
Minas e Lavras que se desenvolvem os distritos auro-diamantíferos
balisados pelas vilas setecentistas de Sabará, Ouro Prêto, Mariana,
Sêrro do Frio, Tejuco, Grão Mogol, Paracatu, Santa Luzia, Vila
Boa de Goiás, Traíras, São Félix, Cuiabá, Poconé, Cáceres, Diamantino etc.
Vale recordar com Stefan Zweig que, durante o fastígio da
mineração do ouro e do diamante em meados do século XVIII
Minas Gerais, Vila Rica e Vila do Príncipe fascinavam o mundo
pela prodigalidade de suas lavras, enquanto Nova York não tinha
ainda qualquer expressão geográfica. A história confirmaria,
porém, que é efêmera a riqueza baseada unicamente n a indústria
extrativa. Assim, as mil toneladas de ouro e as arrôbas de diamante
arrancadas pelos faiseadores e grimpeiros de nossos aluviões n a
fase colonial, serviriam apenas a glória de Pombal, a reconstrução
de Lisboa após o terremoto de 1755, e às orgias estéreis do Rei
Fidelíssimo. Não se cogitou de, com êsse ouro, construir indústrias
ou uma única universidade no Brasil. Queimam-se os teares brasileiros e fechem-se as escolas - ordenava D. Maria I, a Louca!
Tremendo é o contraste, neste sentido, entre a evolução do
Brasil e a dos Estados Unidos. Tiveram os americanos a ventura
de só descobrirem o ouro do Oeste após a independência. E, com
seu pragmatismo calvinista, souberam aproveitá-lo no erguimento
do mais vasto império econômico.
Na realidade, outros fatores que convergiram para o desenvolvimento espetacular da América do Norte na segunda metade
do século XIX não aparecem em nosso quadro geográfico. Os
aspectos fisiográfico e climático formam entre os mais importantes.
Três costas e extensíssima rêde de rios navegáveis facilitam
o acesso às grandes planícies drenadas pelo Mississipi, Missouri
e Ohio. Nelas se localizam, ao lado das faixas do carvão e do petróleo, os cinturões do trigo e do milho responsáveis pela fartura
americana. Climas análogos permitiriam a fácil transferência dos
suecos, holandeses, inglêses, franceses, italianos, espanhóis e portuguêses para as áreas homólogas ultramarinas.
I3 óbvio que o escandinavo que se fixou no Minnesota de modo
algum poderia ter vindo ocupar o vácuo que até hoje caracteriza
a hiléia amazônica!
Não só o Brasil tropical mas toda a faixa que dá a volta do
planêta entre os círculos de Câncer e de Capricórnio resistiu a
implantação de civilizações mais avançadas, como as conseguidas
no Canadá, África do Sul, Sul da Austrália e Nova Zelândia.
A pobreza dos solos tropicais é bem conhecida. Calor excessivo queimando todo o humus. Solos lixiviados ao extremo pelas
chuvas abundantes e mal distribuídas: aguaceiros estivais altamente destrutivos, seja pela erosão que provocam nas encostas,
seja pelas inundações nos fundos dos vales. Proliferacão explosiva
das pragas. E assim tudo mais.
A adubação nos trópicos é, econômicamente, quase proibitiva.
E agricultura sem adubação é sinônimo de miséria e degradação.
Vencemos a batalha sesquicentenária da sobrevivência no
Império e República a custa do café: artigo de alto preço que não
pode ser produzido nas zonas de clima temperado. Mas, para
plantar os cafeeiros, tivemos que destruis as melhores matas e,
em curto prazo, exaurimos a "mina" de húmus florestal. Na sua
transgressão sobre as matas, os cafèzais foram deixando para trás
terras sugadas, aproveitadas numa segunda etapa como pastos.
Devido porém à falta de cuidado a que se deve ajuntar o processo
das queimadas, a degradação do solo prosseguiu aceleradamente
dando lugar às vossorocas e ao abandono quase total das velhas
fazendas das serras do Mar e Mantiqueira.
O panorama agropastoril que sucedeu a mineração não foi,
portanto, mais feliz do que esta. Procurou o govêrno imperial
incentivar as lavras, facilitando as concessões mineiras. Mas, a
despeito do interêsse demonstrado pela iniciativa privada, não
conseguiu muita coisa. Como fatores negativos podem ser arrolados: deficiência de estudos geológicos pela falta de técnicos e
pelas dificuldades intrínsecas da prospecção; grandes distâncias
separando as minas dos mercados; escassez de transporte; pequeno
mercado interno desencorajando iniciativas de maior vulto; exiguidade de capital de aventura. Acrescente-se a isto, a escassez
de combustível. Nossas jazidas de carvão estão localizadas no
extremo sul, da maneira mais excêntrica para seu aproveitamento
econômico e em condições gerais adversas. Trata-se, ademais, de
um mau combustívei, com baixo poder calorífico, alto em umidade,
cinzas e enxofre, e com as piores características de lavabilidade.
Entregando de mão beijada a propriedade do subsolo ao
superficiário, a Constituição de 1896 acabou de vez com a mineração.
A Revolucão de 1930 tentou sanar o mal através do CCdigo de
Minas "Juarez Távora", de 1934, que restituiu ao poder público
o direito de autorizar a pesquisa e conceder a lavra a quem demonstrasse capacidade técnica-financeira para executar a mineração.
Êsse regime salutar propiciou a descoberta, em curto prazo, de
inúmeras jazidas e incentivou o desenvolvimento das lavras. Mas,
no trópico, tudo degrada depressa, e mais do que tudo, a política.
Calamitosamente a Assembléia Constituinte introduziu na Carta
de 1946 o direito de preferência ao superficiário para a exploracão
do subsolo.
Falta, como se vê, entre nós, a mentalidade mineira que responde pelo sucesso da mineração em outros países, como a Suécia,
Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Rodésia, Austrália, Nova
Zelândia, Nova Caledônia etc.
O que se vê aqui é exatamente o oposto: o clamor demagógico
contra a mineracão, que não é encarada como um bem comum,
mas como um privilégio antipático a provocar o grito moleque
do "tasca o balão". Outra coisa não têm sido as campanhas esquerdistas consagradas nos "slogans" de "o petróleo é nosso";
"exportar minério de ferro é deixar buracos", retirar a monazita
das praias e industrializá-la, mesmo no País, 6 "explorar", "minério não dá duas safras"; etc.
Onde está a verdade em relação a economia mineral do País?
Tomemos o "Anuário Estatístico do Brasil" que está saindo
neste momento do prelo e examinemos os dados relativos a produção de bens minerais e seu comércio exterior.
O Brasil exportou em 1965 minerais no valor de . . . . . . . . . . .
Cr$ 266 558 124 000,00, sendo Cr$ 244 155 235 000,OO relativos a
minérios de ferro e manganês.
Os restantes Cr$ 18 402 889 000,OO incluem
cipais:
Quartzo .............................
Mica ................................
Scheelita ............................
Tantalita ............................
Diamante ...........................
Magnesita ...........................
Granito .............................
Berilo industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Espodumênio ........................
Ametista ............................
Citrina ..............................
Ágata ...............................
como itens prin4764744000
2148192000
1411824000
1 231 615 000
1190697000
979 789 O00
621 965 O00
537 748 O00
433 161 O00
404 394 O00
315 939 O00
285 430 O00
Contra a exportação no valor de Cr$ 266 558 124 000,OO temos
nesse mesmo ano de 1965 o total de importação de bens minerais
no valor de Cr$ 447 467 007 000,00, ou seja um deficit em nossa
balança comercial de Cr$ 180 908 883 000,00, que representa a expoliação brasileira no subsolo alheio.
Note-se bem que não se trata de produtos manufaturados.
Só de combustíveis o Brasil importou em 1965 o total de
12 287 971 toneladas no valor global de Cr$ 407 727 435 000,OO. O
maior item foi o do petróleo bruto: 10 247 324 toneladas no valor
de Cr$ 281 136 673 000,OO.
Nossa produção de petróleo em 1965 foi de 5 460 354 m3, dos
quais 5 427 912 m3 produzidos pelos campos da Bahia. Mas, porque
o resto do mundo não tem a mentalidade brasileira, também o
petróleo dos outros países "é nosso"! Neste momento, o Presidente
da Petrobrás, o ilustre Engenheiro Irnack Carvalho do Amara1
acha-se n a Rússia negociando a compra de mais petróleo para o
Brasil.
Mas não são apenas os combustíveis que nos faltam.
Conforme Glycon de Paiva, dos 300 minerais que caracterizam
as necessidades de uma civilização adiantada, só produzimos atualmente meia centena. Os 250 restantes vamos buscar no estrangeiro.
este é o retrato sintético de nossa economia mineral nos dias
que correm. Para compreender as causas, mister se faz analisar
a situação das nossas minas, o estado atual das pesquisas e as
perspectivas geológicas.
As nossas primeiras escolas de geologia foram fundadas há
um decênio e já diplomaram cêrca de 700 geólogos. O Govêrno
Revolucionário instituiu um "Plano Mestre Decenal para a Avaliação dos Recursos Minerais do Brasil", que está sendo iniciado.
Se quisermos, poderemos dentro do próximo quinqüênio mudas
radicalmente o panorama mineiro do Brasil. E com isto a economia geral do País.
GEOGRAFIA HUMANA E POLÍTICA
A Geografia
Política e a Geopoíitica - Prof.
Emmanuel Leontsinis.
Fronteiras - seu conceito
Magalhães
- Prof.
J . Cezar de
Fronteiras do Brasil - Prof. J . Cezar de Magalhães.
Problemas de pressões demográficas e espaços
vazios - Prof. Ney Strauch.
Geografia e Planejamento - Prof. Pedro Pinchas
Geiger.
A GEOGRAFIA POLÍTICA E A GEOPOLÍTICA
Prof. EMMANUEL
LEONTSINIS
Não espanteis essa lebre! Só Deus sabe até onde nos poderá levar!
CITADO - por Y. M. GOBLET, op. "O CREPOSCULO DOS
TRATADOS".
GEOGRAFIA POLÍTICA - Conceito antigo: estuda a populaçao
d a terra e sua divisão em estados e
nações.
Conceito atual: estuda as relações
entre o estado e o meio-geográfico.
Examinemos a palavra "GEOPOLÍTICA" criada por RUDOLF
KJELLEN, Professor de ciências políticas e estatais da Universidade Gotemburgo-Suécia, cujo livro "DER STAAT ALS LEBENSFORM" (O Estado como forma de vida") publicado em 1917, teve
grande êxito n a Alemanha.
Seguiu-se KARL HAUSHOFER com sua revista ZEITSCHRIFT
FURGEOPOLITIK, derivou suas idéias do inglês (SIR HALFORD
NIACKINDER, "TERRA CORAÇÁO" ou HEARTLAND).
A GEOPOLÍTICA com roupagem germânica converteu-se
numa Emprêsa de Propaganda e Educação Nacional (PANGERMANISMO) .
ISAIAH BOWMAN - Definiu a "GEOPOLITIK" como uma
ilusão, um embuste, uma apologia do latrocínio.
Ainda assim, pode ser considerada como uma extensão ou
aplicações d a Geografia Política às Relações Externas dos Estados
ou Nações.
Êsse estudo apresenta dois caminhos ou processos de investigação :
1.0 Os fatores atuantes da Geografia Atual n a Ação Política.
2.0 O significado da Geografia atrás, como um "BACKGROUND" de situações, problemas e atividades políticas.
A Geopolítica atua sobre as regiões culturais e as
regiões físicas; modificações sobre a Geografia
Regional
OBJETIVOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA:
Estuda:
1 - Extensão territorial dos Estados
2 - Posição Geográfica
3 - Facilidades de transporte
4 - Composição Étnica
nacional
5>>
linguística
67 - Nível !Cultural material
8 - Grau desenvolvimento
9,
OBJETIVOS DA GEOPOLÍTICA:
Estuda:
1 - O espaço e sua importância
2 - Maior ou menor força de expansão do Estado
3 - Das possibilidades que se abrem para tal expansão
4 - Do número de habitantes que nêle se aloja
5 - Noção de espaço vital (LEBENSRAUM)
6 - Conformação territorial dos Estados
7 - Idade dos Estados: infância - maturidade adolescência - velhice
8 - Fins político-econômicos dos Estados
A Geografia Política é um dos ramos da Geografia, destinado
ao estudo das relações entre o Estado e o meio geográfico. No
passado, seu objeto era muito modesto, cingindo-se ao exame das
formas de govêrno e, as vêzes, ao potencial militar dos países. A
partir de fins do séc. XIX e sobretudo, no decorrer do séc. XX,
seu campo ampliou-se consideràvelmente, refletindo a situação internacional dêsse agitado período da História Contemporânea
e merecendo as preferências de autores procedentes do Mundo
Germânico. Chega a confundir-se, em muitos pontos, com a Geopolítica, ramo da Ciência Política, tamanhas são as relações
existentes entre ambas.
B o menos geográfico dos ramos da Geografia, porque se limita
a explicar ou justificar, através dos fatores geográficos, os acontecimentos históricos e os vaivéns da política internacional, sem
poder levar em conta o estudo da paisagem. Seu conceito ainda é
incerto, pouco precisa sua esfera de ação e traiçoeira sua bibliografia, já que esta espelha, muitas vêzes, o ponto de vista de uma
potência ou determinada ideologia política.
EVOLUÇÃO - Coube a um notável geógrafo alemão, FRIEDRICHRATZEL, dar novo sentido a êste ramo da Geografia,
abrindo-lhe horizontes, através de estudos publicados na última
vintena do séc. XIX, particularmente sua "Geografia Política"
(1897).
Em 1904, o inglês HALFORD MACKINDER, em artigo publicado n a Revista da Royal Geographical Society de Londres, defendeu a idéia da existência de um eixo geográfico da História. A nova
tese, que quase não teve repercussão no Mundo Britânico, viu-se
aproveitada e largamente desenvolvida pelo Major-General KARL
HAUSHOFER, n a década de 1920-30, dentro da Geopolítica. Também publicou HALFORD MACKINDER em 1919, o livro intitulado
"Democrat Ideais and Reality" ("Ideais Democráticos e Realidade"), da mesma forma aproveitado pelo imperialismo alemão.
Alarmado com o fato de estarem sendo suas idéias utilizadas pela
potência rival de sua pátria, introduziu alteracões substanciais em
sua doutrina, embora sem modificar seus postulados (1943).
Para MACKINDER, o Velho Continente assemelha-se a uma
"ilha" imensa, a Ilha do Mundo (World Island), que congrega a
esmagadora maioria da população mundial e em torno da qual se
estende uma só massa líquida - o Oceano do Mundo (World
Ocean), repleto de "ilhas" menores, como a América e a Austrália.
Naquela Ilha do Mundo situa-se o eixo do mundo ou a Terra-coração (Heartland), centro geopolítico da Terra, por êle localizado,
em 1904, em plena Sibéria, mas transferido, em 1943, para a Rússia
Européia. Assim raciocinando, colocou o eixo do poder mundial
entre o Vale do Volga (Rússia) e o do Missuri (E. U. A.) representando a Grã-Bretanha papel semelhante ao da Ilha de Malta no
Mar Mediterrâneo, e aparecendo como a cabeça-de-ponte da Ilha
do Mundo.
Dentro de tais fundamentos, MACKINDER formulou três
famosos postulados: (1) quem domina a Europa Oriental domina
a Terra Coração do Mundo; (2) quem domina esta última domina
a Ilha do Mundo; (3) quem domina a Ilha do Mundo domina o
mundo todo. Pela mesma época RUDOLF KJELLÉN lançou os
fundamentos da Geopolítica, tornando-se mais complexo o assunto e mais difícil a exata delimitacão do campo da nascente Geografia Política.
Nesse ínterim, nos E.U.A. dois nomes se projetaram: o Almirante ALFRED THAYER MAHAN, que, n a última década do séc.
XIX, procurou ressaltar a influência do poder marítimo da História; e ISAOAH BOWMAN, que publicou, em 1928, "The New
World", obra de capital importância para a compreensão dos
grandes problemas político-econÔmicos surgidos em conseqüência
da I Guerra Mundial. De outra parte, os Geógrafos franceses,
sempre n a primeira linha em todos os setores da Geografia, sentindo o faccionismo das doutrinas defendidas no mundo germâ-
nico, mantiveram-se em posiçáo reservada, quando não de interêsse ou de crítica. Preferiram limitar-se a abordar problemas
decorrentes da situação geográfica ou referentes às fronteiras e
à colonização. Dentro dêste espírito, CAMILLE VALLAUX foi o
pioneiro, publicando "La Mer" (1908) e "Le Sol et l'État (1911)".
Mais tarde, em colaboração com JEAN BRUNHES, escreveu "La
Géographie de 1'HistoireV,com o subtítulo Géographie de la Paix
et de la Guerre Sur Terre et Sur Mer (1924). Na década de 1930-40,
GEORGES HARDY ei JACQUES ANGEL publicaram estudos a
respeito da colonização e das fronteiras. Na década de 1940 e n a
de 1950, Y. M. GOBLET e JEAN GOTTMANN trouxeram suas
contribuições, sempre daquele ponto de vista discreto e desapaixonado.
A partir de 1940, o assunto passou a merecer a atenção dos
geógrafos dos E.U.A., onde foram publicadas numerosas obras,
que procuram interpretar geogràficamente o panorama político
do Mundo. O mesmo sucedeu n a Espanha, na Itália e, mesmo, no
Brasil, onde EVERARDO BACKHEUSER ocupa posição muito
especial.
Em conseqüência de todas essas contribuições, alguns temas
definiram-se com certa precisão: (a) as idéias a respeito do espaço
e da posição; (b) as fronteiras e as zonas de fricção (v. FRONTEIRAS) ; (c) a idade dos Estados; (d) os fins político-econdmicos
dos Estados; (e) o expansionismo colonial. (V. COLONIZAÇÁO).
O ESPAÇO E A SUA IMPORTÂNCIA - A partir da publicação
dos trabalhos de RATZEL, os geógrafos e os politicos alemães procuraram acentuar a importância que têm, para qualquer país,
o espaço que ocupa e a posição em que se encontra.
A nogão de espaço depende de uma série de circunstâncias,
principalmente: (a) da maior ou menor força de expansão do
Estado; (b) das possibilidades que se abrem para tal expansão;
(c) do número de habitantes que nêle se aloja. O número de habitantes e, sobretudo, a densidade demográfica comandam, imperiosamente, a ampliação do espaço e regulam a intensidade da força
expansionista. Baseada neste fato foi que nasceu a noção do espaço
vital (LEBENSRAUM), tão explorada pelos autores do imperialismo alemão, largamente utilizada pelo Japão em sua expansão
no Extremo Orientk e pela Itália fascista.
Da idéia de espaço passa-se a da conformação territorial, como
natural conseqüência da expansão daquele. Dentro da multiplicidade de formas apresentadas pelos diferentes países do mundo,
algumas existem que são consideradas fundamentais, justificando
a classificação dos Estados em quatro categorias: (1) maciços ou
compactos; (2) alongados, tanto no sentido das latitudes como no
das longitudes; (3) recortados; (4) fragmentados ou descontínuos.
Dessas diferenças podem decorrer certas vantagens ou desvantagens, que o passado e o presente parecem confirmar.
Os Estados maciços ou compactos caracterizam-se por sua
maior coesão política; Suíça, França, Uruguai, e o próprio Brasil
incluem-se1 nesta categoria.
Já os Estados alongados apresentam maiores desvantagens,
principalmente os que o são no sentido das latitudes (como é o
caso do Chile), em virtude dos contrastes ocasionados pelos diferentes tipos de climas; todavia, se lutam com dificuldades para
sua coesão política, dispõem de vantagens do ponto de vista econômico. Quando o alongamento se verifica no sentido das longitudes, como acontece em relação a U.R.S.S. e aos E.U.A., a coesão
poderá ser mais facilmente mantida.
Os Estados recortados possuem vantagens e desvantagens,
sobretudo se tais recortes correspondem ao litoral, como acontece
com a Grécia, a Itália e os Países Escandinavos; podem transformar-se elmpotências marítimas, mas são extremamente vulneráveis
devido a extensão de suas fronteiras oceânicas. Os Estados fragmentados ou descontínuos lutam, sem dúvida alguma, com todas
as desvantagens decorrentes dessa descontinuidade; é o caso, p.ex,,
do Paquistão.
IMPORTÂNCIA D A POSIÇÁO. Em estreita correlaçáo com as
características do espaço, a posição apresenta inegável importância. Em Geografia Política, o têrmo não corresponde sòmente a
posição astronômica, pelas coordenadas geográficas (latitudes e
longitudes); abrange também a posição política, decorrente da
situação ocupada dentro do continente de que o país faz parte;
e a posição geográfica, apresentada pelas condições naturais de
relêvo, clima, vegetação, hidrografia. Dêsse conjunto de fatores
depende, principalmente, a classifica$ão dos Estados em quatro
tipos: (a) interiores; (b) marítimos; (c) centrais; (d) periféricos.
Os Estados interiores ou mediterrâneos, não banhados pelo
mar, podem dispor de vias que os levam com facilidade às águas
oceânicas, como é o caso do Paraguai, da Hungria ou da Suíça,
mas também podem encontrar-se enclausurados por obstáculos
naturais, a exemplo do Nepal de Butan, localizados na Cordilheira
do Himalaia, e do Afganistão, dentro do Maciço do Hindu Kusch
ei seus contrafortes.
Os Estados marítimos correspondem a maioria dos países do
Globo. Todavia, não basta para caracterizá-los o contato com as
águas do mar; necessário se torna um amplo ou fácil acesso ao
litoral e seu aproveitamento como "janela" para o exterior. Quando
êsse acesso é difícil ou escasso, são classificados com centrais a
exemplo do que sucede com o Ira,n, isolado tanto do Mar Cáspio
como das águas do Gôlfo Pérsico, por barreiras montanhosas, e
do que acontecia com a PolÔnia antes da I1 Guerra Mundial, com
seu estreito corredor ligando-a ao Mar Báltico.
Estados periféricos típicos devem ser considerados o Chile, a
Itália e a Grécia, além de todos os países insulares. Tudo isso levou
os geógrafos alemães a preocuparem-se muito em determinar os
coeficienteis de continentalidade e de maritimidade dos Estados,
correspondentes aos quocientes da divisão da área total pela extensão das costas, a fim de fixar-lhes o papel geopolítico.
A IDADE DOS ESTADOS. A importância do espaço e da
posição, assim como a evolução e os tipos de fronteiras, além da
existência ou não de zonas de atrito dependem estreitamente da
idade do Estado, dentro do ponto de vista geopolítico. Na verdade,
a Geografia Política admite a existência de um ciclo vital dos Estados, comparável com o da vida humana, se bem que com a possibilidade de reiniciar-se o ciclo.
Coube a SAMUEL VAN VALKENBURG dedicar especial atenção ao assunto, classificando os países em quatro diferentes idades :
(a) infância; (b) adolescência; (c) maturidade; (d) velhice.
Quando um Estado está na infância, sua preocupação única
consiste e m consolidar sua estrutura interna e "pôr a casa em
ordem". Por isso mesmo, não apresenta nenhuma tendência ao
expansionismo territorial e conserva-se voltado para dentro de suas
prtprias fronteiras, a braços com os seus problemas. Seria o caso
da maior parte dos países da América Latina, exceto, o México, o
Chile, a Argentina e o Brasil, já a caminho da adolescência; como
também, dos novos países da África, tornados livres a partir de
1959-60.
A adolescência ou a mocidade caracteriza-se1 por irrefreável
dinamismo, que se reflete n a expansão territorial e na obtenção
de novas áreas de influência. A U.R.S.S. representaria, muito bem,
essa fase do ciclo vital, na qual também poderiam ser incluídos
a China comunista e, mais problematicamente, a Arábia Saudita,
a Turquia, o Iraque, a Etiópia e a Africa do Sul.
Na maturidade, o Estado já não mais deseja expandir-se territorialmente; muito pelo contrário, preocupa-se em assegurar a
posse de seus domínios, em aproveitá-los por todas as maneiras
e em defendê-los contra possíveis agressões. É a idade em que o
Estado toma uma posição francamente defensiva, manifesta-se
em favor da segurança e da cooperação internacional, transforma-se em defensor da paz mundial e1 sòmente lança mão da força
quando ameaçado em sua integridade territorial ou em seus vitais
interêsses político-econômicos. É o caso da Grã-Bretanha, França,
E.U.A., Canadá, Austrália, entre outros.
Quando um Estado atinge a velhice ou decrepitude, entra em
decadência política. Enfraquecido, não tem ânimo para se defender
contra os ataques ou influências externas, podendo assistir à própria desintegração interna. Transforma-se na prêsa fácil e inerme
das potências imperialistas; e, se um sangue novo não lhe for
injetado, ocasionando seu rejuvenescimento, acabará por ser
riscado do mapa das nações livres. Passa, então, a figurar no vasto
"cemitério" dos Estados mortos e a pertencer exclusivamente as
páginas da História, a exemplo do que aconteceu a tantos outros,
através dos séculos. O Iran, o Afganistão e o Tibet figurariam nessa
triste fase.
F I N S POLÍTICO-ECONÔMICOS DOS ESTADOS. Sob a influência das condições citadas, o Estado passa a ter uma série de fins
político-econômicos, cuja realização, consciente ou inconsciente,
pode transformar-se em verdadeiro programa de ação, no cenário
internacional.
Coube a ARTHUR DIX classificá-los em seis categorias: (1)
domínio da totalidade de uma bacia hidrográfica; (2) uma saída
até o mar; (3) vários acessos ao mar; (4) domínio das costas
opostas; (5) construção de vias férreas transcontin?ntãis; (6)
arredondamento da esfera de domínio. Estas são as esseneias para
DIX.
O domínio da totalidade de uma bacia hidrográfica constitui
aspiração natural do Estado que, sendo adolescente, possw a foz,
as seções navegáveis e, menos frequentemente, o curso superior
de um grande rio. Na Africa, a Bélgica conseguiu dominar praticamente a bacia do Congo, hoje em poder da República Federal
do Congo. O Egito deseja controlar a totalidade da bacia do Nilo,
em detrimento do Sudão, da Etiópia e de Uganda; os inglêses
aspiram, de longa data, dominar a totalidade da bacia do Zambezo,
em prejuízo de Moçambique; a Nigéria tentará, mais cedo ou mais
tarde, controlar os cursos médio e superior do Niger, hoje ocu~iados
pela República Sudanesa. Na Ásia, o problema já foi prkticament?
resolvido, achando-se as grandes bacias fluviais, dominadas pelos
países em que se situam. Na Europa, a Polônia já conseguiu controlar a totalidade da bacia do Vístula; mas as do Reno e do
Danúbio, repartidas por vários países, continuam a constituir
uma fonte de problemas políticos. N a América do Norte, os E.U.A.
dominam a totalidade da bacia do Mississipi-Missuri; resta saber
o que virá acontecer com as do São Lourenço e do Colorado, pertencentes a primeira ao Canadá e a segunda ao México, além dos
trechos incluídos nos E.U.A. Na América do Sul, dentre oi grandes
rios, apenas o São Francisco tem um só senhor (o Brasil), sendo
de prever-se alterações futuras, quanto as fronteiras políticas, em
relação às áreas incluídas nas bacias do Orenoco, Amazonas,
Paraguai, Paraná e Uruguai.
Obter uma saída até o mar representa aspiração quase generalizada e tem sido motivo de inúmeros conflitos armados ou de
soluções visivelmente artificiais, como a representada pelo chamado
corredor da Polônia, criado após a I Guerra Mundial e hoje desaparecido.
Na América do Sul, as fronteiras da Bolívia não devem ser
consideradas definitivas, porque êste país perdeu o acesso ao oceano Pacífico, em conseqüência da guerra travada com o Chile, na
segunda metade do séc. XIX: a mesma gravidade não apresenta,
pelo menos nas circunstâncias atuais, a situação do Paraguai, já
que dispõe de uma artéria navegável (rios Paraguai e Paraná),
que o põe em contato com o Atlântico, através da Argentina.
Na Europa, 0 caso da Suíça pode ser considerado excepcional,
desde que, por motivos vários, parece realmente não aspirar a
uma saída para o Mediterrâneo. Em contrapartida, a antiga Sérvia, país interior, veio a transformar-se n a atual Iugoslávia, país
marítimo; e, em relação aos Estados interiores da Europa Central,
Tchecoslováquia, Áustria, Hiingria, embora disponham da via do
Danúbio, bem conhecida é a instabilidade de suas fronteiras, a
partir do desmoronamento do antigo Império Austro-Húngaro.
Na África, as antigas repúblicas do Transvaal e do Orange,
que não possuíam saída para o Oceano fndico, foram absorvidas
pela África do Sul; a Etiópia obteve o desejado acesso ao Mar Vermelho, depois da I1 Guerra Mundial, com a anexação da Eritréia;
a República do Congo continua dispondo do corredor que os Belgas
tinham conseguido assegurar, para atingir o Atlântico; mas o novo
mapa político do continente mostra um número elevado de países
interiores, República Sudanesa, República do Níger, República
Voltaica, República do Tchad, República Centro-Africana, cujas
fronteiras longe estão de se tornar estáveis.
Na Ásia, excluídos os casos especiais das Repúblicas integradas
n a U.R.S.S., apenas a Jordânia certamente deseja uma saída até
o mar, uma vez que os quatro outros países interiores existentes,
Afganistão, Nepal, Butan, Mongólia, não têm possibilidades de
fazê-lo, o que significa uma ameaça a sua existência.
Uma vez obtida essa saída e tornando-se forte, o Estado passa
a aspirar a vantagem de vários acessos ao mar. Foi dentro dêsse
objetivo que o antigo Império Russo, em sua expansão territorial,
conseguiu alcançar o Mar Negro, o Báltico, o Oceano Ártico e o
Oceano Pacífico. Também assim os E.U.A., quando procuraram
atingir o Golfo do México (Luisiânia) e as costas do Pacífico
(Califórnia). Mas outros exemplos existem, embora de natureza
diferente: a mesma aspiração levou a Grã-Bretanha a procurar
controlar o Canal de Suez, de 1875 até 1956, quando o Egito o
ocupou; e os E.U.A. a construir o Canal de Panamá (1904), mantendo-o sob seu controle.
O domínio das costas constitui o alvo natural do Estado expansionista, sempre desejoso de transformar as águas em uma
espécie de lago exclusivamente seu. Foi êste o sonho da ~ u é c i aem
relação ao Mar Báltico, no passado, sem falar no Império Romano,
que fêz do Mediterrâneo seu mar interno. Em época recente, o
mesmo sucedeu a Itália em relação ao Mar Andriático, a Grécia
quanto ao Egeu, a U.R.S.S., quanto ao Mar Negro, ao ~ a p ã oem
relação ao mar de seu nome. Num campo muito mais vasto, a
Grã-Bretanha quase conseguiu, antes de romper a I1 Guerra
Mundial, transformar o Oceano índico em um enorme lago britânico.
As vias férreas transcontinentais são instrumentos poderosos
não apenas para a circula@o das riquezas e intercâmbio de pessoas, como para assegurar o do domínio ou, pelo menos, fortalecer
a influência política do Estado em relação as áreas atravessadas.
Gracas à Union Pacific e a Canadian Pacific, os E.U.A. e o canadá
fortaleceram a coesão e a unidade de seus extensos territórios,
durante e depois da conquista e do povoamento das regiões centro-ocidentais. O mesmo sucedeu n a Austrália, onde Sydney está
unida a Perth, na costa ocidental pela Transaustraliana. A Transiberiana (1891-1917), com seus 1 400 km, concorreu para a consolidação do domínio russo sobre a Sibéria, da mesma forma que
idêntico papel representaram a Transcaucasiana, a Transcaspiana,
a Transaraliana nas áreas meridionais da U.R.S.S., situadas entre
o Cáucaso e o Planalto de Pamir. Antes da I Guerra Mundial, a
Alemanha tentou construir uma via férrea unindo Constantinopla
(Istambul) a Bagdad, com objetivos puramente político-econômicos; a chamada E. P. de Bagad veio a transformar-se n a atual
Transassiática. A.E.F. do Leste Chinês, conhecida pelo nome de
Transmandchuriana, foi, durante muito tempo, objeto da rivalidade russo-japonêsa. Na África, CECIL NHODES sonhou consolidar
os domínios britânicos da metade oriental do continente, através
da E.F. do Cabo ao Cairo. De sonho também não passou o projeto
da Transaauiana, destinado a fortalecer o domínio da França na
África Ocidental.
O arredondamento da esfera de domínio, finalmente, leva o
Estado, em pleno fastígio de poder, a preferir dominar em forma
de círculos esquematizados, tanto mais numerosos e amplos quanto
maior seja seu poderio, assegurando-lhe um campo extenso para
expansão político-econômica, inclusive zonas de tráfico e bases
estratégicas, Imprescindíveis a consumação de seus planos de imperialismo. A história está repleta de exemplos: é o caso, entre
tantos outros, da pequenina Macedônia ao tempo de ALEXANDRE
MAGNO, da Roma de Césares, do Império Mongol de GENGHIS-KHAN e de TAMELIÃO, da Espanha de CARLOS V e de FELIPE
11, da Rússia e de PEDRO, O GRANDE, da França de NAPOLEÃO, da Grã-Bretanha, sob o reinado d a RAINHA VITÓRIA, da
Alemanha de HITLER, da Itália de MUSSOLINI, da U.R.S.S.
de STALIN e de KRUCHT'CHEV.
A GEOGRAFIA POLÍTICA E SEU CONCEITO. Por incrível
que pareça, FRIEDRICH RATZEL não se preocupou em definir a
Geografia Política ao escrever sua "Geografia Política". Todavia,
deu a entender que deveria estudar os Estados como entidades
geográficas, vinculadas ao solo terrestre. Um de seus discípulos, ARTHUR DIX, ao publicar sua "Geografia Política", em
1922, considerou-a como a que "estuda a sede e a esfera do poderio
dos Estados", esclarecendo que seu campo de observação constitui
a superfície da Terra, considerada como área de atividade das sociedades humanas e como cenário em que se desenvolve a vida
dos povos organizados em Estado; daí ocupar-se das "relações das
coletividades políticas com o espaço que habitam e a área de tráfego".
Dentro dessa mesma ordem de idéias 0. WHITTLESRY em
"The Earth and the State" (A Terra e o Estado, 1944), afirmou
que a Geografia Política deve limitar-se a dar atenção ao "grau de
correspondência entre os tipos de Estados e os tipos de meios naturais, quer quando haja coincidência, quer quando se registre
completa discrepância entre ambos".
O desenvolvimento da Geopolítica provocou confusão quanto
ao conceito de Geografia Política, ameaçando sua própria existência. Passou-se a afirmar que a diferença entre ambas era uma
questão de aplicação: a Geografia seria dinâmica, ao passo que a
Geografia Política seria estática, segundo esclarecia LAUTRHSACR. Procurando esclarecer a dúvida, SIEGFRID PASSANGE
afirmou, em 1935, que a Geografia Política deveria "ocupar-se dos
vínculos geográficos da História Política estatal de acordo com os
vínculos geográficos da Política".
Na Itália, LUIGI DE MARCHI (1937) acentuou o caráter próprio da Geografia Política, cujo objetivo consiste em "pesquisar
e fixar as condições naturais que possam ter exercido e continuem
a exercer uma influência direta sobre a evolução política: (a) a
análise geográfica do Estado, no passado como na atualidade; (b)
o aspecto geográfico das relações entre os Estados."
Por isso mesmo, não pode ser confundida nem com a Geopolítica, como da Política, nem com a Geografia Histórica, que só
se refere ao passado, nem, ainda, com a Geo-História, que estuda,
através do prisma geográfico, as sociedades históricas organizadas
sobre determinado espaço natural.
BIBLIOGRAFIA
GEOGRAFIA POLÍTICA: HANS W. WEIGERT & VILHJALMUR
STEFANSSON, "New compass of the world (Nova York)"; DERWENT WHITTLESEY, "The Earth and the State" (Nova York) ;
SAMUEL VAN VALKENBURG, "Elements of Political Geography"
(Nova York) ; 5.VICENS VIVES, "Tratado General de Geopolítica"
(Barcelona); LUIGY DE MARCHI, "Fondamenti di Geografia
Política" (Pádua) ; EVERARDO BACKHEUSER, "A Geopolítica
Geral e do Brasil" (Rio de Janeiro); RUSSEL H. FIFIELD & G.
ETZEL PEARCY, "Geopolitics in Principie and Practice" (Boston) ;
JEAN GOTTMANN, "La Politique des États et leur Géographie"
(Paris); LEWIS M. ALEXANDER "World Political Patterns"
(Chicago) ; ROBERT STRAUSZ-HUPÉ, "Geopolítica - La Lucha
por e1 Espacio y e1 Poder" (México).
FRONTEIRAS
Prof. J. CEZAR
DE
MAGALHÃES
I - A fronteira - Seu conceito
A fronteira no dizer de Ratzel não é uma simples linha divisória senão uma ampla zona onde se concentram as forças dos
estados colidentes .
O sentimento de separação inerente nos povos faz parte da
personalidade de cada um e por maiores que sejam nossas disposições de viver em coletividade, de dividir com nossos parentes e
irmãos as propriedades de que dispomos ou usufruimos, sempre
há o individual que não desejamos ver atingido; desta forma em
nossa casa queremos o nosso quarto, o nosso escritório, da mesma
forma que temos o nosso edifício, a nossa rua, o nosso bairro e
numa escala demasiado grande chega-se ao nosso país, ao nosso
mundo.
A idéia de limite faz parte da necessidade de conhecer o todo,
de individualizá-lo. Assim como os objetos, assim com o território.
Na Bíblia temos uma primeira notícia de limite quando o primeiro casal da humanidade é obrigado a deixar o Paraíso. Onde êle
terminava? Onde a primeira dupla atravessava as suas fronteiras?
O estudo da evolução das fronteiras mostra-nos que elas não
só foram compreendidas como uma necessidade mas que em certos
momentos endeusadas, conduziram a tremendas guerras e a distorções que estão longe de colocar êste componente de estado dentro
dos seus reais limites.
Apesar do encurtamento do mundo, da aproximação dos povos
pelos novos transportes rápidos e pelos eficientes meios de comunicação, as fronteiras conservam seu valor; não são contudo uma
limitação entre os povos, apenas uma afirmação de onde começa e
onde acaba a posse de cada povo.
Surgiram como uma contingência étnica separando povos que,
diferentes entre si, trataram pela separação de se defenderem ou
de preservarem sua individualidade.
I1 - História da fronteira politica
-
Os povos pré-históricos não conheceram naturalmente a fronteira como a concebemos hoje em dia, apenas tinham como fronteira entre si um amplo espaço natural que constituía sua área de
caça e pesca; outras limitações naturais encontrariam com o mar
por serem inacessíveis eram considerados como deuses por êstes
ou uma montanha que os separavam de outras terras; alguns até
por serem inacessíveis eram considera,dos como deuses por êstes
povos fetichistas ou ainda como morada dos deuses.
Se por uma lado não tinham o conhecimento da fronteira
com o sentido jurídico que lhe emprestamos hoje, compreendiam
por um instinto de defesa que cabia preservar seu território das
investidas das tribos vizinhas.
Quando os povos por volta do I V milenário se tornam sedentários, principalmente ao longo das bacias do Nilo e da Mesopotâmia, a prática da agricultura os obrigou a instituírem mais precisamente os limites e no Egito, por exemplo, a divisão política em
"spats" ou, sejam nomos, corresponde a uma primeira fronteira
ou, mais precisamente a um limite separando estas unidades governadas pelos MONARCAS. A própria raiz SP da palavra Spat
na língua egípcia corresponde a dividir.
O estudo dos povos mediterrâneos e dos que viviam na Europa
como os da Africa e Ásia e que formam o berço da civilização
mostra que já se distribuíam segundo territórios mais ou menos
delimitados e os acordos já fazem referências, como por exemplo
o tratado de paz assinado em 580 A. C. por Ciáxeres, rei da Média
e Allyates, rei da Lídia que fixou os limites entre seus reinos no
curso do rio Halis, no planalto de Anatólia.
A fronteira tornava-se, contudo, mais impositiva quando cumpria defender uma cultura contra povos cujos estágios de evolucão
punham em perigo sua estabilidade.
Neste momento não só cumpre estabelecer mais precisamente
a separação entre êstes povos, como fortificar a fronteira a fim de
impedir a penetração do invasor.
Dois exemplos são conhecidos na história da humanidade a
êste respeito: o primeiro é o Império Romano quando enfrenta as
hordas bárbaras, fortificando as linhas hidrográficas do Reno e do
Danúbio, firmadas como fronteiras naturais e, portanto, capazes
de barrar pela massa líquida a penetração dos germanos e outros
grupos.
O outro exemplo vamos encontrá-lo na longa muralha Chinesa
(2 200 km) construída pelo imperador Cheng no ano 215 A. C. para
defender o povo chinês, essencialmente habitante da planície, do
avanço do mongol montanhês. Ainda os romanos, não confiando
simplesmente na geografia física como elemento estratégico intransponível, lançam mão de muros e paliçadas (Valas da Inglaterra, muros de Adriano) e Campos Decumatos.
Esta forma de fazer a defesa contra atacantes foi muito usual
n a Idade Antiga prolongando-se ainda por toda a Idade Média.
Todos conhecem os exemplos dos muros de Atenas não só para
defendê-la como para pô-la em contato seguro com o Pireu (muros
mandados construir por Péricles) .
A concepção de fronteira modifica-se bastante na Idade Média
embora sua materialização não se modifique, isto é um acidente
natural. principalmente o rio ou os muros de uma cidade ou o castelo fortificado continue a separar o território.
A concepcão é que se torna diferente, pois tendo desaparecido o
estado, instituição jurídica que comporta um território definido
com capital e govêrno soberano, substituído pelo feudo que implicava numa relação pessoal de vassalo para suzerano, transformava o território amplo, teòricamente unido em torno do suzerano-mor, que era o rei, numa colcha de retalhos em que cada parte
era um feudo a cujo senhor feudal, e não a qualquer soberania, se
devia obediência.
Era principalmente nos diversos castelos que se fazia a defesa
e a Espanha antes da unificação foi pontilhada por estas constru~ õ e que
s se colocavam a cavaleiro dos vales para impedir a invasão
dos reinos cristãos por parte dos muçulmanos.
A organização política européia veio a alterar-se profundamente quando no final da Idade Média, diversas causas históricas jogaram por terra o feudalismo, possibilitando aos reis, com o auxílio dos burgueses, a implantação do Estado Moderno, cuja característica maior era o absolutismo dos reis.
Na organização dêste estado figuravam como elemento de
capital importância as fronteiras naturais do país, únicas capazes de realmente garantirem a soberania do Estado.
Bste conceito foi usado pela primeira vez em 1659 no Tratado
dos Pirineus e aplicava além do conceito clássico do limite fluvial,
a nova teoria das cristas divisórias, pois a jovem cadeia pirenaica,
com sucessivas cristas no sentido norte-sul do continente, prestava-se, segundo Richelieu, admiravelmente para separar os reinos espanhol e francês.
Após a instituicão do Estado-Moderno nos séculos XVII e XVIII
não houve posteriormente grandes modificações no conceito de
estado e sua organização; as modificações se operaram mais precisamente nos regimes, isto é, passou-se do regime absoluto para o
regime democrático, que surge n a França com a Revolução Francesa.
A concepção de nacionalidade, ainda um tanto quanto perturbada pela demasiada fidelidade à pessoa do rei (I'État c'est
moi), firma-se n a Idade Contemporânea onde se procura colocar
as nacionalidades dentro de uma mesma fronteira.
Após as campanhas napoleônicas, operam-se diversas modificações no mapa europeu. É preciso lembrar que neste meio tempo,
entre os meados do século XVIII e inicio do século XIX, ocorre a
Revolução Industrial que irá gerar novas forças políticas, transformando algumas nações em potências que, ao se expandirem
para fora da Europa, criarão conflitos entre elas no próprio continente europeu e nas colônias que ocuparam a Ásia e a África.
A importância da fronteira avulta nesta fase; sucedem-se as
agressões, as guerras e os tratados de paz utilizarão agora melhores conhecimentos cartográficos para fazer as delimitações. Proliferam então as fronteiras geométricas, especialmente nas áreas
onde faltam populações e tradição histórica como nos EUA, n a
Austrália e n a África.
I11 - Classificação de fronteiras
.As fronteiras são classificadas pelos autores especializados de
formas as mais diversas conforme alguns elementos básicos. Porém
eles são em geral o aspecto morfológico, isto é, que classifica as
fronteiras segundo seu aspecto físico e o aspecto genético, isto é,
que utiliza como elemento chave para classificação o dinamismo
do povo que compõe a nação e secundàriamente o Estado, de forma que a existência da fronteira é uma conseqüência do núcleo
geo-histórico que a transforme num orgão periférico.
A
-
Classificação pelos elementos físicos
1 - demarcação de u m a fronteira por cadeias montanhosas - a separação pode ser feita pela linha de águas,
isto é, pelas cabeceiras dos rios ou pela linha de cristas.
Exemplo: fronteiras entre Canadá e Alasca, Argentina
e Chile, Espanha e França, fndia e China.
2 - demarcação de u m a fronteira por rios e lagos - embora seja usual a utilização do talvegue como a linha
de separação entre duas soberanias, é utilizado também o recurso de considerar apenas as margens, ficando a massa líquida como área neutra. A fronteira pelo
talvegue é muito usual e praticamente todos os paises
do mundo têm uma parte de sua fronteira demarcada
desta forma. Exemplos: Brasil-Argentina; AlemanhaFrança; Tailândia-Laos; URSS-China; República Sul
Africana - Rodésia do Sul.
3 - demarcação de uma fronteira por florestas, pântanos
e desertos - hoje em dia não constituem separação
realmente porque linhas geométricas passam por cima
dêles mas nos primórdios da civilização e n a Idade
Média, quando não existia a linha de fronteira, separavam germanos de romanos (Floresta Negra), deserto
de Sahara separando as culturas da Africa negra e
branca. Os pântanos de Pripet entre Polônia e URSS,
foram realmente separadores dêstes estados. Povos das
savanas da Africa separados dos povos do litoral pela
floresta equatorial.
4 - demarcação de uma fronteira por elementos geométricos - uma linha reta ou curva, um arco de cículo,
pontos, graus (latitude e longitude), são utilizados em
áreas despovoadas ou como resultantes de tratados.
Exemplo: Tratado de Tordesilhas (Meridiano), fronteira ao norte da Flórida (latitude), estabelecida em
1795 entre Espanha e EUA, fronteiras dos estados do
este dos EUA, da Austrália, da Argentina (linhas
retas), fronteira do sudoeste de Nevada, Arkansas e
Oklahoma (oblíquas), paralelo 38 (Coréia do Norte e
Coréia do Sul), paralelo 17 (Vietnã do Norte e Vietnã
do Sul) .
B - Classificação segundo o aspecto dinâmico
Quanto ao estágio de evolução, Jean Brunhes e C. Vallaux
classificam as fronteiras em:
1 - esboçadas - são aquelas que ainda não adquiriram ca-
racterísticas definitivas por lhes faltarem, de um ou de
ambos lados, populações bastante cultas, ou numerosas, que as povoem. Exemplos: fronteiras entre o Brasil
norte, Peru e Colômbia.
2 - fronteiras vivas - quando são efetivamente ocupadas.
Com atividades econômicas intensas ou certas rivalides podem gerar atritos chegando à condição de fronteira de tensão. Exemplos: fronteiras européias em
geral.
3 - Fronteiras mortas - quando a área de confrontação
entrou em período de desaparecimento, por ter sido,
pouco a pouco, abandonada pelo povo que a tonificava.
Exemplo: Império Otomano.
J. G. Pounds em Political Geography apresenta a classificação de Richard Hartshorne que é, também, uma classificação
evolutiva .
1 - fronteiras antecedentes - são aquelas que precedem o
desenvolvimento dos padrões culturais. Ao se expandirem, as sociedades se ajustam às fronteiras, que adquirem assim uma sanção histórica e pragmática,
Exemplo: fronteira entre Canadá e EUA e entre Canadá e Alasca.
2 - fronteiras conseqüentes - são estabelecidas quando
os padrões culturais já tinham sido formados e de um
modo geral elas procuram limitar maiores ou menores
divisões das regiões naturais e culturais. Exemplo:
fronteiras da Europa, fronteira entre Paquistão e Indostão.
fronteiras superimpostas - foram estabelecidas como
fronteiras subsequentes depois de G território ter sido
povoado e desenvolvido mas ao contrário das anteriores,
elas ignoram completamente as características étnicas
e culturais da área dividida. As fronteiras do Império
Austríaco antes de 1915 pertencem a êste tipo; elas
afastaram romenos da Romênia, poloneses da Polônia,
sérvios da Sérvia, italianos da Itália. Muitas das fronteiras coloniais da kfrica pertencem a êste tipo especialmente as de Gana, Togo, Daomé, Nigéria e Camarões. Cada uma delas separa um ou mais territórios
tribais. As fronteiras resultantes das linhas de trégua,
estabelecidas após as hostilidades, também pertencem
a esta categoria. Exemplo: fronteiras entre Holanda e
Bélgica, Coréia do Norte e Coréia do Sul, Vietnã do
Norte e Vietnã do Sul, fronteira em torno de Gaza e a
oeste da Jordânia.
4 - fronteiras relíquias - são linhas fronteiriças que foram
abandonadas por motivos históricos diversos mas que
deixaram gravadas na paisagem as influências dos
povos que se retiraram. Hartshorne exemplifica com a
Alta Sibéria, estudando as arquiteturas das casas e dos
edifícios públicos os quais diferem entre si em virtude
dos períodos que estiveram sob 3 domínio germânico
OU russo.
Evidências de arquitetura turca nos Bálcãs e da arquitetura espanhola na América do Norte do sudoeste
servem para mostrar que estas áreas formavam a linha
avançada de uma importante política de fronteira.
Esta presença pode não ter mais nenhuma importância
como é o caso da influencia russa na Alta Sibéria mas é
uma forte expressão na paisagem polonesa do oeste ainda
impregnada de costumes germânicos. Segundo J. Vicens
Vives ('$) as fronteiras apresentam a seguinte classificacão:
1
- Fronteiras e m formacão
2
-
- são àquelas nas quais a
existência de núcleos geo-históricos ativos evaluem no
sentido de formar uma, só fronteira que limita uma nacionalidade; exemplos: Alemanha, Itália e Iugoslávia
costituíram estados diversos composto por uma mesma
nacionalidade sendo esta rospons&vel pela formagão
dos atuais estados âlemão, italiano, e iugoslavo.
fronteiras estáveis - são aquelas que resistem a uma
longa existência histórica; no conceito de C. Vallaux
corresponde k frmteira moita. Corresponde exatamente as características de um núcleo geo-histórico.
Exemplo: Suíca, Bélgica.
3 - fronteiras de ~egressão- correspondem às formacões
políticas não estáveis. Depois de haver servido de marcos a um estado, se convertem em elementos de um
passado que já não responde àIs exigências de novas formas de vida. Em geral essas fronteiras foram fruto de
extensão bélica e de conquistas rnantidas pela força.
Exemplo: Inipério Carolíngio, Turco, Austro-húngaro.
I V - Análise dos estudos de frnnteira
Na realidade não existem fronteiras no sentido de uma linha
imutável, com características próprias e que sejam responsáveis
por uma filosofia política de estado, capazes neste sentido de justificar uma política de guerra.. .
A escola alemã, baseando-se nas obras de Ratzel (Bolitische
Geographie) formou mestres como Waushofer que aplicou ao estudo
das fronteiras um sentido de geopolitica, isto é, de justificar uma
agressão de um estado contra outro no sentido de que um dêles
alcançasse as suas fronteiras naturais. Haushofer em "Der Grezen"
deteve-se no estudo de fronteiras culturais (idioma, direito, religião,
indumentária) e defendendo tudo que fosse gerinânico chegou a
defesa de "Lebensraum" (teoria do espaco vital) na qual se justi*
J . Viceiis Vives: Tratado General de Geopolitica, pág. 178.
ficava a agressão pela Alemanha a fim de que ela anexasse todos
os territórios que significassem suas fronteiras culturais.
Para Jacques Ancel (Géographie des Frontières) não há fronteiras naturais, nem linha fronteiriça (linha cartográfica), nem
fronteira histórica no sentido ortodoxo, isto é, imutável. Para êle a
"fronteira é uma isóbara política que fixa durante certo tempo
equilíbrio entre duas pressões: equilíbrio de massas, equilíbrio d e
f Ôrças."
Chega-se à conclusão que a fronteira deve ser considerada
como uma periferia de tensão cultural - tensão que pode ser criadora e não necessàriamente bélica, portanto agressiva.
Desta forma a verdadeira fronteira é aquela até onde chega a
influência irradiante do núcleo geo-histórico, isto é, daquele primitivo núcleo onde se formou a nacionalidade de um povo (fle de la
Cité, na França, Londres no Tâmisa, principado de Moscou etc.).
Ora, neste sentido, embora permaneçam ainda hoje as fronteiras
com seus marcos físicos ou cartográficos separando administrativamente unidades de um mesmo país ou soberania, verifica-se que
a influência de cada estado vai muito mais longe, sobrepondo-se a
êstes limites para entrar em confronto com outra área. Os exemplos da vasta influência dos EUA, e da URSS são bastante claros,
chegando,-se até as fronteiras ideológicas e econômicas.
Nesse sentido a fronteira ultrapassa o seu significado político
para adquirir uma expressão econômica e não se torna falso falar
em fronteira do dólar, da libra e talvez do rublo.
No campo cultural da mesma forma vamos encontrar a irradiação de um núcleo central gerador. Hoje fala-se de uma cultura
de civilização ocidental para se opor a uma civilização oriental.
Apelando para o conceito de fronteira como uma periferia da
tensão cultural chegam os tratadistas de geografia política à conclusão do mito das fronteiras naturais, isto é, que um acidente
natural não constitui realmente uma barreira.
O mar, considerado pelos geopolíticos como a melhor barreira
para a defesa do estado, tem sido atravessado nos vários períodos
históricos; os romanos os atravessaram e chegaram a Zama para
destruir Cartago, os aliados nas duas guerras mundiais para combater a Alemanha, de forma que n a realidade não é o mar que é
a barreira mas a potencialidade de cada estado.
Quanto ao papel isolador das montanhas, observe-se que as
mesmas possuem passos que permitem sua travessia como o fizeram
Anibal e Napoleão através dos Alpes; muitas vêzes diversos povos
ocupam uma mesma montanha praticando nas suas encostas a
transumância.
Os rios muito utilizados como fronteiras, possuem em suas
margens povos que apresentam como característica serem bilín-
gues pela necessidade de se intercomunicarem. Uma grande bacia
pelos múltiplos aproveitamentos (irrigação, navegação, energia hidráulica e hidrelétrica) necessita de unificação e não de separação.
A vegetação exerce realmente poder separador muito mais importante que se lhe atribui e na Polônia houve época em que 68,4%
de suas fronteiras eram feitas pela vegetação, assim como a imensa Floresta Negra separava os germanos dos romanos.
Finalmente nos dias atuais, principalmente após a invenção
do avião e agora com os balísticos intercontinentais, qualquer
fronteira é vulnerável no sentido estratégico. Não é pelo contrário
o seu franqueamento que reduz um povo a derrota e temos casos
recentes de povos que lutaram contra grandes potências obtendo
finalmente sua independência como os argelinos e os indochineses
contra a ocupação francesa.
Quando em algumas horas deixamos as terras tropicais do
Rio da Janeiro para pousar no inverno novaiorquino ou parisiense,
quando se fala desta cidade para os diversos pontos do muito como
se falássemos para nosso vizinho, verificamos que a situação política do mundo deverá sofrer em alguns anos verdadeiras revoluções, pois algo mais grandioso que o isolamento dos povos se prepara para ceder lugar a um espírito universal.
A história política tem demonstrado que não é possível pensar
que a evolução se deteve em nossa era. Parece-nos que as fronteiras
peimanecem ainda mais como uma forma de administração do que
como de separação e uma quota importante na manutenção dêste
statu que deve-se ao conceito de nacionalidade que encontra suas
raízes nas diferencas étnicas, religiosas e antropológicas, forçando os povos ainda, por tradição, a se manterem estanques
quando todos fazem parte de uma mesma essência, a humana, que
requisita por conseqüência substancialmente as mesmas necessidades.
Assim, como aprendemos hoje com certa curiosidade que os
povos bárbaros não tinham território fixo ou, que o conceito de
soberania não era válido para a Idade Média, o que dirá no futuro
a humanidade quando nos estuda, hoje em dia divididos em estados separados por fronteiras?
V
- Bibliografia
1 - ANCEL, Jacques
1938 "Géographie des Frontières", 209 págs., Paris Libraire
Gallimard
2 - BACKEUSER, Everardo
1952 "Geopolítica Geral e do Brasil", 275 págs. - Vol. 178-179.
Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército.
3
- BARAINE, Raymond
4
- GOTTMANN, Jean
v
1956 "Institutions Internationales - Première Année Nouveau programme", 123 págs., Paris, Libraire Générale de
Droit et Jurisprudence.
1952 "La Politique des États e1 leur Géographie", 228 págs.,
Paris, Libraire Armand Colin.
5
- MAULL, Otto
1960 "Geografia Política", 524 págs., Barcelona Ediciones
Omega.
6 - POUNDS, Normann J. G .
1963 "Political Geography", 422 págs. N. Y., Mcgraw Hill
Series in Geography
7
- VIVES, J. Vicens
1950 "Tratado General de Geopolítica", 230 págs., Barcelona,
Editorial Teide
8 - WHITTLESEY, Derwent
1948 "Geografia Política" 676 págs., México, Fondo de
Cultura Económica.
FRONTEIRAS DO BRASIL
Prof. J. CEZAR
DE
MAGALHÃES
I - O espaço nacional
1 - extensão:
2 - posição:
8513844km 2
centro-oriental na América do Sul
N - 50 16' 19" lat. Norte - Serra
do Caburaí
S - 330 45' 10'' lat. Sul - Arroio
Chuí
L - 340 47' 41" lat. WGr. - Ponta
do Seixas
W - 730 59' 32" long. WGr. - Serra
de Divisor
3 - Área em relacão aos grandes estados
a - URSS
b - Canadá
c - China
d - Brasil
e - EUA
f - Austrália
- 22 403 000 krn2
- 9 974 375 km2
- 9 761 012 km2
- 8 513 844 km2
- 7 827 976 km2
- 7 704 159 km2
Deffontaines: "O Brasil se apresenta logo à primeira vista como um Estado gigante, um verdadeiro continente, uma
nação continente."
Supan :
"pode realizar uma política de expansão, colonizar e prosperar em
paz, êle cresce por dentro".
Não tem nenhuma parte verdadeiramente anecumênica.
4 - Vantagens e desvantagens da extensão territoria1
a - Vantagens
ai - variedade de quadros naturais, contrastes humanos e econômicos
a, - possui espaço vital para uma ocupação
do grande crescimento vegetativo da
população
a, - do ponto de vista estratégico facilita
em tempo de guerra recuo do govêrno
e das forças da defesa.
b-
Desvantagens
b, - difusão dos recursos aplicados pela
União nas várias partes do território
nacional.
b2 - diferenças econômicas nas várias regiões: emigração das populações de
certas áreas para outras.
b3 - difícil o aproveitamento das riquezas
- caso da localização da Usina de Volta
Redonda.
bq - dificuldades na fixação do homem - o
oeste está longe dos pontos principais
de escoamento da produção e dos centros de intercâmbio internacional.
b5 - maiores responsabilidades do govêrno
na manutenção da soberania nacional.
5 - A geografia física e humana do estado brasileiro
a - As fronteiras brasileiras separam da América
do Sul um conjunto físico constituído de 3/4
dos planaltos e 1/4 de planícies - em nenhuma parte o relêvo é agressivo como nos
Andes ou nos Alpes, não conhecemos calores
de abrasar nem frios enregelantes, nem desertos nem chuvaradas catastróficas.
b - O Brasil é o maior pais tropical de popula-
ção branca
b, - 36 milhões de brancos enfrentam a
tropicalidade do país - a hostilidade
do ambiente é apenas um preconceito.
b2 - grande densidade demográfica no litoral e escassez no interior.
bS - é uma população escassa e heterogênea
b, - concentração demográfica nas cidades
b, - baixo nível da população brasileira,
áreas de fome, lamentável estado sanitário, analfabetismo.
c - O Brasil continua a ter n a agricultura a base
de sua economia - economia do tipo colonial - fornecedora de matérias-primas.
c, - 50% da população ativa ligada a agricultura, pecuária e silvicultura.
c, - produção de culturas tropicais: café,
arroz, milho, cacau
c:, - cultura pela enxada
c, - um dos maiores rebanhos do mundo
c, - do ponto de vista industrial, problemas
no carvão, aproveitamento irrisório das
reservas do minério de ferro, pequeno
aproveitamento de petróleo, capitais
modestos, dependência dos centros externos, falta de técnicos.
d - O Brasil dispõe de u m a rêde de transportes
insuficiente
d, - 1960: 38 399 km estradas de ferro
d2 - 1960: 476 938 km de rodovias
E.U.A. - ferrovia: 362 000 km.
rodovia: 15 500 000 km.
d, - traçados antieconômicos, bitolas diferentes, aparelhamento obsoleto, rodovias com traçado irregular e de terra
batida.
e - O Brasil por suas diferenças regionais, assemelha-se a u m império colonial
e, - região principal, um centro vital, uma
espécie de terra coração - triângulo
Guanabara - Minas Gerais, São Paulo.
e2 - situações proeminente do ponto de
vista político - capitais do Sudeste e
isoladamente Salvador e Recife.
e, - o restante do território assemelha-se a
colônias.
e, - o maior equilíbrio econômico entre as
regiões possibilitaria ao govêrno maior
acêrto nos auxílios as realidades regionais.
I1 - As fronteiras
1 - conceito: é uma faixa e não apenas uma linha
2 - as nossas fronteiras possuem configuração homogênea, isto é, as fronteiras marítimas equivalem
as terrestres.
3 - quanto a extensão são contudo bem diferentes
a - terrestres:
15 719 km
7 408 km
b - marítimas:
c - demarcam estados de áreas desiguais
causa ocupação demográfica diferente
-
c, - litoral muito dividido
c, - interior - menor divisão - territórios
4
- formação histórica - conquista do espaço
a - ação diplomática
a, - tratado de Tordesilhas - antes da descoberta
a2 - tratado de Madri u Santo ~ldefonsoapós a ocupação espanhola - conseqüência da ação dos bandeirantes.
Principio do Uti-Possidetis
b - ação guerreira
bi - construção de fortes e presídios militares: São Joaquim Príncipe da Beira,
São José de Macapá.
b2 - defesa no litoral - expulsáo de franceses, inglêses e holandeses.
b, - defesa no interior - luta contra os
espanhóis, auxílio dos indígenas, fronteira Sul.
c - ação missionária
cl
- aldeiamentos indígenas - religião católica e defesa da terra contra os espanhóis.
d - acão dos desbravadores
dl - ocupacão do Acre
e - acão diplomática republicana
Barão do Rio Branco
el
-
problemas de fronteiras com a Bolívia,
Guianas Francesa e Inglêsa e território das Missões.
f - açáo de descolamentos espontâneos
f, - levas migratórias em direção as terras
desocupadas da Amazônia e do oeste
da Região Sul.
5
-
Participacão do relêvo e da hidrografia n a delimitação e demarcação das fronteiras
Obs.
1 - hidrografia mais usada nas fronteiras do Sul
equanto o relêvo é mais usado nos limites
2 - comentar a política do domínio da foz dos
rios
3 - o limite cartográfico predomina nas áreas
vazias
a
-
Região Norte
a, - fronteiras
relêvo :
divortium aquarum Maciço das Guianas:
Brasil e Guianas, Brasil e
Venezuela
Serra do Dhisor:
Acre do Peru.
hich-ografia: Oiapoque:
Amap$ da Guiana
Francesa
Javari
Ama.zonas do Peru
Abunã
Acre e Amazonas do
Peru
Guaporé
Rondônia da Bolívia
a,
-
limites:
fluvial - Araguaia
Pará de Goiás Jari
Amapá do Pará.
-
b - Região Nordeste
b, - limites
relêvo :
Mangabeiras, Tabatinga,
G u r g u é i a, Marrecas
(cuestas, chapadas e serras), Maranhão de Goiás,
Piauí da Bahia, Pernambuco da Bahia.
Serra Grande
Piauí do Ceará
Ibiapaba
Piauí do Ceará
Araripe
Pernambuco do Ceará
Apodi
Ceará do Rio Grande
do Norte
b, - fronteiras
hidrografia: Gurupi - Maranhão do
Pará
Tocantis
Maranhão de Goiás
Parnaíba
Piauí do Maranhão
São Francisco
Pernambuco da Bahia
Alagoas de Sergipe
c
-
Região Leste
cl - limites:
reíêvo :
Espigão Mestre - Bahia
Bahia de Goiás
Serra do Mar
São Paulo do
Estado do Rio
Mantiqueira
São Paulo de
Minas Gerais
c-
-
fronteiras:
hidrografia : Paranaíba - Minas Gerais de Goiás
Grande
Minas de São Paulo
Garinhanha
Minas de Bahia
São Francisco
já citado
d
-
Região Sul
d, - fronteiras
reiêvo :
coxilhas - Rio Grande
do Sul do Uruguai
hidrografia: Paraná
- Paraná do
Paraguai Iguaçu
Paraná da Argentina
Uruguai
Rio Grande do Sul da
Argentina
Jaguarão
Rio Grande do Sul do
Uruguai
d,
-
limites
relêvo :
planalto sul - mineiro
Minas Gerais e
São Paulo
hidrografia : Uruguai e Pelotas : Rio
Grande do Sul e Santa
Catarina
Iguacu
Santa Catarina do
Paraná
Paranapanema e Ribeira
Paraná de São Paulo
Grande
São Paulo de
Minas Gerais
Paraná
Mato Grosso de
Paraná e São Paulo
e - Região Centro-Oeste
ei - fronteiras
relêvo:
Serra do Arnambaí: Mato
Grosso do Paraguai
hidrografia: Paraguai - Mato Grosso
da Bolívia
e do Paraguai
Apa - Mato Grosso do
Paraguai
e, - limites
relêvo:
Espigão Mestre - Goiás
da Bahia
hidrografia : Paranaíba - Minas Gerais de Goiás Tocantins
Goiás do Maranhão
Araguaia
Goiás do Pará
Goiás do Mato Grosso
Paraná
já citado
6
- Prolongamento da soberania nacional - o mar e
O
ar
a - fronteira marítima: 6 milhas
ir
30 km.
ai - uso de navios mercantes e de guerra
("uso inocente")
a, - mar internacional para atingir Fernando de Noronha, ilha de Trindade e
Abrolhos
a, - ausência de disputas no Atlântico Sul
entre países da África e Brasil
Obs.: decreto 28 840 de 8-11-1950 instituiu
a fronteira pela plataforma continental.
Durante a guerra houve acordo com
países americanos, não respeitado
para considerar como mar territorial
uma distância de 300 km.
b - fronteira aérea
bi - diz respeito a soberania subjacente a
toda a coluna atmosférica, tendo por
base a respectiva área territorial Uso inocente do espaco aéreo.
b2 - o espaço aéreo é quase impossível de
ser controlado na era dos foguetes.
7
-
Ocupação das faixas d e fronteira
a - a maior parte das fronteiras está em forma-
ção
ai - grau enorme de desocupação
a2 - principais cidades: Macapá, Boa
Vista, Pôrto Velho
a, - centros de dinamizacão entre Oiapoque e Sul de Mato Grosso: Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré. Cidade de Corumbá: E. F. Noroeste do Brasil, E.F.
B.B.
b - maior dinamixação entre Corumbá e Jaguarão
b, - cidades importantes:
Ladário, Pôrto
Murtinho, Foz do Iguaçu, São Luís
Gonzaga, São Borja, Itaqui, Uruguaiana, Quaraí, Livramento, Jaguarão existência de estrada de ferro.
c - fronteira viva no sul
c, - ocupacão histórica - campos de gado;
maior número de cidades; lado a lado
d - atividades econòmicas nas faixas de fronteira
dl - extrativismo da madeira, borracha e
poaia - norte e Centro Oeste, oeste do
Paraná e Santa Catarina
d2 - criação de gado - sul de Mato Grosso
e Rio Grande do Sul
d, - navegabilidade e potencial hidráulico
I11 - Conclusões
1 - h á um imenso espaço por conquistar - equilibrar
o Brasil Atlântico e o Brasil interior - função da
nova capital - política de integração das populações isoladas
2 - só a federação pode atender a imensidão geográfica
3 - recursos desconhecidos em proveito da população
que cresce
4 - as unidades políticas não têm c mesmo poder econômico
5 - talvez necessidade de uma redivisão política
6 - passar-se-á da adolescência geopolítica para o estágio de grande potência
7 - o estado brasileiro é um exemplo de convivência
racial para o mundo.
IV
-
Bibliografia
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XIII págs. 19-32, Rio de Janeiro - IBGE. CNG.
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TAVARES,
A. de Lyra
1956 "Território Nacional - soberania e domínio do Estado", 262 págs., Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército.
PROBLEMAS DE PRESSÕES DEMOGRÁFICAS E
ESPAÇOS VAZIOS
Prof. NEY STRAUCH
1 - Introdução
A arte de medir o número de pessoas é recente em grande
parte do mundo. Nos tempos antigos algumas nações já o faziam,
mas sòmente nos dois últimos séculos é que surgiram estatísticas
satisfatórias sobre a população de grande área do globo. Ainda
assim podemos considerar que tais estatísticas são incompletas
para grande parte da América Latina e pràticamente inexistentes
na maior parte da Ásia e da África. Atualmente, 1/4 da população
do mundo não está sujeita a recenseamentos mas deve-se frisar que
e m 1 800 a proporção era de 4/5.
Tais observações denotam que as avaliações relativas principalmente aos séculos XVII e XVIII têm base especulativa, determinadas em médias de nascimentos e óbitos (índices de natalidade e
mortalidade), duração média do homem em cada época e as deduções aproximadas nas grandes calamidades.
Apesar das deficiências acima apontadas algumas idéias gerais
podem ser explanadas com relativa segurança:
1.0 - Houve um crescimento acelerado da população mundial nos últimos três séculos. A partir do século XVII
a média do crescimento anual foi de 5 por I 000 e aumentou em 1900 para 8 por 1 000. Tal crescimento não
deve ter ocorrido em qualquer outra época da história. Para se ter uma idéia concreta do que representa
o fato, basta lembrar que considerando a média de
crescimento obtida desde 1850 e aplicando-se ao início
da era cristã, uma população inicial de apenas . . . . . .
10 000 000 contaria agora com mais de 50 vêzes a
presente população do mundo.
2 .O
- Todas as regiões do mundo têm participado dêste crescimento mas êle foi particularmente marcado na Europa e Europa de além-mar, especialmente antes de
1900.
3 .O
- Dêste 1900 a média de crescimento tem declinado na
Europa, América do Norte e Oceania, mas n a África,
Ásia, América Central e do Sul tem havido forte aceleração na média de crescimento.
As tendências atuais, se bem que passíveis de erros quando
aplicadas como leis, permitem uma idéia mais ou menos lógica
quanto às futuras áreas de alta densidade de população do globo,
o que não deverá ser confundido como afirmação de que serão elas
as futuras áreas de pressão demográfica.
Para a Terra, como um conjunto, há cêrca de 42 pessoas por
milha quadrada, mas, em têrmo de terra arável, o valor sobe a 500.
E óbvio, portanto, a grande desigualdade na distribuição das terras
produtivas.
Os melhores dados sobre a utilização da terra, no presente,
são os do Anuário da FAO, baseados em informações de 158 unidades políticas. Essa publicação dá um total mundial de terra arável e pomares de 1230 000 000 de hectares, ou seja 8 % da superfície das terras; pastagens e campos cobrem 2 167 000 000 de hectares ou 15%. Em têrmos de per capita êstes valores representam
1.3 e 2.4 acres respectivamente. LAUTENSACH acredita que 18%
das terras são cultivadas, o que parece valor muito alto, 29% está
em florestas, 21741 são estepes e 25% são terras inúteis. Segundo
PILSSON e HARPER podem ser registrados como área de culturas
para, alimentos 1 520 000 000 de acres ou seja, 4% dos Continentes.
A publicacão já mencionada considera a existência de terras
seu uso mas potencialmente produtivas que infelizmente não são
conhecidas igualmente para todas as partes do globo. Numa
primeira avaliação, deve ser da ordem de 10% em relação às terras
aráveis e de pastagens atuais, grande parte delas situadas nas regiões tropicais. A estimativa de ROBERT SALTER conclui pela
existência de 900 000 000 de acres na África e América do Sul, . .
100 000 000 de acres em Madagáscai, Sumatra, Bornéo e Nova
Guiné como reservas ainda potencialmente utilizáveis.
Numa populacão em crescimento haverá sempre necessidade
de mais alimentos. A fonte mais fácil será o aumento do rendimento das terras de culturas já existentes, já que as terras econômicamente utilizáveis em relação aos grandes centros populacionais parecem ter atingido um limite. Acontece que muitas áreas
de produção agrícola atual estão dando sinais de intenso esgotamento, não só nos Estados Unidos como n a China. Muitos já falam
na provável explora(;ão das florestas da Amazônia e do Congo.
Conforme diz CRESSEY, geógrafo americano, "até que conquistemos o Ártico e os Trópicos é bem possível que o mundo esteja
próximo do limite de totais de acres cultiváveis". É possível que a
situação já seja crítica; a população mundial cresce de 1% por
ano enquanto a área cultivada está em declínio. O ponto crítico
está aí: se mais alimentação é necessária não há possibilidade de
extensas terras agrícolas de valor. A terra boa está praticamente
toda em uso e os mapas que limitam as terras utilizáveis não
podem ser estendidos muito mais.
Quanto alimento pode a terra suprir com melhoramentos razoáveis?
Atualmente, metade da população do mundo vive em permanente estado de fome. SALTER estima que se todas as terras de
cultura atuais dessem rendimentos possíveis, haveria uma produção de 2070 além dos atuais, mas o custo em dinheiro seria enorme. Além disso, se há 1 000 000 000 avaliáveis em potencial nos trópicos e 300 000 000 de acres de solos frios provàvelmente prestáveis
a agricultura então o mundo pode dobrar a sua produção de cereais, triplicar seu suprimento de frutas e vegetais e aumentar
50% do seu suprimento de carne.
A população atual do mundo excede 3 bilhões. O máximo de
população que a Terra poderá suportar depende do padrão de vida
e outros fatores imprevisíveis. Os dados de SALTER, do máximo de
suprimento de alimentação, indicam possível duplicação da população; FAWCET sugere quase 3 vêzes a presente, isto é, 7 ou 8
bilhões.
Ao que parece, dentro dos padrões atuais, as possibilidades de
produzir alimentos permitirão a existência da população que deverá
ter a Terra no fim dêste século.
Infelizmente, as áreas onde a produção pode ser aumentada
não correspondem as áreas presentes de excesso de população.
"13 duvidoso se nós podemos cultivar logo as bacias do Amazonas e Congo ou o norte do Canadá e Sibéria, mas se nós pudermos,
as áreas superpovoadas da China, Índia e Europa deverão ter acesso a essas fontes de alimento." (GEORGE CRESSEY).
2 - Pressões Demográficas e Vaxios Demográficos
2 . 1 - A relatividade dos conceitos
Para os objetivos de nossa aula, a compreensão dos dois conceitos que exprimem situações extremas é considerada de importância primordial. O primeiro fato, pressão demográfica, reflete
uma conseqüência do excesso de população ou superpopulação em
determinada área; o segundo, nada t e m de dinâmico. Quando caracterizado é apenas a constatação de um território ou região que
apresenta população muito reduzida em comparação as possibilidades que oferece. Os dois fatos, existência de pressões demográficas
de um lado e regiões potencialmente ocupáveis de outro parecem
se completar numa sequência lógica de raciocínio. E quanto maior
fôr a pressão demográfica, mais cobiçados serão os vazios demográficos.
Confessamos de antemão uma dúvida. É possível constatar a
existência de pressões demográficas mas talvez incorrêssemos em
êrro se tentássemos especular em torno do seu processo. Existe
pressão demográfica quando se evidencia um excesso de população
em relação cis disponibilidades de recursos mínimos e oportunidades de alcançar meios de subsistência numa determinada região
e por período de tempo relativamente longo. Desta conceituação
estão eliminados os casos de crises econômicas que redundem em
desemprêgo por tempo limitado ou períodos de insuficiência resultantes de calamidades imprevisíveis. Da mesma forma a pressão
demográfica só pode ser caracterizada em períodos históricos limitados já que a evolução da tecnologia em todos os campos da atividade huma.,a tem modificado substancialmente os padrões de
sobrevivência dos povos: O que hoje é considerado como excesso
de população certamente não o será em futuro não muito distante.
Nota-se, pois, o perigo de cometer erros grosseiros se desejamos estabelecer valores para determinar quando e onde ocorrerão pressões demográficas. Êste não é um fato quantitativo de forma absoluta mas um conceito qualitativo onde são considerados, de um
lado, as qualidades humanas, suas possibilidades de produzir em
função de atitudes e habilidades (aspectos culturais) e de outro
lado a capacidade do meio natural que pode ser bastante modificado pela atuação do homem. Os primitivos indígenas habitantes
das "prairies" da América do Norte sofreram o fenômeno da pressão
demográfica quando se deu a destruição indiscriminada dos búfalos
e eram apenas alguns milhares de indivíduos. Hoje, com a técnica
da agricultura racional esta mesma região alimenta milhões de
pessoas daquele país e do exterior e são consideráveis as possibilidades de desenvolvimento da sua capacidade de produção agrícola.
Esta idéia da relação entre o homem e a terra veio modificar
profundamente o conceito de superpopulação. Segundo ela, uma
alta densidade pode indicar superpopulação mas mesmo uma região de baixa densidade de população pode ser superpovoada.
Existem áreas densamente povoadas onde as populações vivem sob
constante pressão demográfica como é o exemplo da região do arroz
do SE da Ásia, assim como podem ser prósperas e com alto padrão
de vida como no NE dos Estados Unidos e certas regiões industriais
da Europa. Da mesma forma, áreas de população rarefeita podem-se apresentar com baixíssimos padrões de vida como os encon-
tramos generalizadamente no interior do Brasil ou com um elevado
"standard", no caso, os exemplos da Suécia e da Austrália.
Outro aspecto a ser considerado e que não tem qualquer significação num mapa de densidade de população é o conceito de
capacidade interna e externa. O primeiro representa-se pela avaliação dos recursos da terra na região ou país e muda de tempos em
tempos. O conceito de capacidade externa está relacionado ao
complexo sistema de trocas. A Inglaterra é um interessante exemplo do país que firmou a sua capacidade externa em terras distantes. Apenas 30% do consumo da ilha inglêsa são produzidos na
própria ilha. A diminuição de seus mercados seria um fator básico
para o aparecimento da pressão demográfica.
A Holanda, antes da perda da Indonésia, possuía uma capacidade física interna estimada para 120 habitantes por milha quadrada, enquanto a densidade era de 540 habitantes. Não ocorria
entretanto o fenômeno de pressão demográfica em virtude da sua
capacidade externa baseada principalmente n a Indonésia. A perda
daquela colônia deu como resultado a quebra do equilíbrio antes
existente, manifestando-se, de imediato, excesso de população.
\Com estas considerações é fácil de concluir que o número de
habitantes e a relação com o número de quilômetros quadrados
perde muito do seu significado. Atualmente, uma região só pode
ser considerada superpovoada se a capacidade interna e externa
é inadequada para satisfazer as necessidades da população ali radicada. Pela mesma razão seria precipitado concluir que uma região
é um vazio demográfico porque as densidades aí registradas são
baixas.
2.2
- Areas de ocorrência de Pressões demográficas e Vazios
demográficos.
Com relação ao primeiro dos fenômenos, Pressões demográficas, relatórios de órgãos internacionais, particularmente da ONU
e da FAO permitem estabelecer suas áreas de ocorrência na atualidade e algumas previsões de valor relativo para o futuro.
Uma vista geral sobre o mapa da populaçâo no globo mostraria de imediato e desigualdade da sua distribuição. Para caracterizá-la basta que se diga que aproximadamente a metade da população da terra se concentra em apenas 5 das áreas continentais e,
contrastando com isso 57% das áreas continentais contêm menos
de 5 % da população mundial.
A forma comum para descrever os padrões mundiais de distribuição da população procura identificar três tipos:
a) - as grandes áreas de concentração;
b) - as áreas menores de concentração; e
c) - os grandes espaços relativamente vazios.
FAWCETT identificou quatro áreas principais de concentração
de população: - Extremo Oriente, Índia, Europa e o leste da América do Norte.
PRESTON JAMES reconhece duas principais áreas de concentração: a) - o Sudeste da Ásia onde metade da população mundial
está tempestuosamente amontoada em menos de 1/10 da área
habitável da terra; e b) - a Europa, onde aproximadamente 1/5
da população global ocupa menos de 1/20 da área de terras habitáveis.
ERICH ZIMMERMANN identifica três centros principais de
concentração: a) - o sudeste da Ásia - China, Índia, Japão,
Coréia e Java; b) - as áreas industrializadas do oeste e centro
da Europa - Bélgica, Países Baixos, Grã-Bretanha e Alemanha e
ainda partes da França, Tchecoslováquia e Itália; e c) - as áreas
industriais do NE dos Estados Unidos.
Segundo êle há diferenças fundamentais entre êsses centros
que explicam a existência dos excessos de população. Assim é que
os centros de concentração demográfica do Sudeste da Ásia coincidem com a faixa de monções, zona de abundante alimentação por
acre, mas de absoluta falta de energia inanimada. Enquanto isso,
na Europa e no Nordeste e Leste dos Estados Unidos a presença
de fontes de energia, carvão, petróleo e força hidráulica permitiu
o aparecimento do "Robot" que n a multiplicação do trabalho e da
produção anula, em parte, os efeitos da concentração demográfica,
Assim, para aquêle autor, a diferença entre a Europa e a América do Norte é uma questão de grau enquanto entre o Leste e o
Oeste a diferença é de espécie, marcada pelo uso ou não da energia
inanimada.
Entre as áreas menores de concentração que possam interessar
a êste capítulo deve-se considerar o leste europeu e parte do Mediterrâneo, a planície e delta do Nilo, a costa da Guiné na África,
a população agrupada do sudeste da Austrália, os agrupamentos da
América Central e o sudeste da América do Sul.
A visão global da distribuição da população e particularmente
das áreas de concentração é, ainda, excessivamente complexa. Conquanto caracterizada por um considerável grau de estabilidade no
seu conjunto tem sido frequentemente modificada em seus detalhes
e em dado período de tempo podem suceder mudanças de importância considerável.
Os fatores que determinam os padrões de distribuição da população e conseqüentemente do aparecimento da áreas de pressão
demográfica são complexos e variados. Não poderíamos tratá-los
aqui. Basta que se lembre que três são realmente capitais: os fatôres geográficos (clima, relêvo, solo, outros recursos físicos e as re-
lações de espaço); os fatores culturais, incluindo as atitudes e as
habilidades do povo, suas atividades econômicas e técnicas e sua
forma de organização social; e, os fatdres demográficos, considerando principalmente as diferenças das médias de nascimentos e
óbitos entre as várias áreas e ainda as correntes migratórias.
Considerando apenas o futuro imediato tentaremos analisar as
áreas de alta densidade de população que apresentam ou poderão
apresentar, dentro dos prazos críticos, fenômenos de pressão demográfica.
Entre as regiões do globo que se destacam pelo alto índice de
fertilidade de seu povo está a Ásia. Até o fim do século passado o
grau de natalidade elevado era em parte compensado por altos valores na mortalidade. Em que pêse as deficiências que se acumulam
nos países asiáticos, a média de óbitos vem-se reduzindo paulatinamente, enquanto a natalidade permanece elevada e em certos
países até em crescimento.
Um estudo recente das Nações Unidas para o conjunto de
regiões compreendidas, pela África, Oriente próximo, Ásia-Central
e Extremo Oriente, excetuando o Japão, estabelece que a média
do crescimento da população para o período de 1950-1980 não excederá a 1,3C/o por ano nem será inferior a 0,770. Se a populaçãa
destas regiões crescer nestas médias aumentará de 1 387 milhões
em 1950 para entre 1710 milhões e 2 043 milhões em 1960. O
valor mais alto deriva das reduções crescentes na média da mortalidade e pequenas mudanças na de nascimentos; o valor mais
baixo foi baseado na manutenção na atual média de mortalidade e
nenhuma mudança na de natalidade.
A falta de valores adequados concernentes a população da
China coloca a dúvida sobre todas as estimativas da população na
Ásia em geral nos tempos atuais. As estimativas recentes referentes
a China variam largamente em parte pela variedade de definições
sobre os limites do país. WILLCOX estimou-a, em 1937 em 350
bilhões para as 18 províncias. A Liga das Nações deu uma estimativa de 450 milhões para toda a China em 1933 enquanto TACHEN,
em 1946, na base de censos e investigações, considerou uma redução para 400 milhões em vista de fomes generalizadas, pesadas
perdas de guerra e distúrbios internos.
A mais recente estimativa, de o,utubro de 1950, dá a população chinesa de 475 milhões de habitantes.
Ainda que o índice de mortalidade, particularmente nas áreas
já saturadas, continue dos mais elevados de toda a Ásia o crescimento da população chinesa é mais ou menos constante e é de
esperar para 1980 não menos de 550 milhões de habitantes.
O crescimento da população na moderna Índia, em contraste
com a China, mostra uma tendência gradual para crescer acelera-
damente por um longo período. De 1650 a 1871 a média de crescimento anual foi de 3,5 por mil. Daí até 1921 esta média se elevou
a 8 por mil e no período de 1921-1941 atingiu o valor médio anual
de 12 por mil. Assim é que as avaliações para o futuro situam a
Índia, juntamente com o Paquistão em situação ímpar no que diz
respeito a população. DAVIS predisse 550 milhões em 1970 e 790
milhões no ano 2000. O maior aumento foi predito por HILL que
considera provável uma população de 650 milhões em 1970. Deve-se
considerar que tais estimativas não levam em conta a possibilidade de novas calamidades como a fome e as epidemias.
Valores semelhantes e superiores são registrados para as demais áreas do continente asiático. No Japão a população cresceu
de 56 milhões em 1920 para 73 milhões em 1940, refletindo um crescimento médio anual de 15,3 por mil. Não foram incluídos aí os
milhões de famílias que foram "emigradas" para os territórios do
império em formação. Os mesmos padrões de alta média de nascimento e queda nas médias de óbitos, com a conseqüente elevação
dos índices de aumento natural, são encontrados também nas demais áreas do Sul e Leste da Ásia tais como no Ceilão, onde a população multiplicou, entre 1871 e 1948; na Malaia, onde a média de
crescimento natural nos últimos anos tem sido da ordem de 24 por
mil e nas Filipinas, Tailândia e Coréia, de 20 por mil.
Numa visão geral, pode-se considerar que a Ásia não soviética
teve um aumento de aproximadamente cinco vêzes a população
existente há 300 anos atrás. O crescimento dêstes três últimos séculos parece ter sido mais rápido do que foi o do milênio precedente.
O que isto representa para os povos asiáticos?
Os estudos realizados pela FAO em 1950 assinalavam que a
Ásia continental tinha atingido praticamente o limite máximo de
utilização das terras agrícolas assim mesmo aceitando o baixo
padrão de vida das áreas de concentração demográfica. Uma idéia
comparativa pode ser aqui considerada. Segundo avaliação de
PEARSON e HARPER, nas condições atuais da técnica da produção
de alimentos, se todo o m u n d o vivesse n o padrão de vida dos asiáticos a presente produqão mundial poderia suportar aproximadamente 3 bilhões de pesssoas. S e todo m u n d o tivesse os padrões ali-
mentares da Europa haveria alimentos apenas para a presente po.
pulaçáo do Globo, enquanto nos padrões da América do Norte
poderiam ser alimentados menos de 1 bilhão de pessoas, ou seja apenas 40 % da população atuaí.
Mesmo considerando a possibilidade de que algumas regiões
como as planícies da Índia e os vales do rio Vermelho e Yang Tsee
Kiang na China venham a obter rendimentos maiores do que os
já existentes, dos mais altos do mundo, o crescimento da população
que é esperado aí será sempre de tal ordem que se agravará a
pressão demográfica já existente. Os 100 milhões de acres possíveis
ainda de serem utilizados nas áreas de Madagáscar, Sumatra,
Bornéo e Nova Guiné poderão suportar mais 40 milhões o que provavelmente será coberto pelas suas próprias populações em crescimento.
Os técnicos da FAO deixam antever, mesmo nas áreas tropicais, um possível aumento de rendimento por acre até chegar
ao limite de um habitante por acre. Apesar disso o sudeste da Ásia
permaneceria com fortes pressões demográficas. As possibilidades
de industrialização na China e Índia a fim de ampliarem sua capacidade externa não parecem distantes principalmente n a primeira, mas dificilmente seus resultados far-se-ão sentir antes
de 1980.
Muitos países da Europa são tidos nos tempos modernos como
regiões de permanente pressão demográfica. Realmente, alguns
dêles o foram como a Inglaterra, a Irlanda, a Alemanha, a Itália e
alguns países escandinavos e não fora assim não teriam êles dado
ao Novo Mundo cêrca de 60 milhões em pouco mais de um século.
Com excessão da Irlanda, da Itália e Portugual, que possivelmente continuarão sendo países emigrantistas, não pròpriamente
em virtude de pressões demográficas mas pela existência de elementos menos capacitados técnicamente para a concorrência as
fontes de trabalho, os demais países parecem ter atingido os seus
''ótimos de população". Tal situação parece ter sido atingida pela
estabilização no crescimento da população através da baixa fertilidade e mortalidade. O crescimento natural na Europa assim como
no Norte da América e domínios britânicos na Oceania será provavelmente bem mais baixo na segunda metade do século XX do
que foi nos primeiros cinquenta anos. Para alguns países como
a França parece que sòmente a imigração é a perspectiva considerada para aumentar a população do país.
Da mesma forma, para países como a Inglaterra, a Bélgica,
a Alemanha e o grupo escandinavo foram assinaladas pequenas
diminuições na população a partir de 1940 e 1950 resultado do índice de natalidade mais baixo do que o de mortalidade. Para o conjunto de nações do Norte, Oeste e centro da Europa apenas os
Países Baixos apresentam regular crescimento de população segundo as perspectivas estabelecidas por NOTESTEYN, mas a tendência atual é a de cessar o crescimento por volta de 1970. O aumento da população da Itália será da ordem de 12 milhões.
O período de guerra e pós-guerra determinou nos países europeus em geral, e nos beligerantes em particular, um súbito aumento das taxas de natalidade o que parecia destruir as projeções cuidadosamente estabelecidas. Já em 1950, entretanto, essas
taxas decaíam para se aproximar novamente dos valores normais.
nando pressões. Por outro lado, no Novo Mundo, a terra era gratuita ou de baixo custo para imigrantes e grandes as oportunidades de emprêgo com bons salários para os trabalhadores urbanos. A
expansão da indústria européia estabeleceu um crescente mercado
para as matérias-primas produzidas além-oceano e isto estimulou
uma crescente demanda de mão-de-obra nos países de imigração.
Os incentivos a migração cresceram com o desenvolvimento dos
meios de transportes. O número, tamanho e velocidade dos transatlânticos foi enormemente aumentado; novas estradas e ferrovias
traziam os emigrantes do interior da Europa para os portos e os
transportavam dos pontos de desembarque para o interior dos territórios em fase de povoamento e colonização.
3 . 2 - Pressão Política como conseqüência de Pressão Demo-
gráfica
O exemplo mais gritante que se conhece faz parte da história
do Fascismo. A Itália, quando Miissolini sonhava no restabelecimento do Império Romano aliou êsse objetivo político a uma situação de fato. O país era enfraquecido pela enorme pressão demográfica existente e o meio normal para reduzi-la, a emigração, era
proibida pelo Govêrno que visava então a não sacrificar o potencial
humano para a guerra já planejada. Através de medidas preparatórias com o fim de criar o estado de tensões com a Abissínia
estabeleceu-se a situação desejada e aquêle país africano foi invadido e ocupado após heróica resistência. Mussolini estabeleceu
então um plano de colonização daquelas terras, particularmente
do seu trecho setentrional, constuindo uma estrada de ferro de
Djibouti a Adis Abeba e iniciando o povoamento da região com italianos que representavam excesso de população na península.
Também na Alemanha durante o Nazismo, a possível existência da pressão demográfica no país foi utilizada como arma de propaganda de Hitler. As ameaças em nome do "espaço vital" não
foram de certo ainda esquecidas.
Devem ainda ser lembrados os casos do Japão e da Palestina,
por todos conhecidos.
3 . 3 - Pressão Demográfica e a atuação d e Organixações In-
ternacionais.
Os períodos de após a guerra determinam sempre pressões demográficas de maior ou menor durasão. A Europa, campo principal das últimas grandes guerras, apresenta os mais típicos exemplos. Tais situações de desequilíbrio procuram ser solucionadas
através de órgãos especiais, tais como os Comitês Internacionais
de Emigracão .
Preferimos entretanto particularizar um exemplo que interessou ao Brasil e ficou conhecido como o Caso dos Assirios.
O fato passou-se em 1933 e teve ampla repercussão na época.
Tratava-se de fazer emigrar para o Brasil, por decisão da Liga das
Nações, e interêsse da Inglaterra, 14 000 assírios de origem armênica. Eram êles constituídos de tribos nômades, saqueadores que
pelo mal comportamento tinham sido deportados do Iraque. A
Inglaterra exercia mandato sobre o Iraque mas não desejava os
bandoleiros em seus territórios coloniais. Daí o ajuste feito com a
Liga das Nações que os apresentou ao mundo como grupos excedentes de agricultores e criadores, solicitando ao Brasil que os recebesse n a qualidade de imigrantes, correndo parte das despesas de
transportes e localização no norte do Paraná por conta das nossas
autoridades. O "negócio" quase chegou a se concretizar não fossem
os estudos realizados por membros de nosso Parlamento e, depois,
pelo Itamarati, o que determinou o recuo do Poder Executido, já
então esclarecido sobre o assunto.
5 - Conclusões
a) - O desequilibrio entre a crescente população do globo e
as possibilidades de ampliar as áreas de produção de alimentos
faz antever, para o futuro, pressões demográficas de grande amplitude.
b) - A complexidade dos fatores que atuam no processo de
relações do homem com a terra não permite uma indicação segura
sobre as áreas de pressões demográficas em potencial.
c) - Nos tempos atuais as pressões demográficas identificadas
são as do Sul e Sudeste da Asia, fndia e China e América Central.
d) - O Brasil, possuidor de vazios demográficos relativos deve
estabelecer um povoamento pelo menos pioneiro nestas regiões
com elementos nacionais. Uma política de esclarecimento deve-nos
mostrar, em seus relatórios técnicos à ONU, UNESCO, FAO etc.,
que já sofremos pressões demográficas regionais (zona da mata do
Nordeste) e que o índice de crescimento da população brasileira ao
lado da tecnologia pouco desenvolvida tornará essas áreas absolutamente necessárias, ao país, em futuro próximo.
GEOGRAFIA E PLANEJAMENTO
GEIQER
Prof. PEDROP I N C ~ W
1 - Qualquer bom trabalho de Geografia que conduza ao co=
nhecimento dos espaços geográficos e de seus processas de elaboração, serve ao planejamento uma vez que êste objetiva a vaiorização de características do espaço e sua reorganização.
Até há pouco, as ciências ecopômicas e sociais se concentravam
no estudo da estruturação vertical dos fenômenos, mas, atualmente
também a estruturação horizontal, isto é, a localização e &nsão
ganham importância. A regionalização passou a ser um tema que
estreita as relações da Geografia com as outras ciências sociais.
2 - a) Dis O Prof. BERNARD KAYSER que a Geografia participa no planejamento segundo três óticas:
a) - o meio;
b) - as localizações;
C) - as situações.
O geógrafo é capaz de estudar o meio no qual o homem evolui,
considerando as condições naturais e históricas, o geógrafo localiza
os diversos fenômenos observados, dá a sua extensão e distribuição;
finalmente, o geógrafo descreve as formas de utilização dos espaços
pelo homem, sua organização, como resultantes de combinações,
originais para cada caso, de fatares e condições. Da convergência
dos fenômenos naturais, sociais, econômicos, políticos, históricos,
da ação de suas forças interdependentes, resultam situaçóes especificas que caracterizam espaços diferenciados e regiW:Cabe ao
geógrafo indicar o valor hierárquico das forças em ação e a
dinâmica que o espaço ou região considerada possuem.
b) - Alguns trabalhos geográficos, ou de ciências do sistema
geográfico, ou, segundo outros, de ciências afins à Geografia, se
dedicam a aspectos do "meio" ou a "localização" de fenômenos. Por
exemplo, estudos geomorfológicos ou climáticos, de localizhição in-
dustrial ou de jazidas minerais. Tais trabalhos podem servir
de documentos'para o planejamento e alcançar eventualmente
grande valia em planejamentos setoriais ou físicos. No entanto, os
estudos pròpriamente geográficos dão ênfase ao exame das "situações" e ao fazê-lo, abordam também obrigatòriamente,, o "meio" e
as "localizações". estes terão um valor mais profundo para o planejamento .
3 - A Geografia como ciência regional, ao descrever a organização regional de um país, fornece elementos para o xplanejamento global, nacional que visa ao desenvolvimento equilibrado das
diversas partes do território nacional. O geógrafo surge então
como "o filósofo do espaço" (Kayser).
No interior de um país as regiões são partes vivas de um todo.
O desenvolvimento no interior de cada região vai influir no processo geral do país e o desenvolvimento do país no seu conjunto
influi na evolução regional. Assim, para o planejamento, o estudo
regional deve atender aos seguintes objetivos e servir para os
seguintes fins :
a) - Definição das regiões existentes, sua caracterização,
descrição de sua vida interna e de suas relações com a vida do país;
indicação das tendências dinâmicas das regiões, seus potenciais,
forças de expansão, freios e pontos de estrangulamento. O planejamento atende ao desenvolvimento interno das regiões, forpecendo
estímulos as forças de expansão, ou, freiando tais forças quando
levam a crescimentos exagerados, prejudiciais ao conjunto do país;
atua sobre elementos de freiagem da vida regional, ou introduz
novos elementos de ativação da vida regional. ale deve atender,
pois, ao tipo de região que está tratando.
Uma das formas da atuação do planejamento reside em criar
condições de evolução de uma região de tipo menos evoluído por
outro, mais evoluído. Quando já existe rêde urbana de relativa importância, isto se faz pela consolidação de centros de polarização
já existentes, transformados em pólos de crescimento.
Noutras regiões, onde a polarização praticamente não existe
ou é muito fraca, cria-se uma nova cidade para servir de centro
de polarização ou de pólo de crescimento. Daí se conclui a importância dos estudos geográficos dos arcabouços urbanos dos países.
Nas regiões organizadas é o planejamento fisico e o arrumamento
do espaço que ganham muitas vêzes importância fundamental para
o bem-estar das populações que lá se enccntram. Nas regiões já desenvolvidas, a política de descentralização dos pólos de crescimento
já eongestinonados leva a formação de novos núcleos, saté:ites industriais, residenciais e outros.
b) - Utilização do conhecimento das carackrístcas regionais
no traçado da política geral econômica, no que diz respeito aos pro-
blemas setorais, particularmente os locacionais. A escolha de posições e sítios para os empreendimentos industriais, agrícolas, ou de
setor terciário,, se fundamentam em características geográficas.
Para êste trabalho são de grande valia a descriqão de espaços homogêneos e polarizados.
c) - Uma política locacional planejada repercute no desenvolvimento da vida regional; tanto pode ativar a dinâmica regional,
simplesmente, como pode ser fator de criação de novos espaços diferenciados que podem evoluir para regiões. Não terá sido êsse o
processo da evolução da região de Belo Horizonte? Além desta influência indireta, é possível seguir uma política deliberada de organização de vida regional em certas áreas. O estudo dos espaços
homogêneos e polarizados pela Geografia permite fornecer elementos para a fixação de regiões-programa, áreas de implantação de
planejamento integrado. A escolha de regiões-programa deve resultar de um confronto entre os objetivos específicos do planejamento econômico geral e as condições geográficas do território.
4 - O trabalho contínuo dos geógrafos se constitui numa contribuição voluntária para o planejamento. No entanto, é cada vez
mais frequente a solicitação expressa do trabalho do geógrafo para
programas específicos de planejamento. Neste caso, as posicões assumidas pela Geografia podem ser as seguintes:
a) - Os responsáveis pelo planejamento já consideram a
Geografia relativamente importante, mas ainda a subestimam ou
desconhecem seu conteúdo completo. Isto se traduz numa atitude
que é a de pedir a Geografia que apenas participe através da descrição do "meio" e de trabalhos de "localização". Desconhece-se
seu labor fecundo de descrever "situações", cu então se atribui
a esta atividade, uma pretensão do geógrafo em prever, substituir
outros especialistas. Isto não passa de uma incompreensão, tanto
em relação ao trabalho de geógrafo como ao dos outros especialistas. No entanto não deixar de ser verdade que, quando o geógrafo
não compreende bem o sentido da descrição de "situaçóes", realmente acaba invadindo o terreno de outras ciências.
Se o geógrafo perceber que existe incompreensáo e que a sua
participacão em trabalho de tal natureza poderá servir como um
meio de esclarecimento e de conquista de posicão, justifica-se a
aceitação de tal tipo de trabalho. Ele procurará valorizar seu trabalho e tentará aproveitar as oportunidades para demonstrar também o papel que a Geografia pode desempenhar como ciência de
"situaçóes".
b) - É dada ao geógrafo a oportunidade de êle mesmo traçar
a sua contribuição ao planejamento. O ideal seria, pois, a realização do trabalho segundo as três óticas mencionadas. No entanto o
comum no Brasil é que seja o prazo fixado relativamente curto e
que 0 técnico descanse para os trabalhos de "localização", uma vez
que 0s estudos que exprimem a "situação", mais complexos, exigem
mais pesquisas e mais tempo.
c) - Há casos em que os geógrafos se incumbem de fazer de
seu trabalho não sòmente o diagnóstico de uma área ou região,
como também a indicação da prognose ou da direção geral do planejamento. Quer-nos parecer que nem sempre a contribuição da
geografia pròpriamente dita, descrevendo "situações", consegue
completar o trabalho da diagnose que muitas vêzes envolve complexos problemas da estruturação vertical dos mecanismos econômicos, sociais e políticos. A diagnose pode resultar de um trabalho
de equipe, interdisciplinar, quanto mais, a prognose. A verdade é
que a apreensão conipleta de uma "situação" é por demais compiexa, principalmente, quanto mais complexa for a região e não h&
porque não atingir todos os seus aspectos através da cooperac~o
interdisciplinar .
5 - Isto nos leva ao problema dos limites da Geografia no
planejamento e da responsabilidade do geógrafo.
No reconhecimento do espaço objeto do planejamento, a Geografia tem seu campo específico e sua tarefa é descrever a organização dêsse espaco. Um bom trabalho geográfico pode atingir a
diagnose, isto é, apontar os problemas sócio-econômicos daquele
espaço em relação ao desenvolvimento geral da unidade política
a que êle pertence. Já foi dito que a diagnose pode resultar de
trabalho interdisciplinar .
Dependendo da experiência do geógrafo, e dos outros técnicos
e do tipo do planejamento aquêle poderá ter papel maior ou menor,
inclusive liderando a equipe interdisciplinar. Realizado o estudo
geográfico de uma área, o geógrafo sentirá o quanto atingiu no
conhecimento daquela unidade; a validade de uma opinião sua,
sobre o que se pode fazer no planejamento, dependerá da profundidade alcançada e de sua capacidade intelectual geral, de seus conhecimentos da vida sócio-econômica do país. O que não deve é
achar que, pelo fato de fazer Geografia, está automàticamente habilitado a indicar certo os caminhos do planejamento.
O trabalho geográfico é contínuo e o exame das tranformações do espaço, inclusive sob os efeitos de planejamentos, conlerc-lhe um papel permanente, inclusive .ia conceituação do planejamento .
TRABALHOS PRÁTICOS
O Relêvo do Mundo - Prof." Maria Francisca
Thereza Cardoso
Os minerais da Região Nordeste e sua importância
n a Economia do Brasil - Prof. Antônio Teixeira
Guerra
Costrução e Interpretação de gráficos econômicos
Prof. Ângelo Dias Maciel.
-
Leitura de Cartas - Prof. Antônio Teixeira Guerra
Utilixação de Fotografias aéreas n a Geografia Prof. Carlos de Castro Botelho
Utilixação de cartazes n o ensino da Geografia
Prof. Francisco Barboza Leite.
-
O RELÊVO DO MUNDO
I
-
Características gerais do relêvo do mundo
1 - As desigualdades da superfície da litosfera constituem o relêvo terrestre, que é o traço mais sensível da paisagem e
aquêle que lhe dá maior variedade.
2
- Como as maiores depressões da Terra estão cobertas pelos
oceanos, é o nível médio do mar que se toma como base para
classificação do relêvo, em positivo e negativo.
3 - O relêvo apresenta grandes contrastes em suas paisagens, o
que se pode observar no mapa de relêvo do mundo. Se 14(/0
das terras do globo ultrapassam 2000 m, 25% estão situadas
abaixo de 200 m.
Ao lado de superfícies baixas ligeiramente onduladas, situadas quase sempre a margem dos mares e lagos, as planícies,
outras superfícies planas, surgem cm altitude mais elevadas
- os planaltos. Os rios, percorrendo êstes últimos constróem
vales profundos, permanecendo, no entanto, planos - os interflúvios. Os planaltos, pela altitude em que se encontram,
diferem bastante entre si. Alguns são muito elevados como o
do Tibé, na Ásia, que se eleva a 5 000 m. Outros vão-se destacar por serem muito extensos. A África quase toda pode
ser considerada como um planalto.
Outras paisagens enriquecem a variedade do relêvo terrestre.
Com suas formas ligeiramente arredondadas, suaves e de
fraca altitude, as colinas diferem totalmente das paisagens
montanhosas.
As montanhas oferecem sempre contrastes impressionantes
entre os cumes denteados, cobertos de neve e de gêlo e os vales encaixados com fortes declives. Mas, estas mesmas montanhas podem aparecer sob a forma de cadeias e alongadas
como os Pirineus, Alpes e as Rochosas, ou surgir como
blocos compactos, os maciços.
4
- Além de paisagens diversificadas, o relêvo apresenta grandes
desníveis. Ao lado de altitudes majestosas são encontradas
também depressões consideráveis. Vejamos alguns exemplos:
Na Ásia, 70 cumes do Himalaia ultrapassam 7 300 m, sendo
que dêstes, 12 conseguem atingir altitudes superiores a 8 000
metros. Na América, o Aconcágua ultrapassa de muito
6 500 m, o Kilimandjaro, na África, 5 800 e o Monte Branco,
pico culminante da Europa apresenta 4 807 m.
Ao lado destas elevações surgem regiões situadas abaixo do
nível do mar. O mar Morto, na Palestina, encontra-se a 397
metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo, o mar Cáspio a
26m abaixo do mar Negro e o vale da Morte, nos Estados
Unidos, a 82 m abaixo do nível do mar.
5
-
Bste relêvo que nos inipressiona em seus contrastes, quando
comparado a massa do globo terrestre tem a sua importância
bastante diminuída. Assim, nivelendo-se os continentes e repartido-se uniformemente sobre toda a sua extensão os materiais que formam as saliências, as terras emersas se elevariam a 720 m apenas acima do nível dos mares. Em compensação, nos oceanos, os fundos que ultrapassam a 5 000 metros
ocupam mais de 1/4 do solo submarino. Se igualássemos o
fundo dos mares de maneira a dar uma profundidade uniforme, esta seria de 3 800 m.
Entre o pico mais elevado do globo e a fossa mais profunda
dos oceanos tem-se um desnível de 10 km, ou seja 1/300 do
raio terrestre. Isto quer dizer que sobre um globo de 1 m
de diâmetro o Everest terá menos de 1,5 mm e a fossa mais
profunda menos de 2 mm.
Em relação a massa total do globo terrestre, os relevos da
litosfera têm menos importância que as rugosidades da casca
de uma laranja em relacáo à fruta.
I1 - A estrutura do Relêvo
asse conjunto de rwntrâncias e saliências da crosta terrestre
pode ser grupado em quatro grandes domínios estruturais.
1 - Os Escudos
Os escudos podem ser observados no hemisfério norte, nas latitudes mais altas: os escudos escandinavos, o siberiano e o cana-
dense. Os escudos nas latitudes tropicais ocilparn extensões mais
vastas: quase toda a África, na Asia, a Arábia e o Decã, na América, uma parte do Brasil e das Guianas; e Acstrália ocidental.
Os Escudos aparecem hoje aos nossos olhos como vastas superfícies, planícies ou planaltos, fornnadas dl: rochas cristalinas,
podendo algumas vêzes apresentar uma cobertura horizontal de
arenito. São terrenos antiquíssimos e o seu aspecto atual resulta
de uma erosão multi-secular ininterrupta. A destruição das
rochas cristalinas deu origem a areias grosseiras que o vento e as
águas correntes transportaram para regiões mais baixas. Lá, essas
areias, lentamente consolidadas, resultaram em arenitos que mascaram as rochas cristalinas sobre extensões consideráveis, no Decã,
na África Ocidental e no deserto de Gobi.
Sendo rígidas as rochas cristalina:;, os movimentos da crosta
fraturaram os escudos, sem os dobrar. Fraturas essas, seguidas,
algumas vêzes, de atividade vulcânica. Na África oriental e na
Ásia Ocidental uma série de fossas se alinham sobre 6 000 km de
comprimento, desde o Zambeze até a Síria. Perto dessas fossas,
grandes vulc6es (Kilimadjaro, 6 010 m) ediflcararn-se e vastas
corridas de lavas se espalharam como sobre o planalto da Etiópia e
do Decã.
Êstes escudos apresentam-se geralmente levantados em seus
bordos, em barreiras montanhosas e, assim sendo, a erosão pode
ocasionar aspectos de montanhas jovens em relevos desgastados,
tal como nos Alpes Eseandinavos. IÊste levantamento dos bordos
também pode ser observado na África do Sul, é deprimida em
seu centro e levantada em seus bordos.
2 - As Bacias Sedimentares
São regiões onde os escudos são deprimidos em bacias e onde
as caniadas sedimentares da cobertura são conservadas sobre espessuras notáveis. O abaixamento de uma parte do escudo leva à
formação de bacias e como nelas se acumulam sedimentos, recebem
o nome de bacias sedimentares. Geralmente as bacias estão cncaixadas nos escudos. A bacia da Sibéria ocidental está alojada no
escudo siberiano; as bacias do Saara setentrional e a bacia do
Congo são partes deprimidas do escudo africano. Toda espécie de
materiais se acurnula nas bacias sedimentãres. As da África
Central e da Ásia Central ernersas desde a era primária e submetidas depois a um clima árido sáo revestidas de depósitos de arenito
continental. Muitas bacias sofreram invasões marinhas repetidas: o
mar penetrou muitas vêzes na Bacia pârisiense; na era secundária
e na era tercihria êle depositou camadas muito variadas de calcário, de argilas ou de areias.
A espessura dos sedimentos acumulados rias bacias é muito
variada. Quando é fina a película dos depósitos que recobre o escudo antigo dá-se o nome de plataforma. A grande planície russa
é uma plataforma de camadas primárias escondendo um escudo
pouco profundo. Ao contrário, o abaixamento de certas bacias permite que elas acolham enormes espessuras de materiais: na parte
meridional da planície do Mississipi, por ocasião de pesquisas de petróleo, o escudo não foi atingido até 8 000 m de profundidade.
3
-
As cadeias de mon'tanhas
(regiões de dobramentbs recentes, correspondendo geralmente
aos grandes sistemas de montanhas do mundo)
As formas vigorosas das cadeias de montanhas se opõem completamente a monotonia dos escudos e a tranquilidade das bacias
sedimentares. As cadeias são constituídas de sedimentos que se dobraram e se alçaram.
As primeiras cadeias: a mais antiga é o conjunto das cadeias
americanas que se desenvolvem sobre 19 000 km, do Alasca a Terra
do Fogo: as Montanhas Rochosas e os Andes. Uma de suas originalidades é o lugar que ali tomam grandes planaltos como o da
Grande Bacia, nos Estados Unidos, e o da Bolívia, entre cordilheiras
paralelas.
As cadeias eurasiáticas são estiradas do Atlântico aos mares
da China. Elas compreendem notadamente os Alpes e o Hilamaia.
O Vulcanismo desempenha aí um papel menos importante que nas
cordilheiras do Novo Mundo. O traçado das cadeias do Velho Mundo é muito mais arqueado, desenhando, muitas vêzes, semicírculos.
Elas cercam altos planaltos. Na Asia, o da Anatólia, o Irã, o Tibé.
Ali se encontram as mais altas montanhas (Everest - 8 840 m ) .
As cadeias de montanhas apresentam estruturas muito variadas, resultantes das diferentes condições de sua formação (resultaram de diferentes crises de orogenia). Algumas são simples enrugamentos de camadas sedimentares colocadas sobre um escudo
antigo pouco profundo. Tal é o caso das montanhas do Jura, na
França. Outras, de estrutura mais complicada, já apresentam fragmentos dos escudos antigos, sobrelevados e misturados no meio
de rochas sedimentares violentamente dobradas. É o caso dos Alpes.
Em outros lugares, no decorrer dêstes movimentos responsáveis
pelo levantamento destas montanhas, vulcões entraram em atividade e suas edificações se justapõem e se superpõem aos relevos
oriundos dos dobramentos. Os andes ilustram o presente caso.
As cadeias de montanhas são relativamente jovens. O levantamento de várias delas teve início nas eras secundária e terciária,
segue-se ainda em nossos dias e tremores de terra as agita frequen-
temente. A medida que se formam, estas cadeias são atacadas e esculpidas por uma erosão tanto mais eficaz quanto os relevos elevados provocam precipitações abundantes de chuva e de neve.
Poderíamos ainda acrescentar certas formas de relêvo ainda
mais jovem que as cadeias de montanhas. São as guirlandas insulares, consideradas como cadeias em vias de formação. A guirlanda do Pacífico compreende as Filipinas, Riou-Kiou, Hondo, as
Curilas, o Kantchatcka, as Aleutas. A guirlanda da Insulíndia se
desenvolve de Sumatra as Molucas. No Atlântico, duas guirlandas.
o arco das Antilhas e o arco de Sanduiche do Sul. Sismas e vulcões
atestam a mobilidade destas regiões.
4 - Formas intermediárias entre escudo e cadeias
Ai, os blocos de rochas antigas, consolidadas devido a pressões
tectônicas particularmente fortes e recentes, foram levantadas a
altitudes bem elevadas. Assim, são regiões de montanhas elevadas.
No centro da Ásia, os escudos mongóis e chinês foram profundamente deslocados nas vizinhanças das cadeias terciárias (o TianChan: maciço velho recentemente levantado).
I11 - Sistema de Erosão
A superfície da Terra está em perpétua transformação. O relêvo que se observa é "o que permanece" como resultado da ação
dos agentes do modelado. As modificac$Íes operadas no relêvo são
constantes, apesar de não as percebermos fàcilmente. Durante
toda sua vida um homem pode observar unicamente algumas mudanças muito pequenas no relêvo de uma região. Sòmente quando
se produzem movimentos súbitos é que se pode observar certas
modificações, mas, mesmo assim, locais. As grandes mudanças do
relêvo têm ocorrido através dos milhões de anos da ampla história
geológica da Terra. Segundo vai-se formando pela ação dos processos internos, é atacado pelas forças que atuam no exterior. O relêvo
de uma região é assim o resultado da ação combinada das forças
internas e externas, as quais se mantêm ativas desde que teve início
a solidificação da crosta terrestre, as primeiras construindo-o e as
segundas, modificando-o. Com rapidez ou lentidão, conforme os lugares e circunstâncias, a superfície dos continentes acha-se submetida a uma ação de desgaste. Em outras palavras, a erosão.
"Assim como um pedaço de mármore toma forma sob os dedos do
escultor, assim a superfície dos continentes toma forma e é modelada sob a ação da erosão."
É preciso distinguir os grandes sistemas de erosão que predominam nos diversos lugares do globo terrestre. Os sistemas de
erosão dependem do clime. Conforme o clima haverá um agente de
erosão principal e outros secundários. Os diferentes sistemas de
erosão provocam diversos tipos de modelados.
1 - Regiões submetidas ao modelado fluvial
Correspondem a duas grandes zonas climáticas: a zona temperada úmida e a zonaintertropical quente e úmida. Nestas zonas as
precipitações são suficientes para manter uma drenagem permanente. (Chama-se, porém, a atenção para o fato de haver diferenças sensíveis entre as duas zonas.)
Como já foi dito existe um agente principal. No caso, os cursos
d'água. Realizam três trabalhos principais: o desgaste ou a erosão,
o transporte dêste material e a acumulação. Mas, no modelado fluvial surgem fatores secundários: a desagregação mecânica e a decomposição química. Ambas provocam o aparecimento de um manto de decomposição. Se o terreno for horizontal, êste manto permanece; se o terreno apresentar declive pode ocorrer o deslizamento,
o "creeping", o escoamento difuso.
O resultado dessa colaboração entre o agente principal e os
secundários é a criação de vales e planícies.
2
- Regiões submetidas
ao modelado árido
Nessas regiões o modelado fluvial encontra-se excluído, uma
vez que não há o escoamento contínuo. O vento, cuja ação não se
acha prejudicada pela vegetação, desempenha nessas regiões papel essencial. Como agente secundário: a amplitude térmica
diurna. (A extensão desértica mais vasta é constituída pelo grupo
Saara-Arábia-Golfo Pérsico-Thar na América do Norte, o deserto
se limita a Califórnia mexicana, ao baixo Colorado e ao sul da
Grande Bacia; n a América do Sul, uma estreita faixa; n a Austrália
ocidental e Central.)
3
- Regiões submetidas ao modelado glacial e peri-glacial
Correspondem ambos aos sistemas de erosão de regiões frias.
O primeiro é aquêle domínio ocupado e esculpido pelos glaciais pròpriamente ditos. A ação dominante do gêlo não se limita à alta montanha da zona temperada, mas também à fímbria setentrional dos
continentes (lògicamente a Antártida será também incluída). O
grande continente norte americano, metade da Escandinávia, e
cêrca de 1 / 3 da URSS possuem um relêvo onde o gêlo desempenhou
o papel de agente principal.
O outro tipo, o peri-glacial é aquêle das regióes cujo solo,
parte do ano, não se acha recoberto pelo gêlo. Hoje em dia a ex-
tensão das geleiras é pequena. Somente 7% da superfície dos continentes. Mas, no princípio da era quaternária não era assim. Ela
foi marcada por um extraordinário desenvolvimento da glaciação
(grandes regiões da A. Norte e Eurásia e também montanhas da
zona temperada). As marcas que deixaram são adnda perfeitamente
Visíveis.
Assim, os sistemas de erosão são as combinações onde predomina, segundo os domínios climáticos, tal ou qual fator. Não se
pode compreender as formas durante o qual êsse se exerceu. Mas,
e preciso ainda saber qual o material rochoso que a erosão ataca.
E, aqui, o que mais importa não será tanto o tipo de rocha classificada segundo a sua origem (magmática, sedimentar e metamórfica), mas principalmente o seu comportamento dianttedos agentes
modificadores do relêvo. Se ela é mais ou menos rígida, se é mais
ou menos plástica importará muito para as deformações oriundas
dos movimentos tectônicos. E, será de primeirríssima importância
conhecer se a rocha é do tipo das rochas granitóides, se é impermeável, se é permeável pouco ou muito solúvel. Isto porque os
agentes erosivos agirão de maneira completamente diversa, conforme for o caso.
IV
- Influência do relêvo sobre o quadro físico e as atividades do
homem
Afirmamos ser o relêvo o traço mais sensível da paisagem.
Vimos, no decorrer de nossa aula, como o clima influi no modelado,
uma vez que os agentes de erosão (o principal e os secundários)
variam de acordo com o clima.
Assim, claro está que o clima exerce influência no relêvo, mas
o relêvo, por sua vez, exerce influência no clima e, através dêle,
nos outros componentes do quadro físico. Assim, vejamos: sabemos
que os dois elementos mais importantes do clima, a temperatura e a chuva, sofrem influência muito grande do relêvs. A
primeira, diminuindo a medida que a altitude se acentua e a segunda sofrendo modificações em sua distribuição, conforme a
localização das áreas montanhosas, interceptando ou não o deslocamento das massas de a r carregadas de umidade. A maior ou menor pluviosidade, por sua vez, reflete-se nos tipos de vegetação,
nos solos e nas atividades do homem. Como exemplo poder-se-ia
citar a cordilheira dos Andes, no sul do Chile, interceptando as
massas úmidas vindas do Pacífico. Na encosta voltada para o oceano, devido a maior pluviosidade surge uma vegetação de floresta
que facilita uma exploracão madeireira. Na outra vertente, já no
planalto da Patagônia, o índice pluviométrico é bastante baixo, surgindo uma área semi-árida, onde os solos são pedregosos e o homem
cria extensivamente o seu gado. Exemplos outros, numerosos, poderiam ser citados.
O relêvo tem ainda importância ímgar na circulação de homens e mercadorias, uma vez que êle facilita ou dificulta a construção de estradas. Os problemas enfrentados pelas rodovias e ferrovias são bem diversos nas zonas planas e naquelas montanhosas.
Sem dúvida, nestas últimas, as obras de arte numerosas encarecem
e conseqüentemente dificultam a comunicação.
E, finalmente, se recorrêssemos a história veríamos que o reIêvo já influiu no povoamento de muitas regiões. A planície que se
prolonga da Europa pela Ásia facilitou sobremodo a penetração
de grandes levas de grupos asiáticos no território europeu. Muitos
outros exemplos encontraríamos se percorrêssemos toda a história.
OS MINERAIS DA REGIÃO NORDESTE E SUA
IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA DO BRASIL
Prof. ANTONIOTEIXEIRA GUERRA
1.
2.
Introducão
Os principais recursos minerais
Petróleo no Recôncavo.
Sal no litoral do Rio Grande do Norte.
Província da Borborema - xilita, berilo.
Gipsita (Ceará e Pernambuco)
Magnésia (Ceara)
Calcário (Paraíba e Pernambuco)
Fosforita (Pernambuco)
Mármore (R. G. do Norte)
Amianto (Alagoas)
Outros recursos
3.
O valor dos recursos minerais n a economia do Brasil (Exame
4.
5.
do Quadro do Anuário Estatístico do Brasil)
Conclusões
Bibliografia.
1.
Introducão
-
Que se deve entender por Nordeste?
-- Grande Região Nordeste (do Meio Norte ao norte da Balhia)
- Visão panorâmica da situação do Nordeste no campo dos
recursos minerais.
- Valor d a producáo mineral (ver quadro síntese)
2.
Os recursos minerais e a geologia
A producão mineral dessa região é, de modo geral, aiiida incipiente devido, em parte, a falta de técnicas mais modernas para
a sua pesquisa e as extensas áreas de constituição de rochas précambrianas. Exceção deve ser feita à extração do petróleo do Recôncavo Baiano.
O estudo da geologia regional, além de explicar a fisionomia
do relêvo, também dá informes valiosos quanto as ocorrências de
jazidas minerais de importância para o homem. Pode-se, neste particular, dizer-se que há um determinismo geológico.
Olhando-se, em conjunto, o panorama mineral do Nordeste
Oriental, na zona cristalina, verifica-se que a mineração é difusa e
não favorece o trabalho em massa com maquinaria de alta produção. Daí a implantação do sistema de garimpagem ao invés de
minas organizadas com aparelhagem mecânica.
A maior produção provém do desmonte de rochas resistentes,
submetidas a moagem manual e lavagem em batéia com água escassa e trazida de longe.
2.1.
Petróleo no Recôncavo Baiano
A exploração do petróleo é uma atividade industrial de grande
significado na região do Nordeste e abre horizontes à economia regional.
O Recôncavo baiano é a região produtora, por excelência, segundo-se as áreas de Sergipe (Carmópolis) e Alagoas.
Na pesquisa do petróleo, desde 1925, era discutida a possibilidade da existência dèste recurso na região. Sòmeiite a partir de
1936, alcançou-se resultados mais satisf atórios.
Em 1932, Oscar Cordeiro - Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, foi informado do aparecimento de petróleo em Cacimbas, na obtenção de águas para uso doméstico n a localidade de
Lobato.
Auxiliado pelo Engenheiro Manoel Ignácio Bastos, mandou
abrir um poço de 5 metros de profundidade e esbarrou numa camada de arenito com pequena exsudação de óleo.
Em 1935 e em 1936 foram feitas pesquisas na área e chegou-se
à conclusão de existência do petróleo - foram perfurados os poços
153 (22 metros de profundidade) e 153A (71 metros) que confirmaram a presença de um arenito impregnado de óleo. Na terceira
tentativa realizada em 1938 com sonda mais possante a 214 metros
de profundidade encontrou-se um leito de arenito muito impregnado de óleo. A data de 21 de janeiro de 1939 é considerada oficialmente como a da descoberta do petróleo no Brasil.
Estrutura da bacia - a bacia do Recôncavo foi considerada
por Derby e Branner como sendo uma bacia de camadas em sincli-
nal, de pequena espessura sedimentar. Atualmente, sabe-se que é
um g a b e limitado a leste pela falha de Salvador e a oeste pela
falha de Maragogipe. Contém mais de 4 000 metros de sedimentos
predominantemente de idade cretácea.
Em 1939 tais esforços foram coroados de êxito com a abertura
do poço de Lobato, próximo a Salvador. O petróleo acha-se associado aos arenitos cretáceos da série Bahia.
Os principais campos produtores são: Água Grande (51%),
Buracica (11%) , Taquipe (17 %) , Candeias (11 %) , Dom Joáo
(8%), Mata Grande (1%)e outros (1%) .
O petróleo em Alagoas encontra-se nas camadas do cretáceo,
que ali se apresentam-com a estrutura de blocos falhados e que
pouco se estendem para o interior do continente ocupando grande
área na plataforma continental.
Principais campos produt,ores - Tabuleiro do Martins e Coqueiro Sêco. No estado de Sergipe destaque especial deve ser dado
ao campo de Carmópolis.
A produção total de petróleo no Brasil foi em 1965 - 5 460 354
m3 - 683 133 000 m 3 de gás natural.
POSSIBILIDADES DE PETRÓLEO FORA DA AREA DO
RECÔNCAVO
1. Bacia do Maranhão - considerada pelo geólogo Plummer,
como um possível campo da categoria de um novo Texas. Todavia,
até o presente momento não forneceu nenhum poço produtivo, enquanto os estudos mais modernos revelaram no litoral daquele Estado a Bacia de Barreirinhas, que é ainda uma esperança promissora.
2. Bacia de Barreirinhas - retém a maior espessura sedimentar já encontrada nas bacias de nosso Pa,is.
2.2.
Sal no litoral do Rio Grande do Norte
É de grande importância a produção salineira de todo Nordeste. Todavia, é no litoral do Rio Grande do Norte onde vários
fatores favoráveis influem na localização do imenso parque salineiro.
Área das salinas do R. G. do Norte é o triângulo compreendido pelas cidades de Macau - Areia Branca - Mossoró, ocupando
os baixos vales afogados dos rios: Piranhas ou Açu e Apodi ou
Mossoró.
A topografia de relêvo horizontal - suave ao longo dos rios,
permitindo que a influência da maré se faça sentir bem para
dentro das embocaduras. As marés são relativâmente altas.
As salinas se localizam as margens dos rios o que torna fácil
o transporte do produto.
As condições climáticas, com chuvas concentradas no outuno e
a secura do ar nos outros meses são elementos importantes para os
salineiros. A água se evapora com rapidez, permitindo a cristalização do sal. Nesta área se registra o maior coeficiente de evaporação.
As salinas do Nordeste não são, em geral, mecanizadas, por
isso, empregam processos primitivos para o beneficiamento do sal.
Entre êles está o uso dos moinhos impulsionados a energia, eólia,
que jogam as águas das "levadas" para os "cercos" e "chocadores".
Não fazem o aproveitamento das águas residuais (águas-mães) da salinação que é importante na industrialização de cromo, potássio, soda cáustica, magnésio e adubos. O alto valor aquisitivo de tais produtos barateará o custo da produção de sal, que é
ainda alto pela não modernização dos processos industriais.
A riqueza mineral que pesa atualmente de maneira positiva
na economia nordestina, excluindo-se o petróleo do Recôncavo, é
o sal. O produto oriundo do litoral do Rio Grande do Norte é o de
melhor qualidade, sendo exportado para o sul do País.
O preço do sal no Brasil está entre os mais caros do mundo.
Assim o sal produzido no Rio Grande do Norte (1966) sai por
Cr$ 10.000 a tonelada e chega a cidade do Rio de Janeiro por
Cr$ 64.000. Vejamos o quadro que ilustra estas afirmativas.
PAR CELAS
Cr$ t.
/c
-
-
Custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10.080
Embarque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10.071
15,í
Frete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Impostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Lucro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
28.967
45,O
11.963
18,G
TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.215
64.296
Sal de Areia Branca e Macau preço CIF - Rio a granel (1)
1
V i d e - Artig.0 publicado em Visúo, 2-12-1966. págs. 36/37.
15,i
5~0
100,O
-
Para se ter uma idéia de quanto êste preço é elevado no comércio internacional (cêrca de 30 dólares por tonelada), enquanto
o sal importado da Europa chega ao Rio de Janeiro por 12 dólares
CIF. C. industrial estrangeiro que opera com sal mais caro paga
cêrca de 5 dólares por tonelada.
ELEMENTOS REGIONAIS DA PAISAGEM SALINEIRA:
- canos alongados que conduzem a água aos tanques
Levada
- o mesmo que tanques
Cercos
Chocadores - dos cercos são levados para os "chocadores" e pos-
Serrotes
-
Aterros
-
teriormente para os cristalizadores ou baldes.
Pirâmides trapezoidais onde o sal é posto a curar
sobre os aterros.
o mesmo que eiras ou caminhos
QUALIDADES OU TIPO DE SAL
O sal no mercado não é vendido sob padronização e análise. O
sal bruto produzido no R. G. do Norte é superior ao das outras
procedências.
O sal de primeira contém mais de 97% dde Na C1 e menos de
de sais de magnésio; é considerado de segunda o que contém
entre 94 e 9 7 q .
Principais portos de embarque de sal: Areia Branca, Macau,
Fortaleza, Aracati, Camocim e Natal.
QUADRO DE PRODUÇÃO
Quantidade
Maranhão (4.0 lugar) . . . . . . . . . . . . 54.165 t
Piauí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.535 "
Ceará (3.0 lugar) . . . . . . . . . . . . . . . . 135.394 "
R. G. do Norte (1.0 lugar) . . . . . . . . 818.645 "
Paraíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
847 "
Pernambuco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
455 "
Valor
Cr$
390.017.000
205.452.000
974.837.000
894.244.000
18.295.000
9.828.000
-
O município de maior produção de sal é Macau no Rio Grande
do Norte. A produção do R. G . do Norte, corresponde a cêrca de
63 %, enquanto a do Ceará não vai além dos 10 %.
2.3. Província d a Borborema - xilita, columbita, berilo e
tantalita.
2 . 3 . 1 . Xilita - extraída de depósitos aluviais junto às
jazidas nos contactos dos xistos Seridó com lentes calcárias nêle encaixadas.
O principal município produtor de Xilita é Currais Novos, ao
sul do R. G . do Norte.
Durante a última guerra mais de duzentas jazidas de Xilita
foram encontradas no Nordes. O distrito de tungstênio do Nordeste constitui possivelmente a maior reserva dêste minério no hemistério ocidental.
A Xilita é um tungstato de cálcio cuja área geográfica mais
importante é a da província pegmática da Borborema.
O Nordeste é responsável por mais de 90% da produção brasileira de tungstênio.
O mercado interno só pode absorver uma parte muito pequena
da nossa produção de tungstênio, e os grandes compradores são
praticamente dois países: Estados Unidos da América do Norte e
União Soviética.
2.3.2.
Columbita, berilo e tântalo - extraído dos pegtitos que formam os "altos" da Borborema. A
exploração dêsses pegmatitos portadores de berilo, tântalo, columbita, cassiterita, quartzo e
mica foi muito ativa no período da 2." Grande
Guerra. Foram trabalhados uns quatrocentos
pegmatitos.
Atualmente, a produção é pequena e ainda está no domínio da
garimpagem. Bsses minerais são aplicados em especialidades metalúrgicas e ocorrem muito raramente no mundo.
O Brasil é o maior produtor de berilo. Grande parte da produção foi exportada para os Estados Unidos, França, Alemanha e
Itália.
O Berilo (Bea - Al, - Si, - Ois) é um dos novos metais de
grande procura pela indústria, tendo grande emprêgo n a liga com
o cobre (98% de Cu e 2 % Be) . O berilo é também empregado nos
reatores nucleares. O maior produtor de berilo é o estado de Minas
Gerais (437 t.). No Nordeste apenas o R. G. do Norte com 1 t.
O minério de tântalo, embora já conhecido e mesmo trabalhado no Brasil, desde 1926, só no decorrer da Segunda Grande Guerr a teve seu surto econômico, pois, foi coiisiderado um mineral estratégico. A sua ocorrência se faz nos pegmatjtos da Borborema,
como minério acessório.
2.4.
Gipsita
É n a grande região Nordeste onde se localizam os maiores produtores de gipso do Brasil, sendo o Ceará, Pernambuco e o Rio
Grande do Norte os três maiores produtores. No Nordeste há reservas de gipso praticamente inesgotáveis.
As jazidas de gêsso, do Ceará, estão relacionadas a formação
geológica de Araripe, porque se formaram à custa da evaporação das águas do mar cretáceo que existia no sul do Ceará, o mesmo
ocorre com as de Pernambuco (Araripina). O gipso é um sulfato
hidratado de cálcio.
As minas de gipsita de Mossoró, que fornecem a maior parte do
gêsso necessário a indústria nacional, provêm de camadas horizontais, situadas logo abaixo do manto de depósito da formação de barreiras. Foi esta a área pioneira da exploração de gêsso em nosso
País.
O gipso da área da chapada do Araripe no Ceará é transportado pela estrada de ferro até o pôrto de Fortaleza onde é beneficiado
e embarcado para o sul do País.
No Rio Grande do Norte é no município de Mossoró onde se
verifica a extração do gipso. Êste é transportado em estrada de
ferro até Areia Branca, onde é embarcado com destino ao Rio de
Janeiro e São Paulo.
No Estado de Pernambuco, o gipso é explorado n a região de
Araripina, n a parte ocidental do estado. Desta área segue em ferrovia até Juazeiro e depois pelo rio São Francisco até Pirapora e
dai a Belo Horizonte ou por caminhão diretamente para o Rio de
Janeiro e São Paulo.
O gipso é utilizado na produção de gêsso e também de cimento
para dar pega. Sob a forma pulverizada pode servir como fertilizante n a correcão do pH dos solos.
2.5.
Magnesita
13 no vale do Jaguaribe no estado do Ceará onde se localiza a
área de maior produção do Nordeste.
As jazidas de magnesita no Ceará foram pesquisadas pela
Magnesium de Brasil S. A. e divulgados os dados em 1950. Os depósitos de magnesita constituem vários milhões de toneladas e situam-se a margem da Rêde de Viação Cearense, cêrca de 400 km
do pôrto de Fortaleza.
A magnesita é calcinada localmente, sendo exportada a magnésia cáustica para a indústria de refratários e produtos magnesianos. A produção é toda vendida nas praças do Rio de Janeiro e
São Paulo.
Na bacia sedimentar Maranhão-Piauí, as ocorrências de calcários parecem não ter importância. Porém, nas áreas cretáceas
do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe são conhecidas possantes seções de calcários, com excepcional significado
econômico.
Os afloramentos mais importantes do ponto de vista econômico
se localizam na costa da Paraíba e de Pernambuco, onde a rocha
é extraída para produção de cimento.
Do ponto de vista geográfico, é nos municípios de João Pessoa
(Paraíba) e de Paulista (Pernambuco), que se localizam as duas
mais importantes fábricas de cimento da área. Os totais da produção em 1965 foram: Pernambuco 316 836 t de cimento correspondentes a Cr$ 12 715 584 000 e a Paraíba chegou à pequena cifra de
130 328 t perfazendo a quantia de Cr$ 5 428 801 000.
2.7.
Fosforita
É na zona costeira de Pernambuco (Olinda), que êste importante recurso mineral foi descoberto. A jazida de fosfato parece ter
origem orgânica sendo seu depósito de caráter continental. A
maioria da jazida encontra-se acima do nível do mar. O produto
beneficiado na usina de Fosforita de Olinda tem 30 a 35% de
PeW5.
Foi sondando um manacial de água radioativa, que o químico
Dr. Paulo Duarte, em 1951/52, verificou e estudou a ocorrência de
fosfato natural do município de Olinda, a seis quilômetros de
Recife.
A produção de fosforita de Olinda teve início em 1957. A fosforita depois de concentrada é moída finamente e vendida para
aplicação direta no solo ou fabricação de superfosfatos. O estado
de Pernambuco é o maior centro produtor brasileiro dêste recurso
mineral.
2.8. Mármore
A extração de mármore é feita com certo destaque no estado
do Rio Grande do Norte, onde a produção foi de 1.599 t, sendo os
municípios de São Tomé e São Rafael os mais importantes. Enquanto nos outros estados é bem menor a produção. Alagoas que
figura em segundo lugar extraiu apenas 35 t. A produção de mármore rendeu Cr$ 30 728 000, dos quais Cr$ 280 000 foi de Alagoas.
Como se pode ver, são cifras bem modestas.
2.9.
Amianto
Tem também o nome genérico de asbesto. É uma variedade
de fibrosa de anfibólio, pobre em alumina, de grande interêsse econômico pelo seu emprêgo como isolante térmico e elétrico. O estado
de Alagoas é o segundo estado em produção (71 900 t . ) , logo após
o estado da Bahia.
2.10. Outros recursos
Diatomito - nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte as
jazidas são da ordem de milhões de toneladas, ocupando o fundo de
lagoas, sujeitas a regime intermitente de sêca. Em Recife (Pernambuco), situam-se as jazidas de Dois Irmãos, lavradas em escala
industrial e com beneficiamento de minério, com calcificação e
classificação por peneiramento e ciclonagem.
Ametista
(Piauí).
-
há pequena extracão no município de Batalha
Diamante - é explorado em Gilbués (Piauí).
Rutilo - explorado na parte oeste do município de Inpedendência (Ceará) .
Barita e fluorita - explora-se um veio de barita na Paraíba,
encaixada no quatzito nas proximidades de Várzea; e a fluorita
teve producão ativa alguns anos atrás, hoje está praticamente
extinta na Paraíba.
3 . O valor dos recursos minerais na economia d o Brasil
ECONOMIA MINERAL DO NORDESTE
(Dados comparativos de estados não pertencentes à grande
Região Nordeste).
I
I
RECURSOS
MINERAIS
PRODUÇÃO
UNIDADE
FEDERAÇ~O
Quantidade t.
............
Amianto. . . . . . . . . . . . . . . .
Valor
83.617
71.900
..............
Minas Gerais (1."). .....
{ I Rio
Grande do Norte (3) 1
Berilo. . . . . . . . . . . . . . . . . .
437
1
209.043.000*
183.800.000
1
I ; 11: : 20.: zOOl
Fosforita.. . . . . . . . . . . . . . . . Pernambuco (1). . . . . . . .
G&sso. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
I
Pernambuco .(1).
. .......
Ceará (2).. . . . . . . . . . . . .
Maranhão (3). . . . . . . . . .
Rio Grande do Norte.. .
Magnesita. . . . . . . . . . . .
Bahia (1). . . . . . . . . . . . . .
Mármore. . . . . . . . . . . . . . . .
Minas Gerais (1). ......
Rio Grande do Norte.. . .
Alagoas. ...............
Mica..
23.954
1
...............
I
. . . . . . . . . . . . . . . . . . Ceará (3). . . . . . . . . . . . . .
Rutilo. . . . . . . . . . . . . .
Goiás (I.").. . . . . . . . . . . .
Ceará (2).. . . . . . . . . . . . .
Piauí (3). . . . . . . . . . . . . . .
Sal Marinho. . . . . . . . . . . .
Rio Grande do Norte (1)
Ceará (3).. . . . . . . . . . . . .
Maranhão (4). . . . . . . . . .
Piauí (5). . . . . . . . . . . . . . .
Sergipe . . . . . . . . . . . . . . . .
1I
118'868(
5.774
18.222
12
11
92.240.000*
140.000
105.644.000
115.736.000
95.109.000
410.080.000
2.180.000
981.529. OOO*
34.843.000
449.718.000*
30.448.000
280.000
1.200.000
- - ~ --
Xilita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rio Grande do Norte ...
Total da produção mineral.. . . . . . . . . . . . . . .
Fonte: Anuário Estatístico 1966
Petróleo - 5.427.913 m3 - Recôncavo
32.442 m3 - Sergipe e Alagoas
5.460.355 m3
Gás natural - 683.133.370 m3
Os estados assinalados (*) não foram computados no total.
4.1.
Nos dois extremos do Nordeste Oriental se localizam os
recursos minerais que mais contribuem para a economia d a Região:
4.1.1.
Sal no litoral do Rio Grande do Norte.
4.1.2.
Petróleo no Recôncavo da Bahia.
4.2.
A economia mineral do Nordeste teve certo explendor n a
época da Segunda Guerra Mundial por causa da extração dos minérios de interêsse estratégico na província
pegmatítica da Borborema.
4.3.
É
4.4.
Grande parte da produ~-áomineral do Nordeste é oriunda do emprêgo da técnica rotineira - Sistema de
Garimpagem.
4.5.
Grande perspec1;iva n a pesquisa de novos campos de petróleo n a bacia sedimentar do Meio-Norte - especialmente no Maranhão.
no Nordeste Oriental que se localiza a maior provincia gipsosa.
5. Bibliografia
5.1.
Abreu, Sylvio Froes - "Nordeste do Brasil", in "Boletim
Geográfico" A. I, ns. 4 e 5.
- "Fundamentos geográficos da mineração brasileira",
in "Revista Brasileira de Geografia", A. VII, número 1 - Março de 1945.
- "Problemas do sal", in "Boletim Geográfico", A.
XXII, n.0 180, págs. 357/367.
- "Recursos Minerais do Brasil" Vol. I, 305 págs.
5.2.
Ma.yor, Ariadne Soares Souto "O sal no Rio Grande do
Norte", in "Revista Brasileira de Geografia" A. XIV,
n.0 3, págs. 339,1353.
5.3.
Oliveira, A. I. & Leonardos, O. H. "Geologia do Brasil"
- 1943.
5.4.
Olivero, H. Leonardos - "A fosforita de Olinda uma
grande oportunidade para a agricultura do Nordeste",
in "Engenharia, Mineração e Metalurgia" n.0 94, dezembro de 1951.
5.5.
IBGE/CNG - "Grande região do Meio-Norte e Nordeste" - Vol. I11 da Geografia do Brasil. Capítulo XII "Indústria Extrativa Mineral", págs. 365/399.
- "Grande Região Nordeste" Volumes 111, IV e V da
"Enciclopédia dos Municípios Brasileiros".
5 . 6 . SUDENE - "Diagnóstico preliminar da economia do
Nordeste" (Recursos minerais do Nordeste) - 214 págs.
1958.
5.7.
"O fosfato de Olinda", in "Boletim Geográfico", número 181, págs. 471/481.
CONSTRUÇÃO E INTERPRETAGÃO DE GRÁFICOS
ECONÔMICOS
Prof. ANGEM DIAS MACIEL
Algumas considerações preliminares se tornam necessárias
antes de entrarmos na construção de interpretação de gráficos
econômicos, pois é mister que se tenha as noções básicas indispensáveis para a execução prática de gráficos, antes de se procurar
analisar dados específicos, como é o caso dos dados econômicos.
Assim, rapidamente, examinaremos as finalidades, os princípios, os tipos de gráficos comumente utilizados em estudos estatísticos, bem como um dos problemas principais que é a escolha das
escalas. Temos, pois :
Finalidade - basicamente, é a de apresentar dados numéricos em
forma visual.
O gráfico serve para representar dados estatísticos de maneira
simples, facilmente legíveis e sob forma interessante, tornando
claros os fatos que se encontram marcados numa relação numérica,
ou possibilitando comparações imediatas pela visualização dos diversos elementos estatísticos.
O gráfico visa a poupar tempo e esforço na análise de quadros
e tabelas estatísticas, retratando os fenômenos no tempo e no espaço, pois além de mostrar as suas ocorrências no passado e no
presente, ou estimá-las para o futuro, êle também nos dá a sua
localização especial com o mapeamento dos dados, e esta é a parte
que mais interessa aquêles que estão, de uma forma ou de outra,
ligados a Geografia.
Princípios d o Gráfico - Forma básica: derivada da referência de
"pontos" e "eixos" formados por duas linhas perpendiculares, ao
longo das quais se dispõem escalas de valores.
x = eixo das abcissas
y = eixo das ordenadas
Normalmente utiliza-se o 1.0 Quadrante (valores positivos).
Comparações ou lançamentos positivos e negativos podem ser
feitos com a utilização dos Qnadrantes 1.0 e 4.0. Raramente usa-se
o 2 . O Quadrante e quase não se usa o 3.0 Quadrante (duas escalas
negativas) .
Tipos de Gráficos - lineares; de barras; de áreas; de volumes; cartogramas; de correlação e de cálculos.
A escolha das escalas - Os valores das escalas requerem um estudo
cuidadoso, de molde a que se tenha a visualização mais perfeita do
fenômeno a ser representado. Podemos recorrer a valores decimais,
ou seus múltiplos (como é o caso das escalas percentuais), a raízes
quadradas dos valores (para gráficos de área), ou a raízes cúbicas
dos valores (para gráficos de volume), ou, ainda, para escalas logarítmicas (quando os valores extremos se distanciam demasiadamente). Podemos, também, variar os valores das origens, não partindo sistematicamente de Zero.
Nos casos específicos de dados econômicos deve-se ter um cuidado maior ainda n a escolha das escalas, pois, via de regra, a disparidade entre os valores a representar faz com que uma escala mal
escolhida traduz erroneamente um fenômeno.
DECIMAL
O
t
I0
20
30
40
50
60
70
80
90
100
39
49
5
6P
7p
80
9?
100
I
I?
I
20
I
I
O
''
Finalmente, temos que considerar o tipo de material necessario, deixando de lado o material de desenho pròpriamente dito.
Compreende :
Papel quadriculado, papel milimetrado, papel logarítmico,
Ábacos (áreas e volumes), transferidor de percentagem,
etc., etc.
Ainda dentro da idéia inicial de fornecer as bases elementares
para um estudo mais pormenorizado apresentamos abaixo um
"Gráfico-padrão", referente a um elemento econômico extraído do
Anuário Estatístico do Brasil - 1965, com os elementos básicos e
suas definições.
GRÁFICO PADRAO
(Elementos básicos)
~ ; t u ~d oo g r ó f i ~ ~
Escala v e r t i c a l
BRASIL
PPODUTO NACIONAL-19491'60
I
I
C r # 100 0 0 0 0 0 0
/
1949
50
51
52
53
54
55
56
51
58
59
60
ANOS
Origem
Fonte:
IBGE-
\Escala
FGV
horizontal
~ n u á r i oE s t a t í s t i c o - 1 9 6 5
Pg. 308
DEFINIÇÕE$
G ~ a t i c u l a- (rêde de malhas) - quadriculado, trama, tracejado, reticulado etc.
- é a base de gráfico (fundo ou parte central), sobre a qual se desenham as curvas,
as barras, etc.
Escalas - Horizontal (eixo das abcissas, ou dos X): marcada sôbre o eixo horizontal.
Vertical (eixo das ordenadas, ou dos Y); marcada sôbre o eixo vertical.
Titulo - Cabecalho explicativo, sucinto, de que representa o gráfico. Deve dizer "o que"
representa, o "onde" do fenômeno e "quando" ocorreu.
Fonte - Referência imprescindivel sôbre a origem dos dados.
Vistos todos êstes elementos imprescindíveis e básicos para um
estudo analítico de levantamentos estatísticos examineramos, a
seguir, o problema específico dos Gráficos Econômicos. 'Como ponto de partida podemos iniciar êste exame com o estudo dos gráficos
econômicos inseridos no já citado Anuário Estatístico de 1965, base
dêste estudo. Numerando os gráficos do Anuário referentes a "Situação Econômica", folha por folha, a partir de 1, temos:
Gráficos de barras - pedem uma leitura atenciosa pois, para
diversos produtos e uma só unidade várias são as escalas verticais.
Gráficos de barras, figuradas - boa a idéia, persisitindo o
problema da variação das escalas.
Idem 2, variando, aqui, a unidade.
Idem 2, porém, sem problemas (um só elemento, uma só escala) .
Idem 4 .
Idem 2.
Idem 1.
Idem 4, anotando, porém, que a variação de cores a Unidades
Federadas distintas, o que está pouco claro.
Idem 1, sem problemas.
Idem 2, sem problemas.
Boa a idéia da representação figurada, faltando, entretanto, o
valor de cada unidade (de cada veículo) .
Certa dificuldade na comparação pelo fato de não terem sido
desenhados os dois gráficos no mesmo sentido.
Idem 4 .
Idem 4.
De barras, sem os problemas do gráfico 12.
Idem 1.
Idem 11.
Idem 3 .
Idem 1.
Examinados e criticados êsses gráficos vemos que todo o cuidado deve ser observado quanto a maneira de representar os dados,
pois, como dissemos anteriormente, a finalidade básica do gráfico é
a de representar dados numéricos sob a forma visual, mas facilmente legíveis e imediatamente comparáveis.
Como estas aulas são essencialmente práticas, nada melhor
que efetuar praticamente o estudo. Com base nos elementos fornecidos inicialmente e recorrendo ao material própio, procuremos,
pois, representar um dos fenômenos econômicos levantados estatisticamente pelo Anuário Estatístico.
Exemplo de gráficos econômicos:
Anuário de 1965
-
pág. 91.
AGRICULTURA
-
Principais Culturas
Área Cultivada - 1964
1.
Recorrendo-se ao ábaco de ÁREAS ( ) temos, por exemplo:
UVA
2.
- 67 575
h0
Recorrendo-se a escala logarítmica, para os mesmos valores:
1
C A FE EM
GRÃO
UVA
-
Como os valôres a representar sáo exageradamente diferenciados, isto é, os valôres
maiores são miiito maiores que os valôres menores, recomenda-se o uso da escala logarítmica, a fim de possibilitar uma representação mais fácil de todos os dados.
M I N E R A Ç ~ OE E X T R A Ç Ã O
DE PRODUTOS M I N E R A I S
Produção de Manganês
p o r U F . 1962
1O
I
BRASIL
A
P
MT
BRASIL
A P
M1
- Comparando-se os dois gráficos vemos:
No l . O , numa escala decimal, nota-se uma visivel difereiica entre os valóres representados, assinalando, realmente, a grande producáo do Amapá, no total do Brasil, e
a pequena produção de Mato Grosso, no mesmo total.
No 2.", numa escala logaritmica, nota-se, ainda, a grande producáo do Amapá, mas,
a parte que aumentada, maior do que é, realmente. A. representacão nesse 2.0 gráfica
só se justificaria se o interêsse fosse o de ressaltar a producáo matogrosseilse de manganês, dentro de uma base matemàticamente correta.
Com isso, podemos concluir que deve haver o máximo cuidado
no que diz respeito a maneira de representar graficamente os dados
econômicos, pois uma mesma tabela estatística pode dar diferentes tipos de representacão, dependendo do interêsse que se tenha.
LEITURA DE CARTAS
1.
Generalidades
1 . 1 Denominação e numeração das folhas
1.2 Localização da folha
1 . 3 Articulação da folha
1 . 4 O quadro interno é dividido em graus e minutos
1 . 5 Moldura
2.
Escalas
As quatro folhas ora em estudo apresentam diferentes escalas
a saber:
2.1 Folhas: Araruama, Cabo Frio e Três Rios
2.2 Manaus: 1:1000000
2.3 Observar no rodapé das cartas:
-
1: 50 000
2.3.1 Escalas (numérica e gráfica)
2.3.2 Convenções
3.
Sistema d e projeção
3 . 1 Projeção policônica da Carta Internacional ao Milioné-
simo folha Manaus: nessa projeção o Globo é dividido
em tores de 40 de latitudes.
3.2 Projeção Universal Transversa de Mercator - UTM folhas: (Cabo Frio, Ararauama e Três Rios). Esta projeção é utilizada principalmente nas cartas topográficas
estando o cilindro na posição transversa e secante em
dois pontos a 180 km do meridiano central, para reduzir
os erros inerentes a esta projeção. Muitos países adotam
sistema para cartas topográficas.
4.
Convenção
4 . 1 Convenção da Carta ao Milionésimo.
4 . 1 . 1 Localidades
4 . 1 . 2 Limites
4 . 1 . 3 Vias de Comunicação
4 . 1 . 4 Abreviaturas
4 . 1 . 5 Elementos básicos
4 . 1 . 6 Documentação
4 . 1 .7 Relêvo e aspecto do solo
4 . 1 . 8 Navegação
4 . 1 .9 Hidrografia
4 . 1 . 1 0 Escalas das cores hipsométricas e batimétricas
4 . 1 . 1 1 Obras de arte
4 . 1 . 1 2 Diversos
4 . 2 Convenção das cartas topográficas
4 . 2 . 1 Convenção das folhas Cabo Frio e Araruama
5.
Leitura de Cartas
5 . 1 Orientação da carta no Gabinete
5 . 2 Elementos da folha "Três Rios" - Paisagem física.
5 . 2 . 1 Curvas de nível
5.2.1.1
5.2.1. 2
5.1.1.3
5 . 2 . 1. 4
Equidistância
Pontos cotados
Curvas mestras
Serras-Direções-Topografia
movimentada
5 . 2 . 2 Rêde Hidrográfica
5 . 2 . 2 . 1 Direção do rio Paraíba do Sul
5 . 2 . 2 . 2 As direções dos rios no sudeste da
folha
5 . 2 . 2 . 3 Ilhas - Bancos de areia
5 . 2 . 3 Vegetaçáo
5.2.3.1
5.2.3.2
5.2.3.3
5.2.3.4
Mata - Floresta
Macega
Culturas permanentes
Culturas temporárias
5 . 2 . 4 Paisagem cultural (elementos)
5 . 2 . 4 . 1 Habitat disperso - sedes de Fazendas
Três Rios
5 . 2 . 4 . 2 Agrupamentos urbanos - Paraíba do
Sul
5 . 2 . 4 . 3 Vias de comunicação - convenção correlaçâo entre o habitat urbano e
rural
'
Folha Cabo Frio
5 . 3 . 1 Qual o paralelo de menor latitude?
5 . 3 . 2 Qual o meridiano de maior longitude?
5 . 3 . 3 Em que setor da carta se encontra o trecho mais
pantanoso?
5.3.4 Qual a distinção entre os rios e os canais traçados na carta?
5 . 3 . 5 Qual a distinção entre os canais e as adutoras?
5.3.6 Qual a distinção entre as convenções que representam as cidades e os trechos de salinas?
5 . 3 .7 Qual a altitude do morro da Atalaia?
5 . 3 . 8 Qual a direção geral do morro do Forno?
5 . 3 . 9 Qual a direção geral da praia do Maçambaba?
5.3.10 Se você tivesse que formular uma hipótese, no tocante a área que possui solos com maior quantidade de húmus, comparando o trecho de Arrastão
das Pedras e o rio Papicu, qual seria a sua opinião e por quê?
5.3.11 Qual a direção geral da serra de Sapiatiba?
5.3.12 Que você está vendo, no tocante a cobertura vegetal n a parte noroeste?
5.3.13 Qual a característica da batimetria ao sul da
praia da Maçambaba?
5.3.14 Compare o tracado da isóbata de 10 metros do
litoral da Maçambaba e da praia de Cabo Frio.
5.3.15 Qual a equidistância das curvas de nível?
5.3.16 Na serra de Sapiatiba qual das vertentes é a mais
ravinada?
5.3.17 Qual é uma curva de nível?
5.3.18 Qual a distância em linha reta, ao longo do meridiano que passa pela ponta do Boquinã até a
curva de nível de 100 metros do morro do Forno
em sua parte norte?
6 . 1 Orientação d a folha
6 . 2 Cores hipsométricas
6 . 3 Direcão dos rios
6 . 3 . 1 Rios de meandros
6.3.2 Ilhas aluviais
6 . 3 . 3 Paranás
6 . 4 Lagos
6 . 4 . 1 Lagos em crescente
6.4.2 Lagos de várzea
6 . 4 . 3 Lagos de terra firme
6 . 4 . 3 . 1 Lagos de terra firme ligados a variação do nível dos mares
6.4.3.2 Lagos de terra firme ligados à tectonica
6.4.4 Lagos de ilhas.
I
186
Esta folha está em fuiirão das aulas "Lagos do Brasil"
UTILIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS NA GEOGRAFIA
Prof. CARLOS
DE
CASTRO BOTELHO
FUNDAMENTOS DA UTILIDADE FOTOGRAFIA AÉREA:
1 - A área da superfície da terra na fotografia o foto-interpretador tem sob os olhos, sujeita a observação, uma área sempre
maior que aquela que teria se estivesse no campo. A área dominada
será sempre uma função da escala da fotografia.
Exemplos: fotografias de 23 x 23 cm em escalas variáveis de
1:10 000 a l:70 000.
1: 10 000 - Área do terreno igual a
1:20 000 - Área do terreno igual a
1:30 000 - Área do terreno igual a
1:40 000 - Área do terreno igual a
1:70 000 - Área do terreno igual a
5,29 K m v 2 300 X
21,16 Km2 1 4 600 x
47,61 Km" 6 900 x
84,64 Km" 9 200
259,21 Km"l6 100 x
2 300 m)
4 600 m)
6 900 m)
9 200 m)
16 100 m)
Depreende-se que a fotografia, segundo a escala permite o relacionamento entre objetos e suas vizinhanças. Esta possibilidade
não se restringe a uma fotografia ou par isolado mas vai muito
além, pois tem-se uma cobertura composta de fotografias ou pares
sucessivos. Leve-se em conta também que da cobertura da foto
aérea costróem-se mosaicos.
2 - A análise estereoscópica de fotografias. A superposição de
fotografias sucessivas proporciona a obtenção de imagem tri-dimensional da superfície da terra e de objetos sobre ela. A estereoscopia dá a ilusão de profundidade, graças a qual o interpretador toma conhecimento da forma completa do objeto e pode, se
estiver munido de aparelhagem adequada, executar medidas que
completam a análise.
3 - A fotografia é uma imagem fixa, fiel e de um dado momento da superfície. O observador não precisa movimentar-se para
tomar conhecimento da paisagem. No próprio gabinete êle toma
contacto com a região através de uma visão mais ampla e fiel.
Nesse particular êle já observa com fidelidade a paisagem numa
escala que pode ser definitiva e dessa forma a fotografia dá-lhe a
exata medida do que pode ser cartografado. Se a mesma área é fotografada em mais de uma ocasião ela adquire outra qualidade: é
comparativa, portanto, de um interêsse fundamental para os estudos de evolução.
OBSERVAÇÁO: Estas noções serão acompanhadas de: fotografias,
foto-índice, mosaico e estereoscópio.
ROTEIRO OU MÉTODO DA FOTO-INTERPRETAÇÃO
EM GERAL
1.0) Exame da documentação: compare-se a fotografia aérea
com uma radiografia qualquer. Se não conhecemos o corpo humano, anatomia, constituição e composição, funções e relações dos
órgãos, qual seria o valor, a utilidade da radiografia? A resposta
é óbvia. O mesmo em relação à fotografia aérea. 12 importante que
o foto-interpretador familiarize-se com a literatura sistemática e
regional. Assim como atitude inicial é fundamental à pesquisa bibliográfica.
2.0) A documentação fotográfica: no Brasil as companhias
particulares especializadas informam a pedido e os Ministérios Militares e o Conselho Nacional de Geografia estão habilitados a responder sobre o estado atual da cobertura aerofotográfica do território nacional. Além da cobertura em si é preciso conhecer as características das fotografias com vistas a grandeza e complexidade
da região interessada e os fatores sistemáticos atuante. Filme, papel, câmara fotográfica, escala, são algumas das qualidades que
devem ser consideradas. Alguns exemplos: para estudos de drenagem fotografias infravermelho; para detalhes morfológicos, como
as conseqüências de oscilações climáticas e eustáticas, fotografias
em escala de 1: 10 000 ou maior ainda; para vegetação, infravermelho ou fotos em cor.
3.0) Preparação das fotografias: organização da cobertura
para facilidade e uso eficiente. Ordem de sucessão das fotografias,
orientação, determinação da escala média, construção de mosaicos
foto-índices, localização n a carta etc.
4.0) Interpretação preliminar: nesta fase dá-se início a identificação, delimitação, relações etc. dos fatos fotografados. Deve-se
começar pelos mais simples, cuja identificação seja de tal ordem
que errar é praticamente impossível. Exemplos: identificar a mata
e seu contacto com o campo; o traçado da rêde hidrográfica; as
roças, as habitações, praias, dunas, cidades, estradas etc.
5.O)
Plano de trabalho: Determinar qual a atitude a tomar,
qual a orientação a seguir, o que fazer daqui em diante. Prever
para o futuro. Traçar inclusive o roteiro mais eficiente a cumprir
no estudo de campo.
6.0) Trabalho de campo: com as fotografias estudadas e anotadas o foto-interpretador executa mais que o próprio controle do
que foi feito no gabinete. Ble continua a foto-interpretação em nível mais elevado.
7.0) Interpretação final: decorrência lógica da conclusão do
trabalho de campo. Exame mais rigoroso e seguro do objetivo em
mente.
UTILIZAÇÃO DE CARTAZES NO ENSINO DA GEOGRAFIA
Prof. FRANCISCO BARBOZA LEITE
A solicitação visual de aspectos que facilitem a memorização,
encontra no cartaz uma preciosa ajuda. No ensino da Geografia,
como de resto nas atividades didáticas onde ri50 se disponha de
meios para caracterizar com suficiência o objeto de um conceito,
recorrer à ilustração tornou-se uma prática de ilimitados proveitos.
Excluindo a imagem projetada, que torna mais complexo e oneroso o processo, nem sempre as escolas possuindo a aparelhagem
exigida, o cartaz se impõe, então, familiarizando o aluno com solicitações que o atraem atuando sobre os sentidos com indiscutíveis
resultados.
Excluindo a natureza intrínseca do cartaz, qualquer tema pode
ser abordado, valendo para matérias diferentes, tratamentos análogos; desde que, e, principalmente no cartaz didático, sejam observadas as normas que se seguem :
1 - o cartaz deve ser objetivo - quanto aos conceitos emiti-
dos e soluções gráficas apresentadas;
2 - simples, quanto a técnica escolhida e adequação dos
meios disponíveis;
3 - e atraente, quanto ao aspecto formal, considerados os valores cromáticos e seus efeitos psicológicos.
Na elaboracão do cartaz, se destacam três elementos, nesta
ordem :
TEMA, MENSAGEM (palavras e imagens) e TÉCNICA (impressão ou colagem), sendo ainda, MISTO, o cartaz de sequências
literárias e ilustrações, e GRÁFICO, ou constituído só com
legendas. São três as funções do cartaz: DE MOTIVAÇÃO,
quando enuncia um problema, sem entretanto desenvolver
outras questões em relação ao apêlo que coloca, limitando-se
a criar uma nocão de expectativa, ansiedade ou curiosidade;
DE ENSINO OU DOUTRINAÇÃO, quando exige concordância
entre os elementos motivadores e informadores, postulando
conceitos sobre necessidades, ajustando causas e efeitos, de
maneira irrecorrivel; de DIVULGAÇÃO, quando abrange generalidades e subdivide-se em tópicos que se alinham para oferecer maior soma de informações.
Em referência a visualização dos têrmos de um cartaz, é necessário que se considere certos princípios estéticos que mencionaremos a seguir:
PROPORÇÃO
CENTRO DE REFERÊNCIA
RITMO
EQUILÍBRIO
Proporção:
Compreende-se aqui a relação entre as partes que dividem um plano ou o espaço, estabelecendo-se um escalonamento de valores (imposição visual de formas
ou tons) que ressalte os elementos essenciais à leitura.
Centro de referência: corresponde ao destaque exigido pelo
tema, efeito que se consegue dosando tonalidades ou formas inscritas no plano, de
tal modo que, àquele se reservem cores ou
formas mais nítidas ou tensas.
Ao ritmo: deve-se o encadeamento dos detalhes ou formas em
eixos com direção definida e contínua, alterando-se
áreas que encontrem apoio tonal ou gráfico em pontos
diferentes da divisão do plano.
No equilíbrio: reside a força do conjunto, as áreas ocupadas contrabalançando-se áreas vazias, ou, a uma cor suave
e em grande extensão, correspondendo uma cor
intensa, mas em reduzido volume.
Na leitura visual residem, ainda, os elementos básicos compreendidos através de TEXTURA, quando aproveita-se a densidade de
cores ou rugosidade da superfície impressa em relação a expressão; VALORES, quando os elementos gráficos sujeitam-se a uma
dosagem que restringe ou amplia, por imposição da mensagem, a
natureza comum a dois objetos; COR, pela importância na distribuição de tons diferentes num mesmo plano; FORMA, pelo condicionamento requerido ao plano, de áreas com dimensões diferentes, mas ajustadas ao contexto da mensagem: LINHA, no favorecimento dos contornos pela sutileza no entrosamento de eixos
e formas envolvidas.
Ritmo
O cartaz utilizado na motivação de temas em aula, no caso da
Geografia, particularmente, deve ser seriado, acompanhando tópicos em que o professor desenvolva raciocínios e oferecendo maior
enfatização aos detalhes. Numa sucessão de quadros em que o tema
seja clima,por exemplo, poderá conter diferentes gravuras que compreendam faixas atingidas pelo verão ou o inverno, e que provoquem comentários capazes de levar os alunos a conclusão de determinados efeitos da chuva ou do calor sobre a alteração sofrida
pelas culturas. O contraste entre diferentes regiões, o comportamento humano, o tratamento do solo etc., criam choques que o
professor complementa com comentários paralelos e pequenas alusões literárias no cartaz, tornando mais profunda a impressão retida visualmente pelos alunos.
Como o cartaz, nesse caso, não tem autonomia suficiente, funcionando meramente como provocador de reações, o professor deve
reunir as sucessivas pranchas correspondentes a uma aula, em um
álbum prèviamente preparado, tendo duas folhas de compensado
ou papelão duro, como capas: transformando-o, dêsse modo, em
álbum-seriado, com a vantagem de não deixar danificarem-se as
folhas laboriosamente preparadas.
I3 da maior conveniência o professor instituir um banco de
gravuras entre os alunos. Na primeira etapa faz-se uma coleta de
cartolina, cola sintética, lápis-atômico, recortes coloridos e gravuras. A montagem dos cartazes vem a seguir atribuindo-se a um
aluno a guarda do acervo.
CARTOGRAFIA
Elementos d e cartografia do Atlas Geográfico Escolar - Prof. Ary de Almeida
ELEMENTOS DE CARTOGRAFIA DO ATLAS GEOGRÁFICO
ESCOLAR
Prof. ARY
DE
ALMEIDA
A - A elaboração do Atlas Geográfico Escolar teve como escopo principal atender ao currículo do Curso Médio. Com a finalidade de dar uma orientação metodológica, foi organizado o "Guia
Metodológico para uso do Atlas Geográfico Escolar", obra de
grande valia para os professôres de Geografia, pelas inúmeras sugestões que contém.
I - O Atlas Geográfico Escolar
Em sua primeira parte podemos observar uma série de mapas-mundi, salientando os principais aspectos da Geografia Física,
Humana e Econômica.
Com o uso dos planisférios podemos orientar os alunos no desenvolvimento duma série de idéias :
1 - Oceanos e Mares: as correntes marinhas e a amenizacão
do clima da Europa; as correntes frias e os desertos; as correntes
frias, a plataforma continental, os bancos e as zonas de pesca;
2 - Caracteríticas climáticas: Isotermas de janeiro a julho,
Iosiota e correntes marinhas, Tipo de Clima. Mostrar a interdependência dêsses fenômenos sempre destacando o caso brasileiro
etc.
I1 - O Brasil Geral e Regional
Procurou-se mostrar o Brasil dentro da Aniérica do Sul. Para
melhor compreensão de diversos problemas de Geografia geral,
como clima, vegetacão etc. devemos considerar toda a América do
Sul.
No Brasil - parte regional - os diversos aspectos focalizados
sempre foram precedidos de mapas físico-políticos.
Algumas critícas que se fazem ao Atlas, referem-se à dificuldade que se encontra ao se procurar correlacionar fenômenos em
duas Regiões Geográficas com escalas diferentes.
As diferenças de escala são conseqüência da diferença de forma e tamanho das Regiões Brasileiras. 13 bom lembrar entretanto,
que os estudos intra-regionais são perfeitamente possíveis com o
uso dos mapas regionais do Atlas Geográfico Escolar (1).
I11 - Parte Regional Geral.
Nessa última parte procurou-se focalizar os diversos continentes destacando-se, apenas, a parte físico-política dum modo gerqJ
e só, excepcionalmente, em algumas áreas mais importantes a
parte econômica.
B - Representação Cartográfica
I - O mapa ou a Carta podem ser definidos como a representação total ou parcial da superfície curva da terra sobre uma superfície plana.
Para a elaboração dum mapa devemos lançar mão de três
elementos fundamentais - a projeção, a escala e as convenções.
1 - A PROJEÇÃO
Sem encontrarmos maiores considerações sobre o problema das
projeções, para não fugirmos ao tema da aula, podemos defini-la
como - "uma rêde de paralelos e meridianos sobre a qual podemos
compilar um mapa" ( 2 ) .
No Atlas Geográfico Escolar apenas alguns tipos de projeção
foram usados visando a atingir determinados objetivos.
Não sendo a esfera uma superfície desenvolvível, como o cilindro ou o cone, a passagem dos elementos da superfície da terra
para um plano não se faz sem deformações. Essas deformações são
maiores ou menores quando empregamos tal ou-qual projeção. Mas
dum modo geral elas deformam do centro para a periferia dos
mapas. Todos sabemos que algumas projeções guardam as áreas
(equivalentes) outras os ângulos (conformes) e outras as distâncias (eqüidistantes). Como não há projeção que preserva essas
três propriedades, cabe ao cartógrafo escolher aquela que melhor
atenda aos objetivos do mapa em questão. Assim, podemos dizer
1
2
Recomendamos ainda o uso do caderno de cartografia feito pelo CNG para
- La Tierra e s u s Recursos.
LEVI MARERO
O
MEG.
que não há projeção melhor ou pior; boa é toda aquela que bem
atende a finalidade para a qual foi construída.
Analisemos algumas projeções do Atlas em questão.
Pág. 15 - Fusos horários e Tráfego Marítimo.
Projeção cilíndrica de Marcator = desenvolvida dum cilindro,
tangente no caso, mas também pode ser secante a esfera. Os meridianos são retas paralelas e guardam seu espaçamento verdadeiro
sobre o equador. Os paralelos aumentam o espaçamento a medida
em que se afastam do equador.
Essa projeção exagera muito as superfícies das altas latitudes
pois enquanto o equador aparece em sua verdadeira grandeza, os
pólos que são um ponto estão representados com o mesmo tamanho
do equador. Por êsse motivo para se medir qualquer distância
sobre êsse mapa deve-se usar uma régua apropriada para cada latitude. Projeção conforme.
Pág. 4 e 5 - Oceanos
Projeção da Mollveide - Paralelos retos e menos espaçados
próximo dos pólos; meridianos elípticos com espaçamento constante e verdadeiro sobre o equador - é uma projeção equivalente: isto
é, que conserva as áreas.
Algumas críticas são feitas a essa folha e são principalmente:
bifurcação da América do Sul e uma sensível diminuição em longitude do continente africano.
12 sempre bom lembrar que o objetivo do mapa é mostrar os
diversos oceanos em suas reais proporções.
Pág. 6 e 7 - S e 9
Projeção de Eckert - Equivalente.
Usada nos planisférios de temperaturas, chuvas, Estrutura
Geológica e Vegetação.
Nessa projeção os pólos têm a metade do tamanho do equador,
os paralelos são linhas retas e os meridianos são linhas curvas. Por
ser uma projeção equivalente nos permite comparar áreas próximas
ou distantes do equador.
Pág. 10-11 - Planisfério - Divisão Política - Projeção policônica, usada também para os mapas do Brasil e das Regiões
Brasileiras.
Os paralelos são círculos não concêntricos e cujo espaçamento
é verdadeiro sobre o meridiano central. Os meridianos são cursos
com espeçamento constante e verdadeiro sobre todos os paralelos.
2
- A ESCALA
Toda representação como toda imagem guarda uma certa relação com a figura ou com o objeto representado. A esta relação
é que denominamos escala.
Há diversas maneiras de representar uma escala.
a) Escala numérica, ou fração representativa entre cl objeto
representado e o mapa.
1
Ex. : Escala .--- ou 1:50 000.
50 O00
b)
Escala explícita ou centímetro por quilômetro. Indica um
número de quilômetros representados por um cm no
mapa.
Ex.: 1 cm = 1 km
1 cm = 100 000 cm
Escala - 1:100 000.
c)
Escala Gráfica - representa as distâncias do terreno sobre
uma linha reta graduada sobre a carta.
Êste tipo de escala tem a vantagem de se poder ampliar ou
reduzir o mapa por processos fotográficos sem que a escala seja
alterada.
Resumindo, todos os problemas sobre escala podem ser resolvidos de forma bastante simples:
Três elementos devem ser considerados
D = Distância verdadeira (no terreno)
d = Distância no mapa
E = Escala do mapa
Assim temos:
Com relação a escala os mapas são classificados em: geográficos, cartográficos, topográficos e cadastrais.
No Atlas Geográfico Escolar foram usadas, apenas, as escalas
geográficas; isto é: menores de 1:100 000. Em vista disso foi necessário proceder-se a uma generalização acentuada em todos os
mapas.
3 - AS CONVENÇÕES
Por convenções compreendemos os símbolos (figuras) ou cores, escolhidos para representar determinados fatos.
No Atlas Geográfico Escolar procuramos
- sempre que possível, adotar quer as convenções mais usadas em Atlas Internacionais, quer as que o uso continuado
fez prevalecer em nossos mapas.
- O cartógrafo ao compilar um mapa, seleciona e generaliza
os elementos mais importantes e que por isso deverão ser
representados considerando a escala e a finalidade do
mesmo.
- O mapa não é, como muitos pensam, uma fotografia do
terreno; enquanto que certos elementos que aparecem vísiveis no terreno são representados e até exagerados em
suas verdadeiras proporções outros tão ou mais visíveis
não o são. Alguns fafos de Geografia Humana não visíveis
no terreno são representados com destaque enquanto outros
são abandonados.
- As convenções são, por assim dizer, a linguagem do mapa.
- Quando visitamos um país de língua estranha, se quisermos ser entendidos devemos aprender a língua. Assim devemos proceder aos lermos um mapa. É imprescindível
que se compreenda as convenções e estas serão de complexidade diferente quando a escala fôr diferente.
Zx.: Num mapa n a escala de 1:20 000 000 uma estrada representada com um traço de 0,5 m será de 10 km de largura. Por êsse
exemplo inde-se compreender que a grossura da estrada é apenas
uma conve~-%o.Outros exemplos semelhantes poderiam ser citados.
AS CONVEPU'GÕES VARIAM COM A ESCALA DO MAPA
- O uso da cor propicia maior clareza na leitura dos mapas.
Assim o uso de determinadas cores já está consagrado: o
prêto para a rêde, as cidades etc.; o azul para a hidrografia;
o vermelho para os caminhos, rodovias etc; em sépia seriam representadas as curvas de nível.
- O relêvo pode ainda ser representado das seguintes maneiras :
Curva de nível
Hachuras
Sombreado
Côres hipsométricas ou batimétricas.
- No planisfério de temperaturas (pág. 6) o tom azul destaca as áreas frias (altas pressões) e o vermelho as áreas
quentes (baixas pressões). Ainda utilizando cores diferentes, quer em pontos maiores ou menores, quer em círculos,
as cores são usadas com grande vantagem nos encartes
Brasil-Criação, Industrial animal (págs. 26-27) ou em
outros mapas dêste Atlas.
"Distinguimos leitura de interpretação. Ler cartas significa
conhecer-lhe as convenções, as generalizações aplicadas nas diferentes escalas, e, sobretudo "sentir" a 3." dimensão através de curvas de nível."
"Ler é apenas ver as formas, interpretá-las é explicar essas formas. O estudo de uma carta deve resultar duma descrição explicativa, para descrever é preciso, em primeiro lugar, ler perfeitamente
a carta; para explicar é preciso ter conhecimentos de Geografia
Geral" ( 3 ) .
3
202
Prof. JQSETE LENS CESAR
- Curso
de férias para professôres
- CNG - 1963.
GEOGRAFIA FÍSICA
Velho Mundo - Prof. Carlos Marie Cantão
Mundo Novissimo - Prof. Carlos Marie Cantão.
Interpretação do livro '5Txercicios e Práticas de Geomorfologia" - Pr0f.a Celeste Rodrigues Maio
Lagos, lagoas e lagunas do Brasil - Prof. Antônio
Teixeira Guerra.
VELHO MUNDO
Prof.
1.
2.
CARLOSMARIE CANTÃO
Introdução.
Eurásia :
2 . 1 Posição e superfície
2.2 Estrutura e relêvo
2.3 Litoral
2.4 Clima
2 . 5 Vegetação
2.6 Hidrografia
2.7 Aspectos antropogeográficos
3.
África:
3 . 1 Posição e generalidades
3 . 2 Estrutura e relêvo
3.3 Clima
3.4 Vegetação e fauna
3 . 5 Hidrografia
3 . 6 Aspectos antropogeográficos.
DESENVOLVIMENTO
1.
Introdução
As terras em volta do Mediterrâneo constituiram até a abertura do canal de Suez, inaugurado em 1869, um grande bloco continental de 82 500 000 km: isto é, 56,8970 da parte emersa do planêta. Os gregos, não obstante a pequena área conhecida, perceberam que era possível distinguir, neste conjunto, três porções: a
Europa, a Ásia e a Líbia, correspondendo esta ao que, mais tarde,
se chamou África.
Ao corpo asiático prendiam-se, como duas imensas penínsulas,
a África (30 000 000) e a Europa (10 000 000) ; a primeira, separada por um istmo de 112 km de largura e a segunda, por 2 400 km,
entre o mar de Cara e o mar Cáspio.
De ambos os lados do Suez, alongando-se por larga faixa, idênticos são os traços da paisagem. A transição entre a Ásia e a Europa
pròpriamente ditas é, do mesmo modo, bastante lenta. As estepes e
planícies russas foram consideradas asiáticas até os meados do século XVIII. Só, então, começou a ser hábito considerar os Urais
como a fronteira entre a Ásia e a Europa.
A expressão "Velho Mundo" justifica-se sob o ponto de vista
histórico. Na época atual, no sentido de "continente", devemos
falar em Eurásia e ~ f r i c a .
De pouco mais de dez séculos para cá, a Europa avantajou-se
a Asia. Tomou, em suas mãos, de modo decisivo, o facho da Civilização e, a partir do sec. XV, expandiu-se levando a todo o Mundo,
inclusive a Ásia, antiga mestra, sua cultura, hábitos, costumes e
povos.
Sob o ponto de vista cultural, pode-se usar a expressão "continente europeu". Ela representaria erro crasso sob o ponto de vista
físico.
Nos cem minutos que nos cabem neste Curso, devemos apreciar
o Velho Mundo e o Novíssimo Mundo. Trataremos da matéria na
seguinte ordem:
1." aula
2.a aula
2.
- Eurásia;
- África e Oceânia.
Eurásia : fisiografia
2.1
Posição e generalidades
A maior parte da Eurásia fica entre o Círculo Polar Ártico,
que atravessa ambas as divisões dêste continente, e o Trópico de
Câncer. Pequena porção estende-se ao norte do Círculo Polar. A
Asia alonga-se para o sul, chegando a transpor a linha equatorial.
Três são, por conseguinte, as zonas pelas quais a Eurásia se estende:
Zona Glacial Ártica, abrangendo pequena porção da Europa e da
Ásia: Zona Temperada do Norte, a que corresponde a maior parte:
e apenas trecho da Ásia na Zona Tórrida.
De tal posição, combinada com a distância aos oceanos e mares,
condições de relêvo, cobertura vegetal, natureza das rochas e correntes marinhas decorrem numerosas áreas climáticas. Com elas
se relacionam outros aspectos. Resulta, então, uma grande variedade de tipos de solo, vegetação e gêneros de vida.
2.2
Estrutura e relêvo
Na Europa predominam as planícies e planaltos baixos: n a
Asia, planaltos de forte altitude e montanhas muito elevadas. Cêrca de 225/300 do território europeu estão abaixo de 500 metros;
,
apenas 3/300 erguem-se a mais de 1 0 0 0 metros. As terras que excedem a 1 000 metros representam, na Ásia, 1/3 da sua superfície.
O ponto culminante da Europa é o monte Branco, com 4 810 metros, na convergência das fronteiras da França e Itália. Na Ásia,
muitos picos atingem a mais de 7 000 metros. O Everest, na fronteira do Nepal com a China, chega a 8 882 metros.
Tôdas as convulsões terrestres deixaram marcas na Eurásia.
Há indícios de várias emersões e imersóes na mesma área, fases
de erosão intensa, sedimentação prolongada e rejuvenescimento.
Certas áreas da Eurásia remontam ao precâmbrico. Restos do
dobramento huroniano ainda se observam nas ilhas Hébridas, Escócia, arquipélago Lófoten, sul da Suécia e Finlândia, Sibéria
Central.
No início do paleozóico, isto é, no cambriano, havia dois continentes separados por um mar pouco profundo: o páleo-ártico, a
que pertenciam as dobras referidas acima; e um outro que abrangia grande porção da parte asiática da URSS, centro e sul da Ásia.
O mar invadiu, em seguida, algumas áreas do continente páleo-ártico e desagregou rochas que originaram areias transformadas,
durante o devoniano, em arenitos vermelhos graças a sais de ferro
(old red sandstone) .
A Terra foi sacudida por forças poderosas durante o devoniano.
Apareceram as chamadas cadeias caledonianas, ainda visíveis na
Escócia e Escandinávia.
No início do Carbonífero havia três continentes: um constituído pela Escandinávia, Groenlândia e Canadá; outro, pela Sibéria e parte da China; e outro, pela fndia, Arábia, norte da Austrália, África do Sul (continente de Gondwana). Entre as massas
continentais do Norte e de Gondwana existia um mar transversal
(Tétis). Dêle emergia uma grande ilha, que corresponderia a Itália,
Bálcãs e Sul da Rússia. Aos poucos, o mar transversal foi diminuindo de profundidade.
Dêle sairam o País de Gales, a Holanda, a Normândia, as Ardenas, o Planalto Central Francês, os Vosgos, os Urais, formando
ilhas. Às dobras dêste período, conhecidas pela denominacão de
hercinianas, correspondem relevos suaves mas bem perceptíveis: o
maciço Armoricano, o Planalto Central Francês, os Vosgos, as
Ardenas, o maciço Renano, o Harz, a Floresta Negra, o Erzgebirge,
o Riesenbegirge, os montes Sudetos, o Altai e outras cadeias asiáticas.
As terras que emergiram cobriram-se de vegetação luxuriante.
Seus restos, acumulados em estuários e lagunas, originaram jazidas
carboníferas.
A era mesozóica assistiu a invasão do mar em muitas áreas.
Quando êstes fundos vieram novamente a superfície, estavam
revestidos de restos de animais marinhos, origem das rochas
calcárias tão comuns na Eurásia.
No terciário, novas convulsóes manifestaram-se. O fundo do
mar transversal (Tétis ou Mesogéis) dobrou-se formando as montanhas jovens do sul da Europa, centro da Ásia e norte da Africa.
As forças que agiram fortemente sobre o geossinclinal originaram
os Alpes, os Pirineus, os Apeninos, o Cáucaso, o Elburz, o Himaláia
e outras cadeias e englobaram, nas novas dobras, fragmentos dos
maciços antigos e planícies sedimentares.
Ao sul do Himaláia estende-se o Decá, fragmento do continente
de Gondwana.
As forças que levaram o fundo do mar de Tétis agiram sobre
os antigos maciços fraturando-os, aumentando a sua altitude e,
em certos casos, determinando afundamentos que constituiram
mares adjacentes.
A Escandinávia, mais elevada, tornou-se, no pleistocênio,
grande centro de irradiação de geleiras. Os Alpes e os Pirineus
também se cobriram de gêlo de maneira muito mais intensa do
que no período atual. Quando as geleiras decairam de importância,
começou uma elevação de conjunto das áreas que correspondiam
a calota escandinava. Êste movimento de surreição continua nos
nossos dias.
Tanto na Escandinávia, como nos Alpes e Pirineus encontram-se formas típicas da ação das geleiras, tais como vales em manjedouras, circos, depósitos morênicos, lagos, etc.
2 . 3 Litoral
Enquanto houve grande quantidade de gêlo, o pêso da suas
camadas provocou o abaixamento da linha de costa. Muitos vales
ficaram abaixo do nível do mar. Com a elevação das temperaturas,
a água invadiu-os transformando-os em golfos profundos, estreitos
e ramificados: são os fjords, numerosos na Noruega.
As áreas reduzidas a planícies cobertas de gêlo, originaram
outro tipo de costas: os skajers da Suécia e Finlândia. Como no
caso dos fjords, são costas recortadas e precedidas de ilhas. Há
costas glaciárias também na Polônia, Alemanha e Dinamarca.
Na Eurásia observam-se muitos outros tipos de costas. Destaquemos as rias, correspondentes a vales fluviais invadidos pelos
oceanos, comuns na Galiza, Bretanha, Irlanda; os churoum (sing.:
cherm) , tipo especial de rias do mar Vermelho formadas por longas
baías de entrada estreita, com profundidade que diminui gradativamente, sem rio no fundo do braço principal nem nos laterais; as
costas estruturais, afetando formas diversas segundo o ângulo formado pelo elemento estrutural com a margem (Dalmácia, Grécia,
Ásia Menor) ; as costas de tômbolos ou flechas (Itália, Asia Menor) ;
falejas (Grã-Bretanha) ; dunas (mar de Gasconha) ; restingas
(Alemanha), costas de coral (Oceano Índico) .
O litoral da Eurásia é bastante recortado, sobretudo na parte
européia, cujo perímetro, sem incluir as ilhas, se avalia em
80 000 km.
2.4
Clima
Na Ásia, a inluência do mar, não obstante os recortes, é bem
menos acentuada do que na Europa. As enormes distâncias que
separam dos oceanos o interior, a imensa barreira formada pelo
sistema da Alta Ásia Central e a forma de planaltos elex~adose de
grande superfície contribuem para tornar mais rigorosas as feições
climáticas.
O nordeste da Sibéria caracteriza-se pelos invernos excessivamente frios. Em Verkoiansk e Oimekon a mínima vai a - 760 C.
As amplitudes térmicas de 650 C são freguentes. Estamos, então,
diante de um clima polar. O mesmo se verifica nas montanhas mais
elevadas.
O oeste da Sibéria apresenta clima continental rigoroso (-170
e + 220 C), com poucas chuvas.
A Ásia Central, da Mongólia a Arábia, e o interior da Ásia
Ocidental, possuem clima árido. Os verões são muito quentes
(+ 30° C a
340 C). Os invernos, rigorosos na Mongólia e Turquestão; brandos, no Irão, e pouco acentuados, na Arábia.
Do Amur a Índia, o fator climático mais importante 6 o vento,
que traz grandes chuvas no verão. Chama-se clima das monções.
A terra se aquece e resfria mais rapidamente do que o mar. Por
conseguinte, no verão, o continente está mais aquecido do que o
oceano; no inverno, verifica-se o oposto. O continente, no estio, é
um centro de baixas pressões relativas e o oceano, um centro de
altas pressões. Os ventos sopram do mar para terra e, como passam
sobre água, impregnam-se de umidade. Ao depararem com as montanhas, provocam chuvas torrenciais. No Assa atingem, em média,
a 12 metros por ano. No inverno, o continente está muito frio; o
oceano apresenta temperaturas mais elevadas, funcionando, pois,
como centro de baixa pressão. O ar desloca-se do interior para o
litoral. Não se pode impregnar de umidade porque atravessa uma
área continental. A monção de inverno é, por êste motivo, um paríodo de extrema secura.
A temperatura é baixa na Mandchúria e China do Norte (- 5O
a - 60 C). Na península de sudoeste, os invernos são brandos; na
Insulíndia, Ceilão, Índia, e Paquistão, quase não se percebem.
O litoral da Anatólia, a Síria, Israel e todo o sul da Europa,
incluindo Portugal, dispõem de clima mediterrâneo : invernos moderados, verões quentes, chuvas na estações intermediárias, sobretudo
no outono.
+
A área européia limitada por um triângulo cujos vértices são a
foz do Bidassoa, a do Volga e a do Cara, é de clima continental
menos rigoroso do que o oeste da Sibéria. Caracteriza-se por invernos fortes e longos e verões curtos e quentes. As chuvas são,
sobretudo, no verão.
A porção que fica a noroeste do triângulo citado possui clima
oceânico. Invernos temperados e chuvosos, nevoeiros durante
muitos dias, ausência de sol por vários meses, verão sêco e quente.
O norte da Escandinávia e da Rússia dispõem de clima frio,
assim como as montanhas. A neve e o gêlo são frequentes.
As águas quentes que vão da América elevam as temperaturas
do litoral das Ilhas Britânicas, Noruega e península de Cola.
2.5
Vegetação
Relacionadas com os tipos climáticos, temos as seguintes paisagens vegetais :
Tundras - ao longo do Glacial Ártico. Compõem-se de
musgos, líquens, árvores anãs, flores de cores vivas no
verão. Constituem uma zona de caça e pesca. O animal
típico é a rena. Vivem aí os lapões, samoiedas, iacutes.
Taiga - floresta de coníferas (pinheiros, abetos, bétulas),
As populações vivem da caça e da exportação de madeira.
Estepes - vegetação baixa, com predominância de gramíneas. Populações nômades.
Desertos e semi-desertos - centro d a Ásia e Arábia. Alguns povos nômades.
Florestas mistas de coníferas e latifoliadas (pinheiros, carvalhos, tílias, olmos) - na China do Norte e interior da
Rússia, Polônia e Alemanha.
Florestas latifoliadas - Europa Ocidental e Central,
margem asiática do mar Negro, parte da Coréia e do Japão.
Florestas subtropicais de folhas perenes - China do Sul.
Florestas pluviais - Insulíndia, península Indo-chinesa,
sul da Birmânia e bacia do Ganges.
Florestas subtropicais de folhas caducas - fndias e Tailândia.
Vegetação de savanas - parte da Índia.
Vegetação mediterrânea - costa da Anatólia e sul da Europa, incluindo Portugal.
2.6
Hidrografia
~ntimamenterelacionada com os climas é a hidrografia. A
Ásia possui grandes regiões endorreicas. Correspondem a parte
sul da URSS e Ásia Menor.
Para o mar Glacial Ártico correm grandes rios: Obi, Jenissei,
Lena, Petchora. Para o Pacífico váo: o Amur, o Hoang-ho, o Yang-tse-Kiang, Si-Kiang, o Mekong. Para o Indico: o Saluã, o Irauadi,
o Bramaputra-Ganges e o Indus. Para 0 mar de Azov: o Don. Vã0
ter ao Negro: o Dnieper e o Danúbio; ao Adriático: o Pó; ao
Mediterrâneo ocidental: o Ródano, o Ebro. Desembocam no
Atlântico: o Guadalquivir, o Guadiana, o Tejo, o Douro, o Garona.
Para a Mancha: o Sena; para o Mar do Norte: o Tâmisa, o Reno,
o Wesser, o Elba; para o Báltico: o Oder, o Vístula, o Duna, o Neva,
o Luléia. Tern~inanino mar Cáspio: o Volga e o Uraí; no mar de
Aral: o Sir-Dária e o Amu-Dária; no Lob-noor, o Tarim.
2.7 Eurásia : aspectos antropogeográficos.
A Eurásia é o continente mais povoado. Vivem na Ásia 1721
milhões de homens e na Europa, 56 milhões, perfazendo cêrca de
80% da populacáo mundial. A taxa de crescimento é muito alta na
China, Índia, URSS, Indonésia e outros países. Exemplifiquemos
dizendo que na China nascem, por ano, 15 milhões de crianças, o
que corresponde a um índice de natalidade de 337 por mil. A mortalidade é de 17 por mil apesar de não serem boas as condições
higiênicas da maior parte do país. A densidade média corresponde
a 72 h;km2.
Na Índia, a densidade média eleva-se a 147 h,'kni? No Japão,
a 255; na Coréia do Sul, a 282. Em Formosa, a 314. Nas Filipinas é
106; em Israel, 109; e no Paquistão, 102.
Na Europa possuem alta densidade média: Holanda - 379;
Bélgica - 301; Reino Unido - 217; Luxemburgo - 123; Alemanha
- 151; Itália - 164; Tchecoslováquia e Hungria - 108; Portugal
- 100.
A população distribui-se de modo multo irregular. Existem
áreas totalmente desabitadas, sejam pelas condições naturais, sejam
por hábito e tradicões (China) ou, ainda, porque não foram aproveitadas (URSS). Noutras a populacão se concentra de modo
acentuado, alcançando a mais de 1000 h/km2 em zona rural. Isto
acontece no baixo curso dos rios chineses, nos quais se chega a
viver permanentemente em embarcaqões (sampanas) .
As áreas onde se concentra maior densidade são: o Japão, a
costa chinesa e ao longo do Yang-tse-Kiang, o vale do Ganges e
costa do Decã, parte do Ceilão e do Paquistão Oriental. Coincidem
com as áreas mais bem servidas de chuvas.
Esta imensa população da Eurásia distribui-se entre as três
grandes racas. A Europa, a Arábia, o Irã, a Síria e Israel são habitados quase exclusivamente por indivíduos da raça branca. Na
fndia e no Paquistão também é elevado o número de representantes
desta raça. No Extremo Oriente, na Ásia de Sudeste e no Centro
e Norte da Ásia domina a raça amarela. Na Índia e em pequenas
áreas da Insulíndia encontram-se populações negras.
A Ásia é a terra no nascimento das grandes religiões: bramanismo, budismo, cristianismo e judaísmo. Na Europa é o cristianismo a religião mais professada.
Quanto as línguas, 92% da população européia falam línguas
indo-européias. Na Ásia, a variedade é muito grande. Há línguas
monossilábicas, aglutinantes e flexionadas, entre as quais muitas
pertencem ao grupo indo-europeu.
Na Ásia, o gênero de vida principal é a agricultura, mas
grande parte da população se entrega a criação. A mineração
ainda tem pouca importância e as outras formas de indústria
são de pequena monta, salvo no Japão, parte da China e da Índia.
Os processos agrícolas são, geralmente, rudimentares. O sistema de jardinagem caracteriza o Extremo Oriente. A proporção
das terras cultivadas é elevada se considerarmos o volume da produção. O arroz, o trigo, o milho, o sorgo, o algodão, a juta, o chá,
a cana-de-açúcar e a seringueira, além dos legumes, figuram como
os vegetais mais cultivados.
A extração de madeiras tem importância.
As espécies principais de gado são: o ovino, o caprino, o muar,
o asinino e o suíno. Há criação de camelos, elefantes, bicho da sêda
e abelhas.
Figuram como importantes minerais: o petróleo, o carvão, o
cobre, o estanho e o antimônio.
Na Europa, a agricultura também tem grande importância
mas há países em que a indústria representa papel muito mais
destacado. Os processos agrícolas são variados. A agricultura racional dá altos rendimentos em alguns países. Contam-se entre as
plantas mais cultivadas: o trigo, as batatas, a vinha, árvores frutíferas, aveia, cevada, beterraba, oliveira.
O gado vacum é o criado em maior escala.
Entre os minerais destacam-se: o carvão, o ferro, o cobre, a
bauxita, o mercúrio. O aproveitamento hidrelétrico atingiu a alto
indice.
Os países de maiores indústrias são: Reino Unido, Alemanha,
URSS, França, Holanda, Itália, Bélgica, Suíça, Suécia.
As vias de comunicação são variadas e numerosas na Europa
e ainda insuficientes na Ásia.
3.
África: fisiografia
3 . 1 Posição e generalidades
A África, com 30 000 000 km2,é dividida pelo equador em partes
aproximadamente iguais. Suas terras estendem-se até 370 lat. M
e 340 lat. S. Ficam, pois, em três zonas: a Tórrida, a Temperada do
Norte e a Temperada do Sul. Os quadros clímato-botânicos sucedem-se simètricamente em relação a linha equatorial.
Nenhum continente é táo maciço quanto o africano. Para cada
quilometro de costas corresponde uma área de 1 070 km" enquanto
que para a Ásia esta relação é de 1:700; para a América do Sul,
1: 681; para a Austrália, 1 :420; para a América do Norte, 1 :407;
e para a Europa, 1: 120.
Frequentes são as barras, as embocaduras de rios representadas
por estreitos estuários e deltas pantanosos e as elevações paralelas
a linha de costas. Os cursos de água devido a disposição do relêvo
apresentam rápidos e cachoeiras que impedem ou dificultam a navegação; raros são os rios navegáveis. Na zona equatorial encontram-se densas florestas e nas tropicais vastos desertos.
Todos êstes fatores agiram no sentido do isolamento. A África,
salvo o Egito e algumas áreas costeiras, manteve-se durante largo
tempo a margem da História mundial.
Só no século XIX foi possível ser atravessada pelos europeus
(Caillé, Speke, Grant, Barth, Livingstone, Serpa Pinto, Silva
Pôrto, Stanley e outros) .
A dominação política européia firmou-se, fixada pelo Congresso de Berlim, de 1885.
A introdução da hábitos, costumes e técnicas da Europa e os
seus interêsses comerciais e políticos abalaram, em muitos casos,
a vida dos negros, mas a organização tribal e o regime de clãs
mantiveram-se.
Em 1914, só a Etiópia e a Libéria conservavam a independência. O Egito tornou-se livre em 1922.
Após a I1 Guerra Mundial as idéias de emancipação surgiram
por toda a parte, levando em poucos anos à independência quase
todas as terras africanas dominadas pelos franceses, inglêses, italianos e belgas. Os espanhóis mantêm alguns territórios. Os portuguêses ainda possuem áreas consideráveis. Em ambos os casos,
as colônias foi conferida certa autonomia, tranformando-se em
províncias ultramarinas.
3 . 2 Estrutura e relêvo
Houve, nos primeiros tempos da história, da crosta um grande
continente que, mais tarde, se dividiu em Continente AustraloIndo-Malgaxe e Continente Africano-Brasileiro. O segundo fragmentou-se em África e Brasil.
A África e a ilha de Madagáscar são, portlanto, terras antiquissimas, que se mantiveram exondadas, exceto pequenas áreas invadidas pelo mar no mesozóico e no terciário.
Sujeitos à forte erosão pluvial e eólia, reduziram-se os relevos,
convertendo-se em peneplanícies donde se destacam de vez em
quando, blocos formados de granitos e outras rochas duras desnudadas. Restos de dobras huronianas, ealedonianas e hercinianas
podem ser percebidos em diversas áreas.
Ao sul de uma linha que vai do golfo de Gabés à cidade de
Agadir, nenhum traço de enrugamentos recentes. Em Marrocos,
Tunísia e Argélia a terra se dobrou durante o terciário. Englobou
algumas áreas antigas, rejuvenescendo relevos hercinianos (planaltos de Muluia, Orânia e Constantina).
As forças que originaram os dobramentos terciários do Maghreb
agiram sobre o escudo rígido provocando fraturas e deslocamentos
que, em muitos casos, criaram lagos e vulcões. As ilhas do mar da
Guiné, a área vulcânica de Camarões e o lago Chade relacionam-se
com êstes fenômenos, mas o campo de fraturas mais importante,
aliás o maior do mundo, fica na parte leste do continente. As áreas
afundadas eorrespondem ao mar Vermelho, aos lagos de Niassa,
Tanganica, Vitória, Alberto Eduardo, etc., ao vale do Nilo desde
Cartum. A cadeia Arábica e os vulcões Quilimandjaro (6 010 m)
e Quênia (5 600) decorrem dêstes movimentos.
Do Cairo a In Salah existe uma série de depressões acompanhadas em grande parte por abruptos correspondentes a fraturas.
Tais são as falejas da parte sul da Marmárica e Cirenaica, a
Hamada E1 Homra, Tinr'ert e Tadmait. As fraturas puseram em
contato com a superfície, lencóis dágua que originaram os importantes oásis de Siuá (antigo Júpiter Amon), Djerabub, Audjila
e Tidikelt.
Blocos antigos foram levantados no meio do Saara. Constituem
os maciços vulcânicos do Tibesti, Air e Hogar.
A mesma paisagem de peneplanícies com horsts e montanhas
residuais encontra-se até o sul. Os planaltos, às vêzes, são tão nivelados que os rios se dividem em braços, originando áreas pantanosas e grande número de curvas. Os fenômenos de captura de
cursos d'água são frequentes.
A África do Sul é uma bacia limitada a sudeste pelos montes
Drakenberg e a oeste pelas cadeias da Damaralândia e da Namaqualândia. A parte deprimida forma o deserto de Calaari.
A ilha de Madagáscar, com superfície equivalente à de Minas
Gerais, é constituída sobretudo pelo planalto de Imerina, que desce
em degraus de falha para leste e de modo mais suave para oeste.
É: cortada por várias falhas que permitiram a saída de lavas formadoras dos maciços de Tsaratanana e Ancarata.
As fendas e fraturas encheram-se, muitas vêzes, de material
metálico de alto valor: ouro, prata, cobre, estanho, chumbo, zinco,
etc.
Em chaminés vulcânicas ocorrem diamantes.
Riquezas de grande importância n a época atual são: o rádium
e o uraniufn.
3 . 3 Clima
A posição astronômica explica a predominância de climas
quentes. O litoral pouco recortado, não facilitando a penetração
da influência marítima, e o relêvo de fracas altitudes, salvo em
pequenas regiões, contribuem para reforçar os efeitos da posição.
AS zonas climáticas distribuem-se paralelamente a linha equatorial.
Na bacia do Congo e costa do mar da Guiné, o clima é equatorial. Amplitudes diárias pequenas, calor e umidade constantes e
elevados.
De um lado e outro desta zona, encontra-se clima tropical:
duas estações anuais, uma sêca e outra chuvosa. As amplitudes
diárias já se começam a perceber.
Seguem-se, de ambos os lados, áreas desérticas ou semi-desérticas. Ausência quase completa de chuvas, enormas diferencas
entre a média diurna e a noturna.
No Noghreb ou Maghreb (Marrocos, Argélia e Tunísia) e no
extremo sul, clima mediterrâneo. A costa oeste da República SulAfricana é banhada por uma corrente fria que traz da Antártida
focas, otárias, pinguins e outros animais.
3 . 4 Vegetacão e fauna
A vegetação está na dependência direta das faixas climáticas.
Na bacia do Congo e litoral da Guiné, rica floresta pluvial, habitat
de macacos e outros animais que vivem sobre árvores e nos rios e
pântanos. Os pigmeus são homens característicos desta região..
Envolvendo a área de florestas, aparecem savanas e estepes interrompidas, as vêzes, por capões de mato e florestas-galerias. O
baobá é árvore característica das savanas africanas. Estas faixas
são bem habitadas pelos negros, que se entregam à agricultura; e
animais de grande porte, como as girafas, os gnus, as zebras, etc.
No Saara, no Calaari e Namib, as condições são bem hostis à
vida. A quantidade de chuva, inferior a 200 milímetros por ano,
determina o aparecimento do deserto. A vegetação, quando há, é
escassa e, se consegue sobreviver, é devido à transformaqão das
folhas em órgãos diminutos ou em espinhos, as raízes extremamente longas para alcanqarem o lençol d'água que se encontra,
muitas vêzes, a profundidades consideráveis. São plantas rasteiras
para resistirem aos ventos. Algumas mantêm-se quase totalmente
enterradas. Mas se cai alguma chuva, desenvolvem-se rapidamente,
realizando, em poucos dias, todo o ciclo vegetativo. No Saara, os
muçulmanos usam o têrmo "acheb" para as plantas dêste tipo. É:
uma denominação genérica.
Nos pontos do deserto em que aparece água, seja em virtude
de afloramento do lençol subterrâneo, seja pelos rios que descem
das montanhas ou procedem de outras áreas mais chuvosas, a vegetação desenvolve-se, os animais vivem bem porque não Ihes
faltam pastos e o homem pode sedentarizar-se. Uma planta, oriunda da Ásia - a tamareira - auxilia sobremodo a vida humana.
No Moghreb e na República Sul-Africana, levada pelo homem
europeu, há vegetação do tipo mediterrâneo.
Nas altas montanhas de nordeste, as paisagens vegetais relacionam-se com a altitude.
3 . 5 Hidrografia
Alguns rios são de grande comprimento: o Nilo, com 6 700 km,
o maior do mundo; o Congo (4 200), o Níger (4 200) e o Zambese
(2 600). A disposição do relêvo em planaltos e com escarpas mais
ou menos abruptas cria rápidos e cachoeiras, que interrompem ou
impossibilitam a navegação. O fato de correrem em áreas niveladas
é outro obstáculo para a navegação, porque as águas se espraiam,
ficando um nível baixo, e formam pântanos invadidos pela vegetação.
Muitos rios não alcançam o mar. No Saara e no Moghreb há
vales em que só corre água após as chuvas; são chamados "uedes".
Enchem-se rapidamente e infiltram-se com facilidade.
"Ueds" e rios de caráter permanente têm sido utilizados em
larga escala para irrigação de culturas.
Quando o desenvolvimento técnico alcançar a níveis mais elevados, a África deverá ter grande produção de energia elktrica. A
sua riqueza potencial figura como a maior do mundo.
3.6 Aspectos antropogeográficos
Avalia-se a população africana em 260 milhões, isto é, quase
metade da européia. A densidade não chega a 10, sendo, pois, o
continente de mais baixo índice demográfico depois da Austrália.
Mais de 30 h/km 2 apresentam: Ruanda, Eurundi, Egito, Tunísia, Uganda, Zanzíbar, Nigéria, Serra Leoa, Gâmbia e pequenos
: enclaves noutros países. A Mauritânia e a República do Níger são
os países menos povoados, o primeiro com apenas 0,5 h/km 2 e o
segundo, com 2 .
No Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e parte do Saara domina
a raça branca. Os negros formam a maioria do resto da África.
MUNDO NOVÍSSIMO
Prof. CARLOS MARIE CANTÃO
1.
2.
Posição e generalidades
Austrália
2 . 1 Posição
2 . 2 Estrutura e relevo
2 . 3 Litoral
2 . 4 Clima
2 . 5 Vegetação
2 . 6 Hidrografia
2 . 7 Aspectos antropogeográficos
3.
Bibliografia
DESENVOLVIMENTO
1.
Posição e generalidades
O Mundo Novíssimo ou Oceânia é constituído pela Austrália
(7 000 000 km 2) e milhares de ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico. Perfazem estas terras 8 500 000 km-u, aproximadamente 1/6
da parte emersa do planêta. Representa restos de um antigo continente que sofreu fraturas, originando mares pouco profundos
(Arafura, Geral) e fossas de 8 000, 9 000 e mais metros de profundidade. Muitas ilhas, geralmente de reduzida superfície, surgiram
do próprio oceano, pela acumulação de lavas e construções coralíneas.
A Oceânia divide-se em:
I
- Australásia:
1 - Austrália com a Tasmânia (Domínio da Comunidade Britânica - Capital : Camberra) ;
2 - Nova Zelândia (Domínio da Comunidade Britânica - Capital: Wellington, n a Ilha do Norte).
I1 - Melanésia:
1 - Nova Guiné - dividida politicamente em:
a ) Iriã (parte ocupada pela Indonésia - Capital : Sukarnpura) ;
b) Nova Guiné Australiana (Fideicomisso da
ONU - Capital: Rabaul) ;
c) Papuásia (parte da Federação Australiana) ;
2 - Arquipélago de Bismark (incluído no Fideicomisso
da Nova Guiné Australiana).
3
- Arquipélago de Salomão e Santa Cruz (com exce-
ção das ilhas de Bougainville a Buka, incluídas na
Nova Guiné Australiana, todas pertencem ao
Reino Unido e têm a capital em Tulagi) .
4 - Arquipélago das Novas Hébridas (Condomínio
Franco-Britânico, tendo por capital Vila, n a ilha
Efate) .
5 - Arquipélago da Nova Caledônia (Território de U1tramar da República Francesa - Capital: Numéia
na ilha Nova Caledônia).
I11 - Micronésia :
1 - Arquipélago das Marinhas ou dos Ladrões (Admi-
nistrado em fideiconiisso da ONU pelos Estados
Unidos, salvo a ilha de Guam, que lhes pertence
- Capital: Carapá, na ilha Saipã) ;
2 - Arquipélago de Palaus (Administrado em fideicomisso da ONU pelos Estados Unidos - Capital:
Korer, n a ilha de Palau) ;
3 - Arquipélago das Carolinas (Administrado em fideicomisso da ONU pelos Estados Unidos - Capital:
Nã Matel, n a ilha Ponapé) ;
4 - Arquipélago Marshall (Administrado em fideicomisso da ONU ou pelos Estados Unidos - Capital:
Jaluit) ;
5 - Arquipélago de Gilbert e Ellice (colônia do Reino
Unido - Capital: Tarawa;
IV - Polinésia:
1 - Arquipélago de Viti ou Fidji (Colônia do Reino
Unido - Capital: Suva, na ilha de Viti Levu);
2 - Arquipélago de Tonga ou dos Amigos (Reino pro-
tegido pelo Reino Unido - Capital: Nukaolofa,
na ilha do Tongatabu) ;
3 - Arquipélago de Samoa ou dos Navegantes, compreendendo: Samoa Ocidental - independente, sob
a forma monárquica (Capital: Ápia, na ilha Opuhu) e Samoa Oriental (Estados Unidos - Capital:
Pago-Pago, na ilha de Tutuila) ;
4 - Arquipélago das Espórades Equatoriais ou Ilhas da
Linha e Arquipélago Fênix (Condomínio dos Estados Unidos e Reino Unido);
5 - Arquipélago de Wallis e Ilha de Futuna (Território
de Ultramar da República Francesa) ;
6 - Arquipélago das Marquesas, Arquipélago de Taiti,
Arquipélago de Sota-Vento, Arquipélago Tuamotu,
Arquipélago Gambier, Ilhas Austrais ou Tubai
(Território de Ultramar da República Francesa Capital: Papiti, na ilha de Taiti) ;
7 - Ilha de Pascua, Ilha de Sala y Gomez e Arquipélago João Fernandes (Chile) ;
8 - Arquipélago de Havaí ou Sandwich (Estado da Federação Americana desde março de 1959 - Capital, Honolulu) .
Na Oceânia há 81% de mares e apenas 19% de terras. Os dois
trópicos atravessam esta parte do mundo. O arquipélago de Havaí
e algumas ilhas da Micronésia ficam ao norte do Tr6pico de Câncer;
grande parte da Austrália, a Nova Zelândia, a ilha de Pascua e algumas outras da Polinésia situam-se ao sul do Trópico de Capricôrnio.
Do tota1 das terras da Oceânia, 3/4 correspondem ao hemisfério sul e ficam fora das grandes rotas comerciais.
O arquipélago entre 100 lat. N e 150 lat. S têm calor constante
e uniforme, sem diferenciação de estacões, chuvas abundantes,
céu nublado, atmosfera carregada de eletricidade, tempestades
violentas. Possuem clima equatorial
No Havaí, Marianas, Nova Caledônia e Fidji já se notam duas
estações: verão quente e úmido; inverno quente e sêco. Gozam de
clima subtropical.
À Nova Zelândia e sul da Austrália corresponde clima temperado.
De modo geral, a Oceânia é salubre. Desconhece-se a febre
amarela e o impalu ismo só existe na Nova Guiné, Bismark e
Novas Hébridas. Ocorrem, porém, com frequência, a lepra e a elefantíase.
Os ciclones assolam Samoa, Tonga, Fidji, Novas Hébridas,
Nova Caledônia e a costa nordeste da Austrália.
Os tremores de terra e as erupções vulcânicas são fenômenos
comuns. Frequentemente aparecem e desaparecem novas ilhas.
Os recifes de coral formam a nota mais coracterística da Oceânia. Por toda a parte onde as águas oferecem condições de temperatura e salinidade, desenvolvem-se coralíneos e algas calcárias. A
Grande Barreira, a leste da Austrália, tem 2 400 km de comprimento e uma largura que atinge a 150 km na parte sul. Outro
importante recife-barreira encontra-se na Nova Caledônia. Tem
830 km de comprimento.
Há recifes-franja em muitas ilhas, mas a forma mais típica é
o atol, isto é, o recife circular possuindo uma laguna.
Os corais vivos só se encontram até algumas dezenas de
metros. Devido aos movimentos de ascensão e descida do leito
submarino, podem os recifes por êles construídos ser encontrados
acima das águas ou a centenas e mesmo milhares de metros de
profundidade.
O bater das vagas contra os recifes vai fragmentando-os, reduzindo-os a pequenos blocos e, afinal, a grãos, que acabam por
acumularem-se e constituirem um solo onde se fixam a Ipomea e
outras plantas baixas e, mais tarde, os coqueiros.
A posição astronômica, as temperaturas elevadas e as chuvas
abundantes concorrem para apressar esta evolução.
A vegetação das ilhas de origem continental é constituída de
florestas espêssas e mangues: a das ilhas oceânicas apresenta-se
muito mais pobre, representada sobretudo por coqueiros, pandanos,
fruta-pão, bananeiras, inhame, batata-doce, taro, ipomea, miki-miki, arbusto de flores brancas chamado cientificamente Pemphis
acidula. Na Nova Zelândia destacam-se: o pinho kauri (Dammara
australis), a faia antártica (Notofagus menxiesia) fotos arborescentes, o cânhamo Phermium tenaz e outros vegetais. Ao apreciarmos
a Austrália faremos referências a sua flora.
A fauna da Oceânia apresenta como traços mais gerais o endomismo e o arcaísmo. Existem aves terrestres de grande beleza
só conhecidas nesta parte do mundo, as vêzes exclusivas de determinada ilha. Mais de 50 espScies de aves da Nova Caledônia só aí
se encontram. No arquipélago de Sandwich vivem mais de 300 espécies de moluscos do gênero Achatinella, as vezes exclusivas não
de uma ilha mas de certo vale. A Austrália e a Nova Guiné possuem os únicos representantes atuais da classe dos monotremos:
o ornitorrinco (Ornythorhynchus anatinus), exclusivo da Austrália, e os equidnas. Os marsupiais só perduram na Austrália (150
espécies), Nova Guiné, arquipélago de Salomão, Insulíndia e América. A Nova Guiné e a Austrália, embora tão próximas, possuem diferentes espécies de lagartos. O quivi (Apteryx) é ave exclusiva da
Nova Zelândia, assim como os papagaios quéia (Nestor notabilis) e
caca (Nestor rneridionalis) .
A adaptação ao meio físico é notável. O peixe Ceratodus
forsteri, de Queensland, possui pulmões e brânquias, podendo resistir a longa sêca australiana. É uma espécie que no mesozóico
existia em todo o mundo. O sáurio Moloch horridus possui junto
a cabeça uma protuberância esponjosa capaz de absorver a umidade da noite. Certas rãs e tartarugas do oeste da Austrália, ao
chegar o fim das chuvas, absorvem o máximo q-de podem de água
e, em seguida, envolvem-se de barro ficando como bolas até o aparecimento das novas precipitações. Algumas aves não voam ou
têm v60 difícil. Sirvam de exemplos: a ave-lira (Menura superba),
o emu (Dromaeus novae hollandiae) o casuar (Casuarus galeatus).
Idênticamente a flora e a fauna, há grupos humanos quase
exclusivos da Oceânia. Constituem verdadeiras relíquias etnográficas. Parecem ter vindo da Ásia em vagas sucessivas.
Na Austrália há negróides que permanecem no período paleolítico. Altos, olhos enterrados, sobrancelhas salientes, sistema piloso muito desenvolvido, cor carregada, cabelos encaracolados.
Ocupam atualmente os desertos e certo número de reservas. Em
passado longínquo, devem ter vivido na Malásia, Indo-China, índia
e, talvez, extremo sul da América Meridional.
Na Nova Guiné ocidental encontram-se representantes de um
povo pigmeu (1,45m) : são os Tapiro, que se entregam exclusivamente a coleta vegetal (inhame, taro, etc.). Há traços dêstes negritos na Micronésia e Novas Hébridas.
Os melanésios são negróides, porém mais adiantados do que
os da Austrália. Estão no período neolítico, assim como os polinésios, indonésios e malaios, que pertencem ao grupo amarelo.
Os melanésios são cor de chocolate. O tipo Papu encontra-se
na Nova Guiné. Altura média, cabelos crespos, fronte fugidia, arcadas superciliares proeminentes, nariz largo e convexo com a ponta
de bico. O tipo Melanésio pròpriamente dito é de pequeno porte,
pele mais clara, cabelos ondulados, fronte arredondada, nariz largo mas não adunco, arcadas superciliares pouco salientes. O NeoCaledoniano caracteriza-se por uma saliência na glabeia e afundamento na base do nariz, o que denota parentesco com os Negros
Australianos e a raça extinta da Tasmânia.
A raça melanésia também ocupou área muito mais vasta. Na
península indo-chinesa persiste em pequeno número. Em muitas
ilhas da Polinésia há indivíduos que deixam perceber bem a sua
ascendência melanésia. No povoamento de Madagáscar êles tiveram
papel de destaque. Rivet defendeu a identidade dêste tipo com o
da Lagoa Santa. Indígenas da Baixa-Califórnia, Colômbia, Equador,
Argentina também apresentavam traços de melanésios.
Os indígenas da Oceânia dispõem de canoas compridas e estreitas, cavadas em troncos de árvore, com balanceiros ou batangas. que lhes dão grande estabilidade, e velas formadas de esteiras.
Algumas podem transportar 150 a 180 pessoas e, às vêzes, são
duplas. Com elas os melanésios puderam conhecer área tão vasta
dos Oceanos Pacifico e Indico.
O indígena Polinésio é de pele clara e cabelos lisos. Encontra-se de Havaí a Nova Zelândia e de Samoa a ilha de Pascua. Deve
ser a resultante do cruzamento de amarelos (malaios) brancos e
negróides.
Os Chamorro das Marianas e, provavelmente, os micronésios,
em geral, parecem provir de indonésios. Misturam-se, segundo a
área, com melanésios, negritos, polinésios e malaios.
Estas populações indígenas, curiosas sob muitos aspectos, estão
em via de extinção. Basta citar alguns números para compreendê-lo: os micronésios são apenas 90 000; os polinésios, 300 000; os
negros da Austrália, 60 000. Os negros da Tasmânia, que eram
cêrca de 20 000 quando Cook descobriu a ilha, em 1777, desapareccram por completo. O último homem morreu em 1869 e a última
mulher, em 1877.
A decadência é anterior a chegada dos europeus. Guerras, canibalismo, esterilidade natural, fraco índice de natalidade, maior
número de homens do que o de mulheres são os motivos apontados.
Os europeus, com o álcool, a arma de fogo, a varíola, recrutamento
forçado para trabalho aumentaram os fatores de mortalidade. Os
maioris da Nova Zelândia, depois de um período de decréscimo,
em que baixaram a 36 000, em 1936, começaram a aumentar. Vivem
em reservas, com terras próprias onde cultivam milho e tubérculos
e fazem criação de gado. Agora são 190 000.
A população atual da Oceânia, incluindo os brancos muito
numerosos na Austrália e Nova Zelândia, pode, em números redondos, ser calculada em 14 000 000, o que dá uma densidade média
pouco inferior a 2 habitantes por quilômetro quadrado.
Os indígenas vivem da pesca, coleta de vegetais, plantação de
côco, taro, fruta-pão, b a t a k doce, inhame, bananas, criação de
porcos. Os Chamorro das Marianas cultivam arroz. Os brancos da
Austrália e Nova Zelândia têm grande criação de carneiros (19
para cada neo-zelandês e 14 para cada habitante da Austrália) e
bovinos (3 para cada neo-zelandês e 1,7 para cada australiano).
Cultivam cereais, plantas forrageiras, frutas. A mineração é va-
riada e importante na Austrália. A hulha, o linhito, o ouro e o
calcário são apreciáveis na Nova Zelândia. A Nova Caledônia representa o terceiro produtor mundial de níquel: extrai também
cromo e manganês. Na Micronésia e em Tuamutu faz-se explotação de fosfatos e na Nova Guiné, petróleo.
2 . 1 Posição
O continente australiano fica inteiramente no hemisfério sul,
atravessado mais ou menos ao meio pelo Trópico de Capricórnio.
2.2 Estrutura e relêvo
A Austrália é um continente velho, sob o ponto de vista geológico. A parte ocidental, reduzida a uma peneplanície de 200 a
400 metros, está emersa desde o precambriano. Era primitivamente
contornado a oriente por urna série de ilhas que, mais tarde, foram
soldadas vindo a formar as chamadas Terras Altas do leste.
O velho núcleo deixa perceber marcas do dobramento huroniano e dos dobramentos paleozóicos. São elevações isoladas que,
em certos casos, excedem a 1 0 0 0 metros (Cadeias Darling, Mac
Donnell, Musgravo, etc.)
O dobramento herciniano foi acompanhado de glaciação.
Provam-na rochas estriadas e blocos arredondados que se encontram no oeste, centro e sudeste do continente. Também originou
fraturas, que, em muitos casos, se enche-m de material metálico
de valor econômico e provocaram derramamentos de lavas.
No mesozóico, o mar invadiu a parte central da Austrália,
depositando argilas e marnas ainda muito abundantes entre os
creeks Diamantina e Cooper. Retirou-se, em seguida, deixando colinas de arenito cuja desagregação fornece material para as dunas
do deserto Sturt Stony.
Nova invasão do mar ocorreu no comêço do terciário. A ela. se
relacionam as argilas de Murray-Darling e a meseta calcária de
Nullaber, onde há delinas e sumidouros.
O dobramento alpino rejuvenesceu as montanhas da parte
leste, produziu elevação geral do continente e formou fraturas que
permitiram o aparecimento de campos basálticos, no leste e no
oeste, e cones vulcânicos no Estado de Vitória.
A velha peneplanície ergueu-se, na parte leste, a 1000, 1 500,
2 000 metros. São as chamadas Terras Altas; montes Pirineus,
Alpes Australianos, montanhas Azuis. No maciço de Kosciusko
chegam a 2 211 metros (pico de Towsend, o mais alto da Austrália).
A glaciação do pleistocênio teve menos importância do que a
do final do paleozóico.
Ao terminar o terciário ou no princípio do quaternário houve
afundamentos. A Tasmânia separou-se do Continente. A leste afundou uma faixa que passou a mar pouco profundo, facilitando a
formação da Grande Barreira de recifes coralíneos. Ao norte constitui-se o estreito de Torres, que isolou a Nova Guiné. Os golfos do
Spencer e São Vicente correspondem a áreas afundadas.
As cadeias que acompanham a costa leste, em virtude do seu
próprio rejuvenescimento, que modificou o nível de base dos rios,
passaram a ser trabalhadas de modo intenso pela água. As geleiras
de pleistocênio também agiram. Formaram-se, assim, em tempo
reduzido, gargantas profundas que dividiram o conjunto.
A vertente oeste é mais suave. A leste, devido a falhas longitudinais, a terra decai em degraus. Os cursos dágua descem,
então, em cascatas. São rios com volume apreciável porque correspondem a parte em que os ventos úmidos do Pacífico, interceptados pela barreira montanhosa, provocam chuvas abundantes.
A vertente voltada para o interior é mais suave mas o terreno
das Planícies Centrais, extremamente poroso, provoca a sua infiltração e desaparecimento rápido.
As feições topográficas da Austrália relacionam-se com a grande antiguidade do seu território e com o clima que se vem tornando mais sêco há milhares de anos. No planalto de oeste há
grandes extensões desérticas: Warburton, Gibson, Vitória. Parte
das Planícies Centrais são semi-desertos.
2.3
Litoral
Considerado em conjunto, é pouco recortado. O golfo Australiano, acompanhado por uma escarpa calcária retilínea de 650 km
de comprimento e 100 a 150 metros de altura; o golfo de Carpontária, circundado de mangues; a baía de Noventa Mil, no Estado de
Vitória, e a de mesmo nome, na AustrBlia Ocidental, com praias
arenosas; a cesta granítica entre os cabos Leeuxin e do Naturalista; as colunas basálticas de Burnbury e outros trechos são pouco
favoráveis ao estabelecimento humano. Do estreito de Torres ao
cabo Sandy estende-se a Grande Barreira, recife atravessado por
alguns passos (Trindade, Endeavour, etc.) , descoberto na mar6
baixa, distante em alguns trechos apenas 2 km do continente. Na
Austrália Ocidental ficam os abrolhos de Heutman e no golfo de
S. Vicente, pequenos outros recifes coralíneos. A costa sudeste
possui alguns recortes apreciáveis: as baías de Port Jackson e Port
Phillip, onde se localizam Sydney e Melbourne, respectivamente.
Os golfos de Spencer e São Vicente são de origem tectônica. Entre
o cabo Howe e o cabo Wilson há cestas de lido. Na península de
Arnheim, amplas rias.
2.4 Clima
A posição da Austrália, aliada ao relêvo reduzido, explica os
climas quentes e secos que aí d0minam.A parte norte está sob a
influência de monções. Chega a receber, no verão, 3 000 mm de
chuvas. No centro, as precipitações são muito raras e as amplitudes
de temperatura, acentuadas. Em Alice Springs, quase sob o trópico,
a temperatura se eleva a 470 durante o dia e cai a 50, a noite.
No sul, as temperaturas são mais equilibradas e as chuvas, em
geral, mais abundantes.
Ao norte, leste e sudeste, junto ao mar, é onde se observa a
maior quantidade de chuva.
Podemos distinguir na Austrália: um clima tropical, um clima
nonçônico, um clima desértico, um clima temperado oceânico e
um clima mediterrâneo.
2 . 5 Vegetação
O endemismo é o traço mais característico, da flora australiana. Calcula-se que 85% das espécies lhe sejam peculiares.
As plantas estão bem adaptadas ao meio físico. Para evitar o
desperdício de água, têm raízes muito longas; folhas grossas e
carnudas, cobrindo-se de cuticula protetora contra a transpiração;
filamentos, espinhos, sistema piloso. Nas árvores, as fôlhas dispõem-se perpendicularmente ao solo, a fim de diminuir a superfície
exposta ao sol. Muitas exsudam resinas e óleos. A mesma espécie
muda de aspecto conforme viva em área mais ou menos úmida.
A floresta pluvial encontra-se na parte norte e nordeste. Bambus, palmeiras, pandanos, figueiras, lianas, orquídeas são as
plantas mais comuns.
Em volta do golfo de Carpentária, mangues.
No sudeste e na Tasmânia há florestas subtropicais e de zona
temperada, com gigantescos Eucalyptus amygdalina (mais de
100 metros de altura) , araucárias, faias, fetos arborescentes palmeiras (Livistona australis).
Vegetação mediterrânea encontra-se a sudoeste e na região
dos golfos de Spencer e São Vicente. Caracteriza-se pelo jarrah ou
caoba australiana (Eucalyptus marginata), karri (Eucalyptus diuersicolor), casuarinas, xantorréias (gramínea arborescente que
serve para combustível e fornece uma substância amarela que se
usa para verniz).
Nas planícies de Nova Gales e Queensland há savanas (bush),
formadas de árvores muito rarefeitas (open forest) e estepes com
árvores constituindo agrupamentos aqui e ali (grassland). As acácias, as casuarinas, as grass trees (Kanthorrhoea), o kurrajong ou
árvore-garrafa (Sterculia rupestris), e Eucalyptus globulus são
os vegetais típicos. Após as chuvas, o solo cobre-se de verde: erva
de canguru (Kangaroo grass, Anthristiria ciliata). Onde o solo é
salgado, desenvolvem-se vegetais halófitos (saltbush), de coloração
verde azulado devido aos cristais de sal que absorvem. Servem para
alimentar carneiros.
No interior encontram-se semi-desertos e desertos, êstes ultimos em menor extensão. A vegetação desta área chama-se genèricamente, sorub. Existe o malle sorub, formado de eucaliptos anões
(Eucalyptus dumoso e Eucalyptus oleosa), que se desenvolvem
muito próximos uns dos outros: o mulga scrub, composto de acáceas espinhentas; e o scrub spinifex, formado pela erva porco-espinho ou spinifex (Triedia hirsuta, na Austrália Meridional e Triodia
irritam, na Austrália Ocidental), que forma moitas de 50 a 1,50 m
de diâmetro. Possui espinhos que penetram nos animais e no homem provocando dores fortissimas.
2.6 Hidrografia
As condições de clima e a natureza do solo justificam a pobreza de Austrália em águas correntes superficiais. Só na zona
das monções e na costa leste existem rios que atingem o mar permanentemente. O interior da Austrália forma áreas endorreicas
com 4 000 000 krn2.
O rio Murray mede 2 766 km e o Darling, seu afluente, 3 124.
Mas êste Último fica, na estiagem, transformado num rosário de
lagos. E o próprio Murray, as vezes, não chega à foz.
Os rios temporários chamam-se creeks.
Os lagos elevam-se a 763, na maioria pequenos e com regime
muito irregular. Os principais correspondem a zona tectônica que
fica em continuação aos golfos de Spencer e São Vicente. São: o
Eyre, o Torrens, o Gairdner e o Gregory.
Há abundância de lençóis dágua. Calcula-se que êles corespondam a uma superfície de 2 500 000 km2. A principal das bacias
artesianas fica em Queensland. É conhecida por Grande Bacia
Australiana.
Existem, ainda, a Bacia do Murray; a Bacia do Eucla, na
meseta Mullabor; a Bacia do Deserto, a Bacia do Noroeste e outras
na Austrália Ocidental.
Discute-se quanto à origem da água dos lençóis: será decorrente de chuvas do passado ou será água juvenil, proveniente da
constituição das rochas?
2.7 Aspectos antropogeográficos
A população absoluta da Austrália é de quase 11 milhões.
Dêstes, 99% são de raça branca, sobretudo de origem britânica
(95%).A densidade média corresponde a 1,3.
A Austrália manteve-se pràticamente britânica em virtude das
medidas contra a imigração. Queria-se a todo custo evitar a entrada de amarelos e melanésios. Para isso, manteve-se proibida
a entrada de estrangeiros até 1939. No ano de 1945 foi criado o
Ministério da Imigração, que permite o ingresso de certo número
de estrangeiros por ano. Chegaram, assim, italianos, holandeses
e franceses mas o número total não é grande.
A população concentra-se nas cidades (69 %) . Seis centros
urbanos (Sydney, Melburne, Adelaide, Porth e Newcastle) perfazem
51% do total urbano. Nos arredores dos pontos citados, o índice demográfico eleva-se a 50 h/km" Afastando-se dos mesmos e em algumas outras "ilhas", a densidade varia entre 5 e 50. O restante do
país tem menos de 5, às vêzes menos de 1 h/km2.
Não obstante tão alta porcentagem de população urbana a exportação do país provém dos campos na base de 85%. Isto é
possível devido à alta cultura do povo (98% de alfabetizados) e
aos aprimorados processos de trabalho.
A produção agrícola é apreciável: trigo (mais de 6 000 000 t),
aveia (mais de 1 0 0 0 000 t ) , cevada, batatas, milho, arroz, cana-de-açúcar, vinha. Muito mais importante, porém, é a atividade
pastoril. A Austrália figura, em primeiro lugar, em número absoluto, na criação de carneiros (e, em segundo, em comparação com
o número de habitantes). O seu rebanho eleva-se a mais de . . . .
152 000 000 de cabeças.
Quando aos bois, as estatísticas indicam mais de 17 000 000 de
cabeças.
As indústrias derivadas dos produtos agropecuários adquiriram importância há muitos anos. Destacam-se: a cerveja, o vinho,
o açúcar e os derivados do leite.
Durante a I1 Guerra Mundial, a Austrália desenvolveu a indústria de material bélico. A indústria pesada é, atualmente, a
que absorve maior número de operários.
Aço, cimento, ácidos, automóveis, tecidos figuram entre as
indústrias principais. Para êste desenvolvimento fabril conta com
indústria mineira apreciável: hulha, linhito, ferro, chumbo, zinco,
etc. e energia elétrica.
A importância da Austrália no mundo atual é imensa, se levarmos em conta a sua reduzida população, pouco maior do que a
da cidade de Tóquio.
3.
Bibliografia
ALLAIN, Maurice - Géographie Universelle - Vol. IV - Libr.
Aristide Quillet.
BLACHE,
P. Vida1 - Gallois, L. - Géographie Universelle - Tome
X - Libr. Armand Colin.
GQRDEJUELA, A. Nelson R. de - Geografia de Australia y Nueva
Zelandia - Biblioteca de la Iniciación Cultural - Editorial
Labor, S.A.
GUERRA, Antônio Teixeira - Enciclopédia Delta-Larousse - Vol. I
- Editorial Delta S.A.
LESTER, P. - Millet, J. - Les races humaines - Lig. Armand
Colin.
POUQUET; Jean - Les déserts - Col. "Que sais-je?" - Presses Universitaires de France.
INTERPRETAqAO DO LIVRO
EXERCÍCIOS E PRATICAS DE GEOMORFOLOGIA
Publicação dividida em três partes:
I . Convenções
11. Desenhos
111. Fotografias
I) As convenções abrangem assuntos de topografia,
geologia, geomorfologia, petrografia, botânica, geografia humana e econômica. Devem ser lidas sempre,
para que se empregue com melhor adequação quando
da elaboração de ilustrações.
11) Desenhos - figuras I - I1 - VI - VI1 - VI11 - XIV XVI (observar os desenhos)
Desenho a ) - Issstasia (significa equilíbrio)
O encaminhamento dos sedimentos se processa da esquerda
para a direita, conforme as setas no desenho, provocando acúmulo
a direita. O pêso exercido pelas diversas camadas sedimentares, ou
mesmo pelo gêlo, influi n a crosta terrestre (sial) que se aprofunda
motivando, também, pressão sobre o magna (sima). este tenta
escoar para os lados favorecendo agora uma pressão em sentido inverso, isto é, de baixo para cima, comprovado pelo levantamento
da costra neste local.
Desenho b ) - Pormenor do fenômeno da isostasia
Uma área deprimida, central, sofre a pressão de cima para
baixo. O m a p a , ao fugir do centro de maior força, soergue as
duas partes laterais - " fenômeno de compensação isostática".
Se, entretanto, desaparece a pressão central - dos sedimentos
carreados ou geleiras fundidas - o material que escapara para os
lados, tende a ocupar o seu antigo local. É um movimento de re-
I
~ s e ô ç oT E C T ~ N I C OD A C A L Á B R I A
ISOSTASIA
I
I
/ Linhos de
b
C
I++]Granito
Basolto
FIGURA I
fratura
torno lento, causado pelas correntes convectivas. Dá-se, a êsse fato,
o nome de "restabelecimento do equilíbrio isostático" isto é, o
magrna ocupa a sua antiga posição, o que é, aliás, muito relativo.
Níveis elevados encontram-se em várias partes do mundo provando efeitos isostáticos.
1. Entre Nova York (O metros) e Rio São Lourenço (150 m)
(comparação)
2 . Escócia - 30 metros
3. Terras de Fernando José - 330 metros
Desenho c ) - "Esbôço Tectônico da Calábria"
Alpes e Apeninos = comandam a topografia da Itália
Alpes - ao norte; Apeninos: norte (rochas friáveis);
Centro (calcários resistentes); sul (muito complexo, cujo
maior significado é n a Calábria e na Sicília).
1) Em torno de Potenxa está a Basilicata: dominada pelo embassamento cristalino e terrenos secundários muito metamorfisados. Rêlevo de colinas - Grande dobramento Falhas tangenciam o mar de Tarento - Grande erosão.
2) Cadeia Costeira do mar Tirreno - estreito "horst" dobramentos - movimentos tangenciais.
3) Calábria - movimentos tangenciais e verticais pliocênicos e falhas em várias direções: N - NE - S - SW grande diferença do restante dos Apeninos.
- Maciço de Sila - a leste - grande bloco, com restos
de uma paisagem antiga preservada.
- Serra de São Bruno e Aspromonte: embasamento cristalino soerguido e interrompido por falhas.
4) Sicília - norte (sinuosa) ; sul e centro: relêvo de colinas
suaves, como na Basilicata; nordeste e sudeste: planalto
sedimentar fraturado; oeste: relêvo calcário.
Os blocos falhados ligam-se, em suas orientações, ao Norte
Africano.
O relêvo do Sul da Itália explica-se, também, por ser integrante da grande área instável do Mediterrâneo em alguns trechos, associado ao norte africano.
FIGURA I1 - Desenho a) - metamorfismo de contato
Metamorfismo - grandes transformações sofridas pelo efeito
de rocha intrusiva.
Tipos de metamorfismo- variados - causado por calor, gases,
soluções emanadas da rocha intrusiva. Quando existe alta tempe-
Metornorfisrno de Gontoto Geg. Longwell-Knopf-Flint)
Uma r o c h a de i n t r u s ã o em parte desnudada-
6UIR LAMDAS
molhes de resist6hc;a
guirlondas ontigos
guiriondos de i l h o s o u
depressões submarinos
-
--
-
FIGURA I1
ratura nas grandes massas magmáticas, sem alterar a composição
química das rochas, diz-se que o metamorfismo é termal. Quando
êste existe, pela presença ou também contato do magma, o metamorfismo é de contato. . .
Em torno da rocha intrusiva existe uma faixa (representada
por pontilhado no desenho) chamada auréola de contacto.
Nas rochas graníticas a auréola é extensa podendo atingir
quilômetros de largura; nos sills e diques é bem menor: atinge
metros, a partir do contato.
Explicação :
1) Os granitos têm efeitos metamórficos maiores porque o seu
magma sendo ácido, é mais rico em gases e mais quimica-
mente ativo do que outros magmas. Os granitos formam
batolitos e dão forma em domo (como na figura).
- Rêde hidrográfica é radial, como se observa, dirigindo-se os rios, em várias direções.
Conclusões :
> a rocha intrusiva > grau de metamorfismo.
- Quanto > a temperatura inicial e
- Quanto
-
Quanto < a velocidade do resfriamento> grau de metamoriismo.
Desenho b ) - "Guirlandas" da Ásia
Arcos tectônicos convencionais sem nitidez absoluta que se sucedem de norte para sul da Ásia.
Dois núcleos de rochas antigas - Planalto Siberiano e na
fndia.
1)
Planalto Siberiano - norte do lago Baical - antigo cen-
tro de rochas cristalinas e cristalofilianas que não foi
muito abalado pelos movimentos tectônicos formadores
das "guirlandas". Modelado de colinas cobertas por rochas
sedimentares. Altitude: 200 até 1000 metros de altura, no
máximo.
2) Primeira "guirlanda" - ao sul do lago Bacia1 - êste arco
copia a posição do planalto siberiano - é um alinhamento
montanhoso, com grande área de terrenos paleózoicos: 200
a 3 000 metros no máximo: Montes Baical.
3)
4)
5)
6)
7)
Segunda "guirlanda" - as "guirlandas" separam-se por
bacias que funcionam como vias de passagem.
É: formada por terrenos secundários e terciários, em
quase toda a extensão; altitudes de 500 a 3 000 metros de
altura, no máximo: Montes Urais, Altai.
Terceira "guirlanda" - Sudeste do mar Cáspio até a
Mandchúria - terrenos paleozóicos - maciços tabulares,
com predominância de altitudes entre 1 000 a 3 000 metros
- grandes desertos - Limite sul dos glaciais.
Quarta "guirlanda" - linha interrompida no desenho toda a Asia Central e parte insular.
Dobramentos recentes - secundários e terciários.
Continentes: relêvo muito elevado descontínuo, separado
por bacias fluviais (hindugangética, por exemplo)
Altitudes são superiores a 3 000 metros de altitude, abaixando para 1000 metros, na Birmânia e 500 metros até
menos nas planícies.
Oceano - penínsulas longas, estreitas, como Borneo; prolongamento até a Coréia.
Quinta "guirlanda" - desenho pontilhado - desde a
Asia Menor, vertente meridional do Hirnalaia, baixando
de 1000 metros para O metros e inferior a O metros no
oceano - são alinhamentos vulcânicos, independentes das
fossas - é o "círculo de fogo do Pacífico", grande área
instável da Terra.
fndia - rochas do embasamento cristalino, com gnaisse
principalmente ao sul onde estão cobertos pelo paleozóico e muito perturbado pelos derrames de trapp-Leste = altitudes de O a 1000 metros, muito fraturado; Oeste =
Decã = mesetas de 500 a 3 000 metros de altitude.
Outrora a fndia era separada do restante da Asia e foi
ligada pelos sedimentos da planície hindu - gangética.
- As "guirlandas" foram alteradas por vários ciclos de
erosão; as geleiras espalhavam-se pelo centro e deixaram, após fases de glaciação e degêlo, vários alinhamentos de morainas, entre as elevações. São os "rios
de pedras" da Ásia.
As "guirlandas" suscederam-se, portanto, em épocas geológicas diferentes e têm altitudes, formas topográficas e
petrografia diversas umas das outras com grande complexidade, não correspondendo, assim, a nitidez que, porventura, pudesse transparecer o significado dêste termo
empregado por Suess em suas obras.
.
EVOLUÇÃO DO RELÊVO E M E S T R U T U R A S DOBRADAS
(d)
De,. M11t..
FIGURA VI
W
.
.d
.
b
p
L
FIGURA V I - Evolução do relêvo e m estruturas dobradas
Forças que provêm do interior da terra ao encontrarem rochas
plásticas dão na superfície um dobramento, isto é, o terreno se
dobra, como assinala a figura (a). As partes elevadas são as anticlinais onde estão algumas ravinas; as partes baixas são as sinclinais onde se acumulam os sedimentos carreados das vertentes.
Observar a estrutura dobrada dêsse relêvo. Na figura (b), observa-se que o ravionamento está mais acentuado, tendo erodido as camadas superiores do relêvo. O topo das anticlinais estão rebaixados.
Na figura (c) a modificação do relêvo é mais acentuada; há
maior desgaste das anticlinais que se aprofundam cada vez mais.
Notar que as sinclinais se mantêm e, aos poucos, tendem a apresentar maior altitude do que as anticlinais erodidas (observar na extremidade direita do desenho que as elevações e a camada cinza
foram demolidas). Finalmente, na figura (d) estão as provas de
uma inversão de relêvo = partes côncavas tornam-se convexas e
vice-versa.
A posição central de uma camada preservada da antiga sinclina1 pode ser considerada "suspensa".
4) FIGURA VI1 - Relêvo de falha
Quando as forças internas encontram terrenos resistentes êstes
se fraturam e deslisam, originando um relêvo da falha.
Na natureza em determinado local abalado por fraturas, dificilmente há uma só falha. O terreno geralmente se fratura em
várias direções, ocasionando vários tipos de falhas. Ao seu conjunto dá-se o nome de "rêde de falhas" ou "feixes de falhas" como
se percebe no bloco diagrama.
FL = contato entre a parte elevada e a que deslisou
FiF1' = falha normal, vertical = o bloco foi fraturado no
sentido vertical e o abaixamento acompanhou-o
F, = falha normal inclinada = linha de fratura é inclinada e o bloco desceu neste sentido.
D - bloco que afundou
S - bloco que se manteve na mesma posição
FS - falha com escarpa que ainda não foi erodida
F, - falha inversa - o bloco fraturado elevou-se sobre
outro bloco = acavalamento.
FLS - frente dessecada de bloco falhado acavalado
Fi - falha motivada por deslocamento horizontal (observar a posição do dique, testemunhando o movimento)
d - dique (importante fator de identificação das falhas)
3)
.A
Li,
LL
,
i
2 n w m
rn
LL
rn
L=
-1
LL
e
5)
FIGURA VI11 - Evolução do Relêvo Falhado
- As falhas dão relêvo de formas rígidas.
Desenho (a') - no alto, à esquerda = diversas falhas se apresentam mostrando vertentes íngremes, dominadas no alto por relêvo tabular, com cornijas nítidas. Pequenos córregos esboçam-se
nas encostas. Notar a correspondência das camadas entre os blocos
superiores e os inferiores: pilar e fossa.
Desenho ( b ) - em baixo, à esquerda = encostas em evolução
- cornijas em recuo, talvegues perdem altura pela sedimentação
crescente. Mesetas ao fundo reduzem-se, em extensão.
Desenho ( c ) - no alto, à direita = desaparecimento total do
relêvo tabular e cornijas; divisores de água rebaixados - rêde de
drenagem mais organizada; aparecimento de um relêvo de colinas.
Desenho ( d ) - em baixo, à direita E peneplanização consumada - drenagem difícil - talvegues e antigas encostas quase a
se confundirem - modificação total da paisagem.
6)
FIGURA XIV
- Morfologia Glaciári~
A morfòlogia glaciária corresponde as grandes latitudes ou
grandes altitudes.
Vale glacial e m U - ("en auge" ou em mangedoura) - A neve
ao cair se deposita, mas nem sempre se funde, dependendo das condições gerais da região. Se ela se deposita, sobrevindo novas quedas,
dar-se-á a acumulação crescente e uma geleira pode surgir. O gêlo,
assim, comprime as partes laterais do terreno e do fundo, êste auxiliado pela corrosão das morainas de fundo.
O fundo do vale permanece plano e as vertentes, verticais A profundidade dos vales em U depende da massa de gêlo que,
quanto maior, maior pressão exercerá e favorecerá conseqüente
aprofundamento.
Formação dos lagos glaciais - à direita, as geleiras se cortam
em "crevasses" (fissuras no gêlo) que predispõem os blocos ao deslocamento e fusão. A água escoa para as partes baixas depositando-se nas depressões formadas anteriormente. De outro modo,
alguns cordões de morainas também cercam, às vêzes, essas depressões, favorecendo a existência dos lagos glaciais.
Evolucão da Erosão numa ~alésia
FIGURA XVI
I
Geleira e m perfil - uma "crevasse" maior no alto, provoca
escoamento da água para baixo, motivando, no fundo, as panelas;
há escoamento no sentido horizontal também, resultando uma
"corrente subglacial" que se espalha na planície. O final da geleira
é marcado pela moraina terminal. Entre a corrente subglacial e
as morainas de fundo, observa-se o esker = depósito formado por
cascalho e areias aluviais, subglaciais.
asses sedimentos apresentam 5 a 200 km de comprimento com
10 a 100 metros de altura - quando sobrevém o degêlo, o esker
mantém-se apenas como um depósito, como se observa na figura.
7) FIGURA XVI
- Evolução da erosão numa falésia
Falésia - Forma de relêvo litorâneo dessimétrico, modelado
pela ação abrasiva das águas do mar.
Primeira figura - estratificaçáo nítida das rochas sedimentares. A frente da falésia está em contato direto com as águas do
mar. Observar de frente e em perfil.
Segunda figura - as vagas ao se quebrarem nos altos-fundos,
se atrasam em relação às outras que se sobrepõem, ocasionando um
choque ao bater na frente da elevação. Forma-se, na base da falésia,
uma canelura que em prosseguimento, amplia-se originando a
"gruta de ressaca" (observar o desenho em perfil). A parte superior
do relêvo cai por desequilíbrio, motivado também pelas águas de
infiltração das chuvas.
O material jacente ao sopé da falésia é retomado pelas vagas
que o transforma em seixos e areias. Uma plataforma, então, se
esboça, à frente da falésia, já mais distanciada do mar. asse plano
cobre-se do material desagregado - é a "plataforma de abrasão
marinha". A falésia perdendo distância ao mar alarga essa plataforma; no momento em que as vagas não mais a tocam ela é uma
'(falésia morta , como se vê na última figura.
J
J
As falésias apresentam algumas diferenças de forma, segundo
a ronstituição petrográfica, inclinação das camadas, etc.
111) Fotografias - Fig. VI11 n.0 2 - Fig. V n.0 3 - Figura IX n.0 1 - Fig. IX n.0 2 - Fig. XIV n.O 2 Fig. n.0 11 - Fig. VI n.0 1 - Fig. XII n.0 1 - Figura XV n.0 1 - Fig. XII n.0 2 - Fig. XVI n.0 4 -
Fig.12.
FIGURA VI11 - N." 2
Dissecação de blocos falhados - erosão antrópica
USINA DE FONTES - Estado do Rio de Janeiro.
- Escarpas com sulcos profundos, evidenciando dissecação
causada pela ocupação humana.
É um vale tectônico, com falhamentos, integrantes do relêvo
da "serra" do Mar que é orientada NE-SW; associa-se a um grande
eixo do relêvo semelhante ao tipo apalachiano.
Ao fundo, na topografia, relêvo ondulado de colinas.
FIGURA V
- N.'
3
Entalhamento da borda de um planalto
GUIRATINGA - Estado de Mato Grosso
A topografia caracteriza-se por grande horizontalidade evidenciada nos rebordos dos chapadóes. São arenitos, calcáreos, folhelhos e siltitos datados do permiano (série Aquidauana) .
A grande permeabilidade dos arenitos favorece o aprofundamento dos rios ao longo dos quais desenvolve-se a mata galeria.
No alto, domina o campo cerrado.
Diáclases favorecem existência de desníveis e, conseqüente,
corredeiras, como a evidente no primeiro plano da foto.
FIGURA IX - N.0 1
DepressGIo de Patos, no Estado da Paraiba
Relêvo evoluído em clima semi-árido, por processo de pediplanaqão. Contraste paisagístico - vertentes desnudas e grandes
planuras. O embasamento cristalino é fortemente condicionado
aos fortes raios solares. A desagregação mecânica se processa gra-dativamente, deslocando blocos encosta a baixo. É o recuo das ver
tentes. Os rios de regime torrencial conduzem êsses depósitos para
o sopé, modelando-os, ao polir as arestas.
Todo o material em conjunto, é denominado "raiías" (seixos
rolados, recém-desagregados, limonita, etc.) e é típico das regiões
de clima semi-árido ou árido.
Enke as partes elevadas e a depressão semi-árida existe uma
linha de ruptura, portanto, formando um ângulo, denominado
"knick".
- Toda essa formação é integrante da antiga extensão do
Planalto da Borbo rema, hoje, muito seccionado, pelos efeitos climáticos atuais e pelos paleoclimas de condições semi-áridas acentuadas ou mesmo hridas, alternadas, durante o fleistoceno.
FIGURA IX
-
N." 2
"Inselbergue na depressão de Patos - RaraibaJJ
A fotografia anterior mostra como se comportam as rochas
cristalinas diante do clima semi-árido, na vertente ocidental da
Borborema.
Observam-se nesta figura, os mesmos processos em fase mais
evoluída, deixando entrever uma relíquia da anitiga extensão um "inselbergue" (montanha-ilha).
Gsse relêvo-testemunho pode-se reduzir a um matação e se, a
esfoliação prosseguir tornar-se um lajedão, ao inível da planura
arenosa.
É o fim do inselbergue.
FIGURA X I V
- N.'
2
V a ~ v i t o sevidenciando glaciaçáo
MUNICÍPIO DE ITU
- Estado de Sã0 Paulo
Trata-se de pedreira de varvitos, rochas sedimentares de 0ri-
g m lacustre-glacial, donde se exwaem lajes Para ~ o n ~ t r u ~ ~ o .
eles se formam a frente das geleiras.
FIGURA 11
+
Estratificação rz'tmica dos varvitos
MUNICÍPIO DE ITU - Estado de São Paulo
Pormenor da pedreira de varvitos. Notam-se sucessões de camadas claras e escuras. As primeiras, são de granulação mais grosseira do que as outras e correspondem aos depósitos durante a fase
do degêlo, portanto, verão. Os estratos escuros têm granulação fina,
contendo argilas depositadas durante a fase da glaciaçáo, portanto,
inverno. Nota-se a alternância dessas camadas claras e escuras.
Indícios que comprovam (no local) a origem dêsses varvitos:
Ripple marks
Pistas que denunciam rastos de animais
Entratificações entrecruzadas = correntes de direções diferentes
4. Seixos = tipo moraina (observar na fotografia)
1.
2.
3.
FIGURA VI - N.0 1
Varvitos dobrudos
MUNICIPIO DE PORTO FELIZ - Estado de São Paulo
Notar as dobras nas camadas claras e escuras;
Notar também as falhas (esquerda, na fotografia, em diagonal) e fraturas. A tensão provocada pelo glaciar explica essas ocorrências. É, portanto, de origem adiasbrófica êsse dobramento e falhamento.
FIGURA XII
-
N.0 1
Meandro do rio Teles Pires
Limites entre os Estados do Pará e Mato Grosso
Os rios de planície caracterizam-se pela presença de meandros
que, em certos trechos, recebem o acumulo crescente dos sedimentos arenosos e argilosos formando verdadeiras praias fluviais como
se vê na fotografia - a floresta equatorial domina esta planície
que se perde na horizontalidade.
"Baías" e "Cordilheiras" n o Pantanal Matogrossense"
A fotografia apresenta um trecho de uma das maiores planícies de
nível de base do mundo que, no período das cheias, apresenta-se quase
totalmente inundada pelas águas do rio Paraguai e de seus afluentes.
Em alguns lugares, aparecem depressões cobertas de água - "as
baías" - e pequenas elevações - "as cordilheiras".
As primeiras são lagoas que, em certos casos, apresentam-se com
elevado teor salino, concentrados por evaporação. Estas "salinas" são
de origem quaternária atual .
Essa ocorrência tem suscitado discussões entre os geólogos. Alguns
apresentam hipótese de serem elas resultantes do recortamento de
meandros; outros admitem a origem eólea e outros ainda afirmam ser
~rovenientesda acomodação,
colmatagem das diversas aluviões, na
- . por
Ôcasião das cheias.
A origem marinha para as "salinas" é difícil ser aceita porquanto
nela ainda não foram encontrados fósseis que assegurem tal hipótese.
As "baías'' têm dimensões que variam entre metros quadrados e mais
de 12 quil6metros.
As "cordilheiras", como se vê na fotografia contornando a grande
"baía" do centro, ficam a salvaguarda das inundações, constituindo um
refúgio para o gado, nesse período.
FIGURA XII
- N.0
2
Desbarrancamento n a ilha do Careiro
MUNICÍPIO DE CAREIRO - Estado do Amazonas
A ação mecânica exercida pelas águas fluviais amazônicas, nas
cheias, predispõe os barrancos ao desmoronamento. Fenômenos
de infiltração e capilaridade associam-se a pressão das águas que,
solapando as margens, o deslizamento sobrevém de imediata. Essas
aluviões, causadas pelas "terras caídas" são retomadas pela correnteza que as acumulam em outros setores do curso fluvial.
FIGURA XVI - N." 4
+
Planície de restingas
(foto aérea)
MUNICÍPIO DE BARRA DE SAO JOÃO - Estado do Rio de
Janeiro
A fotografia caracteriza-se pela presença de restingas que a
domina totalmente. Sucessões de cordões acham-se intercalados
por trechos deprimidos. A esquerda, no alto da figura, divisa-se
uma restinga limitando o bordo de uma lagoa, havendo uma outra
a leste dêste último acidente. Ambas podem ser consideradas restingas fossilizadas que se prederam, outrora, as bases de falésias
assinaladas na foto por convenções desenhadas num quadrado.
Nota-se a linha que existe entre êsses símbolos, correspondente à
extensão dessas "falésias mortas". Suas origens associam-se à formação "barreiras" .(pliocenoou holoceno?)
A lagoa mencionada é o local de um dos "deltas fósseis" do
rio São João. Observar um canal de escoamento que toma a direção
de outra lagoa mais ao sul. A primeira lagoa mencionada é temporária, possuindo águas sòmente nas grandes chuvas porque é
muito arenosa.
O segundo "delta-fóssil" desta extensão encontra-se à direita,
n a fotografia tomando direção oblíqua.
Acha-se coberto por vários cordões de restingas, mais recentes.
que o próprio delta; a vegetação também o encobre; deve ser da
mesma época, ou, mesmo, mais antigo do que o precedente.
O restante da fotografia mostra, com maior clareza, as suces~ õ e das
s antigas linhas de praia cada vez mais recentes em direcão
ao mar, isto é, n a parte mais baixa da ilustração, onde termina pela
presença dos manguezais, testemunho das proximidades da linha
costeira.
Esta planície, assim formada, motivou o desvio da barra do
rio São João que se encontra hoje mais a leste.
FIGURA 12
Estratificação entrecruxada
RIACHÃO - Estado do Piauí
Observar as camadas do arenito Riachão (paleozoico),em sentidos diferentes: a inferior e a superior são oblíquas; a do centro é
horizontal. Seixos típicos de rio são visíveis a esquerda na fotografia, comprovando a origem deltaica dessa formação no interior do
Piauí. A própria reconstituição geológica regional auxilia a interpretação da figura. As transgressões marinhas iniciaram-se no devoniano, a partir da base cristalina da "Serra" Grande ou Ibiapaba,
procedendo assim a um entulhamento sedimentar até o eixo fluvial
do rio Parnaíba.
I3 um exemplo de sinclinal no Brasil, com terrenos cada vez
mais recentes de leste para oeste, colmatando e desviando as antigas embocaduras fluviais.
LAGOS, LAGOAS E LAGUNAS DO BRASIL
Prof. ANTONIO TEIXEIRA GUERRA
Introdução
Até o presente momento são poucos os estudos referentes aos
lagos de nosso país. Esta situaçáo está ligada ao fato das bacias
lacustres ocuparem uma extensão muito peq.uena, quando comparada à nossa hidrográfica e à extensão territorial do país.
Há certa problemática, quanto ao uso dos têrmos: lagos e lagunas. Quanto aos lagos, êstes são definidos como depressões dos
solos cheios de água.
A laguna é designação dada as depressões pouco profundas,
de água salgada ou salobras, localizadas n a zona costeira e separada do mar por cordões arenosos ou restingas, contando uma ou
mais aberturas que permitem a livre circulação das águas marinhas.
As lagoas são depressões de formas variadas e cheias de água
doce ou salgada, geralmente n a zona costeira.
Vejamos a seguir alguns dados comparativos entre a extensão
de nossos lagos, lagoas e lagunas e os de outros países:
OS GRANDES LAGOS
1.
I
...........
País
Área Km2
- Irã.. . . . . . . . . . . . . . . . .
440.000
Canadá.. . . . . . . . . . . . . . .
82.500
3 - Vitória.. . . . . . . . . . . . . . . . . Tanganica .- Uganda - África
- Quênia.. . . . . . . . . . . . . . . . . .
67.000
I - Mar CBspio..
-
2 - Superior.. . . . . . . . . . . . . . . .
Rússia
E.U.
-
4
- Aral.. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Rússia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66.000
5
- Huron.. . . . . . . . . . . . . . . . . .
E. U. Canadá.. . . . . . . . . . . . . . . . .
59.525
6 - Michigan.. . . . . . . . . . . . . . . E. Uilidos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7 - Baical.. . . . . . . . . . . . . . . . . . Itússia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58.000
-
33.000
Os dados referentes as áreas lacustres de nosso país são ainda
muito escassos. Mas, a titulo de informação vamos dar alguns:
ÁREA DAS LAGOAS BRASILEIRAS
Rio Grande do Sul:
Guanabara :
Lagoa
"
"
"
Camorim
Marapendi
R. Freitas
Rio de Janeiro:
dos Patos Mirim
Mangueira Itapena
-
11 Km 2
- 3 Km 2
3 Km2
-
Feia
Araruama
Saquarema
Alagoas: Jequiá
Poxim
Manguaba ou do Sul
Mundaú ou do Norte
2.
9.850 Km2
2.847 "
815 "
120 "
-
328 Km 2
207 Km Z
36 Km Z
-
20 Km2
10 Km2
57 Km 2
30 Km Z
117 Km2
Origem dos Lagos
Ao longo do litoral brasileiro aparecem várias lagoas e lagunas
de barragem. Estas são de diversos tipos. A variação do nível dos
mares é de grande importância n a explicação de vários lagos das
terras firmes da Amazônia, ou ainda das áreas dos tabuleiros
terciários de Alagoas e do Espírito Santo. A decomposição química
também constitui outro elemento de real importância para explicar o aparecimento de vários lagos da zona calcária do estado
de Minas Gerais. Finalmente, há lagos conseqüentes das forças
endógenas (tectônica antiga e recente) - exemplo: os antigos
lagos da fossa tectônica do Paraíba, os lagos do baixo planalto na
área do baixo rio Negro e do Pantanal Matogrossense.
Vamos procurar particularizar êste assunto fazendo um rápido
estudo de algumas áreas lacustres integrantes da paisagem brasileir a.
2.1
Lagos da Amaxônia - lagos de várxea e lagos de terra
firme
2.1.1 Lagos de várxea
Ocupam depressões da planície aluvial, isto é, áreas ainda não
colmatadas inteiramente pelo material das enchentes, no processo
normal da construção das várzeas amazônicas. Frequentemente
êles correspondem a meandros abandonados ou a porções de longos
trechos de paranás e mesmo de antigos leitos do Amazonas e seus
afluentes abandonados na planície de inundação.
Os lagos de várzea, em sua maioria, são depressões rasas situadas nas planícies marginais ao leito do rio, que se enchem de
águas de inundação. Os lagos de várzea se localizam também na
parte central das ilhas aluviais, como o lago dos Reis, na ilha do
Careiro, situada n a foz do rio Negro. Outro exemplo é do lago Piracacira na Ilha Grande do Tapara.
Deve-se ainda destacar os lagos de várxea que se localizam
entre a faixa da várzea do rio principal e a base da escarpa do
baixo planalto terciário, como o enorme lago Grande do Curai (ou
de Vila Franca), na várzea do Baixo-Amazonas, entre a foz do
Tapajós e a divisa para o Amazonas.
2.1.2
Lagos de terra firme
São massas d'água que se encontram dentro de grandes trincheiras com dezenas de quilômetros de largura, cavadas pela erosão no planalto terciário. Os lagos de terra firme são massas d'água
represadas pelas restingas de aluviões - ex. lago Tefé, Coari e
Mamiá. Êstes lagos são embocaduras afuniladas que podem ser
desdobrados em duas ou mais bocas.
O escavamento da maioria dêsses lagos de terra firme se encontra relacionado a outro nível de base geral. Isto significa que
o escavamento dos mesmos deu-se por ocasião de uma regressão
marinha, seguida de transgressão cujo nível das águas foi inferior,
em valor, ao do recuo. Conseqüentemente, houve um afogamento
na drenagem dos rios da Amazônia (1).
2.1.3
Lagos tectônicos no trecho compreendido entre
o baixo Rio Negro e o rio Amaxonas.
A observação da padronagem da rêde hidrográfica e de algumas bacias lacustres, levou o Prof. Hilgard O'Reilly Sternberg a
identificar vários lagos nas proximidades de Manaus como oriun1 Antônio Teixeira Guerra - "Vales submersos na Amazonia"
"Tipos e Aspectos do Brasil" - 8." edicáo.
- p8gs.
41-43
-
In
261
dos de movimentação tectônica. Muitos lagos de terra firme formam ângulos quase retos ou "joelhos de fratura", ocupando linhas
de falhas ou vales tectônicos posteriormente alongados e aprofundados pela erosão e finalmente invadidos e afogados pela água do
Amazonas. Cita-se os seguintes exemplos: Lago Grande de Manacapuru, Anamã, Badajós, Piorini, Miná.
Em síntese, pode-se dizer que houve o aprofundamento dos
vales do Amazonas e afluentes, causado por um movimento positivo
da região; a êsse movimento seguiu-se um, em sentido inverso,
porém, de menor amplitude ocasionando o abaixamento do nível
de base e a invasão dos vales inferiores pelas águas.
Quanto aos chamados lagos de erosão são mais comuns e numerosos no caso dos lagos com a forma de crescente. Êstes resultam de meandros abandonados. Outro tipo de lagos de erosão
são os resultantes da acumulação de águas em depressões do terremo por ocasião do transbordamento do rio.
3.
Lagos de barragem d a " REGIÃO DOS LAGOS DO AMAPA"
A região dos Lagos do Amapá está compreendida entre os rios
Amapá e Araguaia. Esta região é muito baixa, estando os pontos
mais altos quase ao nível do mar. Pequenas lombadas, isto é, os
"tesos" ou "firmes", e os "altos dos baixios", isto é, os lagos e
suas margens, constituem os traços físicos dominantes destas áreas.
Bsses lagos constituem depressões ainda não entulhadas, situadas na planície flúvio-marinha, formada pelos sedimentos carreados pelos tributários diretos do Atlântico - rios: Araguari, Amapá
e Flechal, Urassá e pela formidável massa de argila, lançada pelo
rio Amazonas no Oceano e desviada para o Norte, pela corrente
Norte-Equatorial. Como exemplo pode-se citar: Lago Novo, Duas
Bocas, Comprido, Mutuca, Piratuba, Cujubim. Êstes lagos são devidos às flechas sucessivas de lama que barraram vários lagos neste
trecho.
4.
Os lagos d a Amaxônia e a pesca
Os lagos são excelentes pesqueiros, principalmente na época
da vazante, pois grande parte dos peixes, refugiados nos lagos de
várzea durante as cheias, não conseguem voltar ao rios de onde
vieram. A fauna ictiológica como: tucumaré e pirarucu tem acentuado valor econômico. O lago Arari, na ilha de Marajó (tem
4 a 6 km de largura e 18 km N-S 100 km2) - é famoso pela sua
piscosidade e pela atividade pesqueira. Na margem sudoeste do
lago localiza-se a cidade de Genipapo cuja vida econômica gira em
torno da pesca.
5.
Litoral de lagoas do Estado de Alagoas (Da Ponta Verde até
o Ponta1 do Coruripe)
As lagoas do litoral alagoano são autênticos rios invadidos
pelo mar. Três tipos de lagoas existe neste trecho da costa brasileira.
5.1
Lagoas oriundas de estuários de rios maiores
Fechados por restingas e cordões litorâneos, como a lagoa do
Norte ou Mundaú, Lagoa Manguaba ou do Sul e Roteio.
A lagoa do Mundaú ou do Norte é a mais importante do Estado
e foi outrora a foz do rio Mundaú. A barragem foi feita pela restinga de Maceió.
A lagoa Manguaba ou do Sul - foi O estuário do Rio Paraíba-do-Meio sendo a maior lagoa do Estado.
Estas duas lagoas são ricas em peixes e alguns crustáceos (sururu). Elas servem de via de comunicação por meio de lanchas e
canoas.
Lagoa do Roteio ( 8 Km" é formada por um cordão de recifes
de arenitos que fecha quase totalmente a embocadura do rio São
Miguel. Esta lagoa é rica em camarão.
Lagoas formadas por rios tapados por terraços marinhos
Chegando suas águas ao mar através de um canal como o Niquin, de Jequiá e Poxim.
A lagoa do Jequiá é a terceira do Estado em área. Parece um
tronco de árvore com poucos galhos formados pela rêde hidrográfica. A barragem foi feita por um terraço flúvio-marinho, e liga-se
ao mar por um rio-canal que se organiza na extremidade sul da
lagoa.
5.2
5 . 3 Lagoas oriundas de estreitos e profundos vales de riachos
de pequeno curso
Originários dos tabuleiros e tapados pela praia, no trecho das
falésias do Jequiá, Doce, Pacas, Comprida, Mangues, Taboada,
Azêda e Jacarecica.
Êstes tipos de lagoas são explicadas, em parte, pelo fato do
mar ser um agente mais poderoso, fechando assim a boca do rio.
As águas são compelidas então a procurar uma saída atrás desses
depósitos. São verdadeiras lagunas invadidas pelo mar. As línguas
de restingas, os recifes, os terraços de acumula@io flúvio-marinhos
e a construção de praias, serviram de elementos para a formação
dessas lagoas costeiras.
Ao examinar-se um mapa, nota-se a distribuição dos lagos nas
costas de Alagoas, com o eixo longitudinal perpendicular à linha
da costa. Todos êsses lagos separados do mar por tabuleiros baixos
de areia solta que geralmente é acumulada em compridas e estreitas línguas.
É comum, na paisagem costeira de Alagoas, o aparecimento
de rios de foz barrada por cordões arenosos transformado em lagoas
perpendiculares a linha do litoral. Para a formação dêsses cordões
litorâneos muito contribuem os ventos alíseos.
5.4
Lagoas das margens do São Francisco
São resultantes dos processos erosivos do rio, e, também de
seus depósitcs nos terraços marginais, sempre aprisionando, depois
de invadir, o trecho da confluência de seus tributários.
São típicos lagos de várzea. De penedo para jusante os lagos
são resultantes dos afogamentos das marés na extensão arenosa
e cheias de alagados entre as antigas linhas paralelas de praia.
5.5
Lagoas das terras interiores
Resultam de acumulações de águas durante a estação chuvosa
em pequenas depressões, ou de formações de cabeceiras de alguns
rios menores.
6.
Lagos formados por barragem eólea
-
Estado da Bahia
As grandes dunas do litoral, especialmente no nordeste e no
leste, causam, frequentemente, a obstrução dos pequenos cursos
d'água que buscam alcançar o mar, dando origem a várias lagoas.
Neste tipo inclui-se a lagoa de Abaeté, próximo a Itapoã, na Bahia,
7.
Lagoas do litoral do Espírito Santo
As lagoas da planície costeira do norte do Espírito Santo podem ser filiadas a dois tipos principais:
7 . 1 Lagoas alimentadas também pela rêde potâmica e lençóis subterrâneos.
7 . 2 Estas últimas têm vida mais longa, as vêzes, estão sendo
intensamente colmatadas pelos aluviões dos rios ou pelo formidável
desenvolvimento do placton vegetal. A êste segundo grupo pertencem as lagoas " e m rosário" ligadas entre si e alinhadas por
dezenas de quilômetros, indo ter a um rio grande, ou a uma lagoa
ligada diretamente ao oceano. Como exemplos estão: Lagoa do
Cupido, Pau Atravessado, Suçuarana, e Durão. Estas lagoas são do
tipo de barragem e formadas por línguas de restingas (2).
7.3
Lagos do litoral do Espírito Santo, no baixo Rio Doce
Distinguir-se-ão os lagos da zona de restingas - planície periòdicaniente inundada, dos lagos da zona dos tabuleiros.
As margens do Rio Doce, a juzante de linhares, são baixas e
inundadas periòdicamente. Na paisagem, fazendo-se um perfil entre
a pequena escarpa sedimentar dos tabuleiros c a linha do litoral,
vê-se urna sucessão de cordões de areia que se estendem, as vêzes,
por vários quilômetros. Entre as línguas das restingas encontram-se regiíjes inundadas e extensas lagoas.
A formação dessas lagoas de barragem prende-se a gênese os
cordões arenosos de idade helosênica. As partes mais deprimidas
do solo ficam cheias de água durante a estação chuvosa e principalmente por ocasião das enchentes. O enbulhamento dessas depressões do solo converte em pouco tempo as lagoas em extensos
pântanos, graças a deposição de sedimentos argilosos e acumulação da matéria orgânica trazida pelos rios. Dêsse modo, podem
se distinguir neste trecho da costa dois tipos de lagoas:
1 -- Formadas por acumulação de água das chuvas; 2 - alimentadas pelos rios e lençóis subterrâneos.
As lagoas existentes nos tabuleiros - são devidas a dissecação
que produziu uma série de vales que separam elevações alongadas.
A forma das lagoas nos tabuleiros é bastante singular, correspondem ao curso de um rio, por vêzes importantes, mas, em geral, relativamente pequeno. Elas são, quase sempre, alongadas, cheias
de braços os quais se relacionam com os afluentes. Estas lagoas
são testemunhos de uma fase de afogamento da costa, após um
trabalho de erosão fluvial que se fêz muito abaixo do nível atual.
Em virtude dos rios que vêm ter as mesmas não transportarem
muitos aluviões, elas não foram colmatadas, restando esta estranha
paisagem lacustre. Ex. : Lagoa de Juparanã, Juparanã,Mirim, Palmas, Pulminhas.
8.
Laiyoa do Estado do Rio de Janeiro e Guanabara
8.1
Lagoa da Baixada Campista
Lagoa Feia - antiga baía, hoje tranformada em lagoa com a
criação do delta do Paraíba. A lagoa Feia é um amplo reservatório,
(2)
Sylvio Froes Abreu, "Feiç6es morfológicas e demográficas do litoral do Espírlto
Santo" - Revista Brasileira de Geografia - A. V., n . O 2 - págs. 215-234.
regulador das águas da planície. O nível da lagoa é controlado pelo
canal da Flexa e com a desobstrução dos vertedouros naturais.(3)
8 . 2 As lagoas de Araruama, Saquarema e Maricá
A faixa sedimentar que separa a laguna do mar revela a existência de duas direções de restingas. Uma, cuja sedimentação é
de oeste para leste e outra sudeste para noroeste nos esporões.
Dêsse modo, vê-se na faixa entre a laguna de Araruama e o mar
restingas cortadas por dunas formadas pelos ventos de nordeste. O
canal de Itajuru liga a lagoa de Araruama ao mar.
Saquarema - a gênese deve-se aos mesmos fenômenos que
originaram a de Araruama. Uma língua de areia vinda da Ponta
Negra progrediu até o rochedo de Nazaré fechando as antigas enseadas, formando as lagoas de Uruçanga, Jardim, Boqueirão e de
Fora, ligadas primitivamente entre si numa só laguna. O canal de
escoamento está sempre barrado pelas marés.
Maricá - Cêrca de 20 quilômetros de restingas - barra a an-
tiga enseada.
Evolução dos lagos do litoral Fluminense - todas essas lagunas tendem a desaparecer, aterradas com descargas dos rios que
recebem. Aos poucos irão passando a pantanais, e, posteriormente
a grandes campinas onde as águas reduzidas concentrar-se-ão em
pequenas lagoas e charcos esparsos.
Os Esporões - existentes na lagoa de Araruama tenderão ao
fracionamento da grande lagoa, a semelhança de Saquarema e
Maricá.
Os esporões são formados pelas correntes secundárias existentes no interior da lagoa.
Na planície das restingas que barraram ao sul as antigas enseadas, deve-se destacar o mecanismo das correntes marinhas, inclusive as correntes secundárias internas das lagoas. Na paisagem
morfológica outro elemento a ser destacado é o das dunas, cujos
corredores podem ser confundidos com verdadeiras restingas.
8.3
Lagoas de barragem da Guanabara
Ao sul do maciço da Tijuca e da Pedra Branca existiram várias
enseadas que foram colmatadas em parte. Nesse processo evolutivo
AL.BERTO RIBEIRO LAMEGO - "Geologia das quadriculas de Campos, Sáo Tome,
(8)
Lagoa Feia e Xexé" Boletim n.0 154, Divisão de Geologia e Mineralogia.
de formação das lagoas deve-se salientar a justaposição de restingas sucessivas, da,ndo aparecimento a lagoa Rodrigo de Freitas,
dacarepaguá e Cainorim.
9.
Lagos tectônicos colmatados ( S . Paulo)
A bacia de Taubaté no vale do médio Paraíba do Sul foi no
terciário um extenso lago onde se depositaram vários tipos de
rochas. Destaque deve ser feito aos foihelhos oleíteros de Tremembé.
Hoje, tem-se naquela área, outrora ocupada por um lago de
origem tectônica, .uma extensa planície - bacia terciária de Taubaté.
Em direcão a juzante, surge outro lago colmatado que constitui hoje a bacia terciária de Rezende.
10.
As lagoas de Minas Gerais
Há um bom número de pequenas lagoas na área calcária do
vale do São Francisco.
Estas lagoas tiveram nos locais de colinas, onde houve a lenta
dissolução dos calcários e a migracão parcial ãas substâncias dissolvidas, arrastadas pelas águas e em parte redepositadas em
outras baixadas - são lagos de erosão.
Como exemplo cita-se Lagoa Santa. Há duas lagoas uma de
curta extensão - a lagoa do Sumidouro e outra a Lagoa Santa
pròpriamente, situada no centro da cidade. Outras lagoas do município de Lagoa Santa: Lagoa Olho D'água e Poço Azul.
11.
Sistema lagunar da píanicie costeira do Rio Grande do Sul
Há vários tipos de lagoas, cuja explicação se liga a formacão
da costa quaternária.
11 .1 As grandes lagunas
Patos, Mirim e Mangueira -- costa baixa do tipo lagunar,
desde o cabo de Santa Marta para o Sul. A lagoa dos Patos está
ligada à lagoa Mirim pelo cana! de São Gonçalo. A lagoa dos Patos
com 9 850 KmWe superfície aproximadamente possui ao norte um
vasto estuário (Guaíba), onde vêm reunir-se as águas dos rios
Jacuí e Cai. A lagoa dos Patos liga-se ao oceano pelo canal do
Norte.
A lagoa dos Patos com o estuáxio do Guaába, e talvez a Lagoa
Mirim, formavam baía,s que foram barradas no quaternário re-
cente por cordões arenosos. A lagoa Mirim verte para a dos Patos
pelo canal de São Gonçalo.
Estas águas das lagunas são coletoras dos principais rios da
vertente atlântica: Jaguarão, Piratini, Camaquá, o Guaíba e
outros menores.
11.2
Os lagos do litoral norte
Relacionam-se as rochas mais antigas (arenito Botucatu) .
Ex.: Lagoa dos Barros, Itapeva e Quadros.
Genèticamente, êles estão ligados a sedimentos mais antigos
(arenito Botucatu) e foram modificados pela ação do vento. A
Lagoa do Barros tem sòmente a profundidade de 10 metros sendo
semelhante a uma grande panela.
Estas lagoas têm rochas mais antigas a oeste e nelas desembocam alguns rios.
11 . 3
Lagos cordiformes
Lagoa Pinguela, Palmital e Malva - êstes tipos de lagos estão
situados próximo a linha da costa. Foram descritos pela primeira
vez por Patrick Delansey em 1960. fistes lagos estão alinhados de
tal forma que apresentam a ponta do coração voltado para o sul.
Acredita-se que tenham sido formados em áreas de drenagem
incerta. Os ventos sopram com mais constância de NE.
11.4
Lagos e m rosário
Situam-se na retaguarda do campo de dunas. São alimentados
por chuvas e água doce. Os lagos dêsse tipo aparecem no trecho
entre Cidreira e Rio Grande no campo de dunas. Como exemplo
citamos: lago dos Peixes e Rincão dos Veados.
Origem e evoluçáo das lagoas da costa do Rio Grande do Sul
As lagoas do litoral gaúcho estão submetidas a seguinte evolução: em primeiro lugar, as vagas que incidem obliquamente sobre
a costa onde constróem restingas, que isolam do mar uma laguna
paralela a costa, de forma alongada. Um exemplo dêste estágio
juvenil é a lagoa de Mangueira.
A tendência normal das forças exógenas nesta costa é para o
entulhamento das lagoas e lagunas tranformando-se em banhados
e posteriormente em planície. A ação eólea do pampeiro e do car-
pinteiro da praia, tem dupla ação n a colmatagem das lagunas.
Estas, funcionam normalmente como bacias de decantação, principalmente para o material carreado pelas águas continentais.
12.
Lagoas do Pantanal de Mato Grosso
Na grande planície sedimentar do sudoeste do Estado de Mato
Grosso vê-se várias formas de lagoas. De acordo com o Prof. Hilgard
O'Reilly Sternberg diversos aspectos desta planície decorrem da
evolução meândrica do Rio Paraguai. É o caso das depressões circulares ou elíticas separadas por tratos de terrenos mais elevados
as "cordilheiras". As lagoas ou lagos em forma decrescente ou
ferradura são resultantes de sacados.
Outros dão a origem das baías como sendo devida a evolução
por acomodação do material aluvial carregado nas cheias. Outros
acrescem a influência da deflação.
Hilgard O'Reilly Sternberg põe em destaque, em certos casos,
a padronagem ortogoral nas direçóes NE-SW e NW-SE, n a região
da Corixa Grande, Lagoa Uberaba - sugerem a possibilidade de
que os grandes blocos abaixados e limitados por falhas. Estas continuaram atividades mesmo no holoceno, atingindo a superfície
recém depositada do entulhamento panteneiro.
Deve-se ainda salientar o fato de algumas das lagoas do Pantanal possuírem água salobras. E, não raro h á n a borda das
mesmas certa concentração de sal, que por ocasião das sêcas, servem de lambedouro para o gado. Do ponto de vista científico ainda
não foi bem explicada a origem da salinidade de certas lagoas.
A rêde de drenagem na planície apresenta numerosos casos
de anastomose, existindo um sem número de baías e "corixos" de
escoamento intermitente.
A importância política das logas de Mandioré, Guaíba-Mirim
e Uberaba.
CONCLUSÕES
1.
Grande predomínio dos lagos, lagoas e lagunas de barragem. A explicação do fato pode ser dada:
1.1 Erosão fluvial realizada em função de um outro nível
de base mais baixo que o atual.
Transgressão
marinha afogando as antigas embo1.2
caduras
1 . 3 Depósitos de sedimentos barrando a antiga foz de
rios
2.
Lagos, lagoas e lagunas de barragem produzidos pelo
crescimento, ou melhor justaposição de cordões arenosos,
e argilo-arenosos fechando antigos golfos, baías, angras e
enseadas.
3.
Lagos de erosão - recostarnento de meandros, decomposição quirnica e deflação.
4.
Lagos produzidos pela ação das forças tectônicas. Êstes
são os que ocupam pequena área.
5.
Destaque, no campo econômico, deve ser dado às conchas
lacustres, por causa da pesca e da extraçáo de sal.
PROVAS
Metodologia
Cartografia
Geografia Física
Geografia Econômica
Trabalhos Práticos
Geografia Humana e Política
METODOLOGIA
Nome
.......................................... Grau . . . . . . .
1. a Questão - Em relação ao ensino da Geografia a Diretoria do
Ensino Secundário, sugeriu ao Conselho Federal de
Educação:
a) que n a 1 .a série sejam desenvolvidos . . . . . . . . . .
2 . a Questão
.........
b)
que a segunda série seja dedicada ao
c)
que n a 3 .a série seja estudada . . . . . . . . . . . . . .
-O
estudo do equador, dos meridianos e do paralelos deve ser realizado demonstrando-se sua utilização.
3 .a Questão - Qual o processo mnemônico para as fórmulas dos
três tipos de problemas sobre escalas?
4.a Questão - Quanto menor o denominador de uma escala,
maior será a escala. Exemplifique, didaticamente,
para o aluno essa afirmação.
5.a Questão - Coloque nos locais devidos as seguintes proposições: extensão territorial dos Estados; o espaço e
sua importância; conformação territorial dos estados; posição geográfica; nível cultural material,
maior ou menor força de expansão do Estado.
Objetivos da Geografia Política
Objetivos da Geopolítica
1.
1.
2.
2.
6." Questão - Num mapa físico, como por exemplo o do Brasil
na escala de 1:5 000 000, explique como se ensina a
reconhecer as zonas de relêvo e de profundidades.
7." Questão - Levando em consideração o livro "Leituras Geo-
gráficas", a aula sobre clima desértico poderá ser
ministrada partindo-se do texto intitulado ......
8.a Questão - Como usar o livro "Leituras Geográficas" numa
verificação da aprendizagem?
9.a
Questão - Construir uma escala gráfica e 'explicar como ensinar a um aluno a medir a extensão de um rio
através desta escala.
10.a Questão - Complete a seguinte frase: O Brasil possui
vários tipos de climas que possibilitam vários tipos
de paisagens ............................... e de
prõdutos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CARTOGRAFIA
Nome
.......................................... Grau . . . . . . .
1 . a Questão - Qual a distância gráfica entre duas cidades localizadas a 20 (vinte) quilômetros uma da outra
num mapa de 1: 5 000 000?
2 .a Questão - Qual a extensão do raio médio da Terra?
.
3." Questão
- Que é escala de um mapa?
4." Questão
- Grifar a palavra que completa a seguinte frase:
A projeção de Mecator é do tipo
cônica - azimutal - cilíndrica - policônica
5.a Questão - Qual a escala, de um mapa do Brasil: cuja distância gráfica do eixo E-W (4 328 Km), corresponde
a 1,08 m, ou seja 108 centímetros?
6 .a Questão - Dar exemplo de uma escala explícita.
7." Questão. - Que aparelho simples é utilizado para leitura das
fotografias aéreas?
8.a Questão - É possível achar-se a escala de um mapa utili-
zando-se apenas o canevá? Justifique.
9.a Questão - Na escala de 1:52 000, a quantos metros corresponde a distância gráfica A-B, de 2 cm (duas sedes
de fazenda) ?
10 .a Questão - Na projeção cônica, como se dispõem os meridia-
nos? Faça um breve esquema.
GEOGRAFIA FÍSICA
Nome
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Grau . . . . . . .
1. a Questão :
Como se formam os lagos de terra firme da Amazônia?
2 .a Questão:
Caracterize de modo sintético o relêvo do oeste da Amazônia.
3.a Questão:
Por que a expressão "Europa é uma península da Ásia"?
Justifique.
4. a Questão :
Qual a idade dos terrenos onde se encontram os filões auríferos no Brasil?
5. a Questão :
Como se caracteriza geogràficamente a Oceânia?
........................................................
6 . a Questão:
Faça o esquema de uma falha.
7. a Questão:
Que se entende por restinga?
8. a Questão:
Qual a característica dos elementos climáticos do Brasil na
faixa do Equador?
8.1 - Quanto à temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.................................................
8.2 - Quanto à umidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8 . 3 - Quanto à pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8.4
- Quanto ao regime de chuvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9 . a Questão :
Que significa isostasia?
10.a
Questão:
Que é varvito? Qual o tipo de clima que o forma?
GEOGRAFIA ECONOMICA
Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Grau . . . . . .
1 .a Questão - Definir "Plantation".
2 . a Questão - Que significa as expressões
a)
Milpa
............................................
b)
Ladang
3 .a Questão - Qual a usina hidrelétrica de maior potência ins-
talada? Em que rio se localiza?
Usina . . . . . . . . . . . . . . . . . . ; Rio
..................
4." Questão - Os saltos do Urubupungá, serão aproveitados
através das usinas hidrelétricas de ...............
........... e de ...............................
5.a Questão - Por que o fato industrial localizou-se inicialmen-
te na Europa Centro-Ocidental?
, e- -
................................................
6 . a Questão - Compare as regiões industriais colonais com as
da Europa Temperada
7 .a Questão - Qual a participação da energia elétrica na evolu-
ção dos complexos industriais do Sudeste do Brasil?
8 . a Questão - Cite algumas diferenças entre o complexo indus-
trial de São Paulo e o complexo industrial do Rio
de Janeiro.
9 .a Questão - Complete:
Rochas Magmáticas e Minérios Associados
Tipo de Rocha
Minério Associado
Granito e pegmatito
-
Gabro - Norito
-
Rochas alcalinas
-
Carbonatitos
-
Exemplo
TRABALHOS PRATICOS
Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Grau . . . . . . .
1." Questão - Do exame dos dados estatísticos dos Recursos
Minerais do Nordeste, tire duas conclusões que
julgar importante:
2 . " Questão - Identificar os seguiintes elementos geográficos
na Fôlha Cabo Frio - 1: 50 000.
1.1 Equidistância das curvas de nível
1.2
..........
Convenção de salinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3 Qual a cor das isobatas
....................
1.4 Qual a convenção que aparece em grande área
do setor Nordeste? .........................
3 . a Questão - Sobre que elementos se configura o relêvo para a
confecção de um estereorama?
4.a Questão - Qual a importância do estereorama no ensino da
Geografia?
Questão para a Prova de TRABALHOS PRATICOS, parte do
Prof. Ângelo Dias Maciel.
REPRESENTE gràficamente os valores concernentes a RENDA
NACIONAL e a RENDA PESSOAL constante da tabela "CONTAS
NACIONAIS E INSUMO - PRODUTO - I Produto Nacional,
Renda Nacional e Renda Pessoal - 1949/'60", publicada no Anuário Estatístico do Brasil - 1965, à página 308, obedecendo aos que
se pede:
- Título do gráfico; escalas horizontal e vertical; unidade;
fonte.
- Represente linearmente (em curvas) e em duas convenções diferentes.
GEOGRAFIA HUMANA E POLÍTICA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Grau . . . . . . .
1." Questão - Por que existem fronteiras?
................................................
2.a Questão - Qual a classificação de fronteiras de Hartshone?
Nome
em que está baseada? Justifique.
3 . a Questão
- Explique a participação do relêvo e da hidrografia
n a demarcação das fronteiras e dos limites do Sul
do Brasil
4."
Questão - Por que é importante para o Brasil sua fronteira
marítima?
5. a Questão - Qual o sítio, a posição e função de Volta Redonda?
6 ." Questão - A maior parte da população brasileira concetra-
-se na região denominada:
Região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7 . " Questão - Qual a diferença entre limite e fronteira?
8. a Questão - Considerando a sua cidade de origem (mencioná-
-la), dê o sítio e a posição da mesma.
9 .a Questão - Complete a frase: Num rio LINDEIRO é o
......
.................... do rio que separa dois países.
10.a Questão - Complete a seguinte frase: A Zona Fronteira do
Brasil, correspondente a uma faixa de . . . . . . . . . . . .
km, a partir do limite.
REGULAMENTO
Documento n.0 1
RESOLUCJÃO N.0 696, DE 22 DE NOVEMBRO DE 1966.
Fixa o número e o valor das bôlsas de estudo
do Curso de Férias de 1967.
O DIRETÓRIO CENTRAL do Conselho Nacional de Geografia,
no uso de suas atribuições,
considerando que a Resolução n.0 618, de 29 de dezembro de
1961, do Diretório Central, instituiu, em caráter permanente, o
Curso de Férias, destinado aos prafessôres de Geografia do Ensino
Secundário, a realizar-se no período das férias escolares de janeiro-fevereiro;
considerando o artigo 2.0 da referida Resolução,
RESOLVE:
Art. 1.0 - O Curso de Férias, destinado aos Professôres de
Geografia do Ensino Médio, será realizado durante o mês de janeiro de 1967.
Art. 2.0 - Serão concedidas 30 (trinta) bolsas de estudo na
importância de Cr$ 300 000 (trezentos mil cruzeiros) cada uma
aos candidatos selecionados pela Secretaria-Geral, dentre os indicados pelos Diretórios Regionais.
Art. 3.0 - Aos Professôres será concedida uma gratificação
pro labore de Cr$ 20 000 (vinte mil cruzeiros).
Parágrafo único - Para efeito de remuneração serão consideradas como aulas práticas os Seminários e as projeções de filmes
e diapositivos.
Art. 4.0 - Aos funcionários que prestarem colaboração n a
parte administrativa do Curso será paga uma gratificação especial
a critério da Secretaria-Geral.
Art. 5.0 - A presente resolução entrará em vigor n a data de
sua aprovação, revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1966, Ano XXXI do
Instituto.
Conferido e numerado: as.) Renée Nogueira da Matta, Chefe
do Gabinete do Secretário-Geral; visto e rubricado: as.) Eng. René
de Mattos, Secretário-Geral; publique-se: as.) Gen. Aguinaldo José
Senna Campos, Presidente.
Documento
írt.0
2
PARTICIPANTES DO CURSO
A)
Diretor
Professor ANTONIO TEIXEIRA GUERRA, Diretor d a Divisão
Cultural (DCI) do Conselho Nacional de Geografia do IBGE..
3) Diretor de Ensi.no
Professor CARLOS GOLDEMBERG, Chefe da Seçáo de Divulgação Cultural (DCl/SDC) do Conselho Nacional de Geografia
do IBGE.
C)
Secretários
Professora EVA MENEZES DE MAGALHÃES, Encarregada do
Setor de Assistência ao Ensino (DCl/SDCas) d a Divisão Cultural
do Conselho Nacional de Geugrafia, do IBGE.
Professor NYSIO PRADO MEINICKE, Encarregado do Setor
de Intercâmbio Cultural (DCl/SDCi) da Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
D)
Professôres (V. Documento n.0 4)
Aldemar Barbosa Alegria Filho
Ângelo Dias Maciel
Antônio Teixeira Guerra
Ary de Alrneida
Armando Sócrates Schnoor
Carlos de Castro Botelho
Carlos Goldenberg
Carlos Marie Cantão
Celeste Rodrigues Maio
Emmanuel Leontsinis
Eva Menezes de Magalhães
Francisco Barbosa Leite
Hilda da Silva
Isabel Klausner
José Cezar de Magalhães
Jorge Stamato
Lysia Maria Cavalcanti Bernardes
Maria Francisca Thereza Cavalcanti
Maria Magdalena Vieira Pinto
Ney Strauch
Ney Rodrigues Inocêncio
Nilo Bernardes
Nysio Prado Meinicke
Orlando Valverde
Othon Henry Leonardos
Othon Henry Leonardos Junior
Pedro Pinchas Geiger
Rodolpho Pinto Barbosa
E)
Corpo Discente (V. Documento n.0 6)
Documento
n.0
3
DEVERES E DIREITOS DOS ALUNOS
1 - Serão exigidos 3/4 de frequência em todas as atiuidades
do Curso (aulas, visitas, seminários, excursões e seminários) .
2 - Aos bolsistas é obrigatória a prestação das provas e comparecimento as visitas, excursões e seminários.
3 - Aos alunos aprovados (com nota igual ou superior a 40
(quarenta) pontos por matéria e 50 (cinquenta) pontos n a global),
que tenham a frequência exigida, serão conferidos certificados de
aprovação.
4 - Aos alunos aprovados nos três primeiros lugares serão
oferecidas, como prêmios, publicações do CNG, escolhidas entre as
mais recentes e de maior interêsse para o Ensino da Geografia.
5 - Receberão apostilas de todas as aulas dadas, após a realização da última de cada série.
6 - Poderão apresentar críticas e sugestões, visando à melhor
organização e realização de cursos posteriores.
DESENVOLVIMENTO DO CURSO
A) - Distribuição dos assuntos
O Curso de Férias, compreenderá aulas, seminários, projeção
de diapositivos, visitas e excursão, distribuídas conforme o Programa Geral.
B
- Programa Geral
C - Distribuição do tempo (V. Documento n.0 5)
E
- Locais:
1 - Abertura e encerramento do Curso de Férias, serão efetuados na Escola Nacional de Ciências Estatísticas - Avenida Presidente Wiison, 210.
2 - As aulas, seminá.riose projeções serão realizadas no mesmo
local.
3 - A Secretaria do Curso de Férias funcionará na Divisão
Cultural do Conselho Nacional de Geografia (Av. Beira-Mar, 436
- 13.0 andar - Telefone 22-7947 - Castelo) .
Documento n.0 4
RELAÇÃO DOS PROFESSQRES
(Endereces
-
Títulos principais)
Professor ALDEMAR BARBOSA ALEGRIA FILHO
Rua Rosa Kattemback, n.0 24 - Niterói, R J .
Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Membro d a Sociedade Brasileira de Cartografia.
- Curso de Topografia, do Instituto de Orientação Pedagógica
e Profissional.
-
Professor ÂNGELO DIAS MACIEL
Rua Humaitá n.0 18 - apto. 407.
- Licenciado e Bacharel pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Professor contratado da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da Universidade do Estado d a Guanabara.
- Chefe da Seção de Cálculos da Divisão de Geografia do Conselho Nacional de Geografia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Professor ANTONIO TEIXEIRA GUERRA (+ 1-10-1968)
Rua Caruso n.O 64 - casa 1 - Tijuca - GB
- Bacharel licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia d a Universidade do Brasil.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Diretor d a Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geografia.
-
Curso de Especialização no exterior (França).
Diplomado pela Escola Superior de Guerra.
Sócio efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
Professor do Ensino Secundário do Estado da Guanabara.
- Professor de Geografia da Faculdade Fluminense de Geograf ia.
- Professor da Escola de Geologia.
- Membro de Delegações Oficiais Brasileiras em Reuniões Internacionais sobre assuntos Geográficos.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor ARMANDO SÓCRATES SCHNOOR
Rua Almirante Tamandaré n.0 20 - apto. 203 - Flamengo
- Guanabara.
- Professor catedrático de Escultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (antiga Universidade do Brasil).
- Professor de Cartografia de UEG.
- Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia.
- Assessor da Delegação do Brasil na Conferência Internacional da Carta do Mundo ao Milionésimo - 1962, em Bonn
(Alemanha).
- Representou o Brasil n a Conferência em Edinburg para a
escolha das gamas hipsométricas para a Carta do Mundo
ao Milionésimo - 1964.
- Observador no Congresso Internacional de Aerofotogrametria - 1964 - em Lisboa, como funcionário do CAG.
Professor ARY DE ALMEIDA
Rua Nossa Senhora de Lourdes n.0 84 - apto. 301 - Grajaú
- Guanabara.
- Licenciado em Geografia pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia.
- Professor de Geografia Física da Faculdade de Filosofia
Gama Filho.
Professor de Geografia de Ensino Médio do Estado da Guanabara.
- Sócio da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Autor de vários trabalhos técnicos pubiicados pelo Conselho Nacional de Geografia.
-
Professor CARLOS DE CASTRO BOTELHO
Rua das Laranjeiras n.0 356 - apto. 501 - Laranjeiras Guanabara.
- Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE
- Professor de Geografia Física da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outxas instituições.
Professor CARLOS GOLDENBERG
Rua Luís Barbosa n.0 68 - apto. 306 - Vila Isabel - GB.
- Bacharel licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasa.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Chefe da Seção de Divulgação Cultural da Divisão Cultural d:, Conselho Nacional de Geografia.
- Professor de Didática Especial da Geografia dos Cursos da
CADES.
- Colaborador em várias comissões sobre ensino da Geografia
e Didática da Geografia.
- Professor de Geografia, do Ensino Médio do Estado da Guanabara.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor CARLOS MARIE CANTÁO
Rua Silveira Martins n.0 164 - apto. 306 - Botafogo - GB.
- Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.
-
Licenciado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga Universidade do Distrito Federal.
- Professor de Geografia do Colégio Pedro 11.
- Professor Titular de Geografia Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
- Professor de Geografia Econômica do Brasil da Fundação
Getúlio Vargas.
- Professor Associado de Geografia Humana da Faculdade de
de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa ú'rsula.
- Orientador de Cursos da Campanha de Aperfeiçoamento e
Difusão do Ensino Secundário do MEC.
- Secretário Geral do Conselho Estadual de Educação da
Guanabara.
- Curso de Especialização no Exterior.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados por várias
instituições.
Professora CELESTE RODRIGUES MAIO
Rua Lóssio n.O 50 - Tijuca - GB.
e Licenciada em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Encarregado do Setor de Geomorfologia da Divisão de
Geografia do Conselho Nacional de Geografia.
- Regente da Cadeira de Geografia Física, da Faculdade de
Filosofia de Campo Grande.
- Professora do Ensino Técnico do Estado da Guenabara.
- Estágio de geologia e sedimentologia n a Universidade de
São Paulo.
- Autora de trabalhos técnicos, com publicações pelo Conselho Nacional de Geografia e por outras instituições.
- Curso de Orientação Educacional.
- Sócio efet,ivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Geologia.
- Sócio da Sociedade Brasileira de Geografia.
- Autora de trabalhos técnicos pelo Conselho Nacional de
Geografia e outras instituições.
- Bacharel
Professor EMMANUEL LEONTSINIS
Rua Jardim Botânico n.0 315 - Jardim Botânico
- Professor Catedrático do Colégio Pedro 11.
- GB .
- Titular (Catedrático Interino) da Faculdade Fluminense
de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1958,'1962).
- Assistente de Geografia Física da Faculdade de Filosofia
da Universidade do Estado da Guanabara.
- Titular (Catedrático de Geografia Física) da Fundação
Universitária Campograndense (Faculdade de Filosofia).
- Titular de Geografia dos Cursos do DASP.
- Professor de Didática Especia,l da Geografia dos :ursos da
CADES.
-- Membro de Delegações Oficiais brasileiras em reuniões internacionais sôbre assuntos geográficos.
- Membro da Sociedade Geográfica Americana (Washington,
DC) .
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados por várias
instituições.
Professora EVA MENEZES DE MAGALHÃES
Rua Xavier da Silveira, 15 - apto. 502 - Copacabana - GB.
- Licenciada em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia Santa Úrsula.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Encarregada do Setor de Assistência ao Ensino da Divisão
Cultural do CNG.
- Professôra de Geografia do Ensino Médio do Estado da Guanabara.
- Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia.
Professor FRANCISCO BARBOSA LEITE
Rua General Câmara, 564 - apto. 102 - Duque de Caxias Rio de Janeiro.
- Instrutor de Técnicos Áudio-Visuais de Cursos do MEC
para professôres normais, em várias capitais do país.
- Autor de "Imagem e Palavra - a sirnbiose feliz", edição
do Serviço Nacional de Educação Sanitária
MSM, no
prelo.
- Autor de trabalhos publicados na Revista Brasileira de Geografia - Seção "Tipos e Aspectos do Brasil".
-
- Editor de revistas de Arte na Guanabara e Jornalista militante no Estado do Rio.
- Desenhista e Pintor, com Medalha de Ouro e outros diplomas de mérito, conferidos por instituições do país e do Exterior.
- Orientador de atividades artísticas da Escola Normal Santo
Antônio, em Duque de Caxias, Estado do Rio.
- Assistente de Pedagogia Aplicada a Nutrição do Instituto
de Nutrição - Universidade do Brasil.
- Sócio contribuinte da Associação dos Geógrafos Brasileiros
- Desenhista de ilustração do CNG.
- Encarregado do Setor de Ilustrações da Seçáo de Publicações da Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geografia.
Professora HILDA DA SILVA
Avenida Pasteur, 399 - Botafogo - GB.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia
- Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
- Curso de Especialização no Exterior (França).
- Membro de delegações oficiais brasileiras a reuniões internacionais sobre assuntos geográficos.
- Sócia cooperadora da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Autora de artigos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia.
- Chefe da Seção Regional Leste da Divisão de Geografia.
- Professora de Geografia do Ensino Méaio do Estado da
Guanabara.
Professora IZABEL KLAUSNER
Rua Belisário Augusto n.0 91 - apto. 404 - Icaraí - Niterói
- Rio de Janeiro.
- Bacharel e licenciada em Geografia e História pela Faculdade Fluminense de Filosofia da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro.
- Professora de Geografia do Ensino Normal, no Estado da
Guanabara.
- Coordenadora de Geografia da Escola Normal Carmela
Dutra, do Estado da Guanabara.
- Primeira colocada no Curso de Informações Geográficas do
Conselho Nacional de Geografia, em 1965.
- Primeira colocada no Curso de Férias do Conselho Nacional de Geografia, em 1966.
Professor JOS* CEZAR DE MAGALHÃES FILHO
Rua Esteves Júnior, 36 - apto. 503 - São Salvador - GB.
- Licenciado em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio da Janeiro.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Secretário do Comitê Executivo do I1 Congresso Brasileiro
de Geógraios.
- Professor de Geografia e História da Campanha Nacional
de Educandário's Gratuitos.
- Professor de Geografia do Ensino Médio do Estado da Guanabara.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor JORGE STAMATO
Rua Cedro, 17 - Gávea - GB.
- Licenciado em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
- "Curso de Altos Estudos Geográficos" da mesma Faculdade,
em 1956.
- Professor responsávei pela Cadeira de Geografia Física da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro.
- Chefe do Departamento de Geografia da mesma Faculdade.
- Professor do Externato Pedro I1 (sede) .
- Professor da Escola de Artes Gráficas da Imprensa Nacional (DIN).
- Ex-professor de várias escolas do Estado da Guanabara.
- Ex-professor de Geografia dos Cursos do Departamento Estadual de Serviço Público do Estado d~ Rio da Janeiro.
Professora LYSIA MARIA CAVALCANTI BERNARDES
Rua Ribeiro de Almeida, 44 - apto. 102 - Laranjeiras - GB.
e Licenciada em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafa do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.
- Diretora da Divisão de Geografia do Conselho Nacional de
Geografia.
- Professora de Metodologia da Geografia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Sócia Efetiva d a Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de. Geografia, Associação dos Geógrafos Brasileiros e outras instituições.
- Bacharel
Professôra MARIA FRANCISCA THEREZA CAVALCANTI
CARDOSO
Rua Antônio Basilio, 137 - apto. 103 - Tijuca - GB.
- Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Professora de Geografia do Ensino Médio do Estado da
Guanabara .
- Sócia-Cooperadora da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia.
- Chefe da Seção Regional Nordeste, do Conselho Nacional de
Geografia.
Professora MARIA MAGDALENA VIEIRA PINTO
Rua Voluntários da Pátria, 283 - apto. 305 - Botafogo - GB.
- Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro.
- Geógrafa e Assessora Técnica da Divisão Cultural do CNG.
- Professôra titular de Geografia Humana e Didática Especial de Geografia da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Petrópolis .
- Colaboradora
-
-
da CADES em vários cursos e comissÓes sÔbre ensino da Geografia e Didática da Geografia.
Curso de aperfeiçoamento em Geografia, no Exterior (Sorbonne-Franca) .
Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor NILO BERNARDES
Rua Ribeiro de Almeida, 44 - apto. 102 - Laranjeiras - GB.
- Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.
- Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
- Professor Catedrático do Colégio Pedro 11.
- Diretor do Departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
- Presidente da Comissão de Geografia do Instituto PanAmericano de Geografia e História.
- Sócio Efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor NYSIO PRADO MEINICKE
Estrada do Cafundá, 250 - Jacarepaguá - GB.
Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Encarregado do Setor de Intercâmbio Cultural da Seção de
Divulgação Cultural da Divisão Cultural.
- Encarregado do Setor de Biogeografia de Seção de Estudos
Sistemáticos da Divisão de Geografia.
- Tesoureiro da Associacão dos Geógrafos Brasileiros.
- Professor de Geografia da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia.
-
Professor ORLANDO VALVERDE
Rua Gustavo Sampaio, 194 - apto. 205 - Leme - GB
- Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Curso de Especialização n a Universidade de Wisconsin
(EUA)
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.
- Vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor OTHON HENRY LEONARDOS
- Engenheiro-Geógrafo
- Professor de Geologia
do Museu Nacional, 1939, aposentado em 1955.
- Diretor da Escola Nacional de Geologia, 1958-63.
- Professor da Escola Nacional de Geologia, 1958.
- Membro da Comissão do Plano-Mestre Decenal de Avaliação dos Recursos Minerais.
- Assessor de Minerais Estratégicos do Conselho de Segurança Nacional, 1946-55.
- Professor catedrático de Geologia, Universidade do Distrito Federal, 1939-57.
- Professor de Geologia Econô-mica n a Escola Fluminense de
Engenharia, 1953-55.
- Membro titular d a Academia Brasileira de Ciências.
- Membro do American Institute of Mining and Metallurgy
(vice-presidente para a América do Sul e de outras instituições) .
- Publicou mais de duas centenas de trabalhos relativos a
geologia, petrografia, economia mineral e metalurgia.
Professor PEDRO PINCHAS GEIGER
Rua Almirante Tamandaré, 50 - apto. 803 - Flamengo Guanabara .
- Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Geógrafo
do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.
- Professor de Geografia do Ensino Médio do Estado d a Guariabara .
- Sócio Efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros.
- Especialização no Exterior (França e Estados Unidos da
América do Norte) .
- Membro de Delegações Oficiais brasileiras em Reunipes
Internacionais sobre Assuntos Geográficos.
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor RODOLFO PINTO BARBOSA
Rua Pareto, 42 - apto. 402 - Tijuca - GB.
- Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.
- Primeiro colocado no Curso de Aperfeiçoamento de Cartógrafos do CNG (1943) .
- Curso de Especialização Cartográfica nos Estados Unidos
(U.S. Coast and Geodetic Survey) .
- Assessor da Delegação Brasileira a I X Reunião Pan-Americana de Consulta de Cartografia, Buenos Aires (1961).
- Delegado do Brasil a Conferência Técnica das Nações Unidas (ONU) sobre a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo, Bonn, 1962.
- Assessor Técnico do Departamento de Planejamento d a
SUNAB .
- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e outras instituições.
Professor NEY STRAUCH
Rua Antônio Basílio, 124 - apto. 601 - Tijuca - GB.
- Bacharel e licenciado em Geogra,fia e História pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
- Curso de Especialização na Universidade de Syracuse, EUA.
- Diversos cursos de caráter técnico especializado na Brasil.
- Curso da Escola Superior de Guerra.
- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia.
- Sócio efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros e
membro honorário da Sociedade Argentina de Estudos Geográficos.
- Delegado do Brasil em diversas reuniões de consulta do
Instituto Pan-Americano de Geografia e História e Congressos Internacionais de Geografia da UGI.
- Vários trabalhos técnicos e de divulgação geográfica publicados pelo Conselho Nacional de Geografia e Editores
Brasileiros.
- Professor convidado nas Universidades de Buenos Aires, do
Litoral, de Córdoba e de Cuyo, n a República Argentina.
- Diretor do Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires,
por designação do Ministério das Relaqões Exteriores.
Professor OTHON HENRY LEONARDOS JUNIOR
Divisão de Geologia - DNPM
Av. Pasteur, 404.
- Geólogo pela Escola Nacional de Geologia
- Master of Science pela Universidade de Califórnia.
- Membro do Geological Society of America.
- Membro da Mineralogia Society of America.
- Membro d a Ameriean Assoeiation for Advancement of
Science.
- Membro da Sociedade Brasileira de Geologia.
- Membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia.
- Professor-Assistente de Petrologia da Escola de Geologia da
UFRJ.
- Geólogo-Assistente do Departamento Nacional da Produção Mineral.
Documento n.O 5
DISTRIBUIJÃO DO TEMPO
HORAS
DTAS
14 00 - 14 50
15 00 - 15 50
10 30 - 1 1 20
9 30 - 10 20
____________-____
__16 00 - 18 50
_ --_3
Têrça-feira
-
4
S
Atlas Nacional d o
I3rasil
-
ABERTUILB
S
Atlas Sacioiial do
Hrasil
Pr0f.a 1,ysia
O qiie é o CNC ?
_
(lilarta-feira
----Quinta-feira
I
Sexta-feira
ProE.:' Lysia
Af
Planejamento do
EnsiriodaCeografia.
Prof. BIusso
IM
C
Uso d e hlatcrial
Diditico.
Como se faz iiin
>lapa.
C.
Coiiio se ia7, um
hlapa.
G.E.
Agricultura iia Fair a Tropical.
Agriciiltura na Faixa Tropical.
Prof. Valrcrde
Prof. Talverde
G. 1I.P.
Origem daseidades
e os sítios.
(!lassificacáu das
cidades e funções.
G. H.1'.
Classificayão das eidades e funções.
Prof:'
Prof.8 Lysia
Pr0f.s Lysia
G. P
O \-elho e o Sovissinio Coritinente.
rrof. Cantão
Prof. Cantão
----
e
-
I
il-i
T4cnica d a verificação da apreridi-
I
I
C
T.1'.
O Estágio Atual e
os Tipos de >iapas.
Prof. Rodolfo BarL~nsa
Ijeituia d e hIapas
FisicosdoBIiindo.
Pr0f.n Alaria Francisca
G. F.
C.P.
9
Segunda-feira Bases Físicas do Bases 1;isicas do
Brasil (Com relaBrasil (Com relac i o entre os h- ç%o entre os Aspectos Físicos).
pectos Fíicosj.
Prof. Bote1110
Prof. Botelho
10
Têrça-feira
G.F.
O Velho e o Sovissimo Continente.
Jl
Plariejaiiiento do
EnsinodaGeografia.
Prof. hlusso
G.P.
Bases Físicas do
13rasil (Com relação eritre os Aspectos Físicos).
Prof. Botelho
G.F.
C'. E.
Hilda
G. H.P.
G. F.
As Ainbricas
I
G.H.P.
Origeni das cidades
e os sítios.
P r ~ f Hilda
.~
C
S
S
FatôresGeográficos UtilizaçXo dos Ma- Divisão Regiorialdo DivisXo Regiorial do
daEcorio~iiiado pas.
Brasil.
Brasil.
Brasil.
Prof. lioteilio
Lagos d o Brasil
G.B.
Lagos do Hrasil
Prof. Guerra
Prof. Giierra
Prof. Sehnoor
-
G. E.
FatGres(:eográficos
d a Economia do
Brasil.
Prof. Boteliio
Prof. Nilo
Prof. Silo
G.P.
T.P.
Iiiterl>retaç,íodoli- Coiistrução d e 11:svro "~~xerciciose
tereoramas.
prlticas d e Geornorfoloeia".
Pr0f.n Celeste
Profs. Barboza I.eite
Eva
.
HORAS
DIAS
-------
- - 9.30 - 10.20--
10.30
G.H.P.
12
Quinta-feira
Geografia da Popuhção - Explos8o
Demográfica- Situaçáo do Brasil.
Prof. Strauch
Geografia da Populaçào - Explosão
Demográfica-Situação do Brasil.
Prof. Strauch
M
C
--------- 13
Sexta-feira
- 11.20
G. H.P.
-
GeografiaPolíticae
Geopolítica.
Prof. Rodolfo Barbosa
--____--__
14
Sábado
- 14.50 ---__
15.00 - 15.50
Indhtria no Mundo e no Brasil.
Indhtria no Afundo
e no Brasil.
Prof. Schnoor
Prof. José Cezar
Prof. José Cezar
---
G.F.
M
G.E.
M
Interpretaç2o do Projeção de "Sli- Projeçãode"S1ides"
Livro "Exercícios des" sobre a Geo- sobre a Geografia
epráticasde Geoda Guanabara.
grafia da Guanamorfologia".
bara.
Pr0f.n Celeste
Prof. José Cezar
Prof. José Ceaar
_____
I
_
_
_
_
-
-
-
LIVRE
-
16
Segunda-feira
M
M
M
T.P.
Sygestões Metodologicas para o ensino da Geografia.
Sugestões hlelodológicas para o ensino da Geografia.
Construção de Estereoramas.
Prof. Goldenberg
Prof. Goldenberg
Correlar20 entre o
Ensino da Geografia e o da História.
Prof. Leontsinis
G.E.
17
Têrça-feira
G.E.
G.E.
Energia Edrelétrica no Brasil.
Energia Hidrelétrica no Brasil.
Prof. Goldenberg
Prof. Goldenberg
Recursos Minerais
doBrasi1. Relação
entre a estrutura
geológica do Brasi1 e os Minerais.
Prof.LeonardosJunior
T.P.
18
Quarta-feira
T . P.
Leitura de Cartas
1:50 O00
1:lOO O00
1:l 000 O00
Prof. Guerra
Leitura de Cartas
1:50 O00
1:lOO O00
1:l O00 O00
Frof. Guerra
G.H.P.
19
Quinta-feira
S
Geografia e Planejamento.
Prof. Geiger
GeografiadasFronteiras.
Prof. José Cezar
------
Profs.BarbozaI.eite - Eva
C
Os Atlas.
T.P.
Construç~ode Estereoramas.
Profs. Rarboza Lei-
t e - Eva
---
Visita ao Sr. PresideutedoIBGE e a o
Sr. Becretário-Geral do CNG
Prof. Rodolfo Barbosa
G.E.
G.E.
G.E.
Economia Mineral
do Brasil
Transportes no Brasil
Transportes no Brasil
Prof. Leonardos
Prof. Ney Inocêncio
P o f . Ney Inocênc10
S
Geografia e Planejamento.
Prof. Geiger
20
Sexta-feira
T.P.
C o ~ s t r u ç ~deo Estereoramas.
Profs. BarbozaLeite - Eva
--
T.P.
Construção de Estereoramas.
Profs. Barboaa Leite - Eva
A
-
G.H.P.
G.H.P.
T.1'.
M
M
Geografiadas Fronteiras do Brasil.
Geografiadas Pronteiras do Brasil.
Ensino das Coordenadas Geográficas
e das Escalas.
Ensino das Coordenadas Geográficas
e das Escalas.
Prof. José Ceaar
Prof. José C e m
Elementos de Cartografia do Atlas
Geográfico Escolar.
Prof. Ary
Pr0f.a Izabel
Prof.2 Izabel
21
Sábado
22
G.E.
excrmsÃo
15
Domingo
Domingo
16.00 - 16.50
-
C
Cartas Topográficas, Pianimétricas
e blosaicos.
---
Cartas Temáticas
Prof. Leontsinis
14.00
LIVRE
I
T.P.
I n t e r p r e t açZo
Quantitativa dos
Recursos Minerais
d o Nordeste
(Anuário Estatistico do Brasil).
I Frof. Guerra
I
LIVRE
---T.P.
T.P.
Interpret açao
Quantitativa dos
Recursos Minerais
d o N,ordeste
(Anuirio Estatistico do Brasil).
Localizar no Mapa
. ..
do Brasil
1:5 000 000, as
principais Usinas
Hidrelétricas.
1 Prof.
Guerra
1 Prof.
Goldenberg
T.P.
M
Identificar no Ma- Aplicabilidade d o livro Leituras OeopadoBrasi1
..
gráficas.
1:5 000 000, as
principais ferrovias
e rodovias iComentário interpre-
HORAS
930- 10.20
10.30- 1120
1400- 1450
PROVA
OESERVAÇÕL'E:
- i\letodologia
(S) - Seminário
(C) - Cartografia
(G.B.) - Geografia Física
(G.K.) - Geografia Econômica
(T.P.) - Trabalhos Práticos
(G.H.P.) - Geogralia Humana e Política
(li)
1500- 1550
PROVA
16.00- 16.50
PROVA
Documento n.0 6
RELAÇÃO DO CORPO DISCENTE
(*) Ibéria Nascimento Galvão
Rua Hamilton Silva, s , ' n
Macapá - Amapá
Amazonas
(*) Delfim Manuel de Souza Filho
Av. Humaitá; 245
Manaus - Amazonas
(") Maria da Conceição da Silva Torres
Rua Xavier de Mendonça, 62
- - Manaus - Amazonas
id
'
(*) Pedro Silvestre Filho
Rua 10 de julho, 843
Manaus - Amazonas
Pará
Maria Tereza Pena de Vasconcellos
Av. Ceará, 16
Balém - Pará
Ceará
(:3) Rossicler Oliveira Chacon (Irmã Vicência)
Praça Figueira de Melo, 55
Fortaleza - Ceará
Rio Grande do Norte
(*) Dione Maria de Farias
R. Goncalves Lêdo, 714
Natal - Rio Grande do Norte
(9 Itália
Dalva de Carvalho
Av. Floriano Peixoto, 284 - Petrópolis
Natal - Rio Grande do Norte
Paraíba
Ronaldo Ramalho
Rua GervAsio Bonavides, 83
João Pessoa - Paraíba
(*) Ana Maria Teixeira Lopes
Av. Capitão José Pessoa, 445
João Pessoa - Paraíba
(*) Elza Freire Rodrigues
Av. Anísio P. Borges, 101
Santa Rita - Paraíba
(") Maria Desilda da Costa
Rua Marcos Barbosa, 216
João Pessoa - Paraiba
(:::) Maria de Fátima A. Santos
R. Mons. Almeida, 701 - Jaguaribe
João Pessoa - Paraíba
(:i:)
Maria do Socorro Diniz
Rua Senador João Lira, 200
João Pessoa - Paraíba
Pernambuco
Doralice da Rocha Costa
R. Amélia, 99 - Espinheiro
Recife - Pernambuco
Bahia
(*) Dalva Araujo Pimenta
R. Belarmino Barreto, 18
Salvador - Bahia
Minas Gerais
(*) Adhemar Luciano Ferreira
R. Brito Melo, 190
Belo Horizonte
(*) Jacinta Clara de Oliveira
R. da Baía, 1192, apto. 509
Caratinga - Minas Gerais
(*) Maria Mazzarello Martins (Irmã)
Av. Contorno, 8902
Belo Horizonte - Minas Gerais
Rache1 Silvia de Barros Jardim
R. Tiradentes, 115
Juiz de Fora - Minas Gerais
Brasiíia
(*) Dora Vianna da Cunha
Quadra Nb - 14 - Lote 18
Taguatinga - DF.
(*) Ester de Sena Bonfim
Q. 7 - Conj. B - Lote 24
Sobradinho
- D.F.
(*) Otávio Lira Filho
Av. W 3, Q 36 - Casa 310
Brasília - DF.
(:k)
Vera Lúcia Ribeiro
Quadra NA 5 - Lote 5
Taguatinga
Rio de Janeiro
Heraldo Mesquita Souza
Caixa Postal 12
Bom Jardim - Rio de Janeiro
Iracema Santos Silveira
R. Galvão, 448 - Barreto
Niterói - Rio de Janeiro
Lidia Circolani
Rua São Lourenco, 142, c/3
Niterói - Rio de Janeiro
(*) Nilson Liguori Sant'Anna
Lote 26 - São José de Imbassaí
Maricá - Rio de Janeiro
São Paulo
(:!) Guiomar de Castilho Rocha (Irmã Maria Lília)
R . Arlindo Luz
Ourinhos - São Paulo
(9 Ignes
Gelinsky
Praça Altino Arantes, 163
Avaré - São Paulo
Paraná
(*) Aura Paula Soares da Costa
R. Jorge Lawda, 938
Curitiba - Paraná
!*) Cleide Caressato
Rua José de Alencar, 950, apto. 4
Curitiba - Paraná
(*) Masako Osaki
Rua Des. Hugo Simas, 2525 (C.P. 90)
Curitiba - Paraná
Anastácia Faiion
R. Dr. Rufino Maeiel, 1051
Mandaguari - Paraná
Santa Catarina
(::)
José Jorge
Escola de Aprendizes - Marinheiros
Florianópolis - Santa Catarina
(*) Osmarino Dadan
Hotel Metropol
Florianópolis - Santa Catarina
Rio Grande do Sul
(*) Eri Genoino Mocelin
R. Dr. Nascimento, 577
Rio Grande - Rio Grande do Sul
(*) Jorge Nelson Santos da Silva
Edif. Vienei, apto. 6
Osório
- Rio
Grande do Sul
Vania Regina P. Pinto
Rua General Niederaner, 1252, apto. 5
Santa Maria - Rio Grande do Sul
Guanabara
Carmozina Cardozo Zuzart
Rua Prof. Sebastião Fontes, 90, apto. 102
Guanabara
Joel de Lima P. Castro
Rua Maxwell, 406
Guanabara
Edna Leda de Jesus
R. Visconde de Pirajá, 468, apto. 801
Guanabara
Maria Cecília da Cunha Vasques
Rua Anajás, 171
Vaz Lobo - Guanabara
Maria de Oliveira
Rua Curuzu, 23, c. 2
São Cristóvão
Maria Lucia Rego Costa
R. Pedro América, 378, c. IV
Catete - Guanabara
Sonia dos Santos Silva
Rua Prof. Lafayete Cortes, 127, apto. 203
Guanabara
Victoria Alzuguir
R. Delgado de Carvalho, 58, apto. 201
Tijuca - Guanabara
Documento n.0 7
INSTRUÇÕES REGULADORAS DA EXCURSÃO
(Dia 14-1-1967)
1 - GENERALIDADES
i
Conforme o previsto no programa geral realizar-se-á no dia
14 de janeiro a excursão a pontos de interêsse Geográfico do Estado
d a Guanabara.
2 - FINALIDADES
2.1 Correlacionar os aspectos físicos com os aspectos humanos.
2.2 Dar aos Professôres uma noção de como se faz um estudo geográfico local.
2.3 Oportunidade para elaboração de um relatório de interêsse geográfico sobre a excursão realizada.
3
- ORGANIZAÇÃO
3 . 1 Dirigentes : Prof. JOSÉ: CEZAR DE MAGALHÃES, Prof.
CARLOS GOLDENBERG, Prof." EVA MENEZES DE
MAGALHÃES, Prof. IR10 BARBOSA DA COSTA.
3.2 Distribuição do tempo
3.2.1 As 7,30 horas, reunião dos participantes - Local: Ar. Beira-Mar- 436 (CNG)
3.2.2 As 8,00 horas, partida do mesmo local. Ônibus
da USE - TURISMO.
3.2.3 As 12,30 horas, almôçs - (Pedra de Guaratiba)
3.2.4 As 17,OO horas - chegada (CNG)
4 - ASPECTOS A OBSERVAR:
4.2.1
Um trecho da área industrial da Guanabara
(bairros S. Cristóvão e Maria da Graça) - Mostrar um bairro em área de degradação e transformação - Passado e Presente de São Cristovão. MACIÇO DA TIJUCA.
4.2.2
MACIÇO DA TIJUCA
Visão Panorâmica de um bairro da Zona Norte
Baixada de Jacarepaguá: Formação de lagoas
como Tijuca - Jacarepaguá - Marapendi -
Formação de Restinga - Como se processa a
erosão em lençol (Enxurradas). Problemas dos
desmoronamentos e suas ligações com o desfloramento - Clima Tropical - sítios de veraneio.
4.2.3
MIRANTE DE SANTA CRUZ
Elementos Físicos - baixada, maciço Gericinó
e Pedra Branca - mostrar organização de uma
antiga área de habitat rural - ocupação do espaço agrário - nova área Industrial - Cosigua
e Termo-elétrica de Santa Cruz - Términa Marítimo.
4.2.4
BARRA DE GUARATIBA
Formação de restinga - BALNEARIO
5 - PRESCRIÇÕES DIVERSAS
5 . 1 Recomenda-se levar lápis, caderneta de apontamentos e
pequeno lanche.
QUADRO DE NOTAS
Curso de Férias para professôres de Gteografia.. 3atSei10
.14m
Meto- Geografi~Geografia Deodologia
íííica eoonbmica
poitcber
.
.
-
...
Nascimeato G d v u (AP) .........
75
74
%Delfim Manuei de Sowa Fiiho (AM)
...
53
8Msris da Conwi@ío da 8ilm Toma (AM)
Bihrestre Filho (AM)
W
75
&Maria Terem Pena de Vasconoellm (TA)
bibioh O~veira~Gbacon
(CE)..........
80
7-Dione Marii Farias (RN)..............
83
â-itaia D h de C m i h o (RN)
.........
40
?Ana Maria Teixeh Lopes (PB)........
46
I&Eh Fre'i Rodriguea @Ti).............
56
Deailda da Costa @Ti) ..........
60
I&bMa de PQtima A. b n t a i (PB).......
100
IgMaria do Socorro Dinis (TB)...........
58
14!RonaldP Ramalho (FB
' ) ................
83
Ibpaalios da &oaha Costa...............
84
16paiw Araujo Pimenta.................
75
17-~dhemaiLudano Ferreira (MG)........
46
18Jaointa Clars de Oliveira (MG)
40
19-Fhbd m a de Barrcu Jardim N G )...
100
20-Dora v i da Cunha(DF)
83
2i-Ester de &na Bwfim (DF)............
44
22-0t6vio Lira Fiiho (DF) ................
60
ZSVera LGaia Ribeiro (DF)...............
83
64,5
M e r d d o Mesquita Souza (RJ)..........
93
46-h+ma Santos 8iveira (RJ)...........
26-Lidia Circodani (RJ).................... 57
!ti-Nin Liguori B a n t ' h íFU).........
48
28&iomai d a Castuho Rocha (8P) ........ 45
2%4m Pa+ Boares da Costs @R).....
46
W%de Carmto (PR) .................
58
81-Mako Osaki (PR)...................
78
8%+mt& Farion P R ) .................
60
83-Wa G e h k p (8P) ...................
40
3 4 J d Jorge (8C)................
......
55
$b*aRno
Dsdab (SC) .................
56
86-Eri Genoino Mooeüin (R8) .............
03
87Jorge Nalaon Santas da 8 i (RS).....
95
97
3gVanía R k g b P. Pinto (R8) ............
â%&a
Cardoso Zuzart (GB) ........
66
((Moel de Lima P Castro (GB) ..........
50
45
&-Maris Cecilia da Cimha Vaa(GB).
84
42Maria de Oliveira (GB) ................
4ô-Maria Lúoia R&go Costa (GB) ..........
59
44-Bonk dm h t o a 8 i (GB) ...........
68
46+ctória Ahgub (GB) .................
80
.............
.........
...........
.
.
-
8
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70
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