REVISTA E LE T R Ô N IC A PRINCÍPIOS DE BIOSSEGURANÇA APLICADOS AOS LABORATÓRIOS DE NÍVEL 4 COM MANIPULAÇÃO DO VÍRUS EBOLA Fernando Hilário Miguel Biomédico, Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Roberta Martinho Zardetti Biomédica, Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Steffani Sobianek Carmo Biomédica, Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Vanessa da Silva de Lima Biomédica, Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Natália Prearo Moço Doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP Docente das Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Octavio André de Andrade Neto Mestre em Ecologia e Conservação pela Universidade do Estado de Mato Grosso Docente das Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS Juliano Gabriel Froder Biomédico, Mestre em Biologia Geral e Aplicada – UNESP Docente das Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS RESUMO Os laboratórios classificados como nível de biossegurança 4 (NB-4) são ambientes onde são manipulados microrganismos da classe de risco 4 e da classe de risco especial. Nesses laboratórios são empregados os mesmos procedimentos e práticas dos laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3, sendo acrescentadas algumas especificidades. Este artigo apresenta uma revisão de várias pesquisas científicas que se relacionam com o tema, principalmente em relação ao manuseio de microrganismos altamente patogênicos, como o vírus Ebola, dentro de laboratórios clínicos e de pesquisas, além dos procedimentos a serem realizados de acordo com as normas de biossegurança em pesquisa do vírus Ebola nos laboratórios NB-4. PALAVRAS-CHAVES: Biossegurança; NB-4; Vírus Ebola; Risco. INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a biossegurança é definida como sendo o conjunto de medidas empregadas com o intuito de prevenir os riscos decorrentes das atividades laboratoriais de assistência, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, os quais podem causar danos à AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 29 REVISTA E LE T R Ô N IC A saúde dos profissionais e ao meio ambiente (ANVISA, 2010). A ANVISA preconiza que a responsabilidade legal pela segurança nos ambientes laboratoriais é de seus respectivos administradores, porém, os funcionários devem participar desse contexto, incorporando práticas de boas técnicas microbiológicas e normas de biossegurança à sua rotina de trabalho (ANVISA, 2010). Os laboratórios clínicos devem designar uma pessoa ou Comissão de Biossegurança que vise implementar as normas preconizadas em Biossegurança, a fim de prevenir riscos para funcionários, alunos, pacientes e meio ambiente. Além disso, essa comissão ou responsável deve padronizar e normatizar os procedimentos que regulamentem as normas de segurança, além de identificar e classificar as áreas de risco e estabelecer programas de treinamento para prevenção de acidentes e monitorar (ANVISA, 2010). Os laboratórios são classificados de acordo com os microrganismos que são manipulados em seu interior, sendo que a classificação é feita de acordo com os níveis de contenções necessários que denominam os níveis de Biossegurança (FIOCRUZ, [s.d.]). Os níveis de biossegurança, que são numerados em ordem crescente, são denominados NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. O NB-1 apresenta baixo risco individual e baixo risco para a comunidade, sendo empregado para designar laboratórios de ensino básico, nos quais são manipulados os microrganismos da classe de risco 1 que raramente causam doenças ao homem e ao animal, como Lactobacillus casei, Penicillium camembertii e Saccharomyces cerevisiae, etc (ANVISA, 2004). O NB-2 apresenta risco individual moderado e risco limitado para a comunidade, sendo utilizado para laboratórios clínicos ou hospitalares que manipulam microrganismos da classe de risco 2, como Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Candida albicans e Schistosoma mansoni, os quais causam doença ao homem e aos animais, sem representar sério risco a quem os manipula. As exposições laboratoriais a esses microrganismos podem causar infecção, mas as medidas eficazes de tratamentos e prevenção limitam o risco (ANVISA, 2004). O NB-3, por sua vez, apresenta risco individual elevado e risco limitado para a comunidade, sendo empregado para laboratórios nos quais há manipulação com microrganismos da classe de risco 3, como Bacillus anthracis, Chlamydia psittaci, AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 30 REVISTA E LE T R Ô N IC A Mycobacterium tuberculosis, Blastomyces dermatiolis, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi e os vírus das hepatites B e C e o HIV. Esse nível também pode ser aplicado em locais onde há manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2 (ANVISA, 2004). Finalmente, o NB-4 apresenta risco individual elevado e risco elevado para a comunidade, sendo utilizado para laboratórios onde há manipulação de microrganismos da classe de risco 4, os quais são patógenos que causam grande ameaça para o ser humano e animais, representando grande risco a quem manipula e um grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro, como vírus de febres hemorrágicas, Febre de Lassa, Machupo, vírus Ebola, Arenavírus e certos Arbovírus. Geralmente não há medidas preventivas e tratamento para esse tipo de patógeno (ANVISA, 2004). 2 LABORATÓRIOS DE BIOSSEGURANÇA NÍVEL 4: ESTRUTURAS, NORMAS E PROCEDIMENTOS É recomendado que os laboratórios de biossegurança nível 4 só funcionem sob o controle direto das autoridades sanitárias. Devido à elevada complexidade do trabalho, os funcionários devem receber um treinamento direcionado para a manipulação de agentes infecciosos extremamente perigosos, seguindo as normas estabelecidas pela CTNBio (FIOCRUZ, [s.d.]). Nos laboratórios NB-4 diversas práticas têm sido preconizadas com o intuito de manter a biossegurança do local. Dentre essas práticas destacam-se o acesso limitado e controlado ao laboratório, proibição de contratação de pessoas imunocomprometidas ou imunossuprimidas, realização os procedimentos sempre em dupla e existência de contenção primária com cabines de segurança biológica da classe III e macacões ventilados com pressão positiva. Além disso, deve-se restringir ao máximo a utilização de agulhas e manipulação das mesmas deve ser feita com uso de procedimentos padrões. É imprescindível que todos os procedimentos sejam realizados de maneira cuidadosa, com o intuito de minimizar a formação de aerossóis. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas no início e ao final do procedimento, utilizando-se desinfetantes eficazes contra os agentes manipulados. Em relação aos resíduos, todos os que forem produzidos no AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 31 REVISTA E LE T R Ô N IC A laboratório devem ser obrigatoriamente esterilizados antes de serem retirados do laboratório e, após serem removidos do local, os resíduos devem ser incinerados. Adicionalmente, todos os líquidos que saem do laboratório, incluindo a água do chuveiro e das pias, também devem ser descontaminados antes de serem definitivamente descartados (FIOCRUZ, [s.d.]). Todos os procedimentos e normas de biossegurança devem ser implementados na rotina do laboratório, sendo incorporados aos procedimentos operacionais padrões ou, então, a um manual de biossegurança que pode ser desenvolvido especificamente para o laboratório em questão. Além disso, todos os funcionários do local devem ser devidamente orientados sobre os riscos aos que estão expostos e devem ler e seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos requeridos (FIOCRUZ, [s.d.]) 2.1 Normas Especiais Aplicadas aos Laboratórios NB-4 Algumas normas especiais (FIOCRUZ, [s.d.]) são aplicadas para os laboratórios classificados como NB-4 e essas práticas visam assegurar a manipulação correta dos patógenos, minimizando ao máximo os potenciais riscos aos funcionários do local e ao ambiente. Dentre essas normas especiais podemos destacar: (1) é permitida a entrada de somente pessoas diretamente envolvidas na atividade que está sendo desenvolvida, sendo que o chefe do laboratório deverá ter a responsabilidade final no controle desse acesso; (2) antes de entrarem no laboratório, todos devem ser alertados quanto ao risco potencial ao qual estão expostos, além de serem instruídos sobre as medidas de segurança necessárias. Adicionalmente, aqueles que forem autorizados a entrar devem assumir a responsabilidade de cumprir a risca todas as instruções recebidas; (3) é necessário que o chefe do laboratório se assegure de que, antes de manipularem os patógenos, todos os funcionários estejam devidamente treinados, demonstrando elevada competência em relação às práticas e técnicas de biossegurança; (4) toda a equipe do laboratório deve ter suas amostras sorológicas coletadas e analisadas antes da admissão e coletas posteriores devem ser realizadas periodicamente, dependendo dos agentes manipulados no local; (5) deve ser elaborado um manual de Biossegurança específico para o laboratório em questão e todos os funcionários devem ser avisados quanto à existência desse manual e devem ser instruídos a lê-lo AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 32 REVISTA E LE T R Ô N IC A para poder seguir as normas adequadamente; (6) além dos treinamentos iniciais, a equipe do laboratório deve receber treinamentos de atualização anuais, com o intuito de renovar o conhecimento em caso de mudança de procedimentos; (7) a entrada e a saída da equipe do laboratório só são permitidas após o uso do chuveiro e a troca de roupas no local especificado; (8) todos os materiais de entrada devem ser descontaminados em autoclave de dupla porta, câmara de fumigação ou sistema de antecâmara pressurizada antes de serem utilizados; (9) os materiais perfurocortantes contaminados, como agulhas, lâminas, pipetas e bisturi, devem ser tratados com extrema cautela. As agulhas e seringas hipodérmicas devem ter uso restrito no laboratório, devendo ser utilizados somente quando não há alternativa nos casos de inoculação parenteral, flebotomia ou para aspiração de fluidos. Adicionalmente, devem ser utilizadas somente seringas descartáveis, com agulhas fixas. As agulhas descartáveis usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas. Os objetos cortantes que não são descartáveis devem ser armazenados em recipiente adequado que permita a descontaminação em autoclave; (10) todo material, com exceção do material biológico que precise ser mantido viável, deve ser autoclavado antes de ser removido do laboratório. Já os equipamentos que não resistem a elevadas temperaturas devem ser descontaminados empregando-se técnicas comprovadas e validadas de descontaminação; (11) o laboratório deve manter um sistema bem organizado de notificação de acidentes e exposições laboratoriais, bem como uma lista de ausência dos empregados e doenças associadas ao trabalho. Além disso, o local deve contar com uma unidade de quarentena, isolamento e cuidados médicos para o pessoal contaminado por doenças conhecidas ou potencialmente associado a laboratório e (12) todos os procedimentos laboratoriais devem ser realizados em cabines de segurança classe III ou classe II, usadas concomitantemente com roupas de proteção pessoal com pressão e ventiladas por um sistema. (FIOCRUZ, [s.d.]) 2.2 Barreiras de Proteção Utilizadas em Laboratórios NB-4 As medidas de proteção existentes em um laboratório são classificadas como barreiras primárias e barreiras secundárias. Dentre as barreiras primárias estão os equipamentos de proteção individual (EPIs) e os equipamentos de proteção AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 33 REVISTA E LE T R Ô N IC A coletiva (EPCs). As barreiras secundárias, por sua vez, constituem-se de medidas específicas para a infraestrutura predial e instalações do laboratório. 2.2.1 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) Segundo a ANVISA, os EPIs são caracterizados como sendo todo dispositivo ou produto de uso individual, que é utilizado pelo trabalhador com o intuito de protegê-lo dos riscos que potencialmente ameaçam a segurança e a saúde no trabalho. O uso de EPIs é regulamentado pela Portaria 485, de 11 de novembro de 2005, a qual aprova a NR 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde) do Ministério do Trabalho, sendo que cabe aos profissionais usá-los e conservá-los (ANVISA, 2010). Os principais EPIs que devem ser utilizados pela equipe de um laboratório NB-4 incluem avental e jaleco, luvas, máscaras e respiradores, óculos de proteção, protetor facial e sapatos fechados. O avental, que é obrigatório para todos aqueles que trabalham em ambiente laboratorial, deve ser confeccionado de algodão, com mangas longas e punho sanfonado, comprimento até o joelho e deve ser usado sempre abotoado. Esses aventais não devem ser utilizados fora do ambiente de trabalho, nem devem ser guardados juntamente com objetos pessoais (ANVISA, 2010). As luvas também devem ser utilizadas por todos que trabalham no laboratório, durante a manipulação de amostras biológicas, durante o preparo de reagentes, na lavagem de materiais e no atendimento do paciente. O descarte das luvas deve ser feito sempre que estiverem contaminadas ou quando sua integridade estiver comprometida. Em relação ao material, as luvas de nitrila devem ser usadas em trabalhos gerais, como preparo de soluções e lavagem de materiais. Já as luvas de látex ou silicone descartável devem ser usadas em procedimentos que necessitem de proteção contra material biológico (ANVISA, 2010). As máscaras de proteção e os respiradores são utilizados para proteção de boca e nariz em situações nas quais pode haver respingos e inalação de partículas em aerossol, ou na presença de substâncias químicas voláteis e tóxicas. A máscara N-95, que é composta por quatro camadas de fibras sintéticas impermeáveis, possui densidade e porosidades capazes de barrar microrganismos transportados pelo ar, tendo uma eficiência igual ou maior a 95% para partículas de 0,3 mm. Já os óculos de proteção são destinados à proteção dos olhos contra respingos de material AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 34 REVISTA E LE T R Ô N IC A biológico, substâncias químicas e partículas, enquanto o protetor facial é utilizado para proteger a face contra esses mesmos fatores de risco (ANVISA, 2010). 2.2.2 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) Os EPCs são equipamentos e dispositivos de segurança que visam assegurar a segurança do conjunto de funcionários como um todo, além de proteger o ambiente. Dentre os principais EPCs podemos citar a cabine de segurança biológica de classes, o chuveiro de segurança, a autoclave, microincineradores e garrafas com tampa de rosca. As cabines de segurança biológica atuam na contenção física de agentes infecciosos, protegendo tanto o material quanto o profissional durante a manipulação de materiais biológicos altamente infectantes, além de substâncias tóxicas e cultura de células. Para garantir sua eficácia, as revisões e trocas de filtros devem ser feitos nos prazos corretos. Adicionalmente, essas cabines devem permanecer em locais de pouco trânsito e distantes de portas (ANVISA, 2010). De acordo com a sua complexidade, as cabines de segurança biológica são classificadas como classe I, II ou III. Na cabine de classe I o fluxo de ar ocorre de fora para dentro através de uma abertura frontal, sem que haja recirculação do ar. O ar da cabine passa por um filtro HEPA antes de ser liberado para o exterior da cabine, ou seja, para o laboratório. Nesse tipo de cabine há proteção para o manipulador, porém, o material que está sendo manipulado não fica protegido, podendo ser empregada para uso com manipulação de microrganismos de baixo ou moderado risco biológico. A cabine classe II tem abertura frontal pela qual uma parte do ar é recirculado. Nesse tipo de cabine tanto o manipulador quanto o material e o meio ambiente são protegidos, sendo que na cabine IIA 70% do ar é recirculado para o interior passando por um filtro HEPA e 30% do ar é exaurido para dentro ou fora do laboratório, também passando por um filtro HEPA, enquanto que na cabine IIB 30% do ar é recirculado para o interior da cabine passando por filtro HEPA, enquanto 70% do ar é exaurido para fora ou pra dentro do laboratório, também passando por um filtro HEPA. Finalmente, a cabine classe III é hermeticamente fechada, impermeável a gases e o trabalho de manipulação é feito através de luvas de borracha acopladas a ela. Nesse tipo de cabine o ar que entra passa por um filtro HEPA e o ar que sai pelo exaustor passa por dois filtros HEPA dispostos AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 35 REVISTA E LE T R Ô N IC A sequencialmente. O uso de cabine classe III é indicado para manipulação de microrganismos de alto poder infectante (ANVISA, 2010). O chuveiro de segurança é um dispositivo utilizado para uso após acidentes envolvendo derramamento de grande quantidade de material biológico ou de substância química sobre as roupas e a pele do profissional, podendo ser utilizado também quando as roupas estão em chamas. Todos os profissionais devem ser devidamente orientados para uso do equipamento, o qual deve ser de fácil acesso (ANVISA, 2010). A autoclave é um importante equipamento utilizado para esterilização por calor, permitindo que o material infeccioso seja eliminado de modo seguro. Já os microincineradores, tanto à gás quanto elétricos, possuem escudo de vidro ou cerâmica que minimizam salpicos ou borrifos quando alças microbiológicas são utilizadas (ANVISA, 2010). 2.2.3 Instalações do Laboratório NB-4: Barreiras Secundárias Para os laboratórios com classificação NB-4 são propostos dois modelos diferentes de instalação, sendo que o mesmo laboratório pode contar com os dois modelos ao mesmo tempo (FIOCRUZ, [s.d.]). No primeiro modelo, chamado de MODELO DE INSTALAÇÃO A, pode se destacar algumas regras básicas (FIOCRUZ, [s.d.]), dentre elas: (1) o laboratório NB-4 deve estar fisicamente separado do prédio ou então em uma área devidamente demarcada e isolada dentro do prédio, tornando seu acesso restrito. - Todos os funcionários devem entrar e sair através de vestiários específicos de barreira, onde há diferencial de pressão e sistema de bloqueio de dupla porta com dispositivo de fechamento automático; (2) o laboratório deve contar com um sistema de autoclave de dupla porta, um tanque de imersão contendo desinfetante, uma câmara de fumegação e uma antessala com ventilação para descontaminação. Além disso, o estoque de materiais e os equipamentos não devem passar no interior dos vestiários até chegarem a o seu local específico; (3) devem ser realizadas inspeções diárias de todos os parâmetros de contenção do laboratório e também dos sistemas de suporte de vida. Essas inspeções devem ser concluídas antes do início do trabalho; (4) deve haver um sistema de vedação interna para paredes, tetos e pisos, permitindo maior eficiência do processo de fumegação e evitando o acesso de AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 36 REVISTA E LE T R Ô N IC A animais e insetos. As superfícies internas do laboratório devem ser resistentes a líquidos e produtos químicos para facilitar a limpeza e a descontaminação da área; (5) todas as bancadas devem ser de superfície selada e não devem ter reentrâncias, sendo também impermeáveis à água e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos e solventes químicos empregados na descontaminação das superfícies de trabalho; (6) todos os móveis do laboratório devem ser simples e capazes de suportar as cargas e os usos previstos para sua utilização. O espaçamento entre as bancadas, as cabines e armários e o equipamento deve ser suficiente para facilitar a limpeza e a descontaminação; (7) as pias do laboratório devem ser de acionamento automático, sem necessidade do uso das mãos. Além disso, elas devem ser instaladas próximas às portas da sala da cabine de segurança e perto dos vestiários internos e externos; (8) os filtros HEPA em série devem ser instalados de forma prática nos pontos onde serão utilizados ou próximos da válvula de serviço; (9) todas as janelas do laboratório devem ser devidamente seladas; (10) os líquidos produzidos, incluindo a água dos vasos sanitários, do chuveiro e os líquidos da desinfecção química das pias, devem ser descontaminados através de metodologia previamente comprovada, preferencialmente por tratamento com calor, antes de serem eliminados; (11) os laboratórios devem contar com um sistema de ventilação sem recirculação de ar, sendo que a insuflação e a exaustão devem ser equilibradas para que o fluxo de ar seja direcionado da área de menos risco para a área de mais risco. Esse sistema deve apresentar uma pressão diferencial e fluxo unidirecionado, além de alarme que acuse qualquer irregularidade; (12) o fluxo de ar, tanto na entrada quanto na saída, deve ser devidamente monitorado; (13) a cabine de classe III deve estar ligada diretamente ao sistema de exaustores e, caso ela esteja conectada ao sistema de abastecimento, ela conexão deve ser feita de modo que consiga prevenir uma pressão positiva na cabine; (14) todo ar de exaustão dos laboratórios deve passar por dupla filtragem com filtro HEPA em série e, depois da filtragem, deve ser liberado longe dos espaços de entrada de ar. Os filtros HEPA devem ser revisados e testados anualmente e sua instalação deve ser projetada de maneira que permita uma descontaminação in situ do filtro antes que o ar seja removido; (15) todos os procedimentos operacionais do laboratório devem ser documentados e (16) o laboratório deve ser checado pelo menos uma vez ao AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 37 REVISTA E LE T R Ô N IC A ano e os procedimentos existentes devem ser modificados sempre que houver necessidade de adequação. No segundo modelo, chamado de MODELO DE INSTALAÇÃO B, podem ser destacadas algumas regras básicas (FIOCRUZ, [s.d.]), dentre elas: (1) o laboratório deve ser instalado em área separada do prédio ou então em uma área claramente demarcada e isolada dentro do prédio. Além disso, as salas do laboratório devem ser construídas de modo que se assegure a passagem através dos vestiários e da área de descontaminação antes da entrada nos locais onde ocorre a manipulação dos microrganismos; (2) o laboratório deve contar com vestiários interno e externo, os quais devem ser separados por um chuveiro. A área que a equipe utiliza para vestir as roupas protetoras deve ser construída de modo que proporcione uma proteção pessoal semelhante àquela derivada do uso da cabine de classe III e as roupas usadas para proteção se ser uma peça única com pressão positiva, além de ser ventilada por sistema de suporte a vida com filtro HEPA; (3) o local deve contar com um chuveiro químico para descontaminação da superfície da roupa após a saída do funcionário do local de manipulação; (4) deve ser instalado um gerador de luz automático para casos de emergência, a fim de evitar que os sistemas de suporte, os alarmes, a iluminação e os controles de entrada e saída sejam interrompidos; (5) todo o local deve contar com instalação de luzes de emergência; (6) deve ser realizada uma inspeção diária de todos os parâmetros de contenção, como fluxo de ar e chuveiros químicos, além da checagem dos sistemas de suporte a vida. Essa verificação deve ser concluída antes do início dos trabalhos; (7) deve ser instalada uma autoclave de porta dupla na barreira de contenção para que se faça a descontaminação dos resíduos a serem removidos do laboratório. A autoclave deve, inclusive, contar com porta automática para que possa ser aberta somente após o término da esterilização; (8) a construção das paredes, dos pisos e do teto deve ser feita de modo que eles formem uma concha interna selada, facilitando o processo de fumegação e evitando a entrada de insetos e animais. A superfície desses locais deve ser impermeabilizada e resistente às soluções químicas utilizadas para descontaminação. Além disso, todas as aberturas e fendas dessas estruturas devem ser devidamente seladas; (9) é necessário instalar acessórios internos como ductos de ventilação, sistemas de suprimento de luz e de água, sempre minimizando a área da superfície horizontal; (10) todas as bancadas AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 38 REVISTA E LE T R Ô N IC A dos laboratórios devem ser seladas e sem nenhuma emenda, além de serem impermeáveis e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos e químicos empregados na descontaminação; (11) todos os móveis devem apresentar uma construção simples e devem ser capazes de suportar a carga e os usos para os quais são utilizados. Cadeiras e outros móveis devem ser recobertos por material (não tecido) que possa ser desinfetado (12) devem ser instaladas pias com acionamento automático, sem necessidade do uso das mãos. Essas pias devem ser instaladas próximas à área em conjunto com a roupa de proteção; (13) todas as janelas do local devem ser devidamente seladas; (14) os líquidos produzidos, incluindo a água dos vasos sanitários, do chuveiro e os líquidos da desinfecção química das pias, devem ser descontaminados através de metodologia previamente comprovada, preferencialmente por tratamento com calor, antes de serem eliminados; (15) os laboratórios devem contar com sistema de ventilação sem recirculação de ar, sendo que a insuflação e a exaustão devem ser equilibradas para permitir que o fluxo seja do local de menor risco para o local de maior risco. Deve haver um dispositivo para monitoramento da pressão do ar, o qual deve indicar e confirmar o diferencial de pressão da sala das cabines; (16) o fluxo de ar nos componentes de abastecimento e escape deve ser devidamente monitorado e é necessário instalar um sistema de controle HVAC para evitar a pressurização positiva do laboratório; (17) o ar proveniente da exaustão deve passar por dois filtros HEPA em série antes de ser eliminado e essa eliminação deve ocorrer em local distante dos espaços ocupados e também distante da entrada de ar. Além disso, os filtros HEPA devem ser instalados de maneira mais próxima possível, com intuito de minimizar a extensão dos canos. Devem ser feitos testes e certificações anuais de todos os filtros HEPA; (18) os pontos de entrada e saída do laboratório devem ser posicionados de modo que minimize os espaços de ar estático dentro do laboratório; (19) todos os procedimentos operacionais do laboratório devem ser documentados e (20) o laboratório deve ser checado pelo menos uma vez ao ano e os procedimentos existentes devem ser modificados sempre que houver necessidade de adequação. 2.3 Resíduos Gerados Pelo Laboratório Segundo a ANVISA, todo laboratório é responsável pelo gerenciamento correto dos resíduos que são gerados em seu interior, de acordo com as normas e AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 39 REVISTA E LE T R Ô N IC A as exigências legais, desde a geração do resíduo até a eliminação do mesmo (ANVISA, 2010). De acordo com a RDC nº 306 de 2004 da ANVISA, os resíduos de serviço de saúde (RSS) são classificados em cinco grupos. O grupo A refere-se aos resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. O grupo B refere-se aos resíduos que contém substâncias químicas que potencialmente podem apresentar risco à saúde pública ou ao ambiente, de acordo com suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Os resíduos do grupo C são aqueles materiais resultantes de atividades radionucleares, em quantidades que são superiores aos limites estabelecidos pelas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Os resíduos do grupo D são aqueles que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico, sendo semelhante ao lixo doméstico. Finalmente, o grupo E refere-se aos materiais perfurocortantes ou escariantes (ANVISA, 2010). 3 O VÍRUS EBOLA O vírus Ebola foi descoberto no ano de 1976, no local que atualmente é denominado República Democrática do Congo, próximo ao rio Ebola, o que deu nome à doença. Na ocasião, houve um surto de 318 casos no local, dos quais 280 vieram a óbito. A partir de então, vários surtos da infecção foram descritos, porém, de maneira esporádica. O vírus é pertencente à família Filoviridae e ao gênero Ebolavirus. São descritas cinco subespécies, sendo que quatro delas são causadoras de doenças em humanos: vírus Ebola (Zaire ebolavirus); Vírus Sudão (Sudan ebolavirus); Vírus Taï Forest (Floresta ebolavirus Taï); e vírus Bundibugyo (Bundibugyo ebolavirus). Evidências na literatura sugerem que o vírus é zoonótico, tendo o morcego como reservatório mais provável. A infecção pelo vírus Ebola ocasiona febre alta, cefaleia, fraqueza, diarreia, vômitos, dor abdominal, inapetência, odinofagia e manifestações hemorrágicas. A taxa de mortalidade do vírus varia entre 25% e 90%, dependendo da cepa infectante (SES PERNAMBUCO, 2014). AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 40 REVISTA E LE T R Ô N IC A 3.1 Casualidade do Vírus Ebola São considerados casos suspeitos de Ebola aqueles nos quais os indivíduos procedentes de países com transmissão atual de Ebola, como Libéria, Nova Guiné e Serra Leoa, apresentem sintomas como febre súbita acompanhada por sinais hemorrágicos diarreia sanguinolenta, gengivorragia, enterorragia, hemorragia interna, sinas purpúricos e hematúria. Os casos prováveis são aquele em que houve contato com pessoas doentes, incluindo participação em funerais ou rituais fúnebres, ou ainda contato com animais mortos. Os casos são ditos como confirmados quando há resultado laboratorial positivo para reação em cadeia da polimerase (PCR), sendo o exame realizado em laboratório de referência. Aqueles casos em que a sintomatologia é acompanhada por dois resultados negativos de PCR são considerados descartados (SES PERNAMBUCO, 2014). 3.2 Período de Incubação e Transmissão do Vírus O período de incubação do vírus Ebola é variável, podendo ser de dois até vinte e um dias, dependendo do sistema imune do paciente infectado. Durante esse período de incubação não ocorre transmissão do vírus, a qual ocorre apenas após o surgimento da sintomatologia. A transmissão ocorre através de contato com o sangue do paciente infectado, ou com tecidos e outros fluidos corporais do mesmo. Pode ocorrer transmissão também através do contato com superfícies e objetos contaminados (SES PERNAMBUCO, 2014). 3.3 Detecção, Notificação e Registro da Infecção Devido a sua letalidade e a sua grande infectividade, a infecção pelo Ebola é uma doença de notificação compulsória. O responsável pela notificação é o profissional da saúde ou o serviço que prestou o primeiro atendimento ao paciente, de acordo com a Portaria Nº 1.271, de 6 de junho de 2014 (SES PERNAMBUCO, 2014). Segundo essa portaria, todo caso suspeito deve ser imediatamente notificado às autoridades de Secretarias municipais, estaduais e à Secretaria de Vigilância Sanitária (SES PERNAMBUCO, 2014). Adicionalmente, o registro de todos dos casos suspeitos deve ser realizado por meio da ficha de notificação individual no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) utilizando o Código Internacional de Doenças (CID) A98.4 (SES PERNAMBUCO, 2014). AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 41 REVISTA E LE T R Ô N IC A 3.4 Tratamento da Infecção Pelo Vírus Ebola Segundo os Médicos sem Fronteiras (MSF), o tratamento da infecção pelo vírus Ebola é apenas um tratamento de suporte, ou seja, ele consiste apenas em medidas paliativas como hidratar o paciente, mantendo os níveis de oxigênio e a pressão sanguínea, além de tratar possíveis infecções secundárias que possam surgir. O tratamento pode ser mantido pela equipe de saúde após a confirmação do diagnóstico, mas para isso os membros da equipe devem utilizar as vestimentas de proteção adequadas (MSF, 2014). 4 BIOSSEGURANÇA E A DOENÇA DO VÍRUS EBOLA Como a infecção pelo vírus Ebola apresenta uma expansão acelerada, as normas de biossegurança proposta são de extrema importância. Os laboratórios onde o vírus é manipulado são classificados como NB-4, o qual necessita de cuidados especiais (ISHAK et AL., 1989). 4.1 Procedimentos Para Análise Laboratorial de Pacientes Com Suspeita de Infecção Pelo Ebola Os procedimentos para análise laboratorial de amostras de pacientes com suspeita de infecção pelo vírus Ebola devem ser seguidos à risca, desde a coleta do material até o seu processamento. A coleta de amostras biológicas, que só deve ser feita após a chegada da caixa de transporte, deve ser realizada de modo asséptico peala equipe que está cuidando do paciente, sendo que o responsável direto pela coleta deve usar todos os EPIs adequados (SES PERNAMBUCO, 2014). Em relação ao tipo de amostra, devem ser coletados cerca de 10 ml de sangue periférico, sendo uma alíquota para o diagnóstico por PCR e outra alíquota para exames complementares, como teste rápido de malária, tipagem sanguínea e outros. A coleta deve ser feita obrigatoriamente com sistema a vácuo e tubos estéreis selados. A separação do soro não é necessária na fase aguda da doença, visto que esse procedimento aumenta os riscos de contaminação acidental. Para os casos onde haja óbito antes da coleta, sugere-se que sejam coletados fragmentos de pele e swabcom conteúdo nasofaríngeo, além disso, não deve ser realizada a necropsia. AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 42 REVISTA E LE T R Ô N IC A Em relação ao transporte do material coletado, incluindo sangue e tecidos, o mesmo deve ser realizado com gelo seco, no interior de caixas triplas que são destinadas a substâncias infecciosas da categoria A. As substâncias infecciosas da categoria A só podem ser transportadas em embalagens que atendam às especificações da classe 6.2 das Nações Unidas e estejam em conformidade com a instrução de embalagem P620 (SES PERNAMBUCO, 2014). 4.2 Diagnóstico Laboratorial da Infecção Pelo Vírus Ebola Segundo Alberto e colaboradores (2004), o diagnóstico da infecção recente do vírus Ebola é uma tarefa difícil, visto que os primeiros sintomas não são específicos. Quando o indivíduo apresenta uma sintomatologia característica e há suspeitas de infecção pelo Ebola, os testes laboratoriais devem ser realizados o mais brevemente possível. É necessário um exame de sangue, assim como é feito para os casos suspeitos de malária e, se o paciente apresentar diarreia hemorrágica é preciso realizar uma cultura de fezes. No decorrer da viremia, o diagnóstico pode ser feito pela observação de partículas virais ao microscópio eletrônico em amostras de fluidos biológicos. O método de diagnóstico mais fácil e mais utilizado tem sido a imunoflorescência indireta, que é utilizada para detectar o vírus em tecidos infectados ou anticorposantifilovírus, radiação gama (ALBERTO et al., 2004). A técnica de PCR é utilizada para detectar o RNA viral presente na amostra e a técnica de ELISA é empregada para detectar antígenos específicos do vírus ou ainda os anticorpos IgG produzidos em reposta à infecção (ALBERTO et al., 2004). 4.3 Visão Real de Procedimentos Laboratoriais Com Vírus Ebola em Laboratórios NB-4 Em entrevista concedida à revista online Motherboard no ano de 2015, Brammer forneceu diversas informações acerca do funcionamento de um laboratório de Ebola em Tappita na Libéria. Brammer é o responsável pelo gerenciamento do laboratório. Ele entrou no Exército como um soldado de infantaria especializada, tendo servido no Afeganistão. Após esse período no exército, Brammer retornou para a faculdade e se especializou em microbiologia (apud Motherboard, 2015). Segundo Brammer, o laboratório de Tappita é formado por três salas pequenas dentro da estrutura gigantesca do hospital local. Durante a visita para a AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 43 REVISTA E LE T R Ô N IC A realização da entrevista, a equipe jornalística não viu nenhum paciente, nem no hospital, nem na unidade de tratamento. Caso alguma amostra chegasse ao laboratório no período em que estavam lá, Brammer avisou que todos seriam retirados imediatamente do local. Os protocolos e regras de segurança dentro da área de testes são ainda mais rígidos do que na Unidade de Tratamento. O principal objetivo desses laboratórios na Libéria é confirmar se o paciente tem o vírus do Ebola em apenas duas horas, ao invés dos dois dias costumeiros (apud Motherboard, 2015). De acordo com Brammer, as amostras de sangue que chegam ao laboratório são estocadas em um coletor de madeira que fica ao lado da entrada do laboratório, sendo que cada tubo é vedado duas vezes e guardado em caixas térmicas. As entregas são feitas por entregadores montados que chegam de diversas regiões do país. Quando Brammer é informado sobre a chegada de uma nova amostra, sua equipe veste os macacões e começa o dia de trabalho limpando toda a entrada do laboratório com água sanitária (apud Motherboard, 2015). Na prática, o laboratório é dividido em três regiões: zonas frias, zonas mornas e zonas quentes. Para que os funcionários entrem em uma zona quente eles precisam vestir macacões especiais, três pares de luvas, máscara especial, respirador com três filtros de carvão e galochas protetoras. Quando entra no laboratório, a amostra é inserida em uma câmera de isolamento, que é muito semelhante a um aquário com aberturas frontais contendo luvas acopladas. A primeira etapa do processamento é a inativação do vírus com etanol, em seguida é feito o isolamento do RNA do vírus através da técnica de precipitação. O RNA viral obtido é, então, diluído com em uma mistura salina, sendo transferido para um novo tubo. Em seguida, esse RNA diluído é utilizado para realizar o teste de diagnóstico. Uma segunda possibilidade é colocar a amostra biológica em um equipamento chamado de Dispositivo Avançado de Identificação Patogênica (RAPID em inglês) que realiza uma reação em cadeia da polimerase (PCR). Esse equipamento, a primeira vista, não parece muito tecnológico, mas ao cultivar amostras neutralizadas de vírus específicos, o equipamento pode revelar a presença ou ausência de patógenos “É assim que sabemos se alguémestá realmente contaminado", disse Brammer(apud Motherboard, 2015). AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 44 REVISTA E LE T R Ô N IC A 5 CONCLUSÃO De acordo com pesquisas realizadas, podemos concluir que manusear o vírus Ebola em laboratórios de pesquisas requer muita precaução e, principalmente, estar a par dos conhecimentos exigidos de Biossegurança, uma vez que qualquer descuido pode prejudicar gravemente o profissional que esteja realizando o exame. A CTNBio estabelece que os níveis de Biossegurança de um laboratório devem ser classificados de acordo com o grau de risco de cada agente patogênico que são encontrados nesses locais. São descritos atualmente os níveis 1, 2, 3 e 4, sendo o NB-4o mais perigoso, já que está relacionado diretamentea agentes altamente contagiosos. O artigo trouxe uma revisão de várias pesquisas de instituições que se relacionam com o tema. Observou-se que algumas questões referentes ao manuseio de microrganismos altamente patogênicos como o vírus Ebola, tanto em laboratórios clínicos quanto de pesquisas encontram-se defasadas de informações. REFERÊNCIAS ANVISA, Noções Gerais para Boas Práticas na Microbiologia Clínica (ANVISA, 2010)Bibliografia: ANVISA,.Noções Gerais para Boas Práticas na Microbiologia Clínica. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/mod ulo1/atualidade.htm>. Acesso em: 31 maio. 2016. ANVISA, Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica (ANVISA, 2004) Bibliografia: ANVISA,.Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_2_2004.pdf>. Acesso em: 31 maio. 2016. BRAMMER, Insidethe US Army's Ebola Lab in Liberia(Brammer, 2015). Bibliografia: Brammer,.Insidethe US Army's Ebola Lab in Liberia; Libéria - Tappita, 2015. FIOCRUZ, NB4(FIOCRUZ, [s.d.])Bibliografia: FIOCRUZ,. NB4. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb4.html>. Acesso em: 31 maio. 2016. AEMS Rev. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 14 – Número 1 – Ano 2017. 45 REVISTA E LE T R Ô N IC A FIOCRUZ, Níveis de Biossegurança(FIOCRUZ, [s.d.])Bibliografia: FIOCRUZ,. Níveis de Biossegurança. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/niveis_de_bioseguranca.html>. Acesso em: 31 maio. 2016. ISHAK, R., LINHARES, A. C. E ISHAK, M. O. G., BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO (ISHAK; LINHARESISHAK, 1989). Bibliografia: ISHAK, R.; LINHARES, A.; ISHAK, M. BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rimtsp/v31n2/11.pdf>. Acesso em: 31 maio. 2016. KOMMLING SEIXAS, F., Manuseio, Controle e Descarte de Produtos Biológicos(Kommling Seixas, 2016)Bibliografia: Kommling Seixas, F. Manuseio, Controle e Descarte de Produtos Biológicos. Tradução . 1. ed. 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