as causativas sintéticas do português brasileiro

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Núcleo de Pesquisa e Estudos Sociolinguísticos, Dialetológicos e Discursivos
• NUPESDD-UEMS
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • Vo lu m e 6 • Nú m er o 17 • No vem b r o 2 01 5
AS CAUSATIVAS SINTÉTICAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA
ABORDAGEM MINIMALISTA1
Glenda Aparecida Queiroz Milanio (FALE/UFMG)2
[email protected]
Lorenzo Vitral (FALE/UFMG)3
[email protected]
RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir a formação das sentenças causativas sintéticas com verbos
transitivos no Português Brasileiro. Para a consecução de tal análise, adotamos os pressupostos teóricos do
Programa Minimalista, sobretudo, os trabalhos de Pylkkänen (2002; 2008) e de Blanco (2010; 2011). Com base
nesses estudos, buscamos descrever as propriedades sintáticas e semânticas dessas sentenças. Em relação às
propriedades semânticas, desenvolvemos um teste para a identificação dessas causativas, pois constatamos que
apenas verbos motores de segunda ordem (com instrumentos alienáveis) licenciam sua construção. Quanto às
propriedades sintáticas, assumimos que essas sentenças são derivadas de causativas analíticas e que apresentam
o padrão selecional vP fásico e o padrão Non-Voice-Bundling, em que VoiceP ocorre cindido de vP.
Finalizando, esperamos que essas descrições semânticas e sintáticas possam contribuir para os estudos
translinguísticos sobre as causativas.
PALAVRAS-CHAVE: Causativas sintéticas. Verbo transitivo. Estrutura argumental.
ABSTRACT: This article aims to discuss the formation of synthetic causative sentences with transitive verbs in
Brazilian Portuguese Language. In this analysis, we adopted the framework of the Minimalist Program,
especially the works of Pylkkänen (2002; 2008) and Blanco (2010; 2011). Based on these studies, we described
the syntactic and semantic properties of these sentences. In relation to the semantic properties, we developed a
test to identify these causatives, since we noted that only motor verbs of the second order (with inalienable
instruments) license these constructions. In relation to the syntactic properties, we assumed that these sentences
are derived from the analytic causatives and require the selectional parameter vP phasic and parameter NonVoice-Bundling, where VoiceP occurs split of vP. Finally, we hope that these semantic and syntactic
descriptions contribute to the crosslinguistic analysis on the causatives.
KEYWORDS: Synthetic Causatives. Transitive verb. Argument structure.
1 Introdução
O presente trabalho tem como objetivo examinar a formação das sentenças causativas
sintéticas no Português Brasileiro (PB). Para a execução de tal empreitada, adotaremos as
1
Este trabalho foi extraído da dissertação de mestrado intitulada “As causativas sintéticas do português
brasileiro: de acordo com o modelo minimalista”, sob a orientação do professor Dr. Lorenzo Teixeira Vitral.
2
Doutoranda em Linguística Teórica e Descritiva, pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
(POSLIN), da Faculdade de Letras (FALE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
3
Professor Associado 4 da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG).
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pressupostos teóricos do Gerativismo, sobretudo, os desenvolvimentos recentes do Programa
Minimalista (CHOMSKY, 1999, PYLKKÄNEN 2002, 2008; BLANCO, 2010, 2011;
CAMARGOS, 2013; SCHÄFER, 2008). A partir desse cenário, investigaremos sentenças
como Mara cortou o cabelo, Pedro operou o pé e Caetano reformou o apartamento,
assumindo que se tratam de sentenças causativas sintéticas, uma vez que possuem o evento
causador e o evento causado (BITTENCOURT, 1955, 2001). Nesse contexto, defenderemos
que essas causativas sintéticas formadas com verbos transitivos são derivadas da causativa
analítica.
Para explicarmos as propriedades sintáticas das causativas sintéticas com verbos
transitivos, adotaremos a proposta de Blanco (2010, 2011), baseada em Pylkkänen (2002,
2008), que propõe uma parametrização universal para as sentenças causativas. Diante disso,
vamos assumir que as causativas sintéticas formadas com verbos transitivos, em relação ao
núcleo causativo, apresentam padrão selecional fásico, ou seja, é formada por meio de uma
estrutura mais articulada capaz de selecionar um argumento externo no domínio encaixado.
Além disso, assumiremos também que as causativas sintéticas formadas com verbos
transitivos possuem padrão Non-Voice-Bundling, em que VoiceP ocorre cindido de vCAUSE.
Em relação às propriedades semânticas, consideraremos Levin (1993) e Levin Rapport
(1995) e ainda a representação modular da mente (STILLINGS et al, 1995). Partindo desses
estudos, buscaremos distinguir as propriedades dos verbos que possibilitam a formação das
causativas sintéticas com verbos transitivos e proporemos o reconhecimento de critérios
semânticos para a identificação dessas sentenças.
Este texto está dividido em quatro seções. Na seção segunda, apresentamos o
referencial teórico, baseado, sobretudo, em Pylkkänen (2002, 2008) e em Blanco (2010,
2011). Na terceira seção, examinamos as propriedades sintáticas e as semânticas das
causativas sintéticas. Na quarta e última seção, tecemos as nossas considerações finais.
2 Quadro Teórico
As sentenças causativas compõem um quadro fértil de discussões, pois, na literatura,
inúmeros trabalhos buscam descrever essas estruturas. Dentre os diversos trabalhos
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realizados sobre as causativas, o estudo de Bittencourt (1995, 2001) para os dados do PB
possui bastante relevância, ao propor uma taxonomia para as causativas. A autora apoia-se
em correntes teóricas distintas, como a Gramática Tradicional, a Teoria Gerativa e,
sobretudo, os trabalhos funcionalistas (SHIBATANI 1975, 1976 e GIVÓN, 1975 e 1990)
para analisar essas sentenças. Bittencourt (1995), considerando Shibatani (1976), esclarece
que o processo causativo apresenta dois eventos, que ocorrem em momentos distintos: o
evento causador ocorre num primeiro momento (t1), enquanto o evento causado ocorre num
segundo momento (t2). A partir disso, Bittencourt (1995, 2001) caracteriza três estruturas
básicas para os dados do PB: as causativas analíticas, as semianalíticas e as sintéticas.
Segundo a autora, as causativas analíticas dispõem necessariamente de um verbo
causativo como mandar, fazer, deixar, seguido de uma oração completiva (ex.: João fez
(com) que Maria varresse a casa). De acordo com Bittencourt (1995, 2001), as causativas
semianalíticas também apresentam duas orações, uma com verbo causativo e outra oração
completiva. Contudo, a autora destaca que, nesse tipo de causativa, o causado, geralmente, é
expresso por um oblíquo, indicando uma relação mais estreita entre a oração principal e o
predicado causativo (ex.: João nos fez varrer a casa/João te fez varrer a casa). Bittencourt
(1995, 2001), por fim, descreve a causativa sintética, cuja estrutura não possui um verbo
necessariamente causativo. Conforme a autora, esse tipo de estrutura pode ser formada a
partir de verbos intransitivos (ex.: A mãe correu os meninos da sala) e verbos transitivos
(ex.: Maria fez as unhas pela manicure/ João consertou o carro pelo mecânico).
Tomando como base o trabalho de Bittencourt (1995, 2001), Silva (2009) investiga as
sentenças causativas sintéticas, analisando as estruturas formadas a partir de verbos
transitivos e intransitivos. A autora defende, baseada na teoria semântica (CANÇADO, 2003;
2006) e na Teoria Gerativa (CHOMSKY, 1999; HALE & KEYSER, 1993; 1998), que as
causativas sintéticas formadas com verbos transitivos necessitam de um sintagma
preposicional (SP) para licenciá-las (SILVA, 2009, p. 103):
(1)
a. A Luma de Oliveira fez sua fantasia de madrinha da bateria pelas costureiras da própria escola.
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b. Eu consertei o carro por aquele mecânico de nome maluco.4
Silva (2009) considera fundamental, na causativa sintética, o SP que projeta o terceiro
argumento da sentença, isto é, o causado. Assim, para a autora, é o DP que abriga
costureiras e mecânico que possibilita a interpretação semântica do agente da ação expressa
pelo verbo transitivo tanto em (1a) quanto em (1b). Diante disso, Silva (2009) defende que é
o SP que possibilita o licenciamento das causativas sintéticas, uma vez que é a preposição
que permite a valoração do Caso abstrato ao terceiro argumento.
Estudos recentes desenvolvidos à luz do Programa Minimalista discutem a formação
das sentenças causativas (CHOMSKY, 1999, PYLKKÄNEN 2002, 2008; BLANCO, 2010,
2011; CAMARGOS, 2013; SCHÄFER, 2008). Nesse cenário, a pesquisa realizada por
Pylkkänen (2002, 2008) ganha destaque, ao discutir a formação das causativas, propondo
uma parametrização, por meio de uma análise translinguística, baseada, sobretudo, em dados
do finlandês, do inglês e do japonês. Além disso, Pylkkänen (2002, 2008) discute a formação
de construções aplicativas e desenvolve uma tipologia universal dos núcleos aplicativos,
fundamentada na pesquisa de Marantz (1993) sobre as construções de duplo objeto.
Em relação aos núcleos aplicativos, Pylkkänen (2002, 2008), ao investigar dados de
línguas como o inglês e o chaga, distingue dois tipos de núcleos: o aplicativo alto e o
aplicativo baixo. A autora elucida que o núcleo aplicativo alto, que ocorre em línguas chaga, é
projetado acima da raiz verbal ou de VP, conforme pode ser visto em (2a). Esse núcleo que
ocorre abaixo de VoiceP (wife) é interpretado como beneficiário do evento. Isso ocorre em
chaga, porque um argumento que denota semanticamente o beneficiário pode ser relacionado
a verbos inergativos5. Já o núcleo aplicativo baixo, conforme pode ser visto em (2b), é
4
Cabe descartar que a preposição pelas e por presentes nos dados (1a) e (1b), respectivamente, se substituídas
pela preposição com, parece formar sentenças mais aceitáveis no PB. Por exemplo, “A Luma de Oliveira fez sua
fantasia de madrinha da bateria com as costureiras da própria escola” e “Eu consertei o carro com aquele
mecânico de nome maluco.
5
No PB, esse tipo de causativa não é licenciada, pois verbos inergativos não projetam um segundo argumento
capaz de ser interpretado semanticamente como beneficiário. Por exemplo, em O Marido chorou/nadou a
esposa, verbos como chorar e nadar não projetam um segundo argumento que possa ser interpretado como
beneficiário do evento descrito, visto que os verbos inergativos, no português, são considerados verbos
intransitivos que dependem do controle de um agente (MIRA MATEUS, 2003).
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projetado abaixo de VP, expressando uma relação dinâmica de transferência de posse, em
que o DP mais alto estabelece uma relação possessiva direcional ao DP-tema mais baixo.
Dados do inglês como John baked Bill a cake e John sent Mary a letter (= John assou um
bolo para Bill e João enviou uma carta para Maria) exemplificam essa relação, na qual o DP
Bil e o DP Mary podem ser semanticamente interpretados como recipiente ou beneficiário do
evento descrito (PYLKKÄNEN, 2008, p. 14):
(2)
a. APLICATIVO ALTO (CHAGA)
VoiceP
he
b. APLICATIVO BAIXO (INGLÊS)
VoiceP
I
Voice
wife
Voice
bake
ApplBen
eat
him
food
Appl
cake
(PYLKKÄNEN, 2008, p. 14)
Em relação às construções causativas, Pylkkänen (2002, 2008) define que todas as
construções causativas envolvem os núcleos funcionais: VoiceP e vCAUSE. Inicialmente, a
autora revisa a proposta teórica de Kratzer (1996), que prevê que toda sentença formada com
verbos transitivos, que expressam ação, possuem um núcleo funcional para abrigar o agente,
VoiceP. Pylkkänen (2002, 2008) esclarece que esse núcleo é responsável por projetar o
argumento externo nas sentenças causativas. De acordo com a autora, além de VoiceP, as
sentenças causativas também possuem o núcleo causativo (vCAUSE), que emerge da fusão com
VP, tornando possível a introdução do argumento causador do evento, que, em geral, é
relacionado, semanticamente, ao papel de agente da ação verbal. Com base nisso, a autora
descreve os parâmetros para a realização de VoiceP e de vCAUSE nas sentenças causativas.
Partindo de uma análise translinguística, Pylkkänen (2002, 2008) identifica que há
duas variações para a realização das causativas, a saber: Voice bundling e Selection. Segundo
a autora, em línguas, como o finlandês e o japonês, ocorre uma cisão entre vCAUSE e VoiceP
(i.e. Non-Voice-bundling), conforme pode ser observado em (3a). Já em línguas como o inglês,
VoiceP é sintaticamente dependente de vCAUSE, (i.e. Voice bundling), conforme pode ser visto
em (3b).
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(3)
VARIAÇÃO: VOICE BUNDLING
a. Causativa non-voice-bunling (Japonês, finlândes)
b. Causativa voice-bunling (Inglês)
x
x
[Voice, cause]
Voice
CAUSE
(PYLKKÄNEN, 2008, p. 84)
Quanto à variação Selection, Pylkkänen (2002, 2008) divide em três tipos: i) Rootselecting, seleção de uma raiz (cf. 4a), Verb-selecting, seleção de um VP (cf. 4b), e Phaseselecting, seleção de um vP fásico, que possibilita a formação de uma estrutura mais
articulada, capaz de projetar um argumento externo no domínio da sentença encaixada (cf. 4c).
(4)
VARIAÇÃO: SELECTION (SELEÇÃO)
a. Root-selecting Cause
(Seleção de raiz)
x
Root
b. Verb-selecting Cause
(Seleção VP)
Cause
c. Phase-selecting Cause
(Seleção vP fásico)
Cause
v
Root
Ext
(PYLKKÄNEN, 2008, p. 85)
Com base nos estudos de Pylkkänen (2002, 2008), Blanco (2010, 2011) investiga as
sentenças causativas em línguas como o hiaki e o espanhol. Assim como Pylkkänen (2002,
2008), Blanco (2010, 2011) propõe um estudo translinguístico, no qual que verifica como os
argumentos das construções causativas são estruturados, além de buscar reconhecer possíveis
restrições sintáticas e semânticas no processo de formação dessas sentenças. Destacaremos
aqui, a análise comparativa realizada por Blanco (2010, 2011) sobre as propriedades das
causativas analíticas (perifrásticas) construídas a partir do verbo make, em inglês, e das
sentenças causativas formadas com o verbo hacer em espanhol. Para a realização dessa
análise, Blanco (2010, 2011) considera o diagnóstico das causativas com padrão selecional
fásico, proposto por Pylkkänen (2002, 2008). Segundo Pylkkänen (2002, 2008), no processo de
formação das causativas com padrão selecional fásico é possível6:
6
Pylkkänen’s diagnostics for Phase-selecting causatives
a. VP modification of caused event is possible
b. Verbal morphology is possible between the Root and vCAUSE
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(5)
a. Modificação da raiz por advérbios modificadores de VP;
b. Morfologia verbal entre a Raiz e vCAUSE;
c. Modificadores orientados para agente do evento causado;
d. Morfologia do aplicativo alto entre a Raiz e vCAUSE;
e. Causativas a partir de verbos inergativos e transitivos. 7
Diante disso, Blanco (2010, 2011) indaga a análise de Pylkkänen (2002, 2008), ao
parametrizar que, em línguas como o inglês e o espanhol, as causativas possuam o padrão
selecional raiz. Blanco (2010, 2011) elenca argumentos para justificar a necessidade de
reformulação da proposta de Pylkkänen (2002, 2008) e defende que as causativas formadas
com verbo make, em inglês, assim como com verbo hacer, em espanhol, apresentam o padrão
selecional fásico. Assim, Blanco (2010, 2011) discute algumas propriedades compartilhadas
por essas causativas, em relação ao padrão selecional vP fásico, para sustentar a aplicação do
diagnóstico preconizado por Pylkkänen (2002, 2008). Inicialmente, Blanco (2010, 2011)
destaca que as causativas formadas com make expressam uma leitura ambígua, visto que o
espoco do advérbio pode incidir sobre o evento causador introduzido por vCAUSE, conforme
pode ser observado em (6a). Enquanto, em (6b), o advérbio não possui escopo sobre o evento
causador, pois parece ser gerado na base do evento causado, ligado ao vP mais baixo Blanco
(2011, p. 122).
(6)
I made John cry in his room (=Eu fiz John chorar no quarto)
a. John and I were in his room and I made him cry (high attachment)
(=John e eu estávamos em seu quarto e eu o fiz chorar (ligação alta))
b. I made John cry and he did it in his room (low attachment)
(=Eu fiz John chorar e ele estava em seu quarto (ligação baixa))
Blanco (2010, 2011) esclarece que outra evidência que corrobora o padrão selecional
fásico para as causativas, em inglês, refere-se à possibilidade de projetar um material
interveniente entre o evento causador e o causado. Para a autora, a causativa formada com o
verbo make, não só possui um argumento interveniente, como o exige, uma vez que é a
c. Agent oriented modification of caused event is possible
d. High applicative morphology is possible between the Root and vCAUSE
e. Causatives based on unergatives and transitives are possible
(Pylkkänen (2002, 2008) apud Blanco (2010, 2011), p. 122)
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ausência do causado intermediário que explica a agramaticalidade de sentenças como *Mary
made run (*Maria fez correr). Assim, Blanco (2010, 2011) argumenta que as causativas
compostas com make requerem um argumento externo, ainda que não seja necessariamente o
agente da sentença encaixada. Em contrapartida, sentenças como as passivas, por exemplo,
possibilitam a ausência do argumento externo na posição de especificador, segundo a autora.
Outra propriedade que Blanco (2010, 2011) discute refere-se à permissão de
modificadores orientados para agente do evento causado (BLANCO, 2011, p. 125):
(7)
Verbal modification (agentive) (= Modificadores orientados para agente do evento causado)
I made John cry on purpose (= Eu fiz John chorar de propósito)
a. I, on purpose, made John cry (high attachment) (= Eu, de propósito, fiz João chorar (ligação alta)
b. I made him [cry on purpose] (low attachment) (= Eu o fiz chorar [chorar de propósito] (ligação
alta)
Conforme pode ser observado, em (7a), o modificador on purpose (de propósito)
provoca uma leitura ambígua, na qual pode ser orientado para o agente ou para o argumento
externo da sentença encaixada. Para Blanco (2010, 2011), essa é mais uma evidência da
seleção desse argumento externo como parte da estrutura encaixada do verbo make. Além
disso, torna-se mais uma prova da seleção do padrão vP fásico nessas causativas.
Blanco (2010, 2011) ainda ressalta como outra propriedade dessas causativas o fato de
licenciarem, no domínio encaixado, orações formadas a partir de verbos inergativos e de verbos
transitivos, conforme pode ser observado, abaixo, (BLANCO, 2011, p. 127):
(8)
Phase (productive) causatives (= Causativas produtivas – seleção fásica)
a. unergative (inergativa)
I made John cry (= Eu fiz João chorar)
b. transitive (transitiva)
I made Mary eat chocolate (= Eu fiz Maria comer chocolate)
(9)
Root (lexical) causatives (= Causativas – seleção raiz)
a. unergative (inergativa)
*I cried John (= *Eu chorei John)
b. transitive (transitiva)
*I ate Mary chocolate (i.e. I made Mary eat chocolate)
(= * Eu comi Maria chocolate – i.e. Eu fiz Maria comer chocolate)
Os dados apresentados, em (8a), requerem um argumento externo para introduzir
VoiceP, de acordo com Blanco (2010, 2011). Em uma análise contrastiva com as causativas
lexicais, em (9), é possível verificar que as sentenças causativas que selecionam uma raiz não
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podem conter um argumento externo abaixo de vCAUSE. Para a autora, isso acarreta na
impossibilidade de verbos transitivos e inergativos no domínio encaixado. Assim, ao analisar a
representação, em (10), Blanco (2010, 2011) ressalta que o verbo make requer um sentença
encaixada capaz de projetar mais VoiceP, abaixo do verbo da oração principal. Esse VoiceP
será associado ao evento que pode ser sintaticamente licenciado pelo argumento externo Mary
(BLANCO, 2011, p. 127):
(10)
transitives under ‘make’ (= verbo transitivo abaixo de make)
VoiceP
I
Voice’
VoiceACTIVE
vPCAUSE
VCAUSE
made
VoiceP
Mary
Voice’
Voice
vP
P
v
EAT
chocolate
Segundo Blanco (2010, 2011), esse é mais um indício que as causativas formadas com
make apresentam padrão selecional vP fásico. Assim, como base, sobretudo, nas propriedades
levantadas sobre as causativas formadas com o verbo make, Blanco (2010, 2011), assume que
essas sentenças possuem uma fase VoiceP (em vez de CP/TP). Por meio de uma explicação
acurada, a autora defende que VoiceP é uma fase, que pode estar envolvida em todos os tipos
de construções, sejam elas ativas ou passivas. Blanco (2010, 2011) argumenta que VoiceP, ao
ser identificado como uma fase, possibilita a concordância com T, permitindo que traços nãointerpretáveis (uT) sejam valorados e excluídos antes de Spell-out. Isso possibilita que o DP
alocado na posição de especificador concorde com T, para receber Caso nominativo, alçando,
assim, para [Spec, TP]. Desse modo, Blanco (2010, 2011) assume que as causativas formadas
com o verbo make possuem uma fase VoiceP, que licencia a introdução de uma sentença
encaixada. Portanto, a autora concebe que as causativas com o verbo make possuem uma
padrão selecional vP fásico, em que vCAUSE seleciona uma fase VoiceP como complemento,
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bem como apresentam a parametrização Non-Voice-Bundling. A partir disso, Blanco (2010,
2011) passa analisar as causativas com o verbo hacer (i.e. FI, Faire-infinitive – Fazerinfinitivo – c.f. KAYNE, 1975), em espanhol:
(11)
FI
Le
he
hecho a Juan comer chocolate
3s.D
have(1s) made to John eat chocolate
‘I made John eat chocolate’ (= Eu fiz João comer chocolate)
Segundo a autora, dados do espanhol, como em (11), compartilham as mesmas
propriedades destacadas sobre as causativas formadas com o verbo make em inglês. Isso
significa que as sentenças causativas formadas com o verbo hacer, em espanhol, apresentam
o padrão selecional vCAUSE fásico e o parâmetro Non-Voice-Bundling, ou seja, VoiceP
ocorre cindido de vCAUSE. Blanco (2010, 2011) argumenta a favor dessa parametrização,
considerando as mesmas propriedades sobre as causativas formadas com o verbo make, uma
vez que as causativas formadas com o verbo hacer possibilitam modificadores da raiz por
advérbios modificadores de VP, pois o advérbio pode ter escopo sobre o evento causador ou
sobre o evento causado. Além disso, há um material interveniente, ou seja, um argumento
externo entre o verbo hacer e a raiz. As causativas com hacer também apresentam
interpretação ambígua em relação ao escopo dos modificadores, visto vez que eles podem ser
orientados para o agente da oração principal ou para o argumento externo da sentença
encaixada. Por fim, essas causativas possibilitam orações completivas formadas a partir de
verbos inergativos e de transitivos, enquanto não licenciam causativas com os verbos
inacusativos, sem a presença de um argumento externo no domínio da sentença encaixada.
Diante dessas exposições, adotaremos a análise de Blanco (2010, 2011) para os dados
PB, assumindo que as sentenças causativas analíticas formadas com o verbo fazer possuem o
padrão selecional vCAUSE fásico e o parâmetro Non-Voice-Bundling. Essa adoção deve-se ao
fato das causativas analíticas compartilharem propriedades semelhantes às discutidas por
Blanco (2010, 2011), tanto para os dados do inglês e do espanhol, quanto para os do PB.
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3 As causativas sintéticas do PB
Baseada em trabalhos desenvolvidos à luz do Programa Minimalista (CHOMSKY,
1999, PYLKKÄNEN 2002, 2008; BLANCO, 2010, 2011; CAMARGOS, 2013; SCHÄFER,
2008), Milanio (2014) examina as sentenças causativas sintéticas do PB (MILANIO, 2014, p.
70):
(12)
a. Mara cortou o cabelo
b. Pedro operou o pé
c. Caetano reformou o apartamento
d. José consertou o carro
e. Tereza pintou a casa
f. O fazendeiro inseminou as vacas
g. Ester transplantou a córnea
h. Artur podou a grama
De acordo com a análise de Silva (2009), discutida na seção anterior, os dados acima,
para serem licenciados no PB, necessariamente requerem um SP. Para a autora, os dados,
como em (12a)(12-h), é esse SP que introduz o argumento responsável pelo evento causador,
como com cabelelereiro, em (12a), com cirurgião, em (12b), com o pedreiro/empreiteira, em
(12c), e assim sucessivamente. Entretanto, Milanio (2014) contrapõe essa análise, uma vez
que assume que as causativas sintéticas não requerem um SP para serem licenciadas, visto
que são derivadas de uma estrutura causativa analítica. Para o desenvolvimento deste estudo,
Milanio (2014) busca investigar as propriedades sintáticas e semânticas dessas sentenças, que
serão discutidas nas próximas seções.
3.1 Propriedades semânticas das causativas sintéticas
Milanio (2014), no que se refere às propriedades semânticas das causativas sintéticas,
baseia-se, inicialmente, em Levin (1993) e Levin e Rappaport (1995) para assumir que essas
sentenças são formadas por verbos transitivos (cortar, operar, reformar, consertar, etc.),
reconhecendo como propriedade semântica a necessidade de um instrumento para execução
da ação. Desse modo, postulamos que um verbo como cortar requer um instrumento
cortante, como tesoura, lâmina e estilete, para a realização da ação, já o verbo operar requer
instrumentos cirúrgicos, como bisturi, pinça, tesoura, etc. Por fim, o verbo reformar requer
instrumentos da construção civil, como marreta, martelo, talhadeira, etc.
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Apoiando-se na visão global da arquitetura cognitiva (STILLINGS, et al.,1995),
Milanio (2014) busca reconhecer as propriedades dos verbos que formam as causativas
sintéticas. Nesse contexto, Milanio (2014) fundamenta-se na tese da modularidade, para
distinguir os verbos que permitem a construção de sentenças causativas formadas a partir de
verbos transitivos. Assim, são identificadas três classes de verbos, sendo apenas uma
categoria específica de verbos motores que permitem tais construções causativas. Vejamos a
proposta (MILANIO, 2014):
Verbos sensoriais  relacionados ao sistema sensorial, como ver, ouvir, enxergar, cheirar. As ações
descritas por esses verbos requerem partes específicas do corpo, como olhos, ouvidos, isto é,
instrumentos biológicos inalienáveis.
Verbos de processamento  relacionados ao sistema central, como pensar, refletir, memorizar, amar,
lembrar. Esses verbos também necessitam de instrumentos biológicos inalienáveis (ex.: diferentes
regiões cerebrais).
Verbos motores  Esta categoria contém duas subclasses:
Primeira ordem: verbos relacionados ao sistema motor, como beijar, arranhar e chutar.
Esses verbos também requerem instrumentos biológicos inalienáveis (ex.: boca, unha, pés).
Segunda ordem: relacionados ao sistema motor, como cortar, reformar e operar. Esses
verbos requerem, semanticamente, instrumentos artificiais alienáveis (ex.: tesoura, lâmina,
bisturi, pinça, marreta, martelo, etc.).
Considerando a visão global da arquitetura cognitiva (STILLINGS, et al.,1995),
Milanio (2014) constatou que apenas os verbos motores de segunda ordem licenciam
construções causativas sintéticas formadas a partir de verbos transitivos. Esses verbos
requerem semanticamente um instrumento, assim como analisado por Levin (1993) e Levin e
Rappaport (1995), contudo deve ser um instrumento alienável, isto é, deve ser passível a
transferência de posse entre indivíduos. Desse modo, uma sentença como Mara cortou o
cabelo pode ser classificada como causativa sintética, uma vez o verbo cortar requer
necessariamente um instrumento artificial alienável (ex.: tesoura, navalha). Ou seja, o
instrumento, além de ser, semanticamente fundamental, para realização da ação, pode ser
alienável. Nesse caso, é absolutamente possível uma pessoa cortar o cabelo de outra,
deslocando as tesouras, aparadores e pentes de um agente para outro. Entretanto, a sentença
Mara beijou Bernardo (com a boca), apesar de ser formada com um verbo motor, requer um
instrumento biológico (no caso, a boca), que, embora seja indispensável à realização da ação,
não pode ser alienado, ou seja, transferido de posse entre indivíduos. Diante disso, Milanio
(2014, p. 39-40) propôs um teste que possibilita julgar e decidir, com maior segurança,
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quando uma sentença poderá ser identificada como causativa sintética formada a partir de
verbo transitivo. O teste é composto por cinco etapas, a saber:
1ª) Etapa – Verificar a transitividade do verbo:
Para a formação de uma causativa sintética, é necessário que seja construída com verbos transitivos.
2ª) Etapa – Verificar se o verbo está associado ao sistema sensorial, ao processamento ou ao Motor:
Para a formação de uma causativa sintética, é necessário que o evento descrito seja relacionado a um
verbo motor.
3ª) Etapa – Identificar se há ambiguidade de papel temático:
É necessário que ocorra uma interpretação ambígua. Inicialmente, deve haver duas interpretações: i) o
argumento externo pode ser interpretado como o agente do evento descrito; ou ii) o argumento
intermediário que, embora não seja realizado fonologicamente, seja interpretado como agente do
evento descrito.
4ª) Etapa – Verificar se há a necessidade da utilização de instrumento artificial (tesoura, bisturi,
alicate etc.) para a realização da ação:
É fundamental que o verbo expresso requeira semanticamente um instrumento artificial.
5ª Etapa – Conferir se o instrumento é alienável, ou seja, se ele pode ser deslocado de uma pessoa
para outra:
É imprescindível que o instrumento requerido, semanticamente, possa ter sua posse transferida, isto é,
um instrumento artificial alienável.
Assim, consideramos que por meio da aplicação do teste proposto, é possível verificar
as propriedades semânticas que as causativas sintéticas apresentam, permitindo reconhecer
com maior confiabilidade uma causativa sintética formada a partir de verbo transitivo.
3.2 Propriedades sintáticas das causativas sintéticas
Neste trabalho, em relação às propriedades sintáticas, assumimos que as causativas
sintéticas formadas com verbos transitivos são derivadas de uma construção analítica. Dessa
forma, concebemos que causativas sintéticas possuem uma estrutura subjacente que é
interpretada como nos dados apresentados, em (15b)-(17b):
(13)
(14)
(15)
a. Mara cortou o cabelo
b. Marai fez [alguém cortar [seu]i cabelo]
a. Pedro operou o pé
b. Pedroi fez [alguém operar [seu]i pé]
a. Caetano reformou o apartamento
b. Caetanoi fez [alguém reformar [seu]i apartamento]
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Nos dados acima, é possível observar que a estrutura subjacente (15b)-(17b) é
formada a partir do verbo fazer. Além disso, apresentam uma estrutura mais articulada para
abrigar dois argumentos externos. O primeiro argumento externo é relacionado ao verbo
fazer, sendo interpretado como o causador do evento, já o segundo argumento externo está
relacionado ao verbo da sentença encaixada. Assim, assumimos que as causativas sintéticas
formadas a partir de verbos transitivos são licenciadas, justamente, em função do
licenciamento do argumento externo na sentença encaixada, embora ele não seja realizado
fonologicamente, ele será o responsável pela a execução do evento expresso pelo verbo
transitivo. Desse modo, consideraremos que, apesar de esse argumento ser identificado como
o evento causado, ele apresenta um traço [+ agentivo], uma vez que é interpretado como um
sujeito indeterminado (como um cabeleireiro, cirurgião, pedreiro, por exemplo) capaz de
executar a ação verbal. Essas propriedades são consonantes com as propriedades discutidas
por Blanco (2010,2011), baseada em Pylkkänen (2002, 2008), para sentenças causativas
formadas com o verbo make e o verbo hacer. Desse modo, partindo da investigação de
Blanco (2010,2011), adotamos que as causativas sintéticas apresentam o padrão selecional
vCAUSE fásico e o parâmetro Non-Voice-Bundling, conforme é possível observar na estrutura
sintática, abaixo, (MILANIO, 2014, p. 77):
(16)
a. Mara cortou o cabelo
b. VoiceP
DP
Mara
Voice’
Voiceº
vP CAUSE
agente
Vº CAUSE
VoiceP
DP
proarb
Voice’
Voiceº
Causado
[+ agentivo]
VP
vP
Vº
cortar
DP
o cabelo
Nessa estrutura, o DP que está alocado em [Spec, VoiceP] é o argumento externo do
verbo, que na causativa sintética não é realizado fonologicamente, uma vez que é um verbo
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leve. Nesta análise, assumimos que esse DP, por ser causador do evento, é interpretado como
um agente, pois ele é responsável por causar o evento expresso pelo verbo da sentença
encaixada, entretanto, não é o agente da ação de cortar. Por isso, há a seleção do vPCAUSE,
pois a causatividade está relacionada também a agentividade da fase VoiceP tomada como
complemento.
Assim, na causativa sintética, em (16b), o VoiceP projetado abaixo de vPCAUSE é
identificado como um sujeito indeterminado, isto é, um proarb. O proarb é uma categoria vazia,
interpretada como o indivíduo, o cara, a pessoa, que possui traços semânticos [+animado] e
[+genérico] (DUARTE, 1995). Diante disso, vamos defender que o proarb é projetado na fase
VoiceP, complemento do vPCAUSE. O proarb será, portanto, interpretado como um sujeito de
referência arbitrária responsável por executar o evento descrito pelo verbo da sentença
encaixada (como cortar, operar, reformar). Assumimos também que, nessa causativa, o
proarb não é visível na Forma Fonológica (FF), porém é processado na Forma Lógica (FL).
Desse modo, vPCAUSE, por estar em concordância com Voiceº, que está no domínio
encaixado, possibilita a checagem de Caso Nominativo do DP proarb na LF. Esse DP tem seu
Caso checado e apagado antes da PF, uma vez que não demonstra traços fonológicos
interpretáveis. É importante ressaltar que a relação de Concordância parece ser a condição
preponderante para a valoração de Caso Nominativo ao DP proarb (VITRAL, 1987). No
entanto, apesar de citarmos essa condição para a atribuição de Caso nessas estruturas, não
aprofundaremos essa discussão.
Além disso, em (16b), o verbo transitivo cortar está de acordo com Restrição de
Movimento de Núcleo (Head Movement Constraint), prevista por Chomsky (1999). Esse
movimento é visível na FF, possibilitando com que o DP (Mara) seja interpretado como
sujeito do verbo (cortar). Na estrutura analítica, o verbo transitivo (cortar) não se
movimenta, pois a posição de argumento externo desse verbo já está preenchida por um DP
(o cabeleireiro, o cirurgião, o pedreiro, por exemplo).
Assumimos também como propriedade semântica das causativas sintéticas com
verbos transitivos, a necessidade de que sejam formadas com verbos motores de segunda
ordem. Consequentemente, essas causativas requerem um instrumento, apesar de ser uma
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propriedade semântica fundamental, esse argumento nem sempre será realizado
fonologicamente. Com base em Pylkkänen (2002, 2008), postulamos que o instrumento será
projetado por meio de um núcleo aplicativo alto, nas causativas sintéticas. Vale destacar,
aqui, a análise de Naves e Lima-Salles (2011), na qual as autoras investigam a realização do
instrumento em sentenças que o agente possui o controle da ação não permitem alternância
(Joana costurou o vestido com a agulha/ * A agulha costurou o vestido). Nessas estruturas
não-alternantes, as autoras esclarecem que, se o instrumento for realizado, será introduzido
pela preposição com como núcleo lexical. Desse modo, estabelecemos que as causativas
sintéticas
formadas
com
verbos transitivos,
caso
o
instrumento
seja realizado
fonologicamente, será projetado em adjunção ao vP (MILANIO, 2014, p. 79):
(17)
a. João cortou o cabelo com a navalha
b. VoiceP
DP
João
Voice’
Voiceº
vP CAUSE
VoiceP
Vº CAUSE
DP
proarb
Voice’
Voiceº
VP
vP
ApplP
VP
Vº
cortar
Appl
Ø
DP
o cabelo
PP
P
com
DP
a navalha
Assim, apesar de considerarmos o instrumento uma propriedade semântica
fundamental para a formação da causativa sintética com verbo transitivo, se esse instrumento
ocorrer, será projetado em um núcleo aplicativo adjunto ao vP. O fato de esse argumento ser
projetado em posição de adjunção pode ser explicado com base em Ernst (2004). Para o
autor, os adjuntos, embora sejam capazes de modificar internamente o evento, podem ser
excluído de vP, como, por exemplo, no caso do sintagma preposicional.
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Por fim, apresentamos o quadro 1, abaixo, que sintetiza as propriedades gerais da
causativas sintéticas formadas com verbos transitivos discutidas ao longo deste texto
(MILANIO, 2014, p. 87):
Quadro 1 – Resumo das propriedades semânticas e sintáticas das sentenças
causativas sintéticas formadas a partir de verbo transitivo
Propriedades Semânticas
i) Requer verbo transitivo:
a. ser verbo motor de segunda ordem;
b. requer instrumento artificial alienável
(como precondição semântica).
ii) Requer ambiguidade de papel temático na
posição de argumento externo.
Propriedades Sintáticas
i) Requer VoiceP mais alto para projetar o argumento
externo do verbo leve;
ii) Requer vPCAUSE nucleado por v0 CAUSE;
iii) Requer VoiceP mais baixo (complemento de
v0CAUSE) para projetar o DP proarb;
iv) Requer vP para projetar o P:
a . P projeta verbo e DP argumento interno;
 Quando há realização fonológica do instrumento:
v) Requer ApplP (projetado em adjunção ao vP) para
licenciar PP:
a. PP aloca a preposição e o DP.
4. Considerações Finais
Esta pesquisa tinha como objetivo analisar a formação das causativas sintéticas
formadas com transitivos no PB. Para a realização desta empreitada, investigamos as
propriedades sintáticas e semânticas dessas estruturas. Em relação às propriedades
semânticas, baseamo-nos em Levin (1993) e em Levin Rapport (1995) e ainda na
representação modular da mente (STILLINGS, et al, 1995), para identificarmos os critérios
semânticos que possibilitam as causativas sintéticas. Diante disso, constatamos que apenas
os verbos motores de segunda permitem o licenciamento das causativas sintéticas com
verbos transitivos. Nesse contexto, propusemos um teste que, por meio de critérios
semânticos, permite julgar e o reconhecer, com maior precisão, as causativas sintéticas com
verbos transitivos no PB.
Para discutirmos as propriedades sintáticas das causativas sintéticas formadas como
verbos transitivos, no PB, adotamos a análise de Blanco (2010, 2011), baseada em Pylkkänen
(2002, 2008). Isso posto, destacamos a importância da discussão de Blanco (2010, 2011), ao
examinar o diagnóstico proposto por Pylkkänen (2002, 2008), em relação ao padrão
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selecional fásico. Nessa perspectiva, Blanco (2010, 2011) defende que causativas formadas
com os verbos make, em inglês, e com os verbos hacer, em espanhol, apresentam o padrão
selecional fásico, em que o vCAUSE é capaz selecionar como complemento um vP fásico.
Além disso, essas causativas apresentam o padrão de Non-Voice-Bundling em relação à
realização de VoiceP. Assim, Blanco (2010, 2011) argumenta que VoiceP é uma fase que
pode ser selecionada por vCAUSE e possibilita projetar um argumento externo no domínio da
sentença encaixada. Ao adotarmos a parametrização vP fásico e Non-Voice-Bundling,
conforme a discussão de Blanco (2010, 2011), foi possível assumir que as causativas
sintéticas são derivadas de causativas analíticas. Dessa forma, postulamos que as causativas
sintéticas com verbos transitivos apresentam dois argumentos externos, um projetado pelo
VoiceP acima de vCAUSE e outro argumento externo, complemento do núcleo causativo. No
segundo VoiceP, será projetado um DP proarb, interpretado como um causado que carrega
traço [+agentivo]. Esse DP proarb torna-se fundamental à causativa sintética, pois é esse DP
que permite a interpretação de um sujeito indeterminado capaz de executar o evento descrito
pelo verbo transitivo projetado na raiz. Além disso, assumimos que, semanticamente, as
causativas sintéticas requerem um instrumento para a realização da ação verbal. Assim, com
base em Pylkkänen (2002, 2008), postulamos que, se o instrumento for realizado nessa
sentença, será projetado por meio de um núcleo aplicativo alto, que virá em posição de
adjunção ao vP.
Em suma, diante dessas considerações, passamos a reconhecer que as causativas
sintéticas formadas com verbos transitivos, no PB, não são resultantes de um tipo de
alternância lexical ou sintática, mas se tratam de uma derivação de uma estrutura analítica
subjacente. Por fim, esperamos que essa análise contribua para os estudos translinguísticos
sobre as sentenças causativas.
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Recebido Para Publicação em 30 de outubro de 2015.
Aprovado Para Publicação em 03 de fevereiro de 2016.
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