UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS LINFADENOMEGALIAS PERIFÉRICAS EM PACIENTES HIV+/AIDS: ESTUDO DE 104 PACIENTES. IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO DOS EXAMES ANÁTOMOPATOLÓGICO, MICOLÓGICO, EXAME DIRETO, CULTURA E PCR PARA O DIAGNÓSTICO MARCIO VALLE CORTEZ MANAUS 2010 i MARCIO VALLE CORTEZ LINFADENOMEGALIAS PERIFÉRICAS EM PACIENTES HIV+/AIDS: ESTUDO DE 104 PACIENTES. IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO DOS EXAMES ANÁTOMOPATOLÓGICO, MICOLÓGICO, EXAME DIRETO, CULTURA E PCR PARA O DIAGNÓSTICO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas, em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para obtenção do título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador: Prof. Dr. Sinésio Talhari Co-Orientador: Prof. Dr. Reynaldo Dietze MANAUS 2010 Ficha Catalográfica C828l Cortez, Marcio Valle. Linfadenomegalias perféricas em pacientes HIV+/AIDS: estudo de 104 pacientes. Importância da combinação dos exames anatomopatológico, micológico, exame direto, cultura e PCR para o diagnóstico / Marcio Valle Cortez. -- Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2012. 44 f. : il. Dissertação de Mestrado do Programa de PósGraduação em Medicina Tropical – UEA/FMT, 2012. Orientador: Prof. Dr. Sinésio Talhari. Co- orientador: Prof. Dr. Reynaldo Dietze 1. Linfadenite – pacientes – HIV/AIDS I. Título. CDU: 616.9 Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária da Escola Superior de Ciências da Saúde – UEA Sheyla Lobo Mota. ii FOLHA DE JULGAMENTO LINFADENOMEGALIAS PERIFÉRICAS EM PACIENTES HIV+/AIDS: ESTUDO DE 104 PACIENTES, IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO DOS EXAMES ANATOPATOLÓGICO, EXAME DIRETO, EXAME MICOLÓGICO, CULTURA E PCR PARA O DIAGNÓSTICO. MÁRCIO VALLE CORTEZ “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”. Banca Julgadora: ______________________ Prof. Sinésio Talhari, Dr. Presidente ________________________________ Prof. Luiz Carlos de lima Ferreira, Dr. Membro __________________________ Prof. Marcelo Távora Mira, Dr. Membro iii Dedico este trabalho Aos meus pais César e Graça Cortez pelo apoio e estímulo sem limites À minha esposa Carolina, pelo incentivo diário para seguir em frente Aos meus sogros Sinésio e Anette pela motivação e estímulo a realização deste trabalho Aos meus irmãos Ítalo, Marcelo (in memoriam) e Thayza. Pela nossa união, amizade e respeito. iv AGRADECIMENTOS Muitas pessoas foram igualmente fundamentais para a realização deste trabalho. Ficam aqui registrados meu reconhecimento e sincera gratidão. Ao Professor Doutor Luis Carlos de Lima Ferreira, pelo incentivo a pesquisa desde os tempos da graduação, quando orientou meu primeiro projeto de Iniciação Científica. Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Reynaldo Dietze, pelo exemplo, dedicação e oportunidade. À Professora Doutora Cintia Mara Costa de Oliveira e a Farmacêutica Lorena Angélica Castanho Ramos pela realização das reações de PCR. À Professora Doutora Rossicléia Lins Monte pela realização das análises bacteriológicas e pelo constante estímulo a realização deste trabalho Aos doutores José Ribamar Araújo e Rosilene Assis, patologistas da Gerência de Patologia, pelas análises histopatológicas. Às acadêmicas de medicina e bolsistas de Iniciação científica do Centro Universitário Nilton Lins,Bruna Backsmann Braga e Débora Zotteli dos Reis pelo apoio na revisão dos prontuários médicos e organização dos dados. À toda equipe da Pós-Graduação em Doenças Tropicais e Infecciosas, especialmente a Profa. Maria das Graças Barbosa, Profa. Maria Paula Mourão, Prof. Marcus Lacerda e funcionários Marcos André Castro, Maria da Conceição Tufic e Bruno Rudar. À Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), que apoiaram a realização deste estudo. À Marlize, funcionária exemplar do Arquivo médico, v pelo carinho e ajuda na recuperação dos prontuários. A Felipe Sardinha e Julita Nascimento de Castro pelo auxílio com os exames laboratoriais. Aos amigos da Pós-Graduação Alex Panizza, Ana Karla L. Freire, Camila Helena A. Bôtto de Menezes, Cléber Nunes Alexandre, Giuseppe Figliuolo, Jean Francisco Venturim Samonek, João Bosco de lima Gimaque João Ricardo Rodrigues Maia e Lorena Angélica C. Ramos, por tornarem nossa longa jornada de aulas e seminários momentos tão agradáveis. A todos os pacientes participantes deste estudo, meu respeito e sincera gratidão. vi EPÍGRAFE "É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ..." Martin Luther King "Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis." Bertolt Brecht vii RESUMO INTRODUÇÃO: A linfadenomegalia periférica constitui-se no acometimento inflamatório dos gânglios linfáticos e é comum em pacientes HIV+/AIDS. O diagnóstico das infecções associadas a essa condição é complexo, face as várias etiologias. A identificação rápida da causa é essencial, diante da gravidade da maioria desses pacientes. A tuberculose e a histoplasmose estão entre os agentes infecciosos mais frequentes. Também, devem ser afastadas causas frequentes de linfadenites, tais como as relacionadas a linfoma, sarcoma de Kaposi e outras.OBJETIVO: Através de estudo retrospectivo, avaliar a importância da biópsia cirúrgica excisional com finalidade de diagnóstico etiológico de linfadenomegalias periféricas de pacientes HIV+/AIDS. MÉTODOS: Neste trabalho foi desenvolvido protocolo para biópsias excisionais de linfonodos, adotando-se os seguintes procedimentos: exame direto de esfregaços, corados pelo método de Ziehl-Neelsen (ZN), cultura em meio de Loewenstein-Jensen (L-J), exame anátomo-patológico, micológico e reação em cadeia da polimerase (PCR). RESULTADOS: Ao todo foram incluídos 104 pacientes, verificando-se, no exame histopatológico: 36% (38 pacientes) com linfadenite crônica inespecífica (LCI), linfadenite tuberculosa em 26% (27), linfoma em 10,5% (11) e histoplasmose, 8,7% (9). Através da cultura em meio L-J, os exames positivos para linfadenite tuberculosa aumentaram para 30%. Fez-se PCR em todos os casos e através deste exame foi possível de detectar M.tb em 6 dentre 38 amostras com diagnóstico anatomopatológico de LCI. Três desses pacientes foram acompanhados, exibiram sintomas de TB e curados após tratamento específico. CONCLUSÃO: Os dados obtidos neste trabalho sugerem que em todos os casos de linfadenopatia deve-se realizar exame histopatológico, micológico, exame direto, cultura em L-J ou Ogawa e PCR. O PCR pode ser útil na detecção precoce e correta de casos de TB extrapulmonar nos pacientes com Aids apresentando linfadenopatias, evitando-se tratamentos empíricos e desenvolvimento de eventuais cepas resistentes. Palavras -chave: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Linfadenomegalias periféricas, Tuberculose, PCR, Diagnóstico viii ABSTRACT INTRODUCTION: Lymphadenitis is common among HIV+/AIDS patients. The diagnosis of its associated conditions is complex especially for tuberculosis (TB). A rapid and specific detection of M. tuberculosis is necessary to adequate treatment excluding other non-tubercle mycobacteria (NTM) as well as other causes of lymphadenitis like lymphoma, histoplasmosis and others. OBJECTIVE: Evaluate in a prospective study, the importance of excisional biopsy to the ethiologic diagnosis of the periferic Lymphadenitis is common among HIV+/AIDS patients. METHODS: Here, we developed a protocol using the following procedures: direct bacterial smears detection using Ziehl-Neelsen (ZN) staining, Lowenstein-Jensen (L-J) culture, histological examination, and polymerase chain reaction (PCR). RESULTS: A total of 104 patients were included and we observed in histopathological examinations: 36% (38 patients) with non-specific lymphadenitis (NSL), tuberculous lymphadenitis 26% (27), lymphoma in 10.5% (11) and histoplasmosis 8.7% (9). With the addition of L-J culture the positive results for tuberculous lymphadenitis increased up to 30%. PCR was able to detect M.tb DNA in 6 out of 38 samples among NSL samples. Three of these patients were followed and later exhibited clinical symptoms of TB and cured with anti-tuberculosis treatment. CONCLUSION: The data obtained with this work suggests that all lymphadenopathies cases should be tested for histopathological examination, L-J or Ogawa cultures and PCR. In fact, PCR assays can be useful for early and accurate detection of extrapulmonary TB in Aids patients with lymphadenitis avoiding empirical treatment and possibility of development of multidrug resistant strains. KEY WORDS: Polymerase chain reaction, Tuberculosis, Acquired Immunodeficiency Syndrome, Diagnosis, Lymphadenopathy, Opportunistic infections ix LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS TESE AIDS Acquired Imune Deficency Syndrome BAAR Bacilo Álcool Ácido Resistente CDC Centers for Diseases Control FMT-AM Fundação de Medicina tropical do Amazonas HAART Hihgly Active Antiretroviral Therapy HIV Vírus da Imunodeficiência Humana LAV Vírus da Llinfadenopatia Associada LGP Linfadenopatia Generalizada Persistente OMS Organização Mundial de Saúde PCR Protein Chain Reaction SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adiquirida SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação SIRI Síndrome Inflamatória da Recosntituição Imunológica TARV Tratamento Anti-retroviral TB Tuberculose UNAIDS Programa Conjunto das Nações Unidas WHO World Health Organization AIDS Acquired Imune Deficency Syndrome BAAR Bacilo Álcool Ácido Resistente CDC Centers for Diseases Control FMT-AM Fundação de Medicina tropical do Amazonas HAART Hihgly Active Antiretroviral Therapy HIV Vírus da Imunodeficiência Humana x LISTA DE SÍMBOLOS % percentual + positivo o graus centígrados C µm micrômetro µL microlitro cm centímetro g grama Kg kilograma nm nanômetro mg miligrama ml mililitro mm milímetro mm3 milímetro cúbico xi LISTA DE FIGURAS Dissertação Figura 1. Linfonodos superficiais e vasos linfáticos da cabeça e pescoço... 03 Figura 2. Vasos linfáticos e linfonodos dos membros superiores................ 03 Figura 3. Vasos linfáticos e linfonodos dos membros Inferiores................. 04 Figura 4. Prevalência estimada de HIV em novos casos de Tuberculose.... 08 Figura 5. Resultado do PCR em Gel de Agarose 2%................................... 18 Figura 6. Imagem de paciente HIV positivo, portador de linfadenopatia cervical, submetido à biopsia excisional de gânglio............................................................................................ 19 xii LISTA DE TABELAS Dissertação Tabela 1. Distribuição dos casos de tuberculose diagnosticados no Amazonas no período de 2006 a agosto de 2010..................... 09 Artigo Table 1. Main causes of lymphoadenopathies in HIV+ individuals after 35 histopathological diagnosis……………………………………….. Table 2. Comparison of PCR positivity with different classic diagnostic procedures for tuberculosis (Ziehl-Neelsen, L-J culture or histopathology) among HIV lymphadenitis patients……………. 36 Table 3. Summary of the PCR positive and negative results as compared to the other methods used in the protocol to detect tuberculosis in HIV patients………………………………………. 37 Table 4. Comparison of PCR positivity with “gold standard” diagnostic of Tuberculosis as considered positive sample in L-J culture or histopathology among HIV lymphadenitis patients…………. 38 xiii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 1.1 Sistema Linfático................................................................................ 1.1.1 Órgãos do Sistema Linfático .............................................................. 1.1.2 Linfonodos.......................................................................................... 1.2 Histórico e situação da AIDS.............................................................. 1.3 Linfadenomegalias e AIDS................................................................. 1.4 Linfadenomegalias e Co-infecção Aids/Tuberculose.......................... 1.5 Linfadenomegalias e Co-infecção Aids/Histoplasmose .................... 1.6 Linfadenomegalias e Síndrome Inflamatória da Reconstrução Imunológica (SIRI)......................................................................................... 2. OBJETIVOS........................................................................................ 2.1 Geral................................................................................................... 2.2 Específicos......................................................................................... 3. METODOLOGIA................................................................................. 3.1 Desenho do estudo............................................................................. 3.2 Universo do estudo............................................................................. 3.2.1 População do estudo.......................................................................... 3.2.2 Critérios de inclusão........................................................................... 3.2.3 Critérios de exclusão.......................................................................... 3.3 Procedimentos do estudo.................................................................... 3.3.1 Análises clínicas laboratoriais............................................................. 3.3.2 Análise histopatológica........................................................................ 3.3.3 Análise imunohistoquímica.................................................................. 3.3.4 Análise micológica............................................................................... 3.3.5 Análise bacteriológica......................................................................... 3.3.6 Análise da PCR................................................................................... 3.3.6.1Extração de DNA Genômico de micobactérias.................................. 3.3.6.2 Amplificação do DNA genômico de micobactérias por PCR ........... 3.4 Técnica cirúrgica................................................................................. 3.5 Análise estatística............................................................................... 4. RESULTADOS.................................................................................... 4.1 Artigo submetido a publicação............................................................ 5. CONCLUSÃO..................................................................................... 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 7. ANEXOS............................................................................................. 7.1 Aprovação no comitê de ética em pesquisa em seres humanos....... 1 1 2 2 4 7 7 10 11 13 13 13 14 14 14 14 15 15 15 15 15 16 16 17 18 18 18 19 20 21 22 40 41 44 44 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Sistema linfático O sistema linfático, é uma via acessória da circulação sangüínea, permitindo que os líquidos dos espaços intersticiais possam fluir para o sangue sob a forma de linfa (do latim lympha=água). Os vasos linfáticos podem transportar proteínas e mesmo partículas grandes que não poderiam ser removidas dos espaços teciduais pelos capilares sangüíneos.É uma rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos que produzem e transportam a linfa dos tecidos para o sistema circulatório, ou seja, é constituído por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sangüíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sangüínea.O sistema linfático também é um importante componente do sistema imunológico, pois colabora com os leucócitos para proteção contra infecções bacteriana, virais e fúngicas.(1) Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos pela força do coração, o sistema linfático não é um sistema fechado e não tem uma bomba central. A linfa depende exclusivamente da ação de agentes externos para poder circular. A linfa move-se lentamente e sob baixa pressão, principalmente,consequente à compressão provocada pelos movimentos dos músculos esqueléticos que pressionam o fluido através dele. A contração rítmica das paredes dos vasos também ajuda o fluido através dos capilares linfáticos. A linfa tem uma particularidade de grande importância prática,não coagula como o sangue, o que faz com que a lesão de seus vasos coletores maiores espoliem o indivíduo rapidamente.(1,2) O sistema linfático possui três funções interrelacionadas: Remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais, absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório e produção de células de defesa (linfócitos, monócitos e plasmócitos).(1) 2 1.1.1 Órgãos do sistema linfático O baço, os linfonodos, as tonsilas palatinas, a tonsila faríngea e o timo são órgãos do sistema linfático . Estes órgãos contém uma armação que suporta a circulação dos linfócitos A e B e outras células do sistema imunológico, tais como os macrófagos e células dendríticas. Quando microorganismos invadem o corpo ou o mesmo encontra outro antígeno,esses são transportados do tecido para a linfa. A linfa é conduzida pelos vasos linfáticos para o linfonodo regional. No linfonodo, os macrófagos e células dendríticas fagocitam os antígenos, processando e apresentando-os aos linfócitos, os quais poderão iniciar a produção de anticorpos ou servir como células de memória para reconhecer o antígeno no futuro.(2) 1.1.2 Linfonodos São pequenos órgãos em forma de feijão, localizados ao longo dos canais do sistema linfático. São os órgãos linfáticos mais numerosos do organismo. Armazenam linfócitos. Quando ocorre uma infecção, podem aumentar de tamanho e ficar doloridos enquanto estão reagindo aos microorganismos invasores. Eles também liberam os linfócitos para a corrente sanguínea. Possuem estrutura e função muito semelhantes às do baço. Distribuem-se em cadeias ganglionares (ex: cervicais, axilares, inguinais etc).(Figura1,2 e 3).Os linfonodos tendem a se aglomerar em grupos (axilas, pescoço e virilha). Quando uma parte do corpo fica infeccionada ou inflamada, os linfonodos mais próximos se tornam dilatados e sensíveis. Existem, aproximadamente 400 glânglios no homem, desses 160 encontram-se na região cervical.(2) 3 Figura 1 : Linfonodos Superficiais e Vasos Linfáticos da Cabeça e do Pescoço. Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Figura 2: Vasos Linfáticos e Linfonodos dos Membros Superiores. Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. R o Inferior 4 Vasos Linfáticos e Linfonodos do Membro Inferior Figura 3: Vasos Linfáticos e Linfonodos dos Membros Inferiores.Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 1.2 Histórico e situação da Aids Os primeiros casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS - acquired immune deficiency syndrome) foram observados nos Estados Unidos em 1981, quando cinco pacientes, jovens, homossexuais masculinos, apresentando um tipo raro de pneumonia por Pneumocystis carinii (nomenclatura atual: Pneumocystis jirovecii), associada a imunodepressão celular, foram relatados ao Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos. (3) O HIV é um retrovírus da família Retroviridae, gênero Lentivirus. Apresenta dois tipos biológicos, HIV-1 e HIV-2, os quais diferem geneticamente. Ambos causam doença de evolução crônica, com longo 5 período de latência clínica, replicação viral persistente nas células T-CD4positivas. (4) O HIV é constituído por duas cópias de RNA que são parte do complexo protéico e ácido nucléico. As partículas virais do HIV-1 apresentam diâmetro de aproximadamente 100 nm, sendo envolvidas por uma membrana lipoprotéica. Cada partícula viral contém 72 complexos de glicoproteínas, os quais são integrados à membrana lipídica e compostos de trímeros de uma glicoproteína externa, a gp120, e uma proteína transmembrana, a gp41. As partículas virais são constituídas de todos os mecanismos enzimáticos necessários para a sua replicação intracelular, sendo elas: a transcriptase reversa, a protease e a integrase. (5) Cada partícula viral depende da expressão de determinados genes para a sua correta replicação. Os principais genes encontrados no HIV-1 são: gag (grupo antígeno), pol (polimerase), e env (envelope). O HIV-1 apresenta, ainda, os genes tat e rev, os quais codificam proteínas regulatórias essenciais à replicação; e os genes vif, vpr, vpu e nef, que expressam diversos constituintes da partícula viral. (5) Atualmente, a aids é considerada um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo. De acordo com o boletim do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/aids, existem, no mundo, 33 milhões de pessoas infectadas pelo HIV. (6) O Brasil ocupa posição de destaque no contexto global desta pandemia, com, aproximadamente, 730.000 pessoas portadoras do vírus HIV.Até a metade da década de 90, o número de casos novos de AIDS,em todo o país, apresentava tendência de crescimento contínuo, tendo atingindo, em 1998, aproximadamente 19 casos por 100 mil habitantes. Destes casos, 80% estavam concentrados nas regiões Sudeste e Sul. Desde 1998, apesar das altas taxas de incidência, estas regiões vêm apresentando lento, porém constante processo de estabilização do número de novos casos. Recentemente, tendência semelhante tem sido também observada na 6 região Centro-Oeste. Nas regiões Norte e Nordeste, ocorre crescimento dos coeficientes de incidência. (6,7) Até junho de 2008 foram notificados 18.155 novos casos na Região Norte. No Estado do Amazonas, entre 1986 e junho de 2009, foram notificados 4.022 pacientes com aids. Em 2008, 436 novos casos foram diagnosticados, sendo 384 procedentes de Manaus, a capital do estado. (8) De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a aids é caracterizada como sub-epidêmica, tendo, no inicio da década de 80, atingido principalmente, os usuários de drogas injetáveis (UDI), homens que fazem sexo com homens (HSH) e pacientes que receberam transfusão de sangue e hemoderivados. (7) Atualmente, apesar do coeficiente de incidência de aids manter-se com índices elevados - 19,5 casos por 100 mil habitantes, houve declínio do número de novos casos. Essa redução tem sido observada na população com idade menor que 5 anos e em indivíduos do gênero masculino, com redução das taxas de incidência nos grupos de 13 a 29 anos. Nas faixas etárias superiores a 40 anos, tem-se verificado crescimento da incidência. Outras tendências observadas: 1) estabilização na proporção de casos consequentes à transmissão homo/bissexual entre indivíduos do sexo masculino; 2) aumento proporcional entre os heterossexuais; 3) redução importante e persistente dos casos em usuários de drogas injetáveis. (7) Após 1998, o número de casos novos mostrou-se estável entre as mulheres com 13 a 24 anos; porém, com crescimento persistente em praticamente todos os outros grupos de idade. (7) No Brasil, até junho de 2006, aproximadamente, 192 mil óbitos foram associados a aids. Após a introdução da política de acesso universal, gratuito, ao tratamento anti-retroviral (TARV), que combina drogas com diferentes mecanismos de ação, observou-se importante queda na taxa de mortalidade. A partir do ano 2000, esta taxa estabilizou-se em 6,4 óbitos por 7 100 mil habitantes, sendo mais evidente nos Estados de São Paulo e no Distrito Federal. (7) 1.3 Linfadenomegalias e Aids A linfadenomegalia periférica associada a Aids é uma das manifestações clínicas desta doença que mais chama a atenção no quadro inicial. Em virtude disto, a primeira denominação deste vírus foi Vírus da Linfadenopatia Associada (LAV), sendo mais tarde denominado Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). (9) A infecção pelo HIV provocando Aids é atualmente considerada um dos maiores problemas de saúde pública. A linfadenomegalia na infecção pelo HIV é muito comum. Independente de outras causas, a própria infecção pelo HIV pode produzir Linfadenomegalia Generalizada Persistente (LGP).(10) O HIV é um vírus linfotrópico e sua cinética da replicação é rápida na infecção assintomática estável, com considerável variação na magnitude de replicação. Inúmeras infecções oportunistas e malignidades podem ser responsáveis pelo aumento de linfonodos em pacientes HIV +/Aids. (11) 1.4 Linfadenomegalia e Co-infecção Aids/Tuberculose A tuberculose é um exemplo de infecção que requer a imunidade celular para o seu controle. A expansão mundial da epidemia pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) possibilitou que a interação com a tuberculose modificasse a curva de decréscimo desta última países desenvolvidos e, em outros, com poucos recursos econômicos e sanitários,onde a endemia por tuberculose já era alta, o problema agravouse. O HIV aumenta o risco de reativação da infecção tuberculosa latente e acelera a progressão após a primo-infecção ou re-infecção. De modo geral, a infecção tuberculosa é importante fator de piora no prognóstico dos pacientes infectados pelo HIV. (12) 8 Na década de 80, após nítido período de declínio observado nas décadas anteriores, ocorreu aumento nos casos de tuberculose que coincidiu com a epidemia pelo HIV e a tuberculose extrapulmonar tornou-se mais frequente com o advento da infecção pelo vírus HIV.(13) Em 1993, a tuberculose já era considerada uma emergência global pela Organização Mundial de Saúde. Atualmente, segundo dados da Organização Mundial de Saúde um terço da população mundial encontra-se infectada pela tuberculose, são 9,4 milhões de casos novos em 2008 (139/100.000), destes cerca de 15% estão infectados pelo HIV (1,3 milhões)(Figura 4). Isso representa uma mortalidade anual de 1,3 milhões dentre os pacientes TB/HIV negativos e 465.000 nos TB/HIV positivos. dos 22 países responsáveis por 80% dos casos notificados no mundo, o Brasil ocupa a 18ª posição.No Brasil, em 2008, foram diagnosticados aproximadamente 80.000 novos casos (42/100.000), e mortalidade de aproximadamente 5.000 óbitos. Representa a 7ª causa em custos com internação no Sistema Unico de Saúde por doença infecciosa e a 1ª causa de morte em pacientes com AIDS. A maioria dos casos é diagnósticado em grandes centros urbanos sendo 70% dos casos concentrados em 315 dos 5.570 minicípios brasileiros . As maiores incidências estão nos estados do Amazonas (73,5), Rio de Janeiro (73,2 por 100 mil habitantes), Mato grosso (56,1), Pernambuco (47,61) e Ceará (50,7). As menores taxas de incidência do país foram registradas em Goiás (15,3), Distrito Federal (16,7) e Tocantins (18,1). 9 Figura 4: Prevalência estimada de HIV em novos casos de Tuberculose em 2008 Fonte: World Health Organization. Global tuberculosis control: a short update to the 2009 report. Na Região Norte, Manaus, com população de 1.731.992 habitantes, é a capital que apresenta um dos piores indicadores,com incidência de 93,5/100.000, a mais elevada do país, representando 70% do total de notificações do estado do Amazonas. Em 2009, foram notificados 2.772 casos, dos quais 277(10%) eram HIV positivo, entretanto 1.187(42%) pacientes não foram avaliados quanto a infecção pelo HIV (Figura 4). A incidência de casos bacilíferos, a forma mais infectante da doença, foi de 47,1/100.000 habitantes. A taxa de abandono 14% (aceitável 5%) e a taxa de mortalidade 3,7/100.000 habitantes. Neste período, somente 48,6% (16.475/33.897) da meta de busca de sintomáticos respiratórios foi atingida.(14) 10 Tabela 1: Distribuição dos casos de tuberculose diagnosticados no Amazonas no período de 2006 a agosto de 2010, quanto ao status de investigação para HIV.Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação SINAN,2010 HIV 2006 Total 2.489 Não realizado 1.567 Negativo 398 Em andamento 369 Positivo 146 Ignorado/Branco 9 2007 2.726 1.705 587 238 185 11 2008 2.774 1.591 726 223 217 17 2009 2.772 1.187 1.106 191 277 11 2010 1.525 611 453 269 192 - TOTAL 12.286 6.661 3.270 1.290 1.017 48 O envolvimento extrapulmonar pode ser observado em mais de 50% dos pacientes apresentando a co-infecção Aids/Tuberculose. O risco de tuberculose extrapulmonar e bacteremia aumenta com o avanço da imunosupressão.(15,16) A tuberculose ganglionar é a forma mais comum de tuberculose extrapulmonar. Dentre esse grupo, a adenopatia cervical é a mais comum; o envolvimento inguinal, axilar, mesentérico, mediastinal e intramamário também tem sido descritos. A linfadenomegalia ocorre,principalmente entre pessoas de 20 a 40 anos. Nos Estados Unidos é mais comum em mulheres e imigrantes. (17) Os pacientes HIV+ geralmente apresentam linfadenomegalias associadas a febre, sudorese noturna e perda ponderal. Os gânglios apresentam aumento discreto, são firmes e indolores. Na maioria dos pacientes a tuberculina á postiva e a radiografia de tórax é normal. Os gânglios podem fistulizar, liberando exsudato e a pesquisa de BAAR pode ser positiva. A punção/biópsia é indicada para o diagnóstico citológico, através da histopatologia, baciloscopia e cultura para micobactérias.O método molecular de melhor desempenho é a PCR, mas não há estudos sobre a acurácia no uso rotineiro.(18) 11 1.5 Linfadenomegalia e Co-infecção Aids/histoplasmose. A histoplasmose é uma infecção fungica de distribuição global,sendo a micose endêmica mais comum em pacientes HIV +.(19,20) A doença é endêmica na América Latina e caracterizada por vasto espectro de manifestações clínicas, desde quadros discretos até doença disseminada severa. A maioria dos pacientes apresenta manifestações respiratórias. A forma aguda de histoplasmose é geralmente uma doença autolimitada, com febre, calafrios, tosse não produtiva, cefaléia e mal estar generalizado. A infecção generalizada é usualmente observada em neonatos e imunocomprometidos, especialmente na AIDS. Até 25% dos pacientes com AIDS, em áreas endêmicas, podem apresentar infecção aguda, reativação de foco latente ou quadros disseminados.(21) A incidência estimada de histoplasmose diseminada em áreas endêmicas é de 5 a 20% nos pacientes com AIDS. No Brasil, a incidência exata é desconhecida mas é aceito que a maioria da população está sobre risco de exposição ao H. Capsulatum (22). A ocorrência de linfadenomegalia na histoplasmose disseminada varia de 3 a 19% .O uso da cultura de tecido ganglionar para o diagnóstico não tem sido realizada na rotina. Como se sabe, o melhor método para o diagnóstico de histoplasmose disseminada é a identificação do H. Capsulatum através de cultura de aspirado de medula óssea, com positividade de até 81% relatada na literatura.(21,22) 1.6 Linfadenomegalia e Síndrome Inflamatória da Reconstrução Imunológica (SIRI). Durante a terapia antituberculosa, os linfonodos acometidos podem aumentar de volume ou novos linfonodos podem surgir, representando uma resposta imunológica à micobacteria destruida. Fenômeno similar ocorre em pacientes com infecção pelo HIV que após o início do tratamento antiretroviral apresentam aumento dos linfócitos T-CD4+. Esse fenômeno é 12 conhecido atualmente com Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imunológica. A SIRI é uma reação relacionada a terapia antiretroviral de alta atividade ou HAART, sigla inglesa de highly active antiretroviraltherapy em pacientes infectados pelo HIV. A SIRI constitui uma resposta atípica a diversos patógenos oportunistas, tais como Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium avium complex, Cytomegalovirus,herpes varicella-zoster dentre outros.(24) A incidência real de SIRI durante a TARV é desconhecida; entretanto NARITA et. al. verificaram uma prevalência de 36% de SIRI em doentes com tuberculose. (23) O tratamento dessa complicação do tratamento da AIDS inclui a continuação da terapia primária contra o patógeno causador da infecção que desencadeou a SIRI com objetivo de reduzir a carga antigênica, manutenção da HAART e, eventualmente, o uso de antiinflamatórios não estteroidais e corticosteróides.(25) O diagnóstico de SIRI é difícil na prática clínica e possui como diagnóstico diferencial a falha terapêutica ou resistência medicamentosa e outras infecções oportunistas. A biópsia do gânglio para os exames de rotina é fundamental para o diagnóstico.(26) 13 2.0 OBJETIVOS 2.1 Geral Através de estudo retrospectivo, avaliar a importância da biópsia cirúrgica excisional com finalidade de diagnóstico etiológico de linfadenomegalias periféricas de pacientes HIV +. 2.2 Específicos 2.2.1 Avaliar a importância dos recursos diagnósticos disponíveis na rotina da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), tais como histopatologia, micologia e bacteriologia no diagnóstico etiológico da adenomegalias periféricas. 2.2.2 Avaliar os principais diagnósticos anatomopatológicos das linfonodomegalias examinadas em relação aos outros exames laboratoriais. 2.2.3 Verificar nesses pacientes, a importância da PCR como exame complementar para o diagnóstico etiológico da tuberculose. 2.2.4 Estabelecer protocolo para futuras biópsias excisionais de pacientes com Aids. 14 3.0 METODOLOGIA 3.1 Desenho de Estudo Trata-se de estudo retrospectivo, descritivo e exploratório da avaliação de aspectos histopatológicos, micológicos, bacteriológicos e moleculares de pacientes HIV + , portadores de linfadenomegalias sob acompanhamento ambulatorial / hospitalar da FMT-AM. 3.2 Universo de Estudo 3.2.1 População de Estudo Foram utilizados dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais de 104 pacientes HIV + sob acompanhamento ou internados na FMT-AM, que realizaram biópsia excisional de linfonodos por solicitação de seus medicos assistentes. A biópsia era solicitada quando o diagnóstico etiológico não era possível com métodos clinicos e exames complementares não invasivos. Todos os pacientes incluídos neste estudo realizaram biópsia excisional de linfonodos no centro cirúrgico da FMT-AM. O material coletado foi dividido em fragmentos e colocado em formol a 10% para exame anátomopatológico, soro fisiológico 0,9% para exame micológico e bacteriológico, e solução tampão para o armazenamento a -70C no laboratório de microbacteriologia. Foram revisados os laudos de histopatologia, bacteriologia, micologia e PCR para micobactérias de todos os pacientes . O projeto foi realizado no Centro Cirúrgico, Gerência de Patologia, SubGerência FMT-AM de Micologia e Gerência de Bacteriologia, nas dependências da 15 3.2.2 Critérios de Inclusão Foram incluídos neste estudo pacientes do sexo masculino ou feminino, com sorologia positiva para HIV, apresentando linfadenomegalias periféricas, que realizaram biópsia excisional na FMT-AM entre março de 2007 a março 2009. 3.2.3 Critérios de Exclusão Foram excluídos deste estudo pacientes que apresentem: • idade inferior a 12 anos; • pacientes que não realizaram PCR; 3.3 Procedimentos do estudo 3.3.1 Análises clínicas laboratoriais Foram analisadas, a partir de prontuários e banco de dados informações dos seguintes exames laboratoriais: 1- Sorologia para HIV; 2- Contagem de células CD4-positivas; 3- Resultado de exames anátomo-patolólico, micológico e bacteriológico; 3.3.2 Análise histopatológica Todos as amostras recebidas foram fixadas em solução aquosa de fomaldeído tamponada a 3,7 % por 24 h. Posteriormente, as mesmas foram desidratadas em alcoóis, clarificadas em xilol e banhadas em parafina.Foram realizados cortes em microcitário de parafina com 5ηm de espessura, pescagem e secagem em estufa entre 56 e 58 °C. Após 24 h, as lâminas foram coradas pela técnica da hemotoxilina-eosina, e, posteriormente, quando necessário, pelo Wade, Grocott, ácido-periódico de Schiff para doenças granulomatosas e imuno-histoquímica, no caso de suspeita de linfoma ( Dabbs 2006 ). 16 3.3.3 Análise imuno-histoquímica Nos casos em que a hipótese diagnóstica foi de linfoma à análise histopatológica, fez-se imunoistoquímica para as seguintes células CD4, CD8, CD68 e CD1a-positivas. Os cortes histopatológicos, foram desparafinizados e hidratados com seqüências de xilol e álcool, e água. Em seguida, os cortes foram submetidos às seguintes etapas: A) Recuperaçâo antigênica em tampão citrato a 10 mM/ pH 6 para o anticorpo S100 e EDTA a 0,1 mM para CD4 e CD8, em panela de pressão, durante 4 minutos contados a partir da fervura, após o esfriamento, seguiram as lavagens em água corrente e destilada. B) Bloqueio da peroxidase endógena com solução de peróxido de hidrogênio a 3% em metanol, em dois banhos 10 minutos cada, seguida de lavagens com água destilada e PBS. C) Reação utilizando o Complexo Avidina-biotina/ Estreptavidina-biotinaperoxidase (HSU et al, 1981). Após o bloqueio da peroxidase os cortes foram incubados por 18 horas a 4oC com anticorpos primários com as seguintes diluições- 1: 3000 para S100 e 1: 300 para CD4 e CD8. Em seguida, foram lavados e incubados com anticorpos secundários. D) Para revelação as lâminas foram incubadas em solução substrato de Diaminobenzidina-DAB ao abrigo da luz por tempo variando de 3 a 5 minutos, em seguida as lâminas foram coradas e montadas (Miller et al., 1995). 3.3.4 Análise micológica As amostras eram recebidas em recipiente estéril com soro fisiológico, identificadas e processadas da seguinte maneira: Retirado o fragmento da biopsia do recipiente, colocava-se o mesmo sobre uma lâmina fazendo um corte ao meio com a lâmina do bisturi estéril. Utilizando-se metade da amostra, era feito o esfregaço (imprint) em 3 lâminas e posteriormente a amostra era seccionada em 7 pedaços. Estes fragmentos eram inoculados em 6 tubos e uma placa: 2 tubos com meio 17 Sabouraud, 2 tubos com meio Mycosel, 2 tubos com meio BHI e uma placa de niger. Dos tubos identificados, um de cada permanecia em estufa 37ºC e os outros três tubos e a placa de niger em temperatura ambiente. Após ter feito os esfregaços (imprint) pingava-se uma gota de KOH 10% na primeira lâmina, uma gota de tinta Nankim na segunda, e uma gota de Lactofenol na terceira. Posteriormente, as lâminas eram levadas ao Microscópico ótico para o exame direto. A outra metade do fragmento de biopsia era armazenada em recipiente com soro fisiológico (eppendorf) 1ml a 2ml, identificado, e mantida congelada até a liberação do laudo. 3.3.5 Análise bacteriológica Os fragmentos de linfonodos foram recebidos no Laboratorio de Bacteriologia da FMTAM, em frascos estéries com solução salina. Para isolamento primário o procedimento foi o seguinte: Os fragmentos eram transferidos para graal estéril e macerados com pistilo. Como os tecidos foram coletados assepticamente, o macerado era transferido para um tubo de centrifuga de 50 mL e centrifugado a 3000xg, por 15 minutos a 4ºC. Descartado o sobrenadante, deixando aproximadamente 2mL. Depois de ressuspenso o sedimento, alíquotas de 200 ul foram semeados em meios de cultura LJ Lowenstein-Jensen e Ogawa-Kudoh e preparadas laminas para coloração pelo método de Ziehl-Neelsen conforme orientações do Ministério da Saúde (Tuberculose- Diagnóstico Laboratorial- Baciloscopia – Série TelelabBrasilia-; 2001). Incubados em estufas comuns à 37ºC, sendo observados semanalmente por um período de até 60 dias. A prova de niacina foi realizada para a confirmação da espécie M. tuberculosis, seguindo-se recomendação contida no Manual de Bacteriologia da Tuberculose ( Brasil. Ministério da Saúde. Manual de bacteriologia da tuberculose. Rio de Janeiro: Centro de Referência Prof. Hélio Fraga; 3ª ed. 2005.) 18 3.3.6 Análise da PCR As amostras de tecido a fresco (biopsias de linfonodos) eram armazenadas em microtubos de 1,5 mL estéril, sendo algumas preservadas sem conservante ou fixador e outras em 200 µL de tampão contendo TrisEDTA (2,5mM). Amostras de cultura foram utilizadas para obtenção dos controles positivos. Três colônias de cada tubo foram colocadas em um tubo tipo falcon contendo 5 mL de Tris-HCl pH 8.0 e inativadas por fervura durante 10 minutos antes de proceder a extração do DNA genômico bacteriano. 3.3.6.1 Extração de DNA genômico de micobactérias Após pré-tratamento das amostras (quando necessário) foi realizada a extração do DNA micobacteriano, utilizando o kit Qiamp DNasy Blood & Tissue (QIAGEN), conforme as recomendações do fabricante. 3.3.6.2 Amplificação do DNA genômico de micobactérias por PCR O DNA genomico de M tuberculosis foi amplificado pela reação em cadeia da polimerase (PCR) utilizando iniciadores que amplificam um fragmento de 123 pb sendo a seqüência sense: 5’- CCT GCG AGC TAG GCG TCG G-3’ e antisense: 5’- CTCGTCCAGCGCCGCTTCGG-3’. Baseado no protocolo descrito por Marchetti et al 1998. O ciclo de amplificação foi 95 °C por 5 mim. Para desnaturação seguido de 35 ciclos de 95°C por 30 seg, 60°C por 1 min e 72°C por 30 seg e extensão final a 72°C por 5 min. O produto de PCR foi analisado em gel de agarose 2% corado com brometo de etideo visualizado em transluminador de UV e fotografado em sistema de foto documentação digital (figura 5). 19 Figura 5: Resultado do PCR em Gel de agarose 2% 3.4 Técnica cirúrgica Todas as biópsias foram realizada no centro cirúrgico da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas. Os pacientes eram posicionados em decúbito dorsal horizontal, seguido de anti-sepsia com iodo povidine tópico na região da adenomegalia (cervical, inguinal ou axilar). Colocação de campos, anestesia local e incisão na pele de aproximadamente 3cm. Posteriormente realizava-se dissecção do tecido celular subcutâneo e reparo com fio de catgut 2.0 do linfonodo com o objetivo de evitar-se a manipulação excessiva do mesmo. Após a exerese do gânglio, era revisada a hemostasia, aproximação to decido celular subcutâneo e fechamento da pele com fio de nylon 3.0 em pontos separados. A peça cirúrgica era então secçionada ao mio no seu maior eixo. Metade da amostra era enviada em formol a 10% para análise histopatológica e a outra metade era subdividida em 3 fragmentos os quais eram enviados em sorofisiológico 0,9% para análise bacteriológica e micológica e em solução tampão realização da PCR (Figura 7). 20 B A Histopatologia C Micologia PCR Bacteriologia Figura 6: A) Paciente HIV positivo, portador de linfadenopatia cervical, submetido a biópsisa excisional de gânglio; B)Secção do gânglio em seu maior plano de clivagem; C) Fragmentos da biósia enviados para análise histopatológica, micológica, baciloscopia(Ziehl-Nielsen), cultura (LoewensteinJensen e Ogawa-Kudoh) e PCR. 3.5 Análise Estatística Foi realizada a análise descritiva de todos os dados. Para as variáveis quantitativas, foram calculadas a média e o desvio padrão. Para as variáveis qualitativas, foram calculadas as freqüências absolutas e relativas, com os respectivos intervalos de confiança. O software utilizado para armazenar e analisar os dados foi o programa Excel for Windows e pacote estatístico MINITAB 14. Na análise da correlação foram utilizados para as variáveis qualitativas os testes estatístico do Qui-quadrado e o Teste Exato de Fisher. Para as variáveis quantitativas foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson com o cálculo do p-valor para a hipótese de que exista correlação entre as variáveis. 21 4.0 RESULTADOS Os resultados e a discussão serão apresentados na forma de artigo original. 22 HIV-associated lymphadenitis: The importance of PCR as complementary assay for the diagnosis of tuberculosis. Márcio Valle CORTEZ1,2* M.D., Cintia Mara Costa de OLIVEIRA1Ph.D., Rossicléia Lins MONTE1, M.Sc., José Ribamar de ARAÚJO1 M.D., Bruna Backsmann BRAGA2, Débora Zotteli dos REIS2, Luis Carlos de Lima FERREIRA1 M.D.Ph.D., Milton Ozório MORAES1,3 Ph.D., Sinésio TALHARI1,2 M.D. Ph.D. Institutional affiliation: 1-Fundação de Medicina Tropical do Amazonas FMTAM; Departamento de Dermatologia/DST/AIDSa e Universidade do Estado do Amazonas. 2- Centro Universitário Nilton Lins, Curso de Medicina. 3- Laboratório de Hanseníase, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ; Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas FAPEAM. *Corresponding author: Dr. Márcio CORTEZ. ([email protected]). Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Rua Pedro Teixeira 25 Dom Pedro I ZIP-CODE 69040-000 Tel: (092) 3238-1711 Running title: Protocol for diagnosis of HIV-associated tuberculosis using fresh lymph nodes a- Place where the work was performed. 23 RESUMO INTRODUÇÃO: A linfadenite é comum em pacientes HIV+. O diagnóstico das infecções associadas a essa condição é complexo, especialmente para tuberculose (TB). A detecção rápida e específica do M. tuberculosis é necessária para o tratamento adequado. Também, devem ser afastadas causas frequentes de linfadenites, tais como as relacionadas a linfoma, histoplasmose, e outras. MÉTODOS: Neste trabalho foi desenvolvido protocolo para biópsias excisionais de linfonodos, adotando-se os seguintes procedimentos: exame direto de esfregaços corados pelo método de ZiehlNeelsen (ZN), cultura em meio de Loewenstein-Jensen (L-J), exame anátomopatológico e reação em cadeia da polimerase (PCR). RESULTADOS: Ao todo foram incluídos 104 pacientes, verificando-se, no exame histopatológico: 36% (38 pacientes) com linfadenite crônica inespecífica (LCI), linfadenite tuberculosa em 26% (27), linfoma em 10,5% (11) e histoplasmose, 8,7% (9). Através da cultura em meio L-J, os exames positivos para linfadenite tuberculosa aumentaram para 30%. Com o PCR foi possivel de detectar M.tb em 6 dentre 38 amostras de LCI. Três desses pacientes foram acompanhados, exibiram sintomas de TB e foram curados após tratamento específico. CONCLUSÃO: Os dados obtidos neste trabalho sugerem que em todos os casos de linfadenopatia deve-se realizar exame histopatológico, cultura em L-J ou Ogawa e PCR. O PCR pode ser útil na detecção precoce e correta de casos de TB extrapulmonar nos pacientes com Aids e linfadenopatias, evitando-se tratamentos empíricos e desenvolvimento de eventuais cepas resistentes. 24 ABSTRACT INTRODUCTION: Lymphadenitis is common among HIV+ patients. The diagnosis of its associated conditions is complex especially for tuberculosis (TB). A rapid and specific detection of M. tuberculosis is necessary to adequate treatment excluding other non-tubercle mycobacteria (NTM) as well as other causes of lymphadenitis like lymphoma, histoplasmosis and others. METHODS: Here, we developed a protocol using the following procedures: direct bacterial smears detection using Ziehl-Neelsen (ZN) staining, Lowenstein-Jensen (L-J) culture, histological examination, and polymerase chain reaction (PCR). RESULTS: A total of 104 patients were included and we observed in histopathological examinations: 36% (38 patients) with non-specific lymphadenitis (NSL), tuberculous lymphadenitis 26% (27), lymphoma in 10.5% (11) and histoplasmosis 8.7% (9). With the addition of L-J culture the positive results for tuberculous lymphadenitis increased up to 30%. PCR was able to detect M.tb DNA in 6 out of 38 samples among NSL samples. Three of these patients were followed and later exhibited clinical symptoms of TB and cured with anti-tuberculosis treatment. CONCLUSION: The data obtained with this work suggests that all lymphadenopathies cases should be tested for histopathological examination, L-J or Ogawa cultures and PCR. In fact, PCR assays can be useful for early and accurate detection of extra-pulmonary TB in Aids patients with lymphadenitis avoiding empirical treatment and possibility of development of multidrug resistant strains. KEY WORDS Polymerase chain reaction, Tuberculosis, Acquired Immunodeficiency Syndrome, Diagnosis, Lymphadenopathy, Opportunistic infections 25 INTRODUCTION The Human Immunodeficiency Virus (HIV) infection leading to AIDS is still considered to be one of the major public health problems worldwide. According to the most recent statistics from the Joint United Nations Program on HIV/AIDS (UNAIDS) approximately 33 million people are living with HIV, 67% of whom live in sub-Saharan Africa. Despite greater knowledge and awareness, the HIV/AIDS pandemic continues unabated throughout all areas of the world. One of the main problems of HIV infection is that various opportunistic pathogens and malignancies may lead to different diseases and the enlargement of the lymph nodes, lymphadenitis, is a very common symptom1,2. Tuberculosis is one of the main causes of in HIV lymphadenitis patients and the risk of extrapulmonary tuberculosis and mycobacteremia increases with advancing immunosuppression and patients with HIV infection, especially in developing countries3-5. It is estimated that around 500,000 TB deaths among HIV-positive people worldwide6. In Brazil, for TB only, 94.000 new cases were estimated in 2009, nearly 42 cases per 100.000 people. The state of Amazonas and the city of Manaus have very high incidences with 73.5 and 81.7 per 100.000 people, respectively, in 20067,8. Excisional biopsy of the lymph nodes with histopathological examination, AFB stain, and mycobacterial culture is the diagnostic procedure of choice. Rapid direct microscopy has low sensitivity and culture takes 3 to 6 weeks. Therefore, a protocol exploring complementary of diagnostic techniques for TB diagnosis are necessary, especially in health settings with a high prevalence of HIV/TB co-infection9-12. In this regard, in house conventional polymerase chain reaction (PCR) based on amplifying the IS6110 insertion element can be used for the amplification of Mycobacterium tuberculosis (M.tb) DNA and offers the potential of a sensitive, specific and rapid diagnostic for ruling out or considering pulmonary or extra pulmonary tuberculosis 13-15. In the present study, in a hospital setting from the Tropical Medicine Foundation of Amazonas (from Portuguese FMTAM, Fundação de Medicina Tropical Amazonas) with a high burden of TB and HIV, we investigated the 26 effectiveness of a protocol combining PCR along with histopathological examination, ZN staining and L-J culture to diagnose TB using lymph nodes excisional biopsies. METHODS Patients From march 2007 to march 2009, the samples of 104 HIV-positive patients submitted to lymph node biopsies by the same surgeon at Fundação de Medicina Tropical do Amazonas in Manaus, Amazon, Brazil were evaluated for the etiological determination. All patients submitted to the procedure were previously investigated by the assistant infectologist and no diagnosis was confirmed. The protocol was approved by the Ethical Committee at the FMTAM under the number 756-10 and patients enrolled in the procedure signed an informed consent. Surgical Technique All biopsies were carried out in the operating room of the FMTAM. Patients were placed in the supine position, followed by antisepsis at the lymph node region (cervical, inguinal or axillary). Placement of fields, local anesthesia and skin incision of approximately 3cm were performed. Subsequently, dissection of the subcutaneous tissue and lymph node repair were done with catgut wire 2.0, to avoid excessive manipulation. After resection of the ganglion, approximation of the subcutaneous tissue and skin closure with nylon 3.0 sutures were completed. The specimen was sliced in half and on side was sent to histopathological processing, while the other side was divided in three equal parts and sent to PCR, ZN staining and microbiology. 27 Histopathology Fixation and imunostaining were performed as previously described16. Briefly, all samples were fixed in phosphate-buffered paraformaldehyde solution (4%), embedded in paraffin and stained with hematoxylin-eosin (H&E) and Wade and subsequently, when necessary, by Wade Grocott, periodic acidSchiff for granulomatous diseases. In certain cases of suspected lymphoma immunohistochemistry according to Dabbs and colleagues were employed 16,17. Mycobacterial staining and culture A fragment of each tissue (lymph nodes) was stored in vials with sterile saline. For primary isolation procedure, fragments were transferred to a sterile grail with 5ml of sterile saline and pistil macerated while the suspension was transferred to a 50 ml tube and centrifuged at 3,000xg for 15 minutes at 4° C. The supernatant was discarded, but approximately 2 mL of the resulting solution was used to resuspend the pellet, and 200 ul aliquots were plated on culture media (LJ Lowenstein Jensen, incubated at 37 °C and observed weekly for a period of 60 days. Then, slides for staining by the Ziehl-Neelsen were prepared according to the Brazilian Ministry of Health regulations. The proof of niacin was performed to confirm the species M. tuberculosis, following a recommendation contained in the Handbook of Tuberculosis Bacteriology 18,19. Sample storage, DNA extraction and PCR The tissue samples were stored in 200 uL of TE. Extraction of mycobacterial DNA was performed using the kit Qiamp DNasy Blood & Tissue (QIAGEN) according to manufacturer's instructions. Polymerase chain reaction (PCR) using primers that amplify a fragment of 123 bp of IS 6110 region (sense: 5'-CCT AGC GCG TAG GCG TCG G-3' and antisense: 5'- CTC GTC CAG CGC CGC TTC GG-3') were used. The cycling conditions were: 95 ° C for 5 min followed by 35 cycles of 95 °C for 30 sec, 60 °C for 1 min and 72 °C for 30 sec and final extension at 72 °C for 5 min (Mastercycler – EP Gradient S® Eppendorf). The PCR products were analyzed in 2% agarose gel stained with ethidium bromide visualized in transluminator UV and photographed in digital 28 photo documentation system (T26M EasyDOC 100® BioAgency). All samples were tested for β-tubulin to evaluate inhibition of the PCR reaction. Primers and conditions were used as follows20. All samples tested positive in the PCR. Culture samples were used to obtain positive controls. Three colonies were placed in a Falcon tube containing 5 mL of Tris-HCl and inactivated by boiling for 10 minutes before extraction of mycobacterial DNA as described before. RESULTS Patients demographics During a two-year period, 104 HIV-positive patients were submitted to lymph node excisional biopsy at FMTAM. Among them, 77% (80 patients) were males and 23% (24) females. The mean age was 32 years (range, 15-72 years), and the male to female ratio was 3.3:1. The most frequent site of biopsy were cervical 72% (75), followed by inguinal 24% (26), axillary 1.9% (2) and forearm 0.9% (1). In table 1, we observed the most frequent diagnosis using histopathological examination. As expected the most frequent disease was tuberculous lymphadenitis (26%), although the majority of the samples remained undiagnosed (unspecific lymphadenitis with 36%). Then, we observed Hodgkin’s (5.7%) and non-Hodgkin’s Lymphoma cases (4.8%), histoplasmosis (8.7%) Kaposi’s sarcoma (2.8%). Samples were also processed for microbiological culture and staining (mycobacteria) and PCR. This integrated view provides a possibility of fill the gaps in different methods evaluated alone. We observe results of each method as compared to PCR in table 2. According to the diagnostic resources available, the Mycobacteria staining (Ziehl-Neelsen) were positive in 13 out if 104 (12.5%). When we compared to PCR positivity with mycobacteria staining (ZN+) 11 samples were positive in both (PCR+ and ZN+). There were 02 samples ZN+ and PCR- (Table 2). Thus, the sensitivity and specificity as observed was 84% and 81%, 29 respectively, although the analysis of these two samples indicated that one was non-tubercle mycobacteria in L-J culture and the other was a leprosy case in histopathological assessment (Table 3, lines 21 and 24). When tissue suspensions were cultured in L-J medium, positivity was detected in 11 samples that were also positive for PCR. Other 3 samples exhibiting PCR- and L-J+ were detected, 2 were NTM (Mycobacterium sp.) that came out also with the diagnosis of tuberculous lymphadenitis (table 3 lines 24 and 25). The other sample was M. tuberculosis in L-J culture and also tested positive for tuberculous lymphadenitis in the histological analysis (Table 3, line 23). Thus, the sensitivity and specificity as observed was 78% and 81%, respectively (Table 2). But, in this case, the analysis along other methods confirmed one case of false negative in PCR. On the other hand, the other two PCR- cases (NTM in L-J and histopathological examination consistent of tuberculous lymphadenitis) are very suggestive of false positive results in the histopathological examination. In addition, it was found that 11 samples were PCR- and histopathology+ for TB (Table 2), that represents a lower sensitivity of 62% and increased specificity of 84%. But, actually, among these samples only three were L-J+ testing for NTM (2) and M.tb (1) as presented earlier. All other samples (8) were negative for any of the tests used (Table 3, line 22). Conversely, 12 samples were PCR+ and histopathology-. It was observed that these PCR+ results were: one histoplasmosis case, one lymphoma, two samples grow in L-J culture and six samples showed a compatible histological result of SNL (Table 3, lines 2-7). Finally, a combined analysis, considering the “diagnosis of tuberculosis” as a positive result of either L-J+ or histopathology+ results show that 19 samples were PCR+ that was also confirmed by any of the gold standards used. On the other hand, nine samples were PCR+, L-J- and histopathology-. These nine samples would be classified as false positive results (Table 4). Analyzing these results, 6 out 9 samples were diagnosed as non-specific lymphadenitis. The other three PCR+ cases that could not be included as TB, was suggestive of histoplasmosis, hyperplasia and lymphoma in the histological evaluation as 30 described earlier (Table 3, lines 2,7). Overall we observed 63% of sensitivity and 87% of specificity. DISCUSSION TB drastically increased since the advent of HIV infection, while extrapulmonary involvement can be seen in more than 50% of patients with concurrent AIDS and tuberculosis. These demographic data are similar to previous studies from Brazil, but different from that observed in USA, which found a higher prevalence among females10,21. Extra-pulmonary TB is the major cause of HIV-associated lymphadenitis although different countries with prevalence rates of TB vary from 30-80% of the cases. In Brazil and India the rates of extrapulmonary TB, as confirmed, here was around 30%3-5;8. In our sample, among those 104 samples analyzed, all of them were patients that could not be diagnosed by traditional methods for tuberculosis, i. e., X-ray, clinical findings and PPD were not conclusive, suggesting a clear indication for lymph node resection for diagnostic purposes. Moreover, this protocol using fresh lymph nodes provides new insights of sensitivity and specificity for a conclusive diagnosis of TB in HIV patients with lymphadenitis. Along with the freshness of the sample, the use of concomitant classical ZN, L-J culture and histopathological examination adding also PCR allowed us a thorough view of the potential of these methods especially with the association of PCR in TB diagnosis. For example, among PCR- and ZN+ samples, we observed two false negative results, but the observation of these two samples using the other methods cleared the picture. In matter of fact, one sample was NTM as confirmed by L-J culture, while the other had histopathological diagnosis of lepromatous leprosy and did not grown in culture, as expected. Thus, an integrative approach using ZN, L-J and histopathological examination along with PCR indicated that our PCR assay sensitivity would be 100%, higher than a comparison of ZN and PCR alone. Indeed, the use of fresh and whole lymph nodes indicates that our results are equally sensitive than others in the literature in the Amazon region also probing IS6110 region. An evaluation of PCR in the paraffin-embedded ganglion to detect M.tb showed only 40% 31 positivity among ZN+ samples16. When a nested PCR was used to identify M.tb positivity in skin biopsies of suspected cutaneous TB, PCR positivity in ZN+ samples were 66%15. Our results suggest 63% of positivity (sensitivity) when compared to a combination of L-J culture and histopathological examination (Table 4). Indeed, PCR are still failing to detect some TB cases defined only by histopathological analysis (8 cases), although showing expected rates in the literature15,16. Since we have a conventional low cost PCR, it is likely that inhibition or even a low detection range of the PCR reaction might be at work. Maybe optimizing a real-time PCR reaction using primers and probes to this region could overcome the average sensitivity and could also improve the detection towards resistance in multiplex assays 22,23. Nevertheless, it is clear that a screen of each case using a wide portfolio of methods is necessary because of their increasing capacity in resolving the diagnosis. For example, PCR along with L-J culture and ZN staining was able to detect one case of misdiagnosis in histopathological assessment. The diagnosis of avium/intracellulare complex is not likely since PCR and L-J culture were positive for TB. We also observe a case of co-infection (TB-histoplasmosis) and another case of Lymphoma and TB. It is noteworthy that 6 cases after histopathological examination (non-specific lymphadenitis) are inconclusive for diagnostic purposes, but these samples were PCR+. In a matter of fact, three of these 6 patients were followed and developed TB in 3-6 months of follow-up. They were treated with anti-tuberculosis treatment (ATT) and recovered well. Considering these results, we demonstrate that the use of PCR in fresh samples increased suitably in our hands the rates of TB detection (and possibly early TB associated with HIV) and should be introduced in the routine laboratory for diagnosis of lymphadenitis. Indeed, in India, the use of PCR for confirmation of histopathological findings indicated that 3 out 20 PCR+ samples could also be considered false positive cases, but following ATT treatment patients recovered well24. Moreover, in Thailand using paraffin-embedded ganglion with necrotizing non-granulomatous lymphadenitis suggested that PCR was able to detect six positive samples that were not formally included as tuberculosis by any other method25. These data put together suggest that PCR is detecting indeed early cases of TB, especially considering that extrapulmonary TB is the major cause 32 of HIV associated lymphadenitis. Although our protocol is laborious and requires support of surgical infra-structure, the combination of histopathological examination, microbiology and PCR assays is very robust. Thus, the accuracy of PCR was 80% compared to the combined classical methods for TB diagnosis. The use of this integrated approach including PCR to screen lymphadenitis patients towards TB detection would help a definitive diagnosis reducing multidrug resistance and failure of the treatment26,27. It has been proven that PCR is cost-effective at a Brazilian TB/HIV reference hospital. The costs per correctly diagnosed case were almost US$ 50 and US$ 13 for AFB smear plus culture and AFB smear plus PCR dot-blot, respectively13. Thus, it is highly cost-effective to use PCR in a molecular pathology routine of a hospital. In conclusion, we observe, here, that the use of integrated approach with introduction of low cost PCR, along with classic microbiological assays, and histopathological examination can improve significantly the accurate detection of M. tuberculosis infection aiding expedite clinical decision and improvement of the quality of life for HIV patients reducing time of hospital admissions relapses and drug resistance. ACKNOWLEDGEMENTS We would like to acknowledge Reinaldo Dietze from NDI and Lorena Angélica Castano Ramos for DNA extraction. MOM is research fellow from CNPq. BBB and DZR are in academic trainees with CNPq fellowships (PROIC-UNL). This project was partially supported by FMTAM grants. CONFLICT OF INTEREST We would like to declare that there are no conflicts of interests whatsoever. 33 REFERENCES 1- UNAIDS. Report on the global AIDS epidemic 2006. 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Laboratory identification of mycobacteria in respiratory samples from HIVpositive patients suspected of tuberculosis.Rev Soc Bras Med Trop. 2009; 42(3):290-7. 36 TABLES Table 1- Main causes of lymphoadenopathies in HIV+ individuals after histopathological diagnosis Diagnosis Number of patients (n=104) Non-specific Lymphadenitis (including dermatopathic and granulomatous, and reactive follicular hiperplasia) 38 (36%) Tuberculous lymphadenitis 27 (26%) Histoplasmosis 9 (8.7%) Hodgkins Lymphoma 6 (5.7%) Non-Hodgkins Lymphoma 5 (4.8%) Kaposi Sarcoma 3 (2.8%) Toxoplasmosis 2 (1.9%) othersa 14 (13.4%) a - Paracococcidiodes mycosis, leprosy, mycobacterial lymphadenitis, inconclusive (no histological changes) neurofibroma, metastasis, and adenoma; 37 Table 2- Comparison of PCR positivity with different classic diagnostic procedures for tuberculosis (Ziehl-Neelsen, L-J culture or histopathology) among HIV lymphadenitis patients. Mycobacteria staining Culture (L-J)a Histopathology (ZiehlNeelsen) PCR Posb Neg Pos Neg Pos Neg Pos 11 17 11 17 18 12 Neg 2 74 3 73 11 63 Sensitivity 84% 78% 62% Specificity 81% 81% 84% Accuracy 81% 80% 77% a-L-J- Lowenstein-Jensen, b-Pos-Positive, c-Neg- Negative. 38 Table 3- Summary of the PCR positive and negative results as compared to the other methods used in the protocol to detect tuberculosis in HIV patients. L-Ja Culture ZNb Staining PCR Nc Histopathology OBS: M.tbd + + Avium/Intracelulare complex 1 Possible false histopathology 2 - - + Histoplasmosis 1 Co-infection 3 - - + Non-specific Lymphadenitis (with also reactive follicular hyperplasia) 6 Early TB infection? 4 M.tb - + Non-specific Lymphadenitis 1 TB 5 - - + Non-Hodgkins lymphoma 1 Lymphoma + TB 6 - + + Mycobacterial lymphadenitis 1 TB? 7 M.tb + + Inconclusive 1 TB 8 M.tb + + Tuberculous lymphadenitis 5 TB 9 M.tb - + Tuberculous lymphadenitis 3 TB 10 - + + Tuberculous lymphadenitis 2 TB 11 - - + Tuberculous lymphadenitis 6 TB 12 - - - Adenoma 1 - 13 - - - Inconclusive (absence of mycobacteria and fungi) 2 Inconclusive 14 - - - Histoplasmosis 8 Histoplasmosis 15 - - - Non-specific lymphadenitis (Dermatopathic, Granulomatous lympadenitis, and Reactive follicular hiperplasia) 30 Inconclusive 16 - - - Toxoplasmic lymphadenitis 2 Toxoplasmosis 17 - - - Hodgkin lymphoma 6 18 - - - Non-Hodgkin lymphoma 4 19 - - - Kaposi’s sarcoma 3 20 - - - Others (mononucleosis, LLC, metastatic carcinoma, neurofibroma, paracoccidiodomicosis) 5 21 - + - Leprosy 1 Leprosy 22 - - - Tuberculous lymphadenitis 8 TB 23 M.tb - - Tuberculous lymphadenitis 1 TB (false negative PCR) 24 NTMe + - Tuberculous lymphadenitis 1 NTM (Possible false histopathological result) 25 NTM - - Tuberculous lymphadenitis 1 NTM 26 - - - Inconclusive 2 inconclusive 1 a- Lowenstein-Jensen b- Ziehl-Neelsen c- N-number of patients; d- M.tb -Mycobacterium tuberculosis, e- NTM-non-tubercle mycobacteria 39 Table 4- Comparison of PCR positivity with “gold standard” diagnostic of Tuberculosis as considered positive sample in L-J culture or histopathology among HIV lymphadenitis patients. L-Ja Culture OR Histopathology PCR Posb Negc Pos 19 09 Neg 11 65 Sensitivity 63% Specificity 87% Accuracy 80% a-L-J- Lowenstein-Jensen, b-PosPositive, c-Neg- Negative. 40 5.0 CONCLUSÕES Os dados obtidos neste trabalho sugerem que em todos os casos de linfadenopatia deve-se realizar exame histopatológico,micológico, cultura em L-J ou Ogawa e PCR. O PCR pode ser útil na detecção precoce e correta de casos de TB extrapulmonar nos pacientes com Aids e linfadenopatias, evitando-se tratamentos empíricos e desenvolvimento de eventuais cepas resistentes. 41 6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Sousa-Rodrigues CF. Anatomia aplicada do sistema linfático. In: Pitta GBB,Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular:guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.Disponivel em URL: http://www.lava.med.br/livro 2. NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 3. Centers for Disease Control (CDC). 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