A LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL E SEUS FALANTES Aristóteles Cupolillo 1 RESUMO: A língua portuguesa no Brasil vem se transformando ao longo da história através, principalmente, dos seus falantes que a partir de linguagens especificas – por grupamentos sociais, econômicos, culturais e outros - influenciam a língua, criando um novo molde. Porém, é necessário refletir sobre essas variedades de linguagens e o comportamento da língua como instituição nacional, uma vez que a língua é um sistema de pouca mobilidade e de caráter político das classes dominantes que regulam essas transformações. PALAVRAS-CHAVE: língua, língua popular, norma culta e variações dialetais. ABSTRACT: The Portuguese language in Brazil comes if transforming throughout history through, mainly, of its falantes that from languages you specify - for social, economic, cultural groupings and others - they influence the language, creating a new mold. However, it is necessary to reflect on these varieties of languages and the behavior of the language as national institution, a time that the language is a system of little mobility and of character politician of the ruling classes that regulate these transformations. KEY-WORDS: language, popular language, cultured norm and dialetais variations INTRODUÇÃO A língua portuguesa no Brasil sofre mudanças constantes pelos falantes - comunidades ou grupamentos - que se comunicam, se entendem, utilizando a língua materna, oficial e nacional – o português brasileiro. Esses grupamentos possuem suas características culturais, sociais e econômicas, a exemplo dos nordestinos, jovens e médicos, que possuem uma linguagem própria e diferenciada, por outro lado, a língua possui suas especificidades como sistema estruturado de caráter lingüístico e, também, político que resguarda a norma culta da língua que é a linguagem da classe dominante. A língua é um conjunto de regras combinadas e articuladas entre si, o qual possibilita a uma comunidade utilizar-se da linguagem para se comunicar. A visão estruturalista da língua – que não a estudava no aspecto social – foi substituída e, hoje, os estudiosos consideram de suma 1 Aristoteles Cupolillo é graduado em Letras pela Universidade Federal do Mato Grosso – Campus Pontal do Araguaia, especialista em Marketing e Comunicação na Unipós em Cuiabá – MT; docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR. E-mail: [email protected]. importância os aspectos do falante e da sociedade, e ainda, as variedades lingüísticas que surgem pelo processo dinâmico das relações do homem com os grupos sociais e o mundo. Desse modo, não importa qual é a variação da língua e o seu grupo de uso porque ela é fruto de uma interlocução com aspectos fonológicos e morfológicos característicos e, nem por isso, a língua falada deixa de ser a portuguesa. Mas, por outro lado, o preconceito lingüístico existe, condenando todos os desvios, pois as variantes estão distanciadas da língua padrão, a qual se dobra pelas transformações, forçada pela proximidade dos falantes com a língua. Nesse sentido, objetiva-se estudar as variações dialetais e suas especificidades dentro do contexto brasileiro e o caráter político e social da língua portuguesa no Brasil, no qual se encontra a contraposição da norma culta e popular. As variantes lingüísticas de uma comunidade economicamente influente são mais aceitas como transformações da língua do que as variantes de grupamentos considerados inferiores socialmente. A estrutura intrínseca da língua – seu sistema e aspectos - tem pouca mobilidade ao longo de um tempo e as variações da fala específicas de grupamentos e situações são um espaço ilimitado de mudanças. É neste espaço de pluralidade que a norma padrão adere a uma nova moldagem partindo dos falantes, considerando os aspectos sociais e políticos envolvidos nesta relação. É desta forma que a língua está em continuo processo de enriquecimento, mantendo uma relação viva com seus falantes. As variações dialetais Para dar sentido às formas faladas da língua se torna necessário conhecer os tipos de variações dialetais – variedades que ocorrem em função das pessoas que usam a língua – caracterizada pelo estudioso Luiz Carlos Travaglia (2000) como regional, social, idade, sexo, geração ou histórica e função. As variações dialetais são divididas em regional - representam a variação que acontece entre pessoas de diferentes regiões em que se fala a mesmo língua, devido basicamente pela influência que cada região sofreu na sua formação ou porque os falantes de uma dada região constituem uma comunidade lingüística geograficamente limitada que os identifica e os distingue. Aqui a exemplificação é a diferença entre o Português do Brasil e o de Portugal e o dos países africanos de Língua Portuguesa (Angola, Moçambique e outros) e também os falares que encontramos no Brasil – o carioca, o gaúcho, nordestino, etc; social – ocorre de acordo com a classe social do falante (linguagem dos artistas, professores, médicos, estivadores, etc) uma vez que há uma tendência de semelhança dos atos verbais de membros de um mesmo setor sóciocultural. Os dialetos sociais exercem um forte papel de identificação grupal pela linguagem; idade – representam as variações decorrentes da diferença do modo de usar a língua de pessoas de idade diferentes: crianças, jovens, adultos e velhos. Durante a vida a pessoa passa de um grupo para outro, adotando forma de um grupo e abandonando as do outro. Exemplo deste aspecto são as gírias que os jovens criam na busca de afirmação e identificação que são consideradas degenerações e deturpações da língua, muitas vezes criticada sem se pensar que ela é passageira e em poucos casos chegam passar para a fala corrente da comunidade como um todo; sexo – acorre de acordo com o sexo de quem fala. Algumas são determinadas por razões gramaticais – concordância (um homem não diria a frase “Estou tão cansada”) e outras pelas restrições sociais quanto ao comportamento esperado para homens e mulheres; geração ou histórica – são mais percebidas na língua escrita por causa do registro, pois elas dificilmente coexistem com a norma padrão; função – representam as variações na língua decorrentes da função que o falante desempenha, exemplo dos políticos que expressam seus desejos e intenções com o pronome “nós”. Apesar de essa classificação ser uma proposta abrangente e arbitrária, ela não deixa de ser pontual e traz uma compreensão lógica para os tipos de variantes que estão, sempre, em dimensões refletindo as variações sócio-culturais. As variedades da língua portuguesa no Brasil Quando se trata de conhecer a língua portuguesa no Brasil, é preciso refletir sobre as dimensões continentais do país, a formação cultural do seu povo e, ainda, levar em conta as novas tecnologias resultantes da globalização. O preconceito do que é o certo ou errado, não deve ser considerado em se tratando do uso da língua, uma vez que todos os falantes estão se comunicando perfeitamente a partir da língua nacional e materna. Assim, os dialetos regionais como o nordestino, o carioca e o gaúcho não podem ser vistos como desvios ou deturpações da língua. Esses dialetos são específicos de uma determinada região geográfica – dialetos regionais - e muitas vezes configurados pelas influências sofridas por migrações, aspectos sócio-culturais, históricos e, também, econômicos. Na dimensão social, os jargões profissionais e as variedades dialetais de determinadas classes sociais são bem definidos – artistas, médicos, advogados, políticos, professores, estivadores, marginais, favelados, etc – isso porque, os membros dessas comunidades buscam uma identificação grupal pela linguagem. O nível de escolaridade e a questão econômica são fatores que caracterizam o grau de formalismo destes grupos sociais. A gíria, tão criticada pelos eruditos, surge nas novas gerações como busca de independência, auto-afirmação, caracterização grupal, etc. Essa é a linguagem mais característica dos jovens que procuram ser diferentes dos adultos e velhos. A gíria é hoje mais aceita pela mobilidade social, uma vez que a linguagem popular chega às camadas mais altas. O Dicionário de Lingüística de Dubois et alii define gíria como dialeto social reduzido ao léxico, de caráter parasita”. É vista como um vocabulário marginal, mas também de grupos sociais aceitos ou até mesmo da sociedade em geral. Com a introdução dos estudos lingüísticos no Brasil, a gíria passou a ser analisada, aqui, a partir da década de 70, em uma perspectiva descritiva e não normativamente como faziam os poucos gramáticos que se dispunham a tratá-la. Quem mais se destaca, nesse estudo, é o professor Dino Preti, que, com sua equipe de estudo, contribuiu sobremaneira para quebrar a aura pejorativa que cercava o vocabulário gírio, até há poucos anos. Os estudos sociolingüísticos detectam que a maior aceitação da gíria e a “permissão” concedida a todos os falantes a fazerem uso dela, provêm do dinamismo por que passa a sociedade moderna, da velocidade das mudanças e do abandono das tradições. A gíria, como era relacionada a classes pouco cultas e a grupos marginalizados, sempre foi cercada por preconceito lingüístico, decorrente de um problema mais amplo, o preconceito social, advindo do pouco prestígio social que gozam os supostos falantes de gíria (marginais, travestis, toxicômanos, pessoas iletradas, entre outros). É verdade que a gíria surge dentro de um grupo social restrito antes de vulgarizar-se na linguagem falada por toda a comunidade, mas esta comunidade cada vez mais fala gíria, em todos os seus níveis sociais, etários, econômicos e culturais. (www.filologia.org.br). A globalização também está influenciando o espaço da língua brasileira através de novos idiomas falados pelo livre comércio praticado por países de todos os continentes, a crescente atividade do turismo e as ondas migratórias que contribuem com novas palavras – o estrangeirismo - sem falar na internet. Hoje, a comunicação pelo correio eletrônico dos computadores – e-mails, está provocando o maior debate entre especialistas, críticos e estudiosos porque a modalidade da língua escrita está sofrendo grandes alterações pelos internautas que fazem surgir palavras, símbolos e sintaxes totalmente diferenciadas da norma padrão, mas compreendidas do meio virtual. Afirma Xavier que (...) alunos que cresceram com acesso à internet têm contato com formas de textos em múltiplas semioses (palavra, imagem e som) expondo-se a diferentes textos e linguagens na interação com pessoas de diferentes regiões. Os usuários inovam no uso da linguagem, testando formas novas de transcrever e reapresentar a língua oral no espaço virtual. Para interagir on-line é importante escrever de forma esquemática e funcional, com verbos, ícones, 'enunciados', abreviações e reduções em palavras e expressões como "fim de semana" que passa a ser grafada por "fds"; "beleza" vira "blz", sofrendo cortes em vogais e sílabas. (XAVIER, 2004). Esses tipos de variações anteriormente citadas são apenas alguns exemplos da enorme quantidade de linguagens que tornam o espaço da língua portuguesa no Brasil um grande objeto de estudo e também um espaço de conflitos. Língua e sociedade Com o constante crescimento das cidades, o meio urbano tem atraído cada vez mais a população rural, principalmente, jovens e adultos que chegam nas metrópoles em busca de trabalho e melhores condições de vida – saúde e educação. Partindo dessa realidade, percebe-se uma grande tensão dos falantes da língua brasileira pela interação de culturas regionais, linguagem de grupos e comunidades específicas, sem falar na proposta do ensino formal da língua brasileira nas escolas que contrapõe o falar dos indivíduos com a norma padrão estabelecida. Mais uma vez, a questão sócio-econômica dos falantes é representativo no distanciamento padrão da língua. Aqui se caracteriza a raça negra, índios e descendentes que historicamente sempre foram colocados a margem da sociedade pela classe dominante e que continuam sendo excluídos e marginalizados, inclusive nas suas expressões culturais e lingüísticas. Prova disso, é que a gramática da língua portuguesa adotada no ensino oficial é a normativa. A gramática normativa compreende um conjunto de regras para aqueles que querem falar e escrever corretamente, não aceitando as variações da fala e também da escrita por considera-las um erro lingüístico, um desvio. Ela é excludente. Neste sentido, é necessário compreender que as variedades lingüísticas surgem nas comunidades de falantes menos favorecidos não como uma ação consciente contra uma ordem política e econômica, mas sim a partir disso, pois as precárias condições de vida, o contexto em que vivem e suas relações com o mundo, associado a pouca instrução, remetem o indivíduo a uma leitura própria do meio em que vive, interagindo e agindo de forma a estabelecer vínculos mais profundos com outros membros do grupo para sua sobrevivência. E tudo isso, através de uma linguagem própria. Conforme Bakthin (1992) - filósofo da linguagem do início do século passado, cada signo ideológico é não apenas um reflexo, sombra da realidade, mas também um fragmento material dessa realidade.Fiorin esclarece que Uma formação ideológica deve ser entendida como a visão de mundo de uma determinada classe social, isto é, um conjunto de representações, de idéias que revelam a compreensão que uma dada classe tem do mundo. Como não existem idéias fora dos quadros da linguagem, entendida no seu sistema amplo de instrumento de comunicação verbal ou não verbal, essa visão de mundo não existe desvinculada da linguagem. Por isso, a cada formação ideológica corresponde uma formação discursiva, que é um conjunto de temas e de figuras que materializa uma dada visão de mundo (...). (FIORIN, 1993, p.32). Então, refletir sobre as variedades lingüísticas no Brasil é considerar que elas estão presentes na modalidade falada e escrita em uso cotidiano, sofrendo a partir de uma política excludente todo o tipo de preconceito, mas não é equivocado dizer, com base nos falantes, que a língua é um conjunto de variedades. Para Possenti, (...) são algumas dessas variedades que num determinado momento da história, por ser utilizada pelos grupos mais influentes do país, foram escolhidas e trabalhadas pelos gramáticos para servir de expressão do poder e da cultura desse grupo, sendo transferidas, assim, para a língua padrão. Neste momento de adoção, a origem da variante pode ser de qualquer classe, porém, somente a partir do uso pelos falantes de classe econômica superior é que ela ganha status e valor (...). (POSSENTI,1988, p.65), Atualmente, a transformação da língua também está sendo influenciada pelas pesquisas acadêmicas que destacam variações lingüísticas e trazem um caráter de valor a partir dos seus falantes e dos aspectos de interação e comunicação dentro da sociedade. Mas, ainda é a norma padrão dominante, imposta pela classe dominante, que determina o que é certo ou errado na língua brasileira. Segundo Bakhtin, (...) as relações sociais evoluem (em função das infra-estruturas), depois a comunicação e a interação verbais evoluem no quadro das relações sociais, as formas dos atos de fala evoluem em conseqüência da interação verbal, e o processo de evolução reflete-se, enfim, na mudança das formas da língua. (BAKHTIN, 1992). Signo e ideologia Conhecer a estrutura do signo lingüístico é importante para se entender a formação das palavras e o seu uso no cotidiano dos falantes da língua. O sistema da língua se manifesta efetivamente de forma material, quer dizer, pelos signos. É através da inter-relação dos signos que se produz a frase, o período e o texto. Conforme Ferdinand Saussure todo signo possui uma dupla estrutura: o significante e o significado. O significante é o aspecto material do signo, constituído pelo seu conjunto sonoro o que torna o signo audível ou legível. O significado é a parte conceitual do signo, remetendo a determinada representação mental evocada pelo significante. Um exemplo, para se entender o que foi explicado, é com a palavra “casa”: a palavra “casa como significante constitui um conjunto sonoro e concreto; como significado se aplica o aspecto conceitual da palavra “casa” – a imagem mental. O significante e o significado fazem parte de uma mesma unidade. A palavra “casa” enunciada relaciona um conjunto sonoro e mental que é a significação. Diante desta formulação se conclui que o signo é sempre arbitrário, isto é, não há relação direta entre significante e significado. É através da convenção social – o combinado entre os membros de uma determinada sociedade – que se rege essas relações. Também se pode afirmar, ainda sobre os signos, que este é representativo, ou seja, coisas não se confundem com palavras. Conforme Adilson Citelli (2002;pág.24,) as palavras não são as coisas que designam. Um dos aspectos compositivos básicos da palavra é o seu caráter simbólico, visto que as palavras estão sempre em lugar das coisas e não nas coisas. As idéias aqui exposta são um consenso entre os estudiosos, desdobrando outras relações. De acordo com o lingüista francês Emile Benveniste a relação entre as palavras e as coisas são determinadas pela necessidade – como um aspecto de designação. Isso de acordo com as circunstâncias históricas, o mundo concreto, da espiritualidade e também de comunicar certas idéias - com o efetivo uso das palavras, e, amplamente, do discurso. A partir da teoria do signo e de sua natureza, estudos complementares de Mikhail Bakhtin em Marxismo e filosofia da linguagem, reconhecem a proximidade desta com a questão ideológica: Há entre ambas uma relação de dependência tal que nos levaria a crer que só é possível o estudo dos valores e idéias contidos nos discursos atentando para a natureza dos signos que os constroem. Assim sendo, os recursos retóricos que entram na organização de um texto não seriam meros recursos “formais”, jogos visando a “embelezar”a frase; ao contrário, o modo de dispor o signo, a escolha de um ou outro recurso lingüístico, revelaria múltiplos comprometimentos de cunho ideológico. (CITELLI, 2002, p.26). Desta forma, Mikhail Bakhtin, na obra anteriormente citada (p.17), afirma a relação entre o signo e ideologia: Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas ao contrário destes, ele também reflete e retrata outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia. Neste sentido, o signo nasce e se desenvolve interagindo com as organizações sociais, o que leva a afirmar que ele só pode ser pensado socialmente, no contexto. Entre a consciência individual e o universo dos signos existe uma relação estreita e coesa. “Só podemos pensar a formação da consciência dentro de um prisma concreto, derivado, do embate entre os signos” (CITELLI, 2002;pág.28). As palavras ao se contextualizarem passam a expressar valores, conceitos e pré-conceitos. Os homens vivem e aprender interagindo com a sociedade, mediados pela palavra que irão informar e formar, moldando a consciência: “(...) a consciência se forma e se expressa concretamente, materialmente, através do universo dos signos (...)” (CITELLI, 2002, p.29). A língua, falada ou escrita, estruturada a partir dos signos contém a ideologia da classe dominante que expressa nesses os valores e a realidade que convém para a manutenção e propagação dos seus interesses. Neste sentido, a ideologia se expressa no cotidiano de forma validar as relações sociais. A esse conjunto de idéias, a essas representações que servem para explicar e justificar a ordem social, as condições de vida do homem e as relações que ele mantém com os outros homens, é o que comumente se chama ideologia (...). (FIORIN, 1993, p.28). Considerações Finais Com essas reflexões, percebe-se que estudos mais abrangentes e profundos devem ser realizados nos aspectos teóricos e de pesquisa para melhor determinar o conjunto de variantes lingüísticas no espaço da língua portuguesa no Brasil. Esse trabalho já está se tornando uma realidade pela elaboração do Atlas Dialetal. Também, a verificação da influência que a língua sofre nas suas transformações com relação às variedades de grupos influentes, sugerida nesse artigo, deve ser considerada verdadeira em grande parte, pois, ainda, é visível a influência sócio-econômica e também política nos aspectos das normas da língua portuguesa no Brasil pelos gramáticos, tratando as variantes lingüísticas de classes inferiores como um desvio e um erro, uma vez que o passado histórico e excludente não deixou de estar presente nas relações sociais e de ensino do País e, de outro lado, valorizando aquelas variedades de grupos dominantes. Porém, o contexto dinâmico que a língua brasileira está inserida nos mostra diversos novos elementos influenciando as relações da língua, a exemplo da globalização, internet, grupos urbanos excluídos socialmente, etc. No estudo mais detalhado da linguagem e do signo se encontra explicações que esclarecem a importância e a influência do contexto sócio-econômico e cultural na determinação e escolha das palavras pelos falantes da língua, e mais, profundamente, na formação da sua consciência. Signo e ideologia se relacionam dando forma a tudo que existe na sociedade, começando pela língua e a fala. Tudo isso, remete à reflexão de que as línguas não são sistemas acima dos que falam e não estão isentas dos valores atribuídos por eles e que elas se tornam outras devido as suas relações. Referências Bibliográficas: CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. Série princípios. São Paulo: Ática, 2002.. FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. Série princípios. São Paulo: Ática, 1993. 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