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JOSÉ PÉRICLES DINIZ
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA
E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
José Péricles Diniz1
RESUMO
Práticas de incentivo à leitura e de desenvolvimento do senso crítico com
vistas ao exercício pleno da cidadania têm sido sugeridas, avaliadas e propostas por
educadores e pesquisadores envolvidos com o tema. Questões que passam pelos
processos de interpretação e atribuição de sentidos e significados entre autor/produtor
e leitor/consumidor, em movimentos contínuos de afirmação e negação. Transpassado
pelo desenvolvimento dos aportes tecnológicos que levaram o trânsito da informação
do impresso ao digital, este universo tão caro ao educador quanto aos profissionais
de comunicação transforma a si próprio e aos seus agentes no tempo e no espaço,
em busca de alternativas e soluções criativas e emancipadoras. A iniciativa de edição
compartilhada de jornal escolar certamente é uma delas.
Palavras-chave: leitura, interpretação, novas tecnologias, jornal escolar.
ABSTRACT
Practices to encourage the development of reading and critical thinking with a
view to the full exercise of citizenship have been suggested, evaluated and proposed
by educators and researchers concerned with the issue. Questions that go through
processes of interpretation and attribution of meanings between author/producer and
reader/consumer, in continuous movements of affirmation and negation. Interwoven
by the technological development that led the information traffic from printed to
digital this universe, so important to the education and communication professionals,
transforms itself and its agents in time and space in search of alternatives and
emancipatory creative solutions. The initiative in shared editing of school newspaper
certainly is one of them.
Keywords: reading, interpreting, new technologies, school newspaper.
1 José Péricles Diniz é jornalista, professor adjunto dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e
Propaganda da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), mestre em Educação e doutor
em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). E-mail: periclesdiniz@ufrb.
edu.br.
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O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
O ato de leitura é idiossincrático e sua experiência intransferível, envolvendo
esforço, atenção e concentração. Ler requer memória e o conhecimento de si, do
outro e do mundo. A leitura implica em um diálogo entre o leitor e seus autores, cada
qual com tempo e contexto próprios, perfazendo os vários significados históricos,
políticos e estéticos que as gerações lhes atribuem. Assim sendo, é o leitor quem
legitima o texto, conferindo-lhe atualidade e o (re)interpretando. No percurso desta
trilha, ele estabelece normas e padrões de filtragem, cria umas, rompe e subverte
outras, explicitando com isso o seu caráter potencial ao mesmo tempo conservador
ou emancipador.
Trata-se de um jogo contínuo entre reafirmar e questionar, um movimento que
estabelece as condições de diálogo com o texto a partir da construção de sentidos, vez
que toda obra é essencialmente lacunar, ou seja, pontuada por vazios e negações, mas
igualmente polissêmica, onde tais lacunas são preenchidas pelo leitor à medida em
que lança mão de suas interpretações. Neste sentido, resulta bastante esclarecedora a
afirmação de Paulo Freire (1993, p. 43) de que “a leitura de um texto é uma transação
entre o sujeito leitor e o texto, como mediador do encontro do leitor com o autor do
texto”.
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Partindo de pressuposições como a de que não é possível ler sem escrever e
vice-versa, ele advoga que “a compreensão do texto não se acha depositada, estática,
imobilizada nas suas páginas à espera de que o leitor a desoculte” (FREIRE, 1993, p.
43), deixando claro que o ato de dar significado àquilo que está escrito é também uma
experiência criativa e dialógica. E arrisca, neste sentido, o prognóstico de que
seria através da experiência de recontar a estória, deixando sua imaginação,
seus sentimentos, seus sonhos e seus desejos livres para criar que a criança
terminaria por arriscar-se a produzir a inteligência mais complexa dos textos
(FREIRE, 1993, p. 45).
A palavra-chave em toda esta questão é significado. Para o aluno, aprender a ler
precisa fazer sentido. Pois a leitura envolve necessariamente a interação entre autor e
leitor, através de um roteiro de comunicação que sempre vai envolver problemas de
decodificação, os ruídos ao pleno entendimento de significados. No ambiente escolar,
por sua vez, cabe ao professor intermediar esta relação, tornando-a o mais fluida
possível. Assim, tanto o material escrito quanto os conhecimentos prévios do leitor
vão interagir para que ele chegue à compreensão. Portanto, se ler é produzir sentido,
cada um fará de maneira individual, subjetiva, mas sempre influenciado – ou mesmo
determinado – pelas relações políticas nela envolvidas. Interpretar envolve relação
de poder, de apropriação e proximidade dos códigos considerados cultos, corretos,
apropriados.
Além disso, é preciso observar que para a sociedade contemporânea pensamento
e linguagem operam através de esquemas sintáticos e semânticos amplamente
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dominados pela escrita. Este traço é tão marcante que a própria oralidade deve
responder às expectativas da língua escrita. A partir de tal constatação, foi necessário
inclusive resgatar e aprofundar termos como letramento, que pode ser definido
como o uso social e cultural da língua escrita através dos seus variados formatos
e possibilidades. O que certamente vai variar no tempo e no espaço em relação a
conjunturas culturais, tecnológicas e políticas distintas.
DO IMPRESSO AO DIGITAL
A importância da leitura enquanto prática social pode ser igualmente mensurada
sob o prisma do seu inevitável relacionamento com a tecnologia. Partindo da
constatação de que os jovens estudantes de uma maneira geral costumam interessar-se
mais pelos veículos das novas mídias (tevê, videogame, computador pessoal, tablets
e celulares) do que pelo texto impresso, o uso das tecnologias eletrônicas em sala de
aula como suportes para gerar interesse pela leitura da palavra escrita tem sido cada
vez mais difundido e, sempre que possível, praticamente inevitável.
Todavia, a rapidez com que o fenômeno de digitalização de textos se impõe a
todo o processo produtivo cultural e acadêmico exige respostas igualmente ágeis
às questões daí derivadas, desde as etapas da criação, em sua forma e conteúdo,
estilo e linguagem, até a edição e distribuição, entre outros fatores que vão interferir
até mesmo no modo de se ler. Sem esquecer discussões importantíssimas, como a
propriedade intelectual, democratização do acesso e preservação de culturas e modos
de fazer originais.
Com a informatização, as etapas industriais de confecção de um livro ou jornal,
por exemplo, foram enormemente agilizadas e barateadas, alterando os custos
envolvidos na produção, embora este talvez não seja o ponto mais importante da
equação. O que deve afetar de maneira mais significativa esta relação é mesmo o fato
de não mais dependermos dos formatos impressos para ler um livro, uma revista ou
um jornal. Agora, o fazemos com enorme facilidade através da tela de um computador,
dos tablets, celulares ou qualquer um dos inúmeros aparelhos eletrônicos que têm sido
desenvolvidos como plataformas digitais de leitura.
Neste sentido, autores como André Belo (2002, p.18) avaliam que um texto
apresentado por intermédio destes novos veículos vão ser lidos inevitavelmente de
maneira diferente, uma vez que “desaparecem os gestos e as sensações do leitor
associados ao manuseio do livro impresso e muda a sequência da leitura”. Em lugar
de uma ordem linear, que parte de uma capa para a folha de rosto, índices e páginas
iniciais até o final, um produto digital não precisa seguir - e geralmente não o faz nenhuma lógica formal entre as partes ou os capítulos, permitindo ao leitor elaborar e
modificar trajetórias de leitura e navegação as mais diversas e originais.
Tal característica, em certo sentido, está presente no formato do jornal impresso
desde os seus primórdios, ao oferecer uma diagramação e uma paginação que permitem
e até mesmo induzem o leitor a identificar os temas e assuntos que mais o interessam,
separados em editorias e cadernos específicos, selecionando o conteúdo que deseja ler.
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O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
Entre os veículos de comunicação tradicionais, apenas o impresso possui este nível
de interatividade, já que até o advento da digitalização o rádio e a tevê limitavam-se
a oferecer pacotes prontos de programação que deixavam ao ouvinte ou espectador
somente a alternativa de mudar de canal ou desligar o aparelho.
O máximo de ingerência possível acontecia por meio das pesquisas de audiência
e opinião, cartas ou telefonemas com críticas e elogios à programação. No jornal
impresso, mesmo sem interferir diretamente no conteúdo, o leitor sempre pode eleger
por onde iniciar a leitura, o que deixar de lado, ao que dedicar mais atenção e o que
apenas dar uma olhada. Exatamente como ocorre - evidentemente que de maneira
bastante ampliada e dinamizada - com os menus dos ambientes informáticos, onde a
navegação requer uma edição crítica dos conteúdos disponibilizados. Neste sentido,
o hábito da leitura do jornal pode, inclusive, facilitar a familiarização dos novos
usuários aos sistemas de informática.
Merece destaque, contudo, outras das características muito específicas do texto
digital apontada pelo autor:
Por outro lado, em vez de sublinhar e anotar a lápis ou caneta nas margens
do texto impresso, o leitor pode intervir diretamente sobre um texto digital,
adicionando-lhe comentários, alterando-o, copiando-o por meio de um simples
comando para novos documentos, juntando-o, por exemplo, a outros textos sobre
o mesmo assunto que foi arquivado no computador. Recurso extraordinário, a
pesquisa por palavra permite ao leitor digital percorrer o interior de um livro
em busca de uma mesma expressão a uma velocidade que nenhum leitor da era
do impresso, por mais rápido que fosse, podia sequer imaginar (BELO, 2002,
p.19).
Aspecto relevante desta discussão diz respeito ao temor de a generalização dos
computadores pessoais leve ao desestímulo à prática de leitura de livros, jornais e
periódicos. À parte o registro de que tal vaticínio seja já recorrente, sobretudo quando
da popularização do rádio e, depois, da televisão, é importante salientar que a rede
mundial de informação configurada através da internet tem sido constantemente
abastecida com um volume gigantesco de textos os mais diversos, multiplicando a
possibilidade de leitura (inclusive podendo-se imprimir os arquivos digitalizados) de
obras exclusivas, raras, esgotadas ou inacessíveis até então. Além disso, a facilidade
em produzir, editar, publicar e até mesmo divulgar textos inéditos representa uma
revolução em grande potencial para as práticas de leitura, tanto em relação à produção
literária, técnica ou acadêmica, quando na divulgação de informação de interesse
pessoal ou coletiva.
Ao analisar a condição de assombro como componente intelectual, para além
da definição filosófica de origem do conhecimento, Nestor Canclini (2008, p. 15)
afirma que “embora continue havendo inovações na arte e surpreendentes descobertas
científicas, as maiores fontes de assombro, agora, provêm da diversidade do mundo
presente na própria sociedade e daquilo que está distante ou é ignorado e que a
conectividade aproxima”. Ele trata de um assombro contemporâneo “perante a
multiplicação do heterogêneo” (CANCLINI, 2008, p.16), para advertir sobre o risco
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de se confundir a profusão das fontes de informação com a própria realidade, ou ainda
a dispersão com o fim do poder.
Escapa, ele próprio, das generalizações do tipo homogeneização do mundo
ou, por outro lado, de uma subjetividade incondicional, a fim de buscar definir um
entendimento do que seriam as audiências, os públicos dos dias atuais. E lembra
que é a indústria quem está fundindo, recombinando e descobrindo novos usos às
plataformas e linguagens disponíveis tanto para a comunicação quanto para as artes,
o entretenimento, os negócios e a educação. Segundo ele, o processo tecnológico
de convergência digital tem levado a novos hábitos culturais e de consumo de bens
artísticos e de entretenimento.
Não aposta, contudo, num estado de passividade irremediável, lembrando que
“até mesmo o consumo da mídia aparentemente mais inativa implica em apropriação
e reelaboração daquilo que se vê” (CANCLINI, 2008, p. 42-43). Adverte, também,
que “conectividade não é sinônimo de interatividade” (CANCLINI, 2008, p. 52).
As novas tecnologias proporcionam o surgimento de novos contextos, geradores de
novas maneiras de ser, pensar, agir, sentir e atribuir valores, ou seja, novos padrões
de comportamento.
Este ambiente produz uma estrutura social, caracterizada pelas relações em
rede, por uma economia informacional e global, transpassada pelo que Manuel
Castells (1999, p. 6) define como cultura da virtualidade real, onde a “revolução da
tecnologia, a reestruturação da economia e a crítica da cultura convergiram para uma
redefinição histórica das relações de produção, poder e experiência em que se baseia a
sociedade”. Com isso, um desenho social inédito começa a ser escrito a partir de uma
re-acomodação estrutural nas relações de produção e de distribuição da riqueza. Tratase de um ambiente de economia globalizada e interdependente, com flexibilidade
organizacional, enfraquecimento sindical e relativização das conquistas históricas
do estado de bem-estar social, com descentralização do capital, mas com perversa
exclusão.
“Essas transformações conduzem a uma modificação também substancial das
formas sociais de espaço e tempo e ao aparecimento de uma nova cultura”, alerta
Castells (1999, p.7). Como já foi lembrado, uma das marcas desta cultura é a
digitalização, a partir da oferta interminável de informação digitalizada e que, assim,
passa a não mais depender do suporte físico (o papel de livros e jornais, as telas das
pinturas, os filmes fotográficos e fitas de vídeo etc) ou mesmo de uma plataforma,
gênero ou linguagem específica (o impresso, a rádio, o cinema ou a tevê). Os
chamados novos meios, além de multimídia e digital, são modulares, de estrutura
fractal, intermediados por bancos de dados e memória cada vez mais interconectados.
Bem como interativos, costumizados, personalizados, atualizados instantaneamente e
hipertextuais.
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O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
HIPERTEXTO
A propósito, Hercílio Quevedo (2002, p.75) define o hipertexto como “um
fenômeno pós-moderno que alterou de maneira definitiva as relações até então
existentes entre os indivíduos e a informação”. De fato, a leitura de um hipertexto
remete à formulação de novos textos, utilizando-se para isso do próprio computador,
que estaria assim formando uma geração de leitores que se relaciona com a tecnologia
de maneira inédita, mais eficaz e totalmente diferente do que se fazia até então.
Algumas das principais qualidades do hipertexto são a multimidialidade
proporcionada pela convergência digital dos mais diversos suportes de armazenamento
e processamento da informação; a interatividade que assegura não apenas uma
navegação hipertextual ágil e aberta mas também a troca contínua de mensagens
e a formação instantânea de fóruns de discussão; a customização que atende às
preferências e lógicas de navegação do usuário; a atualização contínua e, sobretudo, a
consolidação de uma memória ampliada, cumulativa e coletiva.
Claro, muitas destas características não surgiram com a web, mas já estavam
presentes no próprio formato de leitura baseado no códice, ao tempo em que os
almanaques, enciclopédias e dicionários há muito oferecem informação de matizes
os mais vários, diversificada e classificada, acessível e personalizável, com registro
memorável, extenso e de certa forma tornado atual sempre que possível. O que faz
a internet é potencializar e tornar praticamente ilimitada esta gama de informação
produzida, recuperada, acessada e modificada continuamente no tempo, quando o
texto é atualizado, e espaço, ao ser ampliado.
Seguindo um modelo de funcionamento que tem referência com a própria
dinâmica do pensamento humano, o hipertexto trabalha com a livre associação de ideias,
seguindo um fluxo interminável que leva algo, a partir de um ponto qualquer, a outra
coisa e assim por diante. Os limites a este tipo de navegação aberta são estabelecidos
pelo conhecimento e a própria experiência de vida do usuário, ou seja, cada indivíduo
e suas preferências e limitações é que vão determinar os caminhos a seguir e o ritmo
e velocidade com que isso acontece. Tudo isso, logicamente, traz conseqüências à
própria essência do conhecimento produzido, distribuído, compartilhado e consumido
na rede mundial de computadores.
Quando centramos a questão nos eixos da ética e da estética, certamente seremos
remetidos a uma dimensão política. Porque a disposição em buscar uma nova ética e
uma nova estética para a linguagem das novas mídias tem obrigatoriamente de partir
de um posicionamento político em relação aos usos destes veículos: quem vai usar,
como e para quê? Para mudar (ou manter) quais tipos de estruturas e relações sociais?
Trata-se de entender que uma nova linguagem vai surgir da busca por uma nova forma
de fazer, de usar a tecnologia digital. Para tanto, não funcionaria tentar utilizar os
novos veículos digitais disponíveis com uma lógica gerada em um contexto que se vai
ultrapassando, um contexto - diríamos - analógico.
Pois não se pode esperar que a informática transforme-se, por si só, em um
instrumento de educação, por exemplo, vez que o trabalho com a máquina não deve
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automatizar os pensamentos. Antes pelo contrário, tais ferramentas têm o potencial
para fornecer elementos como a originalidade e a criatividade tão necessários
à construção do indivíduo enquanto sujeito de sua história. É a escola quem deve
promover meios de fomento à leitura regular de revistas e periódicos de vários tipos,
inclusive as fotonovelas e histórias em quadrinho, que podem não frequentar as listas
de referências da maioria absoluta dos mestres e professores das redes formais, mas
com toda certeza habitam as preferências de quase toda turma, desde o pré-escolar
até a faculdade, em muitos casos. Propiciando o acesso a estas publicações sobretudo
àqueles alunos que não podem tê-las em casa, os professores estarão motivando
para a leitura – e consequentemente para o exercício da escrita - mostrando que ler é
importante enquanto prática social, independentemente até de forma e conteúdo.
Num tipo de sociedade tão marcada pela força do signo escrito, como a nossa,
dominar a prática social da leitura é requisito básico de sobrevivência econômica,
política e cultural, aí incluídas todas as incontáveis possibilidades abertas pelo
acelerado processo de digitalização e convergência das mídias. Fenômeno que
certamente levará a novas linguagens e novos arranjos cognitivos e políticos para as
práticas da leitura e da escrita. Para a produção e distribuição da nossa riqueza (ou
pobreza) intelectual, enfim.
TEMPO E ESPAÇO DO EDUCADOR
Ao tratar do impacto das novas tecnologias para o redimensionamento do espaço
e do tempo dos educadores em suas atividades docentes, Vani Moreira Kenski (1998)
avalia a influências que estes novos instrumentos da informação exercem sobre a
práxis pedagógica. Por exemplo, na criação de novos lugares além da escola (como
nas salas de aula virtuais) e novas rotinas de aprendizagem (na educação a distância
ou na educação continuada). Elas impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de
ensinar e de aprender, baseada em uma nova maneira de manipular informações, que
passam a ser geradas e processadas em grandes quantidades, com uma constante da
capacidade de armazenamento enormemente ampliada, com maior velocidade no
acesso e circulação instantânea.
As velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e
dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É preciso que se esteja em permanente
estado de aprendizagem e de adaptação ao novo. Não existe mais a possibilidade
de considerar-se alguém totalmente formado, independentemente do grau de
escolarização alcançado (KENSKI, 1998, p. 60).
Tal situação gera um impacto temporal: a noção de tempo industrial (mecânico,
regular, contínuo, progressivo) é substituído através das tecnologias eletrônicas
(secretárias, agendas, correios, bancos etc) em maneiras inéditas de dispor e
compreender o tempo, redimensionando a nossa percepção temporal e os nossos
deslocamentos espaciais. A autora cita Pierre Lèvy (1993), quando classifica
as formas de conhecimento humano como oral, escrita e digital, para tratar dos
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impactos no trabalho docente. Para ela, a utilização das novas tecnologias exige uma
lógica igualmente nova, na qual não predomina apenas a apresentação linear e o
desenvolvimento metodológico de conteúdos didáticos, mas sim a adoção de novos
tipos de raciocínio não-excludentes, de outras relações entre áreas do conhecimento
aparentemente distintas, de racionalidade somada à emoção e à intuição.
Mudam os procedimento didáticos e o professor passa a ser um orientador,
enquanto que para a dinâmica da sala de aula a presença física não é mais requisito
indispensável. Esta nova dinâmica privilegia o trabalho em equipe e incentiva a
experimentação. A autora faz referência a Dianna Laurrillard (1995), identificando
os novos papéis reservados a alunos e professores em quatro situações: do professor
contador de histórias (que pode ser substituído por um vídeo, programa de rádio,
teleconferência etc); do professor negociador (que discute o conteúdo apreendido
em outros tipos de interação, como a leitura de livros e revistas, assistir a um vídeo
etc); a dimensão do aluno pesquisador (que aprende por descoberta, enquanto o
mestre ordena os conhecimentos apreendidos); e finalmente a do professor e alunos
colaboradores (que usam em conjunto os recursos disponíveis para a busca e troca de
informações).
Recorre mais uma vez a Lèvy (1994) para argumentar que, neste último tipo
de espaço social pode-se desenvolver a sala de aula como uma inteligência coletiva,
onde ocorre uma permanente negociação para o estabelecimento e evolução de uma
ordem das coisas. Ou seja, nada é fixo, embora não haja desordem ou relativismo
absoluto. A ordem é um processo de re-equilibração a partir das trocas com o exterior,
o que traz permanentemente mais ruído e mais complexidade. Seria a ordem no caos
informacional. Com isso, a escola passaria a interagir com as demais instituições
culturais para promover uma educação em sentido amplo. Mas o professor precisa
ser um profissional familiarizado com as novas tecnologias da informação para fazer
bom uso delas em sua prática docente. Porque mais importante que usar ou não a
tecnologia é compreender suas possibilidades, pois então estará apto a entender sua
lógica de movimentação entre os saberes no atual estágio da sociedade tecnológica.
A propósito, Canclini (2008, p. 24) avalia de que forma este novo regime de
trânsito da informação atinge o campo da educação:
Mesmo a educação formal mais aberta à incorporação de meios audiovisuais
e informáticos oferece só uma parte dos conhecimentos e ocupa parcialmente
as horas de aprendizado. Os jovens adquirem nas telas extracurriculares uma
formação mais ampla em que conhecimento e entretenimento se combinam.
Também se aprende a ler e a ser espectador sendo telespectador e internauta
(CANCLINI, 2008, p.24).
Ele alerta que, apesar das novas formas de interatividade produzidas pela
tecnologia, impõe-se uma espécie de ilusão, se simulacro de participação por parte
do público em relação ao que produz e veicula a indústria do entretenimento. E
especula que “existe um jogo complexo, em várias direções, entre ser cidadão e ser
consumidor” (CANCLINI, 2008, p. 28). Então, os processos contemporâneos de
aprendizado deveriam, igualmente, remeter a experiências concretas de formação da
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cidadania e de participação política e comunitária. Com relação especificamente ao
estímulo à leitura e desenvolvimento de interpretação crítica por parte dos nossos
estudantes, uma das experiências mais bem aceitas e com potencial para, se bem
dirigidas, alcançar plenamente tais objetivos ou ainda ultrapassa-los - por exemplo,
com a descoberta de lideranças intelectuais, artísticas, comunitárias e políticas - é a
criação coletiva de um jornal escolar.
O JORNAL ESCOLAR
O objetivo fundamental de um programa de edição de jornal escolar é desenvolver
nos estudantes uma maior capacidade de leitura e compreensão de textos, bem como
uma interpretação crítica da realidade que o cerca, o que decerto favorecerá o seu
processo de construção da plena cidadania. Neste sentido, tanto o jornal impresso
quanto suas versões digital e/ou online guardam enorme potencial para ser utilizado
de maneira efetiva como ferramenta pedagógica, inclusive no que diz respeito à
formação de leitores críticos, criativos e habilitados a promover a contextualização
dos conteúdos curriculares com a realidade concreta em que estão inseridos.
Para tanto, é necessário avaliar em que medida o periódico realmente utilize
todo o seu potencial como ferramenta na formação de consciência crítica entre seus
leitores, sobretudo entre os estudantes contemplados por iniciativas do gênero. Em
primeiro lugar, é preciso definir e deixar claro quais práticas pedagógicas estarão
contempladas pelo programa e se elas têm como meta, além do incentivo à leitura e
à produção de textos, incentivar a formação de pessoas mais conscientes ou mesmo
tolerantes com opiniões diversas, mais críticas, criativas e aptas a relacionar eventos
a contextos.
Mais que isso, o jornal deve estar disposto, inclusive, a contribuir para o sucesso
escolar dos alunos envolvidos na iniciativa. Para tanto, precisa avaliar quais foram
os métodos, técnicas e práticas pedagógicas utilizados com melhores resultados; se
o jornal pode ser usado com eficácia por turmas de todas as disciplinas do currículo
escolar ou é mais adequado e eficiente como apoio didático apenas para algumas
matérias específicas. Vários pesquisadores que se dedicam ao assunto têm sugerido
que o trabalho com jornais pode ser ampliado se possível para todas as disciplinas das
grades curriculares, desde o ensino fundamental até o superior.
Algumas experiências desenvolvidas na área evidenciam, neste sentido, que
todo o potencial oferecido pelo uso do jornal como instrumento pedagógico é bem
mais eficazmente trabalhado através de um programa específico, estruturado de
preferência (mas não exclusivamente) entre um veículo de comunicação social e as
instituições escolares localizadas em seu raio de atuação ou influência. O que envolve
não apenas a distribuição de exemplares diários ou cotas de encalhes, mas também e
principalmente o necessário acompanhamento pedagógico, a realização de oficinas,
palestras e o desenvolvimento de outros mecanismos de envolvimento e interação
entre a comunidade escolar e o próprio jornal.
Todavia, a maior parte dos programas desenvolvidos no Brasil não tem
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O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
apresentado nenhuma inovação no sentido de explorar mais profundamente o vasto
potencial criativo tanto do veículo em si quanto dos professores e estudantes, alvo
final de suas ações. É importante ressaltar outra importante recomendação derivada
do presente estudo, que é a criação de um suplemento dedicado à educação que não
somente noticie e acompanhe os temas e debates, os eventos e realizações ligados
à área educacional, mas inclua a publicação de artigos e demais material produzido
por professores e estudantes. Tais iniciativas também deveriam incentivar entre
professores, alunos e comunidade, a discussão sobre o papel e a responsabilidade da
própria imprensa enquanto instituição formadora de opinião.
Este é um debate cada vez mais necessário e que deve envolver não apenas o
núcleo que integra o programa em si, seus assessores pedagógicos e os educadores
que participam das atividades, mas sim procurar envolver amplamente jornal e escola,
corpo redacional e comunidade acadêmica, jornalistas, professores, pais e alunos.
Experiências deste tipo podem, inclusive, desaguar no estabelecimento de conselhos
editoriais efetivamente participativos e empenhados em discutir e encaminhar um
papel de responsabilidade social assumido na linha editorial e transcrito nas páginas
do periódico. Sempre que consultados, professores das redes pública e privada têm
demonstrado grande interesse na criação de um espaço regular – seja um jornal escolar,
um suplemento específico, editoria, página ou coluna – exclusivamente dedicado à
educação, sobretudo contemplando a publicação de material produzido por alunos e
professores.
Iniciativas do gênero devem buscar identificar e destacar as variantes que
interferem e condicionam o processo, tais como: se os alunos a serem contemplados
pelo programa já possuíam o hábito de leitura de jornais e com que frequência o
exercia; se os professores da escola utilizavam o jornal como instrumento pedagógico,
com que frequência e se com o objetivo de trabalhar aspectos meramente informativos
ou também de conteúdo (análise crítica, contextualização, postura ética, influência
ideológica etc); se os alunos conseguiam avaliar criticamente o conteúdo de uma
reportagem ou artigo, ou seja, se tinham condições de interpretar uma notícia,
identificando as várias abordagens possíveis de um texto noticioso, as manipulações
editoriais de conteúdo e a distância que há entre o relato de um fato e o fato em si, bem
como se logram comparar e distinguir uma mesma notícia editada de maneira distinta
por jornais diferentes.
Com isso, na hora de definir como funcionaria um possível veículo periódico
escolar será preciso distingui-lo da noção de jornal educativo. Seria, acaso, um
periódico feito por ou para alunos e/ou professores? Seu conteúdo seria produzido
por educadores em forma de artigos e estudos ou bastaria registrar novidades e
abordar questões ligadas à área? Seria, então, mais uma publicação científica ou
acabaria sucumbindo aos ditames de mercado, da cultura de massa? São questões
distintas e complexas, mas que apontam para o mesmo princípio que faz com que um
veículo de comunicação - mesmo da grande imprensa - sinta-se comprometido em sua
vocação pedagógica e busque ser participativo de fato, sem necessariamente render-se
às demandas de mercado, criando alternativas que envolvam a comunidade acadêmica
no exercício de produzir e distribuir informação.
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Todavia, é prudente lembrar que jornal não é livro didático e, portanto, antes de ser
introduzido em sala de aula, requer professores preparados a trabalhar com este novo
e versátil instrumento de auxílio pedagógico. Será preciso que eles compreendam a
efetiva dimensão do jornal enquanto veículo processador e divulgador de informação.
Somente assim serão capazes de estabelecer estratégias adequadas e, portanto, eficazes
no sentido de despertar nos alunos o interesse pela edição e leitura de um periódico.
A mera inserção de artigos, reportagens ou outros textos extraídos de jornais junto às
apostilas ou nos livros didáticos não significa que se está utilizando plenamente este
veículo como ferramenta didática de incentivo à leitura, pois então faltaria justamente
o seu componente mais poderoso, que é a capacidade de contextualização.
Entre as características específicas que podem ser apontadas na identificação do
jornal como excelente ferramenta pedagógica estão o seu conteúdo diversificado e
atualizado, sua natureza transdisciplinar e linguagem concisa (e portanto acessível)
e direta (informativa e factual, o que incentiva a formulação de análises críticas da
realidade), assim como a sua característica de documento, de registro histórico dos
principais fatos de relevância social, nacionais e internacionais (e alguns outros nem
tão importantes assim, do ponto de vista da coletividade).
O veículo, em suas versões impressa e/ou eletrônica, também deve fazer bom
uso de recursos para facilitar a leitura, como as manchetes e as fotos, legendas e
infográficos, mapas e tabelas, links hipertextuais e material multimídia o mais diverso.
Além disso, como é um formador de opinião por excelência, conduz inevitavelmente
seus leitores ao debate e à prática da discussão crítica e da troca de idéias opostas, o que
deve ser proposto e estimulado pelas próprias equipes de alunos/professores à frente
da edição. A leitura de jornal ainda enriquece o vocabulário, amplia a compreensão de
textos e reforça a capacidade de retenção de conhecimento, alarga a visão pessoal de
mundo e estimula o interesse por temas atuais, reforçando o sentimento de cidadania.
Novos temas podem ser abordados em sala de aula, de sexo e afetividade às
relações internacionais, da política à economia, do esporte à ecologia. Os alunos têm,
então, a oportunidade de irem descobrindo progressivamente como o mundo está
organizado, de que forma ele funciona e - o mais importante - qual a melhor forma
de agir nesta realidade que o cerca. Na medida em que conhece melhor a estrutura e
funcionamento de um jornal, eles passam a identificar mais rapidamente as referências
que despertam seu interesse na leitura, tornando-a mais efetiva, mais prazerosa, até.
Os estudantes envolvidos neste tipo de iniciativa em geral passam a avaliar
automaticamente a diagramação das páginas, ilustrações e elementos gráficos daquilo
que lêem, relacionando os diversos sinais (símbolos, siglas, logomarcas etc) e os
textos em suas diferentes formas e conteúdos (notícias, reportagens, artigos, editoriais,
publicidade etc). Fazem isso em busca das notícias que mais lhes interessam, podendo
até desprezar e ignorar outras completamente. Ou seja, eles editam sua leitura,
fazem escolhas e adotam, portanto, uma postura crítica e ativa diante do conteúdo
informativo colocado à sua frente. É deste tipo de atitude que se alimenta o princípio
básico da cidadania.
Trata-se, portanto, de um exercício efetivo de habilitar o aluno a se situar no
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O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA E O PAPEL DO JORNAL ESCOLAR NO PROCESSO
trânsito caótico de informações do mundo contemporâneo. Neste sentido, deve ser
conduzido a identificar, selecionar, organizar, combinar, classificar e ordenar as
informações, enquanto a prática de edição (que é, essencialmente, escolha) o levaria
ao desenvolvimento dos processos mentais de indução e dedução, construção de
hipóteses, codificação e esquematização, conceituação e memorização.
Em sala de aula, o jornal ajuda no desenvolvimento dos processos de
aprendizagem ao exercitar as capacidades de atenção, observação, síntese, associação,
comparação e análise, aprimorando o poder de argumentação e estimulando o gosto
pela pesquisa. Antes de tornar-se crítico, ele deve aprender a interpretar a realidade
em que vive. Outra meta colocada aos programas deste tipo é incentivar o trabalho
coletivo, superando as posturas excessivamente individualistas insinuadas por um
sistema de ensino competitivo e voltado quase que exclusivamente para o sucesso
no funil do vestibular. Além disso, há a possibilidade de familiarização com outro
tipo de leitura, capaz de desenvolver conhecimentos úteis na formação de cidadania,
como sobre a tramitação e a publicação de leis, decretos, processos de concorrências
e licitações, a cobrança de tributos, os editais de concursos e empregos etc.
De todo modo, o mais importante para tais programas é que estejam dispostos
a estimular e criar condições efetivas para que estudantes e professores possam
planejar e produzir seus próprios jornais escolares, que podem ter o formato impresso
tradicional, ser veiculado pela internet e/ou como mural, não importa, mas que sejam
frutos de uma disposição autêntica em produzir um instrumento de comunicação
social legítimo e independente. Somente a lição e o exemplo de tal entendimento já é
base sólida e ponto de partida para a construção de cidadania.
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JOSÉ PÉRICLES DINIZ
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