Cinco passos rumo à excelência

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e d i ç ã o
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J U L / A G O / S E T
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Cinco passos rumo à excelência
Gerenciamento de protocolos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz garante
a ampliação de serviços baseados em qualidade e segurança
Págs. 18 a 21
Entrevista
O AVC é uma
Emergência Médica
Págs. 10 e 11
Giro pelo Hospital
Fóruns Médicos ajudam a
empreender melhorias
Pág. 06
Personagem HAOC
Evaldo Foz, um homem de
muitas histórias
Págs. 22 e 23
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GIRO PELO HOSPITAL
Encontro
internacional
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INSTITUTO DE
EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS
Unidade atua na Avaliação de
Tecnologias para Saúde
Como eu trato
Fraturas maleolares
do tornozelo
giro pelo hospital
Data Center garante mais
segurança aos dados
do Hospital
Tempo Livre
Dr. Francisco Collet e sua
paixão por óperas
22
10 25
e 11
entrevista
O AVC é uma
Emergência Médica
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PERSONAGEM HAOC
Evaldo Foz, um homem
de muitas histórias
Responsabilidade Jurídica
Transplante com doador vivo
Artigo internacional
Gliomas Anaplásicos:
melhores perspectivas
EDITORIAL
Todos por um
Um trabalho plural, mas com um objetivo singular. Essa é a minha primeira contribuição no editorial da Visão Médica e não poderia deixar de abordar a realização
dos Fóruns Médicos, realizados entre os meses de abril e maio, no Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
Lado a lado, membros do Corpo Clínico e representantes da Administração deram
passos fundamentais e que começam a gerar resultados igualmente importantes.
Juntos, reavaliamos métodos e processos, identificamos pontos de melhoria e
estabelecemos planos de ação, metas e prazos para alcançá-las.
Sabemos que esta é apenas uma parte do grande desafio que temos pela frente,
mas, como pudemos testemunhar ao longo dos 12 encontros, a adesão e o comprometimento de nosso Corpo Clínico farão com que o Hospital tenha uma visão
completa sobre suas principais necessidades e, dessa forma, avance para manter
os padrões de excelência, qualidade e segurança.
Dr. Mauro Medeiros Borges
Superintendente Médico
Momento marcante
A realização do 1º Fórum de Debates do Corpo Clínico é o evento que marca
esta fase inicial da minha gestão. Foram reuniões marcantes e históricas, que
irão contribuir na constante busca da melhor qualidade em assistência para
nossa Instituição. No momento em que o HAOC determina novos rumos, cria
novas diretrizes, estabelece prioridades, é fundamental, para obtermos sucesso
e efetividade, ouvirmos os médicos. Ouvi-los é agregar valor nas decisões,
respeitá-los é estabelecer parcerias para seguirmos juntos nesta longa jornada
até um Hospital dos nossos sonhos.
Nesses Fóruns que assisti, pude perceber determinados aspectos muito
impactantes, depoimentos consistentes, mas emocionantes, um grande contingente de médicos realmente envolvidos com a Instituição. Isso é raro, único,
especial e, a meu ver, nosso maior patrimônio. Quero agradecer de público a
presença de cada um e sua valiosa contribuição. Tenho a certeza de que não
deixarei a chama se apagar.
Dr. Marcelo Ferraz Sampaio
Diretor Clínico
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Visão Médica
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GIRO PELO HOSPITAL
Encontro Internacional
Em maio, o Presidente do Conselho Deliberativo do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Marcelo Lacerda,
participou de uma reunião com o Ministro da Saúde
da Alemanha, Daniel Bahr. O encontro, realizado na
Câmara Brasil-Alemanha, teve como objetivo apoiar
empresas alemãs de tecnologia na área da Saúde,
discutindo sua entrada no mercado brasileiro. Também estavam presentes o Cônsul Geral da Alemanha
em São Paulo, Matthias von Kummer, e empresários
do setor.
Marcelo Lacerda e Daniel Bahr
Neurocirurgião do Hospital
é nomeado presidente de
Comitê Internacional
Em 28 de junho, Dr. Paulo M. Porto de Melo, neurocirurgião do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, foi nomeado
Presidente do recém-criado Comitê Diretivo de
Robótica, da Walter E. Dandy Neurosurgical Society. O
anúncio foi realizado durante o Congresso Mundial
da Organização, em Milão, na Itália, e representa
um importante capítulo tanto para o médico quanto
para a área.
Um dos pioneiros na realização de estudos sobre a
utilização da tecnologia para esse tipo de procedimento, Dr. Paulo avalia a nova atribuição como um
desafio importante relacionado à formação de uma
nova geração de neurocirurgiões. “Entre tantos atributos, essa sociedade é uma entidade com foco em
educação continuada, inclinada à promoção de avanços relacionados a técnicas cirúrgicas e à disseminação desses conceitos, principalmente junto aos
médicos residentes e jovens neurocirurgiões. Só esse
ano, fui convidado a ministrar cursos pela Sociedade em duas oportunidades, abordando exatamente
a utilização da robótica em neurocirurgias. Então,
agora, a partir da criação de um Comitê e com os
resultados que pretendemos alcançar, acredito que
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Visão Médica
teremos ainda mais elementos para contribuir com a
formação desses profissionais e o desenvolvimento
da área”, explica.
Já no primeiro mês, os membros do grupo dedicaram-se
à revisão da literatura. Agora, de acordo com o neurocirurgião, as etapas seguintes são relacionadas aos
estudos experimentais e a avaliações, como as que
foram realizadas em cadáveres nas Universidades de
St. Louis (EUA) e Nanci (França) e que podem contribuir
para a criação de novos equipamentos ou o aperfeiçoamento e a adaptação dos robôs já existentes.
“O potencial para o desenvolvimento da robótica na
neurocirurgia é imenso. Se considerarmos a Urologia,
por exemplo, que hoje é uma das áreas que mais utilizam a robótica, veremos que os procedimentos que
exigem a utilização do robô ainda são minoria. Já com
relação à neurocirurgia, toda e qualquer intervenção
necessita do chamado movimento fino, dessa precisão
e é exatamente isso que estamos estudando. Me
comprometi com a entrega dos resultados de nossas
pesquisas em um ano, mas tenho certeza de que
teremos muito a apresentar antes disso”, conclui.
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GIRO PELO HOSPITAL
Data Center garante mais
segurança aos dados do Hospital
Depois de um ano de muito trabalho, a área de Tecnologia de Informação (TI) do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz prepara-se para inaugurar seu novo centro de
processamento de dados. Projetado para ampliar a
segurança e a capacidade de armazenamento de dados do Hospital, o novo Data Center conta com um
importante diferencial: a sustentabilidade.
“Incorporamos o princípio de Green IT a muitas das
funcionalidades. Os equipamentos de ar-condicionado, por exemplo, foram projetados para proporcionar o resfriamento ideal aos nossos equipamentos, mas com menor consumo de energia
elétrica e redução nas emissões de CO2”, explica
Fernando Guedes, Coordenador de Infraestrutura
de TI.
De acordo com o Gerente de TI, Denis da Costa Rodrigues, a criação do Data Center representa mais
uma etapa de um processo contínuo de modernização. “As iniciativas relacionadas à inovação, que
irão dinamizar o trabalho dos colaboradores e do
Corpo Clínico, necessitam da confiabilidade e da
disponibilidade dos dados. Com a construção desse
novo centro de processamento de dados, estamos
criando a estrutura que tornará isso possível.”
Questão de estímulo
Apoiado em pesquisas que evidenciam os benefícios
da prática de exercícios como suporte em diversos
tipos de tratamento e no auxílio à recuperação física,
o Hospital Alemão Oswaldo Cruz acaba de lançar o
Programa Estímulo. Utilizando a moderna estrutura
na Unidade Campo Belo, além de contar com equipe
qualificada para acompanhamento e orientação aos
pacientes de forma personalizada, a iniciativa teve
início em julho, com foco inicial em pacientes em
tratamento oncológico e em pré e pós-operatório de
cirurgia bariátrica.
exercícios representam um estímulo para mudar
o estilo de vida, contribuindo no ganho de massa
magra, no melhor controle da hipertensão arterial e
do diabetes. Já no caso de diagnóstico de câncer, o
que se tem visto nas pesquisas é que pessoas que
se tornam fisicamente ativas estão lidando melhor
com o tratamento e reduzindo o risco de morte e de
recorrência da doença”, complementa o Coordenador.
À frente do Programa, que dura cerca de 16 semanas, Dr. Rodrigo Bornhausen Demarch explica que
os exercícios ajudam a manter o condicionamento
cardiorrespiratório, força, resistência muscular e
flexibilidade. Os exercícios diminuem o risco para
o desenvolvimento de diversas doenças, além de
melhorarem a qualidade de vida dos pacientes em
tratamento. São ainda de fundamental importância para preservação da independência funcional
do indivíduo.
“Para quem se recupera de cirurgia bariátrica, o
benefício está no recondicionamento físico e na
manutenção do peso saudável no longo prazo. Os
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Estrutura do Programa Estímulo na Unidade Campo Belo
Visão Médica
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GIRO PELO HOSPITAL
Fóruns Médicos ajudam a
empreender melhorias
Com participação de 146 médicos do Corpo Clínico
e envolvimento de cerca de 20 áreas, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz realizou uma importante rodada
de encontros com um objetivo muito bem definido:
promover o desenvolvimento da Instituição. A partir
da discussão de sete temas prioritários – modelo de
avaliação do médico, infraestrutura, processos internos, metas de qualidade, canais de comunicação,
necessidades dos médicos e do Sistema de Gestão
Tasy –, os Fóruns Médicos deram início a um processo
de melhoria realizado por meio de um trabalho conjunto entre a Administração e a Diretoria Clínica.
Para o Superintendente Médico, Dr. Mauro Medeiros Borges, os 12 encontros, que ocorreram entre os
meses de abril e maio, permitiram a avaliação criteriosa de métodos e processos utilizados no Hospital,
mas, principalmente, a proposição de soluções e alternativas para empreender avanços. “Graças a este
trabalho, já no mês de julho conseguimos eliminar
os laudos provisórios da rotina entre o Laboratório
Fleury e o Hospital, reduzindo a inconsistência de informações. Também integramos o sistema utilizado
pelo Fleury com o nosso Tasy, agilizando o acesso aos
exames laboratoriais. Outro avanço foi a ampliação
de acesso aos laudos e imagens de exames realizados em nosso Centro de Diagnóstico por Imagem
(CDI). Com o sistema PACS, desde o dia 1º de agosto é
possível acessá-los em qualquer lugar do Hospital por
meio dos prontuários eletrônicos”, explica Dr. Mauro.
Até setembro, metas como a dinamização dos
agendamentos cirúrgicos e a redução de eventuais
atrasos ocasionados no trânsito do paciente entre
as áreas e o Centro Cirúrgico do Hospital também
serão atacadas.
“As contribuições do Corpo Clínico permitiram uma
leitura abrangente dos processos e métodos utilizados
no dia a dia da Instituição. A partir dessa avaliação
e, claro, com a participação indispensável de áreas
como Superintendência Assistencial, Relacionamento Médico, CDI e Tecnologia da Informação, entre
outras, podemos empreender mudanças que irão
beneficiar não apenas a atuação dos médicos e
colaboradores, mas também funcionamento do
Hospital e, sem dúvida, a qualidade de atendimento e
a segurança para nossos pacientes”, avalia o Diretor Clínico do Hospital, Dr. Marcelo Ferraz Sampaio.
ANAHPdiscute mudanças do setor
Em workshop realizado no dia 27 de junho, no anfiteatro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a Associação
Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) reuniu
aproximadamente 150 participantes para o debate
sobre ‘Logística e os Novos Modelos de Remuneração
do Setor’.
“O modelo de remuneração atual é o que mais causa
danos à qualidade e segurança dos serviços, pois
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Visão Médica
privilegia a quantidade e não a qualidade, que é a
maior preocupação das instituições que representamos”, explica Francisco Balestrin, presidente do
Conselho de Administração da ANAHP.
Para o representante, a participação de todos os
setores envolvidos na cadeia da saúde e a qualidade
das discussões representa uma perspectiva de
mudança positiva no setor.
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GIRO PELO HOSPITAL
O Passado vivo
Fotos da inauguração do Centro Cirúrgico, que teve suas obras
finalizadas em 1980.
Dicas do Tasy
Com a integração com o Fleury, será possível alterar
data e validade de prescrições dos exames laboratoriais por meio do SIGHA-Tasy?
A integração para solicitação de exames laboratoriais
ao Fleury por meio do SIGHA-Tasy foi concluída em
julho. Agora, ao prescrever um exame laboratorial, será
fundamental prestar atenção na data prevista para a
realização, apresentada na tela “Exames de Rotina”.
Para alterá-la, basta que o médico ou profissional
apague-a e informe dia e horário ideais para os exames.
Para os procedimentos em caráter de emergência,
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
há a possibilidade de selecionar a opção “Urgência”,
para que o sistema altere a prescrição para aquela
mesma data e hora. Outra possibilidade é selecionar
a opção “Dia seguinte”, para que o sistema altere a
prescrição já para às 6 horas do dia seguinte.
O laboratório utilizará a data e hora para realizar a
coleta de exame, por isso, é importante que qualquer
alteração seja observada com cautela.
Visão Médica
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GIRO PELO HOSPITAL
QuaL É a sua opinião?
Cinco dicas importantes para
organizar um consultório
A decisão de constituir um consultório é, quase sempre, acompanhada por dúvidas que, solucionadas
com antecedência, podem evitar muita dor de cabeça.
Por isso, para esclarecer algumas das principais
indagações, separamos informações sobre etapas
fundamentais nesse processo. Nessa edição, falaremos especificamente aos que pretendem fazê-lo
como Pessoa Física (autônomo).
1 - Registro no INSS: quando o médico inicia a residência médica, inscreve-se na Previdência Social e é
considerado segurado obrigatório, apesar do recolhimento da contribuição previdenciária ser facultativo.
2- Apoio Institucional: o profissional precisa buscar
credenciamento junto a um Hospital para, se necessário,
realizar a internação dos pacientes atendidos no consultório.
3- Imóvel: além de próximo ao Hospital em que médico
é cadastrado, o imóvel que abriga o consultório deve
ter a documentação em dia, com relação aos impostos
e alvarás para funcionamento.
4- Documentos importantes: o médico deverá solicitar
à prefeitura o Alvará de Localização e Funcionamento e
o registro relacionado ao Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN) – em algumas cidades,
como São Paulo, por exemplo, profissionais liberais
são isentos do pagamento; à Anvisa ou à Secretaria
de Saúde do município, o profissional deverá requerer
o Alvará Sanitário do consultório e, dependendo da especialidade e das atividades realizadas, uma licença
ambiental junto à Secretaria do Meio Ambiente; para
contratar funcionários registrando-os em regime CLT,
deverá solicitar o Cadastro Específico do INSS (CEI)
junto à Previdência Social; necessitará também de um
Atestado Ocupacional; e, junto ao Ministério da Saúde,
deverá providenciar o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, fundamental para o credenciamento dos convênios de saúde.
5- Livro-Caixa: o registro é uma exigência por parte
da Receita Federal para que o médico possa deduzir
seus gastos devidos no exercício da profissão na base
de cálculo do Imposto de Renda devido.
Na próxima edição da revista Visão Médica, ampliaremos a discussão sobre o tema com uma abordagem
para Pessoas Jurídicas.
Celso Hideo Fujisawa
[email protected]
(11) 3469-8788 / (11) 99975-1186
Qual é a sua opinião?
Caso relatado por Dr.Luiz Antonio Pezzi Portela
Paciente de 41 anos, feminina, com queixa de turvação
visual, encaminhada ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz
por seu oftalmologista.
As imagens anexas mostram alterações características
de que tipo de problema?
Resposta na pág. 27
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Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
TEMPO LIVRE
Bravíssimo!
Casa de Ópera de Zurique
A ópera sempre foi uma das paixões do Dr. Francisco
Collet. O que poucos sabem é que a relação do hoje cirurgião com o gênero começou de maneira tão intensa que, por algum tempo, chegou até a tomar conta de
suas pretensões de juventude.
“Meu contato inicial com a ópera, assim como com a
música de uma maneira geral, se deu por meio dos discos de vinil de meu pai. Comecei a apreciar e, como descendente de família italiana, logo me pus a cantarolar
trechos do Rigoletto ou da La Traviatta, peças que na
voz de estrelas como Maria Callas e outros cantores extraordinários, soavam de forma tão magnífica”, lembra
Dr. Collet.
Estudou piano para aprimorar seus conhecimentos musicais enquanto ainda cursava o colegial. Teve como
professora a pianista Zélia Deri e, além de instrução
erudita, aprendeu muito sobre o gênero de que tanto
gostava. “A professora era casada com um importante
crítico musical, que também adorava óperas. Para ouvir
toda a coleção de discos e fitas que ele tinha, seriam
necessários três anos inteiros”, lembra.
Ao concluir o colegial, partiu para Ribeirão Preto para
estudar Medicina e decidiu que se dedicaria às óperas
de uma forma muito especial: a de espectador.
“Hoje, além das férias, aproveito os congressos internacionais de que participo para apreciar espetáculos que,
com séculos de existência, estão sempre se reinventando. Há apresentações com cantores extraordinários, que
são também atores com um preparo quase circense,
capazes de interagir com uma série de recursos tecnológicos. Recentemente, na Ópera da Bastilha, em Paris,
tive a oportunidade de assistir a uma apresentação do
‘Crepúsculo dos Deuses’, em comemoração aos 200
anos do compositor Wagner, e em Zurique, na Suíça, a
montagem de Dom Giovane. Ambas trouxeram releituras bastante ousadas e, ainda assim,
extraordinárias”, avalia.
Com uma coleção que, atualmente, conta com mais de 100 óperas
completas, Dr. Collet garante que
não é preciso sair do País para
ter acesso a espetáculos belíssimos. “Aqui em São Paulo, no Teatro Municipal, tive a oportunidade
de assistir a apresentações muito
interessantes de clássicos como o
Rigoletto e o Turandot. Então, para
quem gosta ou tem curiosidade,
vale a pena acompanhar as agendas culturais”, recomenda.
Dr. Francisco Collet
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
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ENTREVISTA
O AVC é uma
Emergência Médica
Dr. Jefferson Gomes Fernandes
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Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
ENTREVISTA
L
iderado pelo neurologista e Superintendente
de Educação e Ciências, Dr. Jefferson Gomes
Fernandes, e com Coordenação Adjunta do Dr.
Roberto de Magalhães Carneiro de Oliveira, o novo
Centro de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz começa a funcionar,
colocando em prática uma estratégia que une o trabalho de uma equipe multiprofissional a uma estrutura adequada ao diagnóstico ágil e ao oferecimento
de tratamentos imediatos.
Visão Médica – O novo Centro de AVC é uma unidade para o atendimento de emergência?
Dr. Jefferson Fernandes: Este Centro tem o atendimento emergencial ao AVC como uma de suas ações
principais, mas busca assistir às pessoas com a doença de forma integral e contínua. Quando falamos
em doenças cerebrovasculares, seja um AVC isquêmico ou hemorrágico, devemos considerar uma série
de questões, tais como fatores de risco, causas, local
em que ocorre no cérebro e extensão. Quaisquer que
sejam as respostas para essas indagações, um elemento será sempre considerado crucial: o tempo. Os
sinais de alerta mais comuns incluem dormências ou
falta de força em um lado do corpo ou membro, fala
enrolada ou outros sintomas que tenham início súbito. Nesta situação, o atendimento emergencial pode
aumentar as chances de recuperação e a redução de
sequelas. Desta forma, a atuação do Centro de AVC
começa já na Emergência do Hospital, por meio do
trabalho de médicos emergencistas treinados, neurologistas, assim como do corpo de enfermagem e
de modernos métodos de diagnóstico por imagem.
Confirmado o diagnóstico, além de iniciar o tratamento imediato, o paciente receberá a assistência
na Unidade de AVC Agudo.
Visão Médica – Falem um pouco sobre essa unidade para o atendimento de casos agudos
Dr. Roberto de Magalhães Carneiro de Oliveira –
Montamos a Unidade de AVC Agudo dentro da UTI
Neurológica do Hospital. Lá, os pacientes terão o
acompanhamento integral de uma equipe multidisciplinar durante a fase aguda do AVC. Desta equipe
fazem parte médicos intensivistas, neurologistas,
enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, entre
outros. Se forem candidatos à cirurgia ou a procedimento neuroendovascular, passarão também pela
avaliação de neurocirurgiões e de especialistas em
procedimentos endovasculares que também integram a equipe. Ultrapassada a fase crítica, o paciente
segue, então, para a Unidade de Internação Neurológica, onde permanecerá sob o acompanhamento das
equipes do Centro até que receba a alta hospitalar.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica – Além de atendimento de emergência qualificado e da unidade de atenção à
fase aguda, que outros diferenciais o novo Centro
apresenta?
Dr. Jefferson Fernandes – O Centro de AVC possui
dois diferenciais extremamente importantes que são
a segurança e a qualidade assistencial. Além disto, o
acolhimento humanizado caracteriza a forma como
o Hospital cuida de seus pacientes. Outro aspecto
interessante é a localização do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz. Situado no bairro do Paraíso, o Hospital pode ser acessado por algumas das principais
vias da capital, como as avenidas Paulista e Vinte
e Três de Maio. Em uma emergência, cada minuto
conta, e esse, sem dúvida, é um ponto que deve ser
levado em consideração.
Visão Médica – O AVC é a principal causa de limitações físicas permanentes e uma das principais
causas de morte no Brasil. Com a criação de centros como o do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e
o atendimento específico aos pacientes com doenças cerebrovasculares é possível virar o jogo?
Dr. Roberto de Magalhães Carneiro de Oliveira –
Estamos colocando à disposição dos nossos pacientes
um serviço de qualidade, que combina atuação de
profissionais capacitados, estrutura adequada, utilização de protocolos clínicos baseados em evidências
científicas, a implantação de processos e rotinas de
atendimento que qualificam a assistência. Existe um
movimento de vários hospitais do Brasil para criar
centros semelhantes, a fim de oferecer atenção adequada a estes pacientes. No ano passado, contando
com a participação do Dr. Jefferson Fernandes, assim
como de outros especialistas, o Ministério da Saúde
elaborou um programa nacional, que resultou numa
política de atenção às pessoas com AVC, lançada por
meio das Portarias 664 e 665, voltadas ao atendimento de pessoas com a Doença no Sistema Único
de Saúde (SUS). Ou seja, de maneira geral, estamos
progredindo, mas acho que ainda precisamos avançar
em um ponto de extrema importância: a conscientização de que o AVC é uma emergência médica e que, as
pessoas devem procurar atendimento especializado
em centros de referência imediatamente.
Visão Médica
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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
E CIÊNCIAS EM SAÚDE
Hospital cria Escola Técnica de
Educação em Saúde (ETES)
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz acaba de ampliar
suas atividades voltadas à capacitação e ao aperfeiçoamento na área da saúde. Com a criação da
Escola Técnica de Educação em Saúde (ETES), a
Instituição fortalece sua atuação como um centro
de formação profissional e de multiplicação de conhecimento, avançando também para a capacitação técnica e assistencial.
De acordo com o Superintendente de Educação e
Ciências do Hospital, Dr. Jefferson Gomes Fernandes,
“a ETES tem a missão de promover a formação
profissional, desenvolvendo competências que permitam o desempenho profissional com excelência.”
Depois de um intenso trabalho de planejamento
pedagógico, organizacional, bem como de um rigoroso processo seletivo para seu primeiro curso
Técnico em Enfermagem, a partir de setembro, a
ETES iniciará a formação dos alunos com o objetivo de prepará-los para os serviços de assistência de enfermagem individualizada e integral
a pacientes de todos os níveis de complexidade e
em diversas etapas do ciclo de vida, incluindo cuidados de higiene, conforto, segurança, assistência
aos familiares, garantindo a qualidade e a humanização no atendimento.
“Ao todo, o curso tem
duração de 1.800 horas, divididas em teoria,
práticas assistenciais e
estágio supervisionado,
que será realizado tanto
no Hospital quanto em
instituições parceiras.
Todo o conteúdo foi desenvolvido e aprovado
pelas coordenações do
curso e pedagógica e
pela diretoria da ETES,
com participação de
profissionais de diversas áreas assistenciais
do Hospital. Por isso,
12
Visão Médica
queremos que, nesse período, os alunos vivenciem
as práticas que fazem do Hospital um modelo de
acolhimento. Estamos trabalhando em um modelo que reflete não só a experiência educacional do
Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS),
mas também os reconhecidos padrões de excelência, qualidade e segurança do Hospital”, explica a
Enfermeira Carmen Peres, Coordenadora do Curso.
Para Letícia Serpa, Gerente do IECS e Diretora
da ETES, a escola está dando um passo muito
importante com o lançamento do seu primeiro
curso. “Acredito que a expectativa é grande de
ambos os lados. Além de moderna infraestrutura,
que conta com cinco salas de aula com recurso
multimídia interativo, laboratórios de informática e de práticas assistenciais, biblioteca com
salas de estudos e estações de trabalho, pesquisa em base de dados online e assessoria técnica
em pesquisas bibliográficas, nossos alunos terão
a oportunidade de trocar experiências com uma
equipe de enfermagem altamente qualificada e
que, certamente, tende a acrescentar e muito na
formação desses profissionais. Contamos com
isso e espero que, em breve, possamos vê-los
trabalhando aqui no Hospital ou em outras Instituições de qualidade”, explica.
14 •Ago/
Janeiro
ediçãoedição
16 • Jul/
Set • 2013
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
E CIÊNCIAS EM SAÚDE
Unidade atua na Avaliação de
Tecnologias para Saúde
Utilizada para verificar segurança, eficácia e viabilidade econômica de determinando medicamento,
prótese, cirurgia, exame e até mesmo a implementação de um novo modelo de unidade assistencial
quando comparado a outras alternativas, a Avaliação
de Tecnologia em Saúde (ATS) representa, atualmente, ferramenta fundamental para o Sistema
Único de Saúde (SUS). Com a atuação de instituições
como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que desde
2009 integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde
(PROADI-SUS), a prática auxilia na tomada de
decisões com base em evidências científicas,
contribuindo para a disponibilização de tecnologias eficientes e, acima de tudo, seguras.
do Hospital serão, a partir de agora, relacionados à
avaliação de tecnologias em uma nova perspectiva do
Sistema Único de Saúde e que requer expertise e atuação interdisciplinar, envolvendo as áreas de Estatística, Epidemiologia e Economia. “O desafio já em um
futuro próximo será aumentar nossa equipe para que
trabalhos dessa magnitude possam ser realizados na
UATS do Hospital e a contribuição possa ser ainda
maior”, conclui.
“O trabalho de nossa Unidade de Avaliação de Tecnologia em Saúde (UATS) consiste na avaliação e no
relato pormenorizado dos prós e contras de determinada tecnologia, assim como sua utilização na prática clínica. Com isso, além de promover a segurança
e a qualidade baseadas em evidências, contribuímos
para o desenvolvimento do SUS”, explica Dr. Tiago
da Veiga Pereira, pesquisador e epidemiologista que
coordena as atividades da UATS.
Membro da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS), a UATS, ligada ao
Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS)
do Hospital, está inserida nas atividades de avaliação tecnológica para a saúde em todo o País. De
acordo com o pesquisador, que também coordena
as atividades da unidade na rede, vários membros
da equipe trabalham diretamente com o Ministério
da Saúde para o desenvolvimento de novos projetos, grupos de trabalho e diretrizes metodológicas.
“Em 2012 formamos a primeira turma de MBA em
Economia e Avaliação de Tecnologias em Saúde.
Ao todo, capacitamos 30 gestores e profissionais
atuantes no SUS. Além disso, desde 2009, nossa
equipe produziu mais de 15 informes de ATS utilizados pelo Ministério da Saúde para tomadas de
decisão”, reforça Dr. Tiago.
Para o pesquisador, assim como as demais instituições integrantes da REBRATS, os desafios da UATS
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
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EXAMES
LABORATORIAIS
Alergia alimentar
e os novos testes moleculares
Assessoria médica: Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade
A alergia alimentar é uma reação adversa a alimentos
desencadeada por mecanismos imunológicos, mediados ou não pela IgE. A melhoria dos métodos diagnósticos é uma preocupação crescente para um correto diagnóstico do alérgeno. A maioria dos substratos
alergênicos usados para avaliação diagnóstica, in vivo
(testes cutâneos) e in vitro (IgE específica), consiste
em extratos proteicos de fontes alergênicas naturais,
o que leva à variabilidade em sua composição. Os extratos contêm diversos componentes orgânicos, não
se permitindo identificar os relevantes para cada paciente. Assim, obtêm-se dados sobre a fonte alergênica provável, mas não se identifica a molécula que
desencadeia os sintomas, o que só é possível com o
uso de componentes moleculares alergênicos naturais
purificados ou recombinantes.
Recentes avanços permitem a purificação de componentes moleculares específicos e a produção de componentes moleculares alergênicos recombinantes, que
mantêm as propriedades imunológicas das proteínas
naturais. Surge o conceito de component-resolved diagnosis (CRD) – a identificação do componente molecular
específico do alérgeno ligado à sensibilização –, que
tem importantes repercussões práticas, pois a reatividade contra componentes moleculares distintos do
mesmo alérgeno pode ter implicações diagnósticas e
prognósticas inteiramente diversas.
O ImmunoCAP®Isac (Immuno Solid Phase Allergen Chip) é
um teste in vitro para determinar em uma única reação e
de forma semiquantitativa a presença de anticorpos específicos da classe IgE (sIgE) no soro ou no plasma humano
contra 112 componentes moleculares alergênicos, de 51
fontes. É um imunoensaio em que os componentes alergênicos estão fixados a um substrato sólido, na forma de um
microarranjo (microarray), e são incubados com o soro do
paciente para a detecção de anticorpos IgE. A ligação entre
esses anticorpos e os componentes alergênicos é identificada por anticorpos anti-IgE, com marcação fluorescente.
Com um leitor de biochips e software próprio, consegue-se
uma imagem representativa da intensidade de fluorescência e proporcional ao nível sérico de IgE específica. Os
resultados são expressos em Isac Standardized Units (ISU),
com cut-off de positividade de 0,3 ISU.
14
Visão Médica
O desempenho diagnóstico e utilidade do teste múltiplo dependem de indicação adequada. Numa população sintomática, um resultado positivo aumenta a
probabilidade de o paciente ser alérgico. Mas quando
utilizado em indivíduos não selecionados, pode haver
resultados falso-negativos e falso-positivos. Desse
modo, não é recomendável que o exame seja utilizado
como “triagem”, sem uma indicação clínica específica.
O ImmunoCAP®Isac é recomendado especialmente na
suspeita de múltiplas sensibilizações e/ou possibilidade
de sintomas desencadeados por reações cruzadas entre
alérgenos. Também pode ser útil em alguns casos de
dermatite atópica, anafilaxia idiopática e ausência de
resposta à exclusão de um alimento sabidamente implicado na alergia do paciente. Não há indicação desse
teste em indivíduos monossensibilizados.
Referências
Sampson, HA – Food Allergy. J Allergy Clin Immunol,
111: s540-547, 2003.
Schmid-Grendelmeier P – Recombinant allergens. Routine diagnostics or still only science? Der Hautartzt
2010, 61 (11): 946-953.
Carvalho S, Gaspar A, Prates S, Pires G, Silva I, Matos
V, Loureiro V, Leiria-Pinto P - ImmunoCAP ISAC®: Tecnologia microarray no estudo da alergia alimentar em
contexto de reactividade cruzada. Rev Port Imunoalergologia 2010; 18 (4): 331-352.
Santos KS; Kokron CM; Palma MS – Diagnóstico in vitro. Em: Diagnóstico. Castro FFM et al – Alergia Alimentar. Cap. 6, 53 – 74, Ed. Manole, 2010.
Bernstein Il et al – Allergy Diagnostic Testing: an updated practice parameter. Ann Allergy Asthma Immunol
2008, 100: S1 – 148.
Ferrer M; Sanz ML; Sastre J; et al – Molecular diagnosis
in Allergology: application of the microarray tecnique. J
Investig Allergol Clin Immunol 2009, 19 (1): 19-24.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
COMO EU TRATO
COMO EU TRATO:
Fraturas maleolares
do tornozelo
Dr. Roberto Santin
Por Dr. Roberto Santin
As fraturas do tornozelo são frequentes e graves, pois envolvem sempre a articulação gerando risco para a função
normal. Elas são também chamadas de fraturas-luxações, pois quase sempre há um desalinhamento articular
com perda da congruência entre os espaços articulares.
Essas lesões envolvem osso, cartilagem, mas também ligamentos, músculos, tendões, vasos e nervos, podendo,
portanto, ser de gravidade e prognóstico variáveis.
A cura em posição anatômica é premissa para uma reabilitação funcional completa e duradoura.
O conceito fundamental para o tratamento de fraturas é
o da estabilidade e é nele que vamos nos concentrar no
caso específico do tornozelo.
Tratamento Conservador (incruento)
O tratamento conservador (não cirúrgico) deve ser reservado às fraturas sem desvio, assim como àquelas
com desvio reduzido e que permanecem estáveis. Particularmente, só tenho utilizado o tratamento incruento
nas fraturas sem desvio, nas intrinsecamente estáveis e
nos casos de contraindicação clínica de anestesia geral
e de cirurgia.
Os casos de fraturas instáveis, de reduções não anatômicas e em que houve perda da redução, após a resolução
do edema/hematoma da fratura são, a meu ver, de indicação de tratamento operatório.
Tratamento Cirúrgico (cruento)
Paciente com cinco anos de pós-operatório. Clinicamente
normal. Sem sinais de desgaste da cartilagem do tornozelo
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
É o que permite a redução anatômica, estabilização da
fratura por meio da osteossíntese, inspeção da articulação, retirada de pequenos fragmentos ósseos e condrais,
mobilização precoce a antecipação da carga, e consequentemente, uma melhor e mais rápida reabilitação.
Visão Médica
15
COMO EU TRATO
O tratamento cruento também apresenta desvantagens
e riscos, como infecção, problemas de cicatrização, estética com relação à cicatriz (especialmente em mulheres),
presença do material de síntese, que fica saliente sob a
pele – mas que hoje em dia é minimizada pelas placas
de baixo perfil e de parafusos de bloqueio –, dor residual
com causas difíceis de determinar, lesões em nervos e a
limitação de movimentos articulares. A infecção é a mais
temida, mas felizmente também rara neste tipo de procedimento. Outra complicação é a distrofia simpática
reflexa (DSR) que é causa importante de reabilitação
prolongada e limitação funcional, por vezes definitiva.
Para ler mais:
• Pakarinen HJ; et al- Stability criteria for non operative
ankle fractures management. Foot Ankle Int Feb 2011
NE= IV
• HakDJ ,Egol KA, Gardner MJ, Haske A - The “not so
simple” ankle fractures: avoiding problems and pitfalls
to improve patients outcomes. Inst Course Lec- tures
2011.
• Tornetta P III; et al- The posterolateral approach to the
tibia for displaced posterior malleolar injuries. J Orthop
Trauma 2011
• Bonasia DE, Rossi R, Saltszman CL, Amendola A- The
role of arthroscopy in the management of fractures
about the ankle JAm AcadOrthop Surg. April 2011
• Thomas,G; et al-Meta-analysis: Early mobilization of
operatively fixed ankle fractures: NE= I-II N= 9 articles.
Foot Ankle Int. 2009
Fratura aparentemente estável, que, no teste em rotação externa, revelou ser instável, com lesão completa do ligamento deltoide.
Há alguns anos, autores têm utilizado a artroscopia como
auxiliar na redução e fixação das fraturas, método que
permite diagnóstico e tratamento de lesões condrais com
retirada de fragmentos ósseos e de cartilagem soltos, porém não totalmente apoiada pela maioria dos autores.
Outro aspecto que não tem sido abordado em nosso meio
é o da carga imediata após a osteossintese que, segundo
os autores que a preconizam, permite uma recuperação
16
Visão Médica
mais rápida, facilitando a consolidação.
As fraturas e luxações de tornozelo nos diabéticos são de
difícil solução. As osteossinteses utilizadas têm sido reforçadas, porém toda a atenção deve estar dirigida para
as complicações, que são bastante comuns nesses pacientes, principalmente naqueles com comorbidades (alterações circulatórias, neurológicas, entre outras). O tempo de reabilitação é bastante demorado nesses casos.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
COMISSÃO DE
BIOÉTICA
Ortotanásia.
Deixar morrer não é matar.
Texto produzido pelo Juiz José Henrique R. Torres e utilizado como base do debate sobre o filme “Você não
conhece Jack”, realizado no dia 19 de abril.
A imagem de Caronte, transportando os mortos para o
Hades, não pode ser esquecida quando se enfrenta, no
âmbito da ética médica ou jurídico-penal, o instigante
tema da terminalidade da vida.
A luta contra a morte, obstinada e sem limites, em
quaisquer circunstâncias, não pode mais ser considerada como um dever sagrado e prepotente da Medicina.
Embora os avanços técnicos e científicos estejam trazendo indiscutíveis vantagens para a sociedade, não
é menos verdade que, muita vez, acarretam consequências paradoxais e indesejáveis, como o indevido
prolongamento da vida nas Unidades de Terapia Intensiva, mediante a expropriação da própria existência,
com baixa qualidade de vida e altos custos, emotivos
e econômicos.
A cultura da medicalização da vida, justificada pela
concepção falaciosa de que a morte é o resultado do
fracasso do conhecimento e da técnica médica, tem
legitimado, indevidamente, os abusos da onipotência
de muitos profissionais da saúde que acreditam agir
sob a égide de um falso dever de prolongar a vida a
qualquer custo para vencer a morte.
E essa obstinação terapêutica, um fenômeno sociocultural com causas múltiplas, tem como fundamento
a carência da educação tanatológica, as irreais expectativas de cura, as perspectivas derrotistas quanto à superveniência da morte, motivos econômicos e
até mesmo a intenção de realização de experimentos
científicos. Além disso, é estimulada pela prática de
uma “Medicina defensiva”, consistente na adoção de
todos os recursos disponíveis, ainda que sabidamente
desnecessários e fúteis, com o único objetivo equivocado e egoísta de fazer prova de uma boa atuação
profissional, especialmente com relação aos pacientes em terminalidade, quando se invoca, como álibi,
o temor de eventual responsabilização ética, civil e
criminal pela morte.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Contudo, quando os procedimentos de suporte vital não
têm mais sentido curativo diante da irreversibilidade e
da não transitoriedade, submeter o paciente em estado
terminal a procedimentos dolorosos e inúteis, apenas
para que ele sobreviva a custa de seu isolamento e sofrimentos desnecessários, implica distanásia, que, além
de constituir crueldade e tortura, constitui violação ao
princípio ético previsto no Cap. I inc. XXII do CEM/2009
e pode até mesmo tipificar o crime de constrangimento
ilegal, previsto no artigo 146 do CP.
Portanto, é imprescindível que os profissionais médicos
tenham a consciência de que praticar a ortotanásia,
nos termos da Resolução n. 1.805/2006 do CFM e do
§ único do art. 41 do CEM/2009, ou seja, deixar morrer
um paciente acometido de doença grave e incurável,
em estado terminal, com respeito absoluto à sua autonomia e autodeterminação, não constitui conduta
ilícita nem criminosa, não é homicídio, nem “eutanásia
ativa”, nem “eutanásia passiva”, nem “auxílio ao suicídio”,
antes configura um dever médico.
É preciso compreender a dimensão da vida, aceitar
o seu processo natural, admitir a impotência da Medicina diante da inexorabilidade da morte e, assim,
saber conduzir os doentes em estado terminal, como
Caronte, até o mundo dos mortos, com sensibilidade,
com cuidados paliativos, com resignação e respeito à
dignidade humana.
Visão Médica
17
CAPA
Cinco passos rumo
à excelência
Gerenciamento de protocolos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz
garante a ampliação de serviços baseados em qualidade e segurança
18
Com o amadurecimento de um importante trabalho iniciado em 2009, durante o processo que resultou na acreditação da Joint Comission International (JCI), o Hospital Alemão Oswaldo Cruz iniciou
o gerenciamento de cinco protocolos específicos
para o atendimento de acidente vascular cerebral
(AVC), síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento do segmento ST, dor torácica, sepse
grave e choque séptico (infecção generalizada), e
profilaxia de tromboembolismo venoso.
lecimento de padrões que ampliarão o atendimento baseado em qualidade e segurança.
Com esse acompanhamento integral, realizado a
partir da mensuração de indicadores de processo
e resultado, a Instituição avança rumo ao estabe-
“O trabalho que estamos realizando começou já
há alguns anos, com a revisão, atualização e mesmo a criação de novos protocolos. A partir da lite-
Visão Médica
Administrados pela equipe de Desenvolvimento
Institucional e com coordenação técnica de Dr. Fernando Colombari, médico intensivista e Gerente de
Pacientes Graves do Hospital, esses indicadores
balizarão processos de melhoria contínua relacionados ao atendimento, diagnóstico e tratamento
dos pacientes nestas situações de emergência.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
CAPA
ratura, que nos deu embasamento com relação às
evidências médicas, seguindo o guideline de sociedades internacionais e, claro, respeitando o perfil e
as características de nosso Hospital, médicos especialistas da Instituição redigiram os protocolos
que, aprovados pela Diretoria Clínica, começaram
a ser colocados em prática no mês de novembro
de 2012”, conta Dr. Colombari.
Questão de prioridade
Segundo o médico, a adoção dos protocolos gerenciados auxilia as equipes com relação ao suporte no
manejo clínico dos pacientes e definição de objetivos, além de orientar a sequência temporal de cuidados e ações diagnósticas e terapêuticas definidas.
Dr. Fernando Colombari
Por isso, a definição das cinco áreas de emergência,
bem como dos protocolos que seriam gerenciados, levou em conta fatores como o número de
áreas envolvidas no atendimento para homogeneizá-lo, além da redução da morbimortalidade e
da demanda.
Para Dr. Mauro Medeiros Borges, Superintendente
Médico do Hospital, além de representar um importante passo para a certificação dos programas e
serviços da Instituição, o gerenciamento de protocolos é uma etapa fundamental para a manutenção da acreditação internacional conquistada
pela Instituição.
“O compromisso com a evolução e a melhoria contínua, que tem na JCI um instrumento importante,
faz com que o Hospital busque o aperfeiçoamento
com relação à qualidade e segurança. Com a adesão
das áreas e profissionais aos protocolos, a geração
de dados e o gerenciamento dos indicadores, teremos condições de empreender melhorias e evoluir
no oferecimento de um serviço de excelência com a
cara do Hospital Alemão Oswaldo Cruz”, avalia.
Dr. Mauro Medeiros Borges
Prática e resultados
Por meio de uma plataforma de educação a distância
(EAD), 60 médicos e mais de 200 enfermeiros foram capacitados para a adoção dos protocolos no atendimento de casos enquadrados nessas cinco emergências. De
acordo com o Dr. Colombari, até outubro a plataforma
estará disponível a todos os médicos do Corpo Clínico.
“Entendemos que, independentemente do profissional, se existe um protocolo ele precisa ser se-
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
19
CAPA
guido. Quando se dá a entrada de um paciente
com AVC, por exemplo, o plantonista ou o enfermeiro que inicia o atendimento de acordo com o
protocolo, sinaliza o outro setor envolvido que,
nesse caso seria o Centro de Diagnóstico por
Imagem. A equipe de imagem, então, saberá
que, em alguns minutos, receberá um paciente
com AVC que precisará passar por um exame
rapidamente e, assim, poderá se preparar de
maneira adequada. Esse é um exemplo claro de
melhoria de processo gerada por meio da adesão ao protocolo e é esse tipo de avanço que
iremos perseguir”, explica.
De acordo com o médico, a definição dessas práticas padronizadas para o atendimento ocorreu
com a participação e o envolvimento de membros
do Corpo Clínico. Então, além da adesão dos médicos aos processos, existe uma grande expectativa quanto ao apoio dos profissionais na avaliação
crítica dos protocolos para que melhorias possam
ser implementadas.
20
Visão Médica
“Se na avaliação realizada pelo grupo gerencial
um indicador como tempo ou, talvez, a adoção de
determinado procedimento apresenta uma variação negativa, temos a chance de conversar com
o Coordenador do Pronto Atendimento (PA), da
Cardiologia ou da Neurologia, por exemplo, para
tentar descobrir qual é o gargalo e como podemos
solucioná-lo. Essa avaliação que, assim como os
indicadores, pode ser acompanhada por meio do
SIGHA-Tasy, nos ajudará a aprimorar a evolução
de nosso trabalho mês a mês e tentar reduzir a variabilidade do atendimento”, explica o Intensivista.
Para o Superintendente Médico, o grande desafio
é estimular a cultura de qualidade e segurança na
Instituição. “Demos um salto importante com a
criação dos protocolos, e a definição de indicadores gerenciados. Ainda temos muito a fazer, mas
tenho convicção de que, com o envolvimento de todos, alcançaremos o objetivo,” conclui Dr. Mauro.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
CAPA
Juntos, os cinco protocolos têm 24 indicadores disponibilizados no Tasy.
Acidente Vascular Cerebral
Alta com prescrição de terapia antitrombótica.
Tempo para realização de exame de imagem nos casos de AVC isquêmico.
Alta com estatina nos casos de AVC isquêmico.
Tempo de atendimento, da porta à avaliação médica, nos casos de AVC
isquêmico.
Dor torácica
Tempo médio, da porta à realização de eletrocardiograma, em pacientes com
dor torácica.
Tempo médio, da porta ao atendimento médico no PA, em pacientes com dor
torácica.
Sepse Grave e Choque Séptico
Hemoculturas colhidas antes da administração de antibioticoterapia inicial.
Tempo médio em minutos para introdução de antimicrobianos a partir do
momento do diagnóstico.
Percentual de pacientes com sepse grave e choque séptico que receberam
antibiótico em até uma hora.
Mortalidade devido à sepse grave e choque séptico.
Percentual de pacientes com sepse grave e choque séptico que tiveram coleta de culturas no momento do diagnóstico.
Coleta de lactato arterial no momento do diagnóstico de sepse grave e choque séptico.
Síndrome Coronariana Aguda
Mortalidade de paciente internado com infarto agudo do miocárdio (IAM).
Tempo médio, da porta ao atendimento médico no PA em pacientes com IAM.
Prescrição de ácido acetilsalicílico (AAS) na alta.
AAS no momento da chegada.
Tempo médio, da porta à realização do eletrocardiograma no PA, em pacientes com IAM.
Prescrição de dupla antiagregação plaquetária na alta (em casos de SCA com supra de
ST).
Tempo médio, da porta ao balão, nos pacientes com síndrome coronariana aguda com
supra de ST (em casos de SCA com supra de ST).
IECA ou BRA para LVSD (Disfunção sistólica do ventrículo esquerdo).
Tromboembolismo Venoso
Profilaxia de Tromboembolismo Venoso.
Adesão ao protocolo de Tromboembolismo Venoso até 24 horas após a admissão
no Hospital ou após a cirurgia (em Unidades de Internação).
Profilaxia do Tromboembolismo Venoso na Unidade de Terapia Intensiva.
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Visão Médica
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PERSONAGEM HAOC
Evaldo
Foz
,
um homem de muitas histórias
Dr. Evaldo (primeiro à esquerda) com colegas do Hospital
C
ontemporâneos, amigos, colegas e admiradores. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, histórias sobre o cirurgião Evaldo Foz não são raras.
Graças à memória de profissionais que o conheceram
e tiveram a oportunidade de vê-lo atuar, é possível
identificar contribuições do médico tanto para a estrutura, quanto para forma de atuar da Instituição.
“Evaldo era uma daquelas figuras que atraem outras
pessoas. Muito prestativo, amigo e sempre pronto a
contar uma história ou uma anedota”, lembra Dr. Almiro dos Reis Júnior, do Serviço Médico de Anestesia
do Hospital.
“Posso dizer que a estrutura do Centro Cirúrgico,
como conhecíamos até a inauguração do Bloco E, trazia a marca do Dr. Evaldo Foz. Com grande trânsito e
um trabalho sempre muito próximo à administração
do Hospital, um dia, ele apareceu com uma planta que
revolucionaria o nosso Centro Cirúrgico e que, para
nosso espanto, já estava aprovada e devidamente
discutida com o engenheiro. A partir daquele dia, vimos a unidade surgir diante de nossos olhos”, explica
Dr. Almiro.
De acordo com o anestesiologista, que acompanhou
o cirurgião em incontáveis procedimentos, Dr. Evaldo
destacava-se pela enorme competência, assim como
pela versatilidade. “Ele nunca teve grande projeção
científica, mas era sempre muito solicitado pelos colegas pela grande capacidade técnica. Era um prazer
vê-lo trabalhando porque o mesmo empenho que dedicava a cirurgias complexas aparecia em pequenas intervenções realizadas por ele, fosse uma cirurgia para
varizes, fosse a extração de um daqueles bichos-de-pé.
Pode parecer exagero, mas ele era um cirurgião extremamente apaixonado pelo que fazia”, explica.
Essa dedicação à área, fez com que o médico apoiasse algumas importantes transformações, durante sua
gestão como Diretor Clínico do Hospital, cargo em
que substituiu seu irmão, o Dr. Carlos Foz.
Dr. Evaldo (à esquerda) na inauguração do Centro Cirúrgico
22
Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
PERSONAGEM HAOC
Personalidade
marcante
O perfil arrojado do médico não era reservado apenas ao Hospital. Reconhecido por sua habilidade
comandando aeronaves, Dr. Evaldo chegou a ser
presidente do Aeroclube de São Paulo, entidade em
que também fez muitos amigos e admiradores.
“Seria difícil traduzir o Dr. Evaldo com uma única característica. Ele possuía uma série de atributos que
faziam dele uma pessoa extraordinária. Na década
de 40, por exemplo, ele atendeu e operou gratuitamente um grande número de refugiados da Segunda Guerra. Da mesma forma, ele era um talentoso
‘tirador de sarros’, sempre com uma piada na ponta
da língua e, ao mesmo tempo, um profissional extremamente atento às novidades. Lembro com clareza
do dia em que ele abordou a equipe dizendo ter ouvido falar sobre uma tal tomografia e querendo saber o que pensávamos a respeito. Como anestesista,
preferi me abster, mas isso mostra como ele queria
levar o Hospital para um outro patamar”, recorda.
Dr. Evaldo (ao centro) em inauguração de ala do Hospital
Uma perda e tanto
Com insuficiência renal e às vésperas de completar 70 anos de idade, Dr. Evaldo passou por transplante, realizado por uma equipe que, literalmente, fez história. Na sala de
cirurgia, além do paciente Evaldo Foz estavam os Drs. Emil Sabbaga e Gilberto Góes.
O procedimento foi um sucesso e a recuperação do médico superou as expectativas.
Para a surpresa de muitos, que até então não conheciam sua faceta devota, Dr. Evaldo
mandou erguer uma capela na fazenda que mantinha na Região Sudoeste do Estado,
próxima à cidade de Itapetininga.
Dr. Evaldo (à esquerda)
“Cerca de um ano depois da cirurgia, Evaldo convidou amigos e colegas para uma missa,
que seria realizada para celebrar o bom resultado do transplante. Por isso, um ou dois
dias antes, seguiu para a fazenda a fim de realizar os preparativos. Poucas horas depois,
fomos avisados sobre a tragédia,” recorda Dr. Almiro. A colisão com o caminhão, na
Rodovia Raposo Tavares, interrompeu a vida do Dr. Evaldo Foz, mas foi incapaz de fazer
o mesmo com suas histórias.
Hoje, apesar de não ser facilmente localizado nas páginas de busca da Internet, graças
a sua atuação como Diretor Clínico, o médico tem parcela de responsabilidade em cada
procedimento cirúrgico realizado no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e, talvez, essa fosse
a contribuição com a qual ele gostaria de encerrar sua passagem pela Instituição.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
23
LIVRARIA
O Imperador
de todos os males
Por Dr. Stefan Cunha Ujvari
No século XIX, médicos interpretavam a leucemia
como uma grande supuração sanguínea, devido
ao elevado número de leucócitos encontrados ao
microscópio. Por isso, sem êxito, buscavam os supostos locais infecciosos. A ausência do achado
bacteriano desviou as atenções para outra explicação daquele ‘sangue branco’ (leucemia) pela intensidade leucocitária.
Os avanços médicos apontaram para um novo
tipo de câncer e, dessa vez, no sangue. As portas estavam abertas para testes terapêuticos. Por
quê? A leucemia foi o tipo de câncer ideal para
avaliar a eficácia dos diferentes tratamentos.
Bastava, para isso, constatar a queda do número de blastos ao microscópio: único recurso para
dimensionar a extensão tumoral em uma época
em que não havia ultrassonografia, tomografia ou
ressonância magnética.
Os avanços terapêuticos vieram de muitas descobertas ao acaso, entre tentativas com erros e
acertos. Experimentos secretos com armas químicas evidenciaram efeitos colaterais, com destruição de células sanguíneas e, portanto, precipitaram testes para o tratamento das leucemias.
A descoberta do ácido fólico na Índia e sua participação na produção leucocitária induziram seu fornecimento a leucêmicos na tentativa de restabelecer o número normal dos leucócitos. O resultado foi
catastrófico. As células tumorais se apoderaram da
substância e se multiplicaram. O aprendizado disso? A ciência buscou uma droga que bloqueasse o
ácido fólico: nascia o metotrexato.
O sucesso de associar drogas para aniquilar a
bactéria da tuberculose contaminou os médicos
da futura disciplina da Oncologia que, de maneira
corajosa, decidiram combinar quimioterápicos di-
24
Visão Médica
O Imperador de todos os males
Siddhartha Mukherjee
Companhia das Letras – 2012
648 p.
R$ 54,00
ferentes às leucemias refratárias ou recidivantes.
Essas e outras histórias são relatadas no livro “O
imperador de todos os males”, da Companhia das
Letras. O autor Siddhartha Mukherjee relata de
maneira cronológica a história das descobertas
relacionadas aos diferentes tipos de câncer e consequentes avanços terapêuticos.
14 •Ago/
Janeiro
ediçãoedição
16 • Jul/
Set • 2013
RESPONSABILIDADE
JURÍDICA
Transplante
com doador vivo
Por Dr. Sergio Pittelli
[email protected]
O transplante, no Brasil, é regulamentado pela Lei
9434/97. O capítulo 3º trata do transplante com doador vivo, possuindo apenas dois artigos, um deles
com oito parágrafos (dois vetados). O art. 9º, caput,
autoriza dispor gratuitamente “órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos”. Para cônjuge
e parentes até 4º grau a decisão é do doador. Para
qualquer outra pessoa é exigível a autorização judicial,
excetuada a medula óssea.
O parágrafo 3º restringe a doação a órgãos duplos ou
partes de órgãos cuja retirada não implique em risco
para a saúde nem comprometimento de “aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável”, o que é óbvio e dispensável de ser
dito. O doador deverá autorizar, preferencialmente por
escrito e diante de testemunhas, especificando o tecido, órgão ou parte retirada (parágrafo 4º).
Pelo texto, entendemos que a forma é opcional, mas
as testemunhas são obrigatórias. No caso da forma
não escrita, conclui-se que deve ficar anotado no prontuário tanto a autorização quanto o nome das testemunhas. Aconselhamos, entretanto, vivamente, que a
autorização seja sempre colhida por escrito, por motivos óbvios.
A doação poderá ser revogada a qualquer momento
até sua concretização (parágrafo 5º), princípio comum
ao contexto, encontrável, por exemplo, na esfera das
diretivas antecipadas ou mesmo do consentimento informado para atos e procedimento médicos de qualquer natureza. O juridicamente incapaz poderá doar
exclusivamente medula óssea, provido o consentimen-
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
to de ambos os pais ou responsável legal, indispensável
ainda a autorização judicial (parágrafo 6º). À gestante
é vedado doar, exceto medula óssea e ainda assim se
o ato não oferecer risco a ela e ao feto (parágrafo 7º).
Por último, o autotransplante depende exclusivamente da autorização do próprio indivíduo, registrado no
prontuário médico. Se ele for juridicamente incapaz
exige-se a autorização de um de seus pais ou responsável legal (parágrafo 8º). Há dois pontos interessantes a comentar neste caso. O primeiro é que a autorização do responsável no caso de incapaz é instituto
jurídico de aplicação universal, não se restringindo a
autotransplantes; a simples internação já exige autorização. A segunda é que, aqui, exige-se a autorização
de apenas um dos pais, contrariamente ao caso de heterotransplantes, ou seja, vale mais uma vez a regra
geral de autorização para tratamento de incapazes.
Foi introduzido posteriormente um segundo artigo, 9-A,
cujo texto garante à mulher grávida o acesso a informações sobre possibilidades e benefícios da doação
voluntária de sangue do cordão umbilical e placentário.
No nosso entendimento, a intenção do legislador foi
aumentar a disponibilidade desse tipo de tecido.
Visão Médica
25
ARTIGO INTERNACIONAL
Gliomas Anaplásicos:
melhores perspectivas
Por Dra. Maria Regina Vianna* e Dr. Venâncio A F.
Alves**
Comentário sobre os artigos:
1: Nuño M, Birch K, Mukherjee D, Sarmiento JM, Black KL,
Patil CG. Survival and Prognostic Factors of Anaplastic Gliomas. Neurosurgery. 2013 May 29. [Epub ahead of print]
2: Frenel JS, Leux C, Loussouarn D, Le Loupp AG, Leclair
F, Aumont M, Mervoyer A, Martin S, Denis MG, Campone M. Combining two biomarkers, IDH1/2 mutations
and 1p/19q codeletion, to stratify anaplastic oligodendroglioma in three groups: a single-center experience.
J Neurooncol. 2013 May 17. [Epub ahead of print]
Além da gravidade de manifestações clínicas devido à localização, os tumores do Sistema Nervoso Central (SNC)
apresentam aspectos radiológicos e histopatológicos
desafiadores. Mesmo os tidos como de graus baixo ou
intermediário são, em geral, infiltrativos. Graduados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) de I a IV, de acordo
com a malignidade, os gliomas constituem um dos principais grupos de tumores primários do SNC em adultos,
com destaque para o glioblastoma multiforme (GBM).
26
Visão Médica
Ainda que malignos, os gliomas anaplásicos (grau III
da OMS) têm prognóstico melhor que o do GBM e vêm
apresentando resultados favoráveis com o avanço do
tratamento, como demonstram dois trabalhos aprovados para publicação em 2013.
Em estudo que envolveu 1.766 pacientes com astrocitomas anaplásicos (AA) e 570 com oligodendrogliomas anaplásicos (AO), diagnosticados entre 1990 e
2008 em todas as regiões dos Estados Unidos, Nuño
et al. observaram mediana de sobrevida de 15 meses
em pacientes com AA e 42 meses em portadores de
AO. A menor idade foi associada à ampliaçãoda sobrevida nos dois tipos. Tratamento radioterápico (RR
0,62, p<0,0001) ou cirúrgico (RR 0,73, p<0,0001), sexo
feminino (RR 0,87, p=0,02) e diagnóstico a partir do
ano 2000 (RR 0,84, p=0,004) associaram-se ao menor
risco de mortalidade nos astrocitomas. Entre os portadores de oligodendrogliomas, o tratamento cirúrgico
incompleto não melhorou o prognóstico, mas quando
foi possível a ressecção macroscópica total, a sobrevida mediana subiu de 40 para 61 meses (p=0,001).
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
ARTIGO INTERNACIONAL/
QuaL É a sua opinião?
De outra parte, na Universidade de Nantes, na França, Frenel et al. estudaram 43 casos consecutivos de
oligodendroglioma anaplásicos, subdivididos em três
categorias prognósticas, com a combinação de dois
biomarcadores: mutações nos genes IDH1/2, detectadas em 23 casos com auxílio da pesquisa de proteína
mutante, identificada por meio da imuno-histoquímica
pelo anticorpo monoclonal mIDH1R132H (20/43) e o
sequenciamento dos genes IDH1 (2/43) e IDH2 (1/43);
ecodeleção 1p/19q, identificada por hibridização molecular fluorescente (FISH), também em 23 pacientes.
do estudo, enquanto aqueles com apenas uma dessas
alterações gênicas tiveram medianas de 30 meses de
OS e 22 meses de PFS. Já os portadores de oligodendroglioma anaplásico que não apresentaram os biomarcadores tiveram médias de OS de 9,9 meses e PFS
de 8,6 meses.
A mediana de sobrevida geral (OS) foi de 35 meses,
já a sobrevida livre de doença (PFS) foi de 22 meses.
Os biomarcadores mostraram grande impacto, com a
presença de mutações IDH1/IDH2 associada a OS de
cinco anos em 91 % e de PFS de 86%, índices que contrastam com OS de 9% e PFS de 6% nos casos sem
essas mutações.
Em conclusão, esses recentes estudos demonstram
perspectivas melhores para os portadores de gliomasa naplásicos, tendo Nuño et al. identificado avanços
no tratamento radioterápico e nos casos em que foi
obtida ressecção cirúrgica completa. Por sua vez, a
identificação de dois biomarcadores no estudo de Frenel e colaboradores é promissora na seleção de três
subgrupos de portadores de oligodendroglioma anaplásico que deverão merecer tratamento diferente nos
próximos estudos clínicos, parecendo importante uma
abordagem mais agressiva nos casos sem mutação
nos genes IDH1/IDH2 e sem deleções em 1p/19q.
A análise multivariada segregou três grupos com
prognósticos diferentes: nos casos em que mutações
IDH1/2 e codeleções 1p/19q ocorreram simultaneamente, a média foi superior ao período de seguimento
*Maria Regina Vianna, doutora em Patologia, FMUSP,
sócia diretora do CICAP- HAOC
**Venâncio A. F. Alves, professor titular de Patologia,
FMUSP, sócio diretor do CICAP- HAOC.
Aspectos microscópicos dos gliomas anaplásicos:
Astrocitomaanaplásico: Neoplasia hipercelular com células
fusiformes ou estreladas, com neoformação vascular em meio a
estroma fibrilar.
Oligodendroglioma anaplásico: Neoplasia hipercelular com
células redondas, núcleo central e citoplasma claro. Ausência de
necrose em ambas amostras
Resposta: Qual é a sua opinião?
As imagens evidenciam alterações características de um pseudotumor cerebral, ou hipertensão intracraniana benigna. A angioressonância mostra trombose parcial do seio transverso e sigmoide à direita. As imagens das órbitas
mostram edema de papila, com restrição à difusão.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
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EVENTOS
EM DESTAQUE
Simpósio “Distúrbios
Comportamentais dos
Profissionais de Saúde”
Por Dra. Janice C. Nazareth
Coordenadora da Comissão de Bioética (CoBi)
No dia 29 de junho, em uma iniciativa conjunta com
o Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo (CREMESP), o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
realizou mais uma edição do Simpósio de Bioética
Hospitalar. Com o tema “Distúrbios Comportamentais dos Profissionais de Saúde”, o encontro contou
com palestras de especialistas como a Dra. Mariangela Savóia, do Ambulatório de Ansiedade da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de
Dr. Márcio Bernik, também da FMUSP e do Dr. Daniel Sócrates, da Unidade de Pesquisas em Álcool e
Drogas da Escola Paulista de Medicina.
Aberto pelo Vice-Diretor Clínico do Hospital, Dr. Antônio Marmo Lucon, que elogiou o debate sobre temas tão importantes, o Simpósio abordou tópicos
como a dependência de drogas, os transtornos de
ansiedade, assim como os de humor (ciclotimia e especificidades do transtorno bipolar no médico).
Com grande participação de médicos e profissionais
da saúde ligados à esfera psicológica, o Simpósio
enfatizou a necessidade da atuação precoce e da
atenção aos sinais de distúrbios dessa ordem, a fim
de evitar perdas sociais e profissionais ainda mais
significativas. Outro resultado importante foi a criação de uma força-tarefa no CREMESP, com o objetivo de elaborar um fluxograma de atuação precoce e
efetiva, em cooperação com os serviços envolvidos
em transtornos de ansiedade e humor, tal qual o que
tem sido tão bem sucedido com relação à dependência de drogas.
1º Simpósio Internacional de
Nutrição Clínica Contemporânea
Por Dr. Andrea Bottoni
Coordenador de Educação Médica do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS)
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz sediou, em 27 de
abril de 2013, o 1º Simpósio Internacional de Nutrição Clínica Contemporânea. Com aproximadamente
180 participantes, o evento, organizado pela Equipe
Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) do
Hospital, criou a oportunidade para a ampliação de
debates sobre os principais avanços e desafios da
área com a participação de especialistas e estudiosos do segmento.
Como Médico Nutrólogo, Mestre em Nutrição e Dou-
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Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
EVENTOS
EM DESTAQUE
tor em Ciências pela UNIFESP, mas também como
um dos organizadores do evento, acredito que o encontro contribuiu de maneira significativa, discutindo a importância do trabalho em equipe tanto para
o cuidado integral dos pacientes, quanto para a criação, como pudemos ver, de um debate abrangente
sobre o tema.
Foi apresentado vasto conteúdo científico, trazido
tanto pelos profissionais do Hospital, que ministraram palestras e moderaram painéis ao longo de
todo o evento, quanto por médicos como a Dra. Maria Isabel Toulson Davisson Correia, Professora da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais, e do Dr. Alessandro Laviano, Professor
da Faculdade de Medicina da Sapienza Universidade
de Roma, na Itália. O Simpósio foi classificado como
‘ótimo’ por mais de 80% dos participantes e lançou
a pedra fundamental para o estabelecimento do
evento como um fórum internacional regular sobre a
Nutrição Clínica Contemporânea. Tanto que, graças
à articulação dos profissionais da EMTN e ao sucesso do evento, a segunda edição do Simpósio já começa a tomar forma, em torno da data estabelecida
para sua realização, no dia 22 de março de 2014.
1º Encontro Internacional de
Enfermagem em Nutrição Parenteral
e Enteral
2º Simpósio Nacional de
Enfermagem em Terapia Nutricional
Por Enf. Letícia Faria Serpa
Gerente do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS)
e Diretora da Escola Técnica Educação em Saúde (ETES)
Com o apoio da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral
e Enteral, o Comitê de Enfermagem promoveu, em junho,
o 1º Encontro Internacional de Enfermagem em Nutrição
Parenteral e Enteral e o 2º Simpósio Nacional de Enfermagem em Terapia Nutricional na cidade de São Paulo. Com
discussões sobre o Gerenciamento da Qualidade no Cuidado, o encontro representou uma grande oportunidade para
profissionais da área de Enfermagem e contribuiu para a divulgação da especialidade, a atualização de conhecimentos
baseados em evidência científica e troca de experiências e
educação continuada para uma prática segura.
Pela primeira vez, conseguimos reunir profissionais renomados da área acadêmica, como as escolas de Enfermagem da
Unicamp, USP e UNIFESP e, além de enfermeiros especialistas
atuantes nas Equipes Multiprofissionais de Terapia Nutricional
de centros reconhecidos, contamos com a participação internacional da enfermeira Mabel Pellejero, de Montevidéu, Uruguai.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Durante o evento, de que participaram cerca de 180 enfermeiros de todo o País, realizamos também o lançamento do
pocketbook “Terapia Nutricional Enteral e Parenteral – Consenso de Boas Práticas de Enfermagem”. Resultado de oito
sessões do Meeting de Boas Práticas, realizadas em 2012, o
livro reverbera algumas das reflexões da prática assistencial
e que também foram debatidas durante o evento. Organizado pelas enfermeiras Claudia Satiko T. Matsuba, Suely Itsuko Ciosak e por mim, o
livro contou com o apoio
das enfermeiras Maria
Isabel Pedreira de Freitas,
Jaqueline Almeida e Thaiz
Franzoni e dos cerca de
440 enfermeiros que participaram dos encontros
presencialmente ou via
web conferência.
Visão Médica
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EVENTOS
EM DESTAQUE
International Workshop
for Latin-American Leaders:
Quality Improvement in Health
Services Organizations
Por Enf. Fátima Silvana Furtado Gerolin
Superintendente Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Com a missão de contribuir com o aperfeiçoamento
dos sistemas de saúde em diversos países, a Harvard School of Public Health desenvolve o International Health Systems Program (IHSP), iniciativa de
capacitação direcionada a altos funcionários e executivos de instituições em todo o mundo. Conduzido
por uma equipe de professores e especialistas em
saúde pública, o Programa, que mantém cursos permanentes, realiza ações específicas de treinamentos
com a participação de representantes de hospitais
e instituições de excelência, a fim de proporcionar
a troca de experiências e apresentar modelos bem
sucedidos de gestão e qualidade.
Para compartilhar os avanços alcançados pelo
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, fui convidada a
participar de um desses encontros: o International
Workshop for Latin-American Leaders: Quality Improvement in Health Services Organizations. Realizado
entre os dias, 20 e 23 de maio, nas dependências
30
Visão Médica
da Universidade, em Boston (EUA), com a presença
de aproximadamente 50 representantes de instituições de saúde de diversos países da América Latina,
o encontro deu enfoque a questões de qualidade e
segurança, ampliando o debate sobre temas como a
Tecnologia da Informação na área da Saúde, Segurança, Liderança, e Qualidade, por exemplo.
No dia 23, ampliando a pauta sobre os processos
de acreditação hospitalar, apresentei o tema ‘Humanização - Modelo Assistencial da Teoria à Realidade’ trazendo um pouco dos avanços alcançados
pelo Hospital. Foi uma experiência importante e que,
tenho certeza, contribuiu para o constante processo
de desenvolvimento da saúde na América Latina.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
REUNIÕES
CIENTÍFICAS
Reuniões Científicas
As Reuniões Científicas têm o importante papel de possibilitar que temas atuais e de interesse
de todos sejam compartilhados com o Corpo Clínico do Hospital. Confira o resumo de algumas
das apresentações.
Uso restritivo do sangue e
de seus componentes:
visão do Hematologista
Por Dra. Selma Soriano
Na prática clínica, o uso liberal do sangue e de seus
componentes refere-se ao atendimento da requisição de transfusão, tal e qual solicitada pelo médico
em assistência ao paciente. O uso restritivo, por sua
vez, refere-se à orientação e avaliação sugerida pelo
médico hematologista e hemoterapeuta, no sentido
de ampliar o conhecimento da especialidade junto
ao Corpo Clínico da Instituição, com a finalidade de
diminuir as transfusões desnecessárias, bem como
as reações adversas às transfusões, com foco na segurança do paciente e na hemovigilância.
O gatilho transfusional para o uso de concentrado
de hemácias é transfundir entre 10 e 12 gr\dl no uso
liberal e entre 7,0 e 9,0 gr\dl no uso restritivo. Por
outro lado, as dificuldades e restrições de candida-
tos à doação, contribuem para a não manutenção de
um equilíbrio sustentável entre estoque e demanda
de sangue e seus componentes.
Portanto, monitorizar as práticas clínicas adotadas, por
meio da educação continuada, auditorias retrospectivas e
até mesmo intervencionistas,
aumentam a segurança dos
pacientes e contribuem para
minimizar o desperdício de
material biológico, de grande
relevância na manutenção da
vida dos pacientes críticos e de
alta complexidade.
Uso dos novos anticoagulantes
orais no tratamento da fibrilação
atrial não valvar
Por Dr. Bruno Papelbaum
A anticoagulação oral já está consagrada na fibrilação atrial (FA) para profilaxia
de eventos neurológicos, com redução de 39% no risco de acidente vascular cerebral (AVC), segundo metanálise publicada. Até recentemente, somente a varfarina trazia esse benefício com necessidade de manter o INR em estreita faixa
terapêutica e orientar sobre interação com fármacos e alimentos.
Novos anticoagulantes orais foram introduzidos no mercado, após grandes
estudos clínicos de não inferioridade quando comparados com a varfarina. A
dabigatrana, um inibidor direto da trombina, foi validada pelo estudo RE-LY,
enquanto rivaroxaban e apixaban, inibidores diretos do fator Xa, pelos estudos
edição
Ago/•Set
• 2013
edição16
14••Jul/
Janeiro
2013
Visão Médica
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REUNIÕES
CIENTÍFICAS
ROCKET-AF e ARISTOTLE, respectivamente. Como benefícios específicos, podemos destacar redução no risco de AVC hemorrágico pelos três fármacos, no
risco de AVC isquêmico com dabigatrana 150 mg duas vezes ao dia e na mortalidade global com apixaban 5 mg duas vezes ao dia.
Dispomos hoje, portanto, de novos fármacos eficazes para anticoagulação oral
em FA não valvar. A varfarina, contudo, é uma medicação que, com 60 anos de
uso, possui efeitos adversos conhecidos e, por isso, mais facilmente reversíveis,
não devendo ser abandonada principalmente em pacientes com estabilidade do
INR e portadores de valvopatias.
Atualização sobre a aplicação clínica
de células tronco adultas
Por Dra. Isa Dietrich
As células tronco adultas representam uma ferramenta terapêutica valiosa
para reconstrução de tecidos porque, além de possuírem capacidade de diferenciação em diversos tipos celulares, elas não têm o potencial teratogênico
e os questionamentos éticos pertinentes às células tronco embrionárias. As
células tronco da medula óssea são as mais estudadas e seu emprego clínico
no transplante de medula é rotineiro, mas existem outras fontes de células
tronco adultas, entre as quais podemos destacar as células tronco do tecido
adiposo e as IPS cells (células induzidas a pluripotência).
As células tronco do tecido adiposo podem ser facilmente obtidas do produto da lipoaspiração e vêm sendo empregadas, em ensaios clínicos controlados, para melhorar a trofia de tecidos desvitalizados, produzir aumento de volume tecidual, assim como na engenharia de tecidos. Shinya
Yamanaka e John Gurdon ganharam o prêmio Nobel desenvolvendo um método para reprogramar qualquer célula adulta e diferenciada em células
tronco totipotentes (IPS cells). As IPS cells se prestam, assim, a reconstruir ou substituir qualquer tecido dos três folhetos embrionários e vêm
despertando grande interesse da indústria farmacêutica. Estes avanços
requerem investimentos de nossas instituições em medicina translacional,
agregando profissionais com conhecimentos sobre as ciências básicas e
capacidade de trazê-los à aplicação clínica.
Dr. Cláudio Bresciani
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Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
REUNIÕES
CIENTÍFICAS
Gastrostomia Endoscópica
Por Dr. Paulo Sakai, Dr. Rogério Kuga e Dr. Renzo Ruiz
A gastrostomia é uma comunicação do estômago
com o meio exterior, realizada por meio de um
“estoma” (orifício aberto no abdome). A sonda
de gastrostomia percutânea endoscópica (PEG),
um tubo de silicone flexível e que é introduzido
no estômago, é utilizada para a alimentação. Ela
permite que a dieta, em estado líquido e/ou pastoso, assim como os medicamentos, sejam administrados diretamente na cavidade gástrica.
Em detrimento da jejunostomia, a gastrostomia
é sempre preferida por ser mais fisiológica e
apresentar menores taxas de complicações.
A gastrostomia endoscópica percutânea (PEG)
é um procedimento relativamente simples e que
substituiu o método cirúrgico tradicional, ficando
esse como método de exceção em situações em
que o procedimento endoscópico é contraindicado. Rápido e efetivo, em mãos experientes este
tipo de gastrostomia apresenta baixas taxas de
morbimortalidade, já que as infecções mais comuns são relacionadas às feridas cirúrgicas.
A PEG é, atualmente, um dos procedimentos endoscópicos mais comuns. Só nos Estados Unidos,
são realizados entre 100 mil e 125 mil procedimentos por ano. Suas principais indicações estão
relacionadas à impossibilidade ou deficiência na
deglutição, necessidade de uso prolongado de dieta por sonda nasoenteral (acima de três semanas)
e episódios frequentes de broncoaspiração.
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Visão Médica
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agenda / expediente
REUNIÕES CIENTÍFICAS DO ALMOÇO
REUNIÕES CIENTÍFICAS
Coordenação: Instituto de Educação e
Ciências em Saúde e Diretoria Clínica
Local: Bloco B • 5° andar • Restaurante
dos médicos
Horário: 12h às 13h
09/09
Reunião Científica Mensal da
Clínica Cirúrgica
Coordenação: Pedro Renato Chocair
Horário: 12h30
Local: Bloco B • 14° andar • Auditório
12/09
Cirurgias Citoredutoras Multivicerais nas
Neoplasias da Cavidade
Abdominal Pélvica
Palestrante: Paulo Cesar Leonardi
Moderador: Marcelo Mester e
Jacques Tabacof
19/09
Consentimento informado para
internações hospitalares –
Complicações jurídicas
Palestrante: Fernando Cordeiro
Moderador: Joaquim José Gama Rodrigues
26/09
Atualização em Escoliose Vertebral
Palestrante: Élcio Landim
Moderador: Roberto Santin
Programação sujeita a alteração e cancelamento
17/09
Reunião Científica Mensal do
Pronto Atendimento
Coordenação: Pedro Renato Chocair
Horário: 19h30 às 22h
Local: Bloco B • 14° andar • Auditório
18/09
Reunião Científica da Cardiologia
Coordenação: Eberhard Grube e
Pedro Graziosi
Tema: Cardio-oncologia: onde
estamos?
Palestrantes: Ariel G. Kann e Ricardo
Couto Moraes
Horário: 11h às 12h
Local: Bloco B • 14° andar • Anfiteatro
18/09
Reuniões Científicas de Infectologia
Coordenação: Gilberto Turcato Jr.
Horário: 13h às 14h
Local: Bloco B • 14° andar • Sala 1
18 e 25/09
Reunião de Oncologia
Coordenação: Centro de Oncologia
Temas: Oncologia Torácica e Urooncologia respectivamente
Horário: 12h às 13h30
Local: Bloco B • 14° andar • Auditório
24/09
Reunião Científica de Neurologia e
Neurocirurgia
Coordenação: Jefferson Gomes
Fernandes e Roberto Carneiro
Oliveira
Tema: Dor pós-AVC
Palestrante: Rogerio Adas Ayres de
Oliveira
Horário: 11h30 às 12h30
Local: Bloco B •14° andar• Auditório
24/09
Melhores Práticas em Terapia
Intensiva
Coordenação: Unidade de Terapia
Intensiva
Horário: 19h30 às 22h
Local: Bloco B • 14° andar • Auditório
27/09
Discussão de Casos de Câncer
Colorretal
Coordenação: Angelita Habr-Gama e
Rodrigo Perez
Horário: 7h30 às 9h
Local: Bloco B • 14° andar • Auditório
30/09
Reunião Mensal do CDI
Coordenação: Equipe Fleury
Diagnóstico
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Bloco B • 14° andar • Sala 1
EXPEDIENTE
A revista “Visão Médica” é uma publicação trimestral direcionada ao Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Comitê Editorial: Dr. Jefferson Gomes Fernandes (Editor Chefe), Dr. Andrea Bottoni, Dr. Claudio José C. Bresciani, Dr. Luis Fernando Alves
Mileo, Dr. Marcelo Ferraz Sampaio, Dr. Mauro Medeiros Borges, Dr. Stefan Cunha Ujvari, Dra. Valéria Cardoso de Souza e Dr. Vladimir Bernik.
Projeto Gráfico: Bruno Valiante e Diego Bieliauskas Ferreira | Edição de Arte: Diego Bieliauskas Ferreira
Coordenação Editorial: Aline Shiromaru
Jornalista responsável: Wagner Pinho - MTb 39525
Fotos: banco de imagens do Hospital
Tiragem: 2.500 exemplares
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Visão Médica
edição 16 • Jul/ Ago/ Set • 2013
Estar junto
Seu paciente em boas mãos
O Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com uma equipe
médica de excelência e referenciada, com enfermeiras especialistas em
oncologia, nutricionistas, dentistas, psicólogos, farmacêuticos e fisioterapeutas
que alinham as recentes descobertas da ciência a um tratamento integral,
humanizado e multidisciplinar.
Oferece um atendimento completo e integral ao paciente, com os setores de
Quimioterapia, Radioterapia e Cirurgia Oncológica, trabalhando em conjunto, de
forma a atender as necessidades de seu paciente e proporcionar o seu bem-estar.
Agendamento de Consultas:
11 3549 0673 (das 9h às 16h)
Mais Informações:
11 3549 0672/ 3549 0665 (das 8h às 18h)
Certificado pela
Joint Commission International
CENTRO DE
ONCOLOGIA
Padrão Internacional de qualidade
em atendimento médico e hospitalar.
Diretor Clínico - Hospital Alemão Oswaldo Cruz: Dr. Marcelo Ferraz Sampaio - CRM 58952
Centro de Oncologia
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