Reserva de Tauá - drm-rj

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Ponto de Interesse Geológico: Reserva de Tauá
Variações do nível do mar ao longo do tempo geológico
Ao longo do tempo geológico, a Terra vem testemunhando diversos momentos de subida e descida
do nível do mar (Figuras 1 e 1a). Níveis marinhos acima do nível atual, desenvolvidos durante o
intervalo de tempo do Quaternário, podem ser identificados através do reconhecimento de antigas
linhas de costa (antigas praias, limites entre o continente e o oceano). Estas são, na verdade,
indicadoras da posição relativa do nível do mar ao longo do tempo geológico, resultando de um
"balanço" entre as mudanças reais do nível do mar (eustasia) e as mudanças do nível da crosta
terrestre (tectonismo, isostasia e aporte sedimentar) - Figura 2.
(X 106 anos)
Geologia do Quaternário da região de Búzios
A mudança dos níveis oceânicos (eustasia) é conseqüência da glácio-eustasia (variações de
volume de água do mar devido às glaciações), que, por sua vez, advém da variação climática;
da tectono-eustasia (variações de volume das bacias oceânicas) e da geóide-eustasia
(variações nos níveis oceânicos). As movimentações na crosta terrestre (deformações das
massas continentais) podem fazer com que, em algumas regiões, o nível do mar esteja mais
alto do que em outras, seja pela elevação da crosta terrestre (formação de montanhas) ou
pelo abatimento de blocos continentais.
LEGENDA
QHm Cordões litorâneos holocênicos
Ilha de
Santana
0
Neógeno
3.4
5.3
Mioceno
Oligoceno
37
40
46
53
Eoceno
Paleoceno
4.500
59
65
7
5
6
4
CLIMA
MOVIMENTO TERRESTRE
GRAVIDADE, ROTAÇÃO
Mudanças de volume de
águas oceânicas
Mudanças de volume
das bacias oceânicas
Mudanças de distribuição
de níveis oceânicos
ão
3
2
1
0
anos AP x 1.000
RIO DAS OSTRAS
Rio São
J
oão
-10
Escala 1:250.000
Estados Unidos
BARRA DE SÃO JOÃO
Glácio-estasia
Tectono-eustasia
Mapa de Localização
Geóide-eustasia
-15
1
Figura 1a - Curvas esquemáticas médias
das variações dos níveis relativos do mar
durante os últimos 7.000 anos, ao longo
da costa brasileira e da costa dos
Estados Unidos (Martin et al., 1987 in
Suguio, 1999).
2
3
Mudanças de níveis
oceânicos (Eustasia)
Meteorológicos
Hidrológicos
Oceanográficos
QHm
Compactação local
Mudanças
locais
Você está aqui
Rasa
Paleógeno
6.5
11
14.5
16
20
23.5
28
34
-5
Brasil
M
TE AR
R
R
A
Plioceno
Emer
s
sã
o
Pleistoceno
0.01
0.05
0.1
1.6
m
5
4
3
2
1
0
m
er
Figura 1a
Holoceno
Su
b
Descida
IDADE
6
Subida x 10 anos
Praia
Pré-Cambriano
570
QUATERNÁRIO
(Antropogeno)
CENOZÓICO
Paleozóico
245
NÍVEL DO MAR
(EUSTASIA)
ÉPOCA
Su
bm
ers
ão
Mesozóico
65
PERÍODO
ERA
TERCIÁRIO
Cenozóico
Tauá
I. Feia
Movimentos crustais
Ponta do
Pai Vitório
I. da Âncora
Reserva Ecológica de Tauá
Aporte sedimentar
I. do Gravatá
Figura 1- Tempo geológico e variações do nível do mar durante o Cenozóico.
Fonte:CENPES/PETROBRAS - Tecnologia de Rochas (modificado).
Regressão Marinha
MUDANÇAS DO
NÍVEL RELATIVO DO MAR
Transgressão Marinha
I. dos Pargos
IGUABA
GRANDE
Figura 2 - Fatores controladores da variação relativa do nível do mar.
Fonte: Martin et al. (1996), modificado.
I. Comprida
LAGOA DE ARARUAMA
I. do Papagaio
CABO FRIO
CONTINENTE
Outro fator importante na variação relativa do nível do mar, que influi localmente,
corresponde ao aporte sedimentar: em uma região, pode estar ocorrendo uma
contribuição maior de sedimentos do continente para o mar, fazendo com que
haja um avanço da linha de costa em direção ao oceano (regressão marinha) Figura 3a; por outro lado, se o aporte sedimentar for menor que a capacidade de
erosão pelo mar, haverá um recuo da linha de costa em direção ao continente
(transgressão marinha) - Figura 3b.
CONTINENTE
Figura 3b - Esquema ilustrativo de uma situação
de transgressão marinha. Notar, em relação à
Figura 3a, o avanço do mar em direção ao
continente (Suguio, 1999 - modificado).
PERFIL GEOLÓGICO
(cm)
PERFIL GEOLÓGICO
Figura 3a - Esquema ilustrativo de uma situação
de construção de planícies costeiras, em
momento de regressão marinha (Suguio, 1999 modificado).
700
600
Possíveis registros da variação do
nível do mar na região de Búzios
Fotografia 2
400
SE
300
NW
200
100
0
0
A SA A A A A GC C
M F MG M RF G
F
G
2
4 (m)
LEGENDA
Não observado
Depósitos lamosos
Depósitos arenosos
Depósitos de cascalho
Figura 5 - Seção e perfil geológico representando os depósitos constituites das falésias da Praia Rasa.
Ponta do Pai Vitório
(cm)
400
Ponta da Colônia dos
Pescadores da Praia Rasa
I. do Cabo Frio
500
Praia Rasa
Na região da Praia Rasa (Figura 4 e Fotografia 1), encontram-se imponentes paredões formados por
sedimentos avermelhados (Figura 5). Estes paredões representam falésias “mortas”, ou seja, foram
originados pela ação erosiva das ondas em um momento em que o nível relativo do mar encontravase pouco acima do nível atual e, assim, pôde avançar em direção ao continente (vide Figura 3b).
Ilha Feia
Figura 4 - Mapa geológico do Quaternário Costeiro de
parte da Região dos Lagos (fonte: Martin et al., 1997 modificado), onde se destaca a distribuição dos
depósitos na planície dos rios Una e São João.
Os depósitos quaternários (pleistocênicos e holocênicos) da região de Búzios e arredores constituem sedimentos
continentais indiferenciados (depósitos fluviais e pantanosos); sedimentos arenosos de paleocanais; sedimentos
lagunares e de fundo de baía; e areias marinhas litorâneas. Estes últimos exibem morfologia de alinhamentos de
antigos cordôes litorâneos, como, por exemplo, a planície litorânea dos rios São João e Una, localmente
retrabalhados por ação eólica (dunas).
Ocorrem, ainda, na região, rochas de idade Pré-Cambriana; rochas intrusivas alcalinas mesozóicas-cenozóicas,
como é o caso do morro de São João e da ilha de Cabo Frio; e sedimentos de idade terciária (Plioceno?),
mapeadas como Formação Barreiras.
MAR
MAR
ARRAIAL
DO CABO
A Área de Encarte acima é parte do
Mapa Político-Administrativo do Estado do Rio de Janeiro - Fundação CIDE-2001
300
200
Fotografia 2 -Detalhe dos cascalho que
constituem os depósitos das falésias da
Praia Rasa. Note o martelo como escala.
100
Depósitos de
cascalho e
areia
Reseva Ecológica de Tauá
Localizada no Pântano da Malhada, a Reserva Ecológica de Tauá
(Figura 4 e Fotografia 4) guarda outras evidências da variação do
nível relativo do mar na região de Búzios. A área do Pântano da
Malhada constitui uma região baixa, limitada pelos cordões
arenosos litorâneos holocênicos. Na Reserva de Tauá, ocorre
extenso depósito de conchas de moluscos das espécies Lucina
(Callucina) pectinata (Gmelin, 1791) e Anomalocardia brasiliana
(Gmelin, 1791) - classificação taxonômica realizada pela Dra. Rita
de Cássia T. Cassab (Museu de Ciências da Terra, DNPM-RJ). A
primeira, vulgarmente conhecida como amêijoa ou lambreta, tem
como hábito viver no lodo dos mangues; a segunda, conhecida
como berbigão ou maçunim,vive em zonas intemarés, em praias
bem abrigadas e de fundo lodoso, enterrando-se em pequena
profundidade.
A presença dessas conchas nesta área indica uma transgressão
marinha, em um passado geológico recente. No processo de
construção dos cordões arenosos litorâneos, durante a última
regressão marinha, esta área deixou de ser ocupada por um
corpo de água salgada.
Fotografia 4 - Depósito de conchas situado na Reserva de Tauá,
Pântano da Malhada. Em detalhe, foto das conchas encontradas
no local.
“A Terra levou alguns bilhões de anos para construir as rochas,
os minerais, as montanhas e os oceanos.
Proteja esta obra-prima!“
100
m
0
Fotografia 1- Vista da Praia Rasa tomada a partir do alto de suas falésias.
ASAA A A A GC C
MF MGMRF G
G
F
PROJETO
0
0
Km
LEGENDA
5
Sedimentos lamosos com crosta de ferruginização
Estas falésias são constituídas por uma intercalação de camadas de cascalhos muito grossos e areias
lamosas (Figura 5 e Fotografia 2). Embora se encontrem em domínio costeiro, estudos realizados por
Morais (2001) revelaram que estes depósitos estão associados a um ambiente continental de leques
aluviais (Figura 6), depositados sob a influência de atividades tectônicas durante a sedimentação. Estes
depósitos ocorrem próximos a uma importante falha regional (Falha do Pai Vitório), cujo plano de falha
pode ser observado na face norte da Ilha Feia (Fotografia 1).
Os depósitos sedimentares das falésias da Praia Rasa são relacionados à Formação Barreiras, de idade
terciária. A ocorrência desses depósitos de origem fluvial (continental) próximos à praia indica que a
deposição dos mesmos ocorreu em um momento em que o nível do mar estava mais baixo do que o
atual, e os rios depositavam onde hoje está encoberto pelo mar.
Depósitos similares podem ser observados na Colônia dos Pescadores da Praia Rasa (Fotografias 1 e 3).
Depósitos de cascalho
Fotografia 3 - Depósitos da localidade Colônia dos
Pescadores (Praia Rasa). Ao lado, perfil geológico
representativo.
Figura 6 - Interpretação geológica da
origem dos depósitos das falésias da
Praia Rasa: leques aluviais influenciados
por atividades tectônicas.
SAIBA MAIS SOBRE A GEOLOGIA DE BÚZIOS: No Pórtico da cidade,
na Orla Bardot (próximo ao Monumento aos Pescadores), em Geribá
(Ponta do Marisco) e na Ponta da Lagoinha, você poderá encontrar
outras placas do Projeto Caminhos Geológicos. Nestes locais está a
explicação do motivo pelo qual Armação dos Búzios está sendo
chamada de Himalaia brasileiro.
SECRETARIA DE ESTADO DE ENERGIA,
DA INDÚSTRIA NAVAL E DO PETRÓLEO
CAMINHOS
GEOLÓGICOS
TurisRio
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
[email protected]
www.drm.rj.gov.br
Companhia de Turismo do
Estado do Rio de Janeiro
English version in the back of this panel
Elaboração: Rute Maria Oliveira de Morais e Cláudio Limeira Mello (Departamento de Geologia - IGEO/UFRJ).
Coordenação:Kátia Mansur, Eliane Guedes e Flavio Erthal (DRM-RJ)
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