Página | 1 ANAIS DO 2º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA INTERUNIESP Monte Alto - 2016 Página | 2 APRESENTAÇÃO Os Núcleos de Pesquisa e Extensão (NPE) das unidades de Araraquara, Ibitinga, Jaú, Monte Alto e Taquaritinga, por meio de seus Coordenadores de Pesquisa e extensão, Coordenadores de Curso e Diretores em conjunto, observando o necessário desenvolvimento e aperfeiçoamento dos alunos em relação tanto à vida acadêmica quanto à experimentação e troca de experiências, idealizou, por meio de uma comissão formada com esse fim, o 2º Congresso de Iniciação Científica INTERUNIESP. O referido congresso ocorreu nos dias 03 e 04 de Novembro de 2016, na cidade de Monte Alto. A realização inédita deste evento inter unidades inteiramente dedicado à pesquisa e extensão, sediado na Cidade de Monte Alto (FMA), reconhecidamente mostrou-se como um marco institucional, no sentido da valorização da pesquisa e extensão. Dentre as quase incontáveis missões que idealizou essa comissão, duas principais se destacaram dentre todas: o fortalecimento dos núcleos de pesquisa e extensão das presentes unidades e, estimular a interação e o intercâmbio transversal entre professores, pesquisadores e alunos, promovendo a troca de experiências e saberes entre os diversos níveis de ensino e saber, com a promoção de eventos científicos como este. O presente Congresso, contou com a participação de cinco unidades, como outrora já salientado, contando com mais de 600 participantes, nos dois dias, oriundos de 11 diferentes cursos. Dentre os mais 600 alunos participantes, houveram aqueles apresentaram trabalhos orais e pôsteres; entretanto, nem todos os foram selecionados para integrarem esses primeiros registros por questões técnicas. A Comissão Organizadora do 2º Congresso de Iniciação Científica InterUniesps expressa seu agradecimento aos convidados, pesquisadores, artistas e funcionários, por suas inestimáveis contribuições para o evento, à Secretaria de Lazer e Cultura da Cidade de Monte Alto, que gentilmente cedeu o Centro Cívico para a realização do evento, aos autores que submeteram trabalho, e a todos os participantes. Coordenador da Comissão Organizadora Jorge Luis Nassif Magalhães Serretti Página | 3 Organização do Evento e Conselho Editorial Profa. Débora Raquel da Costa Milani Profa. Djenane Schieri Wagner Cunha Pareceristas Prof. Amauri Tadeu Barbosa Nogueira Profa. Ana Cláudia C. de Camargo Profa. Anna Claudia Martins Coelho Profa. Flávia Petra Melara Prof. Jorge Luis Nassif Magalhães Serretti Prof. Osmar Bueno de Morais Profa. Paula Alvarinho Urbano Barroso Prof. Tiago Massan Profa. Valéria Fattore Mantovani Prof. Débora Raquel da Costa Milani Prof. Emil Silva Profa. Flávia Luzia Lopes Bertaci Profa. Flávia Petra Melara Prof. Gerson Carlos Eduardo Profa. Graciana Simei Prof. Jorge Luis N. M. Serretti Prof. Marcos Rogério da Cunha Profa. Rita de Kássia Cândido Profa. Rosa Maria Gutierrez Prof. Tiago Massan Profa. Vanessa Terra Pereira Prof. Vera Lúcia Guimarães Página | 4 S488c SERRETTI, J.L.N.M, ( Org.) 2º Congresso de Iniciação Científica InterUniesp (2: 2016: Monte Alto, SP) Anais [recurso eletrônico]. – Uniesp, 2016. Disponível em: www. 1. Ensino Superior – Pesquisa – Brasil – Congressos 2.Administração 3.Direito 4.Pedagogia 5.Enfermagem 6. Letras 7.Ciências Biológicas 8.Farmácia 9.Fisioterapia 10.Nutrição I. UNIESP CDD 001.4 Página | 5 Sumário AVALIAÇÃO DA DOR LOMBAR EM FUNCIONÁRIOS DA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA) DA CIDADE DE TAQUARITINGA-SP ............................................................................... 6 A EFICÁCIA DOS MEDICAMENTOS DO COMPONENTE BÁSICO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA O TRATAMENTO DA EPILEPSIA ........................................................... 18 A IMPORTANCIA DO CONTRATO DE TRABALHO DE EXPERIÊNCIA ........................................... 30 REABILITAÇÃO DA MARCHA EM PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................. 23 POSSÍVEIS TRATAMENTOS FISIOTERÁPICOS NA FIBROMIALGIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................. 35 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOR ONCOLÓGICA ................................... 49 A IMPORTÂNCIA E A COLABORAÇÃO DA HIDROTERAPIA DURANTE O PERÍODO DA GESTAÇÃO, UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 60 INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA NA MICROCEFALIA ............................................................ 71 ÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA E REDES SOCIAIS NO AMBIENTE CORPORATIVO ....... 84 ESTUDO SOBRE OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO EM PACIENTES COM DIFERENTES FATORES DE RISCO – AVALIANDO AS RESPOSTAS PRESSÓRICAS........................................... 99 FAMÍLIA E APRENDIZAGENS: A LEITURA UMA INFLUÊNCIA PARA A FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO SUJEITO LEITOR E HUMANISTA ...............................................................111 PREVENÇÃO E ORIENTAÇÃO FISIOTERÁPICA ÀS PESSOAS PORTADORAS DE OSTEOPOROSE NA 3ª IDADE – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .....................................................................135 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE DOENTE CRÔNICO RENAL .................................149 AVALIAÇÃO COM PACIENTES PÓS – CIRÚRGICO DE LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR COM PELO MENOS TRÊS ANOS DE CIRURGIA, ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF 36 E O QUESTIONÁRIO DE LYSHOLM......................................................................167 SINTOMAS E TRATAMENTO DA HEPATITE C: LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO......................182 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA OSTEOARTROSE DE QUADRIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................195 A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS CRIANÇAS..........................................................................................................................209 EDUCAÇÃO INFANTIL E LUDICIDADE: CONSTRUINDO NOVOS CAMINHOS PARA A APRENDIZAGEM .................................................................................................................221 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA TAQUARITINGA/SP. .....................................................231 AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE ESTOQUE E DEMANDA MEDICAMENTOSA ATENDIDA EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA: ESTUDO DE CASO ........................................248 Página | 6 Avaliação da dor lombar em funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Taquaritinga-SP Beatriz Savazzi Coutinho¹ Gustavo Naxara Oscko² Naiara Francieli Rinaldi³ RESUMO INTRODUÇÃO- A dor lombar (dor na região póstero-inferior da coluna vertebral) é a causa mais comum de incapacidade e invalidez nos dias de hoje sendo, um dos principais motivos de consultas médicas, hospitalizações e intervenções cirúrgicas. Ocorre em diversas idades, porém são mais evidentes em homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 e 60 anos de idade. No ambiente de trabalho é conhecida como lombalgia ocupacional e tem como fatores causais mais comuns os posturais, mecânicos, traumáticos e psicossociais. MATERIAL E MÉTODOS- Esse trabalho avaliou 40 funcionários, não médicos, dos três turnos, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Taquaritinga–SP. O instrumento utilizado para avaliação da prevalência de lombalgia foi o Questionário Roland-Morris de Incapacidade. RESULTADOS E CONCLUSÃO- Média de idade dos avaliados foi 37,5 anos, sendo a maioria mulheres (87,5%), avaliados nos três turnos de trabalho, diurno (60%), noturno (12,5%) e ambos (27,5%). Outros dados sócio-demográficos foram coletados, como por exemplo, tempo de serviço. Embora o escore não tenha classificado nenhum indivíduo como incapaz, a frequência de respostas de algumas questões mostra que há certo grau de desconforto cabendo, portanto, a elaboração de um plano de atuação. A comparação dos resultados com outros estudos da literatura científica ficou prejudicada, pois esses estudos avaliaram pacientes portadores de lombalgia. PALAVRAS CHAVE: Lombalgia, Questionário, Roland-Morris. Página | 7 ABSTRACT INTRODUCTION- The back pain (pain in the póstero-inferior region of the spine) is the most commom cause of disability and invalidity in these days being one of the main reasons for medical appointment, hospitalizations and surgical interventions. Occurs in several ages, but is more evident in men over 40 years and women between 50 and 60 years of age. At work environment is known as occupational low back pain and has as the most commom causal factors postural, mechanical, traumatic and psychosocial. MATERIAL AND METHODS – This research evaluated 40 non-medical employees from the three work shifts of the Emergency Care Unit (UPA) in the city of Taquaritinga – SP. The instrument used for the evaluation of the prevalence of low back pain was the Roland-Morris disability questionnaire. RESULTS AND CONCLUSIONS – The mean age of the evaluated subjects was 37,5 years, with the majority of women (87,5%) evaluated in the three work shifts, daytime (60%), night (12,5%) and both (27,5%). Other socio-demographic data were collected, such as length of service. Although the score has not classified any individual as unable, the frequency of answers to some questions shows that there is some degree of discomfort being necessary, therefore, the elaboration of performance plan. The comparison of results with other scientific literature research was impaired, because these researches evaluated patients with low back pain. KEY WORDS - Low back pain, questionnaire, Roland-Morris. ¹ Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga - FTGA. [email protected] ² Prof. Me do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga - FTGA. [email protected] ³ Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga– FTGA. [email protected] Página | 8 INTRODUÇÃO A dor lombar é a causa mais comum de incapacidade e invalidez nos dias de hoje. O que tem sido um dos principais casos de consultas médicas, hospitalizações e intervenções cirúrgicas. Na maioria da população a lombalgia ocorre em diversas idades, porém são mais evidentes em homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 e 60 anos de idade. (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010, p.583) A lombalgia é definida como dor na região póstero inferior da coluna vertebral. Um dos maiores problemas de saúde responsável pela incapacidade física, podendo gerar limitações, principalmente para a vida profissional. (ABREU; RIBEIRO, 2010, p.149) A lombalgia ocupacional, é uma das maiores causas isoladas de transtornos na saúde relacionadas com o trabalho, podendo levar a incapacidade e em alguns casos mais graves à invalidez prematura. Os fatores causais mais comuns em ambientes de trabalho são os posturais, os mecânicos, os traumáticos e os psicossociais. A idade, a fadiga e a postura são considerados como fatores que contribuem para a elevada porcentagem de reincidência da dor lombar. O trabalho sentado ou de pé por muitas horas, o trabalho com excesso de peso, o levantamento contínuo de peso, a falta de exercícios físicos e alguns problemas psicológicos são alguns dos principais fatores que levam à lombalgia. (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010, p.584). Na maioria dos casos, acredita-se, que a lombalgia ocupacional se deve a pressões incomuns sobre os músculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Tanto os esforços dinâmicos, relacionados a utilização de escada, deslocamento, transporte de carga, quanto os esforços estáticos, relacionados a posturas erradas, sustentação de cargas pesadas e com a restrição dos movimentos, podem contribuir para futuras lesões nas articulações e nos discosintervertebrais. Essa patologia não deve ser analisada apenas como uma questão médica e sim como uma questão socioeconômica, pois ao acometer um indivíduo economicamente ativo, ele terá que conviver com a invalidez e a incapacidade de poder realizar seu trabalho. Assim acarretando na vida social do indivíduo que terá que trocar de trabalho, as vezes nem conseguindo mais trabalhar, além de ter um gasto econômico grande com a sua patologia. Apesar do tempo e os gastos serem grandes com pessoas com esse tipo de morbidade, é necessário que ela seja tratada como um problema de saúde pública, sendo oferecido um Página | 9 tratamento adequado, e não apenas afastar essas pessoas de seus cargos. Dando a elas um tratamento de reabilitação adequado para que possam retornar à suas vidas profissionais. (ABREU; RIBEIRO, 2010, p.149) É importante também pensar em um protocolo de prevenção para profissionais de áreas que podem ter risco de lombalgia. Assim devido à elevada prevalência da lombalgia ocupacional, nos dias de hoje, é necessário que seja feito um estudo onde se obtenha os principais fatores de riscos e os causadores dessa patologia. Podendo ser pensado futuramente em um protocolo de prevenção e reabilitação para esses indivíduos, para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores e diminuir o número de pessoas acometidas. MÉTODO Para o desenvolvimento desse projeto de pesquisa foram avaliados funcionários (não médicos), da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do município de Taquaritinga-SP. O número de participantes de cada unidade será selecionado aleatoriamente e por amostragem devendo compreender, no mínimo, 50% do total de funcionários. O instrumento utilizado para avaliação da prevalência de lombalgia nessa população será o Questionário Roland-Morris de Incapacidade, traduzido e validado para uso em língua portuguesa (MONTEIRO, et al., 2010). Esse, por sua vez, contém 24 (vinte e quatro) frases de pessoas descrevendo a si mesmas quando sentem dor nas costas. Os participantes convidados, que voluntariamente aceitarem passar pelo teste, serão devidamente informados como o procedimento será realizado e, na sequência, assinarão Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário tem um score próprio que classificará o resultado de cada teste. Os dados vão ser organizados e tratados estatisticamente utilizando o software EXCEL da Microsoft. Esse projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Taquaritinga – CEP/FTGA. DEFINIÇÃO LOMBALGIA OCUPACIONAL De acordo com Vascelai (2009, p.1), “ Lombalgia é o conjunto de afecções dolorosas que acometem a coluna lombar devido à presença de alguma anormalidade nessa região”. É chamado de lombalgia, quadros de dores na região lombar, podendo ser associadas ou não a dores ciáticas (lombociatalgia), dores que irradiam para glúteo, coxa, perna e/ou pé. P á g i n a | 10 A descrição da dor, como dor em peso, aperto, queimação ou em choque pode ajudar o médico a diagnosticar a lombalgia. Este fenôme-no doloroso atinge em média 80% da população mundial em alguma fase de sua vida,1 sendo que sua prevalência aumenta com a idade, atingindo um pico durante a sexta década de vida (ABREU; RIBEIRO,2010, p.148). A lombalgia, é uma das causas mais comum de incapacidade em trabalhadores com menos de 45 anos de idade, tem predileção por adultos jovens e é responsável por aproximadamente ¼ dos casos de invalidez prematura (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010, p.583). De acordo com Sato (2010, p.331), A lombalgia aguda é de alta prevalência na população geral na maioria dos casos, há resolução espontânea. Após o resfriado comum, é a causa mais prevalente de consulta médica, sendo que cerca de 80% das pessoas no mundo têm ou terão ao menos um episódio ao longo da vida. As atividades profissionais com grande sobrecarga física, somada a uma postura inadequada, movimentos repetitivos, vibração, trabalhos em grande velocidade, estresse, reforçam o aparecimento desta morbidade, expondo o trabalhador à dor, geralmente na região lombar, já que também pode acometer as regiões lombossacral ou sacroilíaca, apresentando, portanto, um caráter ocupacional (ABREU; RIBEIRO,2010, p.149). A lombalgia é um problema frequente para grande parte dos trabalhadores braçais e, em conseqüência, causa prejuízos econômicos e sociais, uma vez que esses trabalhadores formam a porção produtiva da economia (DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003, p. 67) A idade, a postura e a fadiga no trabalho são consideradas como fatores contribuintes para a elevada percentagem de recidiva da dor lombar. O trabalho sentado por longas horas, o trabalho pesado, o levantamento de peso, a falta de exercícios físicos e os problemas psicológicos representam alguns dos principais fatores que contribuem para a cronicidade da dor lombar (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010, p.584) Portanto, indivíduos de diversos ramos laborais podem ser considerados como um grupo suscetível para os riscos de dor lombar ocupacional, devido à precariedade das condições de trabalho, que exigem posturas viciosas e a realização de movimentos repetitivos realizados de forma inadequada, acarretando na sobrecarga, coluna vertebral, mais especificamente da região lombar (PINTO et al,2010). P á g i n a | 11 ETIOLOGIA De acordo com Junior (2010, p. 584), “Os fatores causais mais diretamente relacionados com as lombalgias ocupacionais são os mecânicos, os posturais, os traumáticos e os psicossociais”. A busca de uma única causa ou até mesmo da causa principal da patologia pode se tornar difícil, pois se trata de uma etiologia multifatorial. As inadequações do ambiente de trabalho e as condições de funcionamento dos equipamentos do local acabam gerando movimentações e posturas incorretas dos profissionais, assim sendo os fatores de riscos mais encontrados nos ambientes profissionais. Um dos fatores contribuintes para a lombalgia ocupacional são a idade, a postura e a fadiga no trabalho. Já os fatores que contribuem para a cronicidade da dor lombar no trabalho podem ser por trabalho muito pesado, ficar na mesma posição por muito tempo, ficar sentado por longas horas, falta de atividade física, levantar muito peso por tempo indeterminado, entre outros. As principais causas das dores lombares estão associadas à tensão da musculatura paravertebral decorrentes de posturas incomodas e da degeneração precoce dos discos intervertebrais. (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010, p. 584). SINTOMAS O sintoma mais frequente da Lombalgia ocupacional é a dor, causadas principalmente por traumas cônicos repetitivos. Geralmente essas dores tem início discreto, tendo aumento progressivo da intensidade que piora com movimentos da região. Permanecer muito tempo em uma determinada posição, seja ela em pé ou sentado, pode provocar o aparecimento da dor. Um grau de encurtamento da musculatura lombar pode aparecer em alguns casos. Um fator extremamente limitante é a persistência dos sintomas, onde acaba afetando a vida social, profissional e até afetivo da pessoa, podendo até ocasionar em problemas emocionais. P á g i n a | 12 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA A dor lombar é uma condição que pode atingir até 65% das pessoas anualmente e até 84% das pessoas em algum momento da vida, apresentando uma prevalência pontual de aproximadamente 11,9% na população mundial (NASCIMENTO; COSTA, 2015, p.1142). Nos países desenvolvidos onde a demanda física no trabalho é menos intensa, a prevalência da dor lombar é duas vezes maior, quando comparada à população dos países de baixa renda, onde a exigência física laboral é maior. A dor lombar é responsável por grandes índices de incapacidade e faltas ao trabalho, gerando alto custo para a sociedade e para os sistemas de saúde nos países desenvolvidos. A prevalência da lombalgia em um terço da população, demonstra associação com atividades profissionais às quais exigem postura estática, movimentos repetitivos e carregamento de peso. (ABREU; RIBEIRO, 2010, p.152). ESTUDOS COM QUESTIONÁRIO ROLAND MORIS No primeiro estudo foram entrevistados 311 participantes com dor crônica por mais de 3 meses, atendidos em clínicas de dor no setor público e privado. Os dados foram coletados nas regiões sul e sudeste do Brasil (JUNIOR et al., 2010, p.30). O questionário sócio-demográfico coletou informações referentes à idade, gênero, estado civil, nível de educação, profissão e situação empregatícia. Os questionários foram entregues para serem completados em casa e devolvidos no próximo atendimento. Havia mais mulheres entre os participantes do que homens (74% versus 26%, respectivamente). A maioria dos sujeitos estavam trabalhando, mas um percentual substancial (41%) estava afastada do trabalho devido à dor. (JUNIOR et al., 2010, p.31). Os resultados obtidos sugerem que existe uma associação entre aumento de níveis de escolaridade e presença de incapacidade. Esse padrão também foi observado no tocante à empregabilidade. Participantes que estão trabalhando apresentavam escores médios mais reduzidos de incapacidade (JUNIOR et al., 2010, p.32). No segundo estudo foram entrevistados 17 indivíduos portadores de lombalgia crônica, residentes do município de Jequié- BA, cadastrados na clínica Escola de Fisioterapia (MASCARENHAS, SANTOS, 2011, p. 205-206) Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário semiestruturado contendo informações sociodemográficas, comportamentais e de saúde (sexo, idade, escolaridade, prática de atividade física, Índice de Massa Corpórea –IMC, e tempo de duração da dor) (MASCARENHAS, SANTOS, 2011, p. 206). P á g i n a | 13 Verificou-se que 82,4% dos indivíduos eram do sexo feminino, 53% tinham idade entre 20 e 39 anos, e 64,7% possuíam o ensino médio (MASCARENHAS, SANTOS, 2011, p. 206). Na mensuração da incapacidade funcional, a partir do questionário Roland-Morris, foi observado que apenas 23,5% dos indivíduos foram classificados como portadores de incapacidade funcional devido à lombalgia (MASCARENHAS, SANTOS, 2011, p. 206). RESULTADOS E DISCUSSÃO O questionário trata-se de uma ferramenta importante não só para investigação como para o tratamento de doentes com lombalgia. O questionário é de fácil aplicação, sendo preenchido pelo avaliado. A sua cotação é simples, bastando somar um ponto por cada resposta afirmativa. O questionário Roland-Morris Brasil, específico para medir a incapacidade funcional de pacientes com lombalgia, é composto de 24 questões relacionadas às atividades de vida diária, dor e função. Para cada questão afirmativa é atribuído 1 ponto. O escore é a somatória dos valores, podendo-se obter uma pontuação mínima de “0” e uma pontuação máxima de “24”. Este questionário tem como ponto de corte o escore “14”, ou seja, os indivíduos avaliados com um escore igual ou maior que “14” são classificados como incapacitados funcionalmente. Este questionário possui algumas frases que as pessoas usam para se descreverem quando tem dor. A frase a ser assinalada deve descrever o que ela sente nos dias de hoje. Questionário de Incapacidade de Roland Morris 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Fico em casa a maior parte do tempo devido a minha coluna. Eu mudo de posição freqüentemente para tentar aliviar minha coluna. Eu ando mais lentamente do que o meu normal por causa de minha coluna. Por causa de minhas costas não estou fazendo nenhum dos trabalhos que fazia em minha casa. Por causa de minhas costas, eu uso um corrimão para subir escadas. Por causa de minhas costas, eu deito para descansar mais freqüentemente. Por causa de minhas costas, eu necessito de apoio para levantarme de uma cadeira. Por causa de minhas costas, eu tento arranjar pessoas para fazerem coisas para mim. eu me visto mais lentamente do que o usual, Por causa de minhas costas. Eu fico de pé por períodos curtos, Por causa de minhas costas. Por causa de minhas costas, eu procuro não me curvar ou agachar. P á g i n a | 14 Eu acho difícil sair de uma cadeira, Por causa de minhas costas. Minhas costas doem a maior parte do tempo. Eu acho difícil me virar na cama Por causa de minhas costas. Meu apetite não é bom por causa de dor nas costas. Tenho problemas para causar meias devido a dor nas minhas costas. Só consigo andar distâncias curtas Por causa de minhas costas Durmo pior de barriga para cima. Devido a minha dor nas costas, preciso de ajuda para me vestir. Eu fico sentado a maior parte do dia Por causa de minhas costas Eu evito trabalhos pesados em casa Por causa de minhas costas Devido a minha dor nas costas fico mais irritado e de mau humor com as pessoas, do que normalmente. Por causa de minhas costas, subo escadas mais devagar do que o usual. Fico na cama a maior parte do tempo Por causa de minhas costas. 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Dados sócio-demográficos coletados para a avaliação do Questionário de RolandMorris de Incapacidade na Unidade de Pronto Atendimento de Taquaritinga: Total Funcionários Média / Idade Mulheres Número 40 % 37,8 35 87,5 Homens 5 12,5 Diurno Noturno 24 5 60,0 12,5 Diurno/Noturno 11 27,5 Foram avaliados um total de 40 funcionários (não médicos), independente se já tinham um quadro de lombalgia instalada. O questionário foi entregue e explicado para cada funcionário, pedindo para que cada um assinalasse a questão que fazia parte do seu dia a dia, nos dias atuais. A média de idade foi 37,5 anos, sendo a maioria mulheres (87,5%), avaliados nos três turnos de trabalho, diurno (60%), noturno (12,5%) e ambos (27,5%). Na mensuração da incapacidade funcional a partir do questionário de Roland -Morris, não foram classificados indivíduos incapacitados na Unidade de Pronto Atendimento de Taquaritinga em função da lombalgia, porém o número de questões assinaladas nos leva a uma P á g i n a | 15 frequência de indivíduos com dor intensa. Gráfico com as questões mais assinaladas na avaliação do questionário: Resultados do Questionário 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Questão 02 Questão 11 Questão 13 Questão 17 Questão 18 Questão 21 Os resultados foram comparados com outros estudos da literatura científica, porém ficou prejudicado pois estes estudos avaliavam pacientes já portadores de lombalgia e o nosso estudo avaliou profissionais da área da saúde (não médicos) no geral, não sendo necessário já ter o quadro presente. Tendo como nosso objetivo levantar as principais causas da lombalgia ocupacional no ambiente de trabalho para um futuro plano de atuação. CONCLUSÃO De modo geral foi observada uma frequência de indivíduos com dor intensa, no entanto o score não classificou ninguém com incapacidade funcional em função da lombalgia. Nesta perspectiva, a partir dos resultados apresentados no estudo, observou-se que algumas questões obtiveram uma frequência nas respostas, mostrando que há um certo grau de desconforto nos funcionários no horário de trabalho. Cabendo portanto um futuro plano de atuação para estes indivíduos, para que não venha evoluir para um quadro de invalidez em função da lombalgia. REFERÊNCIAS ABREU, A.T.J.B; RIBEIRO,C.A.B. Prevalência de lombalgia em trabalhadores submetidos ao programa de Reabilitação Profissional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), São Luís, P á g i n a | 16 MA. Maacta Fisiatr, São Luís, v.17, n.3, p.148-152, fev/out 2010.Disponível em: < http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=32 > Acesso em: 26/09/2016. Alexandre NMC, Angerami ELS, Moreira Filho DC. 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É muito relevante que os farmacêuticos que prestam serviço de dispensação e/ou atenção farmacêutica reconheçam as características dos medicamentos e do tratamento para garantir uma prestação de serviço de qualidade aos pacientes acometidos pela epilepsia. O presente estudo objetivou avaliar, a partir da literatura, a eficácia dos medicamentos utilizados para tratamento da epilepsia disponibilizados pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), que são carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e ácido valpróico. Adotou-se como metodologia a revisão bibliográfica a partir de livros, teses acadêmicas, documentos do Ministério da Saúde e bases de dados de publicações científicas. Foram incluídas publicações em Português e Inglês. Os resultados encontrados apontam que os medicamentos para epilepsia padronizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no CBAF são considerados de primeira linha para crises parciais (carbamazepina e fenitoína) e generalizadas (ácido valproico), de acordo com vários estudos. O fenobarbital é tido como um medicamento de segunda linha com indicação principal para crises focais. Este medicamento pode ser utilizado quando os de primeira linha mostram-se ineficazes ou não são tolerados pelos pacientes. Desta forma é possível concluir que, através das políticas centrais da Assistência Farmacêutica, o SUS disponibiliza gratuitamente para a população brasileira fármacos que, embora antigos, ainda são tidos como altamente eficazes para o tratamento da epilepsia. O CBAF assegura acesso ao tratamento desta doença tão prevalente em todo o mundo, particularmente em países em desenvolvimento como o Brasil, tanto na sua forma parcial (mais comum em adultos) quanto na sua forma generalizada. Palavras-chave: Epilepsia, Antiepilépticos, Componente Básico da Assistência Farmacêutica. P á g i n a | 19 ABSTRACT Epilepsy is considered the second most common cause of neurological disorder in adults. It is a brain disease with several possible etiologies and characterized by recurrent unprovoked seizures. Pharmacological treatment of epilepsy with antiepileptic drugs is usually long for most patients. It is very important that pharmacists providing dispensing service and/or pharmaceutical care may be able to recognize the characteristics of the drugs and treatment to ensure the provision of quality service to patients suffering from epilepsy. This study aimed to evaluate, from the literature, the effectiveness of drugs used to treat epilepsy provided by the Basic Component of Pharmaceutical Care (Componente Básico da Assistência Farmacêutica CBAF), which are carbamazepine, phenytoin, phenobarbital and valproic acid. It was adopted as the methodology a literature review from books, academic theses, Brazilian Ministry of Health documents and scientific publications. Publications in Portuguese and English were included. The results found show that the drugs for epilepsy standardized by the Brazilian Public Health System (Sistema Único de Saúde – SUS) in CBAF are considered first-line options for partial seizures (carbamazepine and phenytoin) and generalized seizures (valproic acid), according to several studies. Phenobarbital is a second-line drug mainly indicated for focal seizures. It can be used when the first-line options shown to be ineffective or are not tolerated by the patients. Thus it can be concluded that, through the central policies of the Pharmaceutical Care, SUS provides free drugs for the Brazilian population that, besides old, are still regarded as highly effective for the treatment of epilepsy. The CBAF ensures access to treatment of this prevalent disease worldwide, particularly in developing countries like Brazil, both in its partial form (more common in adults) and in its generalized form. Keywords: Epilepsy, Antiepileptic drugs, Basic Component of Pharmaceutical Care P á g i n a | 20 INTRODUÇÃO A epilepsia é uma das doenças neurológicas crônicas mais comuns em todo o mundo. Trata-se de um distúrbio cerebral causado por descargas elétricas anormais síncronas ou excessivas dos neurônios, o que se reflete na geração de crises convulsivas, característica essencial da epilepsia e aspecto fundamental para seu diagnóstico (FISHER et al., 2005; ENGEL, 2006). Dos 1% a 2% da população mundial que vive com epilepsia, cerca de 80% dos pacientes reside em países em desenvolvimento (WHO, 2012). A qualidade de vida das pessoas com epilepsia pode estar prejudicada por conta das limitações impostas pela recorrência das convulsões. Embora seja um problema de saúde pública, uma grande parcela da população não tem conhecimento sobre o que é epilepsia, seus sintomas e tratamento. A falta destas informações levou a sociedade a excluir os indivíduos com epilepsia em um determinado período histórico não muito distante. Ainda hoje, contudo, o estigma permanece como um problema que prejudica o bem estar do paciente em sua vida privada e na sociedade, levando frequentemente à discriminação destes indivíduos (MARCHETTI, 2005). O diagnóstico da epilepsia provoca um grande impacto na vida do paciente e dos familiares. Por se tratar de uma doença crônica que muitas vezes é encarada como motivo de receio, vergonha e limitações, muitos pacientes têm dificuldades em seguir corretamente o tratamento, por mais que seja feito o esclarecimento sobre a importância de se tomar todas as medicações adequadamente (BERGEN, 2003). A diferenciação entre os tipos de epilepsia e respectivos tipos de crises é um fator essencial para a escolha adequada e sucesso do tratamento, o qual tem como objetivo principal o controle das crises (ARAIN, 2007; SANDER, 2003). Além do tratamento farmacológico com drogas antiepilépticas (DAEs), os pacientes com epilepsia podem também se beneficiar do tratamento cirúrgico, da dieta cetogênica, dentre outras alternativas; contudo, a farmacoterapia continua sendo a opção mais vastamente utilizada, com altas taxas de sucesso para mais de 70% dos pacientes. O principal objetivo do tratamento medicamentoso é o controle total das crises com o uso de DAEs potencialmente efetivas, sem efeitos indesejáveis ou com efeitos adversos que não interfiram na qualidade de vida do paciente (CABOCLO,2004; PERUCCA; TOMSON, 2011). Atualmente há várias opções de DAEs disponíveis comercialmente, sendo que cada uma apresenta suas vantagens em termos de eficácia e/ou tolerabilidade. P á g i n a | 21 O tratamento eficaz da epilepsia está ligado à retirada de dúvidas do paciente e da família sobre a doença e afirmar que é possível controlar as crises na maioria dos casos através do tratamento correto seguindo os horários certos de tomar a medicação (GOMES; MOREIRA, 2007). OBJETIVO O presente estudo tem como objetivo geral realizar uma avaliação, a partir da literatura científica publicada, acerca da eficácia dos medicamentos disponibilizados pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica para o tratamento da epilepsia, ou seja, carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e ácido valpróico. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo descritivo. Esse tipo de estudo tem por prioridade descrever as características ou fatos e fenômenos de determinada realidade. A estratégia metodológica para este tipo de estudo se baseou em revisão bibliográfica a partir de livros, teses acadêmicas, documentos do Ministério da Saúde e em bases de dados de publicações científicas tais como Scielo e MEDLINE. Foram incluídas publicações em Português e Inglês. DESENVOLVIMENTO Epilepsia e seu tratamento farmacológico A epilepsia é uma doença crônica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas que podem resultar de diversas etiologias (ENGEL, 2008). Uma crise epiléptica é definida como um distúrbio paroxístico da atividade elétrica cerebral causada por descargas súbitas, excessivas e hipersincrônicas dos neurônios. As crises e suas classificações se baseiam na descrição clínica e nos achados de eletroencefalografia (EEG). Elas são essencialmente divididas em crises parciais (ou focais) ou crises generalizadas. As crises parciais apresentam evidências clínicas e/ou de EEG de um início local, enquanto as crises generalizadas não apresentam evidências neste sentido, levando em consideração que as manifestações clínicas e de EEG mostram envolvimento inicial simultâneo e generalizado de ambos os hemisférios cerebrais. As crises parciais são subdivididas em crises parciais simples, sem alteração da consciência, e crises parciais complexas, estas com alteração (perda) da consciência. Há de se considerar também que uma crise pode se iniciar como parcial (simples P á g i n a | 22 ou complexa) e evoluir para generalizada (FISHER et al., 2005). A epilepsia incide principalmente sobre as faixas etárias extremas da vida, ou seja, entre os primeiros meses após o nascimento e em pacientes idosos. Diferentes síndromes epilépticas são diagnosticadas a partir da identificação de diferentes tipos de crises, do padrão de recorrência destas, da idade do início dos sinais neurológicos ou clínicos associados, assim como dos achados de EEG e da existência de história familiar positiva para crises epilépticas (FISHER et al., 2005). Mesmo não sendo viável para todos os casos, a prescrição de DAEs é o critério mais utilizado para o tratamento da epilepsia (PERUCCA, 2004). Aproximadamente dois terços das pessoas com epilepsia recém-diagnosticada obtêm controle de suas crises com a utilização de uma ou duas DAEs (monoterapias sequenciais) (SANDER, 2003). A monoterapia mostra- se mais vantajosa do que a politerapia especialmente porque evita as combinações de medicamentos, e assim é mais fácil que o paciente siga corretamente e tolere melhor o tratamento (PERUCCA, 2002). A prescrição de monoterapia deve ser a primeira opção para o tratamento, já a politerapia só deve ser indicada como primeira opção para pacientes que tenham diversos tipos de crises, em casos de síndromes severas ou em casos de epilepsia refratária, ou seja, que não responde adequadamente ao tratamento corretamente escolhido e adequadamente utilizado (MATTSON, 1999; PERUCCA, 2004). O objetivo do tratamento da epilepsia é dar ao paciente qualidade de vida através do controle das crises com a menor ocorrência possível de efeito adverso. A escolha de qual fármaco será utilizado para o controle das crises não leva em conta só o fator eficácia, mas também outros fatores tais como efeitos adversos, tolerabilidade individual, facilidade de acesso e administração, assim como casos pertencentes a grupos específicos (idosos, recémnascidos, gestantes, hepatopatas, dentre outros). Desta forma, o tratamento medicamentoso da epilepsia é individualizado e deve ser permanentemente acompanhado para que alcance seu objetivo (ELGER, 2008). Política Nacional de Assistência Farmacêutica e a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais O maior desafio da humanidade é tentar controlar, reduzir os efeitos ou até mesmo eliminar os sofrimentos causados pelas enfermidades. A saúde de uma população não depende apenas dos serviços de saúde pública ou privada ou simplesmente do uso dos medicamentos. O importante e inegável é a sua contribuição e a importância do medicamento no cuidado à P á g i n a | 23 saúde. Como uma ação de saúde pública e parte integrante do sistema de saúde, a Assistência Farmacêutica é determinante para a resolubilidade da atenção e dos serviços em saúde e envolve grandes volumes de recursos públicos, ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial. Essas ações envolvem a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população em geral (Resolução nº 338 de 06 de Maio de 2004). O Sistema Único de Saúde (SUS) engloba, dentre suas atribuições e responsabilidades, o fornecimento de medicações específicas aos pacientes, além de tratamentos em unidades básicas de saúde e centros hospitalares de alta complexidade. A Assistência Farmacêutica foi incluída como parte da assistência terapêutica integral que deve ser dirigida aos usuários do SUS. A Política Nacional de Medicamentos (PNM) foi concebida em um contexto no qual era necessário reorganizar a forma de fornecimento de medicamentos à população, em concordância com os princípios de descentralização das ações do SUS, a promoção do uso racional de medicamentos, a otimização e eficácia do sistema logístico do setor público e o desenvolvimento de iniciativas para melhorar o acesso aos medicamentos (Portaria nº 3.916 de 30 de outubro de 1998). Com base na regulamentação da Relação de Medicamentos Essenciais pela PNM, o SUS disponibiliza atualmente, via Componente Básico da Assistência Farmacêutica, carbamazepina, fenobarbital, fenitoína e ácido valpróico, fármacos que são de primeira escolha para o tratamento de diferentes tipos de epilepsia. De acordo com a PNM, para o alcance do propósito nela estabelecido, os gestores do SUS, nas três esferas de Governo, devem atuar em estreita parceria e na conformidade das diretrizes fixadas, a saber: adoção de relação de medicamentos essenciais; regulamentação sanitária de medicamentos; reorientação da assistência farmacêutica; promoção do uso racional de medicamentos; desenvolvimento científico e tecnológico; promoção da produção de medicamentos; desenvolvimento e capacitação de recursos humanos (Portaria nº 3.916 de 30 de outubro 1998). RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando-se os fármacos disponibilizados pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica, as crises parciais ou focais têm como primeira opção de tratamento a P á g i n a | 24 carbamazepina e fenitoína, e como segunda opção (em caso de ineficácia ou intolerância aos efeitos adversos) o fenobarbital; já as crises generalizadas têm como primeira opção de tratamento o ácido valproico. Independentemente do acesso a tais medicações (via SUS ou não), estas estratégias de tratamento estão em acordo com o discutido e publicado no Consenso de Especialistas Brasileiros para o Tratamento da Epilepsia (BETTING et al., 2003), assim como permanecem em conformidade com os principais guias de tratamento publicados mundialmente nos últimos anos (FRENCH et al., 2004; GLAUSER et al., 2006; NICE, 2004). A carbamazepina é um dos anticonvulsivantes mais amplamente usados em todo o mundo, sendo um derivado químico dos antidepressivos tricíclicos. Age através da inibição dos canais de sódio e cálcio controlados por voltagem que levam à corrente de entrada necessária para geração de um potencial de ação. Sua aplicabilidade clínica é principalmente para crises parciais, sejam elas simples ou complexas, com ou sem generalização secundária (RANG et al, 2007). A fenitoína foi o primeiro fármaco não sedativo no arsenal de DAEs com um amplo espectro de ação. É eficaz no tratamento de crises parciais simples e complexas, com ou sem generalização secundária, e de crises tônico-clônicas generalizadas primárias. Seu mecanismo de ação dá-se pelo bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem (RANG et al,2007). A fenitoína é contraindicada para crises de ausência e mioclônicas, podendo ser efetiva nas crises tônicas (próprias da síndrome de Lennox-Gastaut) (MULLER, 2006). Embora seja melhor tolerada do que o fenobarbital e apresente eficácia comparada à da carbamazepina, os efeitos a longo prazo da fenitoína, assim como sua cinética não linear e estreito intervalo de referência para concentrações plasmáticas fazem deste fármaco uma opção menos favorável do que a carbamazepina para controle de crises focais, todavia ainda seja considerada primeira linha (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2013). O fenobarbital foi um dos primeiros barbitúricos a serem lançados. É um fármaco eficaz e de baixo custo, cuja eficácia deve-se à inibição neuronal em decorrência do aumento da neurotransmissão gabaérgica. Seu principal mecanismo de ação é o prolongamento da abertura dos canais de cloro consequente hiperpolarização da membrana pós-sináptica. O fenobarbital também pode bloquear os canais de sódio e potássio, reduzir o influxo de cálcio pré-sináptico e, provavelmente, reduzir as correntes mediadas pelo glutamato (RANG et al. 2012). O fenobarbital é indicado para crises focais e generalizadas de pacientes de qualquer idade, inclusive recém nascidos em monoterapia ou em politerapia (NOLAN, 2013). P á g i n a | 25 De acordo com o discutido por Tudur e colaboradores, embora o fenobarbital tenha eficácia comparável à da carbamazepina na prevenção da recorrência de crises convulsivas focais, sua baixa tolerabilidade justifica sua escolha como segunda opção (TUDUR SMITH; MARSON; WILLIAMSON, 2003). O ácido valproico tem como seus mecanismos de ação mais prováveis a redução na frequência de disparos dos canais de sódio, ativação da condutância do potássio e, possivelmente, ação direta sobre outros canais iônicos. É sabido que o ácido valproico tem um efeito gabaérgico através da elevação dos níveis deste neurotransmissor por diversos mecanismos: inibição da sua inativação, aumento da sua síntese, aumento da sua liberação e inibição da sua recaptação (MARSON, 2007). O ácido valproico é a primeira opção para crises generalizadas. Seu uso para crises focais apresenta eficácia limitada devido principalmente à necessidade de doses significativamente maiores do que as usadas para crises generalizadas. O tratamento com este fármacos geralmente é feito em monoterapia e terapia adjunta de pacientes com mais de 10 anos de idade (MARSON, 2007). CONCLUSÕES A análise do conjunto dos dados obtidos no presente estudo permite as seguintes conclusões: A epilepsia é uma doença cerebral crônica causada por diversas etiologias e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas; Trata-se de um sério problema de saúde que acomete indivíduos de todas as idades, raças e classes socioeconômicas; Dos 1% a 2% da população mundial que vive com epilepsia, cerca de 80% dos pacientes reside em países em desenvolvimento; A diferenciação entre os tipos de epilepsia e respectivos tipos de crises é um fator essencial para a escolha adequada e sucesso do tratamento, o qual tem como objetivo principal o controle das crises com mínima ocorrência de efeitos adversos; O SUS engloba, dentre suas atribuições e responsabilidades, o fornecimento de medicações específicas aos pacientes com epilepsia, sendo carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e ácido valproico os associados ao Componente Básico da Assistência Farmacêutica; A carbamazepina é uma inibidora de canais de sódio com eficácia P á g i n a | 26 comprovada, seja em monoterapia ou politerapias, para controle de crises epilépticas focais; A fenitoína apresenta perfil de eficácia e aplicabilidade semelhantes aos apresentados pela carbamazepina, sendo considerada também primeira linha no tratamento de crises focais; Caso alguma das duas medicações mencionadas não faça o efeito desejado ou cause muitos efeitos adversos, o fenobarbital mostra-se como uma opção viável para o controle de crises parciais; O ácido valproico tem múltiplos mecanismos de ação e eficácia comprovada para controle de crises generalizadas; O fornecimento gratuito de medicações que apresentam eficácias comprovadas assegura maior acesso ao tratamento, o que é extremamente importante em um país em desenvolvimento como o Brasil. 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Todo início de uma relação é uma incógnita, as pessoas integrantes dela estão se conhecendo e na relação de emprego não é diferente. Por meio do contrato de trabalho de experiência, que acontece por até noventa dias, tem-se um período de adaptação, onde diversos fatores serão avaliados, como as aptidões do empregado para exercer a função para a qual foi selecionado e a possibilidade dele de verificar se consegue se adaptar com as condições de trabalho e estrutura hierárquica da organização, bem como se esta cumpre com seus deveres. Esse contrato é importante para as partes refletirem sobre a relação de trabalho que se inicia. Dessa maneira, o estudo se inicia com a evolução histórica do direito do trabalho. Em seguida, é feito uma breve pesquisa sobre o contrato de trabalho, destacando sua natureza, suas características, seus requisitos, suas condições e suas modalidades. Após, é analisado o contrato de trabalho por prazo determinado, abordando especificamente o contrato de experiência e a sua importância na prática de celebração destes contratos. Palavras-chave: contrato de trabalho, contrato por prazo determinado, contrato de experiência. ABSTRACT This study aims to present the employment contract for a specified period in the form of experience, its peculiarities and its importance in employment relationships. Every 1 2 Aluno do curso de Administração da Faculdade de Taquaritinga – FTGA. [email protected] Aluna do curso de Administração da Faculdade de Taquaritinga – FTGA. [email protected] P á g i n a | 31 3 Orientadora, advogada e prof.ª especialista da Faculdade de Taquaritinga – FTGA. [email protected] P á g i n a | 32 beginning of a relationship is unknown, the members of her people are meeting and the employment relationship is no different. Through the experience of employment contract, held for up to ninety days, there is a period of adjustment, where several factors will be assessed as the employee's ability to perform the function for which it was selected, and the possibility of it to check You can adapt to the working conditions and hierarchical structure of the organization, and whether it complies with its duties. This agreement is important for the parties to reflect on the working relationship that begins. Thus, the study begins with the historical evolution of labor law. Then, a brief survey is made of the employment contract, highlighting its nature, its characteristics, its requirements, its conditions and its modalities. After the employment contract for a specified period is analyzed, specifically addressing the experience of contract and its importance in the practice of concluding such contracts. Keywords: employment contract, contract for a fixed term contract experience. INTRODUÇÃO Com a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, surgiu o chamado trabalho formal, acompanhado da introdução de regras, cargos e remuneração pelos serviços prestados pelos trabalhadores. Em seguida, surgiram os contratos de trabalho. De acordo com Peixoto 4, o contrato de trabalho, realizado entre um empregado e um empregador, distingue-se de vários outros contratos de natureza civil por haver necessariamente a participação de uma pessoa física, como empregador. Conforme teoria predominante, o trabalho tem natureza contratual e, desta forma, a existência do contrato ocorrerá com a prestação de serviços pelo funcionário para com a empresa ou contratante, seguida de remuneração, garantindo-se todo tipo de direito trabalhista que cabe às partes. Portanto, o contrato de trabalho possui alguns requisitos e características que lhe são próprios. Com relação à sua duração, o contrato de trabalho classifica-se em contrato por prazo indeterminado, que é a regra, em razão do princípio da continuidade do contrato de trabalho, e contrato por prazo determinado, cujos tipos são: contrato de experiência, contrato por obra certa, contrato de trabalho temporário. O contrato de experiência tem relevância no mundo jurídico, pois por meio dele é possível o empregador verificar, durante esse período, se o empregado tem aptidão para 4 PEIXOTO, Sullivan. Análise das espécies caracterizadoras da relação contratual, 2012. P á g i n a | 33 exercer a função para a qual foi contratado, como também o empregado verificar se consegue se adaptar a forma de subordinação do empregador. 5 Assim, esse estudo científico visa demonstrar a evolução histórica do direito do trabalho e analisar o contrato de trabalho, destacando sua natureza, suas características, seus requisitos, suas condições e suas modalidades, bem como destacar o contrato de trabalho por prazo determinado e suas peculiaridades, abordando especificamente o contrato de experiência e a sua importância na prática de celebração destes contratos. MATERIAIS E MÉTODOS Na elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico com base na revisão bibliográfica e em artigos científicos disponíveis relacionados ao tema. 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO É possível afirmar que trabalho é tão antigo quanto o homem. A partir do momento me que este se fixou à terra e organizou-se o sistema de trocas, ele deixou de trabalhar sozinho ou com a família para seu sustento próprio e surgiu a ideia de utilização do trabalho em benefício de pessoa diversa do próprio trabalhador.6 Na antiguidade, surgiu a primeira forma de trabalho: a escravidão, onde o escravo era considerado apenas uma coisa, somente tinha a obrigação de trabalhar e não possuía direito algum. Com o passar dos tempos, na época do feudalismo, surgiu a servidão, onde os senhores feudais davam proteção militar e política aos seus servos, que não eram livres e tinham a obrigação de prestar serviços nas terras dos senhores feudais e entregar a eles toda sua produção em troca de tal proteção. Nessa época, o trabalho era considerado um castigo. Após diversos acontecimentos na história, o homem foi evoluindo e passou a perceber que era necessário dar ao trabalhador condições dignas para que desempenhasse um bom trabalho. Com a Revolução Francesa de 1848, o trabalho tornou-se livre e o direito do trabalho passou a ser reconhecido. O trabalho realizado por uma pessoa em proveito de outra 5 SAKAMOTO, Danilo Nogueira Real. A relação de emprego e o contrato de experiência. PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Manual de Direito do Trabalho. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. p. 1. 6 P á g i n a | 34 passou a ser decorrência não mais de relações de subordinação pessoal, mas de vinculação contratual. Com a Revolução Industrial, o trabalho passou a ser reconhecido como emprego e os trabalhadores, de maneira geral, passaram a trabalhar por salários, bem como a lutar por melhores salários e condições de trabalho. Sérgio Pinto Martins7 afirma que o direito do trabalho, bem como o contrato de trabalho, começou a se desenvolver com o surgimento da Revolução Industrial. Com o surgimento da máquina a vapor, houve a instalação das indústrias onde existisse carvão, como ocorreu na Inglaterra. (...). O trabalhador prestava serviços em condições insalubres, sujeitos a incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações, desmoronamentos, prestando serviços por baixos salários e sujeito a várias horas de trabalho, além de oito. Ocorriam muitos acidentes de trabalho, além de várias doenças decorrentes dos gases, da poeira, do trabalho em local encharcado, principalmente a tuberculose, a asma e a pneumonia. (...). Eram feitos contratos verbais vitalícios ou então enquanto o trabalhador pudesse prestar serviços, implicando verdadeira servidão. (...).8 Diante do cenário citado de abusos que vinham sendo cometidos pelos empregadores, houve a necessidade de o Estado intervir nas relações de trabalho para proteger o trabalhador, realizando o bem-estar social e melhorando as condições de trabalho. Assim, a lei passa a estabelecer normas mínimas sobre condições de trabalho, que devem ser respeitadas pelo empregador. No Brasil, a primeira Constituição Federal a tratar especificamente do direito do trabalho foi a de 1934. Em maio de 1943 foi editado o Decreto-lei nº 5.452, aprovando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual reuniu as leis esparsas sobre vários assuntos trabalhistas existentes na época, consolidando-as. Atualmente, a Constituição Federal trata dos direitos trabalhistas nos artigos 7º a 11. 2. CONTRATO DE TRABALHO Contrato é um acordo estabelecido entre duas ou mais pessoas para que seja constituído, regulado ou extinto uma relação jurídica. Nas palavras de Orlando Gomes9, 7 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 23 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 05. Idem., 2010, p. 06. 9 GOMES, Orlando. Contratos. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 04 8 P á g i n a | 12 contrato é definido como uma espécie de negócio jurídico que se distingue, na formação, por exigir a presença de pelo menos duas partes, sendo, portanto, bilateral ou plurilateral. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu artigo 442 define contrato de trabalho: “Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. 10 Importante destacar que, conforme o dispositivo legal citado acima, o contrato de trabalho tem como elemento a relação de emprego, que se estabelece entre empregado e empregador. A relação trabalho tem caráter genérico, referindo-se a toda relação jurídica caracterizada por ter suas prestações em uma obrigação de fazer consubstanciada em trabalho humano. Engloba, portanto, o a relação de emprego, o trabalho eventual, autônomo, avulso, etc. Assim, a relação trabalho é gênero do qual a relação de emprego é espécie, ou seja, a relação de emprego sempre é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego. A CLT utiliza a expressão contrato individual de trabalho, pois foi elaborada em 1943, quando existia o contrato coletivo de trabalho, hoje denominado convenção ou acordo coletivo de trabalho. Maurício Godinho Delgado11, afirma que contrato de trabalho é o acordo de vontades, tácito ou expresso, pelo qual uma pessoa física coloca seus serviços à disposição de outrem, a serem prestados com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação ao tomador. 2.1. Requisitos do contrato de trabalho Os elementos identificadores da relação de emprego podem ser encontrados nos art. 2º e 3º da (CLT). O artigo 3º, caput, traz a definição de empregado: “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. 10 11 12 Cabe a ele executar seu trabalho de acordo com as regras BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4 ed. São Paulo : LTR, 2005, p. 489. P á g i n a | 13 estabelecidas pelo empregador, visto que coloca sua mão de obra a disposição dele, o qual dirige o trabalho dizendo o que e como fazer. O artigo 2º, caput, por sua vez, define empregador: “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. 13 Cabe a ele organizar, administrar ou controlar o trabalho que deve ser feito como objetivo de melhorar administrar as empresas. Assim, os elementos caracterizadores da relação de emprego e do contrato de trabalho são: continuidade, subordinação, onerosidade, pessoalidade e alteridade: a) Continuidade: o trabalho deve ser prestado de forma contínua, permanente; o empregado deve comparecer à empresa repetidamente, por força do contrato de trabalho, em horário pré-estabelecido pelo empregador. O indivíduo que presta serviços eventualmente não pode ser considerado empregado. b) Subordinação: o empregado, no exercício de suas funções, é subordinado ao empregador, pois cumpre ordens deste; exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido. c) Onerosidade: o empregado tem o dever de prestar seus serviços e, em contrapartida, o empregador tem o dever de pagar-lhe um salário. O contrato de trabalho não é gratuito, ou seja, o empregado recebe salário pelos serviços prestados ao empregador. d) Pessoalidade: o contrato de trabalho é intuitu personae em relação ao empregado, ou seja, é realizado com certa e determinada pessoa. Não pode o empregado fazer-se substituir por outra pessoa. Ademais, o empregado somente pode ser pessoa física. e) Alteridade: o empregado presta serviços por conta alheira, ou seja, por conta e risco do empregador. Trata-se de uma proteção ao empregado, que não corre qualquer risco, podendo participar dos lucros obtidos pela empresa, mas nunca participar dos prejuízos. Cabe ressaltar que há um requisito do contrato de trabalho que não é essencial: a exclusividade da prestação de serviços pelo empregado ao empregador. Isto é, o trabalhador por ter mais de um emprego, visando ao aumento de sua renda mensal. 2.2. Características do contrato de trabalho P á g i n a | 14 De acordo com Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino14, são características do contrato de trabalho: • é bilateral, pois produz direitos e obrigações para ambos; • é oneroso, em que a remuneração é requisito essencial; • é comutativo, pois as prestações de ambas as partes apresentam relativa equivalência, sendo conhecidas no momento da celebração do ajuste; • é consensual, pois a lei não exige forma especial para sua celebração, bastando a anuência das partes; • é um contrato de adesão, pois um dos contratantes, o empregado, limita-se a aceitar as cláusulas e condições estabelecidas pelo empregador; • é pessoal (intuito personae), pois a pessoa do empregado é considerada pelo empregador como elemento determinante da contratação, não podendo aquele fazer-se substituir na prestação laboral sem o consentimentos deste; • é de execução continuada, pois a execução do contrato não se exaure numa única prestação, prolongando-se no tempo; • é subordinativo, pois o empregado está sujeito às ordens do empregador ou empresário que assumiu os riscos do empreendimento. 2.3. Classificação do contrato de trabalho O contrato de trabalho pode ser classificado de várias formas. Quanto à manifestação de vontade ou à forma, o contrato de trabalho pode ser tácito ou expresso, verbal ou escrito. Com relação ao prazo de duração, ele pode ser por prazo indeterminado ou por prazo determinado. Tal classificação está prevista no artigo 443 da CLT: “O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”. 15 O ajuste expresso escrito ocorre quando há um contrato escrito de trabalho. Em regra, não há necessidade de um documento solene para que a relação de emprego tenha existência legal. Somente em alguns casos a lei exige o pacto escrito, como é o caso do contrato de atleta profissional, o contrato de artistas e o contrato de aprendizagem. 16 14 PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Manual de Direito do Trabalho. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. p. 38. 15 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943. 16 PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Manual de Direito do Trabalho. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. p. 40. P á g i n a | 15 Já o ajuste expresso verbal ocorre quando há simples troca oral de palavras entre empregado e empregador, que, por se tratar de acordo de vontades, produzirá efeitos jurídicos, obrigando reciprocamente as partes. O ajuste tácito é aquele em que não há palavras escritas ou verbais, ou seja, resulta da prática reiterada, contínua, de prestação de serviços, sem que o empregador se manifeste contrariamente. Importante ressaltar que o contrato de trabalho, seja ele escrito, verbal ou tácito, deve sempre ser registrado na carteira de trabalho do empregado. No que diz respeito à duração do contrato de trabalho, temos o contrato por prazo indeterminado e o contrato por prazo determinado. Considera-se contrato por prazo indeterminado aquele que não tem termo final estabelecido pelas partes, as quais, por vontade, não estipulam a sua duração, podendo findar-se a qualquer tempo, por iniciativa de uma delas. Essa é a regra, ou seja, a forma comum, presumida sempre que houver dúvida, pois deve vigorar o princípio da continuidade do trabalho. Já o contrato por prazo determinado é aquele em que as partes acertam antecipadamente a data final do ajuste laboral. Trata-se de exceção e aquele que alegar a determinação do prazo deverá prová-la e caso haja o seu descumprimento, ele passará a ser considerado por prazo indeterminado. 3. CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO O contrato de trabalho por prazo determinado, também conhecido como contrato de trabalho a termo, é aquele combinado para vigorar por um período determinado, cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada, conforme estabelece o parágrafo 1º do artigo 443 da CLT: “Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada”. 17 A CLT estabelece no parágrafo 2º do artigo 44318 quais são as hipóteses em que o contrato por prazo determinado será válido: P á g i n a | 16 § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Nas palavras de Sérgio Pinto Martins19, o serviço de natureza transitória é aquele que é breve, temporário, onde o serviço é transitório e não a atividade empresarial, como por exemplo, contratar um empregado temporariamente para atender a um breve aumento de produção em certo período do ano. A segunda hipótese - atividades empresariais de caráter transitório – diz respeito à empresa e não ao empregado ou serviço, como por exemplo, as empresa que funcionam em determinadas épocas do ano, como a de venda de fogos nas festas juninas, a que produz chocolates para Páscoa, a que fabrica panetones ou enfeites para o Natal. A terceira e última hipótese prevista na lei é o contrato de experiência, o qual será analisado no próximo tópico. Com relação ao prazo máximo de duração do contrato, o artigo 445 da CLT prevê os contratos por prazo determinado em geral não podem ultrapassar dois anos e o contrato de experiência não pode ser superior a 90 (noventa) dias, podendo todos serem prorrogados uma única vez dentre destes prazos (art. 451, CLT): Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451. Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias. Art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo. 20 Assim, é admitida a prorrogação do contrato por prazo determinado, mas o prazo não poderá ultrapassar o limite legal de dois anos para os contratos em geral e de 90 dias para o contrato de experiência. Em qualquer hipótese, havendo uma segunda prorrogação, ainda que P á g i n a | 17 dentre de dois anos ou dos 90 dias, o contrato passará a ser considerado por prazo indeterminado. 21 Deve-se ressaltar, ainda, que a CLT não permite novo contrato por prazo determinado com o mesmo empregado antes de completar seis meses de conclusão do contrato anteriormente estabelecido, exceto se a expiração dependeu da execução de serviços especializados (necessidade de montagem de uma máquina, por técnico especializado, por exemplo) ou da realização de certos acontecimentos (atividades de um hotel durante o verão, por exemplo): Art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos.22 No que diz respeito às verbas rescisórias, como é de conhecimento das partes a duração do contrato por prazo determinado, não há que se falar em indenização de aviso prévio, salvo se no contrato tiver a cláusula permitindo às partes a rescisão imotivada antes do termo final ajustado. Nesse caso, deverão ser aplicadas as regras do contrato por prazo indeterminado, cabendo aqui o aviso prévio. Art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula asseguratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. 23 A CLT assegura aos empregados admitidos por prazo determinado sem a cláusula asseguratória prevista acima, despedidos sem justa causa antes do término final do contrato, indenização no valor correspondente à metade da remuneração faltante até o fim do contrato (art. 479). 24 Ou seja, se o empregado for dispensado sem justa causa antes do termo final do contrato, deverá o empregado pagar-lhe pela metade a remuneração a que teria direito até o término do contrato a título de indenização. O mesmo ocorre se o empregado, sem justa causa, desligar-se da empresa antes do termo combinado, nos contratos sem cláusula asseguratória, devendo indenizar o empregador 21 PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Manual de Direito do Trabalho. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. p. 46. 22 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943. 23 Idem. 24 PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Manual de Direito do Trabalho. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. p. 48. P á g i n a | 18 dos prejuízos que lhe resultarem com no máximo metade da remuneração que ele teria até o final do contrato (art. 480, CLT), devendo tais prejuízos serem comprovados. 3.1. Contrato de experiência Nas palavras do doutrinador Sérgio Pinto Martins25, são encontradas várias definições para o contrato de experiência: período de experiência, contrato de prova, pacto de prova, pacto de experiência, contrato de experiência, mas a CLT usa a expressão contrato de experiência (§ 2º do art. 443 e § único do art. 445). De acordo com Maurício Godinho Delgado26, contrato de experiência é o acordo bilateral firmado entre empregado e empregador, com prazo máximo de noventa dias, em que as partes poderão aferir aspectos subjetivos, objetivos e circunstanciais relevantes à continuidade ou extinção do vínculo empregatício. Trata-se de uma modalidade de contrato de trabalho por prazo determinado que proporciona a ambas as partes de conhecerem, isto é, o empregador terá a oportunidade de observar, durante o período do pacto laboral, o desempenho funcional do empregado, a sua adaptação, integração e aptidão para exercer a função que para ele será confiada; e o empregado poderá verificar se conseguirá se adaptar à estrutura da empresa, ao empregador, às funções e condições de trabalho a que estará subordinado. O contrato de experiência está expressamente previsto na legislação trabalhista, no artigo 443, parágrafo 2º, alínea “c” da CLT. Ele é válido para atividades de qualquer natureza, podendo ser aplicado a qualquer trabalhador, pois tem como um de seus objetivos avaliar a capacidade técnica do empregado no desempenho de sua função e se o mesmo tem facilidade de se adaptar em suas novas atribuições. Importante dizer que o contrato de experiência não se trata de um pré-contrato, devendo ser registrado na CTPS, sendo o trabalhador considerado empregado a partir do momento em que é celebrado o contrato. Como visto, o contrato de experiência terá o prazo máximo de 90 dias (§ único do art. 445 da CLT). Caso esse prazo seja excedido por mais de 90 dias, o contrato passará a vigorar como se fosse contrato por prazo indeterminado. Cabe dizer que o contrato de experiência 25 26 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 26 ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 118. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4 ed. São Paulo: LTR, 2005, p. 541. P á g i n a | 19 pode ser prorrogado uma única vez dentro do prazo de 90 dias. Portanto, em hipótese alguma, pode exceder a 90 dias, seja na prorrogação (Súmula 188 do TST), seja por uma única contratação. 27 Importante, ainda, lembrar que o empregado que cumprir o prazo do contrato de experiência não poderá ser contratado novamente por prazo determinado antes de decorridos 6 meses do término do primeiro contrato (art. 452 da CLT). No que diz respeito à rescisão antecipada, tanto o empregado como o empregador podem rescindir o contrato de experiência antes do prazo acordado por ambos. O artigo 481, da CLT prevê, no entanto, que haverá aviso prévio se houver cláusula recíproca de rescisão antecipada no contrato. Sendo assim, se não existir essa cláusula no contrato de experiência, o empregador que dispensar o empregado, sem justa causa, antes do término do contrato de experiência deve pagar a ele indenização igual à metade da remuneração que teria direito até o final do contrato. Da mesma forma, se o empregado rescindir o contrato de experiência antecipadamente, deverá indenizar o empregador dos prejuízos que resultarem desse fato em até metade da remuneração que ele teria até o final do contrato, desde que comprovados. RESULTADO E CONCLUSÃO O contrato de trabalho é gênero do qual faz parte o contrato de emprego, relação típica do trabalho subordinado entre empregado e empregador, em que se encontram presentes os requisitos caracterizadores do pacto laboral, como continuidade, subordinação, onerosidade, pessoalidade e alteridade. São características desse contrato a bilateralidade, a onerosidade, a equivalência, a adesão, a pessoalidade, a execução continuada e a subordinação. O artigo 443 da CLT classifica o contrato de trabalho em tácito, expresso, verbal ou escrito, por prazo determinado ou indeterminado. Considera-se contrato por prazo determinado aquele em que as partes estipulam antecipadamente a data final do ajuste laboral. É exceção, suas hipóteses estão previstas na lei e possui várias peculiaridades, inclusive no que diz respeito às verbas rescisórias. Dentre as modalidades do contrato determinado encontra-se o contrato de experiência, previsto na alínea “c”, § 2º do artigo 443 e § único do artigo 445 da CLT. 27 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 26 ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 119. P á g i n a | 20 O contrato de experiência, que acontece dentro de noventa dias, tem grande importância, pois é o período de adaptação, tanto do profissional com a empresa, como da organização com seu mais novo colaborador. A sua finalidade é permitir a ambas as partes do pacto laboral um conhecimento recíproco, para que verifiquem se os requisitos e pretensões almejadas serão atendidos. Diversos fatores são avaliados nesse período. O empregador irá observar a aptidão do empregado para a função que lhe foi confiada, seu comportamento, seu comprometimento com o trabalho, sua pontualidade, sua capacidade de trabalho em equipe e de relacionamento, dentre outros. Já o empregado verificará sua adaptação às tarefas que terá que desempenhar, à estrutura da empresa e ao empregador, as condições de trabalho a que estará subordinado, dentre outros. Sendo assim, o contrato de experiência é fundamental para evitar futuros problemas, devendo ser utilizado de forma positiva tanto pela empresa como pelo empregado, os quais têm a oportunidade de se conhecerem e refletirem sobre a relação de emprego que se inicia, podendo o contrato de emprego manter-se por prazo indeterminado, garantindo a ambos um bom relacionamento profissional. REFÊRENCIAS BARROS. Mariana. O contrato de trabalho à luz da Lei. Ano de 2008. Disponível em: ttp://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1760/Contrato-de-trabalho. Acesso em: 14.set.2016. 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Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044. Acesso em: 23.set.2016. P á g i n a | 23 REABILITAÇÃO DA MARCHA EM PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ELIZANDRA AQUINO SUELEN ANTONIO Orientadora: Prof Juliana Aparecida Scalize RESUMO O estudo objetivou avaliar por meio de pesquisas realizadas as limitações do parkinsoniano e abordar de uma forma clínica e social desenvolvendo técnicas com o tratamento fisioterapêutico, buscando obter resultados significativos para o benefício da marcha e equilíbrio por meio de diversas atividades terapêuticas proporcionando uma maior amplitude na área da reabilitação. Medidas terapêuticas utilizadas pela Fisioterapia que possibilita aos pacientes com doença de Parkinson manter a independência para realização das atividades do dia-a-dia, melhorando a qualidade de vida, são essenciais para minimizar algumas de suas complicações. O uso concomitante do tratamento fisioterápico e de condicionamento aeróbio e fortalecimento muscular resultou em melhoras nas medidas de desempenho funcional e de capacidade física de indivíduos em fase leve a moderada de evolução da doença de Parkinson. O estudo foi desenvolvido através de revisão da literatura. Palavras-chave: Parkinson; Tratamento; Fisioterapia; Treino: Marcha. ABSTRACT By the research, this paper aims to avaliate the parkisoniano limitations and introduce it in a clinic and social way, also developing tecnics wih phisycal terapy treatment and looking for relevant results in order to have benefits about the progress and the consistency of it by several therapy activities and providing an amplitude int the reabilitation area. These therapeutic measures that are used by physiotherapy provide to pacientes with Parkinson’s desease a support to realize by themselves daily activities as well as their well-being, that is essencial for reduce some of the complications. The simultaneous treatment physiotherapy, aerobic conditioning and muscle strangthening has resulted on improvements about the functional performance measurement and people’s physical ability in light to moderate stage of Parkinson’s desease progress. The research was developed by literature review. Keywords: Parkinson; Treatment; Physiotherapy; Training: Gait.1 P á g i n a | 24 1 Graduando do Curso de Fisioterapia [email protected] Graduando do Curso de Fisioterapia [email protected] P á g i n a | 25 INTRODUÇÃO A Doença de Parkinson (DP) é uma enfermidade crônica e progressiva do sistema nervoso que acomete os núcleos da base, com a perda de neurônios da substância negra, produtores de dopamina. (LIMONGI, 2001). A evolução da doença apresenta tremores, instabilidade postural e pode causar vários sintomas como: alterações sensoriais, distúrbios da fala, voz e deglutição, mudanças cognitivas, predominância dos músculos flexores com alterações comportamentais, gastrintestinais e cardiopulmonares. A sintomatologia pode estar associada a substância negra com a morte dos neurônios dopaminérgicos. (GAMA, 2008). O início é insidioso, com progressão lenta, o paciente parkinsoniano apresenta menor motivação nas funções diárias, papéis e atividades, tornando o paciente dependente e a depressão é comum nos indivíduos com DP. (O' SULLIVAN; SCHMITZ, 2010, p.942) A deambulação humana ou marcha, é um dos componentes da função motora que é afetado na Doença de Parkinson, a intervenção fisioterapêutica visa restaurar ou melhorar o estado de deambulação do paciente. Para manter a qualidade de vida a terapia física é primordial para preservar a função motora do parkinsoniano. Diferentes estudos envolve a reabilitação para a melhora da qualidade de vida, com foco em estudos recentes que visa promover a melhora dos sintomas. O programa terapêutico engloba distintas modalidades de reabilitação, como a fisioterapia aquática, o treino em esteira da marcha, o desempenho de dupla tarefa, realidade virtual, exercício aeróbio e fortalecimento muscular. Desse modo, o estudo foi feito por meio de uma revisão bibliográfica que visa expor o tratamento que utilizam a Fisioterapia e assim pretende-se através desses recursos verificarem a melhora da marcha e no desempenho motor dos pacientes acometidos pela Doença de Parkinson, que implicam em vários benefícios ao paciente, para contribuir na melhora da qualidade de vida a fim de garantir a maior dependência possível. P á g i n a | 26 DOENÇA DE PARKINSON Com aumento da expectativa de vida, várias patologias neurológicas com quadro progressivo estão se intensificando na população, como a disfunção de estruturas no sistema extrapiramidal associando a transtornos dos movimentos a Doença de Parkinson (DP) é uma dessa patologia (GODEIRO, 2006). A doença de parkinson foi descrita pela primeira vez por James Parkinson, em 1817, compõe-se de vários sinais e sintomas constituindo por desordens da motricidade, sua patologia foi definida cerca de 100 anos depois, e o tratamento sofreu uma revolução nos anos 60, com a introdução do fármaco levodopa. (ANDRADE, 2003) A síndrome de parkinson é um “grupo de distúrbios nos quais os sinais e sintomas característicos do parkinsonismo como tremores, rigidez muscular, postura em flexão, lentidão dos movimentos voluntários, comprometimento dos reflexos posturais”. (STOKES, 2000, p. 180). Uma “substância química (dopamina) é a que transmitem impulsos através de sinapses de um neurônio para outro, há uma redução na concentração de dopamina na sinapse, causando a degeneração de neurônios, os sintomas da doença se tornam evidentes quando 80% ou mais dos neurônios dopaminérgicos se degeneram. (STOKES, 2000). A causa da doença de parkinson “não é conhecida e o tratamento é, portanto, paliativo e sintomático, na maioria dos casos o parkinson surge em idade avançada, no entanto, uma em sete pessoas tem o diagnóstico com menos 50 anos”. (COHEN, 2001) Segundo Castro (2016) a grande maioria dos casos de Parkinson não são diretamente herdada. Cerca de 15 a 25 por cento das pessoas com relatório de Parkinson têm um parente com a doença. Em grandes estudos populacionais, os pesquisadores descobriram que as pessoas com um primeiro grau afetado relativas, como um pai ou irmão, tem uma chance 4-9 por cento maior de desenvolver doença de Parkinson, em comparação com a população em geral. A perda de neurônios dopaminérgicos na DP está incluída nas possíveis causas, a toxicidade crônica em decorrência do envelhecimento normal as alterações na idade no metabolismo oxidativo foram detectados níveis de enzimas reduzidos antioxidantes P á g i n a | 27 na substancia negra, sugerindo o comprometimento nos estágios final da doença. P á g i n a | 28 (BARBOSA, SALLEM, 2005) De acordo com Barbosa e Sallem (2005) “a síndrome parkinsoniana pode ser identificada: em primário, secundário e atípico, a primária sendo relacionada a patologia sem causa aparente ou hereditária, a forma secundária suspeita por indução medicamentosa, infeções e distúrbios metabólicos, já o parkinsonismo atípico está associado a patologias neurodegenerativas evoluindo para os sinais comuns da DP”. As manifestações clínicas são principalmente motoras, como sintomas comuns: distúrbios do equilíbrio como consequência um maior número de quedas, dor é um sintoma comum, desaceleração generalizada, tremor, episódios de congelamento, sendo resultado do comprometimento neurotransmissor dopamina, levando a progressão dos sintomas podendo levar à depressão, ao isolamento social, transtornos psicóticos, piorando a qualidade de vida do parkinsoniano. (BARBOSA, 2005) Outras desordens “apresentam anormalidades nos déficits do aprendizado processual, a postura do parkinsoniano normalmente é cifose com a cabeça anteriorizada com inclinação para um dos lados, os braços geralmente flexionados no tronco com ombros arqueados e ligeira flexão nos joelhões e nos quadris” (STOKES, 2000, p. 169). A identificação do diagnóstico é baseada no início com a manifestação do quadro clinico do parkinsoniano, porem necessita de uma avaliação completa, além de exames laboratoriais e neurológicos, pois diagnostico pode ser dificultado. (O´SULLIVAN; SCHIMITZ, 2010). Segundo Mayo (2015) a levodopa, a medicação mais eficaz da doença de Parkinson, é uma substância química natural que passa para o cérebro e é convertida em dopamina , consiste no alivio de bradicinesia e rigidez priorizando a melhora nos pacientes, entretanto a controvérsias quando um histórico de utilização de medicamento prolongado, como uso da levodopa. Com as evidencias de que os sintomas foram agravados, a terapia farmacológica e a física passam a não ter mais efeitos esperados, sendo indicado o tratamento cirúrgico. A cirurgia é realizada somente em pacientes que não apresentam respostas diante do tratamento medicamentoso, sendo abordados princípios cirúrgicos como: cirurgia ablativa, transplantes neurais e estimulação cerebral profunda. (OXTOBY; WILLIAMS, 2000). P á g i n a | 29 Para Maio (2015) a estimulação cerebral profunda é mais frequentemente a pessoas com doença de Parkinson avançada, eletrodos com implante para uma parte específica do cérebro. Os eletrodos são conectados a um gerador implantado no peito, perto de sua clavícula que envia impulsos elétricos para o cérebro e pode reduzir os o tremor, a rigidez e melhorar a desaceleração do movimento. FISIOTERAPIA NO PARKINSON A fisioterapia é essencial para os portadores de doença Parkinson sendo indicada desde seu diagnóstico, pois visa promover a melhora no quadro clínico do paciente, minimizar as alterações decorrentes do processo degenerativo, direcionando a desenvolver metas buscando a melhora da marcha e equilíbrio postural do parkinsoniano e tornar o paciente mais dependente. A avalição do nível de comprometimento e grau de função motora é determinada através de uma minuciosa avaliação, no início e fim do tratamento, por meio da anamnese, história patológica do paciente, além dos exames físicos, investigados pela condição diferenciada de cada paciente, gravidade do problema, o estágio da doença, a idade a fase, além de vários estudos sobre o diagnostico funcional do paciente, e mensuração dos resultados obtidos. (OXTOBY; WILLIAMS, 2000). A reabilitação consiste em exercícios que abrangem um grande número de repetições para um desenvolvimento processual, aperfeiçoar os padrões de marcha incluindo velocidade e consistência dos movimentos, como alvos visuais e auditivos para estimulação da marcha, esses estímulos apresentam uma influência nos padrões de estimulação da marcha e sincronismo dos passos. HIDROTERAPIA Um dos recursos utilizados na doença Parkinson é a fisioterapia aquática (FA), com imersão do corpo em uma piscina aquecida acarreta o aumento do metabolismo e aumento dos níveis de dopamina no sistema nervoso central, um balanço suave usado para produzir relaxamento generalizado das tensões musculares, voltados para a melhora da flexibidade e da mobilidade relacionando com treino de marcha. (CAMARGO et al, 2004) P á g i n a | 30 Segundo indica Levi (2008) o meio líquido, devido às suas propriedades físicas e sobrecarga natural, proporciona ao indivíduo que se exercita, uma sensação de diminuição do peso corpóreo, livramento das articulações, bom funcionamento do sistema termorregulador, melhor irrigação ativando veias, artérias e vasos capilares e ainda, envolvimento da maioria dos grupos musculares. Como indicam Monteiro et al (2013) pacientes portadores de DP em aquecimento na piscina composta por caminhadas, associada a coordenação postural, com treino de dissociação de cintura escapular e pélvica, a realização de alongamentos visando evitar o encurtamento das fibras musculares ,além de exercícios com uso da resistência da agua, uso de cama elástica, exercícios associados à respiração, priorizando a função cardiopulmonar dos pacientes, realizados dinâmicas grupais a fim de estimular a memória e socialização grupais. TREINO DE MARCHA Para manter o seu centro de estabilidade é a realizado com a fisioterapia o controle da postura do paciente, por meio de uma barra paralela trabalhamos a marcha dos pacientes, e o equilíbrio para obter o efeito de treinamento da marcha além de realizar marcha para frente, além de trabalhar andar para trás e o andar lateral, resultando na melhora da mobilidade física e estabilidade postural ( HERBER ; MICHAELSEN, 2011). Uma das técnicas realizadas para melhora da função motora, sendo utilizada com treino em esteira com carga com uso de cinto de segurança para evitar queda, auxiliado de dispositivos o treinamento em esteira com sistema de suspensão, ao realizar a caminhada pede-se ao paciente pronunciar uma letra do alfabeto, verificando o aumento e largura dos passos (FILIPPIN, COSTA,2010). Filippin e Costa (2010) indicam que o treino em esteira promove uma força dos passos e larguras, e as repetições aprimoram a aprendizagem motora, aumento tempo de equilíbrio, assim evitando menor número de quedas, causando uma mudança significativa na marcha, com a pratica dessa caminhada promove uma melhora na função motora e diminuir influencias negativas. PISTAS VISUAIS Para Dias et al (2005) as pistas visuais são marcadores no solo, oferecendo um P á g i n a | 31 efeito benéfico uma vez que se torna muito eficaz na regulação do comprimento do passo e melhora da cadência e da velocidade de marcha, melhorando a preparação dos passos além de estímulos auditivos com intuito de contribuir na aprendizagem motora. Para Rubinstein et al. (2012) as pistas visuais funcionam porque agem como alvos moventes, ativando a via cerebelar visual-motora. Apenas em determinados estímulos visuais são aparentemente eficazes para melhorar a marcha. As linhas transversais funcionam. Além disso, as linhas devem ser separadas por uma largura apropriada (uma polegada ou mais larga) e por uma cor que contraste com o assoalho, a fim de se conseguir os melhores resultados, devem ser espaçadas no solo de acordo com o comprimento aproximado do passo dos pacientes e deve-se orientá-los a pisarem sobre elas. JOGOS VIRTUAIS O tratamento da doença de Parkinson, segundo Pompeu et al (2012) pode utilizar realidade virtual, que pode promover maior interação das habilidades motoras e cognitivas simultaneamente, o que é exigido pela maioria das atividades de vida diária (AVD). Assim, contribuirá para maior independência nas AVDs em comparação com o treino baseado apenas em estímulos motores. O tratamento com a realidade virtual pode causar efeitos positivos na qualidade de vida, visto que esta sofre influências negativas da progressão dos sintomas e da diminuição da independência funcional. Um estudo feito em (2015) pela Universidade de São Paulo (USP) a fisioterapia utiliza a realidade virtual como jogos de vídeo game como kinect, nintendo wii, para a recuperação do equilíbrio e da mobilidade dos pacientes, esses jogos com intuito de verificar os comportados dos pacientes com uma nova modalidade, os pacientes testados capazes de realizar as atividades e obtendo melhora no desempenho virtual, além disso essa terapia observa a melhora da resistência cardiopulmonar, da marcha e do equilíbrio. ALONGAMENTO E FORTALECIMENTO MUSCULAR O tratamento inicial se inicia com alongamentos a fim de evitar o encurtamento muscular, pois os pacientes parkinsonianos possui uma musculatura flexora, sendo enfatizados movimentos extensores, abdutores e rotatórios, alongamentos ativo- P á g i n a | 32 assistidos, atividades que favoreçam o fortalecimento muscular evidenciando a melhora da postura e do equilibrio (SOUZA,2016). Após os pacientes apresentarem uma melhora no quadro clinico, é iniciado o programa de fortalecimento muscular, com repetições e um prolongamento tempo, com utilização de halteres, tornozeleiras, não devendo ser realizado de forma excessiva, tudo de acordo com limite de cada paciente, apresentando ganhos físicos e funcionais (PAULA,2011). CONCLUSÃO A doença de Parkinson consiste em uma patalogia, de caráter crônicodegenerativa, que acarreta aos seus portadores transtornos de movimento, coordenação, força muscular, além de reduzir a qualidade de vida e levar ao isolamento e depressão. A revisão de literatura verificou os efeitos do tratamento fisioterápico em portadores da doença de Parkinson. Medidas terapêuticas utilizadas pela Fisioterapia como a hidroterapia, treino de marcha e realidade virtual possibilita aos pacientes com doença de Parkinson manter a independência para realização das atividades do dia-a-dia, melhorando a qualidade de vida, são essenciais para minimizar algumas de suas complicações. O uso concomitante do tratamento fisioterápico e de condicionamento aeróbio e fortalecimento muscular resultou em melhoras nas medidas de desempenho funcional e de capacidade física de indivíduos em fase leve a moderada de evolução da doença de Parkinson. Para finalizar deve-se indicar que o presente estudo não buscou ser determinante nos resultados, e também esgotar o tema em questão. Ao contrário, busca incentivar mais estudos acerca dos temas aqui discutidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, L. A. F.; Inibição enzimática, neuroproteção e tratamento da Doença de Parkinson. Revista Neurociências, v. 5, n. 1, p. 27-33, 2003. 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Walther Spinelli Filho3 Resumo A fibromialgia é uma síndrome musculoesquelética, pode ser identificada em indivíduos com dor crônica e difusa com mais de três meses de duração e caracterizada por dor em pontos específicos quando realizado o exame físico. A população fibromiálgica é composta em sua maioria por mulheres, com faixa etária entre 30 e 55 anos. O nível de dor é tão intenso, que interfere nas atividades de vida diária e na qualidade de vida do paciente, que apresenta fadiga generalizada, distúrbios do sono, rigidez matinal, sensação de dispnéia, ansiedade, depressão e alteração da função cognitiva. Trata-se de uma doença de etiologia desconhecida, sendo assim, a fisioterapia atua diminuindo os sintomas, reestabelecendo a capacidade física, mantendo a funcionalidade e promovendo melhora na qualidade de vida. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literaturas sobre os possíveis tratamentos fisioterápicos que podem ser utilizados pelo fisioterapeuta na fibromialgia e os benefícios de cada um. Neste estudo de revisão bibliográfica, foram realizadas pesquisas em livros nacionais, monografias e artigos coletados em bibliotecas virtuais (Lilacs e Scielo, Medline), com dados mais recentes sobre a Fibromialgia, abordando assuntos como: descrição da doença, seus sintomas, formas de diagnóstico e possíveis tratamentos. Palavras-chave:Fibromialgia- Fisioterapia- Tratamentos Abstract The Fibromyalgia is a musculoskeletal syndrome, can be identified in individuals with chronic pain and diffuse with more than three months duration and characterized by pain at specific points when physical examination was performed. The fibromyalgia population is composed mainly of women, with age between 30 and 55 years. The level of pain is so intense that interferes in daily life activities and in the quality of life of the patient, which presents generalized fatigue, sleep disorders, morning stiffness, sensation of dyspnea, anxiety, depression and amendment of the cognitive function. It is a disease of unknown etiology, being thus, the physiotherapy acts by decreasing the symptoms, reestablishing forms the physical capacity, keeping the functionality and promoting the improvement of life quality. The objective of this work is to perform a review of literature about the possible physiotherapeutic treatments that can be used by the physiotherapist in fibromyalgia and the benefits of each. In this bibliographic review study, researchers were carried out in national books, monographs and articles collected in virtual libraries (Lilacs, Scielo, Medline), with more recent data on Fibromyalgia, approaching subjects such as: description of the disease, its symptoms, diagnosis and possible treatments. Keywords:Fibromyalgia- Physiotherapy- Treatments 1 Graduanda do curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA. [email protected] Graduanda do curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA. [email protected] 3 Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga FTGA, Fisioterapeuta – Fisioclinica S/S LTDA, Fisioterapeuta concursado e responsável na Unidade Básica de Saúde em Cândido Rodrigues. Especialização em Fisioterapia 2 P á g i n a | 36 ortopédica e Traumatológica, especialização em R.P.G, mestrado em Engenharia de Produção. P á g i n a | 37 Introdução O termo fibromialgia foi criado para expor várias condições desta síndrome. “Fibro” é derivado do latim, e significa ligamentos, tendões, tecido fibroso. O radical “mio”, que vem do grego, significa tecido muscular. Ainda do grego, “algos” significa dor e “ia” uma condição. Portanto, fibromialgia significa uma condição dolorosa originada nosmúsculos, ligamentos e tendões (PRANDO, M.A.; ROGATTO, G.P, 2008). A Fibromialgia é uma síndrome reumática não inflamatória, de causas desconhecidas, que atinge na maioria dos casos a população feminina, caracterizada por dor musculoesquelética, difusa e crônica, além da presença de tender points, que são na verdade, múltiplos pontos anatômicos dolorosos a palpação. Também são associados a esta patologia diversos sintomas, como fadiga e rigidez matinal, distúrbios do sono, problemas gastrointestinais e psicológicos (MARQUES, 2002; CHIARELLO, 2005). As dores costumam aumentar após a realização de atividade física, ou quando ocorre exposição ao frio e à umidade (HEYMANN et al., 2010). O nível de dor se torna tão intenso, que interfere nas atividades de vida diária, no trabalho e na qualidade de vida dos pacientes portadores (ASSUMPÇÃO et al., 2002). Fatores sociais, familiares, emocionais, aliados a uma característica de maior resposta aos estímulos dolorosos, o baixo nível de condicionamento cardiovascular e desempenho muscular são possíveis hipóteses para o surgimento desta patologia. (RIBERTO M, PATO TR, 2004). Por conta de sua etiologia desconhecida, na fibromialgia a terapia permanece voltada às manifestações clínicas, através de bases farmacológicas e não farmacológicas. Os tratamentos tem como objetivo o controle da dor, a melhora da qualidade do sono, os cuidados com o equilíbrio emocional, a melhora do condicionamento físico e da fadiga e o tratamento específico de desordens associadas (PROVENZA, 2004). A fisioterapia atua no sentido de amenizar os sintomas, controlando a dor e realizando a manutenção das habilidades funcionais dos pacientes. Além disso, outra meta da fisioterapia deve ser o papel educativo, para que os ganhos obtidos no tratamento possam permanecer em longo prazo e os pacientes consigam se tornar menos dependentes dos cuidados de saúde. Incentivam-se estilos de vida mais participativos e funcionais que tornem melhores tanto a parte física quanto a parte emocional do paciente (MARQUES et al, 2002). P á g i n a | 38 O diagnóstico da fibromialgia é exclusivamente clínico, devendo ser feito através de uma boa anamnese e um exame físico preciso. Exames complementares possuem papel de excluir outras doenças com o quadro clínico parecido da fibromialgia. (SCOTTON, 2000) Síndrome da Fibromialgia Inicialmente a fibromialgia recebeu outras nomenclaturas, como fibrosite, fibromiosite, miofasceíte e reumatismo muscular. Preferiu-se o termo fibromialgia, pois o processo inflamatório não é característico nesta doença. Utilizava-se como nomenclatura fibromialgia primária, quando não havia outro distúrbio encontrado como causa da doença e fibromialgia secundária quando era desencadeadapor determinadas patologias, reumáticas ou não, como osteoartrose, lúpus e outras doenças do tecido conjuntivo, traumas, doenças endócrinas, infecções ou doenças malignas. (CHIARELLO, 2005) Por muitos anos a fibromialgia não foi aceita como uma doença distinta. Conceituava-se em alguns momentos como distúrbio psicológico em outros como síndrome dolorosa regional. Mostrando que para cada observador a doença tinha uma definição diferente. (HAUN, 1999) A fibromialgia manifesta-se predominantemente no público feminino em faixa etária produtiva, no entanto, crianças, adolescentes e idosos também podem ser acometidos (SILVA et al, 2005). A incidência da fibromialgia na população adulta é em torno de 1%. Nos homens a prevalência é de 0,5%, enquanto 2% das mulheres apresentam seus sintomas - cerca de 80% dos casos são mulheres entre 35 e 55 anos, idade de plena atividade física, profissional e social (MARTINEZ, 2006). Sua prevalência é alta e no Brasil é estimada em 2,5% (SENNA et al, 2004). Nos ambulatórios de ortopedia as queixas de dores musculoesqueléticas representam 26% dos novos casos atendidos, onde 55 a 88% apresentam os sintomas da fibromialgia (SILVA,1997). Dentre as principais hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia da fibromialgia estão: os distúrbios do processamento da dor; as disfunções neuroendócrinas; as alterações imunológicas e as causas psicoemocionais. Contudo, as alterações em apenas um desses fatores, não explicaria a quantidade de diferentes sintomas presentes na fibromialgia. Desse modo, acredita-se que a manifestação e evolução dessa doença são dependentes da interação entre os múltiplos fatores mencionados (CARVALHO et al, 2008). P á g i n a | 39 Diagnóstico Desde 1990 foi adotado como padrão pela comunidade científica internacional especializada, o diagnóstico de fibromialgia, que exige pelo menos três meses consecutivos de dor crônica e difusa e também à palpação, com cerca de 4 kg de pressão pela ponta do dedo, nos „tender points‟ pré-definidos (FERREIRA, MARINO, CAVENAGHI, 2011). O diagnóstico da fibromialgia é puramente clínico, baseado nos sintomas apresentados e na pesquisa de 18 pontos específicos („tender points’), quando pelo menos 11 devem ser dolorosos na palpação, segundo critérios do Colégio Americano de Reumatologia (LESLIE, 2010). São eles: - Inserção dos músculos occipitais - Coluna cervical baixa (C5-C6) - Músculo trapézio - Borda medial da espinha da escápula - Quadrantes externos superiores das nádegas - Proeminências dos trocânteres maiores do fêmur - Segunda junção costocondral - Epicôndilo lateral do cotovelo - Coxim adiposo medial do joelho (junto ao tendão da pata de ganso) (WEIDEBACH, 2002) Entre os questionários de avaliação de pacientes com Fibromialgia durante a anamnese, destacam-se os Critérios de Avaliação da Fibromialgia do ACR (American College of Rheumatology), o Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ), o Questionário de Qualidade de Vida SF-36, Escala de Depressão de Beck (DBI), Escala de Ansiedade TraçoEstado, Escala Analógica Visual de Dor (EAV) e Questionário de Dor de McGill, por fornecerem informações clínicas relevantes e serem de fácil aplicação ao paciente e baixo custo (SANTOS LC; KRUEL LF, 2009). O Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) é um método de graduação utilizado com a finalidade de pesquisa quanto para o acompanhamento da doença. É composto por 19 questões, que avaliam capacidade funcional, status de trabalho, distúrbios psicológicos, sintomas físicos e dolorosos. Quanto maior o impacto da doença, maior será o escore encontrado no final da avaliação (MARQUES et al, 2006). P á g i n a | 40 O Questionário de Vida SF-36 é composto de 36 itens de auto-resposta (com finalidade de avaliar conceitos de saúde referentes à funcionalidade e ao bem-estar de cada um), subdivididos em oito dimensões, cada um com a sua própria característica (ABRUNHEIRO, 2005). A Escala de depressão de Back (BDI) é um instrumento que avalia a depressão em pacientes com doenças crônicas.Os indivíduos com dores crônicas têm alta incidência de depressão, e sua avaliação torna-se de grande importância para o sucesso do tratamento destes pacientes (HARRIS, D‟EON; 2005). A Escala de Ansiedade Traço-Estado é utilizada para verificar o traço de ansiedade dos pacientes com fibromialgia. Este instrumento é constituído de 40 afirmações, divididas em duas sub-escalas. A primeira avalia a ansiedade- estado (20 questões) e refere-se a um estado emocional temporário caracterizado por sentimentos pessoais de tensão que podem variar em intensidade ao longo do tempo. Já a segunda sub-escala avalia a ansiedade-traço (20 questões) e refere-se a uma disposição pessoal, relativamente estável, a responder com ansiedade a situações estressantes e uma tendência de perceber um maior número de situações como ameaçadoras (SANTOS et al, 2011). A Escala Visual Analógica (EVA), deve ser mantido o contato visual do paciente com a escala e ele deve ser capaz de mostrar ao examinador em que grau sua dor está. Pode ser uma régua numérica com dez centímetros, dividida em dez espaços iguais, sendo apresentada de forma simples, ou pode possuir um apelo visual com cores, mas é importante que o paciente entenda que uma extremidade indica "sem dor" e que a outra indica "dor máxima" (FORTUNATO, 2013). O Questionário de Dor McGill, é umalista com 78 descritores organizados em quatro grupos e 20 subgrupos (componentes da dor sensorial-discriminativa, afetiva-motivacional e avaliativa) e apresenta importantes pontos de avaliação da dor presente (SANTOS et al, 2006). Exames laboratoriais de rotina e de imagem são, em geral, normais, servindo apenas para exclusão de outras patologias. Os estudos mostram que em portadores de fibromialgia estes exames estão alterados na mesma proporção da população saudável (SCOTTON; FRAGA, 2000). O diagnóstico deve ser confirmado logo no início do tratamento, para que assim possam ser esclarecidos ao paciente os sintomas que fazem parte da doença e os que não fazem. A orientação ao paciente é muito importante para o controle ideal da fibromialgia. Como parte inicial do tratamento, devem ser fornecidos aos pacientes informações básicas P á g i n a | 41 referentesa doença e suas opções de tratamento, orientando-os sobre controle da dor e programas de autocontrole (BUCKHARDT et al, 2008). Possíveis tratamentos Entende-se que o tratamento dessa síndrome deve ser totalmente individualizado e realizado por uma equipe multidisciplinar, contando com a participação do paciente e baseando-se na combinação de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para uma melhor qualidade do tratamento (MICHALSEN et al., 2013). Para o tratamento dos indivíduos com fibromialgia, as intervenções escolhidas vão depender da extensão e da gravidade dos sintomas, bem como da motivação, participação e dos fatores psicossociais de cada indivíduo (Mannerkorpi & Iversen, 2003). Para redução dos sintomas da fibromialgia podem ser utilizados alguns tratamentos como: - Hidrocinesioterapia: Essa terapia não farmacológica é utilizada em aproximadamente 75% dos pacientes com fibromialgia(LANGHORST et al, 2009). Os exercícios realizados na água são leves e realizados de acordo com o nível de dor do paciente. A sessão deve possuir duração de uma hora e ocorrer ao menos três vezes na semana. Sendo feitos exercícios de alongamento global, fortalecimento muscular de membros superiores e inferiores e relaxamento (KAWAKAMI et al, 2014). As propriedades físicas da água provocam efeitos no corpo, tais como a densidade relativa, que diminui o impacto dos exercícios sobre as articulações; pressão hidrostática que gera uma pressão sobre todos os sistemas corpóreos, como por exemplo, cardiovascular, fazendo com que o sangue circule melhor; flutuação ou empuxo promove diminuição do peso corporal facilitando os movimentos de maior amplitude; viscosidade proporciona resistência aos exercícios, contribuindo para fortalecimento muscular; a temperatura, que gira em torno de 33º a 35º, resultando em relaxamento muscular adequado, melhorando assim o sono (BASTOS; OLIVEIRA, 2003). A imersão na água permite movimentos lentos, com menor impacto no quadro doloroso, tornando o tratamento mais agradável. O tratamento realizado em grupo auxilia no combate à ansiedade e depressão, pois permite aos pacientes socializar, compartilhando dos mesmos problemas e dificuldades (SEBBEN; WIBELINGER, 2014). P á g i n a | 42 - Alongamentos: Exercícios de alongamento são aqueles exercícios de flexibilidade realizados a fim de aumentar a amplitude de movimento de uma ou várias articulações, já que pacientes fibromiálgicos apresentam, na maioria das vezes, limitação na amplitude de movimento (ROUTI et al, 2000). Esse ganho de comprimento muscular proporciona aumento da amplitude e liberdade de movimento. Para desempenhar a maioria das tarefas cotidianas funcionais, assim como atividades recreativas e ocupacionais, uma amplitude de movimento sem restrições previne a dor, sendo importante para os pacientes com fibromialgia (ROSARIO et al, 2004) Os alongamentos se mostram positivos, pois os pacientes que desenvolvem uma postura antálgica tenderão a apresentar contraturas musculares e alterações posturais. Este tratamento estaria atuando de forma a corrigir encurtamentos musculares, de tecido conectivo e pele, uma vez que promove um deslizamento dos miofilamentos por meio de um tensionamento passivo do músculo (BIENFAIT, 1999). Estudos revelam que exercícios cinesioterapêuticos minimizam a dor, a fadiga e a tensão muscular, melhorando níveis de depressão, ansiedade e estresse nos indivíduos portadores de fibromialgia, quando executados de maneira regular e supervisionada (JONES; LIPTAN, 2009). - Eletrotermofototerapia: O tratamento por meio da eletrotermofototerapia é utilizado como parte do programa global de reabilitação, principalmente para alívio da dor (GÜR, 2006). A TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea) é capaz de amenizar a dor em pacientes com fibromialgia, trazendo como benefícios a vitalidade e melhora da saúde mental de pacientes portadores (SILVA et al, 2008). A TENS é muito utilizada em pacientes com fibromialgia como um recurso de analgesia local, diminuindo a rigidez pela melhora da condição dolorosa, melhorando o desempenho nas atividades de vida diária (GUSTAFSSON et al, 2002). Outros recursos eletrotermofototerapêuticos como o ultrassom, o laser e o ondas curtas têm sido usados como auxílio no tratamento da fibromialgia, nas clínicas de fisioterapia. Entretanto, são necessários mais estudos, com o objetivo de se estabelecer a dose ideal e de se compreender melhor os efeitos benefícios, efeitos fisiológicos, além dos efeitos adversos vindos da utilização desses recursos (FERREIRA et al, 2011). P á g i n a | 43 - Acupuntura: Acupuntura é a inserção de agulhas com finalidades terapêuticas em pontos específicos do corpo, os acupontos, que também podem ser estimulados com calor, pressão, ultrassom, eletricidade e laser (MACIOCIA, 2007). Seus efeitos neurobiológicos, que interferem sobre os neurotransmissores relacionados à depressão e à dor, qualificam a técnica como adequada para o tratamento da dor crônica (SANCHEZ et al, 2004). Alguns estudos demonstram que a acupuntura estimula a liberação de endorfinas e encefalinas, o que leva a uma resposta moduladora da dor, resultando em seu alívio (FARGAS-BARBJAK et al, 1992). Uma desvantagem da acupuntura é que só foram demonstrados efeitos sobre as dores encontradas em fibromiálgicos, já em relação aos demais sintomas existem poucas evidências disponíveis (TERRY et al., 2012). - Terapia Manual: A massagem terapêutica é uma técnica muito utilizada pelos pacientes com fibromialgia, estudos realizados afirmam que quando associada a TENS, traz efeitos benéficos na redução de alguns sintomas. Os principais benefícios são: o relaxamento, a melhora da dor, a melhora no sono, bem estar geral, entretanto, tais benefícios parecem não perdurar por longos períodos (TERRY et al., 2012). Massagem é uma técnica terapêutica que requer a aplicação de sequências de golpeamentos e técnicas de manipulação de tecidos (CASSAR, 2001). A liberação miofascial, as terapias craniossacrais e a terapia dos pontos-gatilhos, são exemplos de técnicas especializadas para ajudar no alívio da dor na fibromialgia. As auto-massagens são um procedimento simples que os pacientes podem aprender facilmente a realizar, nos próprios músculos para tentar proporcionar redução da dor e relaxamento (CHAITOW, 2002). Os principais efeitos das terapias manuais são:aumento do fluxo sanguíneo (mecânico),aumento da circulação linfática (mecânico), alívio da dor (fisiológico), remoção dos produtos do catabolismo e metabolismo (fisiológico), facilitação da atividade muscular (fisiológico), alívio da ansiedade e tensão (psicológico),relaxamento (psicológico),e sensação de bem-estar (DE DOMENICO, 2008). P á g i n a | 44 Conclusão Por meio deste estudo, pode-se concluir que a Fibromialgia é uma doença reumática não inflamatória, de causas ainda desconhecidas, que atinge na maioria dos casos a população feminina, tendo como principal característica a dor musculoesquelética difusa e crônica, com diversos pontos dolorosos à palpação espalhados por áreas do corpo, estes que recebem o nome de “tender points”. Estudos mostram que os episódios de dor tornam-se mais intensos após a prática de exercícios físicos, exposição ao frio e umidade, fadiga e estresse, fazendo com que o individuo tenha dificuldade na prática de suas atividades de vida diária e uma má qualidade de vida. O diagnóstico desta patologia, é basicamente clínico e pode ser feito por meio de anamnese e questionários próprios que devem ser respondidos pelo paciente, são de fácil aplicabilidade, e avaliam as capacidades funcionais, status de trabalho, distúrbios psicológicos, sintomas físicos e dolorosos do individuo, nestes casos, a solicitação de exames complementares tem como função descartar outras patologias com quadro de sintomas parecidos. Por se tratar de uma doença de etiologia desconhecida, ainda não existe cura para Fibromialgia, concluindo-se assim, que o objetivo principal dos tratamentos fisioterapêuticos em indivíduos fibromiálgicos é o controle dos seus sintomas para que assim possa ser possível uma melhor qualidade de vida e um retorno às atividades de vida diárias, sendo importante também, o fisioterapeuta educar este paciente de forma que os ganhos obtidos através dos tratamentos possam ser de longo prazo. Os possíveis tratamentos fisioterapêuticos são prescritos levando em consideração a gravidade dos sintomas de cada indivíduo, sendo os tratamentos mais encontrados nas bibliografias pesquisadas intervenções como hidrocinesioterapia, alongamentos globais, eletroterapia, acupuntura e terapias manuais, estas que tem por objetivo minimizar a dor, a fadiga, melhorando os níveis de estresse, ansiedade e depressão dos portadores de fibromialgia. P á g i n a | 45 Referências ANTÔNIO, S.F. - Fibromialgia. 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A dor é um sintoma muito comum que acomete de 60 a 80% dos pacientes com esta doença, sendo um fenômeno individual, complexo e multifatorial. Para sua avaliação é preciso considerar os aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais, uma vez que a sensação de dor de cada indivíduo é muito subjetiva. O cuidado paliativo é um conjunto de atos multidisciplinares que têm por objetivo efetuar o controle da dor e dos sintomas do corpo, da mente, do espírito e do social que afligem o homem. O foco da atuação da fisioterapia varia de acordo com a funcionalidade do paciente. A fisioterapia detém métodos e recursos exclusivos que são imensamente úteis aos cuidados paliativos, e sua atuação é significante para melhora dos sintomas e da qualidade de vida do paciente oncológico. Palavras- Chave: Fisioterapia. Oncologia. Cuidados Paliativos. 1Aluna do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga- FTGA. [email protected] 2 Aluna do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga- FTGA. [email protected] 3 Aluna do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga- FTGA. [email protected] 4 Profº Me. Faculdade de Taquaritinga - FGTA. [email protected] P á g i n a | 50 ABSTRACT Cancer is a disease process that starts when an abnormal cell is transformed by genetic mutation in the cellular DNA. This abnormal cell forms a clone and begins to proliferate abnormally, ignoring the growth regulation signals in the environment surrounding the cell. The cells acquire invasive characteristics, and changes take place in the surrounding tissues. So, cancer is not a single disease with a single cause but a group of different diseases with different causes, manifestations, treatment and prognosis. Pain is a common symptom that affects 60-80% of patients with this disease, being an individual, complex and multifactorial. To review must consider the physical, emotional, social and spiritual aspects, since the feeling of each individual pain is very subjective. Palliative care is a set of multidisciplinary actions that aim to make the control of pain and symptoms of body, mind, spirit and social afflicting man. The focus of the role of physiotherapy varies according to the patient's functionality. Physical therapy holds methods and unique features that are immensely helpful to palliative care, and its performance is significant for improvement of symptoms and quality of life of cancer patients. Key-words: Physical Therapy. Oncology. Palliative care. P á g i n a | 51 INTRODUÇÃO O termo neoplasia significa “novo crescimento”, porém câncer é o termo mais comum a ser utilizado para tumores. Embora “tumor” derive de tumefação, que é causada pela inflamação, atualmente o termo “tumor” pode ser utilizado como sinônimo de câncer. (MARQUES; SILVA; AMARAL, 2011, p. 29). Embora o Câncer afete a todos os grupos etários a maioria deles ocorre em pessoas com mais de 65 anos. Sua incidência cresce anualmente em todo mundo, sendo que, no Brasil, constitui a segunda maior causa de morte por doenças incidindo mais nos homens, bem como em regiões e países industrializados. (SMELTZER; BARE, 2005, p. 336) De todos os sintomas que um paciente com câncer apresenta, a dor é o mais temido, constituindo o fator mais determinante de sofrimento relacionado a doença mesmo quando comparado á expectativa de morte(RANGEL; TELLES,2012, p. 32) A Sociedade Internacional para o Estudo da Dor define dor como uma experiência emocional e sensorial desagradável, onde é descrita em termos de lesões reais ou potenciais e teciduais. A dor é bastante pessoal e cada pessoa aprende a utilizar este termo a partir de suas experiências prévias. (SAMPAIO; MOURA; RESENDE, 2005, p. 340). Quando não há mais possibilidades de cura para esta doença de caráter muitas vezes crônico e degenerativo, o tratamento é frequentemente direcionado aos cuidados paliativos da dor. Segundo Silva e Sudigurky (2008), buscam a promoção da humanização no fim da vida através dos cuidados paliativos, proporcione a morte com dignidade, respeito à vida humana. A Fisioterapia tem uma atuação importante e benéfica neste tratamento paliativo e humanizado uma vez que dispõe de variadas técnicas que têm como objetivo prevenir e aliviar a dor e os demais sintomas psicofísicos ocasionados pela fadiga. Com isso, é possível otimizar também a independência funcional do paciente para que passem menos tempo hospitalizados e mais tempo com a família e amigos. (COSTA, AUGUSTO, 2008). P á g i n a | 52 DENIFIÇÃO DE CÂNCER Os termos, neoplasia, CA ou câncer são utilizados para designar uma condição de crescimento e desenvolvimento celular anormal. Médicos mais antigos observavam nas biópsias dos tumores que eles eram semelhantes a um caranguejo por causa das extensões de suas patas e por invasões dos tecidos vizinhos, onde se mantém agarrados. (MARQUES; SILVA; AMARAL, 2011, p. 29). O câncer é célula transformada por mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal começa a se proliferar, no ambiente que circunda. Os tecidos circunvizinhos adquirem células características invasivas, que se infiltram nesses tecidos, vasos sanguíneos e linfáticos que as transportam para outras áreas do corpo. É chamado de metástase (câncer disseminado para outras partes do corpo). (SMELTZER; BARE, 2005, p. 336 e 337). As características de crescimento das células cancerígenas benignas ou malignas se diferem em tamanho, velocidade, capacidade de metastizar e de destruição tissular. (SMELTZER; BARE, 2005, p.337). FISIOTERAPIA PRÉ E PÓS - OPERATÓRIA O tratamento deve ser individualizado baseando-se na doença, no estado físico, emocional do paciente, orientando sobre o processo do tratamento, evolução, avaliação, exame físico, por meio de uma linguagem simples, para que o paciente entenda o que será realizado. Essas informações que são passadas para o paciente contribuem para a melhora do reconhecimento do seu próprio corpo, diminui a ansiedade, estimula o paciente a ser mais colaborativo durante o tratamento. (FARIA, 2010). A avaliação pré-operatória oferece uma reabilitação mais adequada. Ao realizar a anamnese deve conter exames físicos, antecedentes pessoais e atividades de vida diária. (AMARAL et al.,2011). O exame físico deve verificar Pressão Arterial (PA); Frequência Respiratória (FR); Frequência Cardíaca (FC); Força Muscular (FM); Alteração Postural; Sensibilidade Tátil e Dolorosa, Mensurar a Circunferência dos Membros. (AMARAL et al.,2011, p. 75). Periodicamente é avaliada a função respiratória, se há presença de pneumonia ou embolia pulmonar, função circulatória, se há presença de trombos, edema nos membros, P á g i n a | 53 funções intestinais e urinárias, se a infecção na ferida cirúrgica, dor, atentar sobre os aspectos cicatriciais. Após a alta hospitalar, há um acompanhamento de uma equipe multidisciplinar por aproximadamente 2anos; para evitar identificação de possíveis complicações futuras. (AMARAL et al.,2011, p. 75-76 e 79). A Fisioterapia visa intervir o avanço da independência do paciente, diminuindo a dor , riscos de infecção, medicação. (FARIA, 2010, p.8). Avaliação de sintomas cuidados paliativos, foi desenvolvido uma escala por Edmonton no Canadá – ESAS, no qual habilita o paciente a referir o seu grau de dor. Essa escala é numerada de 0 à 10, significando 0 a ausência e 10 a maior intensidade dos sintomas. O questionário deve ser breve, objetivo e prático para que não se torne cansativo, e realizado todos os dias. São avaliados também os sintomas subjetivos (cansaço, depressão, ansiedade e bem-estar). Essa escala foi traduzida para o português pela Dra. Isabel Gabiça Neto, de Portugal e no Brasil sua validação está em andamento. (COSTA, AUGUSTO, 2008). CUIDADOS PALIATIVOS O cuidado paliativo é o atendimento humanizado aos pacientes que estão na reta final de suas vidas e de seus familiares. A equipe multidisciplinar que atua de forma integrada e complementar. (AMARAL et al.,2011). Em 1.975 foi fundado o primeiro Hospice Americano e, em 1.982, uma lei americana permitiu o Hospice Care. Neste mesmo ano, a OMS forma um grupo de trabalho com o objetivo de criar estratégias para promover o alívio da dor e os cuidados do tipo Hospice para doentes com câncer, passando a adotar o termo cuidados paliativos. A primeira definição de cuidado paliativo foi feita em 1.986 e revisada em 2.2. (AMARAL et al.,2011). “Cuidado paliativo é a abordagem que promove melhora na qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de problemas associados com doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”. (AMARAL et al.,2011)..Promover o alívio da dor e de outros sintomas estressantes,reafirmar a vida e aceitar a morte como um P á g i n a | 54 processo natural,integrar aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado, oferecer um sistema de suporte que auxilie o paciente a viver tão ativamente quanto possível, até a sua morte, não antecipar e nem postergar a morte, iniciar este atendimento o mais precocemente possível e oferecer um sistema de suporte que auxilie a família e entes queridos a se sentirem amparados durante todo o processo da doença. (SMELTZER; BARE, 2005) O cuidado paliativo é um conjunto de atos multidisciplinares que têm por objetivo efetuar o controle dos sintomas do corpo, da mente, do espírito e do social que afligem o homem na sua finitude. Discussão do prognóstico, explicação do tratamento e veracidade constituem benefícios para o paciente e seus familiares, possibilitando a participação ativa nas tomadas de decisões. (AMARAL et al.,2011). O trabalho da fisioterapia tem por objetivo reintegrar o paciente ao convívio domiciliar sempre que possível, instruindo o cuidador a atender suas necessidades e evitar internações ou tratamentos exaustivos, estabelecer a maioria dos seus potenciais diminuídos, incentivando-os a ajustar objetivos em curto prazo, aliviando seu desconforto. (SMELTZER; BARE, 2005) Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cuidados paliativos como: cuidado com esses pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo, ou seja, não vai existir a cura da doença. E os cuidados priorizam o controle dos sintomas físicos, da dor, na parte psicológica, espiritual e social, buscando melhorar a qualidade de vida dos pacientes terminais e de seus familiares. (SILVA; SUDIGURSKY, 2008). Há cinco princípios éticos que fundamentam os cuidados paliativos: Prevenção (prever complicações e aconselhar a família); Efeito (os efeitos positivos devem ser maiores que os efeitos negativos); Proporcionalidade terapêutica (adotar somente medidas terapêuticas úteis); Não abandono (sempre ser solidário e acompanhar o paciente e seus familiares); Princípios da veracidade (sempre dizer a verdade ao paciente e sua família); (SILVA; SUDIGURSKY, 2008). DOR ONCOLÓGICA A dor é sempre subjetiva e cada pessoa aprende a utilizar este termo a partir de suas experiências prévias. A Sociedade Internacional para o Estudo da Dor a define P á g i n a | 55 como experiência sensorial e emocional, que é descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais. (SAMPAIO; MOURA; RESENDE, 2005, p. 339). E por isso é definida como individual, complexo e multifatorial onde em sua avaliação é preciso considerar vários fatores entre eles: aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais. E inclusive a sensação de dor para cada indivíduo é muito pessoal, cada um com sua história, contexto e momento. (SAMPAIO; MOURA; RESENDE, 2005, p.340). Devido às várias incapacidades relacionadas ao Câncer pode ocorrer grande prejuízo funcional, anorexia, perda do convívio social, redução de atividades de vida diária e profissional, lazer e confinamento ao leito. (SAMPAIO; MOURA; RESENDE, 2005, p. 340). O uso de alguns medicamentos pode ocasionar a dor, devido a reação adversa de alguns como, por exemplo, sulfato de vincrisistina, e vários outros quimioterápicos, ocorrendo dores musculares e ósseas, principalmente na coluna e membros inferiores sendo frequentes os distúrbios neuromusculares, pulmonar e sensorial.(RBM REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA, 2010, p. 509-513) Indivíduos com Câncer frequentemente experimentam algum tipo de dor ao longo de seu tratamento clínico. Dor é um sintoma que permite algumas vezes, o diagnóstico e a progressão da doença. A manifestação de dor nesses pacientes pode ser devido ao próprio Câncer e as metástases se houver, sendo este a principal causa de dor nos pacientes ou então específicos ao tratamento ou a outras causas referidas a doença; como dor em virtudes de condições de alguma alteração. (MANUAL DE ONCOLOGIA, 2008) Por isso o controle adequado da dor deve ser a prioridade no cuidado com estes pacientes, a dor oncológica as vezes, pode estar relacionada a vários fatores, ligadas a três grandes grupos: dor ligada ou indiretamente ao tumor primário e suas metástases, as introgenias que resulta de algum procedimento terapêutica ou pode ser por condições não relacionadas com o Câncer.(MANUAL DE ONCOLOGIA, 2008) CLASSIFICAÇÃO DA DOR A dor pode ser classificada em aguda ou crônica. Dor aguda acontece na fase inicial da doença ou pode ainda manifestar-se com a progressão do Câncer, ou ser decorrente de diagnóstico e tratamentos terapêuticos, como exames, cirurgia, P á g i n a | 56 quimioterapia e radioterapia. Já a dor crônica é relacionada a progressão da doença ou consequência também de algum tipo de tratamento realizado.(MANUAL DE ONCOLOGIA,2008). Este tipo de dor ocorre várias incapacidades dentre elas nas atividades físicas, no sono, no apetite, na convivência social e outras. (MANUAL DE ONCOLOGIA, 2008). A dor mais comum é causada por invasão tecidual direta de tumores nos casos de doenças ósseas, metastáticas, compressão de troncos nervosos, mucosas, vasos de decúbitos. (Fairfield e Taycross, 1982). E com isso a dor também pode ser classificada de acordo com a distribuição de sintomas superficiais e profundos, referidos, localizados, generalizados, e ainda de origem somática, neuropática, ou psicogênica, neuropática e visceral. (SAMPAIO; MOURA RESENDE, 2005, p. 341). RESULTADOS Ao longo da pesquisa foi possível verificar que é fundamental proporcionar ao paciente oncológico o bem estar, a melhora funcional, a qualidade de vida e o controle da dor. Os tratamentos fisioterapêuticos mais eficazes na dor oncológica foram o TENS; Cinesioterapia; Termoterapia; Massagem Terapêutica; Crioterapia; para melhor eficácia no controle da dor oncológica. P á g i n a | 57 CONCLUSÃO Durante esse trabalho, observamos que varia muito a utilização de recursos fisioterapêuticos para cada paciente tanto no adulto como em crianças. Os aspectos levados em consideração são o tipo, intensidade, causa e localização da dor. Dessa forma a fisioterapia auxilia e orienta ensinando exercícios específicos, aplicando recursos físicos para melhor controle da dor, aprimorando a funcionalidade nas atividades de vida diária, no bem estar e, ainda, orientando familiares e cuidadores. Especificamente no caso do tratamento em crianças além da abordagem já citada, o grande diferencial é poder associar atividades lúdicas e ou música para assim facilitar a relação fisioterapeuta/paciente o que, por sua vez, contribui para a melhora da qualidade de vida desses pacientes. P á g i n a | 58 REFERÊNCIAS A atuação da Fisioterapia nos cuidados paliativos da criança com Câncer. Disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptBR&q=a+atua%C3%A7%C3%A3o+da+fisioterapia+nos+cuidados+paliativos+da+cria n%C3%A7a+com+c%C3%A2ncer&btnG=&lr= Acesso em 04 Mar. 2016. http://pgsskroton.com.br/seer/index. php/ensaioeciencia/article/view/2777 Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptBR&q=tratamento+da+dor+oncol%C3%B3gica+em+cuidados+paliativos&btnG=&lr= Acesso em 04 Mar.2016 http://www.e-publicacoes.uerj.br/index. php/revistahupe/article/view/8928 Recursos Fisioterapêuticos no controle da dor oncológica: Revisão da Literatura. Disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?q=recursos+fisioterap%C3%AAuticos+no+contro le+da+dor+oncol%C3%B3gica+revis%C3%A3o+da+literatura&hl=ptBR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart&sa=X&ved=0ahUKEwiYiIPDnIHQAhXHD5A KHfAgAWQQgQAKHfAg Acesso em 04 Março 2016 http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang= p&nextActionitora =lnk&exprSearch=555182&indexSearch=ID Acesso em 06 Março 2016 A Cinesioterapia Reduz a Dor no Membro Superior de Mulheres submetidas á Mastectomia ou Quadrantectomia Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rdor/v13n3/v13n3a02 Acesso em 13 Abril. 2016 Fisioterapia para o Tratamento do Linfedema no Pós-Operatório de Mastectomia: revisão de Literatura Disponível em http://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/viewArticle/5572 P á g i n a | 59 Acesso em 13 Abril 2016 Fisioterapia na Reabilitação de Mulheres Operadas por Câncer de Mama Disponível em http://www.saocamilosp.br/pdf/mundo_saude/65/12_Fisioterapia_baixa.pdf Acesso em 21Abril 2016 Fisioterapia em Oncologia Mamária: Qualidade de Vida e Evolução Clínico Funcional Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faenfi/article/view/6448 Acesso em 21Abril 2016 As Práticas do Cuidar na Oncologia: A Experiência da Fisioterapia em Pacientes com Câncer de Mama Acesso em 03 Março 2016 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010459702010000500005 Acesso em 03 Março 2016 Atrofia Muscular em Pacientes Oncológicos Internados em Unidade de Terapia Intensia Disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?q=atrofia+muscular+em+pacientes+oncol%C3% B3gicos+internados+em+unidade+de+terapia+intensiva&hl=ptBR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart&sa=X&ved=0ahUKEwjt0suj1qjNAhXKk5AKH YVbB2oQgQMIGjAA Acesso em 03 Março 2016 Fisioterapia em Pacientes com Leucemia: Revisão Sistemática Disponível em http://www.inca.gov.br/rbc/n_57/v02/pdf/11_revisao_literatura_fisioterapia_pacientes_l eucemia_revisao_sistematica.pdf MARQUES, Silva. Amaral. Tratado de Fisioterapia em Saúde da Mulher. Editora: ROCCA, 2011, p.30-89. SMELTZER, Bare. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. Vol. 1,10 ed., 2005, p. 335-384. P á g i n a | 60 A importância e a colaboração da hidroterapia durante o período da gestação, uma revisão bibliográfica Camila Thaís Torezani¹ Caroline Stefany Barbosa Orellana² Walther Spinelli Filho³ Resumo Durante o período gestacional observam-se várias alterações fisiológicas e funcionais na mulher. Algumas dessas alterações podem resultar em desconforto ou até mesmo dor na gestante, causando-lhe limitações durante a execução de suas atividades de vida diária, interferindo diretamente em sua qualidade de vida. O aumento dos sintomas dolorosos desencadeia uma constante busca por medidas terapêuticas que possam amenizá-las. A hidroterapia é um recurso terapêutico na qual a água é usada como meio para a realização de exercícios, proporcionando conforto e relaxamento às gestantes, amenizando as modificações fisiológicas e, em especial as musculoesqueléticas, prevenindo assim complicações nas etapas finais da gestação. Palavras-chave: gestação, fisioterapia, hidroterapia Abstract During the pregnancy period are observed several changes physiological alterations and functional in woman. Some of these alterations can result in discomfort and pain in the pregnant woman can triggered limitations during the performance of your activities in your daily life interfered directly in your quality of life. The increase of painful symptoms trigger a constantly search for a therapy measures which might lessen them. The hydrotherapy is a therapeutic resource whom the water is used as way for a exercise realizations provide comfort and relax in the pregnant woman, lessen the physiological modifications specially the musculoskeletal avoided the complications in final stages of a pregnancy. Descriptors: Pregnancy, Physiotherapy, Hydrotherapy. ¹Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. [email protected] ²Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. [email protected] ³Atualmente é Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga – FTGA, Fisioterapeuta – FISIOCLÍNICA S/S LTDA. Fisioterapeuta concursado e responsável na Unidade Básica de Saúde em Cândido Rodrigues. Especialização em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica ligada a Medicina do Esporte (2000). Especialização em R.P.G (Reeducação Postural Global, 1997). Foi Coordenador do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga – FTGA no período de 2007 a 2011. Mestrado em Engenharia de Produção (2013). [email protected] P á g i n a | 61 Introdução De acordo com Rezende (1998), a gravidez é estabelecida como sendo um episódio na vida normal da mulher; teoricamente a mulher grávida deverá experimentar os reflexos de maior sobrecarga imposta ao funcionamento dos órgãos. Conhecer o corpo durante a gravidez, especialmente quando à morfologia e ao funcionamento interno e externo dos órgãos envolvidos no processo de gestação e parto, é de fundamental importância para o tratamento fisioterapêutico. Por isso, torna-se indispensável que profissionais da área da saúde como os fisioterapeutas que trabalham diretamente com gestantes tenham um conhecimento básico das estruturas pélvica, muscular e ligamentar, já que o atendimento fisioterapêutico trabalha no exercício dessas funções e das estruturas corporais. (BARACHO et al., 2012, p. 3) As modificações na gravidez resultam de fatores como: mudanças hormonalmente mediadas no colágeno e no músculo involuntário; aumento de volume total de sangue com o fluxo sanguíneo aumentado para o útero, crescimento do feto resultando a consequente ampliação e deslocamento do útero e também o aumento do peso e as mudanças adaptáveis no centro de gravidade e postura (REZENDE apud ORLANDI, 2004). Kisner e Colby (2005) apontam que as principais indicações para o exercício aquático incluem: facilitar os exercícios de amplitude de movimento, facilitar atividade com descarga de peso, prover acesso tridimensional ao paciente, facilitar os exercícios cardiovasculares, minimizar o risco de lesões e favorecer o relaxamento ao paciente. Os equipamentos para utilização da piscina para hidroterapia terão que ser os mais adaptáveis possíveis para a gestante, como o vestuário, pisos e o ambiente que seja o mais harmonioso possível, para que a gestante possa elaborar suas atividades dentro da piscina com maior tranquilidade para ela e seu feto. Já a duração dos exercícios terá que ter no mínimo entre 45 a 60 min de duração com intervalos de 5 a 7 min. (CAMPION, 2000; KATZ, 1999). Segundo Katz (1999) superaquecimento da água, pois as mudanças cardiorrespiratórias durante a gravidez reduzem a adaptabilidade da grávida ao calor. A gestante corre um risco maior de se ferir com o superaquecimento em situações que a exponham às altas temperaturas, como em exercícios físicos rigorosos na água quente. Além disso, o bebê não possui um sistema de resfriamento, o feto não tem meios para dissipar o calor. Especialmente no início da gestação, o desenvolvimento do bebê é afetado quando o corpo da gestante é superaquecido. P á g i n a | 62 Já Polden (2000) afirmam que, exercícios de grandes esforços são contraindicados em gestantes devido à redistribuição seletiva do fluxo sanguíneo que sai dos órgãos esplâncnicos e depois da placenta em direção aos músculos em atividade. Exercícios vigorosos podem ocorrer em algumas mulheres que não estão acostumadas a atividades físicas a um parto prematuro. Anatomia Stephenson e O’Connor (2004) afirmam que as alterações fisiológicas durante a vida da mulher são numerosas, ocorrendo em todos os sistemas do corpo. As alterações mais frequentes, no entanto, ocorrem durante e imediatamente após a gestação. A pelve, formada pelas articulações sacro ilíacas e a sínfise púbica, resguarda e protege o útero gravídico, e durante esta fase sofre modificações fisiológicas e anatômicas importantes. A sínfise púbica, por exemplo, possui um disco inter púbico fibrocartilaginoso, que se torna amolecida pelo hormônio da relaxina, correndo o risco de romper-se com movimentos ousados ou exercícios abruptos (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000) Segundo Polden & Mantle (2002) a pelve serve como um escudo que oferece proteção aos importantes conteúdos pélvicos, além de servir como suporte para o tronco e constituir a parte óssea do mecanismo pelo qual o peso corporal é transferido aos membros inferiores ao deambular e, ás tuberosidades do ísquio, ao sentar. A pelve consiste de dois ossos ilíacos, o, sacro e o cóccix; estes ossos articulam-se na sínfise púbica, e articulações sacro ilíacas direita e esquerda, lombo sacral, e sacrococcígea para formar um anel ósseo. Autores, como Baracho (2012), afirmam que, o assoalho pélvico tem como objetivo sustentar os órgãos internos, principalmente o útero, a bexiga e o reto. Proporcionam ação esfincteriana para uretra, a vagina e o reto, além de permitir a passagem do feto, na hora do parto. O assoalho pélvico fecha a cavidade inferior, sendo limitado anteriormente pelo arco púbico e posteriormente pelo cóccix; lateralmente limita-se pelos ramos e ísquios púbicos e pelos ligamentos sacrotuberais existentes entre as tuberosidades isquiáticas e as margens laterais do sacro e do cóccix. O assoalho pélvico é um conjunto de partes moles que fecham a pelve, sendo formado por músculos, ligamentos e fáscias têm a função sustentar e suspender os órgãos pélvicos (útero, bexiga, ovários) e abdominais, regular excreção e função sexual. (LACERDA,2000). De acordo com Oliveira (2006) durante a gestação, a musculatura do assoalho pélvico sofre um prolongado teste de resistência ao sustentar, além dos órgãos pélvicos, o bebê, o P á g i n a | 63 novo útero e todos os demais anexos embrionários (placenta, cordão umbilical, etc.). Normalmente este aumento deve ser de 11 Kg, mas muitas vezes chega a orbitar os 20 Kg. Para Barros (2006), o crescimento do útero inclina a pelve para frente e, somado à redução do tônus da musculatura abdominal, exige que a coluna se realinhe, principalmente no final da gestação. O útero sofre alterações de forma, peso, tamanho, posição e consistência durante a gravidez. Normalmente tem cerca de 7 cm de comprimento e pesa 50g. Aumenta cerca de 4 cm por mês, atingindo no final da gravidez cerca de 36cm e 1Kg. No colo do útero forma-se um tampão mucoso (conhecido pelo nome de rolha de Schroeder), cuja finalidade é proteger a cavidade uterina do meio externo. (GONZALEZ et al.,2010, p.113) O períneo também se torna amolecido, elástico, para facilitar o canal do parto. (GONZALEZ et al.,2010, p.113) A genitália feminina externa se estende do púbis ao períneo e é formada pelo monte púbico, grandes lábios, pequenos lábios, bulbo do vestíbulo, glândulas vestibulares e clitóris. (BARACHO et al.,2012, p.4) As mamas encontram-se aumentadas e dolorosas em razão do desenvolvimento e preparo para a lactação. Pode ser observado o aumento da pigmentação da aréola e do mamilo, presença de veias superficiais dilatadas e visíveis, por causa do aumento da vascularização, presença de glândulas sebáceas salientes na aréola, ao redor do mamilo, cuja função é a lubrificação, presença de colostro que pode estar presente desde os primeiros meses de gestação até o quinto dia após o parto. (GONZALEZ et al.,2010, p.112) Alterações posturais na gestação O aumento da massa corpórea e das dimensões do corpo da gestante causam um aumento da carga e um desequilíbrio no sistema osteomioarticular, modificando o seu centro de gravidade e provocando uma maior oscilação no centro de força, que levam a um equilíbrio instável e influenciam na biomecânica da postura (OKUNO, 2003). Biomecanicamente, uma das principais causas dessas mudanças na estática e na dinâmica do esqueleto da gestante, é o constante crescimento do útero. Sua posição anteriorizada dentro da cavidade abdominal, além do aumento do peso e do tamanho das mamas, são fatores que contribuem para o deslocamento do centro de gravidade da mulher para cima e para frente, podendo acentuar a lordose lombar, promover uma anteversão pélvica e, consequentemente causar dor (MARTINS; SILVA, 2005). P á g i n a | 64 Para Aires (1999), devido à distensão abdominal e às mamas desenvolvidas, o centro de gravidade se desloca para frente fazendo com que a mulher adote uma postura involuntária com lordose da coluna e aumento da base de sustentação. São aspectos da gestação normal a presença de abdome protuso, marcha gingada e lordose exagerada, para compensar a lordose e manter a linha de visão a gestante aumenta a flexão anterior da coluna cervical, além de andar curvada com abdução dos ombros. (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999). Além da ação hormonal, as modificações corporais se intensificam com o crescimento uterino que inicia um processo de expansão, ocasionando um aumento das curvaturas ósseas, principalmente a lombar e o complexo ósseo do quadril. A coluna lombar sofre o impacto do peso anterior desenvolvido pelo abdome que estará se expandindo, levando a uma desarmonia das cadeias musculares (FREITAS, 2008). (Figura 4) O centro de gravidade deslocar-se para cima e para frente, devido o alargamento do útero, aumento das mamas e do peso da mãe e da criança; e em decorrência disto, o corpo 9 compensa com: anteriorização da cabeça; aumento das curvaturas da coluna lombar, dorsal e cervical causando tensão da musculatura paravertebral, acompanhada de protrusão e rotação interna dos ombros; hiperextensão de joelhos e sobrecarga de peso nos pés; aumento da base de sustentação para dar equilíbrio e estabilidade (BARACHO, 2007, MANN et al, 2008, FABRIN; CRODA; OLIVEIRA, 2010) Alterações fisiológicas e hormonais na gestação Conhecer os mecanismos de adaptações fisiológicas do organismo materno durante a gestação é uma estratégia muito importante. As modificações fisiológicas envolvem todos os sistemas temporariamente, mas o suficiente para criar situações biológicas, corporais, mentais, espirituais e sociais que deve ser diferenciado entre o normal e o patológico. (BARACHO et al.,2012, p.13) No período gestacional ocorrem mudanças importantes em todas as funções do organismo materno que deverá formar e nutrir o feto que no útero se desenvolve. (CALDEYRO-BARCIA et al; 2004). Durante a gravidez, a mulher sofre alterações fisiológicas como o aumento do peso corporal, o aumento do tamanho do coração, mudança no centro de gravidade, aumento do volume plasmático, anemia, aumento da frequência cardíaca, volume de ejeção, diminuição da resistência vascular e periférica. (ROBERGS; ROBERGS, 2002). P á g i n a | 65 Tortora e Gralowiski (2002) apontam que com a gravidez ocorre uma pressão sobre a bexiga urinária, fato este que se dá devido ao aumento do útero, causando assim sintomas urinários, como o aumento da frequência e urgência da micção e incontinência de esforço, o aumento da capacidade de filtração renal, o que permite a eliminação mais rápida de resíduos produzidos pelo feto. Da descoberta da gravidez até o 3° mês, a fecundação do óvulo coloca o hormônio HCG, que em dupla com a progesterona, desencadeia os sintomas característicos da gravidez: enjoo e vômito, retenção de líquidos, dor nos seios, nas pernas e na barriga e manchas na pele. Os hormônios também fazem o intestino trabalhar mais devagar e respondem pelas alterações de humor. Nessa fase, o comum é engordar até meio quilo por mês. (TORTORA; GRALOWISKI, 2002). Do 4° ao 6° mês, enjoos e vômitos diminuem ou desaparecem, mas o inchaço nas pernas e nos pés fica mais frequente, porque o crescimento da barriga dificulta a circulação do sangue. O deslocamento do centro de gravidade do corpo leva ao desalinhamento da postura e dores na lombar. Os ajustes hormonais que o corpo precisa fazer e o aumento do volume de sangue no organismo faz o metabolismo ficar mais acelerado. Como consequência, a mulher tem mais fome e mais cansaço. (TORTORA; GRALOWISKI, 2002). Do 7° ao 9° mês, o bebê pressiona órgãos internos da mulher e ela sente uma série de desconfortos como a falta de ar, azia e sensação de estômago cheio. O mais saudável é ganhar até 1,5 quilo por mês, o saldo final deve ser entre 7 e 12 quilos a mais, ao longo dos nove meses. (TORTORA; GRALOWISKI, 2002). Chistófalo, Martins e Tumelero (2003) descrevem que as mulheres, no final da gestação, tendem a inclinar o corpo mais para frente, para uma melhor postura de equilíbrio, podendo ocasionar dores nas costas, devido ao esforço das fáscias musculares De acordo com Fischer (2003), as alterações hormonais produzem mudanças no perfil endócrino que ocorrem durante a gestação, quatro hormônios desempenham um papel fundamental para a mãe e para o feto que são: a progesterona, o estrogênio, a gonadotrofina coriônica e a somatomamotropina coriônica. Dois desses são os hormônios sexuais femininos, estrogênio e progesterona, os quais são secretados pelo ovário, durante o ciclo menstrual normal, passando a ser secretados em grandes quantidades pela placenta durante a gestação. As funções do estrogênio são promover a proliferação de determinadas células, o aumento da vagina, o desenvolvimento dos grandes e pequenos lábios, o crescimento de pelos pubianos, o alargamento pélvico, o crescimento das mamas e de seus elementos glandulares, além de deposição de tecido adiposo em áreas específicas femininas, tais como coxas e P á g i n a | 66 quadris. Ou seja, o estrogênio é responsável por desenvolver as características sexuais femininas (FISCHER, 2003). De acordo com Baracho (2012), a função da progesterona é a redução da tonicidade da musculatura lisa em órgãos maternos levando a alterações no estômago, no cólon, bexiga, nos ureteres e nos vasos sanguíneos, aumento da temperatura e gordura corpóreas. Na mama associa-se as células alveolar e glandular, que produzem o leite. Segundo Costil e Wilmore (2001) a gonadotrofina coriônica é um hormônio cuja função é manter ativo o corpo lúteo durante o primeiro trimestre. Sem o corpo lúteo em atividade, a secreção de progesterona e estrogênio seria afetada e assim o feto cessaria seu desenvolvimento e seria eliminado dentro de poucos dias. Após o primeiro trimestre, a remoção do corpo lúteo já não afeta mais a gravidez, uma vez que a placenta fica responsável pela secreção de estrogênio e progesterona em quantidades muito elevadas. A concentração máxima de gonadotrofina coriônica acontece aproximadamente na oitava semana que é, justamente, o período essencial para impedir a evolução do corpo lúteo. A somatomamotropina coriônica humana, por sua vez, é um hormônio responsável, principalmente, pela nutrição adequada do feto, diminuindo, dessa forma, a utilização da glicose pela mãe e tornando-a disponível em maior quantidade para o feto. Ocorre também uma mobilização aumentada de ácidos graxos do tecido 11 adiposo materno, elevando a utilização da mesma como fonte de energia em lugar da glicose. Outro efeito desse hormônio é auxiliar o crescimento fetal, efeito esse semelhante ao do hormônio do crescimento, contudo esse efeito é relativamente fraco. (COSTIL; WILMORE, 2001). Conforme Batista (2003) é comum ocorrer aumento dos hormônios adrenais, o que, provavelmente, pode contribuir para o surgimento de estrias róseas de pele. Níveis aumentados de glicocorticoides, estrogênios e progesterona modificam o metabolismo da glicose aumentando assim a necessidade de insulina. Propriedades da água e exercícios indicados para gestante Na flutuação um objeto imerso apresenta menor peso na água do que na terra, há uma força oposta a gravidade atuando sobre o objeto. Essa força chamada de flutuação é igual a uma força para cima gerada pelo volume de H²O deslocado. (RUOTI et al., p.19). A pressão hidrostática é a pressão exercida sobre objetos em imersão, a proporcionalidade entre profundidade e pressão permite a gestante realizar o exercício com mais facilidade quando está mais perto da superfície. (KISNER;COLBY, 2005, p.259). P á g i n a | 67 A água a temperatura ambiente, e na maioria das variedades dos seus usos terapêuticos comuns, é um líquido, todos esses líquidos compartilham uma propriedade que é a viscosidade, que se refere a magnitude do atrito interno do líquido. (RUOTI et al., p.23). Os movimentos realizados na água, reduz o estresse articular, diminuindo o impacto sob as articulações e o risco de lesões, além de a flutuação fornecer suporte completo às gestantes, ajuda a aumentar a amplitude dos movimentos sem a resistência do atrito, auxiliando a movimentação. Os movimentos aquáticos promovem maior controle sobre a frequência cardíaca da mãe e do feto, reduz as varizes, melhora o condicionamento físico, aumenta a resistência muscular e a diurese, além de promover um melhor controle postural que proporciona analgesia lombar. (VALLIM, 2005). São recomendados, ainda, para as gestantes, os exercícios que incluem a combinação de atividades aeróbicas envolvendo grandes grupamentos musculares e atividades que desenvolvem força de determinados músculos. (CHISTOFALO et al., 2003). Exercícios realizados sob supervisão, adequados para cada época e circunstância gestacional, sendo realizados em ambientes apropriados e para mães motivadas, sem intuitos de competição e/ou desempenho incentivado, são, sem dúvida, benéficos, tanto para mãe quanto para o feto. (Marques e Silva, 1993). O principal objetivo da hidroterapia para gestantes é promover exercícios que tragam benefícios e sejam seguros, para estimular uma boa postura. Nas sessões serão incluídos exercícios de aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares, exercícios para força e resistência muscular, uma sessão aeróbia, resfriamento e alongamentos e relaxamento. (CAMPION et al.,2000, p.300). Os exercícios de aquecimento foram planejados para mobilizar as articulações, promover a circulação e o aquecimento dos músculos. Esses exercícios devem aumentar gradualmente a frequência cardíaca e a taxa em que sua intensidade aumenta deve estar engrenada ao próprio paciente. Alguns exercícios como levantamento dos calcanhares, dobrar os joelhos, círculos com os ombros, levantamento dos joelhos, são exercícios de aquecimento. (CAMPION et al.,2000, p.301). Os exercícios de alongamentos são indicados para ajudar no equilíbrio da musculatura dorso-lombar, abdominal e do assoalho pélvico, assim como exercícios respiratórios, por favorecerem uma maior consciência corporal, levando ao relaxamento e auxiliando no parto. (SANTOS et al., 2007). P á g i n a | 68 Conclusão Pode-se concluir que através das propriedades físicas da água, o empuxo e a pressão hidrostática, juntos, reduzem o peso corpóreo da gestante, auxiliam no retorno venoso e condicionam o coração, diminuindo o risco de lesão musculoesquelético e os edemas gravitacionais. Através das propriedades naturais da água aquecida relaxa e sustenta o peso corporal. Há diminuição das varizes, controle maior sobre a frequência cardíaca materna, um aumento da diurese, diminuição da formação de edema, alivio sintomatológico doloroso, como as lombalgias, a melhora da circulação de retorno venoso, tanto linfático quanto venosa, reeducação postural, melhora do tônus muscular são alguns dos benefícios que a hidroterapia pode oferecer na face gestacional. Entretanto as atividades exercidas no período pré-natal a maioria dos autores citam que só poderão ser feitas após os 3 meses gestacional. Sendo comprovado a eficiência da hidroterapia, sendo adequada a gestante no período especifico de vida das mulheres gestantes. Concluímos também que há muitos benefícios que a hidroterapia causa na mãe no feto, que são de grande importância na hora do parto e no bem-estar da gestante. Além de aliviar tensões do dia a dia, no controle de ganho de peso durante a gestação, na circulação, na respiração, reduz o risco de lesões, melhora dores lombares entre vários outros benefícios. Os exercícios pré-natais na água são fornecidos para proporcionar uma sensação de bem-estar e nos momentos de desconforto. Tem benefícios também quando a gestante apresenta lombalgia, pois diminui a dor, por meio da água aquecida que reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, promovendo um relaxamento muscular geral, reduzindo a sensibilidade à dor, reduzindo espasmos musculares e consequentemente melhorando o equilíbrio e postura. Referências ALLEGRETTI, Rafael. 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Princípios de anatomia e fisiologia. ed.9.Rio de Janeiro, RJ:Guanabara, 2002. P á g i n a | 71 Intervenção da Fisioterapia na Microcefalia Taís Caroline Escudeiro Seti1 Tânia Mara Estinati Araújo2 Gustavo Naxara Oscko3 Resumo Este trabalho relata a atuação da fisioterapia nas crianças de zero a três anos de idade acometidas pela microcefalia, por meio de revisão bibliográfica. Intervenções já estudadas servirão de auxílio para fisioterapeutas como guia para o tratamento neurológico na população estudada. A microcefalia é uma condição neurológica que se caracteriza por anormalidades no crescimento do cérebro dentro da caixa craniana, acarretando disfunções neurológicas e anormalidades no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Esta patologia apesar de muito antiga, era até então pouco estudada, provavelmente devido à baixa incidência. Com a mudança do quadro epidemiológico, o que se observa é a falta de profissionais habilitados para tratar estas crianças, incluindo o fisioterapeuta. O intuito desse trabalho é fornecer alternativas de tratamento aos profissionais . Palavras-chave: Microcefalia – Tratamento - Fisioterapia Abstract This work reports the performance of physical therapy in children from zero to three years of age affected by microcephaly, through a bibliographic review. Interventions already studied will serve as aids for physiotherapists as a guide for neurological treatment in the studied population. Microcephaly is a neurological condition that is characterized by abnormalities in brain growth within the cranial cavity, causing neurological dysfunctions and abnormalities in the child's neuropsychomotor development. This pathology, although very old, was until then little studied, probably due to the low incidence. With the change in the epidemiological picture, what is observed is the lack of professionals qualified to treat these children, including the physiotherapist. The purpose of this paper is to provide alternatives for treatment to professionals. Keywords: Microcephaly – Treatment – Physiotherapy 1 Graduando do Curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA. [email protected] Graduando do Curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA. [email protected] 3 Professor Me. do Curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA [email protected] 2 P á g i n a | 72 Introdução Para Fonseca et al. (2006, p. 60), a microcefalia é definida como uma importante diminuição da circunferência cefálica, sendo inferior ao percentil 5 ou 2 desvios-padrão abaixo da média. Geralmente é detectada após 24 semanas, fazendo com que o diagnóstico seja mais fácil com o avançar da gestação. Nos últimos três anos cerca de 1,2 mil bebês (até 8% do total analisado) nasceram com a patologia, uma média de 400 registros ao ano. Hoje, o Ministério da Saúde investiga cerca de 3,8 mil casos suspeitos da doença destes, 462 já foram confirmados. (BRETAS, 2016) Esta patologia decorre de uma produção baixa de neurônios durante a embriogênese, que pode estar associada ou não a alterações estruturais. (EINA, 2016). Portadores de microcefalia podem apresentar além da deformidade craniofacial, característica do transtorno, déficit intelectual, atraso nas funções motoras e de fala, distorções faciais, nanismo ou baixa estatura, hiperatividade, epilepsia, dificuldades de coordenação e equilíbrio, dentre outras alterações neurológicas. (BRUNA,2015) A microcefalia não apresenta tratamento, mas existem métodos para amenizar os efeitos da sua ocorrência, no que diz respeito ao desenvolvimento neuropsicomotor da criança, principalmente entre zero e três anos, que é o intervalo considerado de maior importância para iniciar a estimulação precoce na criança diagnosticada com a patologia. Como não é possível reverter o quadro da doença depois de instalado, o que se deve fazer é utilizar terapias que venham melhorar a qualidade de vida da criança. (TECKLIN, 2002) A Fisioterapia representa um papel importante na vida da criança com microcefalia, pois atua de forma preventiva e interventiva por meio da estimulação precoce; da prescrição de equipamentos auxiliares quando preciso; da integração sensorial; da terapia lúdica; da tecnologia assistida; da orientação familiar e; por fim no que se diz respeito às orientações para que a inclusão escolar aconteça. (TECKLIN, 2002) Microcefalia A microcefalia tem como definição “Perímetro Cefálico menor que 2 desvios-padrão (DP) abaixo da média em relação à crianças do mesmo sexo e idade.” (HARRIS, 2013). P á g i n a | 73 As criança com microcefalia geralmente apresentam alguns tipos de deficiência, incluindo P á g i n a | 74 déficit intelectual e atraso no desenvolvimento neurológico. (VON DER HAGEN et al., 2014). Entretanto, pode-se encontrar cérebros dentro desses padrões exibindo um QI normal. (EINA, 2016) Apesar da definição não ser padronizada, há consenso quanto a ocorrência de um perímetro cefálico (PC) abaixo do padrão das curvas apropriadas para idade e gênero. Um PC baixo indica, de modo geral, um cérebro pequeno. Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. (Protocolo Epidemiológico Microcefalia) Etiologia A microcefalia decorre de uma produção baixa de neurônios durante a embriogênese, que pode ou não estar associada a alterações estruturais. Pode ser por causa genética ou insultos por infecção, toxicidade, problemas circulatórios, drogas, etc., que ocorrem durante a gestação ou mesmo precocemente na vida pós-natal. Em geral está associada a outras anormalidades cerebrais. (EINA, 2016) Incidência Nos últimos três anos, cerca de 1,2 mil bebês (até 8% do total analisado) nasceram com a patologia – uma média de 400 registros ao ano. Hoje, o Ministério da Saúde investiga cerca de 3,8 mil casos suspeitos da doença – onde, 462 já confirmados. Isso revela que o surto atual já é parte da realidade do brasileiro há um bom tempo. (BRETAS, 2016) Diagnóstico/Prognóstico O diagnóstico da microcefalia intra-útero é feito quando a medida da circunferência cefálica (CC) é inferior a 2 desvios padrões (DP) do limite inferior da curva de normalidade para a idade gestacional, e o diagnóstico de microcefalia em bebês que nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que é habitualmente maior que 33 cm.(XIMENES, 2015) P á g i n a | 75 Tratamento multidisciplinar O diagnóstico de microcefalia pode despertar nos pais uma série de emoções, como medo, preocupação, tristeza e culpa, portanto é importante buscar ajuda de uma equipe profissional de confiança. Os pais são orientados a procurar médicos, professores e terapeutas de sua confiança. (GUERREIRO, 2013) Fisioterapia na Microcefalia Para que o fisioterapeuta possa atuar de maneira eficaz na população diagnosticada, este deve ser capaz de reconhecer os processos do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, usando de modelos teóricos que possam embasar sua prática, apoiados em uma formação apropriada para usarem das melhores estratégias de avaliação e tratamento para minimizar as deficiências e promover o máximo de independência e qualidade de vida para essas crianças (KANDEL et al., 2014). A fisioterapia neurofuncional julga atualmente o sistema sensoriomotor como um sistema de percepção/ação que explora ativamente o meio ambiente para satisfazer seus próprios objetivos de forma dinâmica. (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2010). Os processos de aprendizagem e controle motor, as avaliações e intervenções feitas pelo fisioterapeuta neurofuncional, são baseados nos avanços da neurociência, no surgimento de novas teorias do aprendizado e controle motor e na compreensão da neuroplasticidade. O aprendizado motor, o controle motor e a neuroplasticidades são resultados da interação indivíduo, ambiente e tarefa. Desta maneira, a fisioterapia neurofuncional em pediatria é primordial para possibilitar à criança a ganhar habilidades motoras e interação com o ambiente, prevenindo ainda deformidades e contraturas que podem piorar seu quadro motor e comprometer outros sistemas. Evidências na literatura mostram que a intervenção precoce, a prática, a repetição, a motivação, a experiência e o ambiente enriquecido favorecem o processo de neuroplasticidade, isto é, às mudanças estruturais no sistema nervoso na organização e na quantidade de conexões entre os neurônios (BASU, 2014; CARR; SHEPHERD, 2003). Para uma boa intervenção precoce, deve-se considerar que os melhores instrumentos P á g i n a | 76 preditivos são idade-dependentes (CAMPBEL et al., 2008). P á g i n a | 77 Com base na avaliação, o fisioterapeuta deve ser capaz de identificar o principal problema, e a partir daí traçar o seu diagnóstico, estabelecer metas e coletar dados para determinar os resultados obtidos com a intervenção. De acordo com os dados coletados durante a avaliação, é importante oferecer orientações aos cuidadores. Para relatar a evolução do paciente, são recomendadas avaliações periódicas (CARR; SHEPHERD, 2003). As estratégias de tratamento fisioterapêutico devem fazer com que a criança entenda a terapia como tratamento, porém que não seja uma tortura para a mesma, e sim uma motivação. Uma das maneiras de se alcançar isto, é usando de estratégias lúdicas, onde o objetivo principal é fazer a criança repetir as tarefas propostas fornecendo vários tipos de feedback como o conhecimento de resultado e de desempenho e não a deixando perder a motivação (CARR; SHEPHERD, 2003). Estimulação Precoce É no período de 0 a 3 anos que o indivíduo é mais suscetível a transformações provocadas pelo ambiente externo, por esse motivo, a plasticidade neural fundamenta e justifica a intervenção precoce para bebês que mostram risco potencial de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. (LIMA; FONSECA, 2004) O ponto de partida do tratamento são os eventos plásticos de reorganização que ocorrem em decorrência de uma lesão cerebral, no qual os estímulos sensitivo-motores devem ser conduzidos do mais simples até que alcancem, através do aumento progressivo no grau de dificuldades, uma complexidade funcional maior. (FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELA, 2010, p.46) Segundo Tudella et al, 2004, quando o tratamento é iniciado pecocemente, até o quinto mês de idade, em crianças com diagnóstico de paralisia cerebral, há significamente mais benefícios ao desenvolvimento neuromotor em comparação ao tratamento realizado após essa idade. Formiga, Pedrazzani e Tudela (2010), estabaleceram as principais metas de uma programa de intervenção precoce, nas quais compreendem: 1. Por meio da estimulação em nível ambulatorial e também em seu ambiente natural, aumentar o potencial de cada criança inserida no programa, estabelecendo o ritmo e a P á g i n a | 78 velocidade dos estímulos, e apontando, na medida do possível, um perfil de reação. 2. Fortalecer a ajuda dos pais ou responsáveis, fazendo com que eles interajam com a criança de forma a estabelecer mutualidade precoce na comunicação e afeto, prevenindo de patologias emocionais e cinestésicas. 3. Fornecer um ambiente agradável para a realização das atividades que são necessárias para o desenvolvimento da criança. 4. Orientar os pais e a comunidade sobre as possibilidades de acompanhamento desde o período neonatal até a fase escolar. 5. Articular um modelo de atuação multiprofissional e interdisciplinar. 6. Dissipar informações encorajando e auxiliando a criação de novos programas de estimulação precoce. É por meio da abordagem proprioceptiva que irá ocorrer a estimulação das funções motoras, visando proporcionar a sensação de onde se localizam as partes de seu próprio corpo, no espaço, com maior diversidade de experiências sensitivas/motoras e favorecendo praxias do sistema sensório motor oral e do próprio toque. (BARATA; BRANCO, 2010) O estímulo deve ser iniciado o quanto antes, pois quanto mais tarde a estimulação, mais defasado estará o seu desenvolvimento motor, em conjunto com a perda na área sensorial, resultando na perda da noção do espaço, esquema corporal, percepção, que poderá ajudar na falta de atenção ou dificuldades cognitivas. (Ministério da Saúde) A meta principal da estimulação precoce é se beneficiar desse período crítico para estimular a criança a ampliar suas competências, tendo como referência os marcos do desenvolvimento típico e desta forma, diminuindo os efeitos negativos de uma história de riscos. (PAINEIRAS, 2005) Assim como o aprendizado, a recuperação da função pode ser caracterizada por uma continuidade de mudanças funcionais a curto prazo que ocorrem no momento após a lesão, para mudanças estruturais a longo prazo como o remapeamento do córtex sensorial ou motor. O cérebro é mais plástico e receptivo a intervenções nas lesões cerebrais no início da vida comparado a lesões na idade adulta (YANG et al., 2013). P á g i n a | 79 Segundo KOLB et al., 2001, geralmente o cérebro é especialmente plástico após a conclusão da migração neuronal durante os processos de crescimento e formação de sinapses estão altamente ativos. HADDERS-ALGRA, 2001, diz que isso quer dizer que uma elevada plasticidade pode ser esperada até 6 a 8 meses após o nascimento do bebê a termo. Segundo YANG et al., 2013 e BASU, 2014, este período é essencial para uma recuperação funcional mais próxima possível do normal, indicando que o quanto antes é a intervenção, melhor o prognóstico. Quando iniciados antes do 9º mês de vida, os programas terapêuticos apresentam maiores ganhos nas habilidades motoras e pessoais comparados a programas iniciados mais tardiamente (SHONKOFF; HAUSER-CRAM, 1987; SHARKEY et al., 1990). O maior objetivo da estimulação precoce é desenvolver e potencializar, por meio de exercícios, jogos, atividades, técnicas e demais recursos, as atividades do cérebro das crianças, beneficiando seu lado intelectual, físico e afetivo. O estímulo precoce deve visar a estimulação de atividades funcionais ou atividades onde a criança consiga ver algum objetivo para o exercício praticado. Este tipo de atividade beneficia a motivação, a repetição e a tranferência daquela atividade a outras situações do dia a dia da criança (CARR; SHEPHERD, 2003). O tipo de intervenção fisioterapêutica benéfica em crianças prematuras é diferente da intervenção eficaz em crianças que tenham nascido a termo. Os bebês prematuras se beneficiam mais de intervenções que imitem o ambiente intrauterino, já os bebês a termo, de intervenções específicas por meio de tarefa orientada. Isto é, o tipo de intervenção e o grau de maturação do SNC interferem no resultado motor da criança (BLAUW-HOSPERS; HADDERS-ALGRA, 2005). Prescrição de Equipamentos Auxiliares O fisioterapeuta é responsável pela indicação do uso de órteses para a manutenção do alinhamento biomecânico, facilitando assim a execução de algumas tarefas motoras, além de prevenir encurtamentos e deformidades futuras. É importante lembrar que o quanto antes esses equipamentos forem usados e as intervenções fisioterapêuticas forem realizadas, melhor será o prognóstico da criança. (ULRICH et al., 2001) P á g i n a | 80 Tecnologia Assistida Por meio de testes e escalas de desenvolvimento padronizados, são detectados precocemente alterações, levando a uma intervenção terapeutica mais rápida e eficaz. As escalas de desenvolvimento fornecem valiosas informações sobre o npivel de operação da criança ou sobre os marcos alcançados por ela. (FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELA, 2010) As avaliações são realizadas por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fisiatras e nerologistas. Os testes tem como principal contribuição quantificar e qualificar o desempenho motor em diferentes domínios, e isso permite ao avaliador metas mais realísticas de tratamento, nortear ações terapêuticas com eficiência e eficácia e demonstrar objetivamente para a família os ganhos alcançados pela criança. (Ministério da Saúde) Os principais aspectos avaliados são sinais neurológicos precoces anormais no período neonatal; as aquisições motoras de crianças em diferentes faixas etárias; a qualidade do movimento, controle e alinhamento postural, equilíbrio e coordenação e até o desempenho funcional de crianças na realização das atividades de vida diária. (Ministério da Saúde) Instrumentos mais utilizados para avaliação do desenvolvimento motor: Test os Infant Motor Performance (Timp) Avalia a postura e o movimento infantil, pode ser utilizado em recém-nascidos de 32 semanas de idade gestacional até quatro meses de idade corrigidal. <https://www.infantmotortest.com/> Alberta Infant Motor Scales (Aims) O objetivo do teste é avaliar as aquisições motoras de criança até os 18 meses de idade. Motor Assesment os The Developmental Infant (Mai) (PIPER; DARRAH, 1994) Avalia o desenvolvimento motor de crianças até um ano de idade, que mostram alto risco para distúrbios motores, como contribuição para estabelecimento de base para intervenção preoce. General Movements (GM) P á g i n a | 81 Proposta por Precchetl e Beintema, 1977, onde se constitui em um exame neurológico utilizado para avaliação do RN, com o intuito de detectar precocemente sinais neurológicos anormais no período neonatal. Terapia Lúdica Para que a criança obtenha outras habilidades motoras, é importante trabalhar os componentes do movimento necessários para a tarefa que lhe foi designada. O fisioterapeuta deve usar de estratégias que estimulem a execução da tarefa de maneira independente. O fisioterapeuta deve ter flexibilidade para atender crianças na faixa etária de 0-3 anos. O uso de equipamentos como rolos, bolas, bancos e espelhos pode ser bem vindos para aumentar o feedback fornecido a criança e ajudá-la na realização da tarefa. O treinamento muscular pode ser potencializado com o usado de resistência ao movimento, mudança nas características dos objetivos utilizados para a realização da tarefa. (UYANIK et al., 2010) Segundo CARR; SHEPHERD, 2003, o treinamento realizado com a criança deve ser o mais semelhante possível à função almejada. Para SHUMWAY- COOK e WOOLLACOTT, 2003, é necessário que o treinamento da tarefa seja repetido várias vezes e com a maior freqüência possível no mesmo atendimento, para que as mudanças plásticas geradas pela intervenção ativa específica se consolidem. GOBBO e O’MARA, 2004, afirmam que o ambiente deve ser enriquecido, estimulando e desafiando a criança para a execução da atividade específica. Segundo Formiga, Pedrazzani e Tudela, 2010, o contato da criança com o corpo do fisioterapeuta é importante, das pessoas que estão ao seu redor, os brinquedos e brincadeiras, dando a criança o apoio afetivo, a segurança e o equilíbrio de que lhe é necessário para crescer em harmonia com o meio em que vive. Para que isso ocorre, é necessário observar que a quantidade de estímulos utilizados deve estar estreitamente relacionada à capacidade, ao interesse e às possibilidades de cada criança. A criança não deve ser forçada e nem cansada, pois nessa relação é essencial ter reconhecimento de suas necessidades e da medida exata de estímulos para suprí-las. P á g i n a | 82 Orientação e Participação da Família A família está diretamente ligada ao processo de recuperação funcional da criança, as crianças que convivem em ambientes pouco estimulantes apresentam piora no seu prognóstico funcional (FINNIE, 2000). Algumas considerações Este trabalho evidenciou que a importância da fisioterapia no tratamento da criança com microcefalia se mostra mais eficaz quando a estimulação precoce é realizada entre 0 e 3 anos. Além de todo conhecimento técnico necessário para que o tratamento seja realizado com êxito, os responsáveis pelos pacientes deverão ser orientados pelo fisioterapeuta quanto a inclusão social. Referências BRUNA, Maria Helena Varella. Microcefalia, 2015. Disponível em:<http://drauziovarella.com,br/crianca-2/microcefalia>. Acesso em: 26 de abril 2016. BRETAS, Valéria. Incidência de microcefalia no NE já era alta antes da zika, 2016. Disponível em:<exame.abril.com.br/Brasil/noticias/incidência-de-microcefalia-no-traço-paisjá-era-alta-antes-da-zika>. Acesso em: 26 de abril 2016. EINA, 2016. Distúrbios de Desenvolvimento Embriológico, 2016. Disponível em:<http://www.enscer.com.br/material/artigos/eina/deficiencias/micro.php>. Acesso em: 26 de abril 2016. FONSECA, Luis Fernando. Manual de Neurologia Infantil – Clínica – Cirúrgica – Exames Complementares. 1ª Edição. São Paulo: Guanabara, 2006. GUERREIRO, Marilisa M. Microcefalia: tratamentos e causas, 2013. Disponível em:< http://www.minhavida.com.br/saude/temas/microcefalia>. Acesso em: 09 de março 2016. Ministério da Saúde. DIRETRIZES DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE Crianças de zero a 3 anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor Decorrente da Microcefalia, 2016. Disponível em:< http://www.saude.go.gov.br/public/media/ZgUINSpZiwmbr3/20066922000062091226.pdf>. Acesso em: 10 de junho 2016. P á g i n a | 83 Parecer sobre estimulação precoce e microcefalia, 2016. Disponível em:<http://abrafin.org.br/wp-content/uploads/2015/02/PARECER-MICROCEFALIA.pdf>. Acesso em: 10 de junho 2016. PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde. Protocolo Clínico e Epidemiológico para investigação de casos de microcefalia no estado de Pernambuco. Versão N° 02. Pernambuco: Secretaria Estadual de Saúde, 2015. 42p. TECKLIN, J.S. Fisioterapia Pediátrica - Tecklin. 3ª Edição.São Paulo: Artmed, 2002 XIMENES, Renato. Diagnóstico de microcefalia: informações importantes, 2015. Disponível em:< http://cbr.org.br/diagnostico-de-microcefalia-informacoes-importantes/>. Acesso em: 26 de abril 2016. P á g i n a | 84 ÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA E REDES SOCIAIS NO AMBIENTE CORPORATIVO Alessandra Matias da Silva1 Sara Mesquita Pinotti2 Orientador: Profº. Dr. Eduardo José Aloia3 RESUMO Mídias como Facebook, twiter, blogs, entre outras se aperfeiçoaram e se tornaram ferramentas úteis para as empresas que aderiram à essas tecnologias, devido ao fato de economizarem tempo, dinheiro e auxiliarem na educação, no cotidiano e no trabalho das pessoas e das organizações, o que proporciona o aumento da qualidade dos serviços ou produtos oferecidos e como consequentemente agrada aos clientes. Este trabalho se propõe a apresentar como as mídias sociais invadiram o cotidiano das pessoas e das corporações. Com isto em mente, as redes sociais são apresentadas, mostrando como elas podem servir de ferramentas para as empresas crescerem e se destacarem no competitivo mercado de trabalho, suas vantagens e desvantagens, e as mudanças na forma de gestão e as análises de conteúdo em redes sociais como instrumento de pesquisa.Qualidades importantes das mídias sociais que apresentam diferenciais competitivos às empresas foram discutidos, especificamente como elas otimizam tempo, possibilitam um atendimento mais eficiente, diminuem custos e ainda possibilitam às empresas encontrarem clientes em potencial em qualquer lugar do mundo. Palavras-chave: mídias sociais, empresas, ferramentas. 1 Aluna do 8º Período do curso Superior de Administração da Faculdade de Taquaritinga. [email protected] 2 Aluna do 8º Período do curso Superior de Administração da Faculdade de Taquaritinga. [email protected] 3 Professor Doutor, do curso Superior de Administração da Faculdade de [email protected] P á g i n a | 85 2 ABSTRACT Media like Facebook, Twitter, Blogspot, Wordpress, among others, have improved and become useful tools for companies that joined to this technologies, due to the fact that save time, money and assist in education, daily life and work of people and organizations, which provides increased quality of services or products offered and consequently appeals to customers. This study aims to present how social media invaded the daily lives of individuals and corporations. With this in mind, social networks are presented, showing how they can serve as tools for companies to grow and excel in the competitive job market, their advantages and disadvantages, and the changes in management and content analysis in networks social as a research tool. Important qualities of social media that have competitive advantages companies were discussed, specifically how they optimize time, enable a more efficient service, reduce costs and enable companies to meet potential customers anywhere in the world. Key – words: social medias, companys, tools. INTRODUÇÃO A evolução do mundo tecnológico exige que as corporações adotem várias mídias que até então eram utilizadas apenas para uso pessoal. Isso as ajuda a melhorar seu contato com os clientes, a promover negócios e a publicidade se tornou praticamente gratuita. Hoje em dia, a empresa que não se “digitalizar” vai se tornar obsoleta. Além disso, esse avanço da tecnologia possibilitou o envio e o acesso imediato de informações. Acontecimentos sociais, crises políticas, racismo, preconceito de todas as espécies e opiniões que podem gerar prejuízo ou que denigrem a imagem de outras pessoas são a todo o momento objeto de postagem nas mais variadas redes sociais. As redes sociais como facebook, twiter, instagram, entre outras, possibilitam uma conexão de 24 horas na vida das pessoas, ocupando mentes e tempos, assim como todas as opiniões sobre quaisquer assuntos são imediatamente divulgadas. Não só opiniões são divulgadas, mas também qualquer fato ou ato são divulgados, como um acidente, o almoço de alguém, ou a ida ao banho, o famoso “partiu banho”. Dessa forma a vida das pessoas resta quase totalmente exposta. P á g i n a | 86 3 Essas informações ainda que pareçam inúteis ou inofensivas podem ser usadas a favor ou contra quem as emitem? As empresas separam vida e opiniões pessoais da vida profissional? O mercado profissional está cada vez mais competitivo e as empresas mais exigentes, com capacidade de observar os atos de qualquer candidato por meio das redes sociais. METODOLOGIA Na elaboração deste trabalho foi utilizada revisão bibliográfica disponível relacionada ao tema. Também foram utilizadas imagens para ilustração. 1. AS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES Segundo Chiavenato (2010, p. 2-34), as organizações para que não se tornem obsoletas devem acompanhar a ágil e intensa mudança que ocorre no mundo tecnológico, econômico e social. As mudanças organizacionais podem ser classificadas como: A Era Industrial Clássica, a Era Industrial Neoclássica e a Era da Informação. A primeira se desenvolveu a partir da industrialização, fase na qual as pessoas eram consideradas recursos de produção, juntamente com outros recursos como máquinas, capital etc. A segunda, surgiu à partir da década de 1950, época em que surgiu o departamento de Recursos Humanos, e se estendeu até a década de 1990, tornando o modelo estruturalista baseado na velocidade do progresso com abertura de comércios e indústrias,modelo na qual os funcionários foram considerados como recurso funcional. E a terceira, a “Era da Informação” se iniciou na década de 1990. Nessa época houve uma mudança na arte da tecnologia, incluindo a modernização dos aparelhos telefônicos, televisões e computadores cada vez mais diversificados, exigindo que a equipe produza seus serviços em tempo real e com destaque diante de um mercado competitivo. (CHIAVENATO, 2010, p. 34-38). Nesta última concepção, as pessoas deixam de ser simples recursos (humanos), para se tornarem seres dotados de inteligência, capacidade, criatividade, conhecimento, P á g i n a | 87 4 habilidades, personalidades que não só compõem uma estrutura organizacional, mas caracterizam a inovação em um processo global de reestruturações mercadológicas. 1.1 A Gestão na Era da Informação Chiavenato (2010, p. 37-40) menciona a era da informação como a explosiva expansão das tecnologias. Com aparelhos cada vez mais evoluídos, as informações cruzam os continentes em milésimos de segundos. Surge então as organizações virtuais, que não são limitadas pelo tempo, espaço ou distância, ou seja, as pessoas podem trabalhar em qualquer lugar ou em casa por exemplo, em tempo real. Os gerentes devem buscar conhecimento e inovações para poder liderar na era digital. As pessoas agora são parceiras da organização, com colaboração ativa e eficaz no propósito e crescimento da empresa e acompanhamento da ágil mudança da tecnologia, garantindo destaque da concorrência com inteligência, habilidades, conhecimentos e capacidades para desenvolver tecnologias que podem ajudar no crescimento sustentável das empresas. 2. O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NO COTIDIANO 2.1 A influência das Tecnologias de Informação na vida das pessoas Barbosa; Silva (2010, p. 02) afirmam que as tecnologias estão evoluindo muito rápido, causando impacto nas nossas vidas e tornando-a dependentes dela. É difícil encontrar pessoas que ainda não tenham tido acesso à internet, independente da classe social. Citando algumas evoluções temos os aparelhos eletrônicos que utilizamos no dia-adia, a máquina fotográfica, as máquinas de lavar louças, ou roupas, o forno micro-ondas. Esses aparelhos possuem várias funções que podem ser controladas facilmente, apenas com botões digitais. Os jogos eletrônicos com imagem em 3D, de impressionantemente semelhança com P á g i n a | 88 o real e difícil a percepção de erros, os aparelhos de TV digital, os carros completamente automatizados com função de voz e comando (BARBOSA; SILVA, 2010, p.02). Na área da saúde vimos a crescente tecnologia nos aparelhos para exames e diagnósticos em alta definição e até para realizar cirurgias a laser sem a necessidade de incisão cirúrgica. As contas mensais como as de energia elétrica, água, cartão de crédito ou qualquer outro boleto que podem ser impressos, acessados em casa ou em qualquer lugar e podem ser pagos em bancos, casas lotéricas, pelo caixa eletrônico de qualquer agência bancária, ou até mesmo pelo celular (BARBOSA; SILVA, 2010). Figura 1: Pagamento de contas pelo celular Fonte:Oliveto, 2015.www.oimparcial.com.br Qualquer objeto pode ser observado em forma de tamanho, cor, material, etc., e comprados de qualquer aparelho eletrônico como computador, tablet, ou celular, em qualquer lugar do mundo, bem como a realização das compras podem ser feitas sem sair de casa ou até mesmo no período de trabalho, e chegam ao endereço desejado.(BARBOSA; SILVA,2010) 2.2 A influência das Tecnologias de Informação na educação Na educação a tecnologia criou mais conteúdos didáticos como: e-books, artigos, jornais, conteúdos de concursos públicos com ampla quantidade de materiais, vídeos, exploração de atividades virtuais, e muitas atividades que podem ser assinadas mensalmente e adquiridas pela internet (BARBOSA; SILVA,2010, p. 03). Ensinam ainda Barbosa; Silva (2010), que um curso superior pode ser realizado P á g i n a | 89 desde a inscrição até a realização de suas aulas à distância e em tempo real através de vídeo- P á g i n a | 90 aulas. “A Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de criar uma universidade on-line de ensino a distância em escala mundial: a University of the People.” 2.3 A influência das Tecnologias de Informação no trabalho Pedimos licença para mais uma vez mencionar a avassaladora presença das mídias virtuais na vida de muita, muita gente. A popularidade das mídias sociais tem se espalhado como fogo incontrolável nos últimos anos. Assim como fogo pode causar pânico por causa de seus movimentos caóticos e aleatórios, os efeitos ondulatórios dessa tecnologia estão surpreendendo muitos líderes organizacionais” (JUE; MARR; KASSOTAKIS, 2011, p. 03). Como exemplo, daremos o caso da Emergent Solutions, Inc.4. Nesta empresa, as mídias sociais têm papel importante, como relata a diretora administrativa Chris CavanaughSimmons: Precisamente um ano atrás, as circunstâncias me forçavam a olhar para as mídias sociais. Um conhecido me disse que eu deveria explorar os sites de relacionamento social e as wikis e também recomendou que eu aprendesse mais sobre elas. A primeira coisa que me inspirou foi o fato de as metas da Emergent Solutions combinarem perfeitamente com os princípios de uma wiki: estar aberto, trabalhar conjuntamente, compartilhar e agir globalmente. Aí eu de fato me interessei em quais eram as possibilidades a ser exploradas. (JUE et al, 2011, p. 139/140). O uso das mídias sociais otimizou os processos internos da empresa, influindo até no tempo em que seus funcionários precisavam permanecer na empresa e tornou o atendimento ao cliente muito mais rápido, eficiente e com nível de qualidade mais alto. (JUE et at., 2011, p. 141). 4 A Emergent Solutions, Inc., é uma empresa global líder em consultoria de desenvolvimento sediada em Palo Alto, Califórnia. P á g i n a | 91 3. MÍDIAS VIRTUAIS As comunidades virtuais têm transformado o acesso a comunicação, podendo as pessoas ter acesso às conversações em qualquer lugar, por exemplo, no trabalho, dentro do ônibus, nas ruas, ou em qualquer outro lugar, na forma de textos, imagens vídeos, através de aparelhos eletrônicos.(BARBOSA; SILVA,2010, p.03). Nas empresas, as redes sociais são utilizadas como meio de comunicação de marketing, para divulgação e vendas de seus produtos ou serviços. 3.1 Conceitos Básicos Para Goulart (2014, p. 14), as mídias sociais surgiram das ferramentas vindas da Web 2.0, que é um programa de aperfeiçoamento de sistemas existentes no surgimento da web nos anos 90. A Web 2.0 se caracteriza por desenvolver programas de relacionamentos entre as pessoas e troca de conteúdo entre elas. Mídias, segundo o dicionário Michaelis (2009), significam “um veículo de comunicação de divulgação de informações e propagandas, podendo ser por meio de jornais, revistas, televisão, celulares, computadores”. É um instrumento de agrupamento de pessoas de forma individual ou coletiva, podendo ser por meio de um site ou comunidades virtuais.(GOULART,2014, p.15). As mídias sociais possuem diversas características, como a de participação de qualquer pessoa de qualquer classe social, desde que tenha acesso a um aparelho eletrônico com internet; O acesso (limitado) à páginas de outras pessoas, à conversação, que pode ser unidirecional ou multidirecional, ou seja, as conversas podem ser diretamente a uma única pessoa, ou a um grupo de pessoas, as comunidades são criadas por interesse pessoal ou por grupos como de colaboração mútua, e por fim, a facilidade da conectividade entre diversas mídias sociais.(GOULART,2014, p.15). 3.2 Tipos de Mídias Sociais As mídias sociais, conforme já citado antes, são páginas ou ambientes on-line de interação e agrupamento de pessoas, e divulgação de marketing e propagandas, tantos P á g i n a | 92 pessoais como empresariais. Elas podem ser classificadas de acordo com sua finalidade ou funções a elas associadas. Para Goulart (2014, p. 16-18), elas podem ser classificadas como: 3.2.1 Redes sociais virtuais: São redes on-line que permitem a criação de páginas pessoais ou grupais, e que podem compartilhar conteúdos profissionais ou para familiares, podendo ser optativo o compartilhamento de modo privativo ou público, como por exemplo, o Facebook e o MySpace. 3.2.2 Blogs: Os blogs são como “jornais ou revistas on-line”, na qual qualquer pessoa ou empresa pode publicar as suas recentes informações, e os leitores podem comentar sobre o assunto, Blogspot e o Wordpress. 3.2.3 Wiks: Os Wikis são sites construídos para a editoração de conteúdos geralmente educativos.Os textos são adicionados pelo dono do site mas podem ser modificados por qualquer leitor para completa formação dos conteúdos, como por exemplo a Wikipedia. 3.2.4 Podcads: São sites para a disponibilização de conteúdos em áudio como por exemplo rádios, que são gravados e podem ser ouvidos em momentos diversos, como a CBN. 3.2.5 Fóruns: É uma área de conversações on-line para disponibilidade discussões de qualquer finalidade. 3.2.6 Comunidades de conteúdo: São ambientes on-line destinados à inserção de conteúdo específico. Esses sistemas podem ser públicos, ou privativos, com acesso somente as pessoas integrantes do grupo. 3.2.7 Microblogs: É uma combinação de redes sociais virtuais e blogs, como o Twiter, destinado a adolescentes, para postarem suas atividades pessoais, as mensagens são curtas e podem ser integrados em sistema de telefonia móvel. P á g i n a | 93 Figura 2: Mídias Sociais 9 Fonte: Silva, 2015. http://www.e-commercebrasil.org/ 3.3 Vantagens Esclarece Goulart (2014, p. 21-22) que a grande quantidade de informações que são depositadas nas mídias pelos usuários, podem trazer vantagens para muitos e para as empresas. Uma das vantagens é a liberdade de se comunicar. Essa comunicação pode ser formal ou informal, mas sendo um marketing feito de forma criativa e de fácil convencimento, pode favorecer o aumento significativo de lucro e da rentabilidade favorável. As vantagens de criar páginas na web é poder divulgar as informações com conteúdo importantes, atrair pessoas a procedimentos que garantem bons resultados. Não precisa ser um especialista em informática para conseguir criar páginas para divulgação de seus projetos e suas vendas, uma ideia logo cria repercussão e sugestões nas mídias.(GOULART,2014, p. 22). O ato de contribuição pode ser feito de diversos níveis e objetivos, por exemplo, as pessoas se utilizam de comunidades virtuais para a coleta de opiniões, idéias e como uma forma de ajudar grupos ou pessoas que demonstrem necessidades. Já as empresas demonstram participação de inclusão e responsabilidade social para com a humanidade e o meio ambiente. Compartilhar postagens é um tipo de interação que traz satisfação, um sentimento de realização, mesmo quando é algo somente para mostrar para os outros usuários. Informações, propagandas e marketing são gratuitamente publicados. (GOULART,2014, p. 23). P á g i n a | 94 10 A colaboração entre grupos de ajudar uns aos outros, as ações em conjunto ajuda na disseminação dos projetos de marketing das empresas, favorecendo a ligeira propagação de seus novos produtos e de suas novas tecnologias. 3.4 Desvantagens Assevera Goulart (2014, p. 23) que, em meio a tantas vantagens de se utilizar as mídias sociais, elas têm possibilitado uma grande abertura de divulgação de informações pessoais ou coletivas. Quando mal utilizada, ela pode trazer malefícios que podem durar uma vida toda, por exemplo: uma pessoa que posta suas fotos indecorosas entre amigos ou para o público, difamando a própria vida, pode ser impossibilitada de garantir um emprego por um bom tempo principalmente dentro das empresas de sua cidade. Já uma empresa que tem um de seus líderes ou um funcionário agindo de forma corrupta e tal fato é demonstrado pelas redes, manchará o nome da empresa, e levará grande quantidade de tempo para restituí-lo. Lembrar que os funcionários são usuários das mídias e que podem utilizar de críticas e comentários negativos em caso de desentendimento na empresa, proporcionando também riscos relativos à privacidade e a segurança dos dados dela.(JUE et al., 2011, p. 216-217). 4. Atuação das Organizações nas mídias sociais Assegura Goulart (2014, p. 55) que com a facilidade para abrir páginas nas mídias sociais, na maioria das vezes de forma gratuita, esse meio de comunicação abriu as portas para novas estratégias virtuais na utilização da comunicação organizacional, favorecendo a aproximação das pessoas, ao divulgar suas fotos, histórias e promover eventos. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado (Ibramerc) (PORTAL HSM, 2010) corrobora essa questão do baixo investimento ao afirmar que 40% das empresas entrevistadas contam com apoio de seus funcionários na gestão da presença em mídias sociais, e que 25% destacam um colaborador exclusivamente para tal atividade. Apenas 11% optam por terceirizar o monitoramento e a atualização dos perfis nas tecnologias sociais.(GOULART, 2014,p. 55). P á g i n a | 95 11 As organizações, devem promover novidades a todo o momento levando em consideração a constante briga pela concorrência e o poder de convencimento para ter os clientes cada vez mais fidelizados. Outro grande desafio é a busca pelo desenvolvimento de aplicativos que garantem a facilidade de acesso aos sites das empresas nos dispositivos móveis, o objetivo é aumentar o número de visitas e de vendas que tragam um resultado satisfatório em uma loja de e-commerce, ou mesmo estabelecimentos comerciais que divulgam constantemente suas informações.(GOULART,2014, p. 57-68). 4.1 Oportunidades para pequenas empresas Redes sociais como Facebook por exemplo, por si só oferecem a possibilidade de divulgação de produtos e serviços, microempreendedores ainda que não tenham estabelecimento físico podem iniciar uma página simples no facebook, exemplo disso, é a página https://www.facebook.com/cachorradacom-807184352742458/. Esta página permite ao empreendedor divulgar e vender seus produtos, combinar por exemplo ponto de entrega,isto tudo sem um ponto físico. Costa, citado por Goulart (2013, p. 68) afirma que em 2013 “as fanpages” pertencentes as pequenas e médias empresas somavam 15 milhões. Figura 3: cachorrada.com Fonte: Pinotti, 2016. https://www.facebook.com P á g i n a | 96 12 Além das páginas comuns oferecidas por esta rede social, ela ainda cedia desde o final de 2012 uma consultoria chamada “Rota de Sucesso” para as empresas que investiram mais de 50 reais por dia. Esta consultoria ajuda os empresários a “criarem uma página, arquitetarem campanhas e otimizarem resultados”. Já em 2014 em parceria com o Sebrae o facebook promoveu um curso online a fim de garantir a inclusão digital dos micro e pequenos empreendedores, mostrando as oportunidades do meio digital a esses empreendedores. (GOULART,2014, p.68). 5. Análise de conteúdo em Redes Sociais Virtuais As redes sociais têm dominado a participação tecnológica em todos os ambientes, desde os que possuem uma prevalência em uso de tecnologia, software e sites para uso empresarial, ou uma pessoa que não possui um mínimo de conhecimento sobre informática, mas apenas tem a vontade ou a necessidade de conversar com familiares e amigos em uma rede social.(GOULART,2014, p.107). A comunicação nessas redes, contém valiosas informações que esclarecem um comportamento que pode causar polêmica, processos, danos a outrem, ou mobilizar uma sociedade a uma necessidade que surgira por uma simples postagem.(GOULART,2014, p.108) As empresas possuem acesso a páginas de qualquer pessoa. Através de diversas redes sociais é possível conhecer a índole e o caráter, principalmente do candidato que se ofereceu para trabalhar em determinada empresa, fazendo desde já uma avaliação do perfil deste candidato, excluindo-o talvez, por não ter agradado em suas postagens, o Gestor de Recursos Humanos. 5.1 Análise de Redes Sociais como instrumento de pesquisa Para que as redes sociais sirvam de instrumento de pesquisa, pode-se observar alguns quesitos que facilita a análise de conteúdo de cada usuário, obtendo assim, as informações desejadas, por exemplo (GOULART,2014, p. 129): Se o usuário apresenta dados verdadeiros; P á g i n a | 97 13 Se ele permanece constantemente online, indica que não possui uma ocupação, ou que tem afazeres, mas que permanece “desatento” o tempo todo conectado nas redes; As fotos do perfil são apresentadas de forma ultrajada, podendo causar até incômodo ao visitador; As postagens apresentam assuntos e conteúdo que trazem benefícios para a sociedade ou para si mesmo, ou se mostram discriminação, desrespeito e imagens indecorosas, Se criam páginas de “ajuda ao próximo” e serviços sociais com arrecadação de donativos. Essas e outras podem garantir ou não vagas de emprego no competitivo mercado de trabalho. 5.2 Como as organizações continuarão a usar as mídias sociais Sustenta Jue et al.(2011, p. 189-190), que as mídias sociais têm deixado de ser apenas canais de comunicação para ter grande valor na evolução das organizações e na contribuição de novos desafios, sendo que na próxima década, será requisito básico no crescimento de uma empresa e de sua sustentabilidade econômica. Muitas empresas, se adequarão no processo de implementação de ferramentas que facilitará o agrupamento de várias comunidades sociais, agregando valor em seu status. Terá poder na diversidade de línguas, fuso horário, diminuindo custo de viagem, agilidade de entrega, maior visualização e caracterização dos produtos a serem vendidos, e aprendizado com diferentes pessoas de diversas etnias. As organizações terão que omitir o modelo de trabalho convencional que é de 8 horas diárias de trabalho controlado, para se adequar à nova estrutura organizacional mais liberal e mais lucrativa, trazendo mais eficiência na produtividade.(JUE et al., 2011, p. 191192). Será constantemente compartilhado conhecimento entre as experiências de grupos e pessoas, que ajudará a definir novas perspectivas de mercado.(JUE et al., 2011, p. 193). P á g i n a | 98 14 Conclusão Quando surgiram as primeiras mídias sociais, as empresas passaram por transformações consideráveis. Elas “invadiram” o mundo e tornaram-se presentes em todas as áreas: doméstica, pública e empresarial. O número de mídias sociais aumentou escandalosamente tornando-se uma ferramenta importantíssima para as empresas. Elas otimizam tempo, possibilitam um atendimento mais eficiente, diminuem custos e ainda viabilizam às empresas encontrarem clientes em potencial em qualquer lugar do mundo. Noutra via elas podem ser um ponto negativo no momento da contratação, pois, as empresas comumente observam o perfil de seus candidatos e a depender de suas publicações a empresa pode entender que o candidato não se encaixa no perfil desejado. REFERÊNCIAS BARBOSA, Simone Diniz Junqueira; DA SILVA, Bruno Santana. Interação Humano-Computador. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3ª ed, tot. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GOULART, Elias E. Mídias Sociais - Uma Contribuição de Análise. Volume 5. Porto Alegre: ediPUCRS, 2014. JUE, Artur L, MARR, Jackie Alcade e KASSOTAKIS, Mary Ellen. Mídias sociais nas empresas: colaboração, inovação, competitividade e resultados. São Paulo: Évora 2011. P á g i n a | 99 ESTUDO SOBRE OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO EM PACIENTES COM DIFERENTES FATORES DE RISCO – AVALIANDO AS RESPOSTAS PRESSÓRICAS. DAIANA PEREIRA DOS SANTOS QUEIROZ ¹ GREICE CRISTINA GONÇALVES ² JULIANA APARECIDA SCALIZE ³ Resumo: Nas suas atuações profissionais na área de fisioterapia, tais profissionais descobrem, invariavelmente, a presença de indivíduos com fatores de risco diversos e que precisam realizar atividades físicas. Seja este exercício realizado com orientação médica ou a fim de melhorar o condicionamento físico e a boa forma nas academias. No sentido de se utilizar um treino resistido adequado, de forma que estes indivíduos consigam, assim, superar ou manter sob controle as doenças relacionadas aos diversos fatores de risco estudados nesta revisão devemos buscar o máximo de segurança na hora de orientá-los. Entre os fatores de risco abordados no presente estudo destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica, que é popularmente conhecida como pressão alta; também, o Tabagismo, o Sedentarismo, e outras doenças e fatores relacionados. Sendo que o presente estudo apresenta uma pesquisa de levantamento bibliográfico, especificamente se tratando de revisão de literatura científica, de metodologia qualitativa acadêmica, onde para conseguir atingir os objetivos da pesquisa, foi feita assim a análise histórica crítica dos malefícios e benefícios de exercícios resistidos para determinados grupos de pacientes. De maneira que com este estudo, se espera responder aos profissionais de fisioterapia se de fato os exercícios resistidos auxiliam beneficamente como tratamento para hipertensos e demais fatores de risco pretende-se ainda observar se com auxilio de tal método pode se cuidar com maior presteza e seguridade das pessoas que apresentam tais quadros ao realizarem atividades físicas resistidas. Palavras-Chave: Exercícios Físicos Resistidos, Fatores de Risco, Saúde, Fisioterapia. 2º Congresso de Iniciação Científica INTERUNIESP 2016 – Araraquara, Ibitinga, Jaú, Monte Alto e Taquaritinga. ¹ Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia [email protected] ² Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia [email protected] ³ Faculdade de Taquaritinga/Orientadora [email protected] P á g i n a | 100 Abstract:: In its professional performance in the area of physical therapy, such professionals discover, in their daily routines, invariably, the presence of people with several risk factors that need to perform physical activities, be it performed under medical supervision or to fitness in sense of using a resistance training on measurement; so that these individuals are able to thus overcome or keep under control the diseases related to the various risk factors studied in this review and case study. Among the risk factors addressed in this study include the Hypertension, which is popularly known as high blood pressure; Also, Tobacco, the sedentary lifestyle, and other diseases and related factors. Since the present study presents a literature survey, specifically when it comes to scientific literature review, academic qualitative methodology, where in order to accomplish the research objectives, and was made the historical critical analysis of the harms and benefits of resistance training certain groups of patients. So that with this present study, it is expected to respond to the fact of physical therapy professionals resistance exercises help being beneficial as a treatment for hypertension and other risk factors and with the aid of such a method can take care of with greater promptness of people who have such frames when performing resisted physical activities. Keywords: Physical Exercises resistance, Risk Factors, Health, Physiotherapy. Introdução Vivemos uma era onde as pessoas vivem apressadas, com tempo restrito e com o ritmo de vida cada vez mais frenético, assim a alimentação e a saúde são deixadas em segundo plano. A má alimentação regada a “fast foods” e o sedentarismo são consequências desse estilo de vida que cedo ou tarde acarretam danos á saúde, danos estes que muitas vezes acabam se tornando fatais. O principal prejuízo à saúde causado por esses abusos são as doenças cardiovasculares, desencadeadas por alguns fatores resultantes desta combinação perigosa. Problemas como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, alcoolismo, 2º Congresso de Iniciação Científica INTERUNIESP 2016 – Araraquara, Ibitinga, Jaú, Monte Alto e Taquaritinga. ¹ Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia [email protected] ² Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia [email protected] ³ Faculdade de Taquaritinga/Orientadora [email protected] P á g i n a | 101 estresse são algumas das causas de doenças cardiovasculares, todas elas ou a maioria podem ser causadas por este estilo de vida. Segundo a OMS (s/d) apud Portal Brasil (2014) as principais causas de mortes prematuras no mundo são as doenças crônicas não transmissíveis, entre elas estão às cardiopatias, o diabetes e a hipertensão, essas agravadas pelo estilo de vida sedentário, o consumo do tabaco, o consumo nocivo do álcool, e dietas pouco saudáveis, que vem a contribuir para que as doenças – consequência desses hábitos – se tornem caso de saúde pública; e com isto, causando grande locomoção mundial a ponto de a OMS criar a implantação de ação mundial para a prevenção de doenças crônicas. Este plano apresenta metas de ação para prevenção e controle dessas doenças e seus fatores de risco. A prática de atividades físicas regulares é recomendada para controlar a hipertensão, redução de peso, controle da diabetes, e por isso se tem estudado a prática de exercício resistido e seus efeitos de controle e prevenção a estas doenças; Como também são estudados os seus resultados a curto, médio e longo prazo em grupos de risco em potencial. Em algum estudo já foi atestado que o exercício resistido tem efeito hipotensivo (Siqueira; Kemper, 2011). Mas poucos estudos avaliaram os efeitos do exercício resistido em indivíduos com diferentes fatores de risco, além da hipertensão, como por exemplo, o hipertenso fumante. Diante desta constatação fica claro a necessidade e a importância desse estudo, que tem por objetivo acompanhar indivíduos pré-selecionados para participarem de um programa de exercício resistido onde vamos analisar o comportamento da pressão arterial em indivíduos hipertensos, hipertensos fumantes e em normotensos. E ainda avaliar e comparar a resposta da pressão arterial nestes diferentes grupos de pacientes. Metodologia Para alcançar os objetivos da pesquisa, foi feito um estudo qualitativo de cunho bibliográfico para comprovação cientifica dos efeitos dos exercícios resistidos em cardiopatas. Análise histórica crítica dos benefícios e malefícios dos exercícios resistidos para determinado grupo de pacientes. E avaliar quantificando os resultados obtidos durante a aplicação da pesquisa. 2º Congresso de Iniciação Científica INTERUNIESP 2016 – Araraquara, Ibitinga, Jaú, Monte Alto e Taquaritinga. ¹ Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia [email protected] ² Faculdade de Taquaritinga/Graduando em Fisioterapia ³ Faculdade de Taquaritinga/Orientadora P á g i n a | 102 [email protected] [email protected] P á g i n a | 103 Os participantes não poderiam ser portadores de deficiências físicas, apresentar limitação de movimentos ou ter qualquer problema de saúde que os impedissem ou colocassem sua vida em risco, por último não podiam apresentar nenhuma contra indicação aos exercícios. Todos os voluntários foram devidamente informados sobre os detalhes da pesquisa, e só foram incluídos na mesma após lerem e assinarem um termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi desenvolvida através da aplicação de uma ficha avaliativa e posteriormente um protocolo de exercício resistido, em um grupo de indivíduos previamente selecionados, classificados e escolhidos de acordo com a idade, sexo e fatores de risco pré-estabelecidos. 1. Materiais e métodos Participaram da pesquisa 6 indivíduos, 3 homens e 3 mulheres, todos eles com faixa etária entre 40 a 55 anos de idade. Esse estudo foi realizado em um período de trinta dias, em dias alternados, totalizando 16 sessões. Cada sessão tinha uma duração de 45 minutos, onde foram realizadas três series de 15 repetições cada de cada exercício (relacionados na Tabela II), com intervalo de descanso de 30 segundos entre as séries. Inicialmente os pacientes foram submetidos a uma avaliação, previamente elaborada, para a realização desta pesquisa, e depois se iniciou à aplicação do protocolo de tratamento, também elaborado pelas autoras, para a realização do trabalho. A pressão arterial foi aferida no início e imediatamente ao final de cada sessão. Os exercícios realizados foram flexão, extensão, adução, e abdução de membros inferiores e superiores com os pacientes em pé e em decúbito dorsal. Foram utilizamos faixas elásticas (theraband 1) com diferentes graus de força especificadas pelas suas respectivas cores (amarela e azul), halteres de 2 kg e bola suíça. Sobre a coleta de dados, ela foi realizada individualmente, sendo feita antes e depois de cada sessão. 1 Faixas elásticas Therabands são definidas como faixas elásticas de esforços físicos; e tem as cores: amarela que representam esforços de ½ kg; e azul que representam esforços de 1 kg. P á g i n a | 104 Resultados e Discussão Visto que a hipertensão arterial atinge um grande número de pessoas, resultando em um comprometimento grave de saúde, surge a necessidade de buscar um tratamento mais seguro, eficaz e aprimorado para esse tipo de paciente. Também despertou o interesse por esse tema pelo fato de não haver um número importante de pesquisa relacionado o que causa um significativo déficit quando se fala neste assunto. A HAS é a hipertensão arterial sistêmica, onde se observa um valor pressórico das artérias de 140 x 90 mm/Hg, mesmo em pessoas que estejam descansadas e tranquilas. A hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares, seu alto custo social é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho em nosso meio. Devido à magnitude do problema, tem sido constante a preocupação mundial em ampliar e aperfeiçoar os métodos para diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Assim, diante das novas aquisições científicas e tecnológicas, tornou-se necessária a revisão dos conceitos e indicações clínico terapêuticas, constantes do documento do II Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, produzido em 1994. Segundo as pesquisas de Boing; Boing (2007) apud Neves (2010, p. 7) a hipertensão arterial sistêmica (HAS) configura-se como um dos agravos crônicos mais comuns; e, são a que tem, como repercussões clínicas, as mais graves observadas e estima-se que em todo mundo, 7,1 milhões de pessoas morram anualmente por causa de pressão sanguínea elevada e que 45% da carga de doença no mundo seja causadas pela HAS. Boing (2007) também diz que no Brasil, as doenças do aparelho circulatório são as principais causas de óbitos a décadas. Quanto à hipertensão, estudos de base populacional apontam prevalência nas cidades brasileiras variando entre 22% e 44% (adotando-se como critério pressão ≥ 140/90mmhg) (BOING; BOING, 2007 apud NEVES, 2010, p. 7-8). Realizar a medição destas variáveis é fundamental, como bem observam as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2007), onde afirmam que “em cada consulta, deverão ser realizadas pelo menos três medidas, com intervalo de um minuto dentre elas, sendo a média das duas últimas considerada a pressão arterial do indivíduo”. As diretrizes também ditam que caso as pressões sistólicas e/ou diastólicas obtidas apresentem diferença maior que 4 mmHg entre elas, deverão ser realizadas P á g i n a | 105 novas medidas até que se obtenham medidas com diferença inferior ou igual a 4 mmHg, utilizando-se a média das duas últimas medidas como a pressão arterial do indivíduo . A tabela 1 fornece maiores detalhes sobre como proceder com as medições de Pressão Arterial Sistólica e Diastólica. Tabela 1: Recomendações para seguimento (prazos máximos para reavaliação)* Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2007, p. e33. A hipertensão arterial pode ser em função de escolhas de estilo de vida, incluindo tabagismo, atividade física reduzida, estresse e dieta (p.ex., ingestão de sal) (Marilyn Moffat Donna Frownfelter et. al., 2008, p.05). No mundo, pelo menos um terço da população é fumante ativo, o que equivale à cifra estupenda de um bilhão e cem milhões de pessoas que fumam. Atualmente, são ceifadas vidas de aproximadamente três milhões e quinhentas mil pessoas por ano, cerca de uma a cada dez segundos, todas causadas diretamente pelo uso do fumo. Com previsão catastrófica da Organização Mundial de Saúde, em 2020 o número de mortes saltará para 10 milhões, sendo a maioria, 70%, nos países pobres e em desenvolvimento, como o nosso. Serão, portanto, duzentos milhões de seres humanos que perderão suas vidas para o grande vilão da humanidade, o tabagismo, simplesmente porque fumam ou estão perto de quem fuma, muitas dessas pessoas são crianças e adolescentes (TORRES, 2005). A partir de 1960, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o cigarro ao adoecimento do fumante. Atualmente, existem inúmeros trabalhos comprovando os malefícios do tabagismo à saúde do fumante e do não fumante exposto à fumaça do cigarro. Apesar dos males que o hábito de fumar provoca, a nicotina é uma das drogas mais consumidas no mundo (DENARC - PR, 2011). Nota-se assim, que pessoas com HAS e que sejam fumantes, estão duplamente P á g i n a | 106 em risco. É deste modo que o I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular (1997) afirmava que é importante que as pessoas como HAS ou tabagismo façam, regularmente, atividades físicas, resistidas ou não. Os exercícios físicos sempre são uma recomendação médica; isto se deve ao fato de notada correlação entre uma menor incidência de doenças crônicas não transmissíveis em indivíduos praticantes de atividades físicas regulares. O exercício físico, de acordo com Moraes et. al. (2007); Fountoulakis et. al. (2003), apud Nogueira et. al. (2012) consiste em participar de uma atividade física planejada, organizada e que se repete, a fim de melhorar a aptidão física e a saúde de seus participantes podendo propiciar benefícios agudos e crônicos. Dentre eles destacam-se a melhora no condicionamento físico; a diminuição da perda de massa óssea e muscular; o aumento da força, coordenação e equilíbrio; a redução da incapacidade funcional, da intensidade dos pensamentos negativos e das doenças físicas; e a promoção da melhoria do bem-estar e do humor, além da redução da pressão arterial (PA) pós-exercício em relação aos níveis pré-exercício. Segundo a Sociedade de Cardiologia Brasileira (2006) o interesse científico tem se voltado para a análise dos efeitos cardiovasculares de um outro tipo de exercício físico, o exercício resistido e, principalmente, para seus efeitos sobre a pressão arterial. Conforme recomendação citada acima foi desenvolvido um estudo para analisar o efeito hipotensor do exercício resistido sobre a PA em pacientes onde foi elaborado um protocolo de exercícios que fosse efetivo para avaliar a resposta pressórica conforme o termino (término) no período de estudo. A tabela 2 indica a forma que foram realizados os exercícios resistidos nos pacientes. O protocolo de exercícios foi realizado durante 30 dias em dias alternados totalizando 16 dias de tratamento, cada exercício foi realizado em três séries de 15, com intervalos de 05 segundos entre as series, e de 30 segundos cada exercício. Antes de iniciar cada sessão foi aferida a pressão artéria e realizado alongamento global para aquecimento da musculatura, os exercícios realizados foram de flexão e extensão, adução-abdução de cotovelo e ombro, elevação e flexão e extensão de quadril ambos com bola suíça, agachamento em pé com apoio dorsal, abdominal com flexão e extensão de joelhos alternados usando bola suíça e flexão e extensão de joelho com theraband. P á g i n a | 107 Tabela 2: Estudos para analisar o efeito do exercício resistido sobre a PA. AMOSTRAGEM PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS APLICADOS EM TODOS PACIENTES PARAMETRO S MENSURADO S HOMEM NORMOTENS O PA INICIAL PA FINAL HOMEM HIPERTENS O PA INICIAL PA FINAL HOMEM FUMANTE E HIPERTENSO MUHER NORMOTENS A Exercícios resistidos em dias alternados com duração de 30 dias totalizando 16 sessões de 45 minutos de duração e 3 series de 15 repetições cada exercícios. PA INICIA PA FINAL PA INICIAL PA FINAL MULHER HIPERTENS A PA INICIAL PA FINAL MULHER FUMANTE PA INICIAL PA FINAL E HIPERTENSA RESULTADOS APÓS O ESTUDO CONCLUIDO PA se manteve inicialmente, vindo a ter redução após a quinta sessão assim se estabilizando em uma PA menor dentro normal.da PA Ocorreu uma do redução que inicialmente estava alta notou-se que após a sétima sessão paciente apresentava PA reduzida dentro dos parâmetros normais PA constantemente alta oscilava durante as sessões e houve uma redução mínima inicialmente, após a décima primeira sessão a PA estabilizou-se dentro do limite dos parâmetros para hipertensos. PA manteve-se estável durante as sessões iniciais tendo uma pequena redução no decorrer das sessões PA inicialmente alta oscilando nas primeiras sessões logo após a quarta sessão PA se manteve estável dentro dos parâmetros de pacientes normotensos. PA inicialmente alta e conforme andamento das sessões houve redução, porém continuando hipertensa.sessõ Somentepacient nas quatro ultimas nos e apresent es ou PA limite normais. s Fonte: Próprios Autores Utilizamos de comando verbal, para que os pacientes entendessem como deveria ser realizado o exercício. Conforme foram realizados os exercícios inicialmente observamos que a PA da paciente hipertensa feminina oscilou, de forma que a PA apresentada antes do início do tratamento apresentava-se alta e reduzia após os exercícios mais na próxima sessão a P á g i n a | 108 PA estava novamente elevada. Mas após a quarta sessão, notamos que a paciente apresentava a PA final da sessão anterior, ou seja, a paciente manteve seus valores pressóricos e teve sua pressão arterial reduzida apenas nas últimas sessões. Chegando ao fim do tratamento com a PA diminuída e estabilizada. Já o paciente hipertenso masculino se encontrava durante as aferições iniciais de cada atendimento com a PA elevada e após cada sessão a pressão tinha uma pequena redução mais permanecia ainda acima ou no valor limite do considerado PA normal, logo após a sétima sessão, foi observado que a PA inicial do paciente reduziu, e sua PA final mostrou efeitos hipotensores dos exercícios, paciente finalizou o tratamento com a PA estabilizada e dentro dos parâmetros para se categorizado como normotenso. Os pacientes fumantes, tanto feminino quanto masculino mantiveram a PA elevada tendo diminuições após os atendimentos, mais essas diminuições não foram suficientes para reduzir a PA ao considerado normal nas sessões iniciais, somente no decorrer da pesquisa nas sessões finais foi possível notar que a PA dos pacientes diminuiu mais manteve se no valor limite para ser considerado “normal”. Os pacientes normotensos de ambos os sexos apresentaram PA normais sempre em 120/80mmhg e 120/90mmhg nas aferições iniciais, em seguida aos exercícios foi notado que a PA final diminuía ou mantinha-se. Na quinta sessão houve algumas alterações na PA dos pacientes que veio a reduzir e se manteve estável não sofrendo alterações nas sessões seguintes. Ambos os pacientes depois das primeiras sessões, mantiveram a PA estáveis e normais. Conclusão Após os fatos, dados colhidos e analisados cuidadosamente, podemos notar que veridicamente os exercícios resistidos tem influência sobre a PA. A prática de exercícios resistidos supervisionado feitos em dias alternados com uma carga baixa a moderada dividida em três séries de quinze surte efeito muito relevante no sistema cardiovascular, esse efeito acontece não somente no hipertenso, mais também no normotenso e em pacientes que tenham algum agravante como o cigarro. Os principais achados desse estudo foram: A Pressão arterial de pacientes hipertenso diminui com exercícios resistidos, mais a frequência do exercício influencia diretamente sobre a redução da PA, pois mesmo que a resposta aguda seja hipotensora é necessária uma resposta P á g i n a | 109 crônica ao exercício para que a pressão se estabilize e continue dentro dos parâmetros pressóricos. Em pacientes hipertenso fumante de ambos os gêneros a resposta ao exercício é mais lenta, e a resposta aguda ao exercício mostra alterações, mas essas não são tão significativas quanto do hipertenso não fumante, que começaram a sentir o efeito dos exercícios nas primeiras sessões. O paciente normotenso também sofre alteração na PA, sendo esses efeitos imediatos, na forma de resposta aguda. Já a resposta crônica permitiu que a PA ficasse estável. Pode- se observar ainda que não houve diferença em relação aos gêneros. Durante o decorrer do estudo os pacientes relataram que estavam sentindo-se melhores, com menos cansaço e com mais disposição, além de sentirem uma melhora drástica na redução de dores e sintomas de doenças pré-existentes. Esses sintomas ou consequências da prática de exercícios somente se mantem se o paciente continuar com os exercícios regularmente. Assim podemos concluir que os exercícios resistidos podem ser utilizados em pacientes hipertensos, desde que isso aconteça de forma correta e com acompanhamento profissional. Porém, sugerimos que novas pesquisas sejam feitas. Referência Bibliográfica I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 69, n. 4, p. 267291, Out. 1997 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X1997001000010& lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 Ago. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0066782X1997001000010. DENARC – PR, 2011. Divisão Estadual de Narcóticos – Tabaco. Disponível em http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteu do.php?conteudo=22. Acesso em 30 Ago.2016. V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 89, n. 3, p. e24e79, Sept. 2007 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2007001500012&lng=en&nrm=iso>. Acess P á g i n a | 110 o em 21 Ago. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0066782X2007001500012. MARILYN Moffat Donna Frownfelter 2008, p.05 Fisioterapia do Sistema Cardiorrespiratório. NEVES, Daniela Silva. Taxa de Internação Por Acidente Vascular Cerebral: Um Problema de Saúde Pública no Município de Santo Antônio do Retiro, Minas Gerais. Aruçaí (MG): UFMG, 2010. Monografia de Especialização em Atenção Básica à saúde da Família. Orientação de Juliana Dias Pereira dos Santos. PORTAL BRASIL. Cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas, segundo OMS. Portal Brasil: Saúde. Matéria em Dia nacional de Combate ao fumo; datada de 29 de agosto de 2014. Disponível em < http://www.brasil.gov.br/saude/2014/08/cigarro-mata-maisde-5-milhoes-de-pessoas-segundo-oms> Acesso em 10 de abril de 2016. MORAES JÚNIOR, Jefferson José de. Exercícios Resistidos e Aeróbios e Hipertensão Arterial. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2007. Faculdade de Educação Física. Orientação de Rosane Beltrão da Cunha Carvalho. SIQUEIRA, Letícia; KEMPER, Carlos. Exercício Físico e Alterações da Pressão Arterial em Idosas Normotensas e Hipertensas: Estudo de Caso. Rev. Vivências. Vol.7, N.13: p.128-134, Outubro/2011. Contatos: [email protected] [email protected] TORRES, Blancard Santos. Tabagismo: O que você precisa saber. Recife (PE): Ed. UFPE, 2005. e P á g i n a | 111 Família e aprendizagens: a leitura uma influência para a formação e construção do sujeito leitor e humanista Gerson Carlos Eduardo¹ Cláudia Camila Ferreira² Adaiane Claudiene de Sousa Alves³ Resumo: O presente artigo tem por objetivo abordar e refletir acerca do processo de leitura e sua contribuição para a formação e construção de um sujeito leitor e mais humanista, ou seja, refletir sobre o desenvolvimento de potencialidades humanas e seus valores e competências humanas, tendo a família como a primeira instituição responsável e norteadora no processo educacional do sujeito. Assim, o contexto discursivo pauta-se numa constante interação por parte da família, valorizando a importância da aprendizagem em relação à leitura imbuída da literatura oralizada ou escrita. Pauta-se também o olhar sobre a escola como instituição com papel sistematizador no processo de ensino-aprendizagem, sendo que, ambas precisam caminhar com um direcionamento em parceria, em conjunto para realizar e alcançar o propósito a que se pretende. A família pode ser o exemplo com seu modelo de estrutura segura ao preparo e incentivo e contato com a criança no seu âmbito de conhecimento, e da própria bagagem cultural, que sem dúvida precisa ser balizada e valorizada, tanto no contexto familiar, quanto na escola. Dessa forma, poder-se-á refletir e tentar compreender um pouco mais acerca dessa temática que, tem sido preocupação de grande parte dos educadores e pesquisadores da área educacional. Palavras-chave: Leitura. Família. Escola. Aprendizagem. Formação. Sujeito. Abstract: The purpose of this paper is to discuss and reflect about the process of reading and its contribution to the formation and construction of a reader and more humanized subject; in other words, to reflect about the development of human potentials and their values and skills, having family as the first responsible and guiding institution of the subject’s educational process. So, discursive context is based on a constant interaction of the family, emphasizing the importance of reading learning associated with oral or written literature. School is also considered as institution with systematizing role in the teaching and learning process, and both (family and school) must develop activities together to achive and accomplish their goals. Family can be the example with its safe structure for the preparation, encouragement and contact between child in her field of knowledge and the cultural background, that needs to be guided and valued, both in the family and school context. Thus, it will be possible to reflect and try to understand a little more about this theme that has been important to most educators and educational researchers. Keywords: Reading. Family. School. Learning. Formation. Subject. ¹Mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de Marília UNIMAR. PósGraduado (lato senso) em Crítica Literária pela Universidade Estadual Paulista UNESP/Araraquara. Pós-Graduação em Formação Pedagógica de Docente da Educação Profissional em Nível Superior e Básico pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP. Graduado em Letras pela Faculdade de Educação São Luís. Docente da FTGA - Faculdade de Taquaritinga/SP – IES Integrante do grupo UNIESP – e-mail para contato: [email protected] ²Aluna do curso de Pedagogia da FTGA – Faculdade de Taquaritinga/SP – IES Integrante do grupo UNIESP – e-mail para contato: [email protected] P á g i n a | 112 ³Aluna do curso de Pedagogia da FTGA – Faculdade de Taquaritinga/SP – IES Integrante do grupo UNIESP – e-mail para contato: [email protected] P á g i n a | 113 A leitura é uma necessidade cada vez maior e constante em nossas vidas. É de suma relevância que se tenha em mente a sua importância e seus benefícios. Sendo a ferramenta capaz de moldar e transformar o mundo, ela é o caminho para ampliação de conhecimentos, construção na interação social e aquisições ligadas ao comportamento humano, tendo função transformadora e enriquecedora do saber. É imprescindível que se crie e oportunize as crianças a terem esse contato e acesso a esse mundo tão vasto da leitura, criando assim cidadãos críticos, autônomos e reflexivos. Cidadãos esses capazes de pensar, interagir, demonstrar sentimentos e sensações, de compreender por meio da percepção da realidade que os rodeia, o significado humanista de que pouco se tem tido afirmação nas últimas décadas. Neste contexto, a relação familiar se torna imprescindível no processo de interestimulação e mediação dando suporte necessário para o seguimento da criança no contato com a leitura. O trecho a seguir retirado dos Parâmetros Curriculares Nacionais destaca: A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (BRASIL, 1997, p. 69-70). Sendo a maneira mais eficaz de se adquirir conhecimento e contribuir para que o sujeito trace, escreva a sua própria história, a leitura deve ser tanto para a proposta de formar leitores quanto para transformar o espaço na constituição do sujeito, em sua formação e no processo de socialização. Desse modo, a aprendizagem da leitura e da escrita que tem sido preocupação de inúmeros educadores e pesquisadores, é uma tarefa ou situação que deve se iniciar cedo e ser prolongada para toda a vida, sendo compreendida como um processo contínuo e duradouro. Quando há esse comprometimento por parte da família enquanto geradora e gerenciadora das ações e comportamento da criança, juntamente com o vínculo da escola, a probabilidade de preparar e formar leitores, com certeza será bem maior e bem mais fácil de se trabalhar, com os dois polos envolvidos: família e escola. Ainda sobre esta temática, os PCNs de Língua Portuguesa pressupõe: P á g i n a | 114 2 P á g i n a | 115 A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra por palavra, não se responde a perguntas de verificação do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em voz alta. Isso não significa que na escola não se possa eventualmente responder a perguntas sobre a leitura, de vez em quando desenhar o que o texto lido sugere, ou ler em voz alta quando necessário. No entanto, uma prática constante de leitura não significa a repetição infindável dessas atividades escolares (BRASIL, 1997, p. 43). Quando pensamos em leitura supostamente se faz a associação à escrita, sendo esta o resultado influenciado daquela. Portanto, tanto a escrita quanto à leitura são dois fatores imprescindíveis na vida humana. É por meio da aprendizagem destes fatores que se amplia o conhecimento de mundo e se acessa às diversas formas de comunicação necessárias na vida em sociedade. Outro ponto importante que pode ser interpretado e verificamos na citação acima, é o processo de leitura se deslocando em pontos diferentes, isto é, a leitura não precisa se prender estaticamente à instituição convencional escola, com algumas obras da literatura as quais são impostas no currículo escolar, não necessariamente; ela vai sim ser trabalhada, redirecionada, ampliada dentro da escola, e isso precisa ser dirigido, porém, a instituição escola não pode ser vista como uma máquina de reprodução repetitiva nesse processo. Essas reflexões são importantes para termos uma base até mesmo de investigação de como está sendo organizado, feito e direcionado o processo de leitura do aluno. Fora do espaço escolar, o aluno vivencia uma realidade que pode ler, vislumbrar e agregar em seu conhecimento, é o conhecimento de mundo dele, do que a sociedade propõe, elabora, recria, descria e nos farta com uma avassaladora intensificação de informações, que são refletidas e observadas, argumentadas, num processo de construção de mundo, de valores, com suas culturas diversas, linguagens, produções, eis, as leituras que se sobressaem, voltam para o contexto familiar se fundem, se apreendem em suas necessidades e interesses edificando, estabelecendo modelos, tecendo significados que vão fortalecendo a individuação desse sujeito na sociedade. O sujeito, que ainda não sabe ler e escrever, ele está em fase de aproximação com o mundo; ao ouvir estórias, causos, fatos ocorridos, tudo e o que lhe é contado, pode ser o diferencial para a sua compreensão de mundo quando transmitidos e absorvidos por meio de vozes, gestos, cores, sons, imagens, desenhos, símbolos que são formas de linguagens e leituras, as quais podem ser decodificadas, interpretadas. De P á g i n a | 116 3 P á g i n a | 117 fato, não somente a escrita, mas também todas essas formas de comunicação e a própria leitura associada à literatura, fazem parte da formação do indivíduo, em seu meio de interação social. Segundo Radino (2011), através da oralidade é possível despertar na criança a construção de um imaginário, dessa forma, inserindo-a no mundo cultural, metafórico e simbólico, utilizando como recurso a literatura infantil. Radino (2011), também comenta sobre a ilustração que faz parte de um código e transmite uma mensagem, tanto quanto o código escrito. Ler imagens introduz a criança em um processo cultural. Portanto, as crianças gostam de livros com mais imagens, ilustrações que vão chamar a atenção delas. A leitura está intrinsicamente vinculada à literatura, seja a literatura oralizada ou não; e é por meio da literatura e aqui falamos da literatura infantil, que a criança começa a descobrir o mundo, a se interagir com situações as quais podem estar atreladas à realidade ou as possíveis situações da realidade. Unem-se sonhos e realidades, num contexto em que o sujeito viaja, divaga, reflete, interpreta, pode apreciar ou ter repulsa de inúmeras descobertas, é quando ele começa a atuar e por em evidência as suas potencialidades humanas e suas competências. Família: A primeira escola A família é a base norteadora no processo educacional, e é de suma importância que trabalhe em parceria com a escola em prol da criança. Quando o estímulo da leitura parte de dentro do convívio familiar, a criança tende a se sentir mais preparada para os estudos, para o trabalho escolar, o futuro e para a vida. Ler um livro, contar histórias e causos leva a criança a sentir o gosto, interesse e prazer da leitura, colaborando assim na formação do mesmo. Não há uma idade apropriada para se introduzir a leitura, pois nenhuma criança é igual a outra, tudo depende dos estímulos e reforços que elas recebem. A escola e a família são parceiras nessa caminhada, assim sendo, os pais não devem depositar toda responsabilidade na escola, devem ser ativos e participativos para que a aprendizagem aconteça. Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no art. 2º (LDB 9.394/96), afirma que: [...] a educação é dever da família e do estado inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando. Seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996). P á g i n a | 118 P á g i n a | 119 A família é a base norteadora no processo educacional, e é de suma importância que trabalhe em parceria com a escola em prol da criança. Pois, a escola e a família são parceiras nessa caminhada, de modo que, os pais não devem depositar toda responsabilidade na escola, mas devem ser ativos e participativos na aprendizagem da criança. Inventar, ler, envolve a criança dando oportunidades de conhecerem o mundo da leitura. Em parceria com a escola, devem ser mediadores nesse processo levando e interagindo com diversos tipos de textos, contribuindo para que se tornem leitores ativos e reflexivos. Através dessa mediação feita em família, cria-se não somente o hábito de ler, mas, também contribui, sobretudo, para a escrita, explorando a capacidade intelectual e cognitiva e afetiva dos mesmos. É preciso haver a inter-relação constante e permanente com o meio familiar e social, num processo que vem a ser dialético. Família e escola formam uma dupla e devem trabalhar como tal, tendo em comum os mesmos propósitos e objetivos, traçando as mesmas metas para o desenvolvimento de cidadãos críticos, reflexivos e conscientes. Assim, a educação acontecerá dentro, fora e junto à escola, potencializando e fazendo com que a criança se descubra e desenvolva na realidade em que vive. Os pais devem ter o comprometimento de estarem próximos, atuantes no ensino para com as crianças, afinal são eles os responsáveis e irão contribuir para o aprendizado, a partida para a educação futura. Eles são os responsáveis por moldar a mente de seus filhos desde os primeiros anos de vida. A partir dessas colocações podemos dizer que é na infância que se deve apresentar aos pequenos, o mundo da alfabetização e da leitura, tendo o seio familiar como o primeiro ambiente alfabetizador e a família como a base estrutural, para que haja a possibilidade de se construir com êxito o processo educacional. A respeito desse levantamento Ellen G. White no livro Conselho ao Pais, Professores e Estudantes, enfatiza: É no lar que a educação da criança deve ter início. Ali está a primeira escola dela. Ali, tendo seus pais como instrutores, a criança terá que aprender as lições que devem guiá-la por toda a vida-lições de respeito, obediência, reverência e domínio próprio. (WHITE, 2007, p.107). Os pais devem induzir a criança a descobertas, devendo ter uma postura de instrução, guiar e mostrar o caminho certo e nunca realizar ou propor respostas prontas, e incentivar apoio à busca de novos conhecimentos, pois, elogios são necessários, mas P á g i n a | 120 5 P á g i n a | 121 correção adequada também. Na Bíblia Sagrada (1993) no livro de Provérbios encontramos a seguinte colocação que pode servir como orientação: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6, p. 452). Essa orientação diz respeito a ensinar a criança não somente para o caminho do bem, mas também podemos utilizá-la com relação à aprendizagem, pois, se desde pequenas colocarmos a leitura e a literatura como algo rotineiro e prazeroso, quando adulto a leitura se tornará um hábito. A família deve manter sempre uma parceria e um convívio com a escola, pois são situações indispensáveis para o desenvolvimento das crianças. Ações como verificar o caderno diariamente, organizar regras em casa para leitura, atividade, ou seja, que a criança perceba e vá absorvendo o comprometimento pautado no seio familiar; participar de reuniões, conversar com os professores sobre o desempenho da criança, o comportamento dentre outros, podem parecer coisas simples, porém, são essas atitudes com a participação dos pais em relação à vida escolar de seus filhos que favorecerá e contribuirá para a formação de um sujeito leitor, reflexivo, mais crítico e com competências para exercer a cidadania e o convívio dentro desse sistema pluricultural em que vivemos. Funayama (2008, p. 80) corrobora: Através de seu envolvimento, os pais fornecem os recursos emocionais essenciais ao desenvolvimento de um senso de competência, tanto quanto recursos mais concretos, como, por exemplo, um local apropriado para fazer a lição de casa. Exemplos simples de vida quotidiana ilustram o envolvimento dos pais: ler para uma criança e ouvir sua leitura quando ela solicita; promover e compartilhar atividades no final de semana. Sabe-se que aquelas crianças cujos pais leem contos, comentam suas leituras e fatos culturais e falam sobre a linguagem, até mesmo causos, lendas, inventa estórias, observam imagens, quadros, e fazem destes uma leitura, têm em geral, melhores resultados escolares e até mesmo comportamento que difere daqueles em que ocorre essa falta. Ambiente alfabetizador: escola segunda família O ambiente alfabetizador direciona a aprendizagem, a partir do qual a criança consegue sozinha adquirir novos conhecimentos. Sendo um espaço bem estruturado P á g i n a | 122 6 P á g i n a | 123 pode auxiliar nos métodos de alfabetização, quanto maior a influência e as características alfabetizadoras maiores as possibilidades de o aluno se entregar ao processo de alfabetização, ou seja, dando-lhes oportunidades de participar, interagir e de descobrir o que está ao seu redor. Teberosky (2016, p. 74), afirma: Um ambiente alfabetizador é aquele em que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritos que circulam socialmente. A comunidade que usa a todo momento esses escritos, que faz circular as ideias que eles contêm, é chamada alfabetizadora. Esse ambiente pode ser a família, a escola, como também a comunidade, a sociedade em que a criança está inserida, portanto, cada uma tem o seu desenvolvimento de acordo com o estímulo que recebe. Se no ambiente familiar e na sociedade ela não teve oportunidades de se inserir em uma cultura letrada, acesso a livros e ao mundo da escrita, ao chegar à escola terá mais dificuldades que outra criança que desde pequena foi estimula através da leitura, por exemplo. Cabe então ao professor proporcionar esse ambiente que Teberosky (2016) define como o educador deve elaborar um lugar agradável aos olhos dos pequenos, que desperte curiosidades e que proporcione um mundo de escrita ao redor deles, dando assim oportunidades iguais a todos. Nesse ambiente o professor deve ser apenas o mediador, sempre pensando no conhecimento prévio que cada aluno traz consigo, avaliando a continuidade da aprendizagem. Como forma de organização, podemos descrever que a principal caraterística é ter materiais ao alcance das crianças, em que não precisem de ajuda para interagir com espaço. Diversos tipos de livros, alfabetos móveis, revistas, jogos de alfabetização, imagens, são algumas ideias e exemplos. É extremamente importante que os alunos tenham a oportunidade de levar livros escolhidos por eles, para casa, onde poderão dividir com os pais o prazer da leitura e esses terão a oportunidade de auxilia-los. E também o incentivo de levar um livro que ele goste para a escola a fim de que haja uma interação e uma amostragem de leitura. Uma forma de realizar essa atividade e despertar o interesse é criar a "maleta de leitura", "mala viajante" ou "sacola de leitura" onde a criança possa levar os livros escolhidos por ele com maior facilidade. Podendo ser essa maleta toda enfeitada “divertida” para atrair a atenção dos pequenos, e que ela possa ir e vir sempre com P á g i n a | 124 7 P á g i n a | 125 novidades. Junto a essa pasta pode se agregar um caderno de registros, ou seja, após a leitura dos pais e com ajuda deles, o aluno escreva, desenhe o que entendeu e se gostou do livro, ou se não gostou, que parte mais lhe chamou a atenção dentre outras situações. Em sala de aula o(a) professor(a) pode trabalhar esses registros através de uma roda de conversa, explanar as várias “viagens” da leitura feita pelos alunos. Outro procedimento que auxilia os educadores é a leitura compartilhada, ou seja, aquela leitura em que os alunos também possuem um livro, ou conte uma estória que já tenha ouvido. Deve-se pedir para que leiam da forma deles as palavras e a imagens, realizar perguntas e permitir que os alunos também discutam sobre os textos lidos, apenas auxiliando nessa interação como forma de incentivar o começo da leitura. Despertar algum sentido nessa prática implica estímulos, cabendo aos envolvidos adequarem a realidade, a qualidade e a idade da criança, pois culturalmente a criança está provida de uma bagagem que vem do seu meio familiar e comunitário, com suas representações e valores. Ao ingressar na escola, seja qual for sua idade, a criança traz consigo as marcas de seu meio cultural. Inserida em um meio familiar e comunitário, ela carrega consigo conjuntos de representações simbólicas que lhe foram transmitidas por seus pais, avós e amigos. A cultura é um fenômeno humano, organizada em códigos simbólicos de relações e valores tais como: tradições, religiões, leis, política, ética, artes, etc (Jean, 1990b). A criança em idade pré-escolar adquire a maior parte de seus conhecimentos através da transmissão oral. Os adultos com quem convive são os que a introduzem no uso da palavra. “(...) A língua é o instrumento necessário e privilegiado de toda a relação educativa e, ..., é em grande parte pela língua que se revela a cultura inicial, para não dizer primitiva, de toda a criança” (RADINO, 2001, p. 74) Assim, o processo de construção de leitores, possibilitando a constituição de um sujeito mais preparado, desenvolvido e atuante na sociedade, dar-se-á com a interação e integração da criança com o meio, e o respeito mútuo neste preparo, que envolve um comprometimento por parte dos envolvidos “família-criança-escola”. A escola deve providenciar, garantir e descobrir meios de quando e como criar um ambiente propício à leitura para que essa prática seja efetiva e contínua, abrindo novos rumos e olhares atentos a essa prática. Todos devem se unir para o procedimento da criança e para o seu progredimento, fazendo da leitura um hábito benéfico e eficaz, estimulando a inteligência e cooperando para a inserção dos indivíduos na sociedade em que estamos vivendo. P á g i n a | 126 8 P á g i n a | 127 Durante análises e leitura, elaboramos um quadro para uma apreciação visual neste contexto, para um olhar e uma compreensão prévia: Figura 1: Interação criança leitura escola família Fonte: Os autores Assim como os pais, também é fundamental que a escola garanta aos seus alunos, o contato com os livros desde pequeninos. O professor em sala de aula deve apresentar diversas obras literárias para que possam ter contato e aprimorar o conhecimento, aprendam a manusear, a buscar informações, com isso as crianças tem uma grande probabilidade de se tornarem leitores assíduos, transformando e enriquecendo e aprimorando a sua escrita. Toda escola, particular ou pública, deve fornecer uma educação de qualidade incentivando a leitura, pois dessa forma a população se torna mais informada e crítica Num mundo contemporâneo, onde a tecnologia passou a ser a nossa maior concorrente, onde o digital é mais presente que o manual (livros) na vida das crianças, é desafiador para os docentes, mas não impossível, trabalhar com a leitura, por isso é de grande valor que tenham o contato físico com os livros. Quanto mais cedo esse contato acontecer, melhor será, pois mais cedo formaremos aprendizes e formadores de opiniões. Meirelles (2010) relata que o início do ensino fundamental é essencial para os alunos desenvolverem autonomia e continuarem seu percurso para se tornar leitores. Nessa etapa, o melhor é estimular a troca de livros e de opiniões, sobre o que se lê. Torna-se importante o desenvolvimento na criança para o hábito leitor, e que elas possam compreender e entender o que está sendo lido. Para isso é necessário que elas tenham a disposição livros de diversos contextos, assim desenvolverem habilidades P á g i n a | 128 9 P á g i n a | 129 e autonomia tornando-se leitores fluentes. A disponibilidade de livros a elas ajuda no processo de alfabetização, uma vez que não é necessário estarem completamente alfabetizadas para conhecerem o mundo da leitura, é de suma importância que tenham acesso desde cedo, que se permitam, toquem e sintam-se livres para esse manuseio. Na sala de aula a proposta é que o educador procure sempre ler livros para as crianças e também que as mesmas possam ler e compartilhar a leitura em rodas de conversas, podendo trocar experiências de livros já lidos com os colegas aguçando assim o interesse das outras. O professor deve ser o mediador responsável em levar a seus alunos, diversas informações e conteúdo e fazer com que a criança reflita, proporcionando atividades múltiplas e lúdicas explorando o interesse dos mesmos. A criança já vem para escola com uma bagagem própria de informações e conhecimentos individuais, com sua cultura, cabe então ao professor a explorar esses conhecimentos para que haja harmonia e entendimento do aluno, desenvolvendo habilidades e uma boa aprendizagem, respeitando sempre o que a criança traz de casa e levando-a a outras explorações. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais da língua portuguesa: Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos. Um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler convencionalmente. (BRASIL, 1997, p. 41). Diante do exposto torna-se necessário a motivação da leitura, tendo a escola, a função de criar um ambiente estimulador, prazeroso para a continuidade fora do contexto escolar. Escola tem de ter intenção de garantir fluidez, levando as perspectivas que o aluno necessita, produzindo significados positivos em relação à proposta. Brasil (1997, p. 43) ainda relata: Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também P á g i n a | 130 10 P á g i n a | 131 ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente. O professor em sala de aula deve ser um modelo leitor, tendo em vista que esse é um dos meios mais considerável para a aprendizagem. Com apoio da escola, o mesmo tem que oferecer recursos de leitura para exercer as capacidades dos alunos, ênfatizando o aprimoramento dos envolvidos. A importância e influência da leitura na formação e construção do sujeito leitor O mundo da leitura enriquece o sujeito para o convívio social, o conhecimento e a informação. Um livro, um jornal ou coisa semelhante tem o poder de transformar o mundo e de modificar essa realidade. Sendo um processo contínuo, deve-se incentivar o sujeito a buscar e expandir novos horizontes, proporcionando oportunidades e meios para essa descoberta. Cada leitura deve se tornar um aprendizado e não mais uma na lista, mostrar a criança/sujeito que a leitura é algo essencial, inestendível e necessário para toda a vida e mediante disso, o enriquecimento do vocabulário, a forma de escrever, falar e até mesmo de agir e pensar serão notavelmente o suporte para a diferenciação até mesmo profissional, pois quanto mais se le, mais se aprende. De acordo com Bamberger (1975), o desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora. Diante a afirmação percebe-se o quanto é necessário o estímulo tanto por parte da família, como por parte da escola nesse processo. Ambos têm de ter o comprometimento de serem os orientadores para a formação dessas crianças, que estão inseridas nesse mundo tecnológico, onde o digital tornou mais acessível que o manual. Ler é essencial para o crescimento e o amadurecimento do indivíduo, levando-o a e expansão e aquisição de conhecimentos. Um indivíduo bem informado saberá compreender os problemas e soluções, saberá cumprir seus deveres e cobrar seus direitos. Ao se escutar uma leitura lida pela criança, deve primordialmente elogiá-la para elevar a sua autoestima, contribuindo sempre para que a criança progrida. O P á g i n a | 132 11 P á g i n a | 133 caminho na formação de leitores é longo, mas não impossível. Caberá à família e à escola, contribuírem para que a criança trilhe nesse caminho. A criança geralmente é um espelho dos pais, por isso é importante que o exemplo venha deles. Levar a leitura como hábito divertido, possibilita o próprio conhecimento, fazendo com que esse momento se torne frequente e um momento de prazer e não de martírio, por isso, os livros devem ser vistos e apresentados como “bons amigos” que nos acompanharam a vida toda, podendo nos levar a imaginações, a várias sensações, emoções, dentre outras. Lembrando que não existe uma idade certa para apresentá-los a uma criança, quanto mais cedo terem o contato, melhor será para a criança. Segundo Viveiros (2014) destaca: A criança que lê, possui mais conhecimento do mundo, requisito básico para o desenvolvimento de uma melhor interpretação textual, habilidade fundamental no contexto escolar. Sem a leitura, o desempenho nas demais disciplinas estudadas na escola é comprometida. Sendo assim, constatamos que a leitura é a base norteadora no processo ensino aprendizagem, sendo uma das ferramentas capaz de fazer com que a criança busque novos horizontes. A leitura deve ser dinâmica oportunizando análises, compreensões e reflexões. Ler envolve uma série de estratégias que deve ser observadas e praticadas pela escola e, sobretudo pelos pais, introduzindo a criança ao convívio social, para que ela se torne um sujeito capaz, mais humanista no convívio sociocultural e no que diz respeito a agir em plenitude com as possibilidades de realizações social e profissional e também como cidadão. REFERÊNCIAS A importância da leitura na vida do ser humano. Homepage. 2009. Disponível em: <https://voluntarios.institutocea.org.br/pages/6410-a-importancia-da-leitura- na-vida-do-serhumano>. Acesso em: 28 ago. 2016. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Cultrix, 1975. BRASIL. Decreto-lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27833. 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É uma doença silenciosa, assintomática, lenta e progressiva, geralmente diagnosticada após ocorrerem fraturas espontâneas nos ossos do punho, quadril, coluna vertebral e colo do fêmur. É preciso que se tenha um diagnóstico precoce, e através de um exame chamado densitometria óssea é possível medir o nível da densidade óssea. A fisioterapia tem papel fundamental na prevenção, orientação e tratamento destes idosos, incentivando à prática de exercícios físicos, melhorando a qualidade de vida, evitando assim o aumento dos fatores de risco como quedas, deformidades ósseas, fraturas e dependências por invalidez. Palavras-chave: Osteoporose. Idosos. Exercício físico. Qualidade de vida. ¹ Acadêmica em Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP - FTGA. [email protected] ² Acadêmica em Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP - FTGA. [email protected] ³ Atualmente é Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga – FTGA, Fisioterapeuta FISIOCLINICA S/S LTDA. Fisioterapeuta Concursado e Responsável na Unidade Básica de Saúde em Cândido Rodrigues. Especialização em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica ligada a Medicina do Esporte (2000), Especialização em R.P.G. (Reeducação Postural Global, 1997). Foi Coordenador do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga – FTGA no período de 2007 a 2011. Mestrado em Engenharia de Produção (2013). [email protected] P á g i n a | 136 Abstract Aging its a process manifested by a decline of functions of several parts of the body. Its observed functional or structural changes which go evolving to the lack of physical, mental and social capacity. This decline brings the occurrence of many diseases like osteoporosis and osseous deformities. Osteoporosis is an osteometabolic disease that causes reduction of osseous mass and deterioration of the micro-architecture, leading to bones weakening making them vulnerable to fractures. Is a silent, asymptomatic, slow and progressive disease, usually diagnosed after spontaneous fractures in the wrist, hip, spine and femur bones. Its necessary to have an early diagnosis through an examination called osseous densiometry that is possible to measure the level of bones density. Physiotherapy plays a fundamental role in the prevention, orientation and treatment of these elderly people, encouraging the practice of physical exercises, improving life quality, avoiding the increasing of the risk factors such as falls, osseous deformities, fractures and disability dependencies. Key-Words: Osteoporosis. Elderly. Physical exercises. Life quality. Introdução A osteoporose tem a característica dos ossos comprometidos, com o aumento de fraturas, dor, deformidades e a incapacidade física, é uma doença silenciosa muitas vezes só é descoberta logo após uma fratura. (Freitas et al Gorzoni 2013 p. 839-843). Com o avanço da idade a osteoporose é mais comum, sendo assim ocorre à perda ou o afinamento do tecido ósseo que deixa os ossos mais fracos e quebradiços. Devido à baixa produção de hormônios sexuais, os ossos se tornam mais finos e porosos. A falta de atividades físicas é um sério fator de risco para a osteoporose. O tabagismo, tratamento com corticosteróides, artrite reumatóide, hipertireoidismo e falência renal crônica, também podem influenciar o desenvolvimento da osteoporose. (Steve Parker, 2012 p. 48) A osteoporose tipo I ou pós-menopausa acomete pessoas com idade igual ou menor que 65 anos, onde vai acontecer o remodelamento ósseo em maior quantidade, com perda relativa de osso trabecular e ocorrem também fraturas vertebrais e do antebraço distal. As mulheres nesta fase da vida são muito mais afetadas que os homens. Esta perda óssea esta associada ao declínio agudo da produção ovariana de estrogênios, hormônio que por sua vez faz a proteção dos ossos. Esta perda óssea tem longa durabilidade e após os 70 anos de idade ela pode aumentar. (Moreira; Pinheiro; Neto, 2009 p. 260-277). A osteoporose tipo II ou senil atinge pessoas com idade igual ou maior que 65 anos, o remodelamento ósseo é bem lento, com perda relativa de osso cortical e ocorrem também P á g i n a | 137 fraturas do fêmur proximal. Devido à perda de massa óssea, a perda de equilíbrio, a diminuição da visão, audição e os riscos ambientes como iluminações inadequadas, calçadas irregulares que provocam as quedas, podem até levar os idosos a óbito. Entre as quedas temos 5% que resultam em fraturas leves e de 5% a 10% que resultam em fraturas mais graves. Pela faixa etária temos 32% de 65 a 74 anos, 35% de 75 a 84 anos e 51% acima de 85 anos. (Moreira; Pinheiro; Neto, 2009 p. 277). Metodologia Foram realizados levantamentos bibliográficos utilizando livros, revistas, artigos científicos em formato impresso ou eletrônico a fim de reunir e aprofundar o conhecimento sobre o tema proposto. Iniciou-se a leitura desses dados levando em consideração temas que abordassem a prevenção e orientação fisioterápica em osteoporose e a utilização de exercícios físicos para a terceira idade como prevenção e tratamento. Envelhecimento Estudos revelam que o envelhecimento no Brasil segundo as pesquisas do IBGE (2013), estima-se que a população de 65 anos ou mais passe de 14,9 milhões (7,4% do total) em 2013, para 58,4 milhões em 2060 equivalente à 26,7% da população total do país. (Ruzene, 2014 p. 11) Paschoal (1996) relata que envelhecimento vem de vários fatores, biológicos, sociais, econômicos, funcionais e cronológicos. Biologicamente o envelhecimento não começa aos 60 anos e sim logo após o nascimento; socialmente, o envelhecimento vai depender do momento histórico e da cultura; intelectualmente, fala-se que a pessoa esta envelhecendo quando acontece perda de memória, falta de atenção, perca de orientação e concentração; economicamente, a pessoa envelhece quando começa a receber a aposentadoria; funcionalmente quando o idoso não consegue mais, realizar as atividades diárias e depende de outra pessoa para realizá-las; cronologicamente a pessoa se torna idoso aos 60 ou 65 anos de idade. (Silva, 2009 p. 23). O envelhecimento ocorre com perda das funções de diversos órgãos do corpo. Tudo se inicia sem que a pessoa perceba, mas com o tempo vão aumentando, levando a alterações funcionais e estruturais. Com 30 anos de idade, acontece perda de 1% da função orgânica, P á g i n a | 138 mas tudo depende de pessoa para pessoa e de organismo para organismo. (Papaléo Netto apud Driusso; Chiarello, 2007 p. 2). Vários fatores estão contribuindo para que a taxa de mortalidade de idosos esteja diminuindo como mudanças favoráveis no estilo de vida e alimentação, combate ao fumo, realização de exercícios físicos antes dos 60 anos ou até mesmo quando atingem esta idade, entre outras coisas que permitem uma melhor qualidade de vida e uma expectativa de vida maior. (Wenger apud Driusso; Chiarello, 2007 p. 3). Um ponto importante é saber diferenciar senescência e senilescência. Senescência ou envelhecimento primário (fisiológico) acontece com todo mundo processo natural do envelhecimento. Senilescência é o envelhecimento secundário (patológico) geralmente acompanhado por doenças crônicas degenerativas que acarretam danos à saúde como a osteoporose, osteoartrose, doenças cardiovasculares, demências, canceres entre outras patologias. (Birrem; Schaie; et al Silva 2009, p. 26). Osteoporose Osteoporose é uma doença osteometabólica que pode evoluir e é caracterizada pela baixa densidade óssea e pela deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando assim ao aumento da fragilidade óssea, com maior risco da fratura após mínimos traumas. (Szejnfeld 2010, p. 417). É uma doença sistêmica do esqueleto, se caracteriza pela redução da massa óssea, levando ao aumento da fragilidade e maior risco de fraturas, ocorre à diminuição da estabilidade dos ossos. (Dölken, 2008, p.497). A osteoporose é silenciosa, assintomática, lenta e progressiva, as principais fraturas que ocorrem são, ossos do punho, do quadril e da coluna vertebral. (Rebelatto; Morelli, 2007, p. 300). A manifestação da perda de massa óssea é de etiologia muito complexa, multifatorial, pois inclui fatores como: etnia, idade avançada, hereditariedade, sexo, sedentarismo, tabagismo e fatores nutricionais. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). Os ossos servem para proteger os órgãos, além de sustentar e estruturar o corpo ajuda no movimento e serve de alavanca para o sistema muscular, são depósitos de cálcio e sais minerais. Eles são compostos por duas camadas macroscópicas: osso cortical (mais duro e P á g i n a | 139 externo) e o osso trabecular (mais interno e esponjoso), e mais vulnerável à osteoporose. (Rebelatto; Morelli, 2007, p. 301). Na infância, na adolescência e no início da fase adulta, a quantidade de osso que vai sendo depositado é maior do que a quantidade de osso que vai ser removido, com isso o esqueleto cresce, os ossos ficam maiores, mais densos e fortes. Na osteoporose ocorre o oposto, os ossos ficam mais fracos, levando à diminuição da massa óssea e menor resistência. (Szejnfeld, 2010, p. 418). Osteoporose Tipo I - Osteoporose Primária, Osteoporose Pós-menopáusica. Esse tipo é encontrado nas mulheres pós-menopáusicas é caracterizada por acentuada reabsorção óssea. A diminuição de níveis de estradiol (hormônio) aumenta a frequência do ciclo de remodelagem dos ossos. O aumento das células de osteoclastos destrói as trabéculas ósseas, podendo levar a fraturas cominutivas e o colapso de vértebras ao pegar peso ou na rotação do tronco inclinando para frente. A baixa de estradiol faz com que a força muscular também diminua, agravando assim a reabsorção óssea de fator mecânico. (Dölken, 2008, p. 500). Osteoporose Tipo II - Osteoporose Secundária, Osteoporose Senil. Essa forma manifesta em homens e mulheres a partir dos 65 anos, sua característica é o baixo índice de neoformação óssea. A osteoporose primária se difere da osteoporose secundária não pelo aumento da atividade dos osteclastos e sim pela redução da atividade osteoblástica. Afeta todo o esqueleto levando a fratura dos ossos mais solicitados como corpos vertebrais, colo do fêmur, costelas e úmero distal e subcapital. (Dölken, 2008, p. 501). Entre 65 a 75 anos as mulheres apresentam um misto de osteoporose, devido à deficiência de estrógenos (pós-menopausa) para a osteoporose senil. Com o avanço da idade observam-se frequentemente fraturas dos ossos longos, principalmente do fêmur proximal, além do colapso de corpos vertebrais e das fraturas por compressão. Além da deficiência hormonal em homens e mulheres, existe também a falta de atividade física, carência de cálcio e vitamina D, a falta de vitamina D torna insuficiente a absorção do cálcio alimentar, e aumenta a eliminação do cálcio pelas fezes e urina. (Dölken, 2008, p. 501). P á g i n a | 140 Osteoporose Gravídica Essa é uma forma de osteoporose encontrada em 0,4/100.000 mulheres jovens, alguns casos não são registrados. (Hellmeyer et al, 2004, p. 502). Na osteoporose gravídica as mulheres apresentam diminuição comprovada da densidade óssea durante a gestação. (Dölken, 2008, p. 502). Quadro clínico da osteoporose A primeira manifestação se dá por fraturas e são frequentes nas vértebras, terço distal do rádio, fêmur, úmero e nos pequenos ossos periféricos (metatarsos). Nas vértebras as fraturas se apresentam com dores agudas e pode ser acompanhada por raquialgia. (Szejnfeld, 2010, p. 418). Com o surgimento de uma ou mais vértebras fraturadas, começam a surgir deformidades esqueléticas que são características da osteoporose como: acentuação da cifose dorsal (corcunda da viúva), acentuação da lordose cervical e retificação da lordose lombar. Isso facilita a ocorrência de infecções das vias aéreas superiores e constipação intestinal crônica. Nas fraturas de quadril, 12% dos pacientes morrem 3 meses depois da fratura, 50% morrem após 1 ano e os demais 50% se recuperam mas podem perdem a liberdade de movimento, e se tornam dependentes de sua família e do estado. (Szejnfeld, 2010, p. 418419). Fatores de risco para osteoporose Alguns fatores de risco para osteoporose e fraturas podem ser divididos em: modificáveis, não modificáveis e entre outras condições. (Szejnfeld, 2010, p.419). Quadro 39.1 FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE Não-Modificáveis Modificáveis Outras Condições Sexo Níveis hormonais Medicamentos Idade Dieta Doenças osteopenizantes História familiar Atividade física P á g i n a | 141 Tamanho dos ossos Álcool Etnia Tabagismo Fonte: Guia de Reumatologia, SATO, Emília Inoue, pag. 419, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 2010. Diagnóstico da osteoporose O exame mais seguro e confiável ainda é a Densitometria Óssea, um teste simples e não invasivo podendo ser realizado inclusive por gestantes, é um método quantitativo que identifica os vários estágios da doença, baseia-se na imagem dos ossos da coluna lombar, do colo do fêmur, do corpo todo ou de regiões específicas é registrado em peso por unidade de superfície e é baseado no enfraquecimento de um raio de fótons ou de raios X pela hidroxiapatita do osso. O exame radiológico é capaz de revelar a diminuição do número de trabéculas, diminuição acentuada da altura do corpo da vértebra seus contornos e lâminas. (Dölken, 2008, p. 503-504). A radiografia de coluna lombar é de suma importância, pois avalia alterações degenerativas como: osteofitose e calcificação da aorta. Com o paciente de perfil pode ser observado fraturas de vértebras, diminuição maior que 20% entre a altura vertebral (anterior média e posterior). A resistência óssea parece estar determinada pelo número e pela espessura das trabéculas e pontes que formam entre si. (Lemos; Nakaoka; Kashiwabara, 2013, p. 45-48). Ultrassonografia quantitativa, Tomografia Computadorizada, Cintilografia Óssea também são utilizados para diagnóstico da osteoporose. (Dölken, 2008, p. 505). Exames Subsidiários: são realizados em laboratórios, recomenda-se hemograma, provas de atividade inflamatória, eletroforese de proteínas, cálcio, fósforo, fosfatasse alcalina e cálcio na urina 24 horas. Pode ser pedida também a dosagem de (TSH), (LH), (FSH), (GH), cortisol plasmático, anticorpo antigliadina são feitos se houver suspeita das doenças relacionadas. (Szejnfeld, 2010, p. 421). Tratamento O tratamento para osteoporose consiste basicamente em medidas gerais (dieta, atividade física, suplementação de cálcio, vitamina D) e medicamentosas (raloxifeno, P á g i n a | 142 calcitocina, ranelato de estrôncio, teriparatida PTH), os bifosfanatos, alendronato, risedronato, ibandronato, zoledronato e a Terapia Hormonal. (Szejnfeld, 2010, p. 422 - 423). Durante os estudos foi observado falta de conhecimento em relação à dieta com a osteoporose, 70% dos idosos desconheciam a informação e os poucos pacientes que receberam orientações 66,7% foram por consultas ao médico, 20,8% pelos meios de comunicação e 12,5% por revistas e folhetos. (Carvalho; Fonseca; Pedrosa, 2004, p 719-725). Um procedimento que vem sendo utilizado como tratamento é a Vertebroplastia (inserção de material resistente matacrilato, em vértebras fraturadas) é indicado para melhora de dor em pacientes que não respondem ao tratamento clínico convencional depois de três meses. Entre 24 à 48hs já é possível observar alívio sintomático da dor torácica ou lombar. É um procedimento guiado por tomografia computadorizada, altamente especializada e de alto custo, é bem tolerado e previne a perda de altura e deformidade vertebral (cifose), característica da osteoporose. (Szejnfeld, 2010, p. 426). A terapia medicamentosa tem papel importante na prevenção e no tratamento da osteoporose como: Cálcio, este é obtido do leite e seus derivados, verduras escuras (couve, espinafre), ou mesmo por suplementos. (Lemos; Nakaoka; Kashiwabara, 2013, p. 45-48). Alguns medicamentos utilizados são: Calcitonina é utilizada na prevenção da osteoporose e também produz certa analgesia em casos de fratura, é indicada para indivíduos que não podem fazer uso dos bisfosfanatos. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). Bisfosfanatos são indicados para aumentar a densidade mineral óssea podendo reduzir fraturas de coluna, quadril e punho em até 50%, ele não deve ser ingerido com outros alimentos o indicado é que seja ingerido em jejum. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). O alendronato pode ser ingerido 10 mg ao dia ou 70 mg por semana, esta é a forma de maior comercialização, o risedronato em pacientes mulheres com osteoporose acima de 80 anos obteve 81% na diminuição de novas fraturas vertebrais, mas não reduziu as fraturas de quadril, o ibandronato sódico é recomendado por doses mensais de 150 mg, sua eficácia são para fraturas vertebrais, já o ranelato de estrôncio tem maior eficácia na diminuição do risco das fraturas vertebrais e não vertebrais, o decanoato de nandrolona mostrou sua eficácia no aumento de massa óssea e melhorando o equilíbrio, enquanto que o raloxifeno atua inibindo e fazendo a reabsorção óssea reduzindo fraturas vertebrais. (Lemos; Nakaoka; Kashiwabara, 2013, p. 45-48). P á g i n a | 143 Zoledronato este é utilizado na prevenção e no tratamento da osteoporose com uma dose de 5 mg ao ano, seu sucesso foi na redução de fraturas vertebrais, é usado por via endovenosa, ibandronato serve para prevenção e no tratamento da osteoporose sendo ingerido 150 mg, assim como os demais bisfosfanatos deve ser ingerido 30 minutos do café da manhã com água, risedronato, serve para prevenção e tratamento da osteoporose, este reduz as fraturas de coluna em 60 % , o alendronato também tem ação na prevenção e no tratamento da osteoporose alguns pacientes observaram aumento da massa óssea, ele também reduz a perda da massa óssea no antebraço e reduz fraturas no geral em 50%, o ranelato de estrôncio este reduz fraturas de quadril e atua no aumento e na formação e na redução da reabsorção óssea. (Szejnfeld, 2010, p. 424-426). Terapia por reposição de hormônios é indicada para a prevenção da osteoporose e é ideal para mulheres na menopausa, mas é contraindicada a pacientes que já tiveram histórico de coagulação sanguínea e câncer de mama. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). A teriparatida ou hormônio da paratireóide (PTH) é um medicamento indicado para reverter alterações causadas pela osteoporose, atua direto estimulando a formação óssea ativando os osteoblastos, mulheres na menopausa tiveram bastante resultado, também ganharam densidade óssea na coluna e no fêmur. (Szejnfeld, 2010, p. 425-426). O hormônio da paratireóide quando produzido de forma natural pelo nosso organismo promove reabsorção óssea, na forma injetável ele estimula a formação de massa óssea, aumenta a absorção de cálcio pelo intestino e pode ser utilizada por homens e mulheres com osteoporose grave. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). Tratamento fisioterápico Uma anamnese minuciosa deve ser seguida, o exame fisioterápico deve observar dores, anomalias em relação à postura e ao biótipo, musculatura, encurtamentos, mobilidade, coordenação e força muscular. (Dölken, 2008, p. 506-508). A prescrição de exercícios físicos depende da existência ou não de fraturas e se a osteoporose já se instalou ou se o paciente tem grande risco para osteoporose, pois o objetivo do exercício é reduzir a dor, melhorar força muscular, prevenir a perda de massa óssea, melhorar coordenação, melhorar postura, manter mobilidade articular, atingir treinamento cardiorrespiratório. (Dias; Leite; Venhoven, 2006, p. 32-37). P á g i n a | 144 O principal objetivo é o alivio das dores e das estruturas sobrecarregadas em consequência da postura errada, preservar e aumentar a tolerância aos movimentos para obter melhor correção possível da postura. O aumento da mobilidade promove a formação de tecido ósseo e previne deformidades dos corpos vertebrais, aumenta a habilidade motora e treina a maneira de cair prevenindo queda e ocorrência de fraturas. (Dölken, 2008, p. 511). Combatendo à dor: Aplicar calor ou frio sobre as tendinopatias, utilizar da eletroterapia como tens, ultrassom, micro-ondas são algumas possibilidades de tratamento no alivio da dor. Posicionamento relaxante, confortável como: decúbito dorsal com degrau, tendo proteção suficiente de ombro e nuca por uma almofada, decúbito lateral com um travesseiro entre membros inferiores e mobilizações de todos os segmentos da coluna vertebral sem elevações, alongamentos com cautela, correção da postura, exercícios de hidroterapia, caminhar na piscina ou em locais planos, treinar coordenação motora, fortalecer musculatura, se possível realizar alguns exercícios ao ar livre com exposição ao sol por 30 minutos diários, isso vai ajudar na produção de vitamina D. (Dölken, 2008, p. 511). O programa de reabilitação destina-se ao aumento da flexibilidade, o equilíbrio e o fortalecimento devem ajudar a prevenir as quedas. O fisioterapeuta deve estar sempre atendo aos sinais e sintomas associados, pois algumas medicações têm implicações para o terapeuta, como por exemplo, a administração de estrógenos está associada ao aparecimento de êmbolos sanguíneos, acidente vascular cerebral, aumento da pressão arterial, súbitas alterações de coordenação, visão respiração e muitos outros, dificultando em alguns momentos a realização da terapia. (Oliveira, 2007, p. 308). Um fator muito importante no início e durante a terapia é combater o medo que o paciente tem de se movimentar, é preciso fazer utilizações de brincadeiras que melhorem a sensibilidade e a capacidade de perceber sinais provenientes do próprio corpo e do ambiente. O paciente deve dedicar-se com regularidade à pratica de esportes e vencer seu receio de movimentar-se, o exercício equilibra os efeitos terapêuticos de diversos medicamentos, reduz fraturas, quedas, e tem efeitos psicossociais desenvolvendo autoconfiança, alegria, redescoberta dos próprios recursos, diversão entre outros, sempre com vigilância de um profissional. (Dölken, 2008, p. 512) P á g i n a | 145 Prevenção e orientação aos idosos portadores de osteoporose O fisioterapeuta faz uma atuação muito importante que é orientar seus pacientes a fim de prevenir acidentes e também para o sucesso de seu tratamento, manter o paciente esclarecido dos riscos é fundamental. (Dölken, 2008, p. 504). Para segurança do idoso, é possível melhorar as observações gerais do ambiente, como deixar um espaço amplo para o idoso caminhar, retirar móveis com quinas vivas, deixar sempre um copo com água na cabeceira da cama, deixar o caminho iluminado à noite, do lado externo da casa nos jardins eliminar as irregularidades do piso, orientar o idoso a tomar suas medicações corretamente. (Borges; Morelli; Rebellato, 2007, p. 183). Realizamos exercícios de coordenação, equilíbrio e treino de força por serem muito eficientes no equilíbrio dinâmico e estático. Estudos mostram que exercícios aeróbicos tem efeito na prevenção da osteoporose quando combinados aos exercícios de força e de alta resistência acompanhados pela ingestão de cálcio e vitamina D. (Santos; Borges, 2010, p. 292-297). Possibilidades de intervenção clínica No Treino de Marcha o idoso pode caminhar em barras paralelas ou local amplo, fazer dissociação de cinturas escapular e pélvica, mudar direção, andar para frente e para trás, subir e descer escadas se possível, pode colocar obstáculos durante a marcha para ele se desviar ou passar por cima. No Treino de Força pode ser feito idêntico ao domicílio com utilização de faixas elásticas, exercícios de levantar e sentar da cadeira e até aparelhos de musculação. Treino de Equilíbrio pode se utilizar exercícios específicos e os propostos para domicílio, pode caminhar sobre uma linha demarcada ao chão com um pé a frente do outro diminuindo a base de sustentação, pular obstáculos, fazer dupla tarefa como carrega um copo com água enquanto caminha ou caminhar batendo uma bola no chão e para os Treinos de Propriocepção melhorar as funções articulares do idoso para terem a capacidade de suportar as demandas diárias e esse treinamento tem que ser o mais funcional possível, elaborar situações do dia-adia como fazer movimentos que realiza ao cozinhar, lavar louças, estender cama ou roupas o varal, utilizar o balançinho (plataforma móvel), prancha de equilíbrio entre outros. (Borges; Rebellato; Morelli, 2007, p. 184-186). P á g i n a | 146 Resultado O fisioterapeuta faz uma atuação muito importante que é de orientar seus pacientes a fim de prevenir acidentes e para o sucesso de seu tratamento esclarecer o paciente a cerca dos riscos é fundamental, a educação sobre a doença ajuda na prevenção e no tratamento, pois o idoso consegue compreender de forma clara e objetiva o que esta se passando com ele colaborando de forma positiva no seu tratamento. A prevenção é a melhor orientação, porém muitas vezes essas informações passam despercebidas pelos idosos a qual só vão à procura de um médico ou fisioterapeuta, logo após as fraturas. É importante ressaltar sobre a dieta, pois deve ser uma dieta balanceada para a complementação das devidas vitaminas, essa dieta deve ser acompanhada por um profissional da área (nutricionista). Sendo assim nunca é tarde, mesmo após os 60 anos podemos conseguir alguns benefícios com uma boa alimentação, exercícios físicos, exposição ao sol e acompanhamento médico. Conclusão Através desta revisão concluímos que o exercício físico tem papel fundamental na prevenção e no tratamento da osteoporose, pois atua de forma específica, melhorando o tônus muscular, o equilíbrio, a coordenação e assim prevenindo quedas e possíveis lesões que acometem os idosos. Nunca será tarde para se cuidar, basta ter o apoio da família, fazer algumas adaptações, como não usar tapetes em casa, mas caso seja necessário o uso de tapete que seja antiderrapante, colocar proteção nas quinas dos moveis, para evitar fraturas no quadril, colocar barras principalmente nos banheiros, para evitar as quedas, quando sair para caminhar tomar muito cuidado, pois as calçadas são irregulares, uma dieta balanceada e o exercício físico, mesmo iniciado após os 60 anos trará bons resultados. Entretanto, é importante salientar que muitos estudos ainda são necessários, a fim de encontrar formas cada vez mais eficazes de tratamento. Para isto, é preciso que sejam realizadas pesquisas sérias, com metodologia adequada e resultados comprovados, para que os protocolos e técnicas sejam cientificamente comprovados. P á g i n a | 147 Referências CARVALHO, Cecília Maria Resende de; FONSECA, Carla Cristina Carvalho; PEDROSA, José Ivo. Educação para a saúde em osteoporose com idosos de um programa universitário: Repercussões. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, p. 719-726, mai-jun 2004. DIAS, Robson Sampaio; LEITE, José da Silva; VENHOVEN, Vanessa Lelpo. Osteoporose e exercício físico. Revista Brasileira de Saúde, Ano III, n.10, p. 32-37, out-dez 2006. DÖLKEN, MECHTHILD. Osteoporose. In: Dölken. Fisioterapia em Ortopedia. São Paulo: Editora Santos, 2008. p. 497-513 DRIUSSO, Patrícia; OISHI, Jorge. Envelhecimento populacional: causas e consequências. In: Driusso, Patrícia; Chiarello, Berenice. Fisioterapia Gerontológica: Manuais de Fisioterapia. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2007, p. 1-7. LEMOS Maicon Pimentel; NAKAOKA, Vanessa Yuri; KASHIWABARA, Tatiliana Geralda Bacelar. Osteoporose no idoso e fraturas de quadril. Brazilian Journal of Surgery Clinical Research-BJSCR. Minas Gerais/ MG Vol.4, n.3, p. 45-48, set-nov. 2013. MARQUES NETO, João Francisco; MOREIRA Caio; PINHEIRO, Geraldo da Rocha Castelar. Reumatologia Essencial. 1ªed. Rio de Janeiro, 2009 Guanabara KOOGAN S.A, p. 277. OLIVEIRA, Anamaria Sirianide. Fisioterapia aplicada aos idosos portadores de doenças Reumáticas: osteoporose. In: Rebellato, José Rubens; Morelli; José Geraldo da Silva. Fisioterapia Geriátrica: A prática da Assistência ao Idoso. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 300-308. REBELATTO, José Rubens; MORELLI, José Geraldo da Silva. Fisioterapia Geriátrica. 2ºed. Barueri-SP, Manole, 2007, p.183 RUZENDE, Juliana Rodrigues Soares. Influência de protocolos de treino de equilíbrio no desempenho funcional de idosas com osteoporose. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Humano e Tecnologias. Unesp Campus Rio Claro /SP, p. 23-43. SANTOS, Marcelo Lasmar dos; BORGES,Grasiely Faccin. Exercício físico no tratamento e prevenção de idosos com osteoporose: uma revisão sistemática. Fisioter. mov, Curitiba/ SP, Vol. 23, n. 2, p. 289-299, abr-jun 2010. P á g i n a | 148 PARKER, Steve. Corpo Humano. 4. ed. em 2012, Parque dos Príncipes – SP , Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda. SILVA, Afonso Carlos. Saúde do Idoso. 1. ed. SP-Latria, 2009 p.23 SZEJNFELD, Vera Lúcia. Osteoporose. In: SATO, Emília Enoue. Guia de medicina ambulatorial e hospitalar da unifesp - EPM. Reumatologia 2. ed. São Paulo: Manole, 2010. p. 417- 427. P á g i n a | 149 Assistência Farmacêutica ao paciente doente crônico renal Amanda Letícia de Souza1 Graciana Aparecida Simei Bento da Silva2 Resumo A doença renal crônica representa nos dias de hoje um importante problema de saúde pública no Brasil, pois a maioria dos brasileiros sofre de problemas renais e nem todos são diagnosticados, alguns acabam indo até a óbito, já outros, realizam diálise e poucos conseguem transplante renal. O tratamento da doença crônica renal tem como objetivo retardar a doença, ou mesmo incentivar o rim a voltar a funcionar, a não adesão ao tratamento farmacológico dificulta o processo, sendo assim, o profissional farmacêutico tem a função de auxiliar o paciente durante o tratamento, orientando e aumentando a adesão do paciente ao tratamento. Este trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de descrever como é o rim e suas funções, focando na doença renal crônica e seus tratamentos, visando a parte da assistência. Conclui-se que com a evolução, a tecnologia e a correria do dia a dia, as pessoas alimentam-se de maneira não saudáveis e descuidam-se de sua saúde, talvez por falta de conhecimento. Ao decorrer do trabalho ficou claro, que o farmacêutico acaba não sendo excluído na equipe multiprofissional responsável pelo tratamento do paciente crônico. Enfim, pode-se concluir que a assistência farmacêutica tanto ao doente renal crônico como a qualquer outra doença é muito importante para a adesão do paciente ao tratamento e consequentemente para seu sucesso, melhorando a qualidade de vida do paciente crônico. Palavras-chave: Assistência Farmacêutica, Doença Renal Crônica, Rim. ABSTRACT Chronic kidney disease is nowadays an important public health problem in Brazil because most Brazilians suffer from kidney problems and not all are diagnosed, some end up going to the death, while others, perform dialysis and few can kidney transplant . Treatment of chronic kidney disease aims to slow the disease, or even encourage kidney to return to work, nonadherence to drug treatment complicates the process, therefore, the pharmacist has the function of assisting the patient during treatment, directing and increasing patient adherence to treatment. This course conclusion work aims to describe how the kidney and its functions, focusing on chronic kidney disease and its treatments, aimed at part of the assistance. It is concluded that the evolution in technology and the rush of everyday life, people feed on unhealthy way and neglect to their health, perhaps for lack of knowledge. In the course of the work it became clear that the pharmacist does not end up being excluded in the multidisciplinary team responsible for the treatment of chronic patients. Finally, it can be concluded that the pharmaceutical care both chronic kidney disease as any other disease is very important for the patient's adherence to treatment and consequently to its success, improving the quality of life of chronic patients. Key-words: Pharmaceutical Care , Chronic Kidney Disease , Kidney. 1 Graduanda do curso de Farmácia – FTGA, email: [email protected]. Farmacêutica pela FHO, Especialista em Bioquímica e Homeopatia, Licenciada em Física, Pedagoga e Mestre em Engenharia de Produção, email: [email protected]. 2 P á g i n a | 150 INTRODUÇÃO A doença renal crônica representa nos dias de hoje um importante problema de saúde pública no Brasil (MOREIRA et al, 2005). Uma grande maioria dos brasileiros sofre de problemas renais e nem todos são diagnosticados. Várias pessoas vão a óbito por ano. Outros fazem diálise, são poucos os que conseguem transplante renal, e os que foram transplantados seguem em acompanhamento. A grande maioria dos doentes crônicos renais sofrem de diabetes e/ou hipertensão ou ambos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2016.). O tratamento da doença crônica renal tem como objetivo retardar a doença, ou mesmo incentivar o rim a voltar a funcionar, a não adesão ao tratamento farmacológico dificulta o processo. São vários os motivos que levam o paciente a não fazer uso do medicamento entre eles esta a falta de informação que depende dos profissionais e a resistência do paciente em aderir (MOREIRA et al, 2005). O regime terapêutico da DRC (dieta, ingestão de líquidos, medicamentos e terapia dialítica) apresenta taxas elevadas quando não aderido corretamente. Fatores como: idade, gênero, tabagismo, duração da HD e comorbidades determinam o processo da má adesão. A percepção do paciente de melhora de saúde, a negação de realizar tratamento prolongado, bem como a complexidade terapêutica e a confusão das orientações também alteram a adesão à terapia (MOREIRA et al, 2008). O profissional farmacêutico tem como dever prestar orientação necessária a estes pacientes, fazendo parte da equipe no processo de racionalizar sobre os medicamentos, fazendo com que os mesmos tenha total eficácia, evitando problemas que possam ocorrer devido à grande quantidade de fármacos utilizados. Muitas vezes o paciente com insuficiência renal crônica se encontra desmotivado à adesão terapêutica, devido ao fato de conviver com uma doença incurável que o submete a tratamentos longos e dolorosos, além de questões sociais que acabam limitando-o de uma rotina comum, podendo ocorrer o afastamento de amigos, a perda do emprego, a dependência da previdência social, a impossibilidade de passeios devido à rotina das sessões de hemodiálise entre outros (MOREIRA et al, 2008). Este estudo tem como objetivo esclarecer o que vem a ser a doença renal crônica, os tratamentos existentes e o papel do profissional farmacêutico. Justificativa P á g i n a | 151 O que levou a desenvolver esse projeto foi perceber a falta de informação que a maioria das pessoas tem sobre o respectivo assunto Doença renal crônica e sobre como o farmacêutico pode estar dando assistência, sendo que como podemos ver, a grande parte da população acredita que o dever do farmacêutico seja apenas dispensar medicamentos, esquecendo toda a parte da assistência em si. Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (2002), pagina 16: “Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde” Baseada nessa definição, esse projeto estará analisando a função do farmacêutico ao paciente portador de DCR, enfatizando a atenção farmacêutica. Metodologia Trata-se de uma pesquisa “aplicada”, quem tem como tema: Assistência Farmacêutica ao Doente Crônico Renal, sendo classificada como descritiva, por utilizar artigos colhidos, e através deles ter base para conseguir realizar um levantamento de assistência/atenção farmacêutica e inserir ela no que se diz respeito à DCR. O projeto foi realizado através de pesquisas bibliográficas constituídos em artigos e livros direcionados ao titulo escolhido. Diante dos dados colhidos, a pesquisa terá como objetivo esclarecer o trabalho do profissional farmacêutico quando se diz respeito a DCR. Sistema Renal: Anatomia do Rim O corpo possui vários órgãos que são responsáveis pela filtração do sangue, entre eles se encontra os rins, eles medem cerca de 10 cm de comprimento, são na forma de um grão de feijão, na cor marrom avermelhada (AMABIS, et al 2010). Os dois rins possuem três camadas cada, formando uma capa de proteção, as camadas são: Fáscia renal, mais externa, a cápsula adiposa, mais intermediaria e a capsula fibrosa, mais interna, ainda mais abaixo da cápsula fibrosa, possui uma camada que é chamada de córtex renal, no córtex fica os néfrons que são responsáveis pela filtração do sangue (LAURENCE, 2000). P á g i n a | 152 E ainda os rins possuem uma porção central, onde se encontra a medula renal, na medula fica os ductos papilares que coletam a urina formada nos néfrons. Os ductos drenam P á g i n a | 153 para estruturas chamadas cálices renais menor e maior. O cálice renal menor recebe urina dos ductos papilares de uma papila renal e a transporta até um cálice renal maior. Do cálice renal maior, a urina drena para a grande cavidade chamada pelve renal e depois para fora, pelo ureter, até a bexiga urinária. O hilo renal se expande em uma cavidade, no rim, chamada seio renal (AMABIS et al, 2010). Figura 1 - Fisiologia do rim Fonte: http://fisiorenal.blogspot.com.br/2009/06/nefron.html Néfrons O néfron possui uma região onde ocorre a filtração do sangue, que é formado pelo glomérulo e pela cápsula renal. O glomérulo é composto por capilares sanguíneos enovelados, que se originam da artéria renal (LAURENCE, 2000). Na filtração o sangue reabsorve as proteínas do plasma e células sanguíneas, enquanto: uréia, glicose, sais minerais e água são filtrados e passam do sangue para a cápsula renal. Na cápsula renal surgem os túbulos nefricos que são: Túbulo contorcido proximal, alça nefrica, e túbulo contorcido distal. E então existe um grupo de capilares sanguíneos que se unem e vão para as veias renais (AMABI et al, 2010). P á g i n a | 154 Figura 2 - Fisiologia do Néfron Fonte: http://ulbra-to.br/morfologia/2011/08/17/Sistema-Urinario Compostos Nitogenados O sangue é constituído por diversos metabólitos, e quando passado pelo rim, esses metabólitos, conhecidos como compostos nitrogenados, são reabsorvidos ou excretado na urina, como ocorre com a maioria dos compostos (SANTOS et al, 2012). O quadro abaixo estará mostrando quais são os compostos nitrogenados e quais suas ações e onde são sintetizadas no organismo: P á g i n a | 155 Quadro 1: Compostos Nitrogenados Composto Albumina Local a ser sintetizada Sintetizada no fígado Funçã o Transportadora de Calcio, ácidos graxos livres, aminoácidos, entre outros. Regula pH sanguineo, atuando como Acido Úrico Provém da metabolização ânion. das purinas proteínas, que que são alguns alimentos possuem, como: carne, feijão ou marisco. Creatinina A creatinina é produzida Utilizada através do metabolismo da função como de suplemento, aumentar a tem força e creatina que se origina no resistência muscular. fígado e pâncreas. Uréia Sintetizada no fígado, a Mantém o equilíbrio hidroeletrolitico. partir da amônia, que é proveniente da síntese de Fonte: Próprio autor proteína. Função Renal O corpo possui dois rins localizados na parte dorsal do abdome, aos quais tem as funções de: filtrar, reabsorver, homeostase, funções endocrinológica e metabólica. Porém sua principal função é através dos glomérulos filtrar grandes quantidades do plasma passando para os túbulos que reabsorvem o que o organismo necessita na quantidade ideal e excretando através da urina o excesso de eletrólitos, que já não são mais necessários e que venha a gerar doenças ao organismo (DUARTE et al, 2011). Como dito, o rim tem também a função de produzir hormônios como a Eritropoetina, que é responsável por estimular a medula óssea na produção de hemácias. Pacientes que são DCR, possuem deficiência desse hormônio, sendo necessário ser feita a recomposição através de fármaco chamado Eritropoetina, conhecida como Hemax (FERMI, 2011). E por ultimo detém a função de controla o metabolismo ósseo, é de extrema importância que a manutenção da quantidade de cálcio no sangue seja conforme o normal, P á g i n a | 156 porém sabemos que o cálcio tem pouca absorção pelo trato intestinal pelo fato de ser P á g i n a | 157 insolúvel, sendo assim existe a vitamina D que faz com que aumente a absorção do cálcio no trato intestinal, mas para tanto a vitamina D deve ser convertida primeiramente no fígado e depois nos rins, por uma substância que tem por nome diidroxicolecalciferol, sendo ela que irá aumentar a absorção do cálcio no organismo (DUARTE et al, 2011). DOENÇA CRÔNICA RENAL A doença crônica renal, trata-se de uma lesão renal, que é acometida por varias doenças como por exemplo: Diabetes Mellitus e a Hipertensão, que são as mais conhecidas e citadas. Essas doenças se não tratadas corretamente, gera perda progressiva e irreversível das funções renais (ROMÃO, 2010). O que diferencia a DRC da IRC, é o fato de na doença renal crônica os rins funcionam parcialmente, já a insuficiência renal crônica, os rins não funcionam (ROMÃO, 2010). Segundo DUARTE e outros (2011) a DRC utiliza os seguintes critérios: Se a lesão durar 3 meses ou mais, sendo definida por anormalidades na estrutura ou funções dos rins, incluindo alterações no exame de sangue e urina, entre outros; FG <60ml/min/1,73m² mantendo esse valor por 3 meses ou mais, podendo ter ou não lesão. Baseado nesses critérios citados, a DRC é definida como lesão renal, como dito antes ou também como diminuição na função do rim por um período igual ou maior que 3 meses. Alguns pacientes por serem portadores de certas doenças tem uma probabilidade maior de obter a DRC, sendo eles: Hispertensão, Diabéticos, Idos, Pacientes com Doença Cardiovascular (DCV) e Pacientes em uso de medicações nefro-tóxicas. Essas doenças são classificadas como grupo de risco, pois alteram de alguma forma as funções renais, podendo ou não causar lesão, mesmo que não seja ao adquirir essas doenças, com o passar do tempo pode surgir alterações ao pouco e gerando assim a DRC (BASTOS et al, 2010). Portanto, a DRC pode ser diagnosticada sem ter uma causa, neste caso, é estimado que seja decorrente a proteína de baixo peso molecular, para detectar a DRC nesta forma é realizada a avaliação de proteinúria, onde irá avaliar as proteínas excretadas, revelando se há lesão renal, baseado nos resultados (BASTOS et al, 2010). A figura a seguir descreve como acontece a avaliação: P á g i n a | 158 Figura 3 - Avaliação através de proteinúria Fonte: BASTOS et al, 2010. Tratamento Tendo em conta que, a doença renal crônica, é uma doença que tem evolução lenta, é de extrema importância que o paciente queira aderir ao tratamento, para que aja uma esperança de cura ou mesmo para que não evolua para uma insuficiência renal crônica. Para isso, há uma forte influencia e apoio da família e dos profissionais da saúde para com o paciente, já que o mesmo de acordo de como visualiza sua patologia terá dificuldade em aceitar tanto a patologia quanto o tratamento em si, sendo normal negar o tratamento, a dieta e tudo o que for lhe imposto no principio (MALDANER et al, 2008). Para a DCR, não existe tratamento farmacológico, porém como já mencionado antes a P á g i n a | 159 Diabetes e a Hipertensão são as principais causa da doença renal crônica, e para retardar sua P á g i n a | 160 evolução é passado o tratamento e a dieta dessas causas, mas se não obtiver resultados benéficos, o paciente é encaminhado para o tratamento através da hemodiálise ou diálise peritoneal (MARTINS et al, 2005). Hemodiálise, é um procedimento onde o sangue é filtrado utilizando uma máquina, onde tem as toxinas e o excesso de liquido retirado, e assim substituindo a função dos rins, que não funcionam parcialmente ou não funcionam. O sangue sai do paciente, através de um cateter ou uma fistula que é a junção de uma artéria e uma veia, e é exposto a uma solução de diálise que é chamado de dialisato, que possui a mesma concentração do plasma considerado normal, através de ultra-filtração as moléculas de água, as toxinas e os solutos presentes no sangue e no dialisato passam pela membrana semipermeável, o que gera a filtração (FERMI, 2011). Segue uma imagem demonstrando o procedimento: Figura 4 - Demonstração do processo que ocorre na HD Fonte: Retirado de http://www.gamba.epm.br/pub/irc/irc.htm Além da hemodiálise, existe também diálise peritoneal, onde a transferência dos líquidos ocorre através da membrana peritônio. Através de um cateter implantado na cavidade abdominal, onde através dele ocorrera a troca entre dialisato e solução. A diálise peritoneal funciona utilizando três fases, sendo elas: infusão, permanência e drenagem (FERMI, 2011). Segue imagem demonstrando: P á g i n a | 161 Figura 5 - Demonstração de Diálise Peritoneal Fonte Retirada de: http://www.gamba.epm.br/pub/irc/irc.htm Terapia Nutricional Além dos tratamentos que os pacientes são encaminhados, e o fármacos para controlar as doenças que causaram a DRC, existe também a terapia nutricional, que tem o papel de diminuir os nutrientes a serem ingeridos, para assim contribuir com que eles não adquirirem o acumulo de compostos nitrogenados tóxicos, que alterará os exames, e também a quantidade de liquido ingerido (AQUIMO et al, 2009). Contudo, mesmo tendo uma dieta hipoproteica, e a mesma tendo muito beneficio, tem que se ter a atenção redobrada para não baixar o valor energético, fazendo com que o paciente fique desnutrido, por isso o paciente possui um acompanhamento mensal com o nutricionista (AQUIMO et al, 2009). Assistência farmacêutica Com o passar do tempo, as mudanças tecnológicas, o farmacêutico passou a ser visto apenas como vendedor, existem vários artigos onde autores tentam redefinir a relação entre o P á g i n a | 162 farmacêutico e o paciente, porem se pode ver que ainda nos dias atuais não houve muitas P á g i n a | 163 mudanças. O farmacêutico, através de sua graduação, possui capacidade total para realizar um acompanhamento fármaco-terapêutico de qualidade (PEREIRA et al, 2008). Segundo IVAMA e outros (2002), assistência farmacêutica significa: “Conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, e outros profissionais de saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população”( IVAMA, NOBLAT, CASTRO, OLIVEIRA, JARAMILLO E RECH, 2002, pg 15). Ou seja, não é apenas entregar o medicamento ao paciente, mas também garantir, que o medicamento tenha o efeito e a qualidade desejada, e que o paciente/cliente não automedique, visando a melhoria e o acompanhamento de sua saúde. Através da assistência juntamente com o aconselhamento farmacêutico, o paciente e o farmacêutico cria um elo, onde há troca de informações da parte do paciente e orientação da parte do farmacêutico, sobre o medicamento como sobre a doença e como o medicamento irá agir na doença. Gerando benefícios ao paciente e dando maior conhecimento na área de assistência ao farmacêutico (SILVA et al, 2008). Segundo, MOREIRA e outros 2005, o motivo de os pacientes portadores de DRC, não fazerem o tratamento com medicamento correto, ou na posologia correta, é porque não houve nenhum profissional que o informasse como tomar corretamente. DISCUSSÕES E RESULTADOS Baseado nas informações colhidas, pode-se ver que a DRC é uma doença que acomete boa parte da população, e que quando a causa dessa doença são outras doenças existem medicamentos disponíveis para retardar a evolução da DRC, porem o que está faltando, é espaço para o farmacêutico agir, pois capacidade ele tem, para dar assistência, informar ao paciente sobre a doença e tratamento, e acompanhar a evolução ou até mesmo encorajar o paciente no tratamento. É notável que o enfoque no farmacêutico tenha sido todos esses anos apenas na parte de balcão, manipulação ou como químico, assim como é notável que o farmacêutico em si, não tenha feito alteração no modo de agir, ou seja ao vender, ao fazer a dispensação incrementar a assistência, para assim estar criando uma nova visão sobre si. P á g i n a | 164 CONCLUSÃO Conclui-se que com a evolução, a tecnologia e a correria do dia a dia, as pessoas alimentam-se de maneira não saudáveis e descuidam-se de sua saúde, talvez por falta de conhecimento. A equipe de saúde preocupada em cuidar da patologia pode estar esquecendo de cuidar do paciente, da prevenção de doenças e da orientação correta sobre a patologia Ao adquirir uma doença crônica, o choque sempre é grande, mas torna-se maior ao saber que terá que viver fazendo tratamento até o resto de sua vida, passando mais tempo em uma clínica de hemodiálise do que em casa com a família. Torna-se então, necessário o apoio da família e também o incentivo da equipe de profissionais da saúde, alertando o paciente do que poderá ocorrer se não aderir ao tratamento. Porém, mesmo após o paciente ter aderido ao tratamento, é de extrema importância o acompanhamento e estar sempre relembrando, o que é, o que acontece e como fazer, tanto no tratamento dialítico como no tratamento com os medicamentos que ele continuará ou começará a tomar. Ao decorrer do trabalho ficou claro, que o farmacêutico acaba não sendo excluído na equipe multiprofissional responsável pelo tratamento do paciente crônico. Enfim, pode-se concluir que a assistência farmacêutica tanto ao doente renal crônico como a qualquer outra doença é muito importante para a adesão do paciente ao tratamento e consequentemente para seu sucesso, melhorando a qualidade de vida do paciente crônico. REFERÊNCIAS AMABIS, J. M; MARTHO, G. R; Biologia. 3°edição - São Paulo: Moderna 2010 AQUIMO, R. C; PHILIPPI, S. 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Beatriz Lopes Batista Mendes1 Raquel Lima Jorge2 Walther Spnelli Filho³ Resumo Lesões no joelho são bastantes comuns em indivíduos jovens ativos e o ligamento cruzado anterior é um dos ligamentos mais acometidos. As lesões, na maioria das vezes, ocorrem devido aos desequilíbrios musculares levando à instabilidade articular. O Tratamento Cirúrgico é uma opção eficaz nesses casos. Uma maneira objetiva de avaliar a condição funcional no pós-operatório destes indivíduos, bem como sua repercussão em aspectos de qualidade de vida, é utilizar questionários específicos consagrados na literatura. O objetivo deste trabalho é avaliar a condição funcional dos pacientes submetidos à ligamentoplastia do ligamento cruzado anterior, com pelo menos três anos de pós-operatório, através do questionário Lysholm e verificar aspectos de qualidade de vida relacionados à saúde através do Questionário Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). Participaram desse estudo vinte e cinco pacientes selecionados a partir de consulta prévia a prontuários médicos. Os resultados obtidos estão organizados em formato de tabela e gráficos a partir de scores específicos. O tratamento fisioterapêutico é iniciado após a cirurgia, visando devolver a capacidade funcional, realizando-se exercícios terapêuticos específicos e integrando novamente os pacientes às suas atividades de vida diária e desportiva. Para este estudo, em pacientes que atenderam os pré-requisitos citados acima, observou-se que a grande maioria teve seus aspectos funcionais conservados e não apresentaram dificuldades nas suas atividades de vida diária. Conclui-se que a fisioterapia é de extrema importância no processo de reabilitação, tendo como objetivo principal proporcionar o retorno dos pacientes às suas atividades cotidianas e desportivas. Palavras-Chave: Fisioterapia - Ligamento Cruzado Anterior - Qualidade de vida - Aspecto Funcional. 1 Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. [email protected] ² Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. [email protected] ³ Atualmente é Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga - FTGA, Fisioterapeuta FISIOCLINICA S/S LTDA. Fisioterapeuta Concursado e Responsável na Unidade Básica de Saúde em Cândido Rodrigues. Especialização em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica ligada a Medicina do Esporte (2000), Especialização em R.P.G. (Reeducação Postural Global, 1997). Foi Coordenador do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga - FTGA no período de 2007 a 2011. Mestrado em Engenharia de Produção (2013). [email protected] P á g i n a | 168 ABSTRACT Knee injuries are quite common in active young individuals and the anterior cruciate ligament is one of the most affected ligaments. The lesions, most of the time, occur due to muscle imbalances leading to joint instability. Surgical Treatment is an effective option in these cases. An objective way of evaluating the postoperative functional status of these individuals, as well as its repercussion on aspects of quality of life, is to use specific questionnaires established in the literature. The objective of this study was to evaluate the functional status of patients submitted to anterior cruciate ligament ligamentplasty with at least three years postoperative using the Lysholm questionnaire and to verify aspects of health-related quality of life through the Medical Outcomes Study Questionnaire 36 -Item Short-Form Health Survey (SF-36). Twenty-five patients selected from prior consultation with medical records participated in this study. The results obtained are organized in table format and graphs from specific scores. Physiotherapy treatment is started after surgery, aiming at restoring functional capacity, performing specific therapeutic exercises and integrating patients into their daily and sports activities. For this study, in patients who met the prerequisites cited above, it was observed that the great majority had their functional aspects conserved and did not present difficulties in their activities of daily living. It is concluded that physiotherapy is extremely important in the rehabilitation process, with the main objective of providing the patients' return to their daily activities and sports. Keywords: Physiotherapy - Anterior Cruciate Ligament - Quality of life - Functional Aspect. Introdução O Joelho é a maior articulação do corpo Humano, sendo de suma importância para realização das atividades de vida diária como locomoção, posição bípede, estabilização. (BECKER, DOLKEN, 2007, p. 178). Sua principal função é dar mobilidade e estabilidade para a realização das atividades de vida diária, como também para pratica de atividades esportivas. A articulação do joelho é considerada a mais complexa da anatomia Humana, sendo também a articulação mais suscetível a lesões, por conta de suas restrições que contribuem para altos índices de lesões ligamentares como Ligamento Cruzado Anterior (LCA). (ELLENBECKER apud SAVOLLI, 2005, p. 15). Para um bom desempenho funcional do joelho é necessário um equilíbrio ótimo entre estabilizadores estáticos e dinâmicos de tecidos moles e componentes ósseos e cartilaginosos (ELLENBECKER apud SAVOLLI, 2005, p. 15). Dessa forma observa-se que o LCA funciona juntamente com outras estruturas anatômicas em torno do joelho, tendo um importante papel nos segmentos proprioceptivos dos mecanorreceptores. (GODINHO et. al., 2014, p. 614). P á g i n a | 169 Quando se fala em estabilidade para a realização de movimentos é de grande importância os ligamentos capsulares, intra e extracapsulares, que são responsáveis por estabilizar a articulação para realização do movimento. (BECKER, DOLKEN, 2007, p. 178). O Ligamento Cruzado Anterior está localizado no centro da articulação sendo classificados como estrutura Extra sinovial apesar de ser intra-articular. (CASTRO apud MADRUGA, 2004, p. 20). A lesão do ligamento ocorre com maior incidência em jovens entre 20 e 40 anos, tendo como mecanismo de lesão esporte de contato, mas podem ocorrer em indivíduos de qualquer idade. Sendo que a forma mais comum de se levar a lesões deste ligamento é um golpe lateral, levando então a uma força em valgo sobre a articulação. (KISNER, COLBY, 2009, p. 756). O diagnóstico do LCA deve ser baseado na combinação de exames clínicos onde o paciente é questionado sobre o mecanismo de lesão, tipo de trauma, intensidade, localização e duração de dor. No Exame Físico deve constar a inspeção, palpação e teste especiais como: Gaveta anterior, Teste de Lachman, Pivot Shift e Jerk Test Teste de Gaveta Anterior. E através dos exames de imagens (Ex: Radiologia e Ressonância Magnética, tomografia computadorizada e artroscopia. (CAMANHA, LASMAR&LASMAR, 2002, CASTRO et al., 2003 Apud MADRUGA, 2004, p. 21). Quando falamos em tratamento da lesão do LCA pode ser dividido em cirúrgico e conservador. Sendo o tratamento conservador pouco utilizado, mas deve ser considerado principalmente para os pacientes idosos. (MADRUGA, 2004, p. 21). Já o tratamento cirúrgico é predominante em relação ao tratamento conservador, devido à facilidade de diagnóstico de lesões do LCA e eventuais lesões associadas. Com a lesão diagnosticada evoluem-se a episódios repetidos de falseio, levando ao afrouxamento dos restritores secundários, lesões meniscais e condrais, terminando com a degeneração precoce da articulação. (NUNES et al., 2003 apud MADRUGA, 2004, p. 21). A cirurgia de reconstrução do LCA é uma das mais realizadas na área Ortopédica e de maior incidência afetando principalmente jovens. Estima-se que sejam realizados entre 75.000 e 100.000 procedimentos anuais nos EUA. (VIEIRA, et al.; 2013, p. 161). Anatomia do Joelho O joelho é classificado como uma articulação completa e complexa há todo momento está exposta à ação do peso corporal. Para sua estabilidade depende-se da relação entre a sua P á g i n a | 170 anatomia óssea, atividade muscular e ligamentar. O joelho possui dois graus de movimento, sendo eles no plano sagital (flexão-extensão) e no plano transversal (rotação com o joelho a 90º) (ASTON, 1998 apud CASTRO; VIEIRA, 2012, p. 01). A articulação do joelho desempenha um papel fundamental na locomoção, ao fazer a flexão e extensão, levando uma diminuição do impacto dos pés ao solo. (PARDINE, 2002 apud SOUZA, JORDÃO, GONÇALVES, 2015, p. 49). Essa articulação é caracterizada como um gínglimo ou articulação em dobradiça (entre o fêmur e a tíbia) e plana (entre o fêmur e a patela). Os ossos da articulação do joelho são envolvidos por ligamentos, tendões e meniscos.(SOUZA et al., 2014, p. 315). Sua formação óssea é composta por: fêmur (região distal) com seus dois côndilos a tíbia (região proximal) com seus dois platôs tibial e um grande osso sesamóide localizado dentro do tendão do músculo quadríceps femural, denominado a patela. Essas estruturas ósseas formam duas articulações: tibiofemoral e patelafemoral, se apresentam em capsulas articulares, a grande quantidade dessa capsula levam a formação de bursas (exemplo: suprapatelar, subpoplítea e bursa do músculo gastrocnêmio). (KISNER, COLBY, 2009, p. 720). Ligamento Cruzado Anterior O LCA encontra-se localizado no centro da articulação sendo classificada extra sinovial e intra-articular, tem sua origem na porção póstero-lateral do intercôndilo femoral e insere-se anteriormente a espinha da tíbia. (SOARES, 2005, p. 19). É uma das estruturas mais importante e fundamental do joelho, sendo responsável por impedir a instabilidade anterior e rotação interna da tíbia. Sendo a estrutura que mais sofre lesão no joelho, principalmente em indivíduos jovens e ativos, as lesões na maioria das vezes ocorrem devido à instabilidade articular que o indivíduo pode apresentar. (OLIVEIRA et al., 2012, p. 193). Este ligamento é constituído por resistentes cordões de tecidos conjuntivos e está localizado no interior da cápsula articular do joelho, entre os côndilos fêmurais, mas fora da cavidade sinovial da articulação. Apresenta dois feixes importantes, o feixe ântero-medial e póstero-lateral. Sendo que o primeiro tem como origem face posterior do fêmur com inserção na face lateral da tíbia, este feixe é considerado mais resistente do que o feixe ântero-medial. O feixe ântero-medial tem sua origem na parte anterior do fêmur com inserção medial a tíbia. A junção desses dois feixes apresenta um formato espiral que é responsável pela rotação tíbio- P á g i n a | 171 femoral durante a realização de todos os movimentos do joelho. (CHRISTOVAM, MEJIA, 2000, p. 03). Com a realização de movimento da articulação do joelho, o feixe ântero-medial encontra-se isométrico, ficando mais tenso durante a flexão. De forma contrária o feixe pôstero-lateral encontra-se mais tenso na extensão, frouxo a 20º de flexão e com a flexão máxima reassumi seu estado de tensão. Na extensão, impede a translação anterior da tíbia e na flexão possibilita que a tíbia rode internamente, mesmo com o estado de contração do músculo quadríceps. Este mecanismo trabalha como suporte de sustentação de peso, no joelho em extensão e proporciona o movimento durante a flexão. Com a flexão do joelho há um aumento da rotação interna. (ALMEIDA, 2013, p. 05). O principal objetivo do LCA é impedir o deslocamento anterior da tíbia e à rotação medial do joelho, quando apresenta ruptura deste ligamento a tíbia desloca-se para anteriormente ao fêmur, denominado gaveta anterior. Este ligamento tem a função de evitar o movimento de gaveta anterior, atuando como estabilizador primário, e secundariamente limita a rotação tibial e em um mínimo grau de angulação varo-valgo (joelho em extensão). Não apresenta ação restritiva durante a translação da tíbia. (IEBRA, 2011, p. 08). Mecanismos de Lesão Como citado a cima, o LCA é uma estrutura de grande importância para o joelho, impedindo uma instabilidade anterior e rotação interna da tíbia. Sendo essa estrutura considerada a mais lesionada, em casos de ruptura total. Essas lesões acometem principalmente indivíduos jovens e ativos e tem como característica principal a instabilidade articular. (ARLIANI et al., 2012, p. 192). Segundo Daniel et al, em estudos realizados no hospital de San Diego em pesquisa com a população, obtiveram uma margem de 0,24 lesão do LCA a cada 1.000 indivíduos saudáveis ao ano. (FATARELLI, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2004, p. 198). O mecanismo de lesão pode ser divido em lesões associadas e isoladas. As lesões associadas se caracterizam por um trauma em valgo, flexão e rotação externa e seguido por uma força crescente, ocorrendo a lesão do ligamento cruzado medial (LCM) e do LCA e desinserção do menisco medial, podendo estar associada com uma lesão na musculatura da pata de ganso, que tenta impedir o valgo. Quando há uma hiperextensão maior que 30º, leva primeiramente a lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) e depois do LCA. (DIONÍSIO, PINI, 1996, p. 52). P á g i n a | 172 Uma força exercida diretamente e posteriormente contra a parte superior da tíbia leva há um deslocamento anterior no momento em que o joelho está fletido, ocorrendo uma lesão do LCA com a associação de uma lesão do LCP e da cápsula articular. (DIONÍSIO, PINI, 1996, p. 52). A respeito das lesões isoladas, essas ocorrem a partir de movimentos forçados de flexão, varo, rotação interna, provocando um enrolamento dos ligamentos cruzados, nesse momento há uma abertura do compartimento lateral onde o côndilo interno do fêmur realiza uma pressão ao LCA ocasionando uma lesão. (DIONÍSIO, PINI, 1996, p. 53). Quando o joelho é estendido e ocorre uma rotação interna da tíbia, pode predispor uma ruptura isolada do LCA, já que os feixes póstero-lateral e ântero-medial deste ligamento encontram-se tensos durante a realização deste movimento. (DIONÍSIO, PINI, 1996, p. 53). Segundo, Peterson e Renstrom, 2002, as lesões ligamentares podem ser organizadas em três graus, dependendo da gravidade da lesão: Grau 1: um pequeno estiramento, com um leve edema, e não apresenta perda da estabilidade. Neste grau o indivíduo consegue deambular e o ligamento encontra-se íntegro; Grau 2: apresenta um estiramento com lesão parcial do ligamento; Grau 3: ruptura total do ligamento, com dilaceração da cápsula e com uma possível lesão meniscal, classificada como uma grave lesão. Portanto a ruptura do LCA pode estar relacionada com várias outras lesões, sendo as mais corriqueiras as lesões do menisco e lesões condrais, essas poderão apresentar-se no estado agudo proporcionado pelo trauma ou de forma crônica decorrente da instabilidade devido à lesão do LCA. Com essas lesões associadas pode-se levar a uma progressão na degeneração da cartilagem articular, provocando sinais e sintomas como: dor, edema e a perda de mobilidade do membro. (ROCHA et al, 2007, p. 105). Tratamento Para o tratamento da lesão do LCA é necessário saber qual é o tipo de lesão, já que podemos encontrar um ligamento estirado, uma ruptura do ligamento parcial ou completa. O médico poderá optar para um tratamento conservador ou cirúrgico. Além de saber o tipo de lesão, é de suma importância uma anamnese completa, contendo a idade do paciente, a extensão das lesões associadas, a disponibilidade para participar de um programa de reabilitação e qual é o estilo de vida do paciente, quais são as suas atividades de vida diária, a sua profissão. (PINHEIRO, 2016, p. 325). P á g i n a | 173 A fisioterapia tem um papel importante no tratamento conservador, com objetivo de analgesia, estabilização dinâmico do joelho, ganho de força muscular, treino proprioceptivo, pode-se utilizar órteses para a proteção do joelho em casos de instabilidades, e buscar mudanças no estilo de vida do paciente, orientando, por exemplo, que ele realize exercícios físicos com uma menor carga sobre o joelho. Este tratamento conservador é escolhido pelo médico em casos de: ruptura parcial e/ou completa sem instabilidade; pacientes que possuem um estilo de vida sedentário ou que trabalham com serviços manuais leves, e em crianças por conter as placas de crescimentos ainda não consolidadas. (PINHEIRO, 2016, p. 325). Quando a opção do tratamento conservador é descartada pelo médico, será indicado o tratamento cirúrgico, sendo essa indicação realizada em 50% dos casos. O principal objetivo é a reconstrução do ligamento lesado, com colocação de enxertos no local do LCA. (BONANÇA, 2014, p. 16). O tratamento cirúrgico visa ainda uma reconstrução ligamentar mais próxima de um joelho “normal”, devolvendo o máximo de funcionalidade. (WOJTYS, 2006, p. 238). Questionário SF-36 (Medical Outcomes Study 36 - Item Short-Form Health Survey). O SF-36 (Medical Outcomes Study 36 - Item Short-Form Health Survey) é um instrumento genérico para realizar avaliação de qualidade de vida, de fácil manuseio e compreensão, inicialmente criado na língua inglesa, traduzido e validado na língua portuguesa por CICONELLI et al., 1999 (Brasil-SF-36) . Sendo esse questionário considerado multidimensional composto por 36 itens, divididos em oito domínios: capacidade funcional (CF -10 questões), aspectos físicos (AF- 04 questões), dor (DOR - 02 questões), estado geral da saúde (EGS – 05 questões), vitalidade (VIT – 04 questões), aspectos sociais (AS – 02 questões), aspectos emocionais (AE – 03 questões) e saúde mental (SM – 05 questões). Esses oito domínios podem ser separados em dois aspectos gerais. O aspecto Saúde Física com 21 questões é composto pela CF, AF, DOR, EGS. O aspecto Saúde Mental com 14 questões é composto pela VIT, AS, AE e SM. (OSCKO, 2007, p. 41). Há ainda nesse questionário uma questão que compara as condições de saúde atual e as de um ano atrás. Porém essa questão não participa da análise geral do questionário. O SF36 apresenta um escore final de 0 a 100, onde zero corresponde a um pior estado geral de saúde e cem a um melhor estado de saúde (CICONELLI, 2003). P á g i n a | 174 Questionário de Lysholm A escala de Lysholm Knee Scoring Scale teve sua publicação em 1985 em língua inglesa e foi traduzida para a língua portuguesa por Maria Stella Peccin et al., sendo validada na publicação cientifica da revista Acta Ortopédica Brasileira em junho de 2006. Essa escala tem como o principal objetivo a avaliação dos resultados das lesões do Ligamento Cruzado Anterior, com especial atenção na instabilidade articular. É distribuído em oito questões, sendo divididas em: claudicação, necessidade de auxilio para caminhar, travamento, instabilidade, dor, edema, dificuldade para subir escadas e agachar. O resultado final é apresentado em um quadro de pontuação sendo: 95 a 100 Excelente, 84 a 94 Bom, 65 a 83 Regular, menor que 64 pontos é considerado Ruim. É uma escala capaz de descobrir alterações durante o processo cirúrgico e pós-cirúrgico. (RIBAS, LIMA, p. 477). Matérias e Métodos Para este estudo avaliamos 25 pacientes com pelo menos três anos de pós-operatório do ligamento cruzado anterior. Estes indivíduos foram selecionados a partir de prontuários médicos fornecidos de forma sigilosa pelo cirurgião responsável. Os questionários foram aplicados após os pacientes serem devidamente contatados, bem como orientados quanto aos objetivos do trabalho. Para avaliação funcional utilizamos o questionário de Lysholm que foi aplicado através de entrevistas presenciais realizadas no domicilio dos pacientes. Outro aspecto pesquisado foi à qualidade de vida relacionada à saúde. O Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36) foi o instrumento de escolha. Ambos os questionários produzem um score e os resultados obtidos estão organizados em forma de tabela e gráficos. Resultados Através do Questionário de Lysholm que avalia a condição funcional. Dos vinte cincos pacientes submetidos nesse estudo, observou-se que 52% (13) demonstram estarem excelentes, 32% (8) bom e 8% (2) regular e 8% (2) ruim. P á g i n a | 175 Questionário de Lysholm 8% 8% 52% 32% Excelente Bom Ruim Regular Figura 1: Representação gráfica da comparação das médias dos scores obtidas através do Questionário de Lysholm. O Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36) avaliou a qualidade de vida desses pacientes, e os resultados foram divididos em três grupos de idade (22 a 29 anos, 30 a 38 anos, 40 a 64 anos) e comparados entre si, por meio da média dos scores estabelecida em cada domínio desse questionário. Capacidade Funcional 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 22 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 64 anos P á g i n a | 176 Figura 2: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio CF, com a comparação entre os grupos de idade. Dor 80 70 60 50 40 30 20 10 0 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 3: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio DOR, com a comparação entre os grupos de idade. Limitação por Aspecto Físico 88 87 86 85 84 83 82 81 80 79 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 4: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio AF, com a comparação entre os grupos de idade. P á g i n a | 177 Estado Geral de Saúde 80 70 60 50 40 30 20 10 0 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 5: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio EGS, com a comparação entre os grupos de idade. Vitalidade 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 6: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio VIT, com a comparação entre os grupos de idade. P á g i n a | 178 Aspectos Sociais 90 88 86 84 82 80 78 76 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anso Figura 7: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio AS, com a comparação entre os grupos de idade. Aspecto Emocional 90 85 80 75 70 65 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 8: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio AE, com a comparação entre os grupos de idade. P á g i n a | 179 Saúde Mental 84 82 80 78 76 74 72 70 68 66 22 a 29 anos 30 a 38 anos 40 a 64 anos Figura 9: Representação gráfica das médias dos scores obtidas através do Questionário SF-36 do domínio SM, com a comparação entre os grupos de idade. Conclusões Conclui-se que os pacientes submetidos nesse estudo, realizaram a ligamentoplastia sendo o principal objetivo a reconstrução do ligamento lesado, devolvendo o máximo de funcionalidade. Estudos demonstram que a fisioterapia é de extrema importância no processo de reabilitação, proporcionando ao paciente o retorno em suas atividades de vida diária e desportivas. O que podemos analisar nesse caso é que todos esses pacientes que passaram pelo processo de cirurgia e reabilitação retomaram sua funcionalidade, sendo que 52% dos pacientes consideram-se excelentes em sua condição funcional através da aplicação do Questionário de Lyslhom. Em relação aos dados obtidos pelo Questionário de Qualidade de Vida SF-36 observa-se que jovens entre 30 e 39 anos apresentam um maior índice (94,58%) de ganho capacidade funcional e estado geral de saúde (78,5%) comparado com os pacientes entre 22 a 29 anos com capacidade funcional (89,28%) e estado geral de saúde (64,28%) e o grupo de 40 a 64 anos com capacidade funcional (70,83%) e estado geral de saúde (69,83%). No domínio DOR observamos que a média é melhor nas idades entre 22-29 anos (63,14%) e 40 a 64 anos (63%) comparados ao grupo de 30-38 anos que apresentam uma média de 76,16%. O domínio de aspecto físico observou que o grupo com 40 a 64 anos teve uma média maior (87,5%) comparada aos demais grupos, ou seja, provavelmente devido a idade esses pacientes tem P á g i n a | 180 mais limitação em suas atividades de vida diária. Logo a frente aparece o grupo de 30-38 anos (85,41%) e o de 22 a 29 anos (82,14%). No domínio vitalidade o percentual é maior no grupo de 40 a 64 anos (81,66%), seguido pelo grupo de 30 a 38 anos (75%) e o de 22 a 29 anos (66,42%). No aspecto social o grupo de 30 a 38 anos tem uma média maior (89,58%) do que o de 22 a 29 anos (82,14%) e o de 40 a 64 anos (80,75%). Nos últimos dois domínios o aspecto emocional no grupo de 22 a 29 anos tem uma média maior (85,71%), os de 30 a 38 anos (80,55%) e os de 40 a 64 anos (72,22) e na saúde mental o grupo de 40 a 64 anos (82,66%), 30 a 38 anos (82,33%) e o de 22 a 29 anos (72,57%). Referências ARAUJO, A.L.; PINHEIRO, I.A, Protocolo de Tratamento Fisioterápico nas Lesões do Ligamento Cruzado Anterior Após Ligamentoplastia – Uma Revisão, mar. 2016 p. 05, Santa Catarina, v.16. Disponível em: <Downloads/DialnetProtocolosDeTratamentoFisioterapicoAposCirurgiaDoL-3969898.pdf > 23/09/2016 ALMEIDA, A.N, Métodos de Avaliação dos Resultados do Tratamento das Lesões do Ligamento Cruzado Anterior, jun. 2013, p. 35. Mestrado (Integrado em Medicina) – Universidade do Porto, Porto, 2012/2013. Disponível em: < https://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/71981/2/93616.pdf> - 06/09/16 ARLIANI, G.G. et al. Correlação entre tempo para o tratamento cirúrgico e mortalidade em pacientes idosos com fratura da extremidade proximal do fêmur. Rev. Bras. Ortop. V. 46,n 2, p. 189-194, 2011.Disponível em: <http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/260_IntervenYYo_fisiot._no_pYsop._de_frat ura_proximal_do_fYmur_em_idosos_rev._de_lit..pdf> - 20/10/16 BECKER, DOLKEN, Fisioterapia em Ortopedia. São Paulo: Santos, 2007. CASTRO, ALVES, Revisão de Aspectos Penitentes a Fisioterapia. 2003. 15 f. Tese (PósGraduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual), Universidade Ávila, Goiânia, Goiás, 2003. Disponível em:< http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/111 Joelho_revisYo_de_aspectos_pertinente s_Y_Fisioterapia.pdf>. 10/06/16 CHRISTOVAM, L. L., MEJIA, D. P.M, Reeducação Proprioceptiva Após Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior. 2000. 14 f. Tese (Pós-Graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual), Universidade Ávila, Goiânia, Goiás, 2000. Disponívelem:<http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/18 ReeducaYYo_propriocep tiva_apYs_reconstruYYo_do_LCA.pdf > 05/11/16 CECONELLI, R.M., Tradução para o Português e Validação do Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida Medical Outcomes Study 36-item Short-Form P á g i n a | 181 Health Survey (SF-36), Rev. Bras. Reumatol.V.39, nº 3, 1999. Disponível em: <http://www.absh.org.br/00.php?nPag=11_005>. 07/09/16 DIONISIO, V. C.; PINI, G. A. Reabilitação do LCA: Uma Revisão da Literatura. São Carlos: Revista Brasileira de Fisioterapia, Vol. 1, n. 02, p. 51-60, 1997. Disponível em: <http://www.rbf-bjpt.org.br/files/v1n2/v1n2a02.pdf> 15/06/16 ELLENBECKER, T. S., Reabilitação dos Ligamentos do Joelho. São Paulo: Manole, 2002. FATARELLI, I. F. C, ALMEIDA, G. 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Disponível em: <http://repositorio.ufpe.br/bitstream/handle/123456789/3070/arquivo5507_1.pdf?sequence=1 &isAllowed=y> 05/06/16 PINHEIRO, A.N. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior: Apresentação Clínica, Diagnóstico e Tratamento, Mar. 2016 p. 329, Viana do Castelo – Portugal, v. 23. Disponível em: < http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpot/v23n4/v23n4a05.pdf > 08/09/2016 ROCHA, I.V. et al., Avaliação da Evolução das Lesões Associada a Lesão do Ligamento Cruzado Anterior, Out. 2006 p. 108, São Paulo, v. 02. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/aob/v15n2/v15n2a10> 06/09/16 SOARES, M.S, Ligamentoplastia do Cruzado Anterior com Enxerto dos Tendões dos Músculos Semitendíneo e Gracilis: Comparação das Técnicas Contrair-Relaxar e Artrocinemática no Desbloqueio Articular. 2005 . 36 f. (Monografia) - Projeto a Vez do Mestre, Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/monopdf/8/MAUR%C3%8DCIO%20DOS%20SANTOS%20SOAR ES.pdf>. 10/08/16 P á g i n a | 182 Sintomas e Tratamento da Hepatite C: Levantamento Bibliográfico Carina Luana Santos da Costa Carolina de Oliveira Nery Priscila de Freitas Lima RESUMO Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a hepatite C é um problema de saúde pública de grandes proporções, com impactos sérios não apenas para o indivíduo acometido, mas também para o sistema de saúde. Reconhecer como é feito o diagnóstico, quais são os sintomas e tratamentos possíveis, assim como seus prognósticos, é de extrema importância para os profissionais da saúde, uma vez que se trata de uma doença crônica altamente prevalente. Especialmente no caso dos farmacêuticos, compreender os protocolos de tratamento para hepatite C, assim como os aspectos farmacológicos dos medicamentos disponíveis, é essencial para a prestação de um serviço de qualidade à comunidade. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi analisar, a partir da literatura científica, a sintomatologia e abordagem farmacoterapêutica adotada para tratamento da hepatite C, via Sistema Único de Saúde. Foi realizado um levantamento a partir de livros, artigos científicos, documentos técnicos do Ministério da Saúde, teses e dissertações. Partiu-se de bases de publicações como Scielo e MEDLINE, e foram incluídos trabalhos em Português e em Inglês. Os dados encontrados apontam que o tratamento atual da hepatite C tem como função erradicar o vírus, com a finalidade de aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente, reduzindo a incidência de complicações da doença hepática crônica (cirrose e carcinoma hepatocelular) e diminuindo a transmissibilidade da doença. No Brasil há a disponibilidade do interferon convencional e da ribavirina. Com a evolução das pesquisas, novos medicamentos com ação antiviral foram incorporados ao tratamento da hepatite C, os quais incluem sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir, que causam menos efeitos colaterais. Conclui-se ser necessário buscar cada vez mais conhecimentos para uma formação coerente que possibilite avanços e orientações claras, de forma a reduzir a ocorrência da hepatite C ao longo dos anos, bem como possibilitar à população maior conscientização para que se atente para cada manifestação da hepatite C. É de extrema importância que os profissionais da saúde sejam capazes de converter as limitações da população em práticas de prevenção. Palavras-chave: Hepatite C, Vírus da Hepatite C, Antivirais. P á g i n a | 183 ABSTRACT According to the Brazilian Society of Hepatology, hepatitis C is a major public health problem of major proportions, with serious impacts not only for the individual affected, but also for the health system. Recognize how the diagnosis is made, what are the symptoms and possible treatments, as well as their prognosis is extremely important for health professionals, since it is a highly prevalent chronic disease. Especially in the case of pharmacists, understanding the treatment protocols for hepatitis C as well as the pharmacological aspects of the drugs available is essential for providing a high quality service to the community. In this context, the aim of this study was to analyze, based on the scientific literature, the symptoms and pharmacotherapeutic approach adopted for the treatment of hepatitis C, via the Brazilian Public Health System (Sistema Único de Saúde – SUS). A literature search was conducted based on books, scientific papers, technical documents from the Brazilian Health Ministry and academic thesis and dissertations. Publication databases such as Scielo and Medline were evaluated, and publications in English and Portuguese were included. The data found suggest that the current treatment for hepatitis c has the purpose to eradicate the virus in order to increase the patient expectancy and quality of life, reducing the incidence of the complications attributed to the chronic liver disease and reducing the transmission. In Brazil the conventional interferon and ribavirin are available. As the researches evolved, new drugs with antiviral action were incorporated into the treatment of hepatitis C, including sofosbuvir, daclatasvir and simeprevir, which has fewer side effects. It can be concluded that it is necessary to search for more knowledge in order to allow a significant progress and to provide clear orientations to reduce the occurrence of hepatitis c, eventually giving to the community a broader understanding towards the clinical manifestations of the hepatitis c. It is extremely important that the health professionals are able to convert limitations into prevention practices. Keywords: Hepatitis C, Hepatitis C Virus, Antiretrovirals. P á g i n a | 184 INTRODUÇÃO A hepatite pode ser definida como uma inflamação do fígado causada por agentes infecciosos ou tóxicos. Isso ocorre, em parte, porque praticamente qualquer agressão ao fígado pode destruir o hepatócito e recrutar células inflamatórias, mas porque também doenças inflamatórias representam condições crônicas de longa duração, conforme dados da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE C, 2014). Entre os distúrbios inflamatórios, a hepatite viral é a mais frequente e as suas formas agudas e crônicas se diferenciam pela duração e pelo padrão da lesão celular. As hepatites virais podem ser classificadas de acordo com o vírus hepatotrópico que as causam (A, B, C, D ou E) (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). A hepatite C é uma doença viral causada pelo Vírus da Hepatite C (VHC), que inflama o fígado sem despertar sintomas, fazendo com que muitas pessoas desconheçam que têm hepatite C, às vezes descobrindo a doença quando vai doar sangue ou realizar exames de rotina, ou quando a doença do fígado já se encontra em estágio muito avançado, algumas décadas depois da contaminação (FERRARINI, 2014). A transmissão da hepatite C ocorre através do contato com sangue contaminado, em casos de transfusão de sangue, ou de acidentes com material contaminado, entre profissionais da saúde, ou ainda quando se compartilha instrumentos para injetar drogas. No caso de mãe para filho é rara a transmissão dessa doença, com cerca de 5% de chance de acontecer, ocorrendo no momento do parto. Em relação à transmissão por contato sexual, esta ainda não foi totalmente comprovada em estudos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) (VARALDO, 2003). A hepatite C apresenta-se em duas formas clínicas: a aguda e a crônica, sendo a forma crônica a mais comum, pois, devido a doença ser assintomática em sua primeira fase, grande parte das pessoas se encontra infectada com o vírus. Porém, conforme a doença for avançando e infeccionando ainda mais o fígado, podem ocorrer os seguintes sintomas: dor e inchaço abdominais; sangramento no esôfago ou estômago; coceira; icterícia; urina escura; perda de apetite; náusea (FERRARINI, 2014). A pessoa que contrai o VHC está apta a desenvolver cirrose, insuficiência hepática ou carcinoma hepatocelular. A hepatite C é responsável por 70% das hepatites crônicas, 40% dos casos de cirrose e 60% dos carcinomas hepatocelulares, se apresentando com a primeira causa de transplante de fígado em todo o mundo (COSTA, 2016, p. 1). A hepatite C apresenta elevada taxa de cronicidade, com uma gradativa evolução e se caracterizando por uma doença de grande potencial fatal, participando como a doença de maior P á g i n a | 185 número de óbitos entre todos os tipos de hepatite (FOCACCIA, 2007 apud RODRIGUES NETO et al., 2012). A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), estima que há no mundo em média 400 milhões de pessoas infectadas pelo VHC, esse número acredita-se que é 10 vezes maior que o de pessoas contaminadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) (HEPATITE..., 2016). O Sistema Único de Saúde (SUS) tratou 15.821 de casos de hepatite C no ano de 2015 no Brasil e já fez o cadastro de 11 mil pessoas como potenciais pacientes do tratamento, de acordo com os critérios de classificação estabelecidos pela OMS (BRASIL, 2015B). O tratamento de hepatite C deve ser iniciado em pacientes com nível sérico elevado de alanina aminotransferase (ALT) e com evidência de atividade inflamatória no exame de biópsia hepática. O principal medicamento usado para a hepatite C é o interferon (IFN) alfa, mais conhecido como IFN convencional, ele tem o potencial de inibir a carga viral após 48 horas de tratamento (BRASIL, 2014B). De acordo com Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), além do IFN existem outros medicamentos usados para o tratamento da hepatite C, tais como alfaepoetina, alfainterferona 2b, alfapeginterona 2a, alfapeginterferona 2b, boceprevir, filgrastim, ribavirina e telaprevir (BRASIL, 2014A). OBJETIVO O presente estudo tem o objetivo de analisar criticamente a sintomatologia e abordagem farmacoterapêutica adotada para tratamento da hepatite C, via SUS. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa qualitativa (levantamento bibliográfico) a partir de livros, artigos científicos e técnicos do Ministério da Saúde, assim como teses e dissertações. Partiuse de bases de dados como Scielo e MEDLINE, e foram incluídos trabalhos em Português e em Inglês. DESENVOLVIMENTO A palavra hepatite significa inflamação no fígado e existem vários tipos de hepatite, como as não virais, causadas por agentes tóxicos, como substâncias químicas ou drogas, álcool, medicamentos ou alguma anormalidade no sistema biológico, e que não são contagiosas. As hepatites virais se classificam por letra do alfabeto; as hepatite A, B e C são consideradas as P á g i n a | 186 mais preocupantes para a população em geral, e as hepatites D, G e TT são potencialmente relevantes especialmente para gestantes, pois podem causar aborto (ADOTE, 2014). No mundo todo a hepatite C leva à morte cerca de 350 mil a 700 mil pessoas anualmente. No Brasil, o SUS já confirmou 120 mil casos, dentre os quais 100 mil foram tratados. Porém, anualmente surgem aproximadamente 10 mil novos casos (BRASIL, 2015A). Existem vários veículos de contaminação da hepatite C, dentre eles destacam-se os seguintes: a via parental (transfusão de sangue ou de seus derivados); transmissão sexual; aleitamento materno; parto; secreção vaginal; contaminação em ambiente hospitalar (incluindo risco associado diretamente aos profissionais da saúde) (ADOTE C, 2014). O vírus que causa a hepatite C tem Ácido Ribonucleico (RNA) como seu material genético, distinto dos vírus causadores dos demais tipos de hepatites. O VHC se hospeda em uma célula do fígado e, da mesma forma que os demais vírus, toma emprestadas as estruturas que produzem proteínas das células normais, em razão de que sozinho é incapaz de produzir proteínas virais em grande quantidade (VARALDO, 2003). Este vírus apresenta variações, dentre as quais 6 são as mais importantes (1 a 6) e ainda se subdividem em mais de 50 subtipos (1a, 1b, 2a e outros). O RNA desses genótipos chega a apresentar 30 a 50% de diferença, e subdividi-los é importante em razão de que cada subtipo apresenta peculiaridades em relação à agressividade e resposta ao tratamento. Por exemplo, os genótipos 1 e 4 são mais resistentes ao tratamento com IFN, enquanto que os genótipos 2 e 3 apresentam melhores respostas. Por outro lado, estas variações confundem o sistema imunológico e tornam muito mais difícil a produção de vacinas, além de outras complicações (GONÇALVES JORGE, 2003). Granato e Alberto (2008) analisaram, no ano de 2008, a distribuição da variação dos genótipos do VHC na população brasileira a partir de 233 amostras consecutivas de pacientes infectados por esse vírus. Os resultados mostraram a seguinte prevalência dos principais genótipos do VHC: 1b - 45,6%; 3a - 32,5%; 1a - 15,8%; outros subtipos - 6,1%. Conforme Gonçalves Jorge (2003), o vírus C se apresenta em maior quantidade no sangue infectado do que o vírus B na hepatite B e o sangue infectado com o vírus C não apresenta antígenos da hepatite B. Considera-se que na hepatite C, da mesma forma que na hepatite B, o sistema imunológico do próprio hospedeiro seja o principal mecanismo de destruição de células do fígado, embora também seja provável que ocorra destruição direta pelo vírus. É grande o impacto da hepatite C na saúde pública do Brasil e do mundo, pois essa doença pode levar o paciente a ocorrência de fibrose hepática, cirrose e carcinoma P á g i n a | 187 hepatocelular, podendo ainda alcançar fases tão avançadas, ocasionando o óbito (LAGE, 2011; RODRIGUES NETO et al., 2012; BRASIL, 2015A; COSTA, 2016). Conforme estimativas do Ministério da Saúde, a infecção causada pelo VHC ocorre em todos os continentes, e cerca de 170 milhões de indivíduos se encontram ou já se encontraram infectados. Nos países mais desenvolvidos o transplante hepático é o procedimento mais indicado para casos de cirrose por VHC (CORRÊA, 2004). Por isso é de grande importância que sejam esclarecidos à população, através de campanhas educativas governamentais, os agentes que causam a hepatite C, bem como as características da doença, de forma a proporcionar maior conhecimento e reduzir os casos da evolução da doença e dos óbitos, podendo aumentar a qualidade de vida dos portadores (FERREIRA; SILVEIRA, 2004; CORREA, 2004; BRASIL, 2008; RODRIGUES NETO et al., 2016). Quando alguns cuidados passaram a ser tomados, como a triagem realizada em pessoas que vão doar sangue, foram reduzidos os casos de infecção por via parenteral. Por isso são importantes campanhas educativas nesse sentido (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). Ainda, dentre as medidas preventivas destacam-se muito cuidado no manuseamento de objetos que possam conter sangue, como seringas de injetar drogas lícitas e ilícitas, aparelhos de barbear, tesouras, alicates de unhas e cutículas, escovas de dente, entre outros, os quais nunca devem ser compartilhados (GONÇALVES JORGE, 2003; BRASIL, 2008). Existem aproximadamente cerca de 10 a 30% de pessoas que tem o HIV e também estão coinfectados com o VHC, esse dado ainda é maior quando se trata de pessoas que fazem o uso de drogas injetáveis, que chega a 75%. Pessoas infectadas com esses dois vírus tem um risco maior de progressão para cirrose, insuficiência hepática e câncer, piorando o prognóstico em razão da maior morbidade e mortalidade. (BRASIL, 2015B). Quanto ao diagnóstico da hepatite C, este normalmente é realizado quando a doença já se encontra em sua fase crônica, por ser assintomática no início. Porém, quando os sintomas, depois de alguns anos, começam a evoluir, o diagnóstico específico ocorre após teste sorológico de rotina, por meio do exame chamado Anti-VHC, o qual indica exposição ao vírus, mas não distingue doença ativa e contato anterior com o vírus e o reagente por mais de seis meses, e HCV-RNA detectável (positivo), ou seja, marcador direto da infecção ativa por VHC (BRASIL, 2011). P á g i n a | 188 RESULTADOS E DISCUSSÃO Claramente, a saúde no Brasil enfrenta muitos desafios, especialmente no que se refere ao tratamento de doenças transmissíveis, como é o caso da hepatite C, o que exige muito mais responsabilidade e atitude por parte das autoridades no sentido de prevenir, controlar e curar a doença (COSTA, 2016). A hepatite C é uma doença que não apresenta sintomas em seu estágio inicial, podendo ser descoberta em casos de doação de sangue ou algum exame específico, podendo já se encontrar em fase bem avançada de inflamação, muitas vezes irreversível, tendo como único recurso disponível o transplante de fígado. É gradativa a evolução desta doença, em grande parte dos casos, durando até décadas, enquanto que em outros casos pode ser tão rápida que leva o portador à óbito, uma vez que já existe o comprometimento total do fígado (BRASIL, 2008). Caso a hepatite C não seja tratada quando descoberta, pode levar a uma cirrose hepática em 20 ou 30 anos, desde o início da infecção, e também para o câncer de fígado dentro de 6 a 10 anos (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004). Reconhece-se que, em geral, a hepatite C evolui da seguinte maneira: exposição € infecção € recuperação ou cronicidade € fibrose progressiva do fígado € cirrose e/ou carcinoma hepatocelular € morte por doenças do fígado ou transplante (MARCELIN, 1999; DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004; THOMSON; FINCH, 2005; BRASIL, 2008). Isto ocorre porque o fígado tenta reparar as suas células agredidas e tem capacidade para fazê-lo. Contudo, quando esta agressão se torna constante, perdurando por um longo período, esse processo de reparação acaba por substituir o tecido das células hepáticas com o tecido cicatricial, o qual impede que as células hepáticas executem suas funções. Desta forma, quando o fígado é constantemente agredido, pode ser cicatrizado em suas áreas significativas, processo este que recebe a denominação de cirrose (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004). O objetivo do tratamento da hepatite C é a erradicação do vírus com a finalidade de aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente, reduzindo a incidência de complicações da doença hepática crônica e diminuindo as chances de transmissão do VHC. O tratamento pretende evitar os desfechos primários da progressão da infecção, como cirrose, carcinoma hepatocelular e óbito (THE EUROPEAN ASSOCIATION FOR THE STUDY OF THE LIVER, 2015 apud BRASIL, 2015B, p. 19). O tratamento das formas crônicas de hepatite C se baseava na combinação de IFN ou interferon peguilado (PEG-IFN) com ribavirina, aplicados durante um período de 48 a 72 semanas, conforme o genótipo diagnosticado. O PEG-IFN tem uma molécula de P á g i n a | 189 polietilenoglicol que se junta à molécula do interferon, assim o tornando maior e com mais dificuldade em ser metabolizado, permanecendo mais tempo na corrente sanguínea (PARANÁ et al., 2009). No Brasil há a disponibilidade do IFN convencional e da ribavirina, produzidos no país, bem como o PEG-IFN alfa produzido por diferentes companhias farmacêuticas (SHEPHERD et al., 2004 apud GARCIA et al., 2012). Em relação ao mecanismo de ação, sabe-se que assim que o IFN se liga à molécula receptora na superfície da célula específica, a célula recebe a mensagem para produzir proteínas antivirais. Esse processo leva à produção de 24 proteínas que acabam por inibir a penetração do vírus. Possivelmente há outros mecanismos que contribuem para o efeito terapêutico final do fármaco. Já o mecanismo de ação da ribavirina não está completamente claro, mas supostamente está relacionando com a alteração dos reservatórios de nucleotídeos celulares, o que inibe a síntese do RNA mensageiro viral (ACOSTA; FLEXNER, 2012). A partir do ano de 2015, o Brasil passou a importar outros medicamentos para tratar a hepatite C via SUS, como o daclatasvir, simeprevir ou sofosbuvir, indicados para pacientes cujos exames mostrem resultados de fibrose hepática avançada (THE EUROPEAN ASSOCIATION FOR THE STUDY OF THE LIVER, 2015 apud BRASIL, 2015A). Estes novos tratamentos correspondem a uma taxa de cura de 90%, com duração do tratamento de 12 a 24 semanas, sendo administrados por via oral. Antes deste novo tratamento, a cura da hepatite C era por meio de um composto do medicamento IFN, cuja taxa de cura era de cerca de 50%, com duração de tratamento de 48 a 52 semanas e administração por via oral e injeção subcutânea (BRASIL, 2015B). A medicina tem avançado muito, especialmente na assistência à hepatite C, no sentido de segurança, posologia, custo, abrangência de pacientes tratados e efetividade dos fármacos disponibilizados. Diante disso, o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções (BRASIL, 2015B), optou por cessar o uso de medicamentos de ação direta de primeira geração, como o boceprevir e telaprevir, ressaltando a garantia do tratamento com esses medicamentos aos pacientes com Protocolo prévio, porém, adicionando ao arsenal terapêutico do SUS os três referidos medicamentos: o sofosbuvir, que consiste em um semelhante nucleotídeo inibidor da polimerase do VHC; o simeprevir, que inibe a protease de segunda geração e o daclatasvir, que inibe a NS5A. O genoma do VHC codifica uma única poliproteína precursora que depois de processada dá origem a dez proteínas virais, sendo a NS5A uma dessas proteínas virais não estruturais, associada com a resposta ao tratamento baseado em IFN (OLIVA, 2012). P á g i n a | 190 A atuação desses novos medicamentos é direta no VHC, de modo a impedir que ele se replique. Constituem o que há de mais avançado, atualmente, no tratamento da hepatite C crônica (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; THE EUROPEAN ASSOCIATION FOR THE STUDY OF THE LIVER, 2015 apud BRASIL, 2015B). O tratamento com IFN apresenta muitos efeitos colaterais, que incluem cefaleia, dores musculares, febre, perda de apetite, cansaço, depressão, perda de peso, além da diminuição dos glóbulos brancos, plaquetas e anemia, e somente 40 a 50% dos pacientes apresentam a não detecção do vírus em 12 semanas após o término do tratamento (BRASIL, 2015B). De acordo com o discutido por Oliva (2012), o sofosbuvir, que entra na lista dos novos medicamentos para VHC preconizados pelo SUS, é melhor tolerado. Ele associado com o IFN e a ribavirina apresentaram taxa de cura entre 80 a 98%, além de reduzir o tempo de tratamento para 1 semana. Sofosbuvir e ribavirina sem o IFN apresentaram respostas de 64 a 100%. O simeprevir deve ser combinado com o IFN e a ribavirina, apresentando assim taxas de cura entre 68% e 86%, mas os efeitos colaterais foram parecidos com os do IFN e ribavirina. A hepatite C atinge proporções quase que epidêmicas no Brasil, acometendo cerca de 2 milhões de brasileiros, sendo que somente 25% possuem conhecimento de que são portadores do VHC e menos de 5% já foram favorecidos com a cura. Esse elevado número de portadores se reflete em muitas vidas perdidas e custos muito altos de assistência médica e, se nada for feito, até o ano de 2030 serão mais de 95% dos casos de carcinoma hepatocelular e de cirrose relacionados à hepatite C, gerando maior necessidade de transplantes de fígado e resultando em maior número de óbitos (WESSLER, 2009; RODRIGUES NETO et al., 2012). Estima-se que com a nova terapia abraçada pelo SUS (sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir), mais de 80% da população infectada será tratada (BRASIL, 2015A). Além dos medicamentos, o SUS também incorporou um novo exame, o qual avalia o quanto o fígado do paciente está danificado com hepatite C. É o exame Elastografia Hepática Ultrassônica, que tornará bem mais fácil diagnosticar os portadores que usarão os novos medicamentos. Esses avanços mostram que a meta é oferecer, a cada dia, melhor assistência aos portadores de hepatite C (BRASIL, 2015B). Como políticas públicas voltadas para o tratamento da hepatite C no Brasil, existe um esforço muito grande nesse sentido, principalmente a partir dos novos medicamentos. Existe um acordo realizado entre a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e o consórcio BMK, integrado pelas empresas Blanver Farmoquímica, Microbiológica Química e Farmacêutica e Karin Bruning, para a produção do medicamento sofosbuvir no Brasil, a um preço bem acessível, para P á g i n a | 191 tratar a hepatite C, o qual será distribuído no SUS, além de outros medicamentos antivirais (GANDRA, 2016). Segundo o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), AIDS e Hepatites Virais, o tratamento da hepatite c em pacientes com HIV é ainda mais complicado, pois o sistema imunológico está mais sensível, ou seja, não é raro que haja má resposta ao tratamento, comprometendo o processo de adesão e agravando os efeitos colaterais. Isso pode levar a uma evolução mais rápida para a cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. Pacientes com o HIV e VHC têm grandes chances de ter toxicidade hepática causada pela combinação dos vários antivirais utilizados para tratar ambas as condições (SILVA; BARONE, 2004). CONCLUSÕES O objetivo do presente trabalho foi analisar criticamente a sintomatologia e abordagem farmacoterapêutica adotada para tratamento da hepatite C via SUS. Pode-se afirmar que esse objetivo foi alcançado, uma vez que se conheceu um pouco mais a respeito da hepatite C, uma disfunção causada no fígado pelos efeitos diretos e indiretos do VHC. A hepatite C pode ser contraída por sangue infectado, em transfusão de sangue, uso coletivo de instrumentos perfurocortantes, como seringas, aparelhos de barbear e alicates de cutículas. As consequências desta doença podem ser complicadas, podendo levar a uma cirrose, câncer de fígado e óbito. Conheceu-se também, por meio da literatura pesquisada, que novos medicamentos foram incorporados ao SUS para o tratamento da hepatite C. São eles: o sofosbuvir, o daclatasvir e o simeprevir, com os quais cerca de 30 mil tratamentos poderão ser realizados, considerando que, com o tratamento anterior, de IFN associado a outros fármacos, 15.821 pessoas já haviam sido tratadas no ano de 2015. Este foi, sem dúvida, um grande avanço no tratamento da hepatite C, pois representa uma grande mudança de paradigmas, em razão de que o Brasil consegue sair de um esquema de tratamento já avançado, constituído pelo IFN e ribavirina e caminhar para um novo tratamento, agora oral, com uma excepcional tolerância e de grande eficácia. A realização desse trabalho foi muito construtiva, pelos conhecimentos que proporcionou. Porém, é um assunto que deve ser mais estudado, em razão de se tratar de um problema de saúde pública, ficando aqui a sugestão para que novos estudos sejam feitos no sentido de verificar a real eficácia dos novos tratamentos conforme eles forem sendo cada vez mais utilizados pela população brasileira. P á g i n a | 192 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOSTA, E.P.; FLEXNER, C. Agentes Antivirais (não retrovirais).In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As Bases Farmacológicas da Terapeutica de Goodman e Gilman, São Paulo, 12º Ed.,2012. p.1593-1622. 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A osteoartrose se subdivide em primária, que pode ser devido a fatores hereditários, fatores genéticos e hormonais, já na secundária pode estar associado a traumas, fraturas e doenças inflamatórias, acometendo 80% dos indivíduos com idade acima de 70 anos. Sua característica é dor na região com um aumento nas atividades do dia a dia e diminuição dessa dor no repouso, rigidez que acomete no início do dia e melhora com a movimentação da articulação, perda de força e de amplitude de movimento. A fisioterapia propõe um tratamento voltado na função sintomatológica apresentada pelo paciente, usando aparelhos para diminuir a dor, promover condicionamento físico, respostas rápidas a exercícios de baixa intensidade, visando sempre devolver a autonomia e a independência do paciente para que ele volte às rotinas do seu dia a dia sem dor, sem complicações e com qualidade de vida. Palavras-chave: Osteoartrose. Fisioterapia. Exercícios. Abstract Osteoarthritis is a degenerative disease characterized by destruction of articular cartilage and subchondral bone, this destruction is caused link imbalance between the request resistance of the cartilaginous tissue. M reaches average about 16% of the population and can be considered a rheumatic disease. Osteoarthritis is divided into primary that may be due to hereditary factors, genetic and hormonal factors, as in the secondary may be associated with trauma, fractures, inflammatory diseases, affecting 80% of individuals over the age of 70 years. Its characteristic is pain in the region with an increase in day-to-day and decrease that pain at rest, rigidity that occurs at the beginning of the day and improves with movement of the joint, loss of strength and range of motion. Physical therapy offers a focused treatment in the clinical function presented by the patient, using devices to reduce pain, promote physical fitness, quick responses to low-intensity exercise, always seeking to return the autonomy and independence of the patient so that he comes back to routines their day to day without pain, without complications and with quality of life. Keywords: Osteoarthritis. Physiotherapy. Exercises.12 1 2 Graduando do curso de Fisioterapia pela Faculdade de Taquaritinga FTGA. [email protected] Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade de Taquaritinga FTGA, Fisioterapeuta – Fisioclinica S/S LTDA, Fisioterapeuta concursado e responsável na Unidade Básica de Saúde em Cândido Rodrigues. Especialização em P á g i n a | 196 Fisioterapia ortopédica e Traumatológica, especialização em R.P.G, mestrado em Engenharia de Produção. P á g i n a | 197 Introdução A osteoartrose (OA) é definida por consequentes alterações bioquímicas, moleculares e histológicas que ocorrem na cartilagem articular e no osso subcondral, ocasionando uma falha dos condrócitos em sintetizar a matriz extracelular. No início, trata-se de uma degeneração não-inflamatória levando a formação de osso subcondral na superfície articular e nas margens articulares. (REBELATO; MORELLI, 2007, p. 282) A osteoartrose de quadril vem ao longo dos anos, sendo um problema crescente na região do ocidente e sua principal causa é a mobilidade e inabilidade principalmente entre pessoas idosas. Além da dor e do seu desconforto, a osteoartrose tem conseqüências econômicas muito importantes. (DANI; AZEVEDO, 2006, p. 38). A osteoartrose é uma doença que se caracteriza pela degeneração progressiva da cartilagem e conseqüentemente sua destruição, devido ao desequilíbrio entre a solicitação e resistência do tecido cartilaginoso, assim podendo progredir até a incapacidade física do paciente. (BECKER; DOLKEN, 2008, p. 366). Pressupõe que o conceito característico de doença degenerativa consiste de uma anormalidade na cartilagem hialina que determina sua sintomatologia de intensidade variável e possível comprometimento da função do quadril. (SILVA, 2008, p. 01). Pode ser primário na cartilagem articular o processo degenerativo ou degradativo, podendo ser secundário com diferentes causas, sendo elas: Doença hereditária, doença endócrinas, desarranjos articulares e doenças inflamatórias. (SILVA, 2008, p. 01). É caracterizado as alterações profundas na superfície articular na degeneração cartilaginosa. Fissuras, fibrilações e erosão são eventos que podem de certa forma estar presente. Devido a essas mudanças, ocorrem alterações na atividade biossintética dos condrócitos e na sua composição bioquímica. (DANI; AZEVEDO, 2006, p. 38). P á g i n a | 198 Osteoartrose de Quadril De caráter degenerativo a osteoartrose de quadril é composta pela degeneração da cartilagem articular. Com a idade e o peso como fatores agravantes dessa patologia que acomete ambos os sexos. (WIBELINGER, 2009 p. 62). Também conhecida como coxoartrose é uma das formas que causam mais dores e incapacidades para os pacientes. Com três padrões de acometimento sendo eles; súpero-lateral que é o mais comum, o médio e o axial. É variável a localização da dor, sendo ela na região glútea, inguinal, face anterior da coxa e no joelho, com redução da amplitude de movimento e rigidez articular no quadril. (SILVA, 2008 p. 05). A osteoartrose de quadril pode ser definida e caracterizada como dor localizada na região da articulação, que aumenta na atividade física e alivia no repouso, rigidez articular principalmente de manhã, formação de edemas e deformidades, instabilidade articular e insegurança, limitação funcional, perda de força muscular e perda de amplitude de movimento. (DE ROSIS; MASSABKI; KAIRALLA, 2010 p. 102). Pode ser considerada como doença reumática que está associada à idade, atingindo cerca de 16% da população brasileira. (MIOTTO et al, 2013 p. 03). Na articulação, primeiramente se observa um comprometimento da abdução do quadril antes do acometimento da flexão e rotação do quadril. Com o passar do tempo, o movimento mais acometido se torna a rotação interna, e que pode ser notado crepitações audíveis em alguns casos. A atrofia muscular da coxa e dos glúteos pode ser observada e ainda sendo possível detectar o sinal de Trendelenburg que é fraqueza do glúteo médio. No decorrer da doença, se observa o encurtamento do membro acometido, compensações na articulação e na marcha e perda de equilíbrio. (SILVA, 2008 p. 05). As deformidades que ocorrem na articulação do quadril são devidas de processos inflamatórios como a necrose asséptica, tumores e fraturas, sendo essas afecções possíveis causadoras de artrose da articulação. (BECKER; DOLKEN, 2008, p. 430). Sua etiologia não é muito bem conhecida, mas podem estar relacionados com micro traumas repetitivos cargas excessivas na mesma articulação em suas atividades diárias, e também aos fatores hereditários, metabólicos e endócrinos, que pode causar a participação do estrógeno em desordem no corpo. (MARQUES et al, 1998 p. 84). Existem na osteoartrose de quadril fatores de risco que possam contribuir para seu aparecimento ou agravamento, sendo eles; a obesidade, excesso de esforço articular, lesões periarticulares e riscos ocupacionais. (MARX et al, 2006 p. 254). P á g i n a | 199 Osteoartrose primária é considerada como causa desconhecida, os fatores hereditários podem estar relacionados juntos com fatores genéticos e hormonais, principalmente em mulheres perto ou no período da menopausa. (WIBELINGER, 2009 p. 62). Ocorre também uma predisposição genética denominada poligênica, e também a fatores ambientais. Essa mutação ocorre no procolágeno tipo II responsável pelo colágeno tipo II. (SILVA, 2008 p. 22). Pode também estar relacionados com a osteoartrose, de quadril fatores nutricionais como agentes antioxidantes que são os condroprotetores, e pode se notar em pacientes cuja quantidade de vitamina D é extremamente baixa. Esse paciente com vitamina D abaixo do normal tem três vezes mais chances de adquirir a doença. (SILVA, 2008 p. 22). Já a secundária estão relacionadas a traumas, fraturas, doenças inflamatórias, hematológicas e outras. Acomete 80% dos indivíduos acima de 70 anos, esses indivíduos já começam a sentir e apresentar os primeiros sintomas. (WIBELINGER, 2009 p. 62). Pode estar relacionada com necrose avascular, atrite séptica, artrite reumatóide e artropatia. (REBELATO; MORELLI, 2007, p. 282) Mas a sua principal ocorrência da doença é a mecânica, que ocorre devido a micro traumatismos constante na articulação causando o desgaste precoce da superfície cartilaginosa, com isso acontece um processo de degeneração alterando a estabilidade e autonomia da articulação lesada. (WIBELINGER, 2009 p. 62). A dor é o sintoma principal na osteoartrose, ela aparece com mais freqüência na evolução da patologia aparecendo quando se usa pouco a articulação ou até mesmo em seu repouso. (WIBELINGER, 2009 p. 62). Essa dor com o decorrer do tempo e da evolução se divide em três estágios, sendo eles; estágio I, quando a dor se manifesta de manhã e desaparece aos poucos quando se movimenta a articulação, o paciente relata dor no período do dia ou quando a articulação fica parada na mesma posição por um tempo; estágio II, a dor se agrava e o trajeto sem dor diminui e nesse momento se instala os mecanismos de claudicação, tornando mais difícil ao paciente as mudanças de posição como levantar e sentar, o paciente se torna incapaz de ficar de pé por muito tempo; estágio III, nessa fase não ocorre intervalos sem dor, elas se manifestam inclusive em repouso, fazendo o paciente trocar várias vezes de posição. (BECKER; DOLKEN, 2008, p. 430). Por ser uma doença que causa incapacidade ao paciente, a osteoartrose gera um grande impacto econômico. Os pacientes apresentam cerca de 30% a 40% da procura por P á g i n a | 200 assistência. Ela causa incapacidade laborativa em 15% da população adulta do Brasil e no mundo, e representa 7,5% de afastamentos pela previdência social. (REBELATO; MORELLI, 2007, p. 283). Após os 35 anos, 50% das pessoas poderão apresentar alterações articulares degenerativas que se diz respeito à osteoartrose. (REBELATO; MORELLI, 2007, p. 283). Sua prevalência aumenta com a idade do paciente, não observa aos 40 anos de idade e é mais freqüente após os 60 e 75 anos. Desses resultados, 85% apresentam evidencias radiográficas da enfermidade. (REBELATO; MORELLI, 2007, p. 282). Fisioterapia na Osteoartrose de Quadril O fisioterapeuta tem um papel importante na diminuição do impacto dos sintomas na vida do paciente, usando abordagens terapêuticas para melhorar a capacidade funcional e ajudar na manutenção da sua qualidade de vida. (BERLATO; TOKUMOTO; OLIVEIRA, 2009 p.18). O diagnóstico realizado pelo fisioterapeuta em doenças reumatológicas tem suas especialidades, e é muito importante que o profissional fisioterapeuta tenha em mãos o diagnostico médico, para depois elaborar um diagnostico funcional do paciente, identificando as disfunções na anamnese, e assim identificar o quadro clinico do paciente. O diagnóstico cinesiológico funcional possibilita um melhor prognostico do paciente. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, 2009 p.04). Cinesioterapia A mobilização da articulação afetada é muito importante para realização de movimento ideal sem dor, mantendo a extensibilidade da articulação ou aumentando se estiver com restrições periarticulares. (AMARAL; CERDEIRA; VIDOTTO, 2009 p.05). A mobilização proporciona a circulação do fluido sinovial, nutrindo as superfícies articulares, diminuindo a dor na articulação devido à estimulação dos receptores articulares. Para os pacientes com osteoartrose, a mobilização é muito importante, pois o paciente apresenta diminuição da amplitude de movimento, com isso, causa encurtamentos, contraturas em músculos e estreitamentos capsulares ocasionando em uma dificuldade no movimento. (AMARAL; CERDEIRA; VIDOTTO, 2009 p.05). P á g i n a | 201 Além da mobilização o alongamento aumenta a mobilidade dos tecidos moles e conseqüentemente ocorre uma melhora da amplitude da articulação. Estruturas que estão encurtadas se tornam hipomóveis com o tempo, causada pela imobilização prolongada e traumas dos tecidos que pode resultar em inflamação e dor. O alongamento nos casos de inflamação deve ser controlado, pois ocorre uma diminuição de força tênsil do músculo em 50%. Os alongamentos são realizados nos isquiostibiais, tríceps sural, piriforme, glúteos, quadrado lombar, paravertebrais, quadríceps, iliopsoas, adutores e abdutores do membro inferior. (AMARAL; CERDEIRA; VIDOTTO, 2009 p.05). Ocorre na osteoartrose a diminuição da força muscular e a endurance, e com isso ocorre diminuição da capacidade funcional e da capacidade aeróbica. Estudos apontam que os exercícios físicos melhoram e mantém a mobilidade, força e a funcionalidade do músculo ou estruturas musculares, pois aumentam a densidade óssea, diminuem a dor e melhoram a biomecânica da estrutura afetada. (MARQUES; KONDO, 1998 p. 85). Um dos principais recursos da fisioterapia é o exercício físico e é muito utilizado para restaurar e recuperar a força muscular. (OLIVEIRA, et al, 2008 p.02). No começo do tratamento usando a cinesioterapia recomenda-se realizar exercícios isométricos, pois são toleráveis para o paciente que esta com receio de dor e inflamação, e porque são de mínima probabilidade de causar alguma inflamação, e se forem feitos em ângulos articulares causam menos dor. (AMARAL; CERDEIRA; VIDOTTO, 2009 p.05). “O impacto dos exercícios é avaliado principalmente nos aspectos de dor e função.” (RICCI; COIMBRA, 2006 p. 04). Após os exercícios isométricos são implantado os exercícios isotônicos, se a inflamação e a dor estiverem controladas. Os exercícios isotônicos são exercícios superiores aos isométricos e aumentam o ganho de força muscular, endurance, capacidade aeróbica e habilidades funcionais. (MARQUES; KONDO, 1998 p. 85). Os objetivos nessa fase são traçados para reduzir o quadro álgico, melhorar a mobilidade, diminuir o edema, ganhar amplitude articular, força e resistência muscular, estimulação da propriocepção e consciência corporal e evitar enfermidades. (AMARAL; CERDEIRA; VIDOTTO, 2009 p.05). Acupuntura A agulha é colocada nos pontos chamados de Qi, causando dormência ou formigamento. A acupuntura na osteoartrose de quadril obteve um bom resultado melhorando P á g i n a | 202 a dor em 8 semanas de aplicação, classificando 4 pontos em uma escala de 0 a 20. (MANHEIMER, et al, 2010 p. 02). A analgesia através da acupuntura mostrou melhora em curto prazo da dor do quadril. A função física em oito semanas foi satisfatória com o uso das agulhas, em 26 semanas o resultado foi ainda melhor, ocasionando em uma melhora significativa da dor e na função do quadril. (MANHEIMER, et al, 2010 p. 02). A acupuntura na osteoartrose reduz o uso de analgésicos no tratamento, diminuindo a dor e com um programa fisioterápico associado, ajuda na melhora e recuperação do paciente. (RICCI; COIMBRA, 2006 p. 04). Método Bad Ragaz As propriedades físicas da água proporcionam um meio excelente para exercícios. A água possui a flutuação, viscosidade, densidade relativa, pressão hidrostática, tensão superficial, calor especifico e refração. (ROCHA, 2010 p. 29). A temperatura da água fica em torno de 33º a 36º, essa temperatura aumenta a densidade do colágeno, diminui espasmos musculares, alivia a dor, diminui a rigidez muscular, aumenta a circulação sanguínea, facilita a diminuição dos processos inflamatórios, edema e exsudatos, relaxando e provocando várias sensações benéficas para a articulação e o corpo. (OLIVEIRA; SOUSA, 2009 p. 05). Com a água aquecida, o quadril tem uma melhor mobilidade, proporcionando a diminuição do quadro álgico e espasmos. A água proporciona uma resistência dinâmica fazendo com que os exercícios de fortalecimento de grandes grupos musculares e o treino de marcha sejam eficazes para evolução no tratamento de osteoartrose de quadril. (ROCHA, 2010 p. 33). Vários autores relatam que a água transfere ou retém calor devido a um mecanismo de condução. O terapeuta se posiciona para proporcionar sustentação para o paciente, desse modo, possibilita que o terapeuta oriente e com isso aumente a amplitude de movimento durante o exercício. (OLIVEIRA; SOUSA, 2009 p. 05). O terapeuta usa o método de Bad Ragaz para o tratamento das perdas de força muscular, ajuda o paciente a realizar movimentos eficazes, fortalecendo a estrutura do quadril e coluna lombar. O terapeuta fica fixo em um ponto e trabalha ao redor do paciente de forma isométrica, usando as bóias nas posições de supino, bruços e de lado, movimento em cadeia fechada, movimentos retos e diagonais. (OLIVEIRA; SOUSA, 2009 p. 05). P á g i n a | 203 Kinesio Taping A utilização da bandagem proporciona inúmeros benefícios como; melhora da propriocepção, realinhamento de tecido facial devido à normalização da tensão muscular, aumento do espaço intersticial, melhora da circulação sanguínea e linfática, correção da função muscular melhorando a amplitude de movimento e diminuição da dor. (FREITAS apud KASE, 2016 p. 03). A aplicação da bandagem vai depender do tipo de tratamento ou estrutura muscular está envolvida, coloca-se a partir da inserção até a origem do músculo, para inibir a ação do músculo, já para músculos fracos, aplica-se da origem muscular até a inserção, isso faz com que aumente a contração e ativação do músculo. (FREITAS; MARCHETTI, 2016 p. 03). Quando aplicado a bandagem no glúteo máximo, quadríceps e tensor da fascia lata, obteve um aumento da contração muscular e da força dos músculos, ajudando na recuperação da musculatura em torno do quadril. (FREITAS; MARCHETTI, 2016 p. 04). O uso da bandagem elástica afeta o desempenho da força e atividade muscular, dá estabilidade para articulação, ajuda no equilíbrio e descarga de peso. Ela sozinha não faz todo o tratamento, mas pode ser associada com os demais tratamentos proposto pela fisioterapia para obter uma resposta mais rápida e eficiente. (FREITAS; MARCHETTI, 2016 p. 04). Ambiente Virtual Criando um ambiente virtual, pode-se estimular a execução de movimentos de flexão do quadril, com o joelho fletido no plano frontal, eixo transverso com rotação interna e externa de quadril. (SCHAFFER; SILVA, 2014 p. 941). O aparelho usado para esse ambiente é o Kinect, que faz a captura de imagens em três fluxos de dados, a imagem colorida, a tridimensional e o som, esses fluxos permitem que o sistema detecte o corpo humano e outros objetos. Esse sistema é ajustado automaticamente para o paciente sendo à distância do objeto virtual em relação ao quadril e a mesma entre joelho e quadril. (SCHAFFER; SILVA, 2014 p. 942). Quando começa o jogo, uma bola virtual é colocada na altura do quadril, e quando se inicia os movimentos de flexão, rotação externa com flexão do joelho e abdução, para ir em direção a bola, é calculado o ângulo do movimento, a quantidade de exercícios realizados e depois gera uma pontuação que são salvos em um banco de dados. (SCHAFFER; SILVA, 2014 p. 941). P á g i n a | 204 É realizada uma série de exercícios com movimentos monitorados de extensão e flexão do quadril com o joelho flexionado no plano frontal, e o objetivo é acertar a bola virtual, o aparelho mostra a quantidade e o ângulo de flexão do joelho. (SCHAFFER; SILVA, 2014 p. 943). O ambiente virtual ajuda no tratamento fisioterápico de forma lúdica e amigável, gerando motivação para o paciente para realizar os movimentos do quadril, com um ambiente descontraído com um fundo de praia ou gramado, o aparelho possibilita que o fisioterapeuta possa acompanhar o processo e as respostas da reabilitação sensório motora de seus paciente, nada mais é que mais uma ferramenta da fisioterapia para complementar o tratamento. (SCHAFFER; SILVA, 2014 p. 944). Crioterapia e Eletroterapia Outros recursos usados na fisioterapia além dos exercícios são o calor da eletroterapia e o frio da crioterapia. O frio é mais indicado em casos de dor, inflamação e espasmos musculares por ser um excelente analgésico, pois atua nas terminações nervosas diminuindo a velocidade da condução nervosa, e estimulação competitiva de fibras amielínicas agindo na via de mecanismo de comporta. (MARQUES; KONDO, 1998 p. 86). O frio age nos processos inflamatórios reduzindo a hiperemia e o edema devido a sua ação vasoconstritora, o músculo com o frio reduz a velocidade de disparo de fibras do fuso muscular, e com isso diminui os espasmos musculares. (MARQUES; KONDO, 1998 p. 86). O uso do calor também alivia a dor, aumentando a sua extensibilidade do colágeno do tecido e diminuição da rigidez muscular. Há diversas controvérsias no uso da eletroterapia, no entanto, autores referem que alguns sistemas enzimáticos podem ser desligados com o uso do calor. (MARQUES; KONDO, 1998 p. 86). Podem ser utilizadas para analgesia e para diminuição da inflamação aparelhos como o microondas, a corrente galvânica, ultrassom, ondas curtas e o TENS (estimulação elétrica transcutânea). (MARQUES; KONDO, 1998 p. 86). O uso do ultrassom promove vasodilatação, aumento da permeabilidade celular, melhora o retorno venoso, melhora o metabolismo local e sua capacidade de regeneração celular, diminui rigidez, aumenta a flexibilidade dos tecidos ricos em colágenos. (AMARAL; CERDEIRA. VIDOTTO, 2009 p. 05). Pode ser usada também para estimulação muscular melhorando a perfumasse e aprimoramento muscular. Os impulsos elétricos percorrem na fibra nervosa com o papel de potencial de ação até o terminal axonal, na sinapse do músculo, resultando em contração muscular idêntica a contração fisiológica. (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003 p. 145 e 146). O uso do aparelho TENS (estimulação elétrica transcutânea) para alívio da dor pode ser associado no tratamento, pois evidências mostram que a corrente elétrica quando aplicada P á g i n a | 205 externamente, realiza uma reparação tecidual e conseqüentemente o alívio da dor. (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003 p. 304). Conclusão A fisioterapia tem um papel importante para melhora das afecções causadas pela osteoartrose de quadril, tendo como objetivo o reconhecimento precoce e promovendo estratégias para incrementar e melhorar o quadro clínico do paciente, melhorando os sintomas e restaurando a função. Dentro dessas estratégias a fisioterapia propõe a manutenção da amplitude articular, aumento de força muscular, alívio da dor e prevenção de perda de trofismo, minimizando a progressão da doença, prevenindo limitações articulares e consequentemente prevenindo deformidades articulares. Com isso, devolve ao paciente autonomia para realizar as atividades de seu cotidiano sem dor e com mais prazer. Conclui-se nessa revisão que com o uso do protocolo conservador da fisioterapia na osteoartrose de quadril, combinado com técnicas atuais como Bad Ragaz, Kinesio Taping, Acupuntura e Ambiente Virtual, obtém vários resultados positivos para o alívio da dor, ganho de amplitude de movimento e força muscular, garantindo ao paciente um atendimento atual e completo para melhora da sua patologia. Entretanto, é importante salientar que muitos estudos ainda são necessários, a fim de encontrar formas cada vez mais eficazes de tratamento. Para isto, é preciso que sejam realizadas pesquisas sérias, com metodologia adequada e resultados comprovados, para que os protocolos e técnicas sejam cientificamente comprovados. Referências AMARAL,CERDEIRA, VIDOTTO. Tratamento Fisioterapêutico em pacientes com osteoartrose: Estudo de caso. UNIVALI. Itavai- SC. 2009. 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Ao longo da pesquisa foi possível perceber que a escola, enquanto instituição responsável pela formação cultural das novas gerações e espaço privilegiado para o desenvolvimento da competência leitora tem sido questionada quanto ao seu papel no processo de preparação de futuros leitores. A leitura e a contação de história para cativar o leitor precisam estar associadas ao prazer, ao interesse e à motivação. Contar história contribui para o desenvolvimento em todos os aspectos: social, mental, moral ou físico, proporcionando maior desenvolvimento perceptivo do aluno. A escola, como espaço do saber precisa incluir práticas que possibilitem ao aluno, apreender a linguagem por meio da diversidade de textos que circulam socialmente e, consequentemente, das peculiaridades do gênero aos quais correspondem, criando condições para o desenvolvimento da capacidade de ler, segundo as necessidades pessoais do estudante, relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informação e ao exercício da reflexão. Palavras-chave: Contação. Histórias. Crianças. Abstract This research discussed the importance of storytelling for training and integral development of children. It was found that the knowledge and attitude that the storyteller must have for that in possession of resources that offers children's literature, know the time to develop storytelling to stimulate future reader to delight yourself by reading. We used the methodology of bibliographical research. During the research it was revealed that the school as an institution responsible for the cultural education of the new generations and privileged space for the development of reading competence and writer has been questioned about his role in the preparation of future readers process. Reading and storytelling to captivate the reader need to be associated with pleasure, the interest and motivation. Storytelling contributes to the development in all aspects: social, mental, moral or physical, providing greater perceptual development of 1 Aluna do curso de Pedagogia Faculdade de Taquaritinga UNIESP-FTGA. [email protected] Aluna do curso de Pedagogia Faculdade de Taquaritinga UNIESP-FTGA. [email protected] 3 Doutora em Educação Escolar pela Faculdade de Ciências e Letras - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP. Professora da Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. Professora da 2 P á g i n a | 210 Faculdade Anhanguera- Matão. Professora do Programa de Mestrado em Educação Sexual- UNESP Araraquara. [email protected] P á g i n a | 211 the student. The school, as a space of knowledge must include practices that allow the student learn the language through the diversity of texts circulating socially and consequently of the genre peculiarities which correspond, creating conditions for the development of the ability to read, according to the student's personal needs, related to the actual everyday actions, transmission and search for information and the exercise of reflection. Keywords: Storytelling. Stories. Children. Introdução É da natureza do ser humano contar histórias e estamos o tempo todo as contando: no ônibus na volta da escola, no trabalho, quando nos reunimos para jantar. Contamos como foi o dia, o que fizemos o que vimos o que experimentamos. Conforme Giroux (1997), a leitura é uma prática social de alcance político, porque, através dela, o sujeito-leitor interage com o mundo, enriquecendo sua bagagem cultural, para nele também atuar, exercendo a sua cidadania. Pela prática da leitura, o ser humano cria possibilidades de mergulhar em dimensões espaço-temporais diferentes das suas e, portanto, vivenciar experiências inéditas, as quais transformam, progressivamente, a sua maneira de compreender a sua realidade e tudo o que a envolve. Ao ouvir uma história as crianças vivenciam situações, seus medos, alegrias, tristezas, bem como problemas e conflitos dessa história, contribuem para a formação de sua personalidade. Através da narração oral a criança é convidada a recriar as ideias lançadas pelo narrador para acompanhar, compreender e ressignificar as histórias que está ouvindo. Oliveira (1996, p. 27), afirma que: A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um, para o desenvolvimento biológico: outro, para o psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais. A literatura infantil tem uma magia e um encantamento capazes de despertar no leitor todo um potencial criativo. É uma força capaz de transformar a realidade quando trabalhada adequadamente com o educando. As palavras referendadas acima pela autora enfatizam a importância da Literatura Infantil na vida das crianças como leitores iniciantes, não apenas de maneira escrita nos livros, mas também de forma oral através da contação de histórias. P á g i n a | 212 Nesse sentido, um dos principais resultados que o estudo evidencia é o conhecimento e a postura que o contador de histórias deve ter para que, envolto dos recursos que a literatura infantil oferece saber desenvolver o momento de contação de histórias que estimule o futuro leitor a apaixonar-se pela leitura. Para que isso ocorra, o contador de histórias não pode meramente escolher uma história aleatoriamente e contála aos pequenos. Pelo contrário, o contador de histórias deve preparar o enredo que irá contar, ensaiá-lo, gostar da história que vai contar, cuidar da tonalidade da voz, ser expressivo, elencar quais recursos poderá utilizar preparar o espaço ideal para que essa contação ocorra com sucesso e de maneira correta. Para que a criança seja coparticipante da história narrada contribuindo assim para melhor formação do leitor. Literatura infantil e formação humana Segundo Zilberman & Moysés (2005, p.15): “A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto”. De acordo com Cândido (1995), a arte literária, assim como a vida, manifesta-se num constante movimento dialético, um ir e vir que nos fornece oportunidade de explicarmos a realidade a partir dos contrários. A leitura literária é entendida por muitos estudiosos como prática escolar fundamental. Na concepção de Lajolo (1993, p.106): É a literatura, como linguagem e instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso, a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. A fim de descrever sobre a contribuição da literatura infantil na formação do futuro leitor, é necessário conhecer as origens, como eram as primeiras narrativas, como esta passou a ser criada para o público infantil até chegar aos dias atuais com diversos livros de literatura para crianças. P á g i n a | 213 De acordo com Coelho (2009), o ser humano começou usar inteligência para organizar as formas no seu cotidiano ele teve o estímulo de registrar em algo durável suas experiências deixou registradas suas ações e ideias por meio da escrita. Cavernas descobertas por arqueólogos entre 12 e 15 mil anos atrás revela de maneira bem clara, esse impulso que levou o homem a se expressar de forma artística suas experiências de vida. O homem pré- histórico procurando uma forma de se comunicar ou marcar sua presença no mundo através da escrita, usava vários suportes extraídos da natureza como: pedras, tábuas, argilas, peles de animais, cortes das árvores, junco, chifres, e tantos outros. Com o auxílio do buril o “escritor” fazia riscos para transmitir seus pensamentos aos outros a partir desta escrita, a humanidade foi conseguindo reorganizar o sistema da escrita e foi evoluindo até chegar ao modo atual que todos conhecemos, na forma de livros, com páginas e corpo verbal, sendo acessível aos leitores. Nesse sentido o homem buscava comunicar-se desde os tempos primitivos, e continua buscando contemporaneamente. A Arte de Contar História A arte de contar história se faz presente desde a antiguidade. Contavam-se histórias para diversão, ensino, relembrar ou apenas para passar o tempo. A contação de histórias faz parte de um processo cultural dos povos, cada geração contava histórias de sua cultura para geração seguinte, esse modo de transmissão de conhecimento é chamado de tradição oral. Alguns contadores cantam ou narram suas histórias em forma de poesia, ritmo e rimas, a exemplo desses, temos na literatura de cordel, o tradicional do nordeste brasileiro. O cordelista, ou cantador de histórias, vai inventando seus versos e cantando de forma rimada e cadenciada, depois as histórias são impressas e os livretos pendurados num cordão, para serem vendidos. Daí seu nome, literatura de cordel. Para atrair compradores, o vendedor vai cantando as histórias muitas vezes acompanhado de uma viola. Um dos principais cordelistas e difusor da literatura de cordel foi o paraibano Leandro Gomes de Barros, o primeiro poeta a publicar histórias versadas no Brasil, ao redor de 1893, no Recife. Barros foi um poeta popular e sua obra é conhecida e recitada P á g i n a | 214 pelos sertanejos. É considerado pelos cordelistas do Nordeste Rei da Poesia Sertaneja. (ESCOLA BRITÂNICA, 2016). Em alguns povos todos podiam passar as histórias adiante em outros somente contadores especiais tinham essa tarefa tão importante, esses, porém tinham que ter uma boa memoria, e encontravam maneiras especiais de interpreta-las. Na África ocidental, os Griôs são os mestres da arte das palavras. Os Griôs dizem que representam a memória dos homens. Eles são narradores, cantores e músicos responsáveis pela transmissão oral das tradições de seu povo. (ESCOLA BRITÂNICA 2016). Os Griôs são treinados desde a infância no ofício da palavra oral, eles se apropriam e transmitem crenças, lendas, lições de vida, segredos, e saberes, e tem o compromisso com aquilo que dizem. Segundo Vansina (2010, p. 139): Nas sociedades africanas reconhece-se a fala não apenas como uma forma de comunicação cotidiana, mas também como uma forma de preservação da sabedoria, por meio daquilo que chamamos de tradição oral. A tradição, nesse caso, é entendida como um testemunho transmitido verbalmente de uma geração à outra. Na maioria das civilizações africanas, a palavra tem um poder misterioso, pois palavras criam coisas [...] Inspirados pela tradição africana, no Brasil, há pessoas que são denominadas e consideradas griôs. São pessoas que trabalham com a cultura, arte e educação popular, reconhecidas pela própria comunidade como mestres das artes, da cura, líderes religiosos de tradição oral, músicos que sabem tocar instrumentos tradicionais, contadores de histórias de suas comunidades que socializam as raízes dos povos a que pertencem, são também cantores e poetas. Pessoas que, por meio da oralidade, das experiências vividas e da corporeidade, desenvolvem uma pedagogia que valoriza o poder das palavras. A escola, enquanto instituição responsável pela formação cultural das novas gerações e espaço privilegiado para o desenvolvimento da competência leitora e escritora tem sido questionada quanto ao seu papel no processo de preparação de futuros leitores. A leitura e a contação de história para cativar o leitor precisam estar associadas ao prazer, ao interesse e à motivação. É certo que a criança e o jovem leem não por reconhecerem a importância da leitura, mas sim por motivações e interesses diversos que vêm ao encontro de necessidades intrinsecamente humanas: autoafirmação, entretenimento. fantasia, P á g i n a | 215 A escola, como espaço institucional de acesso ao conhecimento, precisa incluir práticas que possibilitem ao aluno, apreender a linguagem por meio da diversidade de textos que circulam socialmente e, consequentemente, das peculiaridades do gênero aos quais correspondem, criando condições para o desenvolvimento da capacidade de ler, segundo as necessidades pessoais do estudante, relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informação e ao exercício da reflexão. Para Machado (2011) uma criança aprende a gostar de histórias, inicialmente pela voz do adulto, que enquanto leitor e possuidor de repertórios de textos ficcionais e poéticos é aquele que apresenta à criança não só as narrativas e os poemas, mas também seus suportes, seus portadores de textos (livros, telas, suplementos de jornais, folhetos etc.). A autora afirma ainda que grande parte das crianças só tem acesso a livros de literatura quando ingressa na escola, dessa forma, é de suma importante propiciados espaços de leitura para que condições que possibilitem o contato com os livros, preparando o caminho para a leitura literária. As histórias são fundamentais para a formação da criança, principalmente no início da escolaridade, para tal atividade deve haver planejamento e haver envolvimento do contador, para que a história seja bem conduzida. Para Cavalcanti (2009), o leitor infantil pode ser muito facilmente envolvido pelo momento de ouvir a história, desde que este momento seja bem conduzido. Pensando nisso, para narrar à história de forma sedutora, prazerosa e envolvente o contador, no caso o professor precisa ser apaixonado pelo mundo do faz-de-conta, pois estar comprometido afetivamente com a narrativa é ponto principal, isso porque a história precisa ser contada com sentimento e partilha. Para o autor, o bom contador de história é alguém que possui a virtude natural para fazer da palavra o canto mágico das narrativas. Dessa forma, podemos dizer que a história leva a criança para um passado misterioso, o instiga para o futuro onde se pode viajar pelas galáxias, ou seja, é possível ir até onde sua imaginação chegar. As primeiras produções infantis foram realizadas por professores e pedagogos no final do século XVII e durante o século XVIII. Coelho (2000) afirma que estudar a história é escolher a melhor forma ou recurso mais adequado de apresentá-la. A contação de história é atividade própria de incentivo à imaginação e o trâmite entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tornamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência por meio da P á g i n a | 216 narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem e se materializam na vida real. A capacidade de imaginar permite que o ser humano crie uma habilidade de entendimento e compreensão de história ficcional, que apenas é entendida dentro da narrativa. As histórias nos transmitem informações, abordagens e emoções. Um dos contos de fadas mais apreciados pelas crianças é o da Bela Adormecida. Antes era uma história destinada aos adultos, o conto foi adaptado e alguns elementos foram modificados e retirados e, assim se tornou um conto infantil. Na versão original a encantadora Bela Adormecida, depois de furar o dedo numa agulha dorme por cem anos, até que um dia surge um príncipe que a beija e ela desperta. Eles se apaixonam, se casam e vivem felizes para sempre. A contação de história pode e deve ser usada como metodologia para o desenvolvimento, dos alunos e de sua personalidade, melhorando de maneira significativa o desempenho escolar. Acredita-se que é estimulando as crianças a imaginar, criar, envolver-se, que se dá um grande passo para o enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, por isso é de suma importância o conto. A contação de história pode interferir positivamente para a aprendizagem significativa, pois a fantasia e a imaginação antecedem a leitura. Utiliza-se da leitura através da contação de histórias, como metodologia para o desenvolvimento dos alunos e melhoria de seu desempenho escolar, respondendo a necessidades afetivas e intelectuais pelo contato com o conteúdo simbólico das leituras. Podem ser contadas as histórias que os pais gostam ou que tenham atração e valor para as crianças. Os escritores mais famosos dos contos de fadas infantis são os irmãos Grimm- Jacob e Wilhem Grimm- que fizeram e fazem sucesso até hoje com suas histórias e seus contos. Nascidos na Alemanha dedicaram sua vida ao registro das fábulas infantis. A fábula é uma narração, vem do latim e significa falar. O gênero fábula apresenta características marcantes, trata-se de pequenas narrações, em que as personagens protagonistas geralmente são animais que representam sentimentos e emoções humanas. Mesmo assemelhando-se às histórias infantis, as fábulas foram criadas inicialmente para serem contadas a adultos, com o objetivo de aconselhá-los e distraí-los. A fábula é uma narração alegórica cujos personagens são animais, que ensinam uma lição. De caráter mitológico, ficção, drama, enredo, poemas ou romance. Contém afirmações de falas imaginárias sem interação deliberada de enganar, mas sim de promover uma crença na realidade dos acontecimentos. A fábula seria, portanto uma narração em prosa e destinada a dar relevo à ideia abstrata, permitindo dessa forma P á g i n a | 217 apresentar de maneira agradável uma verdade que de outra maneira se tornaria mais difícil de ser assimilada. A fábula é um gênero e assim como outras narrativas registra as experiências e o modo de vida dos povos. Seu objetivo é trazer reflexões quanto a valores, amizades, respeito, diferenças, companheirismo, dentre outros. A moral contida nas fábulas é uma mensagem animada e colorida. Uma história contém moral quando desperta valor positivo no homem. Transmite a crítica ou o conhecimento da forma interpessoal. A fábula resume uma ação e sua reação, é seguida do discurso que levará o leitor a refletir. Quando se conta uma história, deve-se ter em mente que aquele momento será de grande valia para a criança, pois através desses contos será formado um banco de dados de imagens que será utilizado nas situações interativas vividas por ela. (CAIADO, 2016). Para que objetivos sejam alcançados exige do professor diversas estratégias como: entonação de voz postura corporal ritmo e gestos fazendo com que a criança se envolva neste momento. As histórias devem ser contadas diariamente, os livros devem ser bem ilustrados, com linguagem simples, podendo contá-las em locais diferenciados desde salas de aulas, pátios ou jardins. Não deve existir um horário estipulado para o momento da história, deve acontecer de acordo com a necessidade e até mesmo de forma surpreendente para o aluno. Conforme uma situação ocorrida no ambiente, o professor poderá utilizar certa história que encaixe naquele instante, de forma que venha contribuir na resolução e amadurecimento da criança. O contador de histórias precisa considerar alguns pontos importantes: as histórias podem ser lidas ou contadas; o contador deve preocupar-se com a entonação de voz e a postura corporal; é necessário ter sensibilidade; considerar as diversas possibilidades do multiculturalismo; considerar as diversas possibilidades de frases para começar e terminar um conto; lembrar a sequência da história e atrair a curiosidade das crianças. Preparar o ambiente, considerar as idades, falar com clareza, começar e finalizar as histórias; direcionar uma por dia é fundamental para uma boa contação; é essencial que, no final seja feita uma avaliação de todo o processo; Ao ouvir uma história as crianças e o leitor em geral vivenciam nos planos psicológicos, ações os problemas, os conflitos dessa história. Essa vivência por empréstimo, a experimentação de modelos de ações e soluções apresentadas nas histórias fazem aumentar consideravelmente o repertório de conhecimento da criança, sobre si e sobre o mundo e tudo isso a P á g i n a | 218 Percebemos, dessa forma, o quanto é importante à leitura infantil no desenvolvimento da criança. Portanto, o contar história para crianças é uma forma de desenvolvimento de seu potencial crítico, levando-as a questionar, duvidar, pensar sobre o significado que cada história tem. A contação de história é uma atividade primordial do ser humano, tanto no sentido de educar, como no sentido de recreação. No sentido de educar verifica-se que as brincadeiras acompanham as crianças desde a pré-escola e penetram nas instituições infantis devendo estas ser estimuladas pelo educador. Uma história bem contada com emoção abre para as crianças, possibilidades de relação entre seu mundo de fantasia e sonhos e a realidade à sua volta. Cabe ao professor ajudar na construção da autoestima de cada criança, transmitindo a ela uma imagem positiva de si própria, apoiando-a sempre que for necessário, buscando que a criança adquira autonomia. Na primeira infância o que mais encanta os bebês são os sons, os gestos, a linguagem falada pelos adultos, por isso é que as crianças passam um bom tempo com a olhar fixamente ao rosto do adulto que fala e expressa o que diz, por isso sabendo-se desse encantamento que a leitura de histórias para os pequenos produz, uma boa contação deve ser apresentada como atividade diária nas salas de aula. É válido ressaltar que ainda existe na sociedade pouco incentivo e interesse pela leitura e isso gera uma problemática na formação da criança. Segundo Souza (1998, p. 25) “o desinteresse pela leitura é um grave problema, pois a falta de informação leva à preguiça mental e conduz a humanidade ao caos social e cultural”. De acordo com Abramovich (1995, p.17), é preciso: Ler histórias, contar histórias para crianças, sempre, sempre [...] É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento. É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as personagens fizeram). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo). É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança). E, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas. P á g i n a | 219 A prática da leitura, da contação de história sob essa perspectiva, é um exercício de cidadania, pois demanda um leitor ativo, crítico, cooperativo e competente que não se limita a decodificar a palavra, mas que busca dialogar com o texto, estabelecendo relações, preenchendo, assim, as suas lacunas. Algumas Considerações Com a pesquisa realizada foi possível verificar que contar história contribui muito para o desenvolvimento da criança em todos os aspectos: social, mental, moral ou físico, proporcionando maior desenvolvimento perceptivo do aluno. As histórias devem ser contadas em todos os lugares, em casa, na escola, em grupos de amigos, etc. No âmbito da instituição escolar, a literatura é usada com as mais diversas finalidades. Considerando essa função formativa, o objetivo da contação de histórias e da educação literária é, em primeiro lugar, o de contribuir para a formação integral da pessoa, uma formação que está associada à construção da sociabilidade e realizada através da confrontação com textos que explicitam a forma em que as gerações anteriores e as contemporâneas abordaram e abordam, respectivamente, avaliação da atividade humana através da linguagem. Também é possível que o aluno enfrente seus medos, as adversidades; que deixe a imaginação fluir e consiga bons relacionamentos interpessoais. Sem contar, que poderá apreciar as diversas possibilidades dos recursos da linguagem e desenvolver melhor as capacidades comunicativas. Referências ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1995. BRITANNICA. Contação de histórias In: Britannica escola online. Enciclopédia Escolar Britannica, 2016. 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Sendo assim, é necessário que o professor compreenda a importância do lúdico no processo ensino-aprendizagem não o utilizando somente nos períodos de recreação. Por ser o primeiro contato que a criança tem com o mundo escolar a Educação Infantil está repleta de brincadeiras e jogos que podem ser utilizados com enfoque didático dentro da sala de aula. Sua utilização pode ajudar no desenvolvimento social, psicológico e no aprendizado das crianças. Com esta pesquisa pretendemos: verificar como a ludicidade é utilizada no processo de ensino aprendizagem na educação infantil. Utilizamos a metodologia da Pesquisa Bibliográfica. Ao longo da pesquisa foi possível perceber que o lúdico além de ser uma atividade livre, exterior a vida e capaz de absorver o jogador, é um dos meios pelos quais os professores e alunos podem construir o conhecimento, sendo necessário que eles consigam interagir. A sua utilização parece estar crescendo devido ao olhar que os educadores estão construindo em relação à forma de utilização das atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras e brinquedos. Palavras-chave: Educação Infantil- Ludicidade - Ensino-aprendizagem. Abstract In early childhood education is the first formal contact between children and education and it is common to find the playful elements in this site. Therefore, it is necessary that the teacher understands the importance of playfulness in the learning process not using only during periods of recreation. As the first contact that the child has with the school world Early Childhood Education is full of fun and games that can be used with a didactic approach in the classroom. Its use can help in the social, psychological and learning of children. With this research we aim to: check how the playfulness is used in the process of teaching and learning in early childhood education. We used the methodology of bibliographical research. During the research it was revealed that the playful and is a free activity, outdoor life and capable of absorbing the player is one of the ways in which teachers and students can construct knowledge, being necessary that they are able to interact. Their use seems to be growing because of the look that educators are building on the form of use of recreational activities, such as games, games and toys. Keywords: Education Infantil- Playfulness - Teaching-learning. 1 2 Pedagoga pela Faculdade de Taquaritinga - FTGA. [email protected] Doutora em Educação Escolar pela Faculdade de Ciências e Letras - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP. Professora da Faculdade de Taquaritinga UNIESP- FTGA. Professora da Faculdade Anhanguera- Matão. Professora do Programa de Mestrado em Educação Sexual- UNESP Araraquara. [email protected] P á g i n a | 222 Introdução Na educação infantil ocorre o primeiro contato formal da criança com a educação e é comum encontrar os elementos lúdicos neste local. Sendo assim, é necessário que o professor compreenda a importância da ludicidade no processo ensino-aprendizagem. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/96), a Educação Infantil faz parte da Educação Básica e tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança. A educação infantil contempla o trabalho nas creches para as faixas etárias de 0 a 3 anos e para as classes de educação infantil as crianças de 4 a 6 anos em suas atividades de educar e cuidar, deve orientar – se pelas diretrizes traduzidas nas “propostas curriculares e nos projetos pedagógicos” das instituições de ensino. O sucesso da proposta envolve o desempenho dos educadores com formação no mínimo de nível médio e do professor que deve ser formado em nível superior, com horários adequados de trabalho, calendários e férias, e outros fatores que envolvem a educação com qualidade, dentre eles, um determinado número de crianças por adulto, uma proposta pedagógica que atenda os objetivos estabelecidos, desenvolvendo uma progressiva e prazerosa articulação das atividades. Por ser o primeiro contato que a criança tem com o mundo escolar a Educação Infantil está repleta de brincadeiras e jogos que podem ser utilizados com enfoque didático dentro da sala de aula como, por exemplo, os jogos didáticos e os jogos educativos. Sua utilização pode ajudar no desenvolvimento social, psicológico e no aprendizado das crianças. Cada criança é singular e as experiências lúdicas, os estímulos, as atividades reflexivas, as interações sociais contribuem para seu desenvolvimento e aprendizagem. Devemos respeitar os limites das crianças. Cabe a família e especificamente a Educação Infantil criar ambientes que contribuam para o crescimento da criança nessa fase da infância. A orientação deve fazer parte do processo para ajuda-la a aprender a ter uma vida feliz, a aprendizagem deve estar a serviço da vida. A Educação Infantil, que representa a primeira infância, é um momento imprescindível no processo de escolarização da criança, onde terá contato com a aprendizagem de múltiplas linguagens da cultura, inclusive: jogos, brinquedos e brincadeiras. Portanto cabe dizer que na Educação Infantil há possibilidades de criação de condições para que a criança reflita e construa saberes. Essa cultura contribui de modo significativo para o seu desenvolvimento integral. P á g i n a | 223 O lúdico O lúdico envolvia tanto os adultos como as crianças, mas estas também tinham seus próprios jogos que ocorriam em determinados momentos sem a interferência dos adultos. Conforme Friedmann (1998, p.29), a brincadeira era um “elemento da cultura do riso, do carnaval e do folclore” e “um fenômeno social”. Pode-se entender que o lúdico também é um elemento da cultura e deste modo precisa ser visto “como produto e como processo” (MARCELLINO, 1989, p. 29) desta cultura. Com o passar do tempo, a brincadeira, desenvolvida nos momentos lúdicos, se tornou individual e foi transformada ou abandonada, tendo também o abandono por parte dos adultos ocorrendo, assim, a segregação das crianças em relação aos adultos. Deste modo, adultos e crianças não compartilhavam mais o momento lúdico e as crianças ficaram como “detentoras” da ação de brincar. O lúdico é estudado por vários autores e para a maioria deles é uma atividade que está associada ao prazer e a vida. Olivier (2003, p.21) comenta que o lúdico tem como objetivo a vivência prazerosa, é realizado sem motivo, é espontâneo; privilegia a criatividade devido à sua ligação com o prazer, não tem regras pré-estabelecidas e seu local de manifestação é o lazer, e o lazer “tem no prazer uma das suas características fundamentais”. De acordo com Silva (2007, p.7), o lúdico é definido como “qualquer atividade em que existe uma concentração espontânea de energias com finalidade de obter prazer da qual os indivíduos participam com envolvimento profundo e não por obrigação”. Sendo assim, a relação do lúdico com o lazer é estabelecida porque ambos possuem uma atitude voluntária. Huizinga (2004, p.16) relaciona o lúdico com o jogo; essa relação ocorre porque o jogo é uma atividade livre, “não-séria”, é exterior a vida habitual, tem a capacidade de absorver o jogador, não está ligada a interesses materiais, é praticado em tempo e local determinado, segue regras e possui uma ordem. O lúdico possui as seguintes características: “ordem, tensão, movimento, mudança, solenidade, ritmo e entusiasmo”. O lúdico está relacionado com a vida e desta forma está relacionado com o desenvolvimento do ser humano, principalmente no período da infância. No caso do desenvolvimento infantil (o psicológico, o físico, o social e o cognitivo) seu alicerce está no lúdico. Por meio do lúdico a criança consegue se expressar. Sempre houve a utilização de jogos e brincadeiras na escola, principalmente na educação infantil, para que a criança se desenvolva e aprenda. E, com base nisto, é possível P á g i n a | 224 afirmar que por meio da atividade lúdica pode ocorrer a integração entre o desenvolvimento da criança e o desenvolvimento educacional. O jogo Silva (2007) afirma que o conceito de jogo está mais relacionado com o lúdico; assim como o lúdico, o jogo faz parte da história da humanidade e é por meio dele que nos desenvolvemos. Marcellino (1989) também acredita que o lúdico ajuda na formação do ser humano e que essa formação servirá para torná-lo participante da cultura da sociedade e não somente um indivíduo. De acordo com Huizinga (2004, p.16), o jogo está presente em tudo que nos cerca; é um fenômeno cultural e não biológico. O autor caracteriza o jogo da seguinte maneira: Atividade livre, que se não for voluntária e existir ordens teremos uma “Imitação forçada” do jogo; “não-Séria”, mas ele pode ocorrer na seriedade; exterior a vida habitual; absorve o jogador intensamente e totalmente, ele é fascinante e excitante; atividade desligada de interesses materiais, ele se realiza na satisfação da sua realização; é praticado dentro de limites espaciais e temporais próprios; segue determinadas regras; “fazer de conta”; possui ordem e cria ordem; ajuda na formação de grupos sociais. O jogo é uma relação dialética entre a realidade e a fantasia, e o seu conteúdo e significado dependem do local de realização. Huizinga (2004. p.21) caracteriza os jogos infantis como atividades realizadas na seriedade, porque a partir do momento em que as crianças começam a brincar se transportam para um mundo de fantasia, no qual elas interpretam uma realidade que por ser realizada intensamente acaba se tornando uma atividade séria. Entretanto, as crianças sabem que essa realidade é um jogo e é por isso que ele é caracterizado como sério. Com base nisso, o autor afirma que “os jogos infantis possuem a qualidade lúdica em sua própria essência, e na forma mais pura dessa qualidade”. O jogo pode ser utilizado na escola como uma proposta pedagógica, pois como afirma Oliveira (2002) o jogo é visto como um recurso que auxilia no desenvolvimento e aprendizagem da criança, por meio de conteúdos e habilidades que devem ser trabalhados, e que o jogo de faz-de-conta auxilia na autonomia e criatividade da criança, podendo ser usado para dar sentido às atividades que são realizadas. P á g i n a | 225 Brinquedo O brinquedo, no senso comum, é definido como objeto utilizado na brincadeira, mas para Kishimoto (1998) é um objeto que dá suporte e orienta a brincadeira, tem uma atribuição lúdica e pode ser usado como recurso de ensino ou como material pedagógico. Para Vygotsky, referendado por Reis (2010) é um meio utilizado para satisfazer desejos das crianças que não podem ser realizados imediatamente. Deste modo, o brinquedo contribui, juntamente com a brincadeira, para o desenvolvimento e construção dos saberes da criança. Marcellino (1989, p.26) define brinquedo como um objeto cuja utilização é marcada “pelo exercício individual e pela gratuidade” e é por meio dele que a criança se expressa; assim como a brincadeira ele também é um instrumento do brincar. Outra concepção de brinquedo é a de Brougère, a qual Volpato (2002, p.224) nos apresenta. Para o autor, o brinquedo além de orientar a brincadeira também lhe traz conteúdo e matéria. Só podemos brincar com aquilo que temos “e a criatividade, tal como a evocamos, permite, justamente, ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado”. Os brinquedos eram utilizados tanto pelas crianças como pelos adultos e eram produzidos por pessoas diferentes, ou seja, não existia uma loja especializada em brinquedos. Contudo, com o passar do tempo, essa forma de produção individual foi substituída pela especialização dos brinquedos. Segundo Volpato (2002, p.220), “com o desenvolvimento do capitalismo, o brinquedo passou a ser comercializado com fins lucrativos. A partir daí os objetivos do brinquedo começam a se afastar da sua origem”. O autor ainda, traz a ideia, de que o brinquedo está inserido na sociedade e, assim, ele suporta as funções sociais e isso confere sua razão de ser, existir. O adulto acabou apoderando-se do brinquedo e o transformando em pura comercialização e o tornou um artifício para mostrar para crianças as regras e conduta dos adultos. Assim, o brinquedo se tornou algo planejado pelos adultos para as crianças. Além dos tipos de brinquedos que conhecemos também existe o brinquedo educativo; ele teve sua origem no renascimento e ganhou força no século XX devido à expansão da Educação Infantil. Brincadeira A brincadeira está intimamente entrelaçada com a ação de brincar. Essa ação está relacionada ao jogo porque ao brincarmos e jogarmos nos divertimos. As brincadeiras são P á g i n a | 226 caracterizadas como atividades livres, têm um enfoque individual, segundo Winicott (apud Marcellino, 1989), e possuem um fim em si mesmo. Por isso as brincadeiras “são organizadas apenas por recreação e divertimento”, sendo consideradas atividades lúdicas (VITAL, 2003, p. 39). Para Rosa (2002, p.40) a brincadeira é “como uma atividade separada e independente da criança que brinca”. A autora relaciona esse sentido da brincadeira com o sentido de brincar, de Winnicott, que atribui à palavra brincar a uma experiência das formas de viver. A brincadeira é um “recurso que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa; o brinquedo educativo encontra-se exemplificado no quebra-cabeça, nos brinquedos de tabuleiro” (VITAL, 2003, p.41). Oliveira (2002, p.231) também faz a relação do brincar com o desenvolvimento. A autora comenta que ao brincar a criança se desenvolve, pois, seus processos psicológicos são acionados e desenvolvidos. Para ela a “brincadeira infantil beneficia-se de suportes externos para sua realização: rituais interativos, objetos e brinquedos”. Por meio da brincadeira as crianças conseguem expressar seus sentimentos, suas facilidades, dificuldades, vivências. O jogo na educação “O brincar é uma das formas privilegiadas de as crianças se expressarem, se relacionarem, descobrirem, explorarem, conhecerem e darem significado ao mundo, bem como de construírem sua própria subjetividade, constituindo-se como sujeitos humanos em determinada cultura. É, portanto, uma das linguagens da criança e, como as demais, aprendida social e culturalmente.” (FARIA & SALLES, 2007, p. 70). Rosa (2002) afirma que brincar e aprender apresentam diferenças; contudo, eles não são opostos, existem na escola e cada um tem o seu lugar. O que não sabemos é até que ponto o professor-educador, carregando todo peso da austeridade associada ao seu trabalho, se permite brincar. Ou seja, não sabemos até onde para o professor é possível ensinar brincando. A autora ainda apresenta um estudo realizado por Caspari (com contribuições de Winnicott) no qual a aprendizagem apresenta-se “como um estágio posterior do brincar compartilhado, mas com uma exigência muito maior da criança em levar em conta a realidade externa” (ROSA, 2002, p. 60). P á g i n a | 227 Outros autores também fazem a relação entre o brincar e a aprendizagem, como por exemplo, Vital (2003). Para a autora o brincar envolve a utilização do jogo, da brincadeira e do brinquedo e é o modo mais eficiente para a aprendizagem porque ao brincarmos desenvolvemos a habilidade de aprender a pensar. Kishimoto (1998, p.17) afirma que a “expansão dos jogos na área da educação dar-seá (...) estimulada pelo crescimento da rede de ensino infantil e pela discussão sobre as relações entre o jogo e a educação”. Como vimos, as atividades lúdicas são importantes na aprendizagem. Para Kishimoto (1998) o jogo se realiza pelos brinquedos, é auxiliador na ação docente e ajuda na aprendizagem de conceitos, noções e habilidades. Para a autora, quando o brinquedo é utilizado como material pedagógico ele deixa de realizar sua função lúdica. Essa ideia é corroborada por Marcellino (1989) quando este afirma que ao funcionalizarmos o brinquedo o lúdico é morto e desta forma o jogo acaba virando puro entretenimento. Para os autores, quando o jogo é utilizado para realizar uma atividade escolar que tem como foco adquirir conhecimento e habilidades, ele perde sua característica de ser uma ação livre, deixando de ser o jogo propriamente dito e passando a ser um instrumento pedagógico. Este instrumento pedagógico, mencionado por Kishimoto, receberá o nome de Jogo Educativo e seu início, segundo Rabecq-Maillard referendado por Kishimoto, (1998, p.15) ocorre “quando o jogo deixa de ser objeto de reprovação oficial, e incorpora-se no cotidiano de jovens, não como diversão, mas como tendência natural do ser humano”. Quando o jogo educativo é utilizado na sala de aula pode ocorrer um desvirtuamento da prioridade do processo de brincar porque existe a priorização do produto ao invés da aprendizagem de noções e habilidades, causando um desequilíbrio entre as funções que esse jogo possui. O jogo educativo apresenta duas funções: a lúdica, que implica na escolha voluntária do jogo e a educativa, sendo que o jogo é colocado como algo que auxilia na aprendizagem e na compreensão do mundo. O jogo educativo ocorre pela união das características da educação e do jogo, sendo necessário o equilíbrio entre a liberdade característica do jogo e o objetivo de ensinar conteúdos da educação. Quando ocorre o desequilíbrio entre essas características o brinquedo utilizado no jogo deixa de ser brinquedo para se tornar um material pedagógico ou didático e isso acaba interferindo na aprendizagem, uma vez que as características principais se perdem. P á g i n a | 228 Com base nesses aspectos, percebemos que o jogo educativo nada mais é do que o jogo utilizado para ensinar fornecendo um suporte para o trabalho pedagógico. As diferenças entre o jogo educativo e o jogo didático, trazidas por Kishimoto (1998, p.22), são que o jogo educativo, ao contrário do didático, é mais dinâmico, aberto a exploração é “utilizado como material ou situação que exige ações orientadas com vistas à aquisição ou treino de conteúdos específicos ou de habilidades intelectuais”. Alguns exemplos de jogos que podemos utilizar como jogos educativos são: os de regras, os de construção, os tradicionais infantis e os de faz-de-conta. Quando a atividade lúdica é considerada na escola as propostas que a envolve “são carregadas pelo adjetivo “educativo”, que perdem as possibilidades de realização do brinquedo, da alegria, da espontaneidade, da festa”. (MARCELLINO, 1989 p. 85). Podemos perceber que o jogo educativo é um recurso que pode ser bastante produtivo; contudo, não adianta possuir o melhor jogo educativo se o professor não souber estimular as crianças, tornar a sua utilização significativa e participar dos jogos e brincadeiras propostos. Para o jogo ser realmente eficiente o professor tem que construir novos caminhos, participar durante o desenvolvimento da atividade lúdica, sendo que deve ocorrer à mediação entre a atividade lúdica e o aprendizado que ela trará. Sendo que esta mediação pode ser realizada por meio de sujeitos (como o professor, a mãe ou um amigo), de objetos e artefatos, por que a mediação é importante para os processos educativos. Como no ambiente escolar o professor é o encarregado da aprendizagem das crianças será ele quem fará o convite para a realização das atividades lúdicas e quem irá promover “as condições de sustentação da experiência lúdica que está na origem do processo de conhecer” (ROSA, 2002, p. 104), ou seja, o professor agirá como mediador enquanto a criança estiver realizando uma atividade lúdica. Kishimoto (2001) afirma que a utilização do brinquedo pode ser de dois tipos: o primeiro é aquele utilizado de forma livre, onde o professor valoriza a socialização das crianças; e o outro é aquele no qual ocorre a valorização da escolarização e aquisição de conteúdo, que a autora chama de brincar dirigido e jogo educativo. Faria e Salles (2007) afirmam algo parecido às ideias de Kishimoto quando exemplificam as ideias que professores da Educação Infantil apresentam em relação ao brincar na escola. Para alguns profissionais, o brincar é apenas uma estratégia para ensinar os conteúdos; outros professores utilizam-se do brincar como o tempo livre dado as crianças para P á g i n a | 229 “brincarem” juntas. Assim como existem profissionais que não conseguem compreender o brincar na educação, também existem aqueles que utilizam-se deste recurso para ensinar. Leite (2010) nos traz a ideia de Friedmann de atividade lúdica dirigida no qual o professor ajuda no desenvolvimento da criança e escolhe atividades (jogos e brincadeiras) que tragam algum conteúdo importante para as crianças. A autora ainda comenta que o professor tem que orientar a criança para que ela possa ter independência ao realizar a atividade; não somente orientar, mas também deve observar como as crianças realizam as atividades, por meio da utilização da ludicidade. Rosa (2002, p.57) comenta que se nem o aluno nem o Professor tiverem a capacidade de brincar não haverá um “espaço potencial”, não haverá a comunicação necessária para o desenvolvimento da aprendizagem. Com essa ideia podemos perceber que não adianta o professor não saber usar o material, do mesmo modo que não adianta saber utilizar sem que exista a interação necessária com seus alunos para desenvolver o trabalho adequado. Será por meio do auxílio do professor que a brincadeira, que traz um “não-saber”, vai se converter em um saber que fará sentido em determinado momento para a criança. Algumas considerações Ao longo do referencial teórico foi possível perceber que o lúdico além de ser uma atividade livre, exterior a vida e capaz de absorver o jogador, é um dos meios pelos quais os professores e alunos podem construir o conhecimento, sendo necessário que eles consigam interagir entre si. A sua utilização parece estar crescendo devido ao olhar que os educadores estão construindo em relação à forma de utilização das atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras e brinquedos. A escola é um local de criação e por isso, a importância da utilização da ludicidade. Daí a necessidade dos educadores estarem com olhar atento e perspicaz para a realização de atividades que de fato ajudem no desenvolvimento integral da s crianças. As atividades lúdicas são bastante importantes na aprendizagem. O lúdico está relacionado com a vida e desta forma está relacionado com o desenvolvimento do ser humano, principalmente no período da infância. No caso do desenvolvimento infantil (o psicológico, o físico, o social e o cognitivo) seu alicerce está no lúdico. P á g i n a | 230 As pesquisas sobre a utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil devem continuar ocorrendo e ficar acessível aos professores que estão lecionando porque desta forma eles terão informações novas que ajudarão na aplicação das atividades lúdicas no processo de aprendizagem. Referências BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, em www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 09 de abr. de 2011. FARIA, Vitória & SALLES, Fátima. Currículo na Educação Infantil. Diálogo com os demais elementos da Proposta Pedagógica. (Percursos). São Paulo: Editora Scipione, 2007, p. 70 – 76. FRIEDMANN, Adriana. A evolução do brincar. IN: FRIEDMANN, Adriana [et al.]. 4. ed., São Paulo: Edições Sociais: Abrinq, 1998, p. 27-35. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens – O jogo como elemento da cultura. 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São Paulo: Cortez, 2002. P á g i n a | 231 Planejamento Estratégico Situacional na Assistência Farmacêutica em um Município do Interior Paulista Taquaritinga/SP. Camilla Santos1 Silvana Cardoso Neves2 Graciana Aparecida Simei Bento da Silva3 Resumo O sistema único de saúde (SUS) necessita de ferramentas capazes de garantir qualidade no atendimento e acessibilidade do usuário, deste a sua criação passou por grandes avanços, favorecendo a população o direito ao acesso a todos os níveis de atenção, sendo o principal a assistência farmacêutica, apresentando-se como uma área importante e de grande impacto no SUS, na medida em que o medicamento é a principal fonte de intervenção das doenças e agravos que acometem a população. Para a organização deste trabalho foi realizado inicialmente um estudo descritivo afim de levantar causas da possível falta de medicamento em um município do interior paulista com o objetivo de Identificar problemas decorrentes da falta de medicamentos, identificar as causas e consequências do problema escolhido através de uma importante ferramenta de gestão e ainda descrever os problemas evidenciados pela ausência de medicamento no município em estudo. Desta forma, para se ter um resultado significativo para a resolução de tal problema foi utilizada uma ferramenta de intervenção importante e necessária o plano estratégico situacional, onde este método busca interferir diretamente na causa e na realidade do problema, proporcionando qualidade no serviço prestado a população. Palavras-chaves: Sistema único de saúde, Plano estratégico situacional, Assistência farmacêutica Abstract The Unified Health System (SUS) NEED to be able to ensure quality of service and User Accessibility tools, this YOUR Creation been great advances, favoring the population the right to access to all levels of care, being the first one Pharmaceutical care, Presenting itself as an important area of great impact on SUS Measure in the que Drugs and the main source of Intervention of Diseases and Injuries que affect the population. For this Labor Organization was Held initially hum descriptive study in order to Raise Causes Possible lack of medicines in hum Municipality of São Paulo with the objective to identify problems arising from lack of medicines, identified as causes and consequences of the chosen problem through Important One Management tool and STILL tHE describe problems evidenced by the lack of medicines no municipality in study. Thus, paragraph have hum significant result paragraph the resolution of this problem was used An important intervention tool and needed the Situational Strategic Plan, where this search method directly affect the cause and the Problem of Reality, providing Quality of Services Provided to Population . Keywords: Health System, Situational Strategic Plan, Pharmaceutical Care 1 Graduanda do curso de Farmácia – FTGA, email: [email protected]. Graduanda do curso de Farmácia - FTGA; Email: [email protected]. 3 Farmacêutica pela FHO, Especialista em Bioquímica e Homeopatia, Licenciada em Física, Pedagoga e Mestre em Engenharia de Produção, email: [email protected]. 2 P á g i n a | 232 Introdução Planejamento estratégico situacional na assistência farmacêutica em um município o interior paulista. A assistência farmacêutica em seu âmbito prioriza o uso adequado de medicamento, visando a uma vida mais saudável, observando-se, a partir desta assistência, de acordo com relatos, vários fatores relacionados ao uso inadequado de medicamentos (SANTOS,2014). O sistema único de saúde (SUS) sofreu grandes transformações ao longo do tempo, entre estas prioriza-se o desabastecimento de medicamento, acarretando vários problemas para as farmácias e gerando influencia direta na qualidade da assistência farmacêutica (REIS,PERINI 2008). A disponibilidade e dispensação de qualquer medicação que deve seguir orientação médica com critérios de especificações em sua prescrição, onde se observa a posologia especificas. Neste sentido, visa o uso correto de medicamentos e que encontra a farmácia em suas funções principais, salientado ainda, que este serviço é de extrema importância para assegurar a funcionalidade, eficácia e segurança dos medicamentos e em consequência disto a efetivação do tratamento proposto. (ANACELTO et al, 2006; ALBUQUERQUE et al, 2012; COSTA et al, 2008). São vários os motivos relacionados a falta de medicamento podendo classificar como diretamente e indiretamente, atua na parte direta toda parte de logística farmacêutica , já a indireta é vista no controle alfandegário , fiscal e sanitário (REIS,PERINI 2008). No Brasil foi elaborado uma Política Nacional de Medicamentos (PNM), a fim de enfatizar o uso racional de medicamentos e em consequência a melhora da saúde. A PNM tem como norte o fortalecimento dos princípios propostas constitucionais envoltas no SUS, tendo como principio “garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais” (BRASIL, 2001). Em contrapartida, uma ausência no planejamento efetivo, no que se refere à assistência dos serviços farmacêuticos, que podem acarretar grandes desperdícios de dinheiro, e tendo em vista que cada vez mais há uma crescente na demanda de medicamentos, neste sentido, as atitudes de gerenciamento e o planejamento estratégico da área são imprescindíveis, abrangendo além de planejamento como já foi dito, execução, acompanhamento, avaliação de resultados, bem como o replanejamento a partir dos resultados destas avaliações e assim replanejar (MARIN et al, 2003). P á g i n a | 233 Neste prognóstico, o presente trabalho será pautado na analise das vivencias e desenvolvimento do plano estratégico para a resolução de problemas relacionados à falta de medicamentos nas farmácias públicas em um município do interior paulista, com foco na ferramenta do Plano Estratégico Situacional. Justificativa A assistência farmacêutica apresenta-se como uma área importante e de grande impacto no SUS, na medida em que o medicamento é a principal fonte de intervenção das doenças e agravos que acometem a população. A insatisfação da população quanto aos serviços da saúde publica é percebida dia a dia, sendo que os problemas crescem descontroladamente, dando ênfase a grande falta de medicamentos nas unidades básicas de saúde, gerando sérios danos e agravos a saúde da população. Desta forma, para se ter um resultado significativo para a resolução de tal problema é importante se ter uma ferramenta de planejamento na assistência farmacêutica, para que se possam realizar intervenções importantes e necessárias para solucionar o problema. Metodologia Para a organização deste trabalho foi realizado inicialmente um estudo descritivo afim de levantar causas da possível falta de medicamento em um município do interior paulista, utilizando- se da ferramenta do planejamento estratégico situacional na assistência farmacêutica para a resolução de tal problema (BARROS E LEHFELD, 2007; PEROVANO, 2014). Ao que se refere à organização estratégica e plano organizacional que serão organizados para proporcionar alternativas de soluções da situação problema é caracterizado pelo direcionamento de ações que possibilitem definição de responsáveis, limites de prazos, os norteadores de indicadores tanto para o monitoramento quanto para a avaliação. (VEBER; LACERDA; CALVO, 2011). Sistema Único de Saúde e Assistência Farmacêutica O país passou por inúmeras transformações ao longo do tempo, evidenciado a implantação do sistema único de saúde (SUS) no sistema publico.Neste sentido a política de P á g i n a | 234 saúde no Brasil em buscando o acesso ao medicamento, integridade na atenção,igualdade (OLIVEIRA,2010). O SUS é visto como uma política do estado, enfatizando o direito a saúde sendo dever do estado. Foi instituído em 1988 pelo congresso nacional, onde este visa à qualidade da assistência farmacêutica (TEIXEIRA,2011). A assistência farmacêutica é uma área de grande dimensão, dividida em subáreas diferentes, mas que se complementam, sendo uma área voltada para tecnologia de gestão, ou seja, acesso ao medicamento e a outra voltada a tecnologia do uso racional de medicamento, salientando que a atenção farmacêutica é uma particularidade da tecnologia do uso adequado do medicamento e privativa do farmacêutico (ARAUJO et al, 2008; SANTOS,2014). No entanto o histórico da assistência farmacêutica no país apresenta uma grande defasagem, principalmente no que se diz respeito ao acesso ao medicamento e a qualidade do serviço prestado a população (GOMES,2012). Política nacional de medicamento Após o surgimento da política nacional de medicamento no ano de 1988, foi atribuída a assistência farmacêutica sua responsabilidade e importância dentro do sistema único de saúde, que vai deste a distribuição do medicamento ate seu uso adequado, ressaltando que a assistência farmacêutica é responsável pela segurança, qualidade e eficácia do medicamento, garantindo o bem estar do paciente (OLIVEIRA et al,2010). Portanto a (PNM) passa a conduzir a reforma do setor saúde, sendo que a mesma ocorreu se forma democrática e participativa, estando voltada aos princípios do SUS, colaborando no crescimento do país, desenvolvendo metas e ações definidas para o ministério da saúde (GOMES,2012). A maneira como a assistência farmacêutica foi introduzida no SUS após todas estas transformações destaca sua importância no setor da saúde. Mas para que estas políticas sejam realizadas com êxito é preciso a garantia de recursos para exercer as ações propostas, salientando ainda que a gestão deve ser de qualidade (VIEIRA,2010). Falta de medicamento no sistema único de saúde A população tem consciência de que a saúde é um direito, sendo esta o dever do estado, porém o que as pessoas vivenciam ao ir atrás dos seus direito é descaso e transtorno no sistema público de saúde (GUERRA,2014). P á g i n a | 235 Mesmo com o grande desenvolvimento do sistema único de saúde (SUS), os municípios brasileiros cometem grandes falhas, a população tem graves problemas para a garantia dos medicamentos considerados essências, uma vez que, o país se encontra desestruturado na politica de medicamento, sendo freqüentes pessoas a procura do poder judiciário para lutar pelo direito ao medicamento (VIEIRA, ZUCCHI,2007; VIEIRA, 2010). A judicialização tornou-se uma prática recorrente devido à falta de medicamentos no sistema público, devendo a esta uma forma de assegurar acessibilidade e qualidade do serviço de saúde , visto que a mesma gera muitos gastos aos municípios e estados (CHIEFFI,BARATA,2009; RAMOS, 2012). Desta forma, o planejamento estratégico situacional é uma ferramenta de grande importância para auxiliar na resolução da falta de medicamento e conseqüentemente diminuir a judicialização. Planejamento Estratégico Situacional (PES) O método visa resolver problema e objetiva principalmente resolver os casos mais difíceis e de complicada resolução, e ainda para os que não têm solução normativa como os bens estruturados. Evidenciando que tais problemas são identificados nos diversos setores existentes. Desta forma suas causas não se prendem apenas em seu interior, em seu setor e área, se estende por toda parte, tendo em vista que para resolução do mesmo dependem também de recursos exta-setorial e a participação das pessoas envolvidas no problema (ARTMANN,2000). Para Matus (1993), defende que um tipo de calculo que antecede e gerencia a ação com a intenção de instaurar um futuro e não ato de previsão. Neste sentido o PES tem como função acompanhar permanentemente a realidade, ou seja, avalia as decisões e verifica se os resultados obtidos estão acompanhando aquilo que foi projetado e esperado. Já para a atuação em instituições o trabalho com o PES, demanda a necessidade de se estabelecer uma relação direta com “missão”, pois através desta analise pode-se considerar e analisar o papel desta empresa junto à sociedade, no que se refere a produtos e serviços, que são produzidos ou oferecidos para os clientes ou usuários (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 2002; VEBER, LACERDA; CALVO, 2011). De acordo com Toni (2004), a analise, identificação do local, visualização e a participação social e de outros autores e analises estratégicas são fundamentais P á g i n a | 236 diferenciadores do PES em relação e comparação a outros sistemas ou métodos de planejamento. Tendo como foco deste trabalho e ainda sobre a realidade dos serviços de saúde é definida por questões complexas, que exigem o trabalho e o posicionamento de diferentes atores, que inclui cidadãos que buscam por direitos. E nesta busca encontra-se o setor de medicamentos, assim as assistências farmacêuticas devem deter um planejamento abrangente participativo, para que seja eficaz o enfrentamento dos problemas observados nesta pesquisa, seguindo a realização de quatro momentos (ARTMANN, 2012; ARTMANN, 2000). O PES prevê quatro momentos (Matus, 1993, 1994) que atuam na constância desta organização no processamento técnico-político da resolução de problemas, destacado pelos os seguintes momentos: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. Momento explicativo: selecionando e compreendendo o problema É neste momento que entra a seleção das analises dos problemas relevantes para o ator que esta em contato direto com o problema em que pretende intervir. Assim, selecionados os problemas, eles passam por uma descrição de indicadores ou descritores que melhores o definem com maior clareza. Quando os descritores são elaborados de forma eficiente, são importantes ferramentas para avaliar os impactos do plano (ARTMANN, 2000). Vale salientar que nem sempre é possível usar apenas os descritores quantitativos. Muitas das vezes é preciso apenas com descritores qualitativos. Assim, os descritores, como são propostos não explica o problema, mas sim o caracteriza expressa os “sintomas” que os definem (MATUS,1987). Ainda segundo Matus,(1987), problemas estratégicos estão sempre entrelaçados e relacionados com outros problemas, pois as causas podem ser semeadoras de vários problemas, podendo também estar presentes e ser de mérito de diferentes setores. Por este motivo, há a importância intersetorial. Assim, dentre as várias causas dos problemas estão aquelas que são pontos críticos de intervenção, chamados de nos críticos, dos quais devem ser elaboradas as propostas de ação. Para a seleção destes pontos críticos, devem ser observados e feitos as seguintes perguntas, sobre a causa dos problemas (MATUS,1994a): A. A intervenção sobre esta causa trará um impacto representativo sobre os descritores do problema, no sentido de modificá-los positivamente. B. A causa constitui-se num centro prático de ação, ou seja, há possibilidade de intervenção direta sobre este nó causal (mesmo que não seja pelo ator que explica). P á g i n a | 237 C. É oportuno politicamente intervir (MATUS,1994a). O Momento normativo: as propostas de ação em diferentes cenários É neste momento que se desenha os planos de intervenção sobre o problema, ou seja, é agora que se define a situação objetivada, as operações/ações que concretas e contextualizadas que visam os resultados, moldados pelos nós críticos (ARTMANN, 2000; MATUS, 1993). Para cada nó critico, diagramado na etapa anterior deve ser fomentada uma ou mais operações para as propostas de intervenção. As operações devem ser elucidadas de forma sintética e expressar uma proposta de intervenção, com verbos que enfatizem ações concretas. Ou seja, para cada operação será detalhada em ações, onde expõe maior precisão para os conteúdos. Para elaborar as ações devem ser pautadas e direcionadas pelos nós críticos (MATUS,1994b). Na seqüência, cada ação deve ter produtos e resultados determinados, os responsáveis pelas ações, recursos, tempo de realização, no contexto definido no plano (MATUS,1994b). O momento estratégico: construindo a viabilidade do plano Nesta etapa esta a analise da viabilidade do plano, mesmo apesar de uma pré- analise ter sido realizada na etapa anterior, agora faz se necessário uma analise mais profundo e a impetração de simulação de variações possíveis. Salientando ainda que, é importantíssimo uma analise da viabilidade muito bem feita, com situações onde o ator, não possa controlar todos os recursos e requisitos para a realização do plano (MATUS,1994b; MATUS,1993). O momento tático operacional: a gestão o plano Assim que elaborado o (flexível e adaptável à conjuntura), e depois de feita todas as etapas para os planejamentos, sobretudo a viabilidade, é chegada a hora de colocar o plano em ação, a sua implementação. Salientando ainda que, na estruturação do PES, o que diz sobre o planejamento e a gestão são indissociáveis, ou seja, o plano é um compromisso de atitudes e ações que são vinculadas a um resultado, meta e que o enfrentamento de problemas que devem traduzir novas situações que buscam melhorar a situação inicial.(MATUS,1994 a-b). P á g i n a | 238 Resultado e discussão A aplicação da ferramenta, plano operativo (PO) seguiu com o desenvolvimento dos quatros momentos do planejamento estratégico situacional, iniciando-se com a identificação dos problemas. Neste momento foi realizada inicialmente a explicação da ferramenta aos participantes e posteriormente, a definição e a realização de uma pesquisa com atores do sistema único de saúde no município em estudo, onde foram elencados e priorizados os problemas de acordo com sua magnitude, governabilidade e urgência, e posteriormente seus descritores. Após apontar os descritores iniciou-se a realização da fase II do Momento Explicativo com a elaboração da Espinha de Peixe, onde foram elencadas as causas e conseqüências do problema priorizado, feito o levantamento das causas e chegando a causa convergente, realizou-se a mesma conduta para as conseqüências e conseqüências convergentes, como mostra a figura a seguir: Figura 4.2 Espinha de peixe Falta de um planejamento eficaz Falta de organização Por quê ocorre? Falta de planejamento Atraso do dose certa Falta de um controle de estoque efetivo incorreto Falta do medicamen to no mercado 2,84% receitas não atendidas por falta de medicamentos Falta de medicamentos Expectativa de vida menor Atraso no processo de Ausência de interessados no licitação processo licitatório 7,95% itens em falta da REMUME Agravamento da saúde do paciente O que gera? Atraso no repasse financeiro Super lotação de hospitais Redução do número de falta de medicamentos Uso incorreto do medicamento Gera aumento de gasto com hospitalização Serviços de assistência farmacêuticadeficitário e ineficiente Cancelamento e adiamento de procedimentos cirurgicos Usuário insatisfeito Falta de adesão ao tratamento Aumento dos Risco à Saúde do Paciente Fonte: próprio autor A partir deste momento foi desenvolvido o momento normativo fase I a causa convergente “Falta de um planejamento eficaz” e a conseqüência convergente “Aumento dos riscos a saúde do paciente” iniciou-se a execução da fase I do momento normativo com a definição objetivo geral: desenvolver um planejamento capaz de diminuir a falta de P á g i n a | 239 medicamentos, assegurando a saúde do paciente. P á g i n a | 240 Assim também foi feito para defini-la os objetivos específicos do plano operativo, partindo das causas e conseqüência secundaria foram definidos os objetivos específicos para os quais foram estabelecidas operações e ações. Os objetivos específicos, as operações e ações necessárias podem ser vistas no quadro a seguir: Quadro 4.3 Objetivos, ações e operações. OBJETIVOS ESPECÍFICOS OPERAÇÕES Desenvolver um planejamento para solucionar o problema em vigor: falta de medicamento. Organização no processo de licitação dos medicamentos, visando comprometimento com a farmácia. Melhoria do controle de estoque, para melhor atendimento do paciente Fonte: próprio autor AÇÕES Conhecer a causa do problema. Elaborar o projeto Promover reuniões com os envolvidos no processo licitatório. Dispensação correta de acordo com a posologia prescrita. Desenvolver um plano capaz de resolver o problema Promover palestras com funcionários palestras com os usuários do serviço de saúde. Agendar sala e reunião Elaborar convite Providenciar coffe break Palestra sobre o uso racional de medicamento Cortes nas quantidades excedidas de medicamentos Estabelecido as operações e ações do plano operativo, a próxima etapa foi analisar a viabilidade e facibilidade por meio da matriz momento estratégico, sendo ele um diferencial do planejamento estratégico situacional, pois traz a reflexão das situações descritas no momento normativo, mas que por algum motivo não estão em condições de serem executadas, construir mecanismos para viabilizar estas ações e operações são importantes para que o plano torne-se exeqüível assim, para cada objetivo especifico foi realizado a analise estratégica referente ao problema” falta de medicamento” em busca da imagemobjetivo” diminuir a falta de medicamento” como mostra a matriz a seguir: Quadro 4.4 Matriz do momento estratégico OBJETIVO Desenvolver um planejamento capaz de solucionar o problema.. ESPECÍFICO 1 : OPERAÇOES ANÁLISE DE VIABILIDADE ANÁLISE (Poder) FACTIBILIDADE AÇÕES Conhecer a causa do DE Recurso Recursos s necessári Déficit ATIVIDADE ESTRATÉGICA Decidir Executar Manter Sim Sim Sim existent Sim e os Sim - - Sim Sim Sim Sim Sim - - problema. DesenvolviDesenvolver um mento planejament o. P á g i n a | 241 planejamento Promover capaz de palestras com o os funcionários solucionar Sim Sim Sim Sim Sim - - Sim Sim Sim Sim Sim - - problema. Promover palestra com a OBJETIVO ESPECÍFICO 2 : OPERAÇÕES população. Organização do processo licitatório do medicamento. do ANÁLISE (Poder) FACTIBILIDADE AÇÕES Elaborar convites Agendar sala de Organização ANÁLISE DE VIABILIDADE reunião processo licitatório Agendar do medicamento material multimídia Providencia r “coffe DE Déficit ATIVIDADE ESTRATÉGICA Recurso Recursos s necessári existent Sim os Sim - Parcerias Sim es Sim Sim - - Sim Sim Sim Sim - - Sim Sim Sim Sim Sim - - Sim Sim Sim Sim Sim - - Decidir Executar Manter Sim Sim Sim Sim Sim Sim break” Elaborar lista de presença OBJETIVO Melhoria do estoque para melhor atender a necessidade do paciente. ESPECÍFICO 3: OPERAÇÕES AÇÕES ANÁLISE DE VIABILIDADE ANÁLISE (Poder) FACTIBILIDADE na Melhoria do estoque para melhor atender a necessidade paciente. do Déficit ATIVIDADE ESTRATÉGICA Não Recurso s existent es Não Recurso s necessári os Não - - Não Não Não Não - - Não Não Não Não - - Decidir Executar Manter Sim Não Não Não Cortes s quantidade DE excedida de Palestras sobre medicamento uso racional de medicamentos Atenção n a dispensação. Fonte: próprio autor No momento tático-operacional com a elaboração final do plano operativo para a resolução do problema “falta de medicamento que possui o objetivo geral de diminuir a falta de medicamento, assegurando a saúde do paciente” teve seu detalhamento dos objetivos específicos, operações e ações, inclusive as estratégicas. Para finalizar o plano, foi necessário o estabelecimento de indicadores de monitoramento e avaliação para o acompanhamento de sua execução como mostra as matrizes a seguir: P á g i n a | 242 Quadro 4.5 Matriz do momento tático-operacional Operação Indicador Cálculo Desenvolver um planejamento para solucionar o problema em vigor: falta de medicamento. Organização no processo de licitação dos medicamento Melhoria s. controle no de estoque. Fonte: próprio autor Execução do planejamento - Periodicidade de coleta 3 meses Fonte de verificação Plano pronto Processo solicitado - 3 meses Licitação definida Organização do estoque - 3 meses Estoque controlad o As matrizes a seguir mostram os indicadores de monitoramento e avaliação para o acompanhamento do plano que foram estabelecidas no momento tático-operacional, sendo o momento de concretizar as ações construídas nos momentos anteriores, e ainda, avaliar e adequar às ações conforme a necessidade, buscando sempre atingir o objetivo. Quadro 4.6: Explicação da operação1 Ação Indicador Cálcul o Fonte de verificação Periodicidade de coleta 3 meses Conhecer a causa do problema Entendimento da causa - Desenvolver um plano capaz de resolver o problema. Execução do planejamento - 3 meses Plano executado Promover palestras com funcionários na busca de novas opiniões. palestras com os usuários do serviço de saúde Número de palestrante s confirmado Número s de palestrante s confirmado s - 3 meses Confirmação dos palestrantes - 3 meses Confirmação dos palestrantes Fonte: próprio autor Causas definidas Cada operação e ação possuem sua particularidade, no entanto estão relacionadas e são complementares tornando o processo dinâmico, como mostra a seguir: Quadro 4.7: explicação da operação 2 Ação Indicador Cálculo Periodicidade de coleta Fonte de verificação P á g i n a | 243 Elaborar convites Agendar sala e reunião Providenciar coffe break Elaborar lista de presença Fonte: próprio autor Números de convites elaborados e enviados Número de agendament o Realização de coffe break Número de lista elaborada e impressa - 3 meses - 3 meses - Por evento - 3 meses Lista de recebimento assinada Verificação da agenda Coffe break oferecido Listas impressas Com os indicadores estabelecidos foi possível a elaboração da matriz final do Plano Operativo, com ações estratégicas, indicador, periodicidade e fonte de verificação como mostra a matriz a seguir Quadro 4.8: explicação da operação 3 Ação Indicador Cálculo Periodicidade de coleta Fonte de verificação Cortes nas quantidades excedidas de medicamentos Cortes feitos - 3 meses Palestras sobre uso racional de medicamento Número de palestrante s Atenção confirmado retrógrad s a - 3 meses Confirmação dos palestrantes 3 meses Atendimento de qualidade Atenção na dispensação Redução de gastos Fonte: próprio autor Conclusão A assistência farmacêutica apresenta-se como uma área de grande impacto no sistema único de saúde, sendo responsável pela qualidade no atendimento da população, visando sempre a saúde do paciente, porém seu histórico apresenta uma grande defasagem, no que se diz respeito a qualidade do serviço prestado a população. O planejamento estratégico situacional é uma ferramenta que permite através do plano operativo o conhecimento do problema e a melhor forma de resolvê-lo, sendo um instrumento de grande importância para a assistência farmacêutica uma vez que permite avaliar e reavaliar a mesma, detectando suas carências, sendo essencial para a gestão de serviços. Mesmo sendo pouco conhecido o plano estratégico é um instrumento de grande valia P á g i n a | 244 para a gestão da assistência farmacêutica, pois auxilia de forma clara e objetiva o modo de se conduzir um problema e chegar a um resultado satisfatório e ainda permite a mudança da postura dos profissionais, tornando-os mais críticos e parte importante de uma equipe, salientando que todas estas melhorias refletem diretamente na qualidade do atendimento para com o paciente. Portanto, pode-se destacar que a ferramenta permitiu alcançar todos os objetivos propostos, identificando a causa do problema, suas conseqüências e a forma mais fácil e ágil para resolução do mesmo, mostrando-se como instrumento que pode ser usado em qualquer outro serviço proporcionando resultados satisfatórios. A ferramenta proporciona ainda traçar estratégias a longo e curto prazo, alinhar os profissionais para um mesmo objetivo melhorando o desempenho dos mesmos. Desta forma o planejamento estratégico situacional mostrou-se muito eficaz e importante para auxiliar e direcionar a resolução desde problemas mais simples aos mais complexos, detectando todas as suas carências, obtendo-se melhorias e satisfação nos resultados e ainda organização do serviço e qualidade do atendimento. REFERÊNCIAS ANACLETO, T. A.; PERINI, E.; ROSA, M. B. Prevenindo erros de dispensação em farmácias hospitalares. Infarma, v.18, nº 7/8, 2006. ARAUJO, A. L. A.; PEREIRA, L. R. L.; UETA, J. M.;FREITAS, O. 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P á g i n a | 248 Avaliação do controle de estoque e demanda medicamentosa atendida em uma drogaria do município de Taquaritinga: Estudo de caso Jorge Felipe Bernardes Graciana Aparecida Simei Bento da Silva2 1 Resumo Em um contexto de mudanças econômicas e sociais extremamente dinâmicas, as exigências peculiares da atividade comercial farmacêutica determinam a vital importância da adoção de um sistema de controle de estoques adequado para o gerenciamento otimizado, nesse ramo de negócios. Este trabalho visa trazer um estudo de caso focando na atividade de gestão de estoque de medicamentos, e a demanda medicamentosa em uma drogaria do município de Taquaritinga. Que o seu gerenciamento atenda, não somente a melhorar a situação econômica do estabelecimento comercial, como também possa prestar ao atendimento das necessidades sociais de seus consumidores. Visando a Assistência Farmacêutica como fator imprescindível para a conquista mercadológica e uma melhor forma para manter um estoque de segurança. Palavras-chaves: Controle de estoques, Assistênc Farmacêutica. Demanda medicamentosa e Abstract In a context of highly dynamic economic and social changes, the peculiar requirements of the pharmaceutical business activity determine the vital importance of adopting an inventory control system suitable for the optimal management in this line of business. This work aims to bring a case study focusing on drug stock management activity, and drug demand in a drug store in the city of Taquaritinga. That its management meets, not only to improve the economic situation of the commercial establishment and can also pay to meet the social needs of its consumers. Aiming at the Pharmaceutical Care as an indispensable factor for the achievement marketing and a better way to maintain a safety stock. Keywords : Inventory control drug demand and Pharmaceutical Services . ia P á g i n a | 249 1 Graduando do curso de Farmácia – FTGA, email: [email protected]. Farmacêutica pela FHO, Especialista em Bioquímica e Homeopatia, Licenciada em Física, Pedagoga e Mestre em Engenharia de Produção, email: [email protected]. 2 Introdução A medicina tem progredido a passos largos nos últimos anos, com o avanço da ciência na área da saúde, ocorreram descobertas para tratar e prevenir doenças. A busca do cidadão por uma qualidade de vida melhor, fez com que surgisse um segmento no mercado diferenciado e em evolução, que é o setor que trabalha com produtos farmacêuticos, dando ênfase, nos dias atuais, às drogarias (SILVEIRA, 2011). As drogarias respondem por 80% do escoamento de medicamentos da indústria. Os principais fatores de atratividade do setor são a demanda crescente no Brasil para o mercado de remédios; as boas perspectivas para os medicamentos genéricos; o programa farmácia popular; o fácil acesso a softwares de gestão de drogarias; o envelhecimento da população brasileira e a expansão do portfólio de produtos para artigos de higiene, limpeza, perfumaria e até alguns produtos alimentícios (SEBRAE, 2016). O crescimento das drogarias faz com que ocorra cada vez mais a necessidade de buscar informações para o desenvolvimento e adequação de processos logísticos (RODRIGUES, 2015). Os principais objetivos de um gestor do estoque que visa ao sucesso é prever a demanda que será utilizada, tais como: quanto comprar, receber, armazenar, manter e controlar o estoque. Na área farmacêutica, a atividade que está associada à gestão de estoques é a programação de medicame ntos, uma etapa do ciclo da assistência farmacêutica que tem a finalidade de contribuir para melhorar a qualidade de vida da população, propondo ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação de saúde, assim como orientar o uso racional dos medicamentos , dentre as diversas atribuições do farmacêutico que atuam em drogarias no Brasil (LIRA, 2013; RODRIGUES, 2015; SILVA et al, 2014; MORTARI et al, 2014). Dessa forma, este trabalho busca mostrar a análise do controle de estoque e a avaliação da demanda medicamentosa de uma drogaria. Este estudo tem como objetivo avaliar a demanda medicamentosa em uma drogaria, traçando o perfil farmacológico local. Justificativa A rápida urbanização do País concentrou enormes massas nas cidades, como P á g i n a | 250 consequência, as pessoas desenvolveram maus hábitos alimentares, sedentarismo, a obesidade crescente, a poluição, a precariedade do saneamento básico, entre outros problemas, gerando assim o aumento das doenças. Nos dias atuais a importância das drogarias para a sociedade é analisar quais os problemas e soluções enfrentados na administração da cadeia de suprimentos deste segmento (RODRIGUES et al.,2015; SIMPRAFARMA, 2014; AZEVEDO, 2016). Com a diversidade de produtos lançados, anualmente, no mercado farmacêutico, bem como a competitividade crescente, é necessário formular um plano de gerenciamento para conseguir superar a concorrência na geração do lucro (DIAS, 1993). A gestão de estoques é necessária para evitar os altos custos com os produtos, diminuir o capital total investido pela empresa no estoque, além de evitar a falta de produtos para os clientes. O objetivo é o atendimento ao cliente na hora certa e com a quantidade certa (NOGUEIRA, 2011; LIRA etal., 2013). Os serviços farmacêuticos são indispensáveis no acompanhamento da dispensação com qualidade, porque a dificuldade no entendimento da terapêutica prescrita leva os pacientes a conviverem com retornos precoces aos consultórios, além disso o paciente deve ser orientado corretamente e indicadores de prescrição devem auxiliar na prática terapêutica (SOUZA et al., 2012; GOMES, 2000; MARIN et al., 2003; COLOMBO et al., 2004). É importante ressaltar que pela falta de controle dos estoques corre-se o risco de variação excessiva da quantidade a ser produzida, produção parada frequentemente por falta de material, falta de espaço e armazenamento, baixa rotação dos estoques, obsoletismo em demasia (DIAS, 1993; RODRIGUES et al.,2015). Metodologia A metodologia utilizada no trabalho: Do ponto de vista dos objetivos: trata-se de um estudo exploratório, pois o principal objetivo é conhecer melhor o fenômeno a ser estudado, aumentando assim, o conhecimento acerca do objeto de estudo, esclarecendo conceitos (SELLTZ, 1987; OLIVEIRA, 2001). Do ponto de vista da forma de abordagem do problema: é uma pesquisa quantitativa, pois o ambiente natural é fonte de coleta de dados (MASSARIOLLI, 2003). Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: será utilizado o método de estudo de caso, onde serão coletados e registrados dados para organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência avaliando-a de forma analítica (GIL, 1996). Do ponto de vista do local de realização: trata-se de uma pesquisa de campo, pois os dados serão extraídos do sistema informatizado de P á g i n a | 251 controle de estoque da drogaria em estudo. Do ponto de vista do período de investigação: será uma pesquisa transversal, pois serão utilizados dados de um determinado momento. Gestão de estoque: vantagem e desvantagem A gestão de estoque de drogarias não é tão simples, e não é apenas só lucro, está cada vez mais complexo em um mercado cada vez mais globalizado, o controle de estoque tornouse um fator essencial para a sustentabilidade financeira das empresas (NEO QUIMICA, 2016). Existe uma situação de conflitos entre os setores em relação aos estoques, pois para o setor comercial quanto mais estoque melhor, já para o setor financeiro é necessário estoques reduzidos para a diminuição do capital investido. A melhor forma é conciliar os setores, num nível que não prejudique os objetivos da empresa (VIANA, 2000; TEOFÁNES et al, 2012). Um estoque falho nas drogarias, que ainda são os principais pontos de dispensação de medicamentos, dependendo de sua distribuição, acarretaria em um grande problema em nível de saúde pública e implicaria em perdas para a drogaria como comércio e como estabelecimento de saúde (ABREU, 2011). Já um estoque eficiente auxilia a fidelização do cliente, possibilitando um primeiro contato com a empresa (NITAHORA, 2013 ). Quando um cliente deixa um estabelecimento farmacêutico e recorre a um concorrente em busca de um medicamento em falta no estoque da primeira drogaria em questão, o valor dos estoques parece inquestionável. Este é o dilema do gerenciamento de estoque: apesar dos custos e outros fatores relacionados à manutenção de estoques, busca-se harmonia entre fornecimento e demanda (VIANA, 2000; NEO QUIMICA, 2016). Assistência Farmacêutica De acordo com a Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004, do Conselho Nacional de Saúde, que aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, Assistência Farmacêutica (AF) é: “Um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2004 ,p.1).” O Farmacêutico está inserido nessa realidade e de todo o aspecto ético da profissão, P á g i n a | 252 sendo ele um profissional de relevância e capacidade profissional dentro da equipe multidisciplinar de saúde (SILVEIRA, 2011). Na gestão de controle, é fundamental o estabelecimento de critérios de padronização dos medicamentos, mecanismos de aquisição, armazenamento e logística de distribuição, de modo a garantir a racionalidade administrativa, e equilíbrio da demanda (FARINA et al, 2009; LUCCHETA, 2010; ANVISA, 2012; SILVA, 2015). Variedades de medicamentos ofertados na drogaria A Drogaria em estudo tem um estoque com cerca de 28 classes de fármacos disponíveis para o comércio, com denominações de medicamento: Genérico , Similar e Referência (BRASILPHARMA, 2013) O advento dos genéricos, sem dúvida, trouxe a garantia de produtos com maior confiabilidade ao mercado de medicamentos, pressionando os preços para baixo e uma sensível redução dos custos com medicamentos. Os medicamentos similares, também representam uma alternativa para pressionar os custos para baixo, porém, devemos adotar critérios técnicos e regulamentares na escolha dos fornecedores desses produtos, conforme descrito na Resolução ANVISA RDC nº 133, de 02 de junho de 2003. O prazo de entrega de medicamentos pelas distribuidoras é, em média, de dois dias. Sendo assim, a possibilidade do trabalho com estoques cada vez mais reduzidos aumenta, o tempo de reabastecimento é menor e o risco de desabastecimento de estoques é reduzido. Além disso, o custo de estocar reduz consideravelmente, havendo um elevado valor de giro de estoque. Demanda medicamentosa O termo “gestão da demanda” significa necessidade para um produto ou componente particular (OLIVEIRA, 2005). Prever a demanda: é a função que se preocupa em predizer o consumo dos medicamentos de forma que a aquisição possa ser nas quantidades apropria- das. Segundo Pinheiro, 2005, o estoque existe pela variação de ritmo entre demanda e fornecimento (OLIVEIRA, 2005). Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas e com a prevalência de doenças crônicas em ascensão, o Brasil é um dos países que mais consome medicamentos no mundo (IBGE, 2013). A partir de todo esse contexto foi realizado um controle de estoque na drogaria em P á g i n a | 253 estudo por cerca de 6 meses, e os medicamentos independente as variações de demanda , mais prescritos tratava-se das classes terapêuticas: Anti-hipertensivos: Atenolol e Losartana Potássica; Analgésicos e Antitérmicos: Anador e Dorflex; Anti-inflamatórios: Diclofenaco Potássico e Nimesulida; Hipoglicemiantes: Glifage xr e Insulina NPH. Anti-hipertenivos com maior saída Atenol: Possui as seguintes apresentações: Comprimidos simples de Atenolol 25 mg / 50 mg e 100 mg ,em embalagem com 30 comprimidos. É indicado para: Controle da hipertensão arterial, controle da angina pectoris e tratamento do infarto do miocárdio (BRASIL, 2016). Losartana Potássica: Apresentações - Embalagens contendo 30 comprimidos revestidos de 50mg ou 100mg. É indicado para: O tratamento da hipertensão e também para o tratamento da insuficiência cardíaca (NET, 2015). Analgésicos e antitérmicos de maior consumo Anador: Apresentações - Comprimidos de 500 mg: embalagens com 24, 120, 240 e 512 comprimidos. É indicado para: Dor (analgésico) e (antitérmico) (BRASIL, 2016). Dorflex: Apresentação - Comprimidos 300 mg + 35 mg + 50 mg: embalagem com 30, 240 ou 300. É indicado para: Dor (analgésico) e atua como relaxante muscular (NET, 2014). O dorflex já recebeu o primeiro lugar no ranking dos medicamentos mais vendidos em anos consecutivos e nunca deixa de estar entre o top 10. (HIPOLABOR, 2015). Anti-inflamatórios de maior demanda Diclofenaco de Potássio: Comprimidos revestidos de 50 mg: embalagens com 10, 20, 500 e 1000 comprimidos revestidos. Indicado para: Dor e inflamação, infecções de garganta entre outras finalidades (NET, 2014). Nimesulide: Apresentação: Comprimidos de 100 mg: embalagem com 12 comprimidos. Indicado: é um anti-inflamatório não-esteroidal indicado para uma variedade de condições que requeiram atividade anti-inflamatória, analgésica e antipirética (BRASIL, 2016). Hipoglicemiantes mais usados P á g i n a | 254 Glifage XR: Apresentações Glifage® 500 mg / Glifage® 850 mg / Glifage® 1 g Embalagens contendo 30 comprimidos revestidos. Indicação: agente antidiabético, associado ao regime alimentar, para o tratamento de: Diabetes tipo 2, não dependente de insulina ( NET, 2013). Insulina NPH: Apresentação - Suspensão injetável de Insulina Humana Recombinante NPH (ADN recombinante). Embalagem contendo um frasco-ampola com 10 mL de suspensão na concentração de 100 UI/mL. Indicação: Tratamento do diabetes mellitus (BRASIL, 2016). Como podemos observar o quadro abaixo, no quesito top 10 e faturamento, alguns medicamentos citados acima como demanda medicamentosa mais utilizada pela população na drogaria, constam na lista dos remédios mais vendidos no Brasil em 2015. Como os anti-hipertensivos Glifage xr e Losartana potássica, além dos analgésicos e antitérmicos: Dipirona sódica e Dorflex. Discussão Não precisa manter um alto estoque a não ser que o preço de compra e venda esteja oscilando muito, então depende do mercado financeiro e da inflação, bem como, do capital de giro do estabelecimento (DIAS et al, 1993). Como pode-se visualizar no gráfico. Figura 1: Evolução dos reajustes máximos em porcentagem. Fonte:(G1) Como podemos visualizar no gráfico, a partir do ano de 2011 a 2015 a evolução dos reajustes máximo em %, teve o reajuste médio em torno de 6%. Porém, o impacto no consumidor historicamente tem ficado e deve ficar abaixo do teto P á g i n a | 255 de reajuste aprovado este ano 2016, que é de 12,5%", afirmou o (BRASIL, 2004) .O reajuste acima da inflação tem como pano de fundo os reflexos da crise econômica no setor farmacêutico, uma vez que, pelas regras, o cálculo do índice leva em conta também fatores como produtividade da indústria e variações dos custos de insumos. Segundo a Interfarma 2016, a forte alta do dólar e das tarifas de energia elétrica teve forte impacto nos custos da indústria, cuja boa parte da matéria-prima é importada . P á g i n a | 256 Apesar de o reajuste já estar valendo, é aconselhável que o consumidor faça pesquisa, uma vez que os preços tradicionalmente tendem a ser remarcados conforme as farmácias forem renovando seus estoques (GLOBO, 2016; NITAHORA, 2013). Como não é possível prevê uma inflação média para o ano seguinte, uma das maneiras possíveis para driblar os aumentos seria a utilização de remédios genéricos, sendo que é preciso ter cuidado e consultar um médico apropriado para fazer essa troca, pois o organismo vai reagir a isso, sendo as respostas individuais, e planejar os estoques com base numa previsão de vendas. Gerando perdas ou ganhos de lucro para a empresa, o essencial é como será a prestação de serviços no atendimento das necessidades dos clientes (LIRA, 2013). Diante, disso um controle de estoque é fundamental para a drogaria tanto como estabelecimento comercial quanto como estabelecimento de saúde. Resultados A seguir está representado o consumo mensal e a porcentagem dos medicamentos Atenolol e Losartana K por um período de 6 meses. Gráfico 1: Anti –Hipertensivos mais consumidos pela população Fonte: Próprio autor. Gráfico 2 - Porcentagem do consumo dos anti-hipertensivos Atenol e Losartana K P á g i n a | 257 Fonte: Próprio autor. Como podemos visualizar nos gráficos acima os anti-hipertensivos mais prescritos pelos médicos pelo período de 6 meses são Atenolol e Losartana k ,devido as alterações no estilo de vida e o sedentarismo a população esta cada vez mais atingida por doenças cardiovasculares , e para a prevenção são utilizados estes medicamentos ,os dados obtidos de novembro de 2015 a Abril 2016 ,registram que o Atenolol ,manteve-se constante as saídas ,apenas em fevereiro e março houve um declínio nas vendas , deve-se pelo fato de o Atenolol ser um medicamento fornecido pelo SUS , assim a população tem a opção de escolher a retirada do mesmo. Já a Losartana K teve seus picos variados de vendas, pode ter ocorrido à queda de vendas pelas reações adversas acometidas ou pela substituição do anti-hipertensivo por outro da mesma classe. Os gráfico a seguir indica os Anti-inflamatórios com maior prescrição durante um período de 6 meses e suas respectivas porcentagens. Gráfico 3- 2 Classes de Anti-inflamatórios mais utilizados pela população. Fonte: Próprio autor. O nimesulida é um fármaco bem mais preferível a o Diclofenaco K pela população, P á g i n a | 258 como podemos observar nos gráficos, nos meses de fevereiro e abril, a queda foi em torno de P á g i n a | 259 10% em relação aos outros meses, devido de o nimesulida ser o dobro do preço do diclofenaco K, que é distribuído gratuitamente, ou seja, entre preferir e não ter gasto, o cliente não pensa na melhor indicação e sim na melhor opção (valor).Observa-se abaixo a quantidade mensal dos medicamentos mais utilizados para dor. Gráfico 4 - Os analgésicos de maior preferência estão o Anador e Dorflex Fonte: Próprio autor. O fácil acesso e a isenção da prescrição destes medicamentos contribuem ao consumo excessivo, o orflex aderido pela população por além de ação analgésica, também age como relaxante muscular. Os gráficos demonstram que seu uso esta estável, apesar de não ultrapassar a marca do anador é um dos medicamentos mais utilizados para cefaleia, queixa extremamente comum da população. A seguir segue gráfico do consumo dos medicamentos mais utilizados por pessoas portadoras da diabetes , tipo 1 e 2. Gráfico 5 - Glifage Xr e Insulina ,hipoglicemiantes mais amplamente utilizados durante os meses em estudo. P á g i n a | 260 Fonte: Próprio autor. Gráfico 6 - Notam-se os gráficos a seguir: a porcentagem dos Hipoglicemiantes mais consumidos por pessoas diabéticas. Fonte: Próprio autor. O exagero na alimentação tem um preço. A diabetes tornou-se uma epidemia. Conforme os dados nos gráficos os hipoglicemiantes mais consumidos pela população estão o Glifage XR, que desencadeou um alto valor de vendas durante os meses, de pesquisa, porém em janeiro e fevereiro seu uso teve uma queda brusca, fato de os médicos aderirem às outras classes farmacológicas para o tratamento dos tipos de diabetes. A insulina NPH, por ser tratar de um medicamento de uso contínuo, mantem seu consumo bem instável. Isso prova que a população cada vez mais sofre com doenças crônicas. Após as pesquisas, os medicamentos mais consumidos pela população são destinados a doenças crônicas e doenças mais comumente da população, de uso continuo ou de procura instantânea, que atualmente lidera o varejo, tanto por alguns citados fazerem parte do Programa FP, distribuídos gratuitamente e os outros por não terem restrições de venda. Sendo assim pode-se confirmar a demanda medicamentosa da drogaria do município de Taquaritinga, com as respectivas classes farmacológicas: Anti-hipertensivos: Atenolol e Losartana Potássica. Analgésicos e Antitérmicos: Anador e Dorflex Anti-inflamatórios: Diclofenaco Potássico e Nimesulida Hipoglicemiantes: Glifage xr e Insulina NPH. Conclusão Ao final do trabalho, com base nos objetivos traçados para o mesmo e no desenvolvimento do estudo de caso, os resultados demonstram que é de suma importância o controle dos estoques, pois é através deste controle que a empresa cria estratégias, torna-se P á g i n a | 261 competitiva reduzindo custo e atendendo da melhor forma o cliente, chegando aos resultados que foram planejados. Partindo desse pressuposto, e após o diagnóstico elaborado neste estudo, identificou-se que a drogaria procura atender os clientes com eficiência e o mais rápido possível, atualmente para não perder o cliente quando não se tem a medicação de imediato é solicitada para o dia seguinte, caso o cliente deseje imediatamente, os responsáveis, tentam o meio de troca ou empréstimo entre drogarias e farmácias, para que não ocorra a perca do maior ativo financeiro da drogaria “o cliente”. Com base nisso o estoque da drogaria é controlado adequadamente, com o software SOS – SOFT para que não ocorra perca (vencimento) e nem o acúmulo de medicamentos (perda de lucros) e espaço físico. No caso de sazonalidade o medicamento é reposto conforme as saídas, já em relação à classe terapêutica de medicamentos prescrita com maior frequência durante a pesquisa estão os Anti-hipertensivos: Atenolol e Losartana Potássica, os Analgésicos e Antitérmicos: Anador e Dorflex, Anti-inflamatórios: Diclofenaco de potássico e Nimesulida, e Hipoglicemiantes orais: Glifage xr e Insulina NPH. Deve-se ao fato de constarem na lista dos remédios mais vendidos no Brasil em 2015 e por a drogaria possuir o programa “Aqui tem Farmácia Popular” que além dos medicamentos gratuitos para hipertensão, diabetes e asma, o programa oferece mais 11 itens, com preços até 90% mais baratos, visando o acesso aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos (SAÚDE, 2015). Sendo assim é mantido um estoque relevante, pois as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por uma incidência alta das causas de mortes no Brasil. Além de um estoque com um gerenciamento planejado, otimizado e bem executado, atualmente o atendimento também é a alma do negocio, a relação humana é entender e satisfazer as necessidades e expectativas do cliente, “solucionar o problema”, com lucratividade. Um atendimento eficiente e personalizado é um dos principais fatores que o cliente leva em consideração ao iniciar um processo de fidelização junto à empresa. Então, são vários fatores que interagem na tão cobiçada conquista mercadológica, a drogaria do município de Taquaritinga, segue o ditado: “Assim como o mar toca o céu no horizonte, mão-de-obra e capital podem se encontrar em algum lugar na linha do horizonte patrimonial da empresa” (BRAGA, 1989). P á g i n a | 262 Referências ABREU, P. M . 2011. Controle de estoque farmacêutico:Um ponto de encontro entre rentabilidade e acesso á saúde. Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: <http://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/7739/2/37.pdf>.Acesso em: 12/04/2016. 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