O que as meninas estão lendo? pesquisa sobre o consumo de

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Universidade de São Paulo ­ Escola de Comunicações e Artes Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) O que as meninas estão lendo? ­ pesquisa sobre o consumo de conteúdo na infância Projeto de Iniciação Científica Aluna: Mariana de Arruda Miranda
Orientadora: Profª.Drº. Daniela Osvald Ramos São Paulo ­ 1º semestre de 2016 NºUSP: 8544492 Introdução: As revistas femininas são vistas como uma forma de entretenimento para as mulheres. Muito populares no Brasil, essas revistas costumam trazer assuntos leves e “dicas”, que vão desde “como conquistar o homem dos sonhos” até “alavanque sua carreira”, reforçando a ideia de que mulheres apenas se interessam por esse tipo de conteúdo, que reforça que a mulher só se realiza emocionalmente se estiver namorando ou que reproduz o valor de sucesso masculino ­ ser bem sucedido na carreira. Porém, essas leituras vão muito além do ócio: a mídia feminina reforça “padrões” de personalidade criados pela sociedade e que são esperados das mulheres. Frequentemente encontramos fotos femininas que passaram por processos de edição, enquadrando seus corpos no que é considerado “bonito”. Até mesmo as matérias com “dicas” acabam traçando uma linha de comportamento que as mulheres devem seguir caso queiram alcançar seus objetivos ­ seja no âmbito profissional ou no amoroso. Se esse tipo de conteúdo afeta diretamente o comportamento das mulheres, quando o mesmo acontece em crianças é esperado que o o impacto seja ainda maior. É durante a infância que os estereótipos de gênero são inseridos: é quando elas aprendem desde cedo quais brinquedos e cores representam as meninas e os meninos, e se inserem em algum dos dois grupos, dependendo dos estímulos recebidos pela família, amigos e escola. O tipo de conteúdo que as crianças consomem podem não somente afetar seus comportamentos, como também influenciar diretamente na construção de suas personalidades. Um exemplo é a revista “Recreio Girls”, destinada a meninas de 6 a 11 anos. A edição de 20/03/2016 vinha com as seguintes chamadas na capa: “Você é louca por compras? Faça o teste e descubra jeito de se controlar diante das vitrines!”; “Dicas de aplicativos para facilitar a vida de qualquer garota”; “Que tal adotar um animal de estimação?”; “#Amizade ­ Veja como aproveitar os melhores momentos (e os ruins também) com quem está sempre ao seu lado”; “Ai que vergonha ­ a gente ajuda você a lidar com esse sentimento” e “Brigadeiro ­ uma receita deliciosa”. Algumas postagens nas redes sociais mostravam que a revista não foi bem vista por parte dos internautas, pois partia do pressuposto que meninas entre 6 e 11 anos poderiam ser loucas por compras ou já cozinharem sozinhas, como é o caso da receita do brigadeiro. Essas duas matérias estariam reforçando o estereótipo de que mulheres são consumidores compulsivas e que devem aprender a cozinhar o quanto antes. A versão “Girls” foi criada com a ideia de alavancar as vendas da editora, já que segundo eles esse tipo de conteúdo vende bem. A versão para garotas é bem distinta da “Recreio”, que atiçava a curiosidade e a criatividade das crianças, independente do gênero do pequeno leitor. No “print” abaixo, é possível ver as capas de duas revistas Recreio, sendo a primeira a versão “Girls” e a segunda a tradicional. O site Lado M fez um texto contrário à revista para garotas, o que rendeu 3,2 curtidas no facebook, 1547 compartilhamentos e 238 comentários, sendo os mais curtidos aqueles que eram contrários à versão “Girls”; (exemplo de repercussão negativa da revista “Recreio Girls” no facebook ­ imagem retirada da página Lado M) Objetivo: O objetivo principal dessa pesquisa é descobrir que tipo de conteúdo é consumido por meninas entre 6 a 11 anos, de escolas públicas e particulares, e em que formatos eles são apresentados. O objetivo secundário é ter um documento final com o levantamento de dados e analisar as características de cada grupo ­ por idade e por escola. Metodologia: Para realizar o presente estudo, pretende­se entrevistar meninas entre 6 a 11 anos de duas diferentes escolas: uma pública e outra particular. Para isso, será utilizado um formulário padrão e atrativo para as crianças com perguntas referentes às mídias que elas consomem: revistas, programas de televisão, canais no YouTube, sites. Caso a criança ainda não seja alfabetizada, é possível fazer entrevistas individuais ou enviar o formulário para os pais ou responsáveis. Depois, analisar os as mídias citadas e ver o tipo de conteúdo que elas disponibilizam e, por fim, criar um catálogo e gráficos sobre os resultados obtidos, levando em consideração os conteúdos disponibilizados em cada mídia citada. Conclusão: Ao final da pesquisa, espera­se ter uma ideia do tipo de conteúdo que as garotas consomem durante a infância e se são eles similares aos que estão presentes nas revistas femininas destinadas ao público adulto. Bibliografia: ­ BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. 342p ­ ______. O segundo sexo: a experiência vivida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. 560p ­ MORENO, Montserrat. Como se ensina a ser menina ­ O sexismo na escola. Campinas: Editora UNICAMP e Editora Moderna, 2003. 80p ­ LINS, B.A; MACHADO, B.F; ESCOURA, Michele. Diferentes, não desiguais ­ A questão de gênero na escola. São Paulo: Editora Reviravolta, 2016. 144p 
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