PG Eng.Econômica 2016 Microeconomia PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio Alencar do Rêgo Barros (Uerj, sala 5020E) Notas de aula – Parte 1/2 Estas notas de aula se prestam ao acompanhamento do aluno em sala de aula sem que se faça necessário um esforço intensivo de cópia. Elas contêm as figuras usadas na aula mais algum texto que complementa tais figuras, também aqui e ali se apresentará propostas de exercícios ilustrativos (não necessariamente com a respectiva resposta, em algumas o exercício proposto será resolvido em sala de aula!). Desta forma, aconselha-se ao aluno que mantenha sua cópia destas notas de aula em papel durante a aula preenchendo o espaço disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas notas de aula são propostos um ou mais problemas que serão resolvidos em sala no início da aula seguinte. Ao final de cada módulo se encontra a respectiva lista de problemas propostos com alguma indicação de respostas. De forma geral estas respostas não correspondem a um gabarito, de modo que se torne viável usar alguns destes problemas na Prova. A Parte 1 deste material abrange os cinco primeiros módulos do curso, a Parte 2 abrange os quatro últimos. O curso de Microeconomia está organizado em 9 módulos temáticos (em princípio um módulo a cada dia de aula) abordando as questões mais fundamentais da matéria, em uma abordagem orientada à prática. Desta maneira, faremos uso frequente de exemplos ilustrativos explorando conceitos, gráficos ou quantitativos. Aconselha-se adicionalmente o uso da bibliografia indicada na figura ao final dos módulos. Os módulos estão distribuídos assim: Parte 1: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo Parte 2: 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-1/27 Módulo 1 - Preferências do consumidor Conceitos neste módulo: microeconomia versus macroeconomia, teorias e modelos, curva de oferta, curva de demanda, equilíbrio econômico, curvas de indiferença, taxa marginal de substituição, tipos de bens, função utilidade, matemática para valores marginais. Os módulos estão distribuídos assim: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Em Anexo: problemas propostos respostas selecionadas Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-2/27 Os fenômenos econômicos podem ser vistos por duas óticas complementares, a da Microeconomia e a da Macroeconomia. A Microeconomia estuda o comportamento das unidades econômicas individuais (consumidores, produtores e mercados onde eles interagem), a Macroeconomia estuda o comportamento dos grandes agregados econômicos (PIB, investimento, consumo, etc.). Enquanto a Microeconomia se volta para variáveis como preços e quantidades em busca de escolhas ótimas a serem feita pelos agentes (entendido estes, a princípio, como tendo características semelhantes entre si nos aspectos fundamentais de comportamento econômico que definiremos), já a Macroeconomia vai se interessar por questões como inflação, desemprego, etc., que chamaremos de questões de curto prazo ou CP, mas também de outras questões como desenvolvimento Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-3/27 econômico, bem-estar, etc., com ênfase nas decisões políticas (fiscal, cambial, tributária, etc.) encetadas pelas autoridades econômicas, estas questões de longo prazo ou LP. Grosso modo, podemos ligar uma e outra visão do seguinte modo: a análise microeconômica é base da análise macroeconômica, pois os recursos são limitados e porque as escolhas ótimas podem ser diferentes, em diferentes cenários. Reversamente, a questão relevante a ser respondida é como identificar os fundamentos microeconômicos dos fenômenos econômicos agregados. Com estas características, portanto, começaremos nosso conjunto de dois cursos pela Microeconomia. A Microeconomia, em parte, trata dos limites (em termos de restrição orçamentária - chamaremos doravante RO e tecnologia), mas também trata de como melhor tirar proveito destes limites. A Microeconomia descreve também os tradeoffs que se apresentarão aos consumidores (por exemplo, consumo agora ou consumo no futuro?), às empresas (mais trabalhadores? Mais fábricas? Quanto produzir?) e trabalhadores (trabalho imediato ou estudo? Lazer ou emprego?). Naturalmente estas e outras questões levam à necessidade de teorias e modelos que descrevam a realidade dos fatores econômicos, pois o alvo é prever ou explicar eventos, comportamentos e ações. Grosso modo, podemos dividir em dois grandes caminhos a se adotar neste sentido: a análise positiva e a análise normativa. Enquanto a Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-4/27 primeira destaca o método científico e o mercado livre, também muitas vezes aplica a hipótese ceteris paribus (onde se espera analisar o efeito de certa variável interveniente considerado tudo o mais constante), a segunda, normativa, admite outros conhecimentos influentes nos fenômenos econômicos (filosofia, condições ambientais, condicionantes políticas, etc.) notadamente adicionando o conhecimento histórico ao processo econômico, muitas vezes também se aproximando da ideia de planejamento do mercado. Ainda, grosso modo, uma e outra análise enfatizam, respectivamente, eficiência e justiça. Estas duas visões em seus antagonismos levam à questão inevitável: o grau de liberdade dos mercados e a discussão das falhas de mercado1. Entenda-se como mercado competitivo aquele que comporta um número suficientemente grande de compradores e de vendedores, todos com o mesmo peso e importância. Por conseguinte, nenhum destes agentes pode individualmente influenciar no preço do produto. Vale dizer, no mercado competitivo os agentes são “tomadores de preço” e o mercado estabelece um único preço de equilíbrio. Por sua vez nos mercados não competitivos um ou outro agente pode afetar o preço do bem em questão. Se um único vendedor tem este poder, diz-se que o mercado é monopolista. Se poucos vendedores tem este poder, diz-se oligopólio. Se um único comprador tem este poder, diz-se monopsônio, se poucos compradores tem este poder diz-se oligopsônio2. Mercados específicos tendem a reproduzir aproximadamente cada um destes tipos, por exemplo: Mercado livre – produtos agrícolas simples de consumo massivo. Monopólio – Fornecimento de água potável municipal. Oligopólio – OPEP. Oligopsônio – Companhias produtoras de derivados de tabaco. 1 2 Assunto para o módulo 9. Assuntos para os módulos 7 e 8. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-5/27 Tudo o que comentamos na seção 1 encaminha para uma consequência natural. Todo bem que é produzido deve ser consumido, ou, reversamente, toda demanda deve ser satisfeita pela oferta. Esta convergência nós passaremos a tratar a partir daqui de maneira gráfica. Por simplicidade estaremos analisando as curvas de oferta e de demanda relacionando graficamente preço (P) com quantidade (Q). A forma da Curva de Oferta vem da intuição econômica que para preços mais altos os produtores serão estimulados a produzir mais, ou seja, andaríamos na curva S (S = Source, oferta) para cima, como mostra a Figura 1-8. Poderia também caber o seguinte raciocínio: mais gente procurando pelo produto poderia induzir mais produtores do bem. Neste caso, o preço seria mantido, mas aumentaria a oferta do Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-6/27 produto, vale dizer, a curva se deslocaria para a direita. Estes dois efeitos possíveis poderiam ter a seguinte interpretação: No curto prazo (CP) a quantidade maior com a subida de preço poderia ser coberta com a contratação de mais trabalhadores. No longo prazo (LP) poderiam surgir mais fábricas e concorrentes. A forma decrescente da Curva de Demanda vem da intuição econômica que os consumidores estarão dispostos a consumir mais se os preços ficarem menores. Da mesma forma que na oferta, a demanda também pode se deslocar. Por exemplo, uma renda mais alta generalizada justifica deslocar a curva D para a direita, pois ao mesmo preço o consumidor poderá consumir mais. Aqui destacamos que além do preço, outras variáveis podem influir na demanda: renda, clima, preço de outros bens, etc. Plotando as duas curvas em um mesmo gráfico obtemos o ponto de equilíbrio de mercado (Q0 , P0 ) , onde não há escassez nem da oferta nem da demanda, não existe pressão para modificar o preço. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-7/27 Tendo em mente que os mercados levarão ao ponto de equilíbrio, consideremos algumas perturbações deste equilíbrio. Na Figura 1-11 suponha que estivéssemos alocados em outro ponto do gráfico, por exemplo, em 1. Então o segmento 1 – 4 representa um excesso de oferta, situação que induziria os preços caírem em direção ao ponto de equilíbrio. É claro que poderíamos fazer raciocínios similares para escassez de oferta (ponto 2), excesso de demanda (ponto 3) e escassez de demanda (ponto 4). Observe que se por imposição governamental de preço mínimo seria possível alocar no ponto 4 do exemplo, fora do ponto normal de equilíbrio. Os movimentos de mercado dependem de conjunturas, tais movimentos podem ser grandes ou pequenos. Os resultados dependem das elasticidades, assunto que detalharemos no futuro próximo. Por ora, a intuição desta questão poderá ser exposta em sala de aula via o Exemplo 1. Exemplo 1 (após Pyndick): Compara-se neste exemplo o que aconteceu com preços e quantidade de ovos e educação universitária nos EUA nos anos 1970 e 2000. A comparação na dinâmica dos dois bens poderá ser analisada em aula. Exemplo 2 (após Pyndick): Outro fato econômico é ilustrado assim: a demanda pela maioria dos recursos nos EUA aumentou muito ao longo do século XX, mas os preços caíram devido a redução dos custos. O gráfico típico desta situação será mostrado em aula. Com estes dois exemplos ilustrativos nós queremos que o aluno observe a complexidade envolvida e a importância das formas das curvas (que, como veremos, será determinada pelas elasticidades dos bens em tela e que veremos adiante). Observe que a curva de oferta e a curva de demanda apenas traduzem vontades e não realizações. De todas as curvas apenas o ponto de equilíbrio é que vai ser concretizado. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-8/27 Outro interesse nosso neste curso será verificar movimentos em uma curva ou outra. Situações específicas levam ao reforço ou diminuição da demanda, com a curva de demanda se deslocando para direita (ao mesmo preço aumenta a quantidade demandada) ou para a esquerda (dual), respectivamente. Da mesma forma, a curva de oferta pode se deslocar por fatores externos para esquerda (diminui a quantidade e aumenta o preço) ou para direita significando, respectivamente, enfraquecimento e reforço da oferta (aumenta a quantidade diminuindo o preço). Desafio 1: (a ser respondido no início da próxima aula)3 A tendência dos últimos 10 anos no mercado de viagens aéreas é a diminuição dos preços e o aumento na quantidade de viagens. Podemos imaginar que tal se deve aos consumidores estarem em crise? Respostas: No início da próxima aula. Outra forma de interferir no ponto de equilíbrio de mercado é o governo impor preços máximos (querendo defender consumidores) ou impor preços mínimos (querendo defender produtores). A imposição de um preço máximo inferior ao preço de equilíbrio de mercado induz: - diminuição da quantidade; - diminuição do preço. Equivale ao enfraquecimento da demanda. A imposição de um preço mínimo superior ao preço de equilíbrio de mercado induz: - diminuição da quantidade; - aumento do preço. Equivale ao enfraquecimento da oferta. Desafio 2: (a ser respondido no início da próxima aula) No mercado de carnes, as curvas de demanda e de oferta são respectivamente D(p) = 430 – 60p, S(p) = 80 + 40p, onde o preço está em $/kg e a quantidade em mil kg. Qual o equilíbrio de mercado e que alterações induz o governo ao impor $4/kg como preço mínimo? Respostas: No início da próxima aula. Para cada um dos desafios que frequentemente colocaremos nos módulos a ideia é que o aluno tente em casa respondê-lo. No início da aula seguinte ocorrerá sua resolução em sala. 3 Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-9/27 Vamos iniciar a análise da demanda com o viés da análise positiva ou ortodoxa. Vamos pressupor mercado livre e vamos considerar por simplicidade cestas de mercado (conjunto de bens que o consumidor quer comprar) compostas de duas mercadorias. O objetivo aqui é modelar e tirar conclusões quanto às preferências do consumidor, levar em consideração sua RO, chegar à Utilidade Marginal. Define-se Curva de Indiferença a todas as combinações de cestas de mercado que produzem o mesmo nível de satisfação do consumidor. Estas curvas são traçadas no par de eixos com quantidades dos dois bens que tomaremos como exemplo muito frequentemente (Alimento, A; Roupa, R). Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-10/27 As premissas quanto tais cestas, intuitivas por si só, estão listadas na Figura 1-14 (Cestas são completas, transitivas, consumidor em iguais condições prefere sempre mais do mesmo bem). Na Figura 1-15 são mostradas na área azul todas as cestas preferidas quando se compara com a cesta A, enquanto a área laranja inclui as cestas que o consumidor prefere a cesta A a elas. Será com este raciocínio simples que na próxima seção chegaremos às Curvas de Indiferença. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-11/27 A intuição iniciada na seção anterior permite traçar a curva de indiferença U 1 como na Figura 1-17 entre dois bens. Observe primeiro que a curva representa mesma satisfação entre diversas cestas, mas também delimita qual cesta é preferível a qual cesta. As representações de equivalência e de preferências estão ilustradas na figura. As propriedades principais das curvas de indiferença estão ilustradas nas figuras a seguir (Figuras 1-18, 19, 20 e 21): Elas: 1) São diversas; 2) Quanto mais afastada da origem, maior a satisfação do consumidor; 3) São negativamente inclinadas porque senão violaria a propriedade 3 mostrada na Figura 1-14; 4) Duas curvas de indiferença não podem se interceptar, porque, ainda lançando mão da propriedade 3 da Figura 1-14, no exemplo da Figura 1-21, se houvesse o Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-12/27 intercepto levaria a A ~ B e A ~ C, entretanto B contém mais mercadorias de ambos os tipos se comparado a C, o que é paradoxal!; 5) Curvas de indiferença são convexas em relação à origem (provaremos esta afirmação na próxima seção). Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-13/27 Definiremos TMS ou TMgS (Taxa Marginal de Substituição). Esta taxa dá a medida da inclinação da curva de indiferença. Pelas razões apresentadas na seção anterior, ela é sempre negativa (Propriedade 4), cai à medida que nos movemos para baixo na curva de indiferença (Propriedade 5). A visão prática e econômica da TMgS é a medida de quanto o consumidor está disposto a abrir mão de um bem (Roupa, no exemplo) para obter uma unidade adicional do outro bem (Alimento). Observe na Figura 1-23 que quanto mais se tem de um bem, menos se está disposto trocar o outro bem por ele. Por isto na Figura 1-23 quanto mais vamos “descendo” na curva, Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-14/27 menor é o valor que o consumidor abre mão de Roupa para obter uma unidade a mais de Alimento (sucessivamente valores de 6, 4, 2, 1). Interpretando economicamente, o natural é que o consumidor quanto mais tenha de um bem, mais saciado se encontra deste mesmo bem. Dito o mesmo de outra maneira, o consumidor sempre vai preferir cestas balanceadas, é natural a ele o conceito de saciedade. Em termos matemáticos, como ilustrado na Figura 124, a TMgS de Roupa (R) por Alimento (A) é: R TMgS RA A Naturalmente o raciocínio inverso pode ser feito para Alimento: TMgSAR A , ou R seja uma taxa é o inverso da outra. O conceito da saciedade por um bem nos leva intuitivamente à quarta propriedade que já formulamos: a TMgS é convexa em relação à origem, o que equivale a dizer o que já formulamos com a saciedade: cada vez menos abrimos mão de um bem para obter uma unidade adicional de outro. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-15/27 Outro aspecto relevante é a característica da TMgS para cada tipo especial de bem. 1) Bens Substitutos Perfeitos A TMgS é constante e o consumidor é indiferente, de forma ponderada ou não, entre dois bens. Para exemplificar o caso da ponderação, imagine que o consumidor é indiferente entre um cartão de memória de 2GB e dois cartões de 1 GB (dentro do seu notebook tem vários slots de memória, com qualquer das duas escolhas o computador funcional igual). Neste caso, TMgS = 2 e o número de unidades exigida vai selecionar uma dentre as retas negativamente e igualmente inclinadas. 2) Bens Complementos Perfeitos Neste caso o consumidor só se satisfaz com quantidades específicas de cada bem. No exemplo ilustrado na Figura 1-27, TMgS = indica que o consumidor desistirá de todos os sapatos esquerdos excedentes para obter um sapato direito adicional. Analogamente TMgS = 0 indica que ele não desiste de nenhum sapato esquerdo para obter sapato direito adicional, dito de outro modo, um sapato direito a mais não aumenta seu grau de satisfação, a menos que o consumidor consiga OUTRO sapato esquerdo. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-16/27 Até agora nos debruçamos sobre a utilidade relativa de um bem perante outro bem. Podemos dar um passo à frente definindo sua Função Utilidade em função da quantidade consumida. Antes vejamos um detalhe conceitual importante. Vimos que quanto mais se tem de um bem, menos utilidade terá uma unidade adicional dele para o consumidor. Porém, esta tendência pode trocar de tal modo que um bem se transforma em um mal, como ilustra a Figura 1-28. Pode haver mesmo males permanentes, como é o caso da poluição atmosférica. Portanto, males são mercadorias que os consumidores sempre preferem em menor quantidade. Olhando agora a TMgS de outro ponto de vista, ela pode ser alta, como na Figura 1-29 ou baixa, como na Figura 1-30. Nunca é demais lembrar que conceito de alto e baixo, grande e pequeno, etc., só faz sentido quando tomados em termos relativos. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-17/27 Nas duas figuras se mostra basicamente via o exemplo de preferências quanto a um carro o quanto os consumidores aceitam trocar atributos, estilo por desempenho. O caso da TMgS alta, os consumidores estão dispostos a abrir mão de grande dose de estilo para obter mais desempenho. O caso da TMgS baixa, os consumidores estão dispostos a abrir mão de grande dose de desempenho para obter mais estilo. O fato de que as curvas de indiferença podem refletir diferentes níveis de utilidade (ou seja, na realidade existe uma família de curvas de indiferença e não apenas uma curva, como sugerem as figuras) será objeto da próxima seção. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-18/27 A Função Utilidade é uma fórmula que associa níveis de utilidade com cestas de mercado individuais. Dito de outra forma, a Função Utilidade possibilita a cada cesta ser atribuído um valor numérico que corresponde à sua satisfação. Na Figura 1-32 se encontram ilustradas diferentes cestas com diferentes níveis de utilidade. A correlação entre curvas de utilidade e curvas de indiferença se torna evidente, dando a estas a possibilidade de um tratamento matemático. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-19/27 No caso geral que analisamos (curvas de indiferença convexas e negativamente inclinadas) uma função matemática apropriada é a hipérbole4, ou seja, a equação da função utilidade é uma constante igual ao produto das duas variáveis (os bens Roupa, R, e Alimento, A, no exemplo que estamos trabalhando). Por exemplo 4 R A . Conforme os tipos de bens, uma correspondente Função Utilidade é adequada. O caso de bens substitutos perfeitos se encontra exemplificado na Figura 133. Neste caso, um bem pode ser substituído por outro com facilidade. Por exemplo, café e chá, frango e carne, etc. Outros casos específicos são exemplificados nas Figuras 1-34, 35 e 36. No caso de bens complementos perfeitos, a utilidade de um bem só faz sentido com o uso de outro bem. Observe pela figura que ter mais de um bem dado que não se tem mais do outro bem não aumenta a utilidade para o consumidor. O exemplo mostrado dos sapatos é clássico, mas existem outros casos que se comportam segundo este tipo de bem. Os exemplos seguintes também são úteis e representativos de bens do mundo real. Nas respectivas figuras estão descritas as características da função utilidade. 4 Existem outras com a mesma característica. Dentre elas destacamos a Cobb-Douglas. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-20/27 Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-21/27 Com estes conceitos assentados é hora de abordarmos um princípio da Microeconomia que é a Utilidade Marginal Decrescente. Ele deriva do que já discutimos sobre curvas de indiferença e convexidade, e nos diz que à medida que se consome mais de certa mercadoria, quantidades adicionais de mercadorias que forem consumidas irão gerar cada vez menos utilidade. Naturalmente este princípio está em completa consonância com as propriedades abordadas das curvas de indiferença. O ferramental matemático para tratar isto exigirá o conceito de derivada, 5 ou em linguagem de Economia, comportamento na margem , ilustrado na Figura 1-37. Ali se pode ver a intuição de derivada de uma função (relação de variações tendendo a zero) e alguns exemplos mais úteis para a Economia de derivadas. Em Economia algumas vezes precisamos verificar o comportamento esperado de uma função que depende de duas ou mais variáveis. Então surge a necessidade do conceito de derivada parcial, que é a soma dos efeitos do comportamento na margem de cada variável considerada a cláusula ceteris paribus. Na Figura 1-38 está exemplificado o tratamento da Utilidade Marginal de certo bem k. A Utilidade Marginal de k é definida com a derivada Utilidade, produtividade, custo, etc. marginais se referem a comportamentos econômicos que podem ser bem descritos por derivadas, pois tiram proveito do conceito de taxa (de seu aumento ou de sua redução). Muitas vezes na Economia importa mais a taxa que o valor pontual. A taxa (ou comportamento marginal) nos diz sobre tendências. Por exemplo, a taxa de crescimento econômico pode nos dar informações que o nível econômico pode não dar. A taxa de subida de preços também, quando comparado com o nível de preços, utilidade marginal versus utilidade total, etc. 5 Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-22/27 parcial da Utilidade em função de sua quantidade. No exemplo dado na Figura 1-38, são dois bens de interesse, dada a Função Utilidade de Cobb-Douglas (já a mencionamos antes, uma das Funções Utilidade mais usadas em Microeconomia) obtém-se as Utilidades Marginais de cada bem. Observe que estamos ainda aqui, por simplicidade, nos atendo ao uso de cestas compostas de apenas dois bens. É evidente que no mundo real uma cesta de bens de um consumidor é composta por muitos mais bens. Note que agora que definimos Utilidade Marginal, a extensão para cestas de mais bens passa a ser direta e natural se usarmos o conceito matemático de derivada parcial. No entanto, ao longo do curso, frequentemente utilizaremos a simplificação de cestas de dois bens. A formalização da relação entre Utilidade Marginal e TMgS aparece nas Figuras 1-39 e 40. Mesmo que os detalhes de demonstração matemática não seja nosso objetivo (mas se encontra encaminhado naquelas figuras), destacamos que, ao fim e ao cabo, a TMgS de um bem por outro é igual à razão entre as Utilidades Marginais de um bem e de outro. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-23/27 Finalizando este módulo e em consonância com tudo que analisamos em termos de curvas de indiferença, taxa marginal de substituição de um bem por outro, definimos Utilidade Marginal Decrescente: à medida que se consome mais de um produto, cada quantidade adicional consumida proporcionará cada vez menos acréscimos de utilidade (ou seja, similar à ideia de TMgS!). Isto terá como desdobramento, que faremos no próximo capítulo, o princípio dos Rendimentos Marginais Decrescentes, ideia chave em Microeconomia. Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-24/27 Problemas Propostos: 1-1) Explique os perfis característicos das curvas de oferta (S) e de demanda (D). Como opera o mecanismo de mercado em direção ao equilíbrio? 1-2) Explique as premissas e as propriedades das curvas de indiferença. 1-3) Defina: bens substitutos perfeitos, bens complementares perfeitos, taxa marginal de substituição (TMS) baixa, TMS alta, bens versus males, função utilidade CobbDouglas, utilidade marginal. 1-4) Desenhe as curvas de indiferença para as seguintes preferências de um(a) consumidor(a) por duas mercadorias: a) João gosta de cerveja, porém detesta hambúrgueres. Ele sempre prefere consumir mais cerveja, não importando quantos hambúrgueres possa ter. b) Maria mostra-se indiferente entre cestas que contenham três cervejas ou dois hambúrgueres. Suas preferências não se alteram à medida que consome maior quantidade de qualquer uma das duas mercadorias. c) Cristina come hambúrguer e em seguida toma uma cerveja. Ela nunca consumirá uma unidade adicional de um item sem que consuma uma unidade adicional do outro. d) Daniela gosta muito de cerveja, porém é alérgica a carne. Toda vez que come hambúrguer fica com urticária. 1-5) Se a função utilidade de 2 bens x1 e x2 é: U ( x1 , x2 ) x1 x2 , e considere as cestas ( x1 , x2 ) (4,1); (2,3) e (2,2) a) Prove que (2,3) é preferível a (4,1) e esta é equivalente a (2,2) b) Se V U 2 , prove que V preserva a mesma ordem que U e, assim, representa as mesmas preferências. c) Se W 2U 10 , prove que W preserva a mesma ordem que U e V e, assim, representa as mesmas preferências. Módulo 1 – Preferências do Consumidor 1-6) PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-25/27 Relacione Taxa Marginal de Substituição de um bem por outro com Utilidade Marginal considerando cestas de dois bens apenas. 1-7) Que análises têm subjacente uma perspectiva positiva ou normativa? a) Se União Europeia liberalizar a política de vistos para os indivíduos de elevada escolaridade, os países africanos ficam sem médicos; b) Quando a temperatura desce, o preço das verduras aumenta; c) Os subsídios agrícolas da União Europeia são prejudiciais às economias dos países africanos; d) O investimento das autarquias deve ser canalizado para os espaços públicos (por exemplo, jardins e vias de comunicação) em detrimento dos espaços privados (por exemplo, habitação e estacionamento). 1-8) Sendo a curva de oferta de mercado dada por S(p) = 50 + 0.25p e a curva de procura de mercado dada por D(p) = 100 – 0.75p, determine a quantidade transacionada no mercado e a que preço. 1-9) A cada ano a curva de oferta de leite (Mt, mega tonelada) é influenciada pela pluviosidade dada por h (mm, milímetros): S(p) = 50 + 0,50p + 0,10h, D(p) = 150 – 0.75p. Determine como se altera o mercado (preço, quantidade) se num ano a pluviosidade for maior em 1 mm. 1-10) A tendência dos últimos 10 anos no mercado de viagens aéreas é a diminuição dos preços e o aumento na quantidade de viagens. Podemos imaginar que tal se deve aos consumidores estarem em crise? 1-11) No mercado de carnes, as curvas de demanda e de oferta são respectivamente D(p) = 430 – 60p, S(p) = 80 + 40p, onde o preço está em $/kg e a quantidade em mil kg. Qual o equilíbrio de mercado e que alterações induz o governo ao impor $4/kg como preço mínimo? Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-26/27 Respostas Selecionadas 1-1) (Figs 1-8 até 1-11) 1-2) (Figs 1-14,18,19,20,21,25) 1-3) (Figs 1-26,27,28,29,30,36,38) 1-4) a) . b) c) d) 1-5) (Fig 1-32) para todos os itens 1-6) (Figs 1-39,40) Usando os bens R (Roupa) e A (Alimento): R dR , que pode ter um valor em cada ponto da curva de indiferença. TMS A dA Utilidade marginal corresponde ao valor numérico associado à satisfação adicional obtida pelo consumo de uma unidade adicional de determinado bem. Então terá o mesmo valor em cada ponto da curva de indiferença. Para relacionar um com o outro, vamos considerar “andar” em Módulo 1 – Preferências do Consumidor PG Eng.Econômica 2016 Pg.1-27/27 cima da curva de indiferença. O aumento de uma unidade de A ( UM A A ) corresponde à diminuição de consumo de R ( UM R R ). Como, por hipótese, estamos sobre a mesma curva de indiferença, o aumento de um anula-se com a diminuição de outro: UM A A UM R R 0 então: R UM A UM A A = UM R R então , ou seja, TMS = razão entre as UMs . (no futuro se A UM R TMS verá que esta será também a relação entre preços) 1-7) (Fig 1-5) Conhecimento positivo: A CIÊNCIA É NEUTRA, ÊNFASE NA EFICIÊNCIA Conhecimento normativo: A CIÊNCIA NÃO É NEUTRA, ÊNFASE NA JUSTIÇA a) Positiva. b) Positiva. c) Normativa. d) Normativa. 1-8) (Fig 1-10) p $50 e q 62.1 1-9) Um aumento de pluviosidade em 1mm , ceteris paribus, induz um aumento da quantidade de 0.06Mt e uma diminuição no preço de $0.08 por unidade de leite. 1-10) Desafio! (será feito em sala, início do módulo 2) 1-11) Desafio! (será feito em sala, início do módulo 2) Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-1/27 Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual Conceitos neste módulo: linha de orçamento, otimização do consumidor, preferências reveladas, demanda individual, curva preço-consumo, tipo de bens, curva de Engels, efeitos substituição e renda. Os módulos estão distribuídos assim: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Em Anexo: problemas propostos respostas selecionadas Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-2/27 Do ponto de vista do consumidor a análise que interessa deve confrontar o que os consumidores querem (ou seja, sua Função Utilidade) com que os consumidores podem (ou seja, sua Restrição Orçamentária, RO). A linha de Orçamento (ou linha RO) mostra todas as combinações das mercadorias (por simplicidade de análise adotaremos duas, A – quantidade de alimento, R – quantidade de roupa). O raciocínio se estende por indução para cestas compostas por muito mais mercadorias. Supondo que I é uma constante que representa o investimento em mercadorias ou a renda do consumidor, podemos escrever: Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PA A PR R I ou R PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-3/27 P P I A A , que é uma reta negativamente inclinada ( A de PR PR PR coeficiente angular) e com I coeficiente linear . A PR Figura 2-4 ilustra um caso particular ( PA , PR e I ) conhecidos). Deve-se observar o sentido econômico da reta RO: ela é negativamente inclinada porque o consumidor deve desistir de certa quantidade de um bem (reduzir seu consumo) para obter mais de outro bem. O significado da inclinação e dos pontos limites da reta RO está ilustrado na Figura 2-5. O máximo vertical ou o máximo horizontal contabiliza a quantidade máxima do respectivo bem se só se comprasse dele. A inclinação da reta RO indica a proporção de substituição de um bem (na vertical) pelo outro (indicado no eixo horizontal). Cestas “abaixo e à esquerda” da reta RO significa investimento abaixo do disponível e não seriam preferíveis pelo consumidor. Cestas “acima e à direita” da reta RO envolveriam investimento acima do disponível, ou seja, são cestas não factíveis. Portanto, a escolha do consumidor será necessariamente feita em algum ponto da reta RO. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-4/27 Suponhamos agora no exemplo das Figuras 2-4/5 um aumento de renda ( I 160 ). O aluno deve perceber que isto significa um deslocamento da RO para a direita. Analogamente uma diminuição de renda ( I 40 , por exemplo) desloca RO para a esquerda. Ambas as situações estão ilustradas na Figura 2-7. Ou seja, mexer na renda do consumidor faz deslocar a linha de orçamento do mesmo. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-5/27 Suponhamos agora que o que se modifica é a relação de preços. Como ilustra a Figura 2-8 o efeito será modificar a inclinação de RO. Se apenas uma variável modificar o preço (o alimento, no exemplo) a RO gira em torno da mesma quantidade máxima daquela variável que modificou o preço. Relações matemáticas simples provam estas conclusões, então convidamos os alunos a fazê-lo. Não se encontra na Figura 2-8, mas podemos concluir também que se fosse o bem roupa que modificasse o preço, a RO giraria em torno da quantidade máxima de roupa (80). Observe que se ambos os preços fossem modificados, mas mantivessem sua relação inalterada, por exemplo, se dobrassem ambos os preços, o resultado seria equivalente a uma diminuição de renda. Por exemplo, se de início 1.A + 2.R = 80, dobrando os preços teríamos 2.A + 4.R = 80, que seria o mesmo que 1.A + 2.R = 40 e reta resultante equivale à situação L3 mostrada na Figura 2-7. Destas duas considerações feitas a conclusão principal é evidente: o poder de compra é determinado tanto pelo preço quanto pela renda. As conclusões particulares estão resumidas na Figura 2-9. A propósito, vale um comentário: com a inflação igual nos preços e na renda tudo ficaria igual. No exemplo inicial, se a inflação dobrasse preços e renda: Início: 1.A + 2.R = 80 Final: 2.A + 4.R = 160, ou seja, 1.A + 2.R = 80. A reta RO seria a mesma! nosso Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-6/27 O centro do nosso argumento será: o consumidor maximiza seu bem-estar. Ao mesmo tempo ele busca a cesta ótima que maximiza seu bem-estar, ele também tem que se restringir à sua capacidade de investimento. Portanto, é na confluência das suas curvas de Utilidade (como vimos no Módulo 1) e a reta RO (como aqui no Módulo 2) é que se encontra a cesta preferida. Dito de outra forma, a satisfação do consumidor é maximizada no ponto em que a TMgS (de Roupa para Alimento, no nosso exemplo) igualar a relação entre os preços das duas mercadorias: P TMgS A , ou seja, no ponto que a curva de Utilidade tangencia a linha de RO. O leitor PR deve observar aqui que este fato impõe a escolha de uma única Curva de Utilidade, pois as outras curvas ou cortam a reta RO em dois pontos (e a escolha não seria única, ótima), ou sequer conseguem cortar RO em qualquer ponto (e não haveria cesta possível a escolher!). Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-7/27 Para alcançar a intuição desta conclusão façamos a hipótese contrária, ou seja, como na Figura 2-12 suponha a curva de utilidade U 1 cortando a reta RO em dois pontos, um deles, como indicado, é o ponto B. Ora, evidentemente outra função utilidade que tangenciasse RO seria uma curva de indiferença mais “externa” que U 1 , e, como vimos no Módulo 1, esta outra função utilidade mais elevada produziria uma cesta B´ preferível à cesta B! Suponhamos agora, como na Figura 2-13, que a curva de utilidade U 1 não corta a reta RO. Ora, qualquer cesta C em cima desta curva não seria exequível por causa da restrição orçamentária... A conclusão final é óbvia: Linha de Orçamento ou RO (o que o consumidor pode) e curva de indiferença ou a Função Utilidade (o que o consumidor quer) devem ser tangentes determinando assim o ponto ótimo ou adequado de consumo. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-8/27 Vamos retomar o conceito de utilidade marginal que já vimos no Módulo 1. Podemos agregálo a este raciocínio que recém desenvolvemos. No módulo anterior vimos que UMg A TMgS RA (vide UMg B Figura 1-40). Como agora nós vimos que P TMgS A , então PR UMg A P A , UMg B PR então UMg A UMg R , ou seja, a PA PR satisfação do consumidor é maximizada ajustando a utilidade (TMgS) à RO P ( A ), ou seja ainda, a PR utilidade é maximizada quando o orçamento é alocado de modo que a utilidade marginal por unidade monetária é igual para ambos os produtos. As conclusões gráficas das Figuras 2-12/13 e estas conclusões formais de agora são todas afirmações equivalentes que reproduzem o mesmo fato econômico.. Exemplo: Na Figura 2-15 a curva de utilidade poderia ser a hipérbole: U 3 800 R A , a reta RO é: 1 A 2 R 80 , e, portanto, temos um sistema de duas equações e duas incógnitas. Resolvendo-o: A = 40 e R = 20. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-9/27 O mesmo exercício poderia ser feito e resolvido caso considerássemos outras funções utilidade, por exemplo: Bens tipo complementos perfeitos: U ( R, A) 60 min{ A,2R} Bens tipo Cobb-Douglas: U ( R, A) 800 R 2 A 1 1 2 Fica o aluno convidado a demonstrar isto e achar a cesta ótima em cada caso. Na relação entre utilidade e RO outros refinamentos podem ser feitos. Considere como na Figura 2-16, que o consumidor tem uma solução de compromisso entre sabor e salubridade para mercadorias alimentares. Fica claro que consumidores com função utilidade como em verde estão mais dispostos a abrir mão de salubridade para obter sabor que os consumidores com a utilidade da forma como em azul, onde ocorre o contrário. Outra situação curiosa é aquela ilustrada na Figura 2-17, a “solução de canto”. Dentre as utilidades apresentadas, a única factível é com U 1 , que determina uma solução de canto. A interpretação econômica é que o consumidor está disposto a trocar iogurte por sorvete, porém não há mais iogurte a ser trocado! Significa que TMgS IS Psorvete , ou seja, uma pequena diminuição do preço do iogurte pode não alterar a Piogurte cesta do consumidor. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-10/27 Outra questão quanto a preferências do consumidor se refere ao processo inverso do que fizemos até aqui. Conhecendo as escolhas feitas, podemos determinar as preferências do consumidor? Vamos supor as escolhas feitas como na Figura 2-18, considerando dois conjuntos de relações entre preços e duas disponibilidade de renda. Vamos supor ainda que a cesta A está revelada como preferida a B e B está revelada como preferida a C (imagine que uma pesquisa de opinião foi feita e chegou-se a este resultado). Olhando agora na Figura 2-19 podemos inferir que todas as cestas na região verde (de baixo) são “piores” que a cesta A para o consumidor e que todas as cestas da região rosa (de cima) são “melhores” que a cesta A. Portanto, a curva de indiferença do consumidor vai se situar na área branca entre as regiões rosa e verde. Se estendermos o raciocínio anterior para um número maior de preferências reveladas, como na Figura 2-20 o resultado é intuitivo: a região onde se encontra a curva de indiferença para o consumidor agora fica bem mais restrita. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-11/27 Ilustramos como operar com estes conceitos com o Exemplo 1 indicado na Figura 2-21 e que poderá ser resolvido em aula. Exemplo 1: Refira-se aos gráficos da Figura 2-21. Sejam dois bens que disputam a preferência do consumidor. O primeiro, a quantidade de horas que ele dedica a fazer exercício no clube, outro as outras atividades recreativas pagas. Duas situações são colocadas. A inicial, o clube cobra a taxa de utilização de $4/hora, a renda disponível para recreação ou exercício é de $100, a linha de orçamento para a situação é como l1 na figura e as preferências do consumidor também estão lá indicadas ( U1 : 625 OAR E, U 2 : 1225 OAR E ) e para esta primeira situação a escolha se dá no ponto A. A situação alternativa é uma proposta do clube de reduzir a taxa de utilização para $1/hora pagando um valor fixo de $30. Esta nova situação leva à escolha do ponto B e é revelado que a opção B tem preferência a A. 1) Determine as cestas A e B; 2) Determine o lucro (supor sem custos) do clube para cada situação. Respostas: 1) $12,5 e $50; 2) $50 e $65 Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-12/27 Ao resolver o problema anterior para cada uma das alternativas se verificará que a nova situação tanto é interessante para o usuário, que se exercitará mais com a mesma renda disponível (a sua curva de utilidade é superior!), quanto para o clube, que terá receita maior. Naturalmente o acréscimo de exercícios do usuário acarretará diminuição nas outras atividades recreativas. Como B tem preferência revelada a A, a mudança significou um processo de fidelização. Do ponto de vista do clube aumentou o lucro ($65 > $50), portanto a alternativa é preferível. Observe que uma das utopias econômicas mais recorrentes é produzir sistemas “ganha-ganha”, como é o caso ilustrado neste exemplo. Trata-se de fato raro, via de regra em Economia alguém ganha porque alguém perde ... Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-13/27 O objetivo desta seção é chegar ao aspecto e características da demanda individual por meio de escolhas que o consumidor faz em face da sua RO. Já vimos e repetimos na Figura 2-23 os efeitos das variações de preços. Queremos esboçar aqui um gráfico envolvendo preços e quantidade demandada (por exemplo, de Alimento). Note que em cada um dos pontos assinalados TMgS A 1, TMgS B 0,5 e TMgSC 0,25 . Como as quantidades em cada um daqueles pontos é conhecida podemos esboçar naturalmente o espaço da demanda individual por Alimento. A TMgS que vimos ser declinante mostra que o preço cai com o aumento da quantidade, de modo que o aluno já fica aqui em condições de imaginar a curva relacionando preço e quantidade do bem Alimento. É claro que numa visão mais ampla a demanda de um bem depende de vários fatores: renda do consumidor, preços de outros bens (substitutos ou complementares), hábitos do consumidor, etc. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-14/27 Na análise microeconômica, como já antecipamos, é comum o uso da cláusula ceteris paribus (analisar uma variação considerando tudo o mais constante) e as Figuras 2-25/26 mostram o caminho de obter a curva de demanda individual a partir da curva de PreçoConsumo, definida como aquele que é obtida pelos diversos pontos que representam cestas que maximizam a utilidade considerando os diversos preços de um dos bens (o bem representado na abscissa). Observe que este processo dá conta da curva de demanda, no exemplo, por Alimento. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-15/27 Vejamos a curva de demanda por Alimento mais detalhadamente. A Figura 2-27 mostra uma curva de demanda individual para o bem Alimento. Em cada ponto da curva de demanda o consumidor estará maximizando a utilidade ao satisfazer a condição que a TMgS de Alimento por Roupa será igual à razão entre os preços destes dois bens. A Figura 2-28 sumariza as propriedades da curva de demanda – seu nível de utilidade e como se define a maximização sobre ela - e na Figura 2-29 são mostrados seu formato e destacados sua relação de TMgS e os preços relativos, considerando vários pontos sobre ela. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-16/27 Da mesma maneira que foi conduzido o raciocínio para extrair a curva PreçoConsumo e, a partir desta, a Curva de Demanda, podemos agora extrair a Curva RendaConsumo. No exemplo da Figura 2-30 são mostradas as evidências que aumentos na renda (considerada a relação de preços mantida fixa) ocasiona os consumidores alterarem sua escolha de cesta de mercado e, por consequência, permite traçar a Curva Renda-Consumo. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-17/27 Observe que no nosso caso simples da curva de demanda, um aumento na renda com o preço do bem Alimento mantido fixo desloca a curva de demanda para a direita (com mais renda se pode comprar mais com o mesmo preço!), o que do ponto de vista econômico é um efeito intuitivo: ao mesmo preço, com mais renda, o consumidor obtém maior quantidade. Outra análise que pode ser feita a partir da curva RendaConsumo é a categorização de bens normais e bens inferiores, ambos resumidos na Figura 2-32. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-18/27 Podemos até dar passos mais sofisticados. É possível imaginarmos um bem normal que se transforma em bem inferior, conforme a quantidade dele obtida. Observe na Figura 233 um exemplo aonde à medida que vai aumentando a renda um bem normal (imagine, por exemplo, café comum) vai se transformando em um bem inferior, com certeza por causa da mudança de hábito do consumidor para outro bem mais caro e melhor (café espresso). Enquanto bens normais e inferiores se referem a variações na renda, bens complementar e substituto se definem, como vimos, quando se fala em variação de preço de outro bem. Um caso particular interessante é o bem de Giffen, aquele cuja função de demanda é positivamente inclinada e, portanto, uma diminuição de preço provoca redução em seu consumo (por exemplo, o que é caro é sinônimo de qualidade – ou talvez motivo de ostentação - e, por isso, é mais procurado por alguns milionários). Se de um lado chegamos à Curva de Demanda à partir da curva Preço-Consumo relacionando preço e quantidade, de outro, podemos partir da Curva Renda-Consumo e chegar à chama Curva de Engels que caracteriza o tipo de bem e que se encontra ilustrado nas Figuras 2-34 e 35. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-19/27 Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-20/27 Vejamos agora dois efeitos que se superpõem quando se varia relações de preços. São os efeitos substituição e renda. O efeito substituição se dá quando, mantido o nível de utilidade, modifica o consumo do bem associado à variação de seu preço. Por seu lado, o efeito renda se dá devido à modificação do poder de compra que foi induzido por aquela variação de preço. As Figuras 2-38 e 39 sumarizam tais efeitos para, respectivamente, bens normais e bens inferiores. Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-21/27 Numa visão qualitativa e simplificadora podemos dizer que no efeito substituição nos mantemos na mesma curva de utilidade, andando em cima dela ajustando a curva de orçamento por conta da variação dos preços relativos (o ajuste se dá nos preços, a utilidade está mantida). Por seu lado, no efeito renda o que se mantém são os preços relativos, mas agora saltando para uma nova curva de utilidade que adequará à nova realidade orçamentária (o ajuste se dá na renda, preços relativos estão mantidos). Observe que o resultado final poderá ser diferente conforme a natureza do bem em questão, se bem normal ou bem inferior, como sugerem as duas figuras. Podemos verificar nas figuras que se o bem é normal uma queda de preço no bem Alimento ocasiona somar quantidades de Alimento por efeito substituição e por efeito renda. Se o bem é inferior, o efeito renda subtrai a quantidade que inicialmente foi aumentada pelo efeito substituição. Vejamos agora passo a passo junto com as Figuras 2-38 e 2-39 o mecanismo quantitativo dos Efeitos Substituição e Renda. Numa visão quantitativa simplificadora, vamos supor mais uma vez apenas dois bens, x 2 e x1 . Vamos imaginar que o preço do bem x1 caiu ( p1 p1´ ). A decomposição dos dois efeitos é assim descrito: Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-22/27 1) Efeito Substituição: os preços relativos variaram, o consumidor ajusta a renda (inclinação da reta RO) de modo a manter o poder aquisitivo mas modificando sua cesta do bem x1 : x1S x1 ( p1´ , I ´ ) x1 ( p1 , I ) aonde I ´ vem de I x1p1´ , variação para a nova renda ( I ´ ) que permitiria o consumidor comprar a cesta original (A), mas que mantida a curva de utilidade o leva à compra de nova cesta (C), que se adapta à nova relação de preços. 2) Efeito Renda: com os preços relativos agora constantes (inclinação de RO resultante do efeito anterior mantida), o poder aquisitivo se ajusta de modo a obter nova cesta (B) usando uma função utilidade superior: x1R x1 ( p1´ , I ) x1 ( p1´ , I ´ ) . O acompanhamento gráfico dos dois efeitos poderá ser feito em aula junto com as figuras. Reiteramos que se o bem é normal, então ambos os efeitos se somam. No exemplo da Figura 2-38 com o preço caindo o consumo aumenta pelos dois efeitos. Porém, se o bem é inferior, como na Figura 2-39, o efeito renda é negativo e o efeito substituição (no caso) é positivo e maior. Se o bem é de Giffen, o efeito renda é tão negativo que resulta em um efeito total negativo (o efeito substituição, positivo, é menor que o efeito renda, negativo). Exemplo 2: Considere a demanda por leite da forma: x L 10 m . Sejam 10 p L m $120 e p L $3 . a) A este preço, qual a demanda por leite? b) Se o preço cai para p ´L $2 , qual a nova demanda? c) Qual o efeito substituição? d) Qual o efeito renda? Respostas: (Desafio) Possivelmente em sala no início da próxima aula. Na vida real, vejamos alguns casos dos dois efeitos. Se aumenta o preço de ... a) sal Efeito-renda e efeito substituição pequenos. - porque o sal tem poucos substitutos - porque a parcela de renda gasta com sal é baixa b) habitação Efeito-renda grande, efeito substituição nulo. ´ consumo de outros bens - parcela da renda gasta com habitação é grande (se phabitação diminui) - não tem substituto para habitação Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual c) ingresso de teatro Efeito-renda pequeno, efeito substituição grande. - parcela da renda gasta com teatro é pequena - pode substituir por TV, cinema, etc. d) alimentação Efeito-renda grande, efeito substituição nulo. - similar à habitação PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-23/27 Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-24/27 Problemas Propostos: 2-1) O consumidor participa de um programa de milhagem que lhe confere, por meio de bônus, descontos de 25% nas passagens aéreas após ter completado 25.000 milhas no ano, e de 50% de desconto após ter completado 50.000 milhas. Trace com todas as coordenadas de interesse a linha de orçamento (M - milhagem no eixo horizontal, D – demais mercadorias em $ no eixo vertical) com que o consumidor se defronta ao planejar seus voos para o ano. Considere I = $50.000 sua renda disponível. 2-2) Explique com suas palavras os conceitos: a) Consideradas cestas de dois bens, a Curva de Indiferença e a reta da Restrição Orçamentária tem que se tocar em apenas um ponto necessariamente para refletir o comportamento do consumidor. b) Bem normal e bem superior. c) Preferências reveladas. d) Curva de Demanda e curva de Engels. 2-3) O preço de um pendrive é $10 e o preço de um DVD é $15. O consumidor tem orçamento de $100 e já adquiriu 3 pendrives. Desenhe a linha de orçamento do consumidor para compras adicionais. Se o resto de sua despesa for destinada a comprar 1 pendrive e 4 DVDs, mostre esta escolha de consumo na linha de orçamento. 2-4) O consumidor considera manteiga e margarina como substitutos perfeitos. Responda: a) Desenhe um conjunto de curvas de indiferença que descreva as preferências do consumidor por manteiga e margarina. b) Se a manteiga custasse $2 e a margarina $1 e o consumidor tivesse um orçamento de $20, qual seria a cesta de mercado que ele escolheria? Demonstre graficamente. 2-5) A utilidade que o consumidor obtém por meio do consumo de Alimento (A) e Roupa (R) é dada por U(A,R) = AR. a) Desenhe a curva de indiferença associada ao nível de utilidade 12 calculada para 8 cestas diferentes. Desenhe a seguir a curva de indiferença associada ao nível de utilidade 24, também calculada para 8 cestas diferentes. As curvas são convexas? Qual a explicação disto? Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-25/27 b) Se o preço do Alimento é $1 por unidade e a roupa custa $3 por unidade, e o consumidor dispõe de $12 para despesas com os dois bens, desenhe a linha de orçamento que ele se defronta e a escolha que maximiza sua utilidade. c) Qual é a taxa marginal de substituição de Alimento por Roupa quando a utilidade for maximizada? Dê a interpretação econômica. d) Se o consumidor decidir comprar 3 unidades de Alimento e 3 unidades de Roupa com seu orçamento de $12, ele estará disposto a abrir mão de qual bem para maximizar sua utilidade? Represente graficamente a situação 2-6) Sejam dois bens que disputam a preferência do consumidor. O primeiro, a quantidade de horas que ele dedica a fazer exercício no clube, outro as outras atividades recreativas pagas. Duas situações são colocadas. A inicial, o clube cobra a taxa de utilização de $4/hora, a renda disponível para recreação ou exercício é de $100, a linha de orçamento para a situação é como l1 na figura e as preferências do consumidor ( U1 : 625 OAR E, também estão lá indicadas U 2 : 1225 OAR E ) e para esta primeira situação a escolha se dá no ponto A. A situação alternativa é uma proposta do clube de reduzir a taxa de utilização para $1/hora pagando um valor fixo de $30. Esta nova situação leva à escolha no ponto B e é revelado que a opção B tem preferência a A. a) Determine as cestas A e B; b) Determine o lucro (supor sem custos) do clube para cada situação. 2-7) Explique os efeitos substituição e renda quando cai o preço de um bem. Lance mão de representação gráfica envolvendo restrição orçamentária e função utilidade. Considere ainda os tipos de bens. 2-8) Dada uma diminuição no preço, há uma diminuição no consumo, ceteris paribus. O bem pode ser: (a) normal; (b) inferior; (c) substituto; (d) complementar; (e) de Giffen? 2-9) Considere a demanda por leite da forma: x L 10 p L $3 . a) A este preço, qual a demanda por leite? b) Se o preço cai para p ´L $2 , qual a nova demanda? c) Qual o efeito substituição? d) Qual o efeito renda? m . Sejam m $120 e 10 p L Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-26/27 Respostas selecionadas 2-1) . Milhas em milhares. Se M são as milhas, D, os demais bens, em cada trecho a inclinação da linha de orçamento é: PM , com PM PD normalizado para $1 para M < 25. 2-2) a) (Figs 2-12,13,14) b) (Figs 2-32,33) c) (Figs 2-18,19,20) d) (Figs 2-26,27,28) (Figs 2-34,35) 2-3) (Fig2-3,4,5) 2-4) a) Como são retas as curvas de indiferença, elas não são estritamente convexas, porque com substitutos perfeitos a utilidade marginal não é decrescente. b) 2-17) Man 10 0,5mar , “solução de canto” (Fig Módulo 2 – Restrições Orçamentárias e Demanda Individual PG Eng.Econômica 2016 Pg.2-27/27 2-5) a) (Fig 2-15) b) ( R 2, A 6 ). c) (Fig 2-15) 1 / 3 . d) (Fig 2-12) O consumidor gostaria de abrir mão de Roupa para obter mais Alimento até o ponto que sua TMS seja igual à razão entre os preços (1/3): 3 x 3 < 3 x 1 + 3 x 3, ou seja, U = 9 não tangencia a LO, U = 12 sim, tangencia, o que leva à cesta ótima R 2, A 6 . 2-6) a) (Fig 2-21) (exercícios) E = 12,5 horas e (outras atividade) OA = $50 (cesta A) E = 35 horas e OA = $35 (cesta B) b) Cesta A: $50 Cesta B: = $65 2-7) (Figs 2-37,38,39) 2-8) Só (e). 2-9) Desafio! Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-1/30 Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas Conceitos neste módulo: demanda agregada, elasticidades, externalidades de difusão, risco, utilidade esperada prêmio de risco, redução de risco, trade-off risco-retorno. Os módulos estão distribuídos assim: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Em Anexo: problemas propostos respostas selecionadas Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-2/30 Vimos no módulo anterior como se estabelece a demanda individual. A demanda de mercado é obtida por meio da soma das curvas de demanda dos consumidores, como na Figura 3-3. Quanto mais consumidores entrarem no mercado, mais para a direita se desloca a curva de demanda de mercado. Outro aspecto: fatores que afetam muitos consumidores também afetam a demanda agregada, por exemplo, para um bem normal, um aumento na renda de muitos consumidores desloca a curva de demanda para a direita. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-3/30 Diversos fatores afetam a demanda de mercado: o aumento de renda de cada indivíduo, o acréscimo no consumo devido a um acréscimo nas exportações e importações, as elasticidades, estas serão objeto deste módulo. Por ora, observemos o exemplo ilustrado na Figura 3-5 onde aflora a ideia da elasticidade. Suponha que o petróleo tenha demanda doméstica e de exportação. Observando a figura se vê que a demanda de exportação é mais elástica (na prática, significa que a curva é mais horizontal), porque muitas nações importadoras pode se voltar para outros substitutos de energia. Porém, por ora, vejamos os aspectos matemáticos da questão. Se P $7,8 , temos ambas as demandas, porém se P $7,8 temos apenas a demanda doméstica. No exemplo QDE 1400 180P descreve a demanda de exportação e QDD 1800 100P descreve a demanda doméstica. Se fizermos QDE 0 então 0 1400 180P e assim P $7,8 , se fizermos QDD 0 então P $18 , ou seja, não se exporta se o preço estiver superior, então na faixa de preços entre $7,8 e $18 a demanda será apenas doméstica. Diz-se que a demanda doméstica é mais inelástica ao preço (na prática, significa que a curva é mais vertical) que a demanda de exportação. Este exemplo nos dá a intuição da elasticidade ao preço, mas não é tão simples assim, precisaremos detalhar isto. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-4/30 São dois tipos de elasticidade da demanda: elasticidade-preço e elasticidade-renda. A elasticidadepreço da demanda (EPD ou simplesmente Ed) mede o aumento percentual da quantidade demandada frente à queda de 1% no preço: EPD Q Q Q P ....(1) P P Q P Se levarmos a definição (1) ao limite (conceito matemático de derivada): Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas EPD PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-5/30 dQ dP ...................(2) Q P significa que é a derivada da demanda no ponto de escolha sobre a relação das variáveis no ponto escolhido. Podemos ainda rearrumando (2) chegar a: EPD dQ Q ............(3) dP P como em (1), indica a variação percentual na quantidade sobre a variação percentual no preço, apenas feita de forma unitária. Por exemplo, fazendo ambas as representações, algébrica e dQ gráfica, considere a demanda linear: Q 8 2 P 2 . Se tomarmos em: dP 2 i) Q 4; P 2 EPD 1 4/ 2 2 ii) Q 0; P 4 EPD 0/ 4 2 iii) Q 8; P 0 EPD 0 8/ 0 Com este exemplo a conclusão é clara: dependendo do ponto base a elasticidade tem os mais diversos valores, ou seja, a elasticidade depende do ponto e da inclinação. Porém, o que interessa economicamente é a comparação das diversas curvas tomadas no mesmo ponto, como indicado na Figura 3-7. Nestes termos, uma curva é mais inelástica ao preço se pouco muda a quantidade com alta variação de preço (e vice-versa). Olhando uma demanda mais inelástica podemos concluir: - maior grau de utilidade do bem - menor adaptabilidade de quantidade (curva mais vertical) Analogamente uma demanda mais elástica: - menor grau de utilidade do bem (não aceita qualquer preço!) - maior adaptabilidade de quantidade (curva mais horizontal) Um critério correlacionando elasticidade e gastos com certo bem está ilustrado na tabela da Figura 3-8. A lógica econômica é a seguinte: considere o caso em que P (o preço sobe). Se a demanda é inelástica (mais vertical) então P leva a Q em proporção Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-6/30 menor e a receita de quem vende deve aumentar (ou o gasto de quem compra aumenta!). Se por outro lado a demanda é elástica (mais horizontal): P implica Q em maior proporção (e o gasto diminui). Exemplo 1: Supondo demanda linear, se antes da subida de preço: Q 50; P $4 e depois Q 20; P $5 , que tipo de elasticidade é o da demanda? Caracterize graficamente. Respostas: Possivelmente em sala de aula. Exemplo 2: Uma família consome 1.000 litros de gasolina a $1/litro com demanda caracterizada por EPD 0,5 . Uma subida de 10% no preço aumenta ou diminui a despesa da família com gasolina? Se agora EPD 2 , refaça o problema. Respostas: Figura 3-8 e possivelmente em sala de aula. A Figura 3-9 resume os diversos aspectos práticos da elasticidade-preço. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-7/30 Vejamos a seguir algumas questões de mensuração da elasticidade-preço. Conforme as variações sejam maiores ou menores, os cálculos de elasticidade podem ser feitos no ponto ou no arco, como ilustrado nas Figuras 3-10 e 11. Perceba na Figura 3-10 (EPD no ponto), conforme o ponto de partida que se tome, a elasticidade pode dar muito diferente (já antecipamos isto antes!) – do ponto A tomado como base para uma variação unitária na quantidade (chega-se ao ponto B) obtemos uma elasticidade de 2 em módulo (elástico). No entanto, se o ponto base for B uma variação unitária da quantidade nos leva ao ponto C e a elasticidade já se mostra diferente (0,5) indicando ser inelástico! Se refizermos o problema pelo arco (Figura 3-11, usando agora a média), os valores darão menos discrepantes. Em geral, melhor ainda é calcular a elasticidade em único ponto via derivadas. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-8/30 A segunda forma de elasticidade – elasticidade-renda ( E R ) - é definida de modo similar como ilustrado na Figura 3-12 e nos diz da sensibilidade do bem em relação à renda. Os bens superiores tendem a ter demanda elástica e E R 0 (como os bens normais, os bens R, Q ), ER 0 inferiores ( R, Q ), os bens necessários tendem a ter demanda inelástica ou inclinação da curva de demanda alta, os bens de luxo tendem a ter uma demanda elástica ou inclinação baixa. No exemplo da Figura 3-12, calculado pelo ponto ( R, Q ), os resultados de E R define o tipo de bem. Observe que se o cálculo for feito pela média, E R vai dar alguns valores diferentes, mas os tipos serão os mesmos ( E R = 1,53; 1,67; 1; -0,40, respectivamente). O conceito de elasticidade em microeconomia é muito útil, pois permite captar efeitos inesperados ou complexos. Por exemplo, boas notícias para a agricultura podem ser más notícias para os agricultores? Vejamos isto via um exemplo. Exemplo 3: (Desafio) O que ocorre com produtores de soja se pesquisadores da Embrapa descobrem uma nova variedade mais produtiva? Considere a curva de demanda linear com os pontos correspondentes às duas situações: ( Q 100; P $4 e depois Q 110; P $2 ). Caracterize graficamente. Respostas: Em sala de aula no início da próxima aula. Porém, adiantamos que a receita dos agricultores diminui. Naturalmente as consequências da elasticidade aplicada ao Exemplo 3 não terminam aí. A redução nos preços poderia propiciar mais produtos derivados de soja e maior procura por estes produtos novos. Significa que a demanda aumenta (a curva de demanda se desloca para a direita também!) forçando os preços aumentarem. Seguir esta linha de raciocínio, porém, será mais interessante em macroeconomia. Por ora fiquemos por aqui registrando esta possibilidade. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-9/30 Até agora todas as definições e conclusões que lidamos considerou situações simplificadas e perfeitas. No mundo econômico real nem sempre é assim (ou melhor, quase nunca!). As demandas individuais podem não ser independentes, podem acontecer efeitos externos (chamaremos externalidades) que podem distorcer o mercado perfeito e estas condições estão resumidas na Figura 3-14. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-10/30 Na Figura 3-15 se encontra ilustrado o caso de uma externalidade positiva, onde se mostra o efeito cumulativo de consumo com a quantidade crescendo em resposta ao crescimento das aquisições e a curva de demanda fica mais elástica, ou seja, quanto mais novos consumidores, mais os consumidores aceitam consumir dele. Na Figura 3-16 é mostrado o efeito passo-a-passo quando cai o preço. É importante observar a dinâmica econômica envolvida: P então aumenta um pouco a quantidade demandada; com o aumento da demanda Q sobe mais ainda pelo efeito cumulativo do consumo; que por isto permitiria elevar um pouco o preço que caíram de início (este passo não está representado na figura). Seja como for, haverá um efeito líquido de aumento de quantidade se a externalidade for positiva. De maneira similar e contrária às externalidades positivas, pode ocorrer uma externalidade negativa. Neste caso, opera o efeito diferenciação de consumo, onde a quantidade demandada diminui em resposta ao crescimento das aquisições do produto. Este efeito se encontra ilustrado na Figura 3-17. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-11/30 A decisão de escolha do consumidor muitas vezes leva em conta fatores que não são totalmente objetivos, tais como a avaliação de riscos e incertezas. Uma matemática útil para apoiar a decisão do consumidor neste contexto envolve o valor esperado e a variabilidade de certa variável econômica. O valor esperado mede a média ponderada pelas expectativas dos payoffs (resultados possíveis). A variabilidade mede o quão incerto é aquele valor esperado. Ela é medida pela variância ou pelo desvio padrão. Na Figura 3-19 está ilustrado o valor esperado de um caso simples de exploração de petróleo. A forma econômica de lidar com isto está no exemplo a seguir. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-12/30 Exemplo 4: Considere as possibilidades de emprego em vendas com as probabilidades e payoffs da tabela abaixo: Resultado 1 EMPREGO 1 (Comissão) EMPREGO 2 (Salário fixo) Renda Esperada ($) Resultado 2 Probabilid. Renda ($) Probabilid. Renda ($) 0,5 2.000 0,5 1.000 0,99 1.510 0,01 510 a) Calcule a renda esperada para cada emprego. Os resultados mostram o que escolher? b) Numa análise entre as duas escolhas, qual seria a informação obtida se usássemos o desvio médio como critério? c) Idem, o critério agora é o desvio padrão. Respostas: Possivelmente em sala de aula. Mas adiantamos que o Emprego 2 tem menor desvio padrão, enquanto o desvio médio não distingue entre as escolhas. Os resultados do Exemplo 4 mostram que, com o desvio padrão menor no Emprego 2, para um consumidor adverso ao risco, o Emprego 2 seria a melhor escolha. Porém, para alguém propenso ao risco, a chance de 50% em alcançar o salário de $2.000 (contra 99% de alcançar $1.510) pode ser mais atrativo o Emprego 1. Fica claro, portanto, que o que o consumidor deve escolher depende do seu perfil (lembre os formatos da curva de utilidade!) ... A análise por média e por desviopadrão pode contemplar casos de payoffs mais complexos e com maior diversidade. A ideia se mantém a mesma dos casos mais simples. Na Figura 3-20 está ilustrada a situação em face disto, quando mais eventos são possíveis. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-13/30 Em vista do tipo do consumidor e do que vimos no Exemplo 3, podemos definir Utilidade Esperada como uma função do nível de renda com na Figura 3-21. A relação entre perfis de risco e tomada de decisão está resumida na Figura 3-22 e os exemplos específicos de cada tipo nas Figuras 3-23, 24 e 25: aversão ao risco, neutralidade e propensão ao risco. Para o agente avesso ao risco a variabilidade é que é o problema. Ele prefere o valor certo, mesmo que este valor seja mais reduzido do que um valor maior e mais arriscado. Ele é capaz até de pagar um prêmio de risco para não correr o risco. O perfil do agente propenso ao risco é totalmente ao contrário, a variabilidade para ele não é problema. Naturalmente o agente que é neutro ao risco não tem preferência entre o valor garantido e o valor incerto, meio termo entre os dois casos anteriores. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-14/30 A verdade é que entre os agentes econômicos todos estes perfis apresentados são possíveis, mas, de forma geral, podemos dizer que o perfil predominante é o de aversão ao risco. Acrescentamos que estes perfis são fortemente afetados por fatores conjunturais, mas este tipo de análise foge ao nosso escopo, será objeto de estudo em Macroeconomia na forma de expectativas. Por ora, caracterizemos melhor (gráfico e quantitativo) os perfis de risco. Se o consumidor é avesso ao risco, sua curva de utilidade em função da renda tem o formato mostrado na figura, onde se interpreta assim: certa queda na renda tem queda de peso relativo na utilidade maior que a mesma subida na renda (no exemplo, módulo de -6 é maior que módulo de +3). Ou seja, a característica principal do consumidor é “temer perder”. Esta situação é ilustrada na Figura 3-23. Por outro lado, se o consumidor é neutro ao risco, ele é indiferente entre eventos certos e eventos incertos. (no exemplo, módulo de -7 é igual ao módulo de +7). Ou seja, a característica principal do consumidor é que para ele “tanto faz”. Esta situação é ilustrada na Figura 3-24. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-15/30 Se o consumidor é propenso ao risco, sua curva de utilidade em função da renda tem o formato mostrado na figura, onde se interpreta assim: uma queda na renda tem queda de peso relativo na utilidade menor que a mesma subida na renda (no exemplo, módulo de 5 é menor que módulo de +10). Ou seja, a característica principal do consumidor é “paga pra ver”. Esta situação é ilustrada na Figura 3-25. À luz destas diversas curvas de perfis de risco definimos Prêmio de Risco. Tratase da soma máxima em dinheiro que uma pessoa avessa ao risco (lembrese que é este o perfil mais comum!) paga para evitar o risco. Seu valor se encontra graficamente ilustrado na Figura 3-26. É exatamente a diferença entre o valor certo e o valor com risco. Vale dizer, é quanto o consumidor avesso a riscos pagaria para não correr riscos. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-16/30 Por fim, nesta seção, relacionamos risco e curvas de indiferença, como na Figura 3-27. Mais alta ou mais baixa aversão a riscos podem ser correlacionadas com maior ou menor inclinação das curvas de indiferença quando tomadas em relação ao desvio padrão da renda. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-17/30 Já mencionamos que o comportamento humano mais típico o leva a tomar as decisões mais importantes e caras na área de economia sob o perfil de aversão ao risco. Neste caso é importante reduzir o risco e existem pelo menos três modalidades de operar: diversificação, seguro e informação completa. Vejamos cada um deles com suas consequências via alguns exemplos. Considere as probabilidades e a matriz de payoff da Figura 3-29. Com a diversificação a renda esperada é a mesma sempre sem nenhum risco, como fica claro nos cálculos presentes naquela figura. Observe que uma escolha mais arriscada poderia aumentar bastante a receita (se só vender ar-condicionado no calor ou só vender aquecedor no frio a renda vai Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-18/30 para $40.000, mas o vendedor teria que arriscar prever o clima!), ou reduzir bastante a receita (o contrário, se der o azar de escolher o aparelho inconveniente para o clima a renda iria para $10.000). É justamente para não padecer com o azar que o perfil do vendedor é o da aversão ao risco. A modalidade de redução de riscos via aquisição de seguro transfere riqueza, mas a utilidade esperada aumenta, pois a utilidade marginal em caso de prejuízo é maior que a de não haver prejuízo. A terceira modalidade, informação completa, considera o valor da informação. Se o consumidor tiver maior quantidade de dados ele fará previsões mais seguras e correrá menos risco. O valor da informação completa é a diferença entre o valor esperado da escolha com informação completa e o valor esperado da escolha com informação incompleta. Analisamos via um exemplo ilustrativo, também presente na Figura 3-30. Exemplo: Suponha uma loja que encomenda roupas para a estação e a vende por $300/peça. Apresentam-se as opções de encomenda: 100 peças – custo de $180/peça (custo de consignação de 50%); 50 peças – custo de $200/peça (custo de consignação de 50%). Os cenários a se analisar são: 1- Informação incompleta – não sabe se vende 50 ou 100 peças; 2- Informação completa já sabe (por pesquisas) quanto deve vender. Para lidar com este problema vamos considerar dois casos: o vendedor neutro a riscos e o vendedor avesso ao risco. Vamos analisar também a circunstância de informação completa e de informação incompleta. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-19/30 Na Figura 3-31 estão resumidos os cálculos para o cenário de informação incompleta e o lojista neutro a riscos, naturalmente compra 100 peças. Estamos diante de um problema que envolve incertezas (probabilidades) de vender o que comprou ou de vender menos que comprou. Observe que além da receita obtida tem que levar em conta a despesa com ou sem consignação. Nestas circunstâncias o lucro esperado é obtido pela contabilização das duas possibilidades (vender 100 ou vender 50 peças) de $6.750, como mostra a figura. Na Figura 3-32 os cálculos são refeitos para o vendedor com perfil avesso a riscos, por conseguinte ele só vai encomendar 50 peças. O lucro esperado nesta circunstância é de $5.000, ou seja, sua situação é pior do que a do lojista neutro a riscos! Esta linha de raciocínio nos leva diretamente a questionar qual seria o valor da informação, ou seja, sair da pior situação de informação incompleta! Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-20/30 Na Figura 3-33 os cálculos são feitos para a informação completa, ou seja, o lojista compra 50 peças e as vendem todas ou compra 100 peças e as vendem todas também, ambas porque ele sabe quanto venderá. Como mostrado na figura o lucro esperado nesta circunstância passa a ser $8.500. Assim, o valor da informação é de ($8.500 - $6.750) = $1.750. O lojista poderia gastar esta diferença positiva justamente em pesquisa (ou em marketing) para obter esta informação. Este problema ilustra o valor quantitativo da informação, mas também o leitor deve perceber o valor qualitativo da informação: em Microeconomia a informação reduz ou elimina incertezas e permite um planejamento econômico consistente e, até mesmo, mais ousado se comparado com o caso que não se tem informação completa. Por outro lado, adiantamos que muito frequentemente é difícil (ou impossível) obter a informação completa. Esta circunstância merecerá de nós na parte final do curso uma análise mais detalhada do fato que configurará uma falha de mercado. Por ora, porém, vamos aproveitar que lidamos economicamente com incertezas para estender nosso estudo para ativos com incertezas modelando o tradeoff existente entre riscos e retorno. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-21/30 O risco introduz na cabeça de quem vai decidir um tradeoff (ganha mais se se arriscar mais, mas pode também perder mais!) que será resolvido levando em conta seu perfil quanto a incertezas. Na Figura 3-35 estão sumarizadas as características de ativos de risco e sem risco, bem como exemplos típicos. Para escolher entre um e outro ou uma cesta de ambos, mais uma vez interessa o perfil de riscos: avesso, neutro ou propenso. Para modelarmos o tradeoff risco-retorno, vamos considerar o exemplo da Figura 3-36 onde se contrapõem risco e retorno. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-22/30 Estamos considerando ativos sem risco (Letras do Tesouro) com retorno esperado Rt , e ativo com risco (Ações) com retorno esperado mas Ra , retorno efetivo ra , um e outro definidos Figura 3-36. na Estamos considerando ainda as frações de cada ativo que compõem a carteira de investimentos, como na figura. Normalmente Ra Rt , pois senão os investidores só comprariam Letras do Tesouro. Com estas características o retorno esperado R p de uma carteira de investimentos será a média dos retornos esperados entre os ativos, como indicado na Figura 3-37. Na mesma figura se mostra um exemplo numérico onde se calcula o retorno esperado. Perceba que f a é, na realidade, a variável em questão, cujo valor escolhido pelo investidor se encontrará em algum ponto entre (nenhum risco) e (risco máximo). Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-23/30 Colocando o risco da carteira em termos de desvio padrão, p f a a , isto nos leva à relação: ( R Rt ) R p Rt a p. a Então o problema do investidor pode ser colocado assim: o retorno esperado ( Rp ) se carteira ( p ) segundo uma relação linear onde Rt , Ra e a relaciona com o risco da são constantes escolhidas ou conhecidas, relação linear esta que descreve o tradeoff entre risco e retorno esperado. A reta obtida está ilustrada na Figura 3-38 é conhecida como Linha do Orçamento (LO). Observe na LO que R p = Rt quando f a = 0 (ou seja, opção sem risco, menor retorno). Da mesma forma, no outro extremo da LO, f a = 1 (risco total). Observe ainda que a inclinação da LO que é de ( Ra Rt ) a representa o prêmio de risco, dito de outra maneira é a propensão marginal de substituir risco por retorno, pois nos diz quanto de risco extra um investidor deverá correr para desfrutar um retorno esperado mais elevado. No confronto entre risco e retorno a conclusão final é que a escolha do investidor de p se dará em algum ponto entre 0 e a , ponto este, como ilustrado na Figura 3-39, que dependerá do perfil do investidor e da condição de maximização de sua função utilidade. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-24/30 Como mostrado na Figura 3-40, dois consumidores com perfis de utilidade diferentes escolherão pontos diferentes sobre a Linha de Orçamento. Na Figura 3-41 é ilustrado o caso curioso que o perfil do investidor é de tão baixa aversão ao risco ( U B ) que ele poderia até tomar emprestado e investir em ações para além de sua riqueza. Deixamos claro aqui que, via-de-regra, análise de carteiras de ações e investimentos são assuntos mais adequados a outras cadeiras. Não estamos aqui analisando o tema de maneira intensiva. Nosso objetivo é trazer algo sobre este tema com o intuito de caracterizar comportamentos microeconômicos em face de incertezas. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-25/30 Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-26/30 Problemas Propostos: 3-1) Considere a curva de demanda do cobre Q 18 3P e a curva de oferta do cobre Q 6 9P , onde Q é medido em milhões de toneladas. a) Qual o efeito de uma diminuição de 20% na demanda do cobre sobre seu preço. Analise economicamente as variações. b) Calcule para antes da redução da demanda do cobre as elasticidades-preço para a oferta e para demanda. c) Suponha que com a redução de demanda a elasticidade-preço no longo prazo do cobre passe a ser -0,4. Derive uma curva de demanda linear que seja consistente com a elasticidade menor. 3-2) A tabela abaixo mostra o preço do café no varejo e as vendas de café instantâneo e café torrado para 1997 e 1998. Preço no varejo Vendas de café Preço no varejo Vendas de café de café instantâneo instantâneo de café torrado torrado Ano ($/lb) (milhões lb) ($/lb) (milhões lb) 1997 10,35 75 4,11 820 1998 10,48 70 3,76 850 a) Utilizando estes dados, estime a elasticidade-preço da demanda de curto prazo para café torrado. Derive também a curva de demanda linear para café torrado. b) Estime a elasticidade-preço da demanda no curto prazo de café instantâneo. Derive a curva de demanda linear de café instantâneo. c) Qual dos dois tipos de café possui a elasticidade-preço da demanda em curto prazo mais elevada? Dê uma explicação econômica da razão disto. 3-3) Suponha que, para a demanda de Alimento, a elasticidade-renda seja 0,5, e a elasticidade-preço seja -1,0. Suponha também que um consumidor tenha dispêndio anual de $10.000 com Alimento, que o preço unitário deste seja $2 e que a renda do consumidor seja $25.000. a) Se fosse criado um imposto de $2 sobre as vendas de Alimento, fazendo com que seu preço duplicasse o que ocorreria com o consumo de Alimento por parte do consumidor? (Sugestão: uma vez que se trata de uma grande variação no preço, você deveria supor que a elasticidade-preço corresponde à medição da elasticidade no arco, em vez de elasticidade no ponto) b) Suponha que o consumidor receba um desconto fiscal no valor de $5.000 no período, visando atenuar o efeito do imposto. Qual seria seu consumo de Alimento? c) O bem-estar do consumidor teria melhorado ou piorado relativo à situação original, no caso de lhe ser oferecido um desconto fiscal e cobrado o imposto dos itens anteriores. Explique. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas 3-4) PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-27/30 Suponha que a função utilidade de um trabalhador seja u( I ) I 0,5 , onde I representa sua renda anual em milhares de unidades monetárias. a) O trabalhador é amante do risco, neutro a riscos, ou avesso a riscos? Explique. b) Suponha que o trabalhador atualmente esteja recebendo uma renda de $10.000 ( I =10), podendo com certeza obter a mesma renda no ano que vem. Ele recebe, então, uma oferta para um novo emprego com rendimentos de $16.000 com probabilidade de 0,5 e rendimentos de $5.000, com probabilidade também de 0,5. Ele deveria assumir o novo emprego? c) No item (b), o trabalhador estaria disposto a adquirir um seguro para poder se proteger contra a renda variável associada ao novo emprego? Em caso afirmativo, qual o valor que estaria disposto a pagar por tal seguro? (Sugestão: Qual é o prêmio de risco?) 3-5) Explique os termos e as relações e onde couber exemplifique: a) Elasticidade-preço e elasticidade-renda b) Relação entre elasticidade-preço e o quanto se gasta relativamente com um bem c) As relações entre os tipos de elasticidades e os tipos de bens d) Quantificações da elasticidade-preço: no ponto e no arco e) Relação entre elasticidade-renda e tipos de bens f) Externalidades positivas e negativas g) Relação entre Riscos, payoffs e escolhas do consumidor h) Curvas Utilidade x Renda para os diversos perfis de risco i) Prêmio de risco j) Relação entre curvas de indiferença e perfis de risco k) Formas de redução de risco e valor da informação completa l) Tradeoff risco-retorno m) Linha de orçamento n) Relação LO e curvas de indiferença 3-6) Sendo as funções demanda e oferta, respectivamente, D(p) = 100 – p + 0,25R e S(p) = -10 + 10p, no ponto de equilíbrio qual a elasticidade da procura? Quanto aumenta em termos percentuais as intenções de aquisição quando o preço aumenta 1%? 3-7) Se a curva de demanda se fortalece com a renda disponível R , se D(p) = 100 – p + 0,25R e a curva de oferta é S(p) = -10 + 5p, para uma renda de $1000 qual será a variação relativa da quantidade demandada induzida por um aumento de renda em 1%? Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-28/30 3-8) Supondo demanda linear, se antes da subida de preço: Q 50; P $4 e depois Q 20; P $5 , que tipo de elasticidade é o da demanda? Caracterize graficamente. 3-9) Uma família consome 1.000 litros de gasolina a $1/litro com demanda caracterizada por EPD 0,5 . Uma subida de 10% no preço aumenta ou diminui a despesa da família com gasolina? Se agora EPD 2 , refaça o problema. 3-10) (Desafio) O que ocorre com produtores de soja se pesquisadores da Embrapa descobrem uma nova variedade mais produtiva? Considere a curva de demanda linear com os pontos correspondentes às duas situações: ( Q 100; P $4 e depois Q 110; P $2 ). Caracterize graficamente. 3-11) Considere as possibilidades de emprego em vendas com as probabilidades e payoffs da tabela abaixo: Renda Resultado 1 Resultado 2 Esperada ($) Probabilid. Renda ($) Probabilid. Renda ($) EMPREGO 1 0,5 2.000 0,5 1.000 (Comissão) EMPREGO 2 0,99 1.510 0,01 510 (Salário fixo) a) Calcule a renda esperada para cada emprego. Os resultados mostram o que escolher? b) Numa análise entre as duas escolhas, qual seria a informação obtida se usássemos o desvio médio como critério? c) Idem, o critério agora é o desvio padrão. 3-12) Considere uma loteria com três resultados possíveis: uma probabilidade de 0,1 para receber $100; uma probabilidade de 0,2 para receber $50; uma probabilidade de 0,7 para receber $10. a) Qual é o valor esperado desta loteria? b) Qual é a variância dos resultados desta loteria? c) Quanto uma pessoa neutra a riscos pagaria para participar desta loteria? 3-13) (Desafio) Discuta as razões pela qual a OPEP não consegue manter os preços elevados do petróleo. Qual seria o impacto de uma redução na quantidade ofertada de petróleo sobre o aumento dos preços no curto e longo prazo. Considere para raciocínio a quantidade ofertada caindo de 110 para 100 unidades, no CP o preço se eleva de $3,00 para $4,00, enquanto no LP o preço se eleva de $3,00 para $3,10. Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-29/30 Respostas selecionadas 3-1) a) 10,5% b) demanda - 0,5 (inelástica); oferta: E S 1,5 (elástica) Qd 14,16 2,26P c) (Fig 3-7) 3-2) a) (Fig 3-7 para todos. Este problema como um todo mostra o perigo de se tomar a elasticidade em pontos tão diferentes. Se o aluno tiver o trabalho de traçar as curvas de demanda verá que a de café torrado é mais horizontal que a de café instantâneo, surpreendentemente!) Usando os conceitos estritos da elasticidade preço da demanda: Base 97: -0,43 (inelástico); Base 98: -0,38 (inelástico); Ponto médio: -0,40 (inelástico) Curva de demanda linear: = Q = 1172,2 – 85,7 P b) Idem: -5,31 (elástico); -5,76 (elástico); Ponto médio: -5,52 (elástico) Q = 473,1 – 38,5 P c) (Fig 3-8) O instantâneo. O café torrado pode ter demanda inelástica CP porque consumidores o consideram um bem necessário. Café instantâneo pode ser visto como um bem substituto conveniente, mas imperfeito. O preço mais elevado do café instantâneo reforça a inelasticidade do café torrado. Café torrado é um bem de luxo, sua demanda estará à direita do café instantâneo. A maior inelasticidade do café torrado significa que a qualquer preço a demanda por torrado será maior. 3-3) a) (Fig 3-11) reduz seu consumo para 2.500. b) (Fig 3-12) Q = 2.738 c) Depois do imposto e do desconto fiscal: Q = 2.738 a $4 a unidade com I $30.000 , ou seja: (2.738)($4) = $10.952. Conclusão: o consumo de outros bens foi de $30.000 - $10.952 = $19.048 A questão é: esta combinação seria atingida com a situação original? (2.738)($2) = $5.476, o que leva ao consumo de: $5.476 (com Alimento) + $19.048 (outros) = $24.524 Ora, $25.000 - $24.524 = $476, ou seja, sobrariam $476 que poderiam ser gastos em Alimento ou outros bens e não foram. Portanto, o bem-estar diminuiu! 3-4) a) 3-5) a) b) c) d) e) (Figs 3-19,20,21) avesso ao risco. b) recusar o cargo! c) $278 (Figs 3-7,8,9,12) (Fig 3-8) (Fig 3-9) (Figs 3-10,11) (Fig 3-12) Módulo 3 – Elasticidades e Incertezas f) g) h) i) j) k) l) m) n) PG Eng.Econômica 2016 Pg.3-30/30 (Figs 3-14,15,16,17) (Figs 3-19,20) (Figs 3-23,24,25) (Fig 3-26) (Fig 3-27) (Figs 3-29,30,31,32,33) (Figs 3-36,37) (Figs 3-38,39) (Figs 3-39,40,41) 3-6) (Fig 3-9) se o preço aumentar 1%, a quantidade demandada diminuirá 0,11% (inelástica). 3-7) (Fig 3-9) se a renda aumentar 1%, a quantidade demandada aumentará em menor proporção (0,86%). 3-8) (Figs 3-8,9) demanda elástica 3-9) (Figs 3-8,9) a) Aumenta despesa, demanda inelástica b) Diminui despesa, demanda elástica. 3-10) (Desafio, mas ...) Uma boa notícia para a agricultura (melhoria no processo produtivo) pode ser uma má notícia para agricultores (isto pode levar a reflexões sobre o aumento da produtividade, novas tecnologias, etc.) 3-11) a) este critério não mostra o que escolher! (Fig 3-19 para todos os itens) b) este critério não mostra o que escolher! c) Comissão envolve um risco maior. Ainda assim, não mostra o que escolher: 3-12) a) (Fig 3-20 para todos) $27 b) $841 c) $27. 3-13) (Desafio) Em aula. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-1/27 Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo Conceitos neste módulo: fatores de produção, produto marginal, lei dos rendimentos marginais decrescentes, custos, lucro da firma, curva de oferta da firma, elasticidades no curto prazo. Os módulos estão distribuídos assim: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Em Anexo: problemas propostos respostas selecionadas Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-2/27 O comportamento do produtor ou da firma é semelhante em alguns aspectos ao comportamento do consumidor, por exemplo, um e outro atuam de modo a buscar maximização (de bemestar e de lucro, respectivamente). Por outro lado a produção envolve outros fatores que até então não consideramos, como a tecnologia de produção, os custos (com suas restrições) e os insumos (com suas questões de escolha). À produção estão associados os fatores de produção que neste módulo e no curso como um todo serão geralmente resumidos, por simplicidade, a capital e trabalho. Dito de outra forma, no âmbito Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-3/27 da firma interessa a Função de Produção que indica a quantidade de produção que uma firma pode atingir dado o estado da tecnologia vigente. Representamos assim: Q f ( K , L) onde Q é o produto ou quantidade do bem que foi produzido, K é capital, entendido como ativos não humanos, particularmente nos interessando aqui o capital profissional representado por equipamentos e máquinas (poderíamos também incluir edifícios, infraestrutura, patentes, etc., mas não o faremos por simplicidade). Naturalmente existem outros tipos de capitais, como imobiliário e financeiro. Finalmente, L representa a quantidade de trabalho humano empregado naquela produção. Para nossos propósitos fica valendo estas definições simplificadas. O objetivo da Função de Produção é descrever o que é mais eficiente em termos de fatores de produção. Na análise da oferta interessa também distinguir se ela é de curto prazo (CP), nesta circunstância pelo menos um fator é fixo ( Q f (L) ou Q f (K ) ) e no curtíssimo prazo ambos os fatores são fixos (na nossa nomenclatura Q f ( K , L) ou Q cte ). Interessa-nos também o longo prazo (LP) onde todos os fatores são variáveis, Q f ( K , L) . Porém, deixaremos a análise de LP para o próximo módulo. Neste módulo trataremos da análise do curto prazo. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-4/27 Nossa premissa de CP é que o capital K é fixo, mas o trabalho L é variável. Raciocinemos, grosso modo, assim: contratar mão de obra é rápido, montar uma fábrica não. Nossos gráficos aqui terão como variável independente o trabalho L , variável dependente o produto Q (gráfico Q L ). A lógica econômica é: com o aumento do número de trabalhadores Q aumenta até um ponto que tende a diminuir. Por quê? Pense assim: duas pessoas podem operar bem uma máquina, mas dez pessoas vão tropeçar uma nas outras. Esta é a intuição que baseia um dos fundamentos da microeconomia, os Rendimentos Marginais Decrescentes, que detalharemos logo. Para descrever o efeito do trabalho no processo produtivo podemos usar o produto médio ( PM ) ou o produto marginal ( PMg )6. Definem-se: PM Q Q dQ ; PMg . Este último pode ser tomado no limite PMg que é uma L L dL derivada ou uma taxa instantânea de variação da produção em função do trabalho. Nas visões gráficas PMg será a tangente geométrica em cada ponto do gráfico Q L . A Figura 4-6 mostra o aspecto da curva Q L . Perceba que no ponto A temos PM PMg Por simplicidade vamos imaginar que todo produto é vendido, então podemos estender para RM e RMg, rendas média e marginal, 6 Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo ( PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-5/27 120 120 50 120 ), no ponto C PM PMg ( ), a partir do ponto D a produção é 4 4 2,5 4 inviável (cada vez produz menos com mais trabalhadores. Lembre-se da intuição dos rendimentos marginais decrescentes!). Dito de outra forma, quando PM PMg o produto médio é crescente, o que nos leva às curvas mostradas na Figura 4-7. Perceba que o ponto E na Figura 4-7 corresponde ao ponto C na Figura 4-6, ponto em que PM PMg . Também na Figura 4-7 fica evidente o ponto a partir do qual não faz sentido produzir (trechos de PM e de PMg tracejados, caracterizados por PMg 0 ). Na Figura 4-8 ficam explícitos os trechos onde é ou não é racional produzir. É racional produzir em algum ponto entre A e B , pois PM PMg . Aparentemente o ponto B é o ponto ótimo, já que o produto total é máximo, mas as coisas não são bem assim. Observe que em B o produto total é máximo, mas o produto marginal não é. Na realidade o ponto ótimo, veremos, vai depender do perfil dos custos! Por ora, o que podemos estabelecer melhor é o Princípio dos Rendimentos Marginais Decrescentes, coisa que ocorre na maioria dos processos de produção. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-6/27 Ele diz que à medida que aumenta o uso de certo insumo em incrementos iguais, acaba chegando ao ponto que a produção decresce. Este princípio aplica-se tanto no CP quanto no LP. A intuição é aquela apresentada anteriormente e reiterada na Figura 4-9. Observe que dizer que o produto marginal diminui como consequência de ineficiências não significa rendimentos marginais negativos! Portanto, é possível escolher a quantidade de insumo trabalho ( L ) mesmo em situação de rendimentos marginais decrescentes. Atenção: rendimentos decrescentes se referem ao curto prazo, enquanto rendimentos decrescentes de escala (que veremos) se referem ao longo prazo. Consideramos até aqui certa tecnologia dada. E se a tecnologia melhorar? A Figura 4-10 ilustra esta situação. A curva de produção desloca seu máximo para direita e para o alto resultando em aumento da oferta e diminuição de preço. Uma intuição deste fato: imagine que se não fosse assim, considerada a produção agrícola, dado que a terra é constante e a população é crescente, necessariamente teríamos mais fome! Na prática, a melhoria tecnológica agrícola implicou que o índice de produção alimentar per capita aumentou. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-7/27 Então chegamos ao conceito de produtividade do trabalho, definido na Figura 4-11. As causas do crescimento da produtividade são diversas: 1) Aumento do estoque de capital – mais e melhores máquinas; 2) Mudança tecnológica – uso mais eficiente da força de trabalho. A produtividade do trabalho é um dos elos mais importantes que liga macro e microeconomia. Ela permite comparar setores, determinar o real padrão de vida. Olhando a realidade, percebemos que a produtividade nos países desenvolvidos tem declinado. Esta aparente contradição pode ser explicada por várias respostas conjunturais, mas também pelo esgotamento dos recursos naturais e por regulações ambientais, segundo alguns. Ainda assim é ilustrativo atentar para os resultados do Exemplo 1. Exemplo 1: Um país tem reservas de recursos $100 e cresce a 2%. Outro país tem $40 e cresce a 4%. Analise comparativamente. Respostas: Possivelmente em sala de aula. Dos resultados do Exemplo 1, podemos concluir: “crescer menos em um patamar alto pode ser mais valioso que crescer mais em um patamar mais baixo”. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-8/27 Uma grande questão a ser respondida na produção é qual a escolha ótima de insumos que devemos utilizar de modo a minimizar os custos. Custos podem ser vistos sob várias visões. Do ponto de vista dos contadores o custo é visto retrospectivamente. Assim, um custo contábil é a soma dos dispêndios efetivos e a depreciação dos equipamentos. Do ponto de vista dos economistas e dos administradores o custo é visto prospectivamente, muitas vezes como ferramenta para a tomada de decisões. Desta forma, o custo econômico contabiliza além dos recursos usados na produção, o custo de oportunidade. Este último é definido como o custo da firma deixar de produzir ao não empregar recursos (da maneira simplificada que resolvemos usar, capital e trabalho) de maneira mais rentável. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-9/27 No mundo da produção alguns custos são irreversíveis, pois não podem ser recuperados, portanto não devem afetar as decisões da firma. Vale dizer, fogem do nosso escopo. Os custos que consideraremos são: (a) Custos fixos – CF: tendem a não depender do nível de produção. São aluguéis, contas de luz, salários administrativos, etc. (b) Custos variáveis – CV: dependem do nível de produção. Observe que no CP prepondera o custo fixo, enquanto no LP, o custo variável. Do ponto de vista das medições e das análises econômicas interessam os custos marginal ( CMg ) e o custo total médio ( CTM ) tal como nos interessaram PM e PMg!: CT CV , pois CMg Q Q CF é tido como constante. CFM CVM CTM Q Q Se chamarmos: p = preço do produto da empresa; w = preço do insumo trabalho (salário); L = número de trabalhadores contratados, então no CP como sabemos que Q f (L) , então CV = wL. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-10/27 Vimos a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes. Nela o nível de produção diminui em relação a unidade do insumo, então o custo variável e o custo total aumentam em relação a produção. Matematicamente: CV wL Como CMg e como CV = wL , então CV wL então CMg Q Q Como vimos na Figura 4-5 PMg Q w , então CMg . L PMg L Isto significa que a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes equivale à Lei dos Custos Marginais Crescentes. Com dois ou mais insumos variáveis a relação é mais complexa, mas o princípio se mantém: “Se sobe a produtividade dos fatores implica diminuição dos custos variáveis”. Em termos gráficos, se observa a dualidade produtocusto, como se vê na Figura 4-17. Não está explícito na figura, mas o leitor pode imaginar a simetria da curva de rendimento do produto com a curva CV 7. Tal simetria seria assim: imagine uma reta de 45º a partir da origem. A simetria entre as curvas de custo (CV, no caso) e de rendimento seria relativa a esta reta. 7 Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-11/27 Um raciocínio análogo nos leva às formas das curvas CMg , CTM , CVM e CFM . Trata-se de uma situação dual àquela delineada na Figura 4-7. Por exemplo, o ponto CMg CVM na Figura 4-18 equivale lá ao ponto PM PMg . Observe que de início os custos fixos médios são altos, mas se estabiliza em direção a zero com o crescimento da produção. Destacamos aqui que devido aos rendimentos marginais decrescentes, se PMg cai com a subida de Q (Produção), então sobe o CMg , como mostra a figura. Outro aspecto: sempre que CMg estiver acima de CVM (custo marginal superior ao custo variável médio), a curva CVM apresentará elevação, e vice-versa. Quando CVM for mínimo, CMg CVM . Estes fatos estão ilustrados na Figura 4-19. Observando a região que CVM só diminui, numa interpretação econômica teríamos uma indicação que deveríamos (a firma, é claro!) produzir mais!... Agora, na região que CVM só aumenta sinaliza o contrário, deveríamos produzir menos! O leitor deve perceber que estamos encaminhando o raciocínio que levará ao ponto ótimo de produção no curto prazo: aquele em que CMg PMg RMg (custo, produto e receita marginais se igualam). Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-12/27 Voltemos à questão posta ao produtor: “quanto deverá ser produzido?” Vamos considerar as hipóteses simplificadoras que caracterizam os mercados competitivos: 1) Os agentes são tomadores de preços Cada empresa vende individualmente uma pequena parte do que o mercado oferece, portanto não têm interferência no preço do que vende. Os consumidores compram uma pequena parte da produção, e também não têm capacidade de influir no preço. Assim, a empresa se defronta com uma curva de demanda horizontal, a curva P Q é uma reta horizontal, para qualquer quantidade vendida o preço é o mesmo. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-13/27 2) Os produtos são homogêneos Por simplicidade vamos considerar que se apresentam apenas produtos que tenham substitutos perfeitos (tende a ser os casos: produtos agrícolas, cobre e ferro, manteiga e margarina, frutas de mesma estação, etc.). 3) Livre trânsito, livre entrada e saída do mercado Os compradores, se quiserem, podem mudar de fornecedor. Os vendedores, se quiserem, podem entrar e sair do mercado. 4) Os agentes são maximizadores de lucro Consideraremos esta premissa apesar de haver as realidades complicadoras: a) Em grandes empresas o dono muitas vezes não é a mesma pessoa que administra. Este pode agir de forma a maximizar seu interesse, não o do dono! Uma discussão neste sentido ocorreu quando das falências no início dos anos 2000´s das empresas de energia e as empresas “pontocom” de informática acompanhando o rápido crescimento dos salários dos seus CEOs. b) Formas alternativas: cooperativas – o objetivo é oferecer alta qualidade e menor custo; condomínio – simplificação do gerenciamento , etc. Definindo Receitas (Média e Marginal) de forma dual ao Custo, o Lucro será: (q) R(q) C (q) A Figura 4-22 ilustra o gráfico de cada uma destas três variáveis. Observe que custos e receitas marginais são as inclinações das curvas respectivas, portanto onde RMg CMg o lucro é crescente, especificamente se R C o lucro é negativo (trecho até q 0 ). Observe que estas características indicam que a empresa deve produzir mais, pois o lucro é crescente. Isto vale nos dois trechos: até q 0 e q0 q * (Figuras 4-22 e 23, respectivamente). Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-14/27 No ponto onde RMg CMg , vemos na Figura 4-24 que a diferença ( R C ) é máxima. A partir deste ponto ( R C ) vai diminuindo, RMg CMg e fica claro que q * é o ponto ótimo de produção da firma. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-15/27 Já vimos as razões que fazem a curva de demanda individual (da empresa) ser horizontal8, também já verificamos a lógica da curva de demanda de mercado (imaginemos que se trata do setor que a empresa em questão está inserida) ser negativamente inclinada. A curva de demanda da empresa é ao mesmo tempo RM , RMg e preço (por que mesmo?). Ou seja RMg CMg P . Ou seja ainda, resta à empresa escolher seu nível de produção ( Q ) porque o preço já está determinado pelo mercado. Em outras palavras, a oferta da empresa será determinada pelo seu CMg ! Na Figura 4-26 se analisa níveis de produção diversos em vista do CMg e da demanda individual ( P RMg ). Para q1 e q 2 a área sombreada representa o lucro perdido. Em q1 se reflete o oportunidade, custo em q 2 de se reflete o custo alto de excesso de produção. Fica clara a regra de determinação do nível de produção, quando as empresas são tomadoras de preço. Observe que em q 0 , P RMg . Porém, CMg está decrescente, o que revela o custo de oportunidade alto. Então este não é um nível de produção a ser escolhido. 8 A empresa é tomadora de preço se o mercado é livre. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-16/27 Olhando este processo agora com um enfoque matemático, o lucro é maximizado quando: R C 0 , ou seja, q q q CMg (q) RMg (q) . Para a empresa tomadora de preço abrem-se as possibilidades: 1) Se P CTM (q) a empresa obtém lucros; 2) Se CVM P CTM a empresa deve produzir com prejuízo. Em um enfoque econômico caberia a seguinte interpretação deste caso: se os preços subirem no futuro então o processo de reabertura das fábricas, da contratação de mão de obra e de seu treinamento podem representar alto custo. Nestes termos, poderia ser racional produzir com certo prejuízo temporário. 3) Se P CVM (q) CTM (q) a empresa deve abandonar a produção. A Figura 4-28 resume estas possibilidades e, em última análise, nos dá o formato da curva de oferta no CP. A curva de oferta, portanto, é a curva CMg na sua porção acima da CTM . A oferta é desta forma porque a CMg é o custo adicional que a empresa incorre por produzir mais. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-17/27 Não é demais lembrar que já sabíamos o formato básico da curva de oferta por outro caminho, em resumo: é intuitivo que se P induz a empresa produzir mais. Por fim consideraremos o que ocorre com a curva de oferta se: - modifica os preços dos fatores de produção; - modifica a tecnologia; - modifica o preço do bem substituto ou complementar. Vejamos alguns efeitos quando modificação em alguma variável ocorre. Na Figura 4-30 podemos perceber que se aumentar o preço do insumo, a CMg se desloca para a esquerda (a mesma quantidade produzida agora custa mais). Um novo nível de produção q 2 q1 é obtido e a área sombreada representa a economia de custo associada à queda na produção. É bom lembrar que o aumento do preço do produto também daria conta do aumento do preço do insumo, porém, considere que o preço do produto é dado (constante) se estamos tratando de mercado livre. Assim, a subida do preço de insumo determina o quanto o produtor vai produzir, como ilustrado na figura. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-18/27 Na Figura 4-31 representamos uma melhora tecnológica. A curva de oferta se desloca para a direita, pois ao mesmo preço, uma tecnologia melhor permite produzir mais quantidade. Na Figura 4-32 estão representados dois casos: 1) aumento do preço de bem substituto (a curva de oferta se desloca para esquerda – reduzindo a produção – porque passa a ser mais atrativo produzir o bem substituto). Por exemplo, se sobe o preço do álcool, a usina diminui a produção de açúcar para ter mais lucro com álcool (sobe relativamente o CMg do açúcar). 2) redução no preço do bem complementar, se diminuir a oferta de um bem, implica diminuir a oferta também do outro, então se cai o preço do bem complementar diminui a quantidade dele, por consequência diminui a quantidade do nosso bem em questão, o que equivale a deslocar a curva de oferta para a esquerda (seu CMg sobe!). Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-19/27 Define-se elasticidadepreço da oferta de forma similar à da demanda: (q / q) %q , em geral ES (p / p) % p positiva, dado que P e Q são positivamente relacionados. Quanto ao tipo de elasticidade: - ES 1 - bem é elástico - ES 1 - ES 1 - bem é inelástico - elasticidade unitária Do ponto de vista econômico, quanto mais inelástica a oferta, menor é o poder de negociação do produtor (ele vende seu produto a qualquer preço, a curva de oferta é quase vertical). Pense, por exemplo, o camarão pescado no Farol de São Tomé, norte fluminense, que será efetivamente consumido no Rio de Janeiro. Se o pescador não vender a qualquer preço para o atravessador que só ele possui o caminhão frigorífico terá que jogar sua produção fora! Evidentemente se o pescador, por exemplo, formar uma cooperativa e ela montar um frigorífico de pescadores, a situação mudaria totalmente de figura. Idêntico raciocínio pode ser feito com o preço dos produtos hortifrutigranjeiros vendidos na feira livre. Pense a lógica econômica da “xepa”, é a mesma ideia. A elasticidade na oferta está, pois, sujeita às mesmas considerações gerais da demanda. Mais elástico, o processo produtivo é mais adaptável, melhor o poder de negociação do produtor, etc. Precisamos agora detalhar as diferenças entre CP e LP. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-20/27 De forma geral a elasticidade-preço da oferta é maior no LP que no CP, pois é mais fácil adaptar a produção no LP. No CP, as firmas se confrontam com restrições de capacidade produtiva. Por outro lado, para bens duráveis ou recicláveis a elasticidade-preço da oferta é menor no LP, como ilustrados nos exemplos seguintes. Um caso comum é como o cobre primário, ilustrado na Figura 4-35. Se o preço sobe, as firmas gostariam de produzir mais, porém enfrentam restrições de CP (por exemplo, E S 0,2 )9 ! No LP elas podem ampliar sua capacidade, então a curva é mais elástica (horizontal, por exemplo, E S 1,6 ). Com o cobre secundário, como ilustra a Figura 4-36, se dá exatamente o contrário. A oferta deste tipo de cobre é inelástica (0,43), mas não tanto quanto a do tipo primário. A explicação econômica é que se o preço sobe, inicialmente (no CP) é fácil converter sucata em oferta de cobre, mas no LP, esgotado o estoque de sucata, a oferta de cobre aumenta pouco ( E S 0,31 ). 9 Dados de elasticidade do cobre: Bell Journal of Economics 3, 1972, 568-609. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-21/27 Após completar o estudo das elasticidades com a da oferta, podemos nos voltar agora para o ciclo completo de um choque econômico. Examinemos a questão via um exemplo. Seja em questão o clima no Brasil e o preço do café em Nova York. Inicialmente temos uma oferta completamente inelástica, pois existe um tempo agrícola para o pleno desenvolvimento do grão. Imaginemos também que os consumidores cristalizaram o hábito de tomar café, então a demanda pelo produto está mais para inelástica e estamos no ponto Q0 como na Figura 4-37. Imaginemos agora que no CP ocorre uma geada ou uma seca que ´ diminui a oferta de café para S e a produção é Q1 , como mostrado na figura. Ocorre uma elevação acentuada no preço. No médio prazo, porém, com a situação vigente e como ilustrado na Figura 438, a oferta e a demanda se tornam mais elásticas (vendedores encontram fontes alternativas de café na vasta região brasileira, o que começa a tornar a oferta mais elástica; consumidores também pressionam, pois começam a admitir usar produtos substitutos – chá, por exemplo). Então o preço cai para P2 . Com esta queda do preço a quantidade sobe para Q2 . Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-22/27 Trata-se, no entanto, de um processo contínuo. Vejamos o que ocorre com o passar do tempo. No LP, ilustrado na Figura 4-39, a oferta se torna extremamente elástica, pois novos pés de café tiveram tempo para crescer, inclusive nas novas áreas, e desaparece o “efeito geada”. A oferta muito elástica é praticamente horizontal fazendo o preço voltar a P0 e a quantidade a Q0 . Desta situação em diante os hábitos paulatinamente voltam a se cristalizar, a oferta se estabiliza (ou seja, não pode manter aquela característica extremamente flexível, horizontal, os ofertantes mais distantes perdem espaço por conta do custo, a pressão via chá se ameniza ou desaparece, etc. Os tempos da natureza se impõem para uma nova safra e a oferta volta a ser inelástica) e fecha-se o ciclo. Esta questão do ciclo econômico é relevante por ser muito observável na vida real, e voltaremos a ela tanto em Microeconomia quanto em Macroeconomia. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-23/27 Problemas Propostos: 4-1) Explique em poucas palavras: a) Produto médio e produto marginal do trabalho. b) Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes. c) Produtividade do trabalho e efeito da inovação tecnológica. d) Custos: contábil, econômico, oportunidade, irreversíveis, fixos e variáveis. e) Determinantes do custo no curto prazo. 4-2) Considerando um insumo variável, mostre os formatos das curvas de custo. Explique. 4-3) Relacione receita, custo e lucro marginal considerando a oferta no curto prazo. Ache a condição de lucro máximo. 4-4) Mostre a forma da curva de oferta no curto prazo. Mostre de onde vem esta forma. 4-5) Mostre os deslocamentos da curva de oferta no curto prazo analisando a melhora na tecnologia e o preço de outros bens. 4-6) Defina elasticidade-preço da oferta. Como se comporta a elasticidade da oferta no curto e no longo prazo? 4-7) Suponha que um fabricante de cadeiras esteja produzindo no curto prazo, situação em que o equipamento é fixo. O fabricante sabe que, à medida que o número de funcionários utilizados no processo produtivo eleva-se sucessivamente de 1 até 7, o número de cadeiras produzidas varia assim: 10, 17, 22, 25, 26, 25, 23. a) Calcule o produto marginal e o produto médio do trabalho para esta função de produção. b) Esta função de produção apresenta rendimentos decrescentes de escala para o trabalho. Explique isto. c) Explique qual poderia ser a razão econômica do produto marginal do trabalho se tornar negativo. 4-8) Suponha que você seja administrador de uma firma fabricante de relógios de pulso, operando em um mercado competitivo. Seu custo de produção é expresso pela equação C 100 Q 2 , em que Q é o nível de produção e C é o custo total (observe que o custo marginal de produção é 2Q e o custo fixo de produção é $100 ). Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-24/27 a) Se o preço dos relógios for $60 , quantos relógios você deverá produzir para maximizar o lucro? b) Qual será o nível do lucro? c) Pensando no curto prazo, qual será o preço mínimo no qual a firma apresentará uma produção positiva? 4-9) (Desafio) Quando o preço é $10/kg os vendedores pretendem vender 12.5 toneladas/hora, enquanto que quando o preço é de $10,5/kg os vendedores pretendem vender 17.5 toneladas/hora. Determine a elasticidade da quantidade oferecida relativamente ao preço. 4-10) a) b) c) d) e) Escolha e explique: quando o produto total cai: A produtividade média do trabalho é nula A produtividade marginal do trabalho é nula A produtividade média do trabalho é negativa A produtividade marginal do trabalho é negativa A produtividade marginal é maior que a produtividade marginal do trabalho. 4-11) Escolha e explique. A lei dos rendimentos decrescentes: a) Descreve o sentido geral e a taxa de mudança na produção da firma quando é fixada a quantidade de recursos b) Refere-se a produtos extras sucessivamente mais abundantes, obtidos pela adição de medidas iguais de um fator variável a uma quantidade constante de um fator fixo. c) Refere-se a produtos extras sucessivamente mais reduzidos, obtidos pela adição de medidas iguais de um fator variável a uma quantidade constante de um fator fixo. d) É constante, com a observação de que há limites à produção atingível, quando quantidades crescentes de um só fator são aplicadas a quantidades de outros. e) Explica o formato da curva de custo médio de longo prazo. 4-12 Aponte a alternativa errada. A curva de custo marginal: a) É o valor tangente da curva de custo total em cada ponto desta. b) Sempre cruza a curva de custo médio em seu ponto mínimo. c) Sempre cruza a curva de custo variável médio em seu ponto mínimo. d) As opções a, b e c estão corretas. e) Todas as alternativas estão erradas. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-25/27 Respostas Selecionadas 4-1) a) b) (Figs 4-5,6,7) (Fig 4-9) Princípio no qual à medida que aumenta o uso de certo insumo em incrementos iguais, acaba chegando ao ponto que a produção decresce. Metáfora da água (Montella): “Imagine que você chegou em casa, num dia de muito calor, depois de um enorme esforço físico. Tudo o que você quer é beber muita água. Então bebe um, dois, três copos. Até aí sua satisfação aumentou, porque você estava com muita sede. E continua. O quarto, quinto e sexto copo ainda lhe satisfazem, mas, menos do que os anteriores. O quinto lhe rendeu menos alegrias do que o quarto, o sexto menos do que o quinto.” O sétimo pode começar até a lhe desagradar, e assim sucessivamente até mesmo você não aguentar mais água ... c) (Fig 4-10,11) d) (Figs 4-13,14,15) e) (Fig 4-16) De início os rendimentos são crescentes e o nível de produção sobe em relação ao trabalho (no CP capital é fixo), então o CV e o CT diminuem em relação à produção. A partir de certo ponto os rendimentos são decrescentes, então CV e o CT aumentam em relação à w produção. Então custo e produto marginal são inversamente proporcionais: CMg . PMg 4-2) (Figs 4-17,18,19) 4-3) (Figs 4-22,23,24) 4-4) (Figs 4-26,27,28,29) 4-5) (Figs 4-30,31,32) 4-6) (Figs 4-33,34,35,36) De maneira geral E S é maior no LP que no CP, já que a oferta se adapta mais facilmente no LP, no CP as firmas se defrontam com restrições de capacidade produtiva. Porém existem exceções, por exemplo, o cobre secundário. Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-26/27 4-7) L 0 1 2 3 4 5 6 7 a) Q 0 10 17 22 25 26 25 23 (Fig 4-5) PM L 10 17 2 22 3 25 4 26 5 25 6 23 7 b) c) (Fig 4-9) (Fig 4-9) PMg L 10 7 5 3 1 1 2 4-8) a) (Figs 4-8,19) 30 b) (Fig 4-24) $800 c) (Fig 4-18) qualquer preço acima de zero! 4-9) (Desafio) (Figs 4-33,34,35,36) 4-10) Escolha e explique: quando o produto total cai: a) A produtividade média do trabalho é nula b) A produtividade marginal do trabalho é nula c) A produtividade média do trabalho é negativa d) A produtividade marginal do trabalho é negativa (Fig 4-8) Escolhido d): PMgL < 0. Quando o PT começa a cair, significa que a PMg passou a ser negativa após o PT atingir seu máximo. A PM continua positiva (mas declinante) e superior à produtividade marginal. e) A produtividade marginal é maior que a produtividade marginal do trabalho. 4-11) Escolha e explique. A lei dos rendimentos decrescentes: a) Descreve o sentido geral e a taxa de mudança na produção da firma quando é fixada a quantidade de recursos b) Refere-se a produtos extras sucessivamente mais abundantes, obtidos pela adição de medidas iguais de um fator variável a uma quantidade constante de um fator fixo Módulo 4 – Oferta no Curto Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.4-27/27 c) Refere-se a produtos extras sucessivamente mais reduzidos, obtidos pela adição de medidas iguais de um fator variável a uma quantidade constante de um fator fixo (Fig 4-9) Escolhido c). Trata-se de um fenômeno que acontece no CP, período no qual se mantém pelo menos um fator fixo. O PT cresce inicialmente a taxas crescentes (PMg crescente). A partir de certo ponto (PMg máximo) continua crescendo, porém a taxas decrescentes (PMg > 0, decrescente) até atingir o máximo e passar a decrescer (PMg < 0). d) É constante, com a observação de que há limites à produção atingível, quando quantidades crescentes de um só fator são aplicadas a quantidades de outros. e) Explica o formato da curva de custo médio de longo prazo. 4-12 Aponte a alternativa errada. A curva de custo marginal: a) É o valor tangente da curva de custo total em cada ponto desta b) Sempre cruza a curva de custo médio em seu ponto mínimo c) Sempre cruza a curva de custo variável médio em seu ponto mínimo d) As opções a, b e c estão corretas e) Todas as alternativas estão erradas. (Figs 4-18,19) Escolhido d). Está errado dizer que todas anteriores estão erradas, pois ... a) Certo. A CMg representa a variação do custo total para a produção de uma unidade extra. Visto que a tangente a cada ponto da curva de CT representa exatamente esta variação, então a alternativa a) está correta! b) e c) estão certas. Ambas as afirmações são semelhantes. Sabendo-se que os CFs (inclusos no CT) não influem no CMg, a curva CMg deve cruzar as curvas CV e CVM nos seus mínimos. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-1/29 Módulo 5 – A oferta no longo prazo Conceitos neste módulo: isoquantas, taxa marginal de substituição técnica, rendimentos de escala, isocusto, caminho de expansão da firma, economia de escala, economia de escopo, curva de oferta no longo prazo, elasticidade no longo prazo. Os módulos estão distribuídos assim: 1 – Preferências do consumidor 2 – Restrições orçamentárias e demanda individual 3 – Elasticidades e incertezas 4 – A oferta no curto prazo 5 – A oferta no longo prazo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita 7 – Monopólio e monopsônio 8 – Competição monopolista e oligopólio 9 – Porque os mercados falham Em Anexo: problemas propostos respostas selecionadas Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-2/29 No longo prazo (LP) todos os insumos ( K , capital e L , trabalho) são variáveis, pois tiveram tempo de mudar em cima de uma isoquanta e estas também podem ter mudado indicando modos diferentes e quantidades diferentes de produzir. As isoquantas estão para o mundo da produção assim como as curvas de indiferença estão para o mundo das preferências do consumidor. Aqui se comparam quantidades de capital e trabalho, lá se comparam dois bens concorrentes. Embora K e L sejam variáveis no LP, é útil perguntar o que ocorre com o produto quando um dos insumos aumenta. Observe na Figura 5-3 que se K = 3, sucessivamente L vai de zero a 1, a 2, a 3, e a produção aumenta a uma taxa decrescente, começa crescendo 50, depois 20 e depois 10 (pontos A, B e C). Ocorreram rendimentos marginais decrescentes tanto para K quanto para L , o que explica a forma convexa da isoquanta. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-3/29 A Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMgST) é definida para insumos de forma análoga a TMS para o consumidor. É a inclinação K ( TMgST ) em L cada ponto da isoquanta, como mostra a Figura 5-4. A interpretação econômica é que ela representa o decréscimo máximo possível na quantidade de um insumo quando uma unidade adicional de outro insumo é utilizada. À medida que maiores quantidades de trabalho substituem o capital, o trabalho se torna menos produtivo e o capital se torna mais produtivo (ou vice versa). Isto confirma que as isoquantas são convexas. Além da convexidade, na Figura 5-5 se apresenta outra propriedade: as isoquantas não podem se interceptar. Se assim fosse, como na figura, no ponto A se produz Q1 e também Q2 Q1 , esta por outra isoquanta, mas com os mesmos insumos, ou seja, uma contradição. A terceira propriedade é que a isoquanta é decrescente e negativamente inclinada, o que significa que a produtividade de qualquer insumo é limitada. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-4/29 Podemos relacionar ainda a TMgST e as produtividades marginais. Se “subimos” em uma isoquanta a variação de produção devido a cada variação dos insumos será respectivamente e ( PMgL)(L) ( PMgK )(K ) . O resultado destas duas variações é nulo, já que estamos na mesma isoquanta: ( PMgL)(L) + ( PMgK )(K ) = 0, se sobe um insumo, desce o outro e vice versa, então: ( PMgL ) K TMgST , ou seja, TMGST é a razão entre os produtos marginais dos ( PMgK ) L insumos. Vejamos dois casos especiais e extremos de função de produção. O primeiro são os insumos perfeitamente substitutos, como na Figura 5-7. A TMgST é constante ao longo de toda isoquanta e o mesmo nível de produção pode ser obtido por qualquer combinação de insumos. Um exemplo são os instrumentos musicais que podem ser fabricados desde quase que só com robôs até quase que só com mão de obra especializada. Qualquer outra combinação intermediária entre capital e trabalho poderia igualmente ser utilizada. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-5/29 Outro caso especial é a produção por proporções fixas, como na Figura 5-8. Dada uma isoquanta, acréscimo apenas de trabalho ou acréscimo apenas de capital não aumenta o volume de produção, ou seja, cada nível de produção requer uma quantidade específica de cada insumo. No exemplo da figura, devemos nos mover de A para B ou C. Alguns exemplos práticos: demolição de uma calçada, com uma pessoa, uma perfuratriz; show de TV com quantidade determinada de equipamento e de apresentador, etc. De forma geral, no LP podemos escolher quantidades diferentes de cada insumo. A razão de escolha muitas vezes se deve a características locais, como ilustra a Figura 5-9 onde se exemplifica o caso da soja, que pode ser intensiva em capital ou intensiva em trabalho. Na figura o ponto A é mais intensivo em capital, o ponto B é mais intensivo em trabalho. O ponto A poderia representar o caso dos EUA, onde o trabalho é mais caro e então o produtor de soja tende a usar mais capital. O ponto B poderia representar o caso da Índia, onde o trabalho é relativamente barato. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-6/29 Observando o curto prazo fizemos a análise do que acontece quando uma empresa troca um insumo por outro de modo a manter o produto constante. No LP, no entanto, todos os insumos são variáveis, a decisão é a escala de produção. São três possibilidades a considerar: rendimentos (decrescentes, constantes, crescentes) de escala. Com rendimentos crescentes de escala a produção cresce mais que o dobro quando são dobrados os insumos. As isoquantas situam-se cada vez mais próximas, como mostra a Figura 5-11. Este rendimento de escala decrescente ocorre quando uma instalação já montada permite tirar cada vez mais proveito de mais insumos. É o caso da indústria automobilística. Para políticas públicas, pode ser mais vantajoso ter uma grande empresa produzindo do que Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-7/29 muitas empresas pequenas (ou regulação para evitar monopólios, como se verá em próximo módulo). É o caso de energia elétrica, água, etc. Com rendimentos constantes de escala a produção dobra quando dobram os insumos, como mostra a Figura 5-12, a escala não afeta o nível de produção. Isto ocorre quando uma fábrica com determinado processo produtivo é copiado em outras. É o caso de uma grande agência de viagens que pode oferecer o mesmo resultado que várias pequenas agências de viagem com todas com a mesma relação entre capital e trabalho. Com rendimentos decrescentes de escala a produção aumenta menos que o dobro quando duplica os insumos, como mostra a Figura 5-13. Este caso acontece devido a dificuldades para organizar e gerenciar a produção, então diminui a produtividade tanto do trabalho, quanto do capital. Temos exemplos históricos na informática, com a IBM apresentando rendimentos decrescentes de escala, enquanto (Intel, Microsoft e Apple), no início, apresentaram rendimentos crescentes de escala. De forma geral, a indústria de transformação apresenta a probabilidade de maior rendimento de escala que o setor de serviços. Estes, por sua vez, tendem a ser igualmente eficientes operando tanto em pequena quanto grande escala. Uma tendência é quanto maiores forem os rendimentos de escala, maiores serão as empresas de determinado setor. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-8/29 Rendimentos de escala não precisam ser uniformes em todos os níveis de produção. O comum é em baixo nível de produção ter rendimento crescente de escala, mas em mais alto nível de produção passa a ser constante e em ainda mais alto ainda nível de produção o rendimento de escala passa a ser decrescente. No LP as empresas tem muito mais flexibilidade na escolha do processo produtivo. Ela pode maximizar sua capacidade com expansão das fábricas existentes ou pode criar novas unidades. Pode aumentar ou diminuir sua força de trabalho, etc. Seja como for, o objetivo é minimização de custos. A Linha de Isocusto na produção cumpre função semelhante à Linha de Orçamento em consumidor: C wL rK , onde as variáveis são como definidas na Figura 5-15. Colocando na forma de visualização gráfica: Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-9/29 C w ( ) L Preliminarmente definimos custo de uso do capital r como o custo de possuir r r e usar um ativo de capital. É composto de duas partes: o custo de depreciação e juros não recebidos (ou custo da perda de oportunidade). O custo de oportunidade é contabilizado multiplicando a taxa de juros básica da economia pelo valor do capital. K Exemplo1: Analise o custo de uso de capital da compra de Boeing por $150 milhões considerando vida útil de 30 anos, juros de 10% a.a. em valores no primeiro e no décimo ano. Refaça o problema em termos de taxa de custo de uso do capital (ou simplesmente preço do capital). Respostas: $20 milhões/ano; $15 milhões/ano; 13,33%. Resolução possivelmente em sala de aula. A questão é: como minimizar o custo para produzir? A resposta é combinar o isocusto com a isoquanta. Na Figura 5-15 estão traçadas isocustos e isoquantas. Observe que se a quantidade requerida de produção é Q1 a combinação ( L1 , K1 ) dá o custo mínimo, pois se usássemos o isocusto C2 gastaríamos mais, se usássemos o isocusto C1 , seria menos custo, mas não conseguiríamos atender à produção Q1 (não teria interceptação entre isocusto e isoquanta). Em resumo, a solução é a isocusto mais baixa que possa produzir o requerido, ou seja, a solução é, de novo, a tangência entre isocusto e isoquanta. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-10/29 Na Figura 5-17 se exemplifica o que acontece quando o preço de um insumo varia. Quando o preço do trabalho aumenta, a curva de isocusto se torna mais inclinada w ( é maior em r módulo), então diminui o trabalho contratado e aumenta de acordo o capital utilizado. No exemplo, se desloca em cima da isoquanta de A para B. Observe que o raciocínio é similar ao do exemplo da Figura 5-9 onde analisamos a produção de soja nos EUA e na Índia. A Matemática da questão dos custos no LP está resumida na Figura 5-18. Compondo as equações da isoquanta com a do isocusto, considerando a tangência entre ambas, coisa que acabamos de concluir, obtemos a condição de custo PMgL w mínimo , PMgK r PMgL é o w produto adicional que resulta do gasto de uma unidade adicional a mais de trabalho, enquanto onde PMgK é o produto adicional que resulta do gasto de uma unidade adicional a mais de r capital. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-11/29 Exemplo2: Se w =$10, r =$2, PMgL PMgK , uma unidade a mais de insumo ( K ou L ) aumente o produto de 20 unidades, qual insumo o produtor usaria em maior quantidade? Respostas: Capital. Detalhes possivelmente em sala de aula. No Exemplo 2 se a empresa reduzir a quantidade de trabalho e aumentar a quantidade de capital, então PMgL aumenta e PMgK diminui. Neste processo chegará ao ponto que uma unidade adicional custa o mesmo, qualquer que seja o insumo acrescentado e a firma estará minimizando os custos. Observe que este processo significará uma pressão para reduzir o salário (menos trabalho demandado) e aumentar o preço do capital (mais capital demandado), mas esta questão foge dos nossos propósitos atuais... De forma mais geral, o problema do produtor é maximizar seu lucro. Tal problema pode ser expresso assim: max{ p q c ( q )] q receita custo Do ponto de vista matemático isto significa achar um ponto de máximo, ou seja, derivar a função de lucro e a igualar a zero. No jargão de economia se diz impor a condição de primeira ordem ao problema de maximização (derivada primeira igualada a zero). Em economia de escopo retomamos esta questão. De que forma uma empresa visando minimização de custos opta por uma combinação diferente de insumos para poder obter dado nível de produção? É o que trata o Exemplo 3 e a Figura 5-19 com uma taxa sobre efluentes. Na figura, antes do imposto, os preços são: = r $40/unidade (do capital) e w = $10/unidade (dos Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-12/29 insumos), a opção é usar 10.000 unidades de insumos e 2.000 unidades de capital (ponto A), então o custo será de ($40)(2.000) + ($10)(10.000) = $180.000. Na figura ou nos preços se observa a inclinação da isocusto de (- 10/40 = - 0,25). A seguir, é criado um imposto sobre os insumos de $10/unidade, a isocusto muda de inclinação (- 20/40 = - 0,5) e o ponto da isoquanta é o B (5.000 de insumos, 3.500 de capital). Após o imposto o custo é de ($40)(3.500) + ($20)(5.000) = $240.000. Observe que se a empresa ficasse em A ela pagaria $10 x 10.000 = $100.000 de impostos, enquanto indo para B ela pagará $10 x 5.000 = $50.000. Vejamos o mesmo algebricamente. Exemplo3: Considere antes do imposto os preços de capital e insumos, respectivamente, r = $40/unidade e w = $10/unidade e depois do imposto r = $40/unidade e w = $20/unidade. Considere conhecida a isoquanta Q 4.000.000 KI , onde I é o insumo e K é o capital. Ache as coordenadas do ponto A de equilíbrio e a equação da isocusto antes do imposto. Repita para B e isocusto após o imposto. 1 Respostas: I = 4.000 e K = 1.000; K 2000 I e I = 2.828,44 e K = 4 1 1.414,22; K 2828,44 I . Detalhes possivelmente em sala de aula. 2 De que maneira os custos da firma dependem de seu nível de produção? O gráfico do caminho de expansão resume a resposta. Ele indica as combinações de trabalho e capital que apresentam menor custo para cada nível de produção. Um exemplo se encontra na Figura 5-20, onde o caminho de expansão resume o comportamento de rendimento constante de escala. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-13/29 No exemplo a empresa contrata mão de obra com w = $10/hora e capital por r = $20/hora. A expressão do isocusto é C $10L $20K , começando com 100 unidades de produto, a tangência é em A com custo de $1.000 ($10 x 50 + $20 x 25) para produzir aquelas 100 unidades. Mesmo raciocínio para 200 e 300 unidades (Custo = $10 x 150 + $20 x 75 = $3.000). O caminho de expansão está mostrado na mesma figura Como quando dobram os insumos os custos também dobram evidencia-se rendimentos constantes de escala. O caminho de expansão no CP mostra a inflexibilidade da expansão no CP: como ilustra a Figura 5-22. A partir do equilíbrio ( Q1 , L1 , K1 ) , o nível de produto Q2 só pode ser alcançado no CP com L3 , pois o caminho de expansão tem que ser horizontal (o capital é fixo). O mesmo nível de produto no LP pode ser alcançado com custos mais baixos já que podemos aumentar ambos capital e trabalho de forma minimizadora de custos (na figura, o isocusto vermelho – reta mais exterior à origem - é superior ao isocusto azul – segunda reta Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-14/29 mais exterior!). Observe que este argumento ajuda a explicar porque as curvas de oferta no curto e no longo prazo apresentam características diferentes, especialmente a elasticidade. Fora do caminho de expansão, as ideias subjacentes ao CP e ao LP são de mesma natureza, como são os retornos de escala, como indica a Figura 5-23. O custo médio de longo prazo (CMLP) se relaciona assim com os retornos de escala: se sob retornos constantes de escala, o CMLP é constante para todos os níveis de produção, se sob rendimentos crescentes de escala, o CMLP diminui com o aumento da produção, se sob rendimentos decrescente de escala, o CMLP aumenta com o aumento da produção. Vem daí o formato típico em forma de “U” do CMLP, refletindo que de início as firmas assumem retornos crescentes de escala mais tarde, com o seu crescimento, assumem retornos decrescentes de escala. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-15/29 Ao relacionarmos CMLP com custo marginal de longo prazo (CMgLP) de um insumo, que é a inclinação da curva de custo relativa àquele insumo podemos quantificar aquela evolução do CMLP: se CMgLP < CMLP, então CMLP está diminuindo, se CMgLP > CMLP, então CMLP está aumentando e se CMgLP = CMLP, então temos o ponto mínimo de CMLP. Na Figura 5-24 está ilustrada esta situação. Ainda sobre esta figura comentaremos a curva de aprendizagem. Vimos que firmas que têm custo médio mais baixo são as que apresentam rendimentos crescentes de escala. Podemos ter uma interpretação diversa: algumas firmas podem apresentar declínio de CMLP ao longo do tempo porque absorveram novas informações tecnológicas à medida que se tornaram mais experientes. Desta forma, o gráfico CMLP se deslocaria para baixo refletindo uma aprendizagem (em oposição ao deslocamento do ponto de equilíbrio SOBRE a curva CMLP em direção ao custo mínimo, como é o caso de economia de escala, nosso tema a seguir). O aluno é convidado a traçar em um gráfico custo x produção as duas situações: o que acontece com aprendizagem e com economia de escala. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-16/29 Antes do nível de produção correspondente ao ponto de custo mínimo (vide ainda Figura 5-24), à medida que o produto cresce, o custo médio de produção tende a cair até certo ponto, pois se a firma operar em escala, os trabalhadores podem se especializar onde eles forem mais produtivos; administradores podem organizar processo produtivo mais eficaz com escala maior; os insumos com escala maior podem ser comprados a menores preços. Depois do ponto de custo mínimo, o trabalho pode ser menos eficaz por fatores tais como maquinário e espaço; aumenta o número de tarefas, pode aumentar a complexidade da gestão e ela pode se tornar ineficiente; a oferta de insumos pode atingir um limite a partir do qual se torna mais caro. Estas são explicações econômicas do formato típico da curva de custo. Dizemos que se trata de uma economia de escala quando o custo cai com o aumento do nível de produção. Existe uma diferença sutil com rendimentos crescentes de escala. Neste, a produção mais que dobra quando as quantidades de todos os insumos são o dobro. Temos economia de escala quando para dobrar a produção não é preciso dobrar os custos. Então, rendimentos crescentes de escala é apenas uma parte da economia de escala. A forma de mensurar e classificar se é ou não economia de escala é através da comparação entre CMgLP e CMLP, como indica a Figura 5-26. A relação CMgLP/CMLP é a elasticidade-custo do produto. Uma decisão importante a ser tomada pelos donos de plantas fabris ou negócios em geral: qual o tamanho da fábrica? Lembrando que no CP não há muita margem para escolha, mas no LP sim. A análise da escala da economia passa pela comparação CP versus LP. Na Figura 5-27 esta comparação é feita para Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-17/29 economia constante de escala, CMLP = CMgLP é uma constante tangenciando os pontos de custo médio de CP que, para este caso, é também o custo mínimo. O tamanho ótimo da fábrica (ou do negócio) depende da produção esperada. Suponha que uma empresa não tem certeza da demanda futura de seu produto e considera três alternativas de fábrica (a decisão é importante, pois uma vez escolhido não pode voltar atrás!). Na Figura 5-28 estão as curvas de custos CP para diversos tamanhos de produção. Como de costume a curva CMLP corresponde na figura os trechos em azul escuro que corresponde ao custo mínimo dado o nível de produção requerido (envoltória aproximada em preto). No exemplo mostrado, escolhido Q1 , é melhor o ponto B que ponto A (ou ponto C, nem sequer representado, correspondente a CMCP3). Generalizando, o formato típico é de “U” e as faixas onde se considera economia ou deseconomia de escala estão representados na figura10. Define-se economia de escopo quando a produção conjunta de dois produtos por uma única empresa é maior do que a produção que seria obtida por duas empresas diferentes, seja por vantagens no uso de capital e trabalho, seja pelo compartilhamento de recursos, ou seja, pela sinergia envolvida. Exemplos são vários: firma produtora de aves e ovos, incorporar ensino com pesquisa, queijadinha e suspiro, indústria automobilística, etc. Observe que CMgLP NÃO é a envoltória das CMgCP, a menos de uma situação específica que corresponde a economia constante de escala. 10 Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-18/29 Associado a esta ideia definimos Curva de Transformação do Produto, cujo formato é côncavo (produção conjunta é mais vantajosa pelo compartilhamento de insumos e outras sinergias do que produção separada) e negativamente inclinado (produz mais de uma implica produzir menos de outro), como ilustra a Figura 5-30. Esta curva é também chamada Fronteira de Possibilidade de Produção e voltará a ser nosso tema no Módulo 6. O problema de maximização do produtor que mencionamos na Figura 5-18 tem uma consequência adicional se a economia é de escopo. Aqui o termo de custo diminui, o que aumenta o lucro (vide problema 5-11 da lista). Por fim, definimos (sem demonstração) formas de medir o quanto uma economia é de escopo ou de escala na Figura 5-31. Estes índices permitem comparar diferentes formas de produzir. Vamos explorar tal situação na lista de exercícios. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-19/29 Reafirmamos que, diferente do CP, no LP a empresa pode variar a quantidade usada de todos seus fatores, bem como decidir o tamanho ou a quantidade de fábricas (ou negócios). Supõe-se ainda entrada e saída livres na indústria. A ideia nesta seção é partindo de uma empresa descrever a oferta do setor que a empresa se encontra. Façamos algumas considerações de como a firma competitiva decide no LP: Se no CP a firma é tomadora de preços então sua decisão de produção é RMg = CMgCP. Na Figura 5-33 o lucro será a área ABCD. No LP, mais flexível para a firma, o lucro pode ser EFGD > ABCD. Como no LP o lucro aumenta, é razoável que mais empresas entrem no mercado, Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-20/29 então o preço do produto cai. Como na figura, se cai para q 2 , acima de q1 , e abaixo de q 3 . Ou seja, o preço cai a ponto de estabilizar quem entra e quem sai do mercado. Tratemos desta última afirmação. O que analisamos até agora intuitivamente e graficamente pode receber também um tratamento algébrico, para que vejamos a relação entre lucratividade, entrada e saída no mercado e equilíbrio LP. O lucro econômico é R wL rK , onde R é a receita bruta e os dois outros termos são os custos com trabalho e capital, respectivamente. Como vimos, no equilíbrio nenhuma firma deseja sair do mercado e nenhuma outra firma de fora deseja entrar. Por quê? Porque com o maior lucro inicial novas empresas querem entrar no mercado, o que reduz o preço até que chega à estabilidade. A situação é de lucro (econômico) zero. Atenção: esta situação significa que as empresas recebem retorno normal, ou seja, reflete a oportunidade da empresa obter retorno competitivo! Esta dinâmica do CP ao LP para a empresa e para o seu setor está ilustrada na Figura 5-35: do aumento do lucro, passando pela atração de novos até a estabilidade. Um equilíbrio competitivo no LP acontece quando: (1) Todas as empresas estão maximizando os lucros; (2) Inexiste estímulo por parte de qualquer empresa para entrar ou para sair do mercado, pois todas estão com lucro econômico zero; Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-21/29 (3) O preço do produto é tal que a oferta é igual à demanda. O equilíbrio oferta-demanda será o tema do Módulo 6. Em geral a curva de oferta em LP é positivamente inclinada, porém devemos considerar alguns fatos. Diferente da curva de demanda, não cabe na curva de oferta somar as ofertas individuais. Se tivermos economia de escala, a quantidade produzida cresce e o preço do insumo baixa, mas se tivermos deseconomia de escala subindo a quantidade produzida o preço do insumo sobe. Por simplicidade consideraremos que todas as empresas tem acesso à tecnologia de produção, então o aumento da produção se deve ao aumento dos insumos. Então vamos considerar três tipos de custos no setor: constante, crescente e decrescente. Na Figura 5-37 se analisa o caso da oferta de LP no setor quando o custo é constante. É analisado o que ocorre com a empresa e com o seu setor. A partir de uma posição de equilíbrio ( (q1 , P1 ) na empresa; (Q1 , P1 ) no setor) ocorre um súbito aumento na demanda ( D2 ), digamos, por redução de impostos. Os preços aumentam e o lucro econômico atrai novas empresas, de modo que a oferta também se desloca ( S 2 , etc.) até que o mercado retorna ao equilíbrio no LP ( P SL = CMLP constante) ao mesmo preço inicial, pois a indústria é de custo constante e para auferir lucro zero em setor de custo constante, insumos adicionais podem ser adquiridos sem aumento do preço unitário. Um exemplo deste comportamento é o mercado de café, onde a terra abundante faz com que o custo de manejo seja constante. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-22/29 O caso mais comum, no entanto, é o equilíbrio de LP ocorrer a um preço maior, custo crescente. É o caso da Figura 5-38. O setor utiliza mão de obra especializada. Se houver um aumento da demanda esta mão de obra se torna escassa, aumentando o seu preço. Em virtude do aumento nos preços dos insumos, o equilíbrio de LP ocorre a um preço maior, a curva é positivamente SL inclinada porque o setor exibe um nível mais alto de produção somente com preços maiores, necessários para compensar o aumento nos custos dos insumos. Observe que o P = CMLP mínimo sobe e, mais uma vez, o equilíbrio de LP é alcançado com lucro econômico zero. Um exemplo deste comportamento é o petróleo, onde por bacias petrolíferas serem limitadas podem levar à subida da produção a preços mais caros. Na Figura 5-39 se analisa o caso da oferta de LP em indústria de custo decrescente. Neste caso, o equilíbrio de LP se dá a preço menor. Por exemplo, o setor automobilístico, onde uma maior escala de compras de baterias, motores, freios, etc. permite às montadoras comprar estes insumos de maneira mais eficiente, ou seja, bem mais barato. Assim, a curva de oferta de LP ( S L ) é negativamente inclinada e o setor chega ao equilíbrio de longo prazo com P = CMLP mínimo menor. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-23/29 Na Figura 5-19 e no Exemplo 3 vimos que um imposto sobre os insumos de uma empresa cria estímulo para ela modificar a maneira de utilizá-los no seu processo produtivo. Vejamos agora uma situação sutilmente diferente: como reagir a um imposto sobre sua produção. Imaginemos que, por simplicidade, só a empresa sofre o imposto, ou seja, como na Figura 5-40 P1 é constante. Aqui a visão que interessa é a de custos. A empresa aumenta seu CMg no montante do imposto, então reduzirá a sua produção até o ponto que puder obter lucro econômico positivo ou zero (CMg + imposto igual a P1 ) . Se não conseguir lucro econômico zero, ela sairá do mercado. Agora vejamos a criação do imposto atingindo todo setor, ou seja, todas as empresas são afetadas e a visão é a da oferta, como na Figura 5-41. O imposto desloca para cima a curva de oferta do setor de igual valor do imposto Portanto, o preço aumenta e novo equilíbrio é estabelecido para uma quantidade menor que iguala a oferta à demanda. Observe que o preço de mercado subirá, ainda que não alcance o valor do imposto. Isto dependerá essencialmente da elasticidade da demanda, ou seja, da maior ou menor inclinação da curva de demanda D . A propósito ... A elasticidade da oferta no LP de um setor é definida de forma similar à elasticidade Q Q P da oferta no CP: ou Q ´ ( P) . Como indica a Figura 5-42 interessam dois casos. Se a P P Q Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-24/29 indústria é de custo crescente a oferta LP é positivamente inclinada e a elasticidade LP é geralmente maior que a elasticidade CP, pois as empresas podem se ajustar e se expandir, além de poder contar com maior disponibilidade de insumos. No caso da indústria de custo constante, a elasticidade LP da oferta é infinita ou quase isto, significando que um pequeno aumento de P induz um grande aumento de Q. Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-25/29 Problemas Propostos: 5-1) Explique em rápidas palavras: a) Isoquantas, TMST, rendimento de escala. b) Isocusto, caminho de expansão da firma. c) Relações no longo prazo: custo médio e custo marginal. d) Economia de escala e economia de escopo. e) Oferta de longo prazo e sua relação em setores de custos: crescente, constante e decrescente. 5-2) Suponha que você é o gerente de uma fábrica que produz motores em grande quantidade por meio de equipes de trabalhadores que utilizam máquinas de montagem. A tecnologia tem a função de produção Q 4KL , em que Q é o número de motores produzidos por semana, K é o número de máquinas usadas no mesmo período, e L é o número de equipes de trabalho. Cada máquina é alugada ao custo r $12.000 por semana e cada equipe custa w $3.000 por semana. O custo dos motores é dado pelo custo das equipes e das máquinas mais $2.000 de matérias primas por motor produzido. Sua fábrica possui 10 máquinas. a) Qual é a função de custo de sua fábrica – isto é, quanto custa produzir Q motores? Qual o custo médio e o custo marginal para produzir Q motores? Como os custos médios variam com a produção? b) Quantas equipes são necessárias para produzir 80 motores? Qual o custo médio por motor? c) Solicitaram a você que fizesse recomendações para o projeto de uma nova fábrica. O que você sugeriria? Em particular, com que relação capital/trabalho ( K / L ) a nova planta deveria operar? Se os custos médios menores fossem o único critério, você sugeriria que a nova fábrica tivesse maior ou menor capacidade que a atual? 5-3) (Desafio) Uma empresa de computadores produz hardware e software utilizando os mesmos trabalhadores. O custo total de produção de unidades de hardware H e de unidades de software S é dado pela expressão: CT aH bS cHS , onde a, b e c são positivos. Esta função de custo é consistente com a presença de rendimentos crescentes, constantes ou decrescentes de escala? E com economias ou deseconomias de escopo? 5-4) As funções de produção relacionadas apresentam rendimentos decrescentes, constantes ou crescentes de escala? Faça a escolha mostrando as evidências. a) Q 0,5KL b) Q 2K 3L Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-26/29 5-5) Analise o custo de uso de capital da compra de Boeing por $150 milhões considerando vida útil de 30 anos, juros de 10% a.a. em valores no primeiro e no décimo ano. Refaça o problema em termos de taxa de custo de uso do capital (ou simplesmente preço do capital). 5-6) Se w =$10, r =$2 e PMgL PMgK e que uma unidade a mais de insumo ( K ou L ) aumente o produto de 20 unidades, qual insumo o produtor usaria em maior quantidade? 5-7) Considere antes do imposto os preços de capital e insumos, respectivamente, r = $40/unidade e w = $10/unidade e depois do imposto r = $40/unidade e w = $20/unidade. Considere conhecida a isoquanta Q 4.000.000 KI , onde I é o insumo e K é o capital. Ache as coordenadas do ponto A de equilíbrio e a equação da isocusto antes do imposto. Repita para B e isocusto após o imposto. 5-8) Considere as curvas de transformação de produto para economias de escopo. Explique a razão de elas serem negativamente inclinadas e de serem côncavas em relação à origem. 5-9) Considere a escolha de produção de uma empresa no longo prazo em um mercado competitivo. Utilizando gráficos de RMg, CMg e CM, compare as situações de curto e de longo prazo para a empresa. 5-10) Compare o efeito de um imposto: a) Sobre o insumo de uma empresa; b) Sobre o produto de uma empresa específica; c) Sobre todas as empresas de um setor. 5-11) Um apiário e uma fazenda produtora de maçãs estão localizados lado a lado. Seja a a quantidade de maçãs produzidas e h a quantidade de mel. Os custos de produção do a2 h2 e c a ( a, h) h . O preço 100 100 do quilo mel é $2 e cada quilo de maçãs é vendido por $3. a) Calcule as quantidades de mel e de maçã produzidas em equilíbrio. b) Suponha que o fazendeiro compre o apiário. Calcule as quantidades ótimas de mel e maçã que ele iria produzir. c) Suponha que as duas firmas estejam produzindo independentemente. O governo paga um subsídio s por quilo de mel produzido. Calcule o valor de s que induziria o apiário a produzir a quantidade socialmente ótima de mel. apiário e da fazenda são, respectivamente, c h (h) Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-27/29 Respostas Selecionadas 5-1) a) Isoquantas – Figs 5-3,4,5,7,8,9 TMST – Figs 5-4 Rendimento de escala – Figs 5-11,12,13 b) Isocusto – Figs 5-15,16 Caminho de expansão – Figs 5-20,21 c) CMLP x CMgLP – Fig 5-24 “Quando uma empresa apresenta nível de produção em que CMLP está diminuindo, o CMgLP < CMLP; inversamente, quando o CMLP aumenta, o CMgLP > CMLP. As curvas se cruzam no ponto em que CMLP é mínimo” d) Economia de escala – Figs 5-26, 27,28 Economia de escopo – Figs 5-29 e) Figs 5-37,38,39 “Setor de custo crescente é o setor em que a curva de oferta LP é ascendente; setor de custo constante é o setor onde a curva de oferta LP é horizontal, setor de custo decrescente é o setor em que a curva de oferta LP tem inclinação descendente” 5-2) a) K é fixo no nível de 10. A função de produção de CP é, portanto, Q 40L . Isso implica que, Q para qualquer nível de produção Q , o número de equipes de trabalho contratadas será L 40 A função de custo total é dada pela soma dos custos de capital, trabalho e matérias primas: CT (Q) rK wL 2000Q (12.000)(10) (3.000)(Q 40 2.000Q = 120.000 2.075Q A função de custo médio é dada por: CM (Q) CT (Q) Q 120.000 Q 2.075 , e a função de custo marginal é: CMg CT (Q) Q 2.075 Os custos marginais são constantes e os custos médios são decrescentes (devido ao custo fixo de capital). b) Duas equipes (L = 2), $3575 c) Agora abandonamos a hipótese de que K é fixo. Devemos encontrar a combinação de K e Q que minimiza os custos para qualquer nível de produção Q . A regra de minimização de custo é dada por: PMg K PMg L r w Para calcular o produto marginal do capital, observe que se aumentarmos K em uma unidade, Q aumentará em 4 L , de modo que PMg K 4L . Analogamente, observe que se aumentarmos L em uma unidade, Q aumentará em 4 K , de modo que PMg L 4K . Q Q Matematicamente: PMg K 4 L e PMg L 4K ) K L Inserindo estas fórmulas na regra de minimização de custos: Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo PG Eng.Econômica 2016 Pg.5-28/29 4L 4K K w 3.000 1 r w L r 12.000 4 A nova planta deverá operar com uma razão capital/trabalho de ¼. A razão capital/trabalho da empresa é atualmente 10/2 ou 5. Para reduzir o custo médio, a empresa deveria utilizar mais trabalho e menos capital para gerar a mesma produção ou contratar mais trabalho e aumentar a produção. 5-3) (Desafio) Seria a princípio para fazer em sala, como precisamos do tempo vai aqui. Há dois tipos de economia de escala a se considerar: economias de escala multiproduto e economias de escala específicas a cada produto. Economia de escala multiproduto (Fig 5-31) CT ( H , S ) para hardware e software: S H , S , onde CMgH é o custo ( H )(CMgH ) ( S )(CMgS ) marginal de hardware e CMgS é o custo marginal de software. As economias específicas para CT ( H , S ) CT (0, S ) CT ( H , S ) CT ( H ,0) cada produto são: S H e SS , onde CT (0, S ) ( H )(CMgH ) ( S )(CMgS ) implica a não produção de hardware e CT (H ,0) implica a não produção de software. Sabe-se que o custo marginal de um insumo é a inclinação do custo total com relação àquele insumo. Sendo CT aH bS cHS (a cS ) H bS aH (b cH )S , obtém-se CMgH = a cS e CMgS = b cH . Inserindo tais expressões nas fórmulas de S H , S , S H e S S : aH bS cHS aH bS cHS , então S H ,S 1 , porque cHS 0 . ( H )(a cS ) ( S )(b cH ) aH BS 2cHS (aH bS cHS ) bS (a cS ) Além disso, ou SH SH 1 . Similarmente: H (a cS ) (a cS ) (b cH ) SS 1 . Conclusão: há economia de escala multiproduto, S H , S > 1, porém (b cH ) rendimentos de escala específicos a cada produto constantes, S H S S 1 . S H ,S Quanto a economia de escopo, temos da Figura 5-31: CT ( H ,0) CT (0, S ) CT ( H , S ) , ou seja, ESC CT ( H , S ) aH bS (aH bS cHS ) cHS ESC 0 , já que ambos, cHS e CT ( H , S ) são CT ( H , S ) CT ( H , S ) maiores que zero. Conclusão: ocorre economia de escopo. 5-4) (Figs 5-11,12,13) a) rendimentos crescentes de escala; b) rendimentos constantes de escala 5-5) (Exemplo1) 5-6) (Exemplo2) 5-7) (Exemplo3) Módulo 5 – Oferta no Longo Prazo 5-8) (Fig 5-30) 5-9) (Figs 5-33,36) PG Eng.Econômica 2016 5-10) a) (Fig 5-19) ; b) (Fig 5-40); c) (Fig 5-41) 5-11) a) (Fig 5-18 e 29 para todos) 150; b) 150 e 150; c) $1 Pg.5-29/29