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DOSES DE ZINCO EM DUAS CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS
Willian Dallagnol1, Suzana Pereira Melo2*, Milton Ferreira Moraes2, Paulo Afonso Ferreira2,
Glauco Vieira Oliveira2
RESUMO: Objetivando avaliar o efeito de doses de Zn, sobre as características agronômicas
de duas variedades precoces de arroz, a BRS Primavera e a AN Cambará, foi realizado um
experimento, em casa de vegetação, na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT,
Campus Alta Floresta – MT. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com
quatro repetições, sendo cinco doses de Zn (0; 4,5; 9,0; 13,5; 18,0; 22,5 mg kg-1) e duas
variedades de arroz (BRS Primavera e AN Cambará). Utilizou-se vasos (3 dm-3) preenchidos
com Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Foram avaliadas a altura das plantas, a massa
de 100 grãos, a massa da parte aérea seca, a concentração foliar de Zn, o teor de Zn no solo, e
a produção de grãos. A cultivar BRS Primavera se destacou em relação à AN Cambará nas
variáveis: altura de plantas, massa de 100 grãos, massa da parte aérea seca e produção. Já a
cultivar AN Cambará apresentou maior concentração foliar de Zn e maior teor de Zn no solo.
A maior concentração foliar de Zn na cultivar AN Cambará, pode ser explicado pelo efeito de
concentração, pois a mesma produziu menos massa seca que a cultivar BRS Primavera.
Palavras-chave: Oryza sativa, produção, concentração.
ZINC DOSES IN TWO UPLAND RICE CULTIVARS
ABSTRACT: The aim was to evaluate the effect of Zn doses, regarding the agronomic
characteristics of two short cycle varieties of rice, BRS Primavera and AN Cambará. The
experiment was held in a greenhouse at Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus of
Alta Floresta - MT. The design used was completely randomized, with four replications,
being five doses of Zn (0; 4,5; 9,0; 13,5; 18,0; 22,5 mg kg-1) and two varieties of rice. It was
used pots (3 dm-3) filled with dystrophic Latossolo Vermelho-Amarelo. The plants’ height,
the weight of 100 grains, the shoot dry matter, the leaf concentration of Zn, concentration of
Zn in the soil, and the yield were evaluated. The Cultivar BRS Primavera had outstanding
results comparing to AN Cambará in the following variables: plants’ height, weight of 100
grains, dry matter and yield. However, the cultivar AN Cambará presented higher foliar
concentration of Zn and higher content of Zn in the soil. The major concentration of Zn in the
cultivar AN Cambará, can be explained by the concentration effect, because it produced less
dry matter than cultivar BRS Primavera.
Key-words: Oryza sativa. Yield. Concentration.
__________________________________________________________________________________________
1
Engenheiro Agrônomo;
2
Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT. *E-mail: [email protected]. Autor para correspondência.
Recebido em: 06/10/2015. Aprovado em: 08/11/2016.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.65 – 73, mai/ago. 2016.
W. Dallagnol et al.
INTRODUÇÃO
A produção de arroz de sequeiro, no
estado de Mato Grosso, teve nos últimos dez
anos um crescimento de 10%, ocorrido
principalmente pela introdução de novas
variedades mais produtivas e mais adaptadas
às preferências do mercado (CIRAD, 2004).
A deficiência de zinco (Zn) é relatada
em várias culturas anuais cultivadas em solo
de Cerrado (BARBOSA FILHO et al., 1994;
BATAGLIA; RAIJ, 1994; GALRÃO, 1994).
Sua pobreza nesses solos ocorre, devido ao
baixo teor natural do elemento, o qual é
insuficiente para suprir a necessidade da
planta, o que resulta em mais de 170 milhões
de hectares de solos do Cerrado brasileiro
pobres em Zn.
De acordo com Graham e Welch
(1996), aproximadamente, 50% dos solos
usados para a produção de cereais no mundo
são pobres em Zn. O manejo do solo também
pode influenciar na disponibilidade de Zn às
plantas. No caso dos solos do Cerrado, a
aplicação de quantidades relativamente
elevadas de calcário para a correção da acidez
do solo é uma das principais causas de baixos
teores disponíveis de Zn (FAGERIA;
ZIMMERMANN, 1979).
A essencialidade do Zn para as plantas
foi estabelecida cientificamente por Chandler,
Hoagland e Hibbard (1932). O Zn atua na
rota metabólica do triptofano que é precursor
do ácido indol-acético (AIA), além de inibir a
atividade da ribonuclease (RNAse), enzima
responsável pela despolimerização do RNA
e, consequentemente, menor multiplicação
celular
(FERREIRA;
CRUZ,
1991;
FORNASIERI
FILHO;
FORNASIERI,
1993). As plantas deficientes em Zn são
menores, raquíticas e com internódios curtos,
com cloroses internervais e folhas
lanceoladas. No entanto, seu excesso pode
causar
atraso
no
crescimento
(MALAVOLTA, 2006). Além disso, há
diferenças genotípicas na absorção e/ou na
utilização desse micronutriente por espécies e
variedades como demonstrado por Fageria
(2000).
66
Haja vista o quão importante é este
nutriente para o desenvolvimento e para as
altas produtividades do arroz, assim, torna-se
necessário conhecer os teores ideais do
elemento no solo e nas plantas. Objetivou-se,
neste trabalho, avaliar o efeito de doses de Zn
aplicadas na forma de sulfato de zinco no
solo sobre as características agronômicas de
duas variedades precoces de arroz, a BRS
Primavera e a AN Cambará em alta
produtividade.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido em casa de
vegetação da Universidade do Estado de
Mato Grosso - UNEMAT, no município de
Alta Floresta - MT, no período de abril a
julho de 2008. Utilizou-se amostra de um
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
textura
média,
com
as
seguintes
caracterizações químicas e físicas: pH em
CaCl2 = 4,4, P = 0,6 mg dm-3, K = 64 mg dm3
, Ca = 1,31 cmolc dm-3, Mg = 0,57 cmolc dm3
, Al = 0,25 cmolc dm-3, Soma de Bases = 2,0
cmolc dm-3, CTC a pH 7,0 = 6,4 cmolc dm-3,
Cu = 0,3 mg dm-3, Zn = 0,7 mg dm-3, Fe =
321 mg dm-3, Mn = 27 mg dm-3, matéria
orgânica = 25 g kg-1, argila = 272 g kg-1, silte
= 67 g kg-1 e areia = 661 g kg-1. O fósforo
(P) e o potássio (K) foram extraídos pelo
extrator Mehlich-1 e o cálcio (Ca), o
magnésio (Mg) e o alumínio (Al), pelo
extrator KCl 1 mol L-1. O P foi determinado
por colorimetria e o K por fotometria de
chama, enquanto o Ca e o Mg foram
estimados pela titulação com EDTA e o Al
com NaOH. Os micronutrientes Cu, Zn, Fe e
Mn foram determinados na mesma solução
do P, por absorção atômica, e a matéria
orgânica foi determinada pelo método de
Walkley e Black. A análise granulométrica
foi realizada pelo método da pipeta
(EMBRAPA, 1997).
O delineamento experimental foi o
inteiramente casualizado com 12 tratamentos
e quatro repetições em esquema fatorial 2x6.
Os fatores foram: duas cultivares de arroz
(BRS Primavera e AN Cambará) e seis doses
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.65 – 73, mai/ago. 2016.
Doses de zinco...
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença significativa para
altura de plantas em função das doses de Zn
aplicadas via solo para nenhuma das duas
cultivares. Na comparação entre as duas
cultivares, independente da dose de Zn
aplicada, a cultivar BRS Primavera
apresentou maior altura de plantas quando
comparada com a cultivar AN Cambará,
respectivamente, 112,8 cm e 87,7 cm (Figura
1). Esses resultados corroboram com os
dados apresentados por Pasqualetto, Nogueira
e Batista (1999), os quais ressaltaram que a
cultivar BRS Primavera apresentou maior
altura de plantas independente da dose de
sulfato de zinco aplicada, quando comparado
com a cultivar AN Cambará.
Isso está associado às características
morfológicas destes materiais, sendo que a
cultivar BRS Primavera apresenta alta
susceptibilidade
de
acamamento,
principalmente em solos de fertilidade
elevada, e a cultivar AN Cambará apresenta
porte baixo o que confere maior tolerância a
acamamento
(AGRONORTE,
2006;
BRESEGHELLO et al., 2006).
120
Altura de plantas (cm)
de Zn na forma de sulfato de zinco (0; 4,5;
9,0; 13,5; 18,0; 22,5 mg kg-1 de Zn). O
experimento foi conduzido em vasos
plásticos com 3 kg de solo cada e com três
plantas por vaso. Para correção do pH e para
suprir a exigência nutricional do arroz, cada
vaso recebeu: 0,476 g de carbonato de cálcio
(CaCO3) (PRNT = 100%), 0,409 g de Ureia
(45% de N); 2,195 g de superfosfato triplo
(41% de P2O5) e 0,775 g de Cloreto de
Potássio (58% de K2O). Na adubação de
cobertura, aplicou-se 0,408 g de Ureia (45%
de N), sendo 0,204 g 30 dias após a
semeadura e 0,204 g no primórdio floral
(SOUSA; LOBATO, 2004).
Aos 110 dias após a emergência das
plantas, avaliou-se a altura das plantas,
medindo-se desde a região do colo da planta
até a extremidade superior da panícula mais
alta. A produtividade foi determinada após a
colheita, onde foram trilhados os grãos de
cada panícula, sendo a umidade corrigida
para 130 g kg-1. A massa da parte aérea seca
foi determinada após a colheita, cortando-se
as plantas a 1 cm da superfície do solo. Todo
o material coletado foi levado para secar em
estufa de circulação forçada de ar à
temperatura de 70ºC até atingir peso
constante, sendo posteriormente, pesado e
moído para a determinação do Zn foliar. E
por último, coletaram-se as amostras de solo
em cada vaso para a determinação do teor de
Zn.
Os resultados foram submetidos à
análise de variância e as médias para cada
cultivar foram comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade; quando o F foi
significativo para o fator doses, aplicou-se a
regressão polinomial.
67
a
100
b
80
60
Cambará
Primavera
Figura 1 - Altura média das cultivares AN
Cambará e BRS Primavera independente da
dose de Zn aplicada.
Para o desdobramento do fator “doses”
entre as duas cultivares, houve diferença
significativa em todas as doses de Zn
aplicadas (Figura 2). Verifica-se que a
cultivar BRS Primavera desenvolveu-se mais
que a cultivar AN Cambará para qualquer
dose de Zn aplicada. Devido ter apresentado
valores do coeficiente de ajuste baixo, os
valores não foram representados em gráfico
na forma de regressão, sendo assim,
apresentados na forma de gráfico de barras.
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W. Dallagnol et al.
68
140
Cambará
Altura de plantas (cm)
Primavera
a
a
120
a
a
a
a
100
b
b
b
b
b
18,0
22,5
b
80
60
0,0
4,5
9,0
13,5
-3
Doses de Zn (mg dm )
Figura 2 - Altura das cultivares AN Cambará e BRS Primavera para cada dose de Zn aplicada
no solo.
Mass de 100 grãos (g/vaso)
Massa de 100 grãos (g)
Na variável massa de 100 grãos, a comportamento das duas cultivares foi o
cultivar
BRS
Primavera
diferiu mesmo.
Cambará
2,3
significativamente em relação ao AN
a
Primavera
Cambará apresentando maior média (Figura
a
a
a
2,2
3). As massas de 100 grãos foram de 2,11 g e
a
1,98 g, respectivamente, para a cultivar BRS
2,1
Primavera e para a cultivar AN Cambará. De
a
b
acordo com Soares et al. (2008), a cultivar
2,0
BSR Primavera desenvolvida pela Embrapa
b
b
Arroz e Feijão apresenta grãos maiores e
a
1,9
a
mais pesados quando comparada a cultivar
b
AN Cambará.
1,8
0,0
2,2
4,5
9,0
13,5
18,0
22,5
Doses de Zn (mg dm-3)
a
2,1
2,0
b
Figura 4 - Massa de 100 grãos (g/vaso) para
as duas cultivares AN Cambará e BRS
Primavera em função das doses de Zn
aplicadas no solo.
1,9
Apenas a cultivar BRS Primavera
diferiu, estatisticamente, na massa de 100
Cambará
Primavera
grãos em função das doses de Zn aplicadas ao
solo (Figura 5). Pela derivação da equação de
Figura 3 - Massa de 100 grãos (g/vaso) das regressão para o fator doses, constata-se que
duas cultivares AN Cambará e BRS a aplicação de 11,52 mg dm-3 de Zn
Primavera para cada dose de Zn aplicada no proporcionou o maior peso de 100 grãos
solo (a).
nessa cultivar.
1,8
As duas cultivares mostraram respostas
diferentes para a massa de 100 grãos para
cada dose de Zn (Figura 4), com exceção para
a ausência de Zn (tratamento controle) e para
a aplicação de 9,0 mg dm-3 de Zn, em que o
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Doses de zinco...
Massa de 100 grãos (g)
2,3
2,2
2,1
Y = 1,9146 + 0,0645X - 0,0028X2
R2 = 0,91
2,0
1,9
1,8
0,0
4,5
9,0
13,5
18,0
22,5
Doses de Zn (mg dm-3)
Figura 5 - Massa de 100 grãos (g/vaso)
para a cultivar BRS Primavera em função
das doses de Zn aplicadas no solo.
Massa seca (g/vaso)
A cultivar BRS Primavera apresentou
maior massa de matéria seca quando
comparada a cultivar AN Cambará,
apresentando valores médios de 33,20 g/vaso
e 24,65 g/vaso, respectivamente (Figura 6).
Os resultados corroboram com os observados
por Leão (1990), o qual, testando outras
cultivares, verificou maior produção de
massa de matéria seca após a aplicação de
doses de Zn.
35
a
30
25
b
20
15
10
Cambará
Primavera
Figura 6 - Massa de matéria seca (g/vaso) de
cada cultivar de arroz independente da dose
de Zn aplicada no solo.
69
Oliveira et al. (2003) verificaram
produção significativa de massa de matéria
seca em função da aplicação de doses de Zn,
sendo as maiores produções alcançadas nas
doses de 7,46 e 4,00 mg dm-3 de Zn, sendo
respectivamente, de 19,98 e 28,61 g vaso-1 de
matéria seca, para as duas cultivares testadas.
A concentração foliar de Zn apresentou
comportamento significativo entre as duas
cultivares, sendo que a cultivar AN Cambará
apresentou maior concentração foliar de Zn
quando comparada com a cultivar BRS
Primavera (Figura 7). A explicação para essa
diferença se deve ao efeito de concentração,
já que a cultivar AN Cambará produziu
menos massa de matéria seca que a cultivar
Primavera.
A cultivar AN Cambará apresentou alta
concentração foliar de Zn na parte aérea na
dose 0 mg kg-1de Zn, sendo de forma
decrescente a concentração foliar conforme
as doses aumentam, tendo na dose 22,5 mg
kg-1 a menor quantidade de Zn na parte aérea
(Figura 7). A cultivar BRS Primavera
apresentou baixa concentração foliar de Zn
na parte aérea na dose 0 mg kg-1, tendo sua
concentração foliar aumentada conforme as
doses aumentaram, sendo a maior
concentração foliar do elemento na dose de
22,5 mg kg-1 de Zn.
Resultados encontrados por Galrão,
Suhet e Sousa (1978) e Schoffel e Lúcio
(2001) concordam com os dados obtidos
nesse experimento. Os autores ressaltam que
cultivares
de
arroz
tem
eficiência
diferenciada para a absorção de Zn. Além do
efeito de diluição, outro fator que pode
explicar a diferença na concentração foliar de
Zn entre as cultivares é a maior capacidade
de translocação do Zn do sistema radicular
para a parte aérea de uma cultivar em relação
a outra.
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W. Dallagnol et al.
70
Cambará y = 12,304 - 0,1226x + 0,0022x 2 R2 = 0,61
12,5
Zn foliar (mg kg-1)
11,5
10,5
9,5
8,5
Primavera y = 8,1518 + 0,0645x + 0,0007x
2
2
R = 0,78
7,5
0,0
4,5
9,0
13,5
18,0
22,5
-3
Doses de Zn (mg dm )
Figura 7 - Concentração foliar de Zn (mg kg-1) na parte aérea das cultivares AN Cambará e
BRS Primavera em função das doses de Zn aplicadas no solo.
3,0
Zn no Solo (mg dm-3)
Para o teor de Zn no solo, as médias
obtidas para as duas cultivares tiveram
diferença significativa, sendo que a cultivar
AN Cambará apresentou a maior média de Zn
no solo (2,00 mg dm-3) quando comparada
com a cultivar BRS Primavera (1,69 mg dm3
) (Figura 8). Isso pode ser explicado pela
menor produção de massa de matéria seca do
cultivar AN Cambará em relação a cultivar
BRS Primavera, o que propiciou menor
retirada do elemento do solo.
Nesse prisma, Schoffel e Lúcio (2001)
testaram duas cultivares de arroz a IAC165 e
a IAC202, observaram que em função das
doses de Zn aplicadas, o teor de Zn no solo
aumentou significativamente.
De acordo com Fageria (2000), o valor
adequado de Zn para a cultura do arroz é de
10 mg kg-1 e o valor considerado tóxico é de
70 mg kg-1 de Zn no solo. Porém, as doses
podem se alterar, dependendo das cultivares
utilizadas, ou seja, têm cultivares que
apresentam maior sensibilidade a doses
baixas de Zn, tendo que aplicar doses maiores
de Zn para que a mesma demonstre respostas.
2,5
a
2,0
b
1,5
1,0
0,5
Cambará
Primavera
Doses de Zn (mg dm-3)
Figura 8 - Média do teor de Zn no solo (mg
dm-3) para cada cultivar de arroz
independente da dose de Zn aplicada.
Pode-se observar o comportamento,
significativamente, diferente entre as duas
cultivares quanto à produção de grãos, sendo
que a cultivar BRS Primavera (27,84 g/vaso)
apresentou
maior
produção
quando
comparada com a cultivar AN Cambará
(23,27 g/vaso), conforme a Figura 9.
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Doses de zinco...
71
apresentou porcentagem menor de grãos
cheios, tendo assim, menor massa de 100
grãos. A dose de Zn que proporcionou a
30
a
maior produtividade da cultivar AN Cambará
foi de 14,37 mg dm-3 de Zn com
25
b
produtividade de 26,54 g vaso-1 e; para a
20
cultivar BRS Primavera a máxima
produtividade foi de 34,00 g vaso-1 na dose
15
de 8,18 mg dm-3 de Zn. Essas maiores
10
produtividades obtidas pela aplicação de Zn
Cambará
Primavera
no solo representam acréscimo de
produtividade 40% e 15%, respectivamente,
Figura 9 - Produção média (g/vaso) das para a cultivar AN Cambará e BRS
cultivares AN Cambará e BRS Primavera Primavera quando comparado ao tratamento
independente da dose de Zn aplicada no solo. controle. Vários pesquisadores observaram
aumento no rendimento de grãos de arroz de
A cultivar BRS Primavera apresentou sequeiro após a aplicação de doses de Zn
maiores produções quando comparado com o (BARBOSA FILHO; FAGERIA; CARVALHO,
cultivar AN Cambará (Figura 10). Resultado 1982; LOPES et al., 1984).
esse esperado em função da variável massa
de 100 grãos, no qual, a cultivar AN Cambará
Produção (g/vaso)
35
35,0
Produção (g/vaso)
30,0
25,0
20,0
15,0
Primavera y = 27,991 + 1,4701x -0,0899x 2 R2 = 0,93
Cambará y = 16,721 + 1,3655x -0,0475x
2
2
R = 0,75
10,0
0,0
4,5
9,0
13,5
18,0
22,5
-3
Doses de Zn (mg dm )
Figura 10 - Produção (g/vaso) das cultivares AN Cambará e BRS Primavera em função das
doses de Zn aplicadas no solo.
Em um trabalho realizado por Oliveira
et al. (2003) com duas cultivares de arroz
(IAC 165 e IAC 202), constataram que ambas
apresentaram resultados significativos a
aplicação de Zn, tendo assim, ponto máximo
de produção de 19,71 e 27,56 g vaso-1 nas
doses de 4,82 mg dm-3 e 6,95 mg dm-3.
Nesse diapasão, Ohse et al. (1999)
constataram que a aplicação de Zn resultou
na elevação da produção do arroz em até
15%.
CONCLUSÕES
A cultivar BRS Primavera se destacou
em relação a cultivar AN Cambará, na altura
de plantas, na massa de 100 grãos, na massa
de matéria seca e na produção, apresentando
melhores resultados na dose de 9 mg kg-1 de
Zn.
A cultivar AN Cambará apresentou
maiores teores de Zn na parte aérea e Zn no
solo, tendo maiores resposta quando realizada
a aplicação de doses altas de Zn. Pelo fato da
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.65 – 73, mai/ago. 2016.
W. Dallagnol et al.
cultivar BRS Primavera apresentar altura de
planta elevada em solos férteis, por ser uma
característica morfológica da planta, pode
acamar tornando difícil a colheita, porém, foi
a cultivar que melhor apresentou respostas a
doses de Zn aplicadas via solo.
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