A prática docente do profissional de geografia no Instituto de

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A prática docente do profissional de geografia no Instituto de
Educação Euclides Dantas (IEED) em Vitória da Conquista - BA
Fernanda Dione Sales de Souza
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia
[email protected]
Sandra Maria Oliveira Santos
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia
[email protected]
Geisa Flores Mendes
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Professora Doutora e orientadora do Departamento de Geografia da UESB
[email protected]
Resumo
Este artigo discuti a prática docente de geografia no Instituto de Educação Euclides
Dantas de Vitória da Conquista-BA diante das alterações educacionais do século
XXI. Os resultados da pesquisa mostram que tal prática caminha para uma
adequação do trabalho docente de geografia. Metodologicamente contou-se com o
arcabouço teórico da fenomenologia, com o intuito de analisar o comportamento
escolar.
Palavras-chaves: Ensino de geografia; Docência; Escola
Introdução
As discussões educacionais se ampliam a cada dia, o que demonstra
que o tradicionalismo habitual no processo de ensino e aprendizagem não
encontra mais espaço de atuação nos ambientes escolares do século XXI.
Os educadores de todas as áreas anseiam por mudanças nas
concepções de ensino, assim como na postura profissional que se pensa ser
a adequada aos docentes.
Acerca da atitude das instituições escolares diante das discussões mais
frequentes da educação, da prática didática e pedagógica e do
planejamento, as mesmas tentam seguir as novas propostas educativas e
adequá-las a realidade socioespacial contemporânea.
Esse estudo vem por meio dos debates nos âmbitos educativos,
apresentar os aspectos educacionais presentes no Instituto de Educação
Euclides Dantas, em especial, no tocante ao ensino de geografia e a postura
do geógrafo, como sendo discussões pertinentes a um ajuste do modelo de
educação efetivado nessa unidade escolar, por meio também da prática dos
docentes que ali atuam.
Quando tomado de avaliação o processo de aprendizado da referida
instituição escolar com a amplitude histórica que o (IEED) tem para a
educação pública de Vitória da Conquista, pode-se discutir acerca das
utilização dos recursos didáticos que disponibiliza mesma, do papel do
planejamento e das aulas de geografia, assim como, a visão que os
discentes possuem desse ambiente escolar.
Como base teórica conceitual utilizada para as reflexões postas nesse
artigo, contou-se com as obras de Callai (1999), Moreira (2007), Cavalcanti
(2006) e Pontuschka (2007), entre outros autores por meio de uma postura
metodológica fenomenológica, aplicação de questionários e observações in
locus.
Processos metodológicos da pesquisa
Na tentativa de compreender a prática pedagógica dos docentes de
geografia das instituições de ensino, bem como, a relação entre estas e a
comunidade de seu entorno, escolheu-se a escola Instituto de Educação
Euclides Dantas (IEED) em Vitória da Conquista/BA, como objeto de estudo
que pautaria as questões da prática de ensino de geografia.
Após definida a escola, foram aplicados questionários aos professores,
estudantes, ambos do turno matutino, no intuito de verificar por meio dessa
investigação, se há ou não negligencia da instituição escolar, do Estado e
demais setores educacionais e sociais, no que tange aos procedimentos
didáticos pedagógicos e na viabilidade dessas práticas.
No encaminhamento metodológico da pesquisa em questão, teve-se a
preocupação de associar dados objetivos e subjetivos na análise do estudo
proposto, por meio de questionários. Esses, por sua vez, tiveram caráter
primordial, no sentido de oferecer condições de contato mais próximo com a
realidade estudada e, portanto, obter uma visão mais contundente sobre às
práticas pedagógicas dos professores e da instituição citada.
Os dados coletados foram tabulados e representados em gráficos. Tal
coleta possibilitou a interpretação, debate e propostas de solução através do
respectivo estudo.
O educador, a escola e a geografia escolar
A
prática
docente
tem
sofrido
modificações
perpassando
por
questionamentos e debates por meio dos quais fica latente a importância da
formação inicial dos professores.
Esta tão mencionada formação é o que dá aos educadores subsídios
para uma qualificação capaz de torná-los participantes eficazes na difusão
de uma educação escolar qualificada. Com base neste pressuposto é que
poderão se efetivar transformações sociais, as quais intervirão diretamente
na vida das comunidades locais.
Por meio dessa postura previamente traçada para os profissionais de
educação, entende-se que há uma exigência da capacidade de articulação
da realidade social que cerca os discentes, por tais educadores, de maneira
que cause significativas alterações na percepção e interpretação de mundo
da comunidade escolar.
As transformações socioculturais, políticas e econômicas do século XXI,
remetem a necessidade do sistema educacional repensar a forma de educar
e produzir conhecimento, de maneira que as instâncias, sociedade,
educadores e escolas não se desvinculem, mas que sejam veementemente
articuladas entre si e que se complementem para que se cumpra esse
objetivo.
A educação, por meio da necessidade de ser dinâmica mediante as
metamorfoses contemporâneas, está de acordo com a afirmação de que é
preciso mudar metodologicamente, bem como atualizar a prática pedagógica
de ensino, para se obter resultados consideráveis no processo de ensino e
aprendizagem. Contudo, essa tarefa óbvia, conta com muitos entraves.
Nesse contexto, o papel primordial das escolas, certamente, está
relacionado à função de promover a formação de cidadãos conscientes e
responsáveis. Esse trabalho compreende uma amplitude de objetivos como
constata Cavalcanti:
[...] Cabe, então, à escola assegurar a formação cultural e científica
para a vida pessoal, profissional e cidadã de seus alunos,
estabelecendo uma relação autônoma crítica e construtiva com a
cultura em suas várias manifestações. É seu papel formar cidadãos
participantes em todas as instâncias da vida social contemporânea.
Articular os objetivos convencionais: construção do conhecimento,
desenvolvimento do pensamento crítico e criativo, formação de
qualidades morais e éticas às exigências da sociedade
comunicacional informatizada e globalizada: maior competência
reflexiva, interação crítica com as mídias e conjunção da escola
com outros universos culturais, capacidade de diálogo e
comunicação, preservação ambiental [...] (CAVALCANTI, 2006, p.
17).
Diante do papel historicamente delimitado as escolas, entende-se que
acerca dessa discussão, o papel do professor também anseia por colocação
mais adequada.
Segundo Cavalcanti “[...] as transformações sociais implicam em
mudanças na educação e na escola, novas tarefas igualmente se
apresentam para os docentes [...]” (2006 p. 18), ou seja, o docente é
conduzido a pensar uma nova perspectiva de formação, na qual o educador
não seja apenas alguém que domina o método e as técnicas de construção
de conhecimento, mas que seja, fundamentalmente, detentor de variedades
de saberes e mecanismos que possibilitem a socialização destes
conhecimentos nos estabelecimentos de ensino.
Diante disso Pontuschka et al afirmam:
[...] A perspectiva de trabalhar de forma investigativa pressupõe
uma mudança de atitude perante o conhecimento. Significa
ultrapassar a visão da prática pedagógica como simples
transmissão de um conhecimento pronto e acabado que os alunos
não possuem e implica outra concepção de educação, de acordo
com a qual o conhecimento é visto à luz do seu processo de
produção e apropriação, como produto social de contextos
históricos determinados – revelando-se, portanto, algo provisório
em permanente processo de construção e reconstrução [...]
(PONTUSCHKA at al, 2007, p.96).
Reafirmando o que foi posto por Pontuschka, o processo de
aprendizagem deve estar em consonância com os debates acerca das
desiguais situações de produção e apropriação do espaço social e tal tarefa
deve ser flexível no tocante a forma de transmitir conteúdos e conceitos,
dada a mobilidade dos sistemas sociais e econômicos ao longo da história.
Esse é portanto, o papel do educador, o qual é delimitado por meio do
contexto contemporâneo.
Quanto ao geógrafo, pode-se dizer segundo Moreira (2007) que é
possível assemelha-lho a um cineasta, pois este, na sua concepção,
desenvolve um papel de observador com “idéias na cabeça e uma câmera
na mão”. Assim, é papel do geógrafo estabelecer um olhar geograficamente
orientado.
O instrumento de leitura do mundo, que para o profissional cineasta é a
câmera, e que para o geógrafo é o espaço, vem a ser utilizado com o
objetivo de desenvolver uma visão das transformações ocorridas no espaço
ao longo do tempo.
Eis, portanto, o ponto primaz para o desenvolvimento do trabalho
docente. Ter a capacidade de articular e contextualizar a realidade em sala
de aula, de forma que possa envolver o corpo discente numa constante
indagação sobre por que o visível se apresenta como tal.
Assim, o geógrafo atenderá aos anseios da sociedade escolar, bem
como, poderá incentivar a elaboração de novas propostas político
pedagógicas para as Instituições de Ensino.
É importante saber dentro desse contexto, qual o objeto de estudo da
geografia e a concepção que norteará o estudo de tal objeto, o qual
ultrapassa as informações dos limites políticos dos territórios mundiais e as
nomenclaturas dos mapas políticos administrativos como sendo os temas
mais curiosos e pertinentes dessa ciência, em detrimento do poder critico
que os temas abordados por esta, podem obter, a exemplo dos debates
sociais segundo as necessidades da população em seu tempo histórico,
assim como, a influência do sistema econômico capitalista e das
diversidades de relações que tal organização econômica impõe as redes
estabelecidas entre o global e o local, entre outros debates imprescindíveis a
formação critica e geográfica dos sujeitos.
Pontuschka relata:
[...] A Geografia contemporânea tem privilegiado o saber sobre o
espaço geográfico em suas diferentes escalas de análise. Enquanto
disciplina escolar, deve propiciar ao aluno a leitura e a
compreensão do espaço geográfico como uma construção
histórico-social, fruto das relações estabelecidas entre sociedade e
natureza [...].(PONTUSCHKA, 2007,p.264),
Observando a maneira que a geografia tem sido trabalhada nas escolas,
percebeu-se como esses profissionais abordam de forma insuficiente as
reais problemáticas dos temas geográficos. Sendo assim, o alunado tem
apenas uma perspectiva do ensino dessa matéria, a de que ela é decorativa.
Cabe ao professor ser o articulador de novas opiniões acerca do mundo
e de seus problemas, tendo uma postura metodológica que dinamize a
forma de ensinar geografia, instigando o aluno a ser um sujeito capaz de
pensar sobre qualquer polêmica de seu tempo e realidade, de forma a
propor soluções por meio de reivindicações asseguradas na lei.
Destaca-se a esse respeito, a importância de estabelecer a relação
adequadamente da geografia, ao modelo que deseja-se aplicar na prática de
ensino em sala de aula.
Segundo Pontuschka (et al):
[...] Assim, além de dominar conteúdos é importante que o
professor desenvolva a capacidade de utiliza-lós como
instrumentos para desvendar e compreender a realidade do mundo,
dando sentido e significado a aprendizagem (...) fornece ao aluno
os instrumentos para que possa construir articulada, organizada e
crítica do mundo [...] (PONTUSCHKA, 2007 p. 97).
A relação ajustada entre teoria e prática ao que concerne ao
desenvolvido geograficamente em sala de aula, depende inteiramente de
uma postura investigativa que o professor de geografia assume e realiza em
conjunto com os estudantes, no intuito de apreender os conteúdos da
disciplina de maneira a utilizá-los para uma interpretação das novas
situações postas na realidade socioespacial, a qual cerca a vida dos
discentes de formas diferentes e particulares, que requer a compreensão
das redes mundiais, as quais são estabelecidas em diversas escalas e
esferas.
Ao que tange a prática de mediação pedagógica, elucida Libâneo:
[...] O que se afirma é que o professor media a relação ativa do
aluno com a matéria, inclusive com conteúdos próprios de sua
disciplina, mas considerando os conhecimentos, a experiência e os
significados que os alunos trazem à sala de aula, seu potencial
cognitivo, suas capacidades e interesses, seus procedimentos de
pensar, seu modo de trabalhar [...] ajuda nos questionamentos
dessas experiências e significados, provê condições e meios
cognitivos para sua modificação por parte dos alunos e orienta-os,
intencionalmente, para objetivos educativos. [...] É nisso que
consiste a ajuda pedagógica ou mediação pedagógica [...]
(LIBÂNEO, 2002, p. 29).
Ou seja, o professor deve considerar um conjunto de saberes que
acompanham os discentes durante a trajetória de suas vivências e são
oriundos de experiências e representações dessas experiências no
imaginário dos mesmos.
Tais saberes são, de fato, conhecimentos de mundo particulares e
singulares a cada sujeito. Esses conhecimentos pré-existentes aos postos
pela instituição escolar, sevem de base interessante para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos e devem ser utilizados pelo educador ao longo do
processo de mediação e orientação vinculados as etapas da construção ou
reconstrução do conhecimento.
No tocante a formação educacional discente Hora assegura:
[...] a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI,
UNESCO (1998), sugere quatro objetivos formativos em torno da
aprendizagem, que devem ser organizados em seu conjunto,
através de habilidades que desenvolvem competências globais e,
favorecer o pensamento crítico e criativo do indivíduo, apontados
como necessários [...] Junto a essa proposta, a UNESCO lança
mão de características essenciais para efetivar o processo de
aprendizagem necessário para desenvolver as formas do aprender
e os modos mais eficazes de o fazê-lo. E as diferenças resultantes
se encontram em processo de enriquecimento pelas experiências
diárias, cabendo à escola (certamente, ao fazer docente) motivar a
cultura e o conhecimento a partir de suas especificidades (HORA,
2005, p. 5 e 6).
Portanto, cabe a educação, a escola e a prática docente, sobretudo, “ao
fazer docente” o papel de desenvolver os competências e habilidades
necessárias aos discentes, papel este que é garantido por leis tais como: a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB). Além disso, também
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), entre outros documentos que
fundamentam a ação dos gestores, educadores, direção e Estado no
cumprimento das mesmas.
O Instituto de Educação Euclides Dantas
Acerca da realidade assistida do (IEED) durante a coleta de dados e
pesquisa empírica, uma das problemáticas mais referidas e mencionadas
acerca da condição do ensino brasileiro, diz respeito às relações conflituosas
que se estabelecem por meio de bullying, o tráfico de entorpecentes,
violência e agressão a alunos e professores no espaço escolar.
As problemáticas acerca deste assunto são várias, isto é explícito, e
estão presentes no (IEED) e devem fazer parte das discussões destas
questões a fincão dos órgãos públicos, setores da sociedade, tais como as
escolas, universidades, corpo docente, órgão governamentais competentes,
e principalmente as famílias do alunado, pois esta não pode se isentar da
responsabilidade, já que é em primazia, a responsável pela formação moral
do indivíduo, por ser um contato social primário, e sua atuação junto às
demais citadas, reconhecendo a urgência de transformações do método
pedagógico de ensino em reivindicação, poderão dessa forma serem de
grande valia e com certeza agilizaria os processos de mudança na
educação.
Com o intuito de analisar as problemáticas previamente observadas e
selecionadas para reflexão desse estudo, escolheu-se o Instituto de
Educação Euclides Dantas na realização dessa tarefa.
Para compreender a postura educacional e docente da referida
instituição escolar, é necessário perceber historicamente a atuação
educativa em uma relação histórica e social dessa unidade escolar.
O mesmo foi inaugurado em 20 de março de 1952, através do Decreto nº
15.194 na cidade de Vitória da Conquista. Sendo a primeira instituição de
formação de professores da região, no qual representou um marco na
história da cidade, pois as Escolas Normais da época ora citada,estavam
associadas a um importante papel na sociedade, na busca para inserção da
cultura, na formação de pessoas críticas, atuantes e também na divulgação
do saber.
Como ressalta Mendes:
[...] As instituições educacionais e, mais especificamente, aquelas
voltadas à formação de professores se constituíram, ao longo de
várias décadas em campo fértil para a configuração de
determinadas representações. A Escola Normal, implantada em
Vitória da Conquista, na Bahia, na década de 50, tendo como
objetivo inicial a formação de professores, na modalidade de Curso
Normal Rural, representou um marco na história da sociedade
conquistense, configurando-se um “monumento emblemático”,
composto por uma série de singularidades que lhe conferiram uma
identidade peculiar na ocasião [...] (MENDES, 2004, p. 20) .
Naquela época a cidade de Vitória da Conquista estava num
momento político importante, destacando-se a grande ascensão política e
populacional, pois a abertura das rodovias Ilhéus- Lapa e a Rio- Bahia, fazia
da cidade um grande atrativo de imigrantes. A construção da escola Normal
veio implementar todos os anseios da comunidade conquistense que via
nessa implantação uma forma de crescimento e um grande avanço para a
época.
Segundo o Projeto Político Pedagógico do (IEED), a instituição no
decorrer dos anos foi adquirindo prestígios e se consolidando como uma
escola de renome, pois o seu objetivo era o de [...] formar cidadão ideal e o
professor, modelo de virtude e caráter, como um reformador social em
potencial, responsável pela transformação efetiva dos destinos da sociedade
[...] (2001). Sendo considerada como um divisor de águas para a vida social
conquistense, com seu arrojado projeto como relata Mendes :
[...] Um acontecimento que impactou a comunidade conquistense. A
sua configuração arquitetônica, diferente de qualquer outra
construção da época em Vitória da Conquista, evidenciava, com
seu projeto inovador, uma instituição enquanto monumento
emblemático, marcado pela diferença, permeado pela idéia de
modernidade e progresso por que poderia passar a cidade a partir
da existência de uma agência formadora de professores [...]
(MENDES, 2004, p. 43).
Figura 01 – Instituto de Educação Euclides Dantas
Elaboração: www.ieedconquista.com
Fonte: Pesquisa de Campo, dezembro de 2010.
Hoje a escola conta com uma grande infra-estrutura, possui quadra de
esportes, biblioteca, laboratório de ciências naturais e informática, que
segundo a direção, atende a demanda dos alunos, uma grande área de
lazer, entre outras. Além de ser contemplado com um quadro de 114
professores que lecionam na escola os três turnos em diversas áreas.
Após este breve relato da história do Instituto de Educação Euclides
Dantas, fica claro que, estes 60 anos de existência da escola e já tendo
formado centenas de profissionais, a consolida como um espaço vivo e
dinâmico de educação, possibilitando a realização e desenvolvimento dos
saberes, objetivando a formação profissional e a consolidação da cidadania.
Além dos aspectos da própria instituição e sua proeminência histórica
na formação cidadã dos sujeitos de Vitória da Conquista, pode-se mencionar
os aspectos que saltam aos olhos no tocante ao profissional e ao ensino de
geografia nessa instituição.
Visivelmente depara-se por meio dos dados adquiridos na pesquisa
empírica, com um quadro de profissionais responsáveis e dedicados,
comprometidos com a formação dos docentes e uma escola que apesar das
problemáticas existentes, as quais foram mencionada, assim como, a
morosidade de adequação do projeto político pedagógico da instituição, o
qual está com reforma prevista até o ano de 2011.
Resultados e discussões
A pesquisa realizada no (IEED) revelou muitos elementos pertinentes aos
objetivos investigativos desse estudo, dentre eles, observou-se que a carga
horária de trabalho dos professores, tem comprometido a qualificação do
processo de elaboração das aulas, o qual, é de fato, o caminho de aprimorar
os conhecimentos e redução dos problemas relacionados ao ensino de
geografia e a prática docente.
O gráfico abaixo indica uma inadequação da carga horária do professor
em sala de aula e da falta de tempo nacessário para o planejamento
adequado das aulas de geografia.
Figura 1- Carga horária de trabalho dos professores do IEED- Vitória da
Conquista – BA
Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O.
Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010.
A carga horária dos professores da instituição em questão, são de 40
(quarenta) horas semanais, portanto, é pesada e como se sabe, o trabalho
docente é estafante, requer um esforço oral e mental intenso do profissional,
contudo, a opção por uma carga horária tão extensa se deve aos baixos
salários da categoria, que obrigam os docentes a se submeterem a essa
jornada para uma maior qualidade de vida e manutenção das necessidades
básicas.
Com o excesso de trabalho, contudo, não sobra tempo para planejar
melhor as aulas e para uma constante capacitação e aprimoramento das
atividades educativas do professor em sala de aula. A profissão ainda é
desvalorizada no contexto das atividades produtivas, o que dificulta uma
mudança no quadro problemático do ensino atual.
Essa realidade inflexível da carga horária dos educadores no Brasil,
sobretudo, os da rede pública de ensino, é um apontamento comum nas
discussões desse tema, no entanto, não é correlacionado frequentemente
nesse debate, o quanto implicador tal fato se torna para prática de ensino e
a adequada escolha dos métodos e metodologias utilizadas para o
desenvolvimento dos conteúdos.
O planejamento das aulas de geografia devem ser pensados segundo o
tempo das aulas e do próprio planejamento concatenados com uma
atividade lúdica, elucidativa e totalmente vinculada à realidade vivenciada
pelos discentes.
Tal dificuldade latente ao processo de educação, infelizmente é
decorrente em todas as áreas do ensino, mas no tocante ao processo de
elaboração das aulas de geografia, essa conjuntura problemática de
distribuição adequada do tempo em sala de aula e do tempo de
planejamento, se agrava ainda mais, na construção do saber geográfico,
pois segundo os dados coletados da pesquisa, são ofertadas no ensino
fundamental e médio da instituição escolar em questão, apenas duas e três
aulas semanais de geografia respectivamente.
O agravamento dessa problemática se explica pelo fato da geografia
escolar do século XXI ser vista em suma, como sendo o estudo dos
conceitos geográficos em associação estreitamente necessária a analise do
cotidiano social, dos entraves econômicos, políticos, históricos e culturais
que se combinam ou relacionam-se contraditoriamente no espaço habitado
pelos discentes.
Por essa razão, as escolhas do material didático e da metodologia a
ser utilizada nas aulas de geografia, devem tanger a necessidade de
explanação dos conteúdos geográficos relacionados ao cotidiano e as
vivências
dos
discentes
de
maneira
participativa,
considerando
objetivamente o tempo da aula e os recursos didáticos e tecnológicos
utilizados pelo professor. Pois, tais escolhas, implicam na compreensão e
construção do saber dos sujeitos sociais em processo de aprendizagem.
O gráfico abaixo revela a importância dos recursos didáticos para a
facilitação da aprendizagem, segundo a opinião dos docentes e discentes do
(IEED).
Figura 2: Avaliação dos recursos didáticos na disciplina de Geografia do IEED
– Vitória da Conquista.
Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O.
Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010.
As considerações feitas acima demonstram que os recursos didáticos
não são ignorados na prática docente dos professores de geografia,
contudo, o que pode ocorrer com a realização da aula por meio dos recursos
utilizados, é a incompletude do cumprimento dos objetivos dos recursos
pensados durante o processo de aplicação do mesmo pelo educador.
Essa deve ser uma discussão em pauta quando reflexões forem
propostos acerca dos recursos didáticos utilizados pelos docentes.
O gráfico abaixo mostra como tais recursos são aplicados e geridos nas
aulas de geografia, segundo os discentes do (IEED):
Figura 3: O cumprimento dos objetivos dos recursos didáticos no (IEED)
Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O.
Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010.
Como confere os dados acima, existe nas aulas de geografia do
(IEED), o uso acentuado das transparências como recurso de projeção,
seguido da exibição, análise e interpretação de mapas, o que expõe com
evidência, o bom desempenho dos professores de geografia dessa
instituição e o interesse dos mesmos em aproveitarem amplamente os
recursos disponíveis na escola.
Da mesma forma, os dados acima ainda mostram que, a maioria dos
trabalhos realizados nas aulas de geografia pelos professores dessa
instituição, contemplam os objetivos incumbidos na utilização dos recursos
selecionados, de maneira completa.
Contudo, o mais relevante na prática didático pedagógica de tais
professores a esse aspecto, é o intuito de correlacionar os temas
geográficos a sua localização ou a dimensão dos fenômenos estudados nos
lugares que se realizam. Esse é um exercício fundamental para os discentes
e deve ser uma habilidade intensamente estimulada na aprendizagem dos
conteúdos geográficos.
Entendendo que a atenção dispersada ou dedicada dos estudantes
durante a construção e assimilação do saber, também se constitui um
entrave comprometedor nas aulas de geografia, bem como, ao andamento
de qualquer outra disciplina.
Adentrando em outra discussão acerca desse tema, foi questionado aos
discentes do (IEED) acerca do comportamento dos mesmos nas aulas de
geografia.
A esse respeito o gráfico abaixo demonstra:
Figura 4: O Comportamento dos discentes nas aulas de Geografia do IEED
Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O.
Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010.
Os dados adquiridos mostram que felizmente, 85% (oitenta e cinco por
cento) dos questionados afirmaram obter uma postura atenciosa no
momento das aulas de geografia, no entanto, não se pode descartar o
incomodo e dificuldade atribuída a esse processo, por meio dos 10% (dez
por cento) dos alunos que conversam durante as aulas e ainda, a ausência
de 5% (cinco por cento) dos estudantes que não aproveitam as aulas para
apreender por meio do ensino que é ofertado, os quais corresponderão
estatisticamente no futuro, a parcela da população brasileira que não
consegue correlacionar informações espaciais a um processo social.
Essa informação configura ainda, outra questão pertinente a discussão
do processo de ensino e aprendizagem da geografia, a qual isenta da
responsabilidade do professor de geografia, a quase absoluta falta de
formação geográfica de muitos estudantes do ensino fundamental e médio
das escolas públicas, por razão dessa postura inadequada, a qual não pode
ser habitualmente correlacionada a escolha metodológica, a prática didáticopedagógica, a postura profissional do geógrafo ou mesmo dos recursos
utilizados para as aulas, pois no contexto dessa realidade, o papel de
investigação e participação ativa dos estudantes é somatório a uma gama de
condições
pré-estabelecidas
da
educação,
para
o
desenvolvimento
adequado da formação discente.
Tal formação adquirida por meio da participação e envolvimento dos
discentes às atividades escolares, corresponderá à melhor formação
intelectual, cognitiva e perceptiva do aluno com relação à identidade do lugar
a que pertence.
A esse respeito, ressalta Callai:
[...] a escola se apresenta como a possibilidade de
busca/investigação
e
produção
do
conhecimento.
Um
conhecimento que sirva para a vida do aluno, tanto na perspectiva
de se reconhecer como um sujeito que tem uma identidade e que
perceba o seu pertencimento, tanto quanto um desenvolvimento
cognitivo que lhe permita ler o mundo, trabalhar nele tendo as
condições necessárias e viver de modo decente [...] (CALLAI, 1999,
p. 1).
Ao que concerne a impressão ou visão dos discentes do (IEED) a esse
ambiente escolar, pode-se constatar que a relação dos alunos com essa
instituição não é conflituosa. Esse espaço demonstra ser um ambiente de
socialização importante para os estudantes, apesar de apenas 3% (três por
cento) dos questionados gostarem das aulas.
O gráfico abaixo expõe:
Figura 5: O ambiente escolar segundo os discentes do IEED
Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O.
Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010.
A significação que o ambiente escolar possui para os estudantes, revela
muito mais do que horas de qualidade que podem ser passadas ali pelos
discentes, mas a escola se torna para eles, o espaço da identificação dos
grupos, da construção de valores éticos e morais e o reconhecimento desse
lugar de vivência pela comunidade escolar e mesmo pela comunidade que
insere a escola.
A esse respeito Callai reafirma:
[...] a realidade, quer dizer o lugar onde se vive, deve ser conhecido
e reconhecido pelos que ali vivem, pois conhecer o espaço, para
saber nele se movimentar, para nele trabalhar e produzir, significa
conseguir reproduzir-se também a si próprio, como sujeito. [...]
(CALLAI, 1999, p. 1).
Considerações finais
Em suma, a presente pesquisa pode revelar que o profissional de
geografia do (IEED) juntamente com a escola, tem apresentado boas
práticas pedagógicas, na tentativa de minimizar o caráter tradicionalista da
disciplina, bem como, a adequação do projeto político pedagógico (PPP) aos
anseios dessa comunidade escolar na contemporaneidade.
Esse artigo trouxe para a discussão educacional e para o debate acerca
da prática de ensino de geografia, um posicionamento inovador, no
momento em que discorre acerca da postura inadequada dos estudantes no
processo
de
ensino
aprendizagem,
isentando
dessa
forma,
a
responsabilidade absoluta do educador aos resultados e qualificação do
saber geográfico dos discentes, mediante as exigências da educação na
atualidade.
Referências
CALLAI, Helena Copetti. O estudo do lugar como processo de pesquisa para
a aprendizagem. Espaços da Escola, Ijui-RS, v. 31, p. 43-52, 1999.
CAVALCANTI, Lana de Souza (Org). Formação de professores:
concepções e práticas em geografia. Goiânia: Vieira, 2006.
HORA, Genigleide Santos da. Cultura Escolar Organizacional: a gestão da
escola como elemento de análise. In: VIII Semana de Mobilização
Científica(SEMOC), 2005, Salvador. Qualidade de Vida e Dignidade da
Pessoa Humana. Salvador/BA : UCSAL, 2005. v. 08.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas
exigências educativas e profissão docente. 6ª edição. São Paulo: Cortez,
2002.
MENDES, Geisa Flores. Luzes do saber aos sertões: memória e
representações da Escola Normal de Vitória da Conquista: Edições UESB,
2004.
MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em Geografia. São Paulo: Contexto, 2007.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Lyda e CACETE, Nuria
Hanglei. Para ensinar e aprender geografia. 1ª edição. São Paulo: Cortez,
2007.
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