A prática docente do profissional de geografia no Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED) em Vitória da Conquista - BA Fernanda Dione Sales de Souza Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia [email protected] Sandra Maria Oliveira Santos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia [email protected] Geisa Flores Mendes Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Professora Doutora e orientadora do Departamento de Geografia da UESB [email protected] Resumo Este artigo discuti a prática docente de geografia no Instituto de Educação Euclides Dantas de Vitória da Conquista-BA diante das alterações educacionais do século XXI. Os resultados da pesquisa mostram que tal prática caminha para uma adequação do trabalho docente de geografia. Metodologicamente contou-se com o arcabouço teórico da fenomenologia, com o intuito de analisar o comportamento escolar. Palavras-chaves: Ensino de geografia; Docência; Escola Introdução As discussões educacionais se ampliam a cada dia, o que demonstra que o tradicionalismo habitual no processo de ensino e aprendizagem não encontra mais espaço de atuação nos ambientes escolares do século XXI. Os educadores de todas as áreas anseiam por mudanças nas concepções de ensino, assim como na postura profissional que se pensa ser a adequada aos docentes. Acerca da atitude das instituições escolares diante das discussões mais frequentes da educação, da prática didática e pedagógica e do planejamento, as mesmas tentam seguir as novas propostas educativas e adequá-las a realidade socioespacial contemporânea. Esse estudo vem por meio dos debates nos âmbitos educativos, apresentar os aspectos educacionais presentes no Instituto de Educação Euclides Dantas, em especial, no tocante ao ensino de geografia e a postura do geógrafo, como sendo discussões pertinentes a um ajuste do modelo de educação efetivado nessa unidade escolar, por meio também da prática dos docentes que ali atuam. Quando tomado de avaliação o processo de aprendizado da referida instituição escolar com a amplitude histórica que o (IEED) tem para a educação pública de Vitória da Conquista, pode-se discutir acerca das utilização dos recursos didáticos que disponibiliza mesma, do papel do planejamento e das aulas de geografia, assim como, a visão que os discentes possuem desse ambiente escolar. Como base teórica conceitual utilizada para as reflexões postas nesse artigo, contou-se com as obras de Callai (1999), Moreira (2007), Cavalcanti (2006) e Pontuschka (2007), entre outros autores por meio de uma postura metodológica fenomenológica, aplicação de questionários e observações in locus. Processos metodológicos da pesquisa Na tentativa de compreender a prática pedagógica dos docentes de geografia das instituições de ensino, bem como, a relação entre estas e a comunidade de seu entorno, escolheu-se a escola Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED) em Vitória da Conquista/BA, como objeto de estudo que pautaria as questões da prática de ensino de geografia. Após definida a escola, foram aplicados questionários aos professores, estudantes, ambos do turno matutino, no intuito de verificar por meio dessa investigação, se há ou não negligencia da instituição escolar, do Estado e demais setores educacionais e sociais, no que tange aos procedimentos didáticos pedagógicos e na viabilidade dessas práticas. No encaminhamento metodológico da pesquisa em questão, teve-se a preocupação de associar dados objetivos e subjetivos na análise do estudo proposto, por meio de questionários. Esses, por sua vez, tiveram caráter primordial, no sentido de oferecer condições de contato mais próximo com a realidade estudada e, portanto, obter uma visão mais contundente sobre às práticas pedagógicas dos professores e da instituição citada. Os dados coletados foram tabulados e representados em gráficos. Tal coleta possibilitou a interpretação, debate e propostas de solução através do respectivo estudo. O educador, a escola e a geografia escolar A prática docente tem sofrido modificações perpassando por questionamentos e debates por meio dos quais fica latente a importância da formação inicial dos professores. Esta tão mencionada formação é o que dá aos educadores subsídios para uma qualificação capaz de torná-los participantes eficazes na difusão de uma educação escolar qualificada. Com base neste pressuposto é que poderão se efetivar transformações sociais, as quais intervirão diretamente na vida das comunidades locais. Por meio dessa postura previamente traçada para os profissionais de educação, entende-se que há uma exigência da capacidade de articulação da realidade social que cerca os discentes, por tais educadores, de maneira que cause significativas alterações na percepção e interpretação de mundo da comunidade escolar. As transformações socioculturais, políticas e econômicas do século XXI, remetem a necessidade do sistema educacional repensar a forma de educar e produzir conhecimento, de maneira que as instâncias, sociedade, educadores e escolas não se desvinculem, mas que sejam veementemente articuladas entre si e que se complementem para que se cumpra esse objetivo. A educação, por meio da necessidade de ser dinâmica mediante as metamorfoses contemporâneas, está de acordo com a afirmação de que é preciso mudar metodologicamente, bem como atualizar a prática pedagógica de ensino, para se obter resultados consideráveis no processo de ensino e aprendizagem. Contudo, essa tarefa óbvia, conta com muitos entraves. Nesse contexto, o papel primordial das escolas, certamente, está relacionado à função de promover a formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Esse trabalho compreende uma amplitude de objetivos como constata Cavalcanti: [...] Cabe, então, à escola assegurar a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã de seus alunos, estabelecendo uma relação autônoma crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações. É seu papel formar cidadãos participantes em todas as instâncias da vida social contemporânea. Articular os objetivos convencionais: construção do conhecimento, desenvolvimento do pensamento crítico e criativo, formação de qualidades morais e éticas às exigências da sociedade comunicacional informatizada e globalizada: maior competência reflexiva, interação crítica com as mídias e conjunção da escola com outros universos culturais, capacidade de diálogo e comunicação, preservação ambiental [...] (CAVALCANTI, 2006, p. 17). Diante do papel historicamente delimitado as escolas, entende-se que acerca dessa discussão, o papel do professor também anseia por colocação mais adequada. Segundo Cavalcanti “[...] as transformações sociais implicam em mudanças na educação e na escola, novas tarefas igualmente se apresentam para os docentes [...]” (2006 p. 18), ou seja, o docente é conduzido a pensar uma nova perspectiva de formação, na qual o educador não seja apenas alguém que domina o método e as técnicas de construção de conhecimento, mas que seja, fundamentalmente, detentor de variedades de saberes e mecanismos que possibilitem a socialização destes conhecimentos nos estabelecimentos de ensino. Diante disso Pontuschka et al afirmam: [...] A perspectiva de trabalhar de forma investigativa pressupõe uma mudança de atitude perante o conhecimento. Significa ultrapassar a visão da prática pedagógica como simples transmissão de um conhecimento pronto e acabado que os alunos não possuem e implica outra concepção de educação, de acordo com a qual o conhecimento é visto à luz do seu processo de produção e apropriação, como produto social de contextos históricos determinados – revelando-se, portanto, algo provisório em permanente processo de construção e reconstrução [...] (PONTUSCHKA at al, 2007, p.96). Reafirmando o que foi posto por Pontuschka, o processo de aprendizagem deve estar em consonância com os debates acerca das desiguais situações de produção e apropriação do espaço social e tal tarefa deve ser flexível no tocante a forma de transmitir conteúdos e conceitos, dada a mobilidade dos sistemas sociais e econômicos ao longo da história. Esse é portanto, o papel do educador, o qual é delimitado por meio do contexto contemporâneo. Quanto ao geógrafo, pode-se dizer segundo Moreira (2007) que é possível assemelha-lho a um cineasta, pois este, na sua concepção, desenvolve um papel de observador com “idéias na cabeça e uma câmera na mão”. Assim, é papel do geógrafo estabelecer um olhar geograficamente orientado. O instrumento de leitura do mundo, que para o profissional cineasta é a câmera, e que para o geógrafo é o espaço, vem a ser utilizado com o objetivo de desenvolver uma visão das transformações ocorridas no espaço ao longo do tempo. Eis, portanto, o ponto primaz para o desenvolvimento do trabalho docente. Ter a capacidade de articular e contextualizar a realidade em sala de aula, de forma que possa envolver o corpo discente numa constante indagação sobre por que o visível se apresenta como tal. Assim, o geógrafo atenderá aos anseios da sociedade escolar, bem como, poderá incentivar a elaboração de novas propostas político pedagógicas para as Instituições de Ensino. É importante saber dentro desse contexto, qual o objeto de estudo da geografia e a concepção que norteará o estudo de tal objeto, o qual ultrapassa as informações dos limites políticos dos territórios mundiais e as nomenclaturas dos mapas políticos administrativos como sendo os temas mais curiosos e pertinentes dessa ciência, em detrimento do poder critico que os temas abordados por esta, podem obter, a exemplo dos debates sociais segundo as necessidades da população em seu tempo histórico, assim como, a influência do sistema econômico capitalista e das diversidades de relações que tal organização econômica impõe as redes estabelecidas entre o global e o local, entre outros debates imprescindíveis a formação critica e geográfica dos sujeitos. Pontuschka relata: [...] A Geografia contemporânea tem privilegiado o saber sobre o espaço geográfico em suas diferentes escalas de análise. Enquanto disciplina escolar, deve propiciar ao aluno a leitura e a compreensão do espaço geográfico como uma construção histórico-social, fruto das relações estabelecidas entre sociedade e natureza [...].(PONTUSCHKA, 2007,p.264), Observando a maneira que a geografia tem sido trabalhada nas escolas, percebeu-se como esses profissionais abordam de forma insuficiente as reais problemáticas dos temas geográficos. Sendo assim, o alunado tem apenas uma perspectiva do ensino dessa matéria, a de que ela é decorativa. Cabe ao professor ser o articulador de novas opiniões acerca do mundo e de seus problemas, tendo uma postura metodológica que dinamize a forma de ensinar geografia, instigando o aluno a ser um sujeito capaz de pensar sobre qualquer polêmica de seu tempo e realidade, de forma a propor soluções por meio de reivindicações asseguradas na lei. Destaca-se a esse respeito, a importância de estabelecer a relação adequadamente da geografia, ao modelo que deseja-se aplicar na prática de ensino em sala de aula. Segundo Pontuschka (et al): [...] Assim, além de dominar conteúdos é importante que o professor desenvolva a capacidade de utiliza-lós como instrumentos para desvendar e compreender a realidade do mundo, dando sentido e significado a aprendizagem (...) fornece ao aluno os instrumentos para que possa construir articulada, organizada e crítica do mundo [...] (PONTUSCHKA, 2007 p. 97). A relação ajustada entre teoria e prática ao que concerne ao desenvolvido geograficamente em sala de aula, depende inteiramente de uma postura investigativa que o professor de geografia assume e realiza em conjunto com os estudantes, no intuito de apreender os conteúdos da disciplina de maneira a utilizá-los para uma interpretação das novas situações postas na realidade socioespacial, a qual cerca a vida dos discentes de formas diferentes e particulares, que requer a compreensão das redes mundiais, as quais são estabelecidas em diversas escalas e esferas. Ao que tange a prática de mediação pedagógica, elucida Libâneo: [...] O que se afirma é que o professor media a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando os conhecimentos, a experiência e os significados que os alunos trazem à sala de aula, seu potencial cognitivo, suas capacidades e interesses, seus procedimentos de pensar, seu modo de trabalhar [...] ajuda nos questionamentos dessas experiências e significados, provê condições e meios cognitivos para sua modificação por parte dos alunos e orienta-os, intencionalmente, para objetivos educativos. [...] É nisso que consiste a ajuda pedagógica ou mediação pedagógica [...] (LIBÂNEO, 2002, p. 29). Ou seja, o professor deve considerar um conjunto de saberes que acompanham os discentes durante a trajetória de suas vivências e são oriundos de experiências e representações dessas experiências no imaginário dos mesmos. Tais saberes são, de fato, conhecimentos de mundo particulares e singulares a cada sujeito. Esses conhecimentos pré-existentes aos postos pela instituição escolar, sevem de base interessante para o desenvolvimento cognitivo dos alunos e devem ser utilizados pelo educador ao longo do processo de mediação e orientação vinculados as etapas da construção ou reconstrução do conhecimento. No tocante a formação educacional discente Hora assegura: [...] a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, UNESCO (1998), sugere quatro objetivos formativos em torno da aprendizagem, que devem ser organizados em seu conjunto, através de habilidades que desenvolvem competências globais e, favorecer o pensamento crítico e criativo do indivíduo, apontados como necessários [...] Junto a essa proposta, a UNESCO lança mão de características essenciais para efetivar o processo de aprendizagem necessário para desenvolver as formas do aprender e os modos mais eficazes de o fazê-lo. E as diferenças resultantes se encontram em processo de enriquecimento pelas experiências diárias, cabendo à escola (certamente, ao fazer docente) motivar a cultura e o conhecimento a partir de suas especificidades (HORA, 2005, p. 5 e 6). Portanto, cabe a educação, a escola e a prática docente, sobretudo, “ao fazer docente” o papel de desenvolver os competências e habilidades necessárias aos discentes, papel este que é garantido por leis tais como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB). Além disso, também os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), entre outros documentos que fundamentam a ação dos gestores, educadores, direção e Estado no cumprimento das mesmas. O Instituto de Educação Euclides Dantas Acerca da realidade assistida do (IEED) durante a coleta de dados e pesquisa empírica, uma das problemáticas mais referidas e mencionadas acerca da condição do ensino brasileiro, diz respeito às relações conflituosas que se estabelecem por meio de bullying, o tráfico de entorpecentes, violência e agressão a alunos e professores no espaço escolar. As problemáticas acerca deste assunto são várias, isto é explícito, e estão presentes no (IEED) e devem fazer parte das discussões destas questões a fincão dos órgãos públicos, setores da sociedade, tais como as escolas, universidades, corpo docente, órgão governamentais competentes, e principalmente as famílias do alunado, pois esta não pode se isentar da responsabilidade, já que é em primazia, a responsável pela formação moral do indivíduo, por ser um contato social primário, e sua atuação junto às demais citadas, reconhecendo a urgência de transformações do método pedagógico de ensino em reivindicação, poderão dessa forma serem de grande valia e com certeza agilizaria os processos de mudança na educação. Com o intuito de analisar as problemáticas previamente observadas e selecionadas para reflexão desse estudo, escolheu-se o Instituto de Educação Euclides Dantas na realização dessa tarefa. Para compreender a postura educacional e docente da referida instituição escolar, é necessário perceber historicamente a atuação educativa em uma relação histórica e social dessa unidade escolar. O mesmo foi inaugurado em 20 de março de 1952, através do Decreto nº 15.194 na cidade de Vitória da Conquista. Sendo a primeira instituição de formação de professores da região, no qual representou um marco na história da cidade, pois as Escolas Normais da época ora citada,estavam associadas a um importante papel na sociedade, na busca para inserção da cultura, na formação de pessoas críticas, atuantes e também na divulgação do saber. Como ressalta Mendes: [...] As instituições educacionais e, mais especificamente, aquelas voltadas à formação de professores se constituíram, ao longo de várias décadas em campo fértil para a configuração de determinadas representações. A Escola Normal, implantada em Vitória da Conquista, na Bahia, na década de 50, tendo como objetivo inicial a formação de professores, na modalidade de Curso Normal Rural, representou um marco na história da sociedade conquistense, configurando-se um “monumento emblemático”, composto por uma série de singularidades que lhe conferiram uma identidade peculiar na ocasião [...] (MENDES, 2004, p. 20) . Naquela época a cidade de Vitória da Conquista estava num momento político importante, destacando-se a grande ascensão política e populacional, pois a abertura das rodovias Ilhéus- Lapa e a Rio- Bahia, fazia da cidade um grande atrativo de imigrantes. A construção da escola Normal veio implementar todos os anseios da comunidade conquistense que via nessa implantação uma forma de crescimento e um grande avanço para a época. Segundo o Projeto Político Pedagógico do (IEED), a instituição no decorrer dos anos foi adquirindo prestígios e se consolidando como uma escola de renome, pois o seu objetivo era o de [...] formar cidadão ideal e o professor, modelo de virtude e caráter, como um reformador social em potencial, responsável pela transformação efetiva dos destinos da sociedade [...] (2001). Sendo considerada como um divisor de águas para a vida social conquistense, com seu arrojado projeto como relata Mendes : [...] Um acontecimento que impactou a comunidade conquistense. A sua configuração arquitetônica, diferente de qualquer outra construção da época em Vitória da Conquista, evidenciava, com seu projeto inovador, uma instituição enquanto monumento emblemático, marcado pela diferença, permeado pela idéia de modernidade e progresso por que poderia passar a cidade a partir da existência de uma agência formadora de professores [...] (MENDES, 2004, p. 43). Figura 01 – Instituto de Educação Euclides Dantas Elaboração: www.ieedconquista.com Fonte: Pesquisa de Campo, dezembro de 2010. Hoje a escola conta com uma grande infra-estrutura, possui quadra de esportes, biblioteca, laboratório de ciências naturais e informática, que segundo a direção, atende a demanda dos alunos, uma grande área de lazer, entre outras. Além de ser contemplado com um quadro de 114 professores que lecionam na escola os três turnos em diversas áreas. Após este breve relato da história do Instituto de Educação Euclides Dantas, fica claro que, estes 60 anos de existência da escola e já tendo formado centenas de profissionais, a consolida como um espaço vivo e dinâmico de educação, possibilitando a realização e desenvolvimento dos saberes, objetivando a formação profissional e a consolidação da cidadania. Além dos aspectos da própria instituição e sua proeminência histórica na formação cidadã dos sujeitos de Vitória da Conquista, pode-se mencionar os aspectos que saltam aos olhos no tocante ao profissional e ao ensino de geografia nessa instituição. Visivelmente depara-se por meio dos dados adquiridos na pesquisa empírica, com um quadro de profissionais responsáveis e dedicados, comprometidos com a formação dos docentes e uma escola que apesar das problemáticas existentes, as quais foram mencionada, assim como, a morosidade de adequação do projeto político pedagógico da instituição, o qual está com reforma prevista até o ano de 2011. Resultados e discussões A pesquisa realizada no (IEED) revelou muitos elementos pertinentes aos objetivos investigativos desse estudo, dentre eles, observou-se que a carga horária de trabalho dos professores, tem comprometido a qualificação do processo de elaboração das aulas, o qual, é de fato, o caminho de aprimorar os conhecimentos e redução dos problemas relacionados ao ensino de geografia e a prática docente. O gráfico abaixo indica uma inadequação da carga horária do professor em sala de aula e da falta de tempo nacessário para o planejamento adequado das aulas de geografia. Figura 1- Carga horária de trabalho dos professores do IEED- Vitória da Conquista – BA Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O. Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010. A carga horária dos professores da instituição em questão, são de 40 (quarenta) horas semanais, portanto, é pesada e como se sabe, o trabalho docente é estafante, requer um esforço oral e mental intenso do profissional, contudo, a opção por uma carga horária tão extensa se deve aos baixos salários da categoria, que obrigam os docentes a se submeterem a essa jornada para uma maior qualidade de vida e manutenção das necessidades básicas. Com o excesso de trabalho, contudo, não sobra tempo para planejar melhor as aulas e para uma constante capacitação e aprimoramento das atividades educativas do professor em sala de aula. A profissão ainda é desvalorizada no contexto das atividades produtivas, o que dificulta uma mudança no quadro problemático do ensino atual. Essa realidade inflexível da carga horária dos educadores no Brasil, sobretudo, os da rede pública de ensino, é um apontamento comum nas discussões desse tema, no entanto, não é correlacionado frequentemente nesse debate, o quanto implicador tal fato se torna para prática de ensino e a adequada escolha dos métodos e metodologias utilizadas para o desenvolvimento dos conteúdos. O planejamento das aulas de geografia devem ser pensados segundo o tempo das aulas e do próprio planejamento concatenados com uma atividade lúdica, elucidativa e totalmente vinculada à realidade vivenciada pelos discentes. Tal dificuldade latente ao processo de educação, infelizmente é decorrente em todas as áreas do ensino, mas no tocante ao processo de elaboração das aulas de geografia, essa conjuntura problemática de distribuição adequada do tempo em sala de aula e do tempo de planejamento, se agrava ainda mais, na construção do saber geográfico, pois segundo os dados coletados da pesquisa, são ofertadas no ensino fundamental e médio da instituição escolar em questão, apenas duas e três aulas semanais de geografia respectivamente. O agravamento dessa problemática se explica pelo fato da geografia escolar do século XXI ser vista em suma, como sendo o estudo dos conceitos geográficos em associação estreitamente necessária a analise do cotidiano social, dos entraves econômicos, políticos, históricos e culturais que se combinam ou relacionam-se contraditoriamente no espaço habitado pelos discentes. Por essa razão, as escolhas do material didático e da metodologia a ser utilizada nas aulas de geografia, devem tanger a necessidade de explanação dos conteúdos geográficos relacionados ao cotidiano e as vivências dos discentes de maneira participativa, considerando objetivamente o tempo da aula e os recursos didáticos e tecnológicos utilizados pelo professor. Pois, tais escolhas, implicam na compreensão e construção do saber dos sujeitos sociais em processo de aprendizagem. O gráfico abaixo revela a importância dos recursos didáticos para a facilitação da aprendizagem, segundo a opinião dos docentes e discentes do (IEED). Figura 2: Avaliação dos recursos didáticos na disciplina de Geografia do IEED – Vitória da Conquista. Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O. Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010. As considerações feitas acima demonstram que os recursos didáticos não são ignorados na prática docente dos professores de geografia, contudo, o que pode ocorrer com a realização da aula por meio dos recursos utilizados, é a incompletude do cumprimento dos objetivos dos recursos pensados durante o processo de aplicação do mesmo pelo educador. Essa deve ser uma discussão em pauta quando reflexões forem propostos acerca dos recursos didáticos utilizados pelos docentes. O gráfico abaixo mostra como tais recursos são aplicados e geridos nas aulas de geografia, segundo os discentes do (IEED): Figura 3: O cumprimento dos objetivos dos recursos didáticos no (IEED) Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O. Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010. Como confere os dados acima, existe nas aulas de geografia do (IEED), o uso acentuado das transparências como recurso de projeção, seguido da exibição, análise e interpretação de mapas, o que expõe com evidência, o bom desempenho dos professores de geografia dessa instituição e o interesse dos mesmos em aproveitarem amplamente os recursos disponíveis na escola. Da mesma forma, os dados acima ainda mostram que, a maioria dos trabalhos realizados nas aulas de geografia pelos professores dessa instituição, contemplam os objetivos incumbidos na utilização dos recursos selecionados, de maneira completa. Contudo, o mais relevante na prática didático pedagógica de tais professores a esse aspecto, é o intuito de correlacionar os temas geográficos a sua localização ou a dimensão dos fenômenos estudados nos lugares que se realizam. Esse é um exercício fundamental para os discentes e deve ser uma habilidade intensamente estimulada na aprendizagem dos conteúdos geográficos. Entendendo que a atenção dispersada ou dedicada dos estudantes durante a construção e assimilação do saber, também se constitui um entrave comprometedor nas aulas de geografia, bem como, ao andamento de qualquer outra disciplina. Adentrando em outra discussão acerca desse tema, foi questionado aos discentes do (IEED) acerca do comportamento dos mesmos nas aulas de geografia. A esse respeito o gráfico abaixo demonstra: Figura 4: O Comportamento dos discentes nas aulas de Geografia do IEED Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O. Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010. Os dados adquiridos mostram que felizmente, 85% (oitenta e cinco por cento) dos questionados afirmaram obter uma postura atenciosa no momento das aulas de geografia, no entanto, não se pode descartar o incomodo e dificuldade atribuída a esse processo, por meio dos 10% (dez por cento) dos alunos que conversam durante as aulas e ainda, a ausência de 5% (cinco por cento) dos estudantes que não aproveitam as aulas para apreender por meio do ensino que é ofertado, os quais corresponderão estatisticamente no futuro, a parcela da população brasileira que não consegue correlacionar informações espaciais a um processo social. Essa informação configura ainda, outra questão pertinente a discussão do processo de ensino e aprendizagem da geografia, a qual isenta da responsabilidade do professor de geografia, a quase absoluta falta de formação geográfica de muitos estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas, por razão dessa postura inadequada, a qual não pode ser habitualmente correlacionada a escolha metodológica, a prática didáticopedagógica, a postura profissional do geógrafo ou mesmo dos recursos utilizados para as aulas, pois no contexto dessa realidade, o papel de investigação e participação ativa dos estudantes é somatório a uma gama de condições pré-estabelecidas da educação, para o desenvolvimento adequado da formação discente. Tal formação adquirida por meio da participação e envolvimento dos discentes às atividades escolares, corresponderá à melhor formação intelectual, cognitiva e perceptiva do aluno com relação à identidade do lugar a que pertence. A esse respeito, ressalta Callai: [...] a escola se apresenta como a possibilidade de busca/investigação e produção do conhecimento. Um conhecimento que sirva para a vida do aluno, tanto na perspectiva de se reconhecer como um sujeito que tem uma identidade e que perceba o seu pertencimento, tanto quanto um desenvolvimento cognitivo que lhe permita ler o mundo, trabalhar nele tendo as condições necessárias e viver de modo decente [...] (CALLAI, 1999, p. 1). Ao que concerne a impressão ou visão dos discentes do (IEED) a esse ambiente escolar, pode-se constatar que a relação dos alunos com essa instituição não é conflituosa. Esse espaço demonstra ser um ambiente de socialização importante para os estudantes, apesar de apenas 3% (três por cento) dos questionados gostarem das aulas. O gráfico abaixo expõe: Figura 5: O ambiente escolar segundo os discentes do IEED Elaboração: SANTOS, Sandra Mª O. Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2010. A significação que o ambiente escolar possui para os estudantes, revela muito mais do que horas de qualidade que podem ser passadas ali pelos discentes, mas a escola se torna para eles, o espaço da identificação dos grupos, da construção de valores éticos e morais e o reconhecimento desse lugar de vivência pela comunidade escolar e mesmo pela comunidade que insere a escola. A esse respeito Callai reafirma: [...] a realidade, quer dizer o lugar onde se vive, deve ser conhecido e reconhecido pelos que ali vivem, pois conhecer o espaço, para saber nele se movimentar, para nele trabalhar e produzir, significa conseguir reproduzir-se também a si próprio, como sujeito. [...] (CALLAI, 1999, p. 1). Considerações finais Em suma, a presente pesquisa pode revelar que o profissional de geografia do (IEED) juntamente com a escola, tem apresentado boas práticas pedagógicas, na tentativa de minimizar o caráter tradicionalista da disciplina, bem como, a adequação do projeto político pedagógico (PPP) aos anseios dessa comunidade escolar na contemporaneidade. Esse artigo trouxe para a discussão educacional e para o debate acerca da prática de ensino de geografia, um posicionamento inovador, no momento em que discorre acerca da postura inadequada dos estudantes no processo de ensino aprendizagem, isentando dessa forma, a responsabilidade absoluta do educador aos resultados e qualificação do saber geográfico dos discentes, mediante as exigências da educação na atualidade. Referências CALLAI, Helena Copetti. O estudo do lugar como processo de pesquisa para a aprendizagem. Espaços da Escola, Ijui-RS, v. 31, p. 43-52, 1999. CAVALCANTI, Lana de Souza (Org). 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