Violão Orff: um instrumento para a interação

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Violão Orff: um instrumento para a interação
Bernardo Grassi
Resumo
O violão é uns dos instrumentos harmônicos mais utilizados em sessões de musicoterapia. Apesar do fato de
que o musicoterapeuta bem treinado é capaz de acompanhar seus pacientes com certa facilidade, muitas
vezes ele encontra dificuldades em utilizá-lo em contextos de improvisação musical. Isso acontece porque o
violão tem um mecanismo muito complexo e exige bastante estudo e coordenação motora para ser
executado. Assim, além das dificuldades que o profissional tem de superar no aprendizado desse
instrumento, é muito raro que o paciente tenha a oportunidade de tocá-lo e vivenciá-lo junto ao
musicoterapeuta – experiência que tem demonstrado ser extremamente importante para o tratamento do
paciente. Este artigo descreve os conceitos de um curso que foi dirigido a profissionais e estudantes ligados à
área da musicoterapia, e pretende demonstrar como transformar o violão em um instrumento acessível para a
prática musicoterápica em grupo e para a improvisação musical: o Violão Orff.
Introdução
As relações musicais que pacientes e musicoterapeutas estabelecem durante suas
sessões são fundamentais no desenvolvimento da terapia e podem acontecer de diversas
maneiras. Entre elas, gostaria de falar sobre aquelas que são desenvolvidas através de um
repertório proposto ou pré-estabelecido – seja pelo paciente ou pelo musicoterapeuta; e
aquelas decorrentes de jogos, brincadeiras ou exercícios que são direcionadas através da
improvisação musical.
Essas atividades podem ser desenvolvidas através de ações corporais, verbais e
musicais, entre outras; assim como podem acontecer mediadas pela voz ou qualquer outro
tipo de instrumento musical. Por intermédio dessas relações, o musicoterapeuta tem a
possibilidade de se conectar com o paciente e este pode encontrar na música – seja
cantando, ou tocando um instrumento musical – uma ferramenta para se expressar e
interagir com o mundo (Bruscia, 1999).
Apesar disso, quando o musicoterapeuta desenvolve atividades que envolvem o
acompanhamento de canções em um repertório qualquer, deve estar consciente de que não
é qualquer instrumento que cumpre o papel de realizar integralmente essa função.
Principalmente se o objetivo é proporcionar ao paciente uma experiência musical mais
completa. Assim, é desejável que ele domine pelo menos um instrumento harmônico e,
podemos dizer que, devido a sua portabilidade, baixo custo e importância em nossa cultura
o violão tem sido, ou tende a ser, uma boa escolha entre os musicoterapeutas em geral.
Existem muitos benefícios em proporcionar ao paciente a oportunidade de interagir
com o musicoterapeuta utilizando um instrumento musical. Através da improvisação, por
exemplo, as sessões de musicoterapia podem promover: a comunicação nas relações
interpessoais; a troca de idéias e sentimentos; a auto-expressão e; a realização do paciente1
(Prieto, 2003). Diferentemente do acompanhamento de canções, na improvisação as
1
Para maior detalhes a respeito dos modelos de improvisação musical utilizados na musicoterapia ver
Bruscia (1999).
atividades são mais livres e dependem antes da criatividade do musicoterapeuta em utilizar
os instrumentos e técnicas adequadas aos seus propósitos do que da escolha do instrumento
mais indicado para a tarefa. Entretanto, se levarmos em conta o grande número de
variáveis que podem surgir quando pacientes e profissionais, munidos de instrumentos
musicais, interagem num contexto de improvisação musical, é possível que ambos
encontrem dificuldades em estabelecer um espaço ideal para se expressar.
Assim, seria interessante contar com um instrumento musical que pudesse ser
levado a todo lugar e, ao mesmo tempo, ser utilizado: no acompanhamento; na
improvisação musical e; também fosse acessível ao paciente. Pensando em tudo isso,
desenvolvi uma nova metodologia de uso para o violão com o objetivo de transformá-lo
em um instrumento flexível para a prática em grupo e para a improvisação musical.
Baseado em alguns aspectos presentes na metodologia de ensino da música de OrffSchulwerk (principalmente com relação à utilização de instrumentos preparados para a
improvisação em escalas pentatônicas), este artigo apresenta as idéias que fundamentaram
um curso oferecido aos alunos da Faculdade de Artes do Paraná no IX Encontro de
Musicoterapia, em setembro de 2008: o Violão Orff.
O Violão e o ‘instrumental Orff’
A idéia do Violão Orff surgiu durante a elaboração das diretrizes do Curso de
Musicalização Infantil da UFPR, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Beatriz Ilari, enquanto se
discutia a possibilidade de inclusão de aulas de violão no programa do ano letivo de 2008.
Nessa época, a disciplina de Conjunto Instrumental já fazia parte do programa do curso e,
como sua filosofia de ensino era baseada nos princípios do método Orff-Schulwerk, a
primeira idéia que me ocorreu foi adaptar o violão para integrar o conjunto e funcionar
como um “instrumento Orff”.
A pedagogia ativa de ensino da música desenvolvida por Orff-Schulwerk tem por
princípio básico a integração de atividades como a dança, a fala e a música e, apesar do
fato de que a obra publicada por Orff-Schulwerk seja considerada pouco explicativa a
respeito de sua metodologia, um de seus principais objetivos é desenvolver a criatividade
da criança (Forquin & Gagnard, 1982). Isso fica claro quando observamos a ênfase que é
dada às técnicas de improvisação e criação musical, e na maneira como os elementos
musicais são explorados progressivamente em sua obra (Fassone, 2001).
O trabalho idealizado por Orff-Schulwerk começa a partir do uso de escalas
pentatônicas e avança progressivamente para o sistema tonal. Obviamente, minha idéia
para o curso era facilitar o acesso ao instrumento, portanto é principalmente nessa primeira
fase que se concentrou a concepção do Violão Orff. Entretanto, como veremos adiante, um
dos principais objetivos do curso é ‘transformar’ o violão em um instrumento versátil e
preparado para ser utilizado com facilidade tanto em contextos de improvisação, como de
acompanhamento. Assim, pode-se dizer que o conceito do Violão Orff também gira em
torno dessa dinâmica ‘pentatônico-tonal’.
Escalas pentatônicas
O termo pentatônico é aplicado a um sistema musical caracterizado pelo uso de
escalas de 5 notas, que também são bastante conhecidas por não apresentarem semitons:
anhemitonic (por exemplo, a escala: dó – ré – mi – sol – lá). Entretanto, suas origens e
manifestações estão ligadas às tradições de inúmeras culturas como, por exemplo, a da
cultura chinesa, indonésia ou africana. E, assim como sua recorrência em muitas culturas
distintas a faz quase que um fenômeno universal dentro da música, elas também podem ser
formadas ou utilizadas de variadas maneiras (Day-O'Connell, 2001). Por exemplo, o
sistema pentatônico chinês é baseado em um universo de doze 5as justas cujas escalas
resultantes giram em torno de um centro (ou ‘tônica’, veja a figura 1). Além disso, as notas
presentes entre as duas 3as da escala ainda podem ser utilizadas como ornamento (veja a
figura 2).
Figura 1. Ciclo de 5as justas.
Figura 2. Escala gong chinesa. As figuras entre parêntesis representam as notas que
podem ser utilizadas como ornamento.
Um dos motivos pelos quais algumas escalas pentatônicas são bastante utilizadas
na improvisação musical é, justamente, o fato do trítono não estar presente em sua
formação (Wisnik, 1989). A ausência do trítono (ou de semitons, como vimos atrás) ‘evita’
as dissonâncias encontradas no sistema tonal e permite que as combinações sonoras
resultantes nesse sistema, que também é modal, ‘funcionem’ com mais facilidade.
Entretanto, como dissemos, o método Orff começa baseado em escalas
pentatônicas e gradualmente vai incorporando as outras escalas conforme o aluno evolui
no curso. Por conta disso, o instrumental Orff é preparado de forma que se possa oscilar
entre escalas pentatônicas e diatônicas conforme seja necessário. Por exemplo, o xilofone,
instrumento de percussão característico dos ‘conjuntos Orff’, é formado por lâminas de
madeira que abrangem todas as notas da escala natural diatônica (dó – ré – mi – fá – sol –
lá – si). Conforme há a necessidade de montar essa ou aquela escala pentatônica as lâminas
podem ser retiradas, facilitando o desempenho do aluno – ou do paciente – junto ao
instrumento.
Para nós isso é importante porque demonstra exatamente como o sistema
modal/pentatônico pode ser adaptado rapidamente para o sistema tonal (característica que
também pode ser explorada no Violão Orff). Por exemplo, o xilofone vem construído com
a escala natural de Dó maior. Num contexto tonal, podemos usar o instrumento tanto em
Dó maior como em seu tom relativo menor natural (lá). Se retiramos as lâminas
correspondentes às notas fá e si, ainda obtemos a pentatônica de Dó maior (dó – ré – mi –
sol – lá) e sua relativa, lá menor (lá – dó – ré – mi – sol). Isso torna possível que se possa
tocar o xilofone em contextos tonais ou modais.
Além de o xilofone ser construído com a escala de Dó maior, esses instrumentos
costumam ser fabricados com as lâminas sobressalentes de: si bemol e fá sustenido, o que
permite que suas possibilidades se expandam para os tons de Sol e Fá maior e seus
relativos menores, respectivamente2. Como um dos maiores objetivos do curso era
justamente integrar ações e instrumentos em sessões de musicoterapia, a escolha das
afinações para o violão foi feita baseada em suas características mecânicas, mas também
de acordo com os tons e escalas pentatônicas utilizadas normalmente no instrumental Orff.
Violão Orff: transformando o instrumento
A afinação padrão do violão, como é utilizada na maioria dos gêneros musicais, é
baseada em 4as justas (com exceção da afinação da 3ª para a 2ª corda, conforme demonstra
a figura 3).
O desenho representa os
nomes das cordas soltas do
violão, conforme ele é
afinado. As cordas
posicionadas mais à direita
são as mais graves e se
chamam, respectivamente:
mi (6ª corda); lá (5ªcorda);
ré (4ª); sol (3ª); si (2ª); e mi
(1ª corda), a mais aguda e
posicionada á esquerda.
Figura 3. Afinação padrão do violão.
Esse tipo de afinação favorece tanto a formação de acordes para o
acompanhamento, como a execução de escalas no instrumento. Entretanto, seu
funcionamento acontece de forma que é necessário que o violonista prepare anteriormente
as notas que deseja dedilhar com a mão direita, pressionando o braço do instrumento com
2
Repertório e exercícios específicos para “instrumental Orff” podem ser encontrados em livros como:
Música elementar para crianças: arranjos de canções infantis brasileiras para instrumentos Orff, de Luís
Boursheidt (2007) e 1º Grau - Curso de pedagogia musical, de Jos Wuytack (2007)
a mão esquerda. Isso exige que o músico tenha muito treino e coordenação motora, fato
que dificulta extremamente a sua execução e que, de certa forma, tem mantido a maior
parte dos pacientes afastados do instrumento.
A saída que alguns musicoterapeutas têm encontrado para resolver esse problema é
preparar acordes com a mão esquerda e deixar que seus pacientes dedilhem o violão, o que
parece ter um efeito bastante positivo. Entretanto, tenho sentido que quando alunos,
pacientes – e mesmo alguns musicoterapeutas – podem empunhar e tocar o violão, eles
mesmos, seu entusiasmo e confiança parece crescer bastante.
Apesar de alguns violonistas ignorarem o fato, o violão costuma ser afinado de
diversas maneiras, dependendo do gênero musical ou dos objetivos que o compositor tem
mente. Dessa forma, uma das possibilidades de transformação que considerei inicialmente
foi afiná-lo como uma escala pentatônica, mas isso iria restringir sua ação a 5 notas e,
praticamente, impossibilitá-lo de ser usado para o acompanhamento de melodias.
Pensei então que poderia afiná-lo como um acorde (tríade), de modo que o paciente
pudesse apenas resvalar a mão nas cordas e já estaria ‘tocando’. Esse modelo de afinação é
bastante utilizado no blues e se mostrou o mais adequado para a proposta, já que não
dificulta a formação de acordes e ainda pode ser usado para improvisar melodias com
relativa facilidade. Além do mais, a afinação por acordes já contém em si três das cinco
notas necessárias à formação da escala pentatônica (a tônica, a terça e a quinta do acorde).
Definido que a afinação do violão deveria ser formada por um acorde, faltava
determinar qual seria o tom mais adequado. Dentro dos principais tons utilizados no
“instrumental Orff”, o tom de Sol maior é o que apresenta a melhor relação com o violão.
Isso acontece porque não é preciso alterar radicalmente a afinação padrão do instrumento
para obtê-la (veja o exemplo na figura 4). Dessa forma, as cordas também mantêm sua
tensão padrão e as características de timbre e dinâmica do instrumento são preservadas.
Além disso, ainda contamos com a tônica e o quinto grau da escala de Sol maior nos
baixos, o que facilita bastante o acompanhamento de melodias no instrumento (ver figura
4).
Note como a afinação original (mi – lá – ré – sol – si – mi) se transforma na nova
afinação em G com facilidade. Só é necessária a afinação de 3 cordas para obter o
acorde de G e, mesmo assim, não é preciso mudar nenhuma corda em mais que um
tom.
Exercício: Peça a dois colegas que afinem seus violões no tom de sol e se juntem a
você num exercício de improvisação baseado no gamelão da Indonésia. O primeiro
violão deve tocar nas notas graves do violão, de maneira bem lenta. O segundo, nas
cordas médias, um pouco mais rápido, e o terceiro, num ritmo mais acelerado ainda,
toca nas cordas agudas do violão. Apesar de não obtermos todas as 5 notas da escala
pentatônica de sol, é possível ter uma boa idéia de como o violão pode ser trabalhado
em exercícios de improvisação livre (Exercício adaptado de Howard, 1991).
Figura 4. Afinação em G.
Isso não significa, entretanto, que não possamos afinar o violão em outros tons.
Basta que o musicoterapeuta defina o acorde que representa o tom com o qual deseja
trabalhar e ajuste sua afinação movendo as cordas o mínimo possível. Suponhamos, por
exemplo, que desejássemos tocar alguma canção em sol menor. Seguindo o modelo dado
em sol maior, bastaria que afinássemos a segunda corda em si bemol e teríamos um acorde
menor (veja o exemplo na figura 5):
Figura 5. Afinação
em sol menor.
Acompanhamento e interação
Definida a forma como o Violão Orff seria afinado, restava saber como poderia ser
realizado o acompanhamento no instrumento. No violão, os acordes são montados de duas
maneiras distintas: acordes que apresentam cordas soltas e acordes que não apresentam
cordas soltas em sua formação.
Acordes que não apresentam cordas soltas em sua formação (de transposição)
podem ser transportados para diferentes alturas no braço do violão. Como eles mantêm
sempre a mesma formação, basta que eu suba ou desça tons e semitons para obter outro
acorde do mesmo tipo. Por exemplo, podemos aproveitar o acorde de G (I – tônica de sol
maior) e transpô-lo para C (IV – subdominante de sol maior) ou para D (V – dominante de
sol maior), fazendo pestanas (ou seja, pressionando todas as cordas do violão na mesma
casa, com o dedo 1 – o indicador da mão esquerda. Veja a figura 6):
Figura 6. Exemplos de acordes de transposição com pestana. As pestanas são
indicadas pelas setas. A pestana sobre o acorde de C deve ser posicionada na
5ª casa do violão e a pestana sobre o acorde de D, na 7ª casa.
Os acordes de transposição com pestana oferecem bastante facilidade para o
violonista, mas não são capazes de cobrir toda a variedade harmônica presente no sistema
tonal. Por exemplo, como a pestana sempre forma um acorde maior, não é possível tocar
acordes menores com essa técnica (apesar de que ela funcione muito bem em canções que
usem os graus I, IV e V de um tom maior). Apesar disso, também podemos montar acordes
de transposição sem pestana. Basta que utilizemos os 4 dedos da mão esquerda (1, 2, 3, 4)
para formá-los e os 4 da mão direita (p, i, m, a) para tocá-los, como pode ser visto na
figura 7:
Figura 7. Exemplos de acordes de transposição sem pestana (O (x) indica as
cordas que não devem ser tocadas). Como só utilizamos 4 notas na formação de
cada acorde e quatro são os dedos que usamos para tocar violão em cada uma de
nossas mãos, é possível transportá-los através do braço do instrumento com facilidade.
Acordes que contêm cordas soltas são, por outro lado, mais fáceis de serem
executados. Entretanto, nem sempre podem ser transpostos, o que implica que o
profissional tem a necessidade de conhecê-los bem se pretende utilizá-los (veja a figura 8):
Figura 8. Exemplos de acordes formados com cordas soltas.
As possibilidades de formação de acordes no Violão Orff são muito grandes. Isso
permite que o musicoterapeuta tenha um grande leque de opções para ser utilizado em suas
sessões. Além disso, com algum esforço, muitos pacientes podem se beneficiar das
facilidades presentes neste método, de forma que também seja possível que eles interajam
no acompanhamento de algumas canções.
Escalas e improvisação
Quanto à improvisação através do uso de escalas, como vimos no exercício do
gamelão, é possível realizá-la utilizando apenas as cordas soltas do violão. Além disso, o
musicoterapeuta também pode criar diferentes nuances de acompanhamento enquanto seu
paciente improvisa, através de mudanças na harmonia. Dependendo dos objetivos do
tratamento e da evolução do paciente com o instrumento, gradativamente podem ser
introduzidas as notas restantes das escalas pentatônicas, ou até mesmo da escala diatônica,
como exemplificado na figura 9:
Figura 9. Modelos de escala pentatônica e diatônica,
respectivamente, no violão.
Na verdade, não há limites para as possibilidades de combinações musicais
resultantes. Como vimos, o violão pode ser afinado em tons maiores ou menores, com
pequenas modificações; pode ser utilizado em conjunto com “instrumentos Orff”; a
afinação em acordes possibilita que o paciente possa fazer acompanhamentos e melodias e;
com um pouco de criatividade contextos musicais mais complexos também podem ser
elaborados. Por exemplo, o trecho da música exemplificada abaixo foi retirado de uma
composição que escrevi enquanto desenvolvia o método para o Violão Orff (figura 9,
Grassi, 2008):
Figura 9. Hacienda.
O acompanhamento que aparece nos compassos pares pode ser realizado
constantemente pelo paciente (ver figura 10), enquanto o musicoterapeuta toca a melodia e
os baixos do acompanhamento (ver figura 11):
Figura 10. Hacienda. Acompanhamento feito pelo paciente. O acompanhamento pode ser feito com o indicador (i) ou o polegar (p)
da mão direita, arpejando os acordes. Só são utilizados dois acordes, cujos modelos estão exemplificados na figura 8.
Figura 11. Hacienda. Solo e baixos. Usualmente, utilizam-se os dedos indicador (i) e médio (m) para tocar melodias e o polegar (p)
para os baixos. Todas as notas aqui escritas são cordas soltas.
Conclusões
Apesar do fato de que a afinação do violão em uma tríade possa parecer uma
solução simplista para o problema da integração do instrumento em sessões de
musicoterapia, ela tem se mostrado bastante eficiente em sua aplicação. Dar ao paciente a
simples oportunidade de empunhá-lo e produzir alguns sons “harmoniosos” pode trazer
muito mais benefícios do que imaginamos. Isso ficou bem claro para mim quando
introduzimos o Violão Orff no conjunto instrumental do Curso de Musicalização Infantil
da UFPR. Algumas vezes nós separávamos as turmas para poder ensinar algumas técnicas
do instrumento e, tanto nessas situações como quando escolhíamos quem iria tocar o
violão, era comum que nossos alunos quase brigassem para serem os escolhidos.
Este artigo representa apenas as linhas gerais que me levaram a desenvolver o
conceito do Violão Orff. Se não é possível que ele possa ser inserido e utilizado em todas
as situações em que um violão é necessário em sessões de musicoterapia, pelo menos
acredito que se suas diretrizes podem fornecer uma ferramenta útil e facilitadora do
trabalho do musicoterapeuta com esse instrumento.
Referências bibliográficas
Bourscheidt, L. (2007). Música elementar para crianças: arranjos de canções infantis
brasileiras para instrumentos Orff. Curitiba: DeArtes - UFPR.
Bruscia, K. E. (1999). Modelos de Improvisación em Musicoterapia. Espanha: Agruparte
Vitoria Gasteiz.
Day-O'Connell, J. (2001). Pentatonic. Grove Music Online, ed. L. Macy. Acessado em 11
de setembro, 2008, disponível em: http://www.grovemusic.com
Fassone, A. (2001). Carl Orff. Grove Music Online, ed. L. Macy. Acessado em 11 de
setembro, 2008, disponível em: http://www.grovemusic.com
Forquin, J.-C., & Gagnard, M. (1982). A música. In L. Porcher (Ed.), Educação artística:
luxo ou necessidade (pp. 67-100). São Paulo: Summus.
Grassi, B. (2008). Hacienda. Em O pião entrou na roda: cantos e contos de todos os
cantos [CD]. Curitiba: DeArtes - UFPR.
Howard, J. (1991). Aprendendo a compor. Rio de Janeiro: Joerge Zahar Ed.
Prieto, O. V. (2003). Musicoterapia de improvisación. In C. A. F. C. A. España (Ed.),
Programa de formación para mediadores en musicoterapia y discapacidad:
Musicoterapia 2002 (pp. 157-162). Madrid: Inter-Social.
Wisnik, J. M. (1989). O som e o sentido. São Paulo: Companhia das Letras.
Wuytack, J. (2007). 1º Grau - Curso de pedagogia musical. Porto: Associação Wuytack de
Pedagogia Musical.
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