Reciclagem de Resíduos e o seu Reaproveitamento na Indústria Março 2009 Eng.Químico Gilson Luís Machado Grupo Renova Sumário A geração de Resíduos Industriais (minimização /P+L) Setor Metal Mecânico / Fundições / Siderurgia /Química e Petroquímica / Curtumes e Couros Processos de Reciclagem (Pós Metálicos / Coprocessamento / reciclagens diversas) Geração de produtos com Valor Agregado (Briquetes) Resultados esperados A Geração de Resíduos Objetivo Geral: Minimizar a geração de resíduos industriais, utilizando técnicas de Produção Mais Limpa (P + L) e não apenas tratamentos de “fim de tubo” (“end of pipe”). Objetivos Específicos Desenvolver metodologias focadas na não geração de resíduos Segregar o máximo possível os resíduos e/ou efluentes gerados Utilizar sempre que viável os 3 R’s (Reuso, Reaproveitamento e Reciclagem) Identificação de Possibilidades Identificar e quantificar todos os resíduos (diretos e indiretos) nos processos industriais. Avaliar as condições de reaproveitamento, reuso ou reciclagem para cada um deles. Buscar sempre que possível a destinação final para os resíduos gerados Objetivar a eliminação de passivos ambientais e o término da co-responsabilidade sobre os resíduos gerados Geração de Resíduos por Setor Industrial Setor Metal Mecânico : Borras de Retífica, Mantas filtrantes, Pós metálicos do corte de chapas (laser, plasma, oxicorte), pós de jato de granalha de aço, pós de jateamento com microesferas, pós de lixamentos e polimentos, pós de varrição, lodos galvânicos, lodos de ETE, borras oleosas, emulsões oleosas, borras de tinta, resíduos diversos contaminados (Epi’s,plásticos,papelões, bombonas, tambores) Resíduos com Valor Agregado Sucatas de Ferro e aço, sucatas de metais não ferrosos (cobre, bronze, latão, alumínio, aços inoxidáveis), limalhas e cavacos (ferro fundido, aço, alumínio e outros) Papéis, papelões, plásticos, madeiras (pallets e estrados), vidros – Não contaminados Alguns tipos de Lodos quando perfeitamente segregados. Ex: Lodo com Níquel (que após industrializado, é reaproveitado na forma de sulfato de níquel ou sulfamato de níquel). Exemplos de Resíduos Cavacos e Limalhas Resíduos Industriais Sucatas de Forjaria Resíduos Industriais Sucatas de Estamparia (pacotes): Resíduos Industriais Sucatas de Oxicorte : Resíduos Industriais Fundições : Areias de fundição (verde, fenólicas, Shell, furânicas, bentonita), pós de exaustão, pós de rebarbação, pós de esmerilhamento, pós de ciclones e diversos pós metálicos de processamento Siderurgia : Pós de Aciaria, Lamas de aciaria, carepas de forjaria e laminação de aços, borras de decapagem, lodos de tratamento de águas de processo Resíduos Industriais Setor Químico e Petroquímico : Solventes usados, borras oleosas, Lodo Perigoso de ETE, Borras e lamas de catalisadores, borras de bacias de decantação Setor Curtumes e Couros : Aparas de couro contaminadas (cromo), Lodo de ETE com metais pesados. Processos de Reciclagem Cada tipo de resíduo exige uma condição específica para sua reciclagem. A solução ideal, perfeita, é a união entre a melhor tecnologia disponível, aliada à um custo compatível, buscando a sustentabilidade e o atendimento a todos os requisitos legais que são exigidos. Nem sempre isso é possível.Qual a solução então ? A solução pode estar em buscarmos alternativas muitas vezes óbvias, mas que para isso, requer criatividade e principalmente atitude. Exemplos de Reciclagem Borras de retífica, pós metálicos do corte de chapas de aço, pós de lixamentos e polimentos, pós de exaustão, borras de decapagem, pós de jato de granalha, lodos contendo ferro em sua composição: Secagem (secador rotativo ou infravermelho) + ajustes granulométricos + ajustes químicos + briquetagem = NOVA MATÉRIA-PRIMA (BRIQUETES) Reciclagem de Pós Metálicos SECAGEM E AJUSTE GRANULOMÉTRICO PÓS METÁLICOS • Esta reciclagem consiste basicamente de um processo industrial de secagem e volatilização de umidade e líquidos livres, eliminando os contaminantes presentes para posterior ajuste químico e granulométrico. • O que era anteriormente “resíduo” é transformado num pó metálico, absolutamente seco e com características físico-químicas prédeterminadas. Após este processo, o material é enviado à planta de briquetagem. BRIQUETAGEM Reciclagem de Pós Metálicos CONTROLES • BRIQUETAGEM Na planta de briquetagem, são feitos os controles e ajustes dos lotes, supervisionados por Eng. Metalúrgicos que determinam quais as condições de trabalho e controlam a qualidade dos briquetes a serem fornecidos. PRODUTO Reciclagem de Pós Metálicos VOLTA AO PROCESSO • DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Finalmente estes briquetes são destinados à Cias Siderúrgicas, Aciarias ou Fundições para fabricação do aço novamente, contribuindo assim para um desenvolvimento sustentável, sem que para isto seja necessário grandes investimentos ou desembolso financeiro. BRIQUETES Processamento de Briquetes nos Fornos (FEA) Auto Redução dos Briquetes Reaç Reações que originam os reagentes para a reduç redução do óxido de ferro Piró Pirólise do redutor – CO, CO2,H2,CnHn. Reaç Reações de reduç redução do óxido de ferro 3Fe2O3 + 3C = 2Fe + 3CO 3Fe2O3 + CO ou H2 = 2Fe3O4 + CO2 + H2O 3Fe3O4 + CO ou H2 = 6FeO + 2CO2 + H2O FeO + CO ou H2 = Fe + CO2 + H2O Gaseificaç Gaseificação do redutor C + CO2 = 2CO H2O + C = H2 + CO Briquetes – Valor Agregado Busca de um processo de recuperação dos metais encontrados em resíduos industriais Ciclo perfeitamente sustentável – O resíduo é transformado em matéria-prima e volta à indústria sob a forma de BRIQUETES Eliminação de passivos ambientais e a geração de um produto com valor agregado, que será utilizado novamente junto com outras matériasprimas (sucatas, ferro gusa, retornos) Co-Processamento É o termo que se utiliza para o processamento de resíduos em fornos de cimenteiras, na fabricação do clínquer. É utilizado como agente combustível, quando possui poder calorífico ou ainda como matéria-prima, em alguns casos. Alguns resíduos: Borras de Tinta, Borras oleosas, solventes usados, resíduos “blendados” com poder calorífico definido (plásticos, borrachas, papéis, papelões, embalagens, espumas e outros resíduos contaminados picados e misturados) Co-Processamento Co-Processamento Reciclagem de Lodo Galvânico Processo Plasma (IPT-SP) = Matriz vítrea inerte, porém com a desvantagem de não ser destino final, nem recuperar a maior parte dos metais nele contido. Processo Eletroquímico (Unicamp) = Oxidação em filtro prensa onde as placas são os próprios reatores e os anodos são placas de titânio revestidos com os óxidos metálicos que se quer recuperar (Ni, Cu e Zn) e os catodos são esponjas de carbono vitreoreticulado. Reciclagem de Lodo Galvânico Processo Eletroquímico transforma os íons metálicos dissolvidos nos banhos em metais novamente. Os íons depositam-se no catodo, onde permanecem em estado reduzido e a água é oxidada no anodo, o metal que se quer recuperar fica retido na esponja de carbono, nos seus retículos. Reciclagem de Lodo Galvânico Reciclagem de Madeiras Os pallets e estrados de madeira, que não puderem ser recuperados, devem ser reciclados, de forma que gerem novos produtos e sejam reinseridos no mercado novamente. Ex: Briquetes de madeira combustível (combustível limpo, renovável, com maior poder calorífico, maior valor agregado e menor geração de fumaça preta. Reciclagem de Madeiras Reciclagem de Madeiras Reciclagem de Sucata Eletrônica Tipo de resíduo que apresenta alto crescimento em sua geração, o chamado “e-lixo” ainda requer soluções definitivas (recuperação dos metais contidos nas placas) e não soluções paliativas (moer apenas). Planta de recuperação em Hoboken (Bélgica) e na Indonésia e China (campo elétrico de alta voltagem) Recuperação de metais do Grupo Paládio, Platina, Ouro, Prata, Índio, Rutênio, Selênio, Gálio e outros metais de alto valor agregado. Esses metais também estão presentes em catalisadores automotivos. Reciclagem de Sucata Eletrônica Reciclagem de Sucata Eletrônica Tipo de Material Óxido de Silício (SiO2) Plásticos Fe (Ferro) Al (Alumínio) Cu (Cobre) Pb (Chumbo) Zn (Zinco) Sn (Estanho) Ni (Niquel) Ba (Bário) Mn (Manganez) Ag (Prata) Ta (Tântalo) Be (Berilio) Ti (Titânio) Co (Cobalto) Sb (Antimônio) Cd (Cádmio) Bi (Bismuto) Cr (Cromo) Mercúrio (Hg) Ge (Germânio) In (Indio) Au (Ouro) Ru (Rutênio) Se (Selênio) Ga (Gálio) As (Arsênio) Pd (Paládio) % do Peso Total 24,8803 22,9907 20,4712 14,1723 6,9287 6,2988 2,2046 1,0078 0,8503 0,0315 0,0315 0,0189 0,0157 0,0157 0,0157 0,0157 0,0094 0,0094 0,0063 0,0063 0,0022 0,0016 0,0016 0,0016 0,0016 0,0016 0,0013 0,0013 0,0003 Uso/ Localização Vidro, componentes de estado sólido, CRT (tubo de raios catódicos), PWB (printed wiring board) Gabinete, componentes plásticos Estrutura metálica, aço Gabinete, conectores CRT (tubo de raios catódicos), PWB (printed wiring board) Juntas metálicas, Blindagem/filtro de radiação Bateria, emissor de fósforo, PWB (printed wiring board) CRT (tubo de raios catódicos), PWB (printed wiring board) PWB (printed wiring board) CRT (tubo de raios catódicos) Condutividade/PWB, conector Condutividade/PWB, conector Capacitores/PWB. Suprimento de energia Condutividade Térmica, PWB (printed wiring board) Pigmentos, Agente de Formação de Liga Estrutural, Magnetividade (Aço) PWB Diodo/Caixa, CRT (tubo de raios catódicos), PWB (printed wiring board) Bateria, Fósforo Verde PWB, CRT Filmes, PWB (printed wiring board) Decorativo, Endurecedor(Aço) Batteries, switches, gabinete, PWB (printed wiring board) Semicondutores, PWB (printed wiring board) Transistores, Retificadores/PWB Conectores, PWB (printed wiring board) Circuitos Resistivos, PWB (printed wiring board) Retificadores, PWB (printed wiring board) Semicondutores, PWB (printed wiring board) Componentes de transistores, PWB (printed wiring board) Estrutural, PWB (printed wiring board) Reciclagem de Sucata Eletrônica Reciclagem de Sucata Eletrônica Taxas de reciclagem para fabricantes de produtos eletrônicos para financiar a reciclagem dos mesmos após o descarte No Japão, as taxas podem variar de US$ 23,00 à US$ 43,00 por equipamento vendido Incentivos governamentais para atrair investimentos nessa área, visto que os custos de implantação de uma Unidade de Reciclagem são altos Reciclagem de Areias de Fundição Processo Mecânico – Moedores, destorroadores e peneiras vibratórias com o objetivo de separar a resina que envolve o grão de areia. É o método + barato, mas possui limitações de uso e quantidade recuperada. Processo Térmico - Fornos para aquecimento e volatilização das resinas. Processo mais caro, de maior eficácia do que os processos mecânicos, porém com geração de emissões, as quais devem ser controladas e tratadas, encarecendo o custo de reciclagem. Ex: Regenerador Térmico de Atmosfera controlada (Svedala Faço) Reciclagem de Areias de Fundição Processo de Lavagem : Possui bom rendimento e eficácia, porém exige estrutura grande (tanques, ETE para tratamento da água, secadores, silos). Processo “ideal” porém de alto custo para implantação, o que normalmente não justifica o investimento para uma empresa geradora apenas. Ex: Huber Technology Existem vários processos, como o Fenton por exemplo (tratamento químico). Reciclagem de Areias de Fundição Cenário Atual e Perspectivas: Descaracterização como resíduo (mudança nas normas, Grupo Trabalho ABIFA, representantes das empresas de Fundição, dos Órgãos Ambientais e Profissionais da área), visando a re-utilização das areias, após descaracterizadas , em processos de pavimentação, base, sub-base, incorporação em massa asfáltica. Caminho traçado atualmente, visto o baixo valor agregado do resíduo (areia de fundição). Reciclagem de Borra de Tinta Grande variação entre os diferentes tipos de Borra de Tinta dificulta o uso de um processo apenas. Cada caso é específico, o que dificulta a reciclagem em larga escala Criação de tintas à base de água e não de solventes (ecologicamente corretas, porém perdem o poder calorífico para co-processar) Reciclagem de Borra de Tinta Processo de Pirólise rápida : Transforma borra de tinta em óleo combustível e gás, através do aquecimento(450-550°C) da borra de tinta dentro de um reator, através de uma cinta metálica aquecedora, gerando gases, que vão para um flash onde se obtém óleo combustível líquido (BPF no fundo do tambor) e gás GLP (retirado pelo topo da unidade), que vai para um armazenamento, e através de um compressor volta para a fornalha, gerando um ciclo fechado de aproveitamento energético. É diferente de incineração pois gera novos produtos (gás e combustível). (UCS) Resultados Esperados Recuperação de metais (ferro e elementos de liga, especialmente) com alto valor agregado Geração de novos produtos com o objetivo de serem re-utilizados pela indústria Implementação de um ciclo sustentável virtuoso Não geração de passivos ambientais e como consequência, Evitar a poluição , através da contaminação dos solos, água e ar. Preservar os recursos naturais não renováveis. Agradecimentos A todos os profissionais da área ambiental pela valiosa colaboração e luta constante em prol da preservação ambiental. Obrigado ! Gilson Luís Machado Engº Químico (Grupo Renova)