Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE ANALISE DOS SOLOS URBANOS E SUA VULNERABILIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO TUCUNDUBA, BELÉM, PA. Rafaela Braga da SILVA Graduanda do curso de geografia da Universidade Federal do Pará [email protected] Luziane Mesquita LUZ Prof. MSc do curso de geografia da Universidade Federal do Pará [email protected] Franciney Carvalho da PONTE Prof. MSc do curso de geografia da Universidade Federal do Pará [email protected] Resumo O crescimento desordenado nos grandes centros urbanos gera problemas ambientais e sociais, tais como a falta de saneamento e a ocupação de áreas de riscos e vulneráveis a inundações como as áreas de várzeas de Belém. A vulnerabilidade pode ser descrita como uma condição em que o meio físico está vulnerável às pressões humanas. Frequentemente, estão presentes três fatores: exposição ao risco; incapacidade de reação; e dificuldade de adaptação diante da materialização do risco. A vulnerabilidade ambiental está ligada ao grau de susceptibilidade do ambiente a pressões de uso e ocupação do solo (ação antrópica). Onde o fator de uso e ocupação do solo sempre pesará mais que o fator natural. A vulnerabilidade abordada neste trabalho refere-se a ocupação e quais impactos causados por essa urbanização nos solos urbanos. Para possibilitar a ocupação e construção da estrutura física da cidade, foi pavimentando-se ruas, canalizando e retificando igarapés, seu entorno densamente ocupado, que por sua vez condicionam e modificam o curso natural dos rios. A pesquisa tem por objetivo estudar os impactos ambientais decorrentes da crescente urbanização nos solos da bacia do Tucunduba que engloba parte dos bairros do Guamá, Canudos, Marco, São braz, Terra Firme, Curió-Utinga e bairro universitário, onde reside cerca de 35 mil famílias, num total subestimados de 175 mil pessoas, é a segunda maior bacia urbana de Belém A problemática consiste em analisar as ações do homem considerado um agente geológico que modifica e “cria” o solo em que reside, e quais os impactos de suas ações modificadoras. Áreas que apresentam acelerado processo de urbanização estão sujeitas a terem seus ciclos hidrológicos, morfológicos e climáticos acelerados e alterados. Assim ficando sujeito a intemperes naturais, tais como enchentes, erosão e poluição da água. Palavra chaves: Solos Urbanos, ocupação desordenada e impactos ambientais. Abstract The uncontrolled growth in urban centers, creates environmental and social problems, such as lack if sanitation and the occupation of risk areas and vulnerable to flooding as the flood plains of Bethlehem. The vulnerability could be described as a condition where the physical environment is vulnerable to human pressures. Often are present three factors: exposure to risk; Reaction disability; and difficulty in adapting before the materialization of the risk. To Grigio (2010), environmental vulnerability is linked to the degree of susceptibility of the environment to use pressures and occupation (human action). Where the land use and load factor always weigh more or much more than the natural factor. The vulnerability addressed in this paper refers to occupation and what impacts of this urbanization in urban soils. To enable the occupation and building the physical structure of the city, it was up paving streets, channeling and correcting streams, its densely busy surroundings, which in turn influence and modify the natural course of rivers. The research aims to study the environmental impacts of increasing urbanization in Tucunduba basin soils, areas that have accelerated urbanization process are subject to having their hydrological, morphological and accelerated and changed climatic cycles. Thus being subject to natural intemperes such as floods, erosion and water pollution. The disorderly occupation of the area a priori was given by a low-income population in the 60 who sought the right to live in places that give accessibility to Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 132 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE service them, like trade and leisure jobs transport, wanting to be close to their jobs seconds Rodrigues (2000). Key words: urban land, disorderly occupation, environmental impacts. 1- METODOLOGIA A metodologia seguida para realização desta pesquisa pode ser entendida através das seguintes etapas: 1-Pesquisa bibliográfica: usamos como base os autores Peloggia (1998), Cursio, Lima, Giarola (2004) que fazem uma análise histórica da evolução das classificações dos solos urbanos; também se elaborou o histórico de ocupação da bacia do tucunduba, de acordo com Ferreira (1995). Também foram detectadas as várias formas de uso do solo e sua classificação, conforme Pivetta et al (2005), que é a analisa as categorias como: Edificações, Pavimentação, Cobertura Vegetal e Corpos Hídricos. 2- Tratamento de dados: se concentrou na elaboração dos mapas temáticos em escala de detalhe (1:25.000) referentes ao mapa de uso do solo, geológico, geomorfológico, drenagem e da vegetação da bacia, com imagens do satélite do sensor IKONOS de 2006, os mapas e layouts gerados, foram realizados através de Sistema de Informação Geográfica (SIG), notadamente nos softwares Integrated Land and Water Information System – ILWIS 3.5; ArcGIS e o ENVI. 3- interpretação e conclusões: essa etapa se baseou na análise dos dados obtidos, com a explicação dos mapas temáticos finalizados, assim como o diagnóstico dos gráficos de uso do solo da bacia, que nos permitiu analisar as diversas classes de uso do solo como: edificações (horizontais e verticais), áreas especiais, vegetação e canais urbanos. 2- REVISÃO LITERÁRIA 2.1- FORMAÇÕES DOS SOLOS URBANOS E SUAS CARACTERÍSTICAS A formação dos solos é resultante de alterações físicas e químicas dos minerais que formam a rocha, os solos em áreas urbanas possuem grandes modificações quanto a sua composição, que são resultantes das ações humanas. Segundo silva (2011), nas áreas urbanas não se pode identificar um solo propriamente dito, pois aterros, decapeamentos e impermeabilização descaracterizam o que se convencionou chamar de solo. Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 133 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE Muitos dos problemas urbanos vividos no Brasil são provenientes do processo de ocupação do solo, como os processos erosivos e inundações, problemas esses intensificados quando essa ocupação desordenada ocorre nas áreas de várzeas como é o caso da bacia do Tucunduba. Botelho (2007) expõem as alterações no ciclo hídrico gerados pela ocupação do espaço urbano, dando ênfase para a impermeabilização do solo, por conta, das edificações e pavimentações das vias. O homem já é visto como um importante agente geológico, e sua ação sobre o solo é significativa seja para fixar moradia como para agricultura, mineração entre outras, uma ação que ao longo do tempo se intensificou e em muitos casos aperfeiçoouse, onde o homem consegue modificar características pedológicas, até mesmo “criando” solos segundo Ladeira (2012) apud Ehlen et.al. (2005). A escolha da área de estudo teve como critério o perímetro urbano de Belém, área que fica na parte central da cidade com sua urbanização consolidada, neste processo de ocupação foram construídos as palafitas, e para promover o acesso da população, o local paulatinamente foi sendo aterrado, muitas vezes, com lixo, caroço de açaí, serragem e piçarra, as áreas urbanas consolidadas já perderam suas características naturais, pois a impermeabilização do solo e tão presente que o descaracteriza, de sua forma natural. Assim se deu o processo de surgimento dos solos urbanos na bacia, por conta da crescente urbanização e a necessidade de se aterrar a área, para que a população local possa se locomover e fugir dos alagamentos. Os processos pedogenéticos responsáveis pela formação e desenvolvimento do solo, são substituídos pela ação do homem que retira e adiciona materiais ao meio ambiente, é primordial que sejam desenvolvidos trabalhos para que se possa ter um padrão de informações para que esses solos sejam inseridos na classificação do solo de todos os países (SILVA 2011, p 66). Segundo Genz (1994), Com a crescente urbanização, o solo passa a ter grande parte de sua área revestida de cimento, como edificações, ruas, calçadas, etc., remodelando o comportamento da água superficial, reduzindo sua infiltração e aumentando o escoamento superficial. Assim os solos das áreas urbanas são formados através de inúmeros processos antropogênicos. As funções ecológicas destes ficam alteradas resultando em mecanismos como, por exemplo, impermeabilização dos solos. Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 134 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE 2.2- CLASSIFICAÇÕES DOS SOLOS URBANOS Curcio; Lima e Giarola (2004) indicam como definição de solos antrópizados, aos quais intitulam Antropossolos, o volume composto por várias ou apenas uma camada antrópica, desde que possua no mínimo 40 cm de espessura, formado por material orgânico e/ou inorgânico, em diferentes proporções, desenvolvido exclusivamente por ação humana, por cima de qualquer horizonte pedogenético, ou saprólitos de rocha, ou rocha não intemperizada. Em razão dessas amplas disparidades dos solos, que se faz necessário discutir e analisar os Tecnogênicos, como uma formar de organizar e facilitar a troca de informações sobre esta temática. O período do Teconógeno é resultado da ação humana e o meio “natural”, através da urbanização, mineração e das diversas atividades que se utilizam a técnica. A expressão Tecnogênicos é utilizada tanto na geografia como na geologia, já o termo Antropossolo é usado na agronomia, gerando aí uma divisão Antropossolo remete a transformações em área agrícola, Tecnogênico transformações em áreas urbanas. Peloggia (1998) descreve o conceito de “Tecnogênese”, como a união das ações antrópicas sobre a natureza que inclui modificações no relevo e na fisiografia da paisagem (relevo tecnogênico), na fisiologia da paisagem (mudança nos processos da dinâmica externa) e nos depósitos superficiais, assim a ação do homem concebe produtos como as novas formas de relevo e depósitos e modifica os processos geológicos e geomorfológicos. Tabela1- Classificação de depósitos tecnogênicos com base em diferentes autores. AUTOR DEPÓSITO TECNOGÊNICO ÚRBICO Fanning & Fanning (1989) apud Peloggia (1998) GÁRBICO CONSTRUÍDO ESPÓLICO DRAGADO CONSTRUÍDO Oliveira (1990) INDUZIDO MODIFICADO Composição Detritos urbanos como materiais de demolições Lixões e aterros sanitários Material resultante de terraplanagem Material dragado de cursos d’água Aterros Material oriundo de erosão após uso do solo e/ou desmatamento Material alterado por efluentes e adubos Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 135 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE LIXÍCOS DECAPÍTICOS Curcio; Lima Giarola (2004) e Materiais orgânicos ou inorgânico, nocivos ao ambiente Exposição dos horizontes dos solos, decapitados por ação humana Movimentação e mistura parcial ou total de solos. SÔMICOS MOBÍLICOS Volumes constituídos por ação humana depositados sobre os solos decapitados Fonte: os autores (2015). 3- LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A bacia do Tucunduba encontra-se a sudeste do município de Belém com uma área de 14.175m de extensão, engloba três distritos administrativos (DAGUA – Guamá, DABEN – Belém e DAENT – Entroncamento). Está localizada a 1º 26’ 4,7” de latitude e 48º 27’ 20,9” de longitude, coordenada de sua nascente, e possui 1.055ha, dos quais 575ha são áreas de "baixadas", correspondendo a 21% das áreas de várzea de Belém. (PMB, 2000). O igarapé do Tucunduba tem sua nascente na Tv. Angustura, 3579 entre as Avenidas Almirante Barroso e João Paulo II (bairro do Marco) e seu exutório na margem direita do Rio Guamá (bairro do Guamá), em área da Universidade Federal do Pará, sendo que ao longo de seu percurso sofre ainda com atividades antrópicas que tornam o igarapé bastante poluído a ponto de impedir o seu efetivo aproveitamento (SILVA, 2003). 3.1- HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO O processo de ocupação da bacia do Tucunduba data do final do século XIX e início do XX, Tucunduba nome de origem tupi guarani e significa “lugar de muitas arvores”. Em 1975 a fazenda Tucunduba que pertencia aos padres que foram expulsos quando ocorreu a reforma política, promovida por Marquês de Pombal, e doadas para a santa casa de misericórdia, no início do século XIX a santa casa de misericórdia organizou um abrigo para os hansenianos, o “Hospício dos Lázaros do Tucunduba” esse momento da ocupação tornou a área um espaço de reclusão social, e pouco ocupada. (RAMOS 2013). Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 136 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE Também se encontrava no local vacarias, carvoarias e hortas, apresentando uma densidade demográfica pequena, devido a cidade de Belém ter como núcleo irradiador do uso e ocupação em um terraço fluvial que não sofria com os alagamentos. Até final da década de 1960 a área era pouco adensada foi utilizada como uma deposito de lixo tanto material como social, isso na administração de Antônio lemos com sua política de saneamento, que pretendia limpar os centros da cidade. Já na década de 50 a presença das indústrias, serrarias e atividades comerciais na bacia. Com a população inicial de baixa renda que se adequavam em palafitas e estivas de madeira, seu adensamento populacional se deu com a organização dos moradores com a criação dos centros comunitários que exigiam melhorias na área por parte do estado, que tomou como umas das primeiras medidas o aterramento da área, esse aterro foi feito com lixo e outros detritos, como o caroço do açaí e serragem, assim gradativamente as palafitas deram lugar às alvenarias, as estivas as ruas (FERREIRA 1995). 4- A PRODUÇÃO DO ESPAÇO E USO DO SOLO NA BACIA DO TUCUNDUBA: Uma análise voltada à vulnerabilidade ambiental. Entende-se por espaço urbano as diferentes formas de uso da terra conectadas entre si, esses usos como: concentração de atividades comerciais, áreas residenciais, áreas industrias entre outras, este conjunto de usos do solo com suas diversas formas e conteúdo social, que podemos declarar de espaço urbano, esse espaço urbano é produzido por agentes sociais como: proprietários do meio de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, o Estado e o grupo social dos excluídos. Assim o espaço surge quando o homem o transforma através do trabalho, surgindo à segunda natureza que é o espaço produzido (CORRÊA 1995). A produção do espaço urbano ou segunda natureza, em Belém, reduziu consideravelmente as áreas de várzea do sitio primitivo, devido aos aterramentos, foi igualada as várzeas com cotas dos terraços baixos. Os igarapés foram transformados em canais retificados, alterando o leito e curso d’água, a cidade não usou a morfologia já existente, mas gerou seu próprio espaço com uma nova morfologia. A cidade capitalista tem como forte característica o crescimento populacional urbano que acarreta uma série de problemas urbanos como: falta de moradia adequada, esgoto, de água e de transporte, Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 137 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE a população mais atingida com esses problemas urbanos, são as de baixa renda que são obrigadas a morarem nas áreas de baixadas1 (FERREIRA 1995). O fato do homem ao longo de milhares de anos vir modificando seu ambiente, por meio da ocupação e crescente urbanização, acabou levando ao surgimento de uma quantidade crescente de volumes pedológicos, que não se parecem com os solos naturais, com isso a ocupação e uso do solo na bacia do Tucunduba apresentam como um fator importante para os moradores a disposição dos bairros, que estão próximos ao centro da cidade, porém não recebem assistência efetiva do estado, a população residente na área possui moradias precárias, sujeitas aos alagamentos. Para mapear e analisar o uso do solo na bacia do Tucunduba usamos como base a classificação utilizada por PIVETTA et all (2005), que evidencia categorias como: Edificações, Canais Urbanos e áreas verdes, presente nos bairros da Bacia. Essa classificação dos espaços adota, características físicas e sócio econômicas. Segundo a classificação de PIVETTA, o uso do solo está dividido em classes: Áreas Edificadas, tendo como subclasses as áreas edificadas horizontais, verticais e especiais; Corpos Hídricos; Cobertura Vegetal e Vias, tendo como subclasses as vias pavimentadas e não pavimentadas. Fez-se o mapeamento de cada classe todos se gerou gráficos para análise. Gráfico1- Uso do solo. Fonte: o autor (2015). 70.00 Dados de Uso do Solo na Bacia do Tucunduba 60.00 Canais urbanos Cobertura Vegetal Edificação horizontal Edificação vertical Área especial 63.51 50.00 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 0.95 9.52 0.30 12.33 12.33 0.99 vias pavimentadas vias não pavimentadas Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 138 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE Identificaram-se na bacia do tucunduba os seguintes valores para cada classe do uso do solo: 65,23 % áreas edificadas (horizontais e verticais), 16,07 % áreas especiais, 9,52 % de cobertura vegetal, 0,95 % para os canais urbanos e 15,98 % para vias (pavimentadas e não pavimentadas). Segundo PIVETTA et all (2005), as áreas edificadas são consideradas toda construção erguida acima do solo como casas, prédios, armazém, hospital, etc. Na bacia 65,23 % é área edificada, que se divide em áreas horizontais e verticais, onde na bacia, a maior parte das edificações é área horizontal característico da ocupação espontânea, assim a verticalização é pouco notada na bacia do tucunduba encontrada apenas nas unidades de terraços, como por exemplo, no bairro do Marco. As áreas especiais são constituídas do cinturão institucional, Universidade Federal do Pará (UFPA), parte da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), parte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Eletronorte, Hospital Universitário Barros Barreto, Universidade do Estado do Pará (Campus de Educação Física), Núcleo Pedagógico Integrado (NPI), Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) e o Cemitério Santa Izabel, onde o foco da análise se encaminhou para a UFPA, UFRA, MPEG e EMBRAPA, que tiveram suas ocupações em períodos e formas semelhantes e apresentam 16,07 % na bacia. A cobertura vegetal mapeada na bacia alcançou apenas 9,52% de cobertura vegetal, que interfere diretamente na qualidade de vida da população local. Segundo Luz et all (2014), o verde urbano pode ser representado por parques, praças e ruas arborizadas, que além de transmitir um microclima mais agradável, melhoram a estética da paisagem urbana e valorizam os espaços tanto do ponto de vista social quanto ambiental. Áreas verdes nas cidades são fundamentais para a preservação ecológica, porem a urbanização desigual e desenfreada, vem gerando o desaparecimento dessas coberturas vegetais na cidade. Do ponto de vista da susceptibilidade ambiental, a perda da vegetação é considerada por muitos estudiosos um grande problema ambiental, que acarreta em uma evapotranspiração insignificante, elevando a temperatura da cidade. A cobertura vegetal é um dos mais significativos fatores reguladores do processo erosivo, tendo em vista sua Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 139 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE função de preservação do solo. A cobertura vegetal mais relevante encontrada na bacia está localizada, nas áreas especiais como: (UFPA, parte da UFRA, MPEG e EMBRAPA). A vegetação é elemento fundamental no ciclo hidrológico, influenciando processos como a interceptação de água, a infiltração e o escoamento superficial, que estão diretamente ligados às condições do relevo e, consequentemente, às formas erosivas. Com a ausência da vegetação, as possibilidades de trajetória da água, além do escoamento e da infiltração, são praticamente eliminadas (BOTELHO, 2011). Realidade vivida pelos moradores na bacia com a carência da cobertura vegetal. Imagem: alagamento no canal da Vileta. OCanal da travessa Vileta transbordou com a chuva de quartafeira. Foto: Lucas Santiago da Silva/ VC no G1 PA A extensão de drenagem dos canais urbanos na bacia corresponde a 0,95 %, onde os mesmos foram modificados através de canalização ou retificação, que geram um aumento no escoamento superficial e como resultado as enchentes no local. Segundo Luz et al (2012), a evolução e consolidação da ocupação nas bacias urbanas de Belém evidenciou um quadro ambiental preocupante especialmente no período mais chuvoso do ano, quando os processos de alagamento e inundação vem promovendo diversos problemas para as populações que vivem nessas áreas, como Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 02, n. 04, p. 132-142. jul./dez. 2015. 140 Analise dos solos urbanos e sua vulnerabilidade ambiental na bacia do Tucunduba, Belém, Pa. DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n4p132-142 Rafaela Braga da SILVA; Luziane Mesquita LUZ; Franciney Carvalho da PONTE congestionamentos e paralisação no trânsito da cidade, inundações e vários outros. A bacia possui 14 canais: igarapé Tucunduba, Caraparú, Lago verde, 2 de junho, Mundurucus, Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa Cruz, Cipriano Santos, Vileta, União, Leal Martins, Angustura e Lauro Martins. A maior parte das vias na bacia encontrasse pavimentada com 14,99 %, essas ações foram realizadas pela prefeitura, e apenas 0,99% não pavimentada, isso nota como se intensificou o processo de impermeabilização do solo na bacia, também favorecendo as inundações. 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS A intensa urbanização na bacia provocam modificações no ciclo hidrológico, como as infiltrações e o escoamento superficial que geram a impermeabilização do solo e consequentemente as inundações na bacia, que são problemas sociais e ambientais grave para os moradores da área. O uso do solo como visto nos dados, vem alterando os aspectos naturais da bacia, que são agravados pela localização da mesma, que se encontra em áreas de planície, com altitudes baixas. Assim tanto as formas de uso do solo com a geomorfologia local, apresentam sua contribuição para os problemas socioambientais presentes na bacia. O estudo dos solos urbanos na bacia se faz importante pelo fato de maior parte da bacia, apresentar uma ocupação desregular, onde os moradores providenciarão o aterramento do local, com matérias diversos como: material orgânico, caroço de açaí, piçarra e serragem. Assim estudar esses solos da área possibilita um melhor conhecimento e análise de problemas ambientais e uma tentativa de melhorar esses problemas. REFERENCIAS: BOTELHO, R. G. M. Bacias hidrográficas urbanas. In: GUERRA, A. J. T. (Org.). Geomorfologia urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo: Editora Ática, 1989 (Série Princípios). CURSIO, LIMA, GIAROLA. Antropossolos: Proposta de Ordem (1° aproximação) – colombo, Embrapa Florestas, 2004. FERREIRA, C. F. 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