PLANO DE MANEJO DA RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO Regina Helena Pessoa Jaú Estado de São Paulo Abril 2013 Brasil Autor Regina Helena Pessoa, Bióloga, mestrado em Sistemas Agroflorestais, especialização em Educação Ambiental Equipe Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, administração de empresas, agricultor, gestor da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e coordenador do Projeto Curumim de Educação Ambiental Gabriel José Rodrigues dos Santos, geógrafo, especialização em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, técnico consultor na área de projetos socioambientais, planos de manejo de unidades de conservação, planos de ação para espécies ameaçadas, diagnósticos sócioeconômicos, gestão participativa de unidades de conservação, distribuição de espécies e planejamento ambiental Proprietários Maria Evangelina de Arruda Botelho Lászlò Maria Helena de Arruda Botelho Müller Carioba Maria Cecy de Arruda Botelho Elisa de Arruda Botelho Haller Maria Luiza de Arruda Botelho Teresa Cristina de Arruda Botelho Agradecimentos À família Arruda Botelho, especialmente a Antônio Carlos Botelho Müller Carioba por seu empenho e dedicação Aos pesquisadores que aportaram dados importantes para um melhor conhecimento do ecossistema da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e seu entorno A Cassio Vasconcellos, Paulo Guerra, Domènec Freixedes, Suzana Masetti, Jozrael Rezende, FATEC, APEsilk, Associcana e a todos que contribuíram com a elaboração do Plano de Manejo da RPPN, especialmente aos financiadores do projeto O Plano de Manejo foi realizado com apoio do Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica, coordenado pelas ONGs Conservação Internacional Brasil e Fundação SOS Mata Atlântica APRESENTAÇÃO O Brasil é um dos poucos países que ainda mantém uma boa parte de sua vegetação original e está entre as nações com o maior índice de biodiversidade em todo o mundo. Com o objetivo de conservar esse imenso patrimônio natural, o governo brasileiro vem estabelecendo complexas e amplas estruturas de planejamento, execução, monitoramento e fiscalização. Uma das medidas adotadas para proteger os espaços naturais e sua biodiversidade foi a criação de unidades de conservação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2011), as unidades de conservação têm protegido o patrimônio ambiental do Brasil desde 1934, com a criação da Floresta Nacional de Lorena (SP). Desde então, a área abrangida por unidades de conservação tem aumentado, especialmente nos últimos anos, resultando em quase 1,5 milhões de km², ou 16,6% do território continental brasileiro e 1,5% do território marinho. Toda essa área está protegida por um total de 310 unidades federais, 503 estaduais, 81 municipais e 973 RPPNs, dados consolidados até 10 de maio de 2011. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) foram estabelecidas no ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto n. 98.914, de 31 de janeiro de 1990, que dispôs sobre a instituição dessas áreas protegidas incidentes sobre a propriedade privada, por iniciativa do titular desta. Em 1996 esse Decreto foi substituído pelo Decreto nº 1.922, e em 2000, com a publicação da Lei nº 9.985 que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (SNUC), as RPPNs passaram a ser uma das categorias de unidade de conservação do grupo de uso sustentável. As RPPNs, as únicas unidades de conservação geridas pela iniciativa privada, representam o engajamento da sociedade, de forma voluntária, na implementação do SNUC e, por conseguinte, na conservação da biodiversidade brasileira. Em regiões onde restam poucas amostras da vegetação original, as RPPNs podem ser os últimos fragmentos originais ainda bem conservados existentes. Uma das normas estabelecidas pelo SNUC para as unidades de conservação é a elaboração de um plano de manejo, que definirá o que se pretende fazer na área, de maneira responsável, técnica e legalmente aceitável, numa sequência lógica das etapas e passos para o processo de sua implantação e gestão. Também auxiliará na destinação e obtenção de recursos para a implementação das medidas e intervenções propostas. O presente documento tem como objetivo apresentar o Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Reserva Ecológica Amadeu Botelho (REAB), localizada no município de Jaú, estado de São Paulo, um fragmento de mata estacional semidecidual de 142,88 hectares. Para elaborar o plano de manejo foram observadas as orientações contidas no “Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural”, publicado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 2004. De acordo com o roteiro, primeiro foi feito um diagnóstico da área e seu entorno, com informações sobre o meio biótico e abiótico, obtidas através de pesquisas, levantamentos, coleta de dados e questionários, e de consultas a estudos científicos realizados na RPPN e em áreas adjacentes que a influenciam. Após o diagnóstico foi elaborado o planejamento, que teve início com a definição dos objetivos específicos de manejo, o zoneamento com delimitação e descrição das zonas, e logo a definição dos programas de manejo. SUMÁRIO Lista de figuras..................................................................................................... 1 Lista de abreviaturas e siglas.............................................................................. 3 Introdução............................................................................................................ 5 PARTE A - INFORMAÇOES GERAIS 1. Acesso........................................................................................................... 7 2. Histórico de criação e aspectos legais da RPPN.......................................... 10 3. Ficha-resumo da RPPN................................................................................ 16 PARTE B - DIAGNÓSTICO 1. Caracterização da RPPN 1.1. Clima........................................................................................... 1.2. Solo............................................................................................. 1.3. Relevo......................................................................................... 1.4. Hidrografia................................................................................... 1.5. Vegetação................................................................................... 1.6. Fauna.......................................................................................... 1.7. Visitação...................................................................................... 1.8. Pesquisa e monitoramento 1.8.1. Estudos e projetos realizados na Reserva Ecológica Amadeu Botelho e arredores......................... 1.8.2. Procedimento adotado para interessados em estudos e projetos na RPPN...................................... 1.8.3. Potencialidades para estudos, pesquisas e levantamentos futuros...................................................... 1.9. Pressões e ameaças 1.9.1. Isolamento........................................................................ 1.9.2. Efeito de borda.................................................................. 1.9.3. Ocorrência de fogo........................................................... 1.9.4. Macacos........................................................................... 1.9.5. Espécies exóticas............................................................. 1.9.6. Caça................................................................................. 1.10. 1.11. 1.12. 1.13. 1.14. 1.15. 1.16. Atividades desenvolvidas na RPPN............................................ Sistema de gestão....................................................................... Pessoal........................................................................................ Infraestrutura............................................................................... Equipamentos e serviços............................................................ Recursos financeiros................................................................... Formas de cooperação................................................................ 17 18 18 18 21 25 27 31 34 34 35 36 36 37 38 39 39 40 40 40 41 41 41 2. Caracterização da propriedade.................................................................... 41 3. Caracterização da área do entorno.............................................................. 44 4. Possibilidade de conectividade..................................................................... 47 5. Declaração de significância.......................................................................... 50 PARTE C – PLANEJAMENTO 1. Objetivos específicos do manejo..................................................................... 52 2. Zoneamento..................................................................................................... 53 2.1. Zona de Proteção..................................................................................... 55 2.2. Zona de Visitação..................................................................................... 56 2.3. Zona de Transição.................................................................................... 57 2.4. Zona de Recuperação.............................................................................. 57 3. Programas de manejo 3.1. Programa de administração e sustentabilidade econômica.................... 58 3.1.1. Administração................................................................................ 58 3.1.2. Sustentabilidade econômica......................................................... 59 3.2. Programa de Proteção, Manejo e Fiscalização....................................... 60 3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento................................................. 61 3.4. Programa de Visitação.............................................................................. 62 3.5. Programa de Comunicação...................................................................... 63 4. Projetos específicos 4.1. Projeto de recuperação de áreas perturbadas......................................... 64 4.2. Projeto de adequação das atividades na área do entorno...................... 64 4.3. Projeto de manejo dos macacos-prego da REAB................................. 65 4.4. Projeto de manejo de espécies exóticas................................................. 65 4.5. Observatórios........................................................................................... 65 5. Cronograma de atividades e custos................................................................ 66 PARTE D – INFORMAÇOES FINAIS 1. Referências bibliográficas................................................................................ 67 2. Bibliografia consultada..................................................................................... 70 3. Anexos Anexo 1 – Ato legal da criação da RPPN......................................................... 72 Anexo 2 – Lista de espécies vegetais.............................................................. 73 Anexo 3 – Lista de espécies de aves............................................................... 78 Anexo 4 – Lista de espécies de mamíferos...................................................... 83 Anexo 5 – Lista de espécies de morcegos....................................................... 84 Anexo 6 – Lista de espécies de anfíbios.......................................................... 85 Anexo 7 – Apresentação do Plano de Manejo................................................. 86 Anexo 8 – Planta da fazenda Santo Antônio dos Ipês georreferenciada........ 88 Anexo 9 – Folheto de propaganda do Programa de Educação Ambiental....... 90 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mapa com localização do município de Jaú................................ 7 Figura 2: Principais rodovias de acesso a Jaú............................................ 8 Figura 3: Acesso do Terminal Rodoviário de Jaú à RPPN......................... 9 Figura 4: Planta das fazendas de Carlos Amadeu em 1904....................... 11 Figura 5: Planta da fazenda Santo Antônio em 1930.................................. 12 Figura 6: Planta da fazenda Santo Antônio em 1944.................................. 13 Figura 7: Limites atuais da fazenda Sto Antônio dos Ipês e da RPPN.... 14 Figura 8: Mapa de remanescentes florestais do município de Jaú.......... 15 Figura 9: Clima do município de Jaú............................................................ 17 Figura 10: Bacia do rio Jaú e sub-bacias..................................................... 19 Figura 11: Nascente dentro da RPPN........................................................... 19 Figura 12: Rio Jaú ao lado da RPPN............................................................ 19 Figura 13: Córrego Santo Antônio.............................................................. 20 Figura 14: Córrego João da Velha................................................................ 20 Figura 15: Rego com trilha............................................................................ 20 Figura 16: Captaçao Córrego Santo Antônio.............................................. 20 Figura 17: Mata na qual está inserida a RPPN com os cursos d’água.... 21 Figura 18: Fisionomias da vegetaçao da RPPN......................................... 22 Figura 19: Vista lateral da Reserva.............................................................. 23 Figura 20: RPPN e cultivos ecológicos....................................................... 23 Figura 21: Fotografia aérea da RPPN em 25 de agosto de 2005.............. 23 Figura 22: Peroba-rosa................................................................................. 24 Figura 23: Alecrim......................................................................................... 24 Figura 24: Choca-barrada............................................................................. 26 Figura 25: Gaviao-carijó................................................................................ 26 Figura 26: Logotipo da Reserva Ecológica Amadeu Botelho................... 27 Figura 27: Centro de Educaçao Ambiental.................................................. 28 Figura 28: Centro de Educaçao Ambiental.................................................. 28 Figura 29: Sala de palestras.......................................................................... 28 Figura 30: Refeitório....................................................................................... 28 1 Figura 31: Entrando na trilha do Rego....................................................... 29 Figura 32: Na trilha do Rego........................................................................ 30 Figura 33: Crianças na trilha do Rego........................................................ 30 Figura 34: A trilha do Rego e seu entorno................................................. 30 Figura 35: Trilhas e caminhos usados no Programa de Ed. Ambiental.. 31 Figura 36: A RPPN Amadeu Botelho e seu isolamento........................... 35 Figura 37: Mata, colonião e cana................................................................ 36 Figura 38: Mata e colonião.......................................................................... 36 Figura 39: Macaco-prego na RPPN Amadeu Botelho.............................. 37 Figura 40: Coró-coró.................................................................................... 38 Figura 41: Cabeça-seca................................................................................ 38 Figura 42: Caminhos, trilhas e picadas na RPPN..................................... 40 Figura 43: Sede............................................................................................. 41 Figura 44: Cocheira e rancho de tratores.................................................. 41 Figura 45: Lavador e secador de café........................................................ 42 Figura 46: Terreiro........................................................................................ 42 Figura 47: Fazenda Santo Antônio dos Ipês.............................................. 42 Figura 48: Diversidade de cultivos da fazenda Sto Antônio dos Ipês.... 43 Figura 49: Lavouras permanentes do município de Jaú.......................... 45 Figura 50: Lavouras temporárias do município de Jaú............................ 46 Figura 51: Efetivo do rebanho no município de Jaú................................. 46 Figura 52: Unidades de conservação próximas à RPPN.......................... 48 Figura 53: Possibilidades de conectividade............................................... 50 Figura 54: Mapa do Zoneamento da RPPN Amadeu Botelho................... 54 Figura 55: Público na Apresentação........................................................... 87 Figura 56: Equipe de elaboração do PM..................................................... 87 Figura 57: Proprietárias da RPPN, familiares e equipe do PM................. 87 2 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SIGLA DESCRIÇÃO APA Área de Proteção Ambiental APP Área de Proteção Permanente ASSOCICANA Associaçao dos Plantadores de Cana da Regiao de Jaú BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CMEI Centros Municipais de Educação Infantil CEPAGRI Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura COMDEMA Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente CPFL Companhia Paulista de Força e Luz EBEQ Encontro Brasileiro para o Estudo dos Quirópteros EE Estação Ecológica EEx Estação Experimental EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ENCEA Estrategias Nacionales de Comunicación y Educación Ambiental para el SNUC ESALQ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” EMEF Escolas Municipais de Ensino Fundamental FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FATEC Faculdade de Tecnologia do Jahu FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos FEPASA Ferrovia Paulista S. A. FERROBAN Ferrovias Bandeirantes S. A. FIJ Faculdades Integradas de Jaú GEF Global Environment Facility HSBC Hong Kong and Shanghai Banking Corporation IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBEM Instituto Bezerra de Menezes 3 SIGLA DESCRIÇÃO IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IUCN International Union for Conservation of Nature MMA Ministério do Meio Ambiente MERCOSUL Mercado Comum do Sul OAB Ordem dos Advogados do Brasil ONG Organização não Governamental PIB Produto Interno Bruto PM Plano de Manejo PRMC Projeto de Recuperação de Matas REAB Reserva Ecológica Amadeu Botelho RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural SAEDE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SAEMJA Serviço de Água e Esgoto do Município de Jahu SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIFESP Sistema de Informação Florestal do Estado de São Paulo SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação UAB Universidade Aberta do Brasil UC Unidade de Conservação UCAC Universidade Corporativa Amaral Carvalho UGRHI Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNIESP União Nacional das Instituições de Ensino Superior Privadas USP Universidade de São Paulo 4 INTRODUÇÃO A partir da segunda metade do século passado, o avanço do conhecimento científico sobre o meio ambiente começou a colocar em evidência a importância de sua conservação para os habitantes do planeta, incluindo os seres humanos, que sempre procuraram tirar partido daquilo que a Natureza lhes dava, muitas vezes sem pensar nas consequências imediatas ou futuras. Eles afinal perceberam que dependem do meio onde estão inseridos e que a sua destruição corresponde à sua própria degradação em termos de qualidade de vida, e até mesmo à sua sobrevivência. Em vários países o desastre já era grande. E ainda assim a destruição continuou. Como exemplo está o recente estudo de monitoramento por satélite realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA): dos 100% de suas florestas originais, a América do Norte mantém hoje 34,4%, a África 7,8%, a Ásia 5,6%, a América Central 9,7%, a América do Sul 54,8%, a Oceania 22,3% e a Europa apenas 0,3%. Os espaços naturais brasileiros vêm sendo destruídos desde que os europeus chegaram ao Brasil. Ao contrário dos habitantes que aqui encontraram e que viviam em equilíbrio com o meio ambiente, os invasores chegaram para explorar e dominar, e isso significava destruir. Essa mentalidade se consolidou e nada mudou quando o país se tornou independente de Portugal. A Mata Atlântica foi a primeira e a maior vítima da exploração e destruição ambiental. Segundo dados da SOS Mata Atlântica, hoje restam somente 7,9% de remanescentes florestais em fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da biodiversidade. Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de três hectares, o índice chega a 13,32%. São Paulo, o estado mais industrializado do Brasil, foi um dos que mais sofreu a destruição de seus espaços naturais desde a época da colonização, os quais ao longo do tempo foram sendo substituídos por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. De sua cobertura vegetal original, em 1962 o Estado de São Paulo contava com 29,26%, passando para 17,72% em 1971/73 e 13,43% em 1993. Atualmente, a cobertura vegetal natural do estado é de 3.457.301 ha, o que corresponde a 13,94% de sua superfície (Rodrigues e Bononi, 2008). É aqui onde ainda se encontram fragmentos florestais significativos que apesar do histórico intenso de degradação ainda abrigam uma flora e fauna muito diversas com muitas espécies ameaçadas de extinção. O município de Jaú, com 68.700 hectares de superfície total, está situado na região CentroOeste do Estado de São Paulo, a 296 quilômetros da capital do Estado. A terra predominante no município é de Latossolo roxo, com textura argilosa e muito profunda. Segundo a classificação de Köppen a região de Jaú se enquadra no tipo de clima Cwa, um clima tropical, com inverno seco e verão chuvoso. Hoje em dia a economia do município de Jaú é baseada na indústria de calçados e na agricultura da cana-de-açúcar, setor que ocupa mais de 90% da área do município. Atualmente o café representa apenas 2% da área agrícola. 5 Conforme o SIFESP (Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo) a vegetação original cobre apenas 1032 hectares do município, o que representa 1,5% de sua superfície. A maior parte desta é um fragmento de cerca de 190 hectares de floresta estacional semidecidual localizada dentro da fazenda Santo Antônio dos Ipês, a tres quilômetros do centro da cidade de Jaú. As terras nas quais hoje em dia se encontra a Fazenda Santo Antônio dos Ipês foram adquiridas pela família Arruda Botelho no final do século XIX. Eram terras quase totalmente cobertas por uma floresta densa, com poucas áreas desmatadas. O Sr. Carlos Amadeu de Arruda Botelho, que construiu o casarão da Sede e todas as benfeitorias hoje existentes na Fazenda, foi o principal responsável pela preservação de uma parte da vegetação original. Dedicou-se à lavoura e distinguiu-se pelo amor à gleba, que aprendeu como poucos a cultivar e estimar. Seus descendentes mantiveram esta filosofia e a mata continuou preservada e protegida, apesar do assédio de caçadores, dos incêndios e todo tipo de adversidades. Por iniciativa dos atuais proprietários, fruto do desejo de manter preservado para sempre esse espaço único, uma área de 142,88 hectares desta mata foi transformada no ano 2000 em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, recebendo o nome de “Reserva Ecológica Amadeu Botelho” (Portaria 19 de 27/03/2000, ANEXO 1) Sua importância é indiscutível por suas características: é o maior remanescente deste tipo de ecossistema no município, com uma grande diversidade de flora e fauna, um enorme potencial para estudos científicos e educação ambiental, e com algumas ameaças à sua conservação, como o efeito de borda e o isolamento. Um plano de manejo considerando todo o potencial da área e seu entorno fornecerá as diretrizes para o manejo da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho, de acordo com a legislação em vigor. Proporcionando as ferramentas necessárias para uma gestão eficaz, trará benefícios ao ecossistema, conservando-o, protegendo-o e recuperando-o, e à população, possibilitando a visitação, o contato com a natureza e o aprendizado. O objetivo da elaboração deste plano de manejo é dotar a RPPN de um instrumento de planejamento e gerenciamento, definindo as atividades e normas de seu funcionamento. Para isso foram desenvolvidas as seguintes ações: - Descrição da RPPN - Caracterização da RPPN, da propriedade na qual está inserida e da área do seu entorno, apresentando os aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. - Definição dos objetivos específicos de manejo - Identificação e avaliação dos compartimentos ambientais da Reserva para estabelecer seu zoneamento - Definição dos programas de manejo e projetos específicos - Elaboração de um cronograma de atividades e custos 6 PARTE A - INFORMAÇÕES GERAIS 1. ACESSO A Reserva Ecológica Amadeu Botelho encontra-se no município de Jaú, que está localizado na região central do Estado de São Paulo a 296 km da capital (Figura 1). A área da Reserva fica dentro da malha de coordenadas 22º18’07” a 22º18’59”S e 48º31’53” a 48º30’36”O. Figura 1: Mapa com localização do município de Jaú no estado de São Paulo. Fonte: Wikimedia Commons Partindo da cidade de São Paulo, chega-se à cidade de Jaú pelos seguintes acessos rodoviários (Figura 2): Acesso Rodoviário 01: SP-348 (Via Bandeirantes) ou SP-330 (Via Anhanguera) até a cidade de Limeira. Depois SP-310 (Via Washington Luiz) até a cidade de Itirapina. Finalmente a SP-225 (Via Comandante João Ribeiro de Barros) até Jaú. Aproximadamente 296 quilômetros. Tempo aproximado de percurso: 4 horas. Acesso Rodoviário 02: SP-280 (Via Castelo Branco) até a cidade de Botucatu. Depois SP300 (Via Marechal Rondon) até a cidade de São Manuel. Finalmente a SP-255 (Via João Mellão) até Jaú. Aproximadamente 314 quilômetros. Tempo aproximado de percurso: 4 horas. Os municípios que fazem divisa com Jaú são: ao Norte, Bocaina; a Nordeste, Dourado; a Noroeste, Bariri e Itapuí; a Leste, Dois Córregos; a Oeste, Pederneiras; ao Sul, Barra Bonita; a Sudeste, Mineiros do Tietê e a Sudoeste, Macatuba. Pode-se chegar à cidade de Jaú em automóvel e ônibus. As companhias de transporte interurbano que ligam São Paulo a Jaú são: a Reunidas Paulista e a Viação Santa Cruz. 7 Figura 2: Principais rodovias de acesso a Jaú . Fonte: http://jaufatosefotos.br.tripod.com/dadosgerais.htm Distância entre Jaú e cidades próximas * Brotas - Distância 54 km * Bariri – Distância 36 km * Barra Bonita - Distância 25 km * Bauru - Distância 53 km * Bocaina - Distância 22 km * Dois Córregos - Distância 30 km * Itapuí - Distância 23 km * Macatuba - Distância 42 km * Mineiros do Tietê - Distância 15 km * Pederneiras - Distância 25 km * Araraquara – Distância 74 km * Campinas – Distância 206 km * Ribeirão Preto – Distância 161 km * Rio Claro – Distância 125 km * São Carlos – Distância 97 km 8 Jaú é diretamente influenciada pela Hidrovia Tietê-Paraná, através da qual se integra ao MERCOSUL, beneficiando-se do transporte intermodal hidro-ferro-rodoviário. Foi uma das cidades pioneiras no transporte de cana-de-açúcar, em chatas, pelo rio Tietê. O transporte ferroviário de cargas é feito pela concessionária FERROBAN (antiga FEPASA) e alcança o Porto de Santos, a 400 km, facilitando as exportações. Jaú fica a 204 km do Aeroporto de Viracopos e possui um aeroporto particular, do Grupo Camargo Correa. A RPPN Amadeu Botelho está localizada no sudeste da zona urbana da cidade de Jaú, a 3 km do centro, dentro da fazenda Santo Antônio dos Ipês. A zona urbana da cidade já chegou aos limites da fazenda onde se encontra a Reserva. O acesso à RPPN Amadeu Botelho (Figura 3), partindo do Terminal Rodoviário da cidade de Jaú (22º17’53” S e 48º33’34” O), localizado na rua Humaitá, 515, no centro, é realizado dirigindo-se à rua Treze de Maio e descendo a mesma até a av. Dr. Quinzinho, na qual virase a direita. Segue-se por esta avenida até o fim, vira-se a esquerda na rua Oscar Piconez, logo a primeira a direita e a seguir a primeira a esquerda, que é a rua Soldado Pinheiro Araújo. Seguindo por esta rua, a primeira a direita é a Estrada Pública, uma estrada de piçarra que liga Jaú a Dois Córregos. Após percorrer 2 km e 172 metros nesta estrada, chega-se à entrada da fazenda Santo Antônio dos Ipês, onde há uma porteira e a placa da RPPN. Entra-se a direita e chega-se ao Centro Curumim de Educação Ambiental (22º18’05” S e 48º31’06” O) por um caminho de terra, que fica a 277 metros da porteira. O Centro de Educação Ambiental fica a 260 metros da Reserva. Como não existe transporte coletivo que passe pela Estrada Pública, o acesso deve ser feito por automóvel, ônibus, bicicleta ou a pé. O tempo aproximado de percurso em automóvel ou ônibus é de 15 minutos, e a pé, meia hora. Em caso de chuvas muito fortes, e tratando-se de um caminho de terra, o trecho entre a entrada da fazenda e o centro de educação ambiental pode ser problemático, dificultando o acesso de veículos. Nestes casos essa distância pode ser percorrida a pé. Figura 3: Acesso do Terminal Rodoviário de Jaú à RPPN Amadeu Botelho (em vermelho). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 9 2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN Os invasores europeus que chegaram ao Continente Sul Americano no século XV encontraram uma floresta imensa, diversificada e contínua, que se estendia do nordeste do Brasil até o atual estado do Rio Grande do Sul. Ao longo de todo o seu comprimento, essa vasta e densa floresta, a Mata Atlântica, penetrava para o interior, sendo formada por um conjunto de formações florestais (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de altitude. A primeira leva de colonizadores humanos na região da Mata Atlântica data de aproximadamente 8-10 mil anos atrás. Esses colonizadores, os índios, já impactaram o ambiente com atividades agrícolas itinerantes, em sistemas agroflorestais, baseados em queimada e derrubada. Os colonizadores europeus substituíram os povos indígenas na degradação da floresta com extração do pau-brasil e os cultivos de cana-de-açúcar e trigo. Essas práticas, embora extremamente degradadoras em âmbito local, não foram preponderantes para a destruição da vegetação globalmente, que permaneceu conservada em grande parte de sua ocorrência até o fim do século XIX. No início do século XIX o estado de São Paulo ainda apresentava uma grande cobertura florestal. Os planaltos e as florestas do oeste do estado constituíam um vasto sertão, região mal conhecida, habitada, sobretudo, por índios Kaingang, ou Coroados, que apesar de todas as guerras para expulsar os brancos, foram vencidos e fixaram-se nos aldeamentos definidos pelo governo. Simultaneamente ao aldeamento, os territórios foram sendo ocupados pelas fazendas e a colonização nacional foi se consolidando. Foi com o ciclo do café que começou a haver uma devastação significativa da Mata Atlântica. O principal agravante na devastação foi a crença de que o café deveria ser plantado em terras “virgens”. O café entrou em São Paulo pelo Vale do Paraíba, proveniente do Rio de Janeiro. Embora essa entrada tenha acontecido em 1790, foi realmente a partir de 1850 que o café avançou rapidamente pelo interior do estado e ganhou terreno principalmente no chamado oeste paulista (que não é exatamente o oeste geográfico), de terras férteis, substituindo os pés de cana-de-açúcar. Famílias proprietárias detentoras de recursos deslocaram-se de Minas Gerais e de outras regiões de São Paulo para o “sertão” assegurando grandes extensões de terras. Na região de Jaú, localizada no coração da então província de São Paulo, num planalto de terra roxa, virgem e inexplorada, o café começou a ser cultivado em 1846, na Sesmaria do Banharão, onde foram plantados 5.000 pés, e logo surgiram outras pequenas lavouras. A fama do solo fértil e clima propício já havia atraído as primeiras famílias a radicar-se na região. Em 1837 houve uma arrojada penetração efetuada por um grupo de sertanistas que desceu a Serra de Brotas abrindo picadas. O tenente Manoel Joaquim Lopes, que dirigia a expedição, e seu cunhado Xavier, se apossaram de uma grande área que designaram por Fazenda São João no sudoeste do município, nas margens do rio Jaú. Logo vieram seus filhos, grande parte em idade adulta. Em 1855, Joaquim de Oliveira Matozinho, genro de Manuel Joaquim Lopes, efetuou o registro de suas propriedades, as bacias do Ribeirão São Joaquim e Figueira e as terras compreendidas entre os Ribeirões Santo Antônio e João da Velha. Essas terras foram adquiridas parte por compra feita a Jesuíno Silveira Dutra e parte recebida por doação de seu sogro, o tenente Manoel Joaquim Lopes. 10 Matozinho tinha negócios no Banco de São Paulo e era amigo pessoal de Antônio Carlos de Arruda Botelho, Conde do Pinhal, fundador deste Banco e da cidade de São Carlos, político de prestígio e grande empreendedor. Ciente do potencial agrícola das terras de seu amigo Matozinho, o Conde adquiriu 1.600 alqueires dessas terras por volta de 1879. Formou nessa área as fazendas Maria Luiza, Carlota, Sant’Ana, Santo Antônio, Santa Sofia, São Carlos, São Joaquim e Salto do Jaú, de aproximadamente 200 alqueires cada uma. Para facilitar o escoamento do café, concebeu e foi o impulsor de uma estrada de ferro que, partindo da cidade de Rio Claro, passava por São Carlos, Araraquara, Jabuticabal, Dois Córregos e Jaú, o que foi fundamental no desenvolvimento da cafeicultura na região e beneficiou a grande gleba de terra virgem de qualquer cultura que havia adquirido. O Conde do Pinhal morreu em 1901 e deixou como herança a cada filho, entre outros bens, uma das fazendas de Jaú, todas elas ainda com a maioria da vegetação original intacta. Nesta época o território municipal de Jaú ainda conservava 29% de floresta. Seu décimo filho, Carlos Amadeu de Arruda Botelho, nascido em 1876, herdou a fazenda São Carlos e comprou de um dos seus irmãos a fazenda Santo Antônio (Figura 4), ficando assim proprietário de uma área total de cerca de 400 alqueires, ainda com uma grande extensão de mata virgem. Figura 4: Planta das fazendas de Carlos Amadeu em 1904. A fazenda João da Velha é a fazenda São Carlos. Fonte: documentos dos proprietários, fotografia: Cassio Vasconcelos. 11 Em 1906 Carlos Amadeu casou-se com Brazilia Whitaker de Oliveira Lacerda e foram morar na fazenda, já então denominada fazenda Santo Antônio. Dedicou-se à lavoura e distinguiuse pelo amor à gleba, que aprendeu como poucos a cultivar e estimar. A cultura predominante era o café, mas também foram sendo implantadas outras culturas, principalmente milho, nas áreas menos acidentadas e mais férteis, e nas áreas menos propícias foi mantida a vegetaçao original, a mata. Victor (2005) ressalta um fato curioso sobre a presença da mata, a nível de propriedade, antes do advento do desmembramento dos latifúndios de café, a partir da década de 30: apesar da ausência de uma legislação mais rigorosa que obrigasse a manutenção de uma porcentagem de área com cobertura florestal, muitos fazendeiros conservaram em suas terras expressivas parcelas com capões de mata, principalmente nas áreas mais declivosas, nas furnas e junto às aguadas e mananciais. E assim, ainda hoje pode-se observar derradeiros vestígios de matas em propriedades rurais, que atravessaram incólumes este período de desagregação fundiária. Em 1944 Carlos Amadeu doou a fazenda Santo Antônio em partes iguais a seus 9 filhos. A fazenda tinha já 408 ½ alqueires paulistas (988,16 hectares) com 240.000 pés de café, terras de cultura, pastagens, palhadas, capoeiras, alguns resfriados e matas, segundo consta na escritura de doação. Esta área de mata desde então permanece conservada e parte dela é hoje a RPPN Amadeu Botelho. Figura 5: Planta da fazenda Santo Antônio em 1930. Em azul escuro, a mata. Fonte: documentos dos proprietários. Fotografia: Cassio Vasconcelos. 12 O seu segundo filho, Antônio Carlos Lacerda de Arruda Botelho, nascido em 1908, cresceu na fazenda acompanhando seu pai na lida. Com 11 anos foi estudar no Rio de Janeiro e com 18 anos viajou aos Estados Unidos e Europa, onde permaneceu cerca de tres anos. Já de volta ao Brasil, trabalhou na Companhia Paulista de Exportação de Café durante dois anos e em 1930 começou a administrar a fazenda onde crescera (Figura 5). Começou então a implantar outras culturas além do café, milho e pastagens já existentes, como abóbora, inhame, taioba e mandioca para alimentar os porcos (chegou a ter 1000 cabeças de porcos), feijão e arroz para consumo próprio e para vender, milho, mamona, algodão (Figura 6). A partir da morte de seu pai em 1953, começou a adquirir as partes de seus oito irmãos, tornando-se assim o único proprietário da fazenda Santo Antônio em 1963, continuando a diversificação dos cultivos e introduzindo a soja, cana de açúcar, limão siciliano, laranja e fumo, na área já aberta da fazenda. A mata remanescente continuou preservada. Figura 6: Planta da fazenda Santo Antônio em 1944. Mata em verde, demais espaços: pastagens, cultivos e infraestruturas. Fonte: documentos dos proprietários. Em 1976 Antônio Carlos e sua esposa doaram a fazenda a seus oito filhos em partes iguais. Após alguns anos, três deles separaram suas respectivas glebas do resto da fazenda, que ficou então com 639,8 ha e passou a ser denominada fazenda Santo Antônio dos Ipês (Figura 7). Por decisão unânime, a área da mata de cerca de 190 ha, denominada Quinhão F e pertencente aos oito filhos, permaneceu incólume. 13 Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, um dos netos de Antônio Carlos, nasceu e cresceu na fazenda. Desde criança já gostava da mata e hoje em dia é quem a conhece melhor. Seu desejo sempre foi preservá-la, como fizeram seu avô e seu bisavô. Em 1994 começou a trabalhar como administrador da propriedade. Notava que havia caçadores furtivos entrando na mata, que entravam pessoas para coletar plantas medicinais, para marcar o tronco das árvores, muitos deixavam lixo e até encontrava indícios de fogueiras. Com a aprovação e apoio dos proprietários decidiu fazer da área da mata uma reserva ecológica, a qual chamou de Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Escolheu esse nome porque a mata era conhecida na cidade de Jaú como “Mata do Madeu”, e porque quis fazer uma homenagem a seu bisavô Carlos Amadeu pelo seu espírito de conservação numa época em que poucos pensavam nisto. Em 1998 criou um programa de educação ambiental, com o objetivo de conscientizar a população e proteger o ecossistema. Ficou sabendo através de uma das proprietárias que uma prima sua havia acabado de criar uma RPPN em sua fazenda, em Ilhéus, Bahia, (RPPN Fazenda São Joao, Portaria 022/97) e foi buscar informação. Em 1999 apresentou aos proprietários a ideia de transformar a mata em uma RPPN, conseguindo a aprovação de seis dos oito proprietários. Entrou então em contato com o IBAMA (Bauru), apresentou a documentação e foi feita a vistoria. Em 27 de março de 2000, através da Portaria nº 19/2000 (Anexo 1), uma área de 142,88 hectares da mata foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural. A parte da mata que não foi transformada em RPPN continuará preservada segundo desejo de seus proprietários, o que significa que este remanescente florestal, como um todo, permanecerá intacto. Figura 7: Limites atuais da fazenda Santo Antônio dos Ipês (vermelho) e da RPPN Amadeu Botelho (amarelo). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 Atualmente o município de Jaú tem uma porcentagem muito reduzida de florestas somando somente 1,5% que estão distribuídos em aproximadamente 40 fragmentos florestais, segundo o inventário florestal do estado de São Paulo 2009. No maior destes fragmentos encontra-se a RPPN Amadeu Botelho (Figura 8). 14 Figura 8: Mapa de remanescentes florestais do município de Jaú com a localização da RPPN Amadeu Botelho. Fonte: SIFESP 15 3. FICHA RESUMO DA RPPN Nome da RPPN: Reserva Ecológica Amadeu Botelho Nomes dos proprietários: Maria Evangelina de Arruda Botelho Lászlò, Maria Helena de Arruda Botelho Müller Carioba, Maria Cecy de Arruda Botelho, Elisa de Arruda Botelho Haller, Maria Luiza de Arruda Botelho e Teresa Cristina de Arruda Botelho Nome do representante: Antônio Carlos Botelho Müller Carioba Contato: Fazenda Santo Antônio da Mata, caixa postal 02, Jaú, SP, CEP 17.201-970 Telefone: 14 30325648 – 14 9771-5276 E-mail: [email protected] Endereço da RPPN: Fazenda Santo Antônio dos Ipês, Jaú, SP – Caixa Postal nº 2, Telefone: 14 30325648 Página web: http://www.rppnamadeubotelho.com.br/ Área da RPPN: 142,88 ha Área total da propriedade: 639,8 ha Principal município de acesso à RPPN: Jaú Município e estado abrangido: município de Jaú, estado de São Paulo Coordenadas geográficas: 22º 18’ 33” S, 48º 31’ 16” O Data e número do ato legal de criação: Portaria nº 19 de 27 de março de 2000 (ANEXO 1) Marcos e referencias importantes nos limites e confrontantes: O rio Jaú, o córrego Santo Antônio e o córrego João da Velha, entre os quais está inserida a RPPN. Biomas e ecossistemas: Floresta Estacional Semidecidual Distâncias dos centros urbanos mais próximos: distância do centro da cidade de Jaú: 3 km Meio principal de chegada à UC: automóvel. Atividades ocorrentes: estudos, pesquisas, programa de educação ambiental. 16 PARTE B - DIAGNÓSTICO 1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN 1.1. Clima Segundo a classificação de Köppen a região de Jaú se enquadra no tipo de clima Cwa, um clima tropical com inverno seco e verão quente e chuvoso. Segundo dados do CEPAGRI (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), a temperatura média anual fica em torno de 22ºC, sendo que a mínima média é de 16,5ºC e a máxima média é de 28,5ºC. A precipitação pluviométrica anual varia de 1.200 a 1.500 mm (Figura 9). A umidade relativa do ar média anual é de 70%. A estação seca vai de abril a setembro e a chuvosa, de outubro a março, aproximadamente. Há registros de que haviam fortes geadas no inverno, chegando a arrasar plantações inteiras de café no século passado, até o ano de 1993. Desde então não houve mais geadas na região. MÊS TEMPERATURA DO AR (ºC) JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Mínima média 20.0 20.0 19.0 17.0 14.0 13.0 12.0 14.0 15.0 17.0 18.0 19.0 Máxima média 30.0 30.0 30.0 29.0 26.0 25.0 26.0 28.0 28.0 30.0 30.0 30.0 média 25.0 25.0 25.0 23.0 20.0 19.0 19.0 21.0 22.0 24.0 24.0 25.0 ANO Mínima Máxima 16.5 12.0 20.0 28.5 25.0 30.0 22.7 19.0 25.0 CHUVA (mm) 220.8 199.6 152.8 57.7 58.8 39.3 22.7 22.5 52.0 110.0 123.9 194.1 1254.2 22.5 220.8 Figura 9: Clima do município de Jaú. Fonte: CEPAGRI - Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura 17 1.2. Solo Os principais tipos de solo da bacia do rio Jaú, onde está inserida a RPPN, são Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Roxo, Latossolo Roxo Eutrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e Terra Roxa Estruturada Eutrófica (IPT, 1999). Em 1990 (Nicolini) foram colhidas amostras de solo em quatro pontos diferentes da RPPN (580 m, 560 m, 550 m e 530 m de altitude), os três de maior altitude sem influência de cursos d’água, e o de menor altitude sob influência de cursos d’água. Em cada ponto abriuse uma trincheira onde foram feitas observações e caracterizações de cada um dos horizontes constituintes do perfil. Verificou-se a ocorrência de uma variabilidade considerável no fator edáfico. No ponto a 580 metros de altitude o solo foi classificado como Cambissolo Ta, A fraco, textura argilosa, substrato basalto (EMBRAPA, 1988), não apresentando deficiência em minerais, o que criava condições favoráveis ao desenvolvimento da floresta. O solo do ponto a 560 metros de altitude foi classificado como Litólico Eutrófico, A moderado, textura argilosa, substrato basalto (EMBRAPA, 1988), sem deficiência em nutrientes, apesar da profundidade de alteração do basalto ser reduzida. Já no ponto a 550 metros de altitude, o solo foi classificado como Terra Roxa Estruturada Eutrófica, A moderado, textura argilosa (EMBRAPA, 1988), sendo mais profundo que os anteriormente descritos, mas com o conteúdo de alguns nutrientes notoriamente menor em relação aos outros dois pontos de coleta de solo. No ponto na altitude de 530 metros o solo foi classificado como Cambissolo Ta, A fraco, textura argilosa, substrato basalto (EMBRAPA, 1988), apresentando uma alta capacidade de retenção de água, uma drenagem muito boa e alta fertilidade, permitindo boas condições para o desenvolvimento da flora. 1.3. Relevo Na bacia do Rio Jaú, onde está inserida a Reserva, ocorrem duas unidades geológicas, representadas pelas Formações Itaqueri (50,2%) e Serra Geral (48,8%). O relevo é caracterizado por Colinas Médias (53,9%), Colinas Amplas (12,3%) e o sistema de Morrotes Alongados e Espigões (33,7%), predominando interflúvios sem orientação preferencial, topos angulosos e achatados e vertentes com perfis retilíneos. Drenagem de média a alta densidade, padrão dendrítico, vales fechados. (IPT, 1999). A altitude máxima da Reserva é de 596 metros e mínima é de 523 metros. 1.4. Hidrografia A floresta, grande parte da qual foi reconhecida como RPPN, encontra-se no centro da propriedade, na bacia hidrográfica do rio Jaú (Figura 10), em um divisor de águas, sendo que a sua extremidade norte é paralela ao córrego Santo Antônio e sua extremidade sul alcança o rio Jaú e o córrego João da Velha, havendo ainda uma nascente (22º18’41.89”S, 48º30’47.23”O) dentro da Reserva (Figura 11). 18 Figura 10: Bacia do rio Jaú e sub-bacias, RPPN em vermelho (localizada entre a margem direita do rio Jaú, a margem esquerda do córrego Santo Antônio e a margem direita do córrego João da Velha). Fonte: Cartas Topográficas do IBGE, organizado por Rezende e Veniziani Jr (2012) O rio Jaú (Figura 12), afluente do Médio Tietê, está inserido na Bacia Hidrográfica do TietêJacaré – UGRHI 13 do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo. Nasce no município de Torrinha e atravessa os municípios de Dois Córregos e Jaú, desaguando no rio Tietê, próximo a Itapuí. O trajeto tem mais ou menos 60 km. Sua bacia abrange os municípios de Brotas, Dois Córregos, Dourado, Bariri e Jaú com uma área total de 745,969 km2. Figura 11: Nascente dentro da RPPN Figura 12: Rio Jaú ao lado da RPPN 19 O córrego Santo Antônio (Figura 13) é um afluente da margem direita do Rio Jaú com quase 12 km de extensão e bacia hidrográfica de 23,37 km². É manancial de abastecimento da cidade de Jaú e responsável por uma produção de água com variação de vazão de 88,2 l/s na estação seca do ano até 266,7 l/s na estação chuvosa. Suas águas são totalmente captadas para o abastecimento da cidade. O córrego João da Velha (Figura 14), que também abastece a cidade de Jaú, é um afluente da margem direita do Rio Jaú com quase 7 km de extensão e 14 km² de bacia hidrográfica, é responsável pela produção de água que varia de 56,7 l/s na estação seca do ano até 171,4 l/s na estação chuvosa. Suas águas também são totalmente captadas para o abastecimento da cidade. Figura 13: Córrego Santo Antônio Figura 14: Córrego João da Velha Esses dois córregos e o ribeirão Pouso Alegre são responsáveis por mais de 50% da água que abastece a cidade. No verão há chuvas torrenciais que as vezes provocam inundações na zona urbana e nas áreas próximas ao rio Jaú e aos córregos, alagando alguns trechos da mata. Neste período é comum o afloramento do lençol freático, ocasionando o encharcamento temporário do solo em uma faixa de aproximadamente 30 metros a partir das margens dos cursos d’água. Figura 15: Rego com trilha Figura 16: Captação Córrego S. Antônio 20 Também há um córrego, denominado Rego (Figura 15), originado de uma captação de água do córrego Santo Antônio fora da Reserva (Figura 16), que atravessa um trecho da mata. Trata-se de uma captação antiga, com o objetivo de levar a água às instalações da fazenda e servir para lavagem do café, bebedouros, uso da sede, etc. Os cursos d’água que atravessam a RPPN e os que estão próximos a ela estão delineados na Figura 17. Figura 17: Mata na qual está inserida a RPPN localizando os cursos d’água. Córrego Santo Antônio (rosa), Córrego João da Velha (amarelo), rio Jaú (azul), Rego (vermelho), nascente (branco). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 1.5. Vegetação A mata foi caracterizada por Nicolini (1990) como floresta mesófila semidecídua, por expressar as características climáticas dominantes na sua região de ocorrência e também fazer menção à deciduidade observada em algumas espécies típicas dessa formação, na estação seca. Porém, o termo usado na atualidade é floresta Estacional Semidecidual. O conceito ecológico deste tipo florestal é estabelecido em função da ocorrência de clima estacional que determina semideciduidade da folhagem da cobertura florestal. A porcentagem das árvores caducifólias no conjunto florestal, e não das espécies que perdem as folhas individualmente, situa-se, ordinariamente, entre 20% e 50%. Nas áreas subtropicais, é composta por macrofanerófitos que recobrem solos basálticos eutróficos (IBGE, 2012). Para Rezende (2012), além da floresta estacional semidecidual o fragmento apresenta também manchas de floresta estacional decidual com áreas de transição (Figura 18). A floresta estacional decidual designa remanescentes florestais associados a solos rasos, litólicos cascalhentos ou pedregosos, com predominância de espécies caducifólias, determinada pela baixa capacidade de retenção hídrica na estação seca, apresentando alta luminosidade em seu interior no período seco do ano e menor diversidade de espécies arbóreas, quando comparadas as florestas estacionais semideciduais. 21 Figura 18: Fisionomias da vegetação da RPPN “Reserva Ecológica Amadeu Botelho” Fonte: Rezende e Veniziani Jr (2012), Cartas Topográficas do IGC. Em 1990, segundo Nicolini, o dossel da mata variava de 15 a 20 m de altura, havendo também os indivíduos emergentes. Em alguns pontos o dossel não chegava a formar uma cobertura contínua, permitindo a penetração direta dos raios solares até o solo. A vegetação arbustiva, constituída em parte por indivíduos adultos de pequeno porte e em parte por indivíduos jovens dos andares superiores, apresentava-se praticamente contínua por toda a área. A vegetação herbácea ocorria por toda a mata e era mais conspícua próxima aos cursos d’água. A mata se encontrava pouco perturbada, com poucas clareiras, onde a biomassa predominante era composta por lianas e alguns indivíduos jovens de espécies de grande porte. 22 Figura 19: Vista lateral da Reserva Figura 20: RPPN e cultivos ecológicos Em 1993 houve um incêndio que afetou algumas áreas da Reserva, ocasionando a morte de algumas árvores e abrindo clareiras. Mas a degradação não foi intensa, o banco de sementes do solo não foi perdido, existiam fontes de sementes próximas e fauna dispersora. Através de um acompanhamento constante do estado das áreas atingidas, foi constatado que a vegetação ia se recuperando. Então os proprietários decidiram que estas áreas deveriam seguir um processo de regeneração natural. Segundo estudos posteriores (Adati, 2001), imagens de satélite e observação do fragmento durante a elaboração deste plano de manejo, foi comprovado que houve uma boa recuperação da maioria das zonas afetadas e pode-se considerar que não houve mudanças significativas no perfil da mata descrita por Nicolini (Figuras 19, 20 e 21). Hoje em dia as áreas mais perturbadas representam menos de 2 % da área total da Reserva. Figura 21: Fotografia aérea da RPPN em 25 de agosto de 2005. Autor: Cassio Vasconcellos 23 No estudo realizado por Nicolini (1990) em duas áreas, uma sob influência dos cursos d’água e outra sem influência, foram abertas trilhas perfazendo um total de 6.000 metros, sendo 3.000 metros em cada uma das áreas de amostragem. Nos 6.000 metros de trilha foram distribuídos 400 pontos, 200 em cada área. Em cada ponto atirou-se aleatoriamente uma cruzeta de madeira para se determinar os quadrantes, e em cada quadrante foi amostrado o indivíduo mais próximo do ponto. Assim foram amostradas 1.600 árvores (indivíduos lenhosos com fuste igual ou superior a 1,30 metros de altura) os quais se distribuíam em 145 espécies, 107 gêneros e 47 famílias. O índice de diversidade de Shannon-Weaver encontrado para a área total foi de 4,06. A espécie mais abundante foi a Angostura pentandra, e a de maior valor de cobertura, Ficus citrifolia. Rutacea foi a família melhor representada numericamente enquanto que Fabaceae foi a de maior diversidade. Foram identificadas neste estudo espécies importantes do ponto de vista conservacionista, como a peroba-rosa Aspidosperma polyneuron (árvore símbolo do Município de Jaú) (Figura 22), o jacarandá Jacaranda macrantha, o amendoim-bravo Pterogyne nitens, o jequitibá-rei Cariniana estrellensis e o cedro Cedrela fisilis (Lista de espécies no ANEXO 2). Figura 22: Peroba-rosa Aspidosperma polyneuron Figura 23: Alecrim Holocalyx balansae Em 1999, num trabalho de caracterização florística de ecounidades na Reserva, foram registradas 55 espécies na mata madura, sendo que a família mais representativa em número de espécies foi Meliaceae, e 20 espécies na capoeira, com a família Rubiaceae ocupando o primeiro lugar em relação à riqueza. (Souza, 1999). 24 No levantamento florístico das espécies arbóreas ao longo da Trilha Ecológica da Reserva Amadeu Botelho (Adati, 2001) foram identificadas 35 espécies, entre elas o pau-jacaré Piptadenia gonoacantha, guarantã Esenbechia leiocarpa, ipê-roxo Tabebuia avellanedae, alecrim Holocalyx balansae (Figura 23), farinha-seca Peltophorum dubium, guaiuvira Patagonula americana, louro-salgueiro Cordia ecalyculata e figueira-branca Ficus guaranítica. Segundo o levantamento fitossociológico realizado na Reserva em 2006 (Vermelho et al) foram encontrados o jatobá Hymenaea courbaril, o pau-marfim Balfourodentron riedelianum, o ingá Inga marginata, a paineira Chorisia speciosa, a canela-louro Nectandra megapotamica, entre outras. Segundo relatos de quem frequenta a mata, também podem ser encontrados a cabreúva Mycrocarpus frondous, a araruva Centrolobium tomentosum, o pau d’alho Gallesia integrifolia, o ceboleiro Bougainvillea arborea e o canelão Octea elegans. 1.6. Fauna Desde a época em que foram compradas as terras da Fazenda sempre tem havido registros de mamíferos: animais avistados durante passeios ou trabalhos na mata e seus arredores, animais encontrados machucados ou mortos e até mesmo animais que chegaram a invadir as residências humanas. No ano de 2006 teve início uma pesquisa de levantamento de espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte da Reserva, por meio de registros visuais e pegadas, revelando a presença de oito mamíferos de médio e grande porte (Crespi, 2007), que somados aos registros históricos realizados desde a criação da RPPN, resultaram em uma lista de 24 espécies de mamíferos com ocorrência para a Reserva. Em 2011 (Reale), foi realizado um inventario mastofaunístico na REAB em quatro campanhas com duração de seis dias cada uma. Em todas as campanhas, os métodos indireto e direto foram utilizados diariamente: transecto e parcelas de areia, armadilhas fotográficas e entrevistas com moradores e funcionários da fazenda. Foram encontrados 26 espécies de mamíferos, distribuídos em 16 famílias e seis ordens. Segundo o autor do inventário, a Reserva Ecológica Amadeu Botelho apresenta rica fauna de mamíferos terrestres de médio e grande porte, caracterizando o bom estado de preservação da área. É um refúgio para a vida silvestre ameaçada de extinção, que apresenta espécies em diferentes graus de ameaça: o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, a jaguatirica Leopardus pardalis, e a suçuarana Puma concolor, o gato-maracajá Leopardus wiedii, o macaco-prego Sapajus nigritus e a cutia Dasyprocta azarae. Espécies como o lobo-guará Chrysocyon brachyurus e o tatu-de-rabo-mole Cabassous sp, nunca tinham sido vistos na reserva (Lista de espécies no ANEXO 4). Também foram registrados o gato-mourisco Puma yagouaroundi, a raposinha-do-campo Lycalopex vetulus e o cachorro-do-mato Cerdocyon thous. Nas proximidades do Rio Jaú, é constante a presença da lontra Lontra longicaudis, da capivara Hydrochoerus hydrochaeris e do ratão-do-banhado Myocastor coypus. Menos freqüentemente, são avistados mamíferos de hábitos mais discretos, como o ouriço-cacheiro Sphigurus villosus, a jaritataca Conepatus semistriatus, o mão pelada Procyon cancrivorus, o quati Nasua nasua e a irara Eira Barbara. 25 O macaco-prego Sapajus nigritus sempre foi visto na mata, e ultimamente a população vem aumentando, formando já três grupos distintos. A fazenda abriga expressiva variedade de morcegos. Num trabalho de campo realizado em seis visitas bimestrais entre novembro de 2009 e setembro de 2010 foram identificadas 15 espécies, entre insetívoros, carnívoros, onívoros, frugívoros e nectarívoros (Pedrozo, 2011). As colônias dos animais foram encontradas nas árvores, na mata e também na varanda e no porão da casa principal. Cinco espécies foram consideradas espécies constantes, uma vez que apareceram em mais de 50% das sessões de captura e observação. Todas exploram plantas como fonte de alimento. Segundo o autor do estudo, é possível que essas cinco espécies residam e se alimentem somente na Fazenda Santo Antônio dos Ipês (Lista de espécies no ANEXO 5). No estudo da avifauna da RPPN iniciado em 2005 (Ubaid) com duração de 16 meses, foram realizadas 12 visitas, sendo utilizados dois dias por visita, com cerca de 8 horas de observação/dia, perfazendo um total de 192 horas de esforço amostral. Foi registrada a presença de 196 espécies de aves distribuídas em 50 famílias. O fragmento apresentou uma alta riqueza específica, diversidade e abundância, comparado com outros estudos, levando-se em conta seu tamanho. Entre as espécies que merecem destaque, estão os frugívoros de maior porte, por exemplo, a jacupemba Penelope superciliaris, e carnívoros de grande porte, como o murucututu-de-barriga-amarela Pulsatrix koenoswaldiana, o gaviãopernilongo Geranospiza caerulescens e o gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis, todos dependentes de florestas. Foram registradas duas espécies ameaçadas no estado de São Paulo: o papagaio-verdadeiro Amazona aestiva, que utiliza a RPPN como local de alimentação durante determinados períodos do ano, e o cabeça-seca Mycteria americana. Já foram avistados o urubu-de-cabeça vermelha Cathartes aura e o urubu-rei Sarcoramphus papa. Há constantes registros e identificação de aves na Reserva (Figuras 24 e 25), sendo divulgados no blog Observatoriodeaves com link para WikiAves para maiores informações sobre as espécie (Lista de espécies no ANEXO 3). Figura 24: Choca-barrada Mesembrinibis cayennensis Fotografia: Paulo Guerra Figura 25: Gavião-carijó Rupornis magnirostris Fotografia: Paulo Guerra 26 A Marambaia é o local onde o rio Jaú desemboca no rio Tietê, também chamado de tríplice fronteira, pois é a intersecção dos territórios das cidades de Jaú, Itapuí e Bariri. Apesar de ter sido muito modificado pela ocupação humana, este local apresenta áreas de várzea importantes, abrigando espécies de aves ligadas a ambientes aquáticos. Apesar de sua distância da RPPN, acredita-se que muitas aves avistadas na mata usam e beneficiam-se dos dois ecossistemas. De outubro de 2008 a outubro de 2010 foi realizado um estudo sobre a anurofauna da REAB e seu entorno (Moya, 2011) em oito pontos de coleta com amostragens diurnas e noturnas. Os registros foram feitos através de contatos diretos, contatos visuais, registros auditivos e registro de sinais da presença da espécie. Foram realizados 13.814 registros de anfíbios anuros nos 25 meses de amostragem, correspondendo a 22 espécies distribuídas em 5 famílias (Lista de espécies no ANEXO 6). 1.7. Visitação Em 1998 foi criado o Projeto Curumim, (folheto de propaganda no ANEXO 9) um programa de educação ambiental para crianças e adultos visando a preservação do meio ambiente, resgate cultural e aproximação da vida natural. As visitas de grupos, segundo o coordenador do projeto, constituem um meio de disseminar a importância das florestas e da biodiversidade, da conservação dos fragmentos remanescentes, do cuidado ao gerar e descartar resíduos, e também um meio de estimular estudos e pesquisas. Foi criado um logotipo para a Reserva (Figura 26). Figura 26: Logotipo da Reserva Ecológica Amadeu Botelho Foi construído um centro de base a poucos metros da Reserva (22º18’05.42”S, 48º31’06.49”O), uma construção de alvenaria de 160 metros quadrados, com cozinha, banheiros, refeitório, uma sala de palestras e exposição de rochas, frutos e sementes com capacidade para 40 pessoas sentadas, dispondo de água encanada e energia elétrica (Figuras 27 e 28). A poucos metros do centro começa a trilha do Rego (Figura 35) que é usada na visitação (Figuras 32, 33 e 34). Esta trilha foi descrita por Lourenço (2012) como sendo de baixa ou nenhuma dificuldade, tem cerca de 2 quilômetros e 95% de seu trecho é plano e é possível caminhar com um braço aberto, sendo o trecho mais estreito uma curva de não mais que 4 metros, onde é necessário caminhar em fila indiana e atentar-se aos cipós no caminho. Esta trilha acompanha um córrego artificial, o Rego, de largura máxima de 0,5 m,construído nos anos de 1900 para atender à lavoura cafeeira. Na trilha há placas de identificaçao de algumas espécies vegetais. 27 Figura 27: Centro de Educação Ambiental Figura 28: Centro de Educação Ambiental Está aberto a escolas do município de Jaú e de todo o Estado de São Paulo e ao público em geral. As visitas são agendadas e monitoradas com guias, para um máximo de 40 pessoas. Com as escolas, o procedimento é o seguinte: 1. No centro do Projeto Curumim o monitor faz uma palestra de 20 minutos sobre a importância da conservação da mata, sobre suas características e biodiversidade, fala sobre a RPPN, explicando o que significa, e sobre o comportamento recomendado durante o percurso (Figura 29). 2. Para alguns grupos, antes de começar o percurso, há uma visita à mata ciliar do Córrego Santo Antônio, que está a 50 metros, onde se fala sobre a importância da preservação da vegetação ao lado dos cursos d’água. 3. O grupo dirige-se à trilha do Rego, que sai do Centro e entra na mata (Figura 31), acompanhando o Rego, o monitor vai explicando a importância da água e da mata para sua manutenção, fala sobre a cadeia alimentar, a interação dos animais com a floresta, há a identificação de espécies vegetais e animais que apareçam. 4. Depois passam por uma picada no meio da mata, a dona Brasília, até chegar a um balanço ao lado de uma figueira branca e vão bordeando a mata até chegar outra vez no Centro. Este percurso pode variar dependendo do perfil dos visitantes, podendo-se utilizar a trilha que vai do Rego à borda da mata ou indo mais adiante na Trilha do Rego (Figura 35). 5. Lanche no Centro (Figura 30). Figura 29: Sala de palestras no Centro Figura 30: Refeitório 28 Com grupos de adultos e estudantes universitários: 1. Explicação no Centro sobre a mata e suas características, sua história, o que já foi feito até então, sobre a RPPN, comportamento na trilha. 2. O grupo vai até a mata ciliar do córrego Santo Antônio, a poucos metros do Centro, onde o monitor fala sobre a importância da mata ciliar na proteção dos cursos d’água, a interação dos animais com a mata ciliar, entra na questão agrícola, falando sobre a importância de uma agricultura de baixo impacto, curvas de nível, cultivos ecológicos, o respeito que o proprietário deve ter com a área, a possibilidade da gestão mais ecológica, mostra os cultivos ecológicos que estão sendo feitos na fazenda. 3. Trilhas 4. Lanche no Centro Figura 31: Entrando na trilha do Rego Também há visitas de grupos de turistas, famílias, empresas, amigos. Neste caso, primeiro tomam o café da manha, depois há uma palestra e em seguida fazem a trilha, sempre acompanhados por um monitor que vai fornecendo explicações. Os preços até dezembro de 2012 eram: R$ 150,00 para grupos de até 20 pessoas, R$ 200,00 para grupos de até 30 pessoas e R$ 250,00 para grupos de até 40 pessoas. O preço do café da manhã era de R$ 12,00 por pessoa e o do lanche, R$ 8,00 por pessoa, cobrados a parte. Número aproximado de visitantes por ano: 480 pessoas 29 Figura 32: Na trilha do Rego Figura 33: Crianças na trilha do Rego Figura 34: A trilha do Rego e seu entorno 30 A capacidade de carga efetiva representa o número máximo de visitas permitidas em uma trilha ou sítio turístico, cujo cálculo se dá através da associação entre o valor da capacidade de carga real e a porcentagem estabelecida para a capacidade de manejo. No estudo realizado por Lourenço (2012) foi feita uma análise técnica da trilha e verificou-se que a mesma tem potencial para receber até 354 visitantes por dia. A única área da Reserva utilizada no programa de educação ambiental é a trilha. Como sempre há uma programação prévia e agendamento de visitas, e como o número de visitantes nunca ultrapassa 80 por dia, não há risco de impacto ambiental. Além do mais, há um regulamento e uma orientação por parte do monitor sobre o comportamento durante o percurso na trilha. Figura 35: Trilhas e caminhos usados no Programa de Educação Ambiental. Trilha do Rego (amarelo), dona Brasília (branco), Borda da mata (laranja), do Rego à borda da mata (lilás), do Centro Curumim à borda da mata (vermelho), Rego em azul. A flecha indica o Centro Curumim de Educação Ambiental que fica fora da RPPN. Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 1.8. Pesquisa e monitoramento 1.8.1. Estudos e projetos realizados na Reserva Ecológica Amadeu Botelho e arredores: - Composição Florística e Estrutura Fitossociológica do Estrato Arbóreo em Mata Mesófila Semidecídua no Município de Jaú. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas. UNESP/Rio Claro. Nicolini, E. M. 1990. -. Caracterização da Regeneração entre mosaicos de Clareiras, através do método de banco de sementes, num fragmento florestal no município de Jaú-SP. 7º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP - Agropecuária, Piracicaba - S. P. Cavallari Neto, M. ; Kageyama, P. Y. 1999 31 - Projeto Curumim - Educação Ambiental na Reserva Ecológica Amadeu Botelho para promover a interação sociedade/natureza. Jaú, SP. Carioba, A. C. B. M. 1998 até hoje. - Caracterização Florística de Ecounidades na Estação Ecológica Amadeu Botelho localizada no município de Jaú/SP. Iniciação Científica da Universidade de São Paulo, Departamento de Ciências Biológicas da ESALQ. Souza, A. M. 1999. - Diagnóstico da regeneração natural de fragmentos florestais situados na Bacia Hidrográfica do Rio Jaú. Prefeitura Municipal de Jaú-Instituto Pró-Terra. Antonelli, F. 2000. - Florística das Espécies Arbóreas que ocorrem ao logo da Trilha Ecológica da Reserva Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP – Subsídios para a Educaçao Ambiental. Trabalho de coclusao de Curso, Faculdade de Ciências Biológicas UNESP/Baurú. Adati, E. F. 2001. - Estudo de Crustáceos de Água Doce coletados na RPPN Amadeu Botelho e áreas circunvizinhas. Instituto de Biociências/USP. Mossolin, E. C., Kiyohara, F., Bueno, S. L. S. 2001. - Levantamento da fauna e aspectos da biologia de macro invertebrados de água doce dos principais mananciais do Estado de São Paulo, com ênfase aos bivalves, insecta (Plecoptera, Trichoptera e Diptera) e Crustacea (Decapoda). Programa BIOTA/FAPESP. Silva, R. M. L. 2001. - Levantamento Fitossociológico de um Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual no município de Jaú/SP. Universidade do Sagrado Coração. Bauru/SP. Vermelho, D., Fernandes, F. M., Posse, F. C. D., Mazziero, F. F. F., Santos, G. A., Aguiar, M. A., Paschoal, M. E. S. 2006. - Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) - Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Global Environment Facility (GEF), Banco Mundial – Micro-bacia Córrego Santo Antônio), Secretaria Meio Ambiente SP. 2005 a 2011 - Dinâmica da Comunidade de Aves na Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Município de Jaú, SP.Monografia. Universidade do Sagrado Coraçao/Bauru. Ubaid, F. K. 2006. - Gravação de canto de pássaros por Xeno-canto América na Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Jaú, SP, 2005-2006 - Levantamento fitogeográfico da fazenda Santo Antônio dos Ipês “Reserva Ecológica Amadeu Botelho”. Trabalho de iniciação científica. Faculdades Integradas de Jaú. Silva, A. D. 2007 - Uso do solo da APP do córrego Santo Antônio no município de Jaú. Monografia de Graduação em Geografia. Faculdades Integradas de Jaú. Martinez, T. G., Teixeira, H. L. 2007 - Levantamento dos Mamíferos Terrestres da Reserva Ecológica Amadeu Botelho (REAB), Município de Jaú, SP. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Sagrado Coração, Bauru/SP. Crespi, B. P. 2007. - Pteridófitas da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Jaú/SP. Universidade do Sagrado Coração. Bauru/SP. Mazziero, F. F. F., Nonato, F. R. 2007. 32 - Projeto de Revitalização das Áreas de Preservação Permanente da Bacia do Rio Jaú. Iniciativa Verde, Instituto Pró-Terra. 2008. - Educación Ambiental y Paisaje en los Espacios Naturales Protegidos de Brasil: Contribuciones a la construcción del documento ENCEA (Estrategias Nacionales de Comunicación y Educación Ambiental para el SNUC). Doctorado Interuniversitario de Educación Ambiental Universidad Autónoma de Madrid. Sammarco, Y. M. 2008 - Dieta da ictiofauna de dois riachos de cabeceira, Bacia do rio Tietê. Sociedade de Ecologia do Brasil. Burgos, A. H. 2010. - Estudo do Manejo da Entrelinha de Plantio de um Reflorestamento de Mata Ciliar na Microbacia do Santo Antonio – Jaú/SP. Instituto Pró-Terra. Souza, A. M., Robaioli, A., Vieira, A. S. 2010 - Anurofauna da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho, município de Jaú, São Paulo, Brasil. Faculdade Anhanguera de Bauru. Moya, G. M. 2011. - Levantamento de Lianas da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, no município de Jaú, São Paulo, Brasil. Faculdade de Tecnologia de Jaú, Grupo de Estudos em Ciências Ambientais. Mazziero, F. F. F., Justino, V. C., Carboni, M. 2011 - Proposta de Planejamento e Ações Ambientais para o Turismo Sustentável na RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP. Monografia. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Faculdade de Tecnologia de Jahu. Cerino, C. F. 2011 - Caracterização de mamíferos de médio e grande porte da Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Ciências Biológicas - Instituto de Biociências. Reale, R. 2011 - Avaliação das técnicas de nucleação para restauração ecológica das matas ciliares do córrego Santo Antônio. Faculdade de Tecnologia de Jaú. Silva, I. A. 2011 - Morcegos de um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual do Município de Jaú, Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil. Unesp –Botucatu, São Paulo. Pedrozo, A. R.; Uieda, W.; Guimarães, M.; Martinez, E. W. 2011 - Recuperação da Mata Ciliar de um Trecho do Rio Jaú, integrado com um Programa de Capacitação e Formação de Agentes Multiplicadores. BNDES-Prefeitura Municipal de JaúInstituto Pró-Terra. Souza, A. M. 2012. - Relatório Visita Amadeu Botelho – Faculdade de Tecnologia de Jahu – Visita Técnica Disciplina de Turismo. Lourenço, B. R. L. 2012 - Caracterização Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Jaú e da RPPN “Reserva Ecológica Amadeu Botelho”. FATEC JAHU. REZENDE, J. H.; VENEZIANI JR, J. C. T. 2012 (não publicado) 33 1.8.2. Procedimento adotado para interessados em estudos e projetos na RPPN A pessoa ou pesquisador interessado procura o gestor e apresenta o que pretende fazer. O gestor se informa sobre o interessado e em caso de ser um estudante, entra em contato com o coordenador. Então analisa a proposta de trabalho e se verifica que não há impacto na RPPN, e que não vai contra os princípios de preservação e proteção, a proposta é liberada. O gestor pede então que seja informado do esquema de trabalho, quando começa, quanto tempo dura, a frequência de visitas, o horário, etc. Na primeira visita o gestor mostra a área para o interessado e explica os procedimentos que devem ser adotados durante o trabalho, o que é proibido, os cuidados a tomar no decurso dos estudos. O interessado deve sempre avisar o gestor a hora que entra na RPPN e a hora que sai, para que se tenha um controle de quem está dentro da mata, inclusive para a segurança do próprio pesquisador. Sempre que possível, a pessoa que está realizando estudos na RPPN pode usar a sede do Projeto Curumim, com banheiro, cozinha, água, energia elétrica, uma sala de reuniões e estudos, lugar para montar barracas, sendo que o gestor sempre deve estar informado da presença das pessoas que estão dentro da propriedade. Até o presente momento os resultados das pesquisas e estudos realizados não foram divulgados pela RPPN, só há a divulgação feita pelos próprios pesquisadores e universidades. Está sendo elaborado um livro que reúne alguns estudos realizados na Reserva até o momento e que deve ser publicado proximamente. 1.8.3. Potencialidades para estudos, pesquisas e levantamentos futuros - Estudos mais recentes e completos da composição florística - a presença de clareiras e zonas perturbadas, onde estudar a recuperação natural da mata. - estudo do sub-bosque, onde já foram identificadas plantas medicinais. - o Urubuzal, lugar onde dormem os urubus, um ponto estratégico com correntes de ar. - a população de macacos-prego, que exigiria um estudo urgente porque já existem três grupos na Reserva e a superpopulação pode causar danos ao ecossistema. - realização de estudos e controle de espécies exóticas e exóticas invasoras - a relação entre as espécies de plantas e os animais da RPPN - a área de transição entre a mata e os cultivos adjacentes, o estudo de espécies nativas que serviriam para combater o efeito de borda e que tipos de aceiros seriam mais eficientes - os fungos e seu papel na mata - a formiga saúva, que habita a mata e é combatida ativamente nos cultivos adjacentes. - estudo de abelhas - Avaliação ecológica das espécies da fauna 34 1.9. Pressões e ameaças Os fragmentos florestais são áreas isoladas de vegetação natural, verdadeiras ilhas de biodiversidade, quase sempre circundadas por áreas agrícolas e pastoris. A exposição de um fragmento a essas condições externas adversas pode ocasionar mudanças ecológicas e uma deterioração da diversidade biológica ao longo do tempo. O grau de isolamento e os efeitos de borda são alguns dos fatores que podem levar à mudanças em áreas fragmentadas. 1.9.1. Isolamento Populações de plantas e animais em fragmentos isolados têm menores taxas de migração e dispersão e, em geral, com o tempo sofrem problemas de troca gênica e declínio populacional. Quanto maior for o grau de isolamento de um fragmento, mais difícil será o fluxo gênico entre as populações da região e consequentemente, extinções locais podem ser mais frequentes. E se a recolonização for difícil ou impossível, o resultado será a diminuição na abundância das espécies. Segundo Shafer (1981), as mudanças ecológicas que ocorrem em função do isolamento do fragmento são proporcionais ao seu tamanho: quanto menor o fragmento, mais vulnerável será à extinção local devido a eventos estocásticos, demográficos, catastróficos e genéticos. A RPPN Amadeu Botelho faz parte de um fragmento de médio porte, que tem estado isolado por muitos anos (Figura 36). Seu entorno é composto por pastagens e monoculturas, ambientes intransponíveis para diversas espécies de animais da floresta. Atualmente este fragmento está conectado à apenas pequenos trechos de mata ciliar do Córrego João da Velha, do Córrego Santo Antônio e do rio Jaú. Figura 36: A RPPN Amadeu Botelho e seu isolamento. Imagem: Google Earth maio 2010 35 1.9.2. Efeito de borda Um fragmento de floresta rodeado por uma área antropizada, geralmente ocupada com agricultura ou pastagens, implica na existência de uma borda, uma região que fica exposta à radiação solar lateral e à ação do vento, já que as espécies agrícolas geralmente possuem reduzida altura e biomassa. Portanto as áreas de fragmentos perto da borda recebem mais luz e ficam mais quentes, mais secas e sujeitas à ação do vento, o qual pode causar queda de árvores e dessecação. Nestas áreas pode então ocorrer o aumento de plantas resistentes a estas condições, favorecendo o estabelecimento de espécies características de áreas abertas, capazes de competir com as espécies da mata e inclusive de avançar da borda para o interior, alterando as características naturais do fragmento. Essas alterações podem afetar profundamente a diversidade biológica, os processos ecológicos e a sustentabilidade desses remanescentes florestais. Em fragmentos não muito extensos, os efeitos de borda podem reduzir a área efetiva para determinadas espécies. Além do mais, quanto maior a proporção de borda de um fragmento, menor será a área central, que é a área efetivamente preservada e a mais similar à vegetação original da região. A RPPN Amadeu Botelho, por seu tamanho, sua forma recortada e a vegetação de seu entorno, sofre as consequências do efeito de borda. Está rodeada por culturas de cana, eucalipto, milho, café, alcachofra, laranja, noz pecan e pastagens. Foram identificados vários pontos, principalmente nos limites entre a Reserva e as plantações de cana, milho e pastagem, onde lianas e o capim colonião Panicum maximum (Figuras 37 e 38) estão presentes na borda da mata, sendo que em alguns inclusive há uma certa penetração. Além de ser uma espécie invasora que impede a regeneração da vegetação nativa, a presença do capim representa um perigo nas épocas em que está seco porque é altamente inflamável, aumentando o risco de incêndios. Figura 37: Mata, colonião e cana Figura 38: Mata e colonião 1.9.3. Ocorrência de fogo O uso do fogo no entorno de um fragmento pode causar incêndios não intencionais em seu interior, provocando alterações drásticas na estrutura e na dinâmica das populações. Até 2012 a queima da cana era uma prática adotada na colheita manual, em lugares onde não se podia colher com máquinas devido à declividade do terreno. Era uma queima controlada e raras vezes o fogo se alastrava, mas quando isso acontecia a própria equipe dos encarregados já estava preparada e equipada para combater o fogo. 36 Os incêndios que atingiram a Reserva, sendo que o mais grave ocorreu em 1993, foram resultado de incêndios criminosos ou não intencionais, principalmente porque a RPPN está muito próxima à zona urbana e não há uma vigilância constante, sendo possível o acesso à sua área e ao seu entorno. Nos meses secos há um maior perigo de que o fogo atinja a Reserva porque pode se alastrar com mais facilidade pela cana e pelo capim dos pastos do entorno e chegar à borda da mata, onde há lugares com touceiras de capim, o que pode facilitar a penetração do fogo mata a dentro. Há aceiros entre os cultivos e a Reserva, que são mantidos limpos, mas quando há vento os aceiros não são capazes de brecar o fogo. Quando ocorrem, os incêndios são combatidos com a equipe da fazenda, o Corpo de Bombeiros do Município da Jaú e a equipe das usinas. . 1.9.4. Macacos Apesar de que no passado foram vistos macacos que segundo a descrição podiam ser macacos sauá, ou Guigó, e outros macacos que sempre foram considerados macaco-prego por sua aparência, hoje em dia só estes últimos tem sido vistos, mas nunca foram estudados. Segundo observado, parecem ser da espécie Sapajus nigritus, antes considerada como subespécie de Cebus apela (Figura 39). Figura 39: Macaco-prego na RPPN Amadeu Botelho, fotografia de Paulo Guerra Devido à sua dieta onívora, o macaco-prego é uma espécie com grande capacidade de adaptação e pode sobreviver em áreas de florestas fragmentadas, mesmo que não sejam muito extensas, desde que tenha acesso a plantações ao redor de seu ambiente. Sua dieta é composta por frutas, folhas, sementes, flores, além de ovos, pequenos vertebrados como anfíbios, répteis, aves e mamíferos, podendo interferir na reprodução de muitas espécies de aves ao se alimentar de ovos e filhotes. Antigamente já havia macacos na mata, viviam em grupos que sempre eram avistados. Com o passar do tempo a população foi aumentando e atualmente existem 3 grupos que vivem na mata, segundo relatos de quem a frequenta, e um grupo que vive no pomar da sede. Esse aumento pode haver ocorrido devido à oferta de alimento dos cultivos no entorno da Reserva, principalmente a cana e o milho, o que já foi inclusive documentado em vídeo (Guerra, 2011). Quanto ao grupo do pomar, alimentam-se das frutas e ultimamente começaram a entrar no galinheiro para comer ovos e até animais jovens. 37 Se por um lado os macacos podem ser considerados uma praga para as plantações e uma ameaça à integridade da RPPN porque podem estar contribuindo com a diminuição da população de aves que ali fazem seus ninhos, por outro lado sua população pode começar a sofrer um declínio devido às consequências da consanguinidade. Na lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN ( International Union for Conservation of Nature) (2008), essa espécie está entre as “quase ameaçadas” porque apesar de existirem em várias áreas protegidas, as populações remanescentes estão fragmentadas e continuam declinando. 1.9.5. Espécies exóticas De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB (MMA, 2010), "espécie exótica" é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. "Espécie Exótica Invasora", por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas, hábitats ou espécies. Essas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e/ou pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas, notadamente em ambientes frágeis e degradados. Faz alguns anos têm aparecido algumas espécies de aves que nunca tinham sido vistas na região onde se encontra a Reserva, como o coró-coró Mesembrinibis cayennensis (Figura 40), a pomba asa branca Patagioenas picazuro, a garça boiadeira Bubulcus ibis, a curicaca Theristicus caudatus, o tucano Ramphastos toco, o cabeça-seca Mycteria americana (Figura 41), o periquitão-maracanã Aratinga leucophthalma, o papagaio-verdadeiro Amazona aestiva, o urubu-rei Sarcoramphus papa. Acredita-se que chegaram espontaneamente vindos de longe. É difícil precisar se são espécies genuinamente exóticas e a época em que as mesmas se estabeleceram, mas o fato é que se adaptaram e suas populações têm aumentado bastante. Seria necessária uma pesquisa sobre as mesmas e sua influência no ecossistema da Reserva para saber se sua presença pode ser considerada uma ameaça. Figura 40: Coró-coró Mesembrinibis cayennensis Figura 41: Cabeça-seca Mycteria americana Fotografia: Paulo Guerra As gramíneas colonião Panicum maximum e capim napiê Pennisetum purpureum são as principais espécies vegetais exóticas que representam ameaças à Reserva. 38 1.9.6. Caça O fato de a Reserva estar tão perto da cidade facilita o acesso de caçadores. Prova de que ainda ocorre a caça na região foi a apreensão em 2010 de espingardas, munição, facões, armadilhas tipo alçapão e carne de um animal que não foi identificado, resultado de uma blitz feita pela polícia ambiental no Centro Oeste Paulista (GLOBO, 2010). No total 42 pessoas foram encaminhadas à delegacia por Crime de Caça na área de abrangência da policia ambiental que engloba 39 municípios da região de Bauru e foram aplicadas 70 multas. Em Igaraçu do Tietê, a Polícia Ambiental apreendeu quase quatro quilos de carne de capivara, armadilhas, cartuchos deflagrados e espingardas. Em Jaú, cinco quilos de carne de capivara foram apreendidos em um sítio no distrito de Potunduva. Em Pederneiras, uma pessoa foi presa por porte ilegal de armas e crime ambiental: na sua casa havia 24 aves silvestres presas em gaiolas. Durante uma outra operação na região, os policiais apreenderam carne de tatu, de capivara, e pássaros silvestres em seis propriedades e no local havia dois cães de caça (TEMMAIS, 2010). Em agosto de 2011 houve a apreensão de 60 aves silvestres em cativeiro em três casas de Jaú, quando também foram encontrados nos imóveis vários materiais usados para caçar, além de redes e gaiolas, e também 20 kg de carne de capivara, casco de tatu, couro e chifres de animais, caudas e cabeças de jacarés empalhadas (GLOBO, 2011). Em outubro de 2012 foram apreendidas onze aves silvestres (sete papagaios filhotes, dois trinca-ferro, um sabiá laranjeira e uma coleirinha papa-capim) em uma oficina mecânica, em Jaú (GLOBO, 2012). Alguns caçadores já foram vistos por trabalhadores da fazenda ou pelos proprietários, também já foram encontradas pistas de sua passagem dentro da mata, como pegadas, plantas cortadas nas picadas, esperas, ceva, etc. No caso de serem vistos, os caçadores são abordados, informados sobre a proibição da caça e orientados para que abandonem a Reserva. Quando há a suspeita de que algum morador da fazenda está caçando, o gestor da Reserva faz um trabalho de educação ambiental com os moradores sobre a caça e sua proibição. Desde a época em que a fazenda era administrada pelo pai dos atuais proprietários existe um regulamento que os trabalhadores devem assinar quando são contratados, no qual consta a proibição da caça. 1.10. Atividades Desenvolvidas na RPPN As atividades são: o Projeto Curumim de Educação Ambiental acima mencionado, pesquisas e estudos também já mencionados, e parceria com alguns projetos realizados na fazenda, como os projetos de restauração da mata ciliar dos córregos e do rio Jaú e a formação de corredores entre a Reserva e a mata ciliar que já ocorreram e os que estão em andamento. A fazenda na qual a RPPN está inserida se encarrega atualmente de fiscalizar e proteger a área. O fato de haver cultivos variados limitando a mata e a necessidade de estar cuidando dos mesmos implica uma constante supervisão em todo o perímetro da Reserva. A polícia ambiental aparecia esporadicamente, mas com a nova lei da Fundação Florestal agora fazem a fiscalização com mais frequência. 39 1.11. Sistema de Gestão A RPPN é administrada pelos proprietários e pelo gestor, que fazem por sua conta a fiscalização, proteção e manutenção da infraestrutura da área, como a manutenção da trilha usada na visitação e no programa de educação ambiental, de caminhos por dentro da mata para que se possa ter acesso em caso de incêndios, do córrego que atravessa a mata vindo de fora da reserva, e que leva água a algumas instalações da fazenda. Planeja-se implantar um sistema de controle e contagem de visitantes na Reserva, para tabulação dos dados. 1.12. Pessoal Atualmente o gestor da RPPN é Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, o criador do Programa de Educação Ambiental. Ele trabalha e mora na fazenda e é o encarregado da manutenção da Reserva e de sua infraestrutura, coordenando os trabalhos que são levados a cabo quando necessário, utilizando os trabalhadores e equipamentos da fazenda. 1.13. Infraestrutura Na RPPN propriamente dita existem trilhas bem conservadas (as trilhas do Rego e dona Brasília) que são usadas no programa de educação ambiental mencionado acima. Estão localizadas na parte norte da Reserva, próximas à base do Centro Curumim de educação ambiental, que está situado fora da Reserva. Atravessando a Reserva há dois caminhos que sempre existiram na mata (Caminho do morro e Caminho da biquinha) e que são mantidos limpos para possibilitar o acesso em caso de combate a incêndios e fiscalização. Também há uma picada (Picada do cano), usada principalmente pelos pesquisadores, que acompanha o cano que levava a água da nascente até a sede (Figura 42). Figura 42: Caminhos, trilhas e picadas da RPPN. Trilhas do Rego (amarelo), dona Brasília (branco), Caminho do morro (azul), Picada do cano (verde), Caminho da biquinha (vermelho). A zona pontilhada também é mata mas não faz parte da RPPN. Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 40 1.14. Equipamentos e serviços Os equipamentos, serviços e materiais que a RPPN dispõe já foram mencionados, bem como o apoio a pesquisas e visitação. 1.15. Recursos Financeiros O único recurso financeiro de que a RPPN dispõe é o arrecadamento do programa de educação ambiental já mencionado, o qual é aplicado na manutenção da infraestrutura do Centro e da trilha juntamente com a turma da fazenda. 1.16. Formas de Cooperação Atualmente não há parcerias entre a RPPN e outras instituições. Houve e há parcerias entre a fazenda Santo Antônio dos Ipês e a ONG Instituto Pro-Terra na execução de projetos que envolvem o entorno da RPPN, principalmente as matas ciliares dos três cursos d’água entre os quais está inserida. Há uma relação de cooperação entre a RPPN e os pesquisadores que nela realizam seus estudos, durante o período da pesquisa, quando recebem apoio, orientação e toda a ajuda que necessitem para o bom andamento do trabalho, e posteriormente, quando os resultados são transmitidos aos proprietários e divulgados. A Associcana (Associação dos Produtores de Cana) coopera na execução de mapas da propriedade. 2. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE A Reserva está inserida na fazenda Santo Antônio dos Ipês, a qual conta com uma casa sede construída em 1918 (Figura 43), pomar, terreiro de café com lavador e secador (Figuras 45 e 46), máquinas de benefício de café, tulha, paióis, cocheira (Figura 44), chiqueiro, vacaria, bezerreiro, galinheiro, duas colônias de moradores/trabalhadores com 15 casas, rancho de tratores e oficina mecânica, carroças, máquinas (tratores, caminhões, etc), cercas de arame farpado e cercas elétricas nas pastagens (que impedem a penetração do gado na Reserva por onde esta faz limite com os pastos). Todas as moradias possuem fossas assépticas. Os resíduos sólidos são coletados pela fazenda e destinados ao depósito de lixo da cidade. Toda a fazenda conta com água encanada e energia elétrica, sendo que a rede de energia elétrica é mantida pela CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). Figura 43: Sede Figura 44: Cocheira e rancho de tratores 41 Figura 45: Lavador e secador de café Figura 46: Terreiro O acesso à fazenda é de asfalto até a SAEMJA (Estação de Tratamento de Água de Jaú) localizada na margem esquerda do rio Jaú. Após atravessar uma ponte sobre o rio, chegase até a sede e demais edificações por um caminho de terra (Figura 47). O acesso ao Centro de Educação Ambiental é outro, como já foi mencionado acima, pela Estrada Pública. Figura 47: Fazenda Santo Antônio dos Ipês. No canto inferior direito, a ponte sobre o rio Jaú. Terreiro, sede, pomar e ao fundo a Reserva. Fotografia: Cassio Vasconcellos, 25 de agosto de 2005. 42 Quando a fazenda foi adquirida, no final do século XIX, toda a área era coberta por mata virgem. Primeiro foram formadas as plantações de café, em seguida foram abertos campos para cultivo de milho e pastagens. Por volta de 1930 foram sendo implantadas outras culturas, como abóbora, inhame, arroz, feijão, fumo, algodão e posteriormente laranja, limão, noz macadâmia, noz pecan, abacate, pêssego, cordia, cana-de-açúcar, banana, goiaba, com sistema de plantio extensivo, com uso de máquinas agrícolas. Atualmente existem na fazenda plantações de milho (50 ha), café (12 ha), cana-de-açúcar (200 ha), girassol (50 ha) plantado em rotação com o milho, abacate (4 ha), alcachofra orgânica (1 ha), maracujá orgânico (4 ha), milho orgânico (1 ha), pastagens (25 ha) e pastagens orgânicas (16 ha), eucalipto (5 ha), laranja azeda (5 ha), noz pecan (1 ha). A fazenda possui 100 cabeças de gado holandês e vende 500 a 700 litros de leite por dia. Os cultivos que fazem limite com a RPPN são: pastagens, milho e girassol, cana-de-açúcar, noz pecan, laranja, alcachofra, maracujá, café, eucalipto. Numa região onde predomina a monocultura de cana-de-açúcar, a fazenda manteve a sua tradição de diversidade de culturas, e fornece emprego a cerca de 30 trabalhadores, entre fixos e temporários. RPPN Amadeu Botelho Figura 48: Diversidade de cultivos da fazenda Santo Antônio dos Ipês. Fonte: Associcana A fazenda possui toda a infraestrutura de uma propriedade rural voltada à agricultura e pecuária, com suas máquinas, mão-de-obra e administração, o que é uma vantagem pois facilita a manutenção e a fiscalização da Reserva, que sempre estiveram a cargo da fazenda. Atualmente há práticas orgânicas, como as plantações de alcachofra (Figura 20), milho, mandioca, maracujá e pastagens, todas devidamente certificadas, e já foram implantados corredores de espécies nativas entre a Reserva e as matas ciliares dos córregos e do rio Jaú, que estão próximos da mata (Figura 48). 43 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO A área do entorno da RPPN é composta pela propriedade na qual está inserida e que já foi descrita acima, e por um fragmento de mata de cerca de 20 hectares com as mesmas características da Reserva, que pertence a dois irmãos dos proprietários, os quais pretendem conservá-lo. Alguns bairros da cidade de Jaú já chegam aos limites da fazenda. Dados da Cidade de Jaú, Estado de São Paulo Área total: 688,34 Km² Área Urbana: 16,33 Km² (sem o distrito de Potunduva) Área Rural: 672,01 Km² Área de Proteção de Mananciais: 5 mananciais Nº de Distritos: Distrito de Potunduva Posição geográfica: Latitude: 22º17´47" S Longitude: 48º33´28" O Altitude: 522 metros Altitude máxima: 606 metros Municípios limítrofes: Itapuí; Bariri; Bocaina; Dourado; Dois Córregos; Mineiros do Tietê; Pederneiras; Macatuba e Barra Bonita. Hidrografia: O município de Jaú é banhado pelo Rio Tietê e seus afluentes Rios Ave Maria e Jaú. Os demais cursos d'água que atravessam o município são córregos e ribeirões. Beneficia-se da hidrovia Tietê-Paraná através do transporte intermodal hidro-ferrorodoviário. Mês de maior incidência de chuva: Janeiro Mês de menor incidência de chuva: Agosto Índice pluviométrico: entre 1200 mm a 1500 mm. Temperatura média anual: 22,8º C Temperatura média máxima: 36º C Temperatura média mínima: 18º C Umidade relativa do ar: 70% Bioma: Cerrado e Mata Atlântica Uso e cobertura do solo: a maior extensão territorial corresponde à área ocupada pela atividade do plantio de cana-de-açúcar. Demografia: 131.068 habitantes População Urbana: 126.971 habitantes População rural: 4.097 habitantes Total de homens: 64.222 Total de mulheres: 66.846 Taxa Geométrica de Crescimento Anual: 1,632 44 Densidade demográfica: 191,09 (habitantes por km 2) Domicílios cadastrados: 46.906 Número médio de moradores por domicílio: 3,45 moradores Percentual do esgoto coletado: 100% da área urbana Percentual do esgoto tratado: 100% Percentual de rede de abastecimento de água: 100% Idade média da população: de 25 a 29 anos Alfabetização: 92,4% Faixa salarial predominante: de 1 a 2 salários mínimos População em idade ativa (PIA): 76.236 (15 a 64 anos) População Economicamente Ativa (PEA): 57.063 Renda per capita: (em salários mínimos): 2,65 Número de empresas atuantes: 5.295 Principais atividades econômicas: Indústria calçadista e a agroindústria canavieira (açúcar e álcool) que ocupa mais de 90% da área do município. O setor industrial é diversificado sendo representado também por indústrias de transformação, metal-mecânica, alimentícias e de celulose. Na agricultura, os principais cultivos são a cana-de-açúcar, café, milho, soja e frutas (Figuras 49 e 50). Na pecuária destaca-se o setor avícola e a criaçao de bovinos e suínos (Figura 51). Produto Abacate Banana(cacho) Café(em grão) Laranja Limao Noz(fruto seco) Palmito Pêssego Tangerina Quantidade (toneladas) 71 140 1458 470 21 9 84 20 63 Área plantada (ha) 5 4 900 10 2 8 16 3 3 Valor da produção(R$) 29.000 63.000 6.677.000 136.000 8.000 27.000 655.000 45.000 23.000 Figura 49: Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras permanentes do município de Jaú, São Paulo. Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012 45 Produto Quantidade (toneladas) Área plantada (ha) Valor da produção(R$) Algodao herbáceo (em caroço) 83 33 137.000 Arroz(em casca) Cana-de-açúcar Milho(em grão) Soja(em grão) 180 3.655.000 3.102 1.197 50 43.000 660 362 90.000 201.025.000 1.023.000 873.000 Figura 50: Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras temporárias do município de Jaú, São Paulo. Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012 Tipo de rebanho Bovinos Equinos Bubalinos Asininos Muares Suínos Caprinos Ovinos Galos, frangas, frangos e pintos Galinhas Vacas ordenhadas Número de cabeças 8.880 1.610 15 28 175 7.115 97 2.350 189.500 113.270 460 Figura 51: Efetivo do rebanho no município de Jaú, Sao Paulo. Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Produto Interno Bruto (PIB) PIB da Indústria PIB da Agropecuária PIB dos Serviços R$ 330.192.000,00 R$ 44.070.000,00 R$ 1.456.236.000,00 Serviços de Saúde: Hospital Amaral Carvalho, Hospital Sociedade São Vicente de Paula, Hospital Sociedade de Instrução Popular e Beneficência, Hospital Congregação Irmãs Franciscanas, Fac-Fraterno Auxílio Cristão, Postos de Saúde, Santa Casa de Jaú, Hospital Thereza Perlatti, Pronto Socorro Municipal, Hospital São Judas Tadeu. Bancos: Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, Caixa Econômica Federal, HSBC Bank Brasil, Banespa Club Jaú, Banco Mercantil, Banco Nossa Caixa, Banco Panamericano, Banco ABN, Sudameris. 17 agências bancárias. Hotéis: Vip Hotel, Hotel Jaú, Realce Hotel, Hotel Jardim, Hotel Vila Real, Residence Hotel, Hotel São José. 46 Educação: Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, estão registrados no município de Jaú 108 estabelecimentos de ensino municipais, estaduais e particulares. (56 de educação infantil, 47 de ensino fundamental e médio e 5 exclusivos de Educação de Jovens e Adultos) O ensino municipal público, conforme dados da Prefeitura Municipal de Jaú, conta com aproximadamente 12 mil alunos, distribuídos em 17 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF´s), 1 Extensão, 40 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI´s) incluindo 28 pré-escolas (crianças de 4 a 5 anos) e 12 creches (crianças de 0 a 3 anos). O município de Jaú conta com uma unidade da Universidade de São Paulo (USP) e sediará o Polo de Aplicação e Desenvolvimento de Tecnologia da Água, Energia e Biomassa e o Centro de Ensino e Treinamento de Água e Energia. O município também conta com a Faculdade de Tecnologia do Jahu (FATEC), a Universidade Aberta do Brasil (UAB), a Universidade Corporativa Amaral Carvalho (UCAC), a instituição privada UNIESP (antiga Faculdade Jauense) e as Faculdades Integradas de Jaú, que são parte da Fundação Educacional "Dr. Raul Bauab". No município há também grande número de cursos técnicos e profissionalizantes. As principais escolas são o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o IBEM (Instituto Bezerra de Menezes) e a Escola Agrícola de Jaú (Escola Técnica Estadual). Comunicações: A população de Jaú dispõe de 36,9 terminais telefônicos para cada grupo de 100 habitantes e serviços de telefonia celular móvel, retransmissoras de TV, provedores de acesso à Internet, cinco emissoras de rádio (três AM e duas FM), um jornal diário, o Comércio do Jahu, e um semanário. Possui seis agências de correio e vários postos de venda de selos. 4. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE Com o desaparecimento de mais de 90% da mata Atlântica no Brasil, em muitas regiões sobraram apenas pequenos fragmentos florestais isolados, as últimas testemunhas da vegetação exuberante que um dia cobriu a zona costeira do país. Muitos destes fragmentos são verdadeiras ilhas de biodiversidade que guardam importantes informações biológicas, mas a sobrevivência de suas populações pode estar ameaçada devido ao aumento de cruzamentos entre indivíduos aparentados e diminuição da variabilidade genética. Corredores de vegetação conectando fragmentos próximos podem facilitar o fluxo genético entre eles e garantir a sobrevivência das comunidades, além de contribuir para a conservação dos recursos hídricos e do solo e para o equilíbrio do clima e da paisagem. Com a instituição do SNUC, foi reconhecida a importância da conectividade entre os fragmentos remanescentes e foram definidos os corredores ecológicos como porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. Os corredores podem unir Unidades de Conservação, Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente ou quaisquer outras áreas de florestas naturais. No caso da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, as Unidades de Conservação existentes no seu entorno são as seguintes (Figura 52): 47 - EE de Sebastiao Aleixo da Silva (Estadual) em Bauru - EE Itirapina (Estadual) em Itirapina e Brotas - EE São Carlos (Estadual) em São Carlos - APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá (Estadual) em Dois Córregos, Torrinha, Santa Maria da Serra, Itirapina, São Pedro, Corumbataí, Analândia, Charqueada, Brotas, São Carlos, Ipeúna, Rio Claro, Barra Bonita, Botucatu, Pardinho, Bofete, Itatinga, Avaré, Perangaba, Guareí, São Miguel, Angatuba, Tejupá, Timburi, Fatura, Piraju, Taguaí, Taquarituba, Barão de Antonina e Coronel Macedo - APA Ibitinga (Estadual) em Ibitinga - APA Rio Batalha (Estadual) em Agudos e Bauru - EEx de Araraquara em Araraquara - EEx de Bauru em Bauru - EEx de Itirapina em Itirapina - EEx Pederneiras em Pederneiras - EEx de Jaú Figura 52: Unidades de Conservação próximas à RPPN Amadeu Botelho, indicando a localização da RPPN (flecha verde), a Estação Experimental de Jaú (flecha vermelha) e a APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá (flecha amarela). Fonte: Arquivos digitais: Unidades de Conservação – Instituto Florestal/Fundação Florestal) As UC mais próximas são a EEx de Jaú e a APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá, mas a distâncias entre elas e a Reserva não permite sua conexão através de corredores. Um mosaico de unidades de conservação, segundo a Lei do SNUC, é “um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas”, cuja gestão deve ser feita de maneira conjunta e integrada. Como não existem unidades de conservação suficientemente próximas à Reserva, não é possível a formação de um mosaico que possa ser reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente. 48 Entretanto, um grupo de fragmentos de diversos tamanhos conectados entre si, que permitam a passagem de espécies, pode funcionar na prática como um fragmento maior, permitindo o fluxo biológico e promovendo a manutenção de grande parte da biota. No entorno da Reserva existem áreas protegidas e pequenos fragmentos de mata que já estão conectados ou poderiam conectar-se com a RPPN através de corredores ecológicos. As APPs das matas ciliares do Córrego Santo Antônio, do Córrego João da Velha e do rio Jaú (Figura 53, nº 1, nº 2 e nº 3 respectivamente) foram e estão sendo restauradas através de vários projetos desde o ano 2005: - Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) - Secretaria de Estado do Meio Ambiente - com doação de US$ 7,75 milhões do Global Environment Facility (GEF), implementada pelo Banco Mundial – Micro bacia Córrego Santo Antônio. Durante esse projeto, estabeleceu-se um corredor com espécies nativas entre a APP deste córrego e a Reserva, que com o tempo foi se consolidando. 2005 a 2011. - Projeto (Banco de Áreas) de Revitalização das Áreas de Preservação Permanente da Bacia do Rio Jaú. Iniciativa Verde, Instituto Pró-Terra. Este restauro contou com o plantio de 12.530 árvores em uma área de 7,51 hectares. As áreas onde esses restauros foram realizados são de grande importância para a biodiversidade, tanto em nível local, por situarse no entorno da Reserva, quanto em nível regional, por se tratar-se de uma região prioritária para conexão de remanescentes através da criação de corredores ecológicos. A recuperação deste trecho da mata ciliar do rio Jaú, justamente o trecho onde a mata está mais próxima ao rio Jaú, proporcionou a formação de um corredor no local onde passa o córrego formado pela nascente que há dentro da mata, e que desemboca no rio Jaú. 2008. - Restauração de 117 hectares de Mata Atlântica em Áreas de Preservação Permanente ciliares em propriedade rurais, localizadas nas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) Tietê/Batalha e Tietê/Jacaré – BNDES Mata Atlântica – Córrego João da Velha e rio Jaú. 2012 A área de mata adjacente à RPPN, de propriedade de dois herdeiros, de aproximadamente 20 hectares (Figura 53, polígono rosa), é parte da mesma mata que foi conservada pelos proprietários desde que a fazenda foi formada, apresenta as mesmas características e o mesmo estado de conservação. O interesse dos proprietários é mantê-la como está. Esta área é a que já está conectada com as matas ciliares do córrego João da Velha e do rio Jaú. Há um pequeno fragmento de mata dentro da fazenda ao lado da RPPN e já conectada com esta (Figura 53, polígono branco), o qual os proprietários decidiram manter também preservado. No lado norte da Reserva há um fragmento de mata de um vizinho que poderia ser conectado através de um corredor ecológico (Figura 53, polígono azul). E há muitos fragmentos mais distantes (Figura 53, polígonos vermelhos), mas que podem ser conectados através das matas ciliares já existentes ou que podem ser recuperadas (Figura 53, linhas vermelhas), que funcionariam como corredores. Tudo isso significaria um incremento de aproximadamente 300 hectares de florestas conectadas à Reserva, numa paisagem dominada por plantações e pastagens. 49 Figura 53: Possibilidades de conectividade entre a RPPN e outros fragmentos. RPPN em amarelo. Mata adjacente em rosa. Matas próximas em branco e azul. Matas distantes, polígonos vermelhos. Matas ciliares existentes ou que podem ser recuperadas, linhas vermelhas. Nº 1, córrego Santo Antônio. Nº 2, córrego João da Velha. Nº 3, rio Jaú. Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA A Reserva Ecológica Amadeu Botelho é um fragmento de floresta, uma área única numa zona onde predominam as monoculturas e as pastagens. É um dos últimos e o maior remanescente do que um dia foi a vegetação original do município onde está localizada. Sua transformação em uma RPPN é um excelente exemplo de consciência e participação do cidadão comum na defesa da natureza, disseminando e promovendo diversas outras ações de conservação, podendo inclusive incentivar outros proprietários da região. Em uma região com pouquíssimos remanescentes florestais, as espécies vegetais nativas da RPPN podem funcionar como um banco de germoplasma a ser utilizado como fonte de sementes para a sua restauração. Através do Programa de Educação Ambiental que vem sendo realizado desde 1998, a Reserva tem contribuído para a sensibilização e a aprendizagem, fornecendo ao público mais diverso uma valiosa oportunidade de entrar em contato com a natureza, conhecer a Reserva e entender a importância de uma floresta bem conservada. 50 A RPPN contribui na conservação de algumas espécies da fauna (o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, a jaguatirica Leopardus pardalis, o gato-maracajá Leopardus wiedii, a suçuarana Puma concolor), consideradas vulneráveis, e da flora (a peroba Aspidosperma polyneuron, o amendoim Pterogyne nitens a cabreúva Myroxylon peuriferum, o cedro Cedrela fissilis, o pau-marfim Balfourodendron riedelianum, o guarantã Esembeckia leiocarpa, o jequitibá-branco Cariniana estrellensis, o jacarandá Jacaranda macranta), consideradas raras e importantes do ponto de vista conservacionista. Por ser um dos últimos fragmentos florestais na região, a RPPN é um refúgio natural para a fauna, propiciando sua reprodução e dispersão para outras áreas do entorno. Já foram apontadas as ameaças ao ecossistema, como o efeito de borda e o isolamento, que põem em risco a integridade deste espaço, evidenciando assim a necessidade de sua preservação. Por suas características, seu estado de conservação, sua biodiversidade, seu grau de isolamento, a existência de algumas áreas perturbadas em diferentes estágios de regeneração, a proximidade do centro urbano, o fácil acesso, a RPPN Amadeu Botelho representa um espaço com muito potencial para o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre o ecossistema nela preservado, seus componentes e processos ecológicos. Num trabalho realizado em 11 fragmentos de mata na região de Campinas dentro do Programa Biota-Fapesp (Santos, 2003) foram localizadas 16 espécies raríssimas de árvores, ainda sem relatos no território paulista, contrariando a frequentemente mencionada perda de riqueza de espécies nos estudos sobre fragmentação de ecossistemas. Ainda há áreas dentro da Reserva de difícil acesso devido à densidade da mata, que nunca foram estudadas, e que ainda não se sabe que surpresas nos podem reservar. 51 PARTE C - PLANEJAMENTO 1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO Com base no instrumento legal de criação da RPPN e de acordo com as potencialidades apontadas pelo diagnóstico, foram definidos os seguintes objetivos específicos de manejo da Reserva: Manter a integridade da Reserva para conservar a diversidade biológica e os recursos genéticos e proteger as espécies raras e ameaçadas; Estabelecer medidas de proteção contra pressões e ameaças; Promover a recuperação do ecossistema nas zonas perturbadas e nas bordas; Proteger os recursos hídricos; Valorizar socialmente a diversidade biológica; Melhorar e diversificar as atividades de educação e interpretação ambiental e a recreação, e promover o turismo ecológico; Promover e incentivar a realização de pesquisas científicas que possam ampliar o conhecimento sobre a região e/ou auxiliar seu manejo; Propiciar a conectividade da RPPN com fragmentos florestais do seu entorno. Através do diagnóstico, foram identificados os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças e pressões relativos à REAB, os quais devem nortear o manejo da unidade. Os pontos fortes e oportunidades foram: - A riqueza da biodiversidade - O bom estado de conservação - Presença de espécies raras e ameaçadas - Potencial para desenvolver maior número de pesquisas - Existência de corredores ecológicos que conectam a Reserva com APPs e possibilidade de conexão com fragmentos florestais - O programa de educação ambiental que funciona desde 1998 e a infraestrutura existente - Possibilidade de melhoras e diversificação do programa - A visitação só em área restrita, o restante só destinado a conservação - Está rodeada pelas terras dos mesmos proprietários que a criaram - Engajamento dos proprietários na questão ambiental - Presença de cultivos ecológicos em áreas adjacentes - Apoio da fazenda - Proximidade da cidade, facilitando a visitação e pesquisas - Recursos de compensação ambiental 52 Os pontos fracos, ameaças e pressões foram: - Inexistência de parcerias - Efeito de borda - Deficiências na infraestrutura (centro, trilha) - Fiscalização e manutenção deficientes - Inexistência de equipamento de combate a incêndio e pessoas preparadas - Falta de integração com a comunidade do entorno - Divulgação das pesquisas deficiente - A RPPN não é economicamente autossuficiente - A baixa cobertura vegetal natural na região do entorno da Reserva o que agrava o isolamento das espécies nela contidas - O crescimento urbano nos arredores da Reserva e a falta de lazer para as populações urbanas vizinhas, o que aumenta a incidência de invasão da RPPN por humanos, aumentando o risco de incêndios, a incidência de caça e as invasões biológicas - Presença de espécies exóticas - Placa da reserva e placas de sinalização na trilha em mal estado 2. ZONEAMENTO Com base nos dados obtidos no diagnóstico, foi definido o zoneamento da Reserva, estabelecendo usos diferenciados para cada espaço levando-se em conta suas características e potencialidades e de acordo com o que já vem ocorrendo no local (Figura 54). Não foi incluída a zona silvestre porque não há áreas totalmente inalteradas que nunca sofreram a intervenção humana. Quando a fazenda foi adquirida houve retirada de madeiras nobres para a construção da sede e em 1993 houve um incêndio que atingiu algumas áreas. Mas a mata foi se recuperando e a área mais central da Reserva apresenta atualmente o aspecto de uma floresta com alto grau de integridade. As atividades de administração e recepção de visitantes e pesquisadores se concentram no Centro de Educação Ambiental já descrito acima, que está localizado fora dos limites da Reserva. Dentro da RPPN, portanto, foram estabelecidas quatro zonas: proteção, visitação, transição e recuperação. 53 Figura 54: Mapa do Zoneamento da RPPN Amadeu Botelho. V – zona de Visitação (amarelo). P – zona de Proteção (verde). T – zona de Transição (rosa). R1, R2, R3, R4, R5 – zonas de Recuperação (laranja). Picada do cano (verde). Caminho do morro (azul). Caminho da biquinha (vermelho). Trilhas do Rego (amarelo). dona Brasília (branco). A área pontilhada de azul também é mata mas não é RPPN. Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010 54 2.1. Zona de Proteção Área com um grau mínimo de intervenção humana. Engloba toda a área central da Reserva, ocupa sua maior parte e contém uma nascente e espécies da flora e da fauna de grande valor científico. Trata-se da zona mais conservada, com algumas clareiras em avançado processo de sucessão ecológica florestal. É de difícil penetração, cortada apenas por uma picada muito fechada e dois caminhos (Figura 54, sinalizada com a letra P). Esta zona está conectada com a área de mata (a área pontilhada da Figura 54) que não é RPPN. - O objetivo dessa zona é a preservação do ambiente natural, a proteção dos recursos hídricos, o monitoramento da evolução dos processos de regeneração natural, a promoção de atividades de pesquisa científica e de visitação de baixo impacto (caminhadas e observação de aves). A visitação de baixo impacto é entendida como uma visitação feita por grupos de no máximo 10 pessoas, somente um grupo por semana. A visitação de baixo impacto será realizada somente na Picada do cano, no Caminho do morro e no Caminho da biquinha (Figura 54). 2.1.1. Normas da Zona de Proteção Atividades permitidas: - A fiscalização, a pesquisa, o monitoramento ambiental e a visitação de baixo impacto acompanhada de um guia da RPPN, sempre previamente autorizados pelo gestor da Reserva - A manutenção manual da picada e caminhos - O uso da picada e caminhos somente com a mínima intervenção possível, seja para fins de fiscalização, pesquisa, monitoramento ou visitação de baixo impacto - A coleta de material biológico para pesquisa mediante aprovação do gestor da Reserva, atendendo às exigências de licença de coleta determinadas pela legislação vigente - As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a proteção desta zona - O uso de equipamentos sempre que sejam retirados pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa - A construção de uma torre de observação no local mais elevado da Reserva As atividades permitidas não poderão comprometer a integridade dos recursos naturais A fiscalização será eventual ou em casos de necessidade É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva 55 2.2. Zona de Visitação Esta zona, no extremo norte da Reserva, abarca uma área de aproximadamente 70.000 metros quadrados, onde estão localizadas as trilhas interpretativas usadas no Programa de Educação Ambiental (Figura 54, em amarelo, sinalizada com a letra V). As atividades de educação ambiental, ecoturismo, recreação, interpretação e lazer serão realizadas somente nesta zona. Não há infraestrutura instalada além das trilhas e placas de identificação de espécies vegetais. - O objetivo dessa zona é a manutenção do ambiente natural, a proteção da vegetação ciliar, a ordenação das ações de educação ambiental, recreação, pesquisa científica, fiscalização, e o estabelecimento de estruturas e elementos interpretativos conforme necessário. 2.2.1. Normas da Zona de Visitação Atividades permitidas: - A pesquisa científica, monitoramento ambiental, visitação, recreação, turismo ecológico, eliminação de espécies invasoras, plantação de espécies nativas e fiscalização - A instalação de equipamentos para pesquisas, sempre que previamente autorizada pelo gestor da Reserva, sendo que qualquer equipamento será, obrigatoriamente, retirado pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa - A instalação de equipamentos para a interpretação dos recursos naturais, observação da fauna e recreação, sempre que estejam integrados com a paisagem local - As ações necessárias imprescindíveis à manutenção da visitação pública, como manutenção, desobstrução e limpeza do córrego e da trilha e controle da erosão causada por enchentes - As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a proteção desta zona e dos visitantes - A construção de um observatório de aves num local escolhido pelo gestor As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais As atividades educativas e turísticas dentro da zona de visitação devem ser agendadas previamente e ter o acompanhamento de um guia da RPPN, estando condicionadas à capacidade de suporte das trilhas Todo o resíduo produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais deve ser conduzido para local adequado fora da Reserva A fiscalização será constante É proibido o tráfego de veículos nesta zona É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva 56 2.3. Zona de Transição Corresponde a uma faixa de 10 metros ao longo do perímetro da Reserva, da borda para seu interior, menos a parte em que a Reserva faz limite com o fragmento de mata que junto com ela constitui toda a mata conservada, fragmento este que não foi transformado em RPPN (Figura 54, na cor rosa, sinalizada com a letra T, a parte pontilhada é a mata vizinha que não é RPPN). Nesta zona há muitos pontos onde se nota a invasão de gramíneas exóticas. Há cercas de arame farpado onde as pastagens margeiam a Reserva. Sua função é proteger a RPPN dos impactos do entorno. Esta zona poderá receber, também, toda a infraestrutura e serviços da RPPN, quando for o caso. - O objetivo desta zona é servir como filtro e faixa de proteção para combater o efeito de borda e absorver os impactos provenientes da área externa, que poderiam resultar em prejuízo aos recursos da RPPN. 2.3.1. Normas da Zona de Transição Atividades permitidas: - Pesquisas, monitoramento, fiscalização, proteção, eliminação de espécies invasoras e plantação de espécies nativas - Instalação de equipamentos, infraestrutura e facilidades para pesquisas, conforme as necessidades, que deverão ser previamente autorizadas pelo gestor da Reserva e retirados pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa - A erradicação de plantas exóticas invasoras, o plantio de espécies adequadas e o controle da erosão - As operações mecanizadas para a eliminação de espécies exóticas e limpeza de aceiros As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais Todo o resíduo inorgânico produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais deverá ser conduzido para local adequado fora da Reserva A fiscalização e monitoramento nesta zona serão permanentes e sistemáticos. É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva 2.4. Zona de Recuperação É aquela que contém áreas de mata perturbada onde é difícil o processo de regeneração natural, com grande cobertura de gramíneas invasoras e lianas. Trata-se de uma zona provisória, pois uma vez restaurada, será incorporada à zona de proteção. São cinco áreas que juntas compreendem aproximadamente 23.500 metros quadrados (Figura 54, na cor laranja, sinalizadas com as letras R1 – 6.000 m2, R2 – 7.000 m2, R3 – 2.000 m2, R4 – 2.200 m2, R5 – 6.300 m2). A área R5 encontra-se aos dois lados de um caminho que passa por dentro da floresta, servindo apenas como eixo comunicativo entre as plantações durante a safra, não sendo usado no restante do ano. 57 - O objetivo desta zona é deter a degradação dos recursos e recuperar as características naturais do ecossistema original, eliminando gradualmente as espécies invasoras com o mínimo impacto sobre as espécies nativas em regeneração, criando assim condições para o restabelecimento dos processos naturais de sucessão secundaria. 2.4.1. Normas da Zona de Recuperação Atividades permitidas: - Pesquisas, monitoramento, fiscalização, proteção, eliminação de espécies invasoras e plantação de espécies nativas - A instalação de equipamentos de pesquisa sempre que previamente autorizados pelo gestor da Reserva e retirados pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa - A erradicação de plantas exóticas invasoras e o plantio de espécies nativas - As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a proteção e integridade desta zona As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais Serão incentivadas e priorizadas pesquisas sobre os processos de regeneração natural Todo o resíduo inorgânico produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais deverá ser conduzido para local adequado fora da Reserva A fiscalização e monitoramento nesta zona serão permanentes e sistemáticos É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva 3. PROGRAMAS DE MANEJO 3.1. Programa de Administração e sustentabilidade econômica A administração da RPPN será efetuada por um gestor com apoio dos proprietários. Como já vinha ocorrendo antes da elaboração do plano de manejo, o gestor será responsável pela coordenação de todas as ações realizadas na reserva, tais como o acompanhamento financeiro e contábil, a captação de recursos, a compra de materiais e equipamentos, a construção de edificações e a implantação e manutenção de infraestruturas, a coordenação dos calendários de visitação, de pesquisas e de oficinas, a coordenação e supervisão dos trabalhos de recuperação e plantação e a contratação e capacitação de funcionários, quando necessário. 3.1.1. Administração Objetivos - Administrar a RPPN de forma que ela possa alcançar os objetivos definidos no Plano de Manejo. 58 Atividades e normas - Gerenciar e acompanhar os programas de manejo, compatibilizando todas as atividades previstas - Tentar estabelecer parcerias com ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade civil - Realizar registros contábeis, contratações e atividades financeiras - Revisar o regulamento da RPPN em vigor, sendo que o mesmo deverá conter as normas de visitação, pesquisa científica e utilização das estruturas físicas da RPPN - Registrar as atividades realizadas e ocorrências na área da RPPN, organizando os documentos e mantendo disponível uma cópia do plano de manejo - Providenciar a execução de toda a infraestrutura e das placas indicativas, educativas, interpretativas e informativas - Manter em bom estado de conservação e limpeza toda a infraestrutura da RPPN, como o centro, as trilhas, placas de sinalização e equipamentos da reserva - Coordenar e supervisionar os trabalhos de recuperação, retirada de espécies exóticas e plantação de espécies adequadas, transportando as sobras e o material não usado para fora da Reserva - Fazer avaliação periódica dos programas - As construções a serem instaladas deverão estar integradas com a paisagem local 3.1.2. Sustentabilidade econômica Objetivos: - Captar recursos e investir os recursos advindos da visitação na manutenção e aquisição de equipamentos e infraestrutura Atividades e normas: - Conseguir recursos financeiros através do Pagamento de Serviços Ambientais, do Programa Produtor de Água da ANA (Agência Nacional de Águas), da aplicação da compensação ambiental e do ICMS ecológico, da troca de áreas conservadas e recuperação de áreas alteradas por recursos financeiros no mercado de sequestro de carbono - Verificar a possibilidade de captação de recursos em instituições que financiam projetos na área ambiental, como o Citibank, o BNDES, O Boticário, SOS Mata Atlântica, Iniciativa Verde, Natura, FEHIDRO, entre outras - Reabilitar o centro fazendo reparos estruturais, adquirindo móveis, equipamentos e materiais quando necessário 59 - Adquirir todo o material necessário para o bom andamento dos programas (ferramentas, equipamentos, placas, produtos de divulgação, material didático e informativo) - Implementar a venda de produtos (camisetas, chaveiros, guias, etc) e serviços inerentes à reserva (cobrança de ingressos e serviços prestados voltados à visitação) e também de produtos confeccionados na fazenda (queijos, geleias, pão, etc). Os produtos a venda e os materiais com que serão confeccionados não serão retirados da área da Reserva 3.2. Programa de Proteção, Manejo e Fiscalização Este programa incluirá ações para proteger os visitantes, o patrimônio, os ecossistemas e a biodiversidade da RPPN, e para manejar as áreas perturbadas. Objetivos - Proteger a biodiversidade, os recursos naturais e a infraestrutura da RPPN - Garantir a proteção dos funcionários, visitantes e pesquisadores - Manejar as áreas perturbadas visando sua restauração - Fiscalizar a área para identificação e combate às pressões, ameaças e impactos que afetam a reserva Atividades e normas - Disponibilizar um mapa detalhado da RPPN e toda a informação referente à proteção e segurança - Equipar a Reserva com o material necessário para a segurança e proteção de funcionários e visitantes - Identificar pontos estratégicos para colocar placas da RPPN, placas de proibido caçar e placas de risco de incêndio - Elaborar um Painel da Seção de Comando de Incidente – SCI, o qual identificará os possíveis acionamentos e ficará visível para os visitantes para orientá-los em como proceder em casos de incêndios e otimizar o tempo resposta - Revisar e consertar a cerca nos limites entre a Reserva e as pastagens - Manter limpos os aceiros ao redor da Reserva - Eliminar as gramíneas exóticas ao longo do perímetro da Reserva - Serão permitidas operações mecanizadas para a eliminação de espécies exóticas e limpeza de aceiros - Apoiar e incentivar projetos de recuperação de matas ciliares próximas e de corredores ecológicos - Elaborar plano de fiscalização e monitoramento - Identificar local para a construção de uma torre de observação 60 - Proporcionar à equipe da fazenda treinamento de resgate, primeiros socorros e combate a incêndios, através de parceria com o corpo de bombeiros e outras instituições - Estabelecer parceria com a Polícia Ambiental de Barra Bonita (responsável pelo município de Jaú) para colaborar com as atividades de prevenção, fiscalização e em casos de crimes ambientais - Propor ao Corpo de Bombeiros Militar a elaboração de um Termo de Cooperação em casos de acionamentos para atender as ocorrências de incêndios florestais - Revisar regulamento para moradores da fazenda - Conscientizar as comunidades vizinhas sobre o assunto dos incêndios, caça e captura de animais e extração de plantas 3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento Como já foi mencionado no Diagnóstico, muitas pesquisas e estudos já foram realizados na REAB. Vários fatores fazem dela um lugar com muito potencial para pesquisas: o fácil acesso, a disponibilidade de uma infraestrutura de apoio aos pesquisadores, as características de seu ecossistema, sua localização e isolamento, suas zonas perturbadas em diferentes estágios de recuperação, a proximidade de áreas de proteção permanente e as possibilidades de conectividade com outros fragmentos, a grande diversidade de espécies de flora e fauna que ainda não foram estudadas. O estudo da população de macacos que vem aumentando e a recente chegada de espécies da fauna que não existiam na Reserva são considerados prioritários porque podem estar afetando o equilíbrio do ecossistema. Todas as áreas da Reserva são propícias para a realização de pesquisas e estudos: a zona de proteção por seu bom estado de conservação e biodiversidade, a zona de recuperação para estudar os processos de regeneração e sucessão, a zona de transição para pesquisas sobre o efeito de borda, a zona de visitação para estudos de impactos ambientais, avaliação de atividades didáticas, etc. Será revisado o atual regulamento da RPPN, no qual serão incluídas todas as normas e procedimentos recomendados aos pesquisadores. Não existem grandes riscos para quem penetra na RPPN, porque trata-se de um fragmento relativamente pequeno, sem precipícios, cachoeiras ou animais ferozes. Os únicos perigos seriam as cobras, abelhas e vespas, e a possível desorientação dentro da mata, mas o gestor sempre está informado sobre a presença de pesquisadores na Reserva, conhece a mata, e pode agir com rapidez em casos de emergência, inclusive contando com o apoio da equipe da fazenda. O Centro Curumim de Educação Ambiental, já descrito acima e localizado a poucos metros da Reserva, oferece uma série de facilidades aos pesquisadores: sala de trabalho e reuniões, refeitório, banheiros, cozinha, água e luz elétrica. Objetivos - Estimular as pesquisas científicas para aprofundar os conhecimentos sobre a RPPN e avaliar periodicamente as condições ambientais da Reserva 61 Atividades e normas - Contatar e estabelecer parcerias com centros de pesquisa e universidades como a USP, UNESP, USC, FATEC, FIJ, entre outras, visando incentivar pesquisas na área, tais como: mapeamento geológico, estudo do relevo, processos de regeneração da mata, espécies nativas com potencial para formar cinturão de proteção ao redor de fragmentos florestais, o efeito de borda, a conectividade, mobilidade da fauna através dos corredores ecológicos, levantamentos florísticos e faunísticos complementando os já realizados, estudos do comportamento de mamíferos, dispersão, etc - Elaborar e disponibilizar aos pesquisadores um mapa georreferenciado que contenha todas as trilhas, caminhos, picadas e principais pontos de referência - Organizar o acervo bibliográfico sobre a RPPN, adquirindo cópias de todos os trabalhos já realizados - Revisar o regulamento da RPPN, o qual deverá conter as normas de pesquisa científica e utilização das estruturas físicas da RPPN - Elaborar um contrato a ser assinado pelos pesquisadores antes do início das pesquisas - Os estudos e pesquisas deverão ser previamente aprovados pelo gestor - O gestor sempre deve ser informado das entradas e saídas do pesquisador - Os pesquisadores podem utilizar o Centro desde que previamente autorizados - Os pesquisadores deverão disponibilizar os dados de seus estudos durante o andamento da pesquisa - Após a publicação do trabalho de pesquisa, o mesmo deverá ser encaminhado ao gestor em uma via impressa e uma via digital - Elaborar e instituir um sistema de monitoramento ambiental para a RPPN, o qual deverá conter as rotinas, os atributos e atividades a serem monitorados - Identificar as espécies adequadas a serem plantadas na zona de transição e colher sementes na Reserva para fazer um viveiro de mudas que serão usadas na recuperação das áreas degradadas e nas bordas - A atividade de monitoramento deverá ser realizada pelo gestor e poderá ser auxiliada por guias e funcionários da RPPN devidamente capacitados e/ou por pesquisadores 3.4. Programa de Visitação Como a atividade de visitação na Reserva Ecológica Amadeu Botelho já é desenvolvida desde 1998, antes de ser transformada em uma RPPN, o programa de visitação definirá ações para melhorar os procedimentos. A instalação de algumas estruturas e facilidades também foi prevista para diversificar as atividades já existentes. 62 Objetivos - Dar continuidade ao programa de educação ambiental já existente, diversificando as atividades - Instalar estruturas e facilidades para apoiar o programa Atividades e normas - Elaborar material didático e informativo (lâminas de espécies de fauna e flora existentes na RPPN, folhetos, quadro com normas, cartilhas, manuais de identificação, entre outros) os quais deverão ser criados em linguagem adequada e específica para a RPPN - Colocar placas indicativas, informativas e educativas nas trilhas - Elaborar mais atividades para incorporar ao programa já existente - Capacitar periodicamente os guias da RPPN que irão atender os visitantes - A visitação deverá ser agendada com antecedência - As atividades educativas devem ter o acompanhamento de um guia da RPPN - Identificar outras trilhas com potencial para interpretação e educação ambiental e um espaço para reunião de grupos - Identificar um local adequado para a construção de um observatório - Realizar processos sistemáticos de avaliação para verificar a eficácia das atividades 3.5. Programa de Comunicação A Reserva já é relativamente conhecida no município: muitos estudantes e grupos diversos já a visitaram através do Programa de Educação Ambiental que funciona desde 1998, a mata está muito próxima e é visível desde muitos pontos da cidade de Jaú, a fazenda e a RPPN pertencem a uma família conhecida e estabelecida na região desde o século dezenove. Porém o número anual de visitantes e pesquisadores ainda é pequeno, tornandose necessário adotar medidas para incrementá-lo. A elaboração do Plano de Manejo e sua execução são ferramentas importantes para um maior conhecimento e valorização deste espaço único, um impulso para renovar, melhorar e organizar as atividades necessárias para uma gestão eficiente da Reserva. O primeiro passo foi a Apresentação do Plano de Manejo ao público, que ocorreu na cidade de Jaú no dia 15 de março (ANEXO 7). Foi criada também a página web da Reserva (http://www.rppnamadeubotelho.com.br/). Objetivos - Divulgar a RPPN como uma área muito importante no município para a conservação dos recursos naturais, para o desenvolvimento de pesquisas científicas, de recreação e de educação ambiental. Atividades e normas - Atualizar periodicamente a página web, inserindo todo o material disponível sobre a RPPN, como pesquisas, estudos, notícias, textos de interesse, atividades, programas, e o próprio Plano de Manejo, quando for aprovado. 63 - Divulgar as atividades realizadas na RPPN nos meios de comunicação - Divulgar as atividades de educação ambiental junto às escolas do município e municípios vizinhos - Divulgar as potencialidades e disponibilidade da RPPN nas universidades e centros de pesquisa - Divulgar os resultados das pesquisas nos meios de comunicação, seminários e congressos sempre que possível - Incentivar outros proprietários a criar RPPNs, recuperar matas ciliares e estabelecer corredores biológicos - Sensibilizar os vizinhos sobre a importância da RPPN - Elaborar material de divulgação (folders, camisetas, chaveiros, bonés, etc) que deve ser confeccionado com materiais reciclados ou fabricados com baixo impacto ambiental - Participar em eventos relacionados com a conservação e educação ambiental sempre que possível 4. PROJETOS ESPECÍFICOS A seguir são apresentadas idéias de projetos que deverão/ poderão ser elaborados pela RPPN Amadeu Botelho e parceiros, visando complementar os programas do plano de manejo e atender seus objetivos. A demanda e apresentação desses projetos para possíveis financiadores dependerá dos editais/recursos disponíveis e parcerias a serem estabelecidas. 4.1. PROJETO DE RECUPERAÇAO DE ÁREAS PERTURBADAS Tem por objetivo a recuperação das áreas perturbadas já indicadas e descritas no zoneamento. Será recomendado um estudo prévio das características específicas de cada área a ser recuperada, levando em conta seu levantamento florístico e fisionômico, seu grau de perturbação e seu potencial de auto recuperação, para a escolha das práticas mais adequadas, eficientes e de menor impacto no processo de recuperação. O viveiro de espécies nativas a ser instalado para a plantação de mudas na zona de transição pode contribuir no fornecimento de mudas para este projeto. 4.2. PROJETO DE ADEQUAÇÃO DAS ATIVIDADES NA ÁREA DE ENTORNO Tem por objetivo a melhor adequação das atividades realizadas na área de entorno da RPPN (na fazenda onde está inserida e vizinhos mais próximos), através de campanhas informativas, atividades de educação ambiental, incentivos, orientação e participação nas atividades do entorno. Espera-se poder: - Minimizar possíveis efeitos negativos provenientes das atividades realizadas no entorno que possam influenciar na manutenção da estabilidade ambiental da RPPN - Estimular e propor vínculos entre as atividades produtivas da fazenda e as atividades de educação ambiental já existentes. - Evitar danos à RPPN 64 4.3. PROJETO DE MANEJO DOS MACACOS-PREGO DA REAB Desde que foram adquiridas as terras onde se encontra a fazenda já havia registros da presença de macacos. Entretanto a população de macacos-prego na Reserva aumentou nos últimos anos, e não se sabe se esse aumento pode estar prejudicando o ecossistema. Esse projeto incentivará pesquisas que identifiquem a melhor forma de manejo do aumento da população dos macacos-prego dentro da RPPN, sendo necessários estudos sobre esses primatas para identificar se pertencem realmente à espécie Sapajus nigritus, para verificar consanguinidade e se há registros de hibridação com possíveis solturas de outras especies de Cebus ou Sapajus, além da realização de avaliações comportamentais, análise da dieta alimentar, verificação da disponibilidade dos alimentos naturais para esta espécie na RPPN e uma avaliação quantitativa e qualitativa dos possíveis danos causados no ecossistema. A manutenção e aumento dos corredores ecológicos já existentes entre a Reserva e APPs e a parceria com projetos de restauração das matas ciliares dos cursos d’água que circundam a Reserva seriam uma maneira de propiciar a dispersão destes primatas diminuindo a pressão sobre o ecossistema da RPPN. 4.4. PROJETO DE MANEJO DE ESPÉCIES EXÓTICAS As Espécies Exóticas Invasoras são organismos que, introduzidos fora da sua área de distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats ou outras espécies (IBAMA, 2006). Nos últimos anos foram observadas espécies de aves na fazenda e na Reserva que nunca tinham sido vistas na região, e sua população vem aumentando. Esse projeto tem como objetivo a produção de um inventário de espécies exóticas existentes na Reserva e um estudo sobre as mesmas, que compreenda suas características biológicas e ecológicas, os impactos que possam causar ou já estão causando no ecossistema e possíveis soluções no caso de ser necessário seu manejo. 4.5. OBSERVATÓRIOS Esse projeto tem como objetivo o planejamento e construção de um observatório de animais silvestres e de uma torre de observação. O observatório deverá ser uma construção integrada com o meio ambiente e destinada a servir de abrigo e esconderijo para os observadores. Deve estar localizado num local estabelecido pelo gestor da Reserva, próximo a um ponto atrativo onde haja boa disponibilidade de alimento e água, na Zona de Visitação. Poderá ser uma “cabana” retangular medindo aproximadamente 4 metros de comprimento e 2,5 metros de profundidade, com apenas três paredes, já que o lado contrário ao ponto atrativo não precisa ser fechado, e com aberturas na parede do lado do ponto atrativo para observação. A torre de observação, por outro lado, deverá ser integrada com a mata, construída no ponto mais alto da RPPN, que se encontra na Zona de Proteção, e servirá para uma melhor fiscalização. Os projetos descritos não possuem cronograma pré-definido de execução. Sua aplicação e/ou implantação se dará conforme disponibilidade de recursos, parcerias, ou demais formas e instrumentos para sua concretização no menor tempo possível. 65 5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS PROGRAMA DE MANEJO Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Programa de administração e sustentabilidade Gerenciar programas Buscar recursos e parcerias Implementar venda de produtos e serviços Realizar registros, contratos Revisar regulamento Adquirir ferramentas Adquirir materiais didáticos e de divulgação Adquirir material de sinalização Conservação da infraestrutura e equipamentos Reformas estruturais no centro de ed. ambiental Avaliação dos programas x x x x x R$ 200,00 R$1.000,00 R$ 230,00 R$ 500,00 R$3.000,00 x x x x x x x x x x x x x X X X X R$ 200,00 R$1.000,00 R$ 200,00 R$1.000,00 R$ 200,00 R$1.000,00 R$ 200,00 R$1.000,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 x x x X Programa de proteção, manejo e fiscalização Elaborar mapa Adquirir material primeiros socorros Adquirir material para combate a incêndios Treinamento equipe fazenda Construção e manutenção de um viveiro Erradicar gramíneas, plantar mudas, limpar, regar, combater formigas) R$ 100,00 R$ 50,00 R$3,000,00 x R$2.000,00 R$3.000,00 Arrumar cercas Limpar aceiros Manutenção de caminhos Contato com vizinhos Conscientizar moradores Estabelecer fiscalização periódica Apoio a projetos recuperaçao matas ciliares Estabelecer parcerias com Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental Identificar local para torre de observação Revisão do regulamento para moradores R$2.000,00 R$1.000,00 R$ 600,00 x x x x x R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 500,00 R$2.000,00 x R$ 500,00 R$1.000,00 R$ 500,00 R$1.000,00 X R$ 500,00 R$1.000,00 R$1.000,00 R$ 600,00 x x x x R$1.000,00 R$ 600,00 x x x x R$1.000,00 R$ 600,00 x x x x R$1.000,00 R$ 600,00 X X X X x x Programa de pesquisa e monitoramento Revisar regulamento para pesquisadores Estabelecer parcerias com universidades Elaborar mapa da RPPN Organizar acervo bibliográfico Elaborar sistema de monitoramento x x x x x x x x X Programa de visitação Diversificar atividades educativas Colocar placas na trilha Capacitar guias Identificar outras possíveis trilhas Identificar espaço para grupos na trilha Elaborar material didático e informativo Identificar local para observatório Preparar espaço para grupos na trilha Manutenção da trilha Avaliação das atividades x R$ 100,00 x x x x x R$ 100,00 R$ 300,00 x x R$ 100,00 R$ 300,00 x R$ 100,00 R$ 300,00 x R$ 100,00 R$ 300,00 x R$ 100,00 R$ 300,00 X x x x x x x x x X X x x x x X x x x x x x X X x x X x x X X Programa de comunicação Incentivar outros proprietários Divulgar RPPN junto a universidades, escolas e meios de comunicação Divulgar resultados das pesquisas em congressos, seminários Sensibilizar vizinhos Atualizar a página web Elaborar material de divulgação Participar em eventos TOTAL POR ANO TOTAL: x x x x R$17.180,00 x R$6.250,00 x R$5.250,00 x R$5.250,00 X R$5.250,00 R$ 39.180,00 66 PARTE D - INFORMAÇÕES FINAIS 1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADATI, E. F. Florística das Espécies Arbóreas que ocorrem ao logo da Trilha Ecológica da Reserva Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP – Subsídios para a Educação Ambiental. Trabalho de conclusão de Curso, Faculdade de Ciências Biológicas UNESP/Bauru, 2001 CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura. Disponível em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipiospaulistas.html Acesso em: 17/12/2012 CRESPI, B.P. Levantamento dos Mamíferos Terrestres da Reserva Ecológica Amadeu Botelho (REAB), Município de Jaú, SP. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Sagrado Coração, Bauru/SP. 2007 EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite. A Dinâmica das florestas no mundo. 2007. Disponível em: http://www.desmatamento.cnpm.embrapa.br/index.htm Acesso em: 20/10/2012 FUNDAÇAO FLORESTAL. 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Disponível em: http://www.ibot.sp.gov.br/pesquisa_cientifica/restauracao_ecologica/resolu%C3%A7%C3%A 3o_%20sma48.pdf Acesso em: 20/02/2013 GUERRA, P. Macaco-prego na Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=AZKg2F0NHDQ Acesso em: 14/11/2012 IBAMA - Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Espécies Exóticas Invasoras: Situação Brasileira. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília: MMA, 2006. 67 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, 2012. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 Acesso em: 30/11/2012 IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. RELATÓRIO nº 40 674 Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos e estabelecimento de diretrizes técnicas para a elaboração do Plano da Bacia Hidrográfica do Tietê/Jacaré. 1999. Disponível em: www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/ARQS/.../CRH/CBH.../cap12289a323.pdf Acesso em: 27/11/2012 IUCN 2012. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.2. Disponível em: http://www.iucnredlist.org Acesso em: 12/12/2012 LOURENÇO, B. L. R. Relatório Visita Amadeu Botelho - Apresentado à disciplina de Turismo, Faculdade de Tecnologia de Jahu, 2012. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Diretoria do Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade - DCBio. Quarto Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2010 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservaçao da Natureza. Brasilia 2011. Disponível em: www.mma.gov.br/cadastro_uc Acesso em: 28/12/2012 MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE. 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Família Acanthaceae Espécies Nome Popular Justicia brasiliana Roth. Justicia flexuosa (Nees.) Wasshausen* Geissomeria schotiana Nees* Anacardiaceae Astronium graveolens Jacq. Schinus therebintifolius Raddi* Guaritá Falso-pimenteiro Rollinia salicifolia Schlecht Araticum Aspidosperma cylindrocarpon Muell. Ar. Aspidosperma polyneuron Muell. Arg. Aspidosperma ramiflorum Muell. Arg. Peschiera fuchsiaefolia Miers Peroba-poca Peroba Guatambu Leiteiro Sciadodendron excelsum Griseb. Gameleiro Jacaranda macrantha Cham. Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb Tabebuia chrysotricha (Mart.) Standley Tecoma instans Stans. (L.) Juss. Ex HBK* Zeyhera tuberculosa (Vell.) Bur. Jacarandá Ipê-roxo Ipê-amarelo Chorisia speciosa St. Hill. Pseudobombax grandiflorum (Cav.)A. Robyns Paineira Imbiruçu Cordia ecalyculata Vell. Cordia polycephalla Lam. (Lam.) Johnst* Cordia sellowiana Cham. Cordia trichotoma (Vell.) Arrabida ex Steud. Heliotropium transalpinum Vell. Patagonula americana L. Café-de-bugra Bauhinia forficata Link. Cassia bicapsularis L. Cassia leptophylla Vog. Cassia multijuga Rich. Holocalyx balansae Mich. Hymenaea courbaril L. Peltophorum dubium (Spreng) Taub. Pterogyne nitens Tul. Schizolobium parahyba (Vell.) Blake ex Britton & Rose* Casco-de-vaca Aleluia Canudo-de-pito Annonaceae Apocynaceae Araliaceae Bignoniaceae Bolsa-de-pastor Bombacaceae Boraginaceae Louro-mole Louro Guaiuvira Caesalpinaceae Alecrim Jatobá Canafístula Amendoinzeiro Guapuruvu 73 Caricaceae Jacaratia spinosa (aubl.) A. DC. Jacaratiá Maytenus aquifolium Mart. Canchim Celastraceae Combretaceae Terminalia brasiliensis Eichl. Compositae Baccharis oreophylla Malm.* Eupatorium gamophyllum Mattefeld Eupatorium laevigatum Lam.* Piptocarpha sellowii Baker* Vernonia polyanthes Less.* Assa-peixe Lamanonia ternata Vell. Guaperê Cunoniaceae Ebenaceae Diospyros inconstans Jacq. Elaeocarpaceae Sloanea lasiocoma K. Schum. Sapopema Euphorbiaceae Acalypha gracilis Spreng.* Actinostemon concepcionis (Chod. & Hassl.) Hochreitinger Actinostemon concolor (Spreng) Muell. Arg. Alchornea iricurana Casar Croton celtidifolius Baillon Croton floribundus Spreng. Croton warmingui Muell. Arg.* Sebastiania serrata (Baill) Muell. Arg. Capixingui Fabaceae Centrolobium tomentosum Benth. Dalbergia frutescens (Vell.) Brit.* Erythrina mulungu Mart. Lonchocarpus guilleminianus (Tul) Malme Lonchocarpus muhlbergianus Hassl. Machaerium aculeatum Raddi Machaerium brasiliensis Vog. Araruva Machaerium nictitans (Vell.) Benth. Machaerium scleroxylon Tul. Machaerium stipitatum Vog. Myrocarpus frondosus Fr. All. Myroxylon peruiferum L. F. Zollernia ilicifolia Vog. Bico-de-pato Caviúna Casearia gossypiosperma Briquet Casearia sylvestris Sw. Pau-de-espeto Lagarteiro Embira-de-sapo Manga-brava Sapuvo Cabreutinga Cabreúva Pau-jantar Flacourtiaceae Icacinaceae Villaresia megaphylla Miers Lauraceae Endlicheria paniculata (Spreng) Macbr. Nectandra megapotamica Mez. Ocotea cf. Conferta Cor-Teixeira Ocotea elegans Mez. Canela-frade Canelinha Canela Canela Cariniana estrellensis (Raddi) O. Kuntze Jequitibá-branco Lecythidaceae 74 Loganiaceae Strychnos brasiliensis Mart. Salta-martinho Malvaceae Abutilon belfordianum (Hook.) St. Hill & Naud Bastardiopsis densiflora (Hook et Arn.) Hassl.Malva Meliaceae Cabralea glaberrima Juss. Cedrella fissilis Vell. Guarea guidonia (L.) Sleumer* Guarea kunthiana A. Juss. Trichilia catiguá A. Juss. Trichilia clausseni C. DC. Cedro Trichilia elegans A. Juss. Trichilia pallida Sw. Marinheiro Catiguá Catiguávermelho Canela-do-mato Catiguá Acacia polyphylla DC Calliandra tweedei Benth. Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morang Inga marginata Willd. Inga sessilis Mart. Inga vera Willd. Parapiptadenia rígida (Benth.) Brenan Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. Pithecelobium edwallii Hoehne Monjoleiro Mandaravé Orelha-de-negro Ingazinho Ingá Ingá Angico vermelho Pau-jacaré Canela-de-corvo Mimosaceae Monimiaceae Mollinedia widgrenii A. DC. Moraceae Cecropia sp.* Chlorophora tinctoria (L.) Gaud. Ficus citrifolia P. Muller Ficus enormis (Mart. Ex Miq) Miq. Sorocea bomplandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer Embaúba Taiúva Figueira matapau Figueira branca Myrsinaceae Rapanea ferrugínea (Ruiz & Pen.) Mez Rapanea umbellata (Mart. Ex A.DC.) Mez Capororoca Myrtaceae Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk Campomanesia guazumifolia (Camb.) Legrand Eugenia sulcata Spreng ex Mart. Eugenia umbeliflora Berg. Eugenia uniflora L. Eugenia sp. Myrcia multiflora (Lam.) DC. Myrcianthes pugens (Berg.) Legrand Myrciaria sp. Guabiroba Sete-capotes Pitanga-do-mato Bougainvillea arbórea Glaziou Guapira olfersiana Mart. Guapira opposita (Vell.) Reitz Ceboleiro Syagrus oleracea (Mart.) Beccari Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Coqueiro amargoso Pitangueira Cambuí Goiaba-do-mato Jabuticabeira-do-mato Nyctaginaceae Maria-mole Palmae Gerivá 75 Phytolaccaceae Achatocarpus spinulosus Griseb.* Gallesia gorazema (Vell.) Moq. Pau d’alho Piperaceae Piper aduncum L. Piper amalago (Jacq.) Yuncker Piper arboreum Aubl. Piper hilarianum Steud. Polygonaceae Coccoloba declinata Mart. Ruprechtia lundii Meins. Rhamnaceae Rhamnidium elaeocarpum Reiss Saguaraji amarelo Coffea arábica L. Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. Guettarda uruguensis Cham. et Schlecht Hamelia patens Jacq. Ixora venulosa Benth. Psychotria carthagenensis Jacq. Randia spinosa (Jacq.) Karsten Rudgea jasminioides (Cham.) Muell. Arg. Café Angostura pentandra (St.Hill.) Albuquerque Balfourodendron riedelianum Engl. Esenbeckia febrífuga (St.Hill.) A.Juss. ex Mart. Esembeckia leiocarpa Engl. Galipea jasminiflora Engl. Metrodorea nigra St. Hill. Pilocarpus pauciflorus St. Hill. Pilocarpus pennatifolius Lamaire Zanthoxylum chiloperone Mart. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Zanthoxylum riedelianum Engl. Laranjeira-brava Pau-marfim Rubiaceae Rutaceae Laranjeira-do-mato Guarantã Mamoninha Carrapateiro Jaborandi Mamica Arruda-brava Sapindaceae Allophyllus semidentatus Radlk. Cupania racemosa Radlk. Cupania vernalis Camb. Diantenopteryx sorbifolia Radlk. Arco-de-peneira Camboatávermelho Maria-preta Chrysophyllum gonocarpum (Mart. Et Eich) Engl. Guatambu-de-leite Sapotaceae Solanaceae Cestrum calycinum Willd.* Datura suaveolens Humb. & Bompl. Solanum argenteum Dens. Solanum auriculatum Ait.* Solanum integrifolium Poir Solanum pabstii Smith & Down* Solanum paniculatum L.* Saia-de-princesa Jurubeba Tiliaceae Heliocarpus americanus L. Luehea divaricata Mart. Embira-branca Açoita-cavalo 76 Ulmaceae Celtis iguanae (Jacq.) Sargent Celtis spinosa Spreng Trema micrantha Blume* Grão-de-galo Pau-pólvora Urticaceae Bohemeria caudata Sw. Bohemeria sp.* Urera baccifera (L.) gaud. Urtiga Verbenaceae Aloysia virgata Juss. Petrea subserrata Cham. Petrea volubilis Jacq.* Vitex megapotamica (Spreng.) Mold. Lixa Hybanthus atropurpureus (St. Hill.) Taub. Erva-de-viado Flor-de-são Miguel Violaceae Vochysiaceae Callisthene major Mart. 77 ANEXO 3 Lista de espécies de aves da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Jaú, São Paulo e categoria alimentar (UBAID, 2006). Família Espécie Categoria alimentar Leptodon cayanensis (Latham, 1790) Gampsonyx swainsonii (Vigors, 1825) Elanus leucurus (Vieillot, 1818) Ictinia plúmbea (Gmelin, 1788) Buteogallus urubitinga (Gmelin, 1788) Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817) Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) carnívoro Ceryle torquatus (Linnaeus, 1766) Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) carnívoro Acciptridae insetívoro carnívoro Alcedinidae Anatidae Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Cairina moschata (Linnaeus, 1758) Amazoneta brasiliensis (Gmelin, 1789) Apodidae Chaetura meridionalis (Hellmayr, 1907) insetívoro Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) Butorides striata (Linnaeus, 1758) Bubulcus íbis (Linnaeus, 1758) Ardea alba (Linnaeus, 1758) Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) insetívoro Ardeidae Caprimulgidae Chordeiles pusillus (Gould, 1861) Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) insetívoro Cardinalidae Saltator fuliginosus (Daudin, 1800) Saltator similis (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) frugívoro Cariamidae Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Cathartidae Coragyps atratus (Bechstein, 1793) dentritívoro Charadriidae Vanellus chilensis (Molina, 1782) Ciconiidae Mycteria americana (Linnaeus, 1758) Coerebidae Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) nectarívoro 78 Família Espécie Categoria alimentar Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Columbina squammata (Lesson, 1831) Columba livia (Gmelin, 1789) Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) frugívoro Conopophaga lineata (Wied, 1831) insetívoro Columbidae frugívoro frugívoro frugívoro frugívoro frugívoro Conopophagidae Corvidae Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) Cracidae Penelope superciliaris (Temminck, 1815) Cuculidae Coccyzus americanos (Linnaeus, 1758) Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) Guira guira (Gmelin, 1788) Tapera naevia (Linnaeus, 1766) insetívoro insetívoro Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Dendrocolaptes platyrostris (Spix, 1825) Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) insetívoro insetívoro insetívoro Donacobiidae Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) Emberizidae Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) Sicalis luteola (Sparrman, 1789) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Arremon flavirostris (Swainson, 1838) Coryphospingus cucullatus (Satius Muller, 1776) frugívoro onívoro frugívoro frugívoro Estrildidae Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) Falconidae Caracara plancus (Miller, 1777) Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Falco sparverius (Linnaeus, 1758) Falco femoralis (Temminck, 1822) carnívoro Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) frugívoro frugívoro carnívoro Fringilidae 79 Família Furnariidae Espécie C. alimentar Fumarius rufus (Gmelin, 1788) Synallaxis ruficapilla (Vieillot, 1819) Synallaxis frontalis (Pelzeln, 1859) Synallaxis spixi (Sclater, 1856) Cranioleuca vulpina (Pelzeln, 1856) Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro Galbula ruficauda (Cuvier, 1816) insetívoro Progne tapera (Vieillot, 1817) Progne chalybea (Gmelin, 1789) Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro Galbulidae Hirundinidae Icteridae Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) onívoro onívoro Jacanidae Jacana jacana (Linnaeus, 1766) Parulidae Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) insetívoro insetívoro insetívoro Passeridae Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) Picidae Picumnus cirratus (Temminck, 1825) Melanerpes candidus (Otto, 1796) Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Piculus aurulentus (Temminck, 1821) Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818) Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro Polioptila dumicola (Vieillot, 1817) insetívoro Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Brotogeris chirini (Vieillot, 1818) Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) frugívoro frugívoro frugívoro frugívoro frugívoro Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) onívoro insetívoro insetívoro Polioptilidae Psittacidae Rallidae 80 Família Espécie Categoria alimentar Ramphastos toco (Statius Muller, 1776) onívoro Ramphastidae Scolopacidae Tringa solitária (Wilson, 1813) Strigidae Megascops choliba (Vieillot, 1817) Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni 6 Bertoni, 1901) Athene cunicularia (Molina, 1782) carnívoro Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) Taraba major (Vieillot, 1816) Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Thamnophilus caerulescens (Vieillot, 1816) Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822) Drymophila ferrugínea (Temminck, 1822) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro Mesembrinidis cayennensis (Gmelin, 1789) onívoro Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) Nothura maculosa (Temminck, 1815) onívoro onívoro Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) onívoro onívoro Namosia pileata (Boddaert, 1783) Thlypopsis sordida (d’Orbigny & Lafresnaye,1837) Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818) Habia rubica (Vieillot, 1817) Eucometis penicillata (Spix, 1825) Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Hemithraupis guira (Linnaeus, 1766) Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) frugívoro frugívoro frugívoro insetívoro insetívoro frugívoro frugívoro frugívoro frugívoro Phaethomis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Hylocharis chrysura (Shaw, 1812) Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) Amazilia láctea (Lesson, 1832) nectarívoro Troglodytes musculus (Naumann, 1823) onívoro Thamnophilidae Threskiornithidae Tinamidae Tityridae Thraupidae onívoro insetívoro Trochilidae nectarívoro nectarívoro nectarívoro Troglodytidae 81 Família Espécie Categoria alimentar Turdidae Platycichla flavipes (Vieillot, 1818) Turdus subalaris (Seebohm, 1887) Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) Turdus albicollis (Vieillot, 1818) onívoro onívoro onívoro onívoro Tyrannidae Leptopogon amaurocephalus (Tschudi, 1846) Corythopis delalandi (Lesson, 1830) Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia spectabilis (Pelzeln, 1868) Elaenia chiriquensis (Lawrence, 1865) Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823) Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Platyrinchus mystaceus (Vieillot, 1818) Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Colonia colonus (Vieillot, 1818) Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Myiozetetes similis (Spix, 1825) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitanguá (Linnaeus, 1766) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro onívoro Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) Tyrannus savana (Vieillot, 1808) Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859) Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro onívoro Insetívoro Insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro insetívoro onívoro onívoro onívoro onívoro Tyrannidae Tytonidae Tyto alba (Scopoli, 1769) Vireonidae Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Hylophilus poicilotis (Temminck, 1822) insetívoro onívoro insetívoro 82 ANEXO 4 Lista de espécies de mamíferos registrados na RPPN Amadeu Botelho (Reale, 2011) em cinza, espécies vulneráveis (segundo a lista de espécies ameaçadas, MMA, 2003) Família Espécie Nome popular Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Cachorro-do-mato Lobo-guará Raposinha-do-campo Sapajus nigritus Macaco-prego Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado catingueiro Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) Paca Cabassous sp (Mc Murtrie, 1831) Dasypus novencictus (Linnaeus, 1758) Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-de-rabo-mole Tatu-galinha Tatu-peba, tatupeludo Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) Cutia Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1823) Ouriço-cacheiro Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Puma concolor (Linnaeus, 1771) Puma yagouaroundi (É.G.Saint-Hilare, 1803) Jaguatirica Gato-maracajá Suçuarana, onça parda Gato-mourisco Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Tapiti, coelho Conepatus sp (Boddaert, 1785) Jaritataca, zorrilho Myocastor coypus (Molina, 1782) Ratão-do-banhado Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim Eira barbara (Linnaeus, 1758) Galictis sp Bell, 1826 Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Irara Furão Lontra Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Procyon cancrivorus (G.[Baron] Cuvier, 1798) Quati Mão-pelada Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) Caxinguelê, serelepe Canidae Cebidae Cervidae Cuniculidae Dasypodidae Dasyproctidae Erethizontidae Felidae Hydrocaeridae Leporidae Mephitidae Myocastoridae Myrmecophagidae Mustelidae Procyonidae Sciuridae 83 ANEXO 5 Lista de espécies de morcegos capturados e identificados na Fazenda Santo Antônio dos Ipês (Pedrozo, 2011) Família Espécie Frequëncia de captura Sturnira lilium (Gray, 1842) Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Artibeus lituratus (Olfers,1818) Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy,1810) Anoura caudifer (E. Geoffroy,1812) Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Phyllostomus discolor Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Micronycteris megalotis (Gray, 1942) Artibeus obscurus (Schinz,1821) Vampyressa pusilla (Wagner,1843) 29,2% 25,0% 20,8% 5,3% 4,0% 3,4% 3,8% 0,8% 0,5% 0,2% 0,2% Phyllostomidae Molossidae Molossus molossus (Pallas, 1766) 0,2% Vespertilionidae Myotis nigricans (Schinz, 1821) Myotis albescens (E. Geoffroy, 1806) Lasiurus ega (Gervais, 1856) 2,3% 0,5% Apenas observada 84 ANEXO 6 Lista de espécies de anfíbios da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e sua abundância relativa (Moya, 2011). * espécie registrada fora do período amostral Família Espécie Abundância relativa Bufonidae Rhinella ornata (Spix, 1824) Rhinella schneideri (Werner, 1894) 0,64% 2,02% Hylidae Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Hypsiboas caingua (Carrizo, 1991) Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) Scinax similis (Cochran, 1952) Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758) 0,30% 31,26% 1,74% 1,41% 0,05% 0,14% 4,33% 2,42% 0,92% Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, 1862 “1861”)* Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863) 18,09% Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) Leptodactylus mystacinus (Burmeister (1861) Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862) 5,65% 0,88% 2,69% 4,77% 0,02% 17,68% Chiasmocleis albopunctata (Boettger, 1885) Elachistocleis cesarii (Miranda-Ribeiro, 1920) 0,32% 4,33% Leiuperidae 0,30% Leptodactylidae Microhylidae 85 ANEXO 7 APRESENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA RPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO No dia 15 de março de 2013 foi realizada, nas instalações da FATEC, Jaú, a Apresentação do Plano de Manejo da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Compareceram os proprietários da fazenda Santo Antônio dos Ipês (na qual está inserida a RPPN), pesquisadores, professores, alunos da FATEC, representantes de colégios de Jaú, do IBGE, da CATI, do Sindicato Rural, da OAB, do Instituto Florestal, do COMDEMA, da ONG Instituto Pró-Terra, da Polícia Ambiental, o Secretario de Esportes e o Secretario do Meio Ambiente do município de Jaú, num total de 37 pessoas. Foi distribuída uma pasta com folhas em branco, caneta, o folder da RPPN e do Projeto Curumim e o cartão do gestor. A mesa foi composta por Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, representante legal dos proprietários da fazenda e gestor da RPPN, Regina Pessoa, bióloga e responsável técnica da elaboração do Plano de Manejo, e Gabriel Rodrigues dos Santos, geógrafo e consultor do Plano de Manejo. Antônio Carlos contou um pouco da história da fazenda desde que foi adquirida e da mata que foi conservada e que desde 2000 é uma RPPN. Mostrou a localização da mesma no município de Jaú, salientando sua importância como o único remanescente florestal destas características na região, sua função em relação à proteção dos mananciais, sua vegetação, fauna, biodiversidade, seu potencial para pesquisas, e falou sobre o programa de educação ambiental que desde 1998 funciona na Reserva. Em seguida Gabriel explicou o que é uma RPPN, suas características e importância, o que é um Plano de Manejo, para que serve, como está estruturado, como deve ser elaborado, informou em linhas gerais os programas que serão incluídos no PM da Reserva, mencionou as instituições que apoiam a elaboração do PM e como foi conseguido seu apoio, falou sobre a importância de formar parcerias e finalizou colocando-se a disposição do público para fornecer esclarecimentos e abrindo para comentários, opiniões e sugestões. Tomou a palavra o Secretario Municipal de Meio Ambiente, dizendo que queria deixar claro a importância da RPPN para o município e que a Prefeitura apoia, coloca-se a disposição e oferece parceria. Depois falou o representante da Fundação Florestal e do Instituto PróTerra, parabenizando os elaboradores do PM pela iniciativa, salientando a importância dos projetos de recuperação das matas ciliares e conexão dos remanescentes florestais que já foram e estão sendo realizados no município. Em seguida o coordenador do curso de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos da FATEC falou sobre a importância de trabalhar no âmbito regional e a necessidade da união dos municípios para equilibrar as bacias hidrográficas, da recuperação das matas ciliares, da proteção das florestas e mananciais. 86 Gabriel tomou a palavra para sugerir que o Ministério Público (o Promotor foi convidado mas não pode comparecer à apresentação) seja contatado e informado sobre a importância da Reserva e o PM, pois a compreensão e o apoio da justiça são fundamentais. O Secretário Municipal de Esportes manifestou seu respeito e carinho à família Arruda Botelho por ter mantido preservada esta área de mata. O representante da OAB colocou-se a disposição, dizendo que a OAB tem grande preocupação pela RPPN, que vale a pena procurar o Ministério Público e levar o PM da Reserva. Por último uma das proprietárias agradeceu a Antônio Carlos pelo empenho e dedicação, que tudo o que conseguiu foi com muito esforço, que os proprietários sempre estarão a disposição e que o apoiam. Figura 55: Público na Apresentação Figura 56: Equipe de elaboração do PM Figura 57: Proprietárias da RPPN, familiares e equipe do PM 87 ANEXO 8 – Planta da fazenda Santo Antônio dos Ipês georreferenciada 88 COMPLEMENTO DO ANEXO 8 – Planta da Fazenda Santo Antônio dos Ipês RPPN Quinhao F 89 ANEXO 9 Folheto de propaganda do Programa de Educação Ambiental EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA RPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO FAZENDO VOCÊ AGIR NO PRESENTE PENSANDO EM UM MELHOR FUTURO “CUIDE DESTE MUNDO QUE TAMBÉM É SEU” Desde 1998 o Projeto Curumim promove programas de educação ambiental para crianças e adultos priorizando a preservação do meio ambiente e aproximação da vida natural. As atividades se realizam na Reserva Ecológica Amadeu Botelho, no município de Jaú a 2 km da cidade. A Reserva é uma floresta classificada como estacional semidecidual (mata atlântica de interior) com grande biodiversidade. Conta com mais de 169 espécies de árvores estudadas, 24 mamíferos conhecidos e 174 espécies de pássaros registrados, além de insetos, répteis e outros representantes da nossa rica fauna e flora. Para garantir sua preservação foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural ( RPPN ). Sua área de 190 hectares é circundada por três cursos de água: o rio Jaú, o córrego Santo Antônio e o córrego João da Velha. No seu interior nascem duas minas de água potável, uma desaguando no rio Jaú e outra no córrego João da Velha. Madeiras de “Lei” ainda são encontradas como a peroba rosa, cabreúva, ipê, pau-marfim, cedro-rosa, jequitibá, araruva, angico, guaritá entre outras. Oferecemos: Centro de educação ambiental Curumim, onde temos: Exposição de rochas, frutos e sementes. Sala de palestras e refeitório para 40 pessoas. Banheiros, masculino e feminino. Trilhas (de 2 km) que foram abertas no começo do século passado para passagem de carroças e para trazer água até a sede, com árvores centenárias e uma grande biodiversidade de fauna e flora. Preços: Café da manhã = R$12,00 Lanche = R$8,00 por aluno. Trilhas = até 20 alunos - R$150,00, de 20 a 30 - R$200,00 e de 30 a 40 - R$250,00. Cortesia para um professor e dois monitores. 90 As atividades na parte da manhã são das 8:00 às 11:00hs, à tarde das 14:00 às 17:00hs. Todas as visitas são acompanhadas de nossos guias e com agendamento antecipado de uma semana. Pagamento de 50% do valor com dois dias de antecedência. Traje obrigatório: camiseta, calça comprida e sapato fechado. Sugestão: boné, água e filtro solar. Válido até dezembro de 2012 REGULAMENTOS DA RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO Pare a condução sempre no estacionamento. Qualquer caminhada, visita ou passeio só será permitido com agendamento antecipado e a presença de nossos guias. Siga a trilha já existente sem causar distúrbios para os animais, plantas e seus respectivos habitats. Jamais jogue um palito de fósforo ou cigarro no chão pois além de poluir, você poderá causar um incêndio. Deixe somente pegadas, lixo sempre no lixo. Tire apenas fotografias, nunca tire “recordações” de ambientes naturais. Respeite a fragilidade da terra. Compreenda que, a não ser que esteja disposto à ajudar na sua conservação, ela poderá não durar o suficiente para que as próximas gerações desfrutem dela. Lembre-se: A natureza é tudo que temos SP 225 SP 225 SP 261 SP 215 SP 304 SP 300 SP 225 SP 225 SP 304 SP 310 Reserva Ecológica Amadeu Botelho e Aldeia Curumim Estrada Municipal (terra) 200 mts de asfalto R. Daniel Feijó R. Oscar Rincon R. Soldado Penha Araujo Ponte Córrego Sto. Antonio Ginásio Flávio de Melo Av.Dr. Quinzinho Jd. Jorge Atalla Na cidade de Jaú a saída é pelo Jardim Jorge Atalla. Segue estrada de terra(1,8 km), após a ponte vira à direita,passa porteira e anda 200 m. Projeto Curumim - Educação Ambiental Cxp:2565 Cep: 17.201-990 Jaú-SP Fone/Fax:(014)622-2845 - Cel.9778-4210 91