plano de manejo da reserva ecológica amadeu botelho

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA ECOLÓGICA
AMADEU BOTELHO
Regina Helena Pessoa
Jaú
Estado de São Paulo
Abril 2013
Brasil
Autor
Regina Helena Pessoa, Bióloga, mestrado em Sistemas Agroflorestais, especialização em
Educação Ambiental
Equipe
Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, administração de empresas, agricultor, gestor da
RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e coordenador do Projeto Curumim de Educação
Ambiental
Gabriel José Rodrigues dos Santos, geógrafo, especialização em Desenvolvimento Regional
e Meio Ambiente, técnico consultor na área de projetos socioambientais, planos de manejo
de unidades de conservação, planos de ação para espécies ameaçadas, diagnósticos sócioeconômicos, gestão participativa de unidades de conservação, distribuição de espécies e
planejamento ambiental
Proprietários
Maria Evangelina de Arruda Botelho Lászlò
Maria Helena de Arruda Botelho Müller Carioba
Maria Cecy de Arruda Botelho
Elisa de Arruda Botelho Haller
Maria Luiza de Arruda Botelho
Teresa Cristina de Arruda Botelho
Agradecimentos
À família Arruda Botelho, especialmente a Antônio Carlos Botelho Müller Carioba por seu
empenho e dedicação
Aos pesquisadores que aportaram dados importantes para um melhor conhecimento do
ecossistema da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e seu entorno
A Cassio Vasconcellos, Paulo Guerra, Domènec Freixedes, Suzana Masetti, Jozrael
Rezende, FATEC, APEsilk, Associcana e a todos que contribuíram com a elaboração do
Plano de Manejo da RPPN, especialmente aos financiadores do projeto
O Plano de Manejo foi realizado com apoio do Programa de Incentivo às
RPPNs da Mata Atlântica, coordenado pelas ONGs Conservação Internacional
Brasil e Fundação SOS Mata Atlântica
APRESENTAÇÃO
O Brasil é um dos poucos países que ainda mantém uma boa parte de sua vegetação
original e está entre as nações com o maior índice de biodiversidade em todo o mundo. Com
o objetivo de conservar esse imenso patrimônio natural, o governo brasileiro vem
estabelecendo complexas e amplas estruturas de planejamento, execução, monitoramento e
fiscalização. Uma das medidas adotadas para proteger os espaços naturais e sua
biodiversidade foi a criação de unidades de conservação.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2011), as unidades de conservação têm protegido
o patrimônio ambiental do Brasil desde 1934, com a criação da Floresta Nacional de Lorena
(SP). Desde então, a área abrangida por unidades de conservação tem aumentado,
especialmente nos últimos anos, resultando em quase 1,5 milhões de km², ou 16,6% do
território continental brasileiro e 1,5% do território marinho. Toda essa área está protegida
por um total de 310 unidades federais, 503 estaduais, 81 municipais e 973 RPPNs, dados
consolidados até 10 de maio de 2011.
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) foram estabelecidas no
ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto n. 98.914, de 31 de janeiro de 1990, que
dispôs sobre a instituição dessas áreas protegidas incidentes sobre a propriedade privada,
por iniciativa do titular desta. Em 1996 esse Decreto foi substituído pelo Decreto nº 1.922, e
em 2000, com a publicação da Lei nº 9.985 que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de
Conservação da Natureza (SNUC), as RPPNs passaram a ser uma das categorias de
unidade de conservação do grupo de uso sustentável.
As RPPNs, as únicas unidades de conservação geridas pela iniciativa privada, representam
o engajamento da sociedade, de forma voluntária, na implementação do SNUC e, por
conseguinte, na conservação da biodiversidade brasileira. Em regiões onde restam poucas
amostras da vegetação original, as RPPNs podem ser os últimos fragmentos originais ainda
bem conservados existentes.
Uma das normas estabelecidas pelo SNUC para as unidades de conservação é a
elaboração de um plano de manejo, que definirá o que se pretende fazer na área, de
maneira responsável, técnica e legalmente aceitável, numa sequência lógica das etapas e
passos para o processo de sua implantação e gestão. Também auxiliará na destinação e
obtenção de recursos para a implementação das medidas e intervenções propostas.
O presente documento tem como objetivo apresentar o Plano de Manejo da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Reserva Ecológica Amadeu Botelho (REAB), localizada no
município de Jaú, estado de São Paulo, um fragmento de mata estacional semidecidual de
142,88 hectares.
Para elaborar o plano de manejo foram observadas as orientações contidas no “Roteiro
Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do
Patrimônio Natural”, publicado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) em 2004. De acordo com o roteiro, primeiro foi feito um
diagnóstico da área e seu entorno, com informações sobre o meio biótico e abiótico, obtidas
através de pesquisas, levantamentos, coleta de dados e questionários, e de consultas a
estudos científicos realizados na RPPN e em áreas adjacentes que a influenciam. Após o
diagnóstico foi elaborado o planejamento, que teve início com a definição dos objetivos
específicos de manejo, o zoneamento com delimitação e descrição das zonas, e logo a
definição dos programas de manejo.
SUMÁRIO
Lista de figuras.....................................................................................................
1
Lista de abreviaturas e siglas..............................................................................
3
Introdução............................................................................................................
5
PARTE A - INFORMAÇOES GERAIS
1. Acesso...........................................................................................................
7
2. Histórico de criação e aspectos legais da RPPN.......................................... 10
3. Ficha-resumo da RPPN................................................................................ 16
PARTE B - DIAGNÓSTICO
1. Caracterização da RPPN
1.1.
Clima...........................................................................................
1.2.
Solo.............................................................................................
1.3.
Relevo.........................................................................................
1.4.
Hidrografia...................................................................................
1.5.
Vegetação...................................................................................
1.6.
Fauna..........................................................................................
1.7.
Visitação......................................................................................
1.8.
Pesquisa e monitoramento
1.8.1. Estudos e projetos realizados na Reserva
Ecológica Amadeu Botelho e arredores.........................
1.8.2. Procedimento adotado para interessados
em estudos e projetos na RPPN......................................
1.8.3. Potencialidades para estudos, pesquisas e
levantamentos futuros......................................................
1.9.
Pressões e ameaças
1.9.1. Isolamento........................................................................
1.9.2. Efeito de borda..................................................................
1.9.3. Ocorrência de fogo...........................................................
1.9.4. Macacos...........................................................................
1.9.5. Espécies exóticas.............................................................
1.9.6. Caça.................................................................................
1.10.
1.11.
1.12.
1.13.
1.14.
1.15.
1.16.
Atividades desenvolvidas na RPPN............................................
Sistema de gestão.......................................................................
Pessoal........................................................................................
Infraestrutura...............................................................................
Equipamentos e serviços............................................................
Recursos financeiros...................................................................
Formas de cooperação................................................................
17
18
18
18
21
25
27
31
34
34
35
36
36
37
38
39
39
40
40
40
41
41
41
2.
Caracterização da propriedade.................................................................... 41
3.
Caracterização da área do entorno.............................................................. 44
4.
Possibilidade de conectividade..................................................................... 47
5.
Declaração de significância.......................................................................... 50
PARTE C – PLANEJAMENTO
1. Objetivos específicos do manejo..................................................................... 52
2. Zoneamento..................................................................................................... 53
2.1. Zona de Proteção..................................................................................... 55
2.2. Zona de Visitação..................................................................................... 56
2.3. Zona de Transição.................................................................................... 57
2.4. Zona de Recuperação.............................................................................. 57
3. Programas de manejo
3.1. Programa de administração e sustentabilidade econômica.................... 58
3.1.1. Administração................................................................................ 58
3.1.2. Sustentabilidade econômica......................................................... 59
3.2. Programa de Proteção, Manejo e Fiscalização....................................... 60
3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento................................................. 61
3.4. Programa de Visitação.............................................................................. 62
3.5. Programa de Comunicação...................................................................... 63
4. Projetos específicos
4.1. Projeto de recuperação de áreas perturbadas......................................... 64
4.2. Projeto de adequação das atividades na área do entorno...................... 64
4.3. Projeto de manejo dos macacos-prego da REAB................................. 65
4.4. Projeto de manejo de espécies exóticas................................................. 65
4.5. Observatórios........................................................................................... 65
5. Cronograma de atividades e custos................................................................ 66
PARTE D – INFORMAÇOES FINAIS
1. Referências bibliográficas................................................................................ 67
2. Bibliografia consultada..................................................................................... 70
3. Anexos
Anexo 1 – Ato legal da criação da RPPN......................................................... 72
Anexo 2 – Lista de espécies vegetais.............................................................. 73
Anexo 3 – Lista de espécies de aves............................................................... 78
Anexo 4 – Lista de espécies de mamíferos...................................................... 83
Anexo 5 – Lista de espécies de morcegos....................................................... 84
Anexo 6 – Lista de espécies de anfíbios.......................................................... 85
Anexo 7 – Apresentação do Plano de Manejo................................................. 86
Anexo 8 – Planta da fazenda Santo Antônio dos Ipês georreferenciada........ 88
Anexo 9 – Folheto de propaganda do Programa de Educação Ambiental....... 90
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa com localização do município de Jaú................................
7
Figura 2: Principais rodovias de acesso a Jaú............................................
8
Figura 3: Acesso do Terminal Rodoviário de Jaú à RPPN.........................
9
Figura 4: Planta das fazendas de Carlos Amadeu em 1904.......................
11
Figura 5: Planta da fazenda Santo Antônio em 1930..................................
12
Figura 6: Planta da fazenda Santo Antônio em 1944..................................
13
Figura 7: Limites atuais da fazenda Sto Antônio dos Ipês e da RPPN....
14
Figura 8: Mapa de remanescentes florestais do município de Jaú..........
15
Figura 9: Clima do município de Jaú............................................................
17
Figura 10: Bacia do rio Jaú e sub-bacias.....................................................
19
Figura 11: Nascente dentro da RPPN...........................................................
19
Figura 12: Rio Jaú ao lado da RPPN............................................................
19
Figura 13: Córrego Santo Antônio..............................................................
20
Figura 14: Córrego João da Velha................................................................
20
Figura 15: Rego com trilha............................................................................
20
Figura 16: Captaçao Córrego Santo Antônio..............................................
20
Figura 17: Mata na qual está inserida a RPPN com os cursos d’água....
21
Figura 18: Fisionomias da vegetaçao da RPPN.........................................
22
Figura 19: Vista lateral da Reserva..............................................................
23
Figura 20: RPPN e cultivos ecológicos.......................................................
23
Figura 21: Fotografia aérea da RPPN em 25 de agosto de 2005..............
23
Figura 22: Peroba-rosa.................................................................................
24
Figura 23: Alecrim.........................................................................................
24
Figura 24: Choca-barrada.............................................................................
26
Figura 25: Gaviao-carijó................................................................................
26
Figura 26: Logotipo da Reserva Ecológica Amadeu Botelho...................
27
Figura 27: Centro de Educaçao Ambiental..................................................
28
Figura 28: Centro de Educaçao Ambiental..................................................
28
Figura 29: Sala de palestras..........................................................................
28
Figura 30: Refeitório.......................................................................................
28
1
Figura 31: Entrando na trilha do Rego.......................................................
29
Figura 32: Na trilha do Rego........................................................................
30
Figura 33: Crianças na trilha do Rego........................................................
30
Figura 34: A trilha do Rego e seu entorno.................................................
30
Figura 35: Trilhas e caminhos usados no Programa de Ed. Ambiental..
31
Figura 36: A RPPN Amadeu Botelho e seu isolamento...........................
35
Figura 37: Mata, colonião e cana................................................................
36
Figura 38: Mata e colonião..........................................................................
36
Figura 39: Macaco-prego na RPPN Amadeu Botelho..............................
37
Figura 40: Coró-coró....................................................................................
38
Figura 41: Cabeça-seca................................................................................
38
Figura 42: Caminhos, trilhas e picadas na RPPN.....................................
40
Figura 43: Sede.............................................................................................
41
Figura 44: Cocheira e rancho de tratores..................................................
41
Figura 45: Lavador e secador de café........................................................
42
Figura 46: Terreiro........................................................................................
42
Figura 47: Fazenda Santo Antônio dos Ipês..............................................
42
Figura 48: Diversidade de cultivos da fazenda Sto Antônio dos Ipês....
43
Figura 49: Lavouras permanentes do município de Jaú..........................
45
Figura 50: Lavouras temporárias do município de Jaú............................
46
Figura 51: Efetivo do rebanho no município de Jaú.................................
46
Figura 52: Unidades de conservação próximas à RPPN..........................
48
Figura 53: Possibilidades de conectividade...............................................
50
Figura 54: Mapa do Zoneamento da RPPN Amadeu Botelho...................
54
Figura 55: Público na Apresentação...........................................................
87
Figura 56: Equipe de elaboração do PM.....................................................
87
Figura 57: Proprietárias da RPPN, familiares e equipe do PM.................
87
2
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SIGLA
DESCRIÇÃO
APA
Área de Proteção Ambiental
APP
Área de Proteção Permanente
ASSOCICANA
Associaçao dos Plantadores de Cana da Regiao de Jaú
BNDES
Banco Nacional do Desenvolvimento
CATI
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CMEI
Centros Municipais de Educação Infantil
CEPAGRI
Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à
Agricultura
COMDEMA
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
CPFL
Companhia Paulista de Força e Luz
EBEQ
Encontro Brasileiro para o Estudo dos Quirópteros
EE
Estação Ecológica
EEx
Estação Experimental
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ENCEA
Estrategias Nacionales de Comunicación y Educación Ambiental para
el SNUC
ESALQ
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
EMEF
Escolas Municipais de Ensino Fundamental
FAPESP
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FATEC
Faculdade de Tecnologia do Jahu
FEHIDRO
Fundo Estadual de Recursos Hídricos
FEPASA
Ferrovia Paulista S. A.
FERROBAN
Ferrovias Bandeirantes S. A.
FIJ
Faculdades Integradas de Jaú
GEF
Global Environment Facility
HSBC
Hong Kong and Shanghai Banking Corporation
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
IBEM
Instituto Bezerra de Menezes
3
SIGLA
DESCRIÇÃO
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IUCN
International Union for Conservation of Nature
MMA
Ministério do Meio Ambiente
MERCOSUL
Mercado Comum do Sul
OAB
Ordem dos Advogados do Brasil
ONG
Organização não Governamental
PIB
Produto Interno Bruto
PM
Plano de Manejo
PRMC
Projeto de Recuperação de Matas
REAB
Reserva Ecológica Amadeu Botelho
RPPN
Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAEDE
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SAEMJA
Serviço de Água e Esgoto do Município de Jahu
SENAC
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SIFESP
Sistema de Informação Florestal do Estado de São Paulo
SNUC
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UAB
Universidade Aberta do Brasil
UC
Unidade de Conservação
UCAC
Universidade Corporativa Amaral Carvalho
UGRHI
Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
UNESP
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
UNIESP
União Nacional das Instituições de Ensino Superior Privadas
USP
Universidade de São Paulo
4
INTRODUÇÃO
A partir da segunda metade do século passado, o avanço do conhecimento científico sobre
o meio ambiente começou a colocar em evidência a importância de sua conservação para
os habitantes do planeta, incluindo os seres humanos, que sempre procuraram tirar partido
daquilo que a Natureza lhes dava, muitas vezes sem pensar nas consequências imediatas
ou futuras. Eles afinal perceberam que dependem do meio onde estão inseridos e que a sua
destruição corresponde à sua própria degradação em termos de qualidade de vida, e até
mesmo à sua sobrevivência.
Em vários países o desastre já era grande. E ainda assim a destruição continuou. Como
exemplo está o recente estudo de monitoramento por satélite realizado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA): dos 100% de suas florestas originais, a
América do Norte mantém hoje 34,4%, a África 7,8%, a Ásia 5,6%, a América Central 9,7%,
a América do Sul 54,8%, a Oceania 22,3% e a Europa apenas 0,3%.
Os espaços naturais brasileiros vêm sendo destruídos desde que os europeus chegaram ao
Brasil. Ao contrário dos habitantes que aqui encontraram e que viviam em equilíbrio com o
meio ambiente, os invasores chegaram para explorar e dominar, e isso significava destruir.
Essa mentalidade se consolidou e nada mudou quando o país se tornou independente de
Portugal.
A Mata Atlântica foi a primeira e a maior vítima da exploração e destruição ambiental.
Segundo dados da SOS Mata Atlântica, hoje restam somente 7,9% de remanescentes
florestais em fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da
biodiversidade. Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de
três hectares, o índice chega a 13,32%.
São Paulo, o estado mais industrializado do Brasil, foi um dos que mais sofreu a destruição
de seus espaços naturais desde a época da colonização, os quais ao longo do tempo foram
sendo substituídos por áreas agrícolas, pastoris e urbanas.
De sua cobertura vegetal original, em 1962 o Estado de São Paulo contava com 29,26%,
passando para 17,72% em 1971/73 e 13,43% em 1993. Atualmente, a cobertura vegetal
natural do estado é de 3.457.301 ha, o que corresponde a 13,94% de sua superfície
(Rodrigues e Bononi, 2008). É aqui onde ainda se encontram fragmentos florestais
significativos que apesar do histórico intenso de degradação ainda abrigam uma flora e
fauna muito diversas com muitas espécies ameaçadas de extinção.
O município de Jaú, com 68.700 hectares de superfície total, está situado na região CentroOeste do Estado de São Paulo, a 296 quilômetros da capital do Estado. A terra
predominante no município é de Latossolo roxo, com textura argilosa e muito profunda.
Segundo a classificação de Köppen a região de Jaú se enquadra no tipo de clima Cwa, um
clima tropical, com inverno seco e verão chuvoso. Hoje em dia a economia do município de
Jaú é baseada na indústria de calçados e na agricultura da cana-de-açúcar, setor que ocupa
mais de 90% da área do município. Atualmente o café representa apenas 2% da área
agrícola.
5
Conforme o SIFESP (Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo) a
vegetação original cobre apenas 1032 hectares do município, o que representa 1,5% de sua
superfície. A maior parte desta é um fragmento de cerca de 190 hectares de floresta
estacional semidecidual localizada dentro da fazenda Santo Antônio dos Ipês, a tres
quilômetros do centro da cidade de Jaú.
As terras nas quais hoje em dia se encontra a Fazenda Santo Antônio dos Ipês foram
adquiridas pela família Arruda Botelho no final do século XIX. Eram terras quase totalmente
cobertas por uma floresta densa, com poucas áreas desmatadas. O Sr. Carlos Amadeu de
Arruda Botelho, que construiu o casarão da Sede e todas as benfeitorias hoje existentes na
Fazenda, foi o principal responsável pela preservação de uma parte da vegetação original.
Dedicou-se à lavoura e distinguiu-se pelo amor à gleba, que aprendeu como poucos a
cultivar e estimar. Seus descendentes mantiveram esta filosofia e a mata continuou
preservada e protegida, apesar do assédio de caçadores, dos incêndios e todo tipo de
adversidades.
Por iniciativa dos atuais proprietários, fruto do desejo de manter preservado para sempre
esse espaço único, uma área de 142,88 hectares desta mata foi transformada no ano 2000
em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, recebendo o nome de “Reserva
Ecológica Amadeu Botelho” (Portaria 19 de 27/03/2000, ANEXO 1)
Sua importância é indiscutível por suas características: é o maior remanescente deste tipo
de ecossistema no município, com uma grande diversidade de flora e fauna, um enorme
potencial para estudos científicos e educação ambiental, e com algumas ameaças à sua
conservação, como o efeito de borda e o isolamento. Um plano de manejo considerando
todo o potencial da área e seu entorno fornecerá as diretrizes para o manejo da RPPN
Reserva Ecológica Amadeu Botelho, de acordo com a legislação em vigor. Proporcionando
as ferramentas necessárias para uma gestão eficaz, trará benefícios ao ecossistema,
conservando-o, protegendo-o e recuperando-o, e à população, possibilitando a visitação, o
contato com a natureza e o aprendizado.
O objetivo da elaboração deste plano de manejo é dotar a RPPN de um instrumento de
planejamento e gerenciamento, definindo as atividades e normas de seu funcionamento.
Para isso foram desenvolvidas as seguintes ações:
- Descrição da RPPN
- Caracterização da RPPN, da propriedade na qual está inserida e da área do seu entorno,
apresentando os aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos.
- Definição dos objetivos específicos de manejo
- Identificação e avaliação dos compartimentos ambientais da Reserva para estabelecer seu
zoneamento
- Definição dos programas de manejo e projetos específicos
- Elaboração de um cronograma de atividades e custos
6
PARTE A - INFORMAÇÕES GERAIS
1. ACESSO
A Reserva Ecológica Amadeu Botelho encontra-se no município de Jaú, que está localizado
na região central do Estado de São Paulo a 296 km da capital (Figura 1). A área da Reserva
fica dentro da malha de coordenadas 22º18’07” a 22º18’59”S e 48º31’53” a 48º30’36”O.
Figura 1: Mapa com localização do município de Jaú no estado de São Paulo. Fonte:
Wikimedia Commons
Partindo da cidade de São Paulo, chega-se à cidade de Jaú pelos seguintes acessos
rodoviários (Figura 2):
Acesso Rodoviário 01: SP-348 (Via Bandeirantes) ou SP-330 (Via Anhanguera) até a cidade
de Limeira. Depois SP-310 (Via Washington Luiz) até a cidade de Itirapina. Finalmente a
SP-225 (Via Comandante João Ribeiro de Barros) até Jaú. Aproximadamente 296
quilômetros. Tempo aproximado de percurso: 4 horas.
Acesso Rodoviário 02: SP-280 (Via Castelo Branco) até a cidade de Botucatu. Depois SP300 (Via Marechal Rondon) até a cidade de São Manuel. Finalmente a SP-255 (Via João
Mellão) até Jaú. Aproximadamente 314 quilômetros. Tempo aproximado de percurso: 4
horas.
Os municípios que fazem divisa com Jaú são: ao Norte, Bocaina; a Nordeste, Dourado;
a Noroeste, Bariri e Itapuí; a Leste, Dois Córregos; a Oeste, Pederneiras; ao Sul, Barra
Bonita; a Sudeste, Mineiros do Tietê e a Sudoeste, Macatuba.
Pode-se chegar à cidade de Jaú em automóvel e ônibus. As companhias de transporte
interurbano que ligam São Paulo a Jaú são: a Reunidas Paulista e a Viação Santa Cruz.
7
Figura 2: Principais rodovias de acesso a Jaú .
Fonte:
http://jaufatosefotos.br.tripod.com/dadosgerais.htm
Distância entre Jaú e cidades próximas
* Brotas - Distância 54 km
* Bariri – Distância 36 km
* Barra Bonita - Distância 25 km
* Bauru - Distância 53 km
* Bocaina - Distância 22 km
* Dois Córregos - Distância 30 km
* Itapuí - Distância 23 km
* Macatuba - Distância 42 km
* Mineiros do Tietê - Distância 15 km
* Pederneiras - Distância 25 km
* Araraquara – Distância 74 km
* Campinas – Distância 206 km
* Ribeirão Preto – Distância 161 km
* Rio Claro – Distância 125 km
* São Carlos – Distância 97 km
8
Jaú é diretamente influenciada pela Hidrovia Tietê-Paraná, através da qual se integra ao
MERCOSUL, beneficiando-se do transporte intermodal hidro-ferro-rodoviário. Foi uma das
cidades pioneiras no transporte de cana-de-açúcar, em chatas, pelo rio Tietê. O transporte
ferroviário de cargas é feito pela concessionária FERROBAN (antiga FEPASA) e alcança o
Porto de Santos, a 400 km, facilitando as exportações. Jaú fica a 204 km do Aeroporto de
Viracopos e possui um aeroporto particular, do Grupo Camargo Correa.
A RPPN Amadeu Botelho está localizada no sudeste da zona urbana da cidade de Jaú, a 3
km do centro, dentro da fazenda Santo Antônio dos Ipês. A zona urbana da cidade já
chegou aos limites da fazenda onde se encontra a Reserva.
O acesso à RPPN Amadeu Botelho (Figura 3), partindo do Terminal Rodoviário da cidade de
Jaú (22º17’53” S e 48º33’34” O), localizado na rua Humaitá, 515, no centro, é realizado
dirigindo-se à rua Treze de Maio e descendo a mesma até a av. Dr. Quinzinho, na qual virase a direita. Segue-se por esta avenida até o fim, vira-se a esquerda na rua Oscar Piconez,
logo a primeira a direita e a seguir a primeira a esquerda, que é a rua Soldado Pinheiro
Araújo. Seguindo por esta rua, a primeira a direita é a Estrada Pública, uma estrada de
piçarra que liga Jaú a Dois Córregos. Após percorrer 2 km e 172 metros nesta estrada,
chega-se à entrada da fazenda Santo Antônio dos Ipês, onde há uma porteira e a placa da
RPPN. Entra-se a direita e chega-se ao Centro Curumim de Educação Ambiental (22º18’05”
S e 48º31’06” O) por um caminho de terra, que fica a 277 metros da porteira. O Centro de
Educação Ambiental fica a 260 metros da Reserva. Como não existe transporte coletivo que
passe pela Estrada Pública, o acesso deve ser feito por automóvel, ônibus, bicicleta ou a pé.
O tempo aproximado de percurso em automóvel ou ônibus é de 15 minutos, e a pé, meia
hora.
Em caso de chuvas muito fortes, e tratando-se de um caminho de terra, o trecho entre a
entrada da fazenda e o centro de educação ambiental pode ser problemático, dificultando o
acesso de veículos. Nestes casos essa distância pode ser percorrida a pé.
Figura 3: Acesso do Terminal Rodoviário de Jaú à RPPN Amadeu Botelho (em
vermelho). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
9
2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN
Os invasores europeus que chegaram ao Continente Sul Americano no século XV
encontraram uma floresta imensa, diversificada e contínua, que se estendia do nordeste do
Brasil até o atual estado do Rio Grande do Sul. Ao longo de todo o seu comprimento, essa
vasta e densa floresta, a Mata Atlântica, penetrava para o interior, sendo formada por um
conjunto de formações florestais (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional
Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as
restingas, manguezais e campos de altitude.
A primeira leva de colonizadores humanos na região da Mata Atlântica data de
aproximadamente 8-10 mil anos atrás. Esses colonizadores, os índios, já impactaram o
ambiente com atividades agrícolas itinerantes, em sistemas agroflorestais, baseados em
queimada e derrubada. Os colonizadores europeus substituíram os povos indígenas na
degradação da floresta com extração do pau-brasil e os cultivos de cana-de-açúcar e trigo.
Essas práticas, embora extremamente degradadoras em âmbito local, não foram
preponderantes para a destruição da vegetação globalmente, que permaneceu conservada
em grande parte de sua ocorrência até o fim do século XIX.
No início do século XIX o estado de São Paulo ainda apresentava uma grande cobertura
florestal. Os planaltos e as florestas do oeste do estado constituíam um vasto sertão, região
mal conhecida, habitada, sobretudo, por índios Kaingang, ou Coroados, que apesar de
todas as guerras para expulsar os brancos, foram vencidos e fixaram-se nos aldeamentos
definidos pelo governo. Simultaneamente ao aldeamento, os territórios foram sendo
ocupados pelas fazendas e a colonização nacional foi se consolidando. Foi com o ciclo do
café que começou a haver uma devastação significativa da Mata Atlântica. O principal
agravante na devastação foi a crença de que o café deveria ser plantado em terras
“virgens”.
O café entrou em São Paulo pelo Vale do Paraíba, proveniente do Rio de Janeiro.
Embora essa entrada tenha acontecido em 1790, foi realmente a partir de 1850 que o café
avançou rapidamente pelo interior do estado e ganhou terreno principalmente no chamado
oeste paulista (que não é exatamente o oeste geográfico), de terras férteis, substituindo os
pés de cana-de-açúcar. Famílias proprietárias detentoras de recursos deslocaram-se de
Minas Gerais e de outras regiões de São Paulo para o “sertão” assegurando grandes
extensões de terras.
Na região de Jaú, localizada no coração da então província de São Paulo, num planalto de
terra roxa, virgem e inexplorada, o café começou a ser cultivado em 1846, na Sesmaria do
Banharão, onde foram plantados 5.000 pés, e logo surgiram outras pequenas lavouras. A
fama do solo fértil e clima propício já havia atraído as primeiras famílias a radicar-se na
região. Em 1837 houve uma arrojada penetração efetuada por um grupo de sertanistas que
desceu a Serra de Brotas abrindo picadas. O tenente Manoel Joaquim Lopes, que dirigia a
expedição, e seu cunhado Xavier, se apossaram de uma grande área que designaram por
Fazenda São João no sudoeste do município, nas margens do rio Jaú. Logo vieram seus
filhos, grande parte em idade adulta. Em 1855, Joaquim de Oliveira Matozinho, genro de
Manuel Joaquim Lopes, efetuou o registro de suas propriedades, as bacias do Ribeirão São
Joaquim e Figueira e as terras compreendidas entre os Ribeirões Santo Antônio e João da
Velha. Essas terras foram adquiridas parte por compra feita a Jesuíno Silveira Dutra e parte
recebida por doação de seu sogro, o tenente Manoel Joaquim Lopes.
10
Matozinho tinha negócios no Banco de São Paulo e era amigo pessoal de Antônio Carlos de
Arruda Botelho, Conde do Pinhal, fundador deste Banco e da cidade de São Carlos, político
de prestígio e grande empreendedor. Ciente do potencial agrícola das terras de seu amigo
Matozinho, o Conde adquiriu 1.600 alqueires dessas terras por volta de 1879. Formou nessa
área as fazendas Maria Luiza, Carlota, Sant’Ana, Santo Antônio, Santa Sofia, São Carlos,
São Joaquim e Salto do Jaú, de aproximadamente 200 alqueires cada uma.
Para facilitar o escoamento do café, concebeu e foi o impulsor de uma estrada de ferro que,
partindo da cidade de Rio Claro, passava por São Carlos, Araraquara, Jabuticabal, Dois
Córregos e Jaú, o que foi fundamental no desenvolvimento da cafeicultura na região e
beneficiou a grande gleba de terra virgem de qualquer cultura que havia adquirido.
O Conde do Pinhal morreu em 1901 e deixou como herança a cada filho, entre outros bens,
uma das fazendas de Jaú, todas elas ainda com a maioria da vegetação original intacta.
Nesta época o território municipal de Jaú ainda conservava 29% de floresta.
Seu décimo filho, Carlos Amadeu de Arruda Botelho, nascido em 1876, herdou a fazenda
São Carlos e comprou de um dos seus irmãos a fazenda Santo Antônio (Figura 4), ficando
assim proprietário de uma área total de cerca de 400 alqueires, ainda com uma grande
extensão de mata virgem.
Figura 4: Planta das fazendas de Carlos Amadeu em 1904. A fazenda João da Velha é
a fazenda São Carlos. Fonte: documentos dos proprietários, fotografia: Cassio
Vasconcelos.
11
Em 1906 Carlos Amadeu casou-se com Brazilia Whitaker de Oliveira Lacerda e foram morar
na fazenda, já então denominada fazenda Santo Antônio. Dedicou-se à lavoura e distinguiuse pelo amor à gleba, que aprendeu como poucos a cultivar e estimar. A cultura
predominante era o café, mas também foram sendo implantadas outras culturas,
principalmente milho, nas áreas menos acidentadas e mais férteis, e nas áreas menos
propícias foi mantida a vegetaçao original, a mata.
Victor (2005) ressalta um fato curioso sobre a presença da mata, a nível de propriedade,
antes do advento do desmembramento dos latifúndios de café, a partir da década de 30:
apesar da ausência de uma legislação mais rigorosa que obrigasse a manutenção de uma
porcentagem de área com cobertura florestal, muitos fazendeiros conservaram em suas
terras expressivas parcelas com capões de mata, principalmente nas áreas mais declivosas,
nas furnas e junto às aguadas e mananciais. E assim, ainda hoje pode-se observar
derradeiros vestígios de matas em propriedades rurais, que atravessaram incólumes este
período de desagregação fundiária.
Em 1944 Carlos Amadeu doou a fazenda Santo Antônio em partes iguais a seus 9 filhos. A
fazenda tinha já 408 ½ alqueires paulistas (988,16 hectares) com 240.000 pés de café,
terras de cultura, pastagens, palhadas, capoeiras, alguns resfriados e matas, segundo
consta na escritura de doação. Esta área de mata desde então permanece conservada e
parte dela é hoje a RPPN Amadeu Botelho.
Figura 5: Planta da fazenda Santo Antônio em 1930. Em azul escuro, a mata.
Fonte: documentos dos proprietários. Fotografia: Cassio Vasconcelos.
12
O seu segundo filho, Antônio Carlos Lacerda de Arruda Botelho, nascido em 1908, cresceu
na fazenda acompanhando seu pai na lida. Com 11 anos foi estudar no Rio de Janeiro e
com 18 anos viajou aos Estados Unidos e Europa, onde permaneceu cerca de tres anos. Já
de volta ao Brasil, trabalhou na Companhia Paulista de Exportação de Café durante dois
anos e em 1930 começou a administrar a fazenda onde crescera (Figura 5). Começou então
a implantar outras culturas além do café, milho e pastagens já existentes, como abóbora,
inhame, taioba e mandioca para alimentar os porcos (chegou a ter 1000 cabeças de
porcos), feijão e arroz para consumo próprio e para vender, milho, mamona, algodão (Figura
6). A partir da morte de seu pai em 1953, começou a adquirir as partes de seus oito irmãos,
tornando-se assim o único proprietário da fazenda Santo Antônio em 1963, continuando a
diversificação dos cultivos e introduzindo a soja, cana de açúcar, limão siciliano, laranja e
fumo, na área já aberta da fazenda. A mata remanescente continuou preservada.
Figura 6: Planta da fazenda Santo Antônio em 1944. Mata em verde, demais espaços:
pastagens, cultivos e infraestruturas. Fonte: documentos dos proprietários.
Em 1976 Antônio Carlos e sua esposa doaram a fazenda a seus oito filhos em partes iguais.
Após alguns anos, três deles separaram suas respectivas glebas do resto da fazenda, que
ficou então com 639,8 ha e passou a ser denominada fazenda Santo Antônio dos Ipês
(Figura 7). Por decisão unânime, a área da mata de cerca de 190 ha, denominada Quinhão
F e pertencente aos oito filhos, permaneceu incólume.
13
Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, um dos netos de Antônio Carlos, nasceu e cresceu
na fazenda. Desde criança já gostava da mata e hoje em dia é quem a conhece melhor. Seu
desejo sempre foi preservá-la, como fizeram seu avô e seu bisavô. Em 1994 começou a
trabalhar como administrador da propriedade. Notava que havia caçadores furtivos entrando
na mata, que entravam pessoas para coletar plantas medicinais, para marcar o tronco das
árvores, muitos deixavam lixo e até encontrava indícios de fogueiras. Com a aprovação e
apoio dos proprietários decidiu fazer da área da mata uma reserva ecológica, a qual chamou
de Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Escolheu esse nome porque a mata era conhecida
na cidade de Jaú como “Mata do Madeu”, e porque quis fazer uma homenagem a seu
bisavô Carlos Amadeu pelo seu espírito de conservação numa época em que poucos
pensavam nisto. Em 1998 criou um programa de educação ambiental, com o objetivo de
conscientizar a população e proteger o ecossistema. Ficou sabendo através de uma das
proprietárias que uma prima sua havia acabado de criar uma RPPN em sua fazenda, em
Ilhéus, Bahia, (RPPN Fazenda São Joao, Portaria 022/97) e foi buscar informação. Em 1999
apresentou aos proprietários a ideia de transformar a mata em uma RPPN, conseguindo a
aprovação de seis dos oito proprietários. Entrou então em contato com o IBAMA (Bauru),
apresentou a documentação e foi feita a vistoria. Em 27 de março de 2000, através da
Portaria nº 19/2000 (Anexo 1), uma área de 142,88 hectares da mata foi reconhecida como
Reserva Particular do Patrimônio Natural. A parte da mata que não foi transformada em
RPPN continuará preservada segundo desejo de seus proprietários, o que significa que este
remanescente florestal, como um todo, permanecerá intacto.
Figura 7: Limites atuais da fazenda Santo Antônio dos Ipês (vermelho) e da RPPN
Amadeu Botelho (amarelo). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
Atualmente o município de Jaú tem uma porcentagem muito reduzida de florestas somando
somente 1,5% que estão distribuídos em aproximadamente 40 fragmentos florestais,
segundo o inventário florestal do estado de São Paulo 2009. No maior destes fragmentos
encontra-se a RPPN Amadeu Botelho (Figura 8).
14
Figura 8: Mapa de remanescentes florestais do município de Jaú com a localização da
RPPN Amadeu Botelho. Fonte: SIFESP
15
3. FICHA RESUMO DA RPPN
Nome da RPPN: Reserva Ecológica Amadeu Botelho
Nomes dos proprietários: Maria Evangelina de Arruda Botelho Lászlò, Maria
Helena de Arruda Botelho Müller Carioba, Maria Cecy de Arruda Botelho, Elisa
de Arruda Botelho Haller, Maria Luiza de Arruda Botelho e Teresa Cristina de
Arruda Botelho
Nome do representante: Antônio Carlos Botelho Müller Carioba
Contato: Fazenda Santo Antônio da Mata, caixa postal 02, Jaú, SP, CEP
17.201-970 Telefone: 14 30325648 – 14 9771-5276
E-mail: [email protected]
Endereço da RPPN: Fazenda Santo Antônio dos Ipês, Jaú, SP – Caixa Postal
nº 2, Telefone: 14 30325648
Página web: http://www.rppnamadeubotelho.com.br/
Área da RPPN: 142,88 ha
Área total da propriedade: 639,8 ha
Principal município de acesso à RPPN: Jaú
Município e estado abrangido: município de Jaú, estado de São Paulo
Coordenadas geográficas: 22º 18’ 33” S, 48º 31’ 16” O
Data e número do ato legal de criação: Portaria nº 19 de 27 de março de
2000 (ANEXO 1)
Marcos e referencias importantes nos limites e confrontantes: O rio Jaú, o
córrego Santo Antônio e o córrego João da Velha, entre os quais está inserida
a RPPN.
Biomas e ecossistemas: Floresta Estacional Semidecidual
Distâncias dos centros urbanos mais próximos: distância do centro da
cidade de Jaú: 3 km
Meio principal de chegada à UC: automóvel.
Atividades ocorrentes: estudos, pesquisas, programa de educação
ambiental.
16
PARTE B - DIAGNÓSTICO
1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN
1.1.
Clima
Segundo a classificação de Köppen a região de Jaú se enquadra no tipo de clima Cwa, um
clima tropical com inverno seco e verão quente e chuvoso. Segundo dados do CEPAGRI
(Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), a temperatura
média anual fica em torno de 22ºC, sendo que a mínima média é de 16,5ºC e a máxima
média é de 28,5ºC. A precipitação pluviométrica anual varia de 1.200 a 1.500 mm (Figura 9).
A umidade relativa do ar média anual é de 70%. A estação seca vai de abril a setembro e a
chuvosa, de outubro a março, aproximadamente. Há registros de que haviam fortes geadas
no inverno, chegando a arrasar plantações inteiras de café no século passado, até o ano de
1993. Desde então não houve mais geadas na região.
MÊS
TEMPERATURA DO AR (ºC)
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Mínima média
20.0
20.0
19.0
17.0
14.0
13.0
12.0
14.0
15.0
17.0
18.0
19.0
Máxima média
30.0
30.0
30.0
29.0
26.0
25.0
26.0
28.0
28.0
30.0
30.0
30.0
média
25.0
25.0
25.0
23.0
20.0
19.0
19.0
21.0
22.0
24.0
24.0
25.0
ANO
Mínima
Máxima
16.5
12.0
20.0
28.5
25.0
30.0
22.7
19.0
25.0
CHUVA (mm)
220.8
199.6
152.8
57.7
58.8
39.3
22.7
22.5
52.0
110.0
123.9
194.1
1254.2
22.5
220.8
Figura 9: Clima do município de Jaú. Fonte: CEPAGRI - Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura
17
1.2.
Solo
Os principais tipos de solo da bacia do rio Jaú, onde está inserida a RPPN, são Latossolo
Vermelho-Escuro, Latossolo Roxo, Latossolo Roxo Eutrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo
distrófico e Terra Roxa Estruturada Eutrófica (IPT, 1999).
Em 1990 (Nicolini) foram colhidas amostras de solo em quatro pontos diferentes da RPPN
(580 m, 560 m, 550 m e 530 m de altitude), os três de maior altitude sem influência de
cursos d’água, e o de menor altitude sob influência de cursos d’água. Em cada ponto abriuse uma trincheira onde foram feitas observações e caracterizações de cada um dos
horizontes constituintes do perfil.
Verificou-se a ocorrência de uma variabilidade considerável no fator edáfico. No ponto a 580
metros de altitude o solo foi classificado como Cambissolo Ta, A fraco, textura argilosa,
substrato basalto (EMBRAPA, 1988), não apresentando deficiência em minerais, o que
criava condições favoráveis ao desenvolvimento da floresta. O solo do ponto a 560 metros
de altitude foi classificado como Litólico Eutrófico, A moderado, textura argilosa, substrato
basalto (EMBRAPA, 1988), sem deficiência em nutrientes, apesar da profundidade de
alteração do basalto ser reduzida. Já no ponto a 550 metros de altitude, o solo foi
classificado como Terra Roxa Estruturada Eutrófica, A moderado, textura argilosa
(EMBRAPA, 1988), sendo mais profundo que os anteriormente descritos, mas com o
conteúdo de alguns nutrientes notoriamente menor em relação aos outros dois pontos de
coleta de solo. No ponto na altitude de 530 metros o solo foi classificado como Cambissolo
Ta, A fraco, textura argilosa, substrato basalto (EMBRAPA, 1988), apresentando uma alta
capacidade de retenção de água, uma drenagem muito boa e alta fertilidade, permitindo
boas condições para o desenvolvimento da flora.
1.3.
Relevo
Na bacia do Rio Jaú, onde está inserida a Reserva, ocorrem duas unidades geológicas,
representadas pelas Formações Itaqueri (50,2%) e Serra Geral (48,8%). O relevo é
caracterizado por Colinas Médias (53,9%), Colinas Amplas (12,3%) e o sistema de Morrotes
Alongados e Espigões (33,7%), predominando interflúvios sem orientação preferencial,
topos angulosos e achatados e vertentes com perfis retilíneos. Drenagem de média a alta
densidade, padrão dendrítico, vales fechados. (IPT, 1999). A altitude máxima da Reserva é
de 596 metros e mínima é de 523 metros.
1.4.
Hidrografia
A floresta, grande parte da qual foi reconhecida como RPPN, encontra-se no centro da
propriedade, na bacia hidrográfica do rio Jaú (Figura 10), em um divisor de águas, sendo
que a sua extremidade norte é paralela ao córrego Santo Antônio e sua extremidade sul
alcança o rio Jaú e o córrego João da Velha, havendo ainda uma nascente (22º18’41.89”S,
48º30’47.23”O) dentro da Reserva (Figura 11).
18
Figura 10: Bacia do rio Jaú e sub-bacias, RPPN em vermelho (localizada entre a
margem direita do rio Jaú, a margem esquerda do córrego Santo Antônio e a margem
direita do córrego João da Velha). Fonte: Cartas Topográficas do IBGE, organizado
por Rezende e Veniziani Jr (2012)
O rio Jaú (Figura 12), afluente do Médio Tietê, está inserido na Bacia Hidrográfica do TietêJacaré – UGRHI 13 do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São
Paulo. Nasce no município de Torrinha e atravessa os municípios de Dois Córregos e Jaú,
desaguando no rio Tietê, próximo a Itapuí. O trajeto tem mais ou menos 60 km. Sua bacia
abrange os municípios de Brotas, Dois Córregos, Dourado, Bariri e Jaú com uma área total
de 745,969 km2.
Figura 11: Nascente dentro da RPPN
Figura 12: Rio Jaú ao lado da RPPN
19
O córrego Santo Antônio (Figura 13) é um afluente da margem direita do Rio Jaú com quase
12 km de extensão e bacia hidrográfica de 23,37 km². É manancial de abastecimento da
cidade de Jaú e responsável por uma produção de água com variação de vazão de 88,2 l/s
na estação seca do ano até 266,7 l/s na estação chuvosa. Suas águas são totalmente
captadas para o abastecimento da cidade.
O córrego João da Velha (Figura 14), que também abastece a cidade de Jaú, é um afluente
da margem direita do Rio Jaú com quase 7 km de extensão e 14 km² de bacia hidrográfica,
é responsável pela produção de água que varia de 56,7 l/s na estação seca do ano até
171,4 l/s na estação chuvosa. Suas águas também são totalmente captadas para o
abastecimento da cidade.
Figura 13: Córrego Santo Antônio
Figura 14: Córrego João da Velha
Esses dois córregos e o ribeirão Pouso Alegre são responsáveis por mais de 50% da água
que abastece a cidade.
No verão há chuvas torrenciais que as vezes provocam inundações na zona urbana e nas
áreas próximas ao rio Jaú e aos córregos, alagando alguns trechos da mata. Neste período
é comum o afloramento do lençol freático, ocasionando o encharcamento temporário do solo
em uma faixa de aproximadamente 30 metros a partir das margens dos cursos d’água.
Figura 15: Rego com trilha
Figura 16: Captação Córrego S. Antônio
20
Também há um córrego, denominado Rego (Figura 15), originado de uma captação de água
do córrego Santo Antônio fora da Reserva (Figura 16), que atravessa um trecho da mata.
Trata-se de uma captação antiga, com o objetivo de levar a água às instalações da fazenda
e servir para lavagem do café, bebedouros, uso da sede, etc. Os cursos d’água que
atravessam a RPPN e os que estão próximos a ela estão delineados na Figura 17.
Figura 17: Mata na qual está inserida a RPPN localizando os cursos d’água. Córrego
Santo Antônio (rosa), Córrego João da Velha (amarelo), rio Jaú (azul), Rego
(vermelho), nascente (branco). Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
1.5.
Vegetação
A mata foi caracterizada por Nicolini (1990) como floresta mesófila semidecídua, por
expressar as características climáticas dominantes na sua região de ocorrência e também
fazer menção à deciduidade observada em algumas espécies típicas dessa formação, na
estação seca. Porém, o termo usado na atualidade é floresta Estacional Semidecidual. O
conceito ecológico deste tipo florestal é estabelecido em função da ocorrência de clima
estacional que determina semideciduidade da folhagem da cobertura florestal. A
porcentagem das árvores caducifólias no conjunto florestal, e não das espécies que perdem
as folhas individualmente, situa-se, ordinariamente, entre 20% e 50%. Nas áreas
subtropicais, é composta por macrofanerófitos que recobrem solos basálticos eutróficos
(IBGE, 2012). Para Rezende (2012), além da floresta estacional semidecidual o fragmento
apresenta também manchas de floresta estacional decidual com áreas de transição (Figura
18). A floresta estacional decidual designa remanescentes florestais associados a solos
rasos, litólicos cascalhentos ou pedregosos, com predominância de espécies caducifólias,
determinada pela baixa capacidade de retenção hídrica na estação seca, apresentando alta
luminosidade em seu interior no período seco do ano e menor diversidade de espécies
arbóreas, quando comparadas as florestas estacionais semideciduais.
21
Figura 18: Fisionomias da vegetação da RPPN “Reserva Ecológica Amadeu Botelho”
Fonte: Rezende e Veniziani Jr (2012), Cartas Topográficas do IGC.
Em 1990, segundo Nicolini, o dossel da mata variava de 15 a 20 m de altura, havendo
também os indivíduos emergentes. Em alguns pontos o dossel não chegava a formar uma
cobertura contínua, permitindo a penetração direta dos raios solares até o solo. A vegetação
arbustiva, constituída em parte por indivíduos adultos de pequeno porte e em parte por
indivíduos jovens dos andares superiores, apresentava-se praticamente contínua por toda a
área. A vegetação herbácea ocorria por toda a mata e era mais conspícua próxima aos
cursos d’água. A mata se encontrava pouco perturbada, com poucas clareiras, onde a
biomassa predominante era composta por lianas e alguns indivíduos jovens de espécies de
grande porte.
22
Figura 19: Vista lateral da Reserva
Figura 20: RPPN e cultivos ecológicos
Em 1993 houve um incêndio que afetou algumas áreas da Reserva, ocasionando a morte de
algumas árvores e abrindo clareiras. Mas a degradação não foi intensa, o banco de
sementes do solo não foi perdido, existiam fontes de sementes próximas e fauna dispersora.
Através de um acompanhamento constante do estado das áreas atingidas, foi constatado
que a vegetação ia se recuperando. Então os proprietários decidiram que estas áreas
deveriam seguir um processo de regeneração natural. Segundo estudos posteriores (Adati,
2001), imagens de satélite e observação do fragmento durante a elaboração deste plano de
manejo, foi comprovado que houve uma boa recuperação da maioria das zonas afetadas e
pode-se considerar que não houve mudanças significativas no perfil da mata descrita por
Nicolini (Figuras 19, 20 e 21). Hoje em dia as áreas mais perturbadas representam menos
de 2 % da área total da Reserva.
Figura 21: Fotografia aérea da RPPN em 25 de agosto de 2005. Autor: Cassio
Vasconcellos
23
No estudo realizado por Nicolini (1990) em duas áreas, uma sob influência dos cursos
d’água e outra sem influência, foram abertas trilhas perfazendo um total de 6.000 metros,
sendo 3.000 metros em cada uma das áreas de amostragem. Nos 6.000 metros de trilha
foram distribuídos 400 pontos, 200 em cada área. Em cada ponto atirou-se aleatoriamente
uma cruzeta de madeira para se determinar os quadrantes, e em cada quadrante foi
amostrado o indivíduo mais próximo do ponto. Assim foram amostradas 1.600 árvores
(indivíduos lenhosos com fuste igual ou superior a 1,30 metros de altura) os quais se
distribuíam em 145 espécies, 107 gêneros e 47 famílias. O índice de diversidade de
Shannon-Weaver encontrado para a área total foi de 4,06. A espécie mais abundante foi a
Angostura pentandra, e a de maior valor de cobertura, Ficus citrifolia. Rutacea foi a família
melhor representada numericamente enquanto que Fabaceae foi a de maior diversidade.
Foram identificadas neste estudo espécies importantes do ponto de vista conservacionista,
como a peroba-rosa Aspidosperma polyneuron (árvore símbolo do Município de Jaú) (Figura
22), o jacarandá Jacaranda macrantha, o amendoim-bravo Pterogyne nitens, o jequitibá-rei
Cariniana estrellensis e o cedro Cedrela fisilis (Lista de espécies no ANEXO 2).
Figura 22: Peroba-rosa Aspidosperma polyneuron
Figura 23: Alecrim Holocalyx balansae
Em 1999, num trabalho de caracterização florística de ecounidades na Reserva, foram
registradas 55 espécies na mata madura, sendo que a família mais representativa em
número de espécies foi Meliaceae, e 20 espécies na capoeira, com a família Rubiaceae
ocupando o primeiro lugar em relação à riqueza. (Souza, 1999).
24
No levantamento florístico das espécies arbóreas ao longo da Trilha Ecológica da Reserva
Amadeu Botelho (Adati, 2001) foram identificadas 35 espécies, entre elas o pau-jacaré
Piptadenia gonoacantha, guarantã Esenbechia leiocarpa, ipê-roxo Tabebuia avellanedae,
alecrim Holocalyx balansae (Figura 23), farinha-seca Peltophorum dubium, guaiuvira
Patagonula americana, louro-salgueiro Cordia ecalyculata e figueira-branca Ficus
guaranítica.
Segundo o levantamento fitossociológico realizado na Reserva em 2006 (Vermelho et al)
foram encontrados o jatobá Hymenaea courbaril, o pau-marfim Balfourodentron
riedelianum, o ingá Inga marginata, a paineira Chorisia speciosa, a canela-louro Nectandra
megapotamica, entre outras.
Segundo relatos de quem frequenta a mata, também podem ser encontrados a cabreúva
Mycrocarpus frondous, a araruva Centrolobium tomentosum, o pau d’alho Gallesia
integrifolia, o ceboleiro Bougainvillea arborea e o canelão Octea elegans.
1.6.
Fauna
Desde a época em que foram compradas as terras da Fazenda sempre tem havido registros
de mamíferos: animais avistados durante passeios ou trabalhos na mata e seus arredores,
animais encontrados machucados ou mortos e até mesmo animais que chegaram a invadir
as residências humanas.
No ano de 2006 teve início uma pesquisa de levantamento de espécies de mamíferos
terrestres de médio e grande porte da Reserva, por meio de registros visuais e pegadas,
revelando a presença de oito mamíferos de médio e grande porte (Crespi, 2007), que
somados aos registros históricos realizados desde a criação da RPPN, resultaram em uma
lista de 24 espécies de mamíferos com ocorrência para a Reserva.
Em 2011 (Reale), foi realizado um inventario mastofaunístico na REAB em quatro
campanhas com duração de seis dias cada uma. Em todas as campanhas, os métodos
indireto e direto foram utilizados diariamente: transecto e parcelas de areia, armadilhas
fotográficas e entrevistas com moradores e funcionários da fazenda. Foram encontrados 26
espécies de mamíferos, distribuídos em 16 famílias e seis ordens. Segundo o autor do
inventário, a Reserva Ecológica Amadeu Botelho apresenta rica fauna de mamíferos
terrestres de médio e grande porte, caracterizando o bom estado de preservação da área. É
um refúgio para a vida silvestre ameaçada de extinção, que apresenta espécies em
diferentes graus de ameaça: o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, a jaguatirica Leopardus
pardalis, e a suçuarana Puma concolor, o gato-maracajá Leopardus wiedii, o macaco-prego
Sapajus nigritus e a cutia Dasyprocta azarae. Espécies como o lobo-guará Chrysocyon
brachyurus e o tatu-de-rabo-mole Cabassous sp, nunca tinham sido vistos na reserva (Lista
de espécies no ANEXO 4).
Também foram registrados o gato-mourisco Puma yagouaroundi, a raposinha-do-campo
Lycalopex vetulus e o cachorro-do-mato Cerdocyon thous. Nas proximidades do Rio Jaú, é
constante a presença da lontra Lontra longicaudis, da capivara Hydrochoerus hydrochaeris e
do ratão-do-banhado Myocastor coypus. Menos freqüentemente, são avistados mamíferos
de hábitos mais discretos, como o ouriço-cacheiro Sphigurus villosus, a jaritataca Conepatus
semistriatus, o mão pelada Procyon cancrivorus, o quati Nasua nasua e a irara Eira Barbara.
25
O macaco-prego Sapajus nigritus sempre foi visto na mata, e ultimamente a população vem
aumentando, formando já três grupos distintos.
A fazenda abriga expressiva variedade de morcegos. Num trabalho de campo realizado em
seis visitas bimestrais entre novembro de 2009 e setembro de 2010 foram identificadas 15
espécies, entre insetívoros, carnívoros, onívoros, frugívoros e nectarívoros (Pedrozo, 2011).
As colônias dos animais foram encontradas nas árvores, na mata e também na varanda e
no porão da casa principal. Cinco espécies foram consideradas espécies constantes, uma
vez que apareceram em mais de 50% das sessões de captura e observação. Todas
exploram plantas como fonte de alimento. Segundo o autor do estudo, é possível que essas
cinco espécies residam e se alimentem somente na Fazenda Santo Antônio dos Ipês (Lista
de espécies no ANEXO 5).
No estudo da avifauna da RPPN iniciado em 2005 (Ubaid) com duração de 16 meses, foram
realizadas 12 visitas, sendo utilizados dois dias por visita, com cerca de 8 horas de
observação/dia, perfazendo um total de 192 horas de esforço amostral. Foi registrada a
presença de 196 espécies de aves distribuídas em 50 famílias. O fragmento apresentou
uma alta riqueza específica, diversidade e abundância, comparado com outros estudos,
levando-se em conta seu tamanho. Entre as espécies que merecem destaque, estão os
frugívoros de maior porte, por exemplo, a jacupemba Penelope superciliaris, e carnívoros de
grande porte, como o murucututu-de-barriga-amarela Pulsatrix koenoswaldiana, o gaviãopernilongo Geranospiza caerulescens e o gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis,
todos dependentes de florestas. Foram registradas duas espécies ameaçadas no estado de
São Paulo: o papagaio-verdadeiro Amazona aestiva, que utiliza a RPPN como local de
alimentação durante determinados períodos do ano, e o cabeça-seca Mycteria americana.
Já foram avistados o urubu-de-cabeça vermelha Cathartes aura e o urubu-rei Sarcoramphus
papa. Há constantes registros e identificação de aves na Reserva (Figuras 24 e 25), sendo
divulgados no blog Observatoriodeaves com link para WikiAves para maiores informações
sobre as espécie (Lista de espécies no ANEXO 3).
Figura 24: Choca-barrada Mesembrinibis
cayennensis Fotografia: Paulo Guerra
Figura 25: Gavião-carijó Rupornis magnirostris
Fotografia: Paulo Guerra
26
A Marambaia é o local onde o rio Jaú desemboca no rio Tietê, também chamado de tríplice
fronteira, pois é a intersecção dos territórios das cidades de Jaú, Itapuí e Bariri. Apesar de
ter sido muito modificado pela ocupação humana, este local apresenta áreas de várzea
importantes, abrigando espécies de aves ligadas a ambientes aquáticos. Apesar de sua
distância da RPPN, acredita-se que muitas aves avistadas na mata usam e beneficiam-se
dos dois ecossistemas.
De outubro de 2008 a outubro de 2010 foi realizado um estudo sobre a anurofauna da REAB
e seu entorno (Moya, 2011) em oito pontos de coleta com amostragens diurnas e noturnas.
Os registros foram feitos através de contatos diretos, contatos visuais, registros auditivos e
registro de sinais da presença da espécie. Foram realizados 13.814 registros de anfíbios
anuros nos 25 meses de amostragem, correspondendo a 22 espécies distribuídas em 5
famílias (Lista de espécies no ANEXO 6).
1.7.
Visitação
Em 1998 foi criado o Projeto Curumim, (folheto de propaganda no ANEXO 9) um programa
de educação ambiental para crianças e adultos visando a preservação do meio ambiente,
resgate cultural e aproximação da vida natural. As visitas de grupos, segundo o coordenador
do projeto, constituem um meio de disseminar a importância das florestas e da
biodiversidade, da conservação dos fragmentos remanescentes, do cuidado ao gerar e
descartar resíduos, e também um meio de estimular estudos e pesquisas. Foi criado um
logotipo para a Reserva (Figura 26).
Figura 26: Logotipo da Reserva Ecológica Amadeu Botelho
Foi construído um centro de base a poucos metros da Reserva (22º18’05.42”S,
48º31’06.49”O), uma construção de alvenaria de 160 metros quadrados, com cozinha,
banheiros, refeitório, uma sala de palestras e exposição de rochas, frutos e sementes com
capacidade para 40 pessoas sentadas, dispondo de água encanada e energia elétrica
(Figuras 27 e 28).
A poucos metros do centro começa a trilha do Rego (Figura 35) que é usada na visitação
(Figuras 32, 33 e 34). Esta trilha foi descrita por Lourenço (2012) como sendo de baixa ou
nenhuma dificuldade, tem cerca de 2 quilômetros e 95% de seu trecho é plano e é possível
caminhar com um braço aberto, sendo o trecho mais estreito uma curva de não mais que 4
metros, onde é necessário caminhar em fila indiana e atentar-se aos cipós no caminho. Esta
trilha acompanha um córrego artificial, o Rego, de largura máxima de 0,5 m,construído nos
anos de 1900 para atender à lavoura cafeeira. Na trilha há placas de identificaçao de
algumas espécies vegetais.
27
Figura 27: Centro de Educação Ambiental Figura 28: Centro de Educação Ambiental
Está aberto a escolas do município de Jaú e de todo o Estado de São Paulo e ao público em
geral. As visitas são agendadas e monitoradas com guias, para um máximo de 40 pessoas.
Com as escolas, o procedimento é o seguinte:
1. No centro do Projeto Curumim o monitor faz uma palestra de 20 minutos sobre a
importância da conservação da mata, sobre suas características e biodiversidade,
fala sobre a RPPN, explicando o que significa, e sobre o comportamento
recomendado durante o percurso (Figura 29).
2. Para alguns grupos, antes de começar o percurso, há uma visita à mata ciliar do
Córrego Santo Antônio, que está a 50 metros, onde se fala sobre a importância da
preservação da vegetação ao lado dos cursos d’água.
3. O grupo dirige-se à trilha do Rego, que sai do Centro e entra na mata (Figura 31),
acompanhando o Rego, o monitor vai explicando a importância da água e da mata
para sua manutenção, fala sobre a cadeia alimentar, a interação dos animais com a
floresta, há a identificação de espécies vegetais e animais que apareçam.
4. Depois passam por uma picada no meio da mata, a dona Brasília, até chegar a um
balanço ao lado de uma figueira branca e vão bordeando a mata até chegar outra
vez no Centro. Este percurso pode variar dependendo do perfil dos visitantes,
podendo-se utilizar a trilha que vai do Rego à borda da mata ou indo mais adiante na
Trilha do Rego (Figura 35).
5. Lanche no Centro (Figura 30).
Figura 29: Sala de palestras no Centro
Figura 30: Refeitório
28
Com grupos de adultos e estudantes universitários:
1. Explicação no Centro sobre a mata e suas características, sua história, o que já foi
feito até então, sobre a RPPN, comportamento na trilha.
2. O grupo vai até a mata ciliar do córrego Santo Antônio, a poucos metros do Centro,
onde o monitor fala sobre a importância da mata ciliar na proteção dos cursos
d’água, a interação dos animais com a mata ciliar, entra na questão agrícola, falando
sobre a importância de uma agricultura de baixo impacto, curvas de nível, cultivos
ecológicos, o respeito que o proprietário deve ter com a área, a possibilidade da
gestão mais ecológica, mostra os cultivos ecológicos que estão sendo feitos na
fazenda.
3. Trilhas
4. Lanche no Centro
Figura 31: Entrando na trilha do Rego
Também há visitas de grupos de turistas, famílias, empresas, amigos. Neste caso, primeiro
tomam o café da manha, depois há uma palestra e em seguida fazem a trilha, sempre
acompanhados por um monitor que vai fornecendo explicações.
Os preços até dezembro de 2012 eram:
R$ 150,00 para grupos de até 20 pessoas, R$ 200,00 para grupos de até 30 pessoas e R$
250,00 para grupos de até 40 pessoas. O preço do café da manhã era de R$ 12,00 por
pessoa e o do lanche, R$ 8,00 por pessoa, cobrados a parte.
Número aproximado de visitantes por ano: 480 pessoas
29
Figura 32: Na trilha do Rego
Figura 33: Crianças na trilha do Rego
Figura 34: A trilha do Rego e seu entorno
30
A capacidade de carga efetiva representa o número máximo de visitas permitidas em uma
trilha ou sítio turístico, cujo cálculo se dá através da associação entre o valor da capacidade
de carga real e a porcentagem estabelecida para a capacidade de manejo. No estudo
realizado por Lourenço (2012) foi feita uma análise técnica da trilha e verificou-se que a
mesma tem potencial para receber até 354 visitantes por dia. A única área da Reserva
utilizada no programa de educação ambiental é a trilha. Como sempre há uma programação
prévia e agendamento de visitas, e como o número de visitantes nunca ultrapassa 80 por
dia, não há risco de impacto ambiental. Além do mais, há um regulamento e uma orientação
por parte do monitor sobre o comportamento durante o percurso na trilha.
Figura 35: Trilhas e caminhos usados no Programa de Educação Ambiental. Trilha do
Rego (amarelo), dona Brasília (branco), Borda da mata (laranja), do Rego à borda da
mata (lilás), do Centro Curumim à borda da mata (vermelho), Rego em azul. A flecha
indica o Centro Curumim de Educação Ambiental que fica fora da RPPN. Mapa elaborado
sobre imagem Google Earth de maio de 2010
1.8.
Pesquisa e monitoramento
1.8.1. Estudos e projetos realizados na Reserva Ecológica Amadeu Botelho e
arredores:
- Composição Florística e Estrutura Fitossociológica do Estrato Arbóreo em Mata Mesófila
Semidecídua no Município de Jaú. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas.
UNESP/Rio Claro. Nicolini, E. M. 1990.
-. Caracterização da Regeneração entre mosaicos de Clareiras, através do método de
banco de sementes, num fragmento florestal no município de Jaú-SP. 7º Simpósio
Internacional de Iniciação Científica da USP - Agropecuária, Piracicaba - S. P. Cavallari
Neto, M. ; Kageyama, P. Y. 1999
31
- Projeto Curumim - Educação Ambiental na Reserva Ecológica Amadeu Botelho para
promover a interação sociedade/natureza. Jaú, SP. Carioba, A. C. B. M. 1998 até hoje.
- Caracterização Florística de Ecounidades na Estação Ecológica Amadeu Botelho
localizada no município de Jaú/SP. Iniciação Científica da Universidade de São Paulo,
Departamento de Ciências Biológicas da ESALQ. Souza, A. M. 1999.
- Diagnóstico da regeneração natural de fragmentos florestais situados na Bacia
Hidrográfica do Rio Jaú. Prefeitura Municipal de Jaú-Instituto Pró-Terra. Antonelli, F. 2000.
- Florística das Espécies Arbóreas que ocorrem ao logo da Trilha Ecológica da Reserva
Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP – Subsídios para a Educaçao Ambiental. Trabalho
de coclusao de Curso, Faculdade de Ciências Biológicas UNESP/Baurú. Adati, E. F. 2001.
- Estudo de Crustáceos de Água Doce coletados na RPPN Amadeu Botelho e áreas
circunvizinhas. Instituto de Biociências/USP. Mossolin, E. C., Kiyohara, F., Bueno, S. L. S.
2001.
- Levantamento da fauna e aspectos da biologia de macro invertebrados de água doce dos
principais mananciais do Estado de São Paulo, com ênfase aos bivalves, insecta
(Plecoptera, Trichoptera e Diptera) e Crustacea (Decapoda). Programa BIOTA/FAPESP.
Silva, R. M. L. 2001.
- Levantamento Fitossociológico de um Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual no
município de Jaú/SP. Universidade do Sagrado Coração. Bauru/SP. Vermelho, D.,
Fernandes, F. M., Posse, F. C. D., Mazziero, F. F. F., Santos, G. A., Aguiar, M. A., Paschoal,
M. E. S. 2006.
- Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) - Secretaria de Estado do Meio
Ambiente. Global Environment Facility (GEF), Banco Mundial – Micro-bacia Córrego Santo
Antônio), Secretaria Meio Ambiente SP. 2005 a 2011
- Dinâmica da Comunidade de Aves na Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Município de
Jaú, SP.Monografia. Universidade do Sagrado Coraçao/Bauru. Ubaid, F. K. 2006.
- Gravação de canto de pássaros por Xeno-canto América na Reserva Ecológica Amadeu
Botelho, Jaú, SP, 2005-2006
- Levantamento fitogeográfico da fazenda Santo Antônio dos Ipês “Reserva Ecológica
Amadeu Botelho”. Trabalho de iniciação científica. Faculdades Integradas de Jaú. Silva, A.
D. 2007
- Uso do solo da APP do córrego Santo Antônio no município de Jaú. Monografia de
Graduação em Geografia. Faculdades Integradas de Jaú. Martinez, T. G., Teixeira, H. L.
2007
- Levantamento dos Mamíferos Terrestres da Reserva Ecológica Amadeu Botelho (REAB),
Município de Jaú, SP. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Sagrado Coração,
Bauru/SP. Crespi, B. P. 2007.
- Pteridófitas da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Jaú/SP. Universidade do Sagrado
Coração. Bauru/SP. Mazziero, F. F. F., Nonato, F. R. 2007.
32
- Projeto de Revitalização das Áreas de Preservação Permanente da Bacia do Rio Jaú.
Iniciativa Verde, Instituto Pró-Terra. 2008.
- Educación Ambiental y Paisaje en los Espacios Naturales Protegidos de Brasil:
Contribuciones a la construcción del documento ENCEA (Estrategias Nacionales de
Comunicación y Educación Ambiental para el SNUC). Doctorado Interuniversitario de
Educación Ambiental Universidad Autónoma de Madrid. Sammarco, Y. M. 2008
- Dieta da ictiofauna de dois riachos de cabeceira, Bacia do rio Tietê. Sociedade de Ecologia
do Brasil. Burgos, A. H. 2010.
- Estudo do Manejo da Entrelinha de Plantio de um Reflorestamento de Mata Ciliar na
Microbacia do Santo Antonio – Jaú/SP. Instituto Pró-Terra. Souza, A. M., Robaioli, A., Vieira,
A. S. 2010
- Anurofauna da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho, município de Jaú, São Paulo,
Brasil. Faculdade Anhanguera de Bauru. Moya, G. M. 2011.
- Levantamento de Lianas da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, no município de Jaú, São
Paulo, Brasil. Faculdade de Tecnologia de Jaú, Grupo de Estudos em Ciências Ambientais.
Mazziero, F. F. F., Justino, V. C., Carboni, M. 2011
- Proposta de Planejamento e Ações Ambientais para o Turismo Sustentável na RPPN
Reserva Ecológica Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP. Monografia. Centro Estadual
de Educação Tecnológica Paula Souza, Faculdade de Tecnologia de Jahu. Cerino, C. F.
2011
- Caracterização de mamíferos de médio e grande porte da Reserva Ecológica Amadeu
Botelho. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Ciências Biológicas - Instituto de
Biociências. Reale, R. 2011
- Avaliação das técnicas de nucleação para restauração ecológica das matas ciliares do
córrego Santo Antônio. Faculdade de Tecnologia de Jaú. Silva, I. A. 2011
- Morcegos de um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual do
Município de Jaú, Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil. Unesp –Botucatu, São Paulo.
Pedrozo, A. R.; Uieda, W.; Guimarães, M.; Martinez, E. W. 2011
- Recuperação da Mata Ciliar de um Trecho do Rio Jaú, integrado com um Programa de
Capacitação e Formação de Agentes Multiplicadores. BNDES-Prefeitura Municipal de JaúInstituto Pró-Terra. Souza, A. M. 2012.
- Relatório Visita Amadeu Botelho – Faculdade de Tecnologia de Jahu – Visita Técnica
Disciplina de Turismo. Lourenço, B. R. L. 2012
- Caracterização Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Jaú e da RPPN “Reserva Ecológica
Amadeu Botelho”. FATEC JAHU. REZENDE, J. H.; VENEZIANI JR, J. C. T. 2012 (não
publicado)
33
1.8.2. Procedimento adotado para interessados em estudos e projetos na RPPN
A pessoa ou pesquisador interessado procura o gestor e apresenta o que pretende fazer. O
gestor se informa sobre o interessado e em caso de ser um estudante, entra em contato
com o coordenador. Então analisa a proposta de trabalho e se verifica que não há impacto
na RPPN, e que não vai contra os princípios de preservação e proteção, a proposta é
liberada. O gestor pede então que seja informado do esquema de trabalho, quando começa,
quanto tempo dura, a frequência de visitas, o horário, etc. Na primeira visita o gestor mostra
a área para o interessado e explica os procedimentos que devem ser adotados durante o
trabalho, o que é proibido, os cuidados a tomar no decurso dos estudos. O interessado deve
sempre avisar o gestor a hora que entra na RPPN e a hora que sai, para que se tenha um
controle de quem está dentro da mata, inclusive para a segurança do próprio pesquisador.
Sempre que possível, a pessoa que está realizando estudos na RPPN pode usar a sede do
Projeto Curumim, com banheiro, cozinha, água, energia elétrica, uma sala de reuniões e
estudos, lugar para montar barracas, sendo que o gestor sempre deve estar informado da
presença das pessoas que estão dentro da propriedade.
Até o presente momento os resultados das pesquisas e estudos realizados não foram
divulgados pela RPPN, só há a divulgação feita pelos próprios pesquisadores e
universidades. Está sendo elaborado um livro que reúne alguns estudos realizados na
Reserva até o momento e que deve ser publicado proximamente.
1.8.3. Potencialidades para estudos, pesquisas e levantamentos futuros
- Estudos mais recentes e completos da composição florística
- a presença de clareiras e zonas perturbadas, onde estudar a recuperação natural da mata.
- estudo do sub-bosque, onde já foram identificadas plantas medicinais.
- o Urubuzal, lugar onde dormem os urubus, um ponto estratégico com correntes de ar.
- a população de macacos-prego, que exigiria um estudo urgente porque já existem três
grupos na Reserva e a superpopulação pode causar danos ao ecossistema.
- realização de estudos e controle de espécies exóticas e exóticas invasoras
- a relação entre as espécies de plantas e os animais da RPPN
- a área de transição entre a mata e os cultivos adjacentes, o estudo de espécies nativas
que serviriam para combater o efeito de borda e que tipos de aceiros seriam mais eficientes
- os fungos e seu papel na mata
- a formiga saúva, que habita a mata e é combatida ativamente nos cultivos adjacentes.
- estudo de abelhas
- Avaliação ecológica das espécies da fauna
34
1.9.
Pressões e ameaças
Os fragmentos florestais são áreas isoladas de vegetação natural, verdadeiras ilhas de
biodiversidade, quase sempre circundadas por áreas agrícolas e pastoris. A exposição de
um fragmento a essas condições externas adversas pode ocasionar mudanças ecológicas e
uma deterioração da diversidade biológica ao longo do tempo. O grau de isolamento e os
efeitos de borda são alguns dos fatores que podem levar à mudanças em áreas
fragmentadas.
1.9.1. Isolamento
Populações de plantas e animais em fragmentos isolados têm menores taxas de migração e
dispersão e, em geral, com o tempo sofrem problemas de troca gênica e declínio
populacional. Quanto maior for o grau de isolamento de um fragmento, mais difícil será o
fluxo gênico entre as populações da região e consequentemente, extinções locais podem
ser mais frequentes. E se a recolonização for difícil ou impossível, o resultado será a
diminuição na abundância das espécies. Segundo Shafer (1981), as mudanças ecológicas
que ocorrem em função do isolamento do fragmento são proporcionais ao seu tamanho:
quanto menor o fragmento, mais vulnerável será à extinção local devido a eventos
estocásticos, demográficos, catastróficos e genéticos.
A RPPN Amadeu Botelho faz parte de um fragmento de médio porte, que tem estado
isolado por muitos anos (Figura 36). Seu entorno é composto por pastagens e monoculturas,
ambientes intransponíveis para diversas espécies de animais da floresta. Atualmente este
fragmento está conectado à apenas pequenos trechos de mata ciliar do Córrego João da
Velha, do Córrego Santo Antônio e do rio Jaú.
Figura 36: A RPPN Amadeu Botelho e seu isolamento. Imagem: Google Earth maio 2010
35
1.9.2. Efeito de borda
Um fragmento de floresta rodeado por uma área antropizada, geralmente ocupada com
agricultura ou pastagens, implica na existência de uma borda, uma região que fica exposta à
radiação solar lateral e à ação do vento, já que as espécies agrícolas geralmente possuem
reduzida altura e biomassa. Portanto as áreas de fragmentos perto da borda recebem mais
luz e ficam mais quentes, mais secas e sujeitas à ação do vento, o qual pode causar queda
de árvores e dessecação. Nestas áreas pode então ocorrer o aumento de plantas
resistentes a estas condições, favorecendo o estabelecimento de espécies características
de áreas abertas, capazes de competir com as espécies da mata e inclusive de avançar da
borda para o interior, alterando as características naturais do fragmento. Essas alterações
podem afetar profundamente a diversidade biológica, os processos ecológicos e a
sustentabilidade desses remanescentes florestais.
Em fragmentos não muito extensos, os efeitos de borda podem reduzir a área efetiva para
determinadas espécies. Além do mais, quanto maior a proporção de borda de um
fragmento, menor será a área central, que é a área efetivamente preservada e a mais similar
à vegetação original da região.
A RPPN Amadeu Botelho, por seu tamanho, sua forma recortada e a vegetação de seu
entorno, sofre as consequências do efeito de borda. Está rodeada por culturas de cana,
eucalipto, milho, café, alcachofra, laranja, noz pecan e pastagens. Foram identificados
vários pontos, principalmente nos limites entre a Reserva e as plantações de cana, milho e
pastagem, onde lianas e o capim colonião Panicum maximum (Figuras 37 e 38) estão
presentes na borda da mata, sendo que em alguns inclusive há uma certa penetração. Além
de ser uma espécie invasora que impede a regeneração da vegetação nativa, a presença do
capim representa um perigo nas épocas em que está seco porque é altamente inflamável,
aumentando o risco de incêndios.
Figura 37: Mata, colonião e cana
Figura 38: Mata e colonião
1.9.3. Ocorrência de fogo
O uso do fogo no entorno de um fragmento pode causar incêndios não intencionais em seu
interior, provocando alterações drásticas na estrutura e na dinâmica das populações.
Até 2012 a queima da cana era uma prática adotada na colheita manual, em lugares onde
não se podia colher com máquinas devido à declividade do terreno. Era uma queima
controlada e raras vezes o fogo se alastrava, mas quando isso acontecia a própria equipe
dos encarregados já estava preparada e equipada para combater o fogo.
36
Os incêndios que atingiram a Reserva, sendo que o mais grave ocorreu em 1993, foram
resultado de incêndios criminosos ou não intencionais, principalmente porque a RPPN está
muito próxima à zona urbana e não há uma vigilância constante, sendo possível o acesso à
sua área e ao seu entorno. Nos meses secos há um maior perigo de que o fogo atinja a
Reserva porque pode se alastrar com mais facilidade pela cana e pelo capim dos pastos do
entorno e chegar à borda da mata, onde há lugares com touceiras de capim, o que pode
facilitar a penetração do fogo mata a dentro. Há aceiros entre os cultivos e a Reserva, que
são mantidos limpos, mas quando há vento os aceiros não são capazes de brecar o fogo.
Quando ocorrem, os incêndios são combatidos com a equipe da fazenda, o Corpo de
Bombeiros do Município da Jaú e a equipe das usinas.
.
1.9.4. Macacos
Apesar de que no passado foram vistos macacos que segundo a descrição podiam ser
macacos sauá, ou Guigó, e outros macacos que sempre foram considerados macaco-prego
por sua aparência, hoje em dia só estes últimos tem sido vistos, mas nunca foram
estudados. Segundo observado, parecem ser da espécie Sapajus nigritus, antes
considerada como subespécie de Cebus apela (Figura 39).
Figura 39: Macaco-prego na RPPN Amadeu Botelho, fotografia de Paulo Guerra
Devido à sua dieta onívora, o macaco-prego é uma espécie com grande capacidade de
adaptação e pode sobreviver em áreas de florestas fragmentadas, mesmo que não sejam
muito extensas, desde que tenha acesso a plantações ao redor de seu ambiente. Sua dieta
é composta por frutas, folhas, sementes, flores, além de ovos, pequenos vertebrados como
anfíbios, répteis, aves e mamíferos, podendo interferir na reprodução de muitas espécies de
aves ao se alimentar de ovos e filhotes.
Antigamente já havia macacos na mata, viviam em grupos que sempre eram avistados. Com
o passar do tempo a população foi aumentando e atualmente existem 3 grupos que vivem
na mata, segundo relatos de quem a frequenta, e um grupo que vive no pomar da sede.
Esse aumento pode haver ocorrido devido à oferta de alimento dos cultivos no entorno da
Reserva, principalmente a cana e o milho, o que já foi inclusive documentado em vídeo
(Guerra, 2011). Quanto ao grupo do pomar, alimentam-se das frutas e ultimamente
começaram a entrar no galinheiro para comer ovos e até animais jovens.
37
Se por um lado os macacos podem ser considerados uma praga para as plantações e uma
ameaça à integridade da RPPN porque podem estar contribuindo com a diminuição da
população de aves que ali fazem seus ninhos, por outro lado sua população pode começar a
sofrer um declínio devido às consequências da consanguinidade.
Na lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN ( International Union for Conservation of
Nature) (2008), essa espécie está entre as “quase ameaçadas” porque apesar de existirem
em várias áreas protegidas, as populações remanescentes estão fragmentadas e continuam
declinando.
1.9.5. Espécies exóticas
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB (MMA, 2010), "espécie
exótica" é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. "Espécie
Exótica Invasora", por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas,
hábitats ou espécies. Essas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela
ausência de predadores e/ou pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos
ocupados pelas espécies nativas, notadamente em ambientes frágeis e degradados.
Faz alguns anos têm aparecido algumas espécies de aves que nunca tinham sido vistas na
região onde se encontra a Reserva, como o coró-coró Mesembrinibis cayennensis (Figura
40), a pomba asa branca Patagioenas picazuro, a garça boiadeira Bubulcus ibis, a curicaca
Theristicus caudatus, o tucano Ramphastos toco, o cabeça-seca Mycteria americana (Figura
41), o periquitão-maracanã Aratinga leucophthalma, o papagaio-verdadeiro Amazona
aestiva, o urubu-rei Sarcoramphus papa. Acredita-se que chegaram espontaneamente
vindos de longe. É difícil precisar se são espécies genuinamente exóticas e a época em que
as mesmas se estabeleceram, mas o fato é que se adaptaram e suas populações têm
aumentado bastante. Seria necessária uma pesquisa sobre as mesmas e sua influência no
ecossistema da Reserva para saber se sua presença pode ser considerada uma ameaça.
Figura 40: Coró-coró
Mesembrinibis cayennensis
Figura 41: Cabeça-seca Mycteria americana
Fotografia: Paulo Guerra
As gramíneas colonião Panicum maximum e capim napiê Pennisetum purpureum são as
principais espécies vegetais exóticas que representam ameaças à Reserva.
38
1.9.6. Caça
O fato de a Reserva estar tão perto da cidade facilita o acesso de caçadores. Prova de que
ainda ocorre a caça na região foi a apreensão em 2010 de espingardas, munição, facões,
armadilhas tipo alçapão e carne de um animal que não foi identificado, resultado de uma blitz
feita pela polícia ambiental no Centro Oeste Paulista (GLOBO, 2010). No total 42 pessoas foram
encaminhadas à delegacia por Crime de Caça na área de abrangência da policia ambiental que
engloba 39 municípios da região de Bauru e foram aplicadas 70 multas. Em Igaraçu do Tietê, a
Polícia Ambiental apreendeu quase quatro quilos de carne de capivara, armadilhas, cartuchos
deflagrados e espingardas. Em Jaú, cinco quilos de carne de capivara foram apreendidos em um
sítio no distrito de Potunduva. Em Pederneiras, uma pessoa foi presa por porte ilegal de armas e
crime ambiental: na sua casa havia 24 aves silvestres presas em gaiolas. Durante uma outra
operação na região, os policiais apreenderam carne de tatu, de capivara, e pássaros silvestres
em seis propriedades e no local havia dois cães de caça (TEMMAIS, 2010). Em agosto de
2011 houve a apreensão de 60 aves silvestres em cativeiro em três casas de Jaú, quando
também foram encontrados nos imóveis vários materiais usados para caçar, além de redes
e gaiolas, e também 20 kg de carne de capivara, casco de tatu, couro e chifres de animais,
caudas e cabeças de jacarés empalhadas (GLOBO, 2011). Em outubro de 2012 foram
apreendidas onze aves silvestres (sete papagaios filhotes, dois trinca-ferro, um sabiá
laranjeira e uma coleirinha papa-capim) em uma oficina mecânica, em Jaú (GLOBO, 2012).
Alguns caçadores já foram vistos por trabalhadores da fazenda ou pelos proprietários,
também já foram encontradas pistas de sua passagem dentro da mata, como pegadas,
plantas cortadas nas picadas, esperas, ceva, etc. No caso de serem vistos, os caçadores
são abordados, informados sobre a proibição da caça e orientados para que abandonem a
Reserva. Quando há a suspeita de que algum morador da fazenda está caçando, o gestor
da Reserva faz um trabalho de educação ambiental com os moradores sobre a caça e sua
proibição. Desde a época em que a fazenda era administrada pelo pai dos atuais
proprietários existe um regulamento que os trabalhadores devem assinar quando são
contratados, no qual consta a proibição da caça.
1.10.
Atividades Desenvolvidas na RPPN
As atividades são: o Projeto Curumim de Educação Ambiental acima mencionado,
pesquisas e estudos também já mencionados, e parceria com alguns projetos realizados na
fazenda, como os projetos de restauração da mata ciliar dos córregos e do rio Jaú e a
formação de corredores entre a Reserva e a mata ciliar que já ocorreram e os que estão em
andamento. A fazenda na qual a RPPN está inserida se encarrega atualmente de fiscalizar e
proteger a área. O fato de haver cultivos variados limitando a mata e a necessidade de estar
cuidando dos mesmos implica uma constante supervisão em todo o perímetro da Reserva.
A polícia ambiental aparecia esporadicamente, mas com a nova lei da Fundação Florestal
agora fazem a fiscalização com mais frequência.
39
1.11.
Sistema de Gestão
A RPPN é administrada pelos proprietários e pelo gestor, que fazem por sua conta a
fiscalização, proteção e manutenção da infraestrutura da área, como a manutenção da trilha
usada na visitação e no programa de educação ambiental, de caminhos por dentro da mata
para que se possa ter acesso em caso de incêndios, do córrego que atravessa a mata vindo
de fora da reserva, e que leva água a algumas instalações da fazenda. Planeja-se implantar
um sistema de controle e contagem de visitantes na Reserva, para tabulação dos dados.
1.12.
Pessoal
Atualmente o gestor da RPPN é Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, o criador do
Programa de Educação Ambiental. Ele trabalha e mora na fazenda e é o encarregado da
manutenção da Reserva e de sua infraestrutura, coordenando os trabalhos que são levados
a cabo quando necessário, utilizando os trabalhadores e equipamentos da fazenda.
1.13.
Infraestrutura
Na RPPN propriamente dita existem trilhas bem conservadas (as trilhas do Rego e dona
Brasília) que são usadas no programa de educação ambiental mencionado acima. Estão
localizadas na parte norte da Reserva, próximas à base do Centro Curumim de educação
ambiental, que está situado fora da Reserva. Atravessando a Reserva há dois caminhos que
sempre existiram na mata (Caminho do morro e Caminho da biquinha) e que são mantidos
limpos para possibilitar o acesso em caso de combate a incêndios e fiscalização. Também
há uma picada (Picada do cano), usada principalmente pelos pesquisadores, que
acompanha o cano que levava a água da nascente até a sede (Figura 42).
Figura 42: Caminhos, trilhas e picadas da RPPN. Trilhas do Rego (amarelo), dona
Brasília (branco), Caminho do morro (azul), Picada do cano (verde), Caminho da
biquinha (vermelho). A zona pontilhada também é mata mas não faz parte da RPPN.
Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
40
1.14.
Equipamentos e serviços
Os equipamentos, serviços e materiais que a RPPN dispõe já foram mencionados, bem
como o apoio a pesquisas e visitação.
1.15.
Recursos Financeiros
O único recurso financeiro de que a RPPN dispõe é o arrecadamento do programa de
educação ambiental já mencionado, o qual é aplicado na manutenção da infraestrutura do
Centro e da trilha juntamente com a turma da fazenda.
1.16.
Formas de Cooperação
Atualmente não há parcerias entre a RPPN e outras instituições. Houve e há parcerias entre
a fazenda Santo Antônio dos Ipês e a ONG Instituto Pro-Terra na execução de projetos que
envolvem o entorno da RPPN, principalmente as matas ciliares dos três cursos d’água entre
os quais está inserida.
Há uma relação de cooperação entre a RPPN e os pesquisadores que nela realizam seus
estudos, durante o período da pesquisa, quando recebem apoio, orientação e toda a ajuda
que necessitem para o bom andamento do trabalho, e posteriormente, quando os resultados
são transmitidos aos proprietários e divulgados.
A Associcana (Associação dos Produtores de Cana) coopera na execução de mapas da
propriedade.
2.
CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE
A Reserva está inserida na fazenda Santo Antônio dos Ipês, a qual conta com uma casa
sede construída em 1918 (Figura 43), pomar, terreiro de café com lavador e secador
(Figuras 45 e 46), máquinas de benefício de café, tulha, paióis, cocheira (Figura 44),
chiqueiro, vacaria, bezerreiro, galinheiro, duas colônias de moradores/trabalhadores com 15
casas, rancho de tratores e oficina mecânica, carroças, máquinas (tratores, caminhões, etc),
cercas de arame farpado e cercas elétricas nas pastagens (que impedem a penetração do
gado na Reserva por onde esta faz limite com os pastos). Todas as moradias possuem
fossas assépticas. Os resíduos sólidos são coletados pela fazenda e destinados ao depósito
de lixo da cidade. Toda a fazenda conta com água encanada e energia elétrica, sendo que a
rede de energia elétrica é mantida pela CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz).
Figura 43: Sede
Figura 44: Cocheira e rancho de tratores
41
Figura 45: Lavador e secador de café
Figura 46: Terreiro
O acesso à fazenda é de asfalto até a SAEMJA (Estação de Tratamento de Água de Jaú)
localizada na margem esquerda do rio Jaú. Após atravessar uma ponte sobre o rio, chegase até a sede e demais edificações por um caminho de terra (Figura 47). O acesso ao
Centro de Educação Ambiental é outro, como já foi mencionado acima, pela Estrada
Pública.
Figura 47: Fazenda Santo Antônio dos Ipês. No canto inferior direito, a ponte sobre o
rio Jaú. Terreiro, sede, pomar e ao fundo a Reserva. Fotografia: Cassio Vasconcellos,
25 de agosto de 2005.
42
Quando a fazenda foi adquirida, no final do século XIX, toda a área era coberta por mata
virgem. Primeiro foram formadas as plantações de café, em seguida foram abertos campos
para cultivo de milho e pastagens. Por volta de 1930 foram sendo implantadas outras
culturas, como abóbora, inhame, arroz, feijão, fumo, algodão e posteriormente laranja,
limão, noz macadâmia, noz pecan, abacate, pêssego, cordia, cana-de-açúcar, banana,
goiaba, com sistema de plantio extensivo, com uso de máquinas agrícolas.
Atualmente existem na fazenda plantações de milho (50 ha), café (12 ha), cana-de-açúcar
(200 ha), girassol (50 ha) plantado em rotação com o milho, abacate (4 ha), alcachofra
orgânica (1 ha), maracujá orgânico (4 ha), milho orgânico (1 ha), pastagens (25 ha) e
pastagens orgânicas (16 ha), eucalipto (5 ha), laranja azeda (5 ha), noz pecan (1 ha). A
fazenda possui 100 cabeças de gado holandês e vende 500 a 700 litros de leite por dia. Os
cultivos que fazem limite com a RPPN são: pastagens, milho e girassol, cana-de-açúcar, noz
pecan, laranja, alcachofra, maracujá, café, eucalipto. Numa região onde predomina a
monocultura de cana-de-açúcar, a fazenda manteve a sua tradição de diversidade de
culturas, e fornece emprego a cerca de 30 trabalhadores, entre fixos e temporários.
RPPN Amadeu Botelho
Figura 48: Diversidade de cultivos da fazenda Santo Antônio dos Ipês. Fonte:
Associcana
A fazenda possui toda a infraestrutura de uma propriedade rural voltada à agricultura e
pecuária, com suas máquinas, mão-de-obra e administração, o que é uma vantagem pois
facilita a manutenção e a fiscalização da Reserva, que sempre estiveram a cargo da
fazenda. Atualmente há práticas orgânicas, como as plantações de alcachofra (Figura 20),
milho, mandioca, maracujá e pastagens, todas devidamente certificadas, e já foram
implantados corredores de espécies nativas entre a Reserva e as matas ciliares dos
córregos e do rio Jaú, que estão próximos da mata (Figura 48).
43
3.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO
A área do entorno da RPPN é composta pela propriedade na qual está inserida e que já foi
descrita acima, e por um fragmento de mata de cerca de 20 hectares com as mesmas
características da Reserva, que pertence a dois irmãos dos proprietários, os quais
pretendem conservá-lo. Alguns bairros da cidade de Jaú já chegam aos limites da fazenda.
Dados da Cidade de Jaú, Estado de São Paulo
Área total: 688,34 Km²
Área Urbana: 16,33 Km² (sem o distrito de Potunduva)
Área Rural: 672,01 Km²
Área de Proteção de Mananciais: 5 mananciais
Nº de Distritos: Distrito de Potunduva
Posição geográfica: Latitude: 22º17´47" S Longitude: 48º33´28" O
Altitude: 522 metros
Altitude máxima: 606 metros
Municípios limítrofes: Itapuí; Bariri; Bocaina; Dourado; Dois Córregos; Mineiros do Tietê;
Pederneiras; Macatuba e Barra Bonita.
Hidrografia: O município de Jaú é banhado pelo Rio Tietê e seus afluentes Rios Ave Maria
e Jaú. Os demais cursos d'água que atravessam o município são córregos e ribeirões.
Beneficia-se da hidrovia Tietê-Paraná através do transporte intermodal hidro-ferrorodoviário.
Mês de maior incidência de chuva: Janeiro
Mês de menor incidência de chuva: Agosto
Índice pluviométrico: entre 1200 mm a 1500 mm.
Temperatura média anual: 22,8º C
Temperatura média máxima: 36º C
Temperatura média mínima: 18º C
Umidade relativa do ar: 70%
Bioma: Cerrado e Mata Atlântica
Uso e cobertura do solo: a maior extensão territorial corresponde à área ocupada pela
atividade do plantio de cana-de-açúcar.
Demografia: 131.068 habitantes
População Urbana: 126.971 habitantes
População rural: 4.097 habitantes
Total de homens: 64.222
Total de mulheres: 66.846
Taxa Geométrica de Crescimento Anual: 1,632
44
Densidade demográfica: 191,09 (habitantes por km 2)
Domicílios cadastrados: 46.906
Número médio de moradores por domicílio: 3,45 moradores
Percentual do esgoto coletado: 100% da área urbana
Percentual do esgoto tratado: 100%
Percentual de rede de abastecimento de água: 100%
Idade média da população: de 25 a 29 anos
Alfabetização: 92,4%
Faixa salarial predominante: de 1 a 2 salários mínimos
População em idade ativa (PIA): 76.236 (15 a 64 anos)
População Economicamente Ativa (PEA): 57.063
Renda per capita: (em salários mínimos): 2,65
Número de empresas atuantes: 5.295
Principais atividades econômicas: Indústria calçadista e a agroindústria canavieira
(açúcar e álcool) que ocupa mais de 90% da área do município. O setor industrial é
diversificado sendo representado também por indústrias de transformação, metal-mecânica,
alimentícias e de celulose. Na agricultura, os principais cultivos são a cana-de-açúcar, café,
milho, soja e frutas (Figuras 49 e 50). Na pecuária destaca-se o setor avícola e a criaçao de
bovinos e suínos (Figura 51).
Produto
Abacate
Banana(cacho)
Café(em grão)
Laranja
Limao
Noz(fruto seco)
Palmito
Pêssego
Tangerina
Quantidade
(toneladas)
71
140
1458
470
21
9
84
20
63
Área plantada (ha)
5
4
900
10
2
8
16
3
3
Valor da
produção(R$)
29.000
63.000
6.677.000
136.000
8.000
27.000
655.000
45.000
23.000
Figura 49: Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras
permanentes do município de Jaú, São Paulo. Fonte: IBGE, Produção Agrícola
Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012
45
Produto
Quantidade
(toneladas)
Área plantada
(ha)
Valor da
produção(R$)
Algodao herbáceo
(em caroço)
83
33
137.000
Arroz(em casca)
Cana-de-açúcar
Milho(em grão)
Soja(em grão)
180
3.655.000
3.102
1.197
50
43.000
660
362
90.000
201.025.000
1.023.000
873.000
Figura 50: Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras
temporárias do município de Jaú, São Paulo. Fonte: IBGE, Produção Agrícola
Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012
Tipo de rebanho
Bovinos
Equinos
Bubalinos
Asininos
Muares
Suínos
Caprinos
Ovinos
Galos, frangas, frangos e pintos
Galinhas
Vacas ordenhadas
Número de cabeças
8.880
1.610
15
28
175
7.115
97
2.350
189.500
113.270
460
Figura 51: Efetivo do rebanho no município de Jaú, Sao Paulo. Fonte: IBGE, Produção
da Pecuária Municipal 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
Produto Interno Bruto (PIB)
PIB da Indústria
PIB da Agropecuária
PIB dos Serviços
R$ 330.192.000,00
R$
44.070.000,00
R$ 1.456.236.000,00
Serviços de Saúde: Hospital Amaral Carvalho, Hospital Sociedade São Vicente de Paula,
Hospital Sociedade de Instrução Popular e Beneficência, Hospital Congregação Irmãs
Franciscanas, Fac-Fraterno Auxílio Cristão, Postos de Saúde, Santa Casa de Jaú, Hospital
Thereza Perlatti, Pronto Socorro Municipal, Hospital São Judas Tadeu.
Bancos: Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, Caixa Econômica Federal, HSBC
Bank Brasil, Banespa Club Jaú, Banco Mercantil, Banco Nossa Caixa, Banco Panamericano, Banco ABN, Sudameris. 17 agências bancárias.
Hotéis: Vip Hotel, Hotel Jaú, Realce Hotel, Hotel Jardim, Hotel Vila Real, Residence Hotel,
Hotel São José.
46
Educação: Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, estão registrados
no município de Jaú 108 estabelecimentos de ensino municipais, estaduais e particulares.
(56 de educação infantil, 47 de ensino fundamental e médio e 5 exclusivos de Educação de
Jovens e Adultos) O ensino municipal público, conforme dados da Prefeitura Municipal de
Jaú, conta com aproximadamente 12 mil alunos, distribuídos em 17 Escolas Municipais de
Ensino Fundamental (EMEF´s), 1 Extensão, 40 Centros Municipais de Educação Infantil
(CMEI´s) incluindo 28 pré-escolas (crianças de 4 a 5 anos) e 12 creches (crianças de 0 a 3
anos). O município de Jaú conta com uma unidade da Universidade de São Paulo (USP) e
sediará o Polo de Aplicação e Desenvolvimento de Tecnologia da Água, Energia e
Biomassa e o Centro de Ensino e Treinamento de Água e Energia. O município também
conta com a Faculdade de Tecnologia do Jahu (FATEC), a Universidade Aberta do Brasil
(UAB), a Universidade Corporativa Amaral Carvalho (UCAC), a instituição privada UNIESP
(antiga Faculdade Jauense) e as Faculdades Integradas de Jaú, que são parte da Fundação
Educacional "Dr. Raul Bauab". No município há também grande número de cursos técnicos
e profissionalizantes. As principais escolas são o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o IBEM
(Instituto Bezerra de Menezes) e a Escola Agrícola de Jaú (Escola Técnica Estadual).
Comunicações: A população de Jaú dispõe de 36,9 terminais telefônicos para cada grupo
de 100 habitantes e serviços de telefonia celular móvel, retransmissoras de TV, provedores
de acesso à Internet, cinco emissoras de rádio (três AM e duas FM), um jornal diário, o
Comércio do Jahu, e um semanário. Possui seis agências de correio e vários postos de
venda de selos.
4.
POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE
Com o desaparecimento de mais de 90% da mata Atlântica no Brasil, em muitas regiões
sobraram apenas pequenos fragmentos florestais isolados, as últimas testemunhas da
vegetação exuberante que um dia cobriu a zona costeira do país.
Muitos destes fragmentos são verdadeiras ilhas de biodiversidade que guardam importantes
informações biológicas, mas a sobrevivência de suas populações pode estar ameaçada
devido ao aumento de cruzamentos entre indivíduos aparentados e diminuição da
variabilidade genética. Corredores de vegetação conectando fragmentos próximos podem
facilitar o fluxo genético entre eles e garantir a sobrevivência das comunidades, além de
contribuir para a conservação dos recursos hídricos e do solo e para o equilíbrio do clima e
da paisagem.
Com a instituição do SNUC, foi reconhecida a importância da conectividade entre os
fragmentos remanescentes e foram definidos os corredores ecológicos como porções de
ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam
entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais. Os corredores podem unir Unidades de Conservação, Reservas Legais, Áreas
de Preservação Permanente ou quaisquer outras áreas de florestas naturais.
No caso da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, as Unidades de Conservação existentes no
seu entorno são as seguintes (Figura 52):
47
- EE de Sebastiao Aleixo da Silva (Estadual) em Bauru
- EE Itirapina (Estadual) em Itirapina e Brotas
- EE São Carlos (Estadual) em São Carlos
- APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá (Estadual) em Dois Córregos, Torrinha, Santa Maria da
Serra, Itirapina, São Pedro, Corumbataí, Analândia, Charqueada, Brotas, São Carlos,
Ipeúna, Rio Claro, Barra Bonita, Botucatu, Pardinho, Bofete, Itatinga, Avaré, Perangaba,
Guareí, São Miguel, Angatuba, Tejupá, Timburi, Fatura, Piraju, Taguaí, Taquarituba, Barão
de Antonina e Coronel Macedo
- APA Ibitinga (Estadual) em Ibitinga
- APA Rio Batalha (Estadual) em Agudos e Bauru
- EEx de Araraquara em Araraquara
- EEx de Bauru em Bauru
- EEx de Itirapina em Itirapina
- EEx Pederneiras em Pederneiras
- EEx de Jaú
Figura 52: Unidades de Conservação próximas à RPPN Amadeu Botelho, indicando a
localização da RPPN (flecha verde), a Estação Experimental de Jaú (flecha vermelha) e
a APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá (flecha amarela). Fonte: Arquivos digitais:
Unidades de Conservação – Instituto Florestal/Fundação Florestal)
As UC mais próximas são a EEx de Jaú e a APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá, mas a
distâncias entre elas e a Reserva não permite sua conexão através de corredores.
Um mosaico de unidades de conservação, segundo a Lei do SNUC, é “um conjunto de
unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou
sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas”, cuja gestão deve ser feita de
maneira conjunta e integrada. Como não existem unidades de conservação suficientemente
próximas à Reserva, não é possível a formação de um mosaico que possa ser reconhecido
pelo Ministério do Meio Ambiente.
48
Entretanto, um grupo de fragmentos de diversos tamanhos conectados entre si, que
permitam a passagem de espécies, pode funcionar na prática como um fragmento maior,
permitindo o fluxo biológico e promovendo a manutenção de grande parte da biota. No
entorno da Reserva existem áreas protegidas e pequenos fragmentos de mata que já estão
conectados ou poderiam conectar-se com a RPPN através de corredores ecológicos.
As APPs das matas ciliares do Córrego Santo Antônio, do Córrego João da Velha e do rio
Jaú (Figura 53, nº 1, nº 2 e nº 3 respectivamente) foram e estão sendo restauradas através
de vários projetos desde o ano 2005:
- Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) - Secretaria de Estado do Meio
Ambiente - com doação de US$ 7,75 milhões do Global Environment Facility (GEF),
implementada pelo Banco Mundial – Micro bacia Córrego Santo Antônio. Durante esse
projeto, estabeleceu-se um corredor com espécies nativas entre a APP deste córrego e a
Reserva, que com o tempo foi se consolidando. 2005 a 2011.
- Projeto (Banco de Áreas) de Revitalização das Áreas de Preservação Permanente da
Bacia do Rio Jaú. Iniciativa Verde, Instituto Pró-Terra. Este restauro contou com o plantio de
12.530 árvores em uma área de 7,51 hectares. As áreas onde esses restauros foram
realizados são de grande importância para a biodiversidade, tanto em nível local, por situarse no entorno da Reserva, quanto em nível regional, por se tratar-se de uma região
prioritária para conexão de remanescentes através da criação de corredores ecológicos. A
recuperação deste trecho da mata ciliar do rio Jaú, justamente o trecho onde a mata está
mais próxima ao rio Jaú, proporcionou a formação de um corredor no local onde passa o
córrego formado pela nascente que há dentro da mata, e que desemboca no rio Jaú. 2008.
- Restauração de 117 hectares de Mata Atlântica em Áreas de Preservação Permanente
ciliares em propriedade rurais, localizadas nas Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UGRHI) Tietê/Batalha e Tietê/Jacaré – BNDES Mata Atlântica – Córrego João da
Velha e rio Jaú. 2012
A área de mata adjacente à RPPN, de propriedade de dois herdeiros, de aproximadamente
20 hectares (Figura 53, polígono rosa), é parte da mesma mata que foi conservada pelos
proprietários desde que a fazenda foi formada, apresenta as mesmas características e o
mesmo estado de conservação. O interesse dos proprietários é mantê-la como está. Esta
área é a que já está conectada com as matas ciliares do córrego João da Velha e do rio Jaú.
Há um pequeno fragmento de mata dentro da fazenda ao lado da RPPN e já conectada com
esta (Figura 53, polígono branco), o qual os proprietários decidiram manter também
preservado. No lado norte da Reserva há um fragmento de mata de um vizinho que poderia
ser conectado através de um corredor ecológico (Figura 53, polígono azul). E há muitos
fragmentos mais distantes (Figura 53, polígonos vermelhos), mas que podem ser
conectados através das matas ciliares já existentes ou que podem ser recuperadas (Figura
53, linhas vermelhas), que funcionariam como corredores. Tudo isso significaria um
incremento de aproximadamente 300 hectares de florestas conectadas à Reserva, numa
paisagem dominada por plantações e pastagens.
49
Figura 53: Possibilidades de conectividade entre a RPPN e outros fragmentos. RPPN
em amarelo. Mata adjacente em rosa. Matas próximas em branco e azul. Matas
distantes, polígonos vermelhos. Matas ciliares existentes ou que podem ser
recuperadas, linhas vermelhas. Nº 1, córrego Santo Antônio. Nº 2, córrego João da
Velha. Nº 3, rio Jaú. Mapa elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
5.
DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
A Reserva Ecológica Amadeu Botelho é um fragmento de floresta, uma área única numa
zona onde predominam as monoculturas e as pastagens. É um dos últimos e o maior
remanescente do que um dia foi a vegetação original do município onde está localizada. Sua
transformação em uma RPPN é um excelente exemplo de consciência e participação do
cidadão comum na defesa da natureza, disseminando e promovendo diversas outras ações
de conservação, podendo inclusive incentivar outros proprietários da região.
Em uma região com pouquíssimos remanescentes florestais, as espécies vegetais nativas
da RPPN podem funcionar como um banco de germoplasma a ser utilizado como fonte de
sementes para a sua restauração.
Através do Programa de Educação Ambiental que vem sendo realizado desde 1998, a
Reserva tem contribuído para a sensibilização e a aprendizagem, fornecendo ao público
mais diverso uma valiosa oportunidade de entrar em contato com a natureza, conhecer a
Reserva e entender a importância de uma floresta bem conservada.
50
A RPPN contribui na conservação de algumas espécies da fauna (o lobo-guará Chrysocyon
brachyurus, a jaguatirica Leopardus pardalis, o gato-maracajá Leopardus wiedii, a
suçuarana Puma concolor), consideradas vulneráveis, e da flora (a peroba Aspidosperma
polyneuron, o amendoim Pterogyne nitens a cabreúva Myroxylon peuriferum, o cedro
Cedrela fissilis, o pau-marfim Balfourodendron riedelianum, o guarantã Esembeckia
leiocarpa, o jequitibá-branco Cariniana estrellensis, o jacarandá Jacaranda macranta),
consideradas raras e importantes do ponto de vista conservacionista.
Por ser um dos últimos fragmentos florestais na região, a RPPN é um refúgio natural para a
fauna, propiciando sua reprodução e dispersão para outras áreas do entorno. Já foram
apontadas as ameaças ao ecossistema, como o efeito de borda e o isolamento, que põem
em risco a integridade deste espaço, evidenciando assim a necessidade de sua
preservação.
Por suas características, seu estado de conservação, sua biodiversidade, seu grau de
isolamento, a existência de algumas áreas perturbadas em diferentes estágios de
regeneração, a proximidade do centro urbano, o fácil acesso, a RPPN Amadeu Botelho
representa um espaço com muito potencial para o desenvolvimento de pesquisas científicas
sobre o ecossistema nela preservado, seus componentes e processos ecológicos.
Num trabalho realizado em 11 fragmentos de mata na região de Campinas dentro do
Programa Biota-Fapesp (Santos, 2003) foram localizadas 16 espécies raríssimas de
árvores, ainda sem relatos no território paulista, contrariando a frequentemente mencionada
perda de riqueza de espécies nos estudos sobre fragmentação de ecossistemas. Ainda há
áreas dentro da Reserva de difícil acesso devido à densidade da mata, que nunca foram
estudadas, e que ainda não se sabe que surpresas nos podem reservar.
51
PARTE C - PLANEJAMENTO
1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO
Com base no instrumento legal de criação da RPPN e de acordo com as potencialidades
apontadas pelo diagnóstico, foram definidos os seguintes objetivos específicos de manejo
da Reserva:








Manter a integridade da Reserva para conservar a diversidade biológica e os
recursos genéticos e proteger as espécies raras e ameaçadas;
Estabelecer medidas de proteção contra pressões e ameaças;
Promover a recuperação do ecossistema nas zonas perturbadas e nas bordas;
Proteger os recursos hídricos;
Valorizar socialmente a diversidade biológica;
Melhorar e diversificar as atividades de educação e interpretação ambiental e a
recreação, e promover o turismo ecológico;
Promover e incentivar a realização de pesquisas científicas que possam ampliar o
conhecimento sobre a região e/ou auxiliar seu manejo;
Propiciar a conectividade da RPPN com fragmentos florestais do seu entorno.
Através do diagnóstico, foram identificados os pontos fortes, os pontos fracos, as
oportunidades e as ameaças e pressões relativos à REAB, os quais devem nortear o
manejo da unidade.
Os pontos fortes e oportunidades foram:
- A riqueza da biodiversidade
- O bom estado de conservação
- Presença de espécies raras e ameaçadas
- Potencial para desenvolver maior número de pesquisas
- Existência de corredores ecológicos que conectam a Reserva com APPs e possibilidade
de conexão com fragmentos florestais
- O programa de educação ambiental que funciona desde 1998 e a infraestrutura existente
- Possibilidade de melhoras e diversificação do programa
- A visitação só em área restrita, o restante só destinado a conservação
- Está rodeada pelas terras dos mesmos proprietários que a criaram
- Engajamento dos proprietários na questão ambiental
- Presença de cultivos ecológicos em áreas adjacentes
- Apoio da fazenda
- Proximidade da cidade, facilitando a visitação e pesquisas
- Recursos de compensação ambiental
52
Os pontos fracos, ameaças e pressões foram:
- Inexistência de parcerias
- Efeito de borda
- Deficiências na infraestrutura (centro, trilha)
- Fiscalização e manutenção deficientes
- Inexistência de equipamento de combate a incêndio e pessoas preparadas
- Falta de integração com a comunidade do entorno
- Divulgação das pesquisas deficiente
- A RPPN não é economicamente autossuficiente
- A baixa cobertura vegetal natural na região do entorno da Reserva o que agrava o
isolamento das espécies nela contidas
- O crescimento urbano nos arredores da Reserva e a falta de lazer para as populações
urbanas vizinhas, o que aumenta a incidência de invasão da RPPN por humanos,
aumentando o risco de incêndios, a incidência de caça e as invasões biológicas
- Presença de espécies exóticas
- Placa da reserva e placas de sinalização na trilha em mal estado
2. ZONEAMENTO
Com base nos dados obtidos no diagnóstico, foi definido o zoneamento da Reserva,
estabelecendo usos diferenciados para cada espaço levando-se em conta suas
características e potencialidades e de acordo com o que já vem ocorrendo no local (Figura
54).
Não foi incluída a zona silvestre porque não há áreas totalmente inalteradas que nunca
sofreram a intervenção humana. Quando a fazenda foi adquirida houve retirada de madeiras
nobres para a construção da sede e em 1993 houve um incêndio que atingiu algumas áreas.
Mas a mata foi se recuperando e a área mais central da Reserva apresenta atualmente o
aspecto de uma floresta com alto grau de integridade.
As atividades de administração e recepção de visitantes e pesquisadores se concentram no
Centro de Educação Ambiental já descrito acima, que está localizado fora dos limites da
Reserva. Dentro da RPPN, portanto, foram estabelecidas quatro zonas: proteção, visitação,
transição e recuperação.
53
Figura 54: Mapa do Zoneamento da RPPN Amadeu Botelho. V – zona de Visitação (amarelo). P – zona de Proteção (verde). T – zona de
Transição (rosa). R1, R2, R3, R4, R5 – zonas de Recuperação (laranja). Picada do cano (verde). Caminho do morro (azul). Caminho da
biquinha (vermelho). Trilhas do Rego (amarelo). dona Brasília (branco). A área pontilhada de azul também é mata mas não é RPPN. Mapa
elaborado sobre imagem Google Earth de maio de 2010
54
2.1.
Zona de Proteção
Área com um grau mínimo de intervenção humana. Engloba toda a área central da Reserva,
ocupa sua maior parte e contém uma nascente e espécies da flora e da fauna de grande
valor científico. Trata-se da zona mais conservada, com algumas clareiras em avançado
processo de sucessão ecológica florestal. É de difícil penetração, cortada apenas por uma
picada muito fechada e dois caminhos (Figura 54, sinalizada com a letra P). Esta zona está
conectada com a área de mata (a área pontilhada da Figura 54) que não é RPPN.
- O objetivo dessa zona é a preservação do ambiente natural, a proteção dos recursos
hídricos, o monitoramento da evolução dos processos de regeneração natural, a promoção
de atividades de pesquisa científica e de visitação de baixo impacto (caminhadas e
observação de aves). A visitação de baixo impacto é entendida como uma visitação feita por
grupos de no máximo 10 pessoas, somente um grupo por semana. A visitação de baixo
impacto será realizada somente na Picada do cano, no Caminho do morro e no Caminho da
biquinha (Figura 54).
2.1.1. Normas da Zona de Proteção
Atividades permitidas:
- A fiscalização, a pesquisa, o monitoramento ambiental e a visitação de baixo impacto
acompanhada de um guia da RPPN, sempre previamente autorizados pelo gestor da
Reserva
- A manutenção manual da picada e caminhos
- O uso da picada e caminhos somente com a mínima intervenção possível, seja para fins
de fiscalização, pesquisa, monitoramento ou visitação de baixo impacto
- A coleta de material biológico para pesquisa mediante aprovação do gestor da Reserva,
atendendo às exigências de licença de coleta determinadas pela legislação vigente
- As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a
proteção desta zona
- O uso de equipamentos sempre que sejam retirados pelo pesquisador responsável ao
terminar a pesquisa
- A construção de uma torre de observação no local mais elevado da Reserva
As atividades permitidas não poderão comprometer a integridade dos recursos naturais
A fiscalização será eventual ou em casos de necessidade
É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva
55
2.2.
Zona de Visitação
Esta zona, no extremo norte da Reserva, abarca uma área de aproximadamente 70.000
metros quadrados, onde estão localizadas as trilhas interpretativas usadas no Programa de
Educação Ambiental (Figura 54, em amarelo, sinalizada com a letra V). As atividades de
educação ambiental, ecoturismo, recreação, interpretação e lazer serão realizadas somente
nesta zona. Não há infraestrutura instalada além das trilhas e placas de identificação de
espécies vegetais.
- O objetivo dessa zona é a manutenção do ambiente natural, a proteção da vegetação
ciliar, a ordenação das ações de educação ambiental, recreação, pesquisa científica,
fiscalização, e o estabelecimento de estruturas e elementos interpretativos conforme
necessário.
2.2.1. Normas da Zona de Visitação
Atividades permitidas:
- A pesquisa científica, monitoramento ambiental, visitação, recreação, turismo ecológico,
eliminação de espécies invasoras, plantação de espécies nativas e fiscalização
- A instalação de equipamentos para pesquisas, sempre que previamente autorizada pelo
gestor da Reserva, sendo que qualquer equipamento será, obrigatoriamente, retirado pelo
pesquisador responsável ao terminar a pesquisa
- A instalação de equipamentos para a interpretação dos recursos naturais, observação da
fauna e recreação, sempre que estejam integrados com a paisagem local
- As ações necessárias imprescindíveis à manutenção da visitação pública, como
manutenção, desobstrução e limpeza do córrego e da trilha e controle da erosão causada
por enchentes
- As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a
proteção desta zona e dos visitantes
- A construção de um observatório de aves num local escolhido pelo gestor
As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais
As atividades educativas e turísticas dentro da zona de visitação devem ser agendadas
previamente e ter o acompanhamento de um guia da RPPN, estando condicionadas à
capacidade de suporte das trilhas
Todo o resíduo produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais deve ser
conduzido para local adequado fora da Reserva
A fiscalização será constante
É proibido o tráfego de veículos nesta zona
É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva
56
2.3.
Zona de Transição
Corresponde a uma faixa de 10 metros ao longo do perímetro da Reserva, da borda para
seu interior, menos a parte em que a Reserva faz limite com o fragmento de mata que junto
com ela constitui toda a mata conservada, fragmento este que não foi transformado em
RPPN (Figura 54, na cor rosa, sinalizada com a letra T, a parte pontilhada é a mata vizinha
que não é RPPN). Nesta zona há muitos pontos onde se nota a invasão de gramíneas
exóticas. Há cercas de arame farpado onde as pastagens margeiam a Reserva. Sua função
é proteger a RPPN dos impactos do entorno. Esta zona poderá receber, também, toda a
infraestrutura e serviços da RPPN, quando for o caso.
- O objetivo desta zona é servir como filtro e faixa de proteção para combater o efeito de
borda e absorver os impactos provenientes da área externa, que poderiam resultar em
prejuízo aos recursos da RPPN.
2.3.1. Normas da Zona de Transição
Atividades permitidas:
- Pesquisas, monitoramento, fiscalização, proteção, eliminação de espécies invasoras e
plantação de espécies nativas
- Instalação de equipamentos, infraestrutura e facilidades para pesquisas, conforme as
necessidades, que deverão ser previamente autorizadas pelo gestor da Reserva e retirados
pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa
- A erradicação de plantas exóticas invasoras, o plantio de espécies adequadas e o controle
da erosão
- As operações mecanizadas para a eliminação de espécies exóticas e limpeza de aceiros
As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais
Todo o resíduo inorgânico produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais
deverá ser conduzido para local adequado fora da Reserva
A fiscalização e monitoramento nesta zona serão permanentes e sistemáticos.
É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva
2.4.
Zona de Recuperação
É aquela que contém áreas de mata perturbada onde é difícil o processo de regeneração
natural, com grande cobertura de gramíneas invasoras e lianas. Trata-se de uma zona
provisória, pois uma vez restaurada, será incorporada à zona de proteção. São cinco áreas
que juntas compreendem aproximadamente 23.500 metros quadrados (Figura 54, na cor
laranja, sinalizadas com as letras R1 – 6.000 m2, R2 – 7.000 m2, R3 – 2.000 m2, R4 –
2.200 m2, R5 – 6.300 m2). A área R5 encontra-se aos dois lados de um caminho que passa
por dentro da floresta, servindo apenas como eixo comunicativo entre as plantações durante
a safra, não sendo usado no restante do ano.
57
- O objetivo desta zona é deter a degradação dos recursos e recuperar as características
naturais do ecossistema original, eliminando gradualmente as espécies invasoras com o
mínimo impacto sobre as espécies nativas em regeneração, criando assim condições para o
restabelecimento dos processos naturais de sucessão secundaria.
2.4.1. Normas da Zona de Recuperação
Atividades permitidas:
- Pesquisas, monitoramento, fiscalização, proteção, eliminação de espécies invasoras e
plantação de espécies nativas
- A instalação de equipamentos de pesquisa sempre que previamente autorizados pelo
gestor da Reserva e retirados pelo pesquisador responsável ao terminar a pesquisa
- A erradicação de plantas exóticas invasoras e o plantio de espécies nativas
- As ações necessárias para resgate, prevenção e combate a incêndios e para garantir a
proteção e integridade desta zona
As atividades permitidas não poderão comprometer os recursos naturais
Serão incentivadas e priorizadas pesquisas sobre os processos de regeneração natural
Todo o resíduo inorgânico produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais
deverá ser conduzido para local adequado fora da Reserva
A fiscalização e monitoramento nesta zona serão permanentes e sistemáticos
É proibido fumar ou fazer uso de fogo na área da Reserva
3. PROGRAMAS DE MANEJO
3.1.
Programa de Administração e sustentabilidade econômica
A administração da RPPN será efetuada por um gestor com apoio dos proprietários. Como
já vinha ocorrendo antes da elaboração do plano de manejo, o gestor será responsável pela
coordenação de todas as ações realizadas na reserva, tais como o acompanhamento
financeiro e contábil, a captação de recursos, a compra de materiais e equipamentos, a
construção de edificações e a implantação e manutenção de infraestruturas, a coordenação
dos calendários de visitação, de pesquisas e de oficinas, a coordenação e supervisão dos
trabalhos de recuperação e plantação e a contratação e capacitação de funcionários,
quando necessário.
3.1.1. Administração
Objetivos
- Administrar a RPPN de forma que ela possa alcançar os objetivos definidos no
Plano de Manejo.
58
Atividades e normas
- Gerenciar e acompanhar os programas de manejo, compatibilizando todas as atividades
previstas
- Tentar estabelecer parcerias com ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade
civil
- Realizar registros contábeis, contratações e atividades financeiras
- Revisar o regulamento da RPPN em vigor, sendo que o mesmo deverá conter as normas
de visitação, pesquisa científica e utilização das estruturas físicas da RPPN
- Registrar as atividades realizadas e ocorrências na área da RPPN, organizando os
documentos e mantendo disponível uma cópia do plano de manejo
- Providenciar a execução de toda a infraestrutura e das placas indicativas, educativas,
interpretativas e informativas
- Manter em bom estado de conservação e limpeza toda a infraestrutura da RPPN, como o
centro, as trilhas, placas de sinalização e equipamentos da reserva
- Coordenar e supervisionar os trabalhos de recuperação, retirada de espécies exóticas e
plantação de espécies adequadas, transportando as sobras e o material não usado para
fora da Reserva
- Fazer avaliação periódica dos programas
- As construções a serem instaladas deverão estar integradas com a paisagem local
3.1.2. Sustentabilidade econômica
Objetivos:
- Captar recursos e investir os recursos advindos da visitação na manutenção e aquisição de
equipamentos e infraestrutura
Atividades e normas:
- Conseguir recursos financeiros através do Pagamento de Serviços Ambientais, do
Programa Produtor de Água da ANA (Agência Nacional de Águas), da aplicação da
compensação ambiental e do ICMS ecológico, da troca de áreas conservadas e
recuperação de áreas alteradas por recursos financeiros no mercado de sequestro de
carbono
- Verificar a possibilidade de captação de recursos em instituições que financiam projetos na
área ambiental, como o Citibank, o BNDES, O Boticário, SOS Mata Atlântica, Iniciativa
Verde, Natura, FEHIDRO, entre outras
- Reabilitar o centro fazendo reparos estruturais, adquirindo móveis, equipamentos e
materiais quando necessário
59
- Adquirir todo o material necessário para o bom andamento dos programas (ferramentas,
equipamentos, placas, produtos de divulgação, material didático e informativo)
- Implementar a venda de produtos (camisetas, chaveiros, guias, etc) e serviços inerentes à
reserva (cobrança de ingressos e serviços prestados voltados à visitação) e também de
produtos confeccionados na fazenda (queijos, geleias, pão, etc). Os produtos a venda e os
materiais com que serão confeccionados não serão retirados da área da Reserva
3.2.
Programa de Proteção, Manejo e Fiscalização
Este programa incluirá ações para proteger os visitantes, o patrimônio, os ecossistemas e a
biodiversidade da RPPN, e para manejar as áreas perturbadas.
Objetivos
- Proteger a biodiversidade, os recursos naturais e a infraestrutura da RPPN
- Garantir a proteção dos funcionários, visitantes e pesquisadores
- Manejar as áreas perturbadas visando sua restauração
- Fiscalizar a área para identificação e combate às pressões, ameaças e impactos que
afetam a reserva
Atividades e normas
- Disponibilizar um mapa detalhado da RPPN e toda a informação referente à proteção e
segurança
- Equipar a Reserva com o material necessário para a segurança e proteção de funcionários
e visitantes
- Identificar pontos estratégicos para colocar placas da RPPN, placas de proibido caçar e
placas de risco de incêndio
- Elaborar um Painel da Seção de Comando de Incidente – SCI, o qual identificará os
possíveis acionamentos e ficará visível para os visitantes para orientá-los em como proceder
em casos de incêndios e otimizar o tempo resposta
- Revisar e consertar a cerca nos limites entre a Reserva e as pastagens
- Manter limpos os aceiros ao redor da Reserva
- Eliminar as gramíneas exóticas ao longo do perímetro da Reserva
- Serão permitidas operações mecanizadas para a eliminação de espécies exóticas e
limpeza de aceiros
- Apoiar e incentivar projetos de recuperação de matas ciliares próximas e de corredores
ecológicos
- Elaborar plano de fiscalização e monitoramento
- Identificar local para a construção de uma torre de observação
60
- Proporcionar à equipe da fazenda treinamento de resgate, primeiros socorros e combate a
incêndios, através de parceria com o corpo de bombeiros e outras instituições
- Estabelecer parceria com a Polícia Ambiental de Barra Bonita (responsável pelo município
de Jaú) para colaborar com as atividades de prevenção, fiscalização e em casos de crimes
ambientais
- Propor ao Corpo de Bombeiros Militar a elaboração de um Termo de Cooperação em
casos de acionamentos para atender as ocorrências de incêndios florestais
- Revisar regulamento para moradores da fazenda
- Conscientizar as comunidades vizinhas sobre o assunto dos incêndios, caça e captura de
animais e extração de plantas
3.3.
Programa de Pesquisa e Monitoramento
Como já foi mencionado no Diagnóstico, muitas pesquisas e estudos já foram realizados na
REAB. Vários fatores fazem dela um lugar com muito potencial para pesquisas: o fácil
acesso, a disponibilidade de uma infraestrutura de apoio aos pesquisadores, as
características de seu ecossistema, sua localização e isolamento, suas zonas perturbadas
em diferentes estágios de recuperação, a proximidade de áreas de proteção permanente e
as possibilidades de conectividade com outros fragmentos, a grande diversidade de
espécies de flora e fauna que ainda não foram estudadas. O estudo da população de
macacos que vem aumentando e a recente chegada de espécies da fauna que não existiam
na Reserva são considerados prioritários porque podem estar afetando o equilíbrio do
ecossistema.
Todas as áreas da Reserva são propícias para a realização de pesquisas e estudos: a zona
de proteção por seu bom estado de conservação e biodiversidade, a zona de recuperação
para estudar os processos de regeneração e sucessão, a zona de transição para pesquisas
sobre o efeito de borda, a zona de visitação para estudos de impactos ambientais, avaliação
de atividades didáticas, etc.
Será revisado o atual regulamento da RPPN, no qual serão incluídas todas as normas e
procedimentos recomendados aos pesquisadores. Não existem grandes riscos para quem
penetra na RPPN, porque trata-se de um fragmento relativamente pequeno, sem
precipícios, cachoeiras ou animais ferozes. Os únicos perigos seriam as cobras, abelhas e
vespas, e a possível desorientação dentro da mata, mas o gestor sempre está informado
sobre a presença de pesquisadores na Reserva, conhece a mata, e pode agir com rapidez
em casos de emergência, inclusive contando com o apoio da equipe da fazenda.
O Centro Curumim de Educação Ambiental, já descrito acima e localizado a poucos metros
da Reserva, oferece uma série de facilidades aos pesquisadores: sala de trabalho e
reuniões, refeitório, banheiros, cozinha, água e luz elétrica.
Objetivos
- Estimular as pesquisas científicas para aprofundar os conhecimentos sobre a RPPN e
avaliar periodicamente as condições ambientais da Reserva
61
Atividades e normas
- Contatar e estabelecer parcerias com centros de pesquisa e universidades como a USP,
UNESP, USC, FATEC, FIJ, entre outras, visando incentivar pesquisas na área, tais como:
mapeamento geológico, estudo do relevo, processos de regeneração da mata, espécies
nativas com potencial para formar cinturão de proteção ao redor de fragmentos florestais, o
efeito de borda, a conectividade, mobilidade da fauna através dos corredores ecológicos,
levantamentos florísticos e faunísticos complementando os já realizados, estudos do
comportamento de mamíferos, dispersão, etc
- Elaborar e disponibilizar aos pesquisadores um mapa georreferenciado que contenha
todas as trilhas, caminhos, picadas e principais pontos de referência
- Organizar o acervo bibliográfico sobre a RPPN, adquirindo cópias de todos os trabalhos já
realizados
- Revisar o regulamento da RPPN, o qual deverá conter as normas de pesquisa científica e
utilização das estruturas físicas da RPPN
- Elaborar um contrato a ser assinado pelos pesquisadores antes do início das pesquisas
- Os estudos e pesquisas deverão ser previamente aprovados pelo gestor
- O gestor sempre deve ser informado das entradas e saídas do pesquisador
- Os pesquisadores podem utilizar o Centro desde que previamente autorizados
- Os pesquisadores deverão disponibilizar os dados de seus estudos durante o andamento
da pesquisa
- Após a publicação do trabalho de pesquisa, o mesmo deverá ser encaminhado ao gestor
em uma via impressa e uma via digital
- Elaborar e instituir um sistema de monitoramento ambiental para a RPPN, o qual deverá
conter as rotinas, os atributos e atividades a serem monitorados
- Identificar as espécies adequadas a serem plantadas na zona de transição e colher
sementes na Reserva para fazer um viveiro de mudas que serão usadas na recuperação
das áreas degradadas e nas bordas
- A atividade de monitoramento deverá ser realizada pelo gestor e poderá ser auxiliada por
guias e funcionários da RPPN devidamente capacitados e/ou por pesquisadores
3.4.
Programa de Visitação
Como a atividade de visitação na Reserva Ecológica Amadeu Botelho já é desenvolvida
desde 1998, antes de ser transformada em uma RPPN, o programa de visitação definirá
ações para melhorar os procedimentos. A instalação de algumas estruturas e facilidades
também foi prevista para diversificar as atividades já existentes.
62
Objetivos
- Dar continuidade ao programa de educação ambiental já existente, diversificando as
atividades
- Instalar estruturas e facilidades para apoiar o programa
Atividades e normas
- Elaborar material didático e informativo (lâminas de espécies de fauna e flora existentes na
RPPN, folhetos, quadro com normas, cartilhas, manuais de identificação, entre outros) os
quais deverão ser criados em linguagem adequada e específica para a RPPN
- Colocar placas indicativas, informativas e educativas nas trilhas
- Elaborar mais atividades para incorporar ao programa já existente
- Capacitar periodicamente os guias da RPPN que irão atender os visitantes
- A visitação deverá ser agendada com antecedência
- As atividades educativas devem ter o acompanhamento de um guia da RPPN
- Identificar outras trilhas com potencial para interpretação e educação ambiental e um
espaço para reunião de grupos
- Identificar um local adequado para a construção de um observatório
- Realizar processos sistemáticos de avaliação para verificar a eficácia das atividades
3.5.
Programa de Comunicação
A Reserva já é relativamente conhecida no município: muitos estudantes e grupos diversos
já a visitaram através do Programa de Educação Ambiental que funciona desde 1998, a
mata está muito próxima e é visível desde muitos pontos da cidade de Jaú, a fazenda e a
RPPN pertencem a uma família conhecida e estabelecida na região desde o século
dezenove. Porém o número anual de visitantes e pesquisadores ainda é pequeno, tornandose necessário adotar medidas para incrementá-lo. A elaboração do Plano de Manejo e sua
execução são ferramentas importantes para um maior conhecimento e valorização deste
espaço único, um impulso para renovar, melhorar e organizar as atividades necessárias
para uma gestão eficiente da Reserva. O primeiro passo foi a Apresentação do Plano de
Manejo ao público, que ocorreu na cidade de Jaú no dia 15 de março (ANEXO 7). Foi criada
também a página web da Reserva (http://www.rppnamadeubotelho.com.br/).
Objetivos
- Divulgar a RPPN como uma área muito importante no município para a conservação dos
recursos naturais, para o desenvolvimento de pesquisas científicas, de recreação e de
educação ambiental.
Atividades e normas
- Atualizar periodicamente a página web, inserindo todo o material disponível sobre a RPPN,
como pesquisas, estudos, notícias, textos de interesse, atividades, programas, e o próprio
Plano de Manejo, quando for aprovado.
63
- Divulgar as atividades realizadas na RPPN nos meios de comunicação
- Divulgar as atividades de educação ambiental junto às escolas do município e municípios
vizinhos
- Divulgar as potencialidades e disponibilidade da RPPN nas universidades e centros de
pesquisa
- Divulgar os resultados das pesquisas nos meios de comunicação, seminários e congressos
sempre que possível
- Incentivar outros proprietários a criar RPPNs, recuperar matas ciliares e estabelecer
corredores biológicos
- Sensibilizar os vizinhos sobre a importância da RPPN
- Elaborar material de divulgação (folders, camisetas, chaveiros, bonés, etc) que deve ser
confeccionado com materiais reciclados ou fabricados com baixo impacto ambiental
- Participar em eventos relacionados com a conservação e educação ambiental sempre que
possível
4. PROJETOS ESPECÍFICOS
A seguir são apresentadas idéias de projetos que deverão/ poderão ser elaborados pela
RPPN Amadeu Botelho e parceiros, visando complementar os programas do plano de
manejo e atender seus objetivos. A demanda e apresentação desses projetos para
possíveis financiadores dependerá dos editais/recursos disponíveis e parcerias a serem
estabelecidas.
4.1.
PROJETO DE RECUPERAÇAO DE ÁREAS PERTURBADAS
Tem por objetivo a recuperação das áreas perturbadas já indicadas e descritas no
zoneamento. Será recomendado um estudo prévio das características específicas de cada
área a ser recuperada, levando em conta seu levantamento florístico e fisionômico, seu grau
de perturbação e seu potencial de auto recuperação, para a escolha das práticas mais
adequadas, eficientes e de menor impacto no processo de recuperação. O viveiro de
espécies nativas a ser instalado para a plantação de mudas na zona de transição pode
contribuir no fornecimento de mudas para este projeto.
4.2.
PROJETO DE ADEQUAÇÃO DAS ATIVIDADES NA ÁREA DE ENTORNO
Tem por objetivo a melhor adequação das atividades realizadas na área de entorno da
RPPN (na fazenda onde está inserida e vizinhos mais próximos), através de campanhas
informativas, atividades de educação ambiental, incentivos, orientação e participação nas
atividades do entorno. Espera-se poder:
- Minimizar possíveis efeitos negativos provenientes das atividades realizadas no entorno
que possam influenciar na manutenção da estabilidade ambiental da RPPN
- Estimular e propor vínculos entre as atividades produtivas da fazenda e as atividades de
educação ambiental já existentes.
- Evitar danos à RPPN
64
4.3.
PROJETO DE MANEJO DOS MACACOS-PREGO DA REAB
Desde que foram adquiridas as terras onde se encontra a fazenda já havia registros da
presença de macacos. Entretanto a população de macacos-prego na Reserva aumentou
nos últimos anos, e não se sabe se esse aumento pode estar prejudicando o ecossistema.
Esse projeto incentivará pesquisas que identifiquem a melhor forma de manejo do aumento
da população dos macacos-prego dentro da RPPN, sendo necessários estudos sobre esses
primatas para identificar se pertencem realmente à espécie Sapajus nigritus, para verificar
consanguinidade e se há registros de hibridação com possíveis solturas de outras especies
de Cebus ou Sapajus, além da realização de avaliações comportamentais, análise da dieta
alimentar, verificação da disponibilidade dos alimentos naturais para esta espécie na RPPN
e uma avaliação quantitativa e qualitativa dos possíveis danos causados no ecossistema. A
manutenção e aumento dos corredores ecológicos já existentes entre a Reserva e APPs e a
parceria com projetos de restauração das matas ciliares dos cursos d’água que circundam a
Reserva seriam uma maneira de propiciar a dispersão destes primatas diminuindo a pressão
sobre o ecossistema da RPPN.
4.4.
PROJETO DE MANEJO DE ESPÉCIES EXÓTICAS
As Espécies Exóticas Invasoras são organismos que, introduzidos fora da sua área de
distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats ou outras espécies (IBAMA, 2006).
Nos últimos anos foram observadas espécies de aves na fazenda e na Reserva que nunca
tinham sido vistas na região, e sua população vem aumentando. Esse projeto tem como
objetivo a produção de um inventário de espécies exóticas existentes na Reserva e um
estudo sobre as mesmas, que compreenda suas características biológicas e ecológicas, os
impactos que possam causar ou já estão causando no ecossistema e possíveis soluções no
caso de ser necessário seu manejo.
4.5.
OBSERVATÓRIOS
Esse projeto tem como objetivo o planejamento e construção de um observatório de animais
silvestres e de uma torre de observação. O observatório deverá ser uma construção
integrada com o meio ambiente e destinada a servir de abrigo e esconderijo para os
observadores. Deve estar localizado num local estabelecido pelo gestor da Reserva,
próximo a um ponto atrativo onde haja boa disponibilidade de alimento e água, na Zona de
Visitação. Poderá ser uma “cabana” retangular medindo aproximadamente 4 metros de
comprimento e 2,5 metros de profundidade, com apenas três paredes, já que o lado
contrário ao ponto atrativo não precisa ser fechado, e com aberturas na parede do lado do
ponto atrativo para observação. A torre de observação, por outro lado, deverá ser integrada
com a mata, construída no ponto mais alto da RPPN, que se encontra na Zona de Proteção,
e servirá para uma melhor fiscalização.
Os projetos descritos não possuem cronograma pré-definido de execução. Sua
aplicação e/ou implantação se dará conforme disponibilidade de recursos, parcerias, ou
demais formas e instrumentos para sua concretização no menor tempo possível.
65
5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS
PROGRAMA DE MANEJO
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Programa de administração e
sustentabilidade
Gerenciar programas
Buscar recursos e parcerias
Implementar venda de produtos e serviços
Realizar registros, contratos
Revisar regulamento
Adquirir ferramentas
Adquirir materiais didáticos e de divulgação
Adquirir material de sinalização
Conservação da infraestrutura e equipamentos
Reformas estruturais no centro de ed. ambiental
Avaliação dos programas
x
x
x
x
x
R$ 200,00
R$1.000,00
R$ 230,00
R$ 500,00
R$3.000,00
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
X
X
X
X
R$ 200,00
R$1.000,00
R$ 200,00
R$1.000,00
R$ 200,00
R$1.000,00
R$ 200,00
R$1.000,00
R$ 500,00
R$ 500,00
R$ 500,00
R$ 500,00
x
x
x
X
Programa de proteção, manejo e
fiscalização
Elaborar mapa
Adquirir material primeiros socorros
Adquirir material para combate a incêndios
Treinamento equipe fazenda
Construção e manutenção de um viveiro
Erradicar gramíneas, plantar mudas, limpar, regar,
combater formigas)
R$ 100,00
R$ 50,00
R$3,000,00
x
R$2.000,00
R$3.000,00
Arrumar cercas
Limpar aceiros
Manutenção de caminhos
Contato com vizinhos
Conscientizar moradores
Estabelecer fiscalização periódica
Apoio a projetos recuperaçao matas ciliares
Estabelecer parcerias com Corpo de Bombeiros e
Polícia Ambiental
Identificar local para torre de observação
Revisão do regulamento para moradores
R$2.000,00
R$1.000,00
R$ 600,00
x
x
x
x
x
R$
50,00
R$
50,00
R$
50,00
R$
50,00
R$ 500,00
R$2.000,00
x
R$ 500,00
R$1.000,00
R$ 500,00
R$1.000,00
X
R$ 500,00
R$1.000,00
R$1.000,00
R$ 600,00
x
x
x
x
R$1.000,00
R$ 600,00
x
x
x
x
R$1.000,00
R$ 600,00
x
x
x
x
R$1.000,00
R$ 600,00
X
X
X
X
x
x
Programa de pesquisa e monitoramento
Revisar regulamento para pesquisadores
Estabelecer parcerias com universidades
Elaborar mapa da RPPN
Organizar acervo bibliográfico
Elaborar sistema de monitoramento
x
x
x
x
x
x
x
x
X
Programa de visitação
Diversificar atividades educativas
Colocar placas na trilha
Capacitar guias
Identificar outras possíveis trilhas
Identificar espaço para grupos na trilha
Elaborar material didático e informativo
Identificar local para observatório
Preparar espaço para grupos na trilha
Manutenção da trilha
Avaliação das atividades
x
R$ 100,00
x
x
x
x
x
R$ 100,00
R$ 300,00
x
x
R$ 100,00
R$ 300,00
x
R$ 100,00
R$ 300,00
x
R$ 100,00
R$ 300,00
x
R$ 100,00
R$ 300,00
X
x
x
x
x
x
x
x
x
X
X
x
x
x
x
X
x
x
x
x
x
x
X
X
x
x
X
x
x
X
X
Programa de comunicação
Incentivar outros proprietários
Divulgar RPPN junto a universidades, escolas e
meios de comunicação
Divulgar resultados das pesquisas em congressos,
seminários
Sensibilizar vizinhos
Atualizar a página web
Elaborar material de divulgação
Participar em eventos
TOTAL POR ANO
TOTAL:
x
x
x
x
R$17.180,00
x
R$6.250,00
x
R$5.250,00
x
R$5.250,00
X
R$5.250,00
R$ 39.180,00
66
PARTE D - INFORMAÇÕES FINAIS
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADATI, E. F. Florística das Espécies Arbóreas que ocorrem ao logo da Trilha
Ecológica da Reserva Amadeu Botelho no Município de Jaú, SP – Subsídios para a
Educação Ambiental. Trabalho de conclusão de Curso, Faculdade de Ciências Biológicas
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Botelho (REAB), Município de Jaú, SP. Trabalho de conclusão de curso. Universidade
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http://www.ibot.sp.gov.br/pesquisa_cientifica/restauracao_ecologica/resolu%C3%A7%C3%A
3o_%20sma48.pdf Acesso em: 20/02/2013
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http://www.youtube.com/watch?v=AZKg2F0NHDQ
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Exóticas Invasoras: Situação Brasileira. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de
Biodiversidade e Florestas. Brasília: MMA, 2006.
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Brasileira. Rio de Janeiro, 2012.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Disponível em:
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Disponível em: www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/ARQS/.../CRH/CBH.../cap12289a323.pdf
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Conservaçao da Natureza. Brasilia 2011. Disponível em: www.mma.gov.br/cadastro_uc
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Biodiversidade. Brasília. 2005
69
2. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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cadownload%2Fcategory%2F44-p%3Fdownload%3D3053%253App&ei=NOZKUcbgOIP68gSltoCgAg&usg=AFQjCNFD_1nwMME2l4hF9CpWwJ_qv3eYjA
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de Londrina-PR. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências
Biológicas, Universidade Estadual de Londrina, Paraná, 2010.
71
3. ANEXOS
ANEXO 1
72
ANEXO 2
Famílias, gêneros e espécies vegetais amostrados na Reserva Ecológica Amadeu
Botelho, acompanhados de seus nomes populares regionais, quando conhecidos
(Nicolini, 1990). Os nomes científicos das espécies são aqueles em vigor na época da
publicação deste estudo. Em cinza: espécies quase ameaçadas (Resolução SMA 48,
2004).
* Espécies arbóreas que não entraram no levantamento, mas de ocorrência na área de
estudo.
Família
Acanthaceae
Espécies
Nome Popular
Justicia brasiliana Roth.
Justicia flexuosa (Nees.) Wasshausen*
Geissomeria schotiana Nees*
Anacardiaceae
Astronium graveolens Jacq.
Schinus therebintifolius Raddi*
Guaritá
Falso-pimenteiro
Rollinia salicifolia Schlecht
Araticum
Aspidosperma cylindrocarpon Muell. Ar.
Aspidosperma polyneuron Muell. Arg.
Aspidosperma ramiflorum Muell. Arg.
Peschiera fuchsiaefolia Miers
Peroba-poca
Peroba
Guatambu
Leiteiro
Sciadodendron excelsum Griseb.
Gameleiro
Jacaranda macrantha Cham.
Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb
Tabebuia chrysotricha (Mart.) Standley
Tecoma instans Stans. (L.) Juss. Ex HBK*
Zeyhera tuberculosa (Vell.) Bur.
Jacarandá
Ipê-roxo
Ipê-amarelo
Chorisia speciosa St. Hill.
Pseudobombax grandiflorum (Cav.)A. Robyns
Paineira
Imbiruçu
Cordia ecalyculata Vell.
Cordia polycephalla Lam. (Lam.) Johnst*
Cordia sellowiana Cham.
Cordia trichotoma (Vell.) Arrabida ex Steud.
Heliotropium transalpinum Vell.
Patagonula americana L.
Café-de-bugra
Bauhinia forficata Link.
Cassia bicapsularis L.
Cassia leptophylla Vog.
Cassia multijuga Rich.
Holocalyx balansae Mich.
Hymenaea courbaril L.
Peltophorum dubium (Spreng) Taub.
Pterogyne nitens Tul.
Schizolobium parahyba (Vell.) Blake ex Britton & Rose*
Casco-de-vaca
Aleluia
Canudo-de-pito
Annonaceae
Apocynaceae
Araliaceae
Bignoniaceae
Bolsa-de-pastor
Bombacaceae
Boraginaceae
Louro-mole
Louro
Guaiuvira
Caesalpinaceae
Alecrim
Jatobá
Canafístula
Amendoinzeiro
Guapuruvu
73
Caricaceae
Jacaratia spinosa (aubl.) A. DC.
Jacaratiá
Maytenus aquifolium Mart.
Canchim
Celastraceae
Combretaceae
Terminalia brasiliensis Eichl.
Compositae
Baccharis oreophylla Malm.*
Eupatorium gamophyllum Mattefeld
Eupatorium laevigatum Lam.*
Piptocarpha sellowii Baker*
Vernonia polyanthes Less.*
Assa-peixe
Lamanonia ternata Vell.
Guaperê
Cunoniaceae
Ebenaceae
Diospyros inconstans Jacq.
Elaeocarpaceae
Sloanea lasiocoma K. Schum.
Sapopema
Euphorbiaceae
Acalypha gracilis Spreng.*
Actinostemon concepcionis (Chod. & Hassl.)
Hochreitinger
Actinostemon concolor (Spreng) Muell. Arg.
Alchornea iricurana Casar
Croton celtidifolius Baillon
Croton floribundus Spreng.
Croton warmingui Muell. Arg.*
Sebastiania serrata (Baill) Muell. Arg.
Capixingui
Fabaceae
Centrolobium tomentosum Benth.
Dalbergia frutescens (Vell.) Brit.*
Erythrina mulungu Mart.
Lonchocarpus guilleminianus (Tul) Malme
Lonchocarpus muhlbergianus Hassl.
Machaerium aculeatum Raddi
Machaerium brasiliensis Vog.
Araruva
Machaerium nictitans (Vell.) Benth.
Machaerium scleroxylon Tul.
Machaerium stipitatum Vog.
Myrocarpus frondosus Fr. All.
Myroxylon peruiferum L. F.
Zollernia ilicifolia Vog.
Bico-de-pato
Caviúna
Casearia gossypiosperma Briquet
Casearia sylvestris Sw.
Pau-de-espeto
Lagarteiro
Embira-de-sapo
Manga-brava
Sapuvo
Cabreutinga
Cabreúva
Pau-jantar
Flacourtiaceae
Icacinaceae
Villaresia megaphylla Miers
Lauraceae
Endlicheria paniculata (Spreng) Macbr.
Nectandra megapotamica Mez.
Ocotea cf. Conferta Cor-Teixeira
Ocotea elegans Mez.
Canela-frade
Canelinha
Canela
Canela
Cariniana estrellensis (Raddi) O. Kuntze
Jequitibá-branco
Lecythidaceae
74
Loganiaceae
Strychnos brasiliensis Mart.
Salta-martinho
Malvaceae
Abutilon belfordianum (Hook.) St. Hill & Naud
Bastardiopsis densiflora (Hook et Arn.) Hassl.Malva
Meliaceae
Cabralea glaberrima Juss.
Cedrella fissilis Vell.
Guarea guidonia (L.) Sleumer*
Guarea kunthiana A. Juss.
Trichilia catiguá A. Juss.
Trichilia clausseni C. DC.
Cedro
Trichilia elegans A. Juss.
Trichilia pallida Sw.
Marinheiro
Catiguá
Catiguávermelho
Canela-do-mato
Catiguá
Acacia polyphylla DC
Calliandra tweedei Benth.
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morang
Inga marginata Willd.
Inga sessilis Mart.
Inga vera Willd.
Parapiptadenia rígida (Benth.) Brenan
Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr.
Pithecelobium edwallii Hoehne
Monjoleiro
Mandaravé
Orelha-de-negro
Ingazinho
Ingá
Ingá
Angico vermelho
Pau-jacaré
Canela-de-corvo
Mimosaceae
Monimiaceae
Mollinedia widgrenii A. DC.
Moraceae
Cecropia sp.*
Chlorophora tinctoria (L.) Gaud.
Ficus citrifolia P. Muller
Ficus enormis (Mart. Ex Miq) Miq.
Sorocea bomplandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer
Embaúba
Taiúva
Figueira matapau
Figueira branca
Myrsinaceae
Rapanea ferrugínea (Ruiz & Pen.) Mez
Rapanea umbellata (Mart. Ex A.DC.) Mez
Capororoca
Myrtaceae
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk
Campomanesia guazumifolia (Camb.) Legrand
Eugenia sulcata Spreng ex Mart.
Eugenia umbeliflora Berg.
Eugenia uniflora L.
Eugenia sp.
Myrcia multiflora (Lam.) DC.
Myrcianthes pugens (Berg.) Legrand
Myrciaria sp.
Guabiroba
Sete-capotes
Pitanga-do-mato
Bougainvillea arbórea Glaziou
Guapira olfersiana Mart.
Guapira opposita (Vell.) Reitz
Ceboleiro
Syagrus oleracea (Mart.) Beccari
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Coqueiro amargoso
Pitangueira
Cambuí
Goiaba-do-mato
Jabuticabeira-do-mato
Nyctaginaceae
Maria-mole
Palmae
Gerivá
75
Phytolaccaceae
Achatocarpus spinulosus Griseb.*
Gallesia gorazema (Vell.) Moq.
Pau d’alho
Piperaceae
Piper aduncum L.
Piper amalago (Jacq.) Yuncker
Piper arboreum Aubl.
Piper hilarianum Steud.
Polygonaceae
Coccoloba declinata Mart.
Ruprechtia lundii Meins.
Rhamnaceae
Rhamnidium elaeocarpum Reiss
Saguaraji amarelo
Coffea arábica L.
Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum.
Guettarda uruguensis Cham. et Schlecht
Hamelia patens Jacq.
Ixora venulosa Benth.
Psychotria carthagenensis Jacq.
Randia spinosa (Jacq.) Karsten
Rudgea jasminioides (Cham.) Muell. Arg.
Café
Angostura pentandra (St.Hill.) Albuquerque
Balfourodendron riedelianum Engl.
Esenbeckia febrífuga (St.Hill.) A.Juss. ex Mart.
Esembeckia leiocarpa Engl.
Galipea jasminiflora Engl.
Metrodorea nigra St. Hill.
Pilocarpus pauciflorus St. Hill.
Pilocarpus pennatifolius Lamaire
Zanthoxylum chiloperone Mart.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Zanthoxylum riedelianum Engl.
Laranjeira-brava
Pau-marfim
Rubiaceae
Rutaceae
Laranjeira-do-mato
Guarantã
Mamoninha
Carrapateiro
Jaborandi
Mamica
Arruda-brava
Sapindaceae
Allophyllus semidentatus Radlk.
Cupania racemosa Radlk.
Cupania vernalis Camb.
Diantenopteryx sorbifolia Radlk.
Arco-de-peneira
Camboatávermelho
Maria-preta
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. Et Eich) Engl.
Guatambu-de-leite
Sapotaceae
Solanaceae
Cestrum calycinum Willd.*
Datura suaveolens Humb. & Bompl.
Solanum argenteum Dens.
Solanum auriculatum Ait.*
Solanum integrifolium Poir
Solanum pabstii Smith & Down*
Solanum paniculatum L.*
Saia-de-princesa
Jurubeba
Tiliaceae
Heliocarpus americanus L.
Luehea divaricata Mart.
Embira-branca
Açoita-cavalo
76
Ulmaceae
Celtis iguanae (Jacq.) Sargent
Celtis spinosa Spreng
Trema micrantha Blume*
Grão-de-galo
Pau-pólvora
Urticaceae
Bohemeria caudata Sw.
Bohemeria sp.*
Urera baccifera (L.) gaud.
Urtiga
Verbenaceae
Aloysia virgata Juss.
Petrea subserrata Cham.
Petrea volubilis Jacq.*
Vitex megapotamica (Spreng.) Mold.
Lixa
Hybanthus atropurpureus (St. Hill.) Taub.
Erva-de-viado
Flor-de-são Miguel
Violaceae
Vochysiaceae
Callisthene major Mart.
77
ANEXO 3
Lista de espécies de aves da Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Jaú, São Paulo e
categoria alimentar (UBAID, 2006).
Família
Espécie
Categoria
alimentar
Leptodon cayanensis (Latham, 1790)
Gampsonyx swainsonii (Vigors, 1825)
Elanus leucurus (Vieillot, 1818)
Ictinia plúmbea (Gmelin, 1788)
Buteogallus urubitinga (Gmelin, 1788)
Heterospizias meridionalis (Latham, 1790)
Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817)
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
carnívoro
Ceryle torquatus (Linnaeus, 1766)
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788)
carnívoro
Acciptridae
insetívoro
carnívoro
Alcedinidae
Anatidae
Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766)
Cairina moschata (Linnaeus, 1758)
Amazoneta brasiliensis (Gmelin, 1789)
Apodidae
Chaetura meridionalis (Hellmayr, 1907)
insetívoro
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758)
Butorides striata (Linnaeus, 1758)
Bubulcus íbis (Linnaeus, 1758)
Ardea alba (Linnaeus, 1758)
Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824)
insetívoro
Ardeidae
Caprimulgidae
Chordeiles pusillus (Gould, 1861)
Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789)
Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789)
insetívoro
Cardinalidae
Saltator fuliginosus (Daudin, 1800)
Saltator similis (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837)
frugívoro
Cariamidae
Cariama cristata (Linnaeus, 1766)
Cathartidae
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
dentritívoro
Charadriidae
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
Ciconiidae
Mycteria americana (Linnaeus, 1758)
Coerebidae
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758)
nectarívoro
78
Família
Espécie
Categoria
alimentar
Columbina talpacoti (Temminck, 1811)
Columbina squammata (Lesson, 1831)
Columba livia (Gmelin, 1789)
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)
Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792)
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847)
Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855)
Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792)
Geotrygon montana (Linnaeus, 1758)
frugívoro
Conopophaga lineata (Wied, 1831)
insetívoro
Columbidae
frugívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
Conopophagidae
Corvidae
Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823)
Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818)
Cracidae
Penelope superciliaris (Temminck, 1815)
Cuculidae
Coccyzus americanos (Linnaeus, 1758)
Piaya cayana (Linnaeus, 1766)
Crotophaga ani (Linnaeus, 1758)
Guira guira (Gmelin, 1788)
Tapera naevia (Linnaeus, 1766)
insetívoro
insetívoro
Dendrocolaptidae
Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818)
Dendrocolaptes platyrostris (Spix, 1825)
Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Donacobiidae
Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766)
Emberizidae
Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776)
Ammodramus humeralis (Bosc, 1792)
Sicalis luteola (Sparrman, 1789)
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766)
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758)
Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823)
Arremon flavirostris (Swainson, 1838)
Coryphospingus cucullatus (Satius Muller, 1776)
frugívoro
onívoro
frugívoro
frugívoro
Estrildidae
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758)
Falconidae
Caracara plancus (Miller, 1777)
Milvago chimachima (Vieillot, 1816)
Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758)
Falco sparverius (Linnaeus, 1758)
Falco femoralis (Temminck, 1822)
carnívoro
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)
Euphonia violacea (Linnaeus, 1758)
frugívoro
frugívoro
carnívoro
Fringilidae
79
Família
Furnariidae
Espécie
C. alimentar
Fumarius rufus (Gmelin, 1788)
Synallaxis ruficapilla (Vieillot, 1819)
Synallaxis frontalis (Pelzeln, 1859)
Synallaxis spixi (Sclater, 1856)
Cranioleuca vulpina (Pelzeln, 1856)
Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788)
Automolus leucophthalmus (Wied, 1821)
Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Galbula ruficauda (Cuvier, 1816)
insetívoro
Progne tapera (Vieillot, 1817)
Progne chalybea (Gmelin, 1789)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817)
Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Galbulidae
Hirundinidae
Icteridae
Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766)
Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819)
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789)
Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850)
onívoro
onívoro
Jacanidae
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
Parulidae
Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789)
Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830)
Basileuterus flaveolus (Baird, 1865)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Passeridae
Passer domesticus (Linnaeus, 1758)
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789)
Picidae
Picumnus cirratus (Temminck, 1825)
Melanerpes candidus (Otto, 1796)
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766)
Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827)
Piculus aurulentus (Temminck, 1821)
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788)
Colaptes campestris (Vieillot, 1818)
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766)
Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818)
Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Polioptila dumicola (Vieillot, 1817)
insetívoro
Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776)
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824)
Brotogeris chirini (Vieillot, 1818)
Pionus maximiliani (Kuhl, 1820)
Amazona aestiva (Linnaeus, 1758)
frugívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
Aramides cajanea (Statius Muller, 1776)
Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819)
onívoro
insetívoro
insetívoro
Polioptilidae
Psittacidae
Rallidae
80
Família
Espécie
Categoria
alimentar
Ramphastos toco (Statius Muller, 1776)
onívoro
Ramphastidae
Scolopacidae
Tringa solitária (Wilson, 1813)
Strigidae
Megascops choliba (Vieillot, 1817)
Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni 6 Bertoni, 1901)
Athene cunicularia (Molina, 1782)
carnívoro
Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823)
Taraba major (Vieillot, 1816)
Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764)
Thamnophilus caerulescens (Vieillot, 1816)
Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823)
Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822)
Drymophila ferrugínea (Temminck, 1822)
Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
Mesembrinidis cayennensis (Gmelin, 1789)
onívoro
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827)
Crypturellus tataupa (Temminck, 1815)
Nothura maculosa (Temminck, 1815)
onívoro
onívoro
Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818)
Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823)
onívoro
onívoro
Namosia pileata (Boddaert, 1783)
Thlypopsis sordida (d’Orbigny & Lafresnaye,1837)
Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818)
Habia rubica (Vieillot, 1817)
Eucometis penicillata (Spix, 1825)
Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822)
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764)
Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766)
Tangara cayana (Linnaeus, 1766)
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766)
Hemithraupis guira (Linnaeus, 1766)
Conirostrum speciosum (Temminck, 1824)
frugívoro
frugívoro
frugívoro
insetívoro
insetívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
frugívoro
Phaethomis pretrei (Lesson & Delattre, 1839)
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788)
Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817)
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812)
Hylocharis chrysura (Shaw, 1812)
Amazilia versicolor (Vieillot, 1818)
Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788)
Amazilia láctea (Lesson, 1832)
nectarívoro
Troglodytes musculus (Naumann, 1823)
onívoro
Thamnophilidae
Threskiornithidae
Tinamidae
Tityridae
Thraupidae
onívoro
insetívoro
Trochilidae
nectarívoro
nectarívoro
nectarívoro
Troglodytidae
81
Família
Espécie
Categoria
alimentar
Turdidae
Platycichla flavipes (Vieillot, 1818)
Turdus subalaris (Seebohm, 1887)
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818)
Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850)
Turdus albicollis (Vieillot, 1818)
onívoro
onívoro
onívoro
onívoro
Tyrannidae
Leptopogon amaurocephalus (Tschudi, 1846)
Corythopis delalandi (Lesson, 1830)
Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846)
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766)
Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822)
Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817)
Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822)
Elaenia spectabilis (Pelzeln, 1868)
Elaenia chiriquensis (Lawrence, 1865)
Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824)
Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817)
Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823)
Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824)
Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825)
Platyrinchus mystaceus (Vieillot, 1818)
Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776)
Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788)
Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868)
Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831)
Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783)
Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818)
Xolmis cinereus (Vieillot, 1816)
Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823)
Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818)
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766)
Colonia colonus (Vieillot, 1818)
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819)
Myiozetetes similis (Spix, 1825)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776)
Megarynchus pitanguá (Linnaeus, 1766)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
onívoro
Empidonomus varius (Vieillot, 1818)
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819)
Tyrannus savana (Vieillot, 1808)
Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859)
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789)
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776)
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
onívoro
Insetívoro
Insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
insetívoro
onívoro
onívoro
onívoro
onívoro
Tyrannidae
Tytonidae
Tyto alba (Scopoli, 1769)
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)
Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766)
Hylophilus poicilotis (Temminck, 1822)
insetívoro
onívoro
insetívoro
82
ANEXO 4
Lista de espécies de mamíferos registrados na RPPN Amadeu Botelho (Reale, 2011)
em cinza, espécies vulneráveis (segundo a lista de espécies ameaçadas, MMA, 2003)
Família
Espécie
Nome popular
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766)
Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815)
Lycalopex vetulus (Lund, 1842)
Cachorro-do-mato
Lobo-guará
Raposinha-do-campo
Sapajus nigritus
Macaco-prego
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814)
Veado catingueiro
Cuniculus paca (Linnaeus, 1758)
Paca
Cabassous sp (Mc Murtrie, 1831)
Dasypus novencictus (Linnaeus, 1758)
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758)
Tatu-de-rabo-mole
Tatu-galinha
Tatu-peba, tatupeludo
Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823)
Cutia
Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1823)
Ouriço-cacheiro
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)
Leopardus wiedii (Schinz, 1821)
Puma concolor (Linnaeus, 1771)
Puma yagouaroundi (É.G.Saint-Hilare, 1803)
Jaguatirica
Gato-maracajá
Suçuarana, onça parda
Gato-mourisco
Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus,
1766)
Capivara
Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758)
Tapiti, coelho
Conepatus sp (Boddaert, 1785)
Jaritataca, zorrilho
Myocastor coypus (Molina, 1782)
Ratão-do-banhado
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)
Tamanduá-mirim
Eira barbara (Linnaeus, 1758)
Galictis sp Bell, 1826
Lontra longicaudis (Olfers, 1818)
Irara
Furão
Lontra
Nasua nasua (Linnaeus, 1766)
Procyon cancrivorus (G.[Baron] Cuvier, 1798)
Quati
Mão-pelada
Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901)
Caxinguelê, serelepe
Canidae
Cebidae
Cervidae
Cuniculidae
Dasypodidae
Dasyproctidae
Erethizontidae
Felidae
Hydrocaeridae
Leporidae
Mephitidae
Myocastoridae
Myrmecophagidae
Mustelidae
Procyonidae
Sciuridae
83
ANEXO 5
Lista de espécies de morcegos capturados e identificados na Fazenda Santo Antônio
dos Ipês (Pedrozo, 2011)
Família
Espécie
Frequëncia de captura
Sturnira lilium (Gray, 1842)
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)
Artibeus lituratus (Olfers,1818)
Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy,1810)
Anoura caudifer (E. Geoffroy,1812)
Glossophaga soricina (Pallas, 1766)
Phyllostomus discolor
Chrotopterus auritus (Peters, 1856)
Micronycteris megalotis (Gray, 1942)
Artibeus obscurus (Schinz,1821)
Vampyressa pusilla (Wagner,1843)
29,2%
25,0%
20,8%
5,3%
4,0%
3,4%
3,8%
0,8%
0,5%
0,2%
0,2%
Phyllostomidae
Molossidae
Molossus molossus (Pallas, 1766)
0,2%
Vespertilionidae
Myotis nigricans (Schinz, 1821)
Myotis albescens (E. Geoffroy, 1806)
Lasiurus ega (Gervais, 1856)
2,3%
0,5%
Apenas observada
84
ANEXO 6
Lista de espécies de anfíbios da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho e sua
abundância relativa (Moya, 2011). * espécie registrada fora do período amostral
Família
Espécie
Abundância
relativa
Bufonidae
Rhinella ornata (Spix, 1824)
Rhinella schneideri (Werner, 1894)
0,64%
2,02%
Hylidae
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889)
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)
Hypsiboas caingua (Carrizo, 1991)
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856)
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925)
Scinax similis (Cochran, 1952)
Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758)
0,30%
31,26%
1,74%
1,41%
0,05%
0,14%
4,33%
2,42%
0,92%
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826)
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken,
1862 “1861”)*
Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863)
18,09%
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824)
Leptodactylus mystacinus (Burmeister (1861)
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815)
Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862)
5,65%
0,88%
2,69%
4,77%
0,02%
17,68%
Chiasmocleis albopunctata (Boettger, 1885)
Elachistocleis cesarii (Miranda-Ribeiro, 1920)
0,32%
4,33%
Leiuperidae
0,30%
Leptodactylidae
Microhylidae
85
ANEXO 7
APRESENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA RPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU
BOTELHO
No dia 15 de março de 2013 foi realizada, nas instalações da FATEC, Jaú, a Apresentação
do Plano de Manejo da RPPN Reserva Ecológica Amadeu Botelho. Compareceram os
proprietários da fazenda Santo Antônio dos Ipês (na qual está inserida a RPPN),
pesquisadores, professores, alunos da FATEC, representantes de colégios de Jaú, do IBGE,
da CATI, do Sindicato Rural, da OAB, do Instituto Florestal, do COMDEMA, da ONG Instituto
Pró-Terra, da Polícia Ambiental, o Secretario de Esportes e o Secretario do Meio Ambiente
do município de Jaú, num total de 37 pessoas.
Foi distribuída uma pasta com folhas em branco, caneta, o folder da RPPN e do Projeto
Curumim e o cartão do gestor.
A mesa foi composta por Antônio Carlos Botelho Müller Carioba, representante legal dos
proprietários da fazenda e gestor da RPPN, Regina Pessoa, bióloga e responsável técnica
da elaboração do Plano de Manejo, e Gabriel Rodrigues dos Santos, geógrafo e consultor
do Plano de Manejo.
Antônio Carlos contou um pouco da história da fazenda desde que foi adquirida e da mata
que foi conservada e que desde 2000 é uma RPPN. Mostrou a localização da mesma no
município de Jaú, salientando sua importância como o único remanescente florestal destas
características na região, sua função em relação à proteção dos mananciais, sua vegetação,
fauna, biodiversidade, seu potencial para pesquisas, e falou sobre o programa de educação
ambiental que desde 1998 funciona na Reserva.
Em seguida Gabriel explicou o que é uma RPPN, suas características e importância, o que é
um Plano de Manejo, para que serve, como está estruturado, como deve ser elaborado,
informou em linhas gerais os programas que serão incluídos no PM da Reserva, mencionou
as instituições que apoiam a elaboração do PM e como foi conseguido seu apoio, falou
sobre a importância de formar parcerias e finalizou colocando-se a disposição do público
para fornecer esclarecimentos e abrindo para comentários, opiniões e sugestões.
Tomou a palavra o Secretario Municipal de Meio Ambiente, dizendo que queria deixar claro
a importância da RPPN para o município e que a Prefeitura apoia, coloca-se a disposição e
oferece parceria. Depois falou o representante da Fundação Florestal e do Instituto PróTerra, parabenizando os elaboradores do PM pela iniciativa, salientando a importância dos
projetos de recuperação das matas ciliares e conexão dos remanescentes florestais que já
foram e estão sendo realizados no município. Em seguida o coordenador do curso de
Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos da FATEC falou sobre a importância de
trabalhar no âmbito regional e a necessidade da união dos municípios para equilibrar as
bacias hidrográficas, da recuperação das matas ciliares, da proteção das florestas e
mananciais.
86
Gabriel tomou a palavra para sugerir que o Ministério Público (o Promotor foi convidado mas
não pode comparecer à apresentação) seja contatado e informado sobre a importância da
Reserva e o PM, pois a compreensão e o apoio da justiça são fundamentais. O Secretário
Municipal de Esportes manifestou seu respeito e carinho à família Arruda Botelho por ter
mantido preservada esta área de mata. O representante da OAB colocou-se a disposição,
dizendo que a OAB tem grande preocupação pela RPPN, que vale a pena procurar o
Ministério Público e levar o PM da Reserva. Por último uma das proprietárias agradeceu a
Antônio Carlos pelo empenho e dedicação, que tudo o que conseguiu foi com muito esforço,
que os proprietários sempre estarão a disposição e que o apoiam.
Figura 55: Público na Apresentação
Figura 56: Equipe de elaboração do PM
Figura 57: Proprietárias da RPPN, familiares e equipe do PM
87
ANEXO 8 – Planta da fazenda Santo Antônio dos Ipês georreferenciada
88
COMPLEMENTO DO ANEXO 8 – Planta da Fazenda Santo Antônio dos Ipês
RPPN Quinhao F
89
ANEXO 9
Folheto de propaganda do Programa de Educação Ambiental
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA RPPN
RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO
FAZENDO VOCÊ AGIR NO PRESENTE
PENSANDO EM UM MELHOR FUTURO
“CUIDE DESTE MUNDO QUE TAMBÉM É SEU”
Desde 1998 o Projeto Curumim promove programas de educação ambiental para crianças e adultos
priorizando a preservação do meio ambiente e aproximação da vida natural.
As atividades se realizam na Reserva Ecológica Amadeu Botelho, no município de Jaú a 2 km da
cidade.
A Reserva é uma floresta classificada como estacional semidecidual (mata atlântica de interior) com
grande biodiversidade. Conta com mais de 169 espécies de árvores estudadas, 24 mamíferos
conhecidos e 174 espécies de pássaros registrados, além de insetos, répteis e outros representantes
da nossa rica fauna e flora. Para garantir sua preservação foi transformada em Reserva Particular do
Patrimônio Natural ( RPPN ).
Sua área de 190 hectares é circundada por três cursos de água: o rio Jaú, o córrego Santo Antônio e
o córrego João da Velha. No seu interior nascem duas minas de água potável, uma desaguando no
rio Jaú e outra no córrego João da Velha.
Madeiras de “Lei” ainda são encontradas como a peroba rosa, cabreúva, ipê, pau-marfim, cedro-rosa,
jequitibá, araruva, angico, guaritá entre outras.
Oferecemos:


Centro de educação ambiental Curumim, onde temos:
 Exposição de rochas, frutos e sementes.
 Sala de palestras e refeitório para 40 pessoas.
 Banheiros, masculino e feminino.
Trilhas (de 2 km) que foram abertas no começo do século passado para passagem de carroças e
para trazer água até a sede, com árvores centenárias e uma grande biodiversidade de fauna e
flora.
Preços:
Café da manhã = R$12,00
Lanche = R$8,00 por aluno.
Trilhas = até 20 alunos - R$150,00, de 20 a 30 - R$200,00 e de 30 a 40 - R$250,00.
Cortesia para um professor e dois monitores.
90
As atividades na parte da manhã são das 8:00 às 11:00hs, à tarde das 14:00 às 17:00hs.
Todas as visitas são acompanhadas de nossos guias e com agendamento antecipado de uma
semana. Pagamento de 50% do valor com dois dias de antecedência.
Traje obrigatório: camiseta, calça comprida e sapato fechado.
Sugestão: boné, água e filtro solar.
Válido até dezembro de 2012
REGULAMENTOS DA RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO


Pare a condução sempre no estacionamento.
Qualquer caminhada, visita ou passeio só será permitido com agendamento antecipado e a
presença de nossos guias.
 Siga a trilha já existente sem causar distúrbios para os animais, plantas e seus respectivos
habitats.
 Jamais jogue um palito de fósforo ou cigarro no chão pois além de poluir, você poderá causar um
incêndio. Deixe somente pegadas, lixo sempre no lixo. Tire apenas fotografias, nunca tire
“recordações” de ambientes naturais. Respeite a fragilidade da terra. Compreenda que, a não ser
que esteja disposto à ajudar na sua conservação, ela poderá não durar o suficiente para que as
próximas gerações desfrutem dela.
Lembre-se: A natureza é tudo que temos
SP
225
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261
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304
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310
Reserva Ecológica
Amadeu Botelho e
Aldeia Curumim
Estrada Municipal (terra)
200 mts de asfalto
R. Daniel
Feijó
R. Oscar
Rincon
R. Soldado
Penha Araujo
Ponte Córrego
Sto. Antonio
Ginásio Flávio
de Melo
Av.Dr. Quinzinho
Jd. Jorge
Atalla
Na cidade de Jaú a saída é pelo Jardim Jorge
Atalla. Segue estrada de terra(1,8 km), após a
ponte vira à direita,passa porteira e anda 200 m.
Projeto Curumim - Educação Ambiental
Cxp:2565 Cep: 17.201-990 Jaú-SP
Fone/Fax:(014)622-2845 - Cel.9778-4210
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