IV Domingo de Páscoa - 11 de maio de 2014 EU SOU A PORTA

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IV Domingo de Páscoa - 11 de maio de 2014
EU SOU A PORTA DAS OVELHAS – Comentário de Pe. Alberto Maggi OMS ao Evangelho
Jo 10,1-10
Naquele tempo, disse Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das
ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é
o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as
ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas,
caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem
um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Jesus contoulhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou:
“Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram
antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta.
Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem
para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
Por ter aberto os olhos ao cego de nascença (Jo 9,1-41), Jesus foi considerado, pelos chefes
religiosos, como um inimigo de Deus, um pecador. Agora é o próprio Jesus que se dirige
diretamente a eles. Jesus fala aos fariseus no capítulo 10 do Evangelho de João, descrevendo os
pretendidos pastores de Israel com as mesmas características dos lobos. Na verdade, tal como
os lobos, estes pastores são ladrões e assaltantes.
Ladrões: porque tomaram posse do que não é deles, e assaltantes: porque eles usam a
violência para subjugar o povo.
Vamos ver, portanto, com calma, este importante trecho do evangelista João que contém uma
advertência muito severa para aqueles que pretendem ser os pastores do povo.
Jesus afirma claramente que todos aqueles que tinham pretendido ser os chefes do povo são
bandidos - usaram violência - e são ladrões, porque tomaram posse do rebanho que era de
Deus, certamente não deles.
Agora aparece Jesus, o pastor legítimo!
Esse pastor legítimo se identifica como quem “entra pela porta” e “as ovelhas escutam a sua
voz”. Por que ovelhas? O rebanho é imagem do povo. Por que escutam a sua voz? Porque o
povo reconhece, nas palavras de Jesus, a resposta de Deus à necessidade de plenitude de vida
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que cada pessoa carrega dentro de si. Esta é a força da mensagem de Jesus! Quando
escutamos essa voz, percebemos na mensagem de Jesus a resposta à nossa necessidade de
plenitude de vida. Jesus inaugura uma nova relação pessoal com cada um. De fato, “Ele chama
as ovelhas pelo nome e as conduz para fora”.
O termo “conduzir” é o mesmo usado no Antigo Testamento para descrever o Êxodo. O que
Jesus faz é uma libertação: tira as ovelhas da cerca, quer dizer, do átrio da instituição religiosa
judaica, não para prendê-las em outra cerca, mas para dar-lhes plena liberdade. Na verdade, o
evangelista João escreve que Jesus “depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua
frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”.
O que mantém a fidelidade dos seguidores de Jesus é a voz de Jesus que é a resposta às
necessidades humanas. Portanto, Jesus não fecha as ovelhas em outra cerca, mas doa-lhes a
liberdade.
Depois, mais do que uma constatação, parece ser um conselho o que Jesus diz: “elas não
seguem um estranho, antes fogem dele”.
“Fugir”: é este o conselho que Jesus dá. Fugir dos que aparentam serem pastores, mas que, na
realidade, são lobos. E, como tais, só trazem destruição! “Fogem deles”. Por quê? “Porque não
conhecem a voz dos estranhos”. As ovelhas - o rebanho, o povo - conhecem muito bem a voz
de quem as ama, mas não reconhecem a voz daqueles que as querem explorar. São estranhos,
por quê? Porque não ouvem a voz do povo, não ficam perto das ovelhas. Portanto, o povo não
escuta a voz desses estranhos, porque eles não têm nada a lhes dizer.
Pois bem, o evangelista logo faz este comentário: “Jesus contou-lhes esta parábola” - muito,
muito clara e muito severa - “mas eles” - os fariseus - “não entenderam o que ele queria
dizer”. Por que não entenderam? Porque não são ovelhas de Jesus. Eles não têm nenhum
desejo de plenitude de vida. Obviamente, eles não são surdos, mas são teimosos. Eles
entendem que, se acolherem a mensagem de Jesus, devem perder todo o seu poder, seu
prestígio! E, ao invés de dominar, eles devem colocar-se, como Jesus está fazendo, a serviço
dos outros. E isso, as autoridades, os chefes, os fariseus não querem de jeito nenhum.
Eles querem exercer o domínio sobre o povo e não servi-lo. E Jesus, vendo que eles não
entenderam, reivindica, de forma ainda mais gritante e mais clara: “eu sou a porta das
ovelhas”, e afirma: “todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas...”
- eis aqui a constatação - “... as ovelhas não os escutaram”.
O povo pode ser submetido pelo medo, mas não por escolha. O povo pode ser dominado, pode
ser subjugado, mas, quando finalmente ouve a mensagem de liberdade, escuta uma mensagem
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de amor, eis que o povo renasce! Portanto, Jesus garante, aqui, que o povo nunca os escutou.
Eles impuseram a sua mensagem, obrigaram o povo a obedecer, mas não o convenceram.
Ao contrário, Jesus não impõe sua mensagem, exatamente porque a Sua palavra convence. Esta
é a característica que distingue a mensagem que vem de Deus, daquela que não vem de Deus: a
primeira é oferecida, porque é uma mensagem de amor, e amor só pode ser oferecido, nunca
imposto. A mensagem da autoridade religiosa, ao invés, é imposta, ela é uma doutrina que é
imposta. Por quê? Porque os chefes são os primeiros a não acreditar nos benefícios dela!
O que é bom, não tem necessidade de ser imposto!
E Jesus continua, afirmando, mais uma vez, ser a porta, uma porta, porém, que não se fecha.
Diz Jesus: “Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá...”. Jesus não veio para fechar
ninguém numa outra cerca, mas para dar plena liberdade, pois, só onde há plena liberdade há
também a dignidade e a plenitude do ser humano.
E aqui, o evangelista acrescenta: “... e encontrará pastagem”. Ele usa o termo “pastagem”,
que, em grego, é “nomé” que é muito semelhante, porém contraposto a “nómos”, que significa
"lei". Em Jesus, não encontramos uma doutrina que deve ser observada, mas uma “pastagem”,
quer dizer, o amor que alimenta a nossa vida.
E, finalmente, aproximando-se à conclusão, Jesus repete de novo: “O ladrão só vem para
roubar, matar e destruir”. Portanto Jesus associa os pastores aos ladrões, isto é, aos lobos.
Aqueles que aparentam serem pastores e que deveriam defender o rebanho dos lobos, na
realidade são piores do que os lobos, porque o povo tem medo dos lobos, mas dos pastores
tem confiança!
E Jesus conclui: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Os chefes do povo
tomaram posse das pessoas, levando-as à ruína. De fato, são eles que, em nome de Deus, têm
explorado o povo, sacrificando-o às suas próprias ambições, à sua sede de poder, insensíveis
aos sacrifícios que impõem e ao sofrimento que causam.
Mas agora veio Jesus. A Sua mensagem é a resposta de Deus à necessidade de plenitude de
vida que cada pessoa carrega dentro de si. E, quando nós escutamos esta voz, todas as outras
vozes perdem importância!
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