QUESTÃO 1 A Antiguidade Grega usualmente é dividida em três períodos. São eles os (A) períodos Antropológico, Helenístico e Greco-romano. (B) períodos Homérico, Clássico e Helenístico. (C) períodos Cosmológico, Antropológico e Clássico. (D) períodos Arcaico, Alexandrino e Cosmológico. (E) períodos Socrático, Platônico e Alexandrino. Resposta B QUESTÃO 2 Assunto: O milagre grego Leia o seguinte trecho: “Um fator decisivo para a conquista dessa dimensão universal da religião na Grécia foi o caráter antropomórfico dos deuses da natureza física. Não se sabe se o antropomorfismo religioso foi herdado junto com os deuses mais antigos que aparecem na tradição grega ou se foi uma inovação da cultura que os sistematizou. Sabe-se que predominava, entre os remotos aqueus, um politeísmo naturalista, onde já apareciam os nomes de Zeus, Hera, Ares, etc. Esse politeísmo se enriqueceu com novos deuses, provenientes das religiões da Creta minóica, da Ásia anterior à civilização grega, do Egito, das divindades subterrâneas pelasgas, ligadas aos cultos agrários. Um historiador da Grécia antiga, Maurice Croiset, considera duvidoso que, nessa época remota, já fossem os deuses gregos tão nitidamente antropomórficos como mais tarde se revelariam.” (Sônia Viegas, „Escritos: filosofia viva‟, Tessitura, 2009) Por “antropomorfismo religioso”, a autora entende que (A) atribuem-se aos deuses formas de animais ou elementos naturais. (B) atribuem-se aos homens os poderes divinos. (C) atribuem-se aspectos humanos aos deuses. (D) reconhece-se o papel central do homem no entendimento do universo. (E) reconhecem-se os problemas humanos das religiões. Resposta C QUESTÃO 3 Leia o texto a seguir: “A vida humana é o ponto de encontro e de contradição entre a esfera universal dos valores, a que o grego chamará éthos, e a esfera particular da existência, confinada na vida familiar, onde germina o páthos. Ao contrário do éthos, que implica uma ação de valor moral universal, o páthos implica uma ação mergulhada na contingência. Páthos significa sentimento, paixão, sofrimento. Através da linguagem universal da razão, o homem dialoga com todos os homens. Através de seu páthos, permanece incomunicável, mesmo que, a nível familiar, consiga normatizar sua afetividade.” (Sônia Viegas, „Escritos: filosofia viva‟, Tessitura, 2009) A polis (a cidade grega) torna-se – para o homem grego – palco para a conciliação entre páthos e éthos, universal e particular. O trânsito entre estas duas esferas no âmbito da cidade deverá conjugar, portanto: (A) Filosofia x Sofística. (B) Nobreza x Povo. (C) Leis x Desejos. (D) Religião x Ciência. (E) Virtude x Vício. Resposta A QUESTÃO 4 Leia o trecho: “A maior parte dos primeiros filósofos consideravam como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim de dissolvem, enquanto a substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal é, para eles, o elemento (stokheinon), tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal natureza subsistisse sempre... Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando ela a mesma. Quanto ao número e à natureza destes princípios, nem todos dizem o mesmo. ________, o fundador de tal filosofia, diz ser a água [o princípio] (...)”. (“Os Pré-Socráticos”, Editora Nova Cultural, 1999) A passagem destacada é de “Metafísica”, de Aristóteles, e a lacuna pode ser preenchida pelo nome daquele que foi o fundador da tradição filosófica. Assinale a alternativa correta: (A) Anaxágoras de Clazômenas. (B) Empédocles de Agrigento. (C) Heráclito de Éfeso. (D) Parmênides de Eléia. (E) Tales de Mileto. Resposta E QUESTÃO 5 Leia o seguinte texto: “As primeiras cosmogonias filosóficas, propostas pelos milesianos e pelos pitagóricos, podem ser vistas como variações do monismo corporalista: a diversidade das coisas existentes provindo de uma única physis corpórea (seja água, ou ar, ou unidade numérica). Todavia, a própria divergência entre os pensadores – cada qual apontando um tipo de arché e um tipo de processo capaz de transformá-la em tantas e tão diferenciadas coisas – suscitou a necessidade de se investigarem os recursos humanos de conhecimento, buscando-se um caminho de certeza que superasse as opiniões múltiplas e discrepantes. Assim, o binômio unidade/pluralidade deslocou-se da esfera cosmológica para reaparecer sob a forma de oposição entre verdade única e multiplicidade de opiniões.” (José Américo Motta Pessanha, Introdução ao livro “Os Pré-Socráticos” da Editora Nova Cultural, 1999) A physis comumente é traduzida por natureza (daí os primeiros filósofos serem identificados por “filósofos da natureza”). A arché, por seu turno, pode ser traduzida como (A) alma. (B) destino. (C) origem. (D) substância. (E) virtude. Resposta C QUESTÃO 6 Leia o texto: “O objetivo que os Antigos, segundo Aristóteles, seguem em suas tragédias não pode classificar-se nem como superior nem como inferior ao simples objetivo de divertir. Dizer que o teatro surgiu das cerimônias do culto não é diferente do que dizer que o teatro surgiu precisamente por se ter desprendido destas; não adotou a missão dos mistérios, adotou, sim, o prazer do exercício do culto, pura e simplesmente. E a catarse aristotélica, a purificação pelo terror e pela piedade, ou a purificação do terror e da piedade, não é uma ablução realizada simplesmente de uma forma recreativa, é, sim, uma ablução que tem por objetivo o prazer. Quaisquer exigências ou concessões que façamos ao teatro para além disto significam apenas que estamos menosprezando seu objetivo específico.” (Brecht, “Pequeno Organon para o teatro”) Elabore um comentário crítico que relacione a ablução a que se refere Brecht na figura do teatro (que pode ser estendida para outras manifestações culturais, como, por exemplo, o futebol, o vídeo game ou o cinema) e o papel que esta ablução desempenha na constituição de nossas sociedades. Dicionário: ablução = ritos de purificação primariamente relacionados com a religiosidade. QUESTÃO 7 Leia o trecho: “A passagem do mito ao lógos foi por muito tempo entendida como um momento da civilização em que o homem adquiriu uma atividade que lhe permitiu abandonar o mito. E, de repente, percebemos que a maturidade não significa abandonar o mito; a maturidade significa revisitar os mitos, poder revistar os fantasmas.” (Sônia Viegas, „Escritos: filosofia viva‟, Tessitura, 2009) Explique o significado comumente atribuído às palavras „mito‟ e „logos‟ e desenvolva a afirmação presente no trecho: a de que os modelos do „mito‟ e do „logos‟ não se tratam de modelos estanques. QUESTÃO 8 Leia os trechos seguintes: “[Sócrates] tem por tarefa partejar suas almas, como o fazem as parteiras com os corpos das mulheres. Quanto a si próprio, nada procria: „Em mim não há absolutamente produção de saber e a censura que precisamente me fizeram muitas pessoas, de colocar questões aos outros e de nada produzir eu próprio sobre nenhum assunto, por não possuir nenhum saber, é uma censura bem fundada‟.” “”Quanto a Sócrates, parece, nada ganhou também. De fato, cumpriu apenas a tarefa que o interessa e para qual diz ter sido chamado. À opinião não opôs, como um desses sofistas da moda, uma outra opinião. Provou a inanidade de toda atitude mental, de toda conduta fundada sobre a opinião. Colocou em evidência o vazio da opinião. Reduziu-a ao que ela não sabe que é: a expressão do interesse, da paixão e do capricho.” (Ambos os trechos retirados de: Châtelet, “A Filosofia Pagã”, Ed. Jorge Zahar, 1973) À primeira vista os trechos citados parecem entrar em contradição. Não é o caso, no entanto, se levado em consideração o conteúdo principal da aposta filosófica socrática. Relacione ambos os trechos explicando o porquê de sua complementaridade.