Sistemas Elétricos de Potência 5. Análise de Curto-Circuito ou Faltas 5.3 Curto-Circuitos Assimétricos Professor: Dr. Raphael Augusto de Souza Benedito E-mail:[email protected] disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito 5.3.1 Introdução • As faltas assimétricas podem ser ocasionados: – diretamente (francos); – através de impedâncias e fases; – e ainda, fase em aberto. • Como as faltas assimétricas causam a circulação de correntes desequilibradas nos circuitos, utilizaremos o método das componentes simétricas em nossas análises. • Tipos de curtos-circuitos a serem estudados: – – – – Fase-terra (monofásico); Fase-fase (bifásico); Fase-fase-terra (bifásico com contato para terra); Aberturas monopolar e bipolar 5.3.2 Curto-Circuito Fase-Terra • Este é o tipo de falta mais freqüente em sistemas de potência, e ocorre quando há contato entre uma fase e a terra. • O curto-circuito é dito franco (ou metálico) quando não existe a resistência de falta entre a fase e a terra. • Por outro lado, diz-se que o curto apresenta resistência de falta se esta existir no ponto de defeito. Figura 1: Curto-circuito monofásico 5.3.2 Curto-Circuito Fase-Terra • Considerando o curto-circuito monofásico na fase “a” da figura 1, temos as seguintes condições de contorno: I& fb = I& fc = 0 V& fa = Z f ⋅ I& fa (1) ( 2) • Utilizando as condições de contorno e a decomposição em componentes simétricas, obtemos: I&a 0 I& fa 1 I& fa 1 1 1& & 1 2 & I = 1 ⋅ I = α α a1 3 fb 3 I fa 2 I&a 2 1 α α I& fc 0 I& fa (3) 0 V& fa = V&ao + V&a1 + V&a 2 = Z f ⋅ I& fa • Através das expressões acima, concluímos que: 1 I&a 0 = I&a1 = I&a 2 = ⋅ I& fa 3 V& fa = V&a 0 + V&a1 + V&a 2 = Z f ⋅ 3 ⋅ I&a 0 ( 4) (5) ( 6) 5.3.2 Curto-Circuito Fase-Terra • A figura 2, a seguir, ilustra a rede equivalente para a falta monofásica da figura 1: Figura 2: Rede equivalente para falta monofásica • De posse das equações (5) e (6) podemos desenhar o circuito equivalente para a falta monofásica utilizando as componentes simétricas: onde: - VTh é a tensão de Thevènin no ponto F; - ZTh0, ZTh1 e ZTh1 são as impedância equivalentes vistas do ponto F. 5.3.2 Curto-Circuito Fase-Terra Observações: • Normalmente, despreza-se a corrente de carga após a falta, uma vez que sua intensidade é bem menor que a corrente de curto-circuito; • Além disso, por simplificação, considera-se que a tensão equivalente de Thevènin seja igual a tensão de operação (em pu) ou tensão nominal (em pu) antes da falta. 5.3.3 Curto-Circuito Fase-Fase • Este tipo de falta ocorre quando existe contato entre duas fases. Figura 3: Caso geral de Curto-Circuito Fase-Fase • A partir da figura 3, observamos facilmente as seguintes condições de contorno: I& fa = 0 (7) I& fb + I& fc = 0 ou I& fb = − I& fc (8) V& fb − V& fc = Z f ⋅ I& fb (9 ) • Utilizando componentes simétricas, como conseqüência da eq.(7) temos: I& fa = I&a 0 + I&a1 + I&a 2 = 0 I& = −( I& + I& ) a0 a1 a2 (10) (11) 5.3.3 Curto-Circuito Fase-Fase • Também utilizando componentes simétricas e agora a eq. (8), obtemos: I& fb + I& fc = 0 ( I&a 0 + α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a 2 ) + ( I&a 0 + α ⋅ I&a1 + α 2 ⋅ I&a 2 ) = 0 2 ⋅ I& + (α 2 + α ) ⋅ I& + (α + α 2 ) ⋅ I& = 0 a0 a1 a2 (12) 2 ⋅ I&a 0 − ( I&a1 + I&a 2 ) = 0 como I&a 0 = −( I&a1 + I&a 2 ) , e substituindo em (12), temos: 2 ⋅ I&a 0 − ( I&a1 + I&a 2 ) = 0 2 ⋅ I&a 0 + I&a 0 = 3 ⋅ I&a 0 = 0 I& = 0 e I& = − I& a0 a1 a2 (13) • Com isso, concluímos que em faltas bifásicas não existe a componente de seqüência zero, e além disso, as correntes de seqüência direta e inversa são iguais em módulo. 5.3.3 Curto-Circuito Fase-Fase • Desenvolvendo a equação (9), temos: V& fb − V& fc = (V&a 0 + α 2 ⋅ V&a1 + α ⋅ V&a 2 ) − (Va 0 + α ⋅ V&a1 + α 2 ⋅ V&a 2 ) V& fb − V& fc = (α 2 − α ) ⋅ V&a1 + (α − α 2 ) ⋅ V&a 2 = (α 2 − α ) ⋅ (V&a1 − V&a 2 ) V& fb − V& fc = (α 2 − α ) ⋅ (V&a1 − V&a 2 ) = Z f ⋅ I& fb = Z f ⋅ ( I&a 0 + α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a 2 ) V& fb − V& fc = (α 2 − α ) ⋅ (V&a1 − V&a 2 ) = Z f ⋅ (α 2 − α ) ⋅ I&a1 V& fb − V& fc = (V&a1 − V&a 2 ) = Z f ⋅ I&a1 (14) A seguir tem-se uma representação do circuito equivalente para a falta Fase-Fase: 5.3.4 Curto-Circuito Fase-Fase-Terra • Neste tipo de curto-circuito, além de haver contato entre duas fases ocorre também o contato com a terra. Figura 4: Caso geral de Curto-Circuito Fase-Fase-Terra • Para esta falta, as condições de contorno são: I& fa = 0 V& fb = Z f V& = Z fc f (15) ⋅ I& fb + Z G ( I& fb + I& fc ) ⋅ I& + Z ( I& + I& ) fc G fb fc (16) (17) • Utilizando componentes simétricas para decompor a eq. (15), temos: I& fa = I&a 0 + I&a1 + I&a 2 = 0 (18) 1 I&a 0 = −( I&a1 + I&a 2 ) = ( I& fb + I& fc ) 3 (19) 5.3.4 Curto-Circuito Fase-Fase-Terra • A equação (19) ainda pode ser escrita como: I& fb + I& fc = 3 ⋅ I&a 0 ( 20) • Substituindo (20) nas equações (16) e (17) e, após isso, decompondo em componentes simétricas, temos: ( ⋅ (I& ) )+ Z V& fb = Z f ⋅ I& fb + Z G (3 ⋅ I&a0 ) = Z f ⋅ I&a0 + α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a2 + Z G (3 ⋅ I&a0 ) V& fc = Z f ⋅ I& fc + Z G (3 ⋅ I&a0 ) = Z f 2 & & a0 + α ⋅ I a1 + α ⋅ I a 2 & G (3 ⋅ I a0 ) (21) • Calculando agora a diferença entre as equações de Vfb e Vfc, obtemos: V& fb − V& fc = Z f ⋅ (α 2 − α ) ⋅ ( I&a1 − I&a 2 ) V& fb − V& fc = (α 2 − α ) ⋅ (V&a1 − V&a 2 ) = Z f ⋅ (α 2 − α ) ⋅ ( I&a1 − I&a 2 ) ( 22) logo: (V&a1 − V&a 2 ) = Z f ⋅ ( I&a1 − I&a 2 ) V&a1 − Z f ⋅ I&a1 + Z f ⋅ I&a 2 = V&a 2 ( 23) 5.3.4 Curto-Circuito Fase-Fase-Terra • Reescrevendo o lado esquerdo da equação (21) de em termos de componentes simétricas, e substituindo a equação (23) nessa equação, temos: ( ) V& fb = Z f ⋅ I&a 0 + α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a 2 + Z G (3 ⋅ I&a 0 ) ( ) (V&a 0 + α 2 ⋅ V&a1 + α ⋅ V&a 2 ) = Z f ⋅ α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a 2 + ( Z f + 3 ⋅ Z G ) ⋅ I&a 0 ( ( 24) ) (V&a 0 + α 2 ⋅ V&a1 + α ⋅ (V&a1 − Z f ⋅ I&a1 + Z f ⋅ I&a 2 )) = Z f ⋅ α 2 ⋅ I&a1 + α ⋅ I&a 2 + ( Z f + 3 ⋅ Z G ) ⋅ I&a 0 • Isolando os elementos de seqüência nula à esquerda da equação, e os elementos de seqüência positiva à direita, obtemos: V&a 0 − ( Z f + 3 ⋅ Z G ) ⋅ I&a 0 = V&a1 − Z f ⋅ I&a1 ( 25) 5.3.4 Curto-Circuito Fase-Fase-Terra • A partir das equações (18), (23) e (25), podemos desenhar o circuito equivalente para falta Fase-Fase-Terra: Referências Bibliográficas [1] STEVENSON, W. D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. 2ª ed. Editora MacGraw-Hill do Brasil. São Paulo.1986. [2] ZANETTA Jr., LUIZ CERA. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência. 1ª. Edição; Editora Livraria da Física, São Paulo, 2005.