BOLETIM UNIVErSITÁRIO Nº 01 - DEZEMBRO - 2010 ::::: “sciat ut serviat” BOAS VINDAS Olá pessoal! Que bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo. Em geral, no início de um novo ano nos reabastecemos de alegria e entusiasmo para os desafios que estão por vir. Acolhemos especialmente você universitário que está chegando agora, sem nos esquecermos dos veteranos, pois queremos, juntos, construir uma relação de amizade durante o corrente ano letivo. Para os que chegam tudo será novidade e a novidade sugere lançar-se no desconhecido da vida, o que é muito bom. Aliás o período acadêmico e a juventude são uma excelente fase da vida. O Boletim Universitário quer ajudá-lo (a) nesse período formativo. A formação, o sabemos, para ser verdadeira, precisa ser integral e nem sempre isso acontece. bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo. Em geral, no início de um no BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo. Em geral, no início de um no Focalizaremos não tanto o conhecimento científico, mas, primordialmente, qual deve ser nosso comportamento de pessoas humanas, que querem se realizar e se colocar, através dos conhecimentos científicos, a serviço da sociedade para criar um mundo novo, mais humano. A descoberta e o aprofundamento dos verdadeiros valores, inerentes à pessoa humana, são o nosso objetivo. Pensamos que esse seja também o desejo de todos. Nossa finalidade é exatamente esta: “SCIAT UT SERVIAT”, APRENDA PARA SERVIR”! Esperamos tê-lo como nosso leitor e amigo. :::Mercedes dos S. Rosa Graduada em História e Direito. bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo. Em geral, no início de um no bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo. Em geral, no início de um no EDITORIAL N esta edição é com imensa alegria que o Boletim dá as boas vindas a todos vocês universitários, veteranos e calouros, pofessores e funcionários. Deus os abençoe e lhes permita alcançar tudo o que de bom o vosso coração deseja. O Boletim quer colaborar para que os novos conhecimentos que serão proporcionados e adquiridos sejam acompanhados por uma visão integral da verdade e por um imenso desejo de colocá-los a serviço de quantos não têm a oportunidade de tê-los. E é neste ensejo que este número aprenta diversos artigos osbre assuntos interessantes que vale a pena ler e discutir. O primeiro: a universidade, é uma apresentação das origens da universidade no oriente e no ocidente. Ele nos permite compreender como, no início, ela era uma procura e transmissão do conhecimento total. A formação científica completava a humana e teológica. O segundo: a pessoa humana, coloca-nos diante da nossa identidade: quem somos e por que vivemos. Aborda a origem da vida, a existência de Deus, a essência do ser humano, o porquê de sua existência, individual e social, e aponta o cminho de sua plena realização ou felicidade. O terceiro: o cientificismo. Na nossa civilização pósmoderna, de grande progresso científico e tecnlógico, está se absolutizando a pesquisa científica. Além da matéria, no entanto, existe a realidade espiritual ou racional que foge ao seu alcance. Não podemos, pois, nos limitar à verdade da ciência. Ela não completa o ser humano. Quarto: a liberdade religiosa, que é o coração de toda liberdade e a raiz dos direitos e deveres que devem nortear nossas vidas. Ela é fundamental para a pessoa encontrar e vivenciar as respostas sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos. Quinto: a espiritualidade da comunhão. O ser humano é essencialmente social. Possui em si uma necessidade inalienável de convivência com os outros e com Deus. Convive com Deus quando vive em comunhão com os outros. Vamos formar uma “universidade de comunhão”! EXPEDIENTE E-MAIL: [email protected] Colaboradores: Arquidiocese de Londrina Paróquia Sagrados Corações. Diagramação: Kreativ FOCALIZANDO A CULTURA UNIVERSITAS (Universidade) Conceituação No início, a “Universitas” (Universidade), significava “um grupo de pessoas”, formado por mestres e discípulos, que se reuniam para a contemplação, investigação e ensino da verdade, embora ainda não fossem profissionais. Denominação No início do século XIII, o termo designativo de Universidade era “Studium” e “Studium generale”, que surgiu das escolas episcopais e que podia abranger uma ou mais “Universitas” (grupo de pessoas), constituída ou só de alunos, ou só de mestres, ou dos dois conjuntamente. A “Universitas” é, assim, parte do “Studium generale”. Mas, com o correr do tempo, o “Studium generale”, começou a denominar-se “Universitas”, até ser substituído por completo por essa nova denominação. Origem A Universidade veio nascendo aos poucos, através dos tempos. Encontramos raízes dessa Instituição na Academia de Platão e no Liceu de Aristóteles, onde havia convívio entre mestres e discípulos. Temos uma preparação bem próxima, em sentido estrito, no Museu de Alexandria, instituição científica criada pelo rei, e, finalmente, nos “Studia generalia”, especialmente do século XIII. Podemos considerar primeira Universidade a de Constantinopla, criada por Teodósio II, no ano 425. Pode ser considerada Universidade porque nela se preenchiam os seguintes requisitos: 1º- estudavam-se a Filosofia, as Ciências e as Letras; 2º- freqüentavam-na professores e alunos de várias regiões; 3º- criouse por meio de um decreto imperial; 4º- voltava-se para a investigação e a docência. Em seguida vem a Universidade de Al-Azhar (mesquita), no Cairo, no ano 988. Como podemos notar, o movimento universitário, como a cultura, veio do Oriente. Só no século XII, e especialmente no século XIII, temos no Ocidente o nascimento das Universidades medievais, que se tornaram modelo para as Universidades de todo o mundo ocidental e oriental. No Ocidente o primeiro centro de cultura superior é o de Salerno (cerca de 1150), no sul da Itália, ponto intermediário entre o Oriente e o Ocidente, entre a cultura árabe e a ocidental. Essa escola devido a seu regionalismo e maneira de recrutar os alunos,não é considerada Universidade; é mais uma faculdade de Medicina. Cronologicamente falando, a primeira Universidade de Europa é a de Bolonha (1158), célebre pela faculdade de Direito, e por ter servido de modelo para a Universidade de Coimbra, a que mais exerceu influência na história do Brasil. A maior Universidade dos tempos antigos e o modelo seguido pela maioria das Universidades européias e do mundo, e, por certo, a Universidade de maior projeção na história da civilização, é, no entanto, a de Paris (1180), famosa pela Faculdade de Teologia. Compunha-a a faculdade de Teologia e a Faculdade das Artes. A investigação era fundamental na Universidade de Paris, como se vê pelos trabalhos de Tomás de Aquino e de São Boaventura. A corporação compreendia mestres e alunos. A direção competia aos professores. Métodos novos foram inaugurados Estudantes pobres eram auxiliados com bolsas, daí nascendo o “Hospitium”, isto é, o Internato de Sobon, de onde se originou Sorbonne, outra denominação da Universidade de Paris. Assim, a Universidade teve como berço Constantinopla e o Cairo, no Oriente; Bolonha e Paris, no Ocidente. BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 Conteúdo ontem O fundamento e o centro da Universidade sempre foram a Faculdade de Filosofia, a ponto de não ser nem mesmo mencionada entre as faculdades. É como se se quisesse, entre as qualidades de uma criança,insistir em que ela é normal; significaria supor algo de anormal na criança. Isso devido ao espírito de pesquisa e investigação que a caracteriza. A Filosofia fazia parte da Faculdade das Artes, que era comum, básica e precedente a todas as outras. Era o coração e o centro da Universidade. Por isso, de início, a Universidade de Paris, como a de AL- Azhar, não tinham faculdade de Filosofia. Posteriormente, da Faculdade das Artes, que compreendia o “Trivium”, o “Quadrivium” e a Filosofia, nasce a Faculdade de Filosofia. Esta separação, porém, impedirá a Filosofia de permanecer a alma da Universidade, a ponto de, hoje, muitas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras estarem sem o curso de Filosofia ou até sem nem sequer uma simples cadeira de Filosofia. Foi especialmente o aparecimento das ciências experimentais que a marginalizou. A Filosofia, palavra atribuída a Pitágoras e que etimologicamente significa “amor à sabedoria”, desde os tempos gregos até a Idade Média era ciência universal. Abarcava todo conjunto de conhecimentos que hoje agrupamos sob os nomes de Ciência, de Arte e de Filosofia. A partir da Idade Média, as Artes, e logo as Ciências da Natureza, se destacaram pouco a pouco da Filosofia e conquistaram sua autonomia. Assim tivemos dois gêneros de conhecimento aos quais chamamos de científicos e de filosóficos. O objeto da Ciência e da Filosofia permanece o mesmo: o mundo e o homem. Mas, cada disciplina estuda esse objeto comum sob um aspecto diferente (objeto formal)). A Universidde é o aprofundamento do conhecimento universal, isto é, das coisas, do homem e de Deus. Esse aprendizado deve levar a um comportamento de respeito e de fraternidade para com os outros e a um progresso econômico individual, familiar e social. O conhecimento científico deve caminhar junto com a formação humana e espirital. A Ciência procura conhecer a estrutura e as leis dos fenômenos; a Filosofia quer conhecer a natureza profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins derradeiros; visa ao conhecimento que ultrapassa a experiência sensível (ou os fenômenos) e que é acessível somente à razão. Conteúdo hoje No entanto, esse dúplice conhecimento da realidade, que é a verdade plena das coisas, e que havia desde o início na Universidade, hoje, em geral, é reduzido apenas ao conhecimento científico. O conhecimento do ente que a Ciência nos dá é parcial, seja porque é circunscrito dentro de um horizonte particular de cada disciplina, seja porque se reduz à pesquisa empírica e, por isso, limitada dos fenômenos, abandonando a atitude metafísica em face deles. Temos o conhecimento total da realidade só quando o estudo vai além do ponto de vista parcial das Ciências, abrangendo o “ponto de vista” da totalidade, que nos dá o valor das coisas, que lhes advém pela ordenação em relação ao homem, referencial último da criação. Assim a Universidade, desde quando deixou de ser procura e transmissão do conhecimento total, isto é, científico e filosófico, como era no início – embora no começo não houvesse uma investigação científica tal qual a de hoje, por falta de instrumentos e métodos, iniciados por Francisco Bacon e continuados especialmente pelas descobertas nascidas das ciências físico- matemáticas, praticadas, com progresso sempre maior, desde Newton – ela deixou de ser Universidade, no sentido genuíno das origens. (Continua no próximo número...) :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia em Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo ESTABELECER CONTATO É PRECISO Até os seres considerados inanimados estabelecem contatos. Por exemplo, a pedrinha no leito de um rio, impulsionada pela força invencível da água corrente, vai rolando, rolando até encontrar uma pedra maior. Ali, em diálogo com o ser maior do que ela, absolutamente maior, estabelece quase que um eterno contato. Ali ela para, ali ela medita, isto é, aciona a sua mente, ali ela descansa, ali ela contempla, ali ela se imbui de tantas possibilidades, sentindo que, embora uma força contínua a empurre, estará segura por um bom tempo. Vez por outra, a pedrinha que estabeleceu contato percebe a visita de um pequeno peixe entre ela e a pedra maior com a qual ela estabeleceu contato: seu suporte de segurança. Com certeza ela pensa: “Oba! Está sendo útil o meu contato, alguém se abriga sob nós”. A sua temporada nesse espaço possibilita criar um pouquinho de lodo e aí abrigar cada vez mais outros peixinhos, “pois a pedra que muito rola não cria lodo”, isto é, não abriga peixes “forasteiros” 1. O que seria dos peixinhos sem as paradas préestabelecidas pelo cardume, se não houvesse um pequeno entretenimento durante a sua jornada? E nós, que também fomos “pescados”, como quebrar a monotonia? A mesmice? A rotina? O “corriqueirismo”? Por isso, afirmamos: ESTABELECER CONTATO É PRECISO. 1. O Grande Templo em Jerusalém era todo ele forrado para suas liturgias (não sei de qual religião), mas quem não era “batizado”, iniciado, não podia entrar, era forasteiro. Isto é, pessoa fora da esteira, que não tinha o mínimo de conhecimento, “estava por fora” da referida situação, sem a merecida dignidade para usufruir daquela prerrogativa. Pe. Euripes Alves de Oliveira (Pe. Tio) BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 amor, a pessoa humana, por ter, além do corpo, inteligência e vontade, participa da natureza de Deus, daquilo que Ele é. Como Deus, ela pensa e quer. Quer dizer, ela tem algo de divino em si: a inteligência (capacidade de pensar) e a vontade (capacidade de querer). Isso lhe confere uma dignidade não somente superior à dos demais seres terrestres, mas também divina, que merece todo respeito. Ela foi criada a “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26-27). A PESSOA HUMANA Quem somos? Por que vivemos? De onde vem a vida? Quem é Deus? Poucas pessoas têm o hábito de refletir sobre si mesmas. A maioria aceita o que é, como pessoa, simplesmente como um fato consumado, sem se perguntar de onde vem, por que existe e para onde vai. Os materialistas - entre os quais lembremos Karl Marx, na sua obra: Economie e Philosofie, em Oeuvres Philosophiques, Ed. Costes, IV p.38, e o astrofísico inglês Stephen Hawking, em seu último livro: The Grand Design - afirmam que a “criação, a vida, provém de uma geração espontânea do nada”. Dado que a vida é o único verdadeiro bem que existe e que todo mundo quer – o resto é querido só em função da vida – Deus, por ser quem pensa e quer a vida, é aquele que pensa e quer o bem, isto é, que ama. Eis por que São João, o evangelista, diz que DEUS É AMOR (1Jo 4,8,16). Com efeito, o que é amar senão pensar e querer o bem, isto é, tudo aquilo de que alguém precisa para ter vida e tê-la cada vez mais plenamente? Quando o indivíduo é ainda criança, não tem capacidade de questionar-se; mais tarde, porém, começa a ter sonhos que tenta realizar: estudar, namorar, procurar um trabalho ou uma profissão, casar, ter filhos, viver pelo menos em condições decentes, tendo um mínimo de bem-estar, de conforto e de prazer. A vida, porém, vai passando... Chega a velhice, e então, queira ou não, irrompe nele uma interrogação: “E agora o que vai acontecer comigo?”. E essa pergunta é o grande drama existencial das pessoas, às vezes, até das que são religiosas. Quem é a pessoa humana? Parece incrível que a mente humana possa ter expressões tão irracionais como essas! A geração espontânea do nada é ilógica, porque todo mundo entende que do nada não pode provir nada. Os elementos fundamentais da vida - se não quisermos cair na irracionalidade acima ou no círculo vicioso de uma origem que pressuporia outras sem fim - devem provir necessariamente de um PRINCÍPIO DE VIDA, perfeito e, por isso, eterno, isto é, sem princípio e sem fim, que todos os povos, de uma forma ou de outra, chamam de DEUS. Hoje não somente é bom, mas necessário fazerse essa pergunta porque a esse respeito existem tantas opiniões erradas, que, se as seguirmos, não alcançaremos a nossa realização, que é a felicidade, que todos nós queremos. Este princípio vital, sendo a vida tão variada, complexa e perfeita, deve ser INTELIGÊNCIA que a pensa em toda a sua variedade, complexidade e perfeição, e VONTADE, que a quer, criando-a. Quer dizer, este Princípio da vida, ou Deus, é aquele que, por sua natureza, pensa e quer a vida. Para descobrirmos a verdade sobre a pessoa humana, devemos responder a outra pergunta mais geral, que a precede. Desse pressuposto, derivam conseqüências fundamentais, inclusive a resposta à nossa pergunta inicial sobre a pessoa humana. Ela é, pois, de um lado, o ápice da criação da qual temos experiência. Resume a voz da criação. Tudo: as coisas e os animais existem e adquirem valor em função dela. É fim, nunca meio. O próprio nome de “pessoa” lhe é dado porque ela é o que há de mais sublime, importante e perfeito no mundo. Com efeito, o termo “pessoa” era a máscara que os atores das tragédias gregas usavam para representar os heróis da pátria, ou os deuses. De outro lado, a dignidade divina de pessoa humana - seja qual for a sua condição social, a sua cor, a sua raça e o seu comportamento - deve garantir o máximo respeito para com ela. É algo sagrado. Respeitar a pessoa é respeitar a Deus; desrespeitá-la é desrespeitar a Deus. Eis por que São João evangelista, discípulo de Cristo, nos diz que a única maneira de amar a Deus é amar a pessoa humana (1Jo 4,20). Constatemos o quanto a Bíblia, no Salmo 8, exalta a dignidade do homem, imagem de Deus: “Quando vejo o céu, obra de tuas mãos, Esta realidade de DEUS AMOR deve-nos encher de alegria e nos dar muita confiança, porque significa que Ele quer a nossa vida e a quer cada vez mais saudável, bem sucedida e, um dia, plenamente feliz. Para isso está sempre ao nosso lado, nunca nos abandona, nem sequer nos momentos mais difíceis e tristes, transformando em bem o mal que nos acontece. Como é bom saber tudo isso e como nos sustenta nas horas atribuladas da vida! a lua e as estrelas que criaste, Naturalmente isso requer que nós estejamos abertos a Ele. Nunca nos molhamos se ficarmos sob guarda-chuva! Hoje, influenciados seja pelo materialismo como pela ideologia da NEW AGE, que tem como base o biologismo absoluto, a pessoa humana não passa de matéria, e por isso é equiparada em valor, dignidade e direitos aos demais seres viventes. Isso explica a violência contra ela, os excessos do ecologismo e esclarece por que alguns animais são muito mais bem cuidados e alimentados que milhões de crianças. Valor da pessoa humana Se Deus, o princípio da vida, é a “Inteligência” que pensa a vida e a “Vontade” que a quer e, por isso, é BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 o que é o homem para dele te lembrares, o ser humano, para o visitares? Fizeste-o pouco menos do que um deus coroando-o de glória e beleza. Tu o colocaste à frente das obras de tuas mãos tudo puseste sob os seus pés: Ovelhas e bois....”. BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 Aqui poderíamos nos perguntar também: o que é o pecado? O pecado é ofensa a Deus, porque consiste em ofender, diminuir a pessoa humana. A maneira melhor de respeitar os outros é nunca fazer para eles o que não queremos para nós (Tb 4,5). Não devemos valorizar as pessoas somente por afeto, simpatia ou por algum interesse, mas, em primeiro lugar, por serem pessoas, algo de divino, presença visível de Deus, embora, às vezes, desfigurada ou irreconhecível. Por que vivemos? Deus, dizíamos, é a inteligência que pensa e quer a vida, o bem, quer dizer, o AMOR. A sua essência consiste em pensar e querer a vida, em amar. O homem, por sua vez, foi criado à imagem dele, isto é, com a inteligência para pensar a vida e com vontade para querê-la. Afinal, para amar. A finalidade, da vida do homem é, pois, cultivar a vida, sua e dos outros, amar. A pereira existe para produzir peras, o homem existe para amar. Está inscrito na sua genética espiritual: inteligência e vontade, na sua racionalidade. A pereira, plantada no campo, tem sentido se produzir as peras. Se não der fruto, será cortada. A pessoa humana, também, tem sentido para si e para os outros, isto é, realiza-se, na medida em que amar. O seu maior anseio é ser feliz. Conseguirá a sua felicidade e ajudará os outros a realizá-la, se fizer de sua vida uma contínuo ato de amor, de serviço. Perguntemo-nos, então: também para nós a vida consiste em amar? Lembremos: A pessoa humana foi criada pelo AMOR (Deus), para viver no AMOR e, assim, ser eternamente feliz no AMOR (em DEUS). O que é amar? (Continua no próximo número) :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia em Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo A pessoa humana, imagem de Deus, é chamada a viver de maneira humana a vida de amor dele. Participa da dignidade divina. É sempre fim, nunca meio. Encontra a sua plena realização no respeito e no amor ao outro. FIQUE POR DENTRO 1. CARNAVAL 2011 Encontro para universitários em Campos do Jordão- SP. PARTICIPE! Serão dias de oração e vivência num local maravilhoso, o Recanto Oásis. INFORMAÇÕES: [email protected] Fones (12) 36623914 - (18)3 3227548 2. CAFÉ UNIVERSITÁRIO Participe de nossas palestras mensais sobre temas relativos à pessoa humana e seus valores. Local: Capela Ecumênica da UEL 3. REUNIÃO OÁSIS Realizam-se uma vez por mês. Procuramos adquirir formação e trocar experiências de vida. Informe-se pelo fone (43) 99341994 ou e-mail [email protected] ACESSE NOSSO BLOG: valoresecultura.blogspot.com CARTA AOS UNIVERSITÁRIOS (CIENTIFCISMO) Quem lhes escreve é um sacerdote católico que trabalha como voluntário no meio dos universitários para ajudá-los a ter um conhecimento completo da verdade. Gostaria, pois, de ter como leitor todo aluno universitário, seja qual for o seu pensamento, a sua filosofia de vida, porque o nosso assunto é a VERDADE. E isso porque a realização da pessoa humana e, conseqüentemente, de cada um de nós, está no conhecimento da verdade e na sua vivência. A verdade, com efeito, é a luz da existência humana; sem ela a pessoa anda sem rumo na vida. A Universidade nasceu especificamente para isso. Mas, perguntemo-nos: hoje, ela continua nesse objetivo? Tudo o que existe, de uma forma ou outra, está interligado. O que nos mostra que tudo provém de uma única Sabedoria criadora, que chamamos de DEUS. A verdade, pois, deve ser procurada em relação a tudo, sem preconceitos, reducionismos e incansavelmente. Não podemos reduzir a sua procura somente ao conhecimento da realidade material; devemos estendê-la também à realidade espiritual do homem. De fato, ele não é simples animal, unicamente matéria, é também, e em primeiro lugar, espírito: animal racional. É o espírito que governa a matéria. A matéria é a revelação do espírito. Quem dirige o nosso agir? Quem manipula a matéria? Também os métodos de pesquisa não podem ser limitados diante de realidades de níveis diversos. Devemos abrir os horizontes do conhecimento em relação às realidades e aos métodos. As Universidades reduzem o ensino à ciência, que diz respeito à realidade material, cujo método é a pesquisa científica. Por que não estender o ensino também à realidade espiritual - que nos apresenta a verdade sobre Deus, sobre a origem, a natureza e a finalidade do homem, e sobre o sentido das coisas – uma vez que é o espírito, ou a razão, a guiar a pessoa? Se isso acontecesse, tenho certeza de que a vida humana seria mais racional, mais humana, mais linda, mais gostosa; no mundo haveria mais bem-estar para todos e, conseqüentemente, paz e condições de realização. O que está impedindo essa extensão de ensino para as coisas do espírito? A resposta é simples: na nossa sociedade consumista existe um secularismo ateu que, no campo científico, se manifesta através do CIENTIFICISMO. O que é? É uma concepção filosófica que se recusa a admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são próprias das ciências positivas, relegando para o âmbito da pura imaginação tanto o conhecimento do espírito - religioso e teológico - como o saber ético e estético. Podemos reduzir assim as teses dessa corrente de pensamento: Primeira tese: A ciência, particularmente a cosmologia, a física e a biologia, são a única forma objetiva e séria de conhecimento da realidade. “As sociedades modernas, escreveu Monod, estão construídas sobre a ciência. Devem a ela sua riqueza, sua potência e a certeza de que a riqueza e o poder ainda serão maiores e mais acessíveis amanhã ao homem, se ele o quiser... Equipadas com todo poder, dotadas de toda riqueza que a ciência oferece, nossas sociedades ainda tentam viver e ensinar sistemas de valores, já prejudicados pela mesma ciência subjacente” (J.Monod, Il caso e La necessità, Mondadori, Milano 2002, p.443). Segunda tese: Esta forma de conhecimento é incompatível com a fé, a qual se baseia em pressupostos que não são nem demonstráveis nem refutáveis. O ateu militante R.Dawkins chega a ponto de chamar de “analfabetos” os cientistas que se dizem crentes, esquecendo-se de tantos cientistas mais famosos do que ele que já se declararam e continuam declarando-se crentes. Terceira tese: A ciência já demonstrou a falsidade ou, pelo menos, a inutilidade da hipótese de Deus. O astrofísico inglês Stephen Hawking, no seu último livro, The Grand Design, sustenta, ao contrário do que havia escrito anteriormente, que o conhecimento advindo da física torna desnecessário acreditar numa divindade criadora do universo: “a criação espontânea é a razão pela qual as coisas existem”. Na realidade, ele retoma Karl Marx - que dizia que as coisas provém de uma geração espontânea do nada. Mas, do nada pode provir o quê? Nada. Negar essa evidência é uma atitude irracional. Quarta tese: Quase a totalidade ou a grande maioria dos cientistas são ateus. Como se a quantidade fosse uma argumentação racional da verdade! Todos esses argumentos se revelam falsos, não somente do ponto de vista do raciocínio a priori ou da argumentação teológica da fé, mas da própria análise dos resultados da ciência e das opiniões de vários cientistas do passado e do presente. O cientista Max Planck, o pai da física quântica, diz sobre a ciência aquilo que Agostinho, Tomás de Aquino, Pascal, Kierkegaard e outros já tinham afirmado sobre a razão: “a ciência leva a um ponto, além dele não pode mais dirigir” (M.Planck, O conhecimento do mundo físico (cit. por timossi. op.ct. p.160). Para a refutação das teses anunciadas, não vou repetir os argumentos já apresentados por cientistas e filósofos competentes. Cito, por exemplo, a crítica pontual de Roberto Timossi, no livro L’illusione dell’ateismo. Perché la scienza non nega Dio (A ilusão do ateísmo. Por que a ciência não nega Deus). Limito-me a uma simples observação elementar através de um exemplo que tiro do Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da casa pontifícia, em cujos ensinamentos é inspirado este artigo. “Existem certas aves noturnas, como a coruja, por exemplo, cujos olhos são feitos para ver no escuro da noite. A luz do sol as cega. Esses pássaros sabem tudo e se movem com agilidade no mundo noturno, mas não são ninguém no mundo diurno. Vamos adotar, por um momento, o tipo de fábulas nas quais os animais falam uns com os outros. Suponha que uma águia faça amizade com uma família de corujas e converse com elas sobre o sol, enaltecendo seus benefícios: como ele ilumina tudo, como, sem ele, tudo iria mergulhar no escuro e no frio, como seu próprio mundo noturno não existiria sem o sol. O que diria a coruja? -Você mente! Nunca vi o seu sol. Movemo-nos muito bem e conseguimos alimento sem ele. Seu sol é uma hipótese inútil, não existe. É exatamente isso que faz o cientista ateu quando diz: “Deus não existe”. Julga um mundo que não conhece, aplica suas leis a um objeto que está fora do seu alcance. Para ver Deus é necessário adotar uma perspectiva diferente, aventurar-se fora da noite. Nesse sentido, ainda é válida a antiga afirmação do salmista: “Diz o insensato: Deus não existe”. :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia em Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 ESPIRITUALIDADE DE COMUNHÃO A vida da Igreja nasceu da descida do Espírito Santo. Na Igreja nascente (dos primeiros cristãos) ela se caracterizava pela perseverança nos ensinamentos dos apóstolos (didaché apostólica), na fração do pão (Eucaristia), na oração e pela comunhão dos bens. Quer dizer, consistia numa Koinonìa, uma comunhão de bens espirituais e materiais que, desde então, confere à Igreja o vulto da comunhão. (Jo 14,6), pelo seu Espírito que é “o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher”(Jo 14,17), porque a mentalidade do mundo, no seu materialismo exclusivo, está totalmente imersa em desejos (concupiscências) desordenados – como o orgulho, a riqueza desmedida, a satisfação lícita e ilícita da carne, a ambição do poder e a vaidade. Essas paixões são ilusões, caminhos falsos de realização da pessoa. Esse modo de ser manifesta o mistério da comunhão trinitária, isto é, da vida trinitária, que é vida de amor, e da qual o cristão participa pela sua união no Corpo de Cristo através do Batismo. Com efeito, no Batismo, o cristão é enxertado em Cristo e, conseqüentemente - como um galho enxertado numa planta ou um membro numa pessoa - passa a viver a mesma vida divina dele, que é a da Trindade: vida de amor perfeito e de união entre as três pessoas divinas, e também para com as criaturas, especialmente as que foram criadas semelhantes a Ele, como o homem sobre a terra. Devemos viver no amor em relação a Deus, em relação aos outros e no respeito à natureza enquanto está a serviço da vida humana. Amamos a Deus, amando a nós mesmos e aos outros. “Mentiroso é aquele”, nos diz São João Evangelista, “que diz de amar a Deus, que não vê, e não ama o seu próximo, a quem vê” (1Jo 4,20). Amamos o Pai amando os filhos! Eis por que o mesmo Jesus, Deus feito homem, pedenos para sermos um com os outros, assim como o Pai e o Filho são um (Jo 17,11). No entanto, devemos nos perguntar: os cristãos têm consciência desta necessidade radical de viver a própria vida e a vida eclesial em comunhão com Deus e entre si? Viver em comunhão com Deus significa viver na verdade (no seu Pensamento, que é o Filho) e no seu amor (que é o Espírito Santo). Quer dizer, nossa existência humana - em tudo o que pensamos e fazemos, nos acontecimentos bons e tristes e nas diversas circunstâncias da vida - deve orientar-se sempre pela verdade e pelo amor de Deus. Devemos viver na verdade em relação a Deus, em relação às pessoas e em relação às coisas. Deixar-se guiar por ela significa deixar-se guiar por Cristo, pelo pensamento dele que é a Verdade: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 Amar os outros, ou viver em comunhão com eles - que, além de serem filhos de Deus, são também membros de Cristo ou são chamados a sê-lo, posto que Jesus morreu na cruz por todos - significa sentir o outro como um irmão com o qual deve haver conhecimento recíproco e partilha. Para o cristão, com efeito, o outro não é o “inferno” – como afirmava Jean-Paul Sartre - mas é um dom de Deus, “dom para mim”; é o que me falta e que me revela a minha insuficiência. Não é possível ser cristão se não se promove a unidade nem se faz tudo o que é possível para a comunhão com os outros. Quem age e vive em comunhão com Cristo, com a Santíssima Trindade, não pode, ao mesmo tempo, não agir e não viver em comunhão com os seus irmãos, membros do mesmo corpo. Essa comunhão com os outros é, em primeiro lugar, respeito acima e além de tudo, mesmo diante da maldade do outro; é justiça para com o outro; é perdão: devemos lutar contra o mal e não contra o pecador; é ajuda aos outros: ajuda espiritual, física e material; é procura da paz; enfim é rezar um pelo outros, querendo Deus é comunhão: três pessoas que vivem em perfeita unidade de amor. As pessoas humanas, criadas à “imagem dele” também são chamadas a viver amandose umas as outras. Nesse amor alcançarão a paz nessa vida e a felicidade eterna na outra. Amemo-nos! caminhar juntos, como irmãos, na vida, rumo à eterna realização. Lembremos o mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,14). A medida que Ele nos propõe é dar a vida pelo outro, como ele fez morrendo na cruz por nós. A Universidade é o espaço e a fase propícia ao encontro entre jovens, cheios de vida, de entusiasmo e de futuro. É a oportunidade única para fazer esta experiência de espiritualidade da comunhão em Cristo Jesus, com Deus e com os colegas, professores, funcionários e a sociedade toda. Unamo-nos, por exemplo, para a realização de algum projeto de promoção material, física e espiritual, que possa se tornar uma “Universidade de comunhão” para todos. Não cruzemos os braços diante de uma sociedade que sofre e que nos estende as mãos pedindo ajuda! Sejamos a esperança de um mundo melhor! Para isso, convido os que podem, querem e sonham com uma humanidade nova, para um Encontro com Cristo, no Carnaval, em Campos do Jordão – SP, num lugar simples, mas realmente divino: o “Centro Oásis de Valores e de Espiritualidade”. Nesse Encontro refletiremos com Cristo sobre esse projeto. Realizar-se-á nos dias 05 a 08 de março de 2011. A estada completa é de apenas R$ 280,00. Para a inscrição, comunique-se pelo e-mail: [email protected] Veja também o site: www.oasiscentrodevalores. com :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia em Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo LIBERDADE RELIGIOSA (Estado laico, mas não ateu) A Liberdade da pessoa humana é um dos pilares fundamentais da sua dignidade. Sem ela, o ser humano é violentado, ultrajado, aniquilado. Quanto sangue já foi derramado para defender a liberdade, seja a própria ou a alheia! A dignidade da pessoa humana está em tudo o que ela é: no seu corpo e no seu espírito ou racionalidade. Está também - e sobretudo - no seu espírito, porque o ser humano não é só matéria como os demais seres terrestres. Ele possui uma inteligência e uma vontade, que são potencialidades superiores à matéria - que nós denominamos espirituais ou racionais - e que lhe permitem agir de maneira consciente. O homem é um animal racional. A Bíblia Sagrada nos diz que foi criado à “imagem e semelhança de Deus”(Gn 1,26), que é o Espírito perfeito, a Racionalidade plena. No Salmo 8, lemos: “Quando contemplamos os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes, que é o homem para que vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes? Fizestes dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes; destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés”. Toda pessoa tem, portanto, direito a uma vida plena, integral, que não se reduz somente ao bem-estar físico e material, mas que se estende também à vida do espírito. A vida do espírito, ou da racionalidade, é dúplice: envolve o conhecimento da verdade sobre Deus, sobre as pessoas e sobre as coisas, e o seu relacionamento com Deus, com as pessoas e com as coisas. O respeito à pessoa - que é dever de todos: do indivíduo, da sociedade e do Estado - consiste em cuidar de sua vida física, material e espiritual. E essa obrigação é de todos para com todos. Somos todos iguais e família de Deus. O Estado, por meio de suas Universidades, propicia o conhecimento das coisas materiais que os alunos devem adquirir para que possam enfrentar a vida com o trabalho e, assim, providenciar o bem-estar físico e material de si próprios e dos outros. Será que cuida, entretanto, também da verdade a respeito de Deus e da pessoa? Muito pouco e muito mal. Com efeito, onde está o estudo de uma filosofia profunda e humanista que trate com seriedade do conhecimento sobre Deus, sobre a origem do homem, sobre o sentido e a finalidade da vida? Onde está o estudo da teologia que foi a glória e a essência das primeiras universidades? Afinal, o Estado não se preocupa com a formação da conduta, da maneira de ser e de agir dos universitários. O que adianta termos gênios de conhecimento, se, depois, essa aprendizagem não for colocada a serviço da vida das pessoas! Perguntemos à História: quais foram os maiores malfeitores da humanidade? Tristemente foram pessoas estudadas, que possuíam vasto conhecimento científico. Por que o nosso povo sofre tanto, explorado e abandonado? Quem o dirige? Os nossos políticos foram educados para assumir um comportamento de respeito para com as pessoas? O conhecimento científico das coisas é como uma arma: pode servir para defender a vida ou para destruí-la. Depende do respeito que a pessoa tem para consigo e para com os outros, de sua formação humana e religiosa. Se esta faltar, toda ciência servirá certamente para prejudicá-la. A preocupação do Estado não pode ser, pois, somente econômica e política, mas promover o bem-estar integral da pessoa. Por isso, a Universidade, por onde passam os futuros dirigentes da sociedade, deve estar aberta à formação integral dos alunos, que abrange também a formação humana e religiosa. Religiosa? Sim, também religiosa, porque a religião é o agradecimento a Deus por aquilo que somos e temos. Agradecimento que se expressa na obediência à lei natural que Ele colocou na nossa natureza e que é a nossa estrutura genética espiritual, racional, que determina a finalidade da nossa existência. Finalidade que podemos resumir no respeito à pessoa humana e na vivência dos valores que derivam de sua dignidade. A verdadeira religião, que Cristo confirmou, é esta. Mas, como uma pessoa pode agradecer a Deus obedecendo à lei natural humana - se nem sequer sabe da existência de Deus, de sua natureza e se, muito menos, conhece essa lei natural? O Estado deve fornecer essa educação básica especialmente aos universitários. Somente assim podemos esperar um futuro melhor e de paz. Do contrário não esqueçamos que, na medida em que as pessoas vivem sem Deus, no desrespeito à lei natural, a convivência social será, como dizia Thomas Hobbes, de “Homo homini lupus”, de pessoas procurando devorar as outras, como se fossem lobos. Declarar-se Estado laico - para se eximir da formação religiosa, ou - o que é pior - para hostilizá-la e proibi-la, é tapar o sol com a peneira. É, além de tudo, anti-democrático. Claro que o Estado deve ser laico, mas não laico ateu, que rejeita e impede a religiosidade das pessoas dentro das Universidades, onde estudam filhos de Deus que querem cultivar e vivenciar a própria espiritualidade, a própria transcendência, a própria racionalidade. Essa proibição é um ultraje à dignidade dos estudantes, dos seus pais e da nação. O Estado não tem esse direito. É um abuso, uma arbitrariedade, uma ditadura. A liberdade religiosa é um direito que está na raiz de todo outro direito e de toda outra liberdade, é a pedra angular, o coração deles. Com efeito, a religião exprime as aspirações mais profundas da pessoa humana, determina a visão do mundo, guia os relacionamentos com os outros: oferece, afinal, a resposta às questões sobre o verdadeiro sentido da existência, seja no âmbito pessoal como no social. Está, pois, ligada a todas as demais liberdades – em particular àquelas relativos à palavra, à expressão, à associação, à educação dos próprios filhos - de modo que o respeito por parte do Estado é sinal do respeito aos outros direitos humanos e constitui um teste útil para avaliar a situação abrangente dos mesmos num determinado país. Violentar a liberdade religiosa é, pois, impedir à pessoa a sua realização. O indivíduo, sem a abertura ao transcendente, retrai-se sobre si mesmo, não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver uma sociedade justa. Em resumo, a liberdade religiosa atinge a própria identidade da pessoa, por fazer parte da sua dignidade. Não é uma concessão do Estado, porque autoridade nenhuma tem o direito de intervir na consciência do indivíduo. Esta é inviolável, enquanto constitui a condição necessária para a procura da verdade digna do homem e para a adesão a ela quando devidamente reconhecida. Lembremos ainda: a verdade pode e deve ser apresentada, mas nunca imposta. Ela se impõe em virtude de si mesma. O Estado deve ser laico, mas no sentido correto da palavra. Não deve favorecer esta ou aquela religião, deve respeitar e favorecer todas elas, porque os seus cidadãos professam religiões diferentes. O que deve exigir é que todas elas respeitem a Constituição, que, por sua vez, porém, deve respeitar os direitos humanos, baseados na lei natural, e visar ao bem comum e integral dos indivíduos e da sociedade. O ser humano, se eliminar de sua vida Deus - que é amor, isto é, o sumo Bem, a suma Verdade, e, conseqüentemente, o verdadeiro e único referencial da verdade e do bem, em que ele deve viver - não consegue a sua real e plena realização como pessoa. O Estado, da mesma forma, eliminando Deus como referencial de verdade e de bem, não tem razões objetivas, elementos válidos e motivos justos para atuar em favor do bem dos indivíduos e da sociedade. E esse é o verdadeiro motivo do atraso dos povos! Por isso, assim como o ser humano, também ele não pode, de maneira alguma, ser ateu. Laico sim, ateu nunca! Existem três valores que o Estado não pode hostilizar ou negar: A liberdade, a igualdade e a participação. Se o fizer, perde a sua legitimidade. :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia em Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01