Nº 2 - Março de 2011

Propaganda
BOLETIM
UNIVErSITÁRIO
Nº 01 - DEZEMBRO - 2010 ::::: “sciat ut serviat”
BOAS VINDAS
Olá pessoal!
Que bom podermos nos encontrar aqui nesse espaço comunicativo.
Em geral, no início de um novo ano nos reabastecemos de alegria e entusiasmo
para os desafios que estão por vir.
Acolhemos especialmente você universitário que está chegando agora, sem nos
esquecermos dos veteranos, pois queremos, juntos, construir uma relação de
amizade durante o corrente ano letivo.
Para os que chegam tudo será novidade e a novidade sugere lançar-se no
desconhecido da vida, o que é muito bom. Aliás o período acadêmico e a
juventude são uma excelente fase da vida.
O Boletim Universitário quer ajudá-lo (a) nesse período formativo. A formação, o
sabemos, para ser verdadeira, precisa ser integral e nem sempre isso acontece.
bom podermos nos
encontrar aqui nesse
espaço comunicativo.
Em geral, no início de
um no
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
bom podermos nos
encontrar aqui nesse
espaço comunicativo.
Em geral, no início de
um no
Focalizaremos não tanto o conhecimento científico, mas, primordialmente, qual
deve ser nosso comportamento de pessoas humanas, que querem se realizar e
se colocar, através dos conhecimentos científicos, a serviço da sociedade para
criar um mundo novo, mais humano. A descoberta e o aprofundamento dos
verdadeiros valores, inerentes à pessoa humana, são o nosso objetivo. Pensamos
que esse seja também o desejo de todos.
Nossa finalidade é exatamente esta: “SCIAT UT SERVIAT”, APRENDA PARA
SERVIR”!
Esperamos tê-lo como nosso leitor e amigo.
:::Mercedes dos S. Rosa
Graduada em História e Direito.
bom podermos nos
encontrar aqui nesse
espaço comunicativo.
Em geral, no início de
um no
bom podermos nos
encontrar aqui nesse
espaço comunicativo.
Em geral, no início de
um no
EDITORIAL
N
esta edição é com imensa alegria que o Boletim
dá as boas vindas a todos vocês universitários,
veteranos e calouros, pofessores e funcionários. Deus os
abençoe e lhes permita alcançar tudo o que de bom o
vosso coração deseja.
O Boletim quer colaborar para que os novos conhecimentos
que serão proporcionados e adquiridos sejam
acompanhados por uma visão integral da verdade e por um
imenso desejo de colocá-los a serviço de quantos não têm a
oportunidade de tê-los.
E é neste ensejo que este número aprenta diversos artigos
osbre assuntos interessantes que vale a pena ler e discutir.
O primeiro: a universidade, é uma apresentação das
origens da universidade no oriente e no ocidente.
Ele nos permite compreender como, no início, ela era
uma procura e transmissão do conhecimento total. A
formação científica completava a humana e teológica.
O segundo: a pessoa humana, coloca-nos diante da
nossa identidade: quem somos e por que vivemos.
Aborda a origem da vida, a existência de Deus, a
essência do ser humano, o porquê de sua existência,
individual e social, e aponta o cminho de sua plena
realização ou felicidade.
O terceiro: o cientificismo. Na nossa civilização pósmoderna, de grande progresso científico e tecnlógico,
está se absolutizando a pesquisa científica. Além da
matéria, no entanto, existe a realidade espiritual ou
racional que foge ao seu alcance. Não podemos, pois,
nos limitar à verdade da ciência. Ela não completa o ser
humano.
Quarto: a liberdade religiosa, que é o coração de toda
liberdade e a raiz dos direitos e deveres que devem
nortear nossas vidas. Ela é fundamental para a pessoa
encontrar e vivenciar as respostas sobre o sentido da
vida e dotar-se de valores e princípios éticos.
Quinto: a espiritualidade da comunhão. O ser humano
é essencialmente social. Possui em si uma necessidade
inalienável de convivência com os outros e com Deus.
Convive com Deus quando vive em comunhão com os
outros. Vamos formar uma “universidade de comunhão”!
EXPEDIENTE
E-MAIL: [email protected]
Colaboradores: Arquidiocese de Londrina
Paróquia Sagrados Corações.
Diagramação: Kreativ
FOCALIZANDO
A CULTURA
UNIVERSITAS
(Universidade)
Conceituação
No início, a “Universitas” (Universidade), significava “um grupo de pessoas”, formado por mestres
e discípulos, que se reuniam para a contemplação, investigação e ensino da verdade, embora ainda
não fossem profissionais.
Denominação
No início do século XIII, o termo designativo de Universidade era “Studium” e “Studium generale”,
que surgiu das escolas episcopais e que podia abranger uma ou mais “Universitas” (grupo de
pessoas), constituída ou só de alunos, ou só de mestres, ou dos dois conjuntamente. A “Universitas”
é, assim, parte do “Studium generale”. Mas, com o correr do tempo, o “Studium generale”, começou
a denominar-se “Universitas”, até ser substituído por completo por essa nova denominação.
Origem
A Universidade veio nascendo aos poucos, através dos tempos.
Encontramos raízes dessa Instituição na Academia de Platão e no Liceu de Aristóteles, onde havia
convívio entre mestres e discípulos.
Temos uma preparação bem próxima, em sentido estrito, no Museu de Alexandria, instituição
científica criada pelo rei, e, finalmente, nos “Studia generalia”, especialmente do século XIII.
Podemos considerar primeira Universidade a de Constantinopla, criada por Teodósio II, no ano 425.
Pode ser considerada Universidade porque nela se preenchiam os seguintes requisitos: 1º- estudavam-se
a Filosofia, as Ciências e as Letras; 2º- freqüentavam-na professores e alunos de várias regiões; 3º- criouse por meio de um decreto imperial; 4º- voltava-se para a investigação e a docência.
Em seguida vem a Universidade de Al-Azhar (mesquita), no Cairo, no ano 988.
Como podemos notar, o movimento universitário, como a cultura, veio do Oriente. Só no século XII,
e especialmente no século XIII, temos no Ocidente o nascimento das Universidades medievais, que
se tornaram modelo para as Universidades de todo o mundo ocidental e oriental.
No Ocidente o primeiro centro de cultura superior é o de Salerno (cerca de 1150), no sul da Itália,
ponto intermediário entre o Oriente e o Ocidente, entre a cultura árabe e a ocidental. Essa escola
devido a seu regionalismo e maneira de recrutar os alunos,não é considerada Universidade; é mais
uma faculdade de Medicina.
Cronologicamente falando, a primeira Universidade de Europa é a de Bolonha (1158),
célebre pela faculdade de Direito, e por ter servido de modelo para a Universidade de Coimbra, a
que mais exerceu influência na história do Brasil.
A maior Universidade dos tempos antigos e o modelo seguido pela maioria das
Universidades européias e do mundo, e, por certo, a Universidade de maior projeção na história da
civilização, é, no entanto, a de Paris (1180), famosa pela Faculdade de Teologia. Compunha-a a
faculdade de Teologia e a Faculdade das Artes.
A investigação era fundamental na Universidade de Paris, como se vê pelos trabalhos de Tomás
de Aquino e de São Boaventura. A corporação compreendia mestres e alunos. A direção competia
aos professores. Métodos novos foram inaugurados Estudantes pobres eram auxiliados com
bolsas, daí nascendo o “Hospitium”, isto é, o Internato de Sobon, de onde se originou Sorbonne,
outra denominação da Universidade de Paris.
Assim, a Universidade teve como berço Constantinopla e o Cairo, no Oriente; Bolonha e Paris,
no Ocidente.
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
Conteúdo ontem
O fundamento e o centro da Universidade sempre
foram a Faculdade de Filosofia, a ponto de não ser
nem mesmo mencionada entre as faculdades. É como se
se quisesse, entre as qualidades de uma criança,insistir
em que ela é normal; significaria supor algo de anormal
na criança. Isso devido ao espírito de pesquisa e
investigação que a caracteriza.
A Filosofia fazia parte da Faculdade das Artes, que era
comum, básica e precedente a todas as outras. Era o
coração e o centro da Universidade. Por isso, de
início, a Universidade de Paris, como a de AL- Azhar,
não tinham faculdade de Filosofia. Posteriormente,
da Faculdade das Artes, que compreendia o “Trivium”,
o “Quadrivium” e a Filosofia, nasce a Faculdade de
Filosofia.
Esta separação, porém, impedirá a Filosofia de
permanecer a alma da Universidade, a ponto de,
hoje, muitas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras
estarem sem o curso de Filosofia ou até sem nem sequer
uma simples cadeira de Filosofia. Foi especialmente
o aparecimento das ciências experimentais que a
marginalizou.
A Filosofia, palavra atribuída a Pitágoras e que
etimologicamente significa “amor à sabedoria”, desde
os tempos gregos até a Idade Média era ciência
universal. Abarcava todo conjunto de conhecimentos
que hoje agrupamos sob os nomes de Ciência, de Arte e
de Filosofia.
A partir da Idade Média, as Artes, e logo as Ciências
da Natureza, se destacaram pouco a pouco da Filosofia
e conquistaram sua autonomia. Assim tivemos dois
gêneros de conhecimento aos quais chamamos de
científicos e de filosóficos.
O objeto da Ciência e da Filosofia permanece o mesmo:
o mundo e o homem. Mas, cada disciplina estuda esse
objeto comum sob um aspecto diferente (objeto formal)).
A Universidde é o
aprofundamento do
conhecimento universal,
isto é, das coisas, do
homem e de Deus. Esse
aprendizado deve levar a
um comportamento de
respeito e de fraternidade
para com os outros e a
um progresso econômico
individual, familiar e social.
O conhecimento científico
deve caminhar junto com a
formação humana
e espirital.
A Ciência procura conhecer a estrutura e as leis dos
fenômenos; a Filosofia quer conhecer a natureza
profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins
derradeiros; visa ao conhecimento que ultrapassa
a experiência sensível (ou os fenômenos) e que é
acessível somente à razão.
Conteúdo hoje
No entanto, esse dúplice conhecimento da realidade,
que é a verdade plena das coisas, e que havia desde
o início na Universidade, hoje, em geral, é reduzido
apenas ao conhecimento científico.
O conhecimento do ente que a Ciência nos dá é parcial,
seja porque é circunscrito dentro de um horizonte
particular de cada disciplina, seja porque se reduz à
pesquisa empírica e, por isso, limitada dos fenômenos,
abandonando a atitude metafísica em face deles. Temos
o conhecimento total da realidade só quando o
estudo vai além do ponto de vista parcial das Ciências,
abrangendo o “ponto de vista” da totalidade, que nos dá
o valor das coisas, que lhes advém pela ordenação em
relação ao homem, referencial último da criação.
Assim a Universidade, desde quando deixou de
ser procura e transmissão do conhecimento total, isto
é, científico e filosófico, como era no início – embora no
começo não houvesse uma investigação científica tal qual
a de hoje, por falta de instrumentos e métodos, iniciados
por Francisco Bacon e continuados especialmente pelas
descobertas nascidas das ciências físico- matemáticas,
praticadas, com progresso sempre maior, desde Newton –
ela deixou de ser Universidade, no sentido genuíno
das origens.
(Continua no próximo número...)
:::Pe Antonio Caliciotti
Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia
Mestre em Teologia em Moral
Mestre e Doutor em Filosofia Social
Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e
Estudo do Homem Contemporâneo
ESTABELECER CONTATO É PRECISO
Até os seres considerados inanimados estabelecem contatos. Por exemplo, a pedrinha no leito de um rio, impulsionada pela força invencível da água
corrente, vai rolando, rolando até encontrar uma pedra maior. Ali, em diálogo com o ser maior do que ela, absolutamente maior, estabelece quase que
um eterno contato. Ali ela para, ali ela medita, isto é, aciona a sua mente, ali ela descansa, ali ela contempla, ali ela se imbui de tantas possibilidades,
sentindo que, embora uma força contínua a empurre, estará segura por um bom tempo. Vez por outra, a pedrinha que estabeleceu contato percebe a
visita de um pequeno peixe entre ela e a pedra maior com a qual ela estabeleceu contato: seu suporte de segurança. Com certeza ela pensa: “Oba! Está
sendo útil o meu contato, alguém se abriga sob nós”. A sua temporada nesse espaço possibilita criar um pouquinho de lodo e aí abrigar cada vez mais
outros peixinhos, “pois a pedra que muito rola não cria lodo”, isto é, não abriga peixes “forasteiros” 1. O que seria dos peixinhos sem as paradas préestabelecidas pelo cardume, se não houvesse um pequeno entretenimento durante a sua jornada? E nós, que também fomos “pescados”, como quebrar
a monotonia? A mesmice? A rotina? O “corriqueirismo”? Por isso, afirmamos: ESTABELECER CONTATO É PRECISO.
1. O Grande Templo em Jerusalém era todo ele forrado para suas liturgias (não sei de qual religião), mas quem não era “batizado”, iniciado, não podia entrar, era forasteiro.
Isto é, pessoa fora da esteira, que não tinha o mínimo de conhecimento, “estava por fora” da referida situação, sem a merecida dignidade para usufruir daquela prerrogativa.
Pe. Euripes Alves de Oliveira (Pe. Tio)
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
amor, a pessoa humana, por ter, além do corpo,
inteligência e vontade, participa da natureza de
Deus, daquilo que Ele é.
Como Deus, ela pensa e quer. Quer dizer, ela tem
algo de divino em si: a inteligência (capacidade de
pensar) e a vontade (capacidade de querer). Isso
lhe confere uma dignidade não somente superior
à dos demais seres terrestres, mas também divina,
que merece todo respeito. Ela foi criada a “imagem
e semelhança de Deus” (Gn 1,26-27).
A PESSOA HUMANA
Quem somos? Por que vivemos?
De onde vem a vida?
Quem é Deus?
Poucas pessoas têm o hábito de refletir sobre si mesmas.
A maioria aceita o que é, como pessoa, simplesmente
como um fato consumado, sem se perguntar de onde
vem, por que existe e para onde vai.
Os materialistas - entre os quais lembremos Karl
Marx, na sua obra: Economie e Philosofie, em
Oeuvres Philosophiques, Ed. Costes, IV p.38, e o
astrofísico inglês Stephen Hawking, em seu último
livro: The Grand Design - afirmam que a “criação, a
vida, provém de uma geração espontânea do nada”.
Dado que a vida é o único verdadeiro bem que existe
e que todo mundo quer – o resto é querido só em
função da vida – Deus, por ser quem pensa e quer
a vida, é aquele que pensa e quer o bem, isto é, que
ama. Eis por que São João, o evangelista, diz que
DEUS É AMOR (1Jo 4,8,16). Com efeito, o que é amar
senão pensar e querer o bem, isto é, tudo aquilo de
que alguém precisa para ter vida e tê-la cada vez
mais plenamente?
Quando o indivíduo é ainda criança, não tem
capacidade de questionar-se; mais tarde, porém,
começa a ter sonhos que tenta realizar: estudar,
namorar, procurar um trabalho ou uma profissão,
casar, ter filhos, viver pelo menos em condições
decentes, tendo um mínimo de bem-estar, de
conforto e de prazer. A vida, porém, vai passando...
Chega a velhice, e então, queira ou não, irrompe
nele uma interrogação: “E agora o que vai
acontecer comigo?”. E essa pergunta é o grande
drama existencial das pessoas, às vezes, até das
que são religiosas.
Quem é a pessoa humana?
Parece incrível que a mente humana possa ter
expressões tão irracionais como essas!
A geração espontânea do nada é ilógica, porque todo
mundo entende que do nada não pode provir nada.
Os elementos fundamentais da vida - se não
quisermos cair na irracionalidade acima ou no
círculo vicioso de uma origem que pressuporia outras
sem fim - devem provir necessariamente de um
PRINCÍPIO DE VIDA, perfeito e, por isso, eterno, isto é,
sem princípio e sem fim, que todos os povos, de uma
forma ou de outra, chamam de DEUS.
Hoje não somente é bom, mas necessário fazerse essa pergunta porque a esse respeito existem
tantas opiniões erradas, que, se as seguirmos, não
alcançaremos a nossa realização, que é a felicidade,
que todos nós queremos.
Este princípio vital, sendo a vida tão variada,
complexa e perfeita, deve ser INTELIGÊNCIA que a
pensa em toda a sua variedade, complexidade e
perfeição, e VONTADE, que a quer, criando-a. Quer
dizer, este Princípio da vida, ou Deus, é aquele que,
por sua natureza, pensa e quer a vida.
Para descobrirmos a verdade sobre a pessoa
humana, devemos responder a outra pergunta
mais geral, que a precede.
Desse pressuposto, derivam conseqüências
fundamentais, inclusive a resposta à nossa pergunta
inicial sobre a pessoa humana.
Ela é, pois, de um lado, o ápice da criação da qual
temos experiência. Resume a voz da criação. Tudo:
as coisas e os animais existem e adquirem valor em
função dela. É fim, nunca meio. O próprio nome de
“pessoa” lhe é dado porque ela é o que há de mais
sublime, importante e perfeito no mundo. Com
efeito, o termo “pessoa” era a máscara que os atores
das tragédias gregas usavam para representar os
heróis da pátria, ou os deuses.
De outro lado, a dignidade divina de pessoa
humana - seja qual for a sua condição social, a
sua cor, a sua raça e o seu comportamento - deve
garantir o máximo respeito para com ela. É algo
sagrado. Respeitar a pessoa é respeitar a Deus;
desrespeitá-la é desrespeitar a Deus. Eis por que
São João evangelista, discípulo de Cristo, nos diz
que a única maneira de amar a Deus é amar a
pessoa humana (1Jo 4,20).
Constatemos o quanto a Bíblia, no Salmo 8,
exalta a dignidade do homem, imagem de Deus:
“Quando vejo o céu, obra de tuas mãos,
Esta realidade de DEUS AMOR deve-nos encher de
alegria e nos dar muita confiança, porque significa
que Ele quer a nossa vida e a quer cada vez mais
saudável, bem sucedida e, um dia, plenamente
feliz. Para isso está sempre ao nosso lado, nunca nos
abandona, nem sequer nos momentos mais difíceis
e tristes, transformando em bem o mal que nos
acontece. Como é bom saber tudo isso e como nos
sustenta nas horas atribuladas da vida!
a lua e as estrelas que criaste,
Naturalmente isso requer que nós estejamos
abertos a Ele. Nunca nos molhamos se ficarmos
sob guarda-chuva!
Hoje, influenciados seja pelo materialismo como
pela ideologia da NEW AGE, que tem como base o
biologismo absoluto, a pessoa humana não passa
de matéria, e por isso é equiparada em valor,
dignidade e direitos aos demais seres viventes.
Isso explica a violência contra ela, os excessos do
ecologismo e esclarece por que alguns animais
são muito mais bem cuidados e alimentados que
milhões de crianças.
Valor da pessoa humana
Se Deus, o princípio da vida, é a “Inteligência” que
pensa a vida e a “Vontade” que a quer e, por isso, é
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
o que é o homem para dele te lembrares,
o ser humano, para o visitares?
Fizeste-o pouco menos do que um deus
coroando-o de glória e beleza.
Tu o colocaste à frente das obras de tuas mãos
tudo puseste sob os seus pés:
Ovelhas e bois....”.
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
Aqui poderíamos nos perguntar também: o que é
o pecado?
O pecado é ofensa a Deus, porque consiste em
ofender, diminuir a pessoa humana.
A maneira melhor de respeitar os outros é nunca
fazer para eles o que não queremos para nós (Tb
4,5). Não devemos valorizar as pessoas somente
por afeto, simpatia ou por algum interesse, mas,
em primeiro lugar, por serem pessoas, algo de
divino, presença visível de Deus, embora, às vezes,
desfigurada ou irreconhecível.
Por que vivemos?
Deus, dizíamos, é a inteligência que pensa e quer
a vida, o bem, quer dizer, o AMOR. A sua essência
consiste em pensar e querer a vida, em amar.
O homem, por sua vez, foi criado à imagem dele,
isto é, com a inteligência para pensar a vida e com
vontade para querê-la. Afinal, para amar.
A finalidade, da vida do homem é, pois, cultivar a
vida, sua e dos outros, amar.
A pereira existe para produzir peras, o homem existe
para amar. Está inscrito na sua genética espiritual:
inteligência e vontade, na sua racionalidade.
A pereira, plantada no campo, tem sentido se
produzir as peras. Se não der fruto, será cortada.
A pessoa humana, também, tem sentido para si
e para os outros, isto é, realiza-se, na medida em
que amar.
O seu maior anseio é ser feliz. Conseguirá a sua
felicidade e ajudará os outros a realizá-la, se fizer
de sua vida uma contínuo ato de amor, de serviço.
Perguntemo-nos, então: também para nós a vida
consiste em amar?
Lembremos:
A pessoa humana foi criada pelo AMOR (Deus),
para viver no AMOR e, assim, ser eternamente feliz
no AMOR (em DEUS).
O que é amar? (Continua no próximo número)
:::Pe Antonio Caliciotti
Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia
Mestre em Teologia em Moral
Mestre e Doutor em Filosofia Social
Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e
Estudo do Homem Contemporâneo
A pessoa
humana,
imagem de Deus,
é chamada a
viver de maneira
humana a vida
de amor dele.
Participa da
dignidade divina.
É sempre fim,
nunca meio.
Encontra a sua
plena realização
no respeito e no
amor ao outro.
FIQUE
POR
DENTRO
1. CARNAVAL 2011
Encontro para universitários em Campos do
Jordão- SP. PARTICIPE! Serão dias de oração e
vivência num local maravilhoso, o Recanto Oásis.
INFORMAÇÕES: [email protected]
Fones (12) 36623914 - (18)3 3227548
2. CAFÉ UNIVERSITÁRIO
Participe de nossas palestras mensais sobre
temas relativos à pessoa humana e seus valores.
Local: Capela Ecumênica da UEL
3. REUNIÃO OÁSIS
Realizam-se uma vez por mês. Procuramos
adquirir formação e trocar experiências de vida.
Informe-se pelo fone (43) 99341994 ou
e-mail [email protected]
ACESSE NOSSO BLOG:
valoresecultura.blogspot.com
CARTA AOS
UNIVERSITÁRIOS
(CIENTIFCISMO)
Quem lhes escreve é um sacerdote católico que
trabalha como voluntário no meio dos universitários
para ajudá-los a ter um conhecimento completo
da verdade. Gostaria, pois, de ter como leitor todo
aluno universitário, seja qual for o seu pensamento,
a sua filosofia de vida, porque o nosso assunto é a
VERDADE. E isso porque a realização da pessoa humana
e, conseqüentemente, de cada um de nós, está no
conhecimento da verdade e na sua vivência.
A verdade, com efeito, é a luz da existência humana;
sem ela a pessoa anda sem rumo na vida.
A Universidade nasceu especificamente para isso. Mas,
perguntemo-nos: hoje, ela continua nesse objetivo?
Tudo o que existe, de uma forma ou outra, está
interligado. O que nos mostra que tudo provém de uma
única Sabedoria criadora, que chamamos de DEUS. A
verdade, pois, deve ser procurada em relação a tudo,
sem preconceitos, reducionismos e incansavelmente.
Não podemos reduzir a sua procura somente ao
conhecimento da realidade material; devemos
estendê-la também à realidade espiritual do homem.
De fato, ele não é simples animal, unicamente matéria,
é também, e em primeiro lugar, espírito: animal
racional. É o espírito que governa a matéria. A matéria é
a revelação do espírito. Quem dirige o nosso agir? Quem
manipula a matéria?
Também os métodos de pesquisa não podem ser
limitados diante de realidades de níveis diversos.
Devemos abrir os horizontes do conhecimento em
relação às realidades e aos métodos.
As Universidades reduzem o ensino à ciência, que diz
respeito à realidade material, cujo método é a pesquisa
científica. Por que não estender o ensino também à
realidade espiritual - que nos apresenta a verdade
sobre Deus, sobre a origem, a natureza e a finalidade
do homem, e sobre o sentido das coisas – uma vez
que é o espírito, ou a razão, a guiar a pessoa? Se isso
acontecesse, tenho certeza de que a vida humana seria
mais racional, mais humana, mais linda, mais gostosa;
no mundo haveria mais bem-estar para todos e,
conseqüentemente, paz e condições de realização.
O que está impedindo essa extensão de ensino para as
coisas do espírito?
A resposta é simples: na nossa sociedade consumista
existe um secularismo ateu que, no campo científico, se
manifesta através do CIENTIFICISMO.
O que é?
É uma concepção filosófica que se recusa a admitir,
como válidas, formas de conhecimento distintas
daquelas que são próprias das ciências positivas,
relegando para o âmbito da pura imaginação tanto o
conhecimento do espírito - religioso e teológico - como
o saber ético e estético.
Podemos reduzir assim as teses dessa corrente de
pensamento:
Primeira tese: A ciência, particularmente a cosmologia,
a física e a biologia, são a única forma objetiva e
séria de conhecimento da realidade. “As sociedades
modernas, escreveu Monod, estão construídas sobre
a ciência. Devem a ela sua riqueza, sua potência e a
certeza de que a riqueza e o poder ainda serão maiores
e mais acessíveis amanhã ao homem, se ele o quiser...
Equipadas com todo poder, dotadas de toda riqueza
que a ciência oferece, nossas sociedades ainda tentam
viver e ensinar sistemas de valores, já prejudicados
pela mesma ciência subjacente” (J.Monod, Il caso e La
necessità, Mondadori, Milano 2002, p.443).
Segunda tese: Esta forma de conhecimento é
incompatível com a fé, a qual se baseia em pressupostos
que não são nem demonstráveis nem refutáveis.
O ateu militante R.Dawkins chega a ponto de chamar
de “analfabetos” os cientistas que se dizem crentes,
esquecendo-se de tantos cientistas mais famosos
do que ele que já se declararam e continuam
declarando-se crentes.
Terceira tese: A ciência já demonstrou a falsidade ou,
pelo menos, a inutilidade da hipótese de Deus.
O astrofísico inglês Stephen Hawking, no seu último
livro, The Grand Design, sustenta, ao contrário do que
havia escrito anteriormente, que o conhecimento
advindo da física torna desnecessário acreditar numa
divindade criadora do universo: “a criação espontânea
é a razão pela qual as coisas existem”. Na realidade, ele
retoma Karl Marx - que dizia que as coisas provém de
uma geração espontânea do nada.
Mas, do nada pode provir o quê? Nada. Negar essa
evidência é uma atitude irracional.
Quarta tese: Quase a totalidade ou a grande maioria
dos cientistas são ateus. Como se a quantidade fosse
uma argumentação racional da verdade!
Todos esses argumentos se revelam falsos, não somente
do ponto de vista do raciocínio a priori ou da argumentação
teológica da fé, mas da própria análise dos resultados da
ciência e das opiniões de vários cientistas do passado e do
presente. O cientista Max Planck, o pai da física quântica,
diz sobre a ciência aquilo que Agostinho, Tomás de Aquino,
Pascal, Kierkegaard e outros já tinham afirmado sobre a
razão: “a ciência leva a um ponto, além dele não pode mais
dirigir” (M.Planck, O conhecimento do mundo físico (cit.
por timossi. op.ct. p.160).
Para a refutação das teses anunciadas, não vou repetir
os argumentos já apresentados por cientistas e filósofos
competentes. Cito, por exemplo, a crítica pontual de
Roberto Timossi, no livro L’illusione dell’ateismo. Perché la
scienza non nega Dio (A ilusão do ateísmo. Por que a ciência
não nega Deus). Limito-me a uma simples observação
elementar através de um exemplo que tiro do Pe. Raniero
Cantalamessa, pregador da casa pontifícia, em cujos
ensinamentos é inspirado este artigo.
“Existem certas aves noturnas, como a coruja, por
exemplo, cujos olhos são feitos para ver no escuro da
noite. A luz do sol as cega. Esses pássaros sabem tudo e
se movem com agilidade no mundo noturno, mas não
são ninguém no mundo diurno.
Vamos adotar, por um momento, o tipo de fábulas nas
quais os animais falam uns com os outros. Suponha que
uma águia faça amizade com uma família de corujas
e converse com elas sobre o sol, enaltecendo seus
benefícios: como ele ilumina tudo, como, sem ele, tudo
iria mergulhar no escuro e no frio, como seu próprio
mundo noturno não existiria sem o sol.
O que diria a coruja?
-Você mente! Nunca vi o seu sol. Movemo-nos muito
bem e conseguimos alimento sem ele. Seu sol é uma
hipótese inútil, não existe.
É exatamente isso que faz o cientista ateu quando
diz: “Deus não existe”. Julga um mundo que não
conhece, aplica suas leis a um objeto que está fora do
seu alcance. Para ver Deus é necessário adotar uma
perspectiva diferente, aventurar-se fora da noite. Nesse
sentido, ainda é válida a antiga afirmação do salmista:
“Diz o insensato: Deus não existe”.
:::Pe Antonio Caliciotti
Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia
Mestre em Teologia em Moral
Mestre e Doutor em Filosofia Social
Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e
Estudo do Homem Contemporâneo
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
ESPIRITUALIDADE
DE COMUNHÃO
A vida da Igreja nasceu da descida do Espírito Santo. Na
Igreja nascente (dos primeiros cristãos) ela se caracterizava
pela perseverança nos ensinamentos dos apóstolos
(didaché apostólica), na fração do pão (Eucaristia), na
oração e pela comunhão dos bens. Quer dizer, consistia
numa Koinonìa, uma comunhão de bens espirituais e
materiais que, desde então, confere à Igreja o vulto da
comunhão.
(Jo 14,6), pelo seu Espírito que é “o Espírito da Verdade,
que o mundo não pode acolher”(Jo 14,17), porque a
mentalidade do mundo, no seu materialismo exclusivo,
está totalmente imersa em desejos (concupiscências)
desordenados – como o orgulho, a riqueza desmedida,
a satisfação lícita e ilícita da carne, a ambição do poder e
a vaidade. Essas paixões são ilusões, caminhos falsos de
realização da pessoa.
Esse modo de ser manifesta o mistério da comunhão
trinitária, isto é, da vida trinitária, que é vida de amor, e da
qual o cristão participa pela sua união no Corpo de Cristo
através do Batismo. Com efeito, no Batismo, o cristão é
enxertado em Cristo e, conseqüentemente - como um
galho enxertado numa planta ou um membro numa
pessoa - passa a viver a mesma vida divina dele, que é
a da Trindade: vida de amor perfeito e de união entre as
três pessoas divinas, e também para com as criaturas,
especialmente as que foram criadas semelhantes a Ele,
como o homem sobre a terra.
Devemos viver no amor em relação a Deus, em relação
aos outros e no respeito à natureza enquanto está a
serviço da vida humana. Amamos a Deus, amando a nós
mesmos e aos outros. “Mentiroso é aquele”, nos diz São
João Evangelista, “que diz de amar a Deus, que não vê, e
não ama o seu próximo, a quem vê” (1Jo 4,20). Amamos o
Pai amando os filhos!
Eis por que o mesmo Jesus, Deus feito homem, pedenos para sermos um com os outros, assim como o Pai e
o Filho são um (Jo 17,11).
No entanto, devemos nos perguntar: os cristãos têm
consciência desta necessidade radical de viver a própria
vida e a vida eclesial em comunhão com Deus e entre si?
Viver em comunhão com Deus significa viver na verdade
(no seu Pensamento, que é o Filho) e no seu amor
(que é o Espírito Santo). Quer dizer, nossa existência
humana - em tudo o que pensamos e fazemos,
nos acontecimentos bons e tristes e nas diversas
circunstâncias da vida - deve orientar-se sempre pela
verdade e pelo amor de Deus.
Devemos viver na verdade em relação a Deus, em relação
às pessoas e em relação às coisas. Deixar-se guiar por ela
significa deixar-se guiar por Cristo, pelo pensamento dele
que é a Verdade: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
Amar os outros, ou viver em comunhão com eles - que,
além de serem filhos de Deus, são também membros de
Cristo ou são chamados a sê-lo, posto que Jesus morreu
na cruz por todos - significa sentir o outro como um irmão
com o qual deve haver conhecimento recíproco e partilha.
Para o cristão, com efeito, o outro não é o “inferno” – como
afirmava Jean-Paul Sartre - mas é um dom de Deus, “dom
para mim”; é o que me falta e que me revela a minha
insuficiência.
Não é possível ser cristão se não se promove a unidade
nem se faz tudo o que é possível para a comunhão com
os outros. Quem age e vive em comunhão com Cristo,
com a Santíssima Trindade, não pode, ao mesmo
tempo, não agir e não viver em comunhão com os seus
irmãos, membros do mesmo corpo.
Essa comunhão com os outros é, em primeiro lugar,
respeito acima e além de tudo, mesmo diante da
maldade do outro; é justiça para com o outro; é perdão:
devemos lutar contra o mal e não contra o pecador; é
ajuda aos outros: ajuda espiritual, física e material; é
procura da paz; enfim é rezar um pelo outros, querendo
Deus é comunhão: três pessoas
que vivem em perfeita unidade
de amor. As pessoas humanas,
criadas à “imagem dele” também
são chamadas a viver amandose umas as outras. Nesse amor
alcançarão a paz nessa vida e a
felicidade eterna na outra.
Amemo-nos!
caminhar juntos, como irmãos, na vida, rumo à eterna
realização. Lembremos o mandamento de Jesus:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,14).
A medida que Ele nos propõe é dar a vida pelo outro,
como ele fez morrendo na cruz por nós.
A Universidade é o espaço e a fase propícia ao encontro
entre jovens, cheios de vida, de entusiasmo e de futuro.
É a oportunidade única para fazer esta experiência de
espiritualidade da comunhão em Cristo Jesus, com Deus
e com os colegas, professores, funcionários e a sociedade
toda.
Unamo-nos, por exemplo, para a realização de algum
projeto de promoção material, física e espiritual, que possa
se tornar uma “Universidade de comunhão” para todos.
Não cruzemos os braços diante de uma sociedade
que sofre e que nos estende as mãos pedindo ajuda!
Sejamos a esperança de um mundo melhor!
Para isso, convido os que podem, querem e sonham
com uma humanidade nova, para um Encontro com
Cristo, no Carnaval, em Campos do Jordão – SP, num
lugar simples, mas realmente divino: o “Centro Oásis
de Valores e de Espiritualidade”. Nesse Encontro
refletiremos com Cristo sobre esse projeto.
Realizar-se-á nos dias 05 a 08 de março de 2011.
A estada completa é de apenas R$ 280,00.
Para a inscrição, comunique-se pelo
e-mail: [email protected]
Veja também o site: www.oasiscentrodevalores.
com
:::Pe Antonio Caliciotti
Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia
Mestre em Teologia em Moral
Mestre e Doutor em Filosofia Social
Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e
Estudo do Homem Contemporâneo
LIBERDADE RELIGIOSA
(Estado laico, mas não ateu)
A Liberdade da pessoa humana é um dos pilares
fundamentais da sua dignidade. Sem ela, o ser
humano é violentado, ultrajado, aniquilado. Quanto
sangue já foi derramado para defender a liberdade,
seja a própria ou a alheia!
A dignidade da pessoa humana está em tudo o que ela
é: no seu corpo e no seu espírito ou racionalidade.
Está também - e sobretudo - no seu espírito, porque
o ser humano não é só matéria como os demais seres
terrestres. Ele possui uma inteligência e uma vontade,
que são potencialidades superiores à matéria - que
nós denominamos espirituais ou racionais - e que lhe
permitem agir de maneira consciente. O homem é um
animal racional. A Bíblia Sagrada nos diz que foi criado à
“imagem e semelhança de Deus”(Gn 1,26), que é o Espírito
perfeito, a Racionalidade plena. No Salmo 8, lemos:
“Quando contemplamos os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes, que é o homem para
que vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos
ocupardes? Fizestes dele quase um ser divino, de honra e
glória o coroastes; destes-lhe poder sobre a obra das vossas
mãos, tudo submetestes a seus pés”.
Toda pessoa tem, portanto, direito a uma vida plena,
integral, que não se reduz somente ao bem-estar físico e
material, mas que se estende também à vida do espírito.
A vida do espírito, ou da racionalidade, é dúplice: envolve
o conhecimento da verdade sobre Deus, sobre as pessoas e
sobre as coisas, e o seu relacionamento com Deus, com as
pessoas e com as coisas.
O respeito à pessoa - que é dever de todos: do indivíduo,
da sociedade e do Estado - consiste em cuidar de sua vida
física, material e espiritual. E essa obrigação é de todos
para com todos. Somos todos iguais e família de Deus.
O Estado, por meio de suas Universidades, propicia
o conhecimento das coisas materiais que os alunos
devem adquirir para que possam enfrentar a vida com
o trabalho e, assim, providenciar o bem-estar físico e
material de si próprios e dos outros.
Será que cuida, entretanto, também da verdade a
respeito de Deus e da pessoa? Muito pouco e muito mal.
Com efeito, onde está o estudo de uma filosofia
profunda e humanista que trate com seriedade do
conhecimento sobre Deus, sobre a origem do homem,
sobre o sentido e a finalidade da vida? Onde está o
estudo da teologia que foi a glória e a essência das
primeiras universidades?
Afinal, o Estado não se preocupa com a formação da
conduta, da maneira de ser e de agir dos universitários.
O que adianta termos gênios de conhecimento,
se, depois, essa aprendizagem não for colocada a
serviço da vida das pessoas! Perguntemos à História:
quais foram os maiores malfeitores da humanidade?
Tristemente foram pessoas estudadas, que possuíam
vasto conhecimento científico. Por que o nosso povo
sofre tanto, explorado e abandonado? Quem o dirige?
Os nossos políticos foram educados para assumir um
comportamento de respeito para com as pessoas? O
conhecimento científico das coisas é como uma arma:
pode servir para defender a vida ou para destruí-la.
Depende do respeito que a pessoa tem para consigo
e para com os outros, de sua formação humana e
religiosa. Se esta faltar, toda ciência servirá certamente
para prejudicá-la.
A preocupação do Estado não pode ser, pois, somente
econômica e política, mas promover o bem-estar
integral da pessoa. Por isso, a Universidade, por onde
passam os futuros dirigentes da sociedade, deve estar
aberta à formação integral dos alunos, que abrange
também a formação humana e religiosa.
Religiosa? Sim, também religiosa, porque a religião
é o agradecimento a Deus por aquilo que somos e
temos. Agradecimento que se expressa na obediência
à lei natural que Ele colocou na nossa natureza e que
é a nossa estrutura genética espiritual, racional, que
determina a finalidade da nossa existência. Finalidade
que podemos resumir no respeito à pessoa humana e
na vivência dos valores que derivam de sua dignidade.
A verdadeira religião, que Cristo confirmou, é esta.
Mas, como uma pessoa pode agradecer a Deus obedecendo à lei natural humana - se nem sequer sabe
da existência de Deus, de sua natureza e se, muito
menos, conhece essa lei natural?
O Estado deve fornecer essa educação básica
especialmente aos universitários. Somente assim
podemos esperar um futuro melhor e de paz. Do
contrário não esqueçamos que, na medida em que as
pessoas vivem sem Deus, no desrespeito à lei natural, a
convivência social será, como dizia Thomas Hobbes, de
“Homo homini lupus”, de pessoas procurando devorar
as outras, como se fossem lobos.
Declarar-se Estado laico - para se eximir da formação
religiosa, ou - o que é pior - para hostilizá-la e
proibi-la, é tapar o sol com a peneira. É, além de
tudo, anti-democrático.
Claro que o Estado deve ser laico, mas não laico ateu,
que rejeita e impede a religiosidade das pessoas dentro
das Universidades, onde estudam filhos de Deus que
querem cultivar e vivenciar a própria espiritualidade,
a própria transcendência, a própria racionalidade. Essa
proibição é um ultraje à dignidade dos estudantes, dos
seus pais e da nação. O Estado não tem esse direito. É
um abuso, uma arbitrariedade, uma ditadura.
A liberdade religiosa é um direito que está na raiz de
todo outro direito e de toda outra liberdade, é a pedra
angular, o coração deles. Com efeito, a religião exprime
as aspirações mais profundas da pessoa humana,
determina a visão do mundo, guia os relacionamentos
com os outros: oferece, afinal, a resposta às questões
sobre o verdadeiro sentido da existência, seja no âmbito
pessoal como no social. Está, pois, ligada a todas as
demais liberdades – em particular àquelas relativos
à palavra, à expressão, à associação, à educação dos
próprios filhos - de modo que o respeito por parte do
Estado é sinal do respeito aos outros direitos humanos
e constitui um teste útil para avaliar a situação
abrangente dos mesmos num determinado país.
Violentar a liberdade religiosa é, pois, impedir à
pessoa a sua realização. O indivíduo, sem a abertura
ao transcendente, retrai-se sobre si mesmo, não
consegue encontrar resposta para as perguntas do seu
coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores
e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer
experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver
uma sociedade justa.
Em resumo, a liberdade religiosa atinge a própria
identidade da pessoa, por fazer parte da sua dignidade. Não
é uma concessão do Estado, porque autoridade nenhuma
tem o direito de intervir na consciência do indivíduo. Esta é
inviolável, enquanto constitui a condição necessária para a
procura da verdade digna do homem e para a adesão a ela
quando devidamente reconhecida.
Lembremos ainda: a verdade pode e deve ser
apresentada, mas nunca imposta. Ela se impõe em
virtude de si mesma.
O Estado deve ser laico, mas no sentido correto da
palavra. Não deve favorecer esta ou aquela religião,
deve respeitar e favorecer todas elas, porque os seus
cidadãos professam religiões diferentes. O que deve
exigir é que todas elas respeitem a Constituição, que,
por sua vez, porém, deve respeitar os direitos humanos,
baseados na lei natural, e visar ao bem comum e
integral dos indivíduos e da sociedade.
O ser humano, se eliminar de sua vida Deus - que
é amor, isto é, o sumo Bem, a suma Verdade, e,
conseqüentemente, o verdadeiro e único referencial
da verdade e do bem, em que ele deve viver - não
consegue a sua real e plena realização como pessoa.
O Estado, da mesma forma, eliminando Deus como
referencial de verdade e de bem, não tem razões
objetivas, elementos válidos e motivos justos para
atuar em favor do bem dos indivíduos e da sociedade. E
esse é o verdadeiro motivo do atraso dos povos!
Por isso, assim como o ser humano, também ele não pode,
de maneira alguma, ser ateu. Laico sim, ateu nunca!
Existem três valores que o Estado não pode hostilizar
ou negar: A liberdade, a igualdade e a participação. Se
o fizer, perde a sua legitimidade.
:::Pe Antonio Caliciotti
Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia
Mestre em Teologia em Moral
Mestre e Doutor em Filosofia Social
Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e
Estudo do Homem Contemporâneo
BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01
Download