Textos para as questões 1 e 2:

Propaganda
1º
Literatura
Carolina
Aval. Mensal
EM
01/03/12
Textos para as questões 1 e 2:
MEIO CÔMICO, MAS EFICAZ...
De que modo matar baratas? Deixe, todas as noites, nos lugares preferidos por
esses bichinhos nojentos, a seguinte receita: açúcar, farinha e gesso, misturados em
partes iguais. Essa iguaria atrai as baratas que a comerão radiantes.
Passado algum tempo, insidiosamente o gesso endurecerá dentro das mesmas, o
que lhes causará morte certa.
Na manhã seguinte, você encontrará dezenas de baratinhas duras, transformadas
em estátuas.
Há ainda outros processos. Ponha, por exemplo, terebentina nos lugares
frequentados pelas baratas: elas fugirão. Mas para onde? O melhor, como se vê, é
mesmo engessá-las em inúmeros monumentozinhos, pois ‘para onde’ pode ser outro
aposento da casa, o que não resolve o problema.
(Teresa Quadros – pseudônimo de Clarice Lispector)
A QUINTA HISTÓRIA
(...) A outra história é a primeira mesmo e chama-se “O Assassinato”. Começa
assim: queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me. Segue-se a receita. E então entra
o assassinato. A verdade é que só em abstrato me havia queixado de baratas, que nem
minhas eram: pertenciam ao andar térreo e escalavam os canos do edifício até o nosso
lar. Só na hora de preparar a mistura é que elas se tornaram minhas também. Em nosso
nome, então, comecei a medir e pesar ingredientes numa concentração um pouco mais
intensa. Um vago rancor me tomara, um senso de ultraje. De dia as baratas eram
invisíveis e ninguém acreditaria no mal secreto que roía casa tão tranquila. Mas se elas,
como os males secretos, dormiam de dia, ali estava eu a preparar-lhes o veneno da
noite. Meticulosa, ardente, eu aviava o elixir da longa morte. Um medo excitado e meu
próprio mal secreto me guiavam. Agora eu só queria gelidamente uma coisa: matar cada
barata que existe. Baratas sobem pelos canos enquanto a gente, cansada, sonha. E eis
que a receita estava pronta, tão branca. Como para baratas espertas como eu, espalhei
habilmente o pó até que este mais parecia fazer parte da natureza. De minha cama, no
silêncio do apartamento, eu as imaginava subindo uma a uma até a área de serviço
onde o escuro dormia, só uma toalha alerta no varal. Acordei horas depois em
sobressalto de atraso. Já era de madrugada. Atravessei a cozinha. No chão da área lá
estavam elas, duras, grandes. Durante a noite eu matara. Em nosso nome, amanhecia.
No morro um galo cantou.(...)
(Clarice Lispector)
1. O primeiro texto foi publicado em uma coluna de jornal em 1952. O segundo
texto é um trecho do conto “A quinta história”, em que Clarice narra o mesmo
fato de formas diferentes. Levando em consideração os conceitos de linguagem
utilitária e linguagem literária responda: Qual linguagem foi empregada em cada
um dos textos anteriores? Justifique.
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2. Transcreva, do segundo texto, um trecho que apresente uma figura de
linguagem, diga de qual figura se trata e justifique.
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Texto para as questões 3 e 4:
NAMORADOS
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei
com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
—Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
(Manuel Bandeira, In: Estrela da Vida Inteira, pp.145-146)
3. Relacione as informações que você tem a respeito dos gêneros literários
clássicos com o poema lido. Que gênero(s) você identifica? Justifique.
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4. Explique porque a comparação da namorada com uma lagarta listrada é positiva
para o rapaz no poema:
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Instruções para as questões 5 e 6: Leia este poema de Paulo Leminski, que já foi
musicado por Itamar Assumpção e Moraes Moreira:
para que leda me leia
precisa papel de seda
precisa pedra e areia
para que leia me leda
precisa lenda e certeza
precisa ser e sereia
para que apenas me veja
pena que seja leda
quem quer você me leia
(Distraídos venceremos. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002, p. 62)
5. Na construção do poema, o poeta explora vários recursos poéticos.
a) Que tipo de verso foi empregado?
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b) Como se estrutura o esquema de rimas?
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6. Observe os efeitos sonoros do poema e cite:
a) Um exemplo de aliteração:
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b) Um exemplo de assonância:
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7. Considere o poema abaixo:
A VOZ DO CANAVIAL
Voz sem saliva de cigarra,
do papel seco que se amassa,
de quando se dobra o jornal:
assim canta o canavial,
ao vento que por suas folhas,
de navalha a navalha, soa,
vento que o dia e a noite toda
o folheia, e nele se esfola.
(João Cabral de Melo Neto)
a) Faça a escansão da primeira estrofe do poema e indique o número de sílabas
poéticas que possui cada verso.
Número de sílabas poéticas: __________
b) Há rimas no poema? Justifique.
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(UNICAMP/2008 – Adaptada) Texto para as questões 8 e 9: O poema abaixo
pertence a O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro.
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(Fernando Pessoa, Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1983, p.142.)
8. Explique a oposição estabelecida entre a aldeia e a cidade.
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9. De que maneira o uso do verso livre reforça essa oposição?
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(PUC-Rio/2005 – Adaptada) Texto para a questão 10:
VERSOS A UM COVEIRO
(Augusto dos Anjos)
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!
Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!
Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais
Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números,
A tua conta não acaba mais!
(ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978)
10. Os versos de Augusto dos Anjos (1884 1914) já foram considerados "exatos
como fórmulas matemáticas".
(ROSENFELD, Anatol. A costeleta de prata de A. dos Anjos. Texto/contexto, São Paulo: Perspectiva, 1969,
p. 268).
Justifique essa afirmativa, destacando aspectos formais do texto.
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