MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES - RS CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA Sistema Agroecológico Na Produção de Uvas ALUNO: ADEMIR MARCON PROFESSOR/ ORIENTADOR: EDUARDO GIOVANNINI BENTO GONÇALVES DEZEMBRO 2008 INTRODUÇÃO Sistema agroecológico para a produção de uvas consiste na observância e aplicação de um conjunto de técnicas em que o produto final seja resultado da interação simultânea de diversos aspectos que propiciem o equilíbrio nutricional, bioquímico e fisiológico da planta. Este depende do equilíbrio químico, físico e biológico do solo, depende também do equilíbrio do ecossistema e condições climáticas. Falta de oxigênio no solo, falta ou excesso de umidade, pouca luminosidade, corte de raízes, ventos, variedades inadaptadas, adubos químicos solúveis concentrados, desequilíbrios quantitativos e qualitativos de macro e micro nutrientes e agrotóxicos são alguns fatores que alteram a proteossíntese, gerando acúmulo de substâncias atrativas aos insetos e agentes causadores de moléstias ( Claro, 2001). A principal dieta de fungos, bactérias e insetos (principalmente os sugadores) são constituídos por aminoácidos livres, amidos e açúcares solúveis e que qualquer fator que provoque a diminuição ou interrupção de proteossíntese gera acumulo destes compostos sensibilizando as plantas às doenças e pragas. A utilização de agrotóxicos tem produzido diversos problemas de ordem ambiental, tais como: contaminação do solo, da água, dos animais; intoxicação do homem; resistência de patógenos, de pragas; o desequilíbrio biológico, alterando a ciclagem de nutrientes e de matéria orgânica; a eliminação de organismos benéficos; redução da biodiversidade, entre outros. 2 Objetivos 1. Com o objetivo de produzir alimentos biologicamente equilibrados, livre de resíduos tóxicos e minimizar seus efeitos negativos sobre a natureza e a saúde do homem. 2. Tornar e manter ativa e em equilíbrio a flora, micro e meso fauna do solo para que este adquira a condição de ser supressor de pragas e moléstias. 3. Tornar e manter a planta em equilíbrio metabólico, com um ótimo de proteossístese de modo o diminuir a máximo ou evitar a circulação de substâncias de baixo peso molecular (aminoácidos livres, amidos, açucare solúveis) nos órgãos da planta. 3 1. ADUBAÇÃO DO SOLO Fertilidade do solo é definida pelo vocabulário de Ciência do Solo (Curie t.al., 1993). Um ecossistema natural sempre está no seu nível máximo de produtividade (clímax), dentro dos potenciais do ambiente, sendo limitado pela disponibilidade de água, de radiação e de nutrientes. A intervenção humana sempre interfere no equilíbrio natural e de maneira geral leva à sua degradação. (FEIDEN, 2001). A presença da fitomassa, constituída pelas plantas vivas e restos das culturas anteriores protege a superfície do solo da intensa radiação solar, reduzindo a amplitude térmica, o impacto das gotas da chuva, a perda de água por evaporação e a velocidade do escorrimento. Fertilidade do solo: Fertilidade Química: Indica o tipo de fertilidade do solo, essenciais às plantas, com a presença ou ausência de elementos tóxicos e suas reações. Fertilidade Física: Diz respeito à acessibilidade das plantas aos nutrientes existentes. A profundidade efetiva do solo, impedimentos à penetração radicular, porosidade, disponibilidade de água de oxigênio e estrutura e a agregação do solo são elementos importantes. Fertilidade Biológica: Indicação sobre o fluxo de nutrientes nos diversos compartimentos do sistema que depende dos organismos vivos constituídos pelas plantas cultivadas e espontâneas, fauna e microrganismos existentes no solo; sua ação depende da quantidade, diversidade e funções que exercem. 4 APLICAÇÃO, NUTRIENTES E MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO 1.1 ADUBAÇÃO VERDE Conforme PRIMAVESI (1990), adubação verde deve ser formada pelo consorciamento entre leguminosas, gramíneas e ervas nativas. Leguminosas para fornecer maior teor de nitrogênio através de fixação simbiótica (associação mutuamente benéfica). Gramíneas para manter ou aumentar a matéria orgânica do solo e fornecer carbono (aprox. 58% da matéria orgânica) para favorecimento da flora, micro e meso fauna do solo. A relação carbono/nitrogênio dos materiais vegetais é importante, pois influenciará na decomposição da M.O. e no manejo a ser adotado. Ervas nativas para reciclagem de nutrientes e favorecer o equilíbrio biológico do solo. A semeadura do mínimo de 50 kg/ha de sementes de aveia preta e no mínimo de 50 kg/ha de sementes de ervilhaca propicia uma cobertura verde razoável. A massa verde deve ser reforçada em torno de 15 dias antes do início da brotação da videira para fornecer nitrogênio no estágio de maior necessidade da cultura. Na época da roçada a massa verde deve estar bem desenvolvida. A aveia deve ser roçada antes do estágio do grão leitoso para não rebrotar e fornecer o máximo de celulose e lignina. A ervilhaca deve ser roçada não antes da formação de vagens para não rebrotar e fixar o máximo de nitrogênio. Para obter tais condições a semeadura destas culturas, deve ser realizada o mais cedo possível, em março ou abril. As semeaduras devem ser lançadas sobre a vegetação existente e serem incorporadas superficialmente com grade, apenas o suficiente para propiciar contato com o solo. Uma segunda roçada poderá ser realizada em fins de novembro e dezembro, época em que geralmente as temperaturas são altas e ocorre um déficit hídrico. Uma terceira roçada poderá ser realizada em fins de janeiro e fevereiro, procurando fazer com que as roçadas coincidam com o período de estiagem. Não roçar com o solo úmido para evitar maior compactação. As roçadas devem ser executadas de modo que toda área do parreiral seja roçado, sobretudo na projeção da copa. 5 1.2 CORREÇÃO DO SOLO PELA CALAGEM A calagem de correção é um método de criar o que se denomina “lastro de produtividade”. Isto indica que a quantidade de calcário a ser aplicado deva estar em conformidade com as características do solo. As recomendações para correção de acidez e adubação devem ser feitas com base em resultados de análise química e física do solo (Embrapa, ISSN 1678-1710, 2006). 1. Possui basicamente quatro funções: A. Corrigir o pH, por seu efeito indireto sobre a concentração de elementos nutritivos à disposição do vegetal e à atividade microbiana. pH < 5,6 ...ác fúlvicos (mobilizam Fé e Al – íons trocáveis Ca e Mg – se ligam). pH 5,6 a 6,8...ác húmicos (processo oxidativo, permanecendo Ca, Mg, K, P e micronutrientes). pH > 7,3...ác fúlvicos (degradação dos ác húmicos) (Scheffer, 1956). B. Neutralizar o alumínio e o manganês tóxicos. C. Flocular o solo para melhor agregação. D. Ser nutriente vegetal. 2. OBJETIVO DA CALAGEM A. Aumentar o complexo de troca, influir sobre o CTC (capacidade de troca de cátions) dependente do pH. B. Saturar o complexo com cálcio. 6 C. Elevar o pH a um nível de 5,5 para que o Al e o Fé trocáveis, não sejam mais prejudiciais. 2. ELEMENTOS NUTRITIVOS PRINCIPAIS E SUAS INTER-RELAÇÕES 2.1 FÓSFORO (P) O fósforo é o responsável pela energia na síntese de substâncias orgânicas, sem fósforo não existe crescimento vegetal. Praticamente em todos os solos brasileiros a adubação fosfatada aumenta a colheita. Aconselha-se adicionar ao adubo fosfórico, sulfato ou óxido de zinco, quando a quantidade de P2O5 ultrapassa a 100 kg/ha. Destacam-se três pontos básicos na disponibilidade do fósforo: O pH do solo deve ser > 5,5 e < 7,5, para que o fósforo permaneça disponível; Manter a estrutura do solo grumosa, facilitando o arejamento; A microvida é capaz de mobilizar fósforo de ligações com alumínio e ferro em um solo arejado, com matéria orgânica e cálcio, garantem o abastecimento normal de fósforo às plantas. Como fonte de fósforo, são recomendados os poucos solúveis como: Fosfatos naturais, tolerando-se o superfosfato em função de manter menos salinidade e ser fonte de cálcio e enxofre. 2.2 POTÁSSIO (K) Na maioria dos solos brasileiros há quantidade suficiente de K, variando entre 1.780 e 14.200 ppm (Primavesi, 1990). A resistência vegetal ao frio, seca e moléstias depende em larga escala de um abastecimento suficiente de K. 7 Em temperaturas baixas, como ocorre no inverno do RS, reduz a absorção de K, nestas condições ela aumenta quando o pH do solo estiver entre 6 e 6,5. Aos 25ºC a absorção é três vezes maior do que a 15ºC. A adubação com potássio se faz necessário quando o nível do elemento for menor que 40mg/kg de solo. E seu efeito á maximizado quando houver abundância disponível de outros nutrientes especialmente fósforo, nitrogênio, cálcio e magnésio. 2.3 NITROGÊNIO (N) O nitrogênio não é mineral, chega ao solo através do ar ou pela adubação. As chuvas tropicais podem acrescentar ao solo, até 50 kg/ha de nitrogênio ao ano. Crucial para a vida terrestre, uma vez que toda a proteína é formada com base de nitrogênio, quer se tratem de microorganismos animais, plantas ou seres vivos. A matéria orgânica promove a fixação de nitrogênio por meio biológico, fotoquímico e pela absorção do ar. 2.3.1 NITROGÊNIO NÍTRICO (NO3¯) Os nitratos preferencialmente são absorvidos pelas plantas podendo circular em maior concentração pela seiva. Plantas nutridas com (NO3¯) tem vantagem absoluta por ser um ânion, permitindo maior acumulação de cálcio, magnésio e potássio. 2.3.2 NITROGÊNIO AMONIACAL (NH4+) No Brasil, N em forma de sulfato de amônio é o mais usado na adubação. Exige uma metabolização rápida para evitar excesso na seiva vegetal, necessitando muito mais fósforo, que o nitrogênio nítrico. Desloca cátions como potássio e cálcio tornando o metabolismo do vegetal muito precário, aumentado à suscetibilidade das plantas às doenças fúngicas. A necessidade de nitrogênio aumenta com a intensidade de iluminação. A sombra reduz a necessidade de nitrogênio em até 50%. 8 A eficiência de uma adubação nitrogenada somente será garantida quando não existir outra deficiência mineral no solo e, quando sua metabolização completa estiver assegurada. Qualquer deficiência mineral que impede a formação de proteínas equivale a uma deficiência de nitrogênio para o vegetal, o mesmo ocorre na falta de enxofre, zinco, manganês, ferro e outros. 2.4 ENXOFRE (S) O enxofre é necessário por formar parte dos aminoácidos essenciais como: cistina, cisteína e metiodina, indispensáveis para a formação das proteínas. Parte do enxofre é encontrada em minerais no solo, outra chega pela chuva, que pode adicionar até240 kg/ha/ano. Os adubos mais comuns contendo enxofre são: superfosfato, sulfato de amônio e sulfato de cálcio (gesso). Enquanto forem usados adubos fosfatados o perigo de falta de enxofre não existe, porém, com a prática de adubação usando fosfatos naturais, nitrato de amônio, nitrato de cálcio ou adubos concentrados, hoje, preferidos por serem formas mais econômicas, pode ter um efeito catastrófico, devido à falta de enxofre. 3. PULVERIZAÇÕES COMPLEMENTARES NO CONTROLE FIOSIOLÓGICO DE PRAGAS E MOLÉSTIAS Os agrotóxicos interferem no metabolismo das plantas podendo alterar os teores e relação entre os nutrientes. Isto, em muitos casos, prejudica a proteossíntese sensibilizando as plantas ao ataque de pragas e doenças, controla-se em determinado momento, patógenos ou inseto com a aplicação de agrotóxicos, mas cria condições metabólicas para posteriormente a planta ser atacada por outras pragas e moléstias. Quimicamente e fisiologicamente não existe diferença entre adubação foliar e no solo. Os nutrientes, principalmente os micronutrientes, em aplicação foliar agem como ativadores enzimáticos, acelerando a síntese as proteínas. Com isto o acúmulo 9 de substâncias de baixo peso molecular é impedido ou diminuído tornando as plantas mais resistentes a pragas e moléstias. Entretanto tais nutrientes devem sofrer em processo de complexação antes de serem pulverizadas sobre a planta, assim ela gasta menos energia para absorvê-los. O esquema de pulverização pode incluir calda sulfocálcica, calda bordaleza, um coquetel de micronutriente complexados através de um processo fermentativo com água, esterco bovino. Este trabalho tem sua origem no trabalho agroecológico no município de Ipê – RS, batizado com o nome de supermagro. SUPERMAGRO: a receita completa. Boletim da Associação de Agricultura Orgânica, n.16, p.5, 1994. 3.1 PULVERIZAÇÃO DE INVERNO Segundo Claro (2001), os diversos experimentos e experiências realizadas com variedades híbridas e em americanas com agricultores da região Centro-Serra, foi possível compor um sistema de pulverização na produção ecológica de uvas. Primeiro tratamento: Junho – julho Composição: 2 litros de calda sulfocálcica, + 10 litros de água, + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão em barra, ou 250 a 500ml de Alhol. (Pode-se repetir a pulverização 30 dias após, mas nunca na brotação). Para cochonilhas, substituem-se 1,5 litros de água por 1,5 litros de extrato de fumo. Segundo tratamento: Agosto até meados de Setembro Logo após a poda, mas antes da brotação. Aplicar depois de transcorridos 20 a 30 dias da aplicação da sulfocálcica. OBS: Caso ainda houver a presença de cochonilhas adiciona-se à bordaleza óleo mineral na concentração de 1 a 1,5%. 10 Caso o tronco estiver muito prejudicado por cochonilhas, machucaduras entre outras alterações é importante pincelar o mesmo com a pasta bordaleza 10%. Importante: nos tratamentos de inverno (maior concentração de caldas) devese respeitar o intervalo de 30 dias (no mínimo 15 a 20 dias), entre uma aplicação de bordaleza e outra sulfocálcica e vice-versa devido à incompatibilidade. 3.2 PULVERIZAÇÃO DE VERÃO A. Primeira pulverização: quando a maioria dos brotos encontra-se com pelo menos uma folha separada. Composição: 10 litros de água + 100 a 120ml sulfocálcica + 500ml supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500 ml de Alhol. Ou: 10 litros de água + 125ml de leite de cal concentrado+ 125ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml supermagro + 200g farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. OBS: O biofertilizante supermagro deverá conter alta concentração de cálcio e boro. B. Segunda pulverização: 7 a 12 dias após a primeira aplicação. Composição: 10 litros de água + 100 a 120ml sulfocálcica + 500ml supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500 ml de Alhol, ou: 10 litros de água + 125ml de leite de cal concentrado+ 125ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml supermagro + 200g farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. C. Terceira pulverização: 7 a 12 dias após a segunda pulverização. Composição: 10 litros de água + 100 a 150ml de sulfocálcica + 50ml biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. Ou: 9,5 litros de água +250ml de leite de cal concentrado + 250ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. 11 D. Quarta pulverização: na pré-floração, (estágio em que a florescência encontre-se bem desenvolvida, com os botões florais separados, mas ainda não abertos). OBS: É um estágio em que a pulverização é indispensável. Composição: 9,5 litros de água + 250ml de leite de cal concentrado + 250ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml de supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. E. Quinta pulverização: no final da floração – final da queda das pétalas. OBS: É outro estágio em que a pulverização é indispensável. Composição: 9,5 litros de água + 250ml de leite de cal concentrado + 250ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml de supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. F. Sexta pulverização: quando o grão estiver no tamanho de chumbinho ou grão pimenta do reino. Composição: 9 litros de água + 500ml de leite de cal concentrado + 500ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml de supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. G. Sétima pulverização: quando o grão estiver grão de ervilha. Composição: 9 litros de água + 500ml de leite de cal concentrado + 500ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml de supermagro + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. OBS: Esta aplicação é uma das últimas pulverizações mais importantes para prevenir a cultura em relação ao míldio. H. Oitava pulverização: aproximadamente 30 dias antes da colheita. (10 a 15 de dezembro para Francesa e Niágaras, 2ª quinzena de janeiro para Isabel e outras tardias). OBS: Começa neste estágio em outro período de alta sensibilidade da cultura em relação às doenças, principalmente com relação ao míldio e, sobretudo com relação às podridões. 12 Composição: 9 litros de água + 500ml de leite de cal concentrado + 500ml de sulfato de cobre concentrado + 500ml biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. Importante: neste estágio, ou seja, 30 dias antes da colheita é realizada a última aplicação em que a bordaleza participa na composição da mistura, para evitar ou diminuir os resíduos de sulfato de cobre no vinho, para não manchar o fruto com bordaleza. O que para o consumidor pode parecer agrotóxico. I. Nona pulverização: aproximadamente 20 dias antes da colheita. Composição: 10litros de água + 100ml sulfocálcica + 500ml biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g de sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. J. Décima pulverização: aproximadamente 7 a 10 dias antes da colheita. Composição: 10litros de água + 100ml sulfocálcica + 500ml biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g de sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. 3.3 PULVERIZAÇÃO DA PÓS-COLHEITA A. Primeira pulverização: 30 dias após colheita. Realiza-se para assegurar a maturação normal dos ramos e para possibilitar a síntese e armazenagem de substâncias para o próximo ciclo, o fornecimento de energia necessária ao desenvolvimento inicial da vegetação. Composição: 9litros de água + 500ml de leite de cal concentrado + 500ml sulfato de cobre concentrado + 500ml de biofertilizante enriquecido + 200g de farinha de trigo ou 100g de sabão neutro ou 250 a 500ml de Alhol. Em variedades precoces e parreirais muito debilitados, pode-se repetir a pulverização com o mesmo conteúdo em 30 dias após. 13 OBS: Neste esquema de pulverização, considera uma primavera-verão bastante adversa com chuvas intensas e freqüentes, com períodos extemporâneos, de frio e calor. E com solos mais equilibrados em suas condições químicas, físicas e biológicas e em anos normais com menos adversidades climáticas, 5 a 6 pulverizações são suficientes para obterem-se bons resultados. Assim a primeira pulverização deve ser realizada quando os brotos estiverem com 1 a 3 folhas abertas, a segunda, a terceira, a quarta pulverizações na pré-floração, no final da queda das pétalas e no estágio grão pimenta, respectivamente. A quinta pulverização deve ser realizada no estágio grão de ervilha e a sexta 30 dias antes da colheita, mantendo a pulverização pós-colheita. A pulverização da pré-floração bem como as três seguintes até o estágio do grão de ervilha deve conter: a calda bordaleza como componente da mistura a ser pulverizada. Pois a calda bordaleza, principalmente neste período produz uma diminuição de substâncias solúveis, tornando a videira mais resistente a moléstias e pragas. 14 CONCLUSÃO Conscientização e compreensão de que produtos agrícolas não são mercadorias quaisquer, são alimentos que podem gerar saúde ou doenças para seres vivos, incluindo a natureza, conforme seja o seu manejo, produção, conservação e consumo. Somos também responsáveis pelas gerações futuras. Este trabalho é resultado além a bibliografia citada, de conhecimentos práticos adquiridos do produto resultante do Sistema Agroecológico na produção de Uvas em estágios por mim realizados na Cooperativa Vinícola Garibaldi e na Golden Sucos (produz suco concentrado de uva), no setor de recebimento; artigo sobre os assuntos cedidos pelo professor Eduardo Giovannini, palestras nas EMBRAPA e também com grande número de agricultores que estudam, acreditam e realizam agroecológia, com experimentos sem metodologia científica, mas com a avaliação dos resultados, obtidos pelos agricultores, que tem se mostrado muito satisfatórios e que a cada experiência realizada propicia indicadores importantes para o avanço da produção agroecológica. No estado do Rio Grande do Sul, já existe tecnologia disponível para a produção de uvas, pelo sistema agroecológico. 15 RAFAEL TOMAZZI ENÓLOGO E PRODUTOR DE UVAS E OUTRAS CULTURAS AGROECOLÓGICAS DISTRITO TUIUTY – BENTO GONÇALVES – RS Trabalho há 9 anos com uva orgânica. Aos 6 anos de idade fui intoxicado por agrotóxicos, isto me fez rever o sistema de produção. Minha família me apóia. As pessoas também admiram a iniciativa, embora ainda existam muitos críticos. As dificuldades estão por conta da falta de recursos tecnológicos. O sistema é auto-sustentável, desde que se trabalhe deforma racional. O produto tem demanda grande, mas é preciso melhorar a qualidade. Elaboro vinho para consumo próprio. Após adotar este sistema, a propriedade melhorou a estrutura e a microbiologia do solo, bem como equilíbrio biológico. 16 Quando se inicia o sistema é recomendável fazê-lo em pequenas áreas e com variedade mais rústica. O sistema de produção é avaliado a cada caso. Observam-se grandes variações conforme cada propriedade – tipo de solo, posição do vinhedo, variedade, clima. Os recursos atuais ainda sã insuficientes. Consegue-se produzir com muito esforço e dedicação. A própria variedade vira centro de pesquisas. É um sistema que está crescendo, para isso, é necessário apoio dos órgãos de pesquisa, universidades e empresas privadas. Para engrandecer o conhecimento sobre o sistema, participo de seminários, encontros, congressos, cursos e reuniões com produtores para troca de experiências. Como profissional, consegui um bom diferencial de produção. Este sistema engrandece minha pessoa, me sinto feliz no meu trabalho. O que me motiva a continuar nesta proposta de produção é trabalhar a terra. Tirando o próprio sustento sem prejudicá-la, cuidando ao máximo os recursos naturais e pensando nas futuras gerações. A preservação ambiental é o ponto forte para o futuro do sistema. 17 FRASE “O futuro do Brasil está ligado à sua terra. O manejo adequado de seus solos é a chave mágica para a prosperidade e bem estar geral. A Natureza em seus caprichos e mistérios condensa em pequenas coisas, o poder de dirigir as grandes; nas coisas simples, a capacidade de reger as complexas.” (Primavesi) SUGESTÃO Educação ambiental, ser disciplina obrigatória em todas as etapas da formação escolar (educacional). 18 AGRADECIMENTOS CEFET – Pela importância que desempenha no desenvolvimento do setor vitivinícola. Profª. Cláudia Schiedeck Soares de Souza – Pelo empreendedorismo nos ideais. Profª. Selma Schiedeck – Pelas lições de cidadania. Prof. Eduardo Giovannini – Pelo exemplo de ser “Mestre”. Profs. Banca – Pela disponibilidade. Profs. - Pela missão de formar “consciências”. Profª. Remi Maria Possamai – Pelo carisma, afeto e dedicação às pessoas e ao seu trabalho. Profª. Fernanda Zorzi – Pela prestatividade e dedicação. Funcionários – Pelo trabalho. Alunos – Pela amizade e coleguismo. 19 Rafael Tomazzi – Por ser um ecologista multiplicador. A todos que contribuíram para eu chegar até este momento. Meus pais – Por me ensinarem “valores” Acima de tudo – “OBRIGADO A DEUS” Pela vida Pela natureza. Serei sempre grato Obrigado 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BETTIOL, W; TRATCH, R; GALVÃO, J.A.H. Controle de Doenças de Plantas com Biofertilizante. Jaguariúna: EMBRAPA – CNPMA, 1997. 22p. (Circular Técnica, 02). CAE – Ipê, Equipe Técnica – Biofertilizantes Enriquecidos. 24p. CHABOUSSOU, F, 1987. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos. Teoria da Tofobiose. Tradução de Maria José Guaazzeli, 1987 Ed. L&PM. Porto Alegre, 256p. CAMARGO, P.N de 1975. Manual de Adubação Foliar. Ed. Ave Maria Ltda. São Paulo 258p. CLARO, S.A., 2001. Referenciais Tecnológicos para a Agricultura Familiar Ecológica. 2ª Ed. – Porto Alegre, 250p. DAL BÓ, M.A. 1992. Nutrição Mineral e adubação da videira. Agrop. Catarinense. V.5, N.4, dez 1992. FEIDEN, A. Conceitos e Princípios para o Manejo Ecológico do Solo. Seropédica: EMBRAPA Agrobiologia, dez 2001. 21 ( Documentos, 140 ISSN 1517 – 8498). MALAVOLTA, E. 1980. Elementos de Nutrição Mineral de Plantas. Ed. Agronômicas Ceres Ltda. São Paulo. 251p. PRIMAVESI, A., 1987. Manejo Ecológico do Solo. 9ª Edição. 1◦ Reimpresso. Ed. Nobel. São Paulo, 549p. SUPERMAGRO: Boletim da Associação da Agricultura Orgânica, n.16, p.5, 1994. 21