O teatro grego

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O teatro grego
Autora: Jéssica dos Santos de Souza Rassweiler
teatro de Epidauro
O Teatro Grego surgiu no século V, num período de extrema modificação da
sociedade grega. Foi neste período que a democracia assentou-se com
soberania nesta sociedade, e se viu necessário ao homem da época/local a
realização de debates e reflexões tanto sobre a sua própria existência, quanto
às suas relações (homem x sociedade x deuses). Neste contexto, o teatro grego
perdeu seu caráter outrora ilustrativo e doutrinador do ponto de vista religioso,
para assumir de fato o papel de propulsor de reflexões e debates, onde tanto os
envolvidos nas montagens, quanto os expectadores das mesmas participavam
efetivamente das discussões quanto aos aspectos da vida da pólis.
O Teatro Grego tal qual conhecemos hoje, e que serviu de bases para o teatro
ocidental, evoluiu das representações realizadas em honras ao deus Dionísio
(deus grego do vinho e das orgias), nas festividades conhecidas como
“Grandes Dionisíacas”. Nestas festividades era tradição pessoas vestidas de
“homens-bodes” representarem a mitologia do referido deus. A este ato de
representação podemos destacar diversas características que mais a frente
influenciaram na concepção do teatro grego clássico:
Era de fato uma atividade feita pelo povo e para o povo;
Eram representações feitas por homens;
E a principal:
Discutiam a mitologia, porém mantinha-se a visão de enredo baseado na
peripécia do herói (que no caso era o próprio deus Dionísio).
Deve-se ressaltar, todavia; que por ter origem numa festa dedicada a uma
deidade, o Teatro Grego é fruto sim de uma representação de cunho religioso
e mítico. No entanto; conhecer o fato de que os envolvidos na representação
(dentro do delírio extasiado pela mesma) assumiam a identidade da persona
dionisíaca como a sua própria personalidade e, por conseguinte a sua própria
parcela divina; torna-se de essencial importância quando se deseja
compreender de onde surge este papel do homem grego como co-responsável
pelo seu destino e pelo destino da pólis. Nesta visão, fica clara a importância
do teatro no processo de pensamento pelo qual passou o homem grego neste
momento: de teocêntrico para antropocêntrico.
As “Grandes Dionisíacas” ocorriam em meados da primavera, em
comemoração ao deus Dionísio, num período que durava sete dias. Nestas
festividades, o primeiro dia era permeado por alegres procissões em honras ao
deus onde are praxe a embriagues pelo vinho e a dança extasiada. Neste
mesmo dia anunciava-se a programação dos dias subsequentes que
compreendia nos seguintes concursos de ditirambos:
Concurso entre coros (ocorrido no segundo dia);
Concurso de comédias (ocorrido no terceiro dia);
Concurso de tragédias (ocorrido entre o quarto e o sexto dia) – era o concurso
mais importante.
Anuncio premiação e honrarias dos vencedores (ocorrido no sétimo dia).
Nestes concursos, mais que poetas e atores, os grandes destaques eram os
coretos e os coreutas, que recebiam prêmios honoríficos. Aos córegos
vencedores também eram dedicados prêmios e honras.
Sabe-se que a estrutura dos concursos de tragédias se dava da seguinte forma:
a cada dia três poetas apresentavam uma tetralogia: conjunto de três tragédias
e um drama satírico.
Algo que se deve enfatizar é que toda esta estrutura dos concursos, como
gastos de produção e salários dos profissionais envolvidos eram pagos pelo
governo através dos impostos que este arrecadava. Outro ponto a ser
destacado é o fato de que somente era permitido ao poeta escrever peças
inéditas nos referidos concursos.
Dentro da manifestação teatral na Grécia Antiga, o coro representava a voz da
persona do povo, adentrando-se no texto para exprimir as opiniões e
reflexoôes que vão de encontro aos anseios do público com relação a
dramatização apresentada, sem no entanto interferir no desenrolar desta.
No principio do teatro grego, a posição do ator foi secundária com relação a
outros aspectos da composição do espetáculo. Porém com o desenvolvimento
da importância dada à interpretação, este quadro começou a modificar-se de
forma a favorecer o reconhecimento deste artista. Surgem aí os primeiros
atores célebres. A profissão de ator na Grécia Antiga era reconhecida dentro
da sociedade, sendo que possuía regulamentação por leis, decretos e os atores
possuindo registros em contratos. Os atores também recebiam salários pelo
seu trabalho. Era usual neste período o ator representar mais de um papel
dentro do espetáculo, e até mesmo dividir com outros atores o mesmo
personagem caso necessário, pois havia uma rigidez quanto a quantidade de
atores que uma montagem poderia possuir. Os atores célebres, também
chamados de vedetes conseguiam muitas vezes alcançar a fama fora de suas
pólis e também a fortuna, sendo que a relatos de até mesmo de serem alvos de
disputas entre cidades.
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