Verificação de Sistemas Baseados em Conhecimento - Dei-Isep

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Verificação de Sistemas Baseados em
Conhecimento Destinados a Centros de Condução
Jorge Santos(1), Carlos Ramos(1), Zita A. Vale(2), Albino Marques(3)
(1)
Instituto Politécnico do Porto, Instituto Superior de Engenharia,
Departamento de Engenharia Informática - Rua de S. Tomé – 4200 Porto
{jsantos|csr}@dei.isep.ipp.pt
(2)
Instituto Politécnico do Porto, Instituto Superior de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica - Rua de S. Tomé – 4200 Porto
[email protected]
(3)
REN–Rede Eléctrica Nacional,S.A. Apartado 1003 - 4471 Maia Codex
[email protected]
Resumo
A utilização de Sistemas Baseados em Conhecimento (SBC) nos Centros de Condução
permite o melhor aproveitamento dos recursos instalados na rede de transporte. As fases
de Verificação e Validação (V&V) são fundamentais no desenvolvimento e manutenção
deste tipo de sistemas.
Este artigo trata o tema da Verificação e Validação de Sistemas Baseados em
Conhecimento em geral, focando em particular a V&V do SPARSE, um SBC
desenvolvido para a Rede Eléctrica Nacional (REN) para assistência aos operadores na
análise de incidentes e reposição em serviço.
O VERITAS é uma ferramenta de verificação automática que foi utilizado na V&V do
SPARSE. Esta ferramenta permite realizar um conjunto de testes lógicos às Bases de
Conhecimento com vista à detecção de eventuais anomalias.
Palavras-Chave: Verificação, Validação, Sistemas Baseados em Conhecimento,
Raciocínio Temporal e Centros de Condução
1. Introdução
Os actuais Centros de Controlo e Condução das redes eléctricas assumem uma
importância fundamental na respectiva exploração. Estes Centros recebem
informação, em tempo real, sobre o estado da rede que lhes diz respeito, devendo
os respectivos operadores tomar decisões adequadas, em face do estado da rede.
Em situação de incidente, a quantidade de informação que chega a estes Centros é
de tal forma elevada que a sua correcta interpretação se torna humanamente
impossível. Há alguns anos, as empresas de electricidade começaram a introduzir
nos seus Centros, aplicações baseadas em Inteligência Artificial [Amelink-86]
[Cigre-93] [Kirschen-92] [Talukdar-86] [Vale-93] [Wollenberg-86], de modo a
fazer face a estes problemas e a constituírem ferramentas de apoio à decisão.
Estas aplicações são usadas em situações de incidente, nas quais o seu
desempenho correcto e eficiente deve ser garantido, através da aplicação de
técnicas de Verificação e Validação (V&V). A V&V destas aplicações
inteligentes não está, contudo, ainda tão difundida quanto seria desejável, sendo
frequentemente realizada de forma pouco sistemática.
A aplicação sistemática de técnicas formais de V&V poderá ser uma chave para
transmitir aos utilizadores a confiança necessária ao sucesso destas aplicações,
mesmo aquelas que actuam em áreas críticas.
A validação permite avaliar o correcto funcionamento de um produto ou serviço,
através da análise do seu desempenho na realização das tarefas para o qual foi
concebido e produzido. A validação é levada a cabo através da execução de um
conjunto de testes que visam garantir que, para um determinado conjunto de
entradas, serão obtidos os resultados esperados.
A verificação, por oposição à validação, pressupõe o conhecimentos das técnicas e
do saber utilizados na concepção e desenvolvimento do produto a verificar. Esta
condição é fundamental para se realizar correctamente a verificação. Assim, a
verificação analisa os mecanismos utilizados durante o funcionamento do sistema
ou produto, com vista à satisfação das necessidades do utilizador e dos requisitos
previamente especificados.
O software é um produto e, por consequência, tem de ser validado e verificado. A
multiplicidade das aplicações possíveis, a quase omnipresença destes produtos, a
complexidade crescente das soluções utilizadas e as leis do mercado da
concorrência, entre outros factores, justificam a utilização de recursos cada vez
mais importantes no processo de V&V. Como consequência directa desta
evolução, foi criado um vasto leque de técnicas que podem ser utilizadas na
realização do referido processo, das quais se destacam aquelas que se baseiam na
utilização de métodos formais.
Dentro dos produtos próprios da Engenharia de Software, distinguem-se duas
famílias distintas: a de aplicações normalmente designadas por software
convencional e a das aplicações inteligentes que incluem, naturalmente, os
Sistemas Baseados em Conhecimento (SBC). No que diz respeito à V&V de
aplicações da Área de Inteligência Artificial (IA) em geral e de SBC em
particular, existe uma consciencialização cada vez maior da necessidade de
realizar a V&V destes produtos.
Uma das técnicas que mais se evidenciou pela sua objectividade e pelos resultados
obtidos, foi a detecção de anomalias em Bases de Conhecimento. Esta técnica
consiste em pesquisar e isolar situações que possam produzir erros durante o
funcionamento de um SBC. A detecção de anomalias em Bases de Conhecimento
pertence à área de verificação, visto que visa garantir a consistência e a
inexistência de deficiências no conhecimento representado nesta componente dos
SBC. As técnicas vocacionadas para garantir a efectividade dos mecanismos de
inferência e raciocínio empregues são normalmente conotadas com a validação. A
detecção de anomalias é, em princípio, tanto mais efectiva quanto mais formal e
objectiva for a classificação das referidas anomalias.
Na presente secção foram introduzidos os conceitos de Validação e Verificação
relacionando-os com as aplicações informáticas. Na secção seguinte são
apresentadas as definições formais de alguns conceitos fundamentais considerados
ao longo deste documento.
Na secção 3 é apresentado o sistema SPARSE, focando as características
particulares deste SBC que mais dificultaram o trabalho de verificação. Na secção
4 é descrito com algum detalhe o VERITAS, uma ferramenta de verificação
automática, sendo apontados os motivos que levaram ao desenvolvimento desta
ferramenta, a sua arquitectura e as técnicas utilizadas na detecção de anomalias.
Finalmente, na última secção são apresentadas algumas conclusões e apontados
desenvolvimentos futuros.
2. Definições Base
Em parte devido a alguma juventude da área em questão ainda não existe uma
nomenclatura perfeitamente definida [Hoppe-91]. Com base no trabalho realizado,
foi possível obter algumas definições que serão consideradas ao longo deste
documento, a saber:
VALIDAÇÃO – Este processo permite assegurar que as respostas fornecidas pelo
SBC apresentam um grau de confiança semelhante ao das que seriam fornecidas
por um perito do domínio de conhecimento modelizado. Os testes realizados
durante este processo devem realizar-se sob condições tão semelhantes quanto
possível às do ambiente real. Durante a fase de validação, o sistema é
considerado como uma “caixa preta” cujo avaliação depende apenas da relação
existente entre as entradas e os saídas do sistema.
VERIFIÇÃO – Este processo permite assegurar que o SBC foi bem construído e
foram utilizadas as técnicas adequadas ao longo de todo o processo de
desenvolvimento. Durante o processo de verificação é examinado o interior do
SBC com vista à detecção de possíveis erros. Esta abordagem é normalmente
designada por “caixa de cristal”.
ANOMALIA – Uma anomalia no conhecimento constitui um sintoma de um (ou
vários) erros. No entanto, por si só, não garante a existência de um erro.
3. O Sistema SPARSE
O SPARSE [Vale-93] [Vale-97] é um Sistema Baseado em Conhecimento
destinado a auxiliar os operadores dos Centros de Controlo e Condução da Rede
Nacional de Transporte de Energia Eléctrica no processamento de alarmes e na
reposição em serviço. A sua arquitectura está esquematizada na Figura 1.
Eventos
Interface
Software
Comandos
Motor de
Inferência
Explicações
Base de
Conhecimento
Meta-Regras
Interface
Factos
Módulo de
Manutenção de
Conhecimento
Regras
Módulo de
V&V
Módulo de
Aquisição de
Conhecimento
Figura 1 – Arquitectura do sistema SPARSE
As características próprias do sistema SPARSE condicionam a selecção e a
implementação das técnicas a utilizar na verificação. As características que mais
dificultam a sua verificação são:
•= existência de um mecanismo de selecção de regras a disparar;
•= modelização de raciocínio temporal e não monotónico;
•= utilização de variáveis nas regras.
4. VERITAS, uma ferramenta de verificação
O VERITAS [Santos-99] [Santos-99a] é uma ferramenta de verificação
automática, independente do domínio de conhecimento e da gramática utilizada na
representação da Base de Regras. Esta ferramenta permite a detecção de um
conjunto de anomalias passíveis de existirem em Bases de Conhecimento. A
definição das anomalias e a respectiva detecção baseiam-se em métodos formais.
A utilização de métodos formais em ferramentas de verificação permite aumentar
o grau de confiança dos utilizadores nos SBC verificados, bem como garantir a
coerência das regras existentes na Bases de Conhecimentos (BC) destes sistemas.
O VERITAS foi utilizado em testes sobre três SBC que actuam em domínios
distintos e cujas BC não utilizam uma sintaxe comum. Para além do SPARSE,
foram também verificados dois Sistemas Periciais destinados ao auxílio no
diagnóstico de doenças do foro da Cardiologia, o ARCA [Rocha-90] (mais
precisamente, para patologias associadas às arritmias cardíacas) e da Otologia
[Sampaio-96].
4.1.
Motivação
A necessidade de realizar a verificação da Base de Conhecimento do SPARSE
deve-se fundamentalmente a dois aspectos. Em primeiro lugar, tendo em conta a
dimensão do projecto SPARSE e o elevado grau de fiabilidade que este deveria
fornecer aos utilizadores finais, após o desenvolvimento deste sistema, e antes da
sua entrada em funcionamento, foi realizado um conjunto variado de testes
durante a fase de validação, incluindo testes de campo e avaliação de desempenho
num número elevado de casos. Alguns deles descrevem situações reais,
anteriormente coleccionados e outros foram criados especificamente para os
testes.
Atendendo à definição de validação, o facto dos resultados serem positivos, isto é,
de o sistema apresentar o desempenho esperado perante um conjunto de casos, tal
não garante idêntico resultado para todos os casos possíveis. Por outras palavras, a
fase de validação não é capaz, por si só, de assegurar a correcção e consistência do
conhecimento representado na BC do sistema.
Deste modo, revela-se necessário efectuar, além da validação, a verificação do
SBC. A verificação consiste num conjunto de técnicas e procedimentos que
pretendem assegurar de forma complementar o correcto funcionamento de um
SBC, neste caso particular do SPARSE.
A segunda razão para se realizar a verificação do SPARSE está relacionada com o
facto de alguns dos testes realizados durante a validação do SPARSE,
nomeadamente aqueles que envolveram a utilização de instalações e a
consequente colocação fora de serviço de parte das mesmas, implicarem elevados
custos económicos e humanos. Durante estes testes, alguns dos recursos estavam
indisponíveis para a sua utilização normal, era necessário um conjunto de pessoas
envolvidas nas operações e, para além disso, os testes eram morosos, devido às
dificuldades de coordenação e às deslocações que era necessário realizar aos
locais escolhidos para os testes.
Ora, como é sabido, uma das dificuldades em garantir a qualidade do
conhecimento armazenado num SBC prende-se, em geral, com a necessidade de
actualizar este conhecimento regularmente.
O custo elevado da realização dos testes de campo e a relativa regularidade com
que a Base de Conhecimento pode ser actualizada fazem com que a hipótese de
realizar a validação após cada alteração da BC apresente características
proibitivas. Desta forma, a verificação com base em métodos formais afigurou-se
como um método que poderia garantir a consistência da BC após cada alteração,
de uma forma aceitável em termos de utilização de recursos.
4.2.
Arquitectura
Para que a arquitectura do VERITAS (ver Figura 2) pudesse ser fortemente
modular, as entradas e saídas de cada módulo são sempre realizadas através de
ficheiros. Isto significa que, apesar dos diferentes módulos terem de ser
executados de forma sequencial, o processo de verificação não precisa de ser
executado de uma só vez. Para além disso, após a execução de um módulo, os
resultados obtidos podem ser utilizados inúmeras vezes pelos módulos seguintes.
Na primeira fase de funcionamento, o módulo conversor, como o próprio nome
indica, converte as regras contidas na BC do SBC a analisar numa representação
canónica que é reconhecida e utilizada pelos restantes módulos do sistema. Após
terem sido importadas as regras externas, é necessário classificar toda a
informação, tornando possível uma representação mais compacta dos dados, mas
também a extracção de novo conhecimento, pertinente para o processo de
detecção de anomalias propriamente dito.
O gestor da BD Interna, a partir da base de regras (na forma canónica), faz a
extracção e classificação de toda a informação necessária à detecção de
anomalias. No primeiro passo, os literais extraídos das regras são classificados da
seguinte forma:
•= Facto – se só aparece no lado esquerdo da regra;
•= Conclusão – se só aparece no lado direito da regra;
•= Hipótese – se aparece em ambos os lados da regra.
Esta classificação é independente do domínio de conhecimento e só é pertinente
no
âmbito do processo de verificação.
No segundo passo, é gerada informação necessária para definir as restrições de
valor único. O VERITAS considera os seguintes tipos de restrições:
•= Restrição Semântica – é um conjunto de literais que não podem
coexistir simultaneamente na BC. Note-se que esta restrição é
inerente ao domínio de conhecimento e, portanto, tem de ser
introduzida pelo utilizador. O exemplo seguinte está relacionado
com o regime de exploração de uma subestação:
{remoto(Data,Instalacao), local(Data,Instalacao)}
•=
Restrição de Valor Único – neste caso, a restrição é formada por
literais idênticos mas com parâmetros distintos, conforme o exemplo
seguinte, no qual D,I,P representam a Data, a Instalação e o Painel,
respectivamente:
{disjuntor(D,I,P,aberto),
disjuntor(D,I,P,fechado),
disjuntor(D,I,P,movimento)
}
•=
Restrição Lógica – esta restrição inclui dois tipos: {A e ~A}
significando que um literal não pode coexistir com a sua negação e
{A e naoFisico(A)}, sendo este caso utilizado em sistemas não
monotónicos nos quais é possível retirar um literal da base de
conhecimento.
Gestor da
Base de Dados
Interna
Gramática 1
BC 1
Forma
Canónica
Gramática 2
Operações de
Base de Dados
BC 2
...
n Blocos
...
Gramática n
BC n
Utilizador
Conversor
Correções
Propostas
Base de Dados
Interna
Editor
de
Regras
Operações de
Refinamento
Ferramentas
de
Verificação
Anomalias
Detectadas
Ferramentas
de
Refinamento
Figura 2 - Arquitectura da ferramenta VERITAS
O módulo de detecção de anomalias (Ferramentas de Verificação) pode funcionar
de duas formas: em modo de tarefa, sem a intervenção do utilizador, ou através do
assistente de actualização que, entre outras funcionalidades, permite a edição de
regras. A representação gráfica das regras é feita com base numa técnica
designada hipergrafos dirigidos [Ramaswamy-97]. Um hipergrafo permite
identificar as relações existentes entre as regras de uma forma bastante clara.
Note-se que, para um conjunto de regras, existe sempre um e apenas um
hipergrafo.
Quando as bases de conhecimento verificadas são de grandes dimensões (a
dimensão de uma BC é normalmente avaliada em função do número de regras e
do comprimento das cadeias de inferência), a informação gerada após a detecção
pode ser muito elevada, o que pode desmotivar os utilizadores. Para evitar este
efeito negativo foi desenvolvida uma interface que permite um conjunto de
operações sobre os resultados obtidos, das quais se destacam: agrupamento,
selecção e ordenação de dados.
4.3.
Detecção de Anomalias
A detecção de anomalias baseia-se fundamentalmente no cálculo das expansões
das regras e na análise das restrições anteriormente introduzidas. Este método foi
utilizado por algumas ferramentas descritas na literatura, como o COVER
[Preece-90] e o KB-Reducer [Ginsberg-87]. No cálculo de expansões foi utilizada
uma variação do método ATMS (Assumption Truth Maintenance System)
[Kleer-86], foi necessário considerar uma alteração a este método porque o
SPARSE, conforme foi já referido, tem características próprias como a existência
de uma mecanismo de selecção de regras a disparar e a implementação de
raciocínio temporal e não monotónico.
As anomalias detectadas foram classificadas segundo o esquema apresentado na
Figura 3, no qual são considerados três grandes grupos, por sua vez divididos em
diversos casos particulares.
Directa
Circularidade
Indirecta
Considerando Conclusões Identicas
Regra não Utilizável
Redundância
Regra Duplicada ou Especialista
Regra Duplicada Considerando
Conclusões Idênticas
Entre Grupos de Regras
Através de Cadeia Simples
Ambivalência
Através de Múltiplas Cadeias
Figura 3 - Classificação das anomalias detectadas
São consideradas as seguintes anomalias seguintes:
CIRCULARIDADE - Uma Base de Conhecimento contém circularidade se e só se
possui um conjunto de regras que permitem que aconteça uma situação de ciclo
aquando do disparo de uma regra.
AMBIVALÊNCIA - Uma Base de Conhecimento é ambivalente se e só se, para um
ambiente permissível, é possível inferir um conjunto de hipóteses não permissível.
REDUNDÂNCIA - Uma Base de Conhecimento é redundante se e só se o
conjunto de hipóteses finais passíveis de serem inferidas é o mesmo na presença
ou na ausência de uma regra ou literal.
Apesar de ainda não ter sido desenvolvido trabalho específico na detecção da
anomalia deficiência foi considerada a seguinte definição:
DEFICIÊNCIA - Uma Base de Conhecimento diz-se deficiente se e só se existe
um ambiente possível para o qual uma ou mais hipóteses poderiam ser inferidas e
não o são.
Esta classificação tem uma estrutura semelhante à que foi apresentada por Alun
Preece [Preece-94], com algumas modificações. Em primeiro lugar, foram
consideradas as variáveis livres na análise das regras, o que significa que tem de
ser considerado um conjunto distinto de anomalias. No exemplo seguinte:
r1: t(a) ∩ r(X) s(a)
r2: s(a) r(a)
para X=a alguns mecanismos de inferência podem entrar em ciclo infinito.
Outra situação diz respeito à redundância entre grupos de regras. Esta situação é
comum em sistemas de Data Mining que podem gerar de forma automática um
número muito elevado de regras. No seguinte exemplo:
r1: a ∩ b ∩ c z
r2: ~a ∩ c z
r3: ~b ∩ c z
as regras r1, r2 e r3 são equivalentes à regra seguinte:
rx: (a ∩ b ∩ c) ∪ (~a ∩ c) ∪ (~b ∩ c) z
Aplicando um conjunto de propriedades da lógica à expressão anterior, é possível
obter a seguinte regra rx’ (simplificada).
rx’: c z
O VERITAS detecta este tipo de situações utilizando o método clássico de
simplificação de expressões Quine-McCluskey com algumas optimizações. A
aplicação deste método divide-se nos seguintes passos:
(1) determinação do conjunto de regras que permite a inferência de uma
determinada conclusão;
(2) cálculo da expressão resultante da disjunção entre os LHS do conjunto de
regras calculado no passo anterior;
(3) simplificação da expressão através da determinação/simplificação dos
primos implicantes do método de Quine-McCluskey;
(4) comparação entre a expressão obtida e o conjunto de regras original, sendo
reportada uma anomalia caso a nova expressão seja mais simples.
A redundância entre grupos de regras é uma generalização de uma situação já
descrita na literatura [Preece-94] designada por “literal não utilizado”.
5. Conclusões e Trabalho Futuro
Este artigo focou alguns aspectos importantes da utilização de Sistemas Baseados
em Conhecimento em Centros de Condução. A utilização sistemática de métodos
de Verificação e Validação permitem aumentar a confiança dos utilizadores finais
no sistema desenvolvido. A utilização de ferramentas de Verificação baseadas em
métodos formais simplifica a actualização das Bases de Conhecimento, e reduz os
custos e o tempo necessários à realização dos testes.
O VERITAS é uma ferramenta de verificação baseada em métodos formais que
permite realizar um conjunto de testes estruturais em Bases de Conhecimento com
vista a detectar anomalias do conhecimento. Esta ferramenta foi desenvolvida
segundo uma abordagem generalista, de forma a poder ser utilizada no maior
número possível de SBC. A um núcleo genérico foram acrescentadas camadas que
permitiram a análise de um sistemas bastante complexo como é o caso do
SPARSE, um SBC concebido para a assistência aos utilizadores na análise de
incidentes e reposição em serviço.
Actualmente, está a ser desenvolvido trabalho no sentido de utilizar o VERITAS
na verificação de sistemas de Data Mining e como elemento integrador em Bases
de Conhecimento com múltiplas fontes de dados.
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