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Fungos mutualistas x patogênicos: genômica estrutural e sua contribuição para o
entendimento das relações fungo-planta
Aluna: Léia Cecília de Lima Fávaro
Orientador: Welington Luiz de Araújo
Um grande número de projetos de seqüenciamento de genomas de diferentes
organismos está em andamento atualmente, com aproximadamente 820 genomas
completamente seqüenciados e mais de 3800 projetos em andamento. Entre os
eucariotos, aproximadamente 300 genomas de fungos estão sendo seqüenciados,
fornecendo a primeira oportunidade para análise genômica comparativa de todo um reino
eucariótico. Dessa maneira, o acúmulo de seqüências genômicas abre novas
oportunidades para elucidar a base genética e evolutiva dos diferentes estilos de vida dos
fungos, tais como patogênese e mutualismo, por meio da utilização de ferramentas de
bioinformática e de genômica funcional. A simbiose entre fungos e plantas é um
fenômeno amplamente distribuído na natureza. O resultado desta interação pode variar,
desde mutualismo, passando por comensalismo até parasitismo. Na maioria dos casos, a
planta hospedeira não sofre danos e pode ter vantagem com a colonização pelo fungo.
Este benefício é baseado em um balanço finamente regulado entre as demandas do
fungo e a resposta da planta. Se a interação torna-se desbalanceada, os sintomas de
doença aparecem ou o fungo é excluído pelas reações de defesa da planta hospedeira.
Além disso, a colonização de diferentes hospedeiros pode fazer com que um fungo adote
estilos de vida contrastantes, e há ainda exemplos onde uma mutação em um único gene
pode levar a uma mudança no estilo de vida do fungo, passando de patogênico para
mutualista, ou de mutualista para patogênico. Nesse contexto, surge uma importante
questão: o que faz um fungo ser patogênico? No reino Fungi, a capacidade de causar
doenças em plantas parece ter originado múltiplas vezes durante a evolução. Cada
espécie tem evoluído uma maneira especial para invadir as plantas e causar doença.
Uma vez dentro da planta, três estratégias de colonização podem ser empregadas:
necrotrofia, biotrofia ou hemibiotrofia. Diversos genes envolvidos na patogenicidade têm
sido caracterizados e constituem fatores de virulência tipicamente envolvidos na batalha
evolutiva entre plantas e patógenos. A crescente disponibilidade de seqüências
genômicas de fungos tem permitido pela primeira vez acessar as diferenças entre
patógenos e não patógenos ao nível genômico. Um aspecto importante é que a evolução
da fitopatogenicidade pode estar relacionada à expansão de certas famílias de genes,
provavelmente associadas a processos patogênicos tais como degradação da parede
celular vegetal, biossíntese de toxinas e metabólitos secundários, formação e
detoxificação de espécies reativas de oxigênio. Além destes fatores, a análise
comparativa identificou novas famílias de proteínas efetoras que podem suprimir as
defesas da planta e perturbar a biologia da célula hospedeira durante a infecção. Estas
análises comparativas têm fornecido um poderoso meio de identificar mecanismos
patogênicos conservados e inovações e adaptações patogênicas linhagens-específicas,
assim como revelar onde eventos de transferência gênica horizontal contribuíram para
aquisição de novas funções associadas à virulência. No caso das associações
micorrízicas, somente recentemente genomas de fungos micorrízicos têm sido
seqüenciados. No entanto, recentes descobertas têm revelado mecanismos comuns no
desenvolvimento de associações simbióticas de fungos micorrízicos e patógenos
biotróficos, pelo menos nos primeiros estágios de infecção. A futura comparação destas
micorrizas com espécies saprofíticas e patogênicas propiciará um entendimento mais
profundo dos processos pelos quais fungos colonizam os solos e interagem com as
plantas dentro dos ecossistemas, exercendo funções vitais na ciclagem de carbono e
nitrogênio que são fundamentais para sustentar a produtividade vegetal. Uma tarefa
desafiadora será aplicar a riqueza de informações obtidas a partir dos estudos genômicos
para melhorar a produção vegetal bem como as práticas agriculturais.
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------------------------------------------------Orientador: Welington Luiz de Araújo
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