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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
KARLA BOMFIM BORGES
TÉCNICAS RADIOLOGICAS NA ODONTOLOGIA
VETERINÁRIA EM CÃES: REVISÃO DE LITERATURA
SALVADOR - BA
2009
KARLA BOMFIM BORGES
TÉCNICAS RADIOLOGICAS NA ODONTOLOGIA
VETERINÁRIA EM CÃES: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA),
como pré-requisito para obtenção do título de
Especialista em Clínica Médica de Pequenos
Animais.
Orientador: Ms. Marcello Rodrigues da Roza,
Equalis
SALVADOR - BA
2009
KARLA BOMFIM BORGES
CÓPIA DA ATA DE DEFESA
TÉCNICAS RADIOLOGICAS NA ODONTOLOGIA
VETERINÁRIA EM CÃES: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA),
como pré-requisito para obtenção do título
de Especialista em Clínica Médica de
Pequenos Animais.
APROVADA EM _24_/_04_/_2009_
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. D.Sc. Eraldo Barbosa Calado
UFERSA
___________________________________________
Prof. M.Sc. Laura Cristina Pinho de Oliveira
Equalis
___________________________________________
Prof. M.Sc. Marcus Vinicius Fróes Barbosa
UNIME
Aos meus pais e aos meus avôs paternos,
que sem o apoio e paciência destes
dificilmente teria conseguido realizá-la.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus pelas oportunidades a mim concedidas;
A minha família, pela paciência e apoio;
Ao meu orientador Professor Marcello Rodrigues da Roza por sua ajuda, conselhos e
paciência comigo para o desenvolvimento deste trabalho;
Ao médico veterinário Marcos Jesuíno Nogueira por toda a ajuda para a elaboração
deste;
Ao médico veterinário Ricardo Luiz F. Batista por toda a ajuda que me deu sobre esta
especialidade;
A todos que fizeram e fazem parte da minha vida como pessoa e como profissional,
agradeço de todo o coração.
“O homem ao nascer carrega naturalmente consigo
uma carga repleta de sensibilidade,
a arte é uma delas associada a um instinto de
paz, harmonia e sinceridade”.
(Mario G. Facchinei)
RESUMO
Com o desenvolvimento da odontologia veterinária, diversas técnicas radiológicas
surgiram para auxiliar na avaliação dentária, assim como os posicionamentos para o
estudo das cavidades orais dos animais. O objetivo deste trabalho foi descrever os
posicionamentos radiográficos odontológicos veterinários no diagnóstico da cavidade
oral em pacientes caninos. Todas as informações descritas proporcionam uma
orientação na realização de um procedimento radiográfico e uma redução no tempo de
anestesia do animal.
Palavras-chave: Odontologia veterinária, Radiologia, cães.
ABSTRACT
With the development of the dentistry veterinary, several radiological techniques they
appeared to aid in the dental evaluation, as well as the positionings for the study of the
oral cavities of the animals. The objective of this work was to describe the positioning
veterinary dental radiograph in the diagnosis of the oral cavity in canine patients. All of
the described information provides an orientation in the accomplishment of a procedure
radiograph and a reduction in the time of anesthesia of the animal.
Keywords: Veterinary dentistry, Radiology, dogs.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de raízes dentárias no cão (ROZA, 2004)............................................
16
Tabela 2 – Tempo de erupção dos dentes do cão (ROZA, 2004)........................................
17
Tabela 3 – Técnicas radiográficas dentárias em segundos (NIEMIEC, 2008)....................
41
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Arcada dentária superior direita (A) e inferior esquerda (B) do cão (ROZA,
2004)..................................................................................................................................... 15
Figura 2 – Número das raízes dentárias do cão (ROZA, 2004)............................................
16
Figura 3 – Anatomia do dente unirradicular de um cão (DENTALVET, 2004)..................
18
Figura 4 - Sistema de canais radiculares: (a) odontoblastos na parede do canal; (b)
túbulos dentinários; (c) delta apical (LEON-ROMAN; GIOSO, 2004)............................... 20
Figura 5 – Equipamento de raios-X para uso odontológico. Constituição: 1) Corpo de
base fixa; 2) Cabeçote com cilindro localizador; 3) Braço articulado; 4) Marcador de
tempo (FREITAS; ROSA; SOUZA, 2004)........................................................................... 23
Figura 6 – Filmes oclusal e periapical adulto (ROZA, 2004)...............................................
25
Figura 7 – Embalagem aberta mostrando as camadas do filme radiográfico (ROZA,
2004)..................................................................................................................................... 25
Figura 8 – Câmara para revelação odontológica (ROZA, 2004)..........................................
27
Figura 9 – Recipientes contendo (da esquerda para a direita) revelador, água e fixador
(ROZA, 2004)....................................................................................................................... 27
Figura 10 – Posicionamento para avaliação da arcada dentária mandibular (HAN, 2007)..
30
Figura 11 – Posicionamento para avaliação da arcada dentária maxilar (HAN, 2007)........
30
Figura 12 – Fratura do ângulo da mandíbula (ROZA, 2004)................................................ 33
Figura 13 – Perda óssea e lesão de furca (ROZA, 2004)......................................................
33
Figura 14 – Reabsorção dentária em felinos (ROZA, 2004)................................................
34
Figura 15 – Posicionamento para projeção intra-oral da maxila (HAN, 2007)....................
35
Figura 16 – Posicionamento para a projeção intra-oral da mandíbula (HAN, 2007)...........
35
Figura 17 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária maxilar
(HAN, 2007)......................................................................................................................... 36
Figura 18 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária mandibular
(HAN, 2007)......................................................................................................................... 37
Figura 19 – Técnica da Bissetriz, correlacionada ao eixo do dente e o filme. A Alongamento, B - Encurtamento e C - Técnica da Bissetriz (LEON-ROMAN; GIOSO,
2002)..................................................................................................................................... 40
Figura 20 – Técnica paralela, usada para os pré-molares e molares mandibulares (HAN,
2007)..................................................................................................................................... 40
Figura 21 – Técnica do ângulo de bissecção (HAN, 2007)..................................................
40
Figura 22 – Estruturas visíveis em radiografia (HOLMSTROM et al., 2004).....................
42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
2.1 GERAL................................................................................................................... 14
2.2 ESPECÍFICOS........................................................................................................ 14
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
3.1. ANATOMIA DA CAVIDADE ORAL ................................................................
3.2. RADIOLOGIA .....................................................................................................
3.2.1 Instalações, Equipamentos, Instrumentos e Materiais ..................................
3.2.2 Características do filme ou Películas dentais .................................................
3.2.3 Processamento das imagens radiográficas ......................................................
3.2.4 Revelação ...........................................................................................................
3.2.5 Fixação ...............................................................................................................
3.2.6 Lavagem .............................................................................................................
3.2.7 Radiografia extra-oral ......................................................................................
3.2.8 Radiografia intra-oral .......................................................................................
3.3. ANATOMIA RADIOGRÁFICA ..........................................................................
15
15
20
22
24
26
28
28
28
29
32
42
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................
44
REFERÊNCIAS.........................................................................................................
45
1 INTRODUÇÃO
No ano de 1832, Delabere Blaide publicou esboços veterinários e na sua terceira
edição do livro Canine Pathology, este inicia pequenas referências sobre odontologia e
cirurgia oral. Já em 1908, o Dr. Louis A. Merillat publica Animal Dentistry and
Diseases of the Mouth, sendo a primeira publicação voltada apenas à medicina
veterinária e a odontologia animal (DORN, 1998).
Durante os anos 80, manifestou-se interesse global pela prática da odontologia
veterinária. Anterior a isto, apenas alguns centros e clínicas americanas e européias
realizavam serviços de excelente qualidade nesta área (CAVALCANTE et al., 2002).
Diversos problemas odontológicos, muitas vezes, só são percebidos pelos
proprietários quando o animal começa a apresentar dificuldade em mastigar, aumento de
volume na cabeça e/ou cavidade oral, mudança de comportamento; além de outras
alterações visíveis, os quais são percebidos apenas no momento em que o quadro se
encontra bem avançado. No momento em que o paciente é conduzido ao veterinário e
recebe todas as informações possíveis descritas pelo dono, este deve realizar um exame
completo dando ênfase a cavidade oral para tentar identificar a alteração de forma
clinica.
Os proprietários estão se preocupando mais com a saúde bucal dos animais,
assim como com a estética dos dentes (HOFMANN-APPOLLO et al., 2006) o que
permitiu o aperfeiçoamento de um diagnóstico para a conservação dentária.
A radiologia odontológica humana foi adaptada para o estudo e avaliação
dentária dos animais nos tratamentos odontológicos, assim como, os posicionamentos
radiológicos adequados para as cavidades orais dos animais permitindo uma avaliação
do estado bucal e traçar o melhor procedimento.
A justificativa deste é contribuir na realização das radiografias odontológicas
dos pacientes caninos.
O objetivo deste trabalho é revisar sobre o posicionamento radiológico intra-oral
em cães, sistematizando as principais informações de forma a servir de referência e
consulta para os clínicos que trabalham nesta área.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
O objetivo deste trabalho é revisar sobre o posicionamento radiológico intra-oral
em cães, sistematizando as principais informações de forma a servir de referência e
consulta para os clínicos que trabalham nesta área.
2.2 ESPECÍFICOS
Demonstrar o material radiológico;
Apresentar a aparelhagem adequada;
Descrever as técnicas radiológicas.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 ANATOMIA DA CAVIDADE ORAL
O conhecimento detalhado da anatomia da cavidade oral e suas estruturas nos
cães são importantes para que se possam detectar alterações. Na cavidade não existem
apenas dentes, mas também outros órgãos e estruturas que se relacionam e propiciam
um adequado funcionamento do sistema estomatognático, além disso, os cães são
classificados como difiodontes justamente por possuírem duas dentições sucessivas e
heterodontes por possuírem formatos distintos (Figura 1) (ROZA, 2004).
Figura 1 – Arcada dentária superior direita (A) e inferior esquerda (B) do cão (ROZA, 2004).
Os dentes incisivos são unirradiculados (Tabela 1; Figura 2), com redução de
tamanho do incisivo lateral para o medial, porém com os superiores pouco maiores que
os inferiores, além de terem raízes finas e compridas, estes ainda servem para
mordiscar, cuidar dos pêlos e cortar o cordão umbilical (HOLMSTROM, 1998; ROZA,
2004; MITCHELL, 2005).
Os dentes caninos são compridos, com raiz única e longa (Tabela 1; Figura 2) a
qual poderá ter duas vezes o tamanho da coroa e se encontram adequadamente inseridas
nos maxilares e na mandíbula (arcada dentária superior e inferior do cão) e possuem
também a coroa levemente pontiaguda e curva, principalmente os inferiores (DORN,
1998; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005). Os caninos superiores encontram-se paralelos
um ao outro, enquanto que os inferiores diferem-se um pouco, possuindo raízes pouco
curvas lateralmente e são usados para agarrar e dilacerar (ROZA, 2004; MITCHELL,
2005).
Os dentes pré-molares podem variar no número de raízes (Tabela 1; Figura 2),
além disto, podem possuir uma coroa de formato cônico com elevação no centro e mais
dois menores conhecidos como cúspides. A face vestibular é mais convexa que a
lingual, o que permite a função de cortar e triturar (HOLMSTROM, 1998; ROZA,
2004; MITCHELL, 2005).
Apenas o primeiro molar inferior possui formato cortante, enquanto que os
demais possuem superfícies oclusais niveladas em forma de mesa e a sua estrutura
permite a ação de cortar e triturar (HOLMSTROM, 1998; ROZA, 2004; MITCHELL,
2005). Os molares superiores possuem três raízes divergentes enquanto que os
inferiores possuem apenas duas raízes (DORN, 1998). Estes também podem ser
encontrados com raízes fusionadas, sobretudo no ultimo inferior.
Tabela 1 – Número de raízes dentárias no cão.
Dentes
N.o de raízes
Arcada Superior
Incisivos, Canino e PM 1
1
PM 2 e 3
2
PM 4, Molar 1 e 2
3
Arcada Inferior
Incisivo, Canino e PM 1
1
PM 2, 3 e 4, Molar 1 e 2
2
Molar 3
1
Fonte: Roza (2004)
Figura 2 – Número das raízes dentárias do cão (ROZA, 2004).
A primeira dentição (dentição decídua) é constituída de 28 dentes para o cão,
sendo que em cada maxilar e mandíbula encontram-se: três incisivos, um canino e três
pré-molares e a segunda dentição (dentição permanente) é formada por 42 dentes, sendo
vinte no maxilar e vinte e dois na mandíbula direita com a esquerda. A troca dentária
ocorre até os oito meses de idade (HOLMSTROM, 1998; ROZA, 2004).
Fórmula dentária (ROZA, 2004; MITCHELL, 2005):
Decíduos: 2 x (i 3/3, c 1/1, p 3/3*) = 28;
Permanentes: 2 x (I 3/3, C 1/1, P 4/4, M 2/3*) = 42.
Sendo * i = Incisivo Decíduo, c = Canino Decíduo, p = Pré-molar Decíduo; * I =
Incisivo Permanente, C = Canino Permanente, P = Pré-molar Permanente, M = molar
Permanente.
Tabela 2 – Tempo de erupção dos dentes do cão.
Dentes
Decíduos
Permanentes
Incisivos
3-4 semanas
3-5 meses
Caninos
3 semanas
3-6 meses
Pré-molares
4-12 semanas
4-6 meses
Molares
X
5-7 meses
Fonte: (ROZA, 2004)
O dente se divide em: coroa (porção recoberta por esmalte, é a única parte a
estar acima da margem da gengiva e com ponta chamada de cúspide), colo (trata-se da
união da coroa com a raiz, ou seja, junção cemento-esmalte) e raiz (porção localizada
abaixo da margem gengival que possui uma camada fina e dura, chamada de cemento,
tendo sua extremidade distal chamada de ápice, e a furca que é onde as raízes se
bifurcam, gerando dentes de raízes múltiplas) (Figura 3) (ROZA, 2004; MITCHELL,
2005).
Os dentes são constituídos por tecidos duros - esmalte (material de maior grau de
dureza do organismo animal), dentina (tecido duro recoberto pelo esmalte na porção
coronária e pelo cemento na porção radicular) e cemento (tecido duro e avascular de
recobrimento da superfície radicular e de inserção ao ligamento periodontal e osso
alveolar) - além do endodonto e periodonto, com suas específicas estruturas (Figura 3)
(ROZA, 2004; MITCHELL, 2005).
Sulco Gengival
Figura 3 – Anatomia do dente unirradicular de um cão
(DENTALVET, 2004).
O esmalte é o tecido mais duro e mineralizado produzido pelo organismo, com
origem ectodérmica, constituído de prismas hexagonais ou bastões de cristais de
hidroxiapatita conjugados por uma matriz orgânica sendo responsável pela pigmentação
do dente. O colo do dente encontra-se na junção cemento-esmalte (HOLMSTROM,
1998; ROZA, 2004).
A dentina é um dos tecidos duros do dente. Encontra-se de forma regular,
atravessando toda a extensão do dente, desde a junção amelo-dentinária e cementodentinária até a polpa (ROZA, 2004). A deposição contínua de dentina faz com que a
câmara pulpar diminua seu diâmetro durante o decorrer da vida do animal. Há também a
dentina reparadora ou terciária, produzida pela unidade pulpo-dentinária quando ocorre
irritação crônica, além disso, também pode ser por deposição interna da dentina devido
a um desgaste gradual ou trauma suave na polpa. A dentina primária indica processo de
desenvolvimento, formado por cristais de hidroxiapatita, fibras colágenas, substância de
mucopolissacarídeos e água (WIGGS, 1993; HOLMSTROM, 1998; LEON-ROMAN;
GIOSO, 2002; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; HOFMANN-APPOLLO et al., 2006).
O cemento é um tecido duro e avascular que recobre a superfície radicular dos
dentes dos animais carnívoros e possui conteúdo orgânico de menor quantidade que no
osso, dentina e esmalte, tornando-o mais maleável que estes tecidos. Por ser capaz de
passar pelo processo de remodelagem, este possui como principal função a ancoragem
dos dentes ao osso alveolar e no ligamento periodontal (ROZA, 2004; MITCHELL,
2005).
A polpa é o tecido frouxo presente na cavidade dentária tanto da porção coronal
como da porção radicular, nomeados de câmara pulpar e canal radicular,
respectivamente. O tecido frouxo pulpar é composto de vasos sanguíneos, vasos
linfáticos, feixes nervosos, substâncias intercelulares e células especializadas tendo
como funções: a formação da dentina, nutrição, geração de estímulos sensoriais e defesa
dentária (EMILY, 1998; LEON-ROMAN; GIOSO, 2004; HOFMANN-APPOLLO et
al., 2006).
A relação existente entre os odontoblastos e a dentina representa uma das várias
razões para considerá-las entidades funcionais conhecidas como complexo dentinapolpa. Na dentina secundária, ocorre a formação dos odontoblastos após a constituição
da raiz, enquanto que a dentina primária encontra-se subjacente ao esmalte ou ao
cemento. A dentina terciária é desenvolvida, como defesa a partir de um processo de
irritação crônica nos odontoblastos dos túbulos dentários (Figura 4) (LEON-ROMAN;
GIOSO, 2004; ROZA, 2004; HOFMANN-APPOLLO et al., 2006; LEON-ROMAN;
GIOSO, 2006).
O periodonto é constituído pela gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e
cemento; tendo como principal função manter o dente fixo ao alvéolo (ROZA, 2004;
MITCHELL, 2005).
O ligamento periodontal é constituído por fibrilas colágenas arranjadas
paralelamente em fibras que se agrupam numa constituição de feixes. Possui vasos,
nervos e diversas células, além de ser extremamente importante para a mobilidade do
dente. Tem as seguintes funções: sustentação, absorção, distribuição das forças da
mastigação, síntese (osteoblastos, cementoblastos e fibroblastos) e reabsorção
(osteoclastos, cementoclastos, fibroclastos) aplicada pelas células, além de proteção por
limitação de movimentos mastigatórios (ROZA, 2004; MITCHELL, 2005).
O canal dentário pode ser dividido em: principal (o mais importante de todos),
colateral ou bifurcado (paralelo à raiz apical), secundário (liga-se ao canal acessório),
lateral ou acessório (conectado ao ligamento periodontal), canal interno ou
intercondutor (canal pequeno conectado ao colateral) e recorrente (possui distâncias
variadas). Em cães não é freqüente encontrar canal lateral ou acessório (GIOSO et al.,
1997; HERNÁNDEZ et al., 2001; LEON-ROMAN; GIOSO, 2002).
O alvéolo é um orifício ósseo responsável pela segurança e suporte da raiz do
dente com conexão ao ligamento periodontal (MITCHELL, 2005).
A gengiva é o tecido mole que protege as raízes dentárias na cavidade oral. A
margem gengival recobre a base coronal do dente, formando o chamado sulco gengival
(MITCHELL, 2005).
Figura 4 – Sistema de canais radiculares: (a) odontoblastos na
parede do canal; (b) túbulos dentinários; (c) delta apical
(LEON-ROMAN; GIOSO, 2004).
3.2 RADIOLOGIA
Os raios-X foram descobertos em 1895 por Wilhelm Corand Roentgen
(FREITAS et al., 2004; ROZA, 2004; WILKINS, 2004). Este recebeu o nome de raiosX devido ao significado do símbolo matemático “X” que representa desconhecido
(FREITAS et al., 2004; WILKINS, 2004). O Professor Roentgen utilizou uma ampola
de Hittorf-Crookes para descobrir se os raios catódicos poderiam passar por uma parede
de vidro, mas foi em 1913 que William D. Coolidge utilizou o tubo com eletricidade em
vez de gás (WILKINS, 2004).
Os raios-X têm energia de irradiação eletromagnética ionizante com
comprimento de onda bastante curto, devido ao bombardeamento de um material
(geralmente o tungstênio) por elétrons bastante acelerados em um vácuo de alto valor
(WILKINS, 2004).
Os raios-X possuem composição eletromagnética e origem nos elétrons das
camadas mais internas da eletrosfera existente em um átomo (ROZA, 2004).
A grande quantidade de doenças na cavidade oral nos animais domésticos faz
com que a utilização deste seja muito grande, principalmente no setor de odontologia
veterinária (ROZA, 2004). As solicitações que mais ocorrem são: fraturas dentárias,
afecções periodontais freqüentes ou recorrentes, abscesso periapical, neoplasias, edemas
faciais (preferencialmente na região infra-orbital), nas fraturas de mandíbula e maxila,
nos traumatismos na região cefálica, dor bucal aparente, meneios de cabeça, presença de
prurido no focinho e na anorexia de causa desconhecida (GIOSO, 2007).
É extremamente importante conhecer os equipamentos para que se possa
aproveitá-los ao máximo em qualidade e com a menor exposição possível, assim saber
as técnicas, os suprimentos e o sistema de processamento das películas utilizadas
(ROZA, 2004).
Não se deve esquecer nunca da segurança na utilização deste material tanto para
o operador como para o paciente que também será exposto ao aparelho (HOLMSTROM
et al., 2004; ROZA, 2004), pois o objetivo da radiografia é fazer o mínimo possível de
procedimentos e produzir radiografias com grande valor interpretativo (WILKINS,
2004).
Existem cinco elementos essenciais para a realização de uma boa radiografia
oral: a fonte dos raios-X, o filme, o posicionamento do aparelho e do paciente, o
processamento e a interpretação (ROZA, 2004).
Um aspecto muito importante para a realização de uma boa radiografia é a
anestesia geral do animal (HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004; COLMERY III,
2008) não sendo este, obstáculo para o médico veterinário na realização da sua
avaliação odontológica (ROZA, 2004).
A fase mais difícil da radiografia odontológica é o posicionamento do paciente,
caso este não se encontre em uma posição adequada, pode-se obter uma imagem
distorcida da raiz dentária (HAN, 2007). O animal será posicionado conforme o tipo de
técnica radiográfica a ser utilizada; deve-se fazer uso de abridores de boca metálicos ou
com o auxílio de cordões, para que o filme seja posicionado na cavidade oral do
paciente e contido com gaze, esparadrapo ou outro objeto para evitar a radiação nas
mãos do operador ou auxiliar (GIOSO, 2007).
Para auxiliar na determinação da angulação adequada utilizam-se os
posicionamentos preconizados por Niemiec (2008), conforme segue:
Mandibular – dentes: pré-molar e molar – colocar o paciente em
decúbito lateral (NIEMIEC, 2008);
Dentes maxilares – colocar o paciente em decúbito ventral (NIEMIEC,
2008);
Dente canino e incisivo mandibular – colocar o paciente em decúbito
dorsal (NIEMIEC, 2008).
A radiologia odontológica intra-oral é uma ferramenta muito importante para o
diagnóstico de vários problemas dentários. Este é um dos meios de visualização das
raízes dentárias, que geralmente se encontram encobertas, e dos ossos da mandíbula e
maxila (MITCHELL, 2005). Podendo revelar lesões ósseas reabsortivas, sugeridas pela
radioluscência da região periapical, associadas ou não a cistos; granuloma ou abscesso
periapical e reabsorção do ápice radicular, com ou sem fístula (LEON-ROMAN;
GIOSO, 2002; EISNER, 2004).
A radiografia intra-oral é indicada na avaliação das estruturas ósseas da cavidade
oral e das peças dentárias (HOLMSTROM, 1998, GIOSO; CORREA, 2003, TIELEY;
SMITH Jr, 2003) e na fístula infra-orbitária, diagnosticada através da radiotransparência
ao redor da raiz afetada pelo abscesso periodontal (TIELEY; SMITH Jr, 2003;
RAMOS, 2004).
Esta técnica radiográfica permite a visualização morfológica de um dente em
todas as suas particularidades. O tamanho reduzido da boca das raças pequenas de cães
e os limites das estruturas bucais precisam do encurvamento ou conformação do filme
radiográfico para seu encaixe na cavidade oral. Sendo assim, deve-se ter cuidado com as
formas ou curvas impostas ao filme no momento do posicionamento do tubo de raios-X
para o seu alinhamento adequado (EMILY, 2005).
3.2.1 Instalações, Equipamentos, Instrumentos e Materiais
Grande parte dos equipamentos encontrados nas clínicas veterinárias pode
auxiliar na realização de radiografias odontológicas, mas a cabeça do tubo do
equipamento tradicional é mais difícil de posicionar do que uma unidade de radiologia
odontológica (HAN, 2007).
O local onde o equipamento será utilizado será planejado de acordo com o tipo
adquirido. O equipamento radiográfico para a radiologia extra-oral deve ser instalado
em sala específica, cumprindo com todas as normas exigidas para a sua instalação (de
acordo com a Portaria n.o 453/98 do Ministério da Saúde), mas para a radiologia intraoral (Figura 5) pode ser colocado em consultório ou sala de trabalho com dimensões
adequadas para que a equipe se mantenha a uma distância mínima de 2 metros do
cabeçote e do paciente (ROZA, 2004).
O aparelho radiográfico é dividido em duas partes primárias, as quais seriam: a
unidade de controle e o cabeçote. Pode-se encontrar na unidade de controle o painel
com o botão liga/desliga, o indicador luminoso de ligado/desligado, o timer e os
seletores de quilovoltagem (kV) e miliamperagem (mA). No cabeçote é encontrado o
tubo de raios-X – ampola, envoltório do tubo, mecanismo de resfriamento, circuitos do
tubo e o dispositivo de indicação de posição conhecido também como cone ou
colimador (ROZA, 2004).
Figura 5 – Equipamento de raios-X para uso odontológico.
Constituição: 1) Corpo de base fixa; 2) Cabeçote com cilindro
localizador; 3) Braço articulado; 4) Marcador de tempo
(FREITAS et al., 2004).
A viabilidade de um exame radiológico esta ligada à qualidade do registro da
imagem. Por isso a necessidade de uma boa escolha da aparelhagem e da qualidade da
execução de todas as fases do processo radiológico (ROZA, 2004).
A utilização da aparelhagem odontológica radiológica permite visualização
detalhada de um elemento dental especifico (ROZA, 2004; MARRETTA, 2007), mas
alguns procedimentos podem ser feitos em um convencional (ROZA, 2004).
Os aparelhos de radiologia odontológica geralmente têm quilovoltagem e
miliamperagem fixas, possuindo apenas compensador para as variações da rede elétrica.
Sua quilovoltagem pode oscilar entre 50 e 70 ou 70 a 85kVp e sua miliamperagem de 7
a 10 ou 15mA (FREITAS et al., 2004; HOLMSTROM et al., 2004).
A aparelhagem radiológica convencional possui, normalmente, miliamperagem
de 35 – 300mA, o que permite redução no tempo de exposição. A sua dificuldade
encontra-se na sua instalação, pois estão fixados em locais adequados para o seu nível
de radiação, o que manifesta dois problemas: 1) se o tratamento ocorrer nesta sala, devese montar toda a estrutura cirúrgica lá e impossibilita o uso deste aparelho em outra
circunstância durante este período; e 2) se for realizado em outro local este também
deve possuir blindagem para proteção radiológica. Outra limitação deste tipo de
aparelhagem é a falta de mobilidade do cabeçote, o que dificulta o posicionamento do
feixe de raios-X permitindo ser mais bem utilizado na radiologia extra-oral (ROZA,
2004).
Os
aparelhos
radiográficos
odontológicos
possuem
flexibilidade
de
movimentação e ajuste, ainda como o tamanho do braço articulável, o que diminui a
necessidade do reposicionamento do animal e sendo o foco menor, melhora a qualidade
das radiografias em filmes pequenos (EISNER, 1998; ROZA, 2004; MARRETTA,
2007).
O dispositivo de posição é outra vantagem, pois o conhecimento do seu
comprimento permite o estabelecimento do tempo necessário para uma radiografia de
qualidade. Os que possuem dispositivos menores têm menor tempo de exposição
(ROZA, 2004).
Estes aparelhos podem ser encontrados em dois tipos de apoio os quais seriam: o
de coluna (móveis) ou de fixação na parede. Caso o local seja apenas para realização de
tratamentos odontológicos, o modelo fixo permite ganho de espaço (ROZA, 2004).
3.2.2 Características do filme ou Películas dentais
São vários os tipos de filmes utilizados na radiologia dentária. Uma combinação
de chassis comuns, filme padrão sem écran e filme intra-oral pode ser utilizada para
realizar uma radiografia. Utilizam-se os chassis comuns ou os filmes normais sem écran
no momento em que precisa fazer uma inspeção geral da arcada dentária do paciente.
Para as doenças mais especificas ou afecções bucais ou suspeita de fraturas, necessitam
de visibilidade elevada para uma inspeção minuciosa o que impede o uso destes filmes
devido à sobreposição de outras estruturas proporcionando a redução da qualidade
visual dos detalhes (HAN, 2007).
Os filmes intra-orais são muito utilizados para o estudo dentário por serem
pequenos e flexíveis, permitindo desta forma posicionamento mais fácil, além disso,
fornecem grande riqueza de detalhes sem a ocorrência da sobreposição de imagens de
outras estruturas orais (HOLMSTROM et al., 2004; GIOSO, 2007; HAN, 2007). Devese ter pelo menos dois tamanhos de filmes intra-orais para serem utilizados de acordo
com as dimensões dos pacientes (HAN, 2007).
Os filmes odontológicos possuem duas velocidades, as quais seriam: a
velocidade D e a velocidade E (a mais alta) (ROBINSON; GORREL, 1995,
TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004;
MITCHELL, 2005). A velocidade E ou filme Ektaspeed possui maior sensibilidade que
a velocidade D ou filme Ultraspeed requerendo desta forma menos energia para a sua
exposição, mas também promove perda de detalhes devido a sua menor granulação
(ROBINSON; GORREL, 1995; HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004;
MITCHELL, 2005). Existem cinco dimensões de filmes odontológicos: 0, 1, 2, 3 e o 4
(TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; GIOSO, 2007).
O 4 é o maior (MITCHELL, 2005). Estes são embalados em envelopes que
impossibilitam a entrada de luz e adequados a resistir à saliva além da umidade, e ainda
permite certa flexibilidade o qual permite uma boa adaptação e ajuste (ROZA, 2004;
GIOSO, 2007; NIEMIEC, 2008). Na odontologia veterinária se faz mais uso dos
tamanhos 2 e 4 (Figura 6), conhecidos como periapical adulto e oclusal (ROBINSON;
GORREL, 1995; ROZA, 2004; GIOSO, 2007; COLMERY III, 2008; NIEMIEC, 2008).
O tamanho 4 é utilizado em animais grandes ou para a visualização de toda a
boca do paciente. O tamanho 2 é utilizado em dentes individuais ou pacientes pequenos.
O tamanho 0 e 1 ocasionalmente são utilizados em animais pequenos ou pediátricos. O
tamanho 3 é usado para oclusais pequenas, por isso é muito difícil a sua utilização
(NIEMIEC, 2008).
Figura 6 – Filmes oclusal e periapical adulto (ROZA, 2004).
A primeira camada do filme é de um papel preto e em seguida uma película de
chumbo (Figura 7), estes não possuem tela intensificadora (ROZA, 2004).
Figura 7 – Embalagem aberta mostrando as camadas do filme radiográfico (ROZA, 2004).
O filme possui base de poliéster flexível, mas firme, além disso, se adapta e pode
ser transportado facilmente pelos rolos dos processadores automáticos; seca-se
rapidamente na câmara de secagem devido a sua base não absorver água (EMILY,
2005).
Os filmes odontológicos possuem uma pequena marca em um ângulo do
envelope, que auxilia no posicionamento do filme na cavidade (TSUGAWA;
VERSTRAETE, 2000; ROZA, 2004); devendo-se colocar a marca voltada para a face
oclusal do dente ou para a coroa (ROZA, 2004).
Um lado do invólucro do filme possui granulado o qual, auxilia na prevenção de
deslizamentos no momento em que se posiciona o filme na cavidade oral. Deve-se
sempre colocar o lado granulado no lado em que se encontra a unidade de raios-X.
Normalmente se faz uso de pacote com um único filme caso queira apenas uma cópia
radiográfica, mas também se pode usar um pacote de filme duplo com dois filmes
separados caso precise duplicar cópias de uma radiografia (EMILY, 2005).
3.2.3 Processamento das imagens radiográficas
Como em qualquer procedimento radiológico, o processamento adequado dos
filmes é muito importante. A ocorrência de erros na utilização da câmara escura pode
prejudicar na avaliação radiográfica e impedir a determinação diagnóstica (HAN, 2007).
Os filmes intra-orais podem ser processados em tanques manuais ou nos
automáticos (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007; NIEMIEC, 2008) e
estes demoram o mesmo tempo que os filmes maiores. Podem fazer uso do processador
automático de duas formas (HAN, 2007; NIEMIEC, 2008):
1) Fixar com fita adesiva o filme pequeno em um filme maior para ser
usado como guia e passá-lo desta maneira pelo aparelho, porém, o maior
problema deste método é que o intra-oral pode se soltar do filme guia e
se perder dentro do processador (HAN, 2007);
2) Colocar o filme em molduras especiais de revelação próprias para serem
utilizadas no processador, porém, quando o número de revelações
aumenta, a velocidade do aparelho precisa ser ampliada (HAN, 2007).
Mesmo com a existência de processadores automáticos para a revelação de
filmes radiográficos, é uma aparelhagem não muito comum em ambientes veterinários.
Os tanques de revelação das câmaras escuras para processamentos convencionais
podem ser utilizados, mas normalmente a distância entre os dois ambientes seria fator
negativo devido ao tempo de anestesia do animal ser muito importante, sendo assim, o
mais apropriado é o uso de câmaras escuras odontológicas para a revelação de filmes
intra-orais. A câmara possui um tecido escuro cobrindo a passagem das mãos do
operador; internamente há três recipientes ou às vezes quatro, onde se colocará o
revelador, a água e o fixador e água. Na parte superior existe uma tampa com material
que permite a visualização do filme e da seqüência de manipulação do filme na
revelação (Figuras 8 e 9). A manipulação do filme é toda feita na câmara com o uso de
colgadura. O operador deve inserir o envelope do filme utilizado e a colgadura dentro
dos orifícios da caixa, em seguida o envelope do filme pode ser aberto para expor a
lâmina de chumbo, o cartão de papelão protetor e o filme. Este é retirado do envelope
com a colgadura e mergulhado no pote com revelador (ROZA, 2004; MITCHELL,
2005).
Figura 8 – Câmara para revelação odontológica (ROZA, 2004).
Figura 9 – Recipientes contendo (da esquerda para a direita) revelador, água e fixador (ROZA, 2004).
O uso do negatoscópio e da lente de aumento são importantes para uma
avaliação adequada (ROZA, 2004).
3.2.4 Revelação
O revelador é uma substância que tem por objetivo tornar visível a imagem
latente, este produto possui a capacidade de revelar o filme em aproximadamente 3 a 4
minutos, caso seja um de revelação rápida, será cerca de 15 segundos. Pode-se fazer
uma pequena agitação para auxiliar na ação do produto químico caso não tenha sido
muito afetado por alterações bruscas de temperatura no ambiente. Observa-se o filme
pela tampa e no momento que a imagem aparece este é removido do revelador,
colocado brevemente no pote com água e em seguida colocado no fixador
(HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005).
3.2.5 Fixação
A solução fixadora tem por objetivo preservar e reforçar a imagem latente do
filme, o qual deve ser imerso e agitado. Deve-se fazer uma lavagem de pré-fixação bem
feita para que não leve contaminação à solução fixadora. O tempo de fixação
geralmente é o dobro da revelação, mas para uma fixação mais adequada, permanecer
de 5 a 10 minutos posteriormente. No momento em que o filme tenha sido
adequadamente fixado, sem a presença de pontos verdes ou resíduos do revelador,
poderá ser retirado do fixador e lavado em temperatura ambiente com água da torneira
para eliminação de resíduos químicos (ROZA, 2004; MITCHELL, 2005).
3.2.6 Lavagem
Uma boa lavagem do filme após a revelação e a fixação é muito importante, pois
retira o resíduo da solução fixadora, permitindo desta forma, a manutenção da qualidade
da imagem (ROZA, 2004; MITCHELL, 2005). Deve-se manter o filme na água em
agitação contínua durante 30 segundos (HOLMSTROM et al., 2004). Depois de o filme
ser lavado, este deve secar em local adequado e sem contato manual ou com objetos até
estar completamente seco (ROZA, 2004). Pode-se fazer uso de um secador de cabelo
com temperatura baixa ou um aparelho próprio para a secagem deste tipo de filme para
terminar o processo (HOLMSTROM et al., 2004).
3.2.7 Radiografia extra-oral
Utiliza-se a radiologia extra-oral apenas em alguns casos na odontologia
veterinária (ROZA, 2004). Para um trabalho adequado é importante que o cabeçote
possua mobilidade, o que facilita a aplicação da técnica e evita o deslocamento do
paciente (HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004).
A radiologia extra-oral serve para avaliar uma área extensa de lesão, o que não
permite a utilização de filmes intra-orais (ROZA, 2004; COLMERY III, 2008), a
incapacidade de uma abertura ampla da boca e ausência de equipamentos e filmes
apropriados também são fatores para a não realização de uma radiografia intra-oral
(ROZA, 2004). Não se pode esquecer que estas técnicas não são apropriadas para o
exame de dentes devido à sobreposição (ROZA, 2004; GIOSO, 2007) e distorção de
imagens e pela dificuldade de uma correta angulação do filme e do feixe de raios-X
(ROZA, 2004).
Pode ser utilizada na avaliação de outras estruturas da cavidade oral: articulação
têmporo-mandibular, simetria estrutural, sialografias, fraturas e alterações ósseas
(EISNER, 1998; ROZA, 2004).
As radiografias extra-orais feitas com chassi padrão ou folha de filme sem écran
de 20 X 25cm são utilizadas para inspecionar a arcada mandibular ou a maxilar. O
chassi será posicionado e o filme sem écran será colocado sobre a mesa. Utiliza-se um
abre-boca para manter a cavidade oral acessível avaliação mandibular e deve-se rolar
delicadamente a cabeça para a posição dorsoventral (Figura 10). A medida da
obliqüidade encontra-se ligado ao grau de sobreposição à área de interesse a ser
radiografado, porém, o normal é aproximadamente de 30 o. Pode-se fazer uso de
pequena quantidade de algodão sob o pescoço do paciente para desta maneira manter a
mandíbula paralela ao filme. Na avaliação maxilar, deve-se rolar delicadamente a
cabeça para a posição ventrodorsal (Figura 11) sendo a obliqüidade ligada ao grau de
sobreposição à área de interesse (HAN, 2007).
Figura 10 – Posicionamento para avaliação da arcada dentária mandibular (HAN, 2007).
Figura 11 – Posicionamento para avaliação da arcada dentária maxilar (HAN, 2007).
Existem outros aspectos das projeções radiográficas extra-orais a serem
conhecidas: laterolateral direita e esquerda, ventrodorsal dorso-ventral e ventrodorsal
com a boca aberta (ROZA, 2004; GIOSO, 2007), além da oblíqua direita e esquerda
(ROZA, 2004).
Utilizando-se o aparelho radiográfico convencional, pode-se radiografar toda a
cavidade oral sem sobreposição e apenas quatro projeções radiográficas. Observa-se
sempre o tempo e a miliamperagem adequada ao tipo de filme a ser utilizado (GIOSO,
2007).
As projeções são (GIOSO, 2007):
a) Projeção oblíqua lateral da mandíbula
Decúbito lateral – mandíbula colocada junto ao filme, boca aberta do paciente e
calço (aproximadamente 30º do plano sagital) (GIOSO, 2007);
Ângulo da bissetriz – no eixo longo dos dentes posteriores da mandíbula e o
filme (GIOSO, 2007);
Evidencia – canino (porção médio oclusal) e pré-molares (GIOSO, 2007);
OBS – para a formação de um ângulo de 30º com o plano sagital, utiliza-se um
calço sob a cabeça do animal (GIOSO, 2007);
b) Projeção oblíqua lateral da maxila
Decúbito lateral – maxila junto ao filme, boca aberta (GIOSO, 2007);
Calço – angulação de aproximadamente 30º com o plano sagital (GIOSO, 2007);
Bissetriz – no eixo longo dos dentes posteriores da maxila e filme (GIOSO,
2007);
Evidencia – canino (médio-oclusal) e pré-molares (GIOSO, 2007);
c) Projeção rostral da maxila
Decúbito ventral – filme intra-oral, boca aberta (DOUGLAS; WILLIAMSON,
1983, GIOSO, 2007);
Bissetriz – no eixo longo dos dentes incisivos superiores e filme (DOUGLAS;
WILLIAMSON, 1983, GIOSO, 2007);
Evidencia – caninos (não utilizado para tratamentos endodônticos) e incisivos
superiores (GIOSO, 2007);
d) Projeção rostral da mandíbula
Decúbito dorsal – filme intra-oral, boca aberta (DOUGLAS; WILLIAMSON,
1983, GIOSO, 2007);
Bissetriz – no eixo longo dos incisivos inferiores e filme (DOUGLAS;
WILLIAMSON, 1983, GIOSO, 2007);
Evidencia – incisivos inferiores e caninos (DOUGLAS; WILLIAMSON, 1983,
GIOSO, 2007).
Além destes posicionamentos existem outros que podem ser aplicados com o
aparelho radiográfico convencional, os quais seriam:
a. Vista com a Boca Aberta Oblíqua Esquerda Ventral-Direita Dorsal
(E45oV-DrDO)
ou
Oblíqua Direita Ventral-Esquerda
Dorsal
(Dr45oV-EDO) da Arcada Dentária Maxilar
Decúbito lateral – maxila junto ao filme, boca aberta (DOUGLAS;
WILLIAMSON, 1983, TICER, 1987; HOLMSTROM et al., 2004);
Calço – elevar a face dorsal do crânio com o plano sagital rodado até 45º em
relação ao
filme (DOUGLAS; WILLIAMSON, 1983, TICER, 1987;
HOLMSTROM et al., 2004);
b. Vista com a Boca Aberta Oblíqua Esquerda Dorsal-Direita Ventral
(E45oD-DrVO)
ou
Oblíqua Direita
Dorsal-Esquerda
Ventral
(Dr45oD-DVO) da Arcada Dentária Mandibular
Decúbito lateral – boca aberta (DOUGLAS; WILLIAMSON, 1983, TICER,
1987; HOLMSTROM et al., 2004);
Calço – elevar a face dorsal do crânio à aproximadamente 45º (DOUGLAS;
WILLIAMSON, 1983, TICER, 1987; HOLMSTROM et al., 2004);
c. Vista Oblíqua Dorso-Rostra-Ventro-Caudal (D20oR-VCdO) (Filme
Intra-oral) do Dente Incisivo Maxilar
Decúbito ventral – colocação de chassi dentro da boca (TICER, 1987);
OBS – o feixe dos raios-X será angulado partindo da face rostral,
aproximadamente 20º, ficando perpendicular ao eixo das raízes dentárias do
incisivo (TICER, 1987);
d. Vista Oblíqua Ventro-Rostra-Dorsocaudal (V20oR-DCdO) (Filme
Intra-oral) do Dente Incisivo Mandibular
Decúbito dorsal – com chassi dentro da boca (TICER, 1987);
OBS – o feixe de raio-X angulado aproximadamente 20º, ficando desta maneira
mais perpendicular ao eixo sagital do que o dente incisivo (TICER, 1987);
e. Vista Ventrodorsal (VD) (Filme Intra-oral) da Mandíbula
Decúbito dorsal – com chassi intra-oral na comissura labial (TICER, 1987);
OBS – o feixe central de raios-X fica centrado na região medial da mandíbula
(TICER, 1987).
3.2.8 Radiografia intra-oral
Existem várias indicações para esta técnica (ROZA, 2004):
a) Fraturas dentárias – avaliação do estado da(s) raiz(es) e da existência
ou não de fraturas ósseas associadas (Figura 12) (ROZA, 2004);
Figura 12 – Fratura do ângulo da mandíbula (ROZA, 2004).
b) Afecções periodontais – avaliação de perda óssea horizontal ou vertical
para definição de tratamento e das lesões de furca (Figura 13) (ROZA,
2004);
Figura 13 – Perda óssea e lesão de furca (ROZA, 2004).
c) Lesões de reabsorção – avaliação de lesões radiculares reabsortivas
(Figura 14) é um exame muito utilizado em felinos para o diagnóstico de
LROF (ROZA, 2004);
Figura 14 – Reabsorção dentária em felinos (ROZA, 2004).
d) Extrações (pré e pós) – uma extração é melhor avaliada com o auxilio
de uma radiografia para se visualizar anquiloses e alterações de formato
de raiz, além de fraturas. Logo após o procedimento a nova radiografia
serve para verificar se existe ou não fragmentos radiculares e o estado do
osso alveolar remanescente (ROZA, 2004);
e) Monitoramento de tratamentos endodônticos – muitos são feitos para
uma plena avaliação do tratamento e posteriormente para verificação de
patologias remanescentes (ROZA, 2004);
f) Ausência de dentes – avaliação de diagnóstico diferencial entre
hipodontia e dentes que não erupcionaram (ROZA, 2004);
g) Mobilidade dentária – devido à doença periodontal ou traumática
(ROZA, 2004);
h) Avaliação da oclusão – determinação da maloclusão dentária (ROZA,
2004);
i) Alterações de coloração dentária – o escurecimento de um dente pode
estar relacionado a uma patologia pulpar (ROZA, 2004);
j) Neoplasias – a determinação da massa encontrada na cavidade oral
assim como, o seu tamanho e localização, permitem um melhor
planejamento cirúrgico (ROZA, 2004);
k) Cáries – auxiliam na determinação da extensão e profundidade das
cáries para um melhor planejamento do tratamento (ROZA, 2004);
l) Implantes – muito utilizados em várias etapas do tratamento para
monitoração e orientação (ROZA, 2004).
A determinação do posicionamento dos filmes intra-orais pode ser difícil (HAN,
2007).
Esta projeção tem por objetivo mostrar a porção rostral da mandíbula ou da
maxila sem a sobreposição de imagens. Para uma imagem mais detalhada, recomendase o uso de filme de exposição direta; para uma imagem de qualidade é necessário que o
crânio esteja na posição ventrodorsal ou dorsoventral (HAN, 2007).
Maxila – coloca-se o paciente em decúbito esternal com o tubo traqueal afixado
na mandíbula. Deve-se posicionar o canto do filme de exposição direta dentro da boca
do animal o mais próximo possível desta, sem esquecer-se de identificar o lado direito e
o esquerdo (Figura 15) (HAN, 2007).
Figura 15 – Posicionamento para projeção intra-oral da maxila (HAN, 2007).
Mandíbula – sua projeção é ventrodorsal com os membros dianteiros
posicionados de forma estendida e caudalmente. Deve-se colocar o canto do filme de
exposição direta o mais profundo possível, mantendo a língua para baixo do centro da
mandíbula. Posiciona-se o colime e identifica-se o lado direito ou o esquerdo (Figura
16) (HAN, 2007).
Figura 16 – Posicionamento para a projeção intra-oral da mandíbula (HAN, 2007).
Posicionamento Oblíquo Lateral na Arcada Dentária Maxilar (Esquerda 30o
Ventral-direita Dorsal Oblíqua e Direita 30 o Ventral-esquerda Dorsal Oblíqua) – este
posicionamento possibilita a análise dos pré-molares e molares maxilares sem a
ocorrência de sobreposição. O animal deve ser colocado em decúbito lateral direito para
a realização da radiografia da arcada maxilar direita e em decúbito lateral esquerdo para
a arcada maxilar esquerda (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007). Deve-se
amarrar o tubo endotraqueal na mandíbula, manter a cavidade oral aberta e oblíqua além
do posicionamento de 30o do crânio na posição ventrodorsal. Posicionar o colime e
identificar a projeção oblíqua (Figura 17) (HAN, 2007). O filme a ser utilizado pode ser
o no 2 ou 4, o qual será colocado no interior da boca colocando o marcador do filme na
direção do aparelho de raio-X. O filme deve ser posicionado na coroa dentária o qual ao
ser fechar a boca, as cúspides não causem nenhuma alteração no filme. A localização do
ângulo bissector deve ser entre a raiz mesial para o dente quarto pré-molar e plano ao
filme. O cone do tubo-cabeça será posicionado perpendicularmente ao plano bissector e
o cone deverá formar linha com o filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).
Figura 17 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária maxilar (HAN, 2007).
Posicionamento Oblíquo Lateral na Arcada Dentária Mandibular (Esquerda
30o Dorsal-direita Ventral Oblíqua e Direita 30 o Dorsal-esquerda Ventral Oblíqua) –
este posicionamento possibilita a análise dos pré-molares e molares mandibulares
(TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007) sem a ocorrência de sobreposição. O
animal deve ser colocado em decúbito lateral direito (TSUGAWA; VERSTRAETE,
2000; HAN, 2007) para a realização da radiografia da arcada mandibular direita e
decúbito lateral esquerdo para a arcada mandibular esquerda. Deve-se amarrar o tubo
endotraqueal na maxila, manter a cavidade oral aberta e oblíqua além do
posicionamento de 30o do crânio na posição dorsoventral. Posicionar o colime e
identificar a projeção oblíqua (Figura 18) (HAN, 2007). Pode-se utilizar o filme 0, 2 ou
4 neste caso. A técnica de paralelismo será usada com o filme inserido na região lingual
e paralelo ao eixo caudal do dente mandibular e o marcador do filme estará direcionado
para cima e caudalmente. O cone do tubo-cabeça ficará posicionado centralmente aos
raios-X e perpendicularmente ao filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).
Figura 18 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária mandibular (HAN, 2007).
Incisos e Caninos Maxilares – o paciente deve estar na posição esternal, o
filme a ser utilizado pode ser o no 2 ou 4, o qual será colocado no interior da boca
paralelamente ao palato colocando o marcado do filme para fora da boca. Os dois
caninos devem estar em contato com o filme e o plano deste deve ser paralelo a mesa.
No ângulo bissector, a angulação deve ser entre o filme e a raiz do dente canino, a
depender do tamanho deste. O cone do tubo-cabeça será posicionado centralmente aos
raios-X
sendo
perpendicular
ao
plano
do
ângulo
bissector
(TSUGAWA;
VERSTRAETE, 2000).
Maxilar Pré-molar Rostral – pode-se obter com o paciente em decúbito lateral,
utilizando-se filme de tamanho 0 ou 2 colocados na linha mediana e o ângulo bissector
estará na região caudal da maxila. O tubo-cabeça estará medial e na posição maxilarrostral, precisando apenas de pequenos ajustes (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).
Incisivos e Caninos Mandibulares – o ângulo bissector é utilizado na posição
de decúbito dorsal. Se faz uso dos filmes de tamanho 2 ou 4 inseridos dorsalmente na
região lingual da frênula. Para se fixar o filme no lugar, pode-se fazer uso de uma gaze
embaixo do filme, fixando-o no local. A cabeça do paciente deve ficar paralela a
superfície da mesa. O ângulo bissector será entre o filme e a raiz do canino
(TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).
Mandibular Pré-molar Rostral – obtêm-se com o uso da técnica do
paralelismo, utilizando-se filme de tamanho 0 ou 2 colocados na linha mediana e o
filme posicionado no ápice do primeiro pré-molar. O filme estará posicionado
paralelamente com a região mesial e lingual na área rostral da frênula da língua. O tubocabeça estará posicionado paralelamente ao plano do filme com os raios-X central e
perpendicular ao filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).
Os filmes intra-orais podem ser trabalhados com tubos estacionários, os quais,
possuem uma distância foco-filme (DFF) fixa de 90 a 100cm e precisam de uma
exposição de aproximadamente 40mAs. Se for possível que o tubo seja colocado a uma
DFF de 30 a 38cm tornar-se-ia a condição ideal para trabalhar, podendo-se usar nesta
uma exposição de aproximadamente 10mAs (HAN, 2007).
Alguns aparelhos de raios-X possuem um ponto focal pequeno ou grande e ao se
fazer uso de uma DFF reduzida a estação de mAs forma um pequeno ponto focal, o que
irá contrabalançar a penumbra criada pela DFF reduzida e aumentar os detalhes
radiográficos (HAN, 2007).
O valor mais alto para a quilovoltagem (kVp) de ambas as DFF varia de 65 a
80kVp a depender do tamanho do animal. Em um cão de pequeno porte pode ser
utilizado 65kVp para a penetração apropriada do feixe primário, mas um cão de grande
porte pode utilizar um valor elevado de 80kVp na penetração do feixe. Pode ter algumas
variações no kVp entre os filmes intra-orais dos incisivos e dos molares. Ao se
comparar com os molares, os incisivos vão precisar de um kVp levemente mais baixo
que os dos molares (HAN, 2007).
Existem também as técnicas de radiografia intra-oral do paralelismo (ou
paralela) ou da bissetriz (ou ângulo de bissecção) (LEON-ROMAN; GIOSO, 2002;
ROZA, 2004; HAN, 2007) sendo que, ambas exigem posições diferentes do cone do
aparelho radiográfico para o dente em foco; caso o feixe primário seja posicionado
perpendicularmente ao dente, a imagem aparecerá mais longa que o objeto real e se o
feixe primário for posicionado perpendicularmente ao filme, a imagem aparecerá mais
curta que o objeto real. Prevenindo desta forma o surgimento de alterações na imagem,
que venham a prejudicar o diagnóstico e o tratamento como, por exemplo, distorções,
encurtamentos ou alongamentos da imagem (Figura 19) (LEON-ROMAN; GIOSO,
2002; ROZA, 2004; HAN, 2007).
As técnicas de posicionamento para a radiografia intra-oral são (ROZA, 2004;
MITCHELL, 2005; HAN, 2007):
Técnica do Paralelismo – Empregam-se quando o eixo longo do objeto e o
filme encontram-se paralelos (ROBINSON; GORREL, 1995; HOLMSTROM et
al., 2004; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; BELLOWS, 2006; HAN, 2007;
MARRETTA, 2007; COLMERY III, 2008; NIEMIEC, 2008); pode ser
realizada para os dentes pré-molares e molares mandibulares (ROBINSON;
GORREL,
1995,
TSUGAWA;
VERSTRAETE,
2000;
ROZA,
2004;
MITCHELL, 2005; HAN, 2007; MARRETTA, 2007; NIEMIEC, 2008). A
película radiográfica é colocada bem próxima do objeto, pressionado no
vestíbulo lingual paralelamente aos dentes e o seu feixe de luz é direcionado
perpendicularmente ao filme odontológico (Figura 20), este deve ser o menor
filme possível na área radiografada (ROBINSON; GORREL, 1995; ROZA,
2004; MITCHELL, 2005; HAN, 2007). Uma angulação de 45º é utilizada na
região maxilar, mas quando é na mandíbula anterior, para a visualização das
raízes dos incisivos e caninos, a linha central deve formar um ângulo de 20º com
o plano do filme (BELLOWS, 2006).
Técnica do Plano Bissector ou Bissetriz – Permite que o dente retratado
encontre-se mais próximo do seu tamanho real (HAN, 2007), ou seja, permite
mínima distorção de imagem o que é importante na aplicação da endodontia
(GIOSO, 2007). Empregam-se quando o objeto e o filme não se encontram
paralelos, como no caso dos dentes maxilares, caninos e incisivos mandibulares
(ROBINSON; GORREL, 1995; TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; ROZA,
2004; MITCHELL, 2005; HAN, 2007). O filme será colocado o mais próximo
do objeto a ser radiografado e o ângulo formado deve ser bisseccionado por uma
linha imaginária, o qual permitirá que o feixe de luz dos raios-X (feixe primário)
fique direcionado perpendicularmente a essa linha de bissecção (Figuras 19 e
21) (ROBINSON; GORREL, 1995, TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000;
HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; GIOSO, 2007;
HAN, 2007; NIEMIEC, 2008). No envolvimento da geometria, deve-se
imaginar dois triângulos eqüiláteros entre a película radiográfica e o dente
(HOLMSTROM et al., 2004; COLMERY III, 2008), sendo x e y a linha
imaginária e o ângulo de bissecção a linha. É comum a linha dividir um
triangulo grande em dois equivalentes. O que pode causar erro na técnica é o
posicionamento do filme na formação da angulação adequada (COLMERY III,
2008).
Figura 19 – Técnica da Bissetriz, correlacionada ao eixo do dente e o filme. A Alongamento, B - Encurtamento e C - Técnica da Bissetriz (LEON-ROMAN;
GIOSO, 2002).
Figura 20 – Técnica paralela, usada para os pré-molares e molares mandibulares (HAN, 2007).
Figura 21 – Técnica do ângulo de bissecção (HAN, 2007).
Existe uma técnica radiográfica auxiliar conhecida como Técnica da Localização
Radiográfica, esta é utilizada junto com a técnica do plano bissector em dentes
multirradiculares, como por exemplo, o dente quarto pré-molar maxilar. Por este dente
possuir três raízes mesiovestibular e palatina o resultado final ficará sobreposto, sendo
assim, o objetivo desta técnica é separar as sobreposições para uma avaliação adequada
de todas as raízes. Utilizando-se uma unidade radiográfica odontológica, deve-se
angular suavemente a cabeça do tubo em posição mesial ou distal, mas mantendo os
outros ajustes (MITCHELL, 2005).
A mudança de ângulo permite a separação das imagens e para determinar qual
das raízes foi movida, utiliza-se à regra de SLOB (same lingual-opposite buccal), a qual
auxilia o operador quando a cabeça do tubo é deslocada mesialmente a raiz lingual ou a
palatina que são deslocadas na mesma direção do filme enquanto que a raiz vestibular
ou a mesiovestibular se desloca em direção oposta na película radiográfica. Caso o tubo
seja deslocado distalmente, o seu oposto será verdadeiro (MITCHELL, 2005;
NIEMIEC, 2008).
Vários pacientes necessitam de um posicionamento do tubo-cabeça (tubo do
aparelho radiográfico e a cabeça do paciente) muito similar a depender do caso. A
posição tubo-cabeça e angulação caudal para a verificação dos dentes caudais são bem
similares aos cães pequenos e aos grandes (BECKMAN, 2008).
Na realização em cães, deve-se ter um senso de controle do posicionamento do
tubo-cabeça na formação do ângulo de 45-70 graus no processo da imagem na formação
da técnica de paralelismo adequada (BECKMAN, 2008).
É importante saber o tempo de exposição à radiação da imagem, pois o kVp e a
mA são constantes (Tabela 3) (NIEMIEC, 2008).
Tabela 3 – Técnicas radiográficas dentárias em segundos*.
Tipos de Pacientes (Cães) Mandíbula (segundos)**
Maxila (segundos)**
Raças Toy
0,15 – 0,22
0,17 – 0,27
Raças Pequenas
0,2 – 0,26
0,23 – 0,3
Raças Médias
0,3 – 0,37
0,33 – 0,47
Raças Grandes
0,37 – 0,47
0,47 – 0,6
Raças Gigantes
0,43 – 0,57
0,53 – 0,7
Fonte: (NIEMIEC, 2008)
*Nota: os números são apenas um guia para aparelhos odontológicos.
**Utilizando o filme D speed, deve-se diminuir o tempo de exposição pela metade.
Podem-se usar vários artifícios para auxiliar a posicionar os filmes na cavidade
oral do paciente. Gaze, papel toalha, rolinhos de cabelo flexíveis, blocos de espuma ou
qualquer outro material que possa auxiliar sem prejudicar a qualidade da radiografia. O
uso de bolinhas de toalha de papel permite a formação de suporte de vários tamanhos, o
que promove uma posição adequada (BECKMAN, 2008).
3.3 ANATOMIA RADIOGRÁFICA
Auxilia saber interpretar uma radiografia normal da cavidade oral (Figura 22), o
que permite identificar uma doença devido às alterações causadas por ela (MITCHELL,
2005). Normalmente o esmalte da coroa do dente é radiodenso (GORREL, 1998;
MITCHELL, 2005), exceto quando a presença de restaurações metálicas ou aplicações
ortodônticas (MITCHELL, 2005). A dentina é menos radiodensa que a maior parte da
coroa e da raiz do dente (GORREL, 1998; MITCHELL, 2005). O cemento é menos
radiodenso que a dentina e usualmente é visível na presença de hiperplasia (GORREL,
1998). A cavidade pulpar tem o interior radiolucente em cada dente e perde diâmetro à
medida que o dente amadurece, permitindo o espessamento das paredes da raiz
(GORREL, 1998; MITCHELL, 2005).
As paredes ósseas dos alvéolos são representadas regularmente de forma
radiográfica por uma linha densa de osso chamada de lamina dura. O osso da crista
alveolar normalmente se encontra na altura do colo do dente que seria a junção da coroa
e raiz. O ligamento periodontal vai unir a raiz dentária ao alvéolo, promovendo a
formação de uma linha radiolucente entre a lamina dura alveolar e a imagem radiodensa
da raiz (GORREL, 1998; MITCHELL, 2005).
Coroa
Canal Pulpar
Canal da Raiz
Furca
Parede de Dentina
Osso Interradicular
Osso Cortical
Espaço Periodontal
Ápice
Colo
Raiz
Figura 22 – Estruturas visíveis em radiografia (HOLMSTROM et al., 2004).
4 DISCUSSÃO
Nas condições apresentadas para aquisição de boa qualidade radiográfica Roza
(2004) mostra ser extremamente importante conhecer os equipamentos que serão
utilizados para aproveitá-los ao máximo com qualidade e menor exposição, ou seja,
saber as técnicas, os suprimentos e o processamento das películas utilizadas.
Para Holmstrom et al. (2004), Roza (2004) e Colmery III (2008) é importante o
uso da anestesia geral do animal que será trabalhado, pois facilita seu posicionamento e
boa qualidade radiográfica.
Comprovou-se com o estudo que a etapa mais difícil na radiologia odontológica
é a aplicação do posicionamento adequado para a aquisição de uma imagem nítida.
Na prática veterinária é utilizado o aparelho radiográfico convencional por ser o
mais encontrado nas clínicas, só que este precisa de uma sala especial, não possui
grande mobilidade do cabeçote e é adequado apenas para a radiologia extra-oral, pois
permite uma avaliação extensa da área lesionada.
Na odontologia veterinária se utiliza o equipamento radiográfico odontológico
devido ao cabeçote possuir maior mobilidade, o que permite a aplicação das técnicas
mais utilizadas que é a do paralelismo (ou paralela) ou da bissetriz (ou ângulo de
bissecção). Roza (2004) e Marretta (2007) mostram que este permite visualização mais
detalhada do elemento dentário em estudo.
Sendo assim, a técnica do paralelismo é aplicada no eixo longo do objeto e do
filme, porém a técnica da bissetriz é usada quando se necessita de uma retratação mais
próxima do tamanho real do dente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O posicionamento adequado na realização da radiografia odontológica esta
ligado diretamente na freqüência a qual é utilizada. A evolução da posição está voltada
ao estudo das doenças da cavidade oral e a aplicação de protocolos no decorrer do
exame e durante o tratamento dentário, promovendo o uso de uma técnica para cada
situação apresentada. Todas as informações descritas proporcionam orientação na
realização do procedimento radiográfico e redução no tempo de anestesia do paciente.
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