Unidade de Revisão

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A Construção do Conhecimento em Sociologia
Modalidades de conhecimento consideradas nas Ciências Sociais:
• Senso comum – Conhecimento popular distinto do código culturalmente dominante,
diz respeito a princípios normativos populares.
• Senso crítico – O senso crítico depende do harmonioso crescimento de duas
dimensões da consciência: a reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. O
desenvolvimento da conscientização humana depende da superação do isolamento e do
alheamento. Trata-se de um processo dialético, que se move do eu ao mundo e do mundo
ao eu, do fazer ao saber, do saber ao refazer, e assim por diante.
• Conhecimento científico – O progresso científico é produto da atividade humana, por
meio da qual o Homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolver novas
descobertas. Dentro desse contexto, Ciência significa Conhecimento, mas, no sentido
que buscamos aqui, não se trata de qualquer tipo de conhecimento, mas aquele que
persegue suas respostas utilizando rigorosos procedimentos metodológicos.
Formação das Ciências Humanas e Sociais
As formações das Ciências Humanas e Sociais se caracterizam a partir dos seguintes
critérios:
• O humano como objeto de investigação;
• Percebe-se que o Homem é diferente das coisas naturais e precisa ser estudado de
forma distinta.
Essa investigação filosófico-científica se realizou de três formas diferentes, divididas em
períodos: 1 – Período humanista; 2 – Período do positivismo; 3 – Período do historicismo;
Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências Sociais em
diversas disciplinas como: Sociologia, Economia, Antropologia e Política; sendo que a
Sociologia é uma ciência em construção que, desde seu início, procurou explicar as
estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade.
A transformação das sociedades a partir dos modos de produção
A sociedade passou (e passa) por vários processos de transformação, nos quais, em
determinadas épocas, ela organizou alguns modos de produção, sendo eles:
• Modo de produção patriarcal;
• Modo de produção escravista;
• Modo de produção feudal;
• Modo de produção capitalista;
Nesse contexto, com a desenvoltura do capitalismo que assegurou as condições de
produção e reprodução do mundo moderno, nasce a Sociologia junto com a modernidade.
É nesse contexto que se matem a originalidade do capitalismo: uma sociedade que produz
mais valia ou trabalho não pago.
Augusto Comte
Considerado o “pai” da Sociologia. Comprometido com o “espírito científico”, único capaz
de situar as pessoas no intrincado e complexo mundo dos comportamentos sociais e das
relações dos homens em sociedade, para restabelecer a pretendida “ordem e equilíbrio
social”.
Contribuição Crítica ao Positivismo Comtiano
Comte usa da analogia mecânica para explicar que: “O todo é mais importante do que as
partes; as partes só podem ser explicadas em função do todo". Com isso, reconheceu que,
na sociedade, a complexidade das relações e da vida social não podem ser conhecidas e
explicadas em si mesmas, mas somente a partir de algo que “as retrate”, nesse caso uma
máquina.
Limitações do positivismo comtiano: incide num “erro teórico-metodológico” ao admitir e
defender que os fatos e os fenômenos sociais são coisas da mesma natureza que a Física,
Biologia, Química e, enquanto tal, são regidas por leis naturais, e que somente nessa
“condição objetiva” devem ser estudados.
Émile Durkheim
A ideia central de seu pensamento é a de que a humanidade avançaria para o
aperfeiçoamento por meio da força do progresso – princípio herdado da filosofia iluminista.
Desenvolveu um método de investigação dos acontecimentos sociais e estabeleceu um
objeto de estudo: os fatos sociais. Ele desejava que a Sociologia, como as outras ciências,
tivesse objeto específico que pudesse ser observado, explicado e que a distinguisse das
demais.
Fatos Sociais
Para Durkheim, os fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao
indivíduo e dotadas de um poder coercitivo sobre ele. Formam assim a consciência coletiva
(ou senso comum), que é a soma de todas as consciências sociais, ou seja, é criada a
partir de como a sociedade percebe a si mesma e ao mundo. Dessa forma, afirma que
podem ser estudados como “coisas”.
Da mesma maneira que a Biologia e a Física estudam os fatos da natureza, a Sociologia
faz o mesmo com os fatos sociais.
Modelos Socioeconômicos e de regimes autoritários
 Capitalismo: defende os interesses da burguesia, divisão em classes sociais, meios de
produção e propriedade privada.
 Socialismo: resolução de problemas sociais, reação contra o individualismo, subordina
o indivíduo ao interesse e às necessidades do grupo.
 Comunismo: sociedade sem classes, sem “Estados”, sem fronteiras, ou seja, o
comunismo é a evolução do socialismo – portanto, enquanto houver um país
capitalista, o comunismo não existirá.
 Anarquismo: liberdade total do ser humano, inexistência do Estado, de autoridade e
de leis.
 Fascismo: (Itália, Portugal, Espanha): pensamento de extrema direita. Não importa o
cidadão, e sim a construção de um país forte e poderoso – militarista, ditaduras.
 Nazismo: extrema direita, Estado soberano, ideia de existência de uma “raça pura”,
ditadura.
UNIDADE II - Positivismo, Marxismo e Sociologia
Compreensiva
Positivismo
Considerada a primeira corrente teórica sistematizada, da qual surgiram os primeiros movimentos
sociológicos. Principais representantes do Positivismo:
Auguste Comte e Émile Durkheim; no entanto, o primeiro a formular a proposta de uma ciência da
sociedade estruturada foi Condorcet, e seu discípulo Saint-Simon foi o primeiro a utilizar o termo
positivo ao tratar dessa nova ciência, ao propor uma ciência positiva.
Comte e o Positivismo
Auguste Comte foi o primeiro a sistematizar o pensamento sociológico. Para ele, o pensamento teria que
ser totalmente positivo, não havendo dimensão crítica ou negativa na análise social. Acreditava no poder
exclusivo da razão, sua capacidade de conhecer a realidade e traduzi-la na forma de leis naturais – tais
leis permitiriam regular e controlar o comportamento e a vida humana.
Nesse contexto, a ideia fundamental do método positivista era de que a ciência só pode ser objetiva e
verdadeira, na qual o espírito humano se desenvolve a partir da lei dos três estados:



Estado teológico;
Estado metafísico;
Estado positivo.
Para Comte, deveria ser desenvolvido o “estado positivo”, deixando para trás os
preconceitos e as noções equivocadas, mas os estados teológico e metafísico seriam
etapas necessárias ao desenvolvimento da humanidade.
Émile Durkheim
Para Durkheim, a sociologia pode ser definida como a ciência das instituições, da sua
gênese e do seu funcionamento. Elaborou as seguintes regras para a observação dos fatos
sociais:
•
•
•
•
Considerar os fatos sociais como coisas;
Afastar os preconceitos e as noções pré-concebidas;
Definir previamente tais fatos pelos caracteres exteriores que lhes são comuns;
Considerá-los sem levar em consideração suas manifestações individuais.
Para ele, todos possuem duas consciências: uma individual, que é única a cada indivíduo e
lhe coloca problemas de ordem individual; outra coletiva ou comum, caracterizada como
um conjunto de ideias, sentimentos e hábitos que exprimem em cada indivíduo o grupo do
qual faz parte.
O Marxismo
Surge no final da primeira metade do séc. XIX com a publicação do Manifesto do Partido
Comunista, no qual Marx definiu como práxis a ação transformadora da realidade através
do trabalho, rumo à concretização da idealidade, na qual o princípio fundamental do
marxismo é o materialismo, ou seja, a única realidade seria a matéria e suas forças em
transformação contínua.
 Materialismo Econômico: Marx entendia que as relações econômicas de produção de
determinada sociedade permitiriam compreender todos os seus demais aspectos.
 Materialismo Histórico: a sociedade sofre transformações que se dariam por meio de
uma marcha triádica, a partir de três elementos com base na dialética hegeliana: tese +
antítese = síntese.
A sociologia compreensiva de Max Weber
Para Weber, o objeto da Sociologia é a ação social. A ação social é a conduta humana à
qual o próprio agente associa um sentido.
Em
1.
2.
3.
4.
Economia e sociedade, Weber apresenta quatro tipos de ação social:
Ação racional em relação a um fim;
Ação racional em relação a um valor;
Ação afetiva;
Ação tradicional;
Metodologia Weberiana
Chamou sua sociologia de sociologia compreensiva ou interpretativa. Para poder
compreender os fenômenos sociais, Weber propôs um instrumento metodológico que
chamou de tipo ideal, em que “obtém-se pela acentuação unilateral de um ou de vários
pontos de vista e encadeando uma quantidade de fenômenos isolados, difusos e
discretos, existentes que se encontram ora em grande número, ora em pequeno número,
por
vezes
até
ausentes,
que
se
ordenam
segundo
aqueles
unilateralmente evidenciados, em um quadro conceitual homogêneo”
pontos
de
vista
UNIDADE III – Sociologia Contemporânea
A expansão do capitalismo
Século XX, momento grandes transformações ocasionadas pelo imperialismo e processo
de industrialização e expansão do modo de produção capitalista.
As novas nações foram adquirindo características semelhantes a dos países
industrializados, com classes sociais como as dos operários e da burguesia nacional.
Desenvolvimento e Crescimento Econômico
Crescimento econômico: aumento da capacidade produtiva da economia de um país; é o
processo de expansão quantitativa do produto e da renda. A busca por esse crescimento
tem como consequência problemas de ordem política, econômica e social na
contemporaneidade: a desigualdade social. No entanto, viu-se a necessidade de repensar
o crescimento econômico junto com a inclusão de outras esferas.
Subdesenvolvimento
Considerado por alguns autores como um estágio anterior ao desenvolvimento e, por
outros, como uma situação permanente. Os países subdesenvolvidos têm as estruturas
econômica, social e política atrasadas.
Desenvolvimento
É o processo de mudança social que consiste na transformação qualitativa da sociedade, na mudança
de suas características.
É possível o crescimento econômico sem desenvolvimento – como no caso do Brasil –, mas não é
possível desenvolvimento econômico sem crescimento.
A ilusão do desenvolvimento econômico
A ideia do desenvolvimento econômico está em muitos países com a ilusão de uma população onde
apenas uma minoria concentra a riqueza, além de um consumismo desenfreado, o que ocasiona
impactos sobre a natureza.
Globalização
É um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do
mundo todo em uma dimensão histórica capitalista, o qual Ianni divide em três momentos:
1.
O primeiro momento corresponde à sua emergência e instalação na Europa, instaurando o
trabalho livre, a mercantilização da produção e a organização do mundo sob a forma de Estados
Nacionais.
2.
O segundo momento corresponde à industrialização e a um processo mais efetivo de implantação
do capitalismo no mundo.
3. No terceiro momento, os modelos alternativos ao capitalismo, em especial os do mundo
comunista, entram em decadência. Há um processo de enfraquecimento dos Estados
Nacionais, abalando as identidades regionais e os nacionalismos.
Pobreza e exclusão – Não houve nenhuma sociedade realmente igualitária, o que houve
no decorrer do tempo foi a busca de diversos grupos para conquistar direitos ou manter
privilégios.
Modelos de explicação sociológica
A Sociologia aproximou-se das demais ciências humanas e afastou-se das ciências exatas
e biológicas que lhe haviam servido de modelo durante o século XIX, com Augusto Comte
e Émile Durkheim inicialmente.
A Sociologia contemporânea não abandonou os modelos clássicos de estudos sobre o
homem e seu convívio social. Contudo, ela se atualizou e passou por uma reinterpretação
para que conceitos se tornassem adequados ao estudo da sociedade em uma época de
pleno desenvolvimento dos meios de comunicação e da indústria cultural, que reavalia as
relações e as instituições sociais e coloca o indivíduo como centro de estudo em relação a
sua participação na ação social.
Escola de Chicago
Por meio da Escola de Chicago foi dada a aplicação de métodos etnográficos às análises
sociais e à sociologia urbana, e ênfase às pesquisas das minúcias da vida cotidiana e dos
processos simbólicos. A vertente da Sociologia que resultou desses procedimentos ficou
conhecida também por microssociologia. Em seu caso, o foco da pesquisa e dos estudos
foi dado à Cidade, do qual resultou uma sociologia ao mesmo tempo urbana e pragmática.
Escola de Frankfurt
As teorias desenvolvidas pela Escola de Frankfurt procuravam rever os princípios
marxistas, incorporando conceitos importantes da Sociologia do Conhecimento e da
Psicanálise. É criado o conceito de Indústria Cultural, por Horkheimer e Adorno.
A comunicação como informação
A evolução da humanidade se torna possível, no que diz respeito à comunicação e à
transmissão de informações, e pode ser dividida em quatro grandes estágios: a sociedade
oral, a sociedade da escrita, a sociedade da imprensa e a sociedade eletrônica (a aldeia
global). No último aspecto, abre-se espaço para o Homo studiosus – o homem universal,
que será munido de instrução completa e com condições de mudar de profissão e,
portanto, também de posição no interior da organização social do trabalho.
UNIDADE IV – Escola de Chicago e a Sociologia Urbana
Escola de Chicago
A expressão Escola de Chicago refere-se a escolas e correntes do pensamento de
diferentes áreas e épocas, que ficaram conhecidas por serem discutidas e desenvolvidas
na cidade norte-americana de Chicago.
Na Sociologia, a Escola de Chicago representa um conjunto de teorias cujo principal tema
era os grandes centros urbanos, pela primeira vez estudados etnograficamente.
A Cidade na Visão Latino-Americana
Inaugurada a reflexão latino-americana sobre urbanização e desenvolvimento em "países
periféricos". Aníbal Quijano, José Nun, entre outros, elegem a teoria da marginalidade e
da pobreza como seu principal foco de atenção.
Sociologia Urbana no Brasil
Na década de 1960, deu-se início ao estudo da sociologia urbana no Brasil, onde teve
grande influência da Escola de Chicago e do pensamento de Marx. Um exemplo, foi a
publicação, em 1968, do livro Desenvolvimento e Mudança Social: formação da sociedade
urbano-industrial no Brasil, de J. B. Lopes – este foi a primeira grande tentativa de
reflexão sociológica sobre a relação entre desenvolvimento industrial, falência do modelo
patrimonial e urbanização.
Outros pesquisadores como Francisco Oliveira, Paul Singer, Maria Célia Paoli, Manoel
Tostes Berlink, demonstram que a marginalidade resulta não de um problema de
integração social, mas de uma questão estrutural. Após esse contexto, na década de
1980, surge uma novidade temática: os movimentos sociais urbanos.
Atualmente a reflexão contemporânea sobre a cidade é ampla e multidisciplinar. Ainda
são importados paradigmas, mas já se analisa o contexto brasileiro, como por exemplo a
discussão sobre dual city.
Megacidades
O processo de urbanização traz as megacidades, onde, até certo momento, o que era
considerado Terceiro Mundo acaba sendo o maior gerador de Megalópoles, enquanto
que países até então considerados de Primeiro Mundo tendem à estabilização.
São Paulo é um exemplo disso no Brasil, pois cresceu até certo momento e agora
apresenta um crescimento demográfico menor. No momento, a cidade se torna sede de
grandes empresas (mesmo que estas estejam no interior) e, apesar da violência ainda
assustar a população e haver déficits na saúde, no transporte e outros a megacidade,
venceu a disputa com Buenos Aires e Rio, tornando-se a cidade global por excelência na
América do Sul.
Além de São Paulo, outros exemplos de megalópoles passam de vilãs ambientais para
aliadas na luta pela sustentabilidade, por concentrar uma população que, dispersa,
disputaria espaço com a biodiversidade na natureza.
UNIDADE V - Escola de Frankfurt e Cultura
Escola de Frankfurt
Foi fundada em 1924 na Universidade de Frankfurt, Alemanha, com Max Horkheimer
(1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969) como seus principais representantes. Os
filósofos dessa escola ficaram conhecidos por utilizarem a Teoria Crítica ao invés da Teoria
Tradicional.
Mídia e Comunicação
Na primeira metade do século XX, os EUA percebem que os meios de comunicação podem
vender não apenas produtos, mas ideologias.
Mas o que seria a ideologia? No sentido amplo, define-se como conjunto de ideias,
concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão. Mas ainda, ao nos
referirmos à ideologia enquanto teoria, estamos tratando dela no sentido de organização
sistemática dos conhecimentos destinados a orientar a ação efetiva.
Cultura e Indústria Cultural
Um dos maiores legados deixados pela Escola de Frankfurt e seus pensadores foi o de que
compreender a cultura do outro é também respeitar a diversidade. Nesse caso, a palavra
cultura e cultural pode seguir vários significados, desde Padrão Cultural até Indústria
Cultural.
Para os frankfurtianos, cultura não significa tão somente práticas, hábitos ou modos de
vida, mas trata-se de uma Antropologia Filosófica. Na verdade, os autores seguem a
tradição alemã que associa cultura à Kultur, e a identificam com a Arte, Filosofia,
Literatura e Música. No debate sobre cultura, eles retomam ainda a diferença entre cultura
e civilização estabelecida pelo pensamento alemão.
Cultura e Indústria
O fetichismo na música como regressão da audição, escrito por Adorno, desenvolve de
maneira sistemática a relação entre cultura e mercadoria, e representou um marco para o
tipo de análise elaborada pela Escola.
Procurou compreender como a cultura de valor de uso se transforma em valor de troca. O
que ele mostra em seus estudos é que a cultura de massa não é arte, e que a função da
indústria cultural seria narcotizante. Ela se realizaria como entretenimento: o público, ao
se divertir, seria captado pelo fetichismo do produto, afastando-se de qualquer atitude
reflexiva
Traço característico da indústria cultural
Segundo Adorno e Horkheimer, um traço característico da indústria cultural é a
padronização que atinge os diversos ramos da cultura, sendo um produto do Iluminismo,
eliminando as diferenças e uniformizando a vida segundo os padrões da racionalidade
técnica. Exemplo disso são os filmes como os westerns ou policiais, os best-sellers, os
programas diferenciados de rádio e de televisão.
CAPÍTULO VI – Do Capitalismo do Século XX aos Dias Atuais
O século XX é marcado pela dominação da indústria de massa, com avanços tecnológicos
e mercadorias que não são mais estocadas para suprir as necessidades, mas sim
produzidas em just in time, sem encalhar os produtos para um mercado consumidor que
cresce a cada dia.
Antes disso, temos o exemplo do fordismo, que segundo o geógrafo marxista Harvey: “o
que havia de especial em Ford era sua visão, seu reconhecimento explícito de que
produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução da
força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética
e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada e
modernista.”
Surge o termo utilizado por Harvey, Acumulação flexível, na qual aparecem novos setores
de produção, novos mercados, novas formas de serviços financeiros. A produção é feita
por uma mão de obra, que entra facilmente e é demitida sem custos. Há uma variedade
de bens e preços baixos em pequenos lotes.
Novas formas de produção e as crises
Através da superprodução e da especulação financeira surgem as crises, como o colapso
da Bolsa de Valores de 1929, nos Estados Unidos. Com isso, muitos países periféricos
tiveram que criar uma indústria local. Exemplo claro disso foi o capital gerado pela
exportação de café na cidade de São Paulo.
Conforme as economias “centrais” se recuperavam, o panorama das relações econômicas
internacionais se modificava também com o aparecimento das empresas multinacionais.
Com o fim da segunda Guerra Mundial, as grandes empresas abriram sedes em países
que eram considerados de Terceiro Mundo (Primeiro Mundo correspondendo às nações de
economia capitalista desenvolvida; Segundo Mundo, às de economia socialista
industrializada; e, finalmente, o Terceiro Mundo reúne economias periféricas a um e outro
regime).
Essas empresas, ao se instalarem, além de não permitirem o crescimento da indústria
local, fizeram com que fosse gerada uma grande indústria nova, devido sua permanência
nesses países.
Atualmente, o processo de globalização da economia capitalista industrial reforça as
desigualdades estruturais entre países industrialmente desenvolvidos e subdesenvolvidos,
ou, como são chamados hoje, os países em “vias de desenvolvimento”.
No modelo neoliberal, as indústrias nacionais acabam por sofrer maiores danos com seus
produtos mais baratos.
Além de tudo isso, deve-se destacar que as crises que se passaram nos últimos tempos
atingiram os países mais pobres, devido à falta de infraestruturas e de organização
institucional.
UNIDADE VII - Antropologia e Diversidade Étnica: Raça, Etnia e
Racismo
Etnia: deriva do grego, ethnos, que designa um grupo humano portador de um mesmo
conjunto de traços linguísticos, culturais e/ou “raciais” determinantes de sua identidade.
Através da Antropologia Cultural, vê-se que o conceito de etnia não é dado apenas para
povos distintos, com os mesmos costumes, mas para que o grupo se veja como parte de
um mesmo povo.
Formas de abordar o tema etnia:
 Pode-se tomar a etnia como algo primordial, um laço ancestral que, independentemente
de fatores externos e circunstâncias históricas, une determinada população;
 Etnia é uma construção histórica, política e social, ou seja, identidade étnica é o laço
que une determinado povo e não algo natural ou essencial, mas uma invenção coletiva.
 No âmbito da Antropologia, “etnia” geralmente aparece como sinônimo de “povo” ou
“cultura”, no sentido de “sociedade humana dotada de traços distintivos próprios”.
 Na linguagem comum, a noção de etnia adquiriu uma carga profundamente
preconceituosa, que merece nossa atenção: termos como “étnico” ou “grupo étnico” se
referem sempre a culturas diferentes da nossa e, em geral, consideradas inferiores.
Uma problemática para definir etnia é achar que ela se refere apenas a grupos de minorias
exóticas.
Raça e racialismo
A palavra “raça” deriva do latim, ratio. Em busca de uma explicação para as diferenças
étnicas, pensadores dos séculos XVIII e XIX passaram a identificar e hierarquizar as raças
de acordo com explicações ideológicas e justificativas de dominação.
Para definir o conceito de raça, temos a definição de Lineu, que afirma que o Homo
sapiens se subdivide em quatro grupos:
1.
2.
3.
4.
Europæus albus (“europeu branco”);
Americanus rubescens (“americano vermelho”, o indígena);
Asiaticus fuscus (“asiático moreno”);
Africanus niger (“negro africano”).
A outra concepção possível de raça, desenvolvida por Edward B. Du Bois, poderia ser
chamada de “histórico-cultural”, pois ela considera não só os elementos fenotípicos das
populações humanas, mas também suas ancestralidades e práticas culturais. São levadas
em conta oito grandes raças segundo o teórico.
O conceito de racialismo é diferente de racismo, uma não deve ser confundida a outra. O
racismo é o preconceito contra a etnia que, embora tendo esse nome, se difere da
definição de raça.
Dessa forma, raça se define sempre, embora não exclusivamente, com base em aspectos
biológicos, fenotípicos; enquanto a etnia está ligada a aspectos culturais, sociais,
históricos e até psicológicos.
Racismo: histórico, definições e novos usos
O conceito de racismo ganhou concretude teórica a partir do século XX, no qual
construíram-se escalas valorativas para as diferenças entre os homens – sempre
baseadas numa suposta divisão primordial e biológica da espécie. Exemplo disso, é o
Apartheid na África do Sul.
Apesar de no Brasil não se ter tido um regime explícito de racismo, ainda permanece de
forma incutida esse conceito.
Hoje não temos mais o racismo clássico, mas o racismo contemporâneo, que se baseia
numa essencialização que não é mais racial-biológica, mas, acima de tudo, histórica e
cultural.
UNIDADE VIII – Relativismo Cultural, Diversidade E Direitos Humanos
O conceito de diversidade
Diversidade pode ser definida como o conjunto de traços culturais distintos de uma
sociedade. Essa diversidade é responsável pela história do homem ser tão rica em suas
diferenças.
No entanto, deve-se ater ao fato de que diferença não é a mesma coisa que
desigualdade. Na primeira, o termo se refere à riqueza de práticas culturais e saberes das
sociedades humanas – ou seja, à “diversidade” – e carrega, portanto, um valor positivo,
que tem como oposto a ideia de homogeneização, padronização, mesmice. Já o segundo,
tem sentido negativo, relacionado à imposição de desvantagens e injustiças. Isso quer
dizer que situações de “igualdade” e “diferença” podem e devem coexistir.
Com isso, a percepção das diferenças entre a minha cultura e as demais só se torna
possível quando existe uma ideia mais ou menos acabada daquilo que constitui a minha
cultura – pensando na questão, temos o conceito de identidade cultural e do auto
reconhecimento.
Na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, documento que estabeleceu
diretrizes internacionais para a preservação das manifestações culturais de todos os povos,
lemos que a diversidade é um “patrimônio comum da humanidade”, “tão vital para a
espécie humana quanto a biodiversidade é para a natureza”.
Universalismo: um pouco de História
Na virada do século XV para o XVI, a Europa passou por uma série de transformações, nas
quais todos os processos históricos ajudaram a moldar um conjunto de valores e modelos
de pensamento que compuseram – e, em grande medida, ainda compõem – algo que,
passados mais de cinco séculos, identificamos genericamente como parte de uma “cultura”
ou
“tradição”
ocidental.
O
Ocidente
trouxe
consigo
também
uma
concepção
extremamente inovadora de “Homem” e de “Humanidade”, marcada, dentre outras coisas,
pela noção de universalidade.
O
“homem
universal”
é
dotado
de
características
e
modos
de
pensamento,
independentemente de sua bagagem cultural – isto é, que ele é dotado de uma essência,
uma “natureza”. As leis que regem o funcionamento das sociedades podem ser reveladas
pela razão.
Essa perspectiva universalista do século XIX começou a perder força, tendo alguns de seus
alicerces teóricos confrontados com os novos estudos culturais e com os dados coletados
em campo.
O Relativismo Cultural
O Relativismo Cultural ganhou força no início do século passado em decorrência dos problemas teóricos
que a própria Antropologia enfrentava. Seu princípio básico é a ideia de que cada cultura constitui um todo
singular de traços comportamentais, simbolismos, linguagens, etc., dotado de um valor unicamente
posicional. Sendo assim, qualquer prática cultural só adquire sentido pleno quando encaixada em seu
contexto original.
Como cada cultura é única, os conceitos adequados para compreendê-las são somente os seus próprios.
O principal nome dessa linhagem teórica é o antropólogo alemão Franz Boas (1858-1942), para ele o
relativismo não é somente uma postura filosófica, mas também uma questão prática de metodologia do
trabalho científico.
Diversidade e Direitos Humanos
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o tema dos Direitos Humanos passou a ter extrema importância,
o que levou a recém-criada Organização das Nações Unidas a assinar em 1948 sua Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
Seis décadas depois da Declaração, a garantia dos Direitos Humanos já se tornou um valor
inquestionável. Afinal, como falar em direitos universais abstratos, atemporais e aplicáveis
a qualquer ser humano se estes sempre existirão em uma realidade concreta,
historicamente determinada e marcada pelas diferenças entre as várias culturas? Por
razões óbvias, o aparecimento do relativismo no início do século XX ajudou a ampliar esse
debate.
Mas é preciso tomar cuidado para não confundir o relativismo moral com o relativismo
cultural. Este último se refere a uma postura teórico-metodológica que serve de estratégia
para o estudo de uma sociedade estranha ao antropólogo, evitando que ele cometa o erro
de observar o mundo a partir de seu próprio repertório cultural – como se uma lente
distorcesse suas conclusões a respeito de determinado povo.
Nos dias atuais, a maior parte das soluções encontradas pelas ciências humanas para o
conflito entre diversidade e Direitos Humanos gira em torno da ideia de que as culturas não
são sistemas fechados, auto suficientes e alheios ao mundo que os cerca; logo, o contato
intercultural pode abrir espaços para a penetração dos valores universais humanistas sem
que haja necessariamente imposição e, portanto, desrespeito à diversidade dos povos.
Além do mais, devemos nos ater ao fato de que a noção de sincretismo pode ser uma das
saídas mais promissoras para que o projeto intrinsecamente universalista dos Direitos
Humanos consiga conviver com o respeito à diversidade cultural.
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Claudio Brites
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