4 A África e a Oceania Nesta Unidade, você vai conhecer a África e a Oceania, bem como as características da geografia física e humana desses continentes. Verá que muitos países da África têm uma ligação histórica com o Brasil e também algumas características naturais semelhantes. O con­ tinente africano é muito complexo, apresentando várias regiões e paí­ ses com culturas e idiomas diversos e aspectos espaciais bem distintos. Compreenderá que a Oceania apresenta características geográficas e culturais diversificadas, assim como o Brasil, apesar de não guardar relações históricas com ele. Para iniciar... Converse com seus colegas e professor sobre as questões a seguir. • O que você conhece sobre a África? E sobre a Oceania? • De quais países você se lembra de cada um desses continentes? • Quais as características que você se lembra da cultura da África? E da Oceania? • Quais são as características geográficas desses continentes? Você sabia que África A África O território do continente africano possui mais de 30 milhões de quilômetros quadrados e população de cerca de 1 bilhão de pessoas, conforme dados de 2012 da Agência de Referência Populacional. São 54 Estados independentes (com a inclusão recente do Sudão do Sul, independente em 2011), mas a maioria deles é economicamente carente e bastante frágil do ponto de vista social; por isso, são, com frequência, amparados por nações de todo o mundo. Próximo ao seu extenso litoral, tanto ocidental como oriental, existem muitas ilhas que pertencem a países de outros continentes, como Açores e Madeira (de propriedade de Portugal), Canárias (da Espanha) e Santa Helena (possessão do Reino Unido). é a denominação do continente africano? É comum haver confusão ao nomear a África como um país, e não como o que realmente é: um continente. Assim, pode-se cometer o erro de generalizar e homogeneizar culturas, climas, relevos, povos, idiomas. Mas vale lembrar que existe um país chamado “África do Sul”, pertencente ao continente africano. 65 © IBGE Geografia – Unidade 4 África: político IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 45 (mantida a grafia original). Este mapa não inclui o Sudão do Sul, país que se tornou independente em 2011 [nota do editor]. 66 Geografia – Unidade 4 Aspectos naturais do continente africano A África apresenta uma característica física muito interessante: a linha do Equador atravessa a porção central do continente, enquanto os Trópicos de Câncer e de Capricórnio cruzam o norte e o sul, res­ pectivamente. Além disso, o Saara, por ser o maior deserto quente do mundo, forma uma espécie de barreira natural que divide o espaço físico do continente em duas partes distintas. 10º 0º EUROPA 10º M r M a r A BIC L. Nasser 20º r m lo e Ni e DESERTO DA NÚBIA V MTES. TIBESTI . EMI KOUSSI 3 415 m l h ERG DU TENERE O S U r ar e Go lfo da Lago Albert RUVENZORI 5 119 m D O iné Congo C O N G O QUÊNIA 5 201 m Lago Vitória QUILIMANJARO 5 895 m L. Kivu Ka o ng sai PLANALTO DOS GRANDES LAGOS L. Tanganica ai BA as K EQUADOR 0º I. Zanzibar IT UM O C E A N O M Is. Seicheles Lago Mweru M A T L Â N T I C O PLANALTO DE BIÉ Za ES ze DE S E RT O l de Limpopo I. de Madagascar NA BI A al Va DR Baía de Sta. Elena Baía de Delagoa ER G MÍ K A LA HA RI O C E A N O THABANA NTLENYANA 3 482 m CHAMPAGNE CASTLE 3 650 m 30º Í N D I C O Cabo da Boa Esperança GREENWICH 20º DE Orange . 0º be Ca na TO Hipsometria m DEPRESSÃO DE NGAMI ER TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO Za L. Kariba SB 20º e ez mb do an Cu D Cubango HI UC .M ES MT 10º Cabo D'Ambre Is. Comores AK EN Golfo de Benguela L. Niassa A NG biq ue TE S. 10º Picos ele L. Turkana Congo B A C I A Co 4000 m 3000 m 2500 m 2000 m 1500 m 1000 m 600 m 400 m 200 m 100 m 50 m 10º 0m - 1000 m - 2000 m - 3000 m - 4000 m - 5000 m - 6000 m - 7000 m - 8000 m eb ngi São Tomé Gu Sh Uba i G. de I. Príncipe 10º çam 0º EQUADOR a Biafr I. Socotra PENÍNSULA DA SOMÁLIA PLANALTO DA ETIÓPIA MTES. ADAMAOUA CAMEROON 4 069 m Ubang Cabo das Palmas Benin Golfo de Áden ia G. de Niger L. Volta i RAS DASHEN 4 620 m l Ch nu Be O Azu lta 10º Ã Nilo Branco Vo PLANALTO DE BAUCHI D PLANALTO DE DARFUR Nilo L. Chade ál D m O So T da R ía E Mo S o E ge r e Nig bia Ni D Gâm Ba Senegal 30º RÁ 20º Cabo Branco N A A IA DE CA lo i R ez A Su D E S E R T O D A L Í B I A OÁSIS DE KOUFRA 30º e ld A 50º na S e d i t e r r â n e o DEPRESSÃO DE QATTARA PLANALTO DE MTE. AHAGGAR DJADO TRÓPICO DE CÂNCER M 40º Ca Is. Canárias Cabo Verde a es ab S de G L Golfo LA TA AT EN L O D A I D C NT IA GO RIE ER GO DE ER DE CA DE AN N R A G GR PLANALTO DE TADEMAIT TBUKAL 4 165 m 30º 30º 20º Estreito de Gibraltar I. Madeira © IBGE África - físico África: físico ESCALA APROX. 1:43.000.000 215 0 430km PROJEÇÃO CILINDRICA EQUIDISTANTE MERIDIANA 10º 20º 30º 40º 50º IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2004, p. 50 (mantida a grafia original). 67 Geografia – Unidade 4 Relevo © Nasa/Corbis/Latinstock A maior parte do continente africano é constituída por um imenso planalto e por vários lagos, como o Niassa e o Vitória. Há também pontos altos nesse relevo, como os montes Kilimanjaro (quase 6 mil metros de altitude) e Quênia (mais de 5 mil metros). Ao norte do Marrocos, da Argélia e da Tunísia, localiza-se a cadeia monta­ nhosa do Atlas (mais de 4 mil metros), e ao sul, na África do Sul e em Lesoto, encontra-se a cadeia dos Montes Drakensberg (mais de 3 mil metros). As planícies localizam-se próximas ao litoral ou às margens de alguns rios e são os locais mais povoados. Hidrografia É na África que se localiza um dos rios mais extensos do mundo, o Nilo, com mais de 6 800 quilômetros de compri­ mento, sendo que 2 mil qui­ lômetros correm no meio do deserto. Esse rio foi de grande importância para o desenvolvi­ mento de várias civilizações no decorrer da história, bem como de té c n ic as de ag r ic u lt u ra , como a irrigação. Ele nasce próximo ao Lago Vitória, no sudeste do continente, e segue Rio Nilo, no Egito. Nesta foto de satélite fica evidente o delta que ele forma ao rumo ao norte, desembocando desembocar no Mar Mediterrâneo. no Mar Mediterrâneo. É após os períodos de cheia do rio que a agricultura se desenvolve. Além do Você sabia que a Nilo, outros cursos d’água importantes nesse continente são o Rio civilização egípcia utilizou o Rio Nilo para Congo, o Rio Zambeze e o Rio Limpopo. se desenvolver? Na época das cheias, a água do rio depositava enorme quantidade de materiais férteis, os sedimentos, no leito do Nilo. Nas vazantes, quando as águas baixavam, formavam vários canais fecundos, o que foi essencial para o desenvolvimento da civilização dos faraós. 68 Na Bacia do Rio Congo, localizada na República Democrática do Congo, há atividades de pesca e de mineração, como extração de cobre, petróleo e diamante, por exemplo. Há também um grande conjunto de lagos, destacando-se o Lago Vitória e o Tanganica. Na África, os rios e lagos são de fundamental importância para a população, tanto nas atividades de sobrevivência, agricultura e pesca como para a produção de energia elétrica, para a irrigação e como meio de transporte. Geografia – Unidade 4 Clima e vegetação O clima e a vegetação africanos são bastante semelhantes e “espe­ lhados” nas porções norte e sul, graças ao fato de o continente ser atravessado pelo Equador e pelos trópicos de Câncer e de Capricór­ nio. Assim, entre os trópicos, predominam os climas equatorial e tro­ pical, com florestas úmidas e densas, enquanto os extremos norte e sul apresentam grandes desertos quentes, como o Saara e o Kalahari. As dinâmicas das chuvas e os tipos de vegetação são processos que condicionam e são condicionantes do desenvolvimento da agri­ cultura e, também, da economia. Atividade 1 Clima e vegetação na África © RM Acquisition, LLC d/b/a Rand McNally. Reproduced with permission, License No. R.L. 13-S-010. All rights reserved. 1. Em dupla, observem os mapas “África: clima e vegetação”, espe­ cialmente as similaridades que guardam entre si, e respondam: África: clima e vegetação RAND McNALLY Education. Classroom Atlas. Disponível em: <http://education.randmcnally.com/classroom/action/getMapListByAtlas. do?atlasName=Classroom%20Atlas>; Goode’s World Atlas. Disponível em: <http://education.randmcnally.com/classroom/action/ getMapListByAtlas.do?atlasName=Goode’s%20World%20Atlas>. Acessos em: 28 jun. 2013 (sem orientação do norte geográfico; sem indicação da escala cartográfica). Tradução: Mait Bertollo. 69 Geografia – Unidade 4 a) Qual é a região do continente que apresenta os maiores índi­ ces de chuva? Justifiquem com base nos dados do mapa. b) E aquelas com os menores índices de chuva? c) Quais são os tipos de vegetação predominantes no continente? Quais dados do mapa permitem essa afirmação? 2. Considerando o que estudaram em Geografia desde o 6o ano/ 1o termo, quais são as relações existentes entre clima e vegetação? Por quê? Oscilações de temperatura Na região centro-ocidental africana, onde predominam o clima equatorial e o tropical, podem-se observar a floresta equatorial e as savanas, presentes em 40% do território africano. 70 Geografia – Unidade 4 Dada a presença de amplos espaços desérticos, a pouca vegetação que cobre essa área sofre com o desmatamento para a utilização do solo, ainda que pobre, por parte da população extremamente carente, bem como para o uso de madeira como fonte de energia. Isso tem pro­ vocado e acelerado o processo de desertificação nas áreas de transição entre o deserto e as savanas, como no caso da região chamada Sahel. Você sabia que as grandes oscilações de temperatura no deserto ocorrem em virtude da pequena umidade do ar? © Kazuyoshi Nomachi/Corbis/Latinstock Nessas áreas desérticas, as chuvas são escassas e irregulares, e há pouca vegetação. Onde há água abaixo do solo, nos lençóis de água subterrâneos, formam-se os oásis, com vegetação densa e presença de palmeiras. Como o solo é muito seco, apenas a camada superficial de areia é aquecida. À medida que a insolação diminui, o solo vai rapidamente perdendo calor e não há nuvens que possam servir como uma espécie de estufa para “segurar” o ar quente. Oásis no Deserto do Saara. Líbia, norte da África. Os desertos são marcados por grandes oscilações de temperatura, que durante o dia pode atingir 50 °C e, à noite, com a perda de calor do solo, chegar a 15 °C negativos. Próximo ao Mar Mediterrâneo, na região do Magreb (Tunísia, Marrocos, Argélia e Saara Ocidental), encontra-se o clima mediterrâ­ neo. Na porção sul do continente, o clima é subtropical e, também, mediterrâneo. As temperaturas médias variam entre 15 oC e 20 oC, com chuvas no inverno. Nessa localidade, há cultivo de uvas, azeito­ nas, frutas e cereais, além de florestas de pinheiros. Observa-se ainda a presença de florestas equatoriais, como as do Congo, que abrangem parte do país, com mata densa e clima úmido e quente. As savanas, que compreendem a região ao sul do Deserto do Saara, são semelhantes à vegetação do Cerrado do Brasil. Pos­ suem vegetação herbácea e arbórea, com uma rica fauna composta de leões, elefantes, girafas, zebras, rinocerontes etc., muitos deles em 71 Geografia – Unidade 4 © Bernd Rohrschneider/Easypix processo de extinção em virtude da caça predatória. Também há des­ matamento dessa vegetação para a ocupação do espaço com plantio e o avanço das áreas habitadas. Savana. Tanzânia, sudeste da África. Dinâmicas demográficas da África A extensão do Deserto do Saara forma uma espécie de barreira natural que divide a África em duas partes distintas em relação ao espaço físico e econômico. Praticamente 1/3 dos habitantes do continente − em especial, os que residem na região ao norte do Saara, conhecida como África do Norte − é árabe e berbere, povos de maioria muçulmana, predominantemente de língua árabe. África do Norte Os outros 2/3 da população afri­ cana vivem na região situada ao sul do deserto, conhecida como África Subsaariana, e são constituídos majo­ ritariamente por negros. África Subsaariana UNEP. Africa: atlas of our changing environment. Nairobi: Unep, 2008, p. 94. Disponível em: <http://www.unep.org/ dewa/africa/AfricaAtlas/>. Acesso em: 28 jun. 2013. 72 Geografia – Unidade 4 © Oliviero Olivieri/Robert Harding World Imagery/Corbis/Latinstock © Nabil Zorkot/dpa/Corbis/Latinstock Historicamente, o Magreb − região desértica que compõe a África do Norte − sempre foi dominado por populações árabes e teve o predomínio da religião islâmica. Uma parte dele é formada por deserto, mas também possui abundantes reservas de petróleo e gás natural. A agricultura conta com projetos de irrigação e parte da população constitui-se de nômades, que percorrem a região com seus rebanhos. População árabe muçulmana, predominante no norte da África. População negra, predominante no centro e no sul da África. Os povos árabes estão distribuídos por Egito, Tunísia, Líbia e Argélia, e fixaram-se nessa região a partir do século VII. Os berberes – os mais antigos habitantes do Magreb – constituem a maior parte da população das regiões montanhosas do Marrocos e da Argélia. Entre esses povos, destacam-se os tuaregues, que são os nômades do deserto, e os etíopes, ambos praticantes da religião islâmica. Na África, principalmente na Subsaariana, há uma importante diversidade de povos, línguas e religiões. Além das diferentes línguas e dialetos nativos, o francês, o inglês e o português também são fala­ dos, em consequência da colonização em diversos países africanos. Na África do Sul, por exemplo, apesar da maioria negra, concentra­ -se uma população branca de origem europeia, como a inglesa. Além deles, há os bôeres, descendentes dos colonos franceses e holandeses que migraram para lá nos séculos XVII e XVIII, cujo idioma é o afri­ câner, derivado do holandês. A maioria da população africana pratica o islamismo, mas a cada dia cresce o número daqueles que adotam o cristianismo. 73 Geografia – Unidade 4 Atividade 2 Pobreza e desigualdade na África 1. Para você, qual é a diferença entre pobreza e desigualdade? Por quê? Qual é a relação entre elas? 2. Observe os gráficos, com dados que ajudam a compreender a situação da população africana: o da esquerda apresenta o percentual de pessoas de cada país africano que vive com menos de 1 dólar por dia (situação de miséria ou extrema pobreza); o da direita, o Coeficiente de Gini de cada país, um ín­ dice que mede a igualdade/desigualdade na distribuição de riquezas em um país. © La Documentation française AApobreza África pobrezanana África População vivendo abaixo da linha de pobreza Últimos anos disponíveis: 1993-2003 Roberto GIMENO e Ateliê de Cartografia da Sciences Po, julho de 2007 Parte da população dispondo de menos de 1 dólar por dia (em %) Coeficiente de Gini Guiné Bissau Uganda Zâmbia Mali Nigéria Rep. Centro-Africana Madagascar Níger Gâmbia Tanzânia Serra Leoa Zimbábue Burundi Ruanda Gana Malauí Moçambique Lesoto Namíbia Benin Burkina Faso Guiné Mauritânia Botsuana Etiópia Gabão Quênia Senegal Camarões Costa do Marfim África do Sul Suazilândia Egito Marrocos Tunísia Argélia Djibuti Comores Ilhas Maurício Angola Cabo Verde Chade Congo Rep. Dem. Congo Eritreia Guiné Equatorial Libéria Líbia São Tomé e Príncipe Ilhas Seicheles Somália Sudão Togo a) Em termos gerais, o que é possível dizer sobre a situação dos países africanos com relação à porcenta­ gem de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza? 0 20 40 60 80 0 20 40 60 O Coeficiente de Gini mede a desigualdade da distribuição de renda em uma dada sociedade. Dados não disponíveis Ele varia de 0 a 100. O número 0 corresponde à completa igualdade (todos com a mesma renda) e 100 corresponde à completa desigualdade (uma pessoa detém toda a renda e as demais nada têm). Fonte: African Economic Outlook 2008, Statistical Annex, www.oecd.org LA DOCUMENTATION Française. Questions internationales, 33, set.-out. 2008. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/ fr/afrique-pauvret-1993-2003>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. 74 Com base nas informações apresenta­ das, responda: b) Com base nos dados do gráfico “Parte da população dispondo de menos de 1 dólar por dia”, produza um mapa pintando os países que se enquadram em cada uma das cate­ gorias apresentadas na legenda. Dê um título para o seu mapa. Geografia – Unidade 4 Trópico de Câncer Equador Trópico de Capricórnio Escala no equador 2 000 km Projeção equatorial Atelier de cartographie de Sciences Po, 2008, Seul l’usage pédagogique en classe ou centre de documentation est libre. Pour toute autre utilisation, contacter : [email protected] Pedagogical use only. For any other use dissemination or disclosure, either whole or Atelier de Cartographiewww.sciences-po.fr/cartographie de Sciences Po. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/fr/frica-proje-o-equatorial>. partial, contact : [email protected] Acesso em: 27 jun. 2013. Legenda Em % da população que vive com menos de um dólar por dia 100 60 20 0 Ausência de dados 75 Geografia – Unidade 4 c) No caso da África, é possível estabelecer alguma relação entre a incidência de pessoas que vivem na miséria e a região do continente na qual os países se localizam? Se sim, qual? d) Os três países com a população mais pobre são os mesmos com maior desigualdade, ou seja, com maior Coeficiente de Gini? Tomando por base essa análise, o que é possível concluir? e) Compare, nos dois gráficos, a situação de miséria e de desi­ gualdade dos seguintes países da África Subsaariana: • Ruanda e Etiópia. • Ruanda e África do Sul. O que é possível dizer sobre a situação nesses países? 76 Geografia – Unidade 4 Neocolonialismo na África No final do século XIX e início do século XX, ocorreram diversas e intensas disputas imperialistas entre os países industrializados. Paí­ ses do continente europeu, como Bélgica, França, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha e Reino Unido, necessitavam de fontes de matérias­ -primas para suas indústrias e também precisavam ampliar o mercado consumidor de seus produtos para atingir todo o globo. História 7o ano/2o termo Unidade 4 As novas demandas desse período levaram à partilha do território africano (e de parte do asiático) entre essas grandes potências, em um processo chamado “neocolonialismo”. Desse modo, o processo de expansão do capitalismo no con­ tinente africano e sua consequente partilha acarretaram desestru­ turação das organizações das sociedades e dos povos originários desses lugares, que constituíam comunidades e reinos com caracte­ rísticas próprias. A partir de 1950, houve um grande movimento de descolonização da África. Apesar de a maioria dos países ter alcançado sua inde­ pendência política nos anos 1960, a dominação política e econômica exercida por seus ex-colonizadores e pelas grandes potências econô­ micas atuais persiste e muitos deles ainda hoje têm sérias dificuldades para assegurar sua autonomia e ser realmente independente. Isso se deve, em boa parte, ao fato de a maioria dos países africanos conti­ nuar sendo exportador de matéria-prima para abastecer as demandas das grandes empresas e indústrias de países da Europa, dos Estados Unidos e de outras nações desenvolvidas. Esse fenômeno não permi­ tiu o desenvolvimento de um parque industrial próprio ou de uma produção que abastecesse as demandas internas da população afri­ cana. Além das antigas potências, novos países começam a marcar presença na África atualmente; a China é o mais significativo deles, e até mesmo o Brasil já estabeleceu suas primeiras parcerias. Além de extrair recursos do território africano, boa parte das empresas estrangeiras explora intensamente o trabalho da popula­ ção africana para a extração desses recursos, já que a maioria dos governos locais – de modo geral, colaboradores dessas empresas – não garante direitos trabalhistas. Em virtude da intensa exploração de seu território e de sua população pobre, além do enorme desemprego e da má distribuição de terras, boa parte da população africana vive abaixo da linha da pobreza, e, assim, perpetuam-se os graves proble­ mas sociais que afetam muitos dos países da África. 77 Geografia – Unidade 4 Também é importante considerar que a maior parte da população africana não conta com emprego, com ou sem direitos trabalhistas. A situação de pobreza extrema se torna terreno fértil para a explora­ ção do território e dos trabalhadores pelo capital estrangeiro, alimen­ tando as disputas por poder entre as tribos. Nessa partilha colonial, as divisões e fronteiras impostas pelos colonizadores não levaram em consideração as particularidades dos diversos povos que habitavam as regiões onde hoje estão os países. Algumas comunidades foram totalmente separadas, e outras, com características como costumes e línguas completamente diferentes – e até mesmo rivais –, foram agrupadas. Assim, há muitos conflitos por território e certos grupos armados controlam o governo de alguns países, além das lutas internas que acontecem pelo poder sobre o comércio de matérias-primas valiosas, como petróleo e minerais. © Le Monde Diplomatique/Agence Global O mapa a seguir ilustra as tentativas de democratização no conti­ nente e, assim, verifica-se que muitos países ainda passam por proble­ mas de guerra civil, por exemplo. Tentativas de na África Tentativas dedemocratização democratização na África Democracia de fachada ou regime semiautoritário Processo democrático interrompido por um golpe de Estado Processo democrático inviável (conflito territorial, guerra civil, Estados desagregados que controlam apenas uma parte do seu território) Philippe Rekacewicz, maio de 2000 Processo democrático relativamente respeitado REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique, maio 2000. Disponível em: <http://www.mondediplomatique.fr/cartes/afriquedemomdv51>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. 78 Geografia – Unidade 4 Após o processo de descolonização, os conflitos potencializaram-se de modo acentuado, principalmente em razão da grande dependência em relação aos países europeus e da desestruturação do sistema polí­ tico-administrativo das comunidades originárias, fazendo persistir a situação de miséria em muitos países. Esses conflitos envolvem geralmente grupos étnicos rivais que com­ petem pelo poder central em um país ou povos separados por fron­ teiras determinadas durante a partilha do continente entre as nações imperialistas da Europa. E as lutas pelo controle de territórios em que há abundância de recursos minerais (petróleo, ouro e diamantes) e de terras férteis para a agricultura e a criação de animais tendem a inten­ sificar esses conflitos. Em decorrência desses acontecimentos, do aumento da população nas cidades e da pressão sobre o controle dos recursos naturais, vários países passam por problemas de fome crônica. Atividade 3 O neocolonialismo no continente africano 1. Apesar de todos os países da África terem se tornado independen­ tes politicamente, do ponto de vista econômico parecem não ter muito controle sobre seus recursos. Pesquise e discuta com seus colegas de turma: Por que isso acontece? 2. Na sua opinião, o que é necessário para que os governos e o povo africano se tornem de fato soberanos? A urbanização e as cidades da África O continente africano apresenta índices de urbanização relativa­ mente baixos, ainda que tenha intenso processo de aglomeração urbana em centros de grande porte, como Cairo (Egito), Alexandria (Egito), Lagos (Nigéria), Casablanca (Marrocos), Kinshasa (República Demo­ crática do Congo), Argel (Argélia) e Cidade do Cabo (África do Sul). As grandes cidades do continente africano estruturaram-se a par­ tir do desenvolvimento de portos para exportação de matérias-primas agrícolas e minerais para os países desenvolvidos, como também para importação de diversos produtos desses países. Ocorreu, então, nessas 79 Geografia – Unidade 4 cidades, um acelerado crescimento populacional, em ritmo maior que o do aumento da produção agrícola. O processo de desertificação na região do Sahel e o intenso êxodo rural das pessoas em busca de tra­ balho e de melhoria de vida tiveram como consequência o crescimento caótico dessas cidades, com a formação de inúmeras favelas, nas quais as condições de vida são bastante precárias. Além dessa situação, a maioria das cidades africanas apresenta problemas ligados à deficiência nas redes de água e esgoto, no sistema de transporte urbano, na coleta de lixo etc., o que leva a outro pro­ blema: a disseminação de doenças. Atividade 4 As cidades africanas 1. Em grupo, façam uma pesquisa sobre os problemas das grandes cidades de alguns países da África, observando especialmente se há semelhanças com a realidade brasileira. 2. Organizem uma dramatização sobre o que pesquisaram e lembrem­ -se de preparar um roteiro e de decidir quais serão os personagens, para que a apresentação seja mais compreensível aos colegas. As dinâmicas econômicas da África Muitos aspectos da economia das nações africanas são ligados ao seu passado colonial e à sua dependência econômica e política em relação aos países que as colonizaram. A produção agrícola, que antes do período colonial se organizava para atender somente às necessidades alimentares locais, na maioria das áreas rurais foi substituída pela agricultura comercial de exporta­ ção. Desse modo, a agricultura de grande parte dos países africanos divide-se, até hoje, entre práticas de subsistência e comerciais, que na África se constituem da seguinte maneira: • Agricultura de subsistência – produção que atende às demandas da família do produtor e aos mercados locais, com uso de ferramentas manuais, pequena produção e utilização da terra de modo coletivo. • Agricultura comercial – produção feita em larga escala, a fim de abastecer o mercado externo, com uso variável de tecnologia. Foi introduzida pelos colonizadores e localiza-se nas zonas litorâneas. Os principais produtos cultivados na África são cacau, café, algodão, cana-de-açúcar, chá e várias frutas tropicais. No norte, na região do Magreb, e no sul, na África do Sul, há plantações de 80 Geografia – Unidade 4 cevada, centeio, azeitonas e uvas, mais condizentes com o clima mediterrâneo. A criação de animais no continente é muito escassa em razão do clima, mas algumas populações nômades a realizam. Na África do Sul, em virtude da influência dos imigrantes europeus, há um grande rebanho de ovinos para a produção de lã. As riquezas minerais são exploradas por companhias estrangeiras, principalmente as multinacionais. No entanto, há algumas minas − nacionalizadas em poucos países − que se associaram a organismos internacionais que reúnem os fornecedores de minérios. Um exemplo é o Conselho Intergovernamental de Países Exportadores de Cobre, do qual participam Zâmbia e República Democrática do Congo. Na área de extração de minerais, o petróleo é o mais significativo, gerando riqueza para muitos países. Esse combustível fóssil é explo­ rado no Deserto do Saara, em áreas que compreendem os territórios de Líbia, Marrocos, Argélia, Egito, Nigéria, Angola e Gabão. Líbia, Argélia e Nigéria fazem parte da Organização dos Países Exportado­ res de Petróleo (Opep), tema abordado no Caderno do Estudante de Geografia do 8o ano/3o termo. O diamante, o cobre e o manganês são extraídos e comerciali­ zados em maior escala na República Democrática do Congo e em Angola, enquanto Marrocos e Tunísia são grandes produtores de fos­ fato, usado para fertilizantes, e a África do Sul é rica em minerais, exportando ouro, diamantes e urânio. Na maioria dos países da África, a atividade industrial se desen­ volveu pouco e apenas em algumas cidades – consequência dos efeitos do colonialismo, já que suas economias são ainda fortemente depen­ dentes das antigas metrópoles. O controle do comércio também se manteve nas mãos de europeus, o que impediu a formação de uma classe de comerciantes africanos. Não houve, dessa forma, acúmulo de capitais privados especificamente africanos e não se desenvolveu um mercado interno. A instalação de indústrias não era permitida pelos colonizadores e, assim, era necessária, como ainda hoje, a importação de produtos manufaturados. Existem muitas filiais de indústrias multinacionais no continente, que se estabeleceram em cidades como Argel (Argé­ lia), Alexandria e Assuã (Egito), Tânger (Marrocos), e Johanesburgo e Cidade do Cabo (África do Sul). Por fim, há a indústria do turismo, fonte de renda em países como Egito e África do Sul. 81 Geografia – Unidade 4 Atividade 5 Dinâmica econômica do continente africano © Le Monde Diplomatique/Agence Global 1. Observe o mapa a seguir. Desenvolvimento desigual, investimentos seletivos 10 8 6 4 Investimentos estrangeiros diretos (IED) em bilhões de dólares Média anual 2003-2008 2 0 0-15% Philippe Rekacewicz, fevereiro de 2011 Taxa de acesso à eletricidade 40-50% 15-30% 50-100% Dados 30-40% não disponíveis Fontes: OCDE, African Economic Outlook 2010; IEA, World Energy Outlook 2010; Financial Standard Foundation, Standards Forum; AFD; GTZ. REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique. Tradução: Renée Zicman. A maior parte do continente possui acesso à eletricidade? Justifi­ que sua resposta apresentando dados do mapa. 2. Com base no que estudou em Geografia, responda: a) Quais são as relações entre energia e desenvolvimento econômico? b) Como é essa relação na África? Ela é semelhante em todos os países? Por quê? 82 Geografia – Unidade 4 A Oceania: um longínquo continente A Oceania é formada por uma massa continental, a Austrália, e por um conjunto de ilhas situadas nos oceanos Pacífico e Índico. Sua área total é de 8 935 000 quilômetros quadrados. A Austrália abrange quase 7,7 milhões de quilômetros quadrados – o que representa 86% da área total do continente – e, segundo dados de 2012 da Agência de Referência Populacional, praticamente 6 em cada 10 habitantes (59%) do continente vivem nesse país. A Oceania, do ponto de vista físico, é quase uma continuação do Sudeste Asiático. Do ponto de vista histórico e de povoamento, porém, há muitas diferenças em relação à Ásia. O povoamento do continente asiático ocorreu há milênios e os colonizadores europeus lá encontraram uma população densa e sociedades com características que permanecem até hoje. Oceania: político © IBGE Na Austrália, os povos nativos foram quase totalmente eliminados pelos colonizadores britânicos, a partir do século XVI. Já na Nova Zelândia – terra de povos ancestrais dos polinésios –, os maori, nativos desse país, dão continuidade à cultura e detêm relativa força política no país. IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 53. Nem todas as ilhas aparecem no mapa [nota do editor]. 83 Geografia – Unidade 4 As grandes paisagens naturais da Oceania © Hervé Hughes/Hemis/Corbis/Latinstock A Oceania é formada por um território principal, a Austrália, e por um grande número de ilhas, muitas delas de menor extensão. O continente é banhado pelos oceanos Pacífico (a norte e leste) e Índico (a oeste e sul), e cortado pelo Equador e pelo Trópico de Capricórnio. A Nova Guiné é uma das maio­ res ilhas da Oceania, e a segunda maior do mundo. Está localizada ao norte da Austrália e, politicamente, Falésias no litoral e vegetação de clima semiárido são algumas das é dividida em duas partes: Papua características da Austrália. Nova Guiné – que pertence ao con­ tinente – e Papua Ocidental – uma das províncias da Indonésia, que pertence ao Sudeste Asiático. Ao sudeste da Austrália encontra-se a Nova Zelândia, país insular formado principalmente pelas ilhas do Norte e do Sul, separadas pelo Estreito de Cook, e por outras ilhas. Melanésia, Micronésia e Polinésia Em virtude do grande número de pequenas ilhas da Oceania, elas são classificadas em três conjuntos: Melanésia, Micronésia e Polinésia. Esses conjuntos de ilhas se relacionam uns com os outros nas trocas comerciais e no uso da enorme quantidade de recursos minerais. Melanésia – nesse grupo estão localizadas as Ilhas Salo­ mão, a Nova Caledônia e o arquipélago Bismarck, situado próximo à Austrália. Micronésia – distante da Austrália, as principais ilhas que formam esse conjunto são as Marianas do Norte e as Marshall. Polinésia – é o grupo de ilhas mais distantes da Austrália, onde está o arquipélago do Havaí, um dos estados dos Estados Unidos. A Oceania organiza-se politicamente em 14 nações, e vários territó­ rios pertencem a países como os Estados Unidos − a exemplo do Havaí, que é o 50o estado estadunidense −, a França − que detém o poder polí­ tico na Nova Caledônia, Polinésia Francesa, Ilha Wallis e em Futuna − e o Reino Unido − na ilha Pitcairn −, além do Chile e do Japão. 84 Geografia – Unidade 4 Relevo e hidrografia As formações de relevo das ilhas e dos arquipélagos da Oceania são muito variadas. A maior parte do relevo da Austrália tem altitudes bai­ xas, com predomínio de planaltos e planícies. No entanto, há uma cordi­ lheira que se estende pelo litoral oriental da Austrália, cujo maior pico é o monte Kosciusko, com mais de 2 200 metros de altitude. As atividades vulcânicas foram as responsáveis pela formação das outras ilhas, e as menores são constituídas de atóis de coral. De modo geral, há poucos e pequenos rios no continente, mas, na Austrália, é possível encontrar rios extensos, como o Murray, que nasce na cordilheira australiana, e seu afluente, o Darling. Você sabia que os atóis são como ilhas em forma de anéis, com estrutura feita de corais? Os corais se formam ao redor de uma ilha de origem vulcânica. Quando essa afunda devido a processos geológicos, esses corais permanecem e formam uma espécie de lagoa. Clima e vegetação Nas ilhas do Pacífico, predomina o clima equa­ torial, com chuvas o ano inteiro. Já na Austrália, as chuvas são abundantes somente na região litorânea, do norte (clima tropical) ao sudeste (clima tempe­ rado), em especial no verão. Nesses locais mais úmi­ dos, a vegetação é mais densa, como se observa, por exemplo, nas ilhas da Tasmânia e da Nova Zelândia – nas quais predominam florestas de eucaliptos – e no litoral australiano – onde há, também, regiões panta­ nosas, como a do Parque Nacional Kakadu, ao norte. No entanto, a maior parte do território australiano é de clima seco, com extensos desertos na região central do país, como o Grande Deserto de Vitória, e largas faixas de clima semiárido, com pouca chuva. Nessas áreas, predominam savanas e estepes. © Universal Images Group/Getty Images A Oceania, de modo geral, é um continente de climas quentes, com temperaturas elevadas. Além de uma extensa região desértica na porção centro-ocidental, essa imagem de satélite da Austrália permite observar áreas de savana e, no litoral, de florestas (também perceptíveis na Tasmânia). Atividade 6 Oceania Em dupla, respondam às perguntas a seguir: 1. A Oceania é formada por três conjuntos de ilhas. Quais são eles? 2. A Austrália ocupa qual percentual do território da Oceania? 3. Há povos nativos na Oceania? Quais? 85 Geografia – Unidade 4 Dinâmicas populacionais A Oceania é um continente pouco populoso e pouco povoado. Sua população é formada por 37 milhões de habitantes, segundo dados de 2012 da Agência de Referência Populacional. Nesse mesmo ano, a densidade demográfica média era de quatro habitantes por quilôme­ tro quadrado. Em razão também dos aspectos naturais, como clima e relevo, a população distribui-se de forma irregular no território. As maiores densidades demográficas encontram-se no litoral da Austrália, como nas cidades de Sydney e Melbourne, e na Ilha do Norte da Nova Zelândia. No entanto, nas áreas desérticas, a densidade é baixíssima. A população é dividida entre brancos descendentes de coloniza­ dores e, na Micronésia, na Polinésia e na Melanésia, predominam os malaio-polinésios, povos originários de Madagascar, da Ilha de Páscoa e da Nova Zelândia. Segundo a Agência Australiana de Esta­ tísticas, em 2006, havia em torno de 500 mil aborígines na Austrá­ lia, descendentes dos povos nativos. O número de imigrantes é uma característica importante a ser considerada: como há estímulos à imigração em alguns países, para que haja crescimento populacio­ nal, existem muitas nacionalidades nessa região. A população da Oceania é predominantemente urbana e suas cidades mais importantes são Sydney e Melbourne (na Austrália; a capital do país é Canberra), Auckland (na Nova Zelândia) e Honu­ lulu (no Havaí). Os portos dessas cidades são importantes para o escoamento de grande parte da produção agropecuária e mineral des­ ses países. Oceania e seus contrastes socioeconômicos Os países mais desenvolvidos desse continente são a Austrália e a Nova Zelândia – que, também, são os principais destinos turísti­ cos. Há, porém, países subdesenvolvidos, com economia dependente de atividades primárias, e muitos territórios dominados por grandes potências, como Estados Unidos e França. Colonização e povoamento O processo de colonização da Oceania desenvolveu-se de forma lenta e pouco homogênea. A distância entre seu território e o dos colonizadores foi um obstáculo para sua rápida ocupação. 86 Geografia – Unidade 4 As muitas viagens de exploradores ocorreram a partir de 1521, feitas por portugueses, holandeses e outras potências econômicas que ampliaram sua colonização instalando bases navais e comerciais em várias ilhas. Os Estados Unidos também se apossaram de várias delas, como as Marshall e as Carolinas, onde suas bases militares perma­ necem até hoje. No período de colonização, a população local foi praticamente dizimada, em especial pelos britânicos. Habitantes da Austrália desde aproximadamente 40 mil anos atrás, os aborígines foram mortos, escravizados ou deportados pelos colonizadores. Na Nova Zelândia, o povo originário maori, habitante do país desde o século IX, impôs forte resistência à ocupação britânica. Con­ forme dados da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), em 2006 eles representavam 7,4% da população do país. A independência da Austrália e da Nova Zelândia ocorreu em 1901 e 1931, respectivamente, porém ambos os países ainda conti­ nuam subordinados em vários aspectos ao Reino Unido, seu antigo colonizador. Exemplo disso é que a rainha do Reino Unido é também a chefe de Estado simbólica deles. Fica a dica O filme Geração roubada (Rabbit-proof Fence, direção de Phillip Noyce, 2002) conta a história de três meninas aborígines que fogem de um local criado pelo governo britânico na Austrália para ensinar garotas nativas a “servir” os colonizadores. A história é baseada em fatos reais. O filme Honra e liberdade (River Queen, direção de Vincent Ward, 2005) tem como pano de fundo a colonização britânica na Nova Zelândia e os conflitos dela decorrentes. Dinâmicas econômicas A Austrália e a Nova Zelândia têm forte influência das eco­ nomias organizadas tradicionalmente, como as europeias, embora baseando-se na pesca e na agricultura de subsistência, como é o caso de Papua Nova Guiné, Polinésia e Micronésia. Na Oceania também há cultura de produtos para exportação, como coco, abacaxi, cana­ -de-açúcar e café. Atividade 7 Povos originais da Austrália Leia o texto a seguir: A Austrália foi habitada há 40 mil anos por povos de diversas localidades, chamados de aborígines pelos colonizadores europeus. Eles conservam até hoje tradições culturais importantes. Em dupla, pesquisem na biblioteca ou na internet sobre os aborí­ gines na Austrália, seguindo o roteiro: • Qual é a porcentagem de aborígines na Austrália? • De que modo eles preservam suas tradições culturais? • Os aborígines representam uma força política no país? Por quê? 87 Geografia – Unidade 4 Você estudou Nesta Unidade, você conheceu algumas características da África, seus aspectos físicos e socioespaciais, e pôde estudar como as peculiaridades do clima, do relevo e da vegetação in­ terferem no modo de vida dos habitantes. Reconheceu também as divisões desse continente por regiões, sua complexidade em relação à população, aos idiomas e às culturas, e, ainda, consta­ tou as consequências da herança colonial para a urbanização e as dinâmicas econômicas. Discutiu também as particularidades da Oceania, suas gran­ des paisagens naturais, sua formação em grupos de ilhas e seus movimentos populacionais, o período colonial pelo qual passou e suas dinâmicas econômicas. Desse modo, compreendeu que tais continentes possuem particularidades e dinâmicas complexas. Pense sobre Em uma entrevista publicada no blog Prosa & Verso, do jornal O Globo, o economista camaronês e conselheiro da vice-presidência do Banco Mundial, Célestin Monga, afirmou que a África é produtora de grande riqueza econômica e cultural, mas seu povo não usufrui dessa produção, enquanto outras nações o fazem. A solução, segundo ele, é que as nações africanas invistam no próprio desenvolvimento, associando os fatores de produção, como a força de trabalho, o capital e os recursos naturais, de modo a criar riqueza e aumentar constantemente a produtividade, em vez de ficar eternamente dependente da ajuda financeira internacional, pois isso tira das nações a responsabilidade de assumir seu próprio destino. Fonte: FREITAS, Guilherme. Célestin Monga, um niilista na África. O Globo, Blog Prosa & Verso, 20 nov. 2010. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2010/11/20/celestin-mongaum-niilista-na-africa-341913.asp>. Acesso em: 14 jun. 2013. E você, o que pensa sobre esse assunto? 88