A ÁFRICA E A OCEANIA - EJA

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A África e a Oceania
Nesta Unidade, você vai conhecer a África e a Oceania, bem como
as características da geografia física e humana desses continentes.
Verá que muitos países da África têm uma ligação histórica com o
Brasil e também algumas características naturais semelhantes. O con­
tinente africano é muito complexo, apresentando várias regiões e paí­
ses com culturas e idiomas diversos e aspectos espaciais bem distintos.
Compreenderá que a Oceania apresenta características geográficas
e culturais diversificadas, assim como o Brasil, apesar de não guardar
relações históricas com ele.
Para iniciar...
Converse com seus colegas e professor sobre as questões a seguir.
•
O que você conhece sobre a África? E sobre a Oceania?
•
De quais países você se lembra de cada um desses continentes?
•
Quais as características que você se lembra da cultura da África?
E da Oceania?
•
Quais são as características geográficas desses continentes?
Você sabia que África
A África
O território do continente africano possui mais de 30 milhões de
quilômetros quadrados e população de cerca de 1 bilhão de pessoas,
conforme dados de 2012 da Agência de Referência Populacional.
São 54 Estados independentes (com a inclusão recente do Sudão do
Sul, independente em 2011), mas a maioria deles é economicamente
carente e bastante frágil do ponto de vista social; por isso, são, com
frequência, amparados por nações de todo o mundo.
Próximo ao seu extenso litoral, tanto ocidental como oriental, existem
muitas ilhas que pertencem a países de outros continentes, como Açores
e Madeira (de propriedade de Portugal), Canárias (da Espanha) e Santa
Helena (possessão do Reino Unido).
é a denominação do
continente africano?
É comum haver
confusão ao nomear
a África como um
país, e não como o
que realmente é: um
continente. Assim,
pode-se cometer o
erro de generalizar e
homogeneizar culturas,
climas, relevos, povos,
idiomas.
Mas vale lembrar
que existe um país
chamado “África do
Sul”, pertencente ao
continente africano.
65
© IBGE
Geografia – Unidade 4
África: político
IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 45 (mantida a grafia original).
Este mapa não inclui o Sudão do Sul, país que se tornou independente em 2011 [nota do editor].
66
Geografia – Unidade 4
Aspectos naturais do continente africano
A África apresenta uma característica física muito interessante: a
linha do Equador atravessa a porção central do continente, enquanto
os Trópicos de Câncer e de Capricórnio cruzam o norte e o sul, res­
pectivamente. Além disso, o Saara, por ser o maior deserto quente do
mundo, forma uma espécie de barreira natural que divide o espaço
físico do continente em duas partes distintas.
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30º
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Estreito de Gibraltar
I. Madeira
© IBGE
África - físico
África: físico
ESCALA APROX. 1:43.000.000
215
0
430km
PROJEÇÃO CILINDRICA
EQUIDISTANTE MERIDIANA
10º
20º
30º
40º
50º
IBGE. Atlas
geográfico escolar.
Rio de Janeiro:
IBGE, 2004,
p. 50 (mantida a
grafia original).
67
Geografia – Unidade 4
Relevo
© Nasa/Corbis/Latinstock
A maior parte do continente africano é constituída por um imenso
planalto e por vários lagos, como o Niassa e o Vitória. Há também
pontos altos nesse relevo, como os montes Kilimanjaro (quase 6
mil metros de altitude) e Quênia (mais de 5 mil metros). Ao norte
do Marrocos, da Argélia e da Tunísia, localiza-se a cadeia monta­
nhosa do Atlas (mais de 4 mil metros), e ao sul, na África do Sul e em
Lesoto, encontra-se a cadeia dos Montes Drakensberg (mais de 3 mil
metros). As planícies localizam-se próximas ao litoral ou às margens
de alguns rios e são os locais mais povoados.
Hidrografia
É na África que se localiza
um dos rios mais extensos do
mundo, o Nilo, com mais de
6 800 quilômetros de compri­
mento, sendo que 2 mil qui­
lômetros correm no meio do
deserto. Esse rio foi de grande
importância para o desenvolvi­
mento de várias civilizações no
decorrer da história, bem como
de té c n ic as de ag r ic u lt u ra ,
como a irrigação. Ele nasce
próximo ao Lago Vitória, no
sudeste do continente, e segue
Rio Nilo, no Egito. Nesta foto de satélite fica evidente o delta que ele forma ao
rumo ao norte, desembocando
desembocar no Mar Mediterrâneo.
no Mar Mediterrâneo. É após
os períodos de cheia do rio que a agricultura se desenvolve. Além do
Você sabia que a
Nilo, outros cursos d’água importantes nesse continente são o Rio
civilização egípcia
utilizou o Rio Nilo para
Congo, o Rio Zambeze e o Rio Limpopo.
se desenvolver?
Na época das cheias, a
água do rio depositava
enorme quantidade
de materiais férteis, os
sedimentos, no leito
do Nilo. Nas vazantes,
quando as águas
baixavam, formavam
vários canais fecundos,
o que foi essencial para
o desenvolvimento da
civilização dos faraós.
68
Na Bacia do Rio Congo, localizada na República Democrática
do Congo, há atividades de pesca e de mineração, como extração
de cobre, petróleo e diamante, por exemplo. Há também um grande
conjunto de lagos, destacando-se o Lago Vitória e o Tanganica.
Na África, os rios e lagos são de fundamental importância para
a população, tanto nas atividades de sobrevivência, agricultura e
pesca como para a produção de energia elétrica, para a irrigação e
como meio de transporte.
Geografia – Unidade 4
Clima e vegetação
O clima e a vegetação africanos são bastante semelhantes e “espe­
lhados” nas porções norte e sul, graças ao fato de o continente ser
atravessado pelo Equador e pelos trópicos de Câncer e de Capricór­
nio. Assim, entre os trópicos, predominam os climas equatorial e tro­
pical, com florestas úmidas e densas, enquanto os extremos norte e
sul apresentam grandes desertos quentes, como o Saara e o Kalahari.
As dinâmicas das chuvas e os tipos de vegetação são processos
que condicionam e são condicionantes do desenvolvimento da agri­
cultura e, também, da economia.
Atividade 1 Clima e vegetação na África
© RM Acquisition, LLC d/b/a Rand McNally. Reproduced with permission, License No. R.L. 13-S-010. All rights reserved.
1. Em dupla, observem os mapas “África: clima e vegetação”, espe­
cialmente as similaridades que guardam entre si, e respondam:
África: clima e vegetação
RAND McNALLY Education. Classroom Atlas. Disponível em: <http://education.randmcnally.com/classroom/action/getMapListByAtlas.
do?atlasName=Classroom%20Atlas>; Goode’s World Atlas. Disponível em: <http://education.randmcnally.com/classroom/action/
getMapListByAtlas.do?atlasName=Goode’s%20World%20Atlas>. Acessos em: 28 jun. 2013 (sem orientação do norte geográfico; sem
indicação da escala cartográfica). Tradução: Mait Bertollo.
69
Geografia – Unidade 4
a) Qual é a região do continente que apresenta os maiores índi­
ces de chuva? Justifiquem com base nos dados do mapa.
b) E aquelas com os menores índices de chuva?
c) Quais são os tipos de vegetação predominantes no continente?
Quais dados do mapa permitem essa afirmação?
2. Considerando o que estudaram em Geografia desde o 6o ano/
1o termo, quais são as relações existentes entre clima e vegetação?
Por quê?
Oscilações de temperatura
Na região centro-ocidental africana, onde predominam o clima
equatorial e o tropical, podem-se observar a floresta equatorial e as
savanas, presentes em 40% do território africano.
70
Geografia – Unidade 4
Dada a presença de amplos espaços desérticos, a pouca vegetação
que cobre essa área sofre com o desmatamento para a utilização do
solo, ainda que pobre, por parte da população extremamente carente,
bem como para o uso de madeira como fonte de energia. Isso tem pro­
vocado e acelerado o processo de desertificação nas áreas de transição
entre o deserto e as savanas, como no caso da região chamada Sahel.
Você sabia que as
grandes oscilações de
temperatura no deserto
ocorrem em virtude da
pequena umidade do ar?
© Kazuyoshi Nomachi/Corbis/Latinstock
Nessas áreas desérticas, as chuvas são escassas e irregulares, e há
pouca vegetação. Onde há água abaixo do solo, nos lençóis de água
subterrâneos, formam-se os oásis, com vegetação densa e presença
de palmeiras.
Como o solo é muito
seco, apenas a camada
superficial de areia é
aquecida. À medida que
a insolação diminui, o
solo vai rapidamente
perdendo calor e não
há nuvens que possam
servir como uma espécie
de estufa para “segurar”
o ar quente.
Oásis no Deserto do Saara. Líbia, norte da África.
Os desertos são marcados por grandes oscilações de temperatura,
que durante o dia pode atingir 50 °C e, à noite, com a perda de calor
do solo, chegar a 15 °C negativos.
Próximo ao Mar Mediterrâneo, na região do Magreb (Tunísia,
Marrocos, Argélia e Saara Ocidental), encontra-se o clima mediterrâ­
neo. Na porção sul do continente, o clima é subtropical e, também,
mediterrâneo. As temperaturas médias variam entre 15 oC e 20 oC,
com chuvas no inverno. Nessa localidade, há cultivo de uvas, azeito­
nas, frutas e cereais, além de florestas de pinheiros.
Observa-se ainda a presença de florestas equatoriais, como as do
Congo, que abrangem parte do país, com mata densa e clima úmido
e quente. As savanas, que compreendem a região ao sul do Deserto
do Saara, são semelhantes à vegetação do Cerrado do Brasil. Pos­
suem vegetação herbácea e arbórea, com uma rica fauna composta
de leões, elefantes, girafas, zebras, rinocerontes etc., muitos deles em
71
Geografia – Unidade 4
© Bernd Rohrschneider/Easypix
processo de extinção em virtude da caça predatória. Também há des­
matamento dessa vegetação para a ocupação do espaço com plantio e
o avanço das áreas habitadas.
Savana. Tanzânia, sudeste
da África.
Dinâmicas demográficas da África
A extensão do Deserto do Saara forma uma espécie de barreira
natural que divide a África em duas partes distintas em relação ao
espaço físico e econômico.
Praticamente 1/3 dos habitantes
do continente − em especial, os que
residem na região ao norte do Saara,
conhecida como África do Norte − é
árabe e berbere, povos de maioria
muçulmana, predominantemente de
língua árabe.
África do Norte
Os outros 2/3 da população afri­
cana vivem na região situada ao sul
do deserto, conhecida como África
Subsaariana, e são constituídos majo­
ritariamente por negros.
África Subsaariana
UNEP. Africa: atlas of our changing environment. Nairobi:
Unep, 2008, p. 94. Disponível em: <http://www.unep.org/
dewa/africa/AfricaAtlas/>. Acesso em: 28 jun. 2013.
72
Geografia – Unidade 4
© Oliviero Olivieri/Robert Harding World Imagery/Corbis/Latinstock
© Nabil Zorkot/dpa/Corbis/Latinstock
Historicamente, o Magreb − região desértica que compõe a
África do Norte − sempre foi dominado por populações árabes e
teve o predomínio da religião islâmica. Uma parte dele é formada
por deserto, mas também possui abundantes reservas de petróleo e
gás natural. A agricultura conta com projetos de irrigação e parte
da população constitui-se de nômades, que percorrem a região com
seus rebanhos.
População árabe muçulmana, predominante no norte da África.
População negra, predominante no centro e no sul da África.
Os povos árabes estão distribuídos por Egito, Tunísia, Líbia e
Argélia, e fixaram-se nessa região a partir do século VII. Os berberes
– os mais antigos habitantes do Magreb – constituem a maior parte
da população das regiões montanhosas do Marrocos e da Argélia.
Entre esses povos, destacam-se os tuaregues, que são os nômades do
deserto, e os etíopes, ambos praticantes da religião islâmica.
Na África, principalmente na Subsaariana, há uma importante
diversidade de povos, línguas e religiões. Além das diferentes línguas
e dialetos nativos, o francês, o inglês e o português também são fala­
dos, em consequência da colonização em diversos países africanos.
Na África do Sul, por exemplo, apesar da maioria negra, concentra­
-se uma população branca de origem europeia, como a inglesa. Além
deles, há os bôeres, descendentes dos colonos franceses e holandeses
que migraram para lá nos séculos XVII e XVIII, cujo idioma é o afri­
câner, derivado do holandês.
A maioria da população africana pratica o islamismo, mas a cada
dia cresce o número daqueles que adotam o cristianismo.
73
Geografia – Unidade 4
Atividade 2 Pobreza e desigualdade na África
1. Para você, qual é a diferença entre pobreza e desigualdade? Por
quê? Qual é a relação entre elas?
2. Observe os gráficos, com dados que
ajudam a compreender a situação da
população africana: o da esquerda
apresenta o percentual de pessoas de
cada país africano que vive com menos
de 1 dólar por dia (situação de miséria
ou extrema pobreza); o da direita, o
Coeficiente de Gini de cada país, um ín­
dice que mede a igualdade/desigualdade
na distribuição de riquezas em um país.
© La Documentation française
AApobreza
África
pobrezanana
África
População vivendo abaixo da linha de pobreza
Últimos anos disponíveis: 1993-2003
Roberto GIMENO e Ateliê de Cartografia da Sciences Po, julho de 2007
Parte da população
dispondo de menos de
1 dólar por dia (em %)
Coeficiente de Gini
Guiné Bissau
Uganda
Zâmbia
Mali
Nigéria
Rep. Centro-Africana
Madagascar
Níger
Gâmbia
Tanzânia
Serra Leoa
Zimbábue
Burundi
Ruanda
Gana
Malauí
Moçambique
Lesoto
Namíbia
Benin
Burkina Faso
Guiné
Mauritânia
Botsuana
Etiópia
Gabão
Quênia
Senegal
Camarões
Costa do Marfim
África do Sul
Suazilândia
Egito
Marrocos
Tunísia
Argélia
Djibuti
Comores
Ilhas Maurício
Angola
Cabo Verde
Chade
Congo
Rep. Dem. Congo
Eritreia
Guiné Equatorial
Libéria
Líbia
São Tomé e Príncipe
Ilhas Seicheles
Somália
Sudão
Togo
a) Em termos gerais, o que é possível
dizer sobre a situação dos países
africanos com relação à porcenta­
gem de pessoas que vivem abaixo
da linha da pobreza?
0
20
40
60
80
0
20
40
60
O Coeficiente de Gini mede a
desigualdade da distribuição de renda
em uma dada sociedade.
Dados
não disponíveis Ele varia de 0 a 100. O número 0
corresponde à completa igualdade
(todos com a mesma renda) e 100
corresponde à completa desigualdade
(uma pessoa detém toda a renda e as
demais nada têm).
Fonte: African Economic Outlook 2008, Statistical Annex, www.oecd.org
LA DOCUMENTATION Française. Questions internationales, 33,
set.-out. 2008. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/
fr/afrique-pauvret-1993-2003>. Acesso em: 14 jun. 2013.
Tradução: Renée Zicman.
74
Com base nas informações apresenta­
das, responda:
b) Com base nos dados do gráfico
“Parte da população dispondo de
menos de 1 dólar por dia”, produza
um mapa pintando os países que se
enquadram em cada uma das cate­
gorias apresentadas na legenda. Dê
um título para o seu mapa.
Geografia – Unidade 4
Trópico de Câncer
Equador
Trópico de Capricórnio
Escala no equador
2 000 km
Projeção equatorial
Atelier de cartographie de Sciences Po, 2008,
Seul l’usage pédagogique en classe ou centre de documentation est libre.
Pour toute autre utilisation, contacter : [email protected]
Pedagogical use only. For any other use dissemination or disclosure, either whole or
Atelier de Cartographiewww.sciences-po.fr/cartographie
de Sciences Po. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/fr/frica-proje-o-equatorial>.
partial, contact : [email protected]
Acesso em: 27 jun. 2013.
Legenda
Em % da população que vive com
menos de um dólar por dia
100
60
20
0
Ausência de dados
75
Geografia – Unidade 4
c) No caso da África, é possível estabelecer alguma relação entre
a incidência de pessoas que vivem na miséria e a região do
continente na qual os países se localizam? Se sim, qual?
d) Os três países com a população mais pobre são os mesmos com
maior desigualdade, ou seja, com maior Coeficiente de Gini?
Tomando por base essa análise, o que é possível concluir?
e) Compare, nos dois gráficos, a situação de miséria e de desi­
gualdade dos seguintes países da África Subsaariana:
•
Ruanda e Etiópia.
•
Ruanda e África do Sul.
O que é possível dizer sobre a situação nesses países?
76
Geografia – Unidade 4
Neocolonialismo na África
No final do século XIX e início do século XX, ocorreram diversas
e intensas disputas imperialistas entre os países industrializados. Paí­
ses do continente europeu, como Bélgica, França, Espanha, Portugal,
Itália, Alemanha e Reino Unido, necessitavam de fontes de matérias­
-primas para suas indústrias e também precisavam ampliar o mercado
consumidor de seus produtos para atingir todo o globo.
História
7o ano/2o termo
Unidade 4
As novas demandas desse período levaram à partilha do território
africano (e de parte do asiático) entre essas grandes potências, em um
processo chamado “neocolonialismo”.
Desse modo, o processo de expansão do capitalismo no con­
tinente africano e sua consequente partilha acarretaram desestru­
turação das organizações das sociedades e dos povos originários
desses lugares, que constituíam comunidades e reinos com caracte­
rísticas próprias.
A partir de 1950, houve um grande movimento de descolonização
da África. Apesar de a maioria dos países ter alcançado sua inde­
pendência política nos anos 1960, a dominação política e econômica
exercida por seus ex-colonizadores e pelas grandes potências econô­
micas atuais persiste e muitos deles ainda hoje têm sérias dificuldades
para assegurar sua autonomia e ser realmente independente. Isso se
deve, em boa parte, ao fato de a maioria dos países africanos conti­
nuar sendo exportador de matéria-prima para abastecer as demandas
das grandes empresas e indústrias de países da Europa, dos Estados
Unidos e de outras nações desenvolvidas. Esse fenômeno não permi­
tiu o desenvolvimento de um parque industrial próprio ou de uma
produção que abastecesse as demandas internas da população afri­
cana. Além das antigas potências, novos países começam a marcar
presença na África atualmente; a China é o mais significativo deles, e
até mesmo o Brasil já estabeleceu suas primeiras parcerias.
Além de extrair recursos do território africano, boa parte das
empresas estrangeiras explora intensamente o trabalho da popula­
ção africana para a extração desses recursos, já que a maioria dos
governos locais – de modo geral, colaboradores dessas empresas –
não garante direitos trabalhistas. Em virtude da intensa exploração de
seu território e de sua população pobre, além do enorme desemprego
e da má distribuição de terras, boa parte da população africana vive
abaixo da linha da pobreza, e, assim, perpetuam-se os graves proble­
mas sociais que afetam muitos dos países da África.
77
Geografia – Unidade 4
Também é importante considerar que a maior parte da população
africana não conta com emprego, com ou sem direitos trabalhistas.
A situação de pobreza extrema se torna terreno fértil para a explora­
ção do território e dos trabalhadores pelo capital estrangeiro, alimen­
tando as disputas por poder entre as tribos.
Nessa partilha colonial, as divisões e fronteiras impostas pelos
colonizadores não levaram em consideração as particularidades dos
diversos povos que habitavam as regiões onde hoje estão os países.
Algumas comunidades foram totalmente separadas, e outras, com
características como costumes e línguas completamente diferentes – e
até mesmo rivais –, foram agrupadas. Assim, há muitos conflitos por
território e certos grupos armados controlam o governo de alguns
países, além das lutas internas que acontecem pelo poder sobre o
comércio de matérias-primas valiosas, como petróleo e minerais.
© Le Monde Diplomatique/Agence Global
O mapa a seguir ilustra as tentativas de democratização no conti­
nente e, assim, verifica-se que muitos países ainda passam por proble­
mas de guerra civil, por exemplo.
Tentativas de
na África
Tentativas
dedemocratização
democratização
na África
Democracia de fachada
ou regime semiautoritário
Processo democrático
interrompido por um golpe de Estado
Processo democrático inviável
(conflito territorial, guerra civil,
Estados desagregados que controlam
apenas uma parte do seu território)
Philippe Rekacewicz, maio de 2000
Processo democrático
relativamente respeitado
REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique, maio 2000. Disponível em: <http://www.mondediplomatique.fr/cartes/afriquedemomdv51>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman.
78
Geografia – Unidade 4
Após o processo de descolonização, os conflitos potencializaram-se
de modo acentuado, principalmente em razão da grande dependência
em relação aos países europeus e da desestruturação do sistema polí­
tico-administrativo das comunidades originárias, fazendo persistir a
situação de miséria em muitos países.
Esses conflitos envolvem geralmente grupos étnicos rivais que com­
petem pelo poder central em um país ou povos separados por fron­
teiras determinadas durante a partilha do continente entre as nações
imperialistas da Europa. E as lutas pelo controle de territórios em que
há abundância de recursos minerais (petróleo, ouro e diamantes) e de
terras férteis para a agricultura e a criação de animais tendem a inten­
sificar esses conflitos.
Em decorrência desses acontecimentos, do aumento da população
nas cidades e da pressão sobre o controle dos recursos naturais, vários
países passam por problemas de fome crônica.
Atividade 3 O neocolonialismo no continente africano
1. Apesar de todos os países da África terem se tornado independen­
tes politicamente, do ponto de vista econômico parecem não ter
muito controle sobre seus recursos. Pesquise e discuta com seus
colegas de turma: Por que isso acontece?
2. Na sua opinião, o que é necessário para que os governos e o povo
africano se tornem de fato soberanos?
A urbanização e as cidades da África
O continente africano apresenta índices de urbanização relativa­
mente baixos, ainda que tenha intenso processo de aglomeração urbana
em centros de grande porte, como Cairo (Egito), Alexandria (Egito),
Lagos (Nigéria), Casablanca (Marrocos), Kinshasa (República Demo­
crática do Congo), Argel (Argélia) e Cidade do Cabo (África do Sul).
As grandes cidades do continente africano estruturaram-se a par­
tir do desenvolvimento de portos para exportação de matérias-primas
agrícolas e minerais para os países desenvolvidos, como também para
importação de diversos produtos desses países. Ocorreu, então, nessas
79
Geografia – Unidade 4
cidades, um acelerado crescimento populacional, em ritmo maior que
o do aumento da produção agrícola. O processo de desertificação na
região do Sahel e o intenso êxodo rural das pessoas em busca de tra­
balho e de melhoria de vida tiveram como consequência o crescimento
caótico dessas cidades, com a formação de inúmeras favelas, nas quais
as condições de vida são bastante precárias.
Além dessa situação, a maioria das cidades africanas apresenta
problemas ligados à deficiência nas redes de água e esgoto, no sistema
de transporte urbano, na coleta de lixo etc., o que leva a outro pro­
blema: a disseminação de doenças.
Atividade 4 As cidades africanas
1. Em grupo, façam uma pesquisa sobre os problemas das grandes
cidades de alguns países da África, observando especialmente se
há semelhanças com a realidade brasileira.
2. Organizem uma dramatização sobre o que pesquisaram e lembrem­
-se de preparar um roteiro e de decidir quais serão os personagens,
para que a apresentação seja mais compreensível aos colegas.
As dinâmicas econômicas da África
Muitos aspectos da economia das nações africanas são ligados
ao seu passado colonial e à sua dependência econômica e política em
relação aos países que as colonizaram.
A produção agrícola, que antes do período colonial se organizava
para atender somente às necessidades alimentares locais, na maioria
das áreas rurais foi substituída pela agricultura comercial de exporta­
ção. Desse modo, a agricultura de grande parte dos países africanos
divide-se, até hoje, entre práticas de subsistência e comerciais, que na
África se constituem da seguinte maneira:
•
Agricultura de subsistência – produção que atende às demandas da
família do produtor e aos mercados locais, com uso de ferramentas
manuais, pequena produção e utilização da terra de modo coletivo.
•
Agricultura comercial – produção feita em larga escala, a fim de
abastecer o mercado externo, com uso variável de tecnologia. Foi
introduzida pelos colonizadores e localiza-se nas zonas litorâneas.
Os principais produtos cultivados na África são cacau, café,
algodão, cana-de-açúcar, chá e várias frutas tropicais. No norte,
na região do Magreb, e no sul, na África do Sul, há plantações de
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Geografia – Unidade 4
cevada, centeio, azeitonas e uvas, mais condizentes com o clima
mediterrâneo. A criação de animais no continente é muito escassa
em razão do clima, mas algumas populações nômades a realizam.
Na África do Sul, em virtude da influência dos imigrantes europeus,
há um grande rebanho de ovinos para a produção de lã.
As riquezas minerais são exploradas por companhias estrangeiras,
principalmente as multinacionais. No entanto, há algumas minas −
nacionalizadas em poucos países − que se associaram a organismos
internacionais que reúnem os fornecedores de minérios. Um exemplo
é o Conselho Intergovernamental de Países Exportadores de Cobre,
do qual participam Zâmbia e República Democrática do Congo.
Na área de extração de minerais, o petróleo é o mais significativo,
gerando riqueza para muitos países. Esse combustível fóssil é explo­
rado no Deserto do Saara, em áreas que compreendem os territórios
de Líbia, Marrocos, Argélia, Egito, Nigéria, Angola e Gabão. Líbia,
Argélia e Nigéria fazem parte da Organização dos Países Exportado­
res de Petróleo (Opep), tema abordado no Caderno do Estudante de
Geografia do 8o ano/3o termo.
O diamante, o cobre e o manganês são extraídos e comerciali­
zados em maior escala na República Democrática do Congo e em
Angola, enquanto Marrocos e Tunísia são grandes produtores de fos­
fato, usado para fertilizantes, e a África do Sul é rica em minerais,
exportando ouro, diamantes e urânio.
Na maioria dos países da África, a atividade industrial se desen­
volveu pouco e apenas em algumas cidades – consequência dos efeitos
do colonialismo, já que suas economias são ainda fortemente depen­
dentes das antigas metrópoles. O controle do comércio também se
manteve nas mãos de europeus, o que impediu a formação de uma
classe de comerciantes africanos. Não houve, dessa forma, acúmulo
de capitais privados especificamente africanos e não se desenvolveu
um mercado interno.
A instalação de indústrias não era permitida pelos colonizadores
e, assim, era necessária, como ainda hoje, a importação de produtos
manufaturados. Existem muitas filiais de indústrias multinacionais
no continente, que se estabeleceram em cidades como Argel (Argé­
lia), Alexandria e Assuã (Egito), Tânger (Marrocos), e Johanesburgo
e Cidade do Cabo (África do Sul). Por fim, há a indústria do turismo,
fonte de renda em países como Egito e África do Sul.
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Geografia – Unidade 4
Atividade 5 Dinâmica econômica do continente africano
© Le Monde Diplomatique/Agence Global
1. Observe o mapa a seguir.
Desenvolvimento desigual, investimentos seletivos
10
8
6
4
Investimentos
estrangeiros
diretos (IED)
em bilhões de dólares
Média anual
2003-2008
2
0
0-15%
Philippe Rekacewicz, fevereiro de 2011
Taxa de acesso
à eletricidade
40-50%
15-30%
50-100%
Dados
30-40%
não disponíveis
Fontes: OCDE, African Economic Outlook 2010; IEA, World
Energy Outlook 2010; Financial Standard Foundation,
Standards Forum; AFD; GTZ.
REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique. Tradução: Renée Zicman.
A maior parte do continente possui acesso à eletricidade? Justifi­
que sua resposta apresentando dados do mapa.
2. Com base no que estudou em Geografia, responda:
a) Quais são as relações entre energia e desenvolvimento econômico?
b) Como é essa relação na África? Ela é semelhante em todos os
países? Por quê?
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Geografia – Unidade 4
A Oceania: um longínquo continente
A Oceania é formada por uma massa continental, a Austrália, e
por um conjunto de ilhas situadas nos oceanos Pacífico e Índico. Sua
área total é de 8 935 000 quilômetros quadrados. A Austrália abrange
quase 7,7 milhões de quilômetros quadrados – o que representa 86%
da área total do continente – e, segundo dados de 2012 da Agência
de Referência Populacional, praticamente 6 em cada 10 habitantes
(59%) do continente vivem nesse país.
A Oceania, do ponto de vista físico, é quase uma continuação
do Sudeste Asiático. Do ponto de vista histórico e de povoamento,
porém, há muitas diferenças em relação à Ásia. O povoamento do
continente asiático ocorreu há milênios e os colonizadores europeus
lá encontraram uma população densa e sociedades com características
que permanecem até hoje.
Oceania: político
© IBGE
Na Austrália, os povos nativos foram quase totalmente eliminados
pelos colonizadores britânicos, a partir do século XVI. Já na Nova Zelândia – terra de povos ancestrais dos polinésios –, os maori, nativos desse
país, dão continuidade à cultura e detêm relativa força política no país.
IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 53. Nem todas as ilhas aparecem no mapa [nota do editor].
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Geografia – Unidade 4
As grandes paisagens naturais da Oceania
© Hervé Hughes/Hemis/Corbis/Latinstock
A Oceania é formada por um
território principal, a Austrália,
e por um grande número de ilhas,
muitas delas de menor extensão. O
continente é banhado pelos oceanos
Pacífico (a norte e leste) e Índico (a
oeste e sul), e cortado pelo Equador
e pelo Trópico de Capricórnio.
A Nova Guiné é uma das maio­
res ilhas da Oceania, e a segunda
maior do mundo. Está localizada ao
norte da Austrália e, politicamente,
Falésias no litoral e vegetação de clima semiárido são algumas das
é dividida em duas partes: Papua
características da Austrália.
Nova Guiné – que pertence ao con­
tinente – e Papua Ocidental – uma das províncias da Indonésia, que
pertence ao Sudeste Asiático. Ao sudeste da Austrália encontra-se a
Nova Zelândia, país insular formado principalmente pelas ilhas do
Norte e do Sul, separadas pelo Estreito de Cook, e por outras ilhas.
Melanésia, Micronésia e Polinésia
Em virtude do grande número de pequenas ilhas da Oceania, elas
são classificadas em três conjuntos: Melanésia, Micronésia e Polinésia.
Esses conjuntos de ilhas se relacionam uns com os outros nas trocas
comerciais e no uso da enorme quantidade de recursos minerais.
Melanésia – nesse grupo estão localizadas as Ilhas Salo­
mão, a Nova Caledônia e o arquipélago Bismarck, situado
próximo à Austrália.
Micronésia – distante da Austrália, as principais ilhas que
formam esse conjunto são as Marianas do Norte e as Marshall.
Polinésia – é o grupo de ilhas mais distantes da Austrália, onde
está o arquipélago do Havaí, um dos estados dos Estados Unidos.
A Oceania organiza-se politicamente em 14 nações, e vários territó­
rios pertencem a países como os Estados Unidos − a exemplo do Havaí,
que é o 50o estado estadunidense −, a França − que detém o poder polí­
tico na Nova Caledônia, Polinésia Francesa, Ilha Wallis e em Futuna −
e o Reino Unido − na ilha Pitcairn −, além do Chile e do Japão.
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Geografia – Unidade 4
Relevo e hidrografia
As formações de relevo das ilhas e dos arquipélagos da Oceania são
muito variadas. A maior parte do relevo da Austrália tem altitudes bai­
xas, com predomínio de planaltos e planícies. No entanto, há uma cordi­
lheira que se estende pelo litoral oriental da Austrália, cujo maior pico é
o monte Kosciusko, com mais de 2 200 metros de altitude. As atividades
vulcânicas foram as responsáveis pela formação das outras ilhas, e as
menores são constituídas de atóis de coral.
De modo geral, há poucos e pequenos rios no continente, mas,
na Austrália, é possível encontrar rios extensos, como o Murray, que
nasce na cordilheira australiana, e seu afluente, o Darling.
Você sabia que os
atóis são como ilhas em
forma de anéis, com
estrutura feita de corais?
Os corais se formam
ao redor de uma ilha
de origem vulcânica.
Quando essa afunda
devido a processos
geológicos, esses corais
permanecem e formam
uma espécie de lagoa.
Clima e vegetação
Nas ilhas do Pacífico, predomina o clima equa­
torial, com chuvas o ano inteiro. Já na Austrália, as
chuvas são abundantes somente na região litorânea,
do norte (clima tropical) ao sudeste (clima tempe­
rado), em especial no verão. Nesses locais mais úmi­
dos, a vegetação é mais densa, como se observa, por
exemplo, nas ilhas da Tasmânia e da Nova Zelândia
– nas quais predominam florestas de eucaliptos – e no
litoral australiano – onde há, também, regiões panta­
nosas, como a do Parque Nacional Kakadu, ao norte.
No entanto, a maior parte do território australiano é de clima
seco, com extensos desertos na região central do país, como o Grande
Deserto de Vitória, e largas faixas de clima semiárido, com pouca
chuva. Nessas áreas, predominam savanas e estepes.
© Universal Images Group/Getty Images
A Oceania, de modo geral, é um continente de
climas quentes, com temperaturas elevadas.
Além de uma extensa região
desértica na porção centro-ocidental, essa imagem de
satélite da Austrália permite
observar áreas de savana e, no
litoral, de florestas (também
perceptíveis na Tasmânia).
Atividade 6 Oceania
Em dupla, respondam às perguntas a seguir:
1. A Oceania é formada por três conjuntos de ilhas. Quais são eles?
2. A Austrália ocupa qual percentual do território da Oceania?
3. Há povos nativos na Oceania? Quais?
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Geografia – Unidade 4
Dinâmicas populacionais
A Oceania é um continente pouco populoso e pouco povoado. Sua
população é formada por 37 milhões de habitantes, segundo dados
de 2012 da Agência de Referência Populacional. Nesse mesmo ano, a
densidade demográfica média era de quatro habitantes por quilôme­
tro quadrado. Em razão também dos aspectos naturais, como clima
e relevo, a população distribui-se de forma irregular no território. As
maiores densidades demográficas encontram-se no litoral da Austrália,
como nas cidades de Sydney e Melbourne, e na Ilha do Norte da Nova
Zelândia. No entanto, nas áreas desérticas, a densidade é baixíssima.
A população é dividida entre brancos descendentes de coloniza­
dores e, na Micronésia, na Polinésia e na Melanésia, predominam
os malaio-polinésios, povos originários de Madagascar, da Ilha de
Páscoa e da Nova Zelândia. Segundo a Agência Australiana de Esta­
tísticas, em 2006, havia em torno de 500 mil aborígines na Austrá­
lia, descendentes dos povos nativos. O número de imigrantes é uma
característica importante a ser considerada: como há estímulos à
imigração em alguns países, para que haja crescimento populacio­
nal, existem muitas nacionalidades nessa região.
A população da Oceania é predominantemente urbana e suas
cidades mais importantes são Sydney e Melbourne (na Austrália; a
capital do país é Canberra), Auckland (na Nova Zelândia) e Honu­
lulu (no Havaí). Os portos dessas cidades são importantes para o
escoamento de grande parte da produção agropecuária e mineral des­
ses países.
Oceania e seus contrastes socioeconômicos
Os países mais desenvolvidos desse continente são a Austrália e
a Nova Zelândia – que, também, são os principais destinos turísti­
cos. Há, porém, países subdesenvolvidos, com economia dependente
de atividades primárias, e muitos territórios dominados por grandes
potências, como Estados Unidos e França.
Colonização e povoamento
O processo de colonização da Oceania desenvolveu-se de forma
lenta e pouco homogênea. A distância entre seu território e o dos
colonizadores foi um obstáculo para sua rápida ocupação.
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Geografia – Unidade 4
As muitas viagens de exploradores ocorreram a partir de 1521,
feitas por portugueses, holandeses e outras potências econômicas que
ampliaram sua colonização instalando bases navais e comerciais em
várias ilhas. Os Estados Unidos também se apossaram de várias delas,
como as Marshall e as Carolinas, onde suas bases militares perma­
necem até hoje. No período de colonização, a população local foi
praticamente dizimada, em especial pelos britânicos. Habitantes da
Austrália desde aproximadamente 40 mil anos atrás, os aborígines
foram mortos, escravizados ou deportados pelos colonizadores.
Na Nova Zelândia, o povo originário maori, habitante do país
desde o século IX, impôs forte resistência à ocupação britânica. Con­
forme dados da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos
(CIA), em 2006 eles representavam 7,4% da população do país.
A independência da Austrália e da Nova Zelândia ocorreu em
1901 e 1931, respectivamente, porém ambos os países ainda conti­
nuam subordinados em vários aspectos ao Reino Unido, seu antigo
colonizador. Exemplo disso é que a rainha do Reino Unido é também
a chefe de Estado simbólica deles.
Fica a dica
O filme Geração roubada
(Rabbit-proof Fence,
direção de Phillip Noyce,
2002) conta a história de
três meninas aborígines
que fogem de um local
criado pelo governo
britânico na Austrália
para ensinar garotas
nativas a “servir” os
colonizadores. A história
é baseada em fatos reais.
O filme Honra e liberdade
(River Queen, direção de
Vincent Ward, 2005) tem
como pano de fundo a
colonização britânica
na Nova Zelândia
e os conflitos dela
decorrentes.
Dinâmicas econômicas
A Austrália e a Nova Zelândia têm forte influência das eco­
nomias organizadas tradicionalmente, como as europeias, embora
baseando-se na pesca e na agricultura de subsistência, como é o caso
de Papua Nova Guiné, Polinésia e Micronésia. Na Oceania também
há cultura de produtos para exportação, como coco, abacaxi, cana­
-de-açúcar e café.
Atividade 7 Povos originais da Austrália
Leia o texto a seguir:
A Austrália foi habitada há 40 mil anos por povos de diversas localidades,
chamados de aborígines pelos colonizadores europeus. Eles conservam até hoje
tradições culturais importantes.
Em dupla, pesquisem na biblioteca ou na internet sobre os aborí­
gines na Austrália, seguindo o roteiro:
•
Qual é a porcentagem de aborígines na Austrália?
•
De que modo eles preservam suas tradições culturais?
•
Os aborígines representam uma força política no país? Por quê?
87
Geografia – Unidade 4
Você estudou
Nesta Unidade, você conheceu algumas características da
África, seus aspectos físicos e socioespaciais, e pôde estudar
como as peculiaridades do clima, do relevo e da vegetação in­
terferem no modo de vida dos habitantes. Reconheceu também
as divisões desse continente por regiões, sua complexidade em
relação à população, aos idiomas e às culturas, e, ainda, consta­
tou as consequências da herança colonial para a urbanização e
as dinâmicas econômicas.
Discutiu também as particularidades da Oceania, suas gran­
des paisagens naturais, sua formação em grupos de ilhas e seus
movimentos populacionais, o período colonial pelo qual passou
e suas dinâmicas econômicas.
Desse modo, compreendeu que tais continentes possuem
particularidades e dinâmicas complexas.
Pense sobre
Em uma entrevista publicada no blog Prosa & Verso, do jornal O Globo, o
economista camaronês e conselheiro da vice-presidência do Banco Mundial,
Célestin Monga, afirmou que a África é produtora de grande riqueza econômica e cultural, mas seu povo não usufrui dessa produção, enquanto outras
nações o fazem. A solução, segundo ele, é que as nações africanas invistam no
próprio desenvolvimento, associando os fatores de produção, como a força de
trabalho, o capital e os recursos naturais, de modo a criar riqueza e aumentar
constantemente a produtividade, em vez de ficar eternamente dependente da
ajuda financeira internacional, pois isso tira das nações a responsabilidade de
assumir seu próprio destino.
Fonte: FREITAS, Guilherme. Célestin Monga, um niilista na África. O Globo, Blog Prosa & Verso, 20 nov. 2010.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2010/11/20/celestin-mongaum-niilista-na-africa-341913.asp>. Acesso em: 14 jun. 2013.
E você, o que pensa sobre esse assunto?
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