VACINAÇÃO DE GESTANTES Carla Sakuma de Oliveira Médica infectologista VACINAÇÃO DA MULHER PERÍODO ANTE-NATAL Momento ideal Doenças imunopreveníveis deveriam ser alvo de prevenção em adolescentes e mulheres jovens, inseridas em um programa amplo de imunização com altas coberturas. PRÉ-NATAL GESTAÇÃO Nem todas as vacinas são permitidas Evitar no 1º. Trimestre A vacinação de grávidas muitas vezes pressupõe oportunidades perdidas de vacinação da mulher, antes da concepção. PUERPÉRIO Excelente momento para atualizar as vacinas Vinculação com serviço de saúde INTRODUÇÃO - A vacinação de gestantes pode beneficiar o neonato através da transferência de anticorpos via transplacentária e também via leite materno. - Helay e Baker demonstraram que a época ideal de vacinação de uma gestante é ao redor de 30 a 32 semanas, período que assegura uma efetiva transferência de anticorpos, especialmente da classe IgG. MOMENTO IDEAL DE VACINAR GESTANTES Poucos são os estudos randomizados e controlados que visam aferir a segurança de vacinas para uso em gestantes. São grandes as dificuldades éticas na realização dos mesmos, dificultando uma adequada compreensão dos mecanismos imunológicos de resposta às vacinas em grávidas. Muito da experiência da utilização de vacinas em gestantes advém do uso inadvertido desses imunobiológicos nessas mulheres. PRINCÍPIOS DA VACINAÇÃO EM GESTANTES VACINAS INATIVAS: são seguras, e podem ser utilizadas, quando necessário, nas gestantes. Ex.: difteria, tétano, influenza, hepatite B e outras. VACINAS VIVAS ( VIRUS OU BACTÉRIAS): a princípio são contra indicadas. Ex.: como varicela, sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela, pólio oral, influenza nasal, BCG; exceto em situações onde o risco de adoecimento sobrepuja o risco teórico vacinal. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS: - Mudanças na situação epidemiológica local (epidemias ou surtos) - Viagem (para locais endêmicos de pólio, febre amarela, encefalite japonesa) - Exposição acidental (hepatite A e B e raiva) HEPATITE B: - A prevenção da transmissão vertical da hepatite B é estratégia fundamental no controle da doença. - Toda gestante deve ser submetida à investigação sorológica pré‐natal, e se forem susceptíveis e de risco, devem ser vacinadas em QUALQUER momento da gestação - Vacina inativada e segura. - Idealmente toda mulher em idade fértil deveria estar adequadamente imunizada contra a hepatite B antes de engravidar. - A vacinação universal seria a melhor estratégia de erradicação da doença. - 3 doses : 0, 1 mês e 6 meses - Recomendada para TODAS as gestantes susceptíveis - Disponível na rede pública e privada Mãe HBsAg + e RN ≥ 2000g: Primeira dose hepatite B nas primeiras 12 horas de vida Imunoglobulina anti-hepatite B (HBIG) nas primeiras 12 horas Segunda dose 1-2 meses Terceira dose : 6 meses Dosar Anti-HBs entre 9-18 meses. Se Anti-HBs < 10UI/mL, repetir esquema. Mãe HBsAg desconhecido e RN ≥ 2000g Primeira dose hepatite B nas primeiras 12 horas de vida Segunda dose 1-2 meses Terceira dose : 6 meses Mãe HBsAg negativa e RN ≥ 2000g Primeira dose aplicada ao nascer ou antes da alta Segunda dose 1-2 meses Terceira dose : 6 meses HEPATITE A: - Trata-se de vacina inativada. Sem contraindicação na gestação. Indicação: Pós exposição domiciliar ou a alimentos contaminados, ou gestantes susceptíveis que irão viajar para regiões de alta endemicidade da doença. Esquema: duas doses 0-6 meses HEPATITE A + B: A vacina combinada é uma opção e pode substituir Hepatite A e B isoladas - Para < 16 anos: 2 doses ( 0-6 meses) - Para > 16 anos: 3 doses ( 0-1-6 meses) INFLUENZA Gestantes infectadas pelo influenza tem maior isco de desenvolver complicações e de hospitalização pela doença. Não raro a infecção é causa de trabalho de parto prematuro. Europa e América do Norte recomendam o uso rotineiro da vacina contra o influenza em gestantes. Gestantes respondem à vacina de maneira semelhante às mulheres não gestantes, e a eficácia vacinal pode variar a cada estação, especialmente em razão da coincidência das cepas circulantes com as vacinais. A utilização da vacina durante a gestação é capaz de proteger o recém nato através da transferência passiva de anticorpos, durante a gestação e também pela lactação, especialmente no primeiro semestre de vida, quando o lactente jovem ainda não pode ser imunizado. A mãe estando imunizada não adoece, protegendo indiretamente seu filho. INFLUENZA/ GRIPE: - Dose única anual - As vacinas contra o influenza licenciadas em nosso meio, são inativadas, capazes de induzir resposta imunogênica robusta, com títulos protetores em adultos saudáveis, com elevado perfil de segurança. - A vacina está recomendada nos meses de sazonalidade do vírus, inclusive no primeiro trimestre. - Preferencialmente aplicar a vacina quadrivalente TRÍPLICE BACTERIANA ACELULAR ( dTpa): - A dTpa está recomendada em TODAS as gestações, pois além de proteger a gestante, evita a transmissão da - Bordetella pertussis ao RN e permite a transferência de anticorpos ao feto, protegendo o RN também nos primeiros meses de vida. Melhor época: entre 27- 33 semanas, podendo ser aplicada a partir de 20 semanas. Mulheres não vacinadas na gestação DEVEM ser vacinadas no puerpério o mais precocemente possível. A vacina está recomendada mesmo após a doença, já que a proteção conferida pela infecção NÂO é permanente. Situação vacinal: - Previamente vacinada ( 3 doses dT) => Fazer uma dose de dTpa entre 27-33 semanas de gestação - Vacinação incompleta com dT: Uma dose de dT e uma dose de dTpa ( 27-33 semanas de gestação) Intervalo de 1 mês entre as doses. - Previamente vacinada ( 2 doses dT)=> Fazer uma dose de dTpa entre 27-33 semanas de gestação - Situação vacinal desconhecida: 2 doses de dT e uma dose de dTpa ( 27-33 sem) Adotar esquema de 0-2-4 meses ou 0-2-6 meses. Respeitar intervalo mínimo de 1 mês entre elas. PNEUMOCÓCICAS: - VPC 13 e VPC 23 são vacinas inativadas. Sem riscos teóricos para gestante e feto. - Esquema sequencial VPC 13 e VPC 23 pode ser feito para gestantes de risco para doença pneumocócica invasiva - Gestantes de risco: asplênicas, portadoras de doenças metabólicas, cardíacas, renais, pulmonares e imunodeprimidas. MENINGOCÓCICAS: B,C e ACWY - As vacinas meningocóccicas conjugadas são inativadas, portanto sem risco teórico para gestante e feto, devendo ser considerada em situações epidemiológicas de risco - Preferir ACWY. Na indisponibilidade da ACWY, fazer a meningocócica C. - Esquema ACWY : uma dose. Não disponível na rede pública. - Esquema Meningo B: 2 doses com intervalo de 2 meses Contra-indicadas: - Febre amarela Tríplice viral ( SCR) Varicela Dengue HPV : se engravidar no curso do esquema: suspender até o puerpério. Pode ser aplicada no puerpério e amamentação VACINA CONTRA A POLIOMIELITE - NÃO HÁ EVIDÊNCIAS QUE AS VACINAS CONTRA A POLIOMIELITE POSSAM CAUSAR ALGUM DANO À GESTANTE OU AO FETO. - NÃO SE RECOMENDA O USO ROTINEIRO DA VACINA EM GRÁVIDAS, EXCETO NO CASO DE VIAGENS A REGIÕES ENDÊMICAS DE GRÁVIDAS NÃO IMUNIZADAS PREVIAMENTE. - NESTES CASOS É SEMPRE PREFERÍVEL O USO DA VACINA INATIVADA. RAIVA A raiva é uma doença de enorme gravidade, com alta letalidade. A profilaxia pós exposição em gestantes deve ser indicada de maneira rotineira, já que o risco da doença suplanta o risco de um eventual evento adverso. COQUELUCHE Recomendação de utilização da vacina contra a coqueluche, na sua apresentação acelular Gestantes de risco para a aquisição da coqueluche: profissionais de saúde, adolescentes e moradoras de localidades com alta prevalência da doença. Anticorpos maternos contra a coqueluche são transferidos ao feto, porém não está definido qual é o título considerado protetor (correlato de proteção). COCOONING Cocooning é definido como a estratégia de proteger os lactentes de doenças infecciosas, especialmente pertussis, vacinando aqueles em contato próximo com eles. O Comitê Consultivo de Práticas de Imunização (ACIP) recomendou o cocooning com a vacina dTpa desde 2005 e continuou a recomendar esta estratégia para todos aqueles com esperado contato próximo com crianças. ACIP afirma que cocooning fornece proteção máxima para a criança além do que é fornecido pela vacinação materna. O ACIP está recomendando que todos os parentes e cuidadores sejam vacinados contra a coqueluche pelo menos duas semanas antes de entrar em contato com bebês. 1.Healy, C. M.; Rench, M. A.; Baker, C. J. (2010). "Implementation of Cocooning against Pertussis in a High-Risk Population". Clinical Infectious Diseases. 52 (2): 157– 162. doi:10.1093/cid/ciq001. PMID 21288837. 2.^ Jump up to:a b "Cocooning". Centers for Disease Control and Prevention. Retrieved 2012-09-30. CONCLUSÕES A imunização de mulheres deve fazer parte da rotina médica de ginecologistas, clínicos e hebiatras. A avaliação do risco da doença e da vacinação nem sempre é tarefa fácil e a decisão de se vacinar ou não, deve ser dividida com o casal, baseada sempre em evidências conhecidas. O puerpério é excelente momento para atualização do calendário vacinal da mulher, propiciando imunidade contra várias doenças imunopreveníveis. CONCLUSÕES "Os benefícios da vacinação de mulheres grávidas geralmente superam os riscos potenciais quando a probabilidade de exposição à doença é alta, quando a infecção representaria um risco para a mãe ou o feto, e quando a vacina é improvável que cause danos". CDC. Recomendações gerais sobre vacinação Recomendações do Comitê Consultivo de Práticas de Imunização (ACIP). MMWR 2011; 60 (N ° 2): 26. OBRIGADA PELA ATENÇÃO! www.infocus2017.com.br