0 PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – GRADUAÇÃO VANDERLEI SOARES DE LIMA DST/AIDS: ESCOLA E ALUNOS ESTÃO PREPARADOS PARA ESTA REALIDADE? CANOAS, 2007 1 VANDERLEI SOARES DE LIMA DST/AIDS: ESCOLA E ALUNOS ESTÃO PREPARADOS PARA ESTA REALIDADE? Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Ciências Biológicas do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle,como exigência parcial para a obtenção de grau de Licenciado em Ciências Biológicas, sob orientação da Profª. Ms. Lílian de Lemos Timm. CANOAS, 2007 2 TERMO DE APROVAÇÃO VANDERLEI SOARES DE LIMA DST/AIDS: ESCOLA E ALUNOS ESTÃO PREPARADOS PARA ESTA REALIDADE? Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, pela seguinte avaliadora: Profª. Ms. Lílian de Lemos Timm UNILASALLE Canoas, 12 de julho de 2007. 3 “Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante ... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do mundo”. (Dom Helder Câmara) 4 AGRADECIMENTOS À equipe diretiva, professores e funcionários da Escola Estadual de Ensino Médio Bernardo Vieira de Mello Que me acompanharam e ajudaram ao longo dos meus estágios curriculares; Aos meus familiares Que sempre me apoiaram e me encorajaram nos momentos de dificuldade; Aos professores do Unilasalle, Que contribuíram na minha formação profissional e humana e em especial minha orientadora; Aos amigos e amigas Que sempre estiveram presentes na minha busca do saber. 5 RESUMO A incidência de DST/AIDS vem aumentando nos últimos anos. Entre os fatores responsáveis, encontramos a diminuição da idade de início das relações sexuais, o aumento de parceiros e a ausência do uso de preservativos. Estudos envolvendo jovens do ensino médio apontam como está a consciência destes jovens em relação a essa doença e a participação da escola como fonte de informação. Os resultados obtidos através de questionários aplicados em escolas, possibilitam o planejamento de estratégias de cuidado e consciência do risco. Palavras-chave: AIDS; prevenção, consciência; informação. ABSTRACT The incidence of STD (Sexually Transmitted Disease) AIDS (Acquired Immuney Deficiency Syndrome) is increasing in the last years. Among the responsible factors, we find the reduction age of beginning sexual relations, the partners' increase and the absence of the use of condoms. Studies wrapping young persons from High School point out how is the consciencia of these young people regarding this disease and the participation of the school as a source of information. The results obtained through questionnaires applied in schools, make possible the projection of care strategies and risk concience. Key-Words: AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome), prevention, conscience, information. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Vírus HIV e suas respectivas partes ............................................................. 13 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - HIV e níveis de CD4 ao decorrer de uma infecção não tratada .................. 18 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 1.1 Parâmetros Curriculares Nacionais ..................................................................... 10 1.2 Vírus da Imunodeficiência Humana: HIV ............................................................. 11 1.2.1 História ..................................................................................................................13 1.2.2 Ciclo Vital do HIV .................................................................................................. 14 1.2.3 O HIV e a resposta Imune .................................................................................... 16 1.3 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: AIDS ................................................ 18 1.3.1 Tratamento, prevenção e controle ........................................................................ 20 2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 22 3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 23 4 RESULTADOS ........................................................................................................... 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 32 ANEXO A - Questionário HIV/AIDS ............................................................................... 34 ANEXO B – Palestra DST/AIDS .................................................................................... 35 8 1 INTRODUÇÃO Este trabalho é resultado da pesquisa sobre o comportamento sexual dos jovens do segundo ano do ensino médio da rede estadual de ensino, em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST). A incidência de DST entre adolescentes vem aumentando. Como fatores responsáveis encontramos a diminuição da idade de início das relações sexuais, aumento de parceiros e ausência do uso de preservativo. Neste contexto destaca-se a AIDS, cujo perfil apresenta a tendência juvenilização (Chequer, 1998). Do total de casos de AIDS notificados no Ministério da Saúde (MS) até fevereiro de 1998, 43% situam-se entre 20 e 34 anos. Como o tempo de latência é longo, podendo durar até 11 anos, provavelmente muitos desses jovens se contaminaram no início da adolescência, como têm demonstrado os estudos de alguns países. Segue alguns exemplos: Na Venezuela, um estudo conduzido pelo governo no início da década de 90 mostrou que um quarto dos jovens teve relações sexuais pela primeira vez entre 10 e 14 anos de idade; outros dois terços haviam iniciado durante sua adolescência (OMS, 2001). Em um estudo realizado no México, em 1996, com a participação de mais de 31.000 escolas de ensino médio e 22.000 estudantes universitários do primeiro ano, se observou que 17% dos jovens masculinos de 15 anos de idade já tinham tido relações sexuais, enquanto apenas 5% entre as do sexo feminino (OMS, 2001). Em Honduras, a idade média para o início das atividade sexual nos homens infectados pelo HIV foi de 13,6 anos. Por outro lado, homens que não estavam infectados haviam começado sua vida sexual em média dois anos mais tarde (OMS, 2001). Na Colômbia, mais de 130.000 pessoas de todo país decidiram fazer o teste do HIV depois de receber orientação. Neste caso, mais de 40% das pessoas que tiveram seus resultados positivos tinham iniciado sua atividade sexual antes dos 16 anos de idade (OMS, 2001). 9 No Brasil desde 1980, o Ministério da Saúde contabilizou 310.310 casos de aids em todo o país. Em relação ao ano de 2002, o Brasil registra agora 22.295 novos casos da doença (redução de 26% no número de casos registrados). Em 1998 foram notificados mais de 30 mil novos casos; nesta época começou a se verificar uma desaceleração nas novas ocorrências que, pela primeira vez, ficou abaixo de 25 mil casos. Essa estabilização decorre da política de prevenção e tratamento universal do Ministério da Saúde mas ainda aponta para a necessidade dos investimentos em diagnóstico. Do total geral de casos registrados desde 1980, os homens têm a maior prevalência: são 220.783 com a doença (71,1% do total) contra 89.527 mulheres (28,8% do total). Para cada 1.8 homens doentes existe uma mulher com diagnóstico de AIDS (Ministério da saúde, 2004). A epidemia de AIDS traz fortes reflexões para as páginas da história, que têm registrado os sobressaltos a cada surpreendente percepção de que a epidemia está fora de controle. Olhando a questão por esse enfoque, as possibilidades para o enfrentamento da epidemia da AIDS passam a ter que ser repensadas cotidianamente a partir dos questionamentos sobre qual é o projeto de desenvolvimento que queremos para a humanidade e que garantias temos para usufruto dos direitos humanos. Diariamente cerca de 14 mil pessoas são infectadas pelo HIV no mundo. Desde o início da epidemia, 20 milhões de pessoas faleceram e estima-se que, atualmente 40 milhões estejam vivendo com HIV/AIDS (Passarelli, 2003). A cultura sexual, predominante conservadora, tem criado dificuldades para enfrentar a situação real, tanto no âmbito nacional como no familiar. Como resultado, freqüentemente os jovens são privados de informação e serviços que necessitam para se protegerem do HIV. A orientação sexual na escola deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo postura, crenças, tabus e valores a ela associados. Diferencia-se da educação realizada pela família, pois possibilita a discussão de diferentes pontos de vista associados à sexualidade, sem a imposição de determinados valores sobre outros. 10 É portanto, absolutamente indispensável que a escola, e todos os educadores encarregados de esclarecer os adolescentes, se dediquem a essa tarefa preventiva. E sem demora, pois a AIDS está diante de todas as portas. Durante as últimas décadas, a educação padeceu de certa dicotomia, explicável sob certos aspectos e oportuna até certo ponto, mas que é preciso romper, retornando a um conceito de educação integral. Para que a prevenção anti-Aids seja eficaz junto aos jovens, será necessário que a informação seja, ao mesmo tempo, formação e que a formação seja,”concomitantemente” informação. À falta disso, não haverá um verdadeiro trabalho de prevenção. É muito importante que esta campanha de prevenção não conduza os jovens a um pânico que só poderia ferir seu equilíbrio psicológico. Não se trata de provocar medo, mas sim de esclarecer, informando-os sobre o assunto, formando-os de modo que a escolha de seu comportamento não os leve a se tornarem futuras vítimas da AIDS (Charbonneau,1987). 1.1 Parâmetros Curriculares Nacionais A partir de meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou devido à preocupação dos educadores com o grande crescimento da gravidez indesejada entre as adolescentes e com o risco da contaminação pelo HIV (vírus da AIDS) entre os jovens. A princípio acreditava-se que as famílias apresentavam resistência a abordagem dessas questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais reivindicam a orientação sexual nas escolas. O momento mais propício para se abordar esse tema é quando algo relacionado a ele é trazido pelos próprios alunos ou é vivido por aquela comunidade escolar. Se isso não ocorrer, o professor deve abordar a questão. Também aqui se faz particularmente importante o levantamento prévio dos alunos sobre as doenças sexualmente transmissíveis e sobre a AIDS, pois se contata a existência de um grande volume de informações errôneas e equivocadas sobre elas. 11 O trabalho de orientação sexual visa propiciar aos jovens a possibilidade do exercício de sua sexualidade de forma responsável e prazerosa. Seu desenvolvimento deve oferecer critérios para o discernimento de comportamentos ligados à sexualidade que demandam privacidade e intimidade, assim como reconhecimento das manifestações de sexualidade passíveis de serem expressas na escola. Propõem-se três eixos fundamentais para nortear a intervenção do professor: corpo humano, relações de gênero e prevenção de doenças sexualmente trasmissíveis/AIDS. Espera-se que o aluno tenha informações básicas e corretas sobre doenças sexualmente transmissíveis em especial a AIDS, suas formas de contágio e, de posse dessas informações, possa assumir atitudes de auto-cuidado. Deve também combater a discriminação que atinge portadores do HIV e doentes de AIDS de forma a contribuir para a adoção de condutas preventivas por parte dos jovens (PCNs, 2006). 1.2 Vírus da Imunodeficiência Humana O vírus da imunodeficiência humana HIV-1 e HIV-2 são membros da família Retroviridae, na subfamília dos Lentivírus. Vários estudos epidemiológicos têm demonstrado que a via sexual é a forma de transmissão predominante do HIV, através da exposição a secreções contagiosas que contenham o vírus ou células infectadas. Outra forma significativa de transmissão ocorre através de exposição parenteral a sangue, hemoderivados ou tecidos infectados pelo HIV, assim como também desta forma ocorre a transmissão perinatal. Apesar de já se ter isolado o HIV a partir de secreções e tecidos de diversas origens, o potencial de infectividade destas fontes de isolamento mostra-se bastante limitado. Por exemplo, a saliva contém enzimas e outras substâncias que inativam o HIV, sendo, portanto, muito improvável que o transmita. O contato casual não é associado à transmissão do HIV, devido à não exposição, nestas circunstâncias, ao sangue ou a outros fluidos corporais contagiosos. Estudos epidemiológicos e parasitológicos têm refutado a teoria de que mosquitos e outros insetos pudessem ser vetores de transmissão do HIV (Marcondes, 1998). O HIV pertence a uma classe de vírus chamado retrovírus, cujo material genético é o 12 RNA. E como os demais vírus, ele é um parasita intracelular: introduz seu material genético nas células e usa os elementos celulares para se replicar. Entretanto, somente o HIV e os demais retrovírus utilizam uma enzima denominada trascriptase reversa para converter o seu RNA em DNA, o qual pode ser incorporado aos genes das células hospedeiras. Uma característica do HIV é a sua lentidão de ação: observa-se um longo intervalo de tempo entre a infecção inicial e o aparecimento de sintomas mais graves. Seu formato é esférico (figura 1). Externamente, possui uma espécie de capa, o envelope viral, formado por duas camadas de moléculas lipídicas que são obtidas da membranas de células humanas quando o vírus se replica. No envelope viral há também proteínas. Algumas delas são muito complexas e formadas por moléculas de glicoproteínas gp120 e gp41. As gp120 formam uma espécie de capa e as gp41, uma haste que liga essa estrutura ao envelope viral. Atualmente sabe-se que a gp120 funciona como uma chave que permite ao vírus abrir e invadir células humanas. Muitas das pesquisas no sentido de desenvolver uma vacina contra o HIV baseiam-se nas características do envelope viral. Internamente, o vírus possui uma cápsula chamada capsídeo, em cujo interior se encontram duas moléculas de uma proteína viral, a p24. Esta proteína tem sido utilizada no rastreamento da AIDS: pela quantidade de moléculas p24 no sangue é possível estimar quantos vírus circulam no corpo. A cápsula viral também possui uma proteína chamada p7 e três tipos de enzimas que permitem a realização do ciclo viral: a transcriptase reversa, a integrase e a protease. Entre o envelope e a cápsula viral encontra-se uma proteína chamada p17. O RNA viral contém os genes responsáveis pela síntese de proteínas estruturais necessárias à formação de novos vírus, tais como as gp120 e gp41. Outros genes determinam a síntese de proteína relacionadas à replicação viral, à entrada dos vírus nas células e à sua capacidade de causar doenças (Marcondes, 1998). 13 Figura 1: vírus HIV e suas respectivas partes (Retirado de: http://www.aidsactioncoalition.org) 1.2.1 História A AIDS e o HIV são frutos de nosso tempo. Uma nova epidemia descoberta duas décadas antes da entrada do século XXI revela que os avanços conquistados até o século XX foram insuficientes para conter algo de muito primitivo que pode nos destruir. Divulgada em 1981, pelo Centers for Disease Control (CDC)2, essa pandemia tem causado, do ponto de vista individual e coletivo, profundas marcas na história contemporânea da humanidade. Até o momento, a AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - é considerada incurável. Na progressão da síndrome, há um comprometimento do sistema imunológico do organismo e seu portador fica vulnerável a doenças oportunistas, muitas vezes degenerativas, que podem levá-lo à morte (História do HIV, 2006). Em 1996, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontavam que 7,7 milhões de pessoas já haviam manifestado a enfermidade e 21,8 milhões estavam infectados pelo HIV3. Dados epidemiológicos indicam que 40 milhões de pessoas estarão vivendo com o HIV, até o ano 2000. Estima-se, também, que a cada minuto cinco novas pessoas, no mundo, se infectam com o vírus (História do HIV, 2006). Até 1983, o HIV (Human Immunodeficiency Vírus) não havia sido isolado. A partir de 1984, a Organização Mundial de Saúde reconheceu o HIV como agente causal da AIDS. 14 Embora ainda hajam divergências a este respeito, a maior parte da comunidade científica internacional realiza pesquisas e tratamentos a partir da concepção de que a AIDS é provocada pela infecção por HIV e seus desdobramentos. O diagnóstico HIV positivo não é condição suficiente para o desenvolvimento da AIDS. O portador do vírus pode permanecer assintomático, sem alterações em seu estado de saúde, mas a contaminação pelo HIV é considerada, até o presente momento, irreversível. Mesmo considerando que na literatura especializada existam vários casos de portadores do HIV que não evoluíram para a AIDS, a associação entre soropositividade e AIDS pode ser verificada no discurso dos pacientes, dos profissionais de saúde e no senso comum. Várias pesquisas laboratoriais têm sido desenvolvidas na busca de vacinas e tratamentos que consigam evitar a evolução da síndrome. A partir de 1996, a terapia combinada de diferentes medicamentos antiretrovirais tem demonstrado resultados promissores para melhorar a qualidade de vida das pessoas que estão vivendo com o HIV; porém, os avanços conquistados até o momento não oferecem perspectivas de cura a curto prazo (História do HIV, 2006). O diagnóstico HIV positivo é ameaçador por estar associado à AIDS que, além de apresentar fatores patogênicos importantes e alto índice de mortalidade, está relacionada também à intensa carga de preconceitos. A descoberta da AIDS foi marcada pelo adoecimento de homossexuais masculinos e posteriormente de usuários de drogas injetáveis (Transmissão do HIV, 2006). 1.2.2 Ciclo vital do HIV A AIDS pode ser adquirida por contato sexual entre uma pessoa sadia e outra infectada pelo HIV, ou pela passagem de sangue contaminado da pessoa portadora do vírus para um indivíduo são, durante transfusões, uso comum de agulhas e seringas, etc. As fases do ciclo do HIV em pessoas contaminadas são as seguintes: A infecção começa quando o HIV encontra células do sangue ditas CD4 positivas, porque possuem na sua superfície receptores CD4. Essas células são o linfócitos T4 auxiliares, que, 15 como sabemos, têm grande importância na resposta imunitária que resulta na produção de anticorpos. O HIV forma ligações entre uma ou mais moléculas gp120 de seu envelope viral e receptores CD4 dos linfócitos T4 nas células humanas. Desse modo, as membranas do vírus e do linfócito se fundem, permitindo que o RNA, as proteínas e as enzimas virais penetrem nesse tipo de célula. O HIV também pode penetrar em outras células CD4 positivas, como os macrófagos e monócitos. Estas aparentemente são capazes de reter grande número de vírus em seu interior sem morrer, daí funcionarem como verdadeiros reservatórios desses seres (Marcondes, 1998). Já no citoplasma das células humanas, o HIV usa essa enzima trascriptase reversa para converter o seu RNA em DNA viral, também chamado de HIV DNA ou provírus. A seguir, o HIV DNA penetra no núcleo da célula hospedeira, onde a enzima integrase do HIV age para uni-lo ao DNA da célula hospedeira. O DNA viral incorporado ao DNA da célula hospedeira passa a comandar a síntese de proteínas da célula hospedeira. Esta consiste em duas fases: a transcrição na qual o HIV DNA produz RNA mensageiro, e a de tradução, na qual o RNA mensageiro deixa o núcleo e vai ao citoplasma promover síntese de proteínas nos ribossomos. Essa transcrição é acelerada pela ação das enzimas virais. Terminada a tradução, estão disponíveis as novas peças virais: RNA, proteínas e enzimas. Elas se reúnem junto da membrana celular, enquanto as proteínas do envelope viral se agregam. Forma-se assim um vírus imaturo, chamado vírion, e que ainda não é capaz de provocar infecção. A seguir, as longas cadeias de proteínas e enzimas que o fazem imaturo são quebradas por uma enzima viral chamada protease. A partir daí surgem os HIV infecciosos. O HIV age sobre o sistema imunológico progressivamente, destruindo a capacidade do organismos de reagir contra agentes infecciosos e certos tipos de cânceres. Por isso as pessoas com AIDS são suscetíveis a ataques de germes oportunistas, isto é, que não costumam causar doenças em pessoas adultas normais. Entretanto germes oportunistas e associações com cânceres só ocorrem na fase mais avançadas da doença. No início, a infecção pelo HIV, em geral, não apresenta sintomas. Na maioria dos casos descritos, o tempo médio entre a ocorrência da infecção pelo o HIV e o 16 surgimento dos sintomas é da ordem de dez anos. Mas isso não é uma regra, pois constatou-se que cerca de 10% das pessoas infectadas evoluíram para a doenças em dois ou três anos. O fato de não haver sintomas não significa que o HIV está inativo. Durante o período assintomático, ele segue destruindo células, havendo diminuição do número de linfócitos TCD4 positivos. O termo AIDS é usado para os termos mais avançados da infecção pelo HIV. Considerando-se que as pessoas normais tem cerca de mil ou mais linfócitos TCD4 por milímetro cúbico de sangue, são considerados aidéticos os que apresentam menos de duzentas dessas células (Marcondes, 1998). 1.2.3 O HIV e a resposta imune O HIV infecta e destrói células T auxiliares, resultando em supressão da imunidade mediada por células. Isso predispõe o hospedeiro a diversas infecções oportunistas e determinados tipos de câncer, como o sarcoma de kaposi e os linfomas. Toda via, os genes do HIV não são encontrados nessas células cancerosas e, portanto, o HIV não causa diretamente esses tumores, pois ainda não foi encontrado nessas células. O HIV é encontrado no sangue de 4 a 11 dias após a infecção. A infecção persistente não-citopática de linfócitos T também pode ocorrer. Células infectadas de forma persistente continuam a produzir HIV, o que pode auxiliar a manutenção da infecção in vivo. Uma pessoa infectada por HIV é considerada infectada por toda a vida. Isso parece ser devido à integração do DNA viral ao DNA da célula infectada. Embora o uso de poderosas drogas anti-virais possa reduzir significativamente a quantidade de HIV produzido, a infecção latente em células CD4 positivas e em timócitos imaturos serve como uma fonte contínua do vírus. Anticorpos contra várias proteínas do HIV, como p24, gp120 e gp41, são produzidos, mas neutralizam fracamente o vírus in vivo e parecem ter pouco efeito no curso da doença. 17 O quadro clínico da infecção do HIV pode ser dividido em três estágios: um inicial, o estágio agudo; um intermediário, o estágio de latência; e um avançado, o estágio de imunodeficiência. No estágio agudo, que normalmente começa 2 a 4 semanas após a infecção, verifica-se um quadro semelhante ao da mononucleose, com febre, letargia, dor de garganta e linfadenopatia generalizada. Uma erupção maculopapular ocorre no tronco, nos braços e nas pernas. Ocorre uma leucopenia, mas o número de células positivas para CD4 geralmente é normal. Esse estágio típico agudo resolve-se espontaneamente em cerca de duas semanas. Anticorpos contra HIV aparecem tipicamente de 3 a 4 semanas após a infecção. Observe que a inabilidade de detectar anticorpos previamente pode resultar de testes sorológicos falso-negativos, isto é, a pessoa está infectada, mas os anticorpos não são detectados no momento do teste. Isso têm implicações importantes, pois o HIV pode ser transmitido a outras pessoas durante esse período. Das pessoas que se tornaram soropositivas durante a infecção aguda aproximadamente 87% são sintomáticas, sendo que cerca de 13% experimentam uma infecção inicial assintomática. Uma alta carga viral no final da fase inicial da infecção indica uma maior probabilidade de que o indivíduo desenvolva AIDS sintomática. Estima-se que uma pessoa infectada possa produzir até 10 bilhões de novos vírions por dia. Essa carga viral pode ser estimada usandose um teste para o mRNA no plasma dos pacientes. A quantidade de mRNA viral serve para guiar as decisões de tratamento e prognósticos. No estágio intermediário, normalmente se desenvolve um período longo de latência, medido em anos. Durante esse período, o paciente é assintomático. Apesar de o paciente ser assintomático e a viremia ser baixa ou ausente, uma grande quantidade de HIV está sendo produzida nas células dos linfonodos que permanecem retidos em seu interior. Isso indica que nesse período de latência clínica, o vírus não se encontra em fase de latência. Uma síndrome chamada “complexo relacionado à AIDS” (ARC) pode acontecer durante o período de latência. As manifestações mais freqüentes são febre persistente, fadiga, perda de peso e linfadenopatia. ARC freqüentemente progride para AIDS. O estágio avançado da infecção por HIV é a AIDS, que se manifesta por meio da diminuição do número de células positivas para CD4 a valores abaixo de 400/mL (Gráfico 1) e de aumento na freqüência e na gravidade das infecções oportunistas. 18 As duas manifestações mais características da AIDS são pneumonia e o sarcoma de Kaposi. Todavia, muitas infecções oportunistas acontecem com alguma freqüência e muitos pacientes com AIDS apresentam graves problemas neurológicos (Levinson, 2005). Gráfico 1: HIV e níveis de CD4 ao decorrer de uma infecção não tratada (retirado de http://www.aidsactioncoalition.org). 1.3 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: AIDS A AIDS foi observada pela primeira vez em homossexuais nos Estados Unidos, mas se disseminou em proporções epidêmicas em toda a população. Em 1999, estimava-se que ocorriam 15.000 infecções por dia, com 95% delas sendo observadas em países em desenvolvimento. Acredita-se que o HIV tenha se originado de um vírus de imunodeficiência símio, e, de fato, o HIV-2 é muito semelhante a esse vírus. A infecção humana inicial ocorreu na África na década de 1930, passou despercebida nas áreas rurais. Após 1960, com a migração de pessoas infectadas para as cidades, o vírus foi trazido para centros populacionais, e a aceitação cultural da prostituição promoveu sua transmissão para a população. A presença do HIV no sangue, sêmen e secreções vaginais de pessoas infectadas bem como o longo período assintomático da incubação são fatores que promoveram a 19 transmissão da doença através de contato sexual e exposição a sangue e hemoderivados contaminados. O vírus pode também ser transmitido por período perinatal aos recémnascidos. A infecção pelo HIV está se propagando pelo mundo inteiro, com maior número de casos de AIDS sendo observado na África subsaariana, mas com um número crescente de casos na Ásia, nos Estados Unidos e no resto do mundo. O HIV-2 é mais prevalente na África (principalmente África Ocidental) do que nos Estados Unidos. A transmissão heterossexual constitui a principal forma de transmissão do HIV-1 e do HIV-2 na África, e ambos os sexos são igualmente afetados por esses vírus. O HIV-2 produz uma doença semelhante a AIDS, porém menos grave. A AIDS é das epidemias mais devastadoras registradas até hoje. A maioria dos indivíduos infectados torna-se sintomática, e quase a totalidade acaba sucumbindo à doença. A doença por HIV progride de uma infecção assintomática até uma profunda imunossupressão, referida como AIDS totalmente desenvolvida. As doenças relacionadas com AIDS consistem, principalmente, em infecções oportunistas, cânceres e efeitos diretos do HIV sobre o sistema nervoso central. Embora raros, existem casos de sobrevida longa. Alguns dos casos resultam da infecção com cepas de HIV desprovidas da proteína Nef funcional. A resistência ao vírus se correlaciona com a falta de expressão do co-receptor de quimiocinas para o vírus. Os sintomas iniciais da infecção por HIV (2 a 4 semanas após a infecção) podem se assemelhar aos da influenza ou monocleose infecciosa, com a ocorrência da meningite “asséptica” ou exantema em até 3 meses após a infecção. Como na monocleose, os sintomas provêm da resposta imunológica deflagrada pela infecção disseminada das células linfóides. Os sintomas desaparecem espontaneamente após 2 a 3 semanas e são seguidos por um período de infecção assintomática ou linfadenopatia generalizada persistente que pode durar por vários anos. Durante esse período, o vírus está se replicando nos linfonodos. A deterioração da resposta imunológica é indicada pelo aumento à suscetibilidade a patógenos oportunistas, especialmente aqueles controlados por resposta DTH das células T CD4 (por exemplo, leveduras, herpesvírus ou bactérias intracelulares). O início de sintomas 20 se correlaciona com a redução do número de células T CD4 para menos de 450/µl e um aumento dos níveis de vírus e da proteína p24 no sangue. A AIDS pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo linfadenopatia e febre, infecções oportunistas, neoplasias e demência relaciona à AIDS. Linfadenopatia e febre, associação de sintomas clínicos foi denominada complexo relacionado à AIDS. Trata-se de um processo que se desenvolve de maneira insidiosa e pode ser acompanhado por perda de peso e mal-estar. Esses achados podem persistir indefinidamente ou podem evoluir. Os sintomas podem também incluir infecções oportunistas, diarréias, sudorese noturna e fadiga. A demência relacionada à AIDS pode resultar da infecção das células e dos neurônios cerebrais pelo HIV. Os pacientes com essa condição podem sofrer lenta deterioração da capacidade intelectual e outros sinais de distúrbio neurológico, semelhantes aos sinais dos estágios iniciais da doença de Alzheimer. A deterioração neurológica pode também resultar da infecção por muitos microorganismos causadores de infecções oportunistas (Murray et al, 2004). 1.3.1 Tratamento, prevenção e controle No início da década de 1980, quando surgiram os primeiros casos de aids, não havia nenhum medicamento capaz de combater a imunodeficiência; também não havia tratamentos eficientes para as infecções oportunistas que acometiam os portadores do HIV. Embora as inúmeras pesquisas científicas realizadas nessa área tenham permitido desenvolver tratamentos cada vez mais eficientes para aliviar os sintomas da doença, infelizmente ainda não é possível curá-la. Essa possibilidade ainda parece distante, à medida que se conhece melhor o vírus e suas estratégias de ataque e sobrevivência no corpo humano. Tem sido realizados no mundo inteiro extensos esforços para desenvolver drogas antivirais e vacinas eficazes contra o HIV. As drogas antivirais aprovadas pela U.S. Food and Drug Administration podem ser classificadas como inibidores análogos de nucleosídios da transcriptase reversa, inibidores não-nucleosídios da transcriptase reversa ou inibidores da protease. A azidotimidina (AZT), a didesoxinosina (ddI) e a didesoxicitina (ddC) e outros 21 análogos de nucleotídios são fosforilados por enzimas celulares, inibem a síntese da transcriptase reversa e, após incorporação ao DNA, provocam término da cadeia. Os inibidores da protease bloqueiam a morfogênese do vírion ao inibirem a clivagem das poliproteínas . O processo inibe a ativação do vírion. Outras drogas anti-HIV em fase de desenvolvimento incluem diferentes análogos de nucleotídios e outros inibidores da transcriptase reversa. Nas diretrizes atuais, o AZT é recomendado para o tratamento de indivíduos assintomáticos ou levemente sintomáticos com contagens de CD4 inferiores a 500/µl. Os efeitos colaterais tóxicos significativos associados ao tratamento com altas doses de AZT podem ser minimizados pela administração precoce da AZT na doença, em doses menores e repetidas. Infelizmente, a alta taxa de mutação do HIV promove o desenvolvimento de resistência a essas drogas. Um coquetel constituído de várias drogas antivirais, denominado Terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART – highly active antiretroviral treatment), cada um com diferentes mecanismos de ação, apresenta menor potencial de induzir resistência e se tornou a terapia recomendada. A terapia com múltiplas drogas pode reduzir os níveis sanguíneos do vírus para quase zero, e reduz a morbidade e a mortalidade em muitos pacientes com AIDS avançada. Embora a HAART seja um tratamento difícil, muitos pacientes retornam aos níveis próximos dos normal com essa terapia. O principal meio de controlar a infecção pelo HIV consiste na educação da população a respeito dos métodos de transmissão e medidas passíveis de reduzir a disseminação do vírus. Por exemplo, as relações monogâmicas, a prática de sexo seguro e o uso do preservativo reduzem a possibilidade de exposição (Murray et al, 2004). 22 2 OBJETIVOS Verificar se os jovens do ensino médio estão associando AIDS às doenças sexualmente transmissíveis (DST); Analisar como o risco da transmissão da AIDS está sendo explicado aos jovens e apresentar algumas formas de propagação do vírus; Divulgar estratégias de cuidado para que os jovens se protejam da contaminação e evitem AIDS. 23 3 METODOLOGIA O presente trabalho envolveu alunos do segundo ano do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino da cidade de Esteio, para detectar o nível de consciência dos jovens nesta série em relação a DST/AIDS. A escolha dessa série do ensino médio foi por ser uma série em que se concentram grande número de alunos na adolescência. Foi aplicado um questionário com roteiros pré-estabelecidos para a obtenção de informações de comportamento sexual e conhecimento sobre AIDS, no período de abril a maio de 2007. Os questionados são informantes chaves, representando os jovens de suas faixas etárias. A escola escolhida para a pesquisa ocupa a região central da cidade, onde concentra o maior número de estudantes da rede estadual de ensino. Os questionados não foram identificados por nome, apenas por idade, sexo e nível de escolaridade. Na análise dos questionários foram levados em conta: sexo, grau de maturidade e escolaridade. Foi observado se esses ítens influenciam no comportamento sexual e conhecimento dos jovens em relação à questão central de estudo. O trabalho focalizou a questão sob a maior diversidade possível de perguntas práticas relevantes ao estudo. Procurou identificar elementos comuns nas respostas, assim como aqueles considerados incomuns, que se mostrem significativos para o resultado esperado. Da interpretação do conteúdo dos questionários e da situação contextual dos jovens, foi destacados dois núcleos temáticos para a apresentação dos resultados: - A consciência dos jovens em relação as DST/AIDS; - O que os jovens estão fazendo para cuidar-se de uma possível contaminação. 24 A final, quem são os adolescentes? Acreditam que podem “pegar” AIDS? Acreditam que podem se proteger? O que pensam e fazem a respeito? Responder a estas perguntas nos últimos anos não foi fácil, encontramos tantos e tão diferentes adolescentes quantos são os brasileiros e suas realidades, oportunidades e cotidianos de menino ou de menina. Por isso, cada jovem expressa o momento em que vive e também o seu lugar social. O questionário auto-aplicado, foi respondido individualmente de forma a evitar que a presença de outros alunos provocasse constrangimento e fornecimento de informações incorretas. Após, o questionário auto-aplicável foi colocado pelo próprio entrevistado no envelope. As respostas do questionário foram analisadas uma a uma, permitindo a montagem estatística dos resultados. Após a modelagem estatística foi organizada uma palestra, a partir das maiores dúvidas dos alunos em relação ao assunto. 25 4 RESULTADOS A aplicação do instrumento de investigação permitiu mapear o conhecimento dos alunos sobre DST/AIDS, seus comportamentos sexuais, assim como as principais dúvidas sobre o assunto em questão. Além disso, foi possível detectar se a escola está presente como fonte de informação sobre AIDS. A partir desse mapeamento, propôs-se a elaboração de uma palestra, na escola onde foi aplicado o questionário. Nesse processo, procurou-se contemplar na palestra os elementos pontuados pelos alunos (Questão 7, principais dúvidas), como por exemplo: beijo pega AIDS?. Espera-se, com este trabalho, que os alunos ampliassem seu conhecimento sobre DST/AIDS, compreendessem a sua complexidade e, a partir dessa construção, modificassem seus comportamentos. Em uma visão geral, percebe-se que da totalidade dos alunos que responderam o questionário, 40 tinham idades entre 15 a 20 anos, desses, 57% apresentavam idades entre 16 e 17 anos e 56% eram do sexo feminino. Obteve-se uma amostra em que 30 indivíduos responderam 100% das perguntas objetivas. Entre estes, 50% dos questionários apresentaram a principal informação (questão 7) ignorada nas variáveis necessárias à caracterização do desfecho e 9 alunos nunca tiveram relação sexual, mesmo assim não foram excluídos da pesquisa, porque a pesquisa não tem enfoque apenas no comportamento sexual. Os resultados obtidos são apresentados sob a forma de gráficos, a seguir, e comentados, seguindo a ordem das perguntas do questionário aplicado. 1) você pratica sexo? 26 25% SIM NÃO 75% A análise do gráfico revela que de todos os jovens questionados, 75% praticam sexo. Isto significa que eles estão expostos ao HIV se não usarem preservativos nas relações sexuais. 2) Se pratica sexo, usa camisinha? 13% SIM NÃO 30% 57% ÀS VEZES Observa-se um percentual alto de jovens que usam camisinha nas relações sexuais, mas a vulnerabilidade ao risco de contaminação pelo HIV aumenta, se for levado em consideração os que não usam e aqueles que fazem uso da camisinha uma vez que outra. Obs: Nessa análise foi considerado apenas os jovens que praticam sexo. 3) Possui um único parceiro sexual? 27 37% SIM NÃO 63% A alternativa “NÃO” foi a mais assinalada como mostra o gráfico. Da amostra, 63% dos jovens referiu não possuir um único parceiro sexual. Esta prevalência foi significativamente maior nos homens (56%), que nas mulheres (44%). Isso significa um agravamento ao risco de pegar AIDS. Sendo que a monogamia é uma das condições essenciais para evitar a contaminação pelo HIV. Obs: Nessa análise foi considerado apenas os jovens que praticam sexo. 4) Usa drogas injetáveis? A totalidade dos estudantes (100%) responderam não usar drogas injetáveis, provavelmente pelo motivo de serem adolescentes. Pois estudos anteriores relacionados à prevenção, mostram que o uso de drogas injetáveis está relacionada mais a fase adulta, do que entre adolescentes (Fernandes, 1994). 5) Fala de sexo e drogas com os pais? 5% 35% SIM NÃO 60% NÃO OPINARAM 28 Essa questão sinaliza a presença dos pais como fonte de informação em relação a sexualidade e o uso de drogas. O gráfico mostra que 60% dos estudantes questionados não conversam com os pais sobre o assunto, sendo que 35% falam e têm orientações dos pais, 5% não opinaram. 6) Onde procura se informar sobre doenças sexualmente transmissíveis? 23% 28% ESCOLA FORA DA ESCOLA EM AMBAS 49% Nessa questão evidencia-se a distância da escola como fonte de informação sobre DST. O gráfico revela que apenas 28% dos alunos questionados, responderam que procuram informações na escola, 49% disseram que procuram informações fora da escola e 23% dos estudantes referiram terem respostas as suas dúvidas, tanto na escola como fora dela. 7) Quais a suas maiores dúvidas sobre HIV/AIDS? - Beijo pega AIDS? - Uma pessoa que não pratica sexo pode pegar AIDS? - Se tiver um único parceiro preciso usar camisinha? - Se tenho herpes tenho HIV? - Posso contrair o HIV em contato simples e comun com pessoas infectadas? - AIDS e HIV são a mesma coisa? - Posso pegar HIV se praticar sexo oral ou anal? - Posso pegar o HIV pela picada de mosquito ou outro tipo de inseto? - É verdade que o HIV é tão pequeno que pode atravessar um preservativo? 29 Um primeiro olhar para os resultados mostrou a necessidade de esclarecimentos sobre as principais dúvidas dos jovens em relação ao HIV/AIDS. Após um análise mais apurada verificou-se que os jovens necessitam da presença dos pais e da escola para esclarecimentos de suas dúvidas em relação à comportamento sexual. Partindo desse pressuposto foi montada uma palestra (anexo 2) para pais, professores e alunos na escola em que foi feita essa pesquisa. Essa palestra foi apresentada no mês de maio de 2007, contando com a presença de 92 pessoas. Desse total 78 eram alunos, 7 pais e 7 professores. Muitas dúvidas surgiram e foram esclarecidas. Examinando os resultados considerou-se que a amostra estudada é representativa da população de estudantes do ensino médio da rede estadual do município de Esteio, se levarmos em consideração que o número de escolas estaduais do município é pequeno. A dificuldade dos estudantes em relatarem experiências íntimas foi um desafio. Levando em conta o problema, optou-se pela utilização de um questionário auto-aplicado com questões diretas. Este instrumento exige que o entrevistado colabore respondendo o maior número possível de perguntas para que se tenha um número expressivo de dados. Nas situações em que foi necessária a intervenção do entrevistador para esclarecimento de alguma dúvida, na maioria das vezes foi possível garantir que as respostas fossem marcadas de forma confidencial. O questionário auto-aplicado também pode apresentar problemas de preenchimento, com questões mal respondidas ou deixadas em branco, totalizando 5% nessa pesquisa. No presente estudo, essas perdas tiveram dentro do aceitável. Segundo estudos preventivos esses resultados se repetem em experiências desenvolvidas com grupos de vários tipos de escolas e universitários. Se o contexto torna os estudantes vulneráveis às drogas e o HIV, então medidas educativas devem ser tomadas para a diminuição dessa vulnerabilidade. 30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É indiscutível a importância e a necessidade da orientação sobre DST/AIDS, que envolvem um conjunto de informações sobre o gênero. É preciso compreender as diferentes formas de contágio pelo HIV e as diversas estratégias de cuidado. Em tempo de liberdade sexual é indispensável que os adolescentes e jovens saibam prevenir-se das conseqüências que seus atos possam vir a trazer, sobre tudo conhecer-se e compreender a importância de respeitar a si e ao outro. As dificuldades começam nos despreparo dos professores, passam pelo medo dos pais e pela cultura sexista. Mesmo quando há informação, é difícil fazer com que ela transforme comportamentos. Através dessa pesquisa podemos perceber que professores não estão presentes como fonte de informação sobre o assunto. Mas muitas vezes não informam os alunos, pois são despreparados. Isso foi evidenciado durante a palestra, pelas dúvidas dos professores em relação a AIDS. Em uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde no ano passado, 43% dos professores se declaram capacitados para trabalhar a sexualidade em sala de aula. Apesar de 52% das escolas responderam que falam sobre gravidez na adolescência, 60% sobre DST/AIDS e 45% sobre saúde sexual e reprodutiva, a freqüência que esses assuntos aparecem derrubou os números que pareciam positivos. Só 29% fazem atividades mensais. Baseado nisso não é suficiente exigir que se trabalhe termos transversais. Para que esse assunto torne-se concreto em sala de aula e não fique só na teoria, precisa-se que os educadores sejam habilitados. Os professores também precisam de orientações, palestras, leituras, não que esses não conheçam o assunto. Mas para sentir-se seguro em abordar o assunto em aula. 31 A família é a principal reguladora da sexualidade e suas orientações são indicadoras de proibição. As informações recebidas limitam-se à explicação de regras de condutas e estão apoiadas em valores que priorizam a manutenção do sistema familiar. Os pais geralmente não percebem que a família deveria estar disponível para oferecer tais informações; assim, elas passam a ser obtidas por meio de revistas, amigos, colegas de escola, longe dos olhos dos pais, sendo necessários ensinamentos sobre o uso da liberdade vinculado à responsabilidade. Os pais têm um papel diferente da escola na educação sexual. Especialistas afirmam que ela é mais eficiente se feita entre colegas da mesma idade e de maneira sistemática, como só é possível na sala de aula. Mas a família não pode ignorar o assunto e, segundo educadores, tem a função de passar valores em que acredita. Já para o sexólogo e psicólogo Marcos Ribeiro, a família mostra o que pode e o que não pode, a escola discute questões (Ribeiro, 2007). A mídia mostra e muitas vezes induz o jovem a experimentar ações, mas consciência, informação correta, construção de valores é o educador quem tem a função de mostrar, guiar, debater e trabalhar, sabendo que é um processo longo e difícil, mas que deve ser praticado. As informações existem. Mas os jovens precisam conscientizar-se que o ideal é poder contar com os pais e professores. Acredita-se que só a constante divulgação de informações corretas sobre DST/AIDS permitirá encontrar a forma adequada de combater um inimigo que ameaça não apenas os jovens, mas todos nós. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério de Educação e Cultura : Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em < http://www.mec.gov.br/sef/estrut/pcn/pdf > acesso em: 10 out. 2006 BRASIL, Ministério da Saúde. Aids no Brasil em 2004. Disponível em < http://sistemas.aids.gov.br/imprensa/notiicias.asp?NOTCod=56969 > acesso em 08 abr 2007. CHARBONNEAU, Paulo- Eugène. AIDS: prevenção, escola. São Paulo: Edições Paulinas, 1987. FERNANDES, João Cláudio Lara. Práticas educativas para a prevenção do HIV/AIDS: aspectos conceituais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.10, n.2, p. 1-14, abril/jun. 1994. LEVINSON, Warren; JAWETZ, Ernest. Microbiologia médica e imunologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. MARCONDES, Ayrton. Biologia. São Paulo: Atual, 1998. v. único. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Coordenação DST/AIDS. História do HIV. Disponível em < http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS232EC481PTBRIE.htm > acesso 15 abr. 2007. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Coordenação DST/AIDS. Vírus HIV. Disponível em < http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISF86565C9PTBRIE.htm > acesso em 10 abr. 2007. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Coordenação DST/AIDS. Transmissão do HIV. Disponível em < http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS81B68422PTBRIE.htm > acesso em 30 abr. 2007. MURRAY R., Patrick et al. Microbiologia médica. São Paulo: Guanabara, 2004. ORGANIZAÇÃO Mundial da Saúde. HIV e AIDS nas Américas – Uma epidemia multifacetada – Organização Pan-Americana de Saúde (Original em inglês). Brasília. DF. 2001. PASSARELLI, Carlos André et al. AIDS e desenvolvimento: interfaces e políticas públicas. Rio de Janeiro: ABIA, 2003. RIBEIRO, Marcos. Sexo, como orientar seu filho. São Paulo. Planeta, 2007. 33 UIP. David. Dúvidas em relação ao HIV. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/uolnews/saude/2006/12/01/ult2750u134.jhtm > acesso em 05. maio. 2007. 34 ANEXO A - Questionário HIV/AIDS 35 QUESTIONÁRIO SOBRE HIV/AIDS Sexo: ( ) M ( ) F Idade: _____________ Escolaridade: ensino médio ( ) 1ºano ( ) 2º ano ( ) 3º ano Escola: estadual 1 Você pratica sexo? ( ) Sim ( ) Não 2 Se pratica sexo, usa camisinha? ( ) Sim ( ) Não 3 Possui um único parceiro sexual? ( ) Sim ( ) Não 4. Usa drogas injetáveis? ( ) Sim ( ) Não 5. Fala de sexo e drogas com os pais? ( ) Sim ( ) Não 6. Onde procura se informar sobre doenças sexualmente transmissíveis? ( ) Na escola ( ) Fora da escola ( ) Dentro e fora escola 7. Quais as suas maiores dúvidas sobre HIV/AIDS? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 36 ANEXO B - Palestra DST/AIDS 37 DST/AIDS: ESCOLA E ALUNOS ESTÃO PREPARDOS PARA ESTA REALIDADE? PALESTRA DIRIGIDA A PAIS, PROFESSORES E ALUNOS Autor: Vanderlei Soares de Lima Esteio, 2007 OBJETIVOS Verificar se os jovens do ensino médio estão associando AIDS às doenças sexualmente transmissíveis (DST); Analisar como o risco da transmissão da AIDS está sendo explicado aos jovens e apresentar algumas formas de propagação do vírus; Divulgar estratégias de cuidado para que os jovens se protejam da contaminação e evitem AIDS. 38 PRINCIPAIS DÚVIDAS Palestra montada à partir das respostas da pergunta 7 do questionário aplicado na escola. QUAIS AS SUAS MAIORES DÚVIDAS SOBRE HIV/AIDS? Beijar pega AIDS? O HIV é um vírus "anorexígeno", isto é, ele não sobrevive fora da célula, em contato com o ar. Portanto ele não é transmitido através de beijos. 39 Uma pessoa que não pratica sexo pode pegar AIDS? Sim, pois existem outras formas de contágio pelo HIV como: compartilhar seringas no uso de drogas injetáveis e transfusões sanguíneas. Se tiver um único parceiro preciso usar camisinha? Sim, pois além de se proteger do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis evita uma possível gravidez indesejada. 40 Se tenho herpes, tenho HIV? Não, pois a herpes é uma doença mais comum e já existia quando o HIV surgiu. Posso contrair o HIV em contato simples e comums com pessoas infectadas? Não, pois ele não se transmite através de carícias, talheres, copos, tosse, espirro, lágrima, suor, piscinas, contato cotidiano, ou quaisquer outras práticas que não envolvam trocas dos fluidos corporais. 41 AIDS e HIV são a mesma coisa? O HIV é o vírus que danifica o hospedeiro levando a uma deficiência imune. Um estado de deficiência imune é necessário para a condição conhecida da AIDS. Alguns tipos de doenças oportunistas da AIDS podem estar presentes em uma pessoa que possa ser diagnosticada como tendo AIDS. Um pessoa pode estar infectada por anos sem ter desenvolvido a AIDS. Alguém que seja HIV positivo pode não ter AIDS. Posso pegar HIV se praticar sexo oral ou anal? Sim, se não for usado preservativo. 42 Posso pegar o HIV pela picada de mosquito ou outro tipo de inseto? Não, pois HIV é um vírus "anorexígeno", isto é, ele não sobrevive fora da célula, em contato com o ar. É verdade que o HIV é tão pequeno que pode atravessar um preservativo? Não. Se for usado corretamente, o preservativo constitui uma barreira eficaz contra o HIV. 43 PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE CUIDADO Prática de sexo seguro e o uso de preservativos reduzem a possibilidade de exposição ao HIV. PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE CUIDADO No uso de drogas injetáveis, não compartilhar seringas. 44 PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE CUIDADO Uma outra informação importante: a camisinha, embora não seja 100% segura, é extremamente segura quando utilizada corretamente. A maior causa de rompimento são os erros na sua utilização. Muitos portadores do HIV têm vida sexual ativa, sem que isto represente um risco para os seus parceiros. Aprendemos enfim que esse espaço compartilhado com os jovens não deve falar só de AIDS, de medos ou inseguranças, mas da alegria de enfrentar os desafios de viver, do prazer de viver ! VIVA À VIDA! 45 REFERÊNCIAS 1 APRENDENDO SOBRE AIDS E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: livro da família. Brasília: Ministério da saúde, 1999. 2 TRANSMISSÃO do HIV: banco de dados. Disponível em < http://www.copacabanarunners .net/aids.htm htm> > http://www.copacabanarunners.net/aids. acesso em 15 out.2006. 3 PREVENÇÃO: banco de dados. Disponível em < http://www.aidsbrasil.com > acesso em 18.out.2006.