Seu escritório é na água. A rotina de Henrique Pistili

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17
8
Novembro de 2015
anos
A metamorfose do
“homem peixe”
Com a moral de quem encara no braço as ondas
mais temidas do mundo, Henrique Pistilli transformou
seu hobby num grande negócio
Pistilli no seu
habitat: o
fundo do mar
Felipe Britto
Se você for um aficionado
pelo mar e passar o dia inteiro
na praia pegando onda de
peito, o famoso jacaré, é
provável que, no fim do mês,
não tenha grana para comprar
sequer um picolé. A menos que
você saia deslumbrando as
pessoas por aí e ganhe uma boa
grana dizendo que se
transformou num “homem
peixe”. Mesmo improvável, foi
mais ou menos isso que o
carioca Henrique Pistilli fez.
Ele transformou em produto
algo que era apenas paixão.
Após encarar no braço algumas
das ondas mais temidas do
mundo, como as de Teahupoo,
no Taiti, e as de Jaws, no
Havaí, virou referência
mundial no surfe de peito e
passou a dar aulas da
modalidade,
além
de
consultorias e cursos motivacionais em empresas. Além
disso, é protagonista no canal
Off de um programa no qual
mostra suas aventuras pelos
paraísos do surfe. O nome da
série de TV comprova a
metamorfose: “Homem peixe”.
O produto que Pistili
oferece é um mix de sua busca
pessoal com conceitos que
aprendeu em Antroposofia e
Goetheanismo. Formado em
administração, ele explica que
o seu curso busca a integração
e harmonia com o mar e a
própria vida. Seria algo como
surfar a onda da vida. “Ao fim
do curso, as pessoas ficam
muito felizes e surpresas, pois
passam a olhar o mar como um
organismo vivo, conhecê-lo
mais a fundo. Entendem seu
funcionamento e começam a
estabelecer uma conversa, uma
relação de troca”, comenta o
empresário, lembrando que seu
forte sempre foi empreendedorismo. “Trabalhei sete anos
como consultor de desenvolvimento para empreendedores”,
recorda ele, que percebeu que
só seria feliz quando conseguisse unir o seu talento (para
se comunicar com as pessoas)
com a necessidade de praticar
esporte e estar perto do mar.
Quando não está viajando
para treinar bodysurf, nem para
gravar o programa, Pistili pode
ser encontrado em Fernando de
Noronha ensinando jacaré, ou
aqui pela Barra, onde
recentemente ministrou no K8 o curso “Waterman sessios”.
Durante uma manhã, fez
exercícios na areia, no mar e
mostrou como funciona a
técnica “dolphing swimmimg”
(a natação dos golfinhos),
desenvolvida
por
ele.
“Consiste num movimento
forte de perna e braço,
integrado com um movimento
para obter o máximo de deslize
possível. Assim, é possível
nadar uma longa distância,
bem rápido, sem se cansar,
deslizando bastante como
fazem os golfinhos”, ensina.
“Não pode ficar
pensando que a onda não
vai soltar você, pois isso
é muito mais imaginário
do que real”
As ondas mais temidas do
planeta ele encara desde 2005,
quando vendeu seu carro para
bancar a viagem ao Havaí.
Começou surfando de peito
nos famosos tubos de Pipeline.
Aos poucos, foi encarar ondas
mais fortes, até chegar a Jaws.
Para os iniciantes, ele mostra
o caminho das pedras. “O
maior desafio é entender o que
é medo real (risco) e o que é
fantasia (imaginário). E não
ficar pensando que onda não
vai soltar você, que você vai ser
arrastado pela corrente, que vai
vir um bicho lhe atacar, pois
isso é muito mais imaginário
do que real. Quando você
aprende a ler o mar e como ele
funciona, o medo começa a
ficar no tamanho certo e virar
proteção”, aconselha.
Mas, afinal de contas, o mar
é mesmo traiçoeiro? Até onde
vai o respeito que um cara
preparado como Pistilli deve
ter por ele? Existe um limite
para o “homem-peixe”? A
resposta vem, digamos, das
profundezas do oceano. “O
A Folha do Bosque 17 anos - Novembro de 2015
respeito pelo mar é superimportante, mas
o mar não é traiçoeiro. Ele mostra a sua
condição. Geralmente, quando entramos
no mar pensando que sabemos muito, ele
nos dá uma lição. Por isso, devemos ter
respeito. Se existe um limite para o
‘homem peixe’ está na capacidade de
desenvolver técnicas para ganhar mais
velocidade, se não, a onda nos engole.
Então, quando passa de uma dimensão
de tamanho das ondas, todas as leis do
mar mudam e ficamos muito pequeninos
e mais frágeis”.
O próximo curso de Pistilli, que
pegou suas primeiras ondas no início dos
anos 1990, no Quebra-Mar, deve
acontecer em meados de fevereiro, em
Grumari. “É o meu pico preferido. A
Barra tem algumas valas muito legais,
mas eu gosto mais de Grumari, pela
natureza virgem bem preservada e pelas
ondas, que são ótimas. É sempre incrível
mediar essa aula que o mar dá”.
O “homem peixe” no quisoque K-8
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