Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária

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Luísa Cristina Madalena Correia Luís
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Faculdade de Ciências da Saúde
Porto, 2009
Luísa Cristina Madalena Correia Luís
Estudo das Percepções Ergonómicas em medicina Dentária
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Faculdade de Ciências da Saúde
Porto, 2009
Luísa Cristina Madalena Correia Luís
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
“Trabalho
apresentado
à
Universidade
Fernando Pessoa como parte dos requisitos
para obtenção do grau de licenciada em
Medicina Dentária”
Sumário
Kimmel, em 1982 elabora uma definição de “Ergonomia Estomatológica” segundo a qual,
defendia-se a aplicação dos princípios da ergonomia a um sistema constituído: pelo médico
dentista, auxiliares, paciente e os instrumentos de trabalho (Castaño et al., 2005).
A ergonomia aplicada à medicina dentária tem com o principal objectivo a racionalização
da actividade clínica dentária, permitindo que o profissional produza mais e melhor,
evitando a fadiga, os desgastes e o tempo desnecessários e ao mesmo tempo, oferecendo
segurança e conforto ao paciente (Rio e Rio, 2000 cit.in Garbin et al., 2008).
O objecto desta monografia é: “Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina
Dentária”. Os principais objectivos foram: avaliar as percepções dos alunos relativamente
aos impactos ergonómicos da actividade clínica; verificar as controvérsias mais frequentes
sobre princípios ergonómicos tais como: preparação do campo de trabalho, posições de
trabalho, instrumentação e equipamentos; analisar se existem dúvidas quanto aos erros,
riscos e patologias frequentemente associados à actividade clínica.
Foi realizado um estudo observacional transversal, numa amostra de conveniência de 115
participantes, alunos de medicina dentária do 4º, 5º e 6º ano da licenciatura na
Universidade Fernando Pessoa, aos quais foi entregue um questionário de auto
preenchimento.
Com a realização deste estudo conseguimos alcançar os objectivos estabelecidos, avaliar as
percepções dos alunos relativamente aos impactos ergonómicos da actividade clínica;
realçar a importância da disciplina da Ergonomia no plano curricular da licenciatura em
medicina dentária, consciencializar os alunos para a aplicação dos princípios ergonómicos
na medicina dentária, riscos e patologias associados à profissão de médico dentista.
Abstract
Kimmel, in 1982 prepares a definition of "Ergonomic dentistry" according to which, it was
defending the application of the beginnings of the ergonomic to a constituted system: for
the medical dentist, assistants, patient and the tools (Castaño et al., 2005).
The ergonomics devoted to the dental medicine has with principal objective the
rationalization of the clinical dental activity, allowing what the professional produces more
and better, avoiding the fatigue unnecessary, the disorders and the time and at the same
time, offering security and I comfort to a patient (Rio and Rio, 2000 cit.in Garbin et al.,
2008).
The object of this monograph is: "Study of the Perceptions Ergonomics in Dental
Medicine”. The principal objectives were: to value the perceptions of the pupils relatively
to the impacts ergonomics of the clinical activity; to check the most frequent controversies
on beginnings ergonomics such as: preparation of the field of work, positions of work,
instrumentation and equipments; to analysis if there are doubts as for the mistakes, risks
and pathologies when clinical activity was frequently associated.
A study was carried out in cross, in a sample of convenience of 115 collect pupils of dental
medicine of the 4th, 5th and 6th year of the degree course in the University Fernando
Pessoa to whom a questionnaire of car filling out was handed.
With the realization of this study we manage to reach the established objectives, to value
the perceptions of the pupils relatively to the impacts ergonomics of the clinical activity; to
highlight the importance of the discipline of the Ergonomics in the plan curricular of the
degree course in dental medicine, the pupils for the applications of the beginnings
ergonomics in the dental practice, risks and pathologies associated to the profession of
medical dentists
Vencedor não é aquele que nunca caiu, mas sim aquele que mais vezes se levantou…
Dedico este trabalho ao meu querido irmão Rui, para que saiba que a sua partida precoce
não o apagou da minha vida, mas antes, fez-me ver o quanto era importante a sua presença.
Agradecimentos:
Quero em primeiro lugar, agradecer aos meus avós maternos por todo: o carinho, amor e
moral com que me educaram, pois foram esses princípios que fazem de mim a pessoa que
hoje sou…
À minha mãe porque sempre fez tudo o que estava ao seu alcance pelos filhos.
Aos meus irmãos por todos os momentos de infância partilhados, já agora quero que
saibam que onde quer que estejam; estão sempre presentes no meu coração e alma.
À minha segunda família e à minha madrinha, a minha gratidão por todo o apoio
perpetuado ao longo destes últimos treze anos, por ajudarem-me a concretizar os meus
sonhos.
Às minhas melhores amigas: Bina, Dina, Márcia, Marta e Teresa por me cativarem o
coração dividirem comigo muitas alegrias, mas também, por enxugarem-me as lágrimas
nos momentos mais difíceis e dolorosos da minha vida.
Aos meus amigos: Adelaide, Margarida, Nuno, Patrícia e Rui por todos os bons momentos
vividos juntos ao longo destes últimos anos.
Ao meu orientador, o Dr. José Frias Bulhosa, o meu sincero reconhecimento pela:
paciência, incentivo e dedicação a todo este trabalho, a ele o meu muito obrigado.
À Dra. Sandra Gavinha por todos os bons conselhos dados, pelo incentivo para continuar e
nunca desistir e à Dra. Conceição Manso, a minha sincera gratidão por toda a ajuda na
realização deste trabalho.
Ao Vítor e ao Rui, porque vocês são o meu epicentro, o meu alento; é a esperança de um
futuro feliz ao vosso lado que me dá força, coragem e perseverança para persistir e seguir
em frente. Estão presentes e são a essência de todas as minhas acções.
Índice
Índice de tabelas………………………………….…………………………………...........iii
Índice de figuras……………………………………………………………………………iv
Introdução………………………………………………………………………….………..1
Desenvolvimento……………………………………………………………………………3
I. Revisão Bibliográfica ....................................................................................................... 3
1. Conceitos gerais sobre ergonomia ..................................................................................... 3
1.1. Perspectivas da ergonomia ............................................................................................ 5
2. Caracterização do exercício profissional de medicina dentária......................................... 6
2.1. Actividades desempenhadas pelos médicos dentistas .................................................... 6
i) Dentisteria .......................................................................................................................... 6
ii) Endodontia ........................................................................................................................ 7
iii) Cirurgia Oral .................................................................................................................... 8
iv) Implantologia ................................................................................................................... 8
v) Ortodontia ......................................................................................................................... 9
vi) Periodontia ..................................................................................................................... 10
vii) Prostodontia .................................................................................................................. 10
viii) Odontopediatria ........................................................................................................... 11
2.2. Breve história da actividade clínica de medicina dentária ........................................... 12
3. Caracterização da profissão sobre o ponto de vista ergonómico ..................................... 18
4. Factores de risco ocupacional associados à profissão ..................................................... 19
4.1. Factores de risco característicos da componente humana ............................................ 20
i) O Homem no seu ambiente físico .................................................................................... 20
ii) O Homem como máquina humana ................................................................................. 21
4.2. Factores de riscos correspondentes aos diapositivos técnicos ...................................... 21
i) Características referentes à iluminação do consultório .................................................... 21
ii) Características dos diapositivos: calor, frio, humidade e ventilação…………….……..21
iii) Características impostas pelo empregador………………………………………..……22
i
iv) Configuração dos instrumentos manuais ....................................................................... 22
v) Dimensões e ajustibilidade dos diapositivos ................................................................... 23
5. Patologias ocupacionais mais frequentes desencadeadas pela prática clínica ................. 23
5.1 Lesões músculo-esqueléticas ......................................................................................... 24
i) Tipos de lesões músculo-esqueléticas observadas nos médicos dentistas ....................... 24
5.2. Lesões auditivas ............................................................................................................ 27
5.3. Lesões oculares ............................................................................................................. 27
5.4. Lesões dermatológicas .................................................................................................. 27
5.5. Tumores ........................................................................................................................ 28
5.6. Patologias infecto-contagiosas ..................................................................................... 28
II. Trabalho de investigação ............................................................................................. 28
II.1. Objectivos .................................................................................................................... 28
II.2. Tipo de estudo .............................................................................................................. 29
II.3. Selecção da amostra e colheita de dados ..................................................................... 29
II.4. Critérios de inclusão e exclusão ................................................................................... 29
II.5. Caracterização do questionário .................................................................................... 29
II.6. Análise estatística......................................................................................................... 30
II.7. Resultados .................................................................................................................... 30
II.8. Discussão ..................................................................................................................... 43
Conclusão………………………………………………………………………………….50
Bibliografia…………………………………………………………………….…………..51
Anexos……………………………………………………………………………………..56
ii
Índice de tabelas
Tabela1 - Caracterização dos participantes do estudo (n=115) ao nível sóciodemográfico………………………………………………………………………………..31
Tabela 2 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis ano
de licenciatura e número de horas de trabalho clínico…………………………………….41
Tabela 3 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis que
considera indispensáveis na prática clínica calçado e vestuário exclusivamente clínico….41
Tabela 4 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis
ajuste da altura do banco e ajustibilidade ao paciente……………………………………..42
Tabela 5 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis
género e sentir dor associada com a prática clínica………………………………………..43
Tabela 6 - Recomendações para um trabalho mais ergonómico na profissão de médico
dentista……………………………………………………………………………………..47
iii
Índice de figuras
Figura 1 – Distribuição dos participantes do estudo (n=114) relativamente ao facto de
terem abordado nalguma disciplina a temática de ergonomia aplicada à prática
clínica……………………………………………………………………………………...32
Figura 2 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao número de
horas semanais de trabalho clínico………………………………………………...............32
Figura 3 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
alguma vez ter sentido dores que possam associar aos diferentes protocolos clínicos
executados na prática clínica………………………………………………………………33
Figura 4 - Modelos apresentados no inquérito para os participantes assinalarem as áreas de
dor .………………………………………………………..……………………………….33
Figura 5 – Distribuição das áreas afectadas pelas dores sentidas na prática clínica que
foram associadas aos diferentes protocolos clínicos executados………………………….34
Figura 6 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente à existência de
diferentes níveis de exigência postural nas diversas áreas na medicina dentária………….35
Figura 7 – Distribuição dos participantes do estudo (n=95) relativamente às áreas da
medicina dentária, que consideram exigir maior esforço postural por parte do médico
dentista (por ordem decrescente)……………………………………………………..........35
Figura 8 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente aos itens, que
consideram indispensável na prática clínica………………………………………………36
Figura 9 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao grau de
importância atribuída alguns itens indispensáveis à prática clínica……………………….37
iv
Figura 10 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente à preferência
entre uso de bata ou farda………………………………………………………………….38
Figura 11 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
prejudicarem a própria postura em prol do conforto do paciente………………………….38
Figura 12 – Distribuição dos participantes do estudo (n=114) relativamente a serem dextros
ou esquerdinos……………………………………………………………………………..39
Figura 13 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao
posicionamento do paciente……………………………………………………………….39
Figura 14 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
preferirem trabalhar com duas ou quatro mãos…………………………………………....40
Figura 15 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às patologias
que
podem
advir
da
falta
de
ergonomia
nos
diferentes
procedimentos
clínicos……………………………………………………………………………………..40
v
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Introdução
Nos princípios dos anos 80 a “ Federação Dentária Internacional” (F.D.I.) criou um grupo
de trabalho coordenado por Kimmel que em 1982 elabora uma definição de “Ergonomia
Estomatológica” segundo a qual, defendia-se a aplicação dos princípios da ergonomia de
um sistema constituído: médico dentista, auxiliares, paciente e os instrumentos de trabalho
(Castaño et al., 2005).
O objecto desta monografia é desenvolver um estudo das percepções ergonómicas da
actividade profissional em Medicina Dentária.
As motivações que me levaram a escolher este tema prenderam-se essencialmente em
cativar o interesse comum de todos os jovens que pretendem seguir uma carreira na área da
medicina dentária, mas também de todos aqueles que já a seguem, para a importância da
Ergonomia na actividade do Médico Dentista, procurando desta forma preencher pequenas
lacunas e controvérsias existentes sobre esta temática.
No que diz respeito, aos objectivos específicos deste estudo, pretende-se:
1. Avaliar as percepções dos alunos relativamente aos impactos ergonómicos da actividade
clínica.
2. Verificar as controvérsias mais frequentes sobre princípios ergonómicos tais como:
preparação do campo de trabalho, posições de trabalho, instrumentação e equipamentos.
3. Analisar se existem dúvidas quanto aos erros, riscos e patologias frequentemente
associados à actividade clínica.
Relativamente, aos métodos que se utilizaram para a elaboração desta monografia foram:
1
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1. Pesquisa bibliográfica - realizada com recurso a diversos livros e artigos publicados em
revistas, principalmente as indexadas, sobre: as diferentes áreas da medicina dentária,
ergonomia e manuais sobre saúde e segurança no trabalho, consultados nas bibliotecas da
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa e Faculdade de
Medicina Dentária do Porto e pesquisados até Setembro de 2009; bem como nos motores
de busca digitais: http://scholar.google.pt/; http://jada.ada.org/; http://pubmed.gov/;
utilizando-se como palavras-chave: ergonomics ricks; ergonomics and dentists; diseases of
dentists; disorders in dental practice; lesões músculo-esqueléticas nos médicos dentistas;
relação dentista e ergonomia; perturbações músculo-esqueléticas nos dentistas;
occupational disordens in dentists.
2. Os critérios de selecção dos artigos tiveram por base o seu interesse para o presente
trabalho, sendo que o artigo mais antigo foi publicado em 1971 e o mais recente data de
Setembro de 2009.
3. Questionário de auto preenchimento - destinado aos alunos da licenciatura de medicina
dentária da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa do 4º, 5º e
6º ano da licenciatura, distribuídos e recolhidos no período de 01 de Fevereiro a 30 de
Abril de 2009.
Os limites temporais estabelecidos para a elaboração deste estudo foram desde o mês de
Novembro de 2008 a finais de Setembro de 2009, nas instalações da Faculdade de
Ciências, e Saúde da Universidade Fernando Pessoa. Os limites espaciais foram: a
existência escassa de livros de ergonomia para médicos dentistas e a disponibilidade dos
colegas para responderem e devolverem os inquéritos adequadamente preenchidos no
período estabelecido.
Com a realização deste estudo conseguimos alcançar os objectivos estabelecidos, avaliar as
percepções dos alunos relativamente aos impactos ergonómicos da actividade clínica;
realçar a importância da disciplina da Ergonomia no plano curricular da licenciatura em
medicina dentária, consciencializar os alunos para: a aplicação dos princípios ergonómicos
na medicina dentária, riscos e patologias associados à profissão de médico dentista.
2
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1.Conceitos gerais sobre ergonomia:
A palavra ergonomia deriva do “ergon” que em grego significa tarefa e por extensão
trabalho e “nomos”, que significa regras, leis ou normas. Este termo, foi inventado por W.
Jastrzebowski em 1857 no artigo intitulado por “ Ensaios de ergonomia ou ciência do
trabalho, baseada nas leis objectivas da ciência sobre a natureza” (Brás, 1996, cit. in
Garbin et al., 2008).
Diversos ilustres, tais como: Jastrzebowski, Taylor, Montmollin, Deliberato, Brás, Couto,
Weerdmeester, Ferreira, Freitas e Lida, preocuparam-se em definir ergonomia, passo a
referir algumas dessas definições que me cativaram especial atenção, sem prejuízo de
tantos outros notáveis que abordaram esta temática:
Frederick Taylor em 1976, movimentou a administração científica do trabalho e ficou
célebre pela obra: “Princípios de Administração Cientifica” desta forma pretendia aplicar
os princípios ergonómicos e melhorar a qualidade e produtividade do trabalho, diminuindo
o sofrimento dos trabalhadores (Lida, 1990).
Segundo Montmollin em 1990 a palavra ergonomia foi definida com uma
interdisciplinaridade sobre a qual se fundamenta, quer como área do conhecimento, quer
como ciência do trabalho e execução de tarefas.
Couto em 1995, estabeleceu algumas regras básicas de ergonomia para a adaptação e
organização biomecânica do trabalho pelo Homem, das quais podemos destacar:
1). O corpo deve trabalhar, de forma desejável, com torque zero.
2). Deve-se escolher a melhor postura para se trabalhar de acordo com a exigência da
tarefa.
3). As bancadas de trabalho devem ser estruturadas de tal forma, que o corpo trabalhe na
vertical, sem curvamento do tronco e sem elevação dos membros superiores.
4). Eliminar os esforços estáticos e contínuos.
3
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Pode-se definir ergonomia como uma abordagem científica antropocêntrica que se
fundamenta em conhecimentos interdisciplinares das ciências humanas para, de um lado,
compatibilizar os produtos e as tecnologias como as características dos usuários e, de
outro, humanizar o contexto sócio-técnicologico do trabalho, adaptando-o tanto aos
objectivos dos indivíduos, quanto às exigências das tarefas (Ferreira, 2002).
Existem duas correntes distintas e complementares que caracterizam a ergonomia
(Montmollin, 1990; Deliberato, 2002):
- A ergonomia dos métodos e das tecnologias, mais antiga e caracteristicamente americana
(anglo-saxónica), centrada na contínua necessidade de adaptação da máquina ao Homem.
Essa abordagem anglo-saxónica é chamada de “humam factors” e utiliza a ciência para
melhorar as condições de trabalho.
-A ergonomia mais recente e de origem europeia (francófona), tem como foco o estudo
especifico do trabalho humano, visando adaptá-lo ao homem, esta abordagem é voltada
para a actividade realizada, centrando-se no estudo da interligação entre o homem e o
contexto de produção de bens e serviços no qual está inserido.
Enquanto a corrente anglo-saxónica realiza as suas pesquisas em laboratório, a francófona
avalia as suas pesquisas em ambientes reais de trabalho de forma a apurar aspectos que
constituem factores de desgaste para o trabalhador.
Então, será importante resumir ergonomia pela procura visionada e planeada de
dispositivos, técnicas e tarefas de tal forma a aumentar a segurança da saúde, o conforto e o
desempenho dos trabalhadores; o planeamento do trabalho nas situações do dia-a-dia, tem
como foco o ser Humano (Brás cit. in Garbin et al., 2008).
Assim, a ergonomia consiste no domínio científico e tecnológico interdisciplinar que se
ocupa da optimização do trabalho procurando de forma integrada: o conforto do
trabalhador, a sua segurança e a amplificação da sua produtividade bem como do seu
desempenho. É considerada uma ciência porque estuda as suas características, o
4
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
comportamento do indivíduo e as suas relações com o equipamento e o ambiente que o
rodeia e entende-se como tecnologia pois, há aplicação desses conhecimentos no sentido
de simplificar e tornar o trabalho mais: seguro, cómodo e eficiente (Couto, 1995).
1.1. Perspectivas da ergonomia
Segundo Dul e Weerdmeester em 2004, nos projectos de trabalho e das situações
quotidianas, a ergonomia focaliza o homem. As condições de insegurança, insalubridade,
desconforto e ineficiência são eliminadas adaptando-as às capacidades e limitações físicas
e psicológicas do homem. A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos
corporais (sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas), factores
ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes físico-químicos), informação
(informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e
controles, bem como cargas e tarefas (tarefas adequadas, interessantes). A conjugação
adequada desses factores permite criar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e
eficientes, tanto no trabalho quanto na vida quotidiana.
Assim, a ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas científicas como a
antropologia, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, desenho industrial,
electrónica, informática, gestão de empresas e de recursos humanos. Ela reuniu,
seleccionou e integrou todos os conhecimentos relevantes dessas áreas. Desenvolveu
métodos e técnicas específicas para aplicar esses conhecimentos na melhoria do trabalho e
das condições de vida, tanto dos trabalhadores, como da população em geral (Dul e
Weerdmeester, 2004).
Freitas em 2004 definiu que as perspectivas da ergonomia podiam ser integradas em três
grupos:
-Ergonomia na organização avalia: o conteúdo da tarefa, a rotação de tarefas, a duração do
trabalho e a comunicação.
-Ergonomia no ambiente avalia: a iluminação, ventilação, ambiente térmico, ruído e a
humidade do ar.
5
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
-Ergonomia do produto avalia: o desenho, a aceitação, medida, a segurança, validade,
normas, função e a biomecânica.
A ergonomia difere das outras áreas do conhecimento pelo seu carácter interdisciplinar e
pela sua natureza aplicada. O carácter interdisciplinar significa que a ergonomia se apoia
nas diferentes áreas do conhecimento humano. O carácter aplicado confere-se na adaptação
aos postos de trabalho e do ambiente às características e necessidades do trabalhador (Dul
e Weerdmeester, 2004; http://apergo.pt/noticias.php).
A ergonomia projecta-se com uma perspectiva científica porque estuda as condições
psicofísicas e socioeconómicas do trabalho, bem como as relações entre o homem e a
máquina (Petit, 1987, cit. in Freitas 2004).
2.Caracterização do exercício profissional de medicina dentária
Médico dentista – é o profissional de saúde, responsável por: estudar, diagnosticar, tratar e
prevenir todas as patologias dos maxilares, bem como todas as estruturas anexas a estes.
A profissão de médico dentista acarreta um vasto leque de protocolos clínicos, dispersos
pelas diferentes áreas de intervenção clínica e medicina dentária, sendo elas: dentisteria,
endodontia, cirurgia oral, ortodontia, periodontia, prostodontia e odontopediatria.
2.1. Actividades desempenhadas pelos médicos dentistas
Dentisteria: área da medicina dentária na qual o médico dentista efectua um tratamento
restaurador do dente, procedendo à eliminação da cárie e reconstrução do dente. Nestes
tipos de tratamento o médico dentista começa por identificar a extensão da lesão,
procedendo a testes de vitalidade e exames complementares de diagnóstico, de forma, a
depois eliminar os tecidos afectados pela cárie. Para a eliminação da cárie o médico
dentista utiliza instrumentos manuais e instrumentos rotativos como: a turbina e contra ângulo, enquanto o dentista faz o preparo cavitário a assistente aspira a saliva e os
aerossóis, todos estes passos exigem grande esforço postural (inclinação do pescoço –
6
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
observação do dente, rotação do tronco por parte dos profissionais – recepção dos
materiais, flexão e extensão das mão e braços, movimentos repetitivos), consoante a
posição do dente na arcada, (que pode ou não, permitir uma visão directa) este esforço
pode ser ainda redobrado porque embora se utilize a visão indirecta através do espelho
existe uma tendência a espreitar directamente. A exigência de coordenação, concentração,
precisão, destreza e sensibilidade manual, fazem deste tipo de trabalho clínico, um dos
mais desgastantes (pela exigência de atenção, a vibração e os ruídos dos instrumentos
rotatórios, pela preensão dos instrumentos manuais, pelo recurso: ao rx, ao
fotopolimerizador ou vibrador de amalgama). Após o preparo cavitário procede-se a
reconstrução do dente, utilizando um material restaurador directo (amalgama, compósito,
compómeros ou ionómeros de vidro) ou pode utilizar-se um material restaurador indirecto
(uma onlay ou inlay), que melhor se adapte ao caso, conferindo uma anatomia dentária
adequada (Mondelli et al., 2008).
Endodontia: área da medicina dentária que estuda a morfologia da cavidade pulpar, a
fisiologia e a patologia da polpa dentária bem como a prevenção e o tratamento das
alterações pulpares e das suas repercussões sobre os tecidos periapicais, nesta área, o
médico dentista efectua: o isolamento absoluto (com o dique de borracha, porta grampos,
perfurador do dique de borracha, arco de young, grampo adequado ao dente em questão), o
acesso á câmara pulpar com a utilização da turbina, a remoção de toda a polpa do dente (a
limpeza e instrumentação do canal ou dos canais radiculares do dente na qual se pode
utilizar limas manuais ou utilizar a instrumentação mecanizada) e obturação dos mesmos
com cimentos de obturação e material selador geralmente guta-percha, também a obturação
canalar pode ser manual ou com técnicas de termocompactação (recorrendo ao uso de
termocompactadores montados em contra-ângulo). Os cimentos de obturação podem ser à
base: de óxido zinco eugenol, resinas, hidróxido de cálcio, ionomero de vidro,
polidimetisiloxanos, agregados de minerais trióxidos. A endodontia como não permite uma
visão directa da totalidade dos canais, é um procedimento muito minucioso que requer
paciência, organização, coordenação e sensibilidade táctil, segundo Finsen et al., (1998)
tem a particularidade de a nível de movimentos exigir uma maior repetividade de
movimentos por parte dos dedos, mãos e pulso. Exige, o recurso a um maior número de rx
periapicais. Este tratamento, é realizado sempre que existam casos de pulpites:
7
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
irreversíveis ou agudas, periodontites apicais: crónicas ou agudas, necroses pulpares,
reabsorções radiculares e abcessos apicais: crónicos ou agudos (Soares e Goldberg; 2001).
Cirurgia oral: área da medicina dentária responsável por um vasto rol de protocolos
clínicos, tais como: exodontia dos dentes simples, exodontia de dentes inclusos, exodontia
de dentes supranumerários e excisão de pequenas anomalias (Ex: tórus, hiperplasias
fibrosas, exostoses, etc) ou patologias orais (Ex: pequenos quistos: periapicais,
odontogénicos, residuais), bem como: biopsias, frenectomias, enxertos ósseos ou de tecido
conjuntivo, cirurgias pré- protésicas de realinhamento maxilar. É com certeza a área da
medicina dentária considerada mais invasiva pelo que, é fulcral que antes de qualquer
intervenção se realize um adequado planeamento do acto cirúrgico, tendo em conta a
história clínica do paciente, a história dentária, e os exames complementares de
diagnóstico. Os materiais utilizados nas exodontias são: sindesmotomos, alavancas,
boticões, descoladores, curetas de Lucas, cinzéis, pinças goivas, afastadores, bisturis,
lâminas de bisturi, turbinas, brocas laminadas, tesoura, fio de sutura, porta agulhas, entre
outros. Os movimentos de punho, a manipulação dos instrumentos por vezes com
necessidade de aplicação de uma força maior, a inclinação para observar o campo de
trabalho, fazem com que nesta área e na periodontia principalmente, se procure respeitar o
posicionamento do médico consoante o dente a tratar: 1 e 2 quadrante – paciente sentado
com ângulo de 45 e cirurgião às 9 horas; 3 quadrante - paciente sentado com ângulo de 45
e cirurgião às 9 horas; 4 quadrante – paciente sentado com ângulo de 45 e cirurgião às 12
horas (Escoda e Aytes; 1999).
Implantologia: área da medicina dentária dentro da cirurgia que é combinada com a
prótese que se ocupa da substituição de peças dentárias por implantes dentários,
minimizando assim os efeitos adversos da perda de dentes (problemas: oclusais,
periodontais, estéticos, fonéticos, etc.). Os implantes dentários são a nível de reabilitação
oral, a solução que melhor mimetiza os dentes verdadeiros, consistem na inserção de um
espigão de titânio no osso, este espigão possui uma conexão de encaixe que poderá
suportar uma prótese fixa unitária (quando o espaço desdentado é de um só dente, e
substituímos peça por peça), ou poderá servir de suporte prótese removível
(sobredentadura) ou prótese fixa (parcial ou totais). O protocolo clínico da implantologia
obedece a uma sequência prévia de tratamento: fase de diagnóstico geral, fase de
8
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
diagnóstico de implantes: em que decide-se o número e a localização dos implantes, fase
cirúrgica: em que á colocação do implante e cirurgias adicionais – enxertos, a uma fase de
pós-operatório em que se aguarda que ocorra uma osteointegração entre o implante e o
osso, fase restauradora na qual faz-se a reabilitação protésica e esta fase necessita de várias
sessões e a fase de tratamento de suporte na qual se realiza um controle e manutenção
periódica. Em relação aos movimentos são semelhantes á exigência daqueles aplicados na
cirurgia, com a agravante de exigir uma precisão no manuseamento de equipamento fino
como é o caso do motor para colocação de implantes (Lindhe et al., 2005).
Ortodontia: área na medicina dentária que se ocupa do alinhamento do crescimento e
desenvolvimento dento-maxilo-facial normal alterado, bem como das suas relações
somáticas, psíquicas e sócias. A ortodontia tem como principais objectivos: conservar ou
melhorar a estética dentária da expressão facial, assegurar boa função oclusal e muscular,
protecção periodontal e da ATM, contribuir para a estabilidade e longevidade do aparelho
estomatognático, incrementar a auto-estima e adaptação social do indivíduo. A ortodontia
pode ser: preventiva - preservar o que é normal (através: de motivação e ensino de técnicas
adequadas de escovagem dos dentes, aplicação de selantes de fissuras, restauração de
dentes cariados e administração de flúor), intersectiva – quando existe um desvio real e
potencial daquilo que é normal (através: da erupção dirigida e extracções programadas, da
colocação de mantenedores de espaço, desgastes selectivos e extracções de restos
radiculares decíduos), e pode ainda ser correctiva – quando existem problemas de mal
oclusão já instalada (neste tipo de ortodontia o médico dentista vai utilizar aparelhos
removíveis ou fixos, podendo ainda haver necessidade de estes, serem combinados com a
acção ortopédica ou cirúrgica em casos de alteração de uma base óssea). Os movimentos
ortodônticos produzem uma força inferior a 400g, enquanto os movimentos ortopédicos
necessitam de forças superiores a 400g. Os diapositivos ortopédicos podem obter-se por
aparelhos removíveis, fixos e combinados; quando existem discrepâncias de natureza das
bases ósseas e o paciente está em crescimento pode-se aplicar diapositivos ortopédicos, se
o paciente for adulto a solução passa pela ortodontia fixa (recolocar os dentes na posição
correcta) e em casos mais graves por vezes existe necessidade de reabilitar com cirurgia
(para alteração da base óssea), (Silva, 2007).
9
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Periodontia: área da medicina dentária que se ocupa da saúde das estruturas de suporte do
dente e as suas patologias. Tem duas vertentes: o tratamento da infecção e a estética. Ao
conjunto de tecidos de suporte dos dentes dá-se o nome de periodonto, este é constituído
por: gengiva, ligamento periodontal, processo alveolar propriamente dito, cimento
radicular e processo alveolar. As funções específicas do periodonto são: prender os dentes
aos maxilares e manter a integridade da mucosa mastigatória (Lindhe et al., 2005). Os
tipos de tratamento nesta área vão de encontro com as necessidades do paciente, consoante
o tipo de diagnóstico e prognóstico de cada caso. Compreende um vasto leque de
tratamentos que vão desde a instrução e motivação para uma correcta higiene oral a
destartarização com o recurso ao destartarizador para remover o tártaro e placa bacteriana e
contra-ângulo para efectuar o polimento (estas devem ser realizadas em todo o tipo de
pacientes, de seis em seis meses ou uma vez por ano consoante o depósito de tártaro
acumulado); raspagens e alisamento radicular deve-se recorrer aos bochechos com
clorohexidrina, anestesia infiltrativa, com as curetas apropriadas fazer movimentos de
tracção em direcção coronária, (devem ser realizadas por quadrantes por consulta, após a
respectiva destartarização e apenas nos dentes que possuam uma perda do nível de inserção
superior a três milímetros e tártaro infragengival, devem ser reavaliados seis semanas
após), os tratamentos mais invasivos como: aumentos de gengiva aderida, recobrimentos
radiculares, aumentos da coroa clínica ou correcções de colapsos dentários, estes apenas
devem ser realizados quando consideramos que o paciente estabilizou a doença periodontal
e está pronto para ser reabilitado esteticamente. Segundo Bramson et al., (1998), durante as
consultas de destartarização, pelo tempo que exige é aconselhável o dentista ir mudando a
postura da mão e do pulso, pelo maior risco de exposição às vibrações e movimentos do
acto clínico. Utiliza os mesmos instrumentos que a cirurgia com excepção da alavanca e do
boticão (Almeida, 2007).
Prostodontia: área da medicina dentária que se ocupa de restabelecer a função e a estética
da cavidade oral, pode ser dividida em duas vertentes: prostodontia removível e
prostodontia fixa. A prostodontia visa o estudo e o tratamento do paciente desdentado
parcial ou total e procura restabelecer a função: mastigatória, estética e fonética, bem
como, a recuperação do seu bem-estar. Na prostodontia removível a substituição dos
dentes perdidos é feita através de próteses dentárias as quais são removíveis da cavidade
oral, estas podem ser totais (se substituem todos os dentes do maxilar) ou parciais (se
10
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
substituem apenas secções desdentadas), podem ainda ser distinguidas pelo tipo de
material com que são confeccionadas: em esquelética (se tem um esqueleto em metal que
impede o afundamento da prótese nos tecidos) ou acrílica (estas foram as primeiras a
aparecer, contudo traumatizam os tecidos), (Carr, McGivney e Brown, 2005). A
prostodontia fixa tal como indica, funciona com diapositivos que não podem ser removidos
pelo paciente, as próteses fixas podem substituir parte de uma coroa dentária (substituem
peças unitárias), ou então serem pontes (substituem mais que uma peça dentária). As
pontes têm de ser apoiadas em dentes adjacentes e podem ser: implanto suportadas
(quando já não existe suporte dentário) ou dento suportadas (quando existe estrutura
dentária a apoiar a prótese). Existem também as próteses parciais removíveis combinadas
que resultam da junção da prótese fixa com a prótese parcial removível. No protocolo da
prótese existe uma forte componente de trabalho clínico/ trabalho de laboratório/ trabalho
do protésico (Chiche e Pinault, 1998). Quer isto dizer que existe uma necessidade de
organização e trabalho de equipa, o dentista faz o diagnóstico e planeamento do caso
clínico. Em prótese utiliza-se: materiais de impressão (elásticos e não elásticos), materiais
de desinfecção das impressões, gesso para confecção de modelos, acrílicos para: concertos
de prótese, confecção de moldeiras individuais e placas base, articulador para simular a
oclusão do paciente, peça de mão, brocas de prótese que cortam acrílico, turbina e contra ângulo, materiais provisórios para reconstruções de dentes provisórios, instrumentos
manuais, fios de retracção, moldeiras santard, vibrador de gesso, entre outros (Gomes e
Fernandes, 2009). Nesta área da dentária pela necessidade de recorrência ao laboratório
onde se fazem os modelos, os desgastes, e a confecção de moldeiras individuais e outros
tipos de diapositivos, os níveis de ruídos (do micro motor) são mais elevados e aportam
maiores exposições de risco (Matos et al., 2002).
Odontopediatria: área da medicina dentária dedicada á saúde oral dos bebés, crianças e
adolescentes, incluindo pacientes especiais, com o objectivo de que atinjam a idade adulta
com uma boca sã, estética e um funcionamento estável que possam conservar a durante a
vida. O paciente infantil pode sofrer: de cáries, traumatismos, alterações na erupção
dentária, alterações de forma dentária entre outros problemas que podem afectar
negativamente a saúde oral presente ou mesmo futura. A criança está em evolução e
crescimento contínuos, desta forma converte-se num paciente odontológico diferente do
adulto com necessidade de tratamento: pessoal e dentário específico em cada momento.
11
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Porém a maioria dos procedimentos clínicos realizados em crianças como: nas restaurações
e exodontias são utilizados instrumentos semelhantes aos utilizados nos adultos, só que em
dimensões mais pequenas adequados a bocas pediátricas. Quanto ao tipo de movimentos
são semelhantes em tudo com as demais áreas, contudo será importante referir que pode
ser tecnicamente mais cansativo se o paciente não for colaborante, a dificuldade desta área
prende-se em conquistar a confiança da criança. Quanto mais precoce for o tratamento
maior será o êxito, e mais depressa desenvolve-se a motivação para uma correcta higiene
oral e consciencialização da importância dos dentes na nossa saúde e vida social (Leache et
al., 1995).
2.2.Breve história da medicina dentária:
5000a.c - Um texto sumério descreve pela primeira vez “vermes do dente” como a causa
das cáries.
2600a.c - Um egípcio de nome Hesy-Re foi considerado como o primeiro praticante de
dentária
500-300a.c - Foram escritos documentos por Hipócrates e Aristóteles sobre tratamentos de
dentes cariados, extracções dentárias com fórceps e a utilização de arames para firmar
dentes perdidos e maxilares fracturados.
100a.c - Foi escrito um importante compêndio de medicina, por um romano de nome
Celsus, no qual referenciou tratamentos para dores de dentes, fracturas de maxilares,
colocação de dentes perdidos e como deveria se realizar a higiene oral.
500-1000 - Na Idade Média, na Europa, a medicina e a medicina dentária bem como todos
os cuidados de assistência aos enfermos eram praticados pelos monges.
700 - Foi mencionado pela primeira vez num texto chinês a utilização de “pasta de prata”
como um tipo de material restaurador.
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Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1130-1163 - Os barbeiros passaram a praticar a medicina dentária bem como outros tipos
de cirurgias anteriormente realizadas pelos monges.
1210 - Em França, existiu uma agremiação de barbeiros, nos quais foram feitos dois
grupos: um responsável pelas práticas cirúrgicas mais complexas e outro que tinha a seu
cargo, serviços menos invasivos tais como: barbear, extracção dentária e as sangrias; esses
eram designados por cirurgiões barbeiros.
1400 - Novamente em França, proíbem os cirurgiões barbeiros de praticarem sangrias e
cirurgias de grande porte, restringindo-os há arte de barbear, cortar o cabelo e extrair
dentes.
1530 - Na Alemanha, é publicada o primeiro livro dedicado exclusivamente à medicina
dentária, destinado aos barbeiros e cirurgiões que tratavam da cavidade oral, este livro
abordava temas como: a higiene oral, extracção dentária, colocação de restaurações em
ouro e preparo de dentes.
1760 - O inglês John Baker é o primeiro dentista, treinado sob o ponto de vista médico, a
praticar na América.
1789 - O francês Nicolas Dubois de Chemant fez a patente para dentes de porcelana.
1790 - Um dentista americano de nome Josiah Flagg, construiu a primeira cadeira feita
especificamente para dentária.
1832 - James Snell inventou a primeira cadeira dentária declinável que veio inovar todas as
expectativas uma vez que permitiam colocar os pacientes numa posição mais adequada
para a realização dos tratamentos em questão.
1839 - Publicaram o primeiro jornal destinado a pratica dentária de todo o mundo o
“American Journal of Dental Science”.
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Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1840 - Chapin Harris e Horace Hayden fundaram a primeira escola de medicina dentária de
todo o mundo o “Baltimore College of Dental Surgery” onde se formaram os primeiros
médicos dentistas de cirurgia dentária. Neste mesmo ano foi fundada a “American Society
of dental Surgeons”.
1846 - O ilustre médico dentista William Morton fez a primeira demonstração pública da
utilização da anestesia com éter na cirurgia.
1859 - Criação da American Dental Association (ADA).
1866 - Formou-se a primeira mulher dentista, uma americana de nome Lucy Hobbs.
1871 - James Morrison inovou a prática clínica dentária ao patentear a broca eléctrica
accionada por pedal. Neste mesmo ano, o americano George Green recebe a patente pelo
primeiro mecanismo eléctrico para a prática clínica dentária: um motor independente
associado a uma peça de mão.
1877 - Wilkerson criou a primeira cadeira dentária com mecanismo hidráulico.
1880 - Passou a ser fabricada e comercializada o tubo da pasta de dentes (que até então a
pasta de dentes era comercializada em recipientes).
1885 - Criou-se a profissão de assistente dentária, sendo a primeira assistente dentária
empregada do dentista Edmond Kells, desempenhando todas as funções que exercem
actualmente as assistentes dentárias.
1890 - O dentista americano Willoughby Miller, investigou e escreveu um livro no qual
explicava que o mecanismo da cárie dentária era originado pela acção de micróbios; tais
explicações motivaram a promoção e ao interesse por uma correcta higiene oral.
1896 - O célebre dentista Edmond Kells realizou a primeira radiografia dentária in vivo
nos Estados Unidos da América.
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Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1900 - Poucas crianças eram tratadas em consultórios dentários.
1905 - O químico alemão Alfred Einhorn formulou a anestesia local com procaína.
1913 - Alfred Fones fundou a primeira Escola de Higiene Oral.
1924 - É publicado o primeiro livro de odontopediatria.
1930-1943 - Frederick Mckay, dentista do Colorado, estudou e constatou que níveis
elevados de flúor na água estavam associados a uma baixa incidência de cáries e a um
elevado grau de manchas castanhas no esmalte dos dentes (fluorose).
1938 - Aparece a primeira escova de dentes de fibras de nylon.
1940 - Trendley Dean conseguiu determinar o nível ideal de flúor na água de modo a
reduzir a incidência de cáries, sem com isso pigmentar o esmalte dos dentes.
1945 - New York e Newburgh introduziram fluoreto de sódio nas redes públicas de água.
1950 - Começa a ser comercializada a primeira pasta de dentes com flúor. È também nesta
época que surge o primeiro artigo no Reino Unido referente à ergonomia em medicina
dentária.
1957 - John Borden introduziu a turbina de alta rotação, a Airotor que possuía 300000 rpm
tendo um enorme sucesso comercial.
1958 - Surge uma cadeira dentária totalmente reclinável.
1959 - Realizou-se um workshop sobre problemas físicos relacionados com o trabalho
odontológico na Western Reserve University School of Dentrstry, Ohio, este teve como
principal objectivo avaliar as posturas e movimentos do médico dentista na sua actividade
clínica.
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Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
1960 - São desenvolvidas duas grandes inovações: a escova eléctrica e os raios laser (cuja
indicação é ser utilizado nos tecidos moles).
1962 - O ilustre Rafael Bowen desenvolve Bis-GMA, a resina que constitui a maioria dos
compósitos.
1963 - Foi publicado o primeiro artigo norte-americano sobre Ergonomia e Odontologia.
1965 - Foram elaborados vários estudos estruturados por “Pierre Fauchard Academy” que
revelam que um terço dos médicos dentistas sofria de lesões nas costas, pelo que
despoletou a necessidade de kilpatrick e colaboradores estabeleceram normas para o
trabalho clínico dentário na posição sentada.
1970 - Foi introduzido o conceito “trabalho a quatro mãos” e práticas na actividade clínica
de medicina dentária da lógica dos procedimentos para poupar esforço e melhorar a
qualidade do trabalho.
1980 - A University of Brithish Columbia realizou pesquisas e investigações para melhoria
do desempenho, baseado num modelo postural individual, esses trabalhos iniciaram
estudos de exercícios proprioceptivos para determinar as prudências posturais do médico
dentista e aquisição de controlo físico e visual no movimento fino, baseado nas
necessidades músculo-esqueléticas individuais, anatómicas e fisiológicas. Utilizaram
estratégias para minimizar as limitações dos equipamentos.
1982 - Kimmel elabora a definição de “Ergonomia Estomatológica” segundo a qual,
defendia-se a aplicação dos princípios da ergonomia a um sistema constituído: o médico
dentista, as auxiliares, o paciente e os instrumentos de trabalho.
A partir de 1990 - A medicina dentária passa ser vista com uma vertente estética,
aparecem novas cores de compósitos cada vez mais sofisticados, existe uma grande
aderência: aos branqueamentos dentários e ao uso de aparelhos ortodônticos, surgem os
16
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
piercings nos dentes, os implantes dentários, as facetas em cerâmica. Verifica-se uma nova
perspectiva de beleza, todos procuram um sorriso saudável, mais branco e equilibrado.
1991 - A Academia Internacional de Laser em Odontologia estabeleceu instruções para a
utilização do laser em preparos cavitários para reconstruções estéticas.
1995 - Foi criada a especialidade: “Pediatric dentistry is age-defined speciality that
provides both primary and comprehension preventive adolescence, including those special
wealth care needs”.
1998 - A “Internacional Standards Organization” e a “Federation Dentaire Internacionale”
(ISO_FDI) classificam numericamente as posições a serem adoptadas pelo médico dentista
durante os tratamentos dentários. O sistema funciona como um relógio colocado sobre a
cadeira do paciente, apresentando o número 12 do relógio para a posição da cabeça do
paciente e o número 6 para os pés do mesmo, normalmente para o clínico dextro, pode
obter a posição mais vantajosa de trabalho se tiver entre as 9 e as 11.
1999 - Barros, propõe uma reeducação da postura de trabalho nos médicos dentistas:
coluna recta apoiada no encosto lombar, cabeça ligeiramente flectida sem flexão
exagerada, cotovelos a noventa graus próximos do corpo ou apoiado a ele, o tronco o mais
próximo da cadeira do paciente, pés totalmente apoiados no chão, altura da cadeira do
médico dentista ajustada de forma a fazer um ângulo recto com as pernas, evitar torções,
inclinações laterais e flexão do tronco.
2004 - Paul Engels, Gaston Van Amerongen e Jan De Kroon constroem a primeira cadeira
com protótipo totalmente ergonómico para o paciente; permitindo ao dentista e assistente
terem métodos ergonómicos de trabalho e ao paciente um tratamento em posição cómoda e
relaxada.
Todo este subcapítulo foi elaborado de acordo com informação recolhida: (ADA, 2009);
(Barros, 1999); (Castaño et al., 2005); (Martin et al., 2005); (Ustrell, 1997) e (Rucker e
Sunell, 2002);
17
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
3. Caracterização da profissão sobre o ponto de vista ergonómico
O exercício da medicina dentária tem vindo a sofrer profundas mudanças nos últimos
tempos devido a múltiplos factores tais como: o desenvolvimento tecnológico com o
aparecimento de novos materiais e equipamentos cada vez mais sofisticados (técnicas que
exigem um grau cada vez maior de especialização), a evolução do mercado de trabalho
trouxe consigo, a necessidade de competir num mercado de trabalho cada dia mais
saturado. A estes factores adiciona-se as especiais características do trabalho de médico
dentista, actividade centrada numa área muito pequena como é a cavidade oral ou mais
concretamente o dente, que exige do profissional: uma grande atenção o que é propenso, a
adopção de posturas muito forçadas por períodos prolongados, a necessidade de coordenar
e adaptar o equipamento ao homem para uma correcta realização do trabalho (Castaño et
al., 2005).
Nos primórdios da profissão, todos os dentistas trabalhavam de pé, os equipamentos e
instrumentos eram fracos e a disposição do consultório era feita de qualquer modo, sem
normas nem ergonomia; esses tempos foram ultrapassados e hoje em dia tudo foi adaptado
às exigências do mercado. Os médicos dentistas sentam-se confortavelmente durante os
tratamentos, possuem equipamentos sofisticados e adequados a cada protocolo e os
pacientes estão reclinados enquanto são tratados. A utilização de princípios ergonómicos
ao design do consultório, dos instrumentos e do equipamento veio revolucionar e inovar a
prática da medicina dentária. Na actualidade o consultório dentário é um local de trabalho:
seguro, confortável e saudável, existiu uma necessidade de adaptar os instrumentos de
trabalho ao homem, criaram-se condições e normas para permitir um trabalho mais
eficiente e confortável para quem o executa (Guay, 1998).
Apesar de todos os esforços na criação de consultórios, equipamentos e instrumentos
ergonómicos que permitam uma prática clínica segura para o profissional, a medicina
dentária continua a ser uma das profissões com elevado grau de risco em questão das
doenças relacionadas com o trabalho. O médico dentista, no decorrer das suas actividades é
uma vítima dos infortúnios do trabalho, decorrentes de grande desgaste físico como
consequência da postura de trabalho. A prevenção de doenças relacionadas por agentes
mecânicos, pode passar pela toma de duas atitudes, a primeira prende-se com a escolha do
18
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
equipamento e instalações e a segunda refere-se á ergonomia correcta na posição de
trabalho do profissional (Saquy et al., 1996).
4. Factores de risco ocupacional associados à profissão:
A profissão de Médico Dentista requer acções que exigem: coordenação motora,
raciocínio, discernimento, paciência, segurança, habilidade, delicadeza, firmeza, e,
objectividade. Essas acções em conjunto exigem muito do profissional. O ambiente de
trabalho, as instalações, equipamentos e materiais associados ao tipo de actividade
desenvolvida, no caso, o controlo, tratamento e prevenção de doenças, expõem o
profissional de saúde a manifestações patológicas do tipo infecto-contagiosa, manipulação
de metais pesados, contacto com radiação, com agentes farmacológicos, bem como, com
agentes alérgicos (Saquy et al., 1996).
Segundo Castaño et al. (2005) ser médico dentista é estar sujeito permanentemente a
riscos: físicos (dos quais os mais importantes são: as radiações ionizantes, as não
ionizantes e o ruído), químicos (a manipulação de: mercúrio, manganês, anestésicos locais,
anti-sépticos – iodo, produtos de revelação, niquel-crómio, materiais de impressão,
materiais desinfectantes) ou biológicos (exposição a agentes infecciosos, vírus, fungos,
etc...) no exercício da profissão ou resultante das condições em que é exercida toda a
actividade profissional.
Os riscos inerentes própria profissão aportam um vasto leque de características de
componente humana, mas também riscos correspondentes aos diapositivos técnicos
(Montmollin, 1990).
4.1. Factores de risco característicos da componente humana
4.1.i) O Homem no seu ambiente físico:
A iluminação neste parâmetro destaca-se o nível de visão, a dificuldade de visualizar o
campo de trabalho que podem resultar em dores de cabeça, fadiga subjectiva e
19
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
perturbações visuais, já que exige um elevado esforço de concentração (Montmollin,
1990). A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser suficiente
para garantir uma boa visibilidade. A iluminância ou brilho é a quantidade de luz que é
reflectida para os olhos, medida em candela é medida por metro quadrado enquanto, que a
intensidade da luz é expressa em lux. Na realização de tarefas especiais com grandes
exigências visuais, para percepção de pequenos detalhes, como as actividades clínicas na
medicina dentária, o nível de iluminação deve ser aumentado colocando um foco de luz
directamente sobre a tarefa, nestes casos a intensidade da luz ideal pode variar entre os 800
e os 3000 lux. A iluminância não deve adquirir valores demasiados elevados valores acima
dos 10 candela por metro quadrado já são considerados excessivos (Dul e Weerdmeester,
2004).
Condições atmosféricas sobressaem a necessidade de melhores tempos, o sentimento de
conseguir um melhor desempenho quanto menor for o tempo conseguido – muitas vezes
este factor culmina na fadiga, no stress, no envelhecimento precoce e no incómodo
fisiológico e subjectivo (Montmollin, 1990).
Ruído sistemático dos instrumentos de corte rotativo com efeitos: fisiológicos (surdez) e
subjectivos (Montmollin, 1990). Os efeitos fisiológicos podem ser: a aceleração do ritmo
cardíaco, hipertensão do ritmo respiratório, dilatação da pupila, diminuição da temperatura
e da resistência eléctrica da pele, abaixamento do nível de triglicéridos, vertigens,
distúrbios: humor, da concentração e da percepção auditiva, stress, agressividade,
depressão e dores de cabeça até consequências mais graves como a surdez. O risco que os
trabalhadores estão sujeitos depende: do tempo de exposição, quanto mais longo maior o
risco, tipo de ruído se for contínuo tende a ter piores prognósticos, distância da fonte do
ruído quanto menor maior é o risco, sensibilidade individual varia com a idade e de
individuo para individuo e danos na audição lesões já existentes no aparelho auditivo;
porém sabe-se que um ruído que ultrapassa a média de 80dB provoca perturbações e lesões
e o tempo máximo de exposição permitido são as 8horas, sendo que cada aumento 3dB,
deve haver uma redução do tempo para metade (Dul e Weerdmeester, 2004).
Vibrações dos instrumentos percutem efeitos fisiológicos negativos como taquicardia e
podem ter efeitos prejudiciais no desempenho (Montmollin, 1990); as vibrações nas mãos
20
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
e braços podem originar: afectações osteo-articulares, artroses dos membros superiores,
lunatomalácia ou doença de Kienbock, pseudartrose do escafoide, síndrome do dedo álgido
(SDA) e síndrome de vibração mão/braço (VMB/HAV), (Freitas, 2004). As vibrações
possuem três variáveis que influem no efeito da vibração: a frequência, o nível e a duração,
são particularmente mais prejudiciais ao organismo, as de frequências mais baixas, de 1 a
80Hz provocam lesões nos ossos, articulações e tendões (Lida, 1992).
4.1.ii) O Homem como máquina:
Características antropométricas e biomecânicas tais como: tipo de movimentos, a
exigência de amplitude para a execução destes, a repetição e duração desses movimentos e
o esforço muscular dispendido, provocam aumento de tensão nos músculos e articulações
conduzem a posturas menos correctas aumentando o risco de lesões músculo esqueléticas
(Montmollin, 1990). A antropologia divide-se em dois ramos: estrutural ou estática,
referente às medidas do homem em repouso, e a funcional ou dinâmica respeitante às
medidas do homem em movimento (Freitas, 2004).
Adaptação das respostas aos estímulos: pela necessidade de tomada de decisão rápida e
consciente podem provocar cansaço, stress e fadiga mental (Montmollin, 1990).
4.2. Factores de riscos correspondentes aos diapositivos técnicos
4.2.i) Características referentes à iluminação do consultório: todos factores que se
seguem podem, de certa forma condicionar a saúde oftalmológica do médico dentista,
(Graça et al., 2006).
•
Disposições das fontes luminosas
•
Níveis de iluminação
•
Contrastes
4.2.ii) Características dos diapositivos referentes:
Calor - pode originar cansaço e baixa produtibilidade, a temperatura ideal seria os 23 graus
célsius.
21
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Frio gerado - com a temperatura baixa, o consumo de energia aumenta e com ele a fadiga,
o ideal seria procurar estabelecer um ambiente térmico de conforto.
Humidade - deve variar entre os 40,0% e os 60,0%, um aumento de humidade proporciona
uma maior incidência de aparecimento de micoses nas unhas designadas de onicomicoses.
Ventilação - os ambientes fechados devem ser adequadamente ventilados, a ventilação e
exaustão provocam movimentos de massas de ar e não devem ser superiores aos 0,75m/s,
mas idealmente os valores deveriam variar no intervalo de 0,025 a 0,25 m/s
(Montmollin, 1990; Dul e Weerdmeester, 2004).
4.2.iii) Características impostas pelo empregador segundo Dul e Weerdmeester
(2004):
Vestuário - deve ser de uso exclusivamente clínico, permitir movimentos de amplitude,
preferencialmente devem permitir o conforto térmico.
Calçado - deve ser de uso exclusivamente clínico, fechado, confortável.
Acessório de protecção individual – óculos, touca, tampões para os ouvidos, colar e
avental de chumbo.
Todas estas características devem ser devidamente estudadas e implementadas, de forma a
proteger os profissionais e utentes da clínica contra os riscos biológicos, tais como: vírus,
fungos ou bactérias, bem como, terá importância significativa a utilização de dosímetros
individuais para controlo da exposição de radiação bem como, o uso de luvas de protecção
individual por forma, a prevenir patologias do foro oncológico ou dermatológico induzido
pela radiação (Castaño et al., 2005).
4.2.iv) Configuração dos instrumentos manuais
As formas, os tamanhos e o diâmetro dos cabos pouco ergonómicos (Graça et al., 2006).
22
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
4.2.v) Dimensões e ajustibilidade dos diapositivos (Montmollin, 1990; Dul e
Weerdmeester, 2004).
Cadeiras - temos dois tipos de equipamento as cadeiras para os pacientes e as cadeiras para
os profissionais. A cadeira do paciente deve permitir regulação e ser ajustável na altura e
na postura de forma a permitir colocar o paciente numa posição sentada ou deitada deve
possuir braço de apoio, possuir mesa de apoio e encosto de cabeça regulável. A cadeira do
médico dentista e assistente deve ser móvel, permitir a regulação de altura e do encosto,
deve possuir um apoio lombar, ter apoio de braço e permitir conforto máximo. Segundo
Tomas Davies a cadeira do médico com assento em sela “o Bambach Saddle Seat”
encoraja uma postura neutra e saudável, e é o tipo de cadeira recomendada para os
médicos dentistas em especial, aqueles com necessidades ergonómicas mais exigentes, ex.
grávidas (Dentristry, Setembro 2009).
Mesas de apoio - devem permitir a organização fácil do material, facilitar o alcance dos
materiais e um trabalho a quatro mãos mais eficaz.
Disposição do próprio espaço - deve ser estrategicamente arquitectado de forma a permitir
a movimentação dos profissionais e o enquadramento do equipamento.
5. Patologias desencadeadas pela prática clínica
A doença profissional decorre de uma alteração bastante definida de um estado de saúde,
provocada por um agente ou processo específico. Considera-se uma doença profissional
quando é consequência directa da exposição mais ou menos prolongada a um risco: físico,
químico ou biológico no exercício da profissão ou resultante das condições em que é
exercida a actividade profissional (Freitas, 2004).
De acordo com Gomes et al. (2001), doença profissional é qualquer manifestação mórbida
que surge em decorrência de actividades ocupacionais do indivíduo. A Medicina Dentária,
como as demais profissões, apresenta riscos operacionais que podem desencadear em
diversas doenças, invalidez e mesmo em casos extremos à morte.
23
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
5.1 Lesões músculo-esqueléticas
Conjunto de doenças relacionadas com o trabalho, tendo como causa principal os
movimentos ou posturas forçadas, associadas à concepção de sistemas de trabalho (Freitas,
2004).
Em medicina dentária segundo Simões et al. (2008), este tipo de patologias observam-se
num conjunto de factores causais entre destacam-se:
Factores de natureza organizacional: concentração de movimentos numa mesma pessoa,
horas extraordinárias, ritmo acelerado de trabalho e ausência das pausas necessárias.
Factores de natureza biomecânica: força excessiva, alta repetividade de um mesmo padrão
de movimentos, posturas incorrectas dos membros superiores, compressão das estruturas
dos membros superiores e postura estática.
Factores de natureza psicossocial: pressão excessiva para obter resultados, ambiente de
trabalho excessivamente tenso, problemas de relacionamento interpessoal e rigidez
excessiva no trabalho.
Factores de condições de trabalho: temperatura, vibração, mobiliário, ruído, iluminação,
espaço e instrumentos.
5.1.i) Tipos de lesões músculo esqueléticas observadas nos médicos dentistas:
Síndrome do túnel cárpico - é a situação mais frequentemente relatada como LME. Tratase da compressão do nervo mediano pela bainha do tendão, devido a movimentos repetidos
do punho, dando origem a dor, formigueiro, adormecimento e por vezes diminuição da
força da mão afectada (Silman, 1996; Guay, 1998).
Epicondilite - refere-se a uma inflamação ao nível dos tendões do cotovelo, na sequencia
de movimentos repetidos e com excessiva força de rotação do punho para fora ou uso de
24
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
vibrações, podendo provocar inflamação ou pequenas roturas do cotovelo, sensibilidade e
dor na saliência óssea do lado interno do cotovelo e dor nos movimentos de pulso, também
designada pelo cotovelo do tenista ou do rato de computador; é uma doença própria das
tarefas repetidas e com grande exigência física, como é o caso dos ladrilhadores ou
médicos dentistas (Valachi e Valachi, 2003).
Doença de Quervain - é uma inflamação do tendão na base do polegar, acompanhada de
edema e palpação dolorosa, por aplicação excessiva de força ao apertar com a mão e ao
rodar o punho (Silman, 1996).
Síndrome mão-braço - perda de sensibilidade, sensação de formigueiro e dor nas mãos,
por lesão dos vasos sanguíneos e nervos, decorrente da utilização de equipamento de
trabalho vibratório (Silman, 1996).
Síndrome do desfiladeiro torácico – compressão exacerbada do feixe de nervos e de
vasos sanguíneos que vão para o membro superior, surge devido à manutenção de certas
posturas que vão alterar o triângulo constituído pela clavícula, pela primeira costela e pelos
másculos escaleno e peitoral, a dor sentida é violenta e intermitente, podem ocorrer em
simultâneo sintomas que decorrem da compressão vascular como edema e alteração de cor
(Carneiro, P., Barroso, M. e Braga, A. C., 2007).
Tenosinovite - inflamação dos tendões causada por disfunção do sistema de lubrificação,
na sequência de movimentos excessivos ou repetitivos; porque os tendões são envolvidos
por uma bainha ou membrana sinovial nas zonas onde à fricção. Origina dores e grande
dificuldade em utilizar a mão, inchaço, limitação de movimentos, dores lancinantes,
crepitações dos tendões. Pode ser provocada pela implantação de novos procedimentos de
trabalho (Djerassi, 1971).
Tenosinovite estenosante ou dedo em gatilho - inflamação do tendão do dedo, que
provoca incapacidade de mexer os dedos com ou sem dor e que tem origem em
movimentos repetitivos (ter que agarrar instrumentos durante demasiado tempo, com muita
força ou frequência excessiva), (Silman, 1996).
25
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Tendinite - inflamação da zona em que se unem o músculo e o tendão, ao nível da mão,
punho, cotovelo ou ombro, geralmente acompanhada de um quadro doloroso, com
inflamação,
vermelhão
e
dificuldade
de
movimentar
a
mão,
tem
origem
predominantemente em movimentos repetitivos (Valachi e Valachi, 2003).
Mialgia do trapézio - dor no ombro emergente dos movimentos de abrir e subir braços, no
músculo trapézio que assegura a elevação e estabilização dos ombros (Rundcrantz, 1991),
pode originar espasmos musculares no trapézio superior (mais frequente no braço com o
qual o médico segura o espelho), (Simões et al., 2008).
Bursite - consiste na inflamação das pequenas bolsas localizadas entre tendões e os ossos,
pode atingir o ombro, o cotovelo ou o joelho provocando dor ou rigidez; entre as causas
típicas contam-se as pressões sobre os cotovelos, os movimentos repetitivos dos ombros e
o trabalho dos joelhos (Graça et al., 2006).
Quisto ganglionar - geralmente provocado por inflamação do tendão, normalmente no
dorso da mão e pulso, trata-se de um pequeno inchaço que não produz, em geral, qualquer
dor é causado por movimentos repetidos da mão (Freitas, 2004).
Entorses - lesões das estruturas peri-articulares frequentemente nos trabalhadores que
exercem actividades em locais com piso irregular (Freitas, 2004).
Lombalgias - doenças causadas por tensões musculares e de ligamentos, lesões discais,
lesões das articulações interapófisárias e espondilose, por efeito de incorrecta
movimentação manual de cargas e de trabalhos com flexão e torção do tronco, passando
muitas vezes para as zonas das ancas, glúteos ou perna (Simões et al., 2008).São muito
frequentes nas dentistas grávidas, que padecem destes sintomas em alguma altura da sua
gravidez (Dentristry, Setembro 2009).
Cervalgias - dores no pescoço com aumento acentuado da sensibilidade, decorrentes de
posturas de trabalho pode estender-se para as omoplatas ou para o occipital, em casos mais
graves pode desencadear parestesia num braço ou mão (Simões et al., 2008).
26
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Dorsalgias - dores ou lesões na região dorsal originadas por posições de trabalho
incómodas ou por exposição a vibrações (Simões et al., 2008).
5.2. Lesões auditivas:
As lesões auditivas geralmente não são perceptíveis pelo próprio clínico mas, pela sua
natureza repetitiva e contínua, podem irremediavelmente levar a perdas de audição
progressivas e consequentemente ter um efeito fisiológico mais grave a surdez (Matos et
al., 2002). Podem levar a hipoacusia bilateral por lesão coclear irreversível devido ao
traumatismo sonoro (Cabral e Roxo, 2004), tais riscos podem ser facilmente eliminados
com a utilização de tampões auditivos na realização das tarefas que requerem maior
exposição ruidosa.
5.3.Lesões oculares:
Geralmente pela exactidão e concentração necessária ao minucioso trabalho com pouca
visibilidade e o acesso a um campo de trabalho tão pequeno como é a cavidade oral, mais
concretamente o dente, os clínicos vêem-se obrigados a esforçarem a vista, tais situações
revertem-se no cansaço e ardência dos olhos, os instrumentos de trabalho não ionizantes
principalmente o laser e a luz ultravioleta desencadeiam muitas vezes quadros de
fotosensibilidade ocular, descolamentos de retina, queratites e conjuntivites (Castaño et al.,
2005). A luz Ultra-violeta emitida pelos fotopolimerizadores, pode causar lesões
irreversíveis a nível da córnea e da retina (ADA, 2006).
5.4. Lesões dermatológicas:
Perante a existência de imensos factores de risco é comum a existência de lesões
dermatológicas na população trabalhadora de médicos dentistas, tais como dermatites
desenvolvidas pela exposição de radiações ionizantes, eritemas e queimaduras de pele pela
relação com radiações não ionizantes, dermatites e micoses oriundas da exposição de
produtos químicos e ao pó das luvas (Castaño et al., 2005).
27
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
5.5. Tumores:
Um, dos possíveis efeitos das radiações ionizantes a que estão sujeitos os médicos dentistas
são as doenças do foro oncológico, tais como: carcinomas, leucemia e alterações
cromossómicas com potencial de indução de efeitos tetragénicos (pelo que deve-se
respeitar todos os princípios básicos para a manipulação deste tipo de equipamento, utilizar
diapositivos de protecção ex. aventais de chumbo sempre que se desejar recorrer a este tipo
de auxiliar de diagnóstico, as mulheres grávidas não devem ser submetidas a este tipo de
radiação), (Castaño et al., 2005).
5.6. Patologias infecto-contagiosas
Advindas dos muitos agentes biológicos (vírus, bactérias ou fungos) a que estão expostos
todos os profissionais de saúde, aquando das prestações de cuidados médicos. Os médicos
dentistas podem adquirir infecções oculares (bacterianas ou virais), infecções dérmicas
(estafilocócica,
estreptocócica
ou
viral),
infecções
respiratórias
(bronquites
ou
pneumonias), hepatites víricas, sífilis cutânea e sida, para uma melhor protecção contra
uma possível contaminação cruzada, os médicos dentistas devem seguir todos os princípios
básicos de assepsia, desinfecção de equipamentos e protecção individual (Castaño et al.,
2005; Cabral e Roxo, 2004).
II. Trabalho de investigação
II.1. Objectivos
1. Avaliar as percepções dos alunos relativamente aos impactos ergonómicos da actividade
clínica.
2. Verificar as controvérsias mais frequentes sobre princípios ergonómicos tais como:
preparação do campo de trabalho, posições de trabalho, instrumentação e equipamentos.
3. Analisar se existem dúvidas quanto: aos erros, riscos e patologias frequentemente
associados á actividade clínica.
28
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
II.2. Tipo de estudo
Trata-se de um estudo observacional transversal, para avaliar a percepção dos alunos da
licenciatura em Medicina Dentária podem ter relativamente aos impactos ergonómicos da
actividade clínica.
II.3. Selecção da amostra e colheita de dados
Foi seleccionada uma amostra de conveniência de 115 participantes entre os alunos do 4º,
5º e 6º ano de Medicina Dentária da Universidade Fernando Pessoa. A cada participante foi
entregue um questionário de auto-preenchimento em papel. Os inquéritos foram
distribuídos por um único examinador, na respectiva universidade á entrada para aulas
clínicas, e recolhidos no final das mesmas. Trata-se de um estudo observacional
transversal, a amostra seleccionada é considerada uma amostra de conveniência, na qual os
inquiridos consentiram entrar no estudo com a garantia da confidencialidade dos dados e
aos quais foi explicada a finalidade e os objectivos deste estudo.
II.4. Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos neste estudo todos os alunos da Universidade Fernando Pessoa da
Licenciatura em Medicina Dentária do 4º, 5º e 6º ano que aceitaram participar e foram
excluídos todos aqueles que negaram a sua participação no estudo ou todos aqueles que
não devolveram o questionário aquando o acto da recolha dos mesmos, pois foram
distribuídos cerca de 200 inquéritos, contudo no momento de recepção apenas foram
entregues 115 inquéritos preenchidos.
II.5. Caracterização do questionário
Entregou-se nas instalações da Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade Fernando
Pessoa a cada participante um questionário de auto-preenchimento constituído por 17
questões. Na primeira parte do questionário pedia-se informações relacionadas com os
dados sócio-demográficos (género, idade, ano). O questionário também tinha questões de
29
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
escolha múltipla, para selecção de uma das opções possíveis e questões dicotómicas do
tipo: “Não” ou “Sim”. Estes questionários foram distribuídos e recolhidos no período de 01
de Fevereiro a 30 de Abril de 2009.
II.6. Tratamento estatística
Aos participantes do estudo foram aplicadas metodologias de análise descritiva,
nomeadamente, gráficos e medidas sumário apropriadas. Os resultados foram apresentados
sob a forma de gráficos e tabelas para facilitar a sua consulta. As variáveis categóricas
foram descritas através de frequências absolutas (n) e relativas (%).Todos os dados foram
inseridos e a análise foi efectuada utilizando o programa de análise estatística SPSS®
v.16.0 (Statistical Package for the Social Sciences). Para a elaboração de alguns gráficos
foi utilizada uma folha de cálculo do programa Microsoft Office Excel 2007 (Microsoft
Excel©). A análise estatística foi realizada e considerou-se um nível de significância de
0,05 que corresponde a um intervalo de confiança de 95 %, ou seja, são rejeitadas as
hipóteses nulas colocadas em todas as situações em que a probabilidade associada à
estatística de teste (p) seja inferior a esse valor. A associação entre as respostas obtida
pelos participantes do estudo (n=115) foi investigada através do coeficiente de correlação
de Pearson (r), sendo considerada uma associação significativa entre variáveis para valores
de p <0,05. Para essa análise da significância estatística utilizou-se testes do QuiQuadrado.
II.7. Resultados
No presente estudo, foram distribuídos 200 inquéritos dos quais apenas 115 estavam
devidamente preenchidos. Depois de recepcionados os inquéritos, foram registadas todas
as respostas de forma a realizar-se um estudo estatístico, os resultados obtidos foram
apresentados em tabelas e gráficos de forma a facilitar a sua leitura.
Caracterização sócio-demográfica dos inquiridos: DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
Neste estudo, dos 115 inquiridos, a maioria é do género feminino, 69 (60,0%).
Relativamente ao item idade 86 (74,8%) tem entre 22 e25 anos. Em 113 respondentes (2
30
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
(1,7%) não respostas), a maioria frequenta o 4º ano da licenciatura, 43 (38,1%), seguida,
do 5º ano, 37 (32,7%) e os restantes 33 (29,2%) frequentam o 6º ano (tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização dos participantes do estudo (n=115) ao nível sóciodemográfico.
N
(%)
Masculino
46
(40,0)
Feminino
69
(60,0)
18-21
10
(8,7)
22-25
86
(74,8)
26-29
15
(13,0)
>29
4
(3,5)
4
43
(38,1)
5
37
(32,7)
6
33
(29,2)
Género
Idade (em anos)
Ano de Licenciatura
(em anos)
31
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Apenas 8,8% dos participantes em 114 respostas (1 (0,9%) não resposta), referiram não ter
ao longo da sua formação académica alguma disciplina que abordasse a temática da
ergonomia aplicada à prática clínica, (figura1).
Existência de formação específica em ergonomia
8,8%
91,2%
Não
Sim
Figura 1 – Distribuição dos participantes do estudo (n=114) relativamente ao facto de
terem abordado nalguma disciplina a temática de ergonomia aplicada à prática clínica.
Observou-se que a grande maioria 56,5% dos inquiridos (n=115), assinalou que tinha entre
oito a dez horas semanais de trabalho clínico ao contrário a minoria 6,1% assinalou ter
mais de dezassete horas de prática clínica (figura 2).
Número de horas semanais de trabalho clínico
(n=115)
100,0%
80,0%
56,5%
60,0%
40,0%
24,3%
20,0%
13,0%
6,1%
0,0%
8 a 10
11 a 13
14 a 16
>17
Figura 2 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao número de
horas semanais de trabalho clínico.
32
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
A distribuição dos participantes a maioria, 79 (68,7%) referiu já ter sentido dores na sua
prática clínica que possa associar aos diferentes protocolos clínicos executados (figura 3).
Dores associadas aos diferentes protocolos clínicos executados
(n=115)
Não
Sim
68,7%
31,3%
Figura 3 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
alguma vez ter sentido dores que possam associar aos diferentes protocolos clínicos
executados na prática clínica.
Figura 4- modelos apresentados no inquérito para os participantes assinalarem as áreas
com dor (cit. in Carneiro, P., Barroso, M. e Braga, A. C., 2007).
33
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Relativamente aos dados obtidos em relação às áreas afectadas com dores associadas á
pratica clínica, observou-se que as áreas assinaladas com maior frequência foram: a zona
superior das costas que inclui zona inferior do pescoço e zona trapezoidal (30), zona
lombar (33 esquerda e 34 direita), zona cervical (2 direita e 3 esquerda) com: 68,4%,
57,0%,58,2%, 31,6% e 31,6%, pelo contrário não foram referidas sintomatologias
dolorosas nos pés (26 direito e27 esquerdo) respectivamente (figura 5).
Área(s) afectada(s):
(n=79)
100,0
90,0
80,0
68,4
70,0
58,2
57,0
60,0
50,0
(%)
31,6
40,0
31,6
30,0
21,5
19,0
20,0
10,0
0,0
20,3 20,3
15,2
11,4
7,6
5,1
12,7 12,7
2,5 3,8 2,5
5,1
1,3
3,8
1,3 0,0 0,0 1,3 1,3
22,822,8
12,712,7
3,8
6,3
2,5 1,3
0,0 0,0
2,5 2,5 2,5 3,8 2,5 1,3 2,5 2,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44
Figura 5 – Distribuição das áreas afectadas pelas dores sentidas na prática clínica que
foram associadas aos diferentes protocolos clínicos executados.
Observa-se que dos participantes do estudo (n=115), nenhum considerou que os tampões
protectores para os ouvidos seria um dos itens de protecção indispensáveis na sua pratica
clínica, contudo a maioria considerou que os óculos de protecção e o vestuário de uso
exclusivamente clínico com frequências de 90,4% e 92,2% designadamente (figura 6).
34
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Itens indispensáveis na prática clínica
(n=115)
Outros
17,4
Vestuário de uso exclusivamente clínico
92,2
Calçado de uso exclusivamente clínico
67,0
Tampões protectores nos ouvidos 0
Óculos de Protecção
90,4
0
10
20
30
40
(%)
50
60
70
80
90
100
Figura 6 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente aos itens,
que consideram indispensável na prática clínica.
A distribuição dos participantes deste estudo (n=115) na questão se consideram existir
diferentes níveis de exigência postural nas diversas áreas na medicina dentária observase que a grande maioria 82,6% respondeu sim (figura 7).
Existencia de diferentes níveis de exigência postural nas diversas
áreas na medicina dentária
(n=115)
82,6%
17,4%
Não
Sim
Figura 7 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente à existência de
diferentes níveis de exigência postural nas diversas áreas na medicina dentária
35
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Os resultados obtidos, demonstram que dos participantes do estudo que responderam sim
na questão anterior (n=95), apenas 79 participantes responderam a esta questão, e
consideram que área da medicina dentária que exige maior esforço postural é a cirurgia
oral com 35,4%, seguidamente da endodontia com 24,1%, odontopediatria 22,8% e
pacientes especiais com 20,3%, pelo contrário relativamente às áreas que consideraram
exigir menor esforço, a grande maioria dos participantes responderam ser ortodontia com
38,0% e a periodontia com 15,2 % respectivamente (figura 8).
Áreas que exigem maior esforço postural por parte do médico dentista
(por ordem decrescente)
(n=95)*
8 - Menor Esforço 1,3
0 8,9
7
12,7
6
5
13,9
3,8
7,6
3,8
10,1
11,4
10,1
11,4
15,2
10,1
11,4
38
30,4
12,7
15,2
12,7
22,8
24,1
13,9
10,1
3
12,7
22,8
12,7
11,4
1 – Maior Esforço
22,8
0
10
20
5,1
30
10,1
3,8 6,3
6,3
20,3
35,4
15,2
25,3
11,4
15,2
19
26,6
4
2
11,4
5,1 5,1
10,1
40
50
7,6
7,6
5,1
8,9
6,3
60
6,3
3,8
70
6,3
11,4
22,8
10,1
11,4
1,3
16,5
10,1
8,9
6,3
24,1
80
Cirurgia oral
Odontopediatria (%)
Pacientes Especiais
Dentisteria
Periodontia
Prostodentia
Ortodontia
Endodentia
90
100
*De notar que só 79 participantes responderam a este ponto, as percentagens apresentadas são em função destas 79 respostas.
Figura 8 – Distribuição dos participantes do estudo (n=95) relativamente às áreas da
medicina dentária, que consideram exigir maior esforço postural por parte do médico
dentista (por ordem decrescente).
36
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Relativamente aos resultados obtidos, observou-se que, a maioria dos participantes deste
estudo (n=115) consideraram que, quase todas as opções, sobre alguns itens que
consideravam indispensáveis à prática clínica eram muito importantes, destacando-se: a
lavagem das mãos entre consultas com 80,9%, o banco com apoio lombar com 62,6%, a
ajustibilidade ao paciente com 59,6%, o ajuste da altura do banco com 58,3% e a mesa de
apoio com 53,0% (figura9).
Classificação do grau de importância
(n=114)
Fazer pausas entre consultas 5-10 minutos
5,2 6,1 2,6
Praticar exercício físico
9,6
10,4
Alternar entre a posição de pé e sentada * 2,6 8,8
Apoio de braço *
12,2
5,3 4,4
Ter mesa de apoio 1,7
0,9
2,6
25,2
7,0
48,7
18,3
8,8
21,1
11,4
18,4
14,8
22,6
32,2
36,0
22,8
37,7
27,0
22,8
53,0
Ajustabilidade ao paciente * 0,9
0,9
0,96,1
31,6
59,6
Ajuste de altura no banco 0,9
0,0
1,7 6,1
33,0
58,3
Ajuste da inclinação do assento 0,9
1,7
2,6 11,3
8,7
Banco com apoio lombar 0,9
0,0
2,6
Lavagem de mãos5,2
1,7
0,0
0,9
0,0
33,0
50,4
25,2
62,6
11,3
10,0
80,9
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
(%)
Nenhuma importância
Pouca importância
Importante
Importância questionável
Alguma importância
Muito imporante
*De notar que nestes 3 casos apenas 114 participantes responderam a este ponto, assim, nesses casos, as percentagens
apresentadas são em função destas 114 respostas
Figura 9 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao grau de
importância atribuída alguns itens indispensáveis à prática clínica.
37
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Dos participantes deste estudo (n=115), a minoria 14,8% responderam que na sua opinião
era preferível utilizar bata aquando das suas actividades clínicas contra os restantes
participantes que assinalaram a opção farda (figura 10).
Na sua opinião é preferível utilizar?
(n=115)
14,8%
85,2%
Bata
Farda
Figura 10 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente à preferência
entre uso de bata ou farda.
Quanto à questão se era capaz de prejudicar a sua própria postura para proporcional mais
conforto ao paciente, a divergência entre os participantes do nosso estudo é 2,2%, pois
47,8% dos participantes respondeu não, contra os restantes de opinião contrária (figura 11).
Para proporcionar mais conforto ao paciente era capaz de
prejudicar a sua própria postura?
(n=115)
47,8%
Não
52,2%
Sim
Figura 11 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
prejudicarem a própria postura em prol do conforto do paciente.
38
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
No que concerne à mão de trabalho, a distribuição dos participantes deste estudo (n=114)
demonstra que apenas 7,0% eram esquerdinos (figura 12).
Mão de trabalho
(n=114)
7,0%
93,0%
Direita
Esquerda
Figura 12 – Distribuição dos participantes do estudo (n=114) relativamente a serem
dextros ou esquerdinos.
A distribuição dos participantes do estudo (n=114) quanto a posição do paciente revela que
a maioria dos inquiridos respondeu à sua esquerda 91,2% (figura 13).
Posição do paciente
(n=114)
8,8%
91,2%
À sua direita
À sua esquerda
Figura 13 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao
posicionamento do paciente.
Relativamente à questão se considera preferível trabalhar a duas ou a quatro mãos observase que 46,5% dos participantes respondeu com duas mãos (figura 14).
39
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Considera preferível trabalhar com
(n=114)
53,5%
Duas mãos
Quatro mãos
46,5%
Figura 14 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente ao facto de
preferirem trabalhar com duas ou quatro mãos
No que concerne às patologias que podem advir da falta de ergonomia na execução dos
diferentes procedimentos clínicos a grande maioria dos participantes do estudo (n=115)
assinalou lesões músculo esqueléticas 99,1% e varizes com 65,8%. Contudo verificou-se
que dos 115 participantes apenas 1,0% escolheu a opção de outras (referindo hepatite B);
(figura15).
Patologias que podem advir da falta de ergonomia nos diferentes
procedimentos clínicos:
(n=114)
0,9
99,1
65,8
21,9
22,8
32,5
26,3
24,6
0
10
20
30
40
-
50
60
70
80
90
100
Figura 15 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às patologias
que podem advir da falta de ergonomia nos diferentes procedimentos clínicos.
40
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Realizaram-se alguns cruzamentos de variáveis com a finalidade de verificar se o presente
estudo admitia uma associação estatística utilizando-se o método de qui-quadrado, no qual
se p> 0,05 não rejeita a hipótese nula de independência das duas variáveis:
Observa-se que existe uma relação estatística entre os alunos frequentarem o 4º,5º ou 6º
ano de licenciatura e as horas de trabalho clínico, sendo o p=0,00; (tabela 2).
Ano de licenciatura # Número de horas semanais de trabalho clínico
Número de horas semanais de trabalho
clínico
Ano
11 a 13
14 a 16
>17
Total
19
6
13
5
43
5
22
11
2
2
37
6
23
10
0
0
33
64
27
15
7
113
de 4
Licenciatura
(em anos)
8 a 10
Total
Tabela 2 - Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis ano
de licenciatura e número de horas de trabalho clínico.
Observa-se que existe uma relação estatística entre o vestuário e o calçado de uso
exclusivamente clínico, sendo o p = 0,00; (tabela 3).
Calçado de uso exclusivamente clínico # Vestuário de uso exclusivamente clínico
Vestuário
de
exclusivamente clínico
Não
Sim
uso
Total
Calçado de uso
Não
8
30
38
exclusivamente clínico
Sim
1
76
77
9
106
115
Total
Tabela 3 – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis que
considera indispensáveis na prática clínica calçado e vestuário exclusivamente clínico.
41
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Observa-se que existe uma relação estatística entre a ajustibilidade ao paciente e o ajuste
de altura ao banco, sendo que p = 0,00 (tabela 4).
Ajustabilidade ao paciente # Ajuste de altura no banco
Ajustabilidade ao paciente
Ajuste
de
altura
no
banco
Nenhuma
importância
Total
Nenhuma Importância Pouca
Alguma
Muito
importância questionável importância importância Importante importante
1
0
0
0
0
0
Pouca
0
importância
0
1
0
1
0
Alguma
0
importância
0
0
3
1
3
Importante 0
1
0
4
22
10
Muito
importante
0
0
0
0
12
55
1
1
1
7
36
68
Tabela 4 - – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis
ajuste da altura do banco e ajustibilidade ao paciente.
Relativamente às variaveis: género e a existência de dor relacionada com a actividade
clínica, embora se verifique que existe uma tendência para género feminino sentir mais
frequentemente dores associadas à pratica clínica, não se conseguiu obter uma relação
estatística entre estas duas variaveis, sendo que p = 0,139 (tabela 5).
42
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Género * Na sua prática clínica alguma vez sentiu dores que possa associar aos
diferentes protocolos clínicos executados
Na sua prática clínica alguma vez
sentiu dores que possa associar aos
diferentes
protocolos
executados
Género
Masculino
Feminino
Total
clínicos
Total
Não
Sim
18
28
46
18
51
69
36
79
115
Tabela 5- – Distribuição dos participantes do estudo (n=115) relativamente às variáveis
género e sentir dor associada com a prática clínica.
II.6. Discussão
Relativamente aos dados sócio-demográficos com maior relevância neste estudo, dos 115
inquiridos, a maioria: é do sexo feminino, 69 (60,0%), 86 (74,8%) tem entre 22 e 25 anos e
43 (38,1%) frequenta o 4º ano da licenciatura. Existem na literatura artigos que apontam
para uma maior frequência de queixas de dor, desconforto ou patologias desenvolvidas no
género feminino provocadas pelo exercício da profissão (Rundcrantz et al., 1990). Quanto
a este dado observa-se uma unanimidade entre diversos pensadores, segundo Filho et al.
(1997) com um valor de 52,9%. No presente estudo observou-se que existia uma tendência
para uma maior queixa de sintomatologia dolorosa no género feminino, contudo não foi
possível chegar a um resultado com significância estatística obtendo-se um p=0,139.
Outros factores frequentemente associados à existência de sintomatologia dolorosa são a
idade (quanto mais idade, maior tendência para a incidência de dor) e o número de horas
semanais, nas perspectivas de Finsen et al. (1998) e Rundcrantz et al. (1990), contudo este
último, acrescenta que o tempo semanal de horas de trabalho para o género masculino é
superior ao género feminino. Contudo, Letho et al. (1991) discordavam que a idade seria
um factor directamente relacionado com a existência de sintomatologia.
43
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Observou-se que a maioria dos participantes referiu ter tido na sua formação académica
alguma disciplina que abordasse a temática da ergonomia, tal como tem vindo a ser
preconizado desde 1970, as universidades de medicina dentária são os melhores locais para
uma aprendizagem adequada sobre os princípios básicos da ergonomia no desempenho da
actividade clínica, pelo que se tem aconselhado que existe uma necessidade de aumentar
significantemente o tempo disponibilizado para a aprendizagem de condutas ergonómicas e
conhecimentos consolidados sobre: equipamentos, posturas, riscos e patologias,
procurando assim desde cedo ensinar o que é correcto apostando numa política de
prevenção (Rucker, 2000; Laderas e Felsenfeld, 2002).
No que concerne à existência de dor associada à actividade profissional no nosso estudo, as
zonas mais afectadas foram a região cervical, a região trapezoidal e a região lombar, tais
resultados também vão de encontro com os dados descritos por diversos autores como
Finsen et al. (1998), relataram que cerca de dois terços dos dentistas referiam dor na região
do pescoço ou ombros no decorrer do último ano e Rundcrantz et al. (1990) revelaram que
72,0% dos dentistas apresentava dor tanto no pescoço como na região lombar. Um outro
estudo de Filho et al. (1990), revelou que as zonas mais afectadas no género feminino são
os pulsos e as articulações dos dedos enquanto no género masculino são os ombros e
pulsos. Um outro estudo desenvolvido na Finlândia por Letho et al. (1991) demonstrou que
42% dos dentistas já tinham sentido dor na região do pescoço e ombro; dor esta, que
afectava directamente as actividades quotidianas, sendo que o género masculino era o mais
afectado sofrendo de artroses.
Relativamente às questões, considera existirem diferentes níveis posturais para as diversas
áreas na medicina dentária e se sim, quais efectivamente são aquelas que considera exigir
maior esforço, verificou-se que a maioria dos participantes que respondeu sim, considerou
ser a cirurgia, seguidamente da endodontia, odontopediatria e pacientes especiais, tais
escolhas podem ser explicadas pela natureza minuciosa e o cariz repetitivo da própria
profissão e dos materiais manuais utilizados (maior tempo de manipulação de
instrumentos) e da natureza dos cuidados e atenção que requer cada tipo de paciente, na
perspectiva de Graça et al. (2006), os pacientes especiais requerem um pouco mais de
cuidado na manipulação do equipamento e na escolha deste, de forma a conseguir um
máximo de vantagens para o profissional a nível ergonómico sem contudo descurar o
conforto do paciente durante o seu atendimento, a nível pedagógico considera importante
44
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
ter formação psicológica teórica e prática para desenvolver as competências que este tipo
de pacientes exigem. Segundo Filho et al. (1990), é mais comum no género feminino as
queixas em relação à área da cirurgia pela necessidade de força aplicada.
Quanto à questão que pedia para assinalar o item ou os itens que, considerava
indispensáveis na prática clínica a maioria dos participantes, assinalou os óculos, o
vestuário e o calçado exclusivamente clínico, itens que são regras da faculdade, o que vai
de encontro com a política de prevenção defendidas por Rucker (2000); Laderas e
Felsenfeld (2002), pois alertam para a importância de ensinar a profissão com qualidade
aumentando o tempo disponibilizado para a aprendizagem de condutas ergonómicas e
conhecimentos consolidados sobre: equipamentos, posturas, riscos e patologias,
procurando assim desde cedo ensinar o que é correcto, pois o mais lógico é observarem-se
os médicos dentistas trabalharem de acordo com os ideais defendidos na sua vida
académica.
No que concerne, à importância atribuída aos itens: pausas entre consultas, mesa de apoio,
cadeira com ajustibilidade ao paciente, cadeira com: apoio lombar, ajuste de altura, braço
de apoio, lavagem de mãos entre consultas, praticar exercício físico e alternar entre a
posição sentada e de pé, os resultados obtidos demonstram que existe muito discernimento,
nas respostas obtidas, a grande maioria está consciente da importância de todos estes itens
no dia-a-dia do médico dentista, na melhor eficiência do seu trabalho, na sua saúde e
qualidade de vida e no conforto e satisfação do paciente.
Relativamente às questões de serem dextros ou esquerdinos e qual a posição que deve ficar
o paciente, os resultados obtidos revelam que a maioria é dextro, contudo em relação à
posição a que deve ficar o paciente apenas 8,8% dos participantes do estudo responderam
acertadamente à sua direita segundo Rundcrantz et al. (1990), o paciente deve ficar à
direita do médico dentista, este por sua vez deve optimizar a sua posição respeitando as
normas da “Internacional Standards Organization” e da “Federation Dentaire
Internacionale” (ISO_FDI) que classificam numericamente as posições a serem adoptadas
pelo médico dentista durante os tratamentos dentários. O sistema funciona como um
relógio colocado sobre a cadeira do paciente, apresentando o número 12 do relógio para a
posição da cabeça do paciente e o número 6 para os pés do mesmo, normalmente para o
clínico dextro, pode obter a posição mais vantajosa de trabalho se tiver entre as 9 e as 11.
O ideal para esquerdinos seria equipamento adequado às suas necessidades, de forma a não
45
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
tornar os procedimentos clínicos mais exigentes sob o ponto de vista postural. Obteve-se
uma relação estatistica entre as variaveis ser dextro ou esquerdino e a posição do paciente,
sendo que p=0,000.
A questão se era capaz de prejudicar a sua postura em prol do conforto do paciente, 47,8%
dos participantes do estudo respondeu acertadamente não, enquanto os restantes
responderam erradamente sim, uma vez que paciente apenas está em tratamento o tempo
de consulta enquanto o médico dentista estará o dia inteiro de trabalho, logo se houver
necessidade de “prejudicar” a postura de alguém deverá ser a do paciente.
Os resultados obtidos relativamente, se é preferível trabalhar com duas ou a quatro mãos,
revelam que, 53,5% dos inqueridos responderam correctamente a quatro mãos, pois o
trabalho da assistente é imprescindível na optimização do trabalho, desde 1970 se
preconiza que as universidades de medicina dentária estabeleçam equipas de binómios para
melhor gerir e rentabilizar a prática clínica da medicina dentária (Rucker, 2000; Laderas e
Felsenfeld, 2002). Um estudo de Valachi, B. e Valachi, K. (2003), recomenda o trabalho a
quatro mãos em clínica, mas adverte para a necessidade de procurar não estabelecer um
trabalho estático e alternar nas posições e procedimentos, quer isto dizer intercalar uma
consulta de destartarização com uma de dentisteria por exemplo, de forma a diminuir
riscos de repetição de posturas e movimentos.
No que concerne às patologias que podem advir da falta de ergonomia nos diferentes
procedimentos clínicos, a grande maioria dos inquiridos 99,1% assinalou correctamente as
lesões músculo-esqueléticas, as varizes 65,8%, contudo observa-se que tiveram dificuldade
em relacionar todas as outras restantes patologias e apenas um único inquirido relacionou
no item outros, patologias infecto-contagiosas mais concretamente a hepatite B e C e a
sida. Burke et al. (1997), realizaram um estudo no Reino Unido, no qual concluíram que as
lesões músculo-esqueléticas eram a primeira causa para o abandono precoce da profissão
com 29% e seguidamente apontaram problemas cardíacos. Um outro estudo realizado na
Dinamarca por Finsen et al. (1998) revela que 65% dos médicos dentistas sofriam de dores
na região do pescoço e ombros e 59% revelavam queixas a nível da região lombar.
Segundo Tozzi (1999), as queixas de stress e lesões músculo-esqueléticas estão a tornar-se
nas principais queixas de doenças relacionadas com o trabalho. A profissão de médico
dentista está intimamente relacionada com este tipo de lesões pelo seu carácter repetitivo.
Cerca de 2% dos médicos dentistas nos E.U.A. foram contagiados com a sida (Castaño et
46
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
al., 2005); os efeitos da radiação ionizante são cumulativos mas podem ser evitados se
utilizados métodos de protecção individual como a luva ou o avental de chumbo, e se
existir as barreiras físicas no consultório (como portas ou paredes revestidas por materiais
rádio protectores), no caso de mulheres grávidas não devem ser expostas à radiação, sendo
que o primeiro trimestre durante a organogenese é o mais critico, pelo risco cumulativo e
efeitos tetragénicos da dose absorvida pelo feto sendo que os riscos diminuem no segundo
e terceiro trimestre de gravidez importante avaliar o risco/ beneficio (Sousa et al., 2006).
Segundo um estudo realizado por Paula Carneiro no âmbito da sua tese de Mestrado na
Universidade do Minho, os médicos dentistas devem seguir algumas recomendações para
mais, eficientemente rentabilizarem o seu trabalho.
Recomendações para um trabalho mais ergonómico na profissão de médico
dentista:
-Utilização/ escolha de equipamento mais ergonómico, mais ajustável a cada paciente.
-Climatização dos consultórios.
-Mais luz e arejamento do consultório.
-Colaboração entre produtores de infra-estruturas relacionadas com a prática clínica da
medicina dentária e as faculdades de engenharia humana.
-Incluir uma disciplina Ergonomia nos planos curriculares das Universidades de
Medicina Dentária.
-Trabalhar menos horas por dia e fazer pausas entre consultas de pelo menos 10 minutos
e nesses intervalos fazer exercícios posturais que contrariem as posições habituais.
-Uma vez por ano consultar um especialista de RPG (reposicionamento postural e
47
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
global).
-Praticar exercício físico regularmente.
-Destinar mais tempo a cada consulta.
-Praticar sempre “four-handed dentistry”, ou seja, trabalhar preferencialmente com uma
assistente de cadeira.
-Utilizar fáceis acessos aos materiais utilizados.
-Instrumentos mais leves.
-Banco de dentista e assistente com apoio lombar, completamente ajustável e com
assento em forma de sela.
-Procurar utilizar posturas correctas.
-Respeitar as normas de utilização dos equipamentos.
-Maior flexibilidade de regulação de encosto de cabeça do paciente.
-Melhor abertura da boca por parte dos pacientes.
-Maior elevação da cadeira do paciente.
-Colocar o paciente o mais horizontalmente possível.
-Adoptar um sistema de trabalho que permita apoiar os cotovelos durante os
48
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
procedimentos clínicos.
-Usar lentes de aumento.
-Escolher cadeiras de paciente que permitam ter maior amplitude de movimentos.
-Usar equipamentos de protecção pessoal, sempre em todos os procedimentos óculos de
protecção, vestuário e calçado exclusivamente clínico, luvas de chumbo e tampões
protectores quando necessários.
-Realizar a endodontia mecânica em vez da manual sempre que for possível de forma a
diminuir a dor nos dedos em geral e no polegar.
-A distancia entre os óculos do dentista ou os olhos não deve ficar a uma distância
superior de 35 40cm do campo de operação.
-O local a tratar dentro da boca do paciente deve colocar-se mesmo simetricamente ao
tronco do dentista mais precisamente, a uma distância de 20 a 25cm do esterno.
Adaptado de Paula Carneiro (2005).
Segundo, um artigo da revista Saúde Oral de Setembro/Outubro de 2009 escrito por Susana
Marvão, existe uma necessidade extrema da interdisciplinaridade entre duas áreas, a
Medicina Dentária com a Engenharia, para desenvolver novos equipamentos mais
ergonómicos, sendo que o projecto ainda está numa fase embrionária visto que, a
Bioengenharia aplicada à Medicina Dentária é um bem necessário, mas ainda em expansão
pois, considera-se que a Medicina Dentária é o parente pobre da Medicina, visto que o
Sistema Nacional de Saúde pouco investe nesta área, como tal existe uma procura de
esforços por parte diversas entidades com o objectivo de combater esta problemática e
passar dos projectos à acção.
49
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
Conclusão
Considera-se que os objectivos propostos para o presente estudo foram atingidos,
conseguimos avaliar as percepções dos alunos relativamente aos impactos ergonómicos da
actividade clínica, verificamos as controvérsias mais frequentes sobre os princípios
ergonómicos fundamentais ao elevado desempenho e satisfação profissional, conseguiu-se
captar a atenção para algumas dúvidas que poderiam eventualmente existir tais como, a
importância: da escolha e do correcto manuseamento do equipamento, a posição do
paciente preferencialmente à direita, a posição do médico entre as 9h e as 12h, trabalho de
equipa preferencialmente a quatro mãos, aprendizagem dos bons hábitos ergonómicos para
a própria protecção mas também, para a protecção dos pacientes, os riscos associados a
práticas inadequadas, mas acima de tudo para a prevenção e aquisição de rotinas saudáveis.
Verificamos com a realização deste estudo que é imprescindível a existência de uma
disciplina de ergonomia nos planos curriculares das Universidades de Medicina Dentária,
pois serão medidas estratégicas para uma melhor inclusão de conhecimentos e hábitos, e
deve ser o ponto de partida para um melhor desempenho, realização profissional e uma
melhor qualidade de vida.
É importante encurtar distâncias, consciencializar riscos e evitá-los, algumas lacunas de
aprendizagem, podem irremediavelmente ser as causas de maus hábitos de trabalho e
condutas de risco, a não consciencialização dos nossos erros pode ter consequências tão
drásticas como aquisição de patologias, fadiga, mal-estar e abandono prematuro da
profissão.
Existe uma necessidade de comunicação entre as empresas de equipamento e as
Universidades de Medicina Dentária e Engenharia para em conjunto ultrapassarem
obstáculos e dificuldades tecnológicas e desenvolverem equipamentos ergonómicos tendo
por base a Bioengenharia aplicada à Medicina Dentária.
50
Estudo das Percepções Ergonómicas em Medicina Dentária
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Anexos
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