nelda palharini - relatorio

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS
ORIENTADORA: PROFª DRª MARIA ANDRÉIA INKELMANN
SUPERVISOR: MÉD. VET. RENAN KRUGER
Nelda Marli Richter Palharini
Ijuí, RS, Brasil
2015
1
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Nelda Marli Richter Palharini
Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na Clínica Médica de
Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária,
da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito
parcial para obtenção do grau de
Médica Veterinária.
Orientadora: Profª Drª Maria Andréia Inkelmann
Ijuí, RS, Brasil
2015
2
Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul
Departamento de Estudos Agrários
Curso de Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
elaborado por
Nelda Marli Richter Palharini
como requisito parcial para obtenção do grau de
Médica Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________
Maria Andréia Inkelmann
(Orientadora)
___________________________________
Cristiane Teichmann (UNIJUÍ)
(Banca)
Ijuí, novembro de 2015.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sua presença em minha vida, dando-me força, coragem
e sabedoria. Obrigada Senhor, porque Tu colocaste este caminho diante de mim e
peço-te, ajuda-me a dar o meu melhor em prol dos que me cercam.
Agradeço ao meu esposo Edmilson José, pelo apoio e por nunca deixar-me
desistir da caminhada, mesmo diante das dificuldades nunca mediu esforços para
ajudar-me, sempre sacrificando seu tempo para que eu pudesse dedicar-me aos
estudos.
Aos meus filhos, Carolina e Guilherme, pela compreensão e amor, perdoemme por esses anos de parcial ausência. Gostaria de ter dialogado mais, brincado
mais e ter-lhes dedicado maior atenção. Vou correr contra o tempo e recuperar ao
máximo aquilo que é mais importante nessa vida, a família, amo imensamente
vocês, meus queridos!
Aos meus pais, Nair e Gustavo, sogra Celestina, grata por suas orações que
me ajudaram a seguir na caminhada e aos demais familiares, agradeço os meus
irmãos, cunhados e sobrinhos por torcerem sempre por mim.
A todos os amigos, os colegas, os clientes e, em especial, ao nosso Médico
Veterinário Matheus, pelos anos de companheirismo. Obrigado Pr. Paulo e Timóteo
pelas palavras de incentivo e apoio espiritual.
A minha orientadora e amiga, Maria Andréia Inkelmann, por sua especial
dedicação, pelos conhecimentos transmitidos e, principalmente, na orientação deste
estágio final. A todos os professores que participaram da minha jornada acadêmica,
da UNIJUÍ e também da UNICRUZ, desejo agradecer por seu desprendimento e
dedicação.
Agradeço ao meu supervisor Renan Kruger pela paciência e disposição em
ajudar-me durante este estágio. Aos demais Médicos Veterinários, grata pela
amizade e aos ensinamentos compartilhados durante esta trajetória. Ao Hospital
Veterinário da UNIJUÍ por ter aceitado a minha solicitação de estágio, assim como à
direção e demais funcionários.
Por último, agradecer aos animais, que contribuíram para meu aprendizado e
que vão seguir fazendo parte do meu cotidiano. Grata a todos!
4
RESUMO
Relatório do Estágio Curricular Supervisionado
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
EM MEDICINA VETERINÁRIA – CLÍNICA MÉDICA
DE PEQUENOS ANIMAIS
AUTORA: NELDA MARLI RICHTER PALHARINI
ORIENTADORA: MARIA ANDRÉIA INKELMANN
Data e Local da Defesa: Ijuí, novembro de 2015.
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária ocorreu no
Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (UNIJUÍ), no município de Ijuí. Sendo este executado na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais, sob a orientação da professora Drª Maria Andréia
Inkelmann e supervisão do Médico Veterinário Renan Kruger, no período de 27 de
julho a 05 de setembro de 2015, totalizando 150 horas. Neste trabalho apresenta-se
a descrição do local do estágio, as atividades desenvolvidas, o acompanhamento
nas consultas ambulatoriais, procedimentos cirúrgicos, de internação e exames
complementares. As mesmas encontram-se na sequência, organizadas em tabelas.
Incluíram-se no relato os casos clínicos de Ceratite ulcerativa com melting em um
cão da raça Pinscher e Dermatite atópica em um cão da raça Lhasa Apso, ocorridos
durante o período de estágio e sua respectiva revisão bibliográfica. O estágio
curricular oportunizou o acompanhamento na rotina do Hospital Veterinário, servindo
para complementar a formação profissional, aumentando conhecimentos teóricos e
práticos dentro da área da clínica veterinária de pequenos animais.
5
LISTA DE ABREVIATURAS
BID – Bis in Die (duas vezes ao dia)
Drª – Doutora
g – Grama
h – Horas
HV – Hospital Veterinário
IM – Intramuscular
IV – Intravenoso
kg – Quilograma
mg/kg – Miligramas por Quilograma
mg/mL – Miligramas por Mililitro
mL – Mililitro
mL/kg – Mililitro por Quilograma
Profª – Professora
SC – Subcutâneo
SID – Semel in Die (uma vez ao dia)
TID – (três vezes ao dia)
UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
VO – Via Oral
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
–
–
–
Tabela 4
–
Tabela 5
–
Tabela 6
–
Tabela 7
–
Tabela 8
–
Tabela 9
–
Tabela 10
–
Procedimentos ambulatoriais acompanhados no Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de
27 de julho a 05 de setembro de 2015...........................................
Procedimentos cirúrgicos acompanhados no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de
julho a 05 de setembro de 2015.....................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema cardíaco
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro
de 2015...........................................................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema digestório e
glândulas anexas acompanhados no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de
julho a 05 de setembro de 2015.....................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema geniturinário
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro
de 2015...........................................................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema
musculoesquelético acompanhados no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de
julho a 05 de setembro de 2015.....................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema nervoso
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro
de 2015...........................................................................................
Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema tegumentar
e anexo acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado
em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro
de 2015...........................................................................................
Diagnósticos das afecções oftálmicas acompanhados no Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de
27 de julho a 05 de setembro de 2015...........................................
Doenças parasitárias acompanhadas no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de
julho a 05 de setembro de 2015.....................................................
11
12
12
12
12
13
13
13
14
14
7
Tabela 11
–
Exames complementares realizados e/ou solicitados no Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de
27 de julho a 05 de setembro de 2015........................................... 14
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................... 11
3 RELATOS DE CASO ......................................................................... 15
3.1 Ceratite ulcerativa com melting em um cão da raça Pinscher ....................... 15
3.2 Dermatite atópica em um cão da raça Lhasa Apso ......................................... 22
4 CONCLUSÃO .................................................................................... 31
5 REFERÊNCIAS .................................................................................. 32
9
1 INTRODUÇÃO
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de
27 de julho a 05 de setembro de 2015, perfazendo um total de 150 horas, sob a
orientação da Profª Drª Maria Andréia Inkelmann e supervisão do Médico Veterinário
Renan Kruger.
O Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul localiza-se na Rua do Comércio, nº 3000, Bairro Universitário, no
município de Ijuí, Estado do Rio Grande do Sul.
O Hospital Veterinário da UNIJUÍ foi inaugurado em 05 de abril de 2013. Este
espaço oferece atendimento nas áreas clínica médica e cirúrgica para o público
geral como também presta serviços a clínicas que necessitem de apoio diagnóstico.
O complexo hospital dispõe de serviços de internação, diagnóstico por imagem,
análises clínicas, parasitologia e histopatologia.
O horário de atendimento é das 08h às 19h, de segunda a sexta-feira e nos
sábados no horário das 08h às 16h.
Para o atendimento os pacientes são registrados por seus proprietários na
recepção do hospital veterinário, por ordem de chegada ou gravidade são
encaminhados a um dos três ambulatórios do primeiro bloco ou para internação e/ou
procedimento cirúrgico no segundo bloco.
Os atendimentos clínicos e cirúrgicos são realizados por uma equipe de
quatro Médicos Veterinários, auxiliados por cinco profissionais de enfermagem e
alunos estagiários. Aos domingos e feriados, o atendimento é somente para os
animais internados, com plantão dos técnicos de enfermagem.
A parte estrutural do Hospital Veterinário é formada por três blocos utilizados
para o atendimento a pequenos animais, caninos e felinos. O primeiro bloco é
composto por recepção, sala de espera, sala da direção, salas de diagnóstico por
imagem, três ambulatórios para atendimentos de rotina, laboratório de análises
clínicas e farmácia veterinária para o fornecimento de materiais e medicamentos de
uso hospitalar. O segundo possui dois blocos cirúrgicos, sendo um para as aulas
10
práticas e um auditório para as aulas teóricas. Dispõe de gatil e canil, sala de
enfermagem, onde são realizados os procedimentos com os animais internados e
uma sala de isolamento para animais com doenças infectocontagiosas. No terceiro
bloco encontram-se o laboratório de patologia animal e de anatomia veterinária.
Para a realização deste trabalho foi selecionada a área de Clínica Médica de
Pequenos Animais. A escolha do local de estágio no HV-UNIJUÍ se deve a estrutura
material e profissional, e por possibilitar oportunidades de observação e vivência de
densas experiências juntamente com profissionais qualificados e como forma de
valorizar o que temos de melhor em nossa cidade, a educação em uma das
melhores universidades privadas do país.
11
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades acompanhadas durante o período do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária, no Hospital Veterinário da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul foram, principalmente, no
atendimento clínico veterinário.
A posição de estagiária possibilitou-me acompanhar as consultas clínicas
veterinárias e auxiliar nos procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos, na coleta de
material para exames laboratoriais e exames de diagnóstico por imagem.
A seguir, apresentam-se listados nas tabelas os procedimentos ambulatoriais
e cirúrgicos, os diagnósticos que envolvem: sistemas (cardíaco, digestório,
geniturinário, musculoesquelético, nervoso e tegumentar), afecções oftálmicas,
doenças parasitárias e exames complementares.
Tabela 1 – Procedimentos ambulatoriais acompanhados no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Procedimentos
Aplicação de vacinas
Cateterização uretral
Coleta de sangue
Coleta de urina
Curativos
Eutanásia
Fisioterapia
Fluidoterapia
Quimioterapia
Remoção de suturas
Transfusão de sangue
Total
Cães
3
2
34
1
3
1
2
3
6
2
1
58
Gatos
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
2
Total
3
2
35
1
3
1
2
4
6
2
1
60
%
5
3,33
58,34
1,67
5
1,67
3,33
6,66
10
3,33
1,67
100
12
Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Procedimentos
Amputação de membro torácico
Biópsia vertebral
Profilaxia odontológica
Total
Cães
1
1
1
3
Gatos
0
0
0
0
Total
1
1
1
3
%
33,33
33,33
33,34
100
Tabela 3 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema cardíaco
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho
a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Cardiopatia
Total
Cães
2
2
Gatos
0
0
Total
1
2
%
100
100
Tabela 4 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema digestório e
glândulas anexas acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período
de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Avaliação de profilaxia odontológica
Fístula oronasal adquirida
Giardíase*
Neoplasia hepática
Objeto estranho gástrico
Total
*Não conclusivo.
Cães
1
1
1
1
1
5
Gatos
0
0
0
0
0
0
Total
1
1
1
1
1
5
%
20
20
20
20
20
100
Tabela 5 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema geniturinário
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho
a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Piometra
Doença renal crônica
Neoplasia mamária
Tumor venéreo transmissível (TVT)
Total
Cães
1
0
2
1
4
Gatos
0
1
0
0
1
Total
1
1
2
1
5
%
20
20
40
20
100
13
Tabela 6 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema musculoesquelético
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho
a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Doença do disco intervertebral
Ferida por mordida
Fratura de fêmur
Displasia coxofemoral
Hérnia inguinal
Neoplasia da coluna vertebral (condrossarcoma)
Poliartrite idiopática canina
Total
Cães
1
3
1
1
2
1
1
10
Gatos
0
0
0
0
0
0
0
0
Total
1
3
1
1
2
1
1
10
%
10
30
10
10
20
10
10
100
Tabela 7 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema nervoso
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho
a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Epilepsia idiopática
Lesão medular
Total
Cães
1
1
2
Gatos
0
0
0
Total
1
1
2
%
50
50
100
Tabela 8 – Diagnósticos das afecções que envolvem o sistema tegumentar e anexo
acompanhados no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho
a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Demodicose
Dermatite alérgica a saliva de pulga
Dermatite por picada de aracnídeo
Dermatite atópica
Lipoma
Papilomatose cutânea
Piodermite superficial
Mastocitoma
Total
Cães
2
0
1
2
1
1
3
2
12
Gatos
0
1
0
0
0
0
0
0
1
Total
2
1
1
2
1
1
3
2
13
%
15,37
7,70
7,70
15,38
7,70
7,70
23,07
15,38
100
14
Tabela 9 – Diagnósticos das afecções oftálmicas acompanhados no Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Ceratite ulcerativa
Total
Cães
2
2
Gatos
0
0
Total
2
2
%
100
100
Tabela 10 – Doenças parasitárias acompanhadas no Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Diagnósticos
Rangeliose*
Total
*Não conclusivo.
Cães
2
2
Gatos
0
0
Total
2
2
%
100
100
Tabela 11 – Exames complementares realizados e/ou solicitados no Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais no HV-UNIJUÍ, período de 27 de julho a 05 de setembro de 2015
Exames
Ultrassonografia
Citologia aspirativa por agulha fina
Eletrocardiograma
Hemograma
Parasitológico de pele
Radiografia
Teste da fluoresceína
Teste de Schirmer
Total
Cães
4
3
1
2
2
14
3
1
30
Gatos
0
0
0
0
0
1
0
0
1
Total
4
3
1
2
2
15
3
1
31
%
12,90
9,68
3,22
6,45
6,45
48,40
9,68
3,22
100
15
3 RELATOS DE CASO
3.1 Ceratite ulcerativa com melting em um cão da raça Pinscher
RESUMO
As ceratites ulcerativas são doenças corneanas frequentes na rotina da
clínica médica de pequenos animais. A córnea pode sofrer agressões de intensidade
variada, principalmente as de origem traumática ou infecciosa. As úlceras profundas
podem ser complicadas por infecção microbiana que através da produção de
enzimas degradativas cooperam para a lise e a desestruturação do estroma
corneano. Essas alterações necessitam de rápida intervenção para o sucesso
terapêutico, o que é fundamental para a manutenção da visão. Os sinais clínicos, o
histórico e o teste de tingimento pela fluoresceína positivo são importantes
ferramentas para o diagnóstico. Os animais com úlceras profundas podem
necessitar de tratamento clínico frequente e/ou cirúrgico. Neste trabalho relata-se o
caso de ceratite ulcerativa com melting, em um canino, atendido no Hospital
Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
O animal foi submetido a tratamento clínico e cirúrgico através do recobrimento com
retalho da membrana nictitante obtendo resultados satisfatórios.
Palavras-chave: Úlcera. Córnea. Tratamento. Canino.
INTRODUÇÃO
A córnea, estrutura transparente altamente refrativa e avascular, localizada no
polo anterior do globo ocular juntamente com a esclera compõe a túnica fibrosa
externa do olho (DYCE, 2004). Apresenta-se recoberta por filme lacrimal pré-corneal
e divide-se em quatro camadas: epitélio anterior, estroma, membrana de Descemet
e endotélio (FOSSUM, 2008; CARNEIRO FILHO, 2004; ANDRADE, 2008).
16
A ceratite ulcerativa ou úlcera de córnea encontra-se associada à erosão do
epitélio corneal e quando quantidades variáveis de estroma são perdidos (MILLER;
TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009).
A ceratite ulcerativa pode ocorrer secundária a qualquer condição que rompa
o epitélio ou o estroma corneano (MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009),
podendo ser classificada conforme a sua profundidade em úlceras superficiais ou
profundas (CARNEIRO FILHO, 2004).
Na lesão traumática simples, pequena quantidade de epitélio é perdida,
ocorrendo rápida cicatrização (SLATTER, 2005). A lesão estromal por sua vez,
apresenta maior complexidade e a cicatrização é mais lenta e geralmente resulta na
redução ou perda do aspecto translúcido corneal interferindo na visão (MILLER;
TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009).
As úlceras estromais são complicadas frequentemente por infecção
microbiana e pela produção de enzimas degradativas. A rápida dissolução corneana
ocasionada
por
proteases
e
colagenases,
produzidas
principalmente
por
Pseudomonas spp, e também por células inflamatórias, epiteliais e estromais
(SLATTER, 2005) leva a excessiva destruição enzimática causando o aspecto
gelatinoso do estroma corneal, denominado melting córnea (MILLER; TILLEY;
SMITH JUNIOR, 2009). Tal aspecto da lesão é referido como “derretimento” corneal
(CARNEIRO FILHO, 2004).
O objetivo deste trabalho é relatar o caso clínico de um canino com ceratite
ulcerativa com melting córnea, observando a necessidade de rápida intervenção
para o sucesso terapêutico.
METODOLOGIA
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, um canino macho, raça Pinscher, com 10
anos de idade, pesando 4 kg. A principal queixa foi de lesão no olho esquerdo,
ocasionado por uma briga com outro cão. Segundo relato do proprietário, o cão
apresentava secreção mucopurulenta no olho esquerdo, lacrimejamento, dor, fricção
e olho esbranquiçado há uma semana.
Durante o exame físico os parâmetros vitais encontravam-se dentro da
normalidade (TR: 38,8ºC, FC: 84 e FR: 30). No exame oftalmológico o olho direito
17
não
apresentava
nenhuma
alteração.
No
olho
esquerdo
observou-se
blefaroespasmo, epífora, sinais de dor, hiperemia conjuntival e secreção ocular
mucopurulenta. Além disso, o aspecto gelatinoso e acinzentado de “derretimento”
por toda a extensão corneal (melting córnea), associado ao teste da fluoresceína
positivo permitiu que se chegasse ao diagnóstico de ceratite ulcerativa com melting.
Em seguida aos achados do exame oftalmológico procedeu-se à técnica
cirúrgica de recobrimento com retalho da membrana nictitante. A tobramicina foi a
medicação oftalmológica tópica receitada, devendo o proprietário de o cão instilar
uma gota no olho esquerdo a cada quatro horas. A cefalexina suspensão (2,5 mL,
BID, VO, durante sete dias) foi o antibiótico recomendado, como analgésico a
dipirona (quatro gotas, TID, durante cinco dias) e o carprofeno (25 mg.kg -1, VO ½
comprimido, SID, durante quatro dias). Foi recomendado o uso obrigatório do colar
elisabetano, devendo retornar para avaliação e remoção dos pontos dentro de 10
dias. O animal do presente caso retornou dentro de cinco dias, quando foi possível
observar a progressão da cicatrização corneana.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O exame clínico precedido pelo histórico do animal, as informações do
proprietário, os sinais clínicos e o teste da fluoresceína positivo foram importantes
para o diagnóstico da ceratite ulcerativa com melting (FEITOSA, 2008).
Os cães das raças braquicefálicas costumam ser os mais acometidos pela
ceratite ulcerativa (MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009). Outro fator prédisponente importante é que os olhos dos mamíferos domésticos encontram-se mais
protrusos da superfície da face que os do homem (DYCE, 2004), permitindo um
contato maior olho-ambiente. Nesse caso o animal acometido não é da raça citada
pela literatura, entretanto a lesão foi originada em uma briga com outro cão e houve
contaminação bacteriana secundária, o que predispõe ao agravamento das lesões.
Há várias etiologias, sendo as principais traumática e infecciosa (EURIDES;
SILVA, 2013; BARBOSA; WOUK, 2014). Outras causas como, corpo estranho,
abrasão, anormalidade ciliar ou palpebral, ceratoconjuntivite seca e irritantes
químicos, podem ocasionar úlceras de córnea (SLATTER, 2005; MILLER; TILLEY;
SMITH JUNIOR, 2009; CARNEIRO FILHO, 2004; CRIVELLENTI; CRIVELLENTI,
2012). As causas infecciosas, possivelmente precedidas de trauma inicial, incluem
18
as infecções bacterianas principalmente por Pseudomonas aeruginosa (CARNEIRO
FILHO, 2004). No paciente do presente relato de caso a úlcera teve origem
traumática, sendo complicada por agentes microbianos.
Os sinais clínicos relatados normalmente pelos proprietários são a presença
de lacrimejamento, fricção dos olhos, histórico de trauma, estrabismo, edema de
córnea e inflamação (MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009). Os sinais
apresentados no caso relatado condizem com o exposto na literatura. Os sinais
clássicos são blefaroespasmo, fotofobia, epífora e perda da transparência da córnea
devido à invasão vascular (SLATTER, 1990, 2005; MILLER; TILLEY; SMITH
JUNIOR, 2009). Segundo Carneiro Filho (2004), a maioria dos animais apresentam
sinais de desconforto e dor, descarga ocular purulenta e prolapso de terceira
pálpebra. Neste caso clínico não foi observado o prolapso de terceira pálpebra,
sendo que os demais sinais citados pelos autores estavam presentes.
Podem-se classificar as úlceras de córnea segundo a sua profundidade em
superficiais ou profundas. Nas úlceras superficiais ocorre o acometimento do epitélio
(CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012), enquanto nas úlceras profundas há
envolvimento da camada estromal, podendo atingir a membrana de Descemet e,
posteriormente, ocorrer ruptura ou perfuração da córnea (CARNEIRO FILHO, 2004;
MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009). Nesse relato de caso ocorreu
acometimento estromal, podendo ser comprovado pelo teste da fluoresceína.
A córnea nos animais domésticos, embora suscetível a uma série de
influências lesivas apresenta boa capacidade de recuperação (JONES; HUNT;
KING, 2000). Segundo Miller, Tilley e Smith Junior (2009), as úlceras superficiais
não complicadas reparam-se num período de cinco a sete dias com mínima
formação de cicatriz. A cicatrização é rápida nas lesões traumáticas simples, quando
pequena quantidade de epitélio é perdida (SLATTER, 2005). As nébulas ou a cicatriz
corneal aguda geralmente desaparecem e não interferem na visão (CRIVELLENTI;
CRIVELLENTI, 2012). No presente relato haviam transcorrido sete dias, sendo que
nos dois últimos dias o animal apresentou piora dos sinais clínicos. Isso indica a
provável proliferação bacteriana associada à ação de enzimas degradativas, sendo
estes complicadores das ceratites ulcerativas.
Segundo Miller, Tilley e Smith Junior (2009), a cura das lesões corneanas
normalmente ocorre por infiltração fibrovascular, resultando na formação de
cicatrizes que interferem na visão, ao opacificar uma pequena área ou toda a
19
córnea. Jones, Hunt e King (2000) citam os ferimentos como as principais causas de
inflamação, resultando em opacificação corneal. O processo inflamatório ocasionado
pelo ferimento que o cão do presente relato sofreu contribuiu para a perda do
aspecto translúcido da córnea.
A destruição enzimática microbiana pode ocorrer em alguns casos de úlceras
corneanas. Durante o período reparatório há infiltração de leucócitos, produção de
proteases e crescimento de bactérias como Pseudomonas aeruginosa, a qual
produz substâncias químicas tais como proteases e colagenases. Essas
substâncias, ao digerirem os tecidos, resultam na desnaturação corneana,
denominada de melting córnea (CARNEIRO FILHO, 2004; SLATTER, 2005). O
estroma corneal apresenta aparência acinzentada e gelatinosa (MILLER; TILLEY;
SMITH JUNIOR, 2009; SLATTER, 2005). No presente caso, semelhante ao descrito
na literatura, o olho esquerdo do paciente apresentava aspecto gelatinoso e
acinzentado por toda sua extensão, caracterizando a lise (derretimento) corneal.
A úlcera de córnea pode ser diagnosticada associando-se os sinais clínicos
ao teste de fluoresceína positivo (ANDRADE, 2008; MILLER; TILLEY; SMITH
JUNIOR, 2009; CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012; RADOSTITS; MAYHEW;
HOUSTON, 2002). Os sinais clínicos que trazem a suspeita de úlcera são a
presença de dor, secreção ocular purulenta, blefaroespasmo e a fotofobia. Nesse
caso, além dos sinais coincidirem, o histórico do trauma também foi importante para
o diagnóstico da ceratite ulcerativa. O teste de tingimento pela fluoresceína positivo
neste paciente confirmou a presença da ceratite ulcerativa que associado ao
aspecto gelatinoso e acizentado da lesão, permitiu o diagnóstico definitivo de
ceratite ulcerativa com melting.
Os exames complementares podem ser realizados, principalmente nos casos
de úlceras complicadas e profundas. A avaliação citológica da córnea auxilia no
direcionamento do tratamento antimicrobiano inicial (MILLER; TILLEY; SMITH
JUNIOR, 2009). Na presença de secreções oculares pode-se realizar a colheita de
material por meio de swab estéril para identificação de agentes bacterianos, virais ou
fúngicos. Nesse relato de caso não foram realizados os exames complementares
citados pela literatura.
O tratamento da ceratite ulcerativa deve estar em conformidade à gravidade
da lesão (CARNEIRO FILHO, 2004). O mais importante nesses casos é identificar e
remover a causa desencadeante, precaver a progressão e empregar recursos
20
cirúrgicos para impedir a ruptura da córnea (SLATTER, 2005; BARBOSA; WOUK,
2014). Os animais com úlceras superficiais normalmente não necessitam de
intervenção cirúrgica (MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009). No entanto, os que
apresentam úlceras rapidamente progressivas ou profundas podem necessitar de
tratamento clínico frequente e/ou cirúrgico (SLATTER, 2005). Nesse caso, a ferida
por mordedura foi a causa desencadeante, optando-se pela intervenção cirúrgica
seguida do tratamento clínico, por se tratar de uma úlcera profunda.
O tratamento oftalmológico para a maioria dos pacientes consiste no uso de
antibióticos tópicos (ANDRADE, 2008). Nas úlceras superficiais, assim como nas
profundas os agentes tópicos de primeira escolha são a tobramicina ou o
cloranfenicol (seis instilações diárias) (CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012;
PAPICH, 2009), embora o último tenha pouco efeito contra Pseudomonas
(EURIDES; SILVA, 2013), principal agente presente no melting (CARNEIRO FILHO,
2004; SLATTER, 2005).
Nas
úlceras
complicadas
a
terapia
de
uso
tópico
pode
associar
aminoglicosídeos, como a tobramicina ou a gentamicina em combinação com a
cefazolina ou esta última combinada com uma flurquinolona, a ciprofloxacina
(MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009).
Nos casos de úlceras graves e desnaturadas, a formulação de colírios tópicos
associando agentes anticolagenases como a acetilcesteína 20% (6 mL), solução
oftálmica de atropina 1% (6 mL), sulfato de gentamicina 40 mg/mL 1 (1,5 mL) e
solução de lágrima artificial (25 mL) (SLATTER, 2005) ou acetilcesteína (solução de
5-10%, instilada uma a duas gotas, três a quatro vezes ao dia) diluída em lágrimas
artificiais (ANDRADE, 2008; CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012). No animal do
presente relato não foi instituída a terapia anticolagenase.
Os corticosteroides tópicos são contraindicados (ANDRADE, 2008) por
potencializar substâncias químicas como, proteases e colagenases, retardar a
cicatrização, reduzir a regeneração epitelial e endotelial (CARNEIRO FILHO, 2004;
CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).
Os tratamentos cirúrgicos capazes de favorecer os casos de úlceras que se
estendem a metade ou mais da camada corneana ou a membrana de Descemet,
incluem a cobertura com retalhos conjuntivais, da membrana nictitante, transposição
corneoescleral e a tarsorrafia (CARNEIRO FILHO, 2004; MILLER; TILLEY; SMITH
JUNIOR, 2009; CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).
21
O tratamento de úlceras profundas complicadas com retalho de conjuntiva
propiciam maior conforto ao paciente (MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR;
FERREIRA; SOUZA; SAKAMOTO, 2013). Slatter (2005) indica o recobrimento com
terceira pálpebra nas úlceras profundas descomplicadas e o enxerto pediculado
conjuntival para as úlceras profundas complicadas. Para o paciente deste relato
procedeu-se a técnica de recobrimento da membrana nictitante ou de terceira
pálpebra, por ter sido considerada uma úlcera complicada com melting córnea.
O diagnóstico diferencial baseia-se em eliminar outras causas de olhos
vermelhos e doloridos como, conjuntivite, ceratoconjuntivite seca, glaucoma e uveíte
MILLER; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2009).
O prognóstico dependerá da extensão da lesão, sendo bom nas úlceras
menores e reservado nas úlceras profundas e nos casos com melting córnea
(CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012; FEITOSA, 2008).
CONCLUSÃO
O tratamento clínico associado ao cirúrgico obteve resultados satisfatórios,
essenciais para impedir a progressão da ceratite ulcerativa com melting, permitindo
a recuperação corneana.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2008.
p. 119, 179-188.
BARBOSA, C. B.; WOUK, A. F. F. Uso da cola de fibrina autóloga no tratamento de
úlcera corneana profunda em cão. Revista Científica de Medicina Veterinária,
Curitiba: Medvep, p. 438-452, 2014.
CARNEIRO FILHO, L. Oftalmologia veterinária. 1. ed. São Paulo: Roca, 2004. p.
44-47.
CRIVELLENTI, L. Z.; CRIVELLENTI, S. B. Casos de rotina em medicina
veterinária de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: MedVet, 2012. p. 449-453.
DYCE, K. M. Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2004. p. 318-320.
EURIDES, D. S.; SILVA, L. A. F. Manual de cirurgia oftálmica veterinária. 1. ed.
Curitiba: Medvep, 2013. p. 10-17, 124-130.
22
FEITOSA, F. L. Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico. 2. ed. São Paulo:
Roca, 2008. p. 623-653.
FERREIRA, G. T. N. M.; SOUZA, T. F. B.; SAKAMOTO, S. S. Aspectos clínicos do
enxerto conjuntival 360º e do implante da membrana amniótica criopreservada no
tratamento de úlceras de córnea em cães. Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 3,
p. 1239-1252, maio/jun. 2013.
FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2008.cap. 16. p. 263-266.
JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 1. ed. São Paulo:
Manole, 2000. p. 1324.
MILLER, P. E.; TILLEY, L. P.; SMITH JUNIOR, F. W. K. Consulta veterinária em 5
minutos: manual de especialidades caninas e felinas: oftalmologia. São Paulo:
Manole, 2009. p. 55-63.
PAPICH, M. G. Manual Saunders terapêutico veterinário. 2. ed. São Paulo:
MedVet, 2009. p. 109, 113, 168.
RADOSTITS, O. M.; MAYHEW, I. G.; HOUSTON, D. M. Exame clínico e
diagnóstico em veterinária. 1. ed. Rio de Janeiro, 2002. p. 102.
SLATTER, D. Fundamentais of veterinary ophthalmology. 2. ed. Philadelphia: W.
B. Saunders, 1990.cap. 9 p. 257-303.
SLATTER, D. Fundamentos de oftalmologia veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca,
2005. p. 318-321.
3.2 Dermatite atópica em um cão da raça Lhasa Apso
RESUMO
A dermatite atópica canina (DAC) é uma reação de hipersensibilidade nos
animais geneticamente predispostos à alérgenos ambientais, resultando em sinais
clínicos inflamatórios crônicos e pruriginosos. Os sinais clínicos normalmente
aparecem entre um e três anos de idade, sendo que algumas raças são mais
predispostas geneticamente, como o Lhasa Apso. O diagnóstico da DAC baseia-se
no histórico, nos sinais clínicos e na exclusão de outras hipersensibilidades. O
controle terapêutico e a prevenção são essenciais no manejo dos cães atópicos. No
presente trabalho relata-se o caso clínico de um cão da raça Lhasa Apso, atendido
23
no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul e diagnosticado com dermatite atópica.
Palavras-chave: Canino. Atopia. Hipersensibilidade. Tratamento.
INTRODUÇÃO
A dermatite atópica canina (DAC) é uma das dermatopatias mais importantes
na rotina da clínica médica de pequenos animais. Acomete em torno de 10 a 15%
dos cães. É um distúrbio de hipersensibilidade cutânea nos animais geneticamente
predispostos (HNILICA, 2012), após exposição à alérgenos ambientais (ETTINGER;
FELDMAN, 2008), absorvidos percutaneamente, inalados ou ingeridos (TIZARD,
2008).
A sua fisiopatologia embora não totalmente compreendida, encontra-se
associada a possíveis defeitos na barreira epidérmica, permitindo a penetração de
alérgenos ambientais e microbianos (FAVROT et al., 2010; OLIVRY et al., 2010). O
aumento de anticorpos reativos (IgE, IgG) direcionados contra estes agentes
promovem uma reação de hipersensibilidade do tipo I (BIRCHARD; SCHERDING,
2008; MEDLEAU; HNILICA, 2003) e consequente desgranulação mastocitária,
responsáveis pela reação inflamatória e pruriginosa presentes na DAC canina
(JONES; HUNT; KING, 2000; TIZARD, 2008).
Segundo Tizard (2008), os principais alérgenos são pólen, ácaros da poeira
doméstica, bolores, gramíneas, cosméticos e produtos de limpeza (CRIVELLENTI;
CRIVELLENTI, 2012). A piodermite estafilocócica, malasseziose, hipersensibilidade
alimentar, dermatite alérgica à saliva de pulga e alteração cutânea local (escoriação,
pele seca), podem cooperar para a doença clínica (BIRCHARD; SCHERDING,
2008).
A DAC compõe um problema para toda a vida do animal e tende a não se
resolver. O sucesso terapêutico depende da capacidade de se identificar os fatores
que contribuem para a doença (BIRCHARD; SCHERDING, 2008). As alternativas de
tratamento são evitar o alérgeno envolvido, a vacina para alergia, a ciclosporina
(HNILICA, 2012), a terapia antimicrobiana e anti-inflamatória (BIRCHARD;
SCHERDING, 2008).
24
Segundo Ettinger e Feldman (2008), a terapia consiste em ajustar diferentes
intervenções a fim de conseguir resultados satisfatórios. “Tempo e paciência são as
chaves”.
O objetivo deste trabalho é relatar o caso clínico de um canino diagnosticado
com dermatite atópica, o qual, apesar de melhora do quadro clinico com tratamento
anterior, ainda apresentava recorrência de sinais clínicos.
METODOLOGIA
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, situada na cidade de Ijuí – RS, um canino
macho, não castrado, da raça Lhasa Apso, com dois anos de idade, pesando 6,5 kg.
Segundo relato do proprietário o animal apresentava prurido intenso
recorrente, sobretudo no membro torácico esquerdo. Quando inquirido sobre a
gravidade dos sinais clínicos (em escala de 0-10), o prurido e a lambedura obtiveram
nota sete, além da piora sazonal.
O cão já havia recebido tratamento anteriormente, há aproximadamente três
meses. Na ocasião apresentava prurido de grau máximo (10), lambedura, eritema,
dermatite úmida aguda, pústulas e feridas com crostas. Os sinais clínicos pioraram a
partir dos seis meses de idade, acometendo inicialmente o ouvido e após afetando
patas, abdômen, períneo e, por último, a pele do corpo todo. O cão foi adquirido com
45 dias de idade, sendo que a mãe do animal possuía alteração cutânea
semelhante.
O cão vivia dentro de casa e dormia em um cobertor lavado com sabão em pó
e o piso com cloro e detergente. O cão espirrava quando limpavam a casa e com o
uso de perfumes. Apresentou vômito com o uso de corticosteroide, embora
melhorasse do prurido.
Na última consulta o proprietário relatou o uso da pomada à base de
digluconato de clorexidina (Furanil® Vetnil) nas lesões, xampu antialérgico e controle
de pulgas periódico (cada dois meses com pour-on). A alimentação com ração de
cordeiro e a dieta de eliminação com ração hipoalergênica pelo período de 45 dias
havia sido utilizada.
No
exame
físico
os
parâmetros
vitais
apresentavam-se
dentro
da
normalidade. No exame tegumentar havia lesão na pele por lambedura no membro
25
torácico esquerdo na região medial, mancha salivar no pelo dos membros, eritema,
prurido e sinais de escoriação.
Para o tratamento foi aplicado Metilprednisolona ® (0,35 mL, SID, IM) e
receitada pomada Quadriderm® (gentamicina, betametasona e tolnaftato) para
aplicar no local da lesão, cloridrato de ranitidina (Label® humano 15 mg/mL, VO, 0,9
mL cada 12h, por 30 dias) e vermífugo (Endogard® 1 cp, SID, repetir em 15 dias).
As orientações ao proprietário do animal foram de uso do colar elisabetano e
sugerido que o mesmo procurasse uma clínica para fazer o teste intradérmico. Foi
também informado que a doença não tem cura, apenas controle.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A DAC acomete em torno de 10 a 15% dos cães (BIRCHARD; SCHERDING,
2008). Algumas raças são mais predispostas, tais como o Beagle, Cocker Spaniel,
Boxer, Bulldog, Dálmata, Lhasa Apso, Pug, Shar-Pei, Schnauzer miniatura,
Retrievers, Setters, Terriers, West Highland e Yorkshire (TIZARD, 2008; BIRCHARD;
SCHERDING, 2008; ETTINGER; FELDMAN, 2008). A raça do cão do presente
relato de caso, Lhasa Apso está entre as descritas pela literatura.
Os sinais clínicos aparecem entre um e três anos de idade, podendo ter o seu
início entre seis meses e seis anos (HNILICA, 2012). Para Medleau e Hnilica (2003),
a idade de início pode ocorrer a partir dos três meses, não ultrapassando os sete
anos. A herdabilidade da DA nos cães é considerada alta (HNILICA, 2012; TIZARD,
2008). A mãe do cão apresentava histórico de alteração cutânea, sendo o início dos
sinais clínicos aos seis meses de idade são mais um indicador da doença.
Os sinais iniciais são o prurido e o eritema, sendo que os cães afetados
inicialmente podem não apresentar lesões cutâneas evidentes (HNILICA, 2012;
TIZARD, 2008). Conforme Hnilica (2012), dependendo da ação do alérgeno indutor
os sinais clínicos podem ou não ser sazonais. Neste caso, o cão apresentava agravo
dos sinais com a proximidade da época de calor.
As lesões acometem especialmente face, região dorsal das patas, pavilhões
auriculares, axilas e virilhas (HNILICA, 2012), abdômen, períneo, região ventral da
cauda e do pescoço e extremidades mediais (FAVROT et al., 2010). A metade dos
cães atópicos geralmente apresenta otite externa (TIZARD, 2008). No caso aqui
descrito muitas destas áreas foram afetadas, em concordância ao citado pelos
26
autores, incluindo a presença de otite, que havia sido tratada e controlada
anteriormente no paciente do presente caso.
Segundo Medleau e Hnilica (2003), a repetição dos atos de lamber e coçar
pode ocasionar lesões cutâneas secundárias como: escoriações, alopecia, mancha
salivar, pápulas, descamação e crostas. Os cães podem apresentar lesões do tipo
hot spot. O animal do presente caso apresentava sinais de escoriação, mancha
salivar
úmida
e
hiperpigmentação
da
pele.
Na
DAC
podem
ocorrer
hiperpigmentação, liquenificação (MEDLEAU; HNILICA, 2003; TIZARD, 2008),
infecção bacteriana secundária e leveduriforme complicando a doença (JONES;
HUNT; KING, 2000; TIZARD, 2008). Podem ainda desenvolver piodermite
secundária, dermatite piotraumática recorrente, dermatite acral por lambedura ou por
Malassezia sp., conjuntivite, rinite alérgica e bronquite (HNILICA, 2012). O cão
espirrava quando usado produtos de limpeza no ambiente e quando aplicavam
perfume nele.
O diagnóstico da DAC baseia-se no histórico, nos sinais clínicos e na
eliminação de outras doenças pruriginosas (BIRCHARD; SCHERDING, 2008;
MEDLEAU; HNILICA, 2003). A lambedura sazonal das patas também serve de
auxílio diagnóstico (HNILICA, 2012). A abordagem diagnóstica, segundo Birchard e
Scherding (2008), consiste em diagnosticar, tratar e excluir infecções secundárias,
alergia à saliva da pulga e escabiose. Após excluídas, se o prurido residual for
sazonal o diagnóstico da DAC é positivo. Caso o prurido não for sazonal, efetuar o
teste alimentar. Não ocorrendo resposta ao mesmo, considera-se que o diagnóstico
é positivo para DAC. Segundo Jericó, Kogika e Andrade Neto (2015), a dieta
hipoalergênica deve ser realizada por seis a oito semanas. No paciente deste caso o
teste alimentar foi realizado por 45 dias, sem melhora do prurido.
Um conjunto de oito critérios recomendados recentemente (FAVROT et al.,
2010) serve de importante auxílio no diagnóstico da DAC, sendo os seguintes
critérios: o início dos sinais com menos de três anos de idade; cão vivendo
principalmente dentro de casa; prurido responsivo à corticoterapia; prurido não
lesional na fase inicial da doença; patas dianteiras afetadas (lambedura das patas);
pavilhão auricular afetado; margens da orelha não afetada; área dorso-lombar não
afetada. Conforme Favrot et al. (2010), a combinação de cinco destes critérios
possui 79% de especificidade no diagnóstico da atopia canina; um sexto critério
aumenta para 89%.
27
No animal deste relato foi recomendada a realização do teste diagnóstico
intradérmico, entretanto não se obteve informações se foi realizado posteriormente
ou não. Neste teste observam-se reações positivas a mofo, insetos, árvores,
gramíneas, pelos ou alérgenos ambientais (HNILICA, 2012).
No tratamento sintomático procura-se o controle do prurido, enquanto na
terapia específica os resultados baseiam-se no teste cutâneo específico, usando
imunoterapia alérgeno-específica, podendo-se obter resultados positivos em 80%
dos casos (ETTINGER; FELDMAN, 2008; BIRCHARD; SCHERDING, 2008;
TIZARD, 2008).
O controle do prurido pode ser conseguido através do uso de corticosteroides,
imunossupressores, anti-histamínicos, ácidos graxos (CRIVELLENTI; CRIVELLENTI,
2012) e através do tratamento de infecção secundária bacteriana e/ou leveduriforme
(BIRCHARD; SCHERDING, 2008).
O controle da dermatite por Malassezia, piodermite secundária e otite externa
são essenciais no manejo dos cães atópicos (HNILICA, 2012). A terapia tópica pode
ser útil para reduzir os sinais clínicos de prurido, utilizando-se xampus
antimicrobianos, condicionadores ou sprays (à base de aveia, pramoxina, antihistamínicos ou glicocorticoides) (HNILICA, 2012; TIZARD, 2008). Os banhos
umectantes auxiliam no restabelecimento da barreira lipídica, prevenindo a
penetração cutânea de alérgenos, agentes infecciosos e irritantes (BIRCHARD;
SCHERDING, 2008). Na DAC são comumente indicados xampus de clorexidine 23%, (Vetriderm Hipoalergênico® – Bayer, Allercalm® ou Allermyl Glyco® – Virbac)
(CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).
O tratamento adequado das orelhas e os banhos impedem recidivas das
infecções secundárias, desinfetam a pele, os canais auriculares e eliminam pólens e
pulgas
(HNILICA,
2012;
TIZARD,
2008).
Os
cães
podem
desenvolver
hipersensibilidade a antígenos salivares se expostos repetidamente à picada de
pulgas (FAVROT et al., 2010).
Nas infecções secundárias por piodermite bacteriana recomenda-se o uso da
cefalexina (30 mg/kg, VI, BID, por 30 dias) ou cefovecina (Convenia ® – Pfizer) (8
mg/kg, SC, a cada 15 dias, uma a três aplicações) (CRIVELLENTI; CRIVELLENTI,
2012). Os antifúngicos recomendados nos casos de malasseziose podem ser o
itraconazol (5 mg/kg, VO, BID ou 10 mg/kg, VO, SID) ou griseofulvina, podendo ser
28
associados com terapia tópica com xampu a cada três dias (associação de
clorexidina, miconazol, sulfeto de selênio) (CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).
Os anti-histamínicos sistêmicos (hidroxizina) possuem pouco ou nenhum
benefício na DAC aguda, auxiliando em casos brandos (FAVROT et al., 2010). O
uso combinado com glicocorticoide e ácido graxo obtém efeito sinérgico (HNILICA,
2012). O Temaril-P® (trimeprazina + prednisolona) apresenta uma dose mais baixa
de prednisolona associada ao anti-histamínico (1 tablete/10-20 kg, VO, cada 24-48
h) (HNILICA, 2012). Indicado para uso após as crises de prurido como manutenção
(BIRCHARD; SCHERDING, 2008).
A corticoterapia sistêmica costuma ser efetiva (75%) devido à rápida remissão
do prurido, nos casos de alergia sazonal curta (HNILICA, 2012), prurido grave e
quando outra terapia é ineficaz (ETTINGER; FELDMAN, 2008). No entanto, deve-se
observar efeitos adversos devido ao uso prolongado como gastrites e ulceração
gastrintestinais (JERICÓ; KOGIKA; ANDRADE NETO, 2015). A dose e a frequência
de administração devem ser diminuídas para a mais baixa possível (HNILICA, 2012).
O uso de corticosteroides sistêmicos como a prednisona ou a prednisolona
(0,25-1 mg/kg, VO, cada 24-48h, por três a sete dias) são indicados até a remissão
clínica (FAVROT et al., 2010; PAPICH, 2009) ou a dexametasona de ação curta
(0,5-1 mg/kg, IV) e a prednisolona (0,1-1 mg/kg, IV) (HNILICA, 2012).
Agentes imunossupressores, como a ciclosporina (5 mg/kg, VO, cada 24h,
quatro a seis semanas; em seguida cada 48-72h) ou azatioprina (1-2 mg/kg, VO,
SID), auxiliam no controle do prurido na DA não sazonal em 75% dos cães
(HNILICA, 2012; TIZARD, 2008; CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).
Os ácidos graxos (Ômega 3 e 6) podem auxiliar no restabelecimento da
barreira cutânea (TIZARD, 2008; BIRCHARD; SCHERDING, 2008) ajudando no
controle do prurido em 20% a 50% dos casos (HNILICA, 2012). A imunoterapia
apresenta resposta satisfatória em 60% a 80% dos cães com DAC (ETTINGER;
FELDMAN, 2008), reduzindo a necessidade de uso da terapia sintomática. São
administradas doses crescentes de extrato alergênico no animal com DAC com a
finalidade de abrandar os sintomas associados com subsequente exposição ao
alérgeno causador (CUNHA; CHAGAS; FACCINI, 2013). A melhora clínica
geralmente ocorre dentro de três a cinco meses, mas em alguns cães pode levar
mais de um ano (HNILICA, 2012).
29
No diagnóstico diferencial é importante lembrar que outras dermatoses podem
imitar a DAC ou sobrepor-se a ela. Estas são geralmente por parasitas
(queiletielose, pediculose e sarnas), de origem alérgica (saliva de pulga, de contato
e alimentar) e infecciosas (dermatite por Malassezia e Staphylococcus). Estas
dermatoses devem ser descartadas e/ou controladas antes de diagnosticar a DAC
(HNILICA, 2012; FAVROT et al., 2010).
O prognóstico é considerado bom, embora os cães com dermatite atópica
necessitem de tratamento por toda vida para que haja controle efetivo da doença
(MEDLEAU; HNILICA, 2003).
CONCLUSÃO
O cão diagnosticado com dermatite atópica irá necessitar de tratamento por
toda a vida, precisando de controle permanente face às possíveis recidivas. Muitas
vezes é necessário combinar várias intervenções a fim de se alcançar resultados
satisfatórios.
O tratamento sintomático provavelmente continuará sendo realizado face ao
alto custo dos testes alérgicos e da imunoterapia. Devem-se ainda instituir medidas
preventivas e terapêuticas eficientes para a redução do prurido e melhora de
qualidade de vida do animal.
No presente caso o período de retorno do paciente não havia sido concluído,
impedindo a análise mais recente da evolução da resposta ao tratamento.
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31
4 CONCLUSÃO
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi fundamental,
pois oportunizou o acompanhamento na rotina do Hospital Veterinário, servindo para
complementar a formação profissional, aumentando conhecimentos teóricos e
práticos na área da clínica veterinária de pequenos animais.
O mesmo possibilitou-me a oportunidade de observação e vivência de
experiências juntamente com profissionais qualificados e como forma de adotar
condutas que possam tornar-me uma profissional eticamente comprometida, íntegra
e que zele pelo bem estar animal.
32
5 REFERÊNCIAS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Estrutura e apresentação de
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