A sociedade humana como objeto do estudo

A sociedade humana como objeto
do estudo
• Muitos ou quase todos já ouviram falar da
Sociologia. Porém poucos sabem dizer de que
se trata, para que serve ou qual é o seu
objeto de estudo. Para sanar essas dúvidas
vejamos o curioso caso do “menino selvagem
de Aveyron”, história verídica que ocorreu na
França.
O “menino selvagem” de Aveyron
• Em 1797 um menino quase nu foi visto pela primeira vez
perambulando pela floresta de Lacaune, na França.
• Em 9 de janeiro de 1800, há relatos de seu aparecimento
num moinho em Saint Sernein, distrito de Aveyron.
• A única vestimenta que possuía era um camisa velha que
cobria o seu corpo(sinal de contato com humanos). Tinha
a cabeça, os braços e os pés despidos.
• Sempre que alguém se aproximava, fugia assustado.
• Em 1797 um menino quase nu foi visto pela primeira vez
perambulando pela floresta de Lacaune, na França.
• Em 9 de janeiro de 1800, há relatos de seu aparecimento
num moinho em Saint Sernein, distrito de Aveyron.
• A única vestimenta que possuía era um camisa velha que
cobria o seu corpo(sinal de contato com humanos). Tinha
a cabeça, os braços e os pés despidos.
• Sempre que alguém se aproximava, fugia assustado.
Um olhar sociológico
• Esse caso tornou-se muito famoso.
• Médicos franceses afirmavam que o menino sofria de
idiotia, uma deficiência mental, por isso seus pais o teriam
abandonado.
• Um psiquiatra chamado Jean-Marie Gaspard Itard
discordava do diagnóstico de doença mental do menino
como justificativa para a total ausência de civilidade.
• Acreditava que seu comportamento diferente era causado
pela falta de sociabilidade.
• Em seu livro “ A educação de um homem selvagem”, Itard
apresenta seu trabalho com o menino, descrevendo as etapas de
sua educação.
• Se tornou capaz de sentar-se convenientemente à mesa
• Tirar água para beber
• Levar ao seu terapeuta as coisas que necessita.
• Começa a ler
• Cinco anos mais tarde Vitor fabricava pequenos objetos e podava
as plantas da casa.
• Com base nesses resultados Itard reforçou sua tese de que
de que o comportamento selvagem inicial do menino era
produto de seu afastamento da civização.
• Itard formulou a hipótese de que a maior parte das
deficiências intelectuais e sociais não é inata, mas tem sua
origem na falta de socialização, principalmente
comunicação verbal.
• Essa história mostra que o ser humano é um animal social
por exelência, como afirma o filósofo grego Aristóteles .
Sua vida só adquire sentido na relação com outros seres
humanos.
Vivendo com Lobos
• A ficção “Mogli, o menino Lobo” é a história fictícia de um
menino que se dá mto bem com lobos e humanos. Tal
história está longe de refletir a realidade
• Duas meninas, Amala e Kamala foram encontradas numa
caverna vivendo com Lobos em 1921, na Índia.
• Na época tinham 4 e 8 anos de idade, foram confinadas
em asilo e passaram a ser observadas por estudiosos.
• Amala, a mais jovem, morreu. A outra, porém, viveu cerca
de oito anos.
• Ambas apresentavam hábitos alimentares bem diferentes dos
nossos e se comportavam como lobos. Cheiravam a comida antes
de comê-la, uivavam e andavam como quadrúpedes.
• Possuía aguda sensibilidade auditiva e olfato apurado.
• Kamala levou 6 anos para aprender a andar de forma ereta. A
menina também não ficava à vontade próxima a humanos.
• Isso mostra que as características realmente humanas só são
adquiridas quando em convivência em sociedade, estabelecendo
relações sociais
• Outro personagem famoso da ficção é Tarzan.
• Tarzan viveu entre os macacos e aprendeu a ler sozinho, apenas com um
livro.
• Semelhante a Mogli, essa estória está longe da realidade, explicar.
• Lucien Malson “Fora do ambiente social, Homens não são homens”
• Sem relações sociais não há humanidade.
• As relações sociais constituem a base da sociedade.
• A forma pela qual ocorrem são fatos sociais
• Os fatos sociais determinam o comportamento e a vida em
sociedade.
• Vitor aprendeu se relacionando:
• Comer, andar, vestir-se, fazer objetos, comportar-se, expressar
sentimento.
• Socializou-se.
• O estudo de como os seres humanos se relacionam, interagem
estabelecendo regras e valores é tarefa das ciências Sociais.
Sociologia é uma das disciplinas das CS.
As ciências sociais
• Os indivíduos recebem influência de seu meio e agem no contexto
social de acordo com sua formação, aprende com o meio, mas
também pode transformá-lo com suas ações sociais.
• Comportamentos individuais: andar, respirar, dormir. Se originam
na pessoa enquanto organismo biológico. Tais comportamentos
são estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado,
receber salário, fazer greve, participar de reuniões, assistir aulas,
casar-se são comportamentos sociais.
• Ao longo da história os humanos têm organizado sua vida de
forma grupal. As Ciências Sociais pesquisam e estudam o
comportamento social humano e suas várias formas de
manifestação.
Entender a sociedade em
que vivemos
• O objeto das ciências sociais é o ser humano em suas
relações sociais.
• Cabe as Ciências Sociais estudar a ação social em suas
diversas dimensões. Ao efetuá-lo, contribui para um
melhor entendimento da sociedade em que vivemos,
fornecendo instrumentos que podem ajudar a transformála.
• Utiliza-se da investigação científica como método.
• O texto “método científico” na seção leituras
complementares ilustra melhor essa questão do método.
• Disciplinas em que se dividem as Ciências
Sociais.
• Sociologia: Estuda as relações sociais
considerando as interações que ocorrem na vida
em sociedade. A sociologia envolve, portanto, o
estudo dos grupos e dos fatos sociais, da divisão
da sociedade em classes e camadas, da
mobilidade social, dos processos de cooperação,
competição e conflito na sociedade etc.
• Economia: Tem por objetivo as atividades humanas
ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de
bens e serviços. Estuda a distribuição de renda num país,
a política salarial, a produtividade de uma empresa etc.
• Antropologia: Estuda as semelhanças e diferenças
culturais entre os vários agrupamentos humanos, bem
como a origem e a evolução da cultura. Ocupa-se ainda da
diversidade cultural existente nas sociedades industriais.
Seus objetos são os tipos de organização familiar, as
religiões, a magia, os ritos de iniciação dos jovens, o
casamento etc.
• Ciência Política: Trata da distribuição de poder
na sociedade e as diversas formas de governo.
Estuda os partidos políticos, os mecanismos
eleitorais, etc.
• Não há uma divisão nítida entre essas
disciplinas. São complementares entre si e
atuam frequentemente juntas para explicarem
os complexos fenômenos da vida em sociedade.
• A longa marcha das Ciências Sociais
• A reflexão sistemática sobre a vida em sociedade começou na
Grécia Antiga, há milhares de anos. Vejamos a seguir alguns
momentos nesse processo de conhecimento.
• Deuses e heróis
• As primeira tentativas para se entender como as forças sociais
funcionavam se pautaram no pensamento fantasioso. Explicavam
fenômenos sociais a partir da ação de seres mitológicos como
deuses e heróis.
• Na mitologia greco-romana havia um deus para cada aspecto
social. Um deus para a guerra, um para o comércio, outra para as
relações amorosas e assim por diante.
Entre a filosofia e a
religião
• Insatisfeitos com as explicações, os filósofos
gregos foram os primeiros a empreender o
estudo sistemático da sociedade humana.
• Entre eles, destacam-se platão (427-437 a. C.)
autor de A República, e Aristóteles (384 – 322
a. C.) que escreveu Política. É de Aristóteles a
afirmação “O homem nasce para viver em
sociedade”.
• Na idade média o pensamento sobre a
sociedade deu entre pensadores ligados à
Igreja católica. Santo Agostinho (354-430).
Em seu livro a cidade de Deus, propunha
normas para evitar o pecado na sociedade.
Havia uma perspectiva religiosa muito
acentuada em obras como essa.
Os pensadores
renascentistas.
• Abordavam a sociedade de maneira mais
realista.
• Maquiavel em (O príncipe), Tomás Morus
(Utopia), Tomaso Campanella (Cidade do sol),
Francis Bacon ( Nova Atlântida) Erasmo de
Roterdã (Elogio da loucura).
• Hobbes (O leviatã) foi um pensador também
notável na área, porém escreveu no século XVII.
Vico e A nova ciência
• Giambattista Vico (A nova ciência) foi
importante no pensamento social não religioso
do século XVIII.
• Segundo ele, a sociedade se subordina as leis
definidas que podem ser descobertas pelo
estudo e pela observação objetiva.
• Sua formulação: “O mundo social é obra do
homem” foi um conceito revolucionário para a
época.
• Rousseau, alguns anos depois, reconheceu a
influência decisiva da sociedade sobre o indivíduo.
Em “O contrato social, Rousseau afirma que o homem
nasce puro, a sociedade é que o corrompe. Hoje sabese que o homem também influencia o meio em que
vive ao agir sobre ele.
• Foi somente no século XIX com Augusto Comte,
Herbert Spencer, Gabriel Tarde e principalmente
Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx que a
investigação dos fenômenos sociais ganhou um
caráter verdadeiramente científico.
Os primeiros sociólogos
• Augusto Comte é considerado o pai da sociologia.
• Foi o primeiro a usar essa palavra em 1839 em seu curso de
filosofia positiva.
• Foi com Émile Durkhein (1858 – 1917), no entanto, que a
sociologia passou a ser considerada uma ciência.
• Formulou seus primeiros conceitos e demonstrou que os fatos
sociais têm características próprias, devendo por isso ser
estudados por meio de métodos diferentes dos empregados
pelas outras ciências.
Os fatos sociais
• Para Durkheim, a sociologia é o estudo dos fatos
sociais.
• O que é o fato social. Um exemplo para
entendermos isso.
• Se um aluno chegasse a escola vestido com
roupa de praia, certamente ficaria numa
situação desconfortável: os colegas ririam dele,
etc.
• Há um modo de se vestir que é comum, que todos
seguem (nesse caso, todos os alunos da escola). Isso
não é estabelecido pelo indivíduo.
• O modo de se vestir é um fato social, assim como a
língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma
infidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
• Para Durkheim, são fatos sociais o modo pensar,
sentir e agir de um grupo social. Embora sejam
exteriores às pessoas, são introjetados e exercem
sobre ele um poder coercitivo.
• Os fatos sociais têm as seguintes características:
• Generalidade – o fato social é comum a todos os
membros de um grupo ou à sua grande maioria.
• Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo,
existe independente de sua vontade
• Coercitividade – os indivíduos se sentem
pressionados a seguir o comportamento estabelecido.
• Para Durkheim, em virtude dessas
características, os fatos sociais podem ser
estudados objetivamente, como coisas. Da
mesma maneira que a Biologia e Fisica
estudam os fatos da natureza, a sociologia faz
o mesmo com os fatos sociais.
A sociologia na sociedade
contemporânea
• As obras de Durkheim foram muito importante para
definir o método de trabalho do sociólogo e
estabelecer os principais conceitos da nova ciência.
• Entre suas obras destaca-se a divisão do trabalho
social, As regras do método sociológico e O suicídio.
• A partir do século XIX, problemas como exclusão
social, desagregação familiar, drogas, cidadania,
minorias, violência urbana passaram a representar
desafios para a sociologia.
• A sociologia moderna procura debruçar-se
sobre os agentes sociais capazes de provocar
mudanças importantes na sociedade.
• Um dos principais objetivos do conhecimento
sociológico é criar instrumentos teóricos que
levem a reflexão sobre os problemas da
sociedade contemporânea.
• Tais instrumentos servem também para os
indivíduos estabelecerem relações entre sua
prática social e a sociedade mais ampla.
• Hoje em dia, os conhecimentos da sociologia já
não estão mais restritos aos sociólogos.
• Pesquisas de opinião, por exemplo, são
utilizadas no lançamento de um produto novo,
na definição da plataforma política de um
candidato a cargo público, e assim por diante.
• O sociólogo não pode perder de vista a
relatividade dos fenômenos sociais. O
desemprego, por exemplo, pode aumentar, caso
sejam introduzidas novidades tecnológicas que
afetem o mercado de trabalho, como novas
máquinas. Mas pode diminuir, mesmo com a
nova tecnologia, se a economia do país estiver
em expansão.
• Fim do capítulo 1 questões.