Topografia Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Topografia Ciência que se encarrega da representação gráfica da superfície do relevo. Do grego: Topos (lugar) + Graphein (descrição) A topografia de exploração espeleológica pretende representar as cavidades e o meio subterrâneo permitindo aferir da espeleometria das cavidades e sistemas cavernícolas (profundidade e desenvolvimento) Porquê topografar? •Constitui um dos registos mais importantes da atividade exploratória dos espeleólogos •Permite uma exploração sistemática e criteriosa de todos os recantos subterrâneos •É a base de trabalho imprescindível para outros estudos e planeamento de atividades futuras Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 O trabalho de topografia divide-se em 2 momentos distintos: Trabalho de Campo: Consiste no levantamento de dados de campo, com o maior rigor possível Trabalho de Gabinete: Trabalho de processamento de dados recolhidos e croquis elaborados com a elaboração da poligonal e desenhos finais Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo - Medições A recolha de dados de campo consiste na medição de 3 grandezas principais: • Distância (medida com fita métrica ou distanciómetro laser) • Azimute (medido com bússola) •Inclinação (medido com inclinómetro) Estas são medidas recolhidas entre 2 estações topográficas previamente selecionadas e assinaladas. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Estações Topográficas As estações topográficas são os pontos entre os quais se efetuam as medições, estação de origem – estação de chegada. São materializadas e assinaladas no terreno sob a forma de pontos inscritos na rocha, podendo também aproveitar-se formas da gruta com a ponta de estalactites ou estalagmites. Os critérios de seleção devem ter em conta: •a morfologia da cavidade, duas estações consecutivas devem ter visíveis de ambos os lados •a melhor representação possível da gruta Devem ser visíveis e discretas tanto quanto possível. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Estações Topográficas As estações topográficas sucedem-se ao longo da cavidade e adotam uma designação sequencial, estação 1, 2, 3… Estações que deem origem a mais que uma visada vão dar origem a ramificações da poligonal cujas estações podem tomar designações como 1.1, 1.2…, por exemplo e no caso se a ramificação surgir a partir da estação 1. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 A união das estações selecionadas com linhas retas dão origem à poligonal que no gabinete vai servir de “esqueleto” ao nosso desenho. Poligonal aberta Poligonal Radial Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Poligonal Fechada Poligonal Triangulada Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo - Instrumentos de Medida Distância – medição da distância entre as duas estações topográficas e das distâncias da estação ao teto, chão e às paredes da cavidade Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo - Instrumentos de Medida Azimute – o rumo ou direção da linha reta que une as duas estações, relativamente ao Norte magnético da bússola. Durante o levantamento deve registar-se apenas os valores medidos no mesmo sentido. Deve medir-se o inverso mas apenas para aferir e validar a medição. 0º/360º - Norte Magnético β 90º 270º 180º Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo - Instrumentos de Medida Inclinação – a inclinação medida da linha reta que une as duas estações topográficas, relativamente à horizontal (0º). 90º α 0º -90º Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo - Instrumentos de Medida Técnicas e instrumentos mais recentes permitem a recolha das 3 grandezas de uma só vez. Em tempo real é também possível enviar os dados para um pad ou tablet e obter a representação gráfica dos dados recolhidos. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Registo de Dados O registo de dados efetua-se no caderno de campo sob a forma de tabela. Estação Dist. Az Inc DT DC DD DE Observações Outros dados devem acompanhar este registo para a sua correta identificação: •Nome da cavidade •Data do Levantamento •Participantes no levantamento Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Registo de Dados Deve ser mantido tão limpa e legível quanto possível. O empenho nesta tarefa deve ser tão ou mais intenso do que aquele que o Camões teve para com os Lusíadas. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Croqui A par da recolha de dados de campo e durante cada visada, deve ser desenhado um croqui que represente a cavidade em planta, de perfil e secções relevantes. Não saber desenhar não é desculpa!!!! O enriquecimento do croqui com a simbologia é uma ajuda preciosa na condensação da informação verificada no terreno. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – A equipa A equipa de topografia é idealmente constituída por 3 elementos: •1 elemento que seleciona e assinala as estações, levando consigo a ponta da fita métrica •1 elemento que faz a leitura dos instrumentos, bússola, clinómetro e fita métrica •1 elemento que regista os dados no caderno e desenha o croqui (planta e alçado) Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Grau de Precisão do Levantamento Diversos autores propõem uma escala do grau de precisão do trabalho de campo de acordo com a metodologia e instrumentação selecionada. Por exemplo Hernandez, 2004 propõe a seguinte: 1- Esquema de memória, sem escala; 2- Desenho simples desenhado à vista sem instrumentos, com escala aproximada; 3- Plano rudimentar desenhado com dados obtidos por uma pequena bússola graduada de 10º em 10º e corda com divisão em metros; 4- Bússola de prisma com divisões de 1 ou meio grau, fita métrica ou topofil; 5- Bússola de prisma e clinómetro calibrados e fita métrica indeformável; 6- Bússola, clinómetro e fita métrica utilizados com tripé; 7- Utilização de teodolito. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Campo – Erros mais comuns A execução de medições encontra-se associada a erros sistemáticos que se reproduzem ao longo da poligonal e outros erros aleatórios que dependem em larga medida do operador dos instrumentos. •Erros de leitura dos instrumentos – bússola não nivelada, leituras na escala errada •Erros no registo dos dados •Visadas inclinadas •Interferência de objetos metálicos na bússola Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete Após a coleção de dados de campo importa agora armazenar e processar os dados: •Dados de campo devem ser passados a limpo o quanto antes; •Podem ser utilizadas folhas de cálculo ou passar diretamente para softwares de topografia: Therion, Compass, Visual Topo, Autocad; •O processamento e realização de desenhos deve efetuar-se enquanto a memória está fresca; •O desenho e ilustração, ou arte final, pode ser também executado em programas informáticos como o Adobe Ilustrator, Corel Draw, etc Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete A topografia cujo sustento se encontra nos dados de campo é composta essencialmente por duas peças fundamentais: a planta e o alçado. Fonte: Hernández, 2005 O desenho quer da planta quer do alçado inicia-se com os desenhos da poligonal. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete O desenho da poligonal da planta importa as seguintes ações: Projetar as medidas num plano horizontal: a = cos α x l Definir uma escala de desenho (ex: 1/200) Calcular as medidas na escala definida Definir o rumo norte do desenho Definir a posição da estação 0 ou 1 Marcar com o transferidor o azimute a partir da estação 0 (1) Traçar a reta com origem na estação 0 (1), na direção do azimute anterior e com o comprimento calculado anteriormente 8. A reta termina na estação 1 (2) 9. Marcar distâncias à direita e esquerda na estação de origem 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. l b α a Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Fonte: Hernández, 2005 Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete Após a execução da poligonal pode trabalhar-se o desenho com o auxílio do croqui e recorrendo à simbologia UIS. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete O desenho da poligonal do alçado importa as seguintes ações: 1. Pode projetar-se as medidas num plano vertical: alçado projetado; ou aplicar as medidas sem projeção num plano vertical: alçado estendido 2. Definir uma escala de desenho (ex: 1/200) 3. Calcular as medidas na escala definida 4. Definir a posição da estação 0 ou 1 5. Marcar com o transferidor a inclinação medida da estação 0 (1) para a 1 (2) 6. Traçar a reta com origem na estação 0 (1), com a direção da inclinação anterior e com o comprimento calculado anteriormente 7. A reta termina na estação 1 (2) 8. Marcar distâncias ao teto e ao chão. Fonte: Hernández, 2005 Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Trabalho de Gabinete Após a execução da poligonal pode trabalhar-se o desenho com o auxílio do croqui e recorrendo à simbologia UIS. Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016