Diferentes materiais para uso na robótica educacional: A diversidade que pode promover o desenvolvimento de diferentes competências e habilidades Lyselene Candalaft Alcântara Prol [email protected] Síntese O trabalho contextualiza um estudo sobre o uso de materiais diversos em aulas de robótica educacional. São eles: Kits da Fischer Technik, Lego, Knex e Modelix. A pesquisa em andamento trabalha a partir de projetos lúdicos as possibilidades de gerar situações de aprendizagem e, possível desenvolvimento cognitivo com crianças na faixa etária dos 7 ao 15 anos.. Os materiais foram experimentados com as suas respectivas interfaces de comunicação e linguagens de programação. Cada material tem uma linguagem de programação própria e uma forma de encaixe diferente. Essa diversidade permite que sejam utilizados com diferentes objetivos pedagógicos em projetos que promovam o desenvolvimento de habilidades e competências ligadas a lógica, noção espacial, pensamento matemático, trabalhar em grupo, organização e planejamento de projetos, conhecimento tecnológico e projetos interdisciplinares. * Vivemos em uma sociedade onde ter competência no uso da tecnologia e desenvolvimento de atividades em grupo são elementos fundamentais para o sucesso. Neste contexto a robótica vem para contribuir de forma eficaz no desenvolvimento destas competências. Além disso, pode ser um espaço rico de possibilidades do desenvolvimento da criatividade e apoio no desenvolvimento das habilidades do aluno, do professor e da instituição em geral. O aluno pode desenvolver sua capacidade de solucionar problemas, utilizar a lógica de forma eficaz e compreender conceitos ligados à física e matemática. O professor pode encontrar condições de diversificar sua didática pela possibilidade do emprego de materiais diversos e as instituições um diferencial de qualidade por intermédio da aplicação de temas transversais e interdisciplinaridade. A Robótica Educacional consiste em caracterizar ambientes de aprendizagem que reúnem materiais de sucata ou kits de montagem compostos por diversas peças, motores, sensores, controlados por um computador com software que permita programar o funcionamento dos modelos montados, dando ao aluno a oportunidade de desenvolver sua criatividade com a montagem de seu próprio modelo. Desta forma, colocam-se em prática conceitos teóricos, vistos apenas em sala de aula e sem ligação com o mundo real. Além de ser um ambiente caracterizado pela tecnologia e pela criatividade, a Robótica Educacional proporciona a vivência intuitiva de conceitos de matemática e de física. O que motiva o estudo desse tema é o interesse em explorar as relações entre tecnologia, aprendizagem, cultura e comunidade dando um enfoque novo à educação. Estabelecendo uma relação forte entre a instituição de ensino e o mundo externo com objetivo de descobrir um modelo pedagógico que favoreça a construção do conhecimento através da robótica pedagógica de tal maneira a utilizar os materiais tecnológicos disponíveis no mercado com ação efetiva na construção do conhecimento da nossa comunidade (pais, professores e alunos). Nos 133 basearemos em uma metodologia participativa que combina fundamentos do construcionismo (Piaget e Papert) e do interacionismo (Vygotsky). Construcionismo, proposto por Seymour Papert é ao mesmo tempo uma teoria de aprendizagem baseada nos princípios de Jean Piaget (conhecimento é adquirido à medida que se pensa e age sobre o objeto maturação + experiência + transmissão social + equilibração) e uma estratégia de trabalho onde cada um se torna responsável por sua aprendizagem à medida que experimenta e constrói algo. O interacionismo, proposto por Vygotsky, acredita que o aprendizado se dá pela troca de informações entre as pessoas. A aprendizagem é fundamentalmente uma experiência social, de interação pela linguagem e pela ação. A interação deve propiciar uma comunidade de aprendizagem, de discurso e de prática de tal maneira a produzir significados, compreensão e ação crítica, exercer a aprendizagem de cooperação e de autonomia, assegurar a centralidade do indivíduo na construção do conhecimento e possibilitar resultados de ordem cognitiva, afetiva e de ação. Assim, o interacionismo é exercido na medida em que todos os problemas são analisados, escaneados e resolvidos em grupos e o construcionismo é exercido na medida em que cada elemento do grupo tem responsabilidade por uma parte da solução, da criação surge o desenvolvimento. Cada um tem a responsabilidade pelo seu próprio conhecimento e pelo grupo. Todos devem participar da solução, assim a dúvida de um e a certeza do outro fazem com que o grupo cresça e se desenvolva. O ambiente de trabalho deve propiciar o desenvolvimento da autonomia, criatividade e organização para trabalho em grupo. Escolhemos o trabalho baseado em projetos livres onde é escolhido um tema de interesse e os alunos desenvolvem seus projetos baseados neste tema escolhendo as idéias a serem exploradas, os materiais a serem utilizados, os caminhos a serem seguidos e a forma de apresentação. Nesta forma de trabalho, o professor tem a função de acompanhar todo o processo e atuar sempre que necessário para garantir o desenvolvimento dos grupos. Este ambiente deve permitir que os alunos tenham bastante tempo para explorar suas idéias sozinhas, experimentando materiais diversos, mas deve ser sério o bastante para que eles não percam o sentido da exploração. Neste ambiente encontramos também kits de apoio, os quais têm a função de limitar os tipos de materiais e estimulando a criatividade na busca das soluções. A metodologia utilizada nas aulas de robótica tem como base o desenvolvimento de projetos sobre um tema de interesse do grupo. Os projetos geralmente se encaixam em uma destas três classificações: Projetos gerais que reflitam problemas da comunidade: trânsito, violência urbana, controle da água, construção de cidades... Projetos visando um conteúdo específico: tópicos de física, tópicos de matemática, ciências, automação. Projeto de estudo de uma tecnologia: uso de interfaces, computadores, sensores, motores, engrenagens, programação. Ao serem realizados, os projetos podem promover o desenvolvimento integrado de habilidades, atitudes e conhecimentos, referentes às diversas áreas gerando um 134 aprendizado significativo e eficaz, No processo de realização os alunos são levados naturalmente a passar pelas seguintes fases: Formalização da idéias + experimentação + reflexão + depuração Formalização da idéias: a programação requer a descrição de uma idéia, em termos de uma linguagem formal e precisa. Essa descrição permite ao aluno explicitar o nível de compreensão que possui sobre os diferentes aspectos envolvidos na resolução de um problema. Experimentação (Testar a idéia): o computador executa fielmente a descrição fornecida, o resultado é fruto somente do que foi solicitado. É uma imagem fiel do pensamento expresso de forma imediata. Refletir sobre a idéia: a partir da análise do resultado, o aluno pode refletir sobre o que foi solicitado ao computador e aonde se chegou. Depurar uma idéia: se o resultado não corresponde ao que era esperado, o aluno tem que depurar a idéia original através de conteúdo ou de estratégia. Materiais disponíveis no mercado nacional Hoje já existe no mercado nacional uma diversidade de materiais que possam apoiar as aulas que utilizem a robótica como ferramenta. Modelix Figura 1: http://www.modelix.com.br/ Características: O Modelix é um brinquedo composto de lâminas furadas nas mais diversas formas, que permitem encaixes exatos, mini ferramentas para montar, mais um arsenal de peças, entre, porcas, parafusos, cantoneiras, engrenagens, eixos, polias, Estas lâminas furadas podem se unir por meio de porcas e parafusos formando o que se desejar. Não há limite para a criatividade. Sugestão de uso: É adequado para o trabalho com montagens que alem do próprio kit utilize sucata como material complementar à montagem. Ideal para ser usado com alunos maiores de 10 anos estimulando a coordenação motora, o pensamento e a concentração. Onde encontrar: Lojas de brinquedo ou encomendas pelo site http://www.modelix.com.br/ 135 Figura 2: Projeto Parque Aplicação prática: Projeto parque de diversões, neste projeto o objetivo maior era o de trabalhar o conceito da utilização das engrenagens para diminuir a velocidade e gerar mais força a um motor. Lego Dacta Figura 3: http://www.geracaobyte.com.br/9654.html Características: O Lego material mais conhecido, muito bom, porém muito caro. É um brinquedo largamente difundido no universo infantil o que facilita a motivação para a construção. Os kits adequados para a utilização na Robótica educacional contem além das peças encontradas em qualquer conjunto de Lego brinquedo, peças que permitem a construção de mecanismos simples tais como engrenagens, eixos, polias, motores, sensores e luzes. Sugestão de uso: Ideal para introdução de mecanismos com crianças da escola Infantil e Ensino Fundamental, não requer experiência em tecnologia, porém a professora tutora precisa saber como motivar para aprendizagem e não simplesmente a brincadeira de montar. Desenvolvimento apropriado para a idade crianças a partir de cinco até oito anos (LEGO-DUPLO) e acima desta faixa etária os kits para construções específicas e o Lego Mindstorm. Onde encontrar: http://www.edacom.com.br/ Figura 4: Projeto radar Aplicação prática: Construção de um radar para controle de velocidade. Objetivo trabalhar o conceito de velocidade e uso de engrenagens. Com o uso de sensores de luz e rotação os alunos avaliaram a velocidade de dois carrinhos construídos por eles mesmos. Os motores utilizados nos carros eram iguais, assim para gerar velocidades diferentes, tiveram que utilizar engrenagens. 136 Fisher technik Figura 5: http://www.nektechnik.com.br Características: Kits didáticos para executar montagens mecânicas, eletromecânicas e eletrônicas que podem ser controladas pelo computador Composto por peças plásticas flexíveis além de motores, lâmpadas, sensores e placas para trabalho com energia solar. Sugestão de uso: Devido a seu método de encaixe a sugestão é de que seja utilizado com crianças a partir de 10 anos. As montagens têm uma resistência maior a quedas, o que na prática é muito bom. Onde encontrar: http://www.nektechnik.com.br/ Aula prática: Construção de um helicóptero com o qual puderam ser discutidos os conceitos de mudança de direção e transmissão de movimentos K´nex Figura 6: http://www.knex.com.br Características: Por ser um material especialmente desenvolvido para Robótica Estrutural, permite a construção de projetos por meio de estruturas wireframe, processo de construção lógico-matemático idêntico ao usado em softwares para projetos de engenharia CAD-Computer Aid Design. Sugestão de uso: Projetos gerais a partir de 8 anos Onde encontrar: http://www.knex.com.br/ Super Robby Figura 7: http://www.ars.com.br/produtos;srobby/index.htm 137 Características: Primeiro kit de robótica educativa projetado e fabricado no Brasil implementado em escolas. Muito utilizado para unir projetos desenvolvidos com sucata e programação via linguagem Logo por meio do computador. Sugestão de uso: Adequado para utilização com qualquer kit descrito acima. Onde encontrar: http://www.ars.com.br/produtos/srobby/index.htm Cyberbox Figura 8: Interface cyberbox Característica: O CyberBox é uma interface que pode ser utilizada no trabalho com Robótica Pedagógica. Desenvolvida no Brasil para uso pedagógico em nível de ensino fundamental, médio e superior. Permite mais ligações que a Super Robby e é mais resistente. Sugestão de uso: Adequado para utilização com qualquer kit descrito acima. Onde encontrar: http://www.cyberbox.com.br/ Tabela Comparativa 138 Tipo de interface Metodologia de programação Custo Aquisição Forma de trabalho Modelix Qualquer uma de uso genérico Linguagem Logo RCX Fisher Intelligent Interface Linguagem orientada a objetos (Labview) Linguagem orientada a Fluxograma lógico Baixo custo Fácil aquisição, material nacional. Alto custo Difícil aquisição, material importado e um único fornecedor. No apoio a montagem de estruturas desenvolvidas com sucatas para desenvolvimento em Projetos genéricos. Geralmente a criação é do usuário, não é utilizado um manual de passo-a-passo para montagem. Geralmente acompanhado de um manual passo-apasso que norteia a montagem. Seguido de um desafio. Revista Lego Zoom. Pode também ser utilizado livremente para construções genéricas. Existem materiais distintos para cada faixa etária a partir dos 6 anos Dada pelo fornecedor e profissionais liberais Revista Lego Zoom Médio Custo Média dificuldade de aquisição, material importado por um único fornecedor. Geralmente acompanhado de um manual passo-a-passo que norteia a montagem. Seguido de um desafio. Pode também ser utilizado livremente para construções genéricas. Faixa Etária A partir dos 10 anos Capacitação Não existe curso de capacitação formal Material para uso em aula Não existe um material de acompanhamento para a aula Lego A partir dos 10 anos Dada pelo fornecedor e profissionais liberais Manual de montagem que acompanham o produto e poucas fichas de acompanhamento para apoio ao professor. Bibliografia: PAPERT, SEYMOUR: A máquina das crianças, repensando a escola na era da informática; trad. SANDRA COSTA. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. VALENTE, JOSÉ ARMANDO: O professor no ambiente Logo: formação e atuação; JOSÉ ARMANDO VALENTE; organizador – Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1996. OLIVEIRA, VERA Informática em Psicopedagogia; VERA BARROS DE OLIVEIRA; organizadora – 2ª edição – SP: Editora SENAC, 1999. 139 O uso de Tecnologia no Colégio Rio Branco Novas práticas delineando novos caminhos Márcia Regina Teixeira Macedo [email protected] Vania Maria Concimo Santos [email protected] Histórico O uso do computador no Colégio Rio Branco iniciou-se em 1994, por meio de serviço terceirizado e estendeu-se a todos os segmentos da Educação Infantil ao Ensino Médio. A chegada da Informática reforçou o movimento de repensar a função da escola e ajustá-la ao seu tempo. Na época, já se estabeleciam ações investigativas nas propostas de trabalho aos alunos; entretanto, as fontes de dados ficavam restritas ao que se tinha em papel e vídeo, visto que contamos com uma biblioteca escolar considerada uma das melhores e maiores da América Latina. Nas séries iniciais, o primeiro contato deu-se por meio da Linguagem Logo. A interação com o computador por esta linguagem permite programar o computador para resolver um problema, num processo que envolve descrição – execução – reflexão – depuração - descrição (Valente, 1993). O aluno, ao ensinar o computador, constrói seu conhecimento pela descrição, passo a passo, do problema, da reflexão sobre possíveis erros durante a execução e, sempre que necessário, da depuração seguida de nova descrição. Essa metodologia demanda e desenha novos papéis para o aluno e para o professor - aluno ativo e professor mediador - e uma nova visão do erro objeto de reflexão. Nas demais séries, o uso de diferentes aplicativos somou as tarefas à possibilidade de produção e revisão ágeis, com estética mais interessante e agradável, a exemplo dos editores de texto. O trabalho com o computador nesse paradigma é, atualmente, na utilização de linguagens de programação, de simulações e de softwares multimídia, de forma intencional e explícita, uma prática entre alunos e professores. A partir de 1997, foi criado o Departamento de Informática Educacional do Colégio Rio Branco, hoje denominado Departamento de Tecnologias Educacionais. Partiu do entendimento de que a escola necessita de um projeto próprio vinculado a seus ideais educacionais que, neste momento, apontavam para a preservação de valores permanentes e para adaptações às mudanças do mundo moderno, como referia a proposta Tradição e modernidade fazendo escola e a Missão Educativa, Formar um cidadão ético, com conhecimento significativo, que lhe permita atuar positivamente na sociedade. A escola, como toda instituição social, tem de dialogar com as coisas que estão acontecendo. O mundo atual não é igual àquele de quando nós ou nossos pais freqüentaram a escola, portanto os processos de globalização da informação e comunicação implicam que a escola reflita sobre sua função e seus objetivos. A escola tem de ser uma instituição que pensa, constantemente, nos saberes do passado que precisam ser recuperados, resgatados e conservados, além de agregar o presente. (Hernández, 2002, p.3) 140 O Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Rio Branco tem como princípio que aprender Informática é formar com a Informática e não ensinar Informática. Tem como desafios: • favorecer o uso do computador como mediador do aprendizado, propulsor de mudanças nas práticas de ensino e desencadeador de novas metodologias; • buscar e depurar o uso de diferentes mídias, ferramentas e linguagens e desenvolver formas adequadas de uso em novas metodologias de trabalho; • promover o envolvimento de professores motivando-os para a necessidade de constante atualização e reflexão quanto ao uso de tecnologia na Educação; • desenvolver, nos alunos, habilidades de pesquisa e reconstrução da informação para gerar conhecimento, autonomia no uso de tecnologia, com base em planejamento e organização de trabalho, a partir de rotinas. Mudança participativa O artigo 12 da Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dá à escola a incumbência de propor seu próprio projeto pedagógico, que deve representar intenções e possibilidades educativas que se sustentam na elaboração coletiva e participativa de todas as instâncias da Instituição. Os artigos 13 e 14 falam da participação de educadores e da comunidade nessa elaboração. A gestão democrática sustentada na participação coletiva, como um exercício de descentralização em todos os níveis, confere legitimidade ao processo de construção, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico. Ciente de sua tarefa, o Colégio Rio Branco, convicto de que as intenções se concretizam no fazer e são assumidas pelo professor quanto mais ele participe do processo de elaboração do projeto pedagógico, abre espaços de participação. Os anos de 2002 a 2006 são grandes marcos de participação de professores. No final de 2002, professores participaram da elaboração da proposta pedagógica para 2003, que foi apresentada, divulgada e discutida com todas as instâncias do colégio. Foram apontados, como objetos de estudo e reflexão, o conhecimento significativo, a autonomia, a inserção social, o trabalho como valor e o uso da tecnologia. Formaram-se várias equipes de estudo, entre elas, a de Informática, com a incumbência de abordar o uso de Tecnologia. O conceito de tecnologia adotado foi o de soluções resultantes do enfrentamento de problemas e que podem ser aplicadas em situações-problema semelhantes. Não são, em si e por si mesmas, tecnologias educacionais capazes de produzir conhecimento; e são formadas pelos seguintes componentes: mídia, mediações e publicações. As Tecnologias Educacionais somente se desenvolvem quando há abertura para novas possibilidades e há educadores sensíveis, permanentemente atualizados e competentes para criar (CARVALHO NETO, 2002). O estudo da equipe, além de apresentar esse conceito, abordou as características da sociedade do conhecimento no século XXI, apresentadas por Alvin Toffler em Mudanças de Poder (2003): velocidade, interatividade, globalização, conectividade, conversibilidade, eqüidade, mobilidade. Fundamentou, assim, a necessidade de formar um homem ajustado ao seu tempo, um homem que saiba lidar com diferentes situações, resolver problemas imprevistos, ser flexível e multifuncional e estar sempre aprendendo. Há, também, a socialização dos princípios e objetivos do departamento, ancorados na proposta de trabalho com projetos. Define-se por projeto uma situação investigativa que parte de um questionamento do aluno ou de um problema relevante, cuja solução exija um trabalho de reelaboração do conhecimento por meio de pesquisa, questionamento, reflexão, criação e apresentação de soluções viáveis que possam ser utilizadas em outras situações semelhantes. 141 Em meados de outubro de 2003, os professores envolveram-se num estudo sobre como o aluno aprende aprofundando conhecimentos sobre a especificidade de cada faixa etária, visando a elaborar objetivos educacionais adequados a cada uma delas. Em 2004, uma nova estrutura de cargos e carreira foi desenhada pela instituição para dar sustentação ao trabalho e apoiar a operacionalização dos objetivos em sala de aula, com ajuda de supervisores pedagógicos. No decorrer do ano, os grupos de estudo evoluíram e se multiplicaram com diferentes temáticas: alfabetização e letramento, avaliação e projetos. No final de 2004, cada área preparou oficinas ou relatos de prática para uma grande troca de experiências entre os professores das duas unidades do colégio, realizada no início de 2005. A área de Tecnologia apresentou, nessa ocasião, o Projeto Água - e eu com isso? uma experiência com a participação de pais, via e-mail, o Projeto Orçamento Familiar e o uso de Webquests que, adiante, também fazem parte deste relato. Em 2006, montaram-se oficinas sobre leitura oralidade e escrita. Formaram-se grupos de estudo sobre ensino estruturado, avaliação, e trabalho em equipe. A descrição dos movimentos que se estabeleceram no colégio nos últimos anos permite constatar que o processo de mudança, incluindo-se aquele que ocorre com o uso de tecnologia, repercute em alterações na escola como um todo: na sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos, numa nova visão de currículo, na relação com o conhecimento, na relação com os pais e comunidade. Recursos materiais Conta-se com salas de multimeios para: Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio, equipadas com computadores conectados em rede, telão, projetor, escaner, caixas de som, material de robótica e acesso à Internet. Também há gravadores de CD à disposição dos grupos de alunos. Há lousa digital para uso de professores e alunos. Há, também, o setor de multimeios com computadores, com acesso à Internet, situado na Biblioteca. Todas as salas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I têm computador. Todas as salas de aula são equipadas com telão, caixas de som e entrada para rede. Há kits multimídia com computador, videocassete e amplificador disponíveis para uso nas salas de aula por alunos e professores. Na sala dos professores, há computadores, escaner, aparelho de DVD e televisor. Há câmeras fotográficas digitais e filmadoras para uso por alunos e professores. A manutenção dos equipamentos é feita pelo Departamento de Tecnologia de Informação sediado no colégio, o que garante boas condições de trabalho e pronto atendimento. Proposta pedagógica O trabalho com projetos é o princípio norteador do Departamento de Tecnologia do Colégio Rio Branco. Tem como objetivos promover: • a utilização, com autonomia, eficiência e adequação, de diferentes tecnologias como instrumento auxiliar das intenções educativas alinhadas a novas tendências e a novos paradigmas; 142 • • • • • a integração entre as diferentes áreas do conhecimento para o resgate da visão sistêmica e do aprendizado significativo em oposição ao saber compartimentado e não contextualizado; a troca e cooperação entre o corpo docente em busca do aprimoramento e crescimento profissional; um processo de aprendizado ativo, dinâmico, em que o aluno é o autor e construtor do conhecimento e os professores atuam como orientadores e desafiadores no processo de ensino e aprendizagem; o aprendizado de técnicas de planejamento, organização, estudo e pesquisa que desenvolvam a competência de aprender a aprender por toda a vida; a construção e socialização do conhecimento por meio de técnicas de trabalho em grupo, de apresentação de seminários multimídia e via telemática. Os projetos, desenvolvidos nas aulas de Informática, são integradores de áreas do conhecimento, em diferentes perspectivas e momentos, com justificativa, objetivos, planejamento e prazos claramente definidos com os alunos. Os alunos se organizam para cumprir o cronograma de execução das tarefas e solucionar os desafios. O projeto pressupõe os alunos no comando do processo de transformação das informações em conhecimento. Ao explorar técnicas de pesquisa e manipulação de dados, leitura, escrita, solução de problemas, oralidade, entre outras, os alunos desenvolvem habilidades de busca, seleção e organização de informações. A avaliação é feita, durante todo o processo de elaboração e execução dos projetos, com base no cumprimento dos objetivos e prazos, na motivação e colaboração, no conteúdo apresentado e conclusões. Há, também, a avaliação do produto final. A divulgação dos trabalhos e socialização dos conhecimentos adquiridos se dá por diferentes manifestações, ora em aulas, quando os autores expõem os resultados atingidos por meio de apresentações multimídia, dramatizações (uma prática que desenvolve habilidades de comunicação oral, com apoio de recursos tecnológicos); ora com ações voltadas para a comunidade interna ou externa, como filmagens, campanhas educativas, passeatas, exposição ou distribuição de folders ou informativos, que buscam a transformação da realidade estudada e apreendida; ora por apresentação aos pais e comunidade, em eventos no teatro da escola; ora por uma ação solidária em instituições sociais ou, ainda, por veiculação via rede. Em todos os projetos, a partir da 5ª série, são trabalhadas normas de citações bibliográficas com apoio da disciplina OET (Orientação Educacional para o Trabalho) e da Biblioteca do colégio, que monta o Manual do Estudante com orientação para a elaboração de trabalhos escritos e referências segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas). As aulas, na sala de multimeios, são semanais e durante o período regular, para todos os segmentos da escola. Os alunos são mediados por dois professores de Tecnologia e, no Ensino Fundamental I e Educação Infantil, os professores da sala também acompanham as aulas. Como atividades, os alunos pesquisam em livros e na Internet, digitalizam imagens, criam textos nos mais variados formatos, elaboram seminários multimídia, programam, fotografam, filmam e editam, produzem simulações, criam sites, constroem modelos, comunicam-se via rede. Os alunos e professores também têm a sala de multimeios à sua disposição, em todos os períodos e horários que não estão sendo utilizados por aulas de Informática. Nesses horários, os alunos podem realizar trabalhos escolares e utilizar a Internet para fins educacionais. A utilização pelos docentes abrange o uso, em aula, de softwares e programas para atividades específicas da disciplina, como, Cabri-géomètre II, Google Earth, vídeos e simulações, ilustrativos dos conteúdos trabalhados. Os professores também utilizam a sala para produção de situações áulicas, por exemplo, com o uso 143 da lousa interativa digital, com apresentações multimídia, com material escaneado etc. Também buscam apoio e ajuda da equipe em eventos com o uso de tecnologia. O trabalho com projetos O trabalho com o planejamento estratégico, realizado por representantes de diversos grupos da instituição, definiu, junto à Fundação, como objetivos básicos de trabalho com projetos, favorecer que o aluno: • • • • • • se aproprie de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais; faça auto-regulação do percurso de seu aprendizado; desenvolva a perseverança para enfrentar os desafios apresentados pela situação-problema; aprenda a observar, a escutar e a relacionar suas próprias opiniões com as dos demais participantes do grupo; aprenda a ajudar e a se deixar ajudar; construa sua autonomia intelectual e moral. Os objetivos apresentados em relatório institucional de junho de 2006, buscaram apresentar elementos comuns à diversidade de concepções de trabalho com projetos que circulam salutarmente nos diferentes níveis das duas unidades do colégio. A consolidação de uma concepção única para esse trabalho ainda não foi atingida, embora os estudos do campo tenham avançado. Há grupos que organizam as propostas com projetos pelo envolvimento de uma ou mais disciplinas (disciplinares, interdisciplinares) ou pelo viés transdisciplinar. Outros grupos organizam os projetos em didáticos (gerados pelo professor) e de trabalho (gerados pelo grupo de alunos). Projetos com temática transversal Nos projetos baseados em temáticas transversais, dentre os quais escolhemos três como exemplos a serem descritos neste trabalho (Trabalho Infantil, Orçamento Familiar, Água - e eu com isso?), nota-se a busca de fundamentação em princípios de democracia e cidadania, que orientem o olhar para questões cotidianas atuais e importantes para a sociedade em que vivemos. Problematizar essas questões traduz, na prática docente, o compromisso de alcançar a missão do colégio, Servir com excelência, por meio da educação, formando cidadãos éticos, solidários e competentes, o que aproxima os ideais das ações. A sala de aula torna-se um dos espaços de operacionalização das intenções educacionais. O desenvolvimento da proposta, que se faz por ações educativas planejadas, refletidas e constantemente ajustadas e renovadas, a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, que se vêem problematizados e buscam conhecer a realidade para, então, agir para transformá-la. O Projeto Trabalho Infantil discute a questão ética da justiça e eqüidade social, com repúdio às injustiças sociais, e desenvolve atitudes de responsabilidade social, solidariedade e sensibilidade à urgência de mudanças. O Projeto Orçamento Familiar aborda a necessidade de elaborar um planejamento familiar para evitar o descontrole e o desperdício; o problema de distribuição desigual de renda no país e a dificuldade que as famílias brasileiras de baixa renda enfrentam para atender a suas necessidades básicas. O Projeto Água - e eu com isso? desperta atitudes que favorecem a preservação do meio ambiente e, em particular, da água, um recurso natural fundamental para a vida no planeta. Aborda o problema da escassez de água no 144 mundo e como é gerenciada a problemática da água na cidade de São Paulo e no Brasil. Discute, ainda, a água analisando-se fatores econômicos, políticos e sociais envolvidos nessa questão. Projeto Trabalho Infantil - Ensino Fundamental I – 4ª série O compromisso do Colégio Rio Branco em abordar questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana, deu origem à temática do Projeto Trabalho Infantil. Abordar esse tema apresenta-se como uma significativa e oportuna possibilidade de acesso às questões sociais do trabalho, temática hoje tão estudada, analisada e criticada. Nas aulas, parte-se do levantamento do conhecimento prévio dos alunos. A motivação e o embasamento para o estudo dão-se por meio da leitura e reflexão dos livros: Serafina e a criança que trabalha, de Jô Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto; Cena de rua, de Ângela Lago e Rap Rua, de Douglas Silva Lima. Há, ainda, entrevistas com pais sobre trabalho infantil e reflexão sobre o vídeo Infância Roubada (documentário exibido pelo Globo Repórter, ago. 2006). Complementa-se com a coleta e o confronto de informações em diferentes tipos de documentos e mídias (mapas, fotos, textos escritos, Internet etc.). Formulam-se hipóteses e questões a respeito do tema. Com essas atividades, objetiva-se aguçar o olhar sobre a realidade circundante e constatar a existência do trabalho infantil, incluindo informações de diferentes mídias e recursos à problemática analisada na escola. Dayane Silva Souza, Nathalia Saghy Kassab e Ana Beatriz Tabarelli Krasovic Os alunos das duas unidades (Higienópolis e Granja Vianna) utilizam e compartilham recursos tecnológicos e exploram as possibilidades de interatividade que esses recursos oferecem para o processo de aprendizagem. Trocam descobertas, fazem reflexões e discutem o tema por contato virtual, via Chat/Moodle CRB, na sala 145 de multimeios. Nesse encontro, ampliam seus pontos de vista, socializam idéias, desenvolvem a linguagem, o raciocínio lógico, o espírito crítico e comunitário. A busca de respostas às novas questões que surgem faz com que os alunos dêem continuidade às reflexões, o que evidencia a sensibilização e a responsabilidade com a situação-problema. Observem-se os trechos destacados do Chat: 08:41 Camila / Mariana Nogueira: Que mudanças ocorreram no seu modo de ver o trabalho infantil a partir das reflexões nesse estudo? 08:44 Camila / Mariana Nogueira: Mudou o meu jeito de pensar (Mariana) 08:45 Alex - Victor: as mudanças que ocorreram foi eu me importar mais com elas, pois estão perdendo o seu tempo na rua, sendo que podiam estar estudando. 08:47 Camila / Mariana Nogueira: Bom, eu acho q o trabalho infantil ñ devia existir e sim existir mais escolas públicas para as crianças q ñ tem chance de pagar 1 escola 08:49 Camila / Mariana Nogueira: mudou o meu jeito todo de pensar. 08:49 Camila / Mariana Nogueira: q mensagem vc daria a 1 criança q trabalha? 08:52 Alex - Victor: eu falaria para ela que pedissem para os pais para poderem ir em uma escola pública. 08:50 Alex - Victor: vcs viram que elas passaram por muitas dificuldades. O que poderemos fazer para tentar amenizar,um pouco,esse problema? 08:52 Camila / Mariana Nogueira: bom eu acho q nós, crianças do crb, devemos fazer uma greve contra o trabalho infantil hehheheheh (Camila) 08:55 Camila / Mariana Nogueira: eu acho que nós, pessoas do mundo inteiro deveríamos lutar, falar para uma criança que pode, sem problemas, estudar numa escola pública (só se for boa) e que, para a saúde das crianças que trabalham, os hospitais públicos deveriam voltar a ser bons como antes, que, antigamente eram os melhores.(Mariana) 08:55 Alex - Victor: eu acho que, para fazer uma greve, ainda somos muito pequenos. 146 O chat utilizado nesse trabalho demonstra uma das possibilidades para o uso das Tecnologias de Comunicação na prática educativa do Colégio Rio Branco. É mais uma possibilidade para que os alunos trabalhem as informações em diferentes situações. Por meio da troca, o aluno amplia seu repertório com novas opiniões sobre o assunto, torna-se capaz de estabelecer relações entre seus pontos de vista e o ponto de vista de outros, aprende a comparar, diferenciar, colaborar. A síntese do conhecimento construído em diferentes etapas expressa-se por meio de vários instrumentos e linguagens , como o relato seguinte: Ao longo do trabalho, os alunos são informados, em apresentação no auditório, sobre a atuação indireta, no combate ao trabalho Infantil, do CEPRO - Centro Profissionalizante Rio Branco, órgão da Fundação de Rotarianos de São Paulo, por intermédio dos cursos que oferece e realiza para comunidades carentes em prol da profissionalização do jovem. Como produção final, os alunos da 4ª série das duas unidades do Colégio Rio Branco, alguns representantes do CEPRO - Centro Profissionalizante Rio Branco e os alunos da ECSRB - Escola para Crianças Surdas Rio Branco encontraram-se, nas dependências da Unidade Granja Vianna, para a realização de um trabalho em grupo, com o objetivo de criar um símbolo de combate ao trabalho infantil, que pode ser a produção de um desenho, poema ou comentário usando diferentes tipos de material. Em seguida, houve uma passeata pelo espaço da unidade para divulgação das 147 produções, demonstração de repúdio e manifestação contra essa realidade e sensibilização dos demais alunos e funcionários. Após a passeata houve um lanche comunitário para que todos os envolvidos no trabalho se confraternizassem. A avaliação do trabalho foi feita por meio de observação das professoras sobre o envolvimento, a evolução e a participação dos alunos, o registro e os comentários dos próprios alunos durante a vivência realizada; juntamente há a auto-avaliação dos alunos sobre o desempenho e a atividade. Refletir com os alunos da 4ª série sobre a faceta infantil do trabalho, por envolver uma faixa etária comum, aproximou-os da situação, promoveu o entendimento do conceito de justiça baseado na eqüidade, sensibilizou-os para a necessidade de construção de uma sociedade justa e igualitária e provocou uma tomada de posição frente a essa problemática social complexa e repugnante. Projeto Água – e eu com isso? - Ensino Fundamental II - 5ª série Eu gostaria de ser lembrado como alguém que amou o mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, a água, a vida. (Paulo Freire,1997) 148 A escassez de água é preocupante em todo o mundo e também na cidade de São Paulo. O Projeto Água - e eu com isso? surge da certeza de que é de fundamental importância analisar fatores econômicos, políticos e sociais envolvidos na questão da água e reforçar atitudes que favoreçam a preservação do meio ambiente e, em particular, da água, um recurso natural fundamental para a vida no planeta. Integra-se e abre novas possibilidades ao trabalho que vem sendo feito com os alunos desde as séries iniciais. Os objetivos desse estudo são: dar continuidade aos estudos sobre a água; entender a água como um produto indispensável à vida na Terra; levantar dados sobre como a sociedade moderna relaciona-se com esse bem tão precioso e vital; definir o que são aqüíferos e compreender a importância destes como reservas estratégicas para o desenvolvimento econômico e social e os programas de conservação e proteção ambiental contra a poluição e a super exploração; definir o que são mananciais e entendê-los como áreas de preservação ambiental permanente; analisar o fenômeno da ocupação desordenada nessas áreas e as conseqüências de nossas ações para essa fonte de vida; descrever uma unidade de tratamento de água como parte de um processo de abastecimento, as tecnologias utilizadas e a importância desse trabalho para a saúde pública; descrever uma unidade de tratamento de esgoto como parte de um processo de tratamento de resíduos, a coleta, a tecnologia utilizada e a importância desse trabalho para a saúde pública; conhecer e utilizar técnicas e procedimentos adequados para a elaboração de um folder ou folheto informativo; vivenciar diferentes formas de aprendizagem explorando recursos diversificados (Internet, textos, figuras, música, propaganda, jogos e fórum); elaborar um folder ou folheto publicitário, no computador, sobre um dos temas em estudo para campanha de 149 conscientização da preservação da água; enriquecer o aprendizado e ampliar o universo de informação e comunicação via e-mail. Nas aulas de Geografia, inicialmente, os alunos recebem informações sobre a proposta e os objetivos do projeto e têm aulas expositivas sobre os temas em estudo. O professor orienta os alunos sobre os aspectos relevantes que devem ser abordados, o que estrutura o desdobramento dos temas. Acompanha e corrige o conteúdo dos roteiros resultantes da coleta de dados que servem de apoio para a elaboração do folder ou folheto. Ao final, o professor recebe a versão impressa do folheto e, também, avalia o produto final. Os temas abordados são: Água no Mundo; Mananciais; ETA (Estação de Tratamento de Água); ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) e Projeto de despoluição do rio Tietê e do rio Pinheiros. Modelo de desdobramento de um tema: Projeto de despoluição do rio Tietê e do rio Pinheiros: a história e as características dos rios da região urbana de São Paulo, os projetos de despoluição e a importância desse trabalho para a saúde pública; características do rio Tietê na área urbana; etapas de despoluição do rio Tietê; recuperação das margens – ajardinamento; prevenção de enchentes. Num primeiro momento, nas aulas de OET (Orientação Educacional para o Trabalho), é feito um levantamento oral, que formula um memorial de todo o conhecimento já elaborado pelo grupo-sala, sobre o tema água, incluindo-se os adquiridos neste ano, em outras áreas que abordam o tema. Levanta-se o que se sabe, o que se deseja saber e investiga-se o que mais se poderia saber. Num segundo momento, os alunos elaboram um boneco do trabalho a ser realizado no computador. Para tanto, analisam-se e consultam-se vários folders e folhetos impressos de várias campanhas e conteúdos diferentes. Há, também, atividades para ampliar e diversificar conhecimentos suscitados pelo tema do projeto e pelo estudo da Declaração Universal dos Direitos da Água (ONU, 1992) e das músicas Planeta Azul de Xororó e Aldemir e Planeta Água de Guilherme Arantes. Nas aulas de Informática, como atividade inicial, há a sensibilização e motivação para o estudo por meio de visita a sites de lazer com jogos sobre a temática (http://www2.sabesp.com.br/clubinhonovo/) e apresentação, observação e comentários sobre o vídeo Criação do mundo num copo d’água (http://www.uniagua.org.br), Em seguida, parte-se para a coleta de dados na Internet e preenchimento de roteiros que subsidiam o conteúdo para a criação e elaboração dos folders ou folhetos. Como exemplos, citamos: http://www.geocities.com/~esabio/agua/agua.htm; http://www.wwf.org.br; http://www.uniagua.org.br/; http://www.sabesp.com.br/; http://www.aguaonline.com.br; http://www.amigodaagua.com.br/l; http://www.ibama.gov.br; http://www.mma.gov.br; http://www.greenpeace.org . A disciplina de OET também ajuda nessa tarefa, com visitas à Biblioteca e Hemeroteca para complementar dados de livros e periódicos, sempre que necessário. Entregam-se os roteiros para verificação e correção do conteúdo pelo professor de Geografia. Os alunos fazem a complementação e depuração dos dados e passam a elaboração final do folder idealizado. O trabalho de conscientização sobre a necessidade de preservação da água foi feito na escola e em casa. A campanha escolar se deu pela exposição dos trabalhos. A conscientização em casa foi responsabilidade dos alunos, que deviam relatar suas novas descobertas aos pais e incentivá-los a contribuir, enviando e-mails aos seus colegas de classe, relatando como a família trata a questão da água nos dias de hoje. Os professores também enviaram uma carta-convite aos pais para o envolvimento e participação na atividade por meio de e-mails. O resultado atingiu o número de quase 100 e-mails, apoiando o estudo, relatando mudanças de hábitos, sugerindo sites e 150 divulgação da proposta, participando do trabalho da escola com entusiasmo e envolvimento. Os e-mails, recebidos dos pais e familiares, foram expostos nas salas de aula e retrataram: • a repercussão do estudo dos alunos em ações em casa e na família: Acho da maior importância esse projeto. Aqui, em casa, temos a preocupação com o uso da água: no banho, racionando o uso para lavar roupas e louças de uma forma organizada e consciente e, nesse sentido o Rio Branco nos ajuda muito, pois, desde cedo, as crianças têm essa atenção. Isso é um grande exemplo de cidadania. Até mais, obrigada. Silvana Tedesco Simões, mãe da Natalia Simões Gambini. Nosso neto merece: Água, como usamos. Nosso neto pediu que descrevêssemos como usamos a água em nosso dia-a-dia. Eu, Chyia, que sou seu avô no primeiro instante, fui pego de surpresa, porém, pensando um pouco, percebi a importância da pergunta. Eu uso, conscientemente, a água, economizando. Fecho a torneira enquanto escovo os dentes e corto a barba; no banho, não me demoro mais que cinco minutos. Minha esposa, Dvorah, fecha a torneira enquanto ensaboa a louça e só liga a lava-roupa com a carga total permitida; no banho, também, não demora mais que cinco minutos. Eis como nós usamos a água em nossa casa. Chyia e Dvorah (Dora), avô e avó de Luiz Szajnbok, da 5ª F2 • formas variadas de contribuição dos pais, em diferentes estilos e linguagens: Água, palavra de quatro letras que poderia substituir outra do mesmo tamanho: VIDA! A vida vem da água e está na nossa vida em todos os momentos. Água é alimento, água é higiene, água é lazer, água é saúde. Terra, planeta Água! Marco Quintão, pai da Luísa Quintão. • contribuições para o estudo dos alunos: Parabéns ao Colégio Rio Branco pela iniciativa! Acho interessante a conscientização das crianças sobre as riquezas naturais e a importância de se conservarem os rios. Achei o site abaixo bastante completo e interessante sobre o rio São Francisco. Espero poder colaborar com o projeto. site: www.valedosaofrancisco.com.br. Rosilda Calabria Jordan, mãe do Daniel Calabria Jordan - 5ª série (tarde). • a percepção dos pais de que a escola trabalha com temas integrados, atuais, significativos e contextualizados, contribuições para o estudo e sugestões de atividades: À Equipe do Projeto Recebi o comunicado sobre o Projeto Água - e eu com isso? e estou aqui para colaborar com algumas informações. Acho muito bacana a escola enfocar temas atuais, dos quais os alunos possam participar em conjunto com outros para discutir o que está acontecendo no mundo. Percebi que não é só a matéria de OET que está organizando o trabalho, mas, também, Ciências, Geografia e Informática. Acredito que os alunos que estudaram no colégio, na 4ª série, 2003, como o Felipe, já vieram com uma boa bagagem de informação, pois fizeram um belo trabalho sobre o rio Tietê e até visitaram a nascente do rio. Gostei da idéia do folder e acho que estes deveriam ser espalhados não só pelo Colégio RB da Higienópolis, como na Granja e nas outras escolas que a Fundação de Rotarianos mantém. Essa exposição animaria muito os alunos! Abaixo, alguns 151 sites que mostram projetos de racionamento de água e as usinas que temos para geração de energia: http://www.wwiuma.org.br/veja_natu_cotrataca.htm http://www2.uol.com.br/oradical/materias/2098.shtml, http://www.cesp.com.br/ Maria do Carmo Bugarib Mello ( Tuca, ex-aluna do RB), mãe de Felipe Bugarib Mello da 5ª F2, nº 11. • diálogo com proximidade afetiva, sentimento de pertinência ao grupo e de participação na vida escolar do filho: Oi, amigos, Estou enviando um anexo, onde relato a importância da água para nosso planeta; também vou deixar a indicação de sites que acredito serem importantes para alavancar o sucesso e ter novas idéias para o projeto Água e eu com isso? que o Colégio Rio Branco está abordando com muito carinho e sensibilidade. Visitem os sites www.inag.pt - www.uniagua.org.br . Espero que minha contribuição traga bastante informação para esse projeto. Parabéns à equipe do projeto: alunos, professores, coordenadores e supervisores! Eduardo Rodrigues da Silva, pai do Eduardo Rodrigues da Silva Junior, da 5ª série F10. Com o advento da Internet e a conseqüente criação de novas possibilidades de comunicação, entre elas e-mail, chat e fórum, surge a possibilidade de aprender com muitos, não importando o tempo e o lugar de cada um. Há um aumento do potencial de interação e diálogo e desenha-se uma aprendizagem sustentada na interação, colaboração e no conhecimento compartilhado. Projeto Orçamento familiar – Ensino Fundamental II - 6ª série O projeto Orçamento Familiar surge da crença de que é função da escola preparar o aluno para a vida pessoal e profissional e para o exercício da cidadania. São imprescindíveis para o alcance dessa meta a análise dos aspectos sociais do país, a aquisição de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários para compreender e atuar na realidade brasileira. A partir dessa justificativa, são traçados os objetivos específicos da tarefa e as habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos e mediadas pelos professores: coletar, organizar e interpretar dados numéricos; elaborar tabelas, calcular e interpretar porcentagens; construir e analisar gráficos estatísticos; utilizar conhecimentos matemáticos para representar, interpretar e intervir na realidade; explorar diferentes técnicas de obtenção de informação em fontes orais, escritas, gráficas, audiovisuais e da Internet; utilizar o Excel para registro, organização de dados, cálculos e representação gráfica; familiarizar-se com o PowerPoint na elaboração de apresentação multimídia e com técnicas de exposição oral de trabalhos. Na concepção e no desenvolvimento desse projeto, há a integração das disciplinas Matemática, Informática e Orientação Educacional para o Trabalho (OET). Inicialmente, em situações áulicas de OET, é abordada a temática necessidades e desejos. A motivação para a discussão do tema é feita por meio da música Comida, de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto, problematizando-se a questão apresentada, com ênfase, nas estrofes: Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?. Pede-se aos alunos que classifiquem necessidades e desejos, priorizando o que é essencial à vida, para que, ao final da classificação, seja abordada a educação do consumidor. Elaboram-se cartazes listando as necessidades. Parte-se, então, para a definição do conceito de orçamento e dos principais itens que o constituem. Durante a execução do trabalho, as 152 professoras de OET acompanham e orientam a elaboração dos textos descritivos de cada setor na elaboração das referências. São dadas, então, orientações sobre todos os procedimentos a serem executados no projeto. Os alunos recebem um cronograma de execução de tarefas, de atividades em aulas e em casa para que possam se organizar, administrando o tempo de realização fixado para o trabalho. O cronograma é discutido e acordado. Orientados pelas professoras de Matemática, os alunos entram em contato com material selecionado e disponível na Biblioteca e Hemeroteca do colégio (jornais, livros, revistas, Internet). Entre os sites sugeridos, estão: http://www.estadao.com.br; http://www.sociedadedigital.com.br ; http://www.fazenda.gov.br; http://www.ibge.gov.br; http://www.acsp.com.br;. Para realizar a tarefa, os alunos organizam-se em equipes e têm o desafio de elaborar o orçamento mensal comprovado de uma família fictícia, com renda líquida igual a uma dentre as apresentadas a seguir: R$ 500,00, R$ 1.000,00, R$ 2.000,00, R$ 4.000,00, R$ 6.000,00 e R$ 8.000,00. Os setores que compõem o orçamento e que devem ser descritos e detalhados de acordo com a renda são: perfil da família (número de pessoas, sexo, idade, profissões, renda líquida, rotina); moradia (tipo de moradia, aluguel ou prestação, condomínio, IPTU, contas de água, luz, telefone, gás, empregados domésticos e TV a cabo); alimentação (supermercado, feira, padaria, refeições, lanches); transporte (passagens de ônibus, trem, metrô, perua escolar, carro, combustível, IPVA, seguro, estacionamento); saúde (plano de saúde, remédios, dentista); educação (mensalidade escolar, material, cursos); lazer (lanchonete, restaurante, cinema, teatro, aluguel de DVDs ou vídeos, passeios, viagens, clube); despesas pessoais (vestuário, presentes, livros, revistas, perfumes, acessórios, material esportivo, hobbies, cabeleireiro, academia de ginástica). Os itens que podem fazer parte de cada setor do orçamento são discutidos com os alunos. Os alunos montam uma pasta com dados que devem ser comprovados ou justificados. A pasta é avaliada pelas professoras de Matemática durante todo o desenvolvimento do projeto, como forma de mediação e proposição de novos desafios. Todas as fontes (jornal, revista, site etc.) são anotadas e incluídas nas referências do trabalho. Nas aulas de Informática, os alunos, em grupos, dois a dois no computador, criam apresentações não-lineares em PowerPoint, com descrição dos setores e tabela de dados e gráficos para apoiá-los na socialização dos trabalhos, análise e confronto das faixas de renda. A apresentação final dos trabalhos, com projeção dos slides e explanação oral e debate entre os grupos, é feita nas aulas de Matemática. O aluno é avaliado, por todo o processo de desenvolvimento do projeto, nos seguintes aspectos: organização da pasta de pesquisa; consistência dos dados apresentados e correção dos cálculos; interesse, participação e colaboração no grupo; assiduidade; pontualidade nas datas de entrega do material; comunicação e expressão oral. A seguir, apresenta-se depoimento de aluna e exemplo de parte de uma produção. Neste trabalho, aprendemos que ter só R$ 1.000,00 para sobreviver é muito pouco. Nossa família não leva uma vida muito fácil. Aprendemos a planejar o que vamos gastar no mês. Também aprendemos que precisamos estudar muito para ter uma vida bem-sucedida. Agora, damos valor quando nossa responsável fala que está preocupada com as contas etc. Damos valor quando ela não pode dar uma coisa que nós queremos. Bom, aprendemos que precisamos fazer um orçamento familiar em todos os meses da nossa vida. Precisamos economizar 153 nossa mesada, evitando gastar no shopping, em besteiras. Até meu irmão, economizando a mesada, conseguiu comprar um computador. Ana Clara Garcia Farah - 6ªsérie 2006. Webquests Encontra-se, via Internet, uma fonte inesgotável de informações abrangendo desde fatos do cotidiano até os mais sofisticados estudos científicos, dos mais remotos tempos ao tempo real. O processo de comunicação se dá, peculiarmente, de muitos para muitos, num processo bastante dinâmico, ágil, eficaz, estimulador e atraente. A Internet aparece como um dos principais meios eleitos pelos alunos para troca e busca de informações. Cabe, portanto, aos educadores discutir sua aplicação e contribuição enquanto ferramenta de aprendizagem. Promover a seleção e transformação de informações autênticas e confiáveis em conhecimento e descobrir caminhos para evitar a subutilização, a dispersão e a cópia é o nosso grande desafio. Em busca de técnicas adequadas e apuradas para o uso da Internet na educação, professores da equipe de Tecnologia do Colégio Rio Branco encontram, nas Webquests, uma forma de aprimorar técnicas de pesquisa via Rede, promovendo interação, integração, conectividade, colaboração, aprendizagem significativa e 154 contextualizada. Realizam um curso de capacitação pessoal e o multiplicam entre alguns professores, criando-se, assim, um banco de Webquests da escola e iniciandose experiências com o uso dessa proposta. As Webquests do colégio encontram-se disponíveis no endereço http://www.crb.g12.br/webquest.php. Atualmente, a formação de professores para o uso de Webquests é oferecida, como curso à distância, via Moodle CRB. A contribuição dessa proposta para o processo de ensino e aprendizagem pode ser avaliada através do depoimento, via e-mail, de educadores que utilizam nossas Webquests e um de nossos alunos. 155 Iniciação Tecnológica e Robótica Pedagógica A metodologia de trabalho com iniciação tecnológica e robótica pedagógica no Colégio Rio Branco constitui-se na construção de conhecimento significativo, mediado pelo computador. O aluno é um criador executor, está no controle das ações, idealiza e elabora um objeto de sua escolha, o que promove um vínculo afetivo e motivação pessoal para o desafio; também programa e controla o invento pelo computador. O aprendizado é um fazer mediado pelos professores e pelo computador. Os professores lançam desafios, garantem a formalização de conceitos e auxiliam os alunos na solução de problemas. No computador, os alunos estabelecem o controle dos inventos pelo software Robolab, que permite programar, pela linguagem gráfica, o tijolo LEGO/RCX, que é acoplado ao invento. Tanto durante a construção do modelo como na programação, o aluno desenvolve estratégias de resolução de problemas ao passar pela experiência de reflexão, frente aos erros, para efetuar a correção, o que é uma oportunidade para que, realmente, aprenda os conceitos envolvidos na tarefa. A área de Física é a autora dessa atividade apoiada pela equipe de Tecnologia Educacional. Desde 2003, a cada ano, um diferente desafio é lançado aos alunos da primeira série do Ensino Médio. O projeto do ano de 2006, denominado Redescobrindo Leonardo, idealizado e proposto pela professora e coordenadora de Física, é motivado pelo sucesso do livro de Dan Brown e do filme de Ron Howard, intitulados Código da Vinci, e desafia os alunos a se tornarem inventores. No invento, conceitos como massa, força peso, grandezas vetoriais, velocidade média, movimento retilíneo uniforme (MRU), movimento uniformemente variado (MUV), movimento circular uniforme, teorema do impulso, plano inclinado, força de atrito, devem estar representados e a maneira como foram inseridos no projeto deve ser descrita. Os inventos podem ou não ser robotizados e são apresentados na mostra anual de Física. O trabalho é realizado em equipe. A interação com os pares na criação e execução do projeto promove um aprendizado para o convívio por meio de respeito, concessão, compreensão, disciplina e comprometimento. As equipes que se dispõem a robotizar seus inventos freqüentam, além das aulas de Física destinadas ao projeto, aulas de Robótica na sala de multimeios. Todos os passos do processo de aprendizagem são registrados e compilados num dossiê, elaborado pelos alunos, contendo: idealização e planejamento, estudos 156 sobre os conceitos abordados, correções, fotos que retratam o passo-a-passo das construções, cálculos e gráficos desenvolvidos na execução do trabalho. O alcance dos objetivos propostos e os princípios que norteiam os trabalhos podem ser analisados nos registros e depoimentos de alunos. Irrigação Móvel Descrição do projeto pela equipe de alunos Material: Para realizar o experimento de Física denominado Irrigação Móvel, utilizamos: uma tábua de madeira de 1,50m X 0,30m X 0,02m; grama artificial para cobrir a tábua; três faixas de madeira, duas de 1,50m X 0,07m X 0,005m e uma de 0,26m X 0,07m X 0,005m a fim de servir como uma barreira para a água não transbordar da tábua; dois apoios de madeira de 10cm X 4cm X 4cm para levantar a tábua; algodão para absorção de água excedente; plantação de feijão; duas mangueiras flexíveis coletoras de água de máquina de lavar roupa; papel alumínio para conectar a mangueira à tábua; dois recipientes plásticos coletores de água de 15l cada; um suporte metálico hospitalar para o soro; quatro frascos de soro de 500ml; um equipo EA-02S macrogotas; cinco torneiras médicas descartáveis de três vias para infusão venosa de medicação; um carrinho de brinquedo que funciona a pilha; oito pilhas tamanho AA 1,5 volts. Planejamento - Colocaremos a tábua gramada por cima dos dois apoios de madeira, formando uma inclinação de, aproximadamente, 5º, o algodão com os feijões ao lado da tábua. Fixaremos a saída do equipo de soro, que estará colocado no suporte metálico de hospital, no carrinho de brinquedo e conectaremos as torneiras. Após a preparação, o carrinho será colocado sobre a tábua e começará a andar; no mesmo instante, a água do soro cairá na grama artificial, como se fosse uma plantação de verdade. A água escorrerá até uma das duas mangueiras flexíveis e cairá no recipiente plástico que estará ao pé da mesa. Conclusão - Com este trabalho, pudemos pôr em prática tudo que aprendemos, durante o ano, nas aulas de Física, apresentadas pela professora Ângela e nas aulas de laboratório, pelo professor Pedro. Nós observamos que as propriedades da Física estão presentes no nosso dia-a-dia, em todos os instantes, até mesmo no simples fato 157 de irmos passear de carro. Concluímos, também, que o experimento que inventamos pode ser muito produtivo aos fazendeiros que possuem uma plantação. Com um carro como o nosso, eles gastariam menos água, não haveria tanto desperdício. • Juliana 1ª série EM: Fizemos, ajudamos e realizamos o trabalho durante o ano todo e posso concluir que desenvolvemos nosso conhecimento de uma forma mais agradável. Todos do grupo participaram do projeto e posso afirmar que nossos esforços valeram a pena. • Daniela 1ª série EM: Foi muito importante a realização desse experimento, feito ao longo do ano, pois, agora, podemos explicar com mais facilidade todos os tópicos abordados a qualquer um que pergunte os conceitos básicos da Física, pois com as explicações da professora e a realização prática, o entendimento foi muito melhor. Foi muito gratificante ver que todos os esforços feitos por todo o grupo valeram a pena, pois todos os objetivos foram concretizados. Big Foot Descrição do projeto pela equipe de alunos: Esse projeto trata de um carro (denominado Big Foot por suas rodas serem grandes) que possui um ventilador com a finalidade de ventilar uma mesa de reunião, onde as pessoas estariam sentadas e sendo ventiladas conforme o carro anda de um lado para o outro da mesa. Primeiramente, a idéia original era de um ventilador que girasse 360º. Porém, no decorrer do trabalho, fomos encontrando dificuldades que nos levaram a fazer um ventilador sobre um carro que ventilasse uma mesa de reunião. Com isso, pudemos perceber o quão árdua é a atividade de criar um invento. Então, após trabalhar o ano inteiro para a conclusão desse projeto, vimos que, mesmo tendo apenas conhecimentos básicos de Física, que foram aprimorados no decorrer do ano, foi possível finalizar esse invento, que nos ajudou muito a ter uma visão prática da matéria. Esperamos que gostem desse projeto o tanto quanto foi gratificante para nós fazê-lo. Bom aproveitamento! • Marina 1ª série EM: Com esse projeto, pude observar, na prática, o que é Física. Com todo o meu envolvimento desde o começo de ano, observei todas as dificuldades de montar um invento e, principalmente, fazê-lo funcionar. Com todas as tentativas e erros, aprendi muito sobre os fundamentos de Física quando aplicados na prática. Tenho certeza de que levarei comigo essa experiência como um ótimo aprendizado da vida. • Gabriela 1ª série EM: Com esse trabalho, eu aprendi que Física não é apenas fórmulas, mas, também, faz parte de nosso cotidiano. Pude ver que, na prática, é muito mais fácil compreender essa matéria, de um modo muito mais divertido. 158 O trabalho de Robótica no Colégio Rio Branco tem sido construído com a convicção de que o projeto deve partir das necessidades de nossos alunos, deve ser inspirado por elas, para que haja envolvimento e comprometimento pessoal com a tarefa. Da interação do aluno com o objeto de criação, da reflexão em busca de solução de problemas e desafios mediados pelo professor, resulta muito mais que a simples realização de uma tarefa, resulta a capacidade de descrever e compreender como a tarefa se realizou. A ênfase está na compreensão e não na simples execução. O trabalho deve, ainda, nascer das nossas aspirações e inquietações, deve estar apoiado em nossos ideais educacionais e não em cópias e repetições de modelos e roteiros previamente descritos e planejados não levando em conta a nossa realidade. Acredita-se que o preparo do professor se dá na ação, nas propostas que surgem do seu espaço de atuação, no contexto da escola, na troca de experiências. No próximo ano, a iniciação tecnológica, tendo em vista a robótica, será estendida aos alunos do EFI e EFII. Considerações Finais O uso de Tecnologia no Colégio Rio Branco reverte-se em novas práticas que delineiam novos caminhos. Nasce de uma forte inquietação provocada pelo desejo de mudança de paradigmas educacionais, alimenta-se da reflexão e sustenta-se numa eterna vocação para ousar. Está a serviço de uma prática docente que busca o aprimoramento pela compreensão de quem é o sujeito que aprende, como aprende e para que aprende, sustentada nos estudos realizados, nos últimos anos, pelos docentes da escola. Referências AVELLAR, GERALDO MANGELO DE; MACEDO, MÁRCIA REGINA TEIXEIRA. Projeto Água – e eu com isso? Elaborado pelo professor de Geografia e pela coordenadora de Informática do Colégio Rio Branco, 2006. AZEVEDO, JÔ; HUZAK, IOLANDA; PORTO, CRISTINA. SERAFINA E A CRIANÇA QUE TRABALHA. São Paulo, Ática, 1998. 4ªed. CARVALHO NETO, CASSIANO ZEFERINO. Afinal: O que educacional? Abceducatio, São Paulo, n.15, p.19-26, jun. 2002. é tecnologia FONSECA, ÂNGELA R. PEREZ; Projeto Redescobrindo Leonardo. 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Pesquisadora da Faculdade de Educação/USP e da Escola do Futuro/USP. Consultora ad hoc em Educação a Distância (EscolaNet, da Estudo, Estratégia e Informação), projetos de Inclusão Digital, Responsabilidade Social e Marketing de Causas. Betina von Staa [email protected] Coordenadora pedagógica e articulista do Portal Educacional, da Positivo Informática. É autora e docente dos cursos on-line de escrita acadêmica em inglês Publish or Perish e Elaboração de projetos on-line, ambos oferecidos pela COGEAE. Foi docente do curso on-line Resenhando na Universidade, oferecido pela COGEAE, e foi assistente de coordenação do curso Práticas de Leitura e Escrita na Contemporaneidade, oferecido a professores de Ensino Médio do Estado de São Paulo pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini. É autora de um módulo de EAD do Grupo Positivo. É doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem na vertente de Ensino à Distância pela PUC-SP. Cristiana Mattos Assumpção [email protected] Mestre e doutora em Tecnologias Instrucionais e Mídia pela Columbia University, Teachers College, em Nova York, NY, EUA. É uma das coordenadoras do Departamento de Atividades Net Educacionais do Colégio Bandeirantes, desenvolvendo projetos interdisciplinares, organizando cursos de capacitação de professores no uso de novas tecnologias, gerenciando e pesquisando novas tecnologias e suas aplicações em sala de aula, apresentando trabalhos em congressos nacionais e internacionais e cultivando novas parcerias com outras instituições líderes no uso de tecnologia na educação. Prestou consultoria ao Conselho Estadual de Educação na área de Ensino a Distância. Daniel Barbosa de Jorge [email protected] Formado em Processamento de Dados e Pós-Graduado em TI (Análise de Sistemas). Atua na área de Tecnologia desde 1996, tendo a maior parte do tempo atuado com Tecnologia Aplicada à Educação. Atualmente é Auxiliar de Informática Educacional do Colégio Presbiteriano Mackenzie de São Paulo, atuando em várias frentes: capacitação de professores, projetos utilizando novas tecnologias em laboratórios, lecionando Robótica e responsável pela implementação de ferramentas web do portal eMack e do Colégio, no qual se enquadra o Sistema de Avaliação. 161 Ivone Nonato Sotelo [email protected] Graduada em Letras pela UNESP-SJRP e em Pedagogia; especializada em Supervisão e Administração Escolar, em Tecnologias Aplicadas em Educação (U.P. Mackenzie) e em Gestão do Conhecimento (FGV). Foi professora da rede pública estadual e coordenadora de Língua Portuguesa na Diretoria de Ensino. Participou da implantação da proposta curricular de língua portuguesa no Estado e da implantação de Informática nas escolas municipais de São Paulo (docente, pela PUC). Coordena o Centro de Tecnologias Aplicadas do Colégio Visconde de Porto Seguro (SP). Aí, supervisiona o Projeto Inicomp -Iniciação ao Computador e o Projeto Educat -Educação com Tecnologias, proposta de inclusão digital e social voltada a alunos e famílias da Escola da Comunidade. Luciana Maria Allan Salgado [email protected] Formada em Matemática; mestrado em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Atua há mais de uma década na área de Informática Educacional, principalmente em atividades relacionadas à formação de professores. Participou da elaboração de documentos para o Ministério da Educação (PCNs em Ação e PCNs e Conceitos Estruturantes) e como docente em cursos livres e de extensão na Escola do Futuro/USP. Atuou por 5 anos como Agente Técnica do Programa - Sua Escola a 2000 - do Instituto Ayrton Senna. É a Diretora Técnica do Instituto Crescer, participando da elaboração e gestão de projetos sociais de inclusão digital como o Programa Aluno Monitor Microsoft (formação técnica de alunos e professores de escolas públicas para apoio a atividades em laboratórios de informática). Lyselene Candalaft Alcântara Prol [email protected] Formada em Ciência da Computação pela UNICAMP; cursos de pós graduação em Tecnologia Aplicada a Educação (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Gestão em Ensino a Distância (Universidade de Juiz de Fora; Atua há mais de 17 anos em escolas de primeiro, segundo e terceiro graus ministrando cursos, coordenando projetos e capacitando professores na área de Tecnologia Aplicada à Educação com ênfase em uso de mídias diversas no processo de ensino/aprendizagem, robótica e EAD. Marcia Regina Teixeira Macedo [email protected] Professora EFI, EF II e EM, Pedagoga. Especialização em Projetos Interdisciplinares PUC-SP, curso MBA em Tecnologias da Informação e Comunicação –PUC-RS. Participante da equipe de Coordenação e Capacitação de professores do Projeto Gênese de Informática Educacional – SME-SP. Participante da equipe de formação de professores - Educação Continuada do SEE-SP - PEC de Informática PUC-SP. Coordenadora e professora de Tecnologias Educacionais EF II e EM - Colégio Rio Branco - Higienópolis 162 Marcos Telles [email protected] Formado em Engenharia de Produção na POLI-USP, especializou-se em Administração em Delft, Holanda. Foi professor da FEA-USP, da FAAP-Comunicação e da FIA-USP e membro do Conselho de Administração da FGV-EAESP. Atuou como gestor e consultor, com foco em mudança e em redirecionamento estratégico, em empresas privadas, em entidades nacionais (FIESP/CIESP. ACSP, FENADVB, ABED etc.) e em organismos internacionais (ONU, BID/INTAL, UNIDO etc). Hoje, como diretor da Mentat-Lógica de Processos, dedica-se ao campo da tecnologia aplicada ao ensino, seja em assessoria a entidades de ensino e empresas, seja no desenvolvimento e gestão de cursos, seja em palestras e seminários. Mary Grace Martins [email protected] Graduada em Pedagogia pela USP, pós-graduanda em Educação a distância (design instrucional para cursos on-line) pela UFJF . Atualmente é Consultora do Instituto Crescer para a Cidadania e Microsoft Educação. Sócia-fundadora da Vivência Pedagógica, atua na formação de profissionais para uso das tecnologias, elaboração de material pedagógico multimidia e consultoria para empresas, escolas e instituições de ensino superior. Nivaldo Tadeu Marcusso [email protected] Formado em Engenharia Eletrônica; MBA em Conhecimento, Tecnologia e Inovação (FIA/USP). Pós-MBA em Gestão Avançada (FIA/USP-em curso). Especialização em Gestão Estratégica de TI -SUIT (Stanford), Estratégia de Serviços de TI-DIS (Harvard), Direção Estratégica de TI (FGV/SP), Gestão de Conhecimento (FIA/USP e Lyon), Gerenciamento Internacional (FEA/USP e Marseille), Estratégia e Inovação ( MIT Sloan School of Management). Professor de Pós-Graduação (MBA) de Estratégia, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo. Palestrante em congressos nacionais e internacionais de TI, Inovação, Estratégia e Gestão do Conhecimento. É responsável pela Gestão da Tecnologia da Informação, Planejamento Estratégico e Educação a Distancia da Fundação Bradesco. Paulo Brito [email protected] Paulo Brito é bacharel em Ciências Econômicas pelo Centro Universitário Padre Anchieta e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com especialização em Inclusão Digital. É também jornalista profissional, tendo sido editor de alguns dos principais veículos impressos de informática do mercado brasileiro. Renata Guimarães Pastore [email protected] Tecnóloga em Processamento de Dados pela FAAP e licenciada em Matemática pelo SENAC SP. Atualmente leciona informática pedagógica e robótica educacional no Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Dante Alighieri, desenvolvendo projetos interdisciplinares com alunos e professores, de inclusão digital e de formação continuada de professores em ambientes de ensino e aprendizagem a distância. Professora da disciplina "Robótica na Escola" 163 do curso de pós-graduação “Informática Aplicada à Educação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Solange Giardino [email protected] Formada em Psicologia e especialista em Informática Aplicada à Educação e em Tecnologia da Informação - Internet. Atua na área de Tecnologia Educacional em instituições renomadas de São Paulo desde 1986 e é responsável por vários cursos de capacitação de professores para utilização das novas tecnologias. Implantou e coordena a área de Tecnologia Educacional do Colégio Presbiteriano Mackenzie desde 1997, onde é responsável pelos projetos envolvendo as novas tecnologias, Robótica, ambientes de aprendizagem colaborativa, capacitação de professores e pelo Portal eMack. Este case foi considerado referência nacional e vencedor do prêmio e-Learning Brasil 2006 na categoria Educacional Gold. Valdenice Minatel Melo de Cerqueira [email protected] Pedagoga pela UNICAMP e mestre em Educação e Currículo - Novas Tecnologias pela PUCSP. Atualmente coordena o Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Dante Alighieri, SP, onde desenvolve projetos interdisciplinares com alunos e professores, de inclusão digital e de formação continuada de professores em ambientes de ensino e aprendizagem a distância. Professora do curso de pós-graduação “Informática Aplicada à Educação” da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Vania Maria Concimo Santos [email protected] Professora EF I, Pedagoga, ex-docente em Informática pela Trend, Encontros de Educação Continuada em Informática pela PUCSP, Coordenadora de Informática Educacional Educação Infantil e EFI - Colégio Rio Branco – Higienópolis 164 título A Tecnologia Transformando a Educação - Casos de Aplicação coordenadores Nivaldo Marcusso, Fundação Bradesco [email protected] , www.fundacaobradesco.org.br Paulo Brito, Fundação Bradesco [email protected] , www.fundacaobradesco.org.br Marcos Telles, Mentat - Lógica de Processos [email protected] , www.dynamiclab.com edição Primeira Edição - V1.0 data e local 04/12/06 - São Paulo, SP, Brasil série: Coleção “Tecnologia e Educação” editor: R. Aquino responsabilidade cada autor é totalmente responsável pelo conteúdo de seu texto iniciativa: Praxis - Comunidade de Prática de Tecnologia em Educação A Praxis-Comunidade de Prática de Tecnologia em Educação foi criada em julho de 2004, por iniciativa e com o apoio da Fundação Bradesco. Durante o e-Learning Brasil daquele ano, Nivaldo Marcusso organizou e presidiu a primeira reunião de um grupo de CIOs interessados em trocar idéias e experiências relativas ao uso de tecnologia em educação. O grupo, coordenado por Paulo Brito, do Bradesco Instituto de Tecnologia, diversificou-se pela presença de educadores vindos de diversas áreas e ligados a diversos graus de ensino e ao treinamento empresarial e profissional isbn direitos: Esta obra é disponibilizada de acordo com os termos de uma licença pública Creative Commons 2.5 Brasil. Como definido em detalhes em http://creativecom mons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/ e em http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/legalcode, você pode copiar, distribuir, exibir e executar a obra sob as seguintes condições: Atribuição: você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante; Uso Não-Comercial: você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais; Vedada a Criação de Obras Derivadas: você não pode alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta; para cada novo uso ou distribuição, você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra; qualquer uma destas condições podem ser renunciadas, desde que você obtenha permissão do autor.