resenha crítica rafael sa

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Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Disciplina: EPS6512 – Controle Estatístico de Processos- CEP I
Professor : Robert Samohyl
Mestrando: Rafael Schreiber Mineiro Sá
RESENHA CRÍTICA
I) OBRA:
TAHAN, Malba. O homem que calculava. 73. ed. Rio de Janeiro:
Record, 2008. 300p. ISBN 9788501061966. 1º Publicação em 1939,
atualmente a obra está em sua 79ª edição em 2010.
*Autor real Júlio César de Mello e Souza
II) SOBRE O AUTOR:
Malba Tahan é o pseudônimo de Julio César de Mello e Souza (1895-1974).
O autor, nascido no Rio de Janeiro, era proveniente de família numerosa e humilde.
Seus pais eram professores e ele possuía oito irmãos. Estudou em Colégio Militar e no
Colégio Dom Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Frequentou ainda o curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica e trabalhou na Biblioteca Nacional.
Com aproximadamente 23 anos, passou a escrever para jornais, sempre adotando
pseudônimos. Paralelamente à carreira de escritor, dedicou-se ao magistério, lecionano
especialmente matemática. Propôs a criação de laboratórios de matemática em todas as
escolas e confessou jamais dar nota zero a alunos.
Entre 1918 e 1925 Júlio César de Mello e Souza, estudou árabe, história e geografia do
Oriente e, combinado com o redator do Jornal A noite, criou os personagems “Ali Yezid
Izz-Eddin Ibn Salim Hank Malba Tahan” e “Breno de Alencar Bianco”, professor que
supostamente traduzia as obras do escritor árabe “Malba Tahan”.
Durante toda sua vida, Julio Cesar publicou diversos livros, acredita-se que mais de
cem, dentre eles Amor de Beduíno, A Caixa do Futuro, Nove Lendas Orientais, Lendas
do Povo de Deus e Diabruras da Matemática.
Um fato intrigante é que Júlio César, tornou-se famoso como um escritor árabe, mesmo
jamais tendo visitado pessoalmente qualquer país do Oriente, visto que esteve apenas
nas cidades de Buenos Aires, Montevidéu, e Lisboa.
Rafael Schreiber Mineiro Sá
30 de dezembro de 2010
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Disciplina: EPS6512 – Controle Estatístico de Processos- CEP I
Professor : Robert Samohyl
Mestrando: Rafael Schreiber Mineiro Sá
III) RESUMO DA OBRA
O livro é uma narrativa de ficção ambientalizada em Bagdá no século XIII. O
protagonista de história é o calculista Beremiz Samir, que ao longo dos 34 capítulos da
obra apresenta várias soluções matemáticas para os problemas encontrados em sua
jornada. Os problemas solucionados por ele, eram para o povo da época de difícil
resolução, ou até mesmo insolvíveis, porém Beremiz demonstra que todos têm soluções
de fácil compreensão, usando apenas o raciocínio lógico e matemática básica.
A obra é escrita em 34 contos com algumas ilustrações.
Ao final da obra, há uma importante contribuição, denominada “Considerações sobre os
problemas propostos”, onde são descorridas as soluções matemáticas de 13 dos 34
capítulos da obra, com a inclusão da formulação. Um glossário dos termos de origem
árabe, persa ou hindu é mostrado em seguida.
Para estruturação desta resenha mencionarei aqui alguns capítulos da obra que me
despertaram atenção por sua abordagem matemática ou pela história e são mostrados
abaixo.
No capítulo III surge o problema dos 35 camelos. Segundo a história uma herança
deveria ser repartida entre 3 irmãos onde o mais velho deveria receber ½ e segundo 1/3
e o terceiro mais jovem 1/9. Inicialmente não havia solução para tal problema pois a
divisão de 35 por 2 não resultava em um número inteiro. Como solução, o calculista
Beremiz empresta aos irmãos que receberam a herança, um camelo de seu amigo Hank
Tade-Maiá. Dessa forma, agora com 36 camelos, efetua o cálculo matemático que
permite a repartição da herança entre os três irmãos, ficando o primeiro filho com 18
camelos, o segundo filho com 12 e o terceiro filho com 4 animais, o que dá um
resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram dois.
Um deles já
pertencia a Hank Tade-Maiá, seu amigo, e o último animal fica com Beremiz, em troca
da resolução do complicado problema. Este é um problema clássico encontrado em
outros livros de matemática e possui sua explicação matemática por frações
no
apêndice.
Rafael Schreiber Mineiro Sá
30 de dezembro de 2010
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Já no capítulo VII Beremiz se diverte com os quatros quadros onde com um graveto
começa a formular qualquer número usando 4 vezes o numero 4 na conta. Mostra o zero
(44-44=0), mostra 1 (44/44), mostra 2 (4/4 + 4/4), assim até o numero 10( (44 -4)/4).
No apêncice o problema é demonstrado e afirma-se que pode-se formar na verdade
qualquer numero de 0 a 100, usando apenas quatro quatros.
Os números amigos 220 e 284 são mostrados no capitulo XIII. Após a leitura do elogio
poético da amizade Beremiz diz ao rei que reparou que do falatorio das 504 palavras
220 eram caracteres pretos e 284 eram vermelhos e inicia-se a historia dos numeros
amigos. 220 é divisível por 1, 2, 4, 5, 10, 11, 20, 22, 44, 55 e 110 e a soma destes
numeros resulta em 284. Já o numero 284 é divisivel por 1, 2, 71 e 142 e esta soma
resulta em 220. As histórias dos números amigos também são um caso clássico da
matemática, e constam inclusive no livro “Problemas famosos e curisosos da
matemática”.
O sistema de numeração usado hoje e o antigo sistema quinário são tema do capítulo
XX. O sistema quinário é aquele onde as unidades se agrupam de cinco em cinco,
obtendo-se assim a chamada quina, quando agrupadas cinco unidades. Assim o número
8 seria representado em 1 quina e mais 3, e seria escrito como 13. Além do sistema
quinário existiam outros na Babilônia, como o caso do sistema base 20. Neste sistema o
numero 90 seria representado por 4.10, e seria lido como quatro vinte e mais dez.
Depois surgiu o sistema base 10, devido a contagem nas mãos pelos gregos, cinco em
cada mão. Beremiz também fala sobre o sistema de base doze, ou duzia.
No penúltimo capítulo do livro, XXXIII, Beremiz soluciona o problema da pérola mais
leve, explicando como descobrir, com apenas duas pesagens qual pérola, dentre oito é a
mais leve. Impressionado com a rápida resolução do problema, um sultão oferece
dinheiro, ou um palácio em Bagdá, ou o governo de uma província ou cargo de vizir em
sua corte, porém Beremir diz que deseja apenas e casar com a filha do cheique, Iezid
Abul-Hamid. O pai da jovem, aceita o noivado, porém impõe ao homem que calculava a
solução de mais um problema, para que seja permitido o casamento. Para conseguir
Rafael Schreiber Mineiro Sá
30 de dezembro de 2010
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
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casar, Beremiz deverá descobrir quais das cinco escravas de um poderoso califa e Bagdá
são metirosas e quais sempre falam a verdade, questionando apenas três das cinco
escravas e uma úncia vez cada menina. Importante obeservar que o único dado com que
contava Beremiz era que existiam duas escravas com olhos negros, as quais sempre
diziam a verdade, e três escravas de olhos azuis, as quais nunca diziam a verdade. Ao
formular três perguntas a três diferentes escravas sobre a cor de seus olhos, Beremiz
monta uma espécie de tabela verdade em sua mente e acerta a charada, usando apenas o
raciocínio lógico matemático. Dessa forma, ele ganha a permissão para casar com a
mulher que desejava.
Com um tema bem matemático envolvido com uma história que justifica a atenção no
problema proposto o livro todo é fomado com capítulos com e sem necessidade de
utilização da matemática. Muitas vezes apenas lendas, e passagens do oriente são
mostradas.
IV) CRÍTICA/CONCLUSÃO
A obra mostra lendas e histórias pitorescas da cultura islâmica, contado inclusive como
ocorreu o surgimento do jogo do xadrez.
Apresenta um tom, moralista e correto em vários casos mostrados, especialmente
porque o calculista se mostra ético em seus cálculos, e se apropria de algum bem
somente com consentimento de todos os envolvidos. Demostra também na ficcção um
companherismo ente Beremiz e Maiá.
Creio que sua grande importância é mostrar que muitos dos problemas aparentemente
sem solução podem ser resolvidos com aplicações básicas de matemática e raciocíno
lógico. Mostrar a lógica matemática em aplicação em pequenos casos ajuda a despertar
o interesse de novos leitores ao assunto.
Importante observar que há considerações matemáticas, explicação dos cálculos e
apresensentação das contas e fórmulas, relativas a alguns capítulos. Sugiro que a leitura
do capítulo e das considerações sejam feitas em conjunto, para tornar a leitura mais
Rafael Schreiber Mineiro Sá
30 de dezembro de 2010
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clara e concisa, e a compreensão mais fácil. Ressalvo que inicialmente não observei este
procedimento, razão pela qual encontrei alguma dificuldade em compreender a leitura e
os cálculos apresentados nas considerações matemáticas, as quais visualizei apenas após
a leitura dos 34 capítulos.
A obra auxiliou-me também a conhececer o ilustre Julio Cesar de Mello Souza, um
grande incentivador da matemática no ensino no Brasil. Sempre ouvi falar desta obra e
nunca desconfiaria que o autor era brasileiro, bem como que haveria mais de cem obras
suas publicadas.
V) INDICAÇÕES
O livro está repleto de informações, histórias e curiosidades sobre a matemática.
Indico a leitura a todos que buscam aguçar seu raciocínio lógico, assim como
profissionais e estudantes que pretendem seguir a área das ciências exatas ou mesmo
para quem trabalha em comércio, mercado financeiro, ou qualquer um que, de alguma
forma, utilize a matemática em seu cotidiano. Não apresenta pesada formulação
matemática podendo ser lida por grande parte da população.
Rafael Schreiber Mineiro Sá
30 de dezembro de 2010
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