Ferramentas de autoconhecimento para liderança

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Ferramentas de autoconhecimento para liderança: o uso prático da
Filosofia, Psicologia e Espiritualidade
Alex Almeida Pignatti, M.Sc. – [email protected]
MBA EM LIDERANÇA E GESTÃO ORGANIZACIONAL
FranklinCovey Business School
Campinas, SP, 28 de abril de 2016
Resumo
O indivíduo contemporâneo cada vez mais exige o reconhecimento e respeito pela plenitude
do seu Ser, onde quer que esteja atuando: na sociedade, no ambiente familiar e no ambiente
de trabalho. Neste contexto, o líder precisa compreender a quem lidera, bem como a si
mesmo.
A Filosofia pode ser uma grande aliada daquele que se dispõe a assumir a responsabilidade de
liderar pessoas. Esta “amizade pela sabedoria”, tão assediada pelos filósofos, pode se tornar
um dos pilares fundamentais à completude do líder, auxiliando-o no desenvolvimento da
reflexão, do pensamento questionador e da lógica racional.
A psicologia também possui ferramentas poderosas para auxiliar o líder na busca do
autoconhecimento. Uma delas em especial é a psicoterapia: há um universo a ser explorado
no ambiente da psicoterapia que pode auxiliar profilaticamente o indivíduo, em especial um
líder de pessoas, a desenvolver sua inteligência emocional.
Além disso existem ainda indivíduos buscadores de um “autoconhecimento espiritual”, que
tem por objetivo compreender sua essência e o funcionamento da consciência, além da razão
e da inteligência emocional.
Este artigo tem por objetivo demonstrar a aplicabilidade destas ferramentas da Filosofia,
Psicologia e Espiritualidade na busca do autoconhecimento, bem como romper paradigmas
mundanos deste processo e resgatar conceitos fundamentais e históricos da exploração da
consciência humana.
Através de pesquisa bibliográfica este artigo apresenta uma visão sobre a importância do
autoconhecimento para a liderança, desde a sua aspiração até a execução em alto nível.
Palavras chave: Autoconhecimento. Liderança. Filosofia. Psicologia. Espiritualidade.
Abstract
The contemporary individual increasingly requires recognition and respect for the fullness of
your existence wherever he is acting: in society, in the family environment and in the
workplace. In this context, the leader must understand whom he leads, as well as himself.
Philosophy can be a great ally for those who assume the responsibility of leading people. This
"friendship for wisdom," so beset by philosophers, can become one of the fundamental pillars
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of leader completeness’, assisting him in reflection development, questioning thought and
rational logic.
Psychology also has powerful tools to assist the leader in the pursuit of self-knowledge. One
in particular is psychotherapy: there is an entire universe to discover in psychotherapy
environment that can also help the individual prophylactically, especially a leader of people,
to develop his emotional intelligence.
In addition, there are some “spiritual self-knowledge" seekers, who aims to understand the
essence and functioning of consciousness, beyond reason and emotional intelligence.
This article aims to demonstrate the applicability of the Philosophy, Psychology and
Spirituality tools in the pursuit of self-knowledge, and break worldly paradigms of this
process, rescuing fundamental and historical concepts of human consciousness exploration.
Através de pesquisa bibliográfica este artigo apresenta uma visão sobre a importância do
autoconhecimento para a liderança, desde a sua aspiração até a execução em alto nível.
Through bibliographical research, this article gives a point of view about the importance of
self-knowledge for leadership, from the aspiration to till the high-level achievement.
Keywords: Self-knowledge. Leadership. Philosophy. Psychology. spirituality.
1. Introdução
Liderar pessoas é uma escolha, sempre! Mesmo aquele que é levado quase que naturalmente
e, por reconhecimento dos liderados, à liderança, possui a oportunidade de escolher ou
renunciar à sua missão. Dado este passo, quem escolhe liderar transcende as
responsabilidades inerentes ao seu próprio ser e passa a compartilhar também a
responsabilidade pelas ações, comportamentos, objetivos, ética, presente e futuro de seus
liderados.
O indivíduo contemporâneo cada vez mais exige o reconhecimento e respeito pela plenitude
do seu Ser onde quer que esteja atuando: na sociedade, no ambiente familiar e no ambiente de
trabalho. Todo ser humano deseja que seu próximo o reconheça como alguém dotado de
espírito, de sua razão, emoções e de uma condição material e corpórea.
Neste contexto, o líder se situa em ambos os lados da moeda: precisa compreender a quem
lidera, bem como a si mesmo. Mais importante do que isto, aqueles a quem lidera exigem,
quase que naturalmente, que o líder seja uma referência de indivíduo, alguém que transborde
sabedoria e empatia pelo outro, alguém que entenda a importância da plenitude do ser.
O líder que dedica importância devida ao autoconhecimento dá um relevante passo ao sucesso
da sua jornada de liderança: compreender a si mesmo, compreender o outro e inspirá-lo ao
comprometimento com um propósito e resultados.
“Conhecer os outros é inteligência; conhecer a si mesmo é a verdadeira sabedoria” [LAOTSÉ, séc. VI a.C].
A definição de autoconhecimento pode ser tão complexa quanto o objetivo legado ao próprio
termo. “Conhecer a si mesmo” pode soar tão simplista e frívolo para alguns, que presumem
não haver o que conhecer de si mesmo sendo um ser vivente (basta viver!), bem como pode
ser considerada uma presunção e heresia para outros, que não creem ser factível atingir um
autoconhecimento profundo, quer seja pela complexidade inerente à tentativa de encontrar a
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essência do próprio ser, quer seja por dogmas ou paradigmas acumulados ao longo da vida
que impedem ou atrasam esta busca.
Para estas duas formas de pensar é possível afirmar, filosoficamente, que ambos estão certos
ou errados: pode-se conjecturar que o simples fato de ser um ser vivente permite explorar a
cada situação vivida uma oportunidade de conhecer a si mesmo e, talvez, isso possa ser
suficiente para encontrar a própria essência ao longo da jornada, dentro das infinitas
possibilidades de como se viver a própria vida.
Compativelmente, refletir sobre a própria essência nas situações vividas pode se tornar até
angustiante e repulsivo dadas as mesmas infinitas possibilidades de como se viver a própria
vida. Aliado a isto, a temporalidade de cada ação não pode ser recuperada – cada escolha feita
é resultado de uma reflexão ou de um impulso do próprio ser, que não pode voltar no tempo e
refutar as consequências das decisões e ações tomadas, ainda que pouco tempo tenha se
passado ou que as consequências pareçam insignificantes.
Mas o que afinal difere aqueles que, sabendo das condições impostas pelas infinitas
possibilidades da vida a ser vivida, bem como entrevendo as dificuldades que podem surgir na
busca da própria essência, insistem em, de alguma forma, buscar a razão de sua existência, a
motivação de suas escolhas, as causas de suas frustrações, a pureza de seus pensamentos, a
nudez de sua alma, a verdadeira e única vida a ser vivida, a individuação, o “Self”, o “Santo
Graal”, o “lapis philosophorum”, a “Magnus Opus”, a “Verdadeira Vontade”, o “Religare”,
enfim, o conjunto de tudo o que pode resumir à busca de autoconhecimento?
Talvez essa pergunta não possa ser respondida. Mas o fato é que existem pessoas que se
aventuram em explorar a fundo o próprio ser, que buscam de forma indistinta mergulhar na
própria consciência e entender o que as motiva a agir como agem, o que define seu
comportamento, o que norteia seus pensamentos e ideias, o que delimita sua forma de sentir o
mundo ao seu redor.
Essa “ousadia” foi muito bem expressa pela famosa inscrição do Oráculo de Delfos, pelos
Sete Sábios dos sécs. VI e VII a.C: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses
e o universo”.
É notório que o oriental Lao-Tse tenha se manifestado de certa forma contemporaneamente à
inscrição feita no Oráculo de Delfos pelos ocidentais, atribuída aos “Sete Sábios” da Antiga
Grécia. Em ambas pode-se identificar a importância que o pensamento filosófico, tanto
oriental quanto ocidental, desde a antiguidade, reservavam à busca do autoconhecimento.
Mas o que afinal é o autoconhecimento? Como obtê-lo? Existem ferramentas que auxiliam
essa busca? O que um indivíduo que aspira liderar, quem quer que seja, pode obter de positivo
ao olhar para dentro de si? Quais as consequências para um líder que negligencia o
autoconhecimento? Qual o papel diferenciado que pode desempenhar um líder que se
autoconhece?
Este artigo tem por objetivo debater essas questões através de uma análise bibliográfica e de
contribuições pessoais do autor sobre sua jornada de busca pelo autoconhecimento e de
liderança de pessoas no ambiente corporativo.
Através de uma análise elementar de algumas ciências ortodoxas, como a Filosofia e a
Psicologia, bem como das correntes de pensamento místico-filosóficas e espiritualistas, este
artigo pretende sugerir possíveis abordagens e ferramentas, bem como elucidar e desmistificar
ao líder buscador de autoconhecimento formas de mergulhar na própria consciência e
confrontar seus paradigmas e sustentações mentais, emocionais, espirituais e materiais.
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2. “Aprendendo a pensar” – o desenvolvimento da razão
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for
útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos
poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação
do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das
criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a
cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes
de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade
para todos for útil, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de
todos os saberes de que os seres humanos são capazes (CHAUÍ,
2010).
O surgimento da Filosofia é atribuído aos gregos, que começaram a fazer perguntas e buscar
respostas admirados com a realidade e em confronto às explicações tradicionais que eram
dadas a respeito do mundo, dos seres humanos e suas ações, da natureza e seus fenômenos
naturais.
Eles acreditavam que estas questões poderiam ser conhecidas pela razão humana e que a
própria razão poderia conhecer a si mesma. Eles identificaram que as verdades do mundo
poderiam ser conhecidas pelos seres humanos através das operações mentais: através do
raciocínio.
A origem da palavra Filosofia é atribuída a Pitágoras e seu significado pode ser resumido à
“amizade pela sabedoria”.
A Filosofia pode ser uma grande aliada daquele que se dispõe a assumir a responsabilidade de
liderar pessoas. Esta “amizade pela sabedoria”, tão assediada pelos filósofos, pode se tornar
um dos pilares fundamentais à completude do líder, auxiliando-o no desenvolvimento da
reflexão, do pensamento questionador e da lógica racional.
Afinal, para que a filosofia? Em geral, os aspirantes a filósofos costumam responder
ironicamente que “a filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e
qual”.
Ninguém questiona para que a matemática, a física, a astronomia, a biologia ou a psicologia,
pois as pessoas veem uma utilidade prática na aplicação dessas ciências e, por isso, o senso
comum não encontra motivações para a existência da filosofia.
O fato é que as verdades buscadas pelos cientistas, seus pensamentos e procedimentos
racionais, a prática dos conhecimentos teóricos, o acúmulo do saber, possuem propósitos e
objetivos filosóficos e não científicos. O cientista parte da busca de suas verdades como
questões já respondidas ao passo que a filosofia é quem formula estas questões ao longo da
história.
Desta forma, desenvolver uma atitude filosófica, que também pode ser chamada de
capacidade de indagação, pode ser uma poderosa ferramenta à disposição do líder. A atitude
filosófica transforma a filosofia em uma ferramenta de reflexão. Ela se inicia através de
questionamentos que o indivíduo faz sobre o mundo que o rodeia e às relações que o mantém.
Posteriormente, a atitude filosófica o leva a questionar não somente o mundo ao seu redor,
mas a si mesmo, parte integrante deste todo. É aí que o filósofo compreende que precisa
conhecer sua capacidade de conhecer, ou pensar sobre a sua capacidade de pensar e a filosofia
se torna o pensamento interrogando-se a si próprio, o apogeu do “conhece-te a ti mesmo
(CHAUÍ, 2010).
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“Questionar é o atributo de um filósofo, porque não há outro início para a filosofia além
desse” [Platão].
Questionar é papel fundamental de um líder. E é construindo as perguntas certas que se obtém
as melhores respostas e soluções. Mas o líder não deve apenas questionar os processos, as
diretrizes, os valores, os cenários, os resultados, as metas, as regras de sua instituição, tão
pouco as competências e atitudes daqueles que o cercam. O líder deve questionar a si mesmo!
Deve indagar sobre seu comprometimento dentro de um processo, sobre sua contribuição em
relação aos valores da instituição, sobre sua resiliência diante dos cenários desfavoráveis,
sobre sua competência dentro dos resultados atingidos, sobre seus critérios pessoais
transportados às metas, sobre seu compromisso com as regras, sobre o racionalismo de suas
próprias atitudes, sobre como é que os seus liderados o veem.
Através desta atitude indagadora que, segundo a filosofia, recai sobre a reflexão, o líder
conhece a si mesmo no âmbito de sua razão – sobre a forma como raciocina.
A atitude filosófica é sustentada por três importantes questionamentos: “O que é?”, “Como
é?” e “Por que é?”. Estas perguntas denotam a necessidade de conhecer aquilo que é exterior
ao pensamento. A reflexão filosófica, por sua vez, questiona “Por quê?”, “O quê?” e “Para
quê?”, se dirigindo ao pensamento em si, à linguagem e à ação, ou seja, ao pensador e a sua
realidade interior.
No âmbito da formação racional da liderança, a atitude filosófica pode ser então uma primeira
ferramenta a ser aprendida e utilizada pelo líder, que precisa conhecer o que está a sua volta.
Mas é na reflexão filosófica, um desdobramento da atitude filosófica, que reside o cerne do
autoconhecimento racional. Ela é a base ferramental para o arcano do “conhece-te a ti
mesmo” tão profanado na literatura.
Neste contexto, o que pode acrescentar ao líder o desenvolvimento ou aprimoramento de uma
atitude filosófica indagadora e reflexiva? Como a Filosofia pode contribuir para a formação
da liderança, para o autoconhecimento do líder?
Na prática, desenvolver e aplicar uma atitude indagadora não é tão simples quanto a teoria
pode sugerir. Fosse assim, Sócrates, o grande questionador, “o mais sábio entre os homens”,
porque “sabia que nada sabia”, seria só mais um cidadão ateniense e não o grande modelo da
filosofia ocidental.
“Trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates” [Steve Jobs]
Além disso, a Filosofia não se resume somente a questionamentos e reflexões. “Aprendendo a
pensar”, o título deste capítulo, não é uma tentativa de ofender o leitor, mas não deixa de ser
uma provocação ao aspirante à liderança ou mesmo àquele com vasta experiência acumulada,
que acredita irrestritamente “saber pensar”. O grande legado da Filosofia é ensinar o
indivíduo a pensar.
O teste da investigação racional frente aos conhecimentos recebidos, bem como o estudo da
natureza e dos limites do conhecimento referem-se a Epistemologia, uma das áreas da
Filosofia.
A Lógica, outra importante frente da Filosofia surgiu de técnicas de construção de
argumentações racionais, elaboradas pelos filósofos que confrontavam as explicações
supersticiosas e religiosas existentes em sua época – construir um argumento sustentado pela
razão exige grande destreza e cuidado com o uso da linguagem.
A consistência e as conclusões do raciocínio podem ser avaliadas pela linguagem utilizada
pelo interlocutor, não somente pela lógica, e este processo define outro campo filosófico: a
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Filosofia da Linguagem.
Outro ramo não menos importante e muito explorado pelas instituições na atualidade é a Ética
e a Filosofia Moral. Nos dias de hoje, as corporações são praticamente obrigadas a se
posicionar sobre o que consideram justo, virtuoso e o que é um comportamento adequado e
esperado de seus colaboradores e de suas lideranças (BUCKINGHAM, 2011 ).
Diante destas importantes definições, eis que a filosofia e a atitude filosófica podem servir
como ferramentas poderosas ao líder e à sua busca de autoconhecimento, sustentando-o e
impulsionando-o à quebra e construção de novos paradigmas, à mudança de cenários
desfavoráveis, à definição e redesenho de estratégias, à correção de rotas, à definição de
propósitos, ao julgamento justo, à postura ética, enfim, o desenvolvimento de suas habilidades
racionais.
Apesar de existirem diferentes ramos da Filosofia definidos ao longo da história, a sua grande
virtude é ser sistemática.
O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual. É sistemático
porque não se contenta em obter respostas para as questões colocadas,
mas exige que as próprias questões sejam válidas e, em segundo lugar,
que as respostas sejam verdadeiras, estejam relacionadas entre si,
esclareçam umas às outras, formem conjuntos coerentes de ideias e
significações, sejam provadas e demonstradas racionalmente
(CHUAÍ, 2010).
E este é um outro ganho relevante que o líder ou aspirante à liderança pode obter ao recorrer à
Filosofia para preencher seus gaps de “liderança racional” – é muito comum, no mundo
corporativo, a promoção de um especialista que se destaca por suas entregas a um cargo de
liderança. E um dos grandes desafios deste indivíduo é a transição entre um perfil focado em
resultados, obtidos pelo conhecimento especializado, para um perfil com foco em entregas
através da delegação de responsabilidades, da inspiração de seus liderados e de uma visão
mais generalista e sistêmica dos problemas e processos.
O arquétipo do “líder racional”, que possui competências racionais bem desenvolvidas, é
aquele que conhece as fragilidades dos processos e as questiona, interligando todas as etapas e
se sentindo responsável pelos problemas e falhas do processo, ainda que não sejam de sua
responsabilidade formal. É o líder que, conhecendo sua equipe, busca esclarecer propósitos
sistêmicos e individuais para cada liderado, com base em explicações racionais sobre as metas
e resultados esperados. É um líder que naturalmente reflete sobre suas atitudes e muitas vezes
compartilha suas reflexões com sua equipe, buscando o envolvimento de todos em um
propósito comum.
O “líder filósofo” é, acima de tudo, ético, pois sabe explorar a morada do seu ser, não por suas
ações, mas pela capacidade de racionalizar e refletir sobre suas atitudes. O autoconhecimento
racional é preenchido pelo “líder filósofo” através da atitude filosófica da indagação, da
reflexão e do pensamento sistemático.
Não cabe a este artigo definir as particularidades para se preencher os gaps de racionalidade
que o líder ou aspirante à liderança possa apresentar, mas sugerir o contato com a filosofia
como uma ferramenta para tal fim. Não há grandes segredos para se iniciar na Filosofia: a
leitura intensa e o contato com cursos específicos são o caminho mais tradicional para se
iniciar neste saber.
As referências bibliográficas até aqui utilizadas podem ser um bom início para transpor préconceitos e avaliar se a formação pessoal do líder ou aspirante à liderança carece de um
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aprofundamento racional em Filosofia.
Assim, tendo em vista a proposta explícita pela titulação deste artigo, faz-se necessário um
próximo passo para auxiliar o líder na busca do autoconhecimento: explorar o “sentir” na
ciência da Psicologia, que como todas as demais ciências ortodoxas, tem suas raízes fincadas
na própria Filosofia.
3. “Aprendendo a sentir” – o confronto entre emoção, razão e comportamento
A Psicologia, apesar de ciência há muito fundamentada, é alvo de grande preconceito dos
leigos até os dias de hoje.
Assim como os diversos outros campos da ciência, a Psicologia tem suas raízes na Filosofia:
os primeiros filósofos da Antiga Grécia já buscavam respostas sobre questões até hoje
debatidas, como a consciência e ser, mente e corpo, conhecimento e percepção, estrutura
social e vida plena.
O século XVI marcou o início da evolução e fragmentação da Filosofia, que culminou na
Revolução Científica no século XVIII, no período do Iluminismo. A ciência se particionou
em diversos campos, mas ainda restavam muitas perguntas sem respostas e, dentre elas, as
relacionadas ao funcionamento da mente.
René Descartes, filósofo, matemático e uma das figuras ilustres da Revolução Científica
propôs uma distinção entre mente e corpo, uma dualidade que se tornou fundamental para a
posterior gênese da Psicologia. Alguns conceitos como o livre arbítrio, a personalidade, o
desenvolvimento e a aprendizagem, que ainda não haviam sido explorados pela filosofia
tornaram-se foco do método científico.
Neste cenário de acelerada evolução científica surge então a Psicologia e, em 1879, Wilhem
Wundt funda o primeiro laboratório de psicologia experimental na Universidade de Leipzig,
na Alemanha. Contemporaneamente, começam a surgir cadeiras de Psicologia em outras
universidades europeias e nos Estados Unidos. Na Europa, a Psicologia cresce sustentada em
pilares estritamente científicos e experimentais; nos Estados Unidos segue um caminho mais
filosófico e teórico.
Mas quais são as características que diferenciam a ciência Psicologia da Filosofia?
A Psicologia é uma ponte entre a Filosofia e a Fisiologia. A Fisiologia se ocupa de explicar o
funcionamento físico do cérebro e do sistema nervoso e não é alvo deste artigo; a Filosofia se
preocupa com os raciocínios e com o campo das ideias, conforme pontuado no capítulo
anterior; já a Psicologia examina os processos mentais que ocorrem no cérebro e como eles se
desdobram em pensamentos, discurso e comportamento (HERMETO e MARTINS, 2012).
Qual seria então a relação entre liderança, autoconhecimento e a ciência da psicologia?
Um dos objetivos deste artigo é o de romper paradigmas e derrubar pré-conceitos do líder ou
aspirante à liderança sobre as formas de se obter autoconhecimento e a psicologia será aqui
abordada como uma ferramenta para o desenvolvimento da “Inteligência Emocional”. Daí a
importância que a Psicologia pode exercer como ferramenta de autoconhecimento para a
prática da liderança. “A Psicologia ajuda a medir a probabilidade de um alvo ser alcançado”
(THORNDIKE, 1920).
Parte do preconceito que a Psicologia carrega até hoje pelos leigos pode estar relacionada as
suas formas de aplicação científica e social ao longo da história, ou talvez a uma visão
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equivocada de que quem procura a psicologia clínica o faz por estar “louco”, “desajustado”
ou apresentando algum distúrbio mental.
A verdade é que para casos extremos como estes é bem raro que um psicólogo possa auxiliar
o necessitado ou realizar um simples atendimento de consultório, sendo necessária a
intervenção de um psiquiatra e de recursos farmacológicos.
Na prática, o que motiva a maior parte dos indivíduos a buscar este recurso tem ligação com a
necessidade de recuperação do autocontrole da própria vida ou ao menos de uma determinada
parte dela. No contexto deste artigo, pode se dizer que esta motivação é uma limitação do que
a psicologia clínica talvez possa oferecer ao buscador de autoconhecimento, ao aspirante à
liderança e ao líder já em atuação.
O que se propõe aqui é o uso das ferramentas que a psicologia disponibiliza para o
desenvolvimento, aprimoramento e fortalecimento da chamada “Inteligência Emocional”, tão
exigida atualmente daqueles que escolhem assumir a grande responsabilidade da liderança de
pessoas.
Este tema tão contemporâneo e, ao mesmo tempo, tão instigante, está em debate desde a
década de 1990 no mundo corporativo e nas demais áreas da sociedade, que exigem uma
dedicação diferenciada do indivíduo em relação ao seu comportamento em um ambiente
social. E é de um contexto histórico de estudo da psicologia do comportamento do indivíduo
neste ambiente que surgiu o conceito e o termo “Inteligência Emocional”.
A definição do termo evoluiu dos conceitos de: “inteligência social”, descrita por Thorndike,
(1920), como a capacidade do ser de compreender e motivar os outros; “comportamento
inteligente”, desenvolvido por David Wechsler, em 1940, que discorreu sobre a influência de
fatores não-intelectuais sobre o comportamento inteligente, defendendo que os modelos de
inteligência não se completariam até que esses fatores fossem adequadamente estudados e
descritos; passando por Howard Gardner, em 1983, com a teoria das “inteligências múltiplas”,
que seria a soma da inteligência intrapessoal (compreensão de si mesmo) com inteligência
interpessoal - capacidade de compreender o outro (GARDNER, 1983).
Deste cenário histórico, surgiu o termo “Inteligência Emocional”, atribuído geralmente a
Wayne Payne, que o citou em sua tese de doutorado em 1985, apesar de registros em citações
anteriores em textos de Hanskare Leuner (1966) e Stanley Greenspan (1989).
Fato é que na década de 1990, Daniel Goleman, redator de ciência do jornal The New York
Times popularizou o termo com a publicação do livro “Inteligência Emocional”, de 1995,
bem como a sua própria definição: "Inteligência emocional é a capacidade de identificar os
nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções
dentro de nós e nos nossos relacionamentos".
Goleman (1995) categorizou a inteligência emocional em 5 habilidades:





Autoconhecimento Emocional – reconhecimento das próprias emoções e sentimentos;
Controle Emocional – adequação dos próprios sentimentos a cada situação vivenciada;
Auto-motivação – direcionamento das emoções a serviço de um objetivo ou realização
pessoal;
Reconhecimento de emoções em outras pessoas – reconhecimento das emoções no
outro com empatia de sentimentos;
Habilidade em relacionamentos interpessoais – interação com outros indivíduos
utilizando competências sociais.
As três primeiras habilidades podem ser definidas como intrapessoais e apresentam estreita
relação de importância com a busca de autoconhecimento.
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Já as duas últimas, mais interpessoais, denotam a capacidade de organização de grupo, a
negociação de soluções, a empatia e a sensibilidade social - capacidade de detectar e
identificar sentimentos e motivos das pessoas (GOLEMAN, 1995).
Posteriormente, Salovey e Mayer (2000) apresentaram uma definição complementar e divisão
diferente do termo: "Inteligência emocional é a capacidade de perceber e exprimir a emoção,
assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio
e nos outros."
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Percepção das emoções – habilidades envolvidas na identificação de sentimentos por
estímulos, como a voz ou a expressão facial, por exemplo. O indivíduo que possui
essa habilidade identifica a variação e mudança no estado emocional de outra;
Utilização das emoções – capacidade de empregar as informações emocionais para
facilitar o pensamento e o raciocínio;
Compreensão das emoções – habilidade de captar variações emocionais nem sempre
evidentes;
Controle (e transformação) das emoções – aptidão para lidar com os próprios
sentimentos, característica mais evidente de um indivíduo com alto quociente de
inteligência emocional (SALOVEY; SHIYTER, 2000).
Estando bem definido o termo “Inteligência Emocional” e suas implicações, cabe aqui
discorrer sobre a relação desta caraterística tão exigida do líder ou aspirante à liderança com a
busca de autoconhecimento, bem como propor uma forma de desenvolvimento e
aprimoramento deste aspecto psicológico.
A psicologia possui ferramentas poderosas para auxiliar o líder na busca do
autoconhecimento. Uma delas em especial é a psicoterapia, que pode ser caracterizada como
o uso clínico do conhecimento obtido pela ciência da psicologia.
Um dos grandes paradigmas que limita atuação da psicoterapia até os dias de hoje é a
restrição que se faz da sua indicação como medida terapêutica. Há um universo a ser
explorado no ambiente da psicoterapia que pode auxiliar também profilaticamente o
indivíduo, em especial um líder, personalidade foco deste artigo.
A Psicoterapia, através de suas dezenas de abordagens, já se provou ao longo da história
capaz de solucionar problemas psicológicos tais como a depressão, a ansiedade, as
dificuldades de relacionamento, dentre outros problemas de saúde mental.
Suas intervenções terapêuticas têm por principais finalidades reestabelecer o funcionamento
psíquico ótimo do paciente, encontrar e esclarecer as causas que acometem as dificuldades
apresentadas por ele, desenvolver meios de agir redefinindo os traços de personalidade,
solucionar problemas pontuais e até mesmo auxiliar nas questões de cunho existencial do
indivíduo.
Ora, se todo o conhecimento acumulado por um psicoterapeuta possibilita a solução de
problemas já instaurados na saúde mental do paciente, por que não explorar esta mesma
bagagem e metodologia para atuar de forma profilática naquele que busca se autoconhecer e
antever sua atuação comportamental em um ambiente social?
A Psicoprofilaxia é toda atividade que, com base em um plano de análise psicológica e
mediante o emprego de recursos e técnicas de psicologia, procura promover o
desenvolvimento das potencialidades do ser humano, seu amadurecimento como indivíduo e,
finalmente, sua felicidade (BOHOSLAVSKY, 1991).
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Interessante salientar que as pesquisas a respeito de psicoprofilaxia nas bases de dados
científicas retornam trabalhos relacionados à intervenção da psicologia profilática em
parturientes, pacientes antes de cirurgias, educação pedagógica e orientação vocacional.
Em especial a aplicação psicoprofilática em processos de orientação vocacional denota a
capacidade que a psicologia tem de contribuir com o autoconhecimento no âmbito
profissional, ou seja, o líder ou aspirante à liderança pode lançar mão de um profissional de
psicologia clínico para formar e transformar sua capacidade de pensar, sentir e agir.
Essa é uma forma muito prática de se obter um “autoconhecimento emocional”, ou seja,
“conhecer a si mesmo” na esfera da “inteligência emocional”, tão desejada pelos profissionais
da atualidade.
Buscar a psicoterapia preventivamente, numa tentativa profilática de desenvolver e aprimorar
a inteligência emocional é uma alternativa possível, cabível e certamente efetiva para a
formação do líder ou aspirante à liderança.
Outras formas que cabem destaque nessa jornada, porém podem se demonstrar restritivas em
profundidade quando comparadas à psicoterapia, são as ferramentas de avaliação corporativa,
as ferramentas de assessment, o coaching, os diversos testes e cursos relacionados à aquisição
de autopercepção comportamental, dentre outras.
Em especial o coaching, que é uma ferramenta já bastante difundida no mundo corporativo,
merece uma ressalva neste artigo. Ele pode ser explorado com perspicácia pelo líder, mas não
há neste método um aprofundamento na essência do indivíduo, nas raízes dos seus conflitos
internos e, em especial, no passado psicológico que o trouxe até o presente momento. É muito
comum que um coach encaminhe seu coachee à psicoterapia para tratar do aprofundamento
que não se atinge no processo de coaching e muitos coachs defendem que o processo de
coaching deve ocorrer à posteriori do processo psicoterapêutico.
Algumas vertentes de Coaching, observando os gaps que a ferramenta possui na sua essência
para uma abrangência maior e mais aprofundada de atuação junto ao coachee já ousam
oferecer propostas de “Coaching de Vida”, “Coaching de Relacionamentos”, dentre outras
inúmeras soluções disponíveis no mercado, o que soa, de certa forma, como uma invasão ao
mundo da psicoterapia.
Por fim, encerrando este capítulo, pode-se definir o arquétipo do “líder emocional”: aquele
indivíduo que possui competências emocionais bem desenvolvidas, que conhece as suas
fragilidades e a das pessoas com quem convive no ambiente de trabalho, interligando as ações
com possíveis estados emocionais, tanto suas quanto as do outro, responsabilizando-se pelas
consequências que a passionalidade das decisões podem trazer, ou antevendo as falhas
motivadas por ações passionais.
É o líder que, conhecendo sua equipe, busca dar valor emocional aos propósitos sistêmicos e
individuais para cada liderado, interligando a razão e a emoção naquilo que se espera de cada
um. É um líder que naturalmente expõe suas motivações, suas angústias e consegue o mesmo
de seus liderados, conquistando o envolvimento e a confiança de todos em uma missão ou
causa.
O “líder emocional” é, acima de tudo, empático, pois sabe se colocar no lugar do outro. O
autoconhecimento emocional pode ser preenchido pelo “líder emocional” através da
psicoterapia e de outras ferramentas psicopedagógicas como as citadas anteriormente.
Não cabe a este artigo definir uma das diversas abordagens da psicoterapia para preencher os
gaps emocionais que o líder ou aspirante à liderança possa apresentar. Todavia, o que se
propõe aqui é a exploração da psicoterapia com um viés profilático, ou seja, ainda que o líder
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não acredite necessitar de uma avaliação da sua saúde psicológica, ele pode tirar grandes
proveitos do processo terapêutico para desenvolver um autoconhecimento mais profundo e
uma inteligência emocional aguçada.
As referências bibliográficas aqui utilizadas também podem ser um bom início para transpor
pré-conceitos e avaliar se a formação pessoal do líder ou aspirante à liderança carece de um
aprofundamento emocional e psicológico.
Até aqui, pode-se dizer que já há ferramental suficiente para que um líder ou aspirante à
liderança possa dar seus primeiros passos em direção a um autoconhecimento aprofundado e,
quiçá, se tornar um indivíduo diferenciado em relação àqueles que não se preocupam com os
pontos debatidos nestes dois capítulos.
Um próximo passo e tema para o capítulo seguinte vai além do que a ciência e o método
científico podem disponibilizar ao líder e ao aspirante como ferramenta de autoconhecimento
e diz respeito à terceira vertente a ser explorada neste artigo: a espiritualidade.
4. “Aprendendo a transcender” – A jornada e o sentido da vida
Pode-se definir a espiritualidade como a propensão humana a buscar significado para a vida
por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com
algo maior que si próprio (GUIMARÃES, 2007). Esta espiritualidade pode ou não estar
ligada a uma vivência religiosa (SAAD, 2001).
O tema é polêmico, as vertentes e posicionamentos são infinitas, mas falar sobre
espiritualidade é algo que não amedrontou grandes filósofos, leigos de renome e cientistas das
mais diversas áreas ao longo da história, apesar de quase sempre seus trabalhos nessa área
serem separados de seus trabalhos científicos nas suas publicações.
Não há como explorar a fundo este tema sem envolver questões relacionadas a religião,
misticismo, mitologia, simbolismo, arte, história, antropologia, ocultismo, dentre outros
assuntos e, daqui em diante, o leitor e buscador precisa se desprender das limitações da
ciência ou dos dogmas religiosos para que seja possível tirar algum proveito das abordagens
deste artigo em relação ao tema. Além disso, talvez não seja realmente possível restringir o
conteúdo deste capítulo à formação da liderança.
“A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus”.
[Pitágoras]
Como a proposta aqui é abordar o uso de ferramentas para busca de autoconhecimento pelo
líder ou aspirante à liderança, será naturalmente improdutivo explorar todas as vertentes e
correntes de discussão sobre a espiritualidade.
Mas por que um líder ou aspirante à liderança precisa explorar o intrigante mundo da
espiritualidade para ampliar sua bagagem de autoconhecimento? Não seria a filosofia, a
psicoterapia até aqui abordados, bem como outras diversas ferramentas disponíveis no
mercado, suficientes para que o indivíduo adquira autoconhecimento na sua plenitude?
A resposta é: depende da aspiração de cada um! Talvez conhecer a si mesmo com
profundidade no âmbito da racionalidade de suas intenções e ações e da inteligência
emocional que as envolvem possa ser realmente suficiente para consolidar elevado grau de
autoconhecimento ao líder. Mas conhecer a si mesmo não pode se resumir a isto.
Outro ponto a se destacar é que o envolvimento com as ferramentas da filosofia e da
psicologia podem inclusive trazer ao líder novas questões acerca de sua existência, que
12
provavelmente ficarão sem respostas, dadas as restrições impostas pela metodologia e
ortodoxia das ciências tradicionais. Mesmo as correntes existencialistas da filosofia não
atingem o nível de sutileza da espiritualidade, pois limitam-se, naturalmente, pela
racionalidade do pensamento para sustentar seus pontos de vista. A Psicologia também receiase adentrar em um universo onde o método científico não pode ser aplicado.
Há ainda um outro dilema suscitado por essas duas ferramentas: a religião (quando vivenciada
por este buscador de autoconhecimento), talvez não seja mais suficiente para atender às
expectativas existenciais de uma “mente e coração” reformulados pelo processo filosófico e
psicoterapêutico.
Neste contexto, a etapa que envolve a exploração do espiritual (“Fogo”) no processo de
autoconhecimento pode ser extremamente marcante e “dolorosa” ao corpo (“Terra” – matéria)
em comparação às etapas de compreensão e domínio da razão (“Ar”) e das emoções
(“Água”), que já não são fáceis de enfrentar (simbolicamente e historicamente, esta divisão
em quatro elementos é uma representação ocidental bastante comum dos aspectos que
compõe a Existência).
Cabe ao líder então identificar o quanto a sua figura e seu âmbito de atuação são capazes (ou
o quanto ele deseja que sejam) de influenciar o sistema social em que está inserido em relação
à estas quatro esferas, em especial à espiritual, que pode imprimir grandes mudanças em um
meio social, de forma positiva ou negativa.
Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo,
imaginaram que podiam transgredir as suas Leis: estes tais são vãos e
presunçosos loucos; eles se quebram na rocha e são feitos em pedaços
pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro sábio,
conhecendo a natureza do Universo, emprega a Lei contra as leis, o
superior contra o inferior; e pela Arte da Alquimia transmuta aquilo
que é desagradável naquilo que é agradável, e deste modo triunfa. O
Domínio não consiste em sonhos anormais, em visões, em vida e
imaginações fantásticas, mas sim no emprego das forças superiores
contra as inferiores, escapando assim das penas dos planos inferiores
pela vibração nos superiores. A Transmutação não é uma denegação
presunçosa, é a arma ofensiva do Mestre (INICIADOS, 1917).
Isto porque o indivíduo que está à frente de um grande número de liderados, como a exemplo
de um presidente de um grande conglomerado, de uma nação, um líder religioso ou político, e
que tem o domínio da Terra, da Água, do Ar e do Fogo, pode ser capaz de imprimir,
modificar ou sustentar correntes de pensamentos à sua vontade, bem como orientar ações no
plano material, para o “bem” ou para o “mal”.
Em simples palavras, trata-se de um grande “formador de opinião” e impulsionador de ações
e não mais alguém que se limita a inspirar pessoas a um propósito. Sua retórica e ações são
tomadas como uma “verdade universal”, na maior parte das vezes sem contraponto, por parte
daqueles que o seguem.
Não são poucas as figuras ao longo da história que souberam exercer um domínio sobre essas
energias, dentre eles alguns exemplos aleatórios: Jesus, Elisabeth I, Hitler, Júlio César,
Gandhi, Steve Jobs, Moisés, Martin Luter King, Buda, Sadan Hussein, Napoleão Bonaparte,
Mao Tsé-tung, Getúlio Vargas. Enfim, pelo bem ou pelo mal, sua influência era praticamente
mágica sobre aqueles que o cercavam – foram líderes que exerceram a liderança no nível da
“espiritualidade”, cada um à sua maneira e intenção.
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O que não se pode definir com exatidão é a forma como estes exemplos atingiram elevada
capacidade de liderança em todos os aspectos, ou seja, quais foram os métodos e ferramentas
que utilizaram para desenvolver significativo grau de autoconhecimento e colocá-lo em
prática. Obviamente, há que se considerar as circunstâncias que por vezes facilitam a
conquista de uma liderança por um indivíduo, mas nem sempre à sustentam – sempre haverá
líderes que conquistam posições sem qualquer preparo ou capacidade para exercer e sustentar
sua liderança com naturalidade, o que não é tema deste artigo.
Talvez, uma forma prática de compreender estes indivíduos tão distintos, alguns deles até
mitológicos, seja encaixá-los na chamada “Jornada do Herói”, ainda que nem todos tenham
realizado feitos dignos de mérito heroico e até possam ser considerados anti-heróis ou vilões.
O herói é o arquétipo da superação e pode-se afirmar que ninguém nasce herói, mas se torna
um durante a jornada. Em todas as estórias o herói representa a complexidade da consciência
do ser humano, bem como a sua transcendência através da reunião de virtudes que são o alvo
do homem comum.
Ele é aquele que, diante da jornada que lhe é ofertada pela vida, compreende a importância e o
propósito de sua existência, o sentido da sua vida e, mesmo trilhando os caminhos mais
tortuosos e perigosos, cumpre as missões que lhe competem.
A chamada “Jornada do Herói”, conceito desenvolvido por Joseph Campbell no seu livro “O
Herói de Mil Faces”, remonta à escalada de consciência que o homem comum faz ao aceitar o
seu “chamado à aventura”, uma nobre missão que o tornará um herói.
Essa jornada se divide em três importantes partes: a Partida (ou Separação), a Iniciação e o
Retorno. A Partida diz respeito ao herói compreendendo, renegando e, na sequência,
aceitando a sua jornada; a Iniciação contempla as várias aventuras do herói ao longo do seu
caminho; o Retorno remete ao momento de voltar para casa com os poderes e conhecimentos
acumulados ao longo da jornada (CAMPBELL, 1995).
Ela denota um processo ritualístico da exploração da consciência, de forma a acumular
autoconhecimento através da repetição das “aventuras” que vão surgindo. Trazendo para o
cenário da liderança de pessoas, a jornada do herói condensa a evolução do líder que adquire
maior consciência de si mesmo a cada período de sua liderança, à medida que explora
racionalmente, emocionalmente e espiritualmente cada “aventura” deste caminhar, de forma
controlada e consciente.
Racionalmente o líder deve explorar a lógica, os valores e a ética daquilo que faz;
emocionalmente a motivação e o propósito de seu pensar e agir; espiritualmente a essência
sublime e a Verdadeira Vontade que o envolvem na atuação em um determinado grupo e
como isso tudo afeta o próprio grupo.
Sair da sua zona de conforto, aceitar a jornada, enfrentar e vencer o dragão, subir ao topo da
torre em chamas para resgatar a princesa e retornar à sua comunidade não é um desafio que
alguém despreparado e sem uma nobre motivação interna aceita encarar a qualquer momento.
É por isso que a jornada do herói também exprime o reconhecimento de um homem, até então
comum entre tantos outros, capaz de cumprir a missão de “resgatar a princesa” e realizar o
“casamento alquímico”.
Esta analogia reafirma ainda o quanto é possível para um “homem comum” buscar um pouco
de preparo, motivação, autodeterminação e empenho para ser reconhecido como alguém
capaz de desempenhar uma função de liderança, desde que esteja disposto a enfrentar uma
“aventura” com grandes desafios e dificuldades e que exigirá um nível elevado de
14
autoconhecimento. A jornada não é e não pode ser para todos: ela surge diante daquele que
demonstra estar disposto e preparado para encarar a “aventura”.
E é por isso também que o “anti-herói” ou o “vilão” não conseguem completar ou ter sucesso
na jornada: ora por não estarem preparados; ora por não conseguirem vencer as batalhas que
demandam a renegação de seus interesses egoísticos; ora por não compreenderem o que há de
sublime no exercício da jornada em questão.
O líder ou aspirante à liderança, que pretende atingir um elevado grau de influência e
reconhecimento no ambiente que o cerca, não pode ter dúvidas quanto às responsabilidades da
sua função, quanto às dificuldades que certamente irá enfrentar na sua caminhada e quanto a
sua Verdadeira Vontade ao encarar o desafio da liderança de pessoas.
Compreender a “Jornada do Herói” é compreender a manifestação dos anseios e sonhos
comuns a todos os seres humanos, que se manifestam em todos os lugares e épocas, cada qual
com seus arquétipos relacionados à cultura local e que estão ocultos no subconsciente de cada
indivíduo. Exercer essa jornada é tomar as rédeas da vida, é encarar as aventuras que surgem
com protagonismo e colher os frutos de cada experiência transformando a própria
consciência, elevando-a a novos patamares.
Essa estruturação da “Jornada do Herói” surgiu de anos de trabalho investigativo realizado
por Campbell a respeito das mitologias das mais diversas culturas e civilizações, da préhistória à atualidade. Ele é considerado uma das maiores autoridades em mitologia do
século XX.
Quase contemporaneamente, Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta considerado o
fundador da psicologia analítica, realizava estudos sobre os arquétipos do subconsciente e
sobre o inconsciente coletivo, dentre outros temas.
Não será resgatado aqui o debate sobre a psicoterapia, que já foi tema do capítulo anterior. O
interesse em abordar a figura de Jung neste momento diz respeito às suas grandes
contribuições para conectar a Psicologia à Alquimia, que tem grande aderência aos conceitos
de espiritualidade abordados neste artigo.
Jung, com todo o investimento que fez em sua carreira para compreender a Alquimia – 33
anos de 63 dedicados aos estudos alquímicos e 6 publicações explícitas relacionadas ao
assunto – foi talvez o cientista do século XX que mais contribuiu para conectar a ciência da
psicologia e o seu processo analítico de individuação à Alquimia.
Suas obras relacionadas ao tema são alvo de polêmica e pouca aceitação no meio acadêmico
até os dias de hoje, talvez por transporem a fronteira científica e pela complexidade do
assunto, que impossibilita uma abordagem razoável em tempo hábil na formação acadêmica
em nível de bacharelado ou licenciatura de um psicólogo.
O importante disso tudo é que Jung conseguiu traçar um elo de ligação entre o processo
alquímico e o processo de individuação da psicologia analítica por ele mesmo desenvolvida.
Jung encontrou nas raízes da alquimia a conexão histórica da psicologia do inconsciente.
Vi logo que a Psicologia Analítica concordava singularmente com a
alquimia. As experiências dos alquimistas eram minhas experiências,
e o mundo deles era, num certo sentido, o meu. Para mim, isso foi
naturalmente uma descoberta ideal, uma vez que percebi a conexão
histórica da psicologia do inconsciente. Esta teria agora uma base
histórica. A possibilidade de comparação com a alquimia, da mesma
forma que a sua continuidade espiritual, remontando até a gnose,
15
conferia-lhe substância. Estudando os velhos textos, percebi que tudo
encontrava seu lugar: o mundo das imagens, o material empírico que
colecionara na minha prática, assim como as conclusões que disso
havia tirado (JUNG, 2012).
Ele foi se aproximando da religião, das filosofias orientais e da alquimia ao longo de sua
carreira, encontrando uma forma mais emocional e abstrata de trabalhar com os conteúdos do
inconsciente. Foi se afastando da racionalidade e objetividade presentes no início de sua
prática, o que talvez tenha resultado nos embates científicos que enfrentou com suas
abordagens.
“Portanto, os alquimistas de fato não descobriram a estrutura oculta da matéria, mas acabaram
descobrindo a estrutura da alma, ainda que mal pudessem estar verdadeiramente conscientes
do alcance de sua descoberta” (JUNG, 2008).
O processo de individuação significa tornar-se um ser uno, alcançando uma profunda
singularidade tornando-se o próprio “Si-mesmo”. Nos seus trabalhos Jung atuou com
pacientes na segunda metade da vida, pois alegava que é nesta etapa que o indivíduo se volta
mais para o seu interior, na tentativa de resgatar aquilo que ficou à margem da realização do
ego na vida em sociedade. Ele considera o processo de individuação como o encontro com o
mistério, o insondável, a morte e a espiritualidade – a busca do sentido da vida. É neste
cenário que este processo encontra suas raízes alquímicas (JUNG, 1984).
Mas afinal, o que é a Alquimia?
A Alquimia é uma arte que integra a Química, Antropologia, Astrologia, Kabbalah,
Misticismo, Filosofia, Matemática e Religião. Foi intensamente praticada no Egito antigo, na
Mesopotâmia, na China, na Grécia, em Kiev, no mundo islâmico e na Europa. Consistia na
investigação e aceleração dos processos da natureza, baseando-se nos quatro elementos:
Terra, Ar, Água e Fogo. Seus objetivos principais eram a transmutação dos metais inferiores
em prata e ouro, a criação da Panaceia (remédio capaz de curar todos os males) e a descoberta
da Pedra Filosofal, seu objetivo maior, capaz de aproximar o homem de Deus, produzindo
assim o Elixir da Longa Vida (HORSCHUTZ, 2011).
O fato é que a Alquimia é uma arte tão profunda e hermética que até mesmo a descrição
literária dos seus objetivos oculta sua verdadeira essência. A causa desta ocultação remete ao
contexto histórico herético e inquisitivo vivenciado na Idade Média por aqueles que ousavam
sequer pensar em contrapor os dogmas da Igreja e buscar uma religação direta com a
divindade, sem intermédios de sacerdotes.
Porém, muitos autores alquimistas, como Nicolas Flamel por exemplo, deixaram claro em
suas escrituras o caráter metafórico dos processos e símbolos alquímicos, que serviam para
ocultar do indivíduo profano o caminho deste tal “autoconhecimento espiritual”, que traria ao
buscador um estado maior de “perfeição”, ou seja, uma lapidação e transformação profunda
da sua consciência.
Diante do fato que a Alquimia é uma arte que integra, dentre outros temas, a antropologia, o
misticismo e a religião, é possível interligá-la ao conceito da “Jornada do Herói” abordado
anteriormente. Essa jornada é assim um processo alquímico de lapidação da consciência.
Na verdade, o estudo da semiótica, das religiões comparadas, do simbolismo arquetípico, dos
mitos, da psicologia analítica, da filosofia existencialista, da alquimia, do hermetismo, das
ciências ocultas, do esoterismo e do misticismo conecta todos esses temas através de um
ponto principal: a compreensão e exploração da consciência humana.
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"Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invenies" ("Reza, lê, lê, lê, relê, trabalha e
encontrarás") [Ditado Alquímico - 14ª Prancha do Mutus Líber].
E aquele que busca compreender a essência e o funcionamento da consciência nada mais é do
que um buscador de “autoconhecimento espiritual”. Aquele que pretende se aproximar do
elemento “Fogo” deve passar por um processo gradativo, ritualístico e repetitivo, que é a
chamada Iniciação. Assim como o faz o herói de Campbell na jornada, o alquimista no seu
laboratório alquímico, o místico e o esotérico no processo de meditação e contemplação dos
símbolos e seus significados ocultos, o mestre com o aprendiz na maçonaria e o neófito nas
ordens rosa-cruzes e outras ordens iniciáticas.
“O conhecimento é em si um poder” [Francis Bacon – filósofo, alquimista, imperador
Rosacruz e fundador da ciência moderna, séc. XVI].
Enfim, pode-se definir uma visão arquetípica do “líder espiritual”: aquele indivíduo que
possui competências emocionais e racionais bem desenvolvidas, que busca propósito e
significado em todas as áreas de sua vida e vê em cada tarefa ou barreira uma oportunidade de
crescimento, aprendizado e lapidação da consciência. Tem profunda empatia e valoriza cada
relacionamento, pois reconhece nestas relações uma oportunidade de troca de experiências e
conhecimento. Compreende suas fragilidades e a das pessoas com quem convive e busca
reconhecer, destacar e desenvolver as virtudes dos outros, bem como as suas.
É o líder que tem o discurso alinhado com a prática, pois tem poucas dúvidas de como agir,
mesmo diante de adversidades, respaldado por uma capacidade de análise crítica elevada e
ágil, bem como uma ética e integridade inabaláveis.
Diante de toda a abordagem realizada até aqui, esse capítulo propositadamente não apontará
de forma explícita ferramentas para a obtenção do “autoconhecimento espiritual” aqui
debatido, considerando que, de uma forma ou de outra, elas já foram “hermeticamente”
sugeridas ao longo do desenvolvimento do texto.
5. Conclusões e Reflexões Finais
As ferramentas de autoconhecimento apresentam particularidades, são limitadas e pouco
difundidas, e a alternativa que resta é buscar reunir aquelas que mais apresentam afinidade ao
buscador, seja pelo método, pelos princípios ou nível de complexidade envolvido.
A formação de sucessores pelo líder também é uma oportunidade de autoconhecimento, pois
o processo de troca estimulado nesta relação rende projeções e reflexões de ambos os lados,
auxiliando na autorreflexão e lapidação da consciência. Cabe destacar que em toda história
heroica há um mestre, uma referência, que em determinada etapa da jornada auxilia na
formação do herói. Essa relação de mestre e aprendiz se repete em todas as áreas da vida e
exerce papel fundamental na busca do autoconhecimento – a mitologia, os contos e fábulas
heroicos demonstram como esta relação se perpetua e se propaga ao longo da história da
humanidade.
Por fim, conclui-se que a necessidade de autoconhecimento, perseguida ou negligenciada,
sempre estará presente na vida de um indivíduo – cabe a cada um reconhecer a importância
desta busca, decidir pelo envolvimento com a jornada e colher os frutos deste processo.
“A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (LUCAS 12:48).
O líder, por sempre exercer um papel importante e ativo na vida de outras pessoas, ainda que
de uma única, precisa estar ciente de que negligenciar a busca de sua essência pode dificultar
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a sua sustentação nesta função, pois a vida não poupará esforços em imprimir desafios de
caráter quase intransponível ao longo da jornada da liderança e as escolhas e renúncias do
líder frente a estes dilemas cada vez mais contribuirão para expor a pureza de sua essência ou
a falsidade de seu caráter.
“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” [Stan Lee – “Tio Ben”, 1962]
A busca por autoconhecimento não é privilégio das recentes gerações, e os registros
filosóficos remetem sua exploração às escolas de mistérios do Antigo Egito.
Apesar disso, conhecer a si mesmo parece ser ainda um desafio distante para a maior parcela
da população, que segue anestesiada com uma visão produzida e enlatada do sentido da
própria vida, bem como de suas virtudes e defeitos.
O líder contemporâneo, dentro deste contexto, pode ser um rompedor de paradigmas e
canalizador da mudança necessária nos rumos da sociedade, mas para isso precisa se preparar
de forma adequada, conhecendo suas mais profundas aspirações, virtudes, valores e pontos a
desenvolver.
A ética, nos dias de hoje, é tratada com superficialidade na maior parte das instituições e o
líder também pode exercer um papel de eticista, ou seja, o de agente da ética e do
racionalismo na sociedade, trazendo luz à sombra que existe em cada indivíduo que o cerca.
A essência sentimental das pessoas está sendo esmagada com crueldade pelas novas formas
de se relacionar, tais como as redes sociais e o mundo virtualizado. Cabe ao líder, neste
contexto, resgatar e estimular o relacionamento pessoal no ambiente que o cerca, haja vista a
necessidade intrínseca ao humano de relacionar-se pessoalmente.
Para tanto, o líder precisa entender a importância de sua atuação na preservação de todas as
esferas que compõem um indivíduo: corpórea, mental, emocional e espiritual, tanto para si,
quanto para com os que o envolvem.
O autoconhecimento de seus potenciais mentais, de sua inteligência emocional e de sua
essência espiritual pode garantir ao indivíduo um desempenho diferenciado quando o assunto
é a liderança de pessoas, pois o liderado estará sempre em busca de uma referência, de um
mestre, de um norteador, de um professor e, até mesmo de alguém com capacidade de
estimular a disciplina e repreender de forma adequada os desvios comportamentais e éticos.
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Sobre o autor
Alex Almeida Pignatti é Mestre em Ciências pela Escola Politécnica
da USP e Bacharel em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia
de São Carlos - USP. Concluiu em 2015 o MBA de Liderança e
Gestão Organizacional da FranklinCovey Business School. Atua
há 9 anos no Grupo CPFL Energia, 4 deles como líder de pessoas, e
como Professor de pós-graduação em Eletrotécnica na UNISAL.
Pesquisador de autoconhecimento há 8 anos, é membro da AMORC e
do Arcanum Arcanorum – ordens de estudos herméticos – e explora a
filosofia e psicoterapia como ferramentas para tal fim.
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