Denise Grasiela Pedro ANÁLISE CRÍTICA DO BRAND DNA PROCESS APLICADO NA EMPRESA SOFTPLAN POLIGRAPH Dissertação submetido(a) à Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Especialização em Gestão e Marketing Estratégico de Negócios. Orientador: Prof. Dr. Luiz Salomão Ribas Gomez. . Florianópolis 2013 26 Este trabalho é dedicado ao meu noivo e aos meus queridos pais. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente e acima de tudo a Deus, que, embora eu não mereça, está presente em todos os momentos da minha vida e por ter permitido que eu tivesse a capacidade necessária para elaborar esse trabalho; Aos meus pais: José João Pedro e Maria Madalena Pedro, por todo senso de responsabilidade, ética e valores que me foram transmitidos. Eu não poderia ter pais melhores; Aos meus irmãos: Juliana do Nascimento, Marcio José Pedro, Marco José Pedro e Rodrigo Cipriano, a minha vida não seria tão feliz se eles não fizessem parte dela; Ao meu marido, Gustavo Santana, pela parceria, bom humor e amor dedicados a mim. Agradeço todos os dias ele fazer parte da minha vida; Aos meus sobrinhos: Alice, Ana Beatriz, Ana Clara, João Paulo e Lola, por alegrarem os meus dias, com os seus corações puros e sorrisos sinceros. Se depender dessa turminha, o futuro da humanidade está em boas mãos; À minha prima, Daniela Neves, que tem sido um grande apoio nessa rotina agitada na qual eu me encontro; Às minhas amigas: Luiza de Moura Cardoso, que foi praticamente co-orientadora desse trabalho, Márcia Salles e Vanessa Damas, que entenderam a minha ausência, Maria Eduarda Reis, que também compartilhou da ansiedade para a conclusão desse estudo. Ao meu orientador, Luiz Salomão Ribas Gomez, que me proporcionou o conhecimento, a experiência necessária para a elaboração desse trabalho e, acima de tudo, por acreditar no meu potencial. À todos os integrantes do LOGO, que também compartilharam seus conhecimentos e experiências comigo, principalmente à: Daniele, José Roberto, Thales Gregório e Walter Stodieck. Aos gestores da empresa Softplan Poligraph, que permitiram que a empresa fosse utilizada como objeto de estudo, principalmente ao Gerente de Marketing, Marcelo Silveira. Enfim, a todos que contribuíra, direta ou indiretamente, para o sucesso desse trabalho. Muito obrigada! 28 A finalidade da persuasão comercial mudou: já não basta inspirar confiança, divulgar e fazer memorizar um produto - é preciso mitificar uma marca e fazer o consumidor apaixonar-se por ela (Lipovetsky, 2007) RESUMO O mercado está cada vez mais repleto de opções, o que exige que as empresas busquem maneiras de diferenciação, para alcançar uma posição de destaque na mente dos consumidores. Porém, para diferenciar-se, são necessárias a total compreensão de si e do ambiente em que está inserida, dessa forma, fica claro o que a torna diferente dos demais. Assim como nos seres vivos, as empresas possuem características que as tornam únicas, denominadas, metaforicamente, de DNA organizacional. Este estudo tem por objetivo analisar criticamente o Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. Palavras-chave: 1. Marketing 2. Branding 3.DNA da Marca 4.Brand DNA Process 30 ABSTRACT The market is increasingly full of options, which requires companies to seek ways to differentiate, to achieve a prominent position in the minds of consumers. However, to differentiate, are necessary for full understanding of themselves and the environment in which it operates, thus it is clear what makes it different from others. Just as in living beings, companies have characteristics that make them unique, called, metaphorically, the organizational DNA. This study aims to analyze critically the Brand DNA Process applied in company Softplan Poligraph. Keywords: 1. Marketing 2. Branding 3.Brand DNA 4.Brand DNA Process LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Um modelo simplificado do processo de marketing .............16 Figura 2 –Brand DNA Process .............................................................. 37 Figura 3 –Brand DNA Tollkit ................................................................ 39 Figura 4 – Estrutura organizacional Softplan Poligraph...................... 49 Figura 5 – Slogan Softplan ................................................................... 51 Figura 6 – Slogan Softplan Poligraph ................................................... 52 Figura 7– DNA da marca Softplan Poligraph..................................................53 Figura 8 – Apresentação DNA da marca Softplan Poligraph...........................54 Figura 9 – Lançamento promoção DNA Softplan............................................55 Figura 10 – Regulamento promoção DNA Softplan........................................56 Figura 11 – DNA Softplan - Especialização.....................................................57 Figura 12 – E-mail Vídeo DNA Softplan.........................................................59 Figura 13 - Publicação no blog corporativo.......................................................61 Figura 14 - Conteúdo Brand Book Softplan………………………….….…….63 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DNA–Ácido desoxirribonucléico DNRC – Departamento de Registro do Comércio LOGO – Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................13 1.1 OBJETIVOS................................................................................................14 1.1.1 Objetivo Geral........................................................................................14 1.1.2 Objetivos Específicos..............................................................................14 2.1 MARKETING.............................................................................................15 2.1.1 Posicionamento........................................................................................19 2.2 BRANDING.................................................................................................21 2.3 DNA da Marca..............................................................................................29 2.3BRAND DNA PROCESS...............................................................................34 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................42 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.....................................47 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA.......................................................47 4.2 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................49 4.2.1 Execução do Projeto................................................................................50 4.2.2 Aplicação do DNA..................................................................................52 4.3 PROPOSTAS DE MELHORIAS...............................................................64 3 CONCLUSÃO.................................................................................66 REFERÊNCIAS.................................................................................67 13 1 INTRODUÇÃO O mercado está cada vez mais saturado, sendo que diariamente diversas novas empresas e marcas ainda surgem, ofertando os mais variados produtos e serviços. Em consequência a esse fato, o volume de publicidade e propaganda a que as pessoas são expostas torna-se excessivo, fazendo com que a mente humana faça uma seleção natural de quais informações ficarão ou não guardadas na memória. Considerando que o ser humano possui a tendência de gravar as mensagens que ocorrem com maior frequência, exige-se por parte das empresas a transmissão de mensagens constantes para facilitar esse processo de armazenação. Porém, se em cada contato com a marca o consumidor receber uma mensagem distinta, além de não armazenar a mensagem transmitida em sua memória, ele acabará fincando confuso, dificultando a associação de determinada mensagem à uma marca específica. Sendo assim, essas mensagens precisam ser claras e constantes. Todavia, para transmitir uma mensagem clara e constante, primeiramente faz-se necessário a definição de que mensagens deseja-se transmitir. Buscando solucionar a esses problemas, as organizações devem buscar compreender-se e compreender o ambiente em que estão inseridas. Para isso, o Brand DNA Process é um forte aliado no cumprimento dessas tarefas. Através desse processo é possível identificar o DNA da marca, o que tornará a essência organizacional mais evidente aos gestores. A partir desse autoconhecimento, torna-se possível a adequação das mensagens transmitidas pela empresa ao DNA da marca. Dessa forma, as mensagens tornam-se claras, maximizando-se a possibilidade de serem armazenadas na mente dos consumidores. Entretanto, a identificação do DNA da marca é apenas o primeiro passo, sendo que o sucesso dependerá dos encaminhamentos adotados posteriores a isso, pois a informação sem a ação torna-se inútil. Deste modo, este trabalho realiza uma análise crítica do Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. 14 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Analisar criticamente o Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. 1.1.2 Objetivos Específicos a) Conhecer a história e as características da empresa Softplan Poligraph; b) Avaliar a execução do Brand DNA Process na empresa objeto de estudo; c) Identificar a aplicação do resultado do Brand DNA Process; d) Propor ações de melhoria. 15 2 EXPOSIÇÃO DO TEMA Neste capítulo explanam-se os conceitos teóricos na visão de diversos autores referentes aos principais temas abordados durante a pesquisa: marketing, branding, DNA da marca e brand DNA process, a fim de garantir a compreensão do estudo proposto. 2.1 MARKETING O ambiente em que as organizações estão inseridas encontra-se cada vez mais competitivo. Segundo o Ranking das Juntas Comerciais, publicado pelo Departamento de Registro do Comércio (DNRC), com base nos três últimos anos (2010, 2011 e 2012), mais de 500 mil novas empresas são abertas por ano. Diante desse cenário, mais do que nunca, o Marketing conquistou um papel estratégico no mundo organizacional. No ano de 1960, a Associação Americana de Marketing o conceituou como “O desempenho das atividades comerciais que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário” (apud LAS CASAS, 2009, p. 2). Entretanto, no decorrer dos anos, embora mantenha-se a responsabilidade do Marketing nas atividades comerciais supracitadas, essas atividades tornaram-se mais complexas (LAS CASAS, 2009). Com o aumento da oferta de produtos e serviços, aumentou também as opções de escolha dos consumidores. Outras coisas também mudaram, e entre essas mudanças está o surgimento de um novo cidadão, “mais informado, mais crítico, consciente e com participação na sociedade”. (PINHO, 1996) Dessa forma, em 2004 a Associação reformulou o conceito de marketing para: O Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para o cliente, bem, como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE MARKETING, 1960 apud LAS CASAS, 2009, p. 7) 16 Kotler e Armstrong corroboram com o conceito quando definem o Marketing como “O processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles para capturar seu valor em troca” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 10) Para facilitar a compreensão das atribuições relacionadas ao marketing, os autores estruturaram o processo de marketing, de maneira simplificada, em duas macro etapas: criar valor para os clientes e construir relacionamentos com os clientes e capturar valor dos clientes em troca, conforme figura 1. Figura 1 – Um modelo simplificado do processo de marketing. Fonte: Kotler; Armstrong (2007). As quatro primeiras etapas do processo de marketing possuem o foco na criação de valor para os clientes e na construção de um relacionamento duradouro com eles (Figura 1). Embora seja nítida a necessidade de criar-se valor para os clientes, para posteriormente capturá-lo em troca, primeiramente é necessário a identificação de quem serão esses clientes. A estratégia de marketing da empresa assume essa função, definindo qual será o seu público alvo e de que maneiras criará valor para ele. (Kotler ; Armstrong, 2007). Kotler e Armstrong (2007) afirmam que após a definição da estratégia que será adotada, o desenvolvimento de um programa de marketing transformará a estratégia desenvolvida em ação, ou seja, em valor para os clientes. Essas ações são realizadas através do Mix de Marketing, que conta com 4 principais ferramentas, conhecidas popularmente como os 4Ps: a) Produto: ofertar para o mercado um bem ou serviço que satisfaça os desejos ou necessidades do público alvo, criando fortes identidades de marca para eles; 17 b) Preço: definição dos preços dessas ofertas, para criar valor real para o consumidor; c) Praça: definição de como os bens ou serviços serão disponibilizados para os consumidores; d) Promoção: elaboração de programas de promoção para comunicar a proposta de valor ao público alvo. Como o mercado é muito amplo, torna-se inviável servi-lo por completo e de todas as formas possíveis, ou seja, é impossível a aplicação de uma única estratégia na utilização das ferramentas de marketing para atender o mercado por completo, pois este possui diversos segmentos, que por sua vez possuem características específicas que os diferenciam. Além disso, todas as pessoas possuem em comum a necessidade de se sentirem especiais ou únicas. Gobé (2010) salienta que a personalização faz com que as empresas canalizem e satisfaçam essas necessidades. Mas a personalização exige que seja praticado o marketing um a um, que exige a transmissão de uma mensagem específica para cada consumidor. Para viabilizar essa transformação, as mensagens de comunicação utilizadas em veículos de massa, precisam ser substituídas por mensagens através de experiências, que atinjam as pessoas de uma maneira emocional, sensorial e pessoal. Diante desse novo consumidor existente no mercado, a abordagem “a mesma ideia serve para todos” não se aplica mais. No entanto, para elaborar mensagens e proporcionar experiências que atendam, com o maior proveito possível, determinado segmento de mercado, faz-se necessário primeiramente conhecê-lo. Sob o ponto de vista dos autores Stone e Woodcock (2002), através do marketing de relacionamento é possível identificar os clientes de forma individual e nominal, além de criar relacionamentos de longo prazo e administrá-los para que seja vantajoso tanto para o cliente quanto para a empresa. Gordon (1998, p. 6) corrobora com os autores quando define marketing de relacionamento como: “o processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”. Stone e Woodcock (2002, p. 24), ainda afirmam que, na visão dos clientes, o Marketing de relacionamento para as empresas é: 18 Marketing de relacionamento é como nós achamos você, passamos a conhecê-lo, mantemos contato com você, tentamos assegurar que você obtenha de nós aquilo que quer – não apenas em termos de produto mas também em todos os aspectos do nosso relacionamento com você, verificamos se você está obtendo aquilo que lhe prometemos. Desde que, naturalmente, isso também seja vantajoso para nós.” De acordo com os conceitos de marketing expostos anteriormente, é possível observar que o marketing de relacionamento foi incorporado ao marketing com o passar dos anos. Pode-se considerar que um dos principais motivos para esse é que descobriu-se que conquistar novos clientes custa muito mais caro do que manter os atuais. Para Stone e Woodcock (2002), esse fato decorre das seguintes conquências descobertas pelas empresas que investem no marketing de relacionamento: a) Os clientes tornam-se mais leais: além de consumirem os produtos por mais tempo, eles também o fazem com maior frequência; b) Aumento na lucratividade dos produtos: os clientes não só compram com maior frequência, mas também os recursos necessários para atraí-los são reduzidos, assim como os custos de vendas, considerando que os clientes já existentes reagem melhor ao marketing praticado pela empresa. Todavia, antes de investir em um relacionamento, a empresa deve ter alguns pontos bem definidos, como: com quais clientes ela deseja manter relacionamentos longos, com quais não deseja, e que tipos de relacionamento deve incentivar. Gordon (1998, p. 16) afirma que “frequentemente são os clientes que as empresas mais valorizam aqueles com os quais elas não deveriam mais fechar negócios.” Desse modo, ao invés de tentar atender a todos, as empresas precisam concentrar os seus esforços nos clientes que conseguem servir da melhor forma e da maneira mais lucrativa possível. (Kotler; Armstrong, 2007) 19 Basicamente, a estratégia de marketing responderá a duas questões: a quais clientes a empresa servirá e qual a melhor forma de servi-los. (Kotler; Armstrong, 2007) A primeira questão irá definir a segmentação de mercado e o alvo de marketing da organização. Já a segunda questão irá auxiliar na diferenciação e posicionamento da empresa, ou seja, a empresa posiciona-se de modo que o mercado-alvo a diferencie. Para Kotler e Keller (2006), é nessa fase que a empresa definirá uma proposta de valor para conquistar o público alvo, como observa-se no próximo item desse estudo. 2.1.1 Posicionamento Diante de um mercado saturado de informações e concorrentes, o posicionamento adequado torna-se um fator crítico de sucesso. Segundo os Ries e Trout (2009, p. 16): O posicionamento começa com um produto (...) Mas posicionamento não é o que você faz com um produto. Posicionamento é o que você faz com a mente de seu potencial cliente. Ou seja, você posiciona o produto na mente do potencial consumidor. Sternthal (apud TYBOUT, 2006 p. 102) corrobora com o conceito, ao afirmar que: O posicionamento de marca refere-se ao significado pretendido pela marca nas mentes de seus consumidores. Mais precisamente, um posicionamento de marca articula a meta que seu consumidor atingirá ao usá-la e explica porque é superior a outros meios de realizar essa meta. Entretanto, para ocupar um lugar diferenciado na mente do público alvo, é necessário primeiramente conhecer quais são os pontos de paridades e de diferenças da marca com os seus concorrentes e posteriormente comunicá-los. Para Kotler e Keller (2006, p. 306): 20 Os pontos de diferença são qualidades ou benefícios que os consumidores associam fortemente com uma marca, avaliam positivamente e acreditam que não poderiam ser comparáveis os de uma marca da concorrência. Os autores ainda afirmam que criar associações fortes para uma marca, que sejam positivas e incomparáveis é um grande desafio para as empresas. Todavia, é essencial para torná-la mais competitiva no mercado. Pinho (1996) complementa a teoria quando diz que essas associações garantem ao produto posições firmes no mercado, que se mantém durante um longo período de tempo, além de serem capazes de neutralizar os avanços da concorrência. Já os pontos de paridade são definidos pelo autor como “Associações não necessariamente exclusivas à marca; de fato, elas podem ser compartilhadas com outras marcas”. (PINHO, 1996, p.306) Kotler e Keller (2006) classificam os pontos de paridade de duas formas: paridade de categoria e de concorrência. Os autores defendem que os pontos de paridade de categoria são características básicas e essenciais para que o produto ou serviço façam parte de determinada categoria. Por exemplo, uma agência de viagens pode não ser considerada pelo mercado pertencente à sua categoria se, no seu pacote de serviços, não estiverem contempladas as ofertas de hospedagem e de passagem aérea. Porém, a oferta desses itens não garantirá a essa agência a preferência por parte dos consumidores. Já os pontos de paridade de concorrência visam a anulação dos pontos de diferença dos concorrentes. Segundo Kotler e Keller (2006) para definir qual posicionamento será adotado pela empresa, deve-se construir uma estrutura de referência, sendo que para que isso seja possível, faz-se necessário identificar o mercado-alvo e a concorrência, além das ligações desejadas com a marca, referente aos pontos de paridade e de diferença, passando pelos seguintes passos: O primeiro passo para a construção da estrutura de referência é identificar quais são os pertencentes da categoria, ou seja, os produtos que servem de substitutos diretos da marca. A clareza de qual é o mercado-alvo que a empresa deseja atingir poderá ser um grande facilitador dessa identificação. 21 Depois de definidos o mercado-alvo e a natureza da concorrência, e de desenhar a estrutura de referência competitiva, é necessário decidir quais as associações que se deseja ter com a concorrência, nos pontos de diferença e nos pontos de paridade. Referente aos pontos de diferença, os autores ainda definem que os consumidores consideram desejáveis três critérios: a) relevância: o público alvo deve considerar os pontos de diferença realmente relevantes; b) distintividade: o público alvo deve considerar os pontos de diferença distintos e superiores; c) credibilidade: deve-se oferecer um motivo convincente para ser escolhida entre as marcas concorrentes. A consequência de um posicionamento adequado é a criação de uma razão convincente dos motivos pelo qual o público alvo deve comprar os produtos de determinada empresa. Além disso, um bom posicionamento serve como base para as estratégias de marketing da empresa, esclarece que desejos e necessidades ela auxilia o consumidor a suprir e como o faz de maneira inconfundível, além de expor a essência da marca. (KOTLER, KELLER, 2006). Uma marca serve, inicialmente, para diferenciar um produto dos seus concorrentes. Todavia, a gestão da marca ou, como é popularmente conhecido, o Branding assume um papel fundamental para que essa diferenciação ocorra. Assunto que será abordado no próximo tópico. 2.2 BRANDING A gestão das marcas ou Branding atualmente é uma das prioridades dos setores de marketing. As marcas são as principais aliadas para combater a competição por preço. De acordo com Kotler (2005), as marcas fortes transmitem maior confiança e percepção de maior qualidade do que as demais e, por esses motivos, os consumidores dispõem-se a pagar um valor mais elevado por elas. Porém, o autor salienta que a força de uma marca não está somente vinculada ao investimento realizado em publicidade e propaganda. Sua principal base é o desempenho dos seus produtos e serviços. Pode-se afirmar que inicialmente a marca torna-se conhecida 22 pelo investimento na publicidade e propaganda, entretanto, mantêm-se no mercado pelo seu desenvolvimento. Popularmente entende-se como definição para marca o seu logotipo. Entretanto, um nome, termo, sinal, símbolo ou design ou uma combinação de tudo isso não são eternos. As pessoas se conectam com o significado da marca e não com a sua aparência visual. Embora um logotipo seja bem conhecido, perderá força se a mensagem ligada a ele for irrelevante (GOBÉ, 2010). Segundo Oglivy (2001, p. 35) marca é: Soma intangível dos atributos de um produto; seu nome; embalagem e preço; sua história; reputação e maneira como ele é promovido. A marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a usam; assim como pela sua própria experiência pessoal. Já Kotler (2005, p. 69) define marca como: Uma promessa de valor. Ela se torna o conceito organizador para todas as atividades da empresa que giram em torno da marca. Portanto, se a Volvo afirma que seus automóveis são os mais seguros, então todas as atividades – design, produção, marketing, entrega e serviços – devem ser orquestradas de tal forma a cumprir essa promessa. Segundo Kierkegaard e Sartre (apud BATEY, 2010, p. 67) somos “condenados a ser livres”, ou seja, dentre outras coisas, que temos que escolher o que iremos consumir. A ação de selecionar o que seria consumido era bastante simples quando não havia tanta variedade disponível. Atualmente, as marcas facilitam esse processo de seleção, sendo que Ao escolher uma marca, os consumidores hoje buscam maximizar o retorno de seu investimento, venha esse retorno em forma de prazer, conhecimento, segurança, aparência ou moeda social (GERZEMA, 2009, p. 65). 23 A partir do momento que foi identificado o potencial da marca no mercado, que ela pode representar o melhor que pode haver em determinada categoria de preferência do mercado-alvo, justificando a cobrança de um preço mais alto pela mesma quantidade, os profissionais de marketing tiveram consciência que precisariam de mais ferramentas do que somente os 4Ps. A marca assumiu o papel de direcionar as estratégias da empresa, além da sua forma de atuação no mercado (KOTLER, 2005). Para Jones (2004), existem dois elementos que estabelecem o desejo de consumir determinada marca: a funcionalidade e os valores agregados. A funcionalidade está ligada à diferença de desempenho da marca perante os seus concorrentes. “Pode ser um gosto melhor, um branco mais branco, um bolo mais úmido, um método mais rápido de cozimento ou retirada da cafeína de certos refrigerantes”. Esse elemento de diferenciação deve ser de fácil identificação para os consumidores, pois é a diferença tangível da marca e, sendo assim, deve ser óbvia para os consumidores. Já os valores agregados, compõem as diferenças intangíveis que uma marca possui e que fazem com que os clientes a escolham, em detrimento das demais. Embora estejam acima dos benefícios funcionais dos produtos, não devem ser considerados como substitutos para as funcionalidades. Os valores agregados consolidam-se através dos seguintes elementos: 1. A experiência do consumidor com a marca: uma marca é uma garantia de qualidade para o consumidor, que ao consumir uma marca já conhecida sabe exatamente quais necessidades aquele produto ou serviço podem suprir, e de qual maneira. Sendo assim, os consumidores tendem a consumir marcas com as quais possuem maior familiaridade. “A marca desenvolve uma personalidade baseada na experiência do consumidor e na confiabilidade da marca.” 2. O tipo de pessoa que usa a marca: o ser humano tem a necessidade de viver em sociedade e assim ser aceito por ela. O consumo de uma marca devido a associação que ela possui com determinado grupo de pessoas é bastante comum, 24 principalmente “em moda, programas de perda de peso, automóveis, e itens de luxo, bem como em cervejas e refrigerantes.” 3. A crença de que a marca é eficaz: embora seja necessário que o produto funciona para permanecer no mercado, os consumidores tendem a consumir mais produtos de marcas do que produtos sem marcas ou que possuem marcas pouco conhecidas.“Esta crença representa papel importante em marcas de cosméticos, com os quais o usuários se sente mais bonitos por estar usando o produto.” 4. A aparência da marca: a maneira como o produto é apresentado e a sua embalagem são partes cruciais desse elemento. A embalagem deve possuir destaque e chamar a atenção do consumidor. “A aparência da marca não é somente importante na prateleira do comerciante, mas também um elemento-chave na publicidade, especialmente no caso de produtos de consumo.” Todavia, o desejo isolado de consumir determinada marca não a torna eterna. Para Kotler (2005), uma marca forte deve conter cinco principais fatores: a) ser lembrada por determinados atributos, como características do produto, seu estilo e assim por diante; b) deve sugerir fortemente um ou mais benefícios fundamentais. Por exemplo, Volvo é segurança enquanto Apple é facilidade para o usuário; c) se a marca fosse pessoa, visualizaríamos as características dessa pessoa. A Apple estaria na casa dos vinte anos, e a IBM, na casa dos sessenta; d) sugerir algo sobre o sistema de valores da empresa: será que a empresa é inovadora, sensível ao cliente ou socialmente consciente? e) sugerir um retrato dos usuários da marca – será que são jovens e cheios de entusiasmo ou são mais velhos e mais consolidados? O autor ainda afirma que a postura de um consumidor com relação a uma determinada marca pode variar de “aversão à indiferença, passando por uma pequena preferência, por uma forte preferência e pela devoção”. 25 Segundo Semprini (2006, p. 319): o sucesso reside na capacidade das marcas em criar mundos possíveis que têm um sentido para os indivíduos. Isto feito, ela contribui para levar uma resposta à incessante busca de sentido que caracteriza o indivíduo moderno. Todos os consumidores possuem as suas marcas favoritas, entretanto, poucas marcas conquistam fãs dedicados. As que conquistam fizeram uma promessa melhor e mais distinta que as demais, a qual cumprem consistentemente (KOTLER, 2005). Toda marca deve buscar conquistar seguidores obsessivos, como os torcedores são por seus times ou, em alguns aspectos, como a fé de algumas comunidades religiosas. (LINDSTROM, 2007) Entretanto, é necessário que a empresa tenha a autenticidade necessária para identificar com clareza quais mudanças devem ou não ser adotadas para manter-se no mercado. Segundo Ellwood (2004, p. 109): Uma estratégia (de marca) é um enfoque a longo prazo. Para o desenvolvimento de uma marca requer a força de liderança e sensibilidade para reconhecer pequenos problemas de competição e não ser influenciado por eles. Lipovetsky (2007, p. 81-82) explora o objetivo das marcas da seguinte forma: O que se pretende já não é vender um produto, mas, sobretudo um modo de vida, um imaginário, valores capazes de desencadear uma emoção: o objetivo da comunicação é cada vez mais criar uma relação afetiva com a marca. A finalidade da persuasão comercial mudou: já não basta inspirar confiança, divulgar e fazer memorizar um produto - é preciso mitificar uma marca e fazer o consumidor apaixonar-se por ela. 26 Entretanto, para fazer com que o consumidor apaixone-se pela marca, é necessário uma boa gestão de marca ou Branding. Conforme já mencionado, uma marca serve inicialmente para diferenciar um produto dos seus concorrentes, todavia, essas diferenças podem ser funcionais, racionais ou tangíveis, ou seja, relacionadas ao desempenho do produto/serviço, ou podem ser simbólicas, emocionais ou intangíveis, ou seja, relacionadas ao que a marca representa (KOTLER, KELLER 2006). Segundo os autores Sousa e Cardoso (2010, p. 9): A área de gestão da marca ou branding trata da criação, construção e gestão das marcas, procurando gerenciar o relacionamento entre os aspectos intangíveis das marcas com seus elementos expressivos de identificação. Está sob a responsabilidade do Branding, todas as ações que envolvem a administração das marcas, sendo que as ações de sucessos maximizam o valor econômico das marcas, todavia, ações excelentes conseguem ir mais além, tornam a marca parte da cultura, tornando-a referência e influenciando a vida das pessoas, “Ações com a capacidade de simplificar e enriquecer nossas vidas num mundo cada vez mais complexo”(MARTINS, 2006 apud SOUSA, CARDOSO, 2010, p. 9). À medida em que a rotina diária dos consumidores torna-se mais intensa, o poder que as marcas possuem de facilitar a tomada de decisão no momento de compras é imenso. Sendo que, ainda que um concorrente fabrique um produto muito similar, com a mesma proposta e posicionamento, ainda assim encontrarão dificuldades em se equiparar às impressões duradouras formadas na mente dos consumidores por uma marca forte. Isso ocorre devido ao tempo de experiência do consumidor com a marca e das atividades de marketing. Portanto pode-se considerar o Branding como uma forma poderosa de se conquistar vantagem competitiva (KOTLER, KELLER 2006) O poder das marcas é tanto, que é possível que os consumidores visualizam produtos idênticos de maneiras distintas, tudo dependerá de como suas respectivas marcas são estabelecidas. (KOTLER, KELLER 2006) Entretanto, deve-se ser cauteloso nas ferramentas que serão utilizadas para posicionar a marca na mente dos consumidores: 27 se o Branding quiser sobreviver por outro século terá que mudar o seu rumo. Aumentar a comunicação num mundo já saturado não levará a nada. É preciso ter uma nova visão baseada no aspecto emocional. (LINDSTROM, 2007, p. 197) Embora as equipes de marketing tenham aprimorado ao longo dos tempos os seus métodos de comunicação, todas as técnicas adotadas possuem algo em comum, exploram apenas os sentidos de visão e de audição do público alvo, na sua maioria, ignorando o fato do ser humano possuir outros três sentidos que não são explorados: olfato, tato e paladar (LINDSTROM, 2007). A marca deve ir além e abordar mais do que somente aspectos visuais e auditivos, deve apostar em todos os pontos de contato do consumidor com a marca. Para o sucesso do Branding, é muito importante, principalmente em empresas de serviços e varejistas, que o quadro funcional da organização, ou seja, todos os colaboradores, tenham entendido com total clareza o que é a marca e qual é a promessa que ela transmite. Para isso, faz-se necessário a utilização do Branding interno, que consiste na criação de atividades e processos, que auxiliam na propagação de informações relativas a marca, visando inspirar os funcionários. (KOTLER, KELLER 2006) Já a ligação dos consumidores com a marca ocorre quando estes vêem a organização cumprindo a sua promessa, sendo que essa promessa só será cumprida se todos os colaboradores da organização vivenciarem a marca. Além disso, dentre as principais influências sobre a percepção dos consumidores com relação marca, está a experiência vivida com os funcionários da empresa (KOTLER, KELLER 2006). Pringle e Gordon (2001, p. 72), expressam que: As marcas representam promessas- e dizem o que podemos esperar de um produto, serviço ou empresa. Isso na verdade resume o que podemos esperar das pessoas envolvidas no lançamento de sua marca. 28 Os autores ainda complementam afirmando que, os seres humanos devem ter bons modos, ou seja, bons hábitos referentes ao refeito e a maneira como tratam os demais, tendo como base o padrão adotado pela sociedade de respeito mútuo. Dessa mesma forma, os “modos da marca” são transmitidos através da maneira como ela gerencia a sua promessa perante os consumidores e busca proporcionarlhes boas surpresas, o mais frequente possível. “Esses “modos” são empregados em cada encontro entre uma empresa e seu cliente, a quem oferece um produto ou serviço da sua marca”.(PRINGLE; GORDON, 2001, p. 77) O autor Scott Bedbury, no livro A New Brand Word (2002) atribuiu os seguintes princípios ao Branding (apud KOTLER, KELLER 2006): 1. É preciso conhecê-la para fazê-la crescer: a maioria das marcas não sabe quem é, por onde andou e para onde se dirige. 2. Lembre-se sempre da regra de expansão da marca: não é porque você pode que você deve. 3. Marcas excelentes estabelecem relacionamentos duradouros com o cliente: elas estão mais ligadas às emoções e à confiança do que ao amortecimento dos calçados ou à forma como o grão de café é torrado. 4. Tudo importa: até o banheiro da sua empresa. 5. Todas as marcas precisam de bons pais: infelizmente a maioria das marcas vem de famílias problemáticas. 6. Grande não é desculpa para ser ruim: marcas realmente excelentes utilizam seus poderes sobre-humanos para o bem e colocam pessoas e princípios antes dos lucros. 7. Relevância, simplicidade e humanidade: são essas três coisas – e não a tecnologia – que vão consagrar as marcas do futuro. Basicamente, um projeto de Branding visa conceber uma imagem positiva da marca na mente dos consumidores, para ocupar a posição preferencial em suas mentes. . (SOUSA; CARDOSO, 2010) Até o momento foram expostos diversos benefícios da correta gestão da marca. Entretanto, segundo Gerzema (2009), a má gestão da marca pode gerar a perda do interesse por parte dos consumidores, que consequentemente poderá destruí-la. Isso ocorre porque “um produto é 29 comprado pelo o que ele faz; sua marca, entretanto, pelo que ela significa” (BATEY, 2010, p. 26). Todavia, para que seja possível transmitir o significado da marca de uma maneira clara e constante, que possa ser fixada na mente dos consumidores, faz-se necessário primeiramente conhecer a essência da marca, ou seja, sua identidade ou DNA, assunto que será aprofundado no próximo tópico. 2.3 DNA da Marca O gerenciamento de uma marca passa por três principais etapas, “a primeira diz respeito a compreender-se, encontrando o seu Brand DNA para descobrir seu diferencial exclusivo”. (STODIECK, GOMEZ, 2011, p. 2) A expressão DNA da marca trata-se de uma metáfora para associar as características da marca com as características genéticas dos seres vivo, ou seja, assim como nos seres vivos, as organizações possuem características próprias desde sua gênese. Essas características são a essência da identidade da marca, o seu DNA, (SOUSA; CARDOSO, 2010) .“Assim como nos seres vivos, o DNA de uma marca guarda as características primordiais e que as diferem entre si.” (STODIECK, GOMEZ,2012 , p.2) Segundo Perassi (2010, p. 7-8 ): Identidade da marca é o conjunto de valores e de expressões que identificam e qualificam a imagem mental que interessa à organização social emissora da marca Para Stodieck e Gomez (2011), assim como nos seres vivos, o DNA da marca irá diferenciá-la das demais, sendo formado por diversas características, sendo que algumas podem ser comuns a alguns concorrentes, mas é o conjunto de todas as características que tornara-la única. Ainda segundo os autores (p. 3): Entende-se então o conceito do Brand DNA como um conjunto de características que juntas, transformam-se na essência da marca, que a distingue de todas as outras. Essas características 30 devem ser vividas em todas as funções que a marca deve exercer: no seu trabalho de comunicação, no seu trabalho interno, etc. A identificação do DNA organizacional é considerada por Govindarajan e Trimble (2005, apud STODIECK. GOMEZ, 2011) como uma nova forma de aplicar os conceitos e valores que auxiliarão a organização na compreensão do seu funcionamento e de todos os elementos que a cercam. Ainda hoje é comum a adoção de múltiplos nomes e identidades para os produtos e serviços por parte das organizações. Porém, gradativamente percebe-se que assumir uma única identidade de marca faz com que a mensagem transmitida para o mercado fique mais clara, facilitando o posicionamento da marca na mente dos consumidores. (PERASSI; CARDOSO, 2012) Para Gomez e Prestes (2010, p. 2). A identificação do significado de marca é fundamental para seu posicionamento, criação de identidade visual, determinação de qual emoção estimular que a represente, assim como de que forma organizar o trabalho interno da empresa, a fim de incentivar funcionários a ‘ser o que vendem`. Essa identificação da essência da marca torna-se possível através da validação do seu DNA. Posteriormente, podem-se criar experiências significativas nos contatos dos consumidores com os funcionários e clientes, que após registradas na mente do consumidor, possibilitam ser lembradas e tornam-se eternamente memoráveis, o que incentiva o consumidor a buscar vivenciá-las novamente. (GOMEZ; PRESTES, 2010). Batey (2010, p. 57) defende que: Memórias emocionais são guardadas em nosso inconsciente. Quando a memória é acionada, todas as partes componentes são unidas em um instante, inclusive a emoção ligada à memória. Encontros com marcas fazem parte de nossa experiência diária e se caracterizam pela memória emocional 31 associada a elas. É assim que o significado da marca é gravado na psique. A marca fará a ligação da empresa com o consumidor, “portanto todas as experiências, positivas ou negativas, vivenciadas pelas pessoas ficarão guardadas na lembrança da marca.” (STODIECK; GOMEZ,2012, p. 3) Porém, se a cada experiência do consumidor com a empresa são repassadas mensagens distintas ou até opostas, “as associações existentes sofrem com a interferência do aumento do ruído”, ocasionando na perda do significado transmitido em um primeiro momento. (BATEY, 2010, p. 30) Embora a maneira como o consumidor irá interpretar as mensagens transmitidas não possam ser controladas pelas organizações, considerando que serão interpretadas de acordo com cada cultura e experiências já vivenciadas, as mensagens que são emitidas são de total responsabilidade e controle das organizações e é a partir delas que a empresa poderá interferir para que o consumidor faça a correta interpretação do significado da marca (GOMEZ; PRESTES, 2010). Contudo, quando o DNA da marca não é validado ou não está claro, pode gerar alguns “ruídos” de percepção. Tomiya (2010) listou alguns dos problemas que a falta desse entendimento pode gerar: a) mimetismo: sem uma identidade clara, a marca é um seguidor e foca simplesmente os concorrentes, imitando sua comunicação. É o caso de marcas seguidoras; b) oportunismo: sem uma identidade clara, a marca busca oportunidades de mercado que, em alguns casos, ferem alguns de seus sucessos anteriores. É o caso da extensão da marca para alguns produtos que, inclusive, destroem o valor das marcas; c) idealismo: identidade dos sonhos: a marca como idealmente se imagina, embora longe da realidade. É a promessa não muito crível. Segundo o autor, o mimetismo faz com que as empresas sigam as marcas líderes do ambiente em que estão inseridas, ao invés de buscar a sua própria identidade, fazendo com que percam a sua essência. 32 Já o oportunismo é comum de visualizarmos em marcas fortes, já estabelecidas no mercado. Por possuir uma boa reputação, muitas vezes as organizações utilizam a estratégia de “aproveitarem-se” da marca para o lançamento de novos produtos ou para expandir a sua atuação em outros segmentos de mercado. Embora não haja problemas nesse “oportunismo”, deve ser feito com a cautela necessária, pois “em alguns casos, pode ser um atentado muito grande à identidade e à essência da marca.” É comum ouvir-se no mundo organizacional a expressão popular de que “a propaganda é a alma do negócio” e em partes é. O problema surge quando a marca propaga uma promessa que não pode cumprir, ou seja, quando é idealista. Além do não cumprimento da promessa, Tomiya (2010, p. 74) complementa que: Isso acontece também quando a empresa se deixa seduzir por uma proposta de valor tentadora e que, segundo seu conceito, é bastante diferenciadora, porém está longe do que é a percepção de seus públicos e também da capacidade real de entrega em todos os pontos de contato da marca. Sendo assim, para evitar a prática do mimetismo, oportunismo ou idealismo por parte das organizações faz-se necessário o seu autoconhecimento. A validação do DNA facilitará o posicionamento da marca na mente dos consumidores, tornando-se a essência da mensagem que será transmitida. Ries (2009, p. 21) orienta que as empresas devem: afiar sua mensagem pra que ela penetre na mente. Tem que eliminar as ambiguidades, simplificar a mensagem e depois simplificá-la um pouco mais, se quiser causar uma impressão duradoura A memorização do significado da marca também pode ser facilitada pela combinação de estímulos sensoriais com estímulos emocionais, considerando que aqueles “estão ligados à nossa memória de longo prazo e passaram a fazer parte de nossos processos de tomada de decisão”(LINDSTROM, 2007, p. 27), e estes “informam e nos guiam para criar nossas experiênciassignificativas5” (COX, 2008, p. 14). Quando bem gerenciada, é possível eternizar uma marca. Para defender essa idéia, o autor Dawkins (apud GOMEZ; PRESTES, 2010) 33 construiu o conceito de “meme”, nome escolhido pelo autor por ser semelhante à gene, citando como exemplo de “memes” “melodias, ideias, slogans, modas do vestuário, maneiras de fazer potes ou de construir arcos.” Dawkins (2003, p. 263) explica a teoria da seguinte forma: Da mesma forma como os genes se propagam no "fundo" pulando de corpo para corpo através dos espermatozóides ou dos óvulos, os memes propagam-se pulando de cérebro para cérebro por meio de um processo que pode ser chamado, no sentido amplo, de imitação. Os benefícios da validação do DNA da marca não são exclusivos do ambiente externo à organização, Cox (2008) argumenta que a vivência do DNA deve acontecer no seu ambiente interno, “pois funcionários buscam em suas empresas fatores de identificação e conforto sócio-emocional, sendo seu desempenho prejudicado quando não os encontram” (apud GOMEZ; PRESTES, 2010, p. 7). Além disso, quando uma empresa transmite a mensagem de que proporciona ambientes de trabalho agradáveis,“talentos são atraídos, o que proporciona às organizações uma melhor qualidade de seleção para o seu quadro de funcionários” (COX, 2008, p. 12). Como a identidade de uma organização é identificada internamente, para reconhecer a identidade de uma empresa, faz-se necessário o envolvimento sincero dos seus stakeholders (PERASSI; CARDOSO, 2012) Para manter-se no mercado, uma marca deve compreender-se e compreender o ambiente em que está inserida. Quando essa compreensão é clara tanto para o gestor da marca quanto para todos os demais envolvidos com ela, “essa marca tem um grande potencial de se consolidar na vida de seus consumidores “(GOMEZ; STODIECK, 2011, p. 1). A compreensão de si mesmo inicia-se a partir do seu DNA. Dessa forma, a identificação correta é crucial para o sucesso organizacional. No próximo tópico é apresentada a metodologia de um processo que tem por objetivo a validação do DNA organizacional. 34 2.3BRAND DNA PROCESS O Brand DNA Process foi criado com o objetivo de validar o DNA da marca organizacional. Segundo Gomez e Prestes (2010, p. 7): É uma metodologia desenvolvida no escopo do design que visa identificar o DNA de marca e permite o processo de co-criação de valor para a empresa, pois propõe que os seus diversos stakeholders estejam desde o início do trabalho criativo a partilhar as suas experiências e participar da concepção do produto, do serviço, e da comunicação. Na vertente emocional e tribal, este modelo defende a participação dos clientes alvos da organização, que deve acontecer desde o início do processo criativo. A metodologia do Brand DNA process foi desenvolvida e é aplicado desde o ano de 2006 pelo Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional (LOGO), que é um grupo de pesquisa e extensão, do Programa de Graduação e Pós-graduação em Design, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O laboratório conta com a Coordenação do Prof. Dr. Luiz Salomão Ribas Gomez, e com a SubCoordenação da Profa. Dra. Marília Matos Gonçalves, além de diversos pesquisadores, inseridos nos cursos de graduação e pós-graduação da instituição, sendo que o processo tem conquistado grandes resultados no decorrer desse tempo. Em partes, esse sucesso, deve-se ao fato de que o processo incentiva o envolvimento dos stakeholders, reforçando a cocriação como fator diferencial. (STODIECK, 2013) Considera-se o processo Brand DNA como elemento motivador, oferecendo uma experiência gratificante e marcante aos participantes, reforçando o processo de identificação entre os colaboradores e a marca organizacional. (CARDOSO, 2012 apud STODIECK, 2013, p. 3) Para conquistar esse envolvimento, são desenvolvidos processos de endobrandin ou endomarketing, onde buscam-se alinhar os conceitos 35 e percepções relacionadas à marca, para levantar informações que levem ao conhecimento da identidade da marca. (SOUSA; CARDOSO, 2012) Stodieck e Gomez (2012), explicam que “a metáfora do Brand DNA é assimilar características exclusivas capazes de criar um diferencial com todos os outros concorrentes.”. Os autores dividiram o Brand DNA Process em 6 (seis) macro etapas, conforme exposto abaixo e ilustrado na figura 2 (2011, p. 5-6): 1. PESQUISA PRELIMINAR: Etapa inicial das atividades do Brand DNA process. Nela se dá o reconhecimento da visão e missão da empresa além da coleta de outras informações referentes à comunidade da organização; 2. DIAGONÓSTICO: Etapa onde se traça o diagnóstico da empresa, através da coleta de informações efetiva por meio de entrevistas semi-estruturadas, debates e conversas com os gerentes e os principais stakeholders da empresa, que visam definir as expectativas e percepções em relação à marca; 3. ANÁLISE SWOT: Listagem das informações declaradas pelos stakeholders durante as entrevistas. Todas estas informações e também possíveis conclusões serão colocadas num quadro que define pontos internos positivos e negativos da organização, pontos fortes (Strengths) e pontos fracos (Weakenesses), e pontos externos que possam ser compreendidos como Ameaças (Threats) e Oportunidades (Opportunities), e, a partir de então, traçar diagonais que unam conceitos internos e externos, visando estratégias de defesa e de posicionamento. O Objetivo desta etapa é gerar diretrizes para a próxima; 4. EVENTO CRIATIVO: Etapa em que se organiza um evento criativo, com a participação dos gestores do Brand DNA Process, stakeholders e opinion makers da empresa, onde é aplicada a ferramenta Brand DNA Tool® onde chega-se através de um brainstorming e discussões sobre cada conceito aos possíveis genomas que irão compor o DNA da empresa. Após o evento, ainda é realizado nesta etapa a construção do mapa semântico; 5. VALIDAÇÃO: Após o evento criativo, cada participante do evento deve enviar imagens que representem os conceitos do DNA para a criação de um painel semântico dos conceitos que formam o DNA apresentado na etapa anterior. Em seguida cada um dos participantes 36 do evento é entrevistado individualmente com o intuito de saber se concordam ou não com os conceitos e o que mudariam caso não concordem. Durante a etapa, é feito o benchmarking dos conceitos buscando marcas que representem cada um destes conceitos e estudando seus posicionamentos e estratégias; 6. RELATÓRIO FINAL: Com o cumprimento de todas as etapas anteriores, junta-se todos os resultados e é criado um relatório final de forma personalizada para cada cliente apresentando o DNA e todas as análises feitas durante o processo inteiro. Ao final de cada relatório, com o DNA definido, parte-se para a etapa de posicionamento e estratégia de marca, transformando essas teorias em ações de marca, e assim, viver o seu DNA. Figura 2 – Brand DNA Process. 37 Fonte: STODIECK; GOMEZ (2011, p. 6). Como o processo foi desenvolvido dentro do meio acadêmico, no curso de Design, um dos recursos utilizados é a exploração do pensamento visual (STODIECK, 2013). Por ser um processo co-criativo, conta-se com a participação de várias pessoas, com pensamentos e ideias distintas. Sendo assim, a interpretação das informações repassadas, consequentemente, podem variar para cada participante. Os recursos visuais, simplificam o repasse 38 da mensagem, além de aumentar a probabilidade de todos os envolvidos terem o mesmo entendimento. (STODIECK, 2013) Pensar visualmente significa beneficiar-se de sua capacidade inata de ver tanto com os olhos verdadeiros como com os olhos da mente, a fim de descobrir idéias que, de outra forma, ficariam invisíveis, desenvolver estas idéias rápida e intuitivamente e, a seguir, compartilhá-las com outras pessoas de forma que elas sejam rapidamente “compreendidas.” (ROAM, 2012 apud STODIECK, 2013, p. 5) Osterwalder e Pigneur (2011) simplificam o conceito ao afirmarem que pensamento visual é a utilização de “ferramentas visuais como figuras, rascunhos, diagramas e Post-Its TM para construir e discutir significados.” Porém, Roam (2012 apud STODIECK, 2013) afirma que o pensamento visual vai além da utilização de ferramentas visuais: “é um processo de valor que resgata a necessidade da função de ver”. Compreender o pensamento visual como um processo pleno significa que o ponto de partida não é aprender a desenhar melhor, é aprender a olhar mais atentamente. É por essa razão que o processo é valioso. (ROAM, 2012 apud STODIECK, 2013, p. 5) Para maximizar o potencial do Brand DNA Process, são adotadas algumas ferramentas que facilitam a compreensão por parte dos participantes do que está acontecendo em cada parte do processo. Nesse sentido, a organização dessas ferramentas em um kit próprio do processo facilita seu entendimento e gera uma experiência tanto com o usuário que irá administrá-lo, quanto com os participantes que observam o processo desde o início. (STODIECK, 2013, p. 6) 39 Stodieck (2013) listou algumas das ferramentas que podem otimizar o processo, tornando-o mais compreensível e prazeroso pra todos os envolvidos, também exposto na figura 3: a) Manual; b) Poster c) Bloco de anotações para brainstorming; d) Bloco de anotação dos conceitos; e) Post-Its TM; f) Lápis de escrever; g) Borracha; h) Canetas hidrocores; i) Disco com apresentação. Figura 3 – Brand DNA Tollkit Fonte: STODIECK (2013, p. 6). Segundo Kahney (2000) contato dos participantes com objetos durante o processo, torna-o mais palpável e envolve-os no processo, 40 fazendo com que se sintam parte e confirmando a cocriatividade do mesmo. Entre as ferramentas listadas anteriormente, algumas assumem papel crucial para o sucesso do processo. É o caso dos Post-Its TM, que, segundo Osterwalder e Pigneur (2011) funcionam como uma “porta ideias, que podem ser adicionados, removidos ou mesmo descolados dentre os componentes do processo.” Segundo os autores: Isso é importante porque, durante as discussões, pessoas frequentemente não concordam imediatamente com quais elementos devem entrar no Quadro, ou onde devem ser colocados. Durante as discussões exploratórias, alguns elementos podem ser removidos e substituídos múltiplas vezes para explorar novos caminhos. (OSTERWALDER, PIGNEUS, 2011 apud STODIECK, 2013, p. 6) Stodieck (2013) afirma que o destaque que a utilização de canetas hidrocores proporciona no que está escrito no Post-IT TM, facilitam a visualização por todos os envolvidos no processo e a sua localização durante o processo. A possibilidade de visualização do pôster do processo por todos os participantes funciona como linguagem visual do que está acontecendo, mas com uma gramática própria correspondente. Nele estão inseridas as informações, mostrando quais peças e informações serão utilizadas em cada etapa do Brand DNA Process. (STODIECK, 2013, p. 6) Já a apresentação do Brand DNA Process incentiva os envolvidos de maneira didática, sobre o funcionamento do processo. Todos em uma organização precisam entender seu modelo, pois todos podem contribuir potencialmente para o seu aprimoramento. No mínimo os funcionários precisam de um entendimento compartilhado, de modo que 41 possam se mover na mesma direção estratégica. A descrição visual é a melhor forma de criar tal compreensão compartilhada. (OSTERWALDER, PIGNEUR, 2011 apud STODIECK, 2013, p. 6) O manual de funcionamento do Brand DNA Process, por sua vez, serve para auxiliar o gestor do processo. Nele estão contemplados uma explicação formal do funcionamento do processo, com exemplos de cartas e apresentações a serem utilizados no decorrer do processo. O autor ainda afirma que as outras ferramentas listadas, por sua vez, visam complementar o processo, permitindo aos participante o registro dos conceitos ou outras informações relacionadas ao mesmo, que irão contribuir para a construção do DNA organizacional. Além disso, Stodieck deixa claro que o processo encontra-se sempre em construção ao declarar que: Novas ferramentas podem ser acrescentadas no Brand DNA Process, ampliando e dinamizando seu funcionamento e aplicação, trazendo novas experiências tanto para seus participantes quanto organizadores. (STODIECK, 2013, p. 7) Conforme visto até aqui, A relação entre o consumidor e a marca é construída a partir de um apelo emocional, baseado no seu DNA, sendo que “o DNA da marca é, conforme a metáfora de NOWRAH, a essência codificada que diferencia a organização de todas as outras marcas.” (STODIECK; GOMEZ, 2011, p. 13) Sendo assim, a identificação do DNA da marca em uma organização torna-se crucial para garantir o seu posicionamento adequado na mente dos consumidores. O Brand DNA Process cumpre essa função, através de uma pesquisa aprofundada, baseada em diversas fontes e pontos de vista. Com isto conclui-se a revisão de literatura proposta para esse trabalho. No capítulo seguinte explanam-se os procedimentos metodológicos adotados para que a execução da pesquisa fosse possível. 42 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os procedimentos metodológicos são essenciais para o alcance dos objetivos de qualquer trabalho científico, pois “a metodologia desenvolve a preocupação em torno de como captar e manipular a realidade, questionando a científicidade da produção tido como científica”. (GRESSLER, 2004, p. 42). Na visão de Oliveira (2007, p. 43), “metodologia é um processo que engloba um conjunto de métodos e técnicas para ensinar, analisar, conhecer a realidade e produzir novos conhecimentos”. Porém, para o alcance eficaz dos objetivos pré-estabelecidos, fezse necessário a escolha correta do método, dos tipos, das técnicas e das abordagens de pesquisa. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 23), “método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos empregados na investigação e na demonstração da verdade”. Gil (1999, p. 26) corrobora com a ideia do autor quando define “[...] método como o caminho para chegar a determinado fim”. A partir do método adotado, foi possível alcançar o objetivo geral estabelecido para este trabalho, ou seja, analisar criticamente o Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. Para alcançar o objetivo geral, foi utilizado o método indutivo, que segundo Richardson (1999, p. 35) “é um processo pelo qual, partindo de dados ou observações particulares, podemos chegar a proposições gerais”. Na visão de Andrade (1999, p. 113), “na indução [...] a cadeia de raciocínio estabelece conexão ascendente, do particular para o geral”, Dessa forma, buscou-se a partir do alcance dos objetivos específicos chegar ao objetivo geral, pois foi conhecida a história e as características da empresa Softplan Poligraph, avaliado a execução do Brand DNA Process na empresa objeto de estudo, identificado e analisado a aplicação do resultado do Brand DNA Process, proposto ações de melhoria, onde foi possível Analisar criticamente o Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. A elaboração deste estudo, dentre outros fatores, dependeu do levantamento, assim como da análise de dados. Para isso, adotaram-se tipos, técnicas e abordagens de pesquisa. 43 Cervo e Bervian (2002, p. 63) afirmam que “a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos. A pesquisa parte, pois, de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução”. De acordo com Lakatos e Marconi (1999, p. 17), pesquisa “é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Todo trabalho acadêmico busca o alcance do objetivo geral, com a finalidade de que as propostas de melhoria sugeridas sejam aplicadas. Para isto, foi utilizada a pesquisa aplicada, que conforme Lakatos e Marconi (1999, p. 22) “caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Fulgencio (2007, p. 476) corrobora a ideia dos autores supracitados quando afirma que “a pesquisa aplicada operacionaliza as ideias”. Neste trabalho foi possível identificar dois tipos de pesquisa: a pesquisa exploratória e a descritiva. A pesquisa exploratória teve a finalidade de tornar o trabalho claro, ou seja, de fácil entendimento para qualquer pessoa que o consulte. Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 39), “a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma”. Para Oliveira (2007, p. 65), “este tipo de pesquisa objetiva dar uma explicação geral sobre determinado fato, através da delimitação do estudo, levantamento bibliográfico, leitura e análise de documentos”. Na visão de Gil (1999, p. 43), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos [...]”. A pesquisa exploratória foi realizada durante todo o desenvolvimento deste trabalho, mas tornou-se fundamental na elaboração dos textos referentes à Branding e DNA da Marca, considerando que no decorrer do curso de gestão e marketing estratégicos de negócio é adquirido um conhecimento básico e geral do tema. Porém, através de leituras constantes sobre o assunto adquiriu-se o conhecimento necessário para a elaboração dos textos necessários. 44 Durante as aulas de gestão de marca ministradas no curso, acompanhadas de uma pesquisa de mercado e uma experiência profissional no LOGO, foi possível identificar a importância e a necessidade de estudos relacionados à identificação do DNA da marca e sua aplicação, assim como constatou-se a efetividade do Brand DNA Process nessa tarefa. A partir disto delimitou-se o tema deste trabalho: Análise crítica do Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. Após o levantamento dos dados referentes à história da marca Softplan Poligraph e suas características, fez-se necessário sua análise e descrição, apresentadas no capítulo 4 deste trabalho. Para que isso fosse possível, utilizou-se a pesquisa descritiva, pois segundo Andrade (1999, p. 106), “na pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador”. Cervo e Bervian (2002, p. 66) afirmam que “pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los)”. Segundo Gressler (2004, p. 54), “a pesquisa descritiva é usada para descrever fenômenos existentes, situações presentes e eventos, identificar problemas e justificar condições, comparar e avaliar o que os outros estão desenvolvendo em situações e problemas similares, visando aclarar situações para futuros planos e decisões”. Buscando fundamentar o estudo proposto, buscou-se na pesquisa bibliográfica o embasamento teórico necessário para a sua elaboração. Segundo Vergara (2004, p. 48), “pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Para Lakatos e Marconi (1999, p. 27), “a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema”. Já na visão de Cervo e Bervian (2002, p. 65), “a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos”. 45 Na elaboração deste trabalho foram pesquisados artigos científicos, sites na internet e livros da área marketing, branding, DNA da marca e brand DNA process. A maior parte do material utilizado foi selecionado a partir de pesquisas da bibliografia utilizada em trabalhos acadêmicos que abordavam o mesmo assunto e de buscas em bibliotecas diversas. Entretanto, houve grande dificuldade na localização de conteúdos cientificados relacionados ao tema Brand DNA Process, considerando que há poucos trabalhos publicados sobre o assunto, o que justifica a pouca variedade de autores relacionados ao tema. Outro procedimento adotado foi a pesquisa documental, a qual foi utilizada para buscar informações referente às características e história da empresa objeto de estudo. De acordo com Lakatos e Marconi (1999, p. 71), “a característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 67), na “pesquisa documental são investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. Estuda a realidade presente, e não o passado, como ocorre com a pesquisa histórica”. Além das pesquisas já descritas, para complementar as informações obtidas, adotou-se também o levantamento de dados através da realização de entrevistas com os stakeholders da empresa. O autor Vergara (2004) define entrevista como o contato presencial ou através de tecnologia, desde que em tempo real, onde ocorrem a realização de perguntas que são respondidas pelo entrevistado. Gil (1999, p. 177) corrobora com a definição de Vergara ao afirmar que entrevista “é a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação”. As entrevistas foram realizadas para que fosse possível avaliar a execução do Brand DNA Process na empresa objeto de estudo e identificar a aplicação do resultado do Brand DNA Process na empresa Softplan Poligraph. 46 Nas entrevistas, assim como nas demais etapas do processo, também adotou-se a observação como fonte de coleta de dados. De acordo com Richardson (1999, p. 259), “observação é o exame minucioso ou a mirada atenta sobre um fenômeno no seu todo ou em algumas de suas partes; é a captação precisa do objeto examinado”. Já para Lakatos e Marconi (1999, p. 90), “a observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar”. Ao trabalharem-se os dados que geraram as informações utilizadas no trabalho, a abordagem adotada foi a análise qualitativa. Segundo Fachin (2001, p. 82) afirma que a abordagem qualitativa “é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos não somente mensuráveis, mas também definidos descritivamente”. Através da abordagem qualitativa foi possível a descrição detalhada dos dados obtidos através das entrevistas e do evento criativo. Portanto, com os procedimentos metodológicos supracitados foi feito o levantamento, a descrição e a análise dos dados necessários para que a execução deste trabalho fosse possível, que foram transformados em conhecimentos, verificados a seguir. 47 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Neste capitulo será apresentada a organização objeto de estudo, sendo descritas suas principais características, além da descrição e análise das ações adotadas pela empresa após a identificação do seu DNA, além de, baseando-se nas informações coletadas, proposto sugestões de melhoria. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa adotada como objeto do estudo proposto é a Softplan Poligraph. Iniciou suas atividades nos anos 90, na cidade de Florianópolis, tendo como sócios/proprietários Moacir Antonio Marafon, Ilson Stabile e Carlos Augusto de Matos, que dividem a administração da empresa. A missão da empresa é: “Prover soluções nas quais a tecnologia, a inovação e o conhecimento especializado contribuem para a gestão corporativa.” Sua atual visão é: “20 anos em 5”, demonstrando os esforços da empresa alcançar em 5 anos o que normalmente seria conquistado em 20. Possui como valores: clientes, pessoas, retenção de talentos, confiança, inovação, conhecimento, qualidade, comunicação e preocupação social. A Softplan possui hoje mais de 1.500 funcionários, que estão distribuídos nas 4 unidades de negócio existentes da empresa: Unidade de Negócio de Gestão Municipal, Unidade de Negócio de Gestão Pública, Unidade de Negócio da Indústria da Construção e Unidade de Negócio da Justiça e nas 5 unidades corporativas: Administrativo Financeiro, Desenvolvimento Humano e Organizacional, Qualidade, Marketing e Pesquisa & Desenvolvimento. Com exceção da Unidade de Gestão Municipal, que é dirigida por um executivo, cada unidade de negócio é dirigida por um dos sócios fundadores da empresa, sendo que as suas respectivas administrações ocorrem de maneira semi-autônoma. As unidades corporativas dividem os seus esforços para atender a demanda de todas as unidades de negócio. 48 A estrutura organizacional da empresa é apresentada da seguinte forma: Figura 4 – Estrutura organizacional Softplan Poligraph Fonte: Documentos internos da Softplan Poligraph. A empresa atua em segmentos específicos de mercado, relacionados às unidades de negócio da empresa, possuindo hoje na sua carteira mais de 2.000 clientes. No perfil de clientes que são atendidos encontram-se: órgãos públicos, além de construtoras e incorporadoras da iniciativa privada. A Softplan Poligraph conquistou no ano de 1998 o certificado NBR/ISSO 9001, além de tornar-se a primeira empresa catarinense a conquistar a certificação MPS.BR nível C, no ano de 2013. 49 Atualmente a maior parte da empresa encontra-se localizada no Parque Tecnológico Alfa, localizado no Bairro João Paulo, na cidade de Florianópolis, sendo que possui filiais também no Centro da cidade de Florianópolis, na cidade de Lages e na cidade de São Paulo. A Softplan Poligraph teve o seu projeto de expansão física vencedor em uma disputa licitatória e, dessa forma, está sendo construída para a empresa uma nova sede, localizada no Sapiens Park, no Bairro Cachoeira do Bom Jesus, também na cidade de Florianópolis. Após a conclusão da obra, a unidade localizada no Parque Tecnológico Alfa será transferida para o local. A previsão é de que essa mudança ocorra no ano de 2015. 4.2 ANÁLISE DOS DADOS A necessidade de identificação do DNA da marca Softplan surgiu a partir de uma análise detalhada da arquitetura da marca, que identificou três grandes problemas: 1. As marcas dos produtos têm mais força do que a marca mãe: as estratégias de comunicação da empresa eram voltadas para os seus produtos e não para a marca Softplan; 2. Falta de padronização na comunicação interna: cada unidade de negócio se comunicava de uma forma, sendo que os materiais produzidos pareciam se tratar de empresas totalmente distintas; 3. Dificuldade na definição do posicionamento: como o seu DNA não estava claro, havia grandes dificuldades em identificar e comunicar os diferenciais competitivos da empresa. A metodologia descrita na revisão de literatura, que abordou o Brand DNA Process, foi aplicada na Softplan Poligraph através da contratação do Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional (LOGO), onde, durante o processo, a acadêmica atuou como pesquisadora voluntária. Além da aplicação do Brand DNA Process o LOGO também foi contratado para, a partir da validação do DNA, prestar consultoria no posicionamento, nome e slogan que serão adotados pela empresa, projeto este que foi elaborado durante o período de setembro de 2012 à fevereiro de 2013. 50 Nesse tópico, serão descritos e analisados a execução do projeto, assim como a aplicação do DNA na Softplan Poligraph, a partir da entrega do Relatório final pelo LOGO. 4.2.1 Execução do Projeto A avaliação do projeto elaborado pelo LOGO foi realizada através de entrevistas realizadas com os colaboradores da unidade corporativa de marketing da Softplan Poligraph, que participaram ativamente do projeto. A unidade foi a responsável pela intermediação dos contatos do Laboratório com os demais stakeholders envolvidos no projeto, assim como pela validação de todas as informações apresentadas. A decisão pela contratação do Laboratório para a execução do projeto foi avaliada a partir de diversos critérios, como metodologia aplicada, tempo de experiência, prazos de entrega, dentre outros. Porém, identificou-se que o fator decisivo foi o valor ofertado pelos serviços, que representou 12% do valor orçado junto ao segundo fornecedor e 6% do terceiro fornecedor. As etapas de diagnóstico e de análise swot ocorreram durante os meses de setembro e de outubro de 2012, tendo suas informações validadas no dia 06 de outubro de 2012 pela equipe de marketing da Softplan Poligraph. Nessa validação, foi solicitado que fossem incluídas um maior número citações, recolhidas durante as entrevistas da etapa de diagnóstico, para reforçar as afirmações realizadas e dar maior credibilidade ao trabalho realizado. Os avaliadores consideraram que a data escolhida para validação das etapas supracitadas foi inadequada, considerando que a validação foi realizada minutos antes do Evento Criativo, obtendo tempo inferior do que era necessário para uma análise mais detalhada da entrega. A etapa seguinte do projeto foi composta pela realização do evento criativo, que teve uma repercussão bastante positiva por parte de todos os participantes. Estavam presentes no dia os diretores, gerentes e alguns colaboradores da empresa, além de alguns familiares. Embora a metodologia do Brand DNA Process defenda a participação de diversos perfis de stakeholders e opinion makers, tanto na etapa de diagnóstico quanto no evento criativo, por opção da direção da empresa, não havia na realização do evento criativo nenhum representante dos clientes ou fornecedores da empresa. 51 Na etapa posterior ao evento criativo, denominada de validação, os participantes foram convidados a responder a um questionário e enviar imagens que ilustrassem o DNA validado para o laboratório, resultando na elaboração de um relatório. Os entrevistados consideraram o documento inicialmente apresentado como não satisfatório, pois informaram que os questionamentos da equipe de marketing foram desconsiderados, além das informações estarem pouco aprofundadas. Porém, após uma reunião entre o setor e alguns integrantes do laboratório, o relatório foi refeito, mesmo havendo certa resistência no confronto das opiniões. Os participantes da entrevista também relataram que durante a aprovação do relatório houve a ausência do responsável pelo projeto, Prof. Dr. Luiz Salomão Ribas Gomez, o que transmitiu insegurança quanto à qualidade da entrega que estava sendo realizada, além de ter atrasado a sua aprovação, pois a comunicação do laboratório com a empresa foi prejudicada e, consequentemente, o cronograma previamente aprovado teve que ser revisto. Todavia, considerou-se que a metodologia desenvolvida e aplicada trouxe ganhos ao processo, mas que o empenho da empresa foi crucial para o sucesso do projeto, pois algumas lacunas tiveram de ser preenchidas, inclusive relacionadas ao mapa semântico e ao Slogan, que foram substituídos. No mapa semântico, durante o projeto, foi atribuído no evento criativo a característica Solução no atributo técnico da empresa, ou seja, relacionado ao seu produto, o qual posteriormente foi substituído por Inovadora. Referente ao slogan, foi feita a seguinte sugestão no relatório final: Figura 5: Slogan Softplan. Fonte: Relatório final DNA da marca Softplan Poligraph (2012, p.88). Porém, o slogan foi substituído pelo seguinte: 52 Figura 6: Slogan Softplan Poligraph. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). Outro aspecto levantado pelas pessoas entrevistas quanto à execução do projeto foi que, em alguns momentos, houve certa desorganização do LOGO, atribuído aos fatos da validação das etapas de diagnóstico e swot terem atrasado o início do evento criativo e aos atrasos constantes por parte dos integrantes do Laboratório nas reuniões previamente agendadas. Entretanto, embora como em todos os serviços hajam pontos de melhora, o resultado final e principal da metodologia aplicada, que foi a identificação do DNA da Softplan Poligraph, foi considerado bastante assertivo, tendo sua aplicação descrita no item seguinte deste trabalho. 4.2.2 Aplicação do DNA O resultado final da aplicação do Brand DNA Process levou à validação do DNA da empresa, que foi considerada como Inovadora, Confiável, Flexível, Comprometida e Especialista, conforme figura 7. 53 Figura 7: DNA da marca Softplan Poligraph. Fonte: Relatório final DNA da marca Softplan Poligraph (2012, p.57). A apresentação do DNA validado ao público interno ocorreu em 4 ações principais: reunião corporativa, lançamento de uma promoção, gravação e divulgação de um vídeo e publicações de matérias no blog corporativo. No primeiro momento, o DNA, assim como o resumo do projeto, foi apresentado em uma reunião corporativa, realizada no mês de março de 2013, onde estavam presentes os diretores e gerentes da empresa. O resultado da apresentação foi muito positivo, sendo que ao final da apresentação diversas pessoas afirmaram ter visto nitidamente o DNA da empresa. Buscando envolver os participantes presentes, os slides utilizados tiveram um apelo emocional bastante intenso, ligando imagens e mensagens que exemplificavam o motivo de cada atributo apresentado fazer parte do DNA da empresa. A figura 8 ilustra um dos slides utilizados nessa apresentação. 54 Figura 8: Apresentação DNA da marca Softplan Poligraph. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). Na ocasião também foi comunicado o lançamento da promoção DNA Softplan. A promoção foi realizada no período de 15/03/2013 à 15/04/2013, e convidava os colaboradores a informar onde eles veem os elementos que compõem o DNA da marca Softplan nas suas atividades e na empresa. Os participantes concorreram a um kit da empresa, composto por: duas camisetas, uma mochila, um caderno, um lápis e uma bolinha anti-stress. Embora o kit possa parecer pouco motivador, os colaboradores adoram as camisetas da empresa, a qual tem sua distribuição limitada a 1 unidade por funcionário. Inclusive por diversas vezes já tentaram comprá-la. O lançamento da promoção ocorreu através do envio de um email marketing contendo a seguinte arte: 55 Figura 9: Lançamento promoção DNA Softplan Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 56 O link da arte redirecionava para o blog corporativo, denominado Softnews, que continha a seguinte ilustração: Figura 10: Regulamento promoção DNA Softplan Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 57 Além do e-mail encaminhado inicialmente, semanalmente eram enviados e-mails reforçando o convite, sendo que em casa semana um dos elementos do DNA da empresa eram destacados, conforme figura 10. Figura 11: DNA Softplan – Especialização. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 58 As artes supracitadas, além de encaminhadas via e-mail, também foram impressas em forma de cartazes e espalhadas pelos setores da empresa. O envio das comunicações periodicamente e a disponibilização dos cartazes em pontos estratégicos da empresa, incentivou bastante a participação dos colaboradores, obtendo um total de 85 participantes. Dentre as respostas enviadas estão: “Há uma sensação de privilégio sem igual ao se trabalhar aqui, essa sensação vem da certeza de ser uma pequena parte de um todo que modifica, positivamente, a vida das pessoas. O comprometimento por aqui é, além de causa, surpreendentemente, consequência.” “Eu vejo a “especialização” atrelada a “inovação” nos cursos, treinamentos e pesquisas que a softplan faz e promove para nós.” “Flexibilidade- A Softplan sempre leva em consideração a opinião dos seus colaboradores e faz de tudo para seu bem- estar e satisfação.” “A Softplan não conquistaria a CONFIANÇA de seus clientes, sem que antes tivesse conquistado a CONFIANÇA de seus colaboradores. Não poderíamos vender aquilo que não tivéssemos.” Para propagar ainda mais o DNA da Softplan, também foi gravado um vídeo, a pedido de um dos diretores, que abordava uma visão geral do projeto, comunicava o DNA validado e o slogan da empresa, da mesma forma do que foi apresentado inicialmente na reunião corporativa. O vídeo foi divulgado através do seguinte e-mail marketing: 59 Figura 12: E-mail Vídeo DNA Softplan. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 60 Além das ações supracitadas, periodicamente a empresa divulgada informações sobre o projeto no Softnews (blog corporativo), com a finalidade de tornar o projeto conhecido por todos os colaboradores, além de divulgar os resultados alcançados, conforme figura 13. 61 Figura 13: Publicação no blog corporativo. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 62 Buscando tornar o DNA da empresa conhecido por todos os colaboradores, para os novos integrantes do quadro funcional, o DNA da empresa é apresentado durante a integração, evento realizado quinzenalmente com os “novatos”, que possui duração de 8 horas. Visa fornecer uma visão geral da empresa, para que se ambientem antes de se deslocarem até o seu ambiente de trabalho. Após ter divulgado o DNA da Softplan ao seu público interno, a empresa está trabalhando na construção do seu Brand Book, o qual abordará: 13 Figura 14: Conteúdo Brand Book Softplan. Fonte: Arquivos da Softplan Poligraph (2013). 13 A conclusão do Brand Book da marca está prevista para ocorrer ainda nesse ano de 2013, o qual terá sua aplicação no ano de 2014. Após a conclusão do Brand Book, também será construído um site para o público interno contemplando os conceitos da marca Softplan Poligraph, assim como instruções de aplicações, modelos, dentre outros aspectos que abordam o uso correto da marca, para garantir que as mensagens transmitidas nos pontos de contato com o cliente sejam uniformes. A partir dos dados expostos até o momento, o próximo tópico abordará as propostas de melhoria para a execução do projeto e aplicação do DNA validado. 14 4.3 PROPOSTAS DE MELHORIAS As propostas de melhorias levantadas a partir da análise dos dados apresentados anteriormente foram divididas em suas partes: Execução do projeto, que visa melhorar a execução dos projetos de Brand DNA Process executados futuramente pelo LOGO; e Aplicação do DNA, que tem por objetivo sugerir formas de aplicação distintas das já aplicadas pela empresa até o momento. Para a execução do projeto propõem-se as seguintes sugestões: • Realizar a validação da análise swot, no mínimo, uma semana antes do evento criativo, para que haja tempo hábil para uma discussão e análise mais detalhada das informações apresentadas e ainda, se necessário, realizar alterações; • Inserir o máximo de comentários possíveis, recolhidos durante a etapa de diagnóstico, na apresentação da análise swot. Essa prática aumentará o nível de confiança nas conclusões expostas no relatório; • Apresentar o resultado da análise swot para todos os participantes do evento criativo, acompanhada dos comentários filtrados, e não apenas para as pessoas que aprovaram o relatório. Dessa forma, haverá um alinhamento no conhecimento das informações entre todos os envolvidos, o que enriquecerá mais a discussão durante o evento, que não será embasada apenas na percepção individual de cada um. • Inserir no contrato de prestação de serviço algumas regras de aplicação da metodologia, como, por exemplo, a obrigatoriedade da participação de diversos perfis de stakeholders e opinion markers em todas as etapas necessárias do processo. Essa simples ação garantirá a qualidade do resultado final do projeto. • Inserir como principal ponto de contato do laboratório com a empresa, desde o início, o pesquisador responsável pelo projeto. Assim, a ausência do coordenador do Laboratório, Prof. Dr. 15 Luiz Salomão Ribas Gomez, que possui uma agenda bastante tumultuada, não interferirá na credibilidade das entregas. • Prezar pelo cumprimento dos horários nos encontro agendados junto às empresas, principalmente porque, de maneira geral, quem representa as empresas nesse tipo de projeto são pessoas de nível estratégico e, geralmente, bastante ocupadas. Além disso, atrasos causam a percepção de desorganização, como visto na análise da execução do projeto, ou até mesmo de falta de importância. No que refere-se à aplicação do DNA pela empresa Softplan Poligraph, não identificaram-se muitos pontos de melhoria, considerando que a empresa teve êxito na divulgação do DNA da marca para o seu público interno e possui em andamento o projeto que terá como resultado a elaboração de um Brand Book, que norteará a comunicação da empresa com o seu público externo. Entretanto, foram apontadas duas sugestões, conforme exposto a seguir: • O vídeo gravado para apresentar o DNA da marca Softplan para o público interno teve como narrador apenas um colaborador, falando em nome da Softplan. Sugere-se gravar um novo vídeo, mas com o depoimento de diversos colaboradores informando, assim como na promoção do DNA da Softplan, em quais situações enxergam o DNA da empresa. Dessa forma o público interno falará sobre o DNA da empresa e não a própria empresa, dando maior credibilidade ao resultado e alcançando um maior envolvimento do público alvo. O vídeo poderá servir tanto para o público interno quanto externo da organização; • Rever a identidade visual das unidades de negócio, para que estejam mais ligadas à marca mãe. Dessa forma concluem-se as propostas de melhorias. No capítulo seguinte será possível tomar conhecimento dos aspectos relacionados a conclusão deste trabalho. 16 3 CONCLUSÃO A emissão de mensagens claras e constantes por parte da organização, seja qual segmento estiver inserida, é caracterizada pelo autoconhecimento. A empresa precisa ser autêntica para não se perder na imensidão de outras que encontra-se no mercado e, assim, cair no esquecimento. Nesse aspecto a aplicação do DNA da marca permitirá o sucesso da organização ao diferenciar-se no mercado. Dessa forma, o presente trabalhou alcançou todos os objetivos pré-estabelecidos, assim como foram concluídas todas as etapas do estudo, que conheceu a história e as características da empresa Softplan Poligraph, avaliou a execução do Brand DNA Process na empresa, identificou a aplicação do resultado do Brand DNA Process e propões ações de melhoria, tornando-a mais competitiva, finalizando com o objetivo geral proposto para este trabalho concluído, que foi analisar criticamente o Brand DNA Process aplicado na empresa Softplan Poligraph. Para que fosse possível alcançar o objetivo geral do trabalho, fezse necessário primeiramente o alcance dos objetivos específicos, onde buscou-se na revisão de literatura o embasamento teórico necessário para o estudo, focando a pesquisa, principalmente em assuntos referentes à marketing, branding, DNA da marca e Brand DNA Process. Porém, a maior dificuldade encontrada durante a elaboração desde trabalho foi a falta de material bibliográfico relacionada a um dos itens teóricos principais do estudo, o Brand DNA Process. Já o principal fator facilitador do trabalho foi o fato da acadêmica, além de ter conhecido uma visão teórica do tema em sala de aula, poder vivenciar a execução do processo junto ao LOGO, com pessoas que tinham o conhecimento teórico e a experiência prática na metodologia do Brand DNA Process, já ter sido cliente da empresa objeto de estudo e atualmente integrar o seu quadro funcional. A partir da análise dos dados, verificou-se que há espaço para propostas de melhoria. Nesse aspecto, a inclusão de regras de execução do processo no fechamento do contrato de prestação de serviço para garantir a integridade da metodologia proposta, dentre outros já mencionados neste trabalho. Como proposta para novos estudos, sugere-se uma análise crítica da identidade visual das unidades de negócio que compõem a empresa, buscando liga-las à marca Softplan Poligraph. 17 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. ASSUNÇÃO, H.; GOMEZ, L.S.R.; STODIECK, W.F. DNA da marca: um estudo prático do processo de identificação.E-Revista do Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional. Vol. II.2011. Disponível em: <http://www.logo.ufsc.br/edicao2/05.pdf>. Acesso em 22 ago. 2013. BATEY, Mark. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010. BEATLEY, Mark. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. COX, Lisa. 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