A DINÂMICA INDUSTRIAL E A CONCENTRAÇÃO

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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia das Indústrias – Professor: Tibério Mendonça
A DINÂMICA INDUSTRIAL E A CONCENTRAÇÃO FINANCEIRA
As origens do processo de industrialização remontam ao século XVIII, quando na sua
segunda metade, emergem na Inglaterra, grande potência daquele período, uma série de
transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que convencionou-se chamar de
Revolução Industrial.
Hoje esse processo já é conhecido como 1ª Revolução Industrial, pois nos séculos XIX, e
no XX, novas transformações geraram a emergência das 2ª e 3ª Revoluções Industriais.
As transformações de ordem espacial a partir da indústria foram enormes, podemos citar
como exemplo as próprias mudanças ocorridas na Inglaterra do século XIX, onde a indústria
associada à modernização do campo gerou a expulsão de milhares de camponeses em direção
das cidades, o que gerou a constituição de cidades industriais que nesse mesmo século ficaram
conhecidas como cidades negras, em decorrência da poluição atmosférica gerada pelas
indústrias. Além disso, ocorreu uma grande mudança nas relações sociais, as classes sociais do
capitalismo ficaram mais claras, de um lado os donos dos meios de produção (burguesia), que
objetivavam em primeiro lugar lucros cada vez maiores, através da exploração da mão de obra
dos trabalhadores que ganhavam salários miseráveis, e trabalhavam em condições precárias,
esses por sua vez constituindo o chamado proletariado, (classe que vende sua força de trabalho
em troca de um salário), que só vieram conseguir melhorias a partir do século XX, e isso fruto de
muitas lutas, através de greves que forçaram os patrões e Estados a concederem benefícios a
essa camada da sociedade.
O avanço da indústria, especialmente a partir do século XIX, deu-se em direção de outros
países europeus como a França, a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de países fora da
Europa, como os EUA na América e o Japão na Ásia, a grosso modo esses países viriam a ser no
século vindouro, as potências que iriam dominar o mundo, em especial os EUA, que hoje sem
sombra de dúvidas são a maior potência não apenas econômica, industrial, mas também militar
do planeta.
A partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, países do chamado
terceiro mundo, também passaram por processos de industrialização, como é o caso do Brasil.
Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional no processo de industrialização,
e das empresas multinacionais (empresas estrangeiras), que impulsionaram esse processo, e
fizeram que alguns países da periferia do mundo hoje sejam potências industriais. Só que
diferentemente do que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a industrialização não
resultou necessariamente na melhoria de vida das populações, ou no desenvolvimento do país,
pois esse processo nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais
internacionais, o que gerou um aprofundamento da dependência externa, como o que é
expresso através das dívidas externas, além do que, as indústrias que para cá vieram por já
serem relativamente modernas não geraram o número de empregos necessários para absorver a
mão de obra cada vez mais numerosa que vinha do campo para as cidades, isso fez com que
ocorresse um processo de metropolização acelerado, que não foi acompanhado de implantação
de infraestrutura e da geração de empregos, o que gerou um dos maiores problemas dos países
subdesenvolvidos hoje o inchaço das grandes cidades, com os problemas decorrentes do mesmo.
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A lógica do espaço industrial
A observação de um mapa-múndi da distribuição geográfica das indústrias mostra que,
particularmente no caso dos países capitalistas, elas se acham bastante concentradas
espacialmente. Isso ocorre porque as indústrias procuram se localizar nas áreas que oferecem a
maior quantidade ou a melhor combinação possível de fatores necessários à produção (fontes de
energia, mão de obra, transporte, capitais, mercado consumidor etc.). Em outras palavras, as
concentrações ocorrem porque as indústrias procuram obter o menor custo possível de
produção para ter o máximo possível de lucros.
Fator de localização industrial é toda a circunstância que influencia a localização das
indústrias. Durante muitos séculos, a atividade produtiva resumiu-se ao artesanato. Na segunda
metade do século XVIII, alguns países sofreram um conjunto de transformações conhecidas no
seu conjunto por Revolução Industrial. Estes acontecimentos marcaram o nascimento da
indústria moderna. A máquina, cada vez mais aperfeiçoada e complexa, substitui os utensílios
manuais e as máquinas simples, alimentadas por fontes energéticas tradicionais (muscular,
eólica e hidráulica). Com o surgimento da máquina a vapor, as tradicionais fontes energéticas são
suplantadas pelo carvão natural (principalmente hulha), o grande motor da expansão da
indústria na sua primeira fase. Por outro lado, é a partir do carvão que se obtém o coque,
indispensável para o fabrico de ferro e aço. Pelo seu grande volume, peso e fraco rendimento, o
seu transporte era difícil e muito caro, o que determina a sua supremacia no momento de
decisão da localização da indústria que, numa primeira etapa, coincide com as das minas
carboníferas e de minério de ferro, pelos mesmos motivos. Complexos industriais cada vez mais
vastos passam a exercer um forte poder de atração sobre muitas outras. Podemos concluir que,
na primeira fase de evolução da indústria, a proximidade das fontes energéticas e das matériasprimas eram os fatores industriais determinantes nas localizações industriais.
A revolução energética, que teve lugar nos finais do século XIX e princípio do século XX,
ocorre com o surgimento de novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade e, mais
tarde, o gás natural. A indústria expande-se rapidamente a outras localizações espaciais e
diversifica-se muito. O petróleo trouxe ainda novas e mais importantes aplicações e passou a
constituir uma fonte de matérias-primas fundamental. Estas novas fontes, por encerrarem um
maior potencial energético e por serem mais fáceis de transportar (no que muito contribuiu a
revolução operada ao nível dos transportes), fazem com que o fator energia perca importância,
tal como acontece com o fator matéria-prima. Em seus lugares, a quantidade de mão de obra
disponível para trabalhar, a sua qualidade em termos de especialização e a proximidade do
mercado conquistam cada vez maior importância. Com efeito, a produção em série, o trabalho
em cadeia e posteriormente a automatização proporcionam uma elevada produtividade, mas
exigem mão de obra disponível, especializada e vastos centros de consumo para absorver as
produções industriais.
As áreas urbanas existentes passam a constituir importantes focos de atração de novas
indústrias, por serem centros de irradiação de transportes e bem servidas de vias de
comunicação, facilitando a distribuição de matérias-primas, energia e o escoamento de produtos
fabricados. Por outro lado, a disponibilidade de capital, concentrado em bancos e outras
instituições de crédito, torna-se indispensável para a expansão da indústria e sua renovação
tecnológica.
Atualmente algumas indústrias de tecnologia avançada tendem a concentrar-se junto de
centros de investigação científica e tecnológica, ou em pleno meio rural como as "fábricas
verdes" da Suíça. O desenvolvimento continuado dos transportes, cada vez mais rápidos e
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cômodos, e o uso generalizado do automóvel, tem facilitado a dispersão geográfica da indústria,
gerando novos padrões de localização industrial.
As indústrias não se instalam em um lugar (país, estado ou município) de forma
despretensiosa, pois todas as medidas e decisões são tomadas a partir de uma profunda análise
com a finalidade de obter maiores informações acerca da viabilidade econômica de um
determinado espaço.
Não é exagero afirmar que o espaço geográfico contemporâneo é o resultado das
transformações introduzidas pela Revolução Industrial em suas diferentes etapas. O modo de
vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações trazidas pela tecnologia
industrial.
Independentemente do fato de um lugar abrigar, ou não, a indústria em seu espaço físico,
ela está presente nos produtos consumidos pela população local, nos meios de comunicação e
nos meios de transporte.
A indústria foi responsável pelas grandes transformações urbanas, pela multiplicação de
diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna e pelo desenvolvimento dos
meios de transporte e comunicação, que, nacional e mundialmente, interligaram as regiões. Foi
responsável também pela maior produtividade, pela consequente elevação da produção agrícola
e pelo êxodo rural. Além disso, introduziu um novo modo de vida e novos hábitos de consumo,
criou novas profissões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova relação
desta com a natureza.
O setor secundário foi predominante durante um longo período, mas a necessidade de
reciclagem constante na área técnico-científica deslocou as atenções para o setor terciário, que
passou a incluir novos serviços, como a pesquisa e o desenvolvimento.
Existem concentrações industriais tão grandes que constituem verdadeiros complexos, tal
a quantidade e variedade dos tipos de indústrias. O maior de todos, conhecido como
manufacturing belt (cinturão das indústrias), encontra-se no nordeste dos Estados Unidos. Além
dele, destacam-se também as grandes concentrações industriais da Europa ocidental e do Japão.
No Brasil, a maior concentração industrial localiza-se na Região Sudeste, particularmente na
Grande São Paulo.
O elemento determinante da localização das indústrias é, atualmente, na proporção de
três quartas partes, a atração de braços disponíveis. Esta formulação implica, inicialmente, que o
custo do trabalho não é abordagem simples. Para confrontar a atração do trabalho com a do
transporte, dois instrumentos são propostos, um índice e um coeficiente. O índice de trabalho
relaciona os custos de mão de obra ao volume de vendas. O coeficiente de trabalho é a relação
entre o custo do trabalho por unidade produzida e seu peso de localização (soma dos pesos dos
materiais localizados e do produto). Se o índice constitui um instrumento válido, o coeficiente,
enfadonho por natureza, desperta hoje pouco interesse.
Para o analista e o empresário, o confronto das disparidades salariais constitui recurso
considerável para o estabelecimento de uma superfície de custos. Algumas disparidades, já
detectadas e codificadas (zonas de salário), chegam a alcançar grande amplitude no interior de
um país.
A tentativa de estabelecer uma superfície de custo baseada unicamente no nível médio
dos salários constitui erro grosseiro. Parece existir pouca lógica no fato de que a indústria com
alto valor acrescido (e em particular com altos custos salariais) tenha demonstrando forte
propensão a se concentrar em áreas metropolitanas. O que conta é o custo real que sozinho,
define uma equação complexa onde são também contabilizados a estrutura de emprego, as
disponibilidades de mão de obra, a produtividade, os benefícios marginais e os custos sociais.
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Capitalismo financeiro
Tem sido recorrente o debate sobre os destinos do modo de produção capitalista, em
especial no seio da intelectualidade de esquerda. Nesse sentido, os mais diversos autores que
enfocam a dinâmica da reprodução capitalista remetem recorrentemente a uma tentativa de
identificar como se apresenta a valorização do capital contemporaneamente, que configuração
assume essa valorização.
O que se deve observar é o extraordinário grau de concentração do poder político e
econômico das grandes corporações internacionais. As 200 maiores corporações internacionais
concentram cerca de 25% do Produto Bruto Mundial.
Isso é resultado da supremacia do setor financeiro frente ao capital industrial, o qual é
responsável pelo enorme fluxo financeiro nas grandes bolsas de valores, bem como pelas
operações de especulação que representavam. Nota-se que o enorme fluxo financeiro pode ser
também denominado capital financeiro, o qual passa a ser hegemônico a partir das décadas de
80 e 90.
A partir do momento em que os bancos fornecem capital de empréstimo ─ portador de
juros, para o capitalista produtivo ─ dá-se dinamismo ao modo de produção capitalista e
aumentam-se os vínculos com os industriais. Surge assim, o capital financeiro, que é resultado da
transformação de parte do capital monetário ocioso disponível nos bancos em ações das mais
diversas empresas atuantes na esfera produtiva. Esse processo é sempre acompanhado da
concentração e centralização do sistema bancário, o que possibilita aos bancos subordinarem a
esfera industrial ao se tornarem acionistas majoritários. Assim sendo, os bancos aparecem como
os responsáveis pelo aumento das fusões, aquisições e, via de regra, pelo aumento da
concentração e centralização industrial. O capital financeiro, resultado da fusão ou união dos
bancos com a indústria, é característico de uma nova etapa do capitalismo, que se verifica em
especial a partir do século XX na Alemanha e nos Estados Unidos da América.
Essa relação dos bancos com a indústria ultrapassa a simples cessão de capital-dinheiro
inativo, ocioso, e verifica-se a partir do início do século XX, que os bancos passam a adquirir
ações de empresas dos principais ramos industriais, tornando-se os acionistas majoritários, bem
como indicam seus diretores para atuarem junto aos conselhos de administração dessas grandes
empresas. Note-se que existe uma reciprocidade entre os bancos e a esfera industrial, e essas
grandes empresas, pouco a pouco, tornam-se igualmente acionistas dos bancos.
Dessa maneira, tem-se o surgimento do capital financeiro, resultado inicial da
concentração e centralização do capital tanto na esfera produtiva como bancária, o que é
sempre acompanhado pelo processo de fusões ou uniões entre os bancos e a indústria. Veja-se
que tais fusões ou uniões manifestam-se em grandes monopólios na forma de sociedades
anônimas que, por sua vez, representam as principais empresas nos principais ramos creditícios
e produtivos.
É através do capital financeiro que o capitalismo adquire traços de uma estrutura
econômica e social mais elevada, pois substitui a livre-concorrência pelo surgimento dos
monopólios capitalistas no mercado mundial. Assim sendo, o capital financeiro ultrapassa o
mercado nacional e transforma o mercado mundial no seu locus de acumulação de capital, no
palco da oligarquia financeira, do imperialismo.
O capitalismo financeiro-monopolista estruturou-se, no contexto da Segunda Revolução
Industrial, a partir de meados do século XIX. A descoberta da eletricidade, a invenção do motor à
explosão, do telefone, além da difusão do telégrafo, entre outras, indicam novo salto evolutivo.
Essas descobertas e invenções tornaram-se possíveis graças ao desenvolvimento da indústria
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química, siderúrgica, automobilística, petrolífera etc., por sua vez apoiadas em pesquisas
científicas (a partir de então agregadas ao sistema capitalista) que viabilizaram essa nova
revolução tecnológica.
Nesse momento, outros países consolidavam-se como potências industriais e
imperialistas, entre os quais os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e a Rússia.
Esse foi um período em que o capital financeiro (dos bancos) fundiu-se ao capital
industrial (das fábricas). A acirrada concorrência entre as empresas levou a essas fusões,
deixando evidente uma tendência do capitalismo: a concentração de capitais. Para ganhar
mercados e eliminar a concorrência, essas empresas uniram-se umas às outras, o que deu
origem aos monopólios e oligopólios típicos dessa fase do sistema. A concentração dos capitais
disponíveis ocorria por meio de operações financeiras como empréstimos e financiamentos para
controlar as atividades produtivas e o comércio, além de comandar o estabelecimento dos
preços finais dos bens, serviços e produtos destinados ao consumo. Ou seja, esses grupos
detinham (e detêm até os nossos dias) capital suficiente para centralizar as decisões econômicas
e políticas. É por isso que essa etapa do capitalismo é conhecida como financeira e monopolista.
Além da concentração espacial ou geográfica, existe também a concentração financeira,
ou, digamos, a concentração econômica ou empresarial. Essa forma de concentração começou a
acentuar-se no final do século XIX com a formação de trustes e cartéis para monopolizar o
mercado (capitalismo monopolista). No século XX, e, sobretudo nos dias atuais, essas
concentrações estão representadas pelas conhecidas multinacionais (ou transnacionais),
gigantescas empresas que dominam a maior parte do mercado mundial.
Embora atualmente o monopólio total seja raro (o oligopólio é mais comum) e proibido
pela legislação de grande parte dos países, o que se verifica na prática é o emprego de vários
artifícios ou expedientes (cartéis, acordos, consórcios, pulos etc.) por parte dos grandes grupos
empresariais, com a finalidade de dominarem o mercado.
Entretanto, além dessa concentração industrial no espaço, há um outro tipo de
concentração, no âmbito financeiro de duas maneiras: horizontal e vertical.
A concentração horizontal consiste num agrupamento de empresas onde um grupo
adquire todas as empresas de industrialização de um determinado produto, porém, sem
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controlar os produtores de matéria-prima. No Brasil, um exemplo claro é o da AMBEV: a
cervejarias Antarctica e Brahma uniram-se formando a AMBEV, uma grande empresa que
controla um único setor. Concentração vertical consiste numa aglomeração de empresas de
diferentes setores de determinada atividade. Uma única destas empresas funciona controlando
todas as etapas da cadeia. A Petrobras é um exemplo claro disso: o grupo controla todo o
processo, desde a extração da matéria-prima, no caso o petróleo, até sua distribuição entre os
consumidores.
Vamos, então, o que são monopólio e oligopólio, bem como os principais tipos de
concentrações financeiras ou empresariais (truste, cartel, holding, etc.) voltados para o domínio
de mercado.
Monopólio é a situação em que uma empresa domina a venda das mercadorias ou
controla a oferta de serviços. O monopólio estatal geralmente ocorre no caso de produtos
estratégicos (energia elétrica, petróleo e outros) ou de serviços públicos (transportes,
comunicação, correios etc.).
Quando o monopólio é exercido por um grupo de empresas, de diferentes segmentos, em
uma grande parcela do mercado, temos o oligopólio. É uma estrutura de mercado caracterizada
por um número pequeno de firmas, com alto grau de concentração local, ou de poder de
mercado. No Brasil, um bom exemplo é o da indústria automobilística, onde apenas quatro
empresas dominam o mercado. Nos Estados Unidos, 70% do mercado automobilístico é
dominado por três empresas (GM, Ford e Chrysler).
Uma variação do monopólio é o truste, caracterizado pela fusão de duas ou mais
empresas de um mesmo setor econômico. Os trustes constituíram-se como monopólios típicos
do capitalismo financeiro-monopolista e deram origem a muitas das transnacionais que hoje
conhecemos: a General Electric, a Siemens e a Mitsubishi, entre outras.
Embora proibido por lei em muitos países, continua existindo na prática, ainda que de
modo disfarçado (truste do petróleo, do fumo etc.). O problema fundamental dos trustes é que,
ao monopolizarem o mercado, impedem a prática da livre concorrência.
Mais comuns que os monopólios, nos oligopólios os grupos envolvidos costumam entrar
em acordo sobre os preços dos produtos que serão comercializados, distribuindo no mercado
entre si: cada empresa fica com determinada parcela. Essa situação é conhecida como cartel, ou
seja, acordo comercial entre empresas produtoras, as quais, embora conservem a autonomia
interna, organizam-se em forma de sindicato para distribuir entre si as cotas de produção e os
mercados e determinar os preços, suprindo a livre concorrência. É dessa forma que essas
empresas conseguem elevar e controlar os preços, além de eliminar a livre concorrência.
Uma outra variação da concentração financeira são os holdings que consiste em uma
organização econômica que tem sob seu controle as atividades de várias empresas através da
aquisição total ou parcial de suas ações: Exemplos: Autolatina e Petrobras.
Uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país vender seus
produtos por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que
geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por
um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no
local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos; é o que caracteriza o
dumping que é um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos
nacionais, quando comprovado. Esta técnica é utilizada como forma de ganhar quotas de
mercado.
Do ponto de vista doutrinário, o liberalismo econômico revelou-se incapaz de manter o
equilíbrio entre mercado e sociedade: a constituição de monopólio descaracterizou o equilíbrio
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teórico da "mão invisível" provocando a falência de muitas empresas que não podiam mais
competir em condições de igualdade com as empresas oligopolizadas. A concorrência não era
mais livre, e muito menos o mercado, porém o Estado manteve sua posição de apenas garantir a
livre concorrência entre as empresas. Esse foi um dos fatores que levaram a uma crise em todo o
mundo, iniciada nos Estados Unidos e conhecida como Crise de 1929, ou Grande Depressão, ou,
ainda, Crack da Bolsa.
A Crise de 1929
A Grande Depressão, ou Crise de 1929, é o nome que se dá a uma das maiores crises
pelas quais o sistema capitalista passou ao longo da sua história. Iniciada em 1929 nos Estados
Unidos, a crise logo se refletiu em todo o mundo, pois esse país diminuiu brutalmente suas
importações ao mesmo tempo em que procurou retomar o capital anteriormente investido na
Europa. O Brasil, por exemplo, cuja economia voltava-se essencialmente para a exportação de
café, foi atingido pela crise cerca de um ano depois.
Essa crise resultou de uma série de distorções ocorridas ao longo dos anos de 1920 nos
Estados Unidos, das quais as mais importantes foram o aumento excessivo da produção,
associado à queda no consumo. Em decorrência da crise, da noite para o dia, milhares de
empresas decretaram falência, tanto no setor agrícola, como no industrial e financeiro.
A crise foi desencadeada pela quebra ou pelo crack da Bolsa de Valores de Nova York,
ocorrido em 24 de outubro de 1929. O crack aconteceu, entre outros fatores, porque uma parte
expressiva dos investidores começou a vender, em massa, suas ações, desencadeando uma
verdadeira corrida que derrubou o valor dos títulos financeiros, além de arruinar pessoas e
provocar a quebra das empresas que os tinham adquirido como forma de investimento.
Em decorrência da Grande Depressão em 1929, muitos dos princípios que funcionam
como base de sustentação do liberalismo econômico foram revistos. Foi nesse contexto que se
viabilizou a doutrina econômica keynesiana, ou keynesianismo, que nesse período norteou, em
maior ou menor escala, a vida econômica dos países capitalistas.
Essa teoria, formulada pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946),
contestava o liberalismo econômico priorizando a necessidade de o Estado intervir na economia.
Conforme o keynesianismo, portanto, mesmo um Estado marcado pela existência de
monopólios, como era o caso dos Estados Unidos, deveria intervir no setor social e econômico se
ocorressem crises econômicas. Durante o governo de Franklin Delano Roosevelt, então
presidente dos Estados Unidos, foram tomadas as seguintes medidas, conforme a doutrina
keynesiana:
 Controle, pelo governo, da produção e dos preços de grande parte dos produtos;
 Concessão de empréstimos a empresários rurais e urbanos que haviam falido;
 Implantação de política de aumento dos empregos, que se refletiu no aumento do
consumo, por meio da instauração de grandes obras públicas, como usinas hidroelétricas,
barragens e estradas;
 Elevação salarial;
 Redução da jornada de trabalho;
 Criação do salário desemprego e da assistência aos idosos e inválidos, entre outras.
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Essa política intervencionista ficou conhecida como Novo Acordo, do inglês New Deal. Era
baseada na formação do que se denomina Estado do Bem-Estar Social, e segundo ela o Estado
não só pode como deve intervir em uma economia controlada por monopólios. É chamado
"Estado do bem-estar social" porque atribui ao poder público, ou seja, ao Estado, o direito de
conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida. Dessa forma,
justificou-se a criação do salário-desemprego, a redução da jornada de trabalho, a assistência à
saúde etc., medidas típicas do Novo Acordo.
Nas décadas seguintes à implementação do Novo Acordo, o processo de globalização
econômica se intensificou, sobretudo como resultado do processo de expansão das grandes
potências capitalistas no mundo: as transnacionais, ou multinacionais, instalaram-se fora de seus
países de origem em busca de mão de obra barata, além de outras condições vantajosas: leis
menos rígidas que as de seus países de origem; produção a custo baixo e mercado consumidor
potencial. Foi dessa forma que essas empresas se constituíram como grandes conglomerados, os
quais se diferenciam dos trustes e cartéis surgidos no início do capitalismo financeiromonopolista por difundir, em grande parte do globo, não somente a produção, mas também o
consumo. Essa expansão também evidencia a posição que as nações - desenvolvidas e
subdesenvolvidas - assumiram na divisão internacional do trabalho: as primeiras, exportando
capitais e produtos industrializados; as segundas, mantendo-se como fornecedoras de produtos
agrícolas, minerais e outros produtos primários.
Foi nesse contexto que o capitalismo alcançou nas décadas posteriores à Segunda Guerra
Mundial, a sua nova etapa, agora com a tecnologia da informação revolucionando os setores
produtivos e toda a sociedade, dita global.
O neoliberalismo e o capitalismo informacional-global
A Terceira Revolução Industrial, ou Revolução Técnico-científica apoia-se nas novas
tecnologias que surgem no mundo e marca o capitalismo informacional-global. É o
desenvolvimento da eletrônica fina, ou microeletrônica, da computação, da automação
industrial e da energia atômica que viabiliza uma grande transformação em praticamente todos
os setores da atividade humana. Fruto de pesquisas científicas na área de informática e
telecomunicações, a nova revolução tecnológica gerou bens de alta tecnologia, ou tecnologia de
ponta.
Quando, nos anos 1970, o modelo intervencionista keynesiano de sinais de esgotamento,
em consequência, entre outros aspectos, da escassez de recursos financeiros para fazer frente
aos compromissos econômicos e sociais, outra doutrina se fortaleceu. Trata-se do
neoliberalismo, que se contrapõe às políticas keynesianas, acusadas de assistencialistas e
deflagradoras da crise econômica então instalada tanto em países desenvolvidos como
subdesenvolvidos. Essa doutrina é uma tentativa de ajustar o liberalismo econômico às
condições do capitalismo financeiro-monopolista. Para os neoliberais, o sistema capitalista não
tem condições de se autogerir, como propunham os defensores do liberalismo econômico.
Caberia ao Estado a estabilidade do sistema por meio da amenização das crises (sociais e
econômicas), garantir e assegurar a concorrência e combater a tendência à oligopolização da
economia, por meio da criação de leis e órgãos reguladores. Ou seja, esse é o momento em que
o sistema identifica o Estado como agente disciplinador.
Segundo o pensamento neoliberal, o Estado deve reduzir sua intervenção na economia e
deixar de garantir os benefícios do estado do bem-estar social. Seus princípios foram postos em
prática inicialmente no Reino Unido e nos Estados Unidos.
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A essa mudança doutrinária aliaram-se, graças à revolução tecnológica, os avanços no
setor da informação (no campo da computação e das telecomunicações) e no setor de
transportes (especialmente na aviação), que por sua vez contribuíram para a intensificação do
processo de globalização econômica, especialmente a partir dos anos de 1990. O fim do bloco
socialista e o avanço do modelo neoliberal a partir de então ampliaram o alcance dos fluxos de
comércio, produção e capitais de tal forma que barreiras com o as fronteiras nacionais foram
rompidas: tornou-se possível integrar (do ponto de vista econômico) diferentes regiões do
planeta, reduzindo "distâncias".
É por causa dessas características que essa fase do capitalismo é conhecida como
informacional-global: podemos, instantaneamente, comprar mercadorias, contratar serviços e
viagens nas mais diversas regiões do globo, participar de eventos, à distância, por meio das
videoconferências, nos comunicarem com pessoas em diferentes lugares do mundo, transferir
grandes volumes de capital etc. A importância das novas tecnologias reflete-se, igualmente, no
aumento exponencial dos serviços, cada vez mais especializados. Por causa dessas
características, é essencial que a mão de obra seja cada vez mais qualificada.
A industrialização no Japão
A industrialização tardia ocorreu na Ásia, na América Latina e África, sendo o Japão o país
que mais se destacou no continente asiático no último século. Apesar de sua pequena área, e de
possuir poucos recursos naturais, teve um dos mais intensos processos de industrialização
verificados no século XX. A integração entre as estratégias nacionais e o capital empresarial
privado definiu o caráter de sua economia.
O Japão começou a se industrializar apenas no final do século XIX, quando começou a
chamada Era Meiji, em 1868.
A Era Meiji corresponde ao período da história japonesa caracterizada pela modernização
do país nos moldes capitalistas durante o qual o governo procurou aprender com os países
ocidentais mais desenvolvidos, eliminando os feudos e estabelecendo as províncias. As classes
sociais antigas foram extintas e, em seu lugar, foram estabelecidas outras; tornou-se obrigatório
o serviço militar; a lei tributária sobre as terras foi modificada. Assim, enquanto internamente
prosseguia a restauração, os líderes das ideologias ocidentais introduziam, de fora, o Liberalismo,
com suas criticas contra a ditadura imperial, que cada vez se tornava mais autoritária, forçando o
governo a promulgar a Constituição, com um congresso baseado na vontade popular. O governo,
inicialmente, tentou abafar esse movimento democrático, mas como era uma exigência do povo,
tratou logo de redigir uma Constituição e promulgá-la. Todavia, aquele documento surpreendeu
a todos, pois outorgava ao Imperador poder absoluto.
Liderada pela família nobre Meiji, que centralizou o poder, essa modernização foi feita
com investimentos maciços em educação e na indústria de base. Surgiram daí os zaibatsu –
primeiras indústrias de capitais privados japoneses. Os capitais procederam de famílias
tradicionalmente poderosas, com alto prestígio junto ao imperador, que lhes garantiu a
obtenção de importantes monopólios.
Nessa época, o Japão enfrentava a ameaça de invasão por parte das potências
estrangeiras, que visavam explorar o potencial econômico do país, ainda latente. Assim, para
apoiar a industrialização, foi providenciada uma intensa militarização do país, que acompanhou
todo o processo de desenvolvimento econômico japonês até a Segunda Guerra Mundial. A
expansão bélica gerou uma política imperialista, que tinha como meta a conquista da política
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imperialista, objetivando a conquista da Ásia para exploração de matérias-primas industriais,
muitas das quais escassas no arquipélago japonês.
Desde então (1864), o Japão trabalhou febrilmente para erigir-se em potência industrial,
não somente para poder se equiparar e escapar aos projetos de penetração comercial dos
imperialismos brancos, mas para empreender, a seu turno, a conquista do Extremo Oriente e
estabelecer sua dominação sobre o Pacífico. Em um tempo recorde - meio século - o Japão
revelou-se capaz de fazer frente a grandes potências europeias, vencer a Rússia em 1905 e
intimidar mesmo os Estados Unidos; menos de cem anos depois de sair do feudalismo e da
economia agrária, partiu para a conquista da China, da Malásia, da Austrália e da Índia, ávido de
conseguir um império onde, seria recenseada perto da metade da humanidade.
No setor econômico o governo procurou incentivar, em grande escala, a industrialização
nacional, iniciando o ciclo capitalista. Com o desenvolvimento industrial, logo veio a necessidade
de matéria prima e de mercado consumidor de produtos. Para solucionar tais problemas, o Japão
viu-se obrigado a guerrear com seus vizinhos: a China e a Rússia. As vitórias subsequentes foram
seguidas de um período de prosperidade no país do Sol Nascente, e acompanhado do
crescimento do capitalismo nacional.
Este sonho enorme foi apoiado em uma preparação técnica e industrial metódica. Sendo
a guerra o objetivo dos esforços de industrialização, os japoneses desenvolveram
simultaneamente as indústrias para as quais seu país era incontestavelmente dotado, as
indústrias têxteis especialmente, que fornecem a possibilidade de financiar equipamento
nacional, e as indústrias de guerra. Para estas, as condições eram bem menos favoráveis. Graves
deficiências de matérias-primas põem em desvantagem as fabricações metalúrgicas japonesas.
Mas a engenhosidade dos dirigentes financeiros e industriais, o recurso a uma política de salários
baixos e a ausência total de medidas de caráter social, permitiram compensar parcialmente os
inconvenientes da geografia natural.
O Japão passa um grande período de industrialização, realiza em poucas décadas o que se
levaram séculos para se fazer no ocidente. Foi estabelecida uma nova constituição e o sistema
legislativo bicameral, adotou-se o modelo moderno de civilização ocidental. Na época com uma
população de 28 milhões de habitantes, buscaram-se resultados rápidos.
Na época, houve uma peste nos bichos-da-seda da Europa, empresários Japoneses
investiram na fiação da seda, também em tecidos de algodão. A produção agrícola foi ampliada,
com a utilização de novas tecnologias de cultivo. Quando a iniciativa privada tinha dificuldades
em estabelecer novos empreendimentos, o estado o fazia, criando novos impostos e buscando
empréstimos no exterior para captar recursos necessários. A fim de acelerar o crescimento
econômico o governo emitia dinheiro, fato que gerou inflação e o obrigou a privatizar várias de
suas empresas, para estabilizar a situação. Grupos ligados ao governo compraram estes
empreendimentos, entre eles a Mitsubishi e outros poucos, dominando assim o cenário
econômico do país até o final da segunda guerra mundial.
As duas forças iniciais da indústria japonesa: técnica e mão de obra. - A indústria japonesa
é o feito de dinastias feudais japonesas que conseguiram realizar o grande esforço de
transformar-se em grandes trustes, à imagem dos trustes americanos, e de pôr a seu serviço
todos os refinamentos da técnica financeira e industrial experimentada no mundo capitalista,
sem que a estrutura social japonesa fosse mudada, sem que a mão de obra japonesa deixasse de
ser uma mão de obra feudal de nível de vida baixo e que trabalha ainda em pequenas oficinas
sempre que seja vantajoso - e nisto a distribuição de energia elétrica influi bastante.
A dispersão dos estabelecimentos não impede de modo nenhum a concentração orgânica
e financeira das empresas. A indústria japonesa é dominada pelos grandes trustes: o grupo
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Mitsui ou Matsui, proveniente de uma velha família feudal que se interessou pelo trabalho da
seda e pelo câmbio desde o século XVII, controla uma grande parte da indústria carbonífera,
petrolífera, das fábricas químicas, fábricas mecânicas e metalúrgicas, possui um banco, uma
companhia de comércio, domina 284 das 726 grandes fábricas japonesas e tem seus jornais que
defendem uma política de expansão; o grupo Mitsubishi, originariamente de arroz (1870),
tornou-se uma grande sociedade de navegação, de indústrias pesadas e de indústrias químicas.
Na época, as elites Japonesas enxergaram como a única maneira de fugir ao domínio
europeu na Ásia, a industrialização. Assim um gigantesco esforço foi realizado para obter
tamanho sucesso.
No início do seu período de industrialização o Japão contava com mão de obra
abundante, o que permitiu um crescimento acelerado. Com problemas sérios de recursos
naturais, cerca de setenta e cinco por cento de sua superfície é montanhosa, o país lança uma
política expansionista em busca matérias-primas e mercados consumidores para seus produtos.
O país envolveu-se em vários conflitos regionais em busca do aumento de sua área de influência.
Nesse primeiro momento, o país é fornecedor de produtos de baixo padrão de qualidade, já que
ainda está incorporando as técnicas ocidentais. Um dos grandes esforços é a busca da
alfabetização do povo e a intensificação da publicação de livros e jornais, escolas são construídas
por toda parte e o curso primário torna-se obrigatório. Foram instaladas também universidades e
estudantes enviados a outras partes do mundo em busca de novas tecnologias. A rápida
transição de economia rural para industrializada trouxe problemas sérios de infraestrutura e
inchaço nas suas cidades, este problema foi resolvido através da emigração de excedentes
populacionais para outras partes do mundo, inclusive o Brasil.
Após a Segunda Grande Guerra tem início o período da segunda industrialização
Japonesa. Sob ocupação Norte-Americana, são feitas reformas sociais e os direitos individuais
garantidos, os principais Holdings, as Zaibatsu, foram dissolvidas. O país assina o tratado de paz
com os Estados Unidos em 1951, passa a ter o apoio das economias ocidentais, nova constituição
é promulgada em 1946. As ideias bélico-imperialistas são abandonadas e o país volta a viver sob
um regime democrático. A guerra da Coreia em 1953 beneficiou sua economia e já no início da
década de 1960 o país mostrava sinais de recuperação. Uns dos problemas sérios eram quanto á
qualidade de seus produtos, os próprios Japoneses reconheciam-nos como baratos e ruins. O
povo Japonês assimilou bem os conhecimentos de melhoria de qualidade e aumento de
produtividade, trazidos pelos Estados Unidos. Hoje a situação inverteu-se, eles são uma das
grandes economias mundiais e passaram a ameaçar os Norte-Americanos na primazia do
domínio tecnológico, seus produtos viraram sinônimos de qualidade.
Essas relações entre os Estados Unidos e o Japão foram norteadas pelo Plano Colombo.
Esse plano, cuja intenção era manter o Extremo Oriente sob a esfera de influência norteamericana, baseou-se em empréstimos voltados para a reconstrução do capitalismo japonês.
Nessa época, os Estados Unidos impuseram ao Japão condições bastante duras, como a
proibição de militarizar-se. Mas as imposições não transformaram o país numa economia
periférica do capitalismo mundial. Ao contrário, permitiram uma política de desenvolvimento
econômico muito bem-sucedida. Entre os princípios dessa política, podem ser destacados:
 Elevada qualificação profissional da mão de obra;
 Rigorosos programas de controle de qualidade dos produtos industrializados, baseados
em cálculos estatísticos;
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 Direcionamento de grande parte da produção industrial para o mercado externo,
estimulado por uma forte desvalorização da moeda japonesa, o iene;
 Construção de grandes e modernos navios, que baratearam o frete para os distantes
mercados consumidores do Ocidente;
 Maciços investimentos em P&D, que resultaram, por exemplo, na robotização e na
miniaturização de suas mercadorias altamente sofisticadas, como os microeletrônicos e a
nanotecnologia.
Graças à excelente organização do trabalho, à disciplina do pessoal e à qualidade dos
serviços (transportes marítimos notadamente), os preços de custo permaneceram muito baixo.
Sempre que a importação das matérias-primas não pesam demasiadamente na sua elaboração,
os produtos japoneses podem suportar a concorrência dos produtos norte-americanos ou
europeus em qualquer mercado do mundo.
As indústrias japonesas concentram-se, desde o início, no litoral do Pacífico. É ali que se
concentram as maiores aglomerações populacionais e, portanto, os maiores consumidores. Na
segunda metade do século XIX, Tóquio, por exemplo, já contava com mais de um milhão de
habitantes.
Além disso, havia a necessidade de construir portos para interligar as indústrias às fontes
de matérias-primas que o Japão conquistara na Ásia e no Pacífico, entre o final do século XIX e a
Segunda Guerra Mundial - quando chegou a dominar um território com mais de 4 milhões de
km².
O caráter insular do Japão e a necessidade de importar a maior parte das matérias-primas
fazem da indústria japonesa uma indústria de grandes portos.
O Japão investiu maciçamente no conceito de produzir com qualidade, como também em
educação do seu povo. Os Japoneses acreditavam que o método de inspeção de qualidade era
ineficiente e onerava o custo de produção. Desenvolveram métodos e ferramentas que visavam
eliminar a peças defeituosas, objetivando o defeito zero.
Os Japoneses descobriram que os modelos Fordista e Taylorista não atendiam os seus
anseios e precisam desenvolver seus próprios métodos. Na década de 1970, Taiichi Ohno, o
principal engenheiro de produção da Toyota, percebeu que era preciso aplicar um novo método
de produção. Ohno inaugurou o modelo de produção enxuto e deu início ao que se chama de
Toyotismo. Combatia-se o desperdício, como o da superprodução, material esperando no
processo, desperdício no transporte, desperdício na movimentação de operações, entre outros.
As metas do programa eram zero defeito, tempo zero de preparação, estoque zero,
movimentação zero, quebra zero, lote unitário, entre outros. O sucesso da metodologia fica claro
quando analisamos que hoje o Japão é um dos principais exportadores de veículos do mundo em
detrimento com a década de 1960, onde o país não conseguia exportar um único automóvel para
o ocidente.
Em poucas décadas, uma notável expansão industrial conduziu o Japão à segunda posição
entre as maiores economias do mundo. Na década de 1980, o lucro das indústrias fortaleceu o
sistema financeiro do país. No final dessa década, dos dez maiores bancos mundiais, oito eram
japoneses. Consequentemente, no início dos anos 90 surgiram incentivos para a criação de novos
polos industriais, mais dinâmicos, típicos da Terceira Revolução Industrial. Nasceram, assim,
áreas industriais mais afastadas das grandes concentrações urbanas dos eixos Tóquio-Osaka e
Osaka-Fukuoka. Tal medida visa, inclusive, amenizar os graves problemas ambientais e
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estruturais observados atualmente nessas megalópoles, como a chuva ácida, poluição
atmosférica e a falta de espaço em um país insular pequeno e muito populoso.
Desconcentração industrial japonesa
Na década de 1990, a economia japonesa entrou em crise e passou por uma fase de baixo
crescimento econômico, pois perdeu o seu dinamismo e passou a concorrer com outros países
do leste asiático (os Tigres Asiáticos). Essa crise provocou uma série de problemas sociais no
Japão, entre eles o aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8% entre os jovens.
A partir da década de 1980, alguns territórios do Pacífico malaio-asiático começaram a
apresentar altos índices de crescimento econômico e influência no mercado mundial, sendo por
isso designados Tigres Asiáticos. Estes são formados por Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e
Cingapura. Os Tigres asiáticos alcançaram o desenvolvimento com um modelo econômico
exportador; esses territórios e nações produzem todo tipo de produto para exportá-los a países
industrializados.
Os Tigres Asiáticos eram três países subdesenvolvidos até a década de 1970, quando
promoveram uma rápida e eficiente industrialização. Os fatores que favoreceram a
industrialização dos Tigres Asiáticos foram:
 Mao de obra barata e disciplinada;
 Políticas governamentais de atração das empresas transnacionais, como isenção
fiscal e incentivos às exportações;
 Pouquíssimas leis de proteção ambiental;
 Praticamente nenhuma lei trabalhista, o que permitiu a exploração extrema da
mão de obra, com longas jornadas de trabalho.
Durante a Guerra Fria, a exemplo do que ocorreu com o Japão, os Tigres Asiáticos
contaram com o apoio dos Estados Unidos – Plano Colombo. Assim, nas primeiras décadas de
sua industrialização, grandes transnacionais norte-americanas ingressaram nos Tigres Asiáticos,
transferindo para lá algumas de suas unidades produtivas – geralmente fábricas que empregam
muita mão de obra e que são muito poluentes, pelo menos em algumas etapas do processo de
fabricação.
Uma das características apresentadas na industrialização japonesa foi transferir algumas
indústrias para países asiáticos com mão de obra mais barata e maior disponibilidade de recursos
naturais. Com a adoção de um modelo semelhante ao japonês - Estado controlador e políticas
nacionalistas -, esses países (Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul) conseguiram índices
altos de industrialização e ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos.
Esses países tiveram um desenvolvimento mais marcante a partir da década de 1970, sob
grande influência japonesa. Na década de 1980, os Tigres Asiáticos e o Japão começaram a
investir em outros países do Sudeste asiático, como a Malásia, a Indonésia, a Tailândia e a
Filipinas, que ficaram conhecidos como os Novos Tigres Asiáticos. Hoje, ao falarmos sobre os
Tigres Asiáticos, englobamos tanto os novos quanto os antigos Tigres.
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O desenvolvimento desses países está fortemente ligado a um sistema de crescimento
baseado nas exportações, sendo os setores exportadores protegidos e incentivados pelos
governos. Inicialmente se objetiva a produção de eletroeletrônicos para o mercado externo e de
componentes industriais para o mercado interno, ambos a preços reduzidos. Esses países
passaram por um intenso desenvolvimento tecnológico, que teve como base a imitação e o
aprendizado de tecnologias já existentes.
Atualmente, a Coreia do Sul é o país mais desenvolvido e industrializado entre os Tigres
Asiáticos. Possui neste início de século XXI grandes conglomerados industriais altamente
diversificados. Do total de suas exportações, 32% são de produtos de alta tecnologia.
Atualmente, a indústria japonesa é bem diversificada e concentra-se nas cidades de
Tóquio, Nagoya e Osaka. Algumas de suas empresas estão entre as maiores do mundo e
possuem filiais em várias partes do mundo.
O Japão é o segundo maior produtor mundial de automóveis, de aço e de navios. Sua
indústria depende das importações de matérias-primas e combustíveis. Trata-se de um dos
países que mais aplicam recursos no desenvolvimento tecnológico (3,1% do PIB, contra apenas
1% no Brasil), o que lhe garante o status de país que mais registra patentes no mundo. É grande
exportador de produtos manufaturados e muitos de alta tecnologia.
Embora haja tanta prosperidade, o Japão também enfrenta problemas financeiros. Da
mesma forma como vem ocorrendo em vários países desenvolvidos, grandes desafios
econômicos e sociais colocam-se à frente da nação japonesa no início do século XXI. O maior
desses desafios é a crise econômica que o país atravessa, relacionada à estagnação do ritmo de
crescimento econômico, que até o início da década de 1990 se mantinha bastante elevado. Essa
desaceleração da economia tem gerado a falência de empresas e o aumento do desemprego no
país.
Entre as principais causas da estagnação econômica está o enorme déficit público,
gerado, em grande parte, pelos altos gastos do governo com aposentadorias e outros benefícios
sociais destinados ao crescente contingente de idosos. No Japão, cerca de 20% da população tem
idade igual ou superior a 65 anos, o que representa cerca de 25 milhões de pessoas. A previsão é
de que, em 2015, um em cada quatro japoneses seja idoso.
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Esse acelerado crescimento da população idosa, somado a outros fatores, contribui para
a estagnação do consumo, outro dado relevante para entendermos a atual crise japonesa.
Diferentemente dos países ocidentais desenvolvidos, onde os idosos consomem cada vez mais,
no Japão há uma arraigada tradição de poupar o máximo possível, como forma de garantir
proventos para o futuro. Esse fato tem se acentuado nos últimos anos em razão da crise
econômica que atinge o país.
É importante saber que, apesar de ser um grande exportador de manufaturados, cerca de
85% dos produtos industrializados fabricados no Japão são consumidos no próprio país. Isso
significa que a economia japonesa é extremamente dependente do consumo interno. Portanto,
se os habitantes poupam mais do que consomem, a economia entra em recessão, ou seja, as
fábricas, o comércio e os serviços passam a produzir menos e a demitir funcionários em massa.
Essa é a principal causa atual de desemprego de 4%, a maior da história do país desde a Segunda
Guerra Mundial.
O desemprego dos últimos anos vem gerando uma nova realidade para os japoneses: a
pobreza. Segundo fontes do governo, o número de pessoas vivendo como indigentes nas ruas
das grandes metrópoles do país saltou de algumas centenas, na década de 1990, para uma legião
de quase 20 mil. Talvez esse seja o maior desafio para a sociedade tecnologicamente mais
avançada do planeta: saber lidar com problemas socioeconômicos típicos do mundo
subdesenvolvido.
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