bíblia brasileira de estudo

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Uma edição verdadeiramente verde-amarela
A
Bíblia Brasileira de Estudo foi
De perfil interdenominacional, a BBE oferece
inteiramente escrita por autores
mais de 12 mil notas de estudo, artigos,
nacionais e dirigida ao povo
mapas e referências especiais, organizados
brasileiro que vive a realidade singular
em 13 áreas: linguística, hermenêutica,
do nosso país e da nossa cultura. A obra
família, técnica, ministério, espiritualidade,
menciona personalidades que marcaram
literatura, homilética, teologia, cultura, crítica
história do Brasil. Cita, por exemplo, o
textual, ética e missões. Com organização
amor de Dom Pedro II pela Palavra e faz
e supervisão editorial de Luiz Sayão, a BBE
referência a poemas célebres de Castro
contou com mais de 60 colaboradores e
Alves e Manoel Bandeira.
consumiu 10 anos de produção.
Biblia Brasileira de Estudo
16 x 23 cm | 1.984 p.
BÍBLIA
BRASILEIRA
DE ESTUDO
DE BRASILEIROS PARA BRASILEIROS
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BÍBLIA
BRASILEIRA
DE ESTUDO
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Texto bíblico:
Bíblia Almeida Século 21.
Copyright © 2010 Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova.
Todos os direitos reservados.
Bíblia Brasileira de Estudo
Copyright © 2016 Editora Hagnos Ltda.
Mapas: Atlas Bíblico Ilustrado
Copyright © 2005 Por André Reinke
Publicado pela Editora Hagnos Ltda.
Usados com autorização.
Revisão
Noemi Lucilia Lopes
Priscila Porcher
Raquel Fleischner
Diagramação
OM Designers Gráficos
Capa
Maquinaria Studio
Editor Geral
Luiz Alberto T. Sayão
Coordenador Editorial
Robinson Malkomes
1ª edição – 2016
Impressão e acabamento
Imprensa da Fé
Todos os direitos desta edição
reservados para:
Editora Hagnos
Av. Jacinto Júlio, 27
04815-160 – São Paulo – SP
Tel (11) 5668-5668
[email protected]
www.hagnos.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bíblia brasileira de estudo / editor geral Luiz Alberto Sayão ; coordenador
editorial Robinson Malkomes . -- São Paulo : Hagnos, 2016.
Bibliografia
ISBN 978-85-7742-113-8 (Preta)
ISBN 978-85-7742-194-7 (Marrom)
ISBN 978-85-7742-193-0 (Marrom com verde)
ISBN 978-85-7742-192-3 (Marrom com azul)
1. Bíblia - Estudo e ensino I. Sayão, Luiz Alberto. II. Malkomes, Robinson.
12-12555
CDD-220.07
Índices para catálogo sistemático:
1. Bíblia : Estudo e ensino 220.07
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Sumário
Apresentação da Bíblia Brasileira de Estudo – Hagnos.........................v
Apresentação da versão Almeida Século 21......................................... vii
Apresentação da Bíblia Brasileira de Estudo...........................................xi
Colaboradores............................................................................................... xiii
Recursos visuais............................................................................................. xv
Antigo Testamento
Gênesis.........................................1
Êxodo.........................................88
Levítico....................................167
Números.................................210
Deuteronômio......................275
Josué........................................326
Juízes........................................360
Rute..........................................395
1Samuel..................................402
2Samuel..................................449
1Reis.........................................483
2Reis.........................................523
1Crônicas................................560
2Crônicas................................599
Esdras.......................................649
Neemias..................................665
Ester..........................................686
Jó...............................................699
Salmos.....................................745
Provérbios..............................843
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Eclesiastes..............................881
Cântico dos cânticos..........896
Isaías.........................................906
Jeremias..................................978
Lamentações
de Jeremias...................... 1053
Ezequiel................................ 1062
Daniel.................................... 1129
Oseias................................... 1158
Joel........................................ 1172
Amós..................................... 1184
Obadias................................ 1196
Jonas..................................... 1200
Miqueias.............................. 1210
Naum.................................... 1219
Habacuque......................... 1224
Sofonias............................... 1230
Ageu...................................... 1238
Zacarias................................ 1245
Malaquias............................ 1260
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Novo Testamento
Mateus.................................. 1269
Marcos.................................. 1336
Lucas..................................... 1385
João....................................... 1445
Atos dos apóstolos........... 1502
Romanos.............................. 1563
1Coríntios............................ 1599
2Coríntios............................ 1638
Gálatas.................................. 1662
Efésios................................... 1678
Filipenses............................. 1702
Colossenses........................ 1720
1Tessalonicenses.............. 1733
2Tessalonicenses.............. 1745
1Timóteo............................. 1755
2Timóteo............................. 1769
Tito......................................... 1779
Filemom............................... 1785
Hebreus................................ 1789
Tiago..................................... 1817
1Pedro.................................. 1831
2Pedro.................................. 1859
1João..................................... 1870
2João..................................... 1881
3João..................................... 1884
Judas..................................... 1888
Apocalipse.......................... 1894
Ajudas para o leitor.................................................................................. 1947
Mapas........................................................................................................... 1951
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Apresentação
da Bíblia Brasileira de Estudo – Hagnos
É com grande honra e alegria que apresentamos ao povo de
Deus a Bíblia Brasileira de Estudo. Foram necessários dez anos para
uma obra que, sem dúvida alguma, será um marco na vida da
igreja brasileira.
Trata-se de uma edição verdadeiramente verde-e-amarela,
equipada com notas de estudo integralmente redigidas por brasileiros que vivenciam o cristianismo dentro da cultura brasileira.
São notas de crítica textual, espiritualidade, ética, hermenêutica,
homilética, linguística, literatura, cultura, ministério, missiologia,
teologia e técnica. Acima de tudo, foi observado o critério de fidelidade ao texto bíblico. A versão selecionada é a Almeida Século
21, que, além de ser fiel às línguas originais, mantém a atualidade
da linguagem e a reverência ao texto sagrado, continuando a tradição de João Ferreira de Almeida.
A introdução de cada livro responde as questões: o quê, quem,
quando, por que, a quem e onde. A obra também menciona algumas personalidades que marcaram história no Brasil: o leitor
ficará surpreso, por exemplo, ao se deparar com uma nota cultural
sobre Dom Pedro II, que declarou seu amor pela Palavra e que a lia
todos os dias. E ainda encontrará poemas célebres como “Navio
Negreiro”, de Castro Alves, e “Canto de Natal” de Manuel Bandeira,
sobre o nascimento de Jesus, entre outras curiosidades.
Somos gratos a Deus pelo Pr. Luiz Sayão, editor geral da Bíblia
Brasileira de Estudo, como também por Robinson Malkomes, coordenador editorial. Sem o empenho e dedicação de vocês, o sonho
desta publicação não poderia se tornar realidade.
Agradecemos a todos os colaboradores que contribuíram com
suas notas, ao Juan Martinez, nosso gerente editorial, e a toda
a equipe Hagnos, que se empenharam de forma brilhante para
concluir este trabalho.
Sem dúvida a Bíblia Brasileira de Estudo será de grande valia para
os estudiosos da Palavra de Deus, como também para aqueles
que querem se aprofundar no conhecimento das escrituras.
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Apresentação da Bíblia Brasileira de Estudo – Hagnos
vi
Esperamos que a Bíblia Brasileira de Estudo, fale ao coração de
brasileiros e brasileiras e que de fato seja um marco na vida daqueles que querem levar a Santa Palavra de Deus a sério.
A Deus toda a glória!
Mauro e Marilene Terrengui
Fundadores da Editora Hagnos
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Apresentação
da Bíblia Brasileira de Estudo
A igreja cristã brasileira com raízes na Reforma Protestante ainda é bastante jovem. A tradição protestante e evangélica possui
cerca de duzentos anos em terras brasileiras. Apesar de seu crescimento e de seu impacto em nossa sociedade nas últimas décadas, grande parte da literatura protestante e evangélica aqui
publicada é de origem estrangeira. Mas a hora de assumir nossa
responsabilidade bíblica e teológica já é chegada. Há centenas
de estudiosos academicamente bem preparados e capazes para
tal empreitada. Hoje são muitos os bons autores nacionais que
não só são lidos no Brasil, mas também já começam a ser traduzidos para outros idiomas, sendo internacionalmente apreciados.
Diante de um quadro tão promissor, a Editora Hagnos apresenta
a mais expressiva iniciativa editorial evangélica dos últimos anos:
a Bíblia Brasileira de Estudo.
A Bíblia Brasileira de Estudo é claramente evangélica em sua
abordagem teológica, com um enfoque hermenêutico de afirmação do texto sagrado. Ao mesmo tempo, procura estabelecer a relação entre a tradição histórico-teológica da fé cristã e as
peculiaridades da cultura brasileira, interagindo também com
outras tradições de fé, como o catolicismo e o judaísmo, sem
necessariamente identificar-se com eles. Diversidade, tolerância,
valor do sagrado, esperança, otimismo, problemas sociais, crise
ética e dimensão estética são expressões que evocam o entremear dessa relação.
A Bíblia Brasileira de Estudo é tudo o que seu próprio nome
diz. Primeiramente, é uma Bíblia. E apresenta-se com o texto da
nova versão Almeida Século 21, que consegue conciliar elementos fundamentais em qualquer tradução do texto sagrado, a saber: 1) fidelidade às línguas originais, que se reflete na exatidão
exegética alcançada por experientes profissionais da área de
tradução bíblica no Brasil; 2) atualidade da linguagem, imediatamente percebida na fluência do texto, que não causa estranhezas nem deixa o leitor perplexo diante de palavras arcaicas ou
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Apresentação da Bíblia Brasileira de Estudo
xii
que aparecem apenas em dicionários, mas não na comunicação
diária; e 3) reverência perante o texto sagrado, pois se trata de
uma versão que zela pela tradição de uma linguagem digna do
púlpito, como não poderia deixar de ser num texto com os valores
de João Ferreira de Almeida.
Em segundo lugar, ela é uma Bíblia Brasileira. Não somente por
haver sido publicada no Brasil, mas também por haver nascido
brasileira. O grupo de dezenas de colaboradores que contribuíram para a redação das notas de estudo é formado por brasileiros,
brasileiras e residentes no Brasil que conhecem e vivem a realidade da igreja, da teologia, da ética, da família e da espiritualidade verde-e-amarela. Aqui o estudioso da Palavra não encontrará
material que cause desconforto, seja por falta de naturalidade linguística, seja por conteúdo irrelevante. Encontrará, sim, um texto
que fala diretamente à cabeça e ao coração de nossa gente, um
material que interage com sua realidade, seus pensamentos, suas
emoções. Aliás, esta é a primeira Bíblia de estudo feita inteiramente por gente daqui e dirigida aos cristãos que vivem a realidade
singular do Brasil.
Por fim, é uma Bíblia Brasileira de Estudo. Longe de superficialidades e informações irrelevantes, o conteúdo desta Bíblia enriquece muito o conhecimento do estudioso do texto sagrado e do
cristianismo deste país. O que os editores e colaboradores visaram
foram notas que possibilitassem um estudo sério, de bom nível,
capacitador e abençoador para a igreja. Há muito alimento sólido aqui, e cristãos interessados em adquirir conhecimento bíblico
terão prazer em digeri-lo, ainda mais quando perceberem que o
tempero lhes é tão familiar. A Bíblia Brasileira de Estudo, de perfil interdenominacional, traz cerca de doze mil notas de estudo,
em quase duas mil páginas, que contam também com diversos
quadros, mapas e artigos especiais. As notas estão organizadas
em sete grandes áreas de concentração: bíblica, teológica, ministerial, ética, cultural, família e missão. Com toda certeza, a área
cultural se destaca em virtude do próprio perfil desta publicação.
Por fim, registramos aqui nossa oração para que Deus faça uso
desta Bíblia para sua glória e para o enriquecimento da vida de
seus leitores.
Luiz Sayão
Editor Geral
Robinson Malkomes
Coordenador Editorial
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Colaboradores
Muita gente esteve envolvida nas várias fases de produção da
Bíblia Brasileira de Estudo. Todos os que participaram da geração do
conteúdo encontrado nos comentários de rodapé, nas introduções
de cada livro bíblico, nos artigos especiais e nos mapas são dignos
de nosso reconhecimento e de nossa gratidão. O benefício que
essa gente toda presta aos leitores é incalculável. São benfeitores
e benfeitoras que devemos aplaudir em pé, pois nos abençoaram
com seu tempo, com seu conhecimento, com sua generosidade e
até com a disposição de sacrificar muitas horas de descanso e de
convívio com a família. A todos eles nosso muito obrigado!
Luiz Alberto T. Sayão
Editor Geral
Robinson Malkomes
Coordenador Editorial
Editora Hagnos
Marilene Terrengui
Fundadora da Editora Hagnos
Juan Carlos Martinez Pinto
Gerente editorial
Mauro Terrengui
Coordenador de produção e
fundador da Editora Hagnos
Debora Terrengui Grilo
Projeto gráfico
Thiago Terrengui
Diretor comercial e marketing
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Osiris C. Rangel Rodrigues
Diagramação
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Colaboradores
xiv
Colaboradores BBE
A
braão Almeida
Key Yuasa
Ágabo Borges
Lucília Marques Pereira
da Silva
Alexandre Brasil Fonseca
Atilano Muradas
Caio Cesar Dias Peres
Carlos Caldas
Carlos del Pino
Carlos Osvaldo Pinto
(In-memoriam)
Lucy Yamakami
Luiz Sayão
Manoel de Jesus Thé
Marco Davi Oliveira
Norio Yamakami
Olavo José Antunes Ribeiro
Daniel Fujisaka
Oscar Jans
Daniel Oliveira
Paulo José Benicio
Daniel Yoshimoto
Porfírio dos Reis
Estevan Kirschner
Ricardo Agreste
Euler Westphal
Ricardo Bitun
Fábio Yunomae
Robinson Malkomes
Fulgencio Santos Filho
Robson Marinho
Gabriel Perissé
Ronaldo Lidorio
Gabriele Geggersen
Silas Molochenco
Guilherme Oliveira
Solange Monaco
Hans Udo Fuchs
Susie Lee
Hernandes Dias Lopes
Tiago Abdalla
Israel Belo de Azevedo
Valdemar Kroker
Jang Ho Kim
Werner Wiese
Jeremias Pereira
William Lane
Jorge Pinheiro
Wilson Ferraz de Almeida
Josué Campanhã
Wilson Paroschi
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Recursos visuais
Ícones para
identificação daS
notaS de rodapé









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Nota cultural
Nota de crítica textual
Nota espiritualidade
Nota ética
Nota família
Nota hermenêutica
Nota homilética
Nota linguística
Nota literária




Nota ministerial
Nota missão
Nota técnica
Nota teológica
Quadros
explicativos
PROVAÇÕES
E TENTAÇÕES
COMO TER ALEGRIA NAS PROVAÇÕES?
Sabendo que:
1. A provação é apenas um teste
2. As provações trazem perseverança
3. A perseverança permite a maturidade
COMO VENCER NAS PROVAÇÕES?
1. Peça sabedoria a Deus, sem duvidar
2. Ricos e pobres precisam dessa sabedoria
3. Persevere, pois Deus dará a coroa da vida
VENCENDO A TENTAÇÃO
1. Saiba que a tentação não vem de Deus
2. Saiba que o perigo está em nós mesmos
3. Confie em Deus que nos auxilia, pois ele
nunca mudará
13/05/2016 15:16:30
Gênesis
O QUÊ?
Gênesis é o magnífico livro dos começos: dos começos de tudo,
do começo da vida, do começo da família, do começo das profissões, do começo da desobediência humana, do começo dos
conflitos, do começo da esperança, do começo da realização do
projeto de Deus para recriar o ser humano a partir de Jesus Cristo.
O livro integra o grupo dos cinco primeiros da Bíblia, chamados de Pentateuco ou cinco (penta) rolos (teuco). Contém basicamente histórias e genealogias. As histórias têm uma família
central, que é a família de Abraão, cujas notáveis experiências de
fé vão da segunda parte do capítulo 11 até o final do livro.
Quando o evangelista João conta a história de Jesus, ele o
começa como faz o autor de Gênesis. No princípio, Deus criou
o mundo (Gênesis 1.1) e Jesus Cristo estava presente nesta obra
(João 1.1). Gênesis é um livro de esperança porque mostra que
Deus está conosco.
QUEM?
A tradição atribui o livro de Gênesis a Moisés, o profeta, legislador e líder do povo de Israel em sua saída da terra do Egito para a
Canaã prometida a Abraão e seus descendentes.
No livro mesmo, não há referência ao seu autor.
Devemos sempre nos lembrar que as condições de produção
intelectual eram muito diferentes na antiguidade. Os livros, se
assim os podemos chamar, não tinham capa, não tinham o nome
do autor, não tinham capítulo, não tinham versículos. Nós criamos essas facilidades. Além disso, as condições tecnológicas eram
muito diferentes: conforme a época de sua produção, os livros
eram escritos em pedras (estelas), barros (argilas), papiros (feitas
de folhas) ou pergaminhos (feitos de couro).
BBE PAGINADA.indb 1
19/05/2016 11:26:37
Gênesis
2
Mais ainda: diferentemente da nossa realidade, em que os
autores são indivíduos, na antiguidade, as obras eram coletivas,
porque a sociedade era comunitária, não individualista como a
nossa. Compreender isto nos ajuda, por exemplo, a entender a
punição a Acã e sua família (Cf. Josué 7).
O mais importante é que Gênesis foi inequivocamente inspirado por Deus e por ele preservado para nós.
Quanto a Moisés, ele é o autor do livro, seja de forma direta
ou indireta. Há indicações de que Moisés escreveu várias partes
do Pentateuco (Êx 17.14; 34.27; Nm 33.2) e os autores do Novo
Testamento confirmam a ligação desse homem de Deus com a
produção da lei (Jo 1.17; 7.19; At 15.1).
A autoria do livro de Gênesis deve nos unir a todos em torno do
processo divino de inspirar e salvar.
QUANDO?
Gênesis descreve um longo período.
Começa na eternidade, que não pode ser datada. Depois, continua “no princípio”, quando Deus começou a criar todas as coisas.
A história continua com a criação do ser humano por Deus.
Depois a terra, a partir da Mesopotâmia (hoje Iraque), vai sendo
povoada, conforme a ordem de Deus. Ao mesmo tempo, o livro
mostra a corrupção das civilizações, mas não sem demonstrar a
graça de Deus, manifesta em tantas vidas, sobretudo nas famílias
de Noé e Abraão.
A história de Abraão pode ser datada com precisão, por volta do
século 20 antes de Cristo. O livro termina com o povo hebreu se
estabelecendo no Egito, cerca de três séculos depois.
BBE PAGINADA.indb 2
19/05/2016 11:26:37
3
Gênesis
POR QUÊ?
O conteúdo do livro de Gênesis tem por objetivo mostrar as
raízes da vida.
Num sentido, para os primeiros leitores — os israelitas — a raiz
da vida do povo está no chamado de Deus a Abraão para habitar
em Canaã. Por isto, antes de conhecermos Abraão, suas vacilações
e sua fé, precisamos conhecer o Senhor Deus que o chamou para
escrever uma nova história, que abençoaria toda a humanidade.
No segundo sentido, nós somos abençoados por Abraão, não
mais pela ligação física de descendência, como ocorreu com Israel,
mas por termos nos tornado filhos de Deus por meio de Jesus
Cristo, através de quem nos foi oferecido um novo Testamento
(ou nova aliança). Esses testamentos são, ao mesmo tempo iguais
(porque são baseados no amor de Deus e na promessa a Abraão) e
complementares (fundamentados no amor de Deus e na realização
definitiva da promessa em Jesus Cristo).
A QUEM?
Como todos os livros do AT, Gênesis tem como público-alvo primordial o povo dos antigos hebreus e, ao mesmo tempo, todos
aqueles que querem conhecer como o amor de Deus se manifesta.
Cada história do livro transpira a graça de Deus.
ONDE?
Gênesis foi produzido num contexto claramente hebreu, ao
tempo de Moisés ou pouco depois dos seus dias.
BBE PAGINADA.indb 3
19/05/2016 11:26:37
Gênesis 1.1
4
A criação dos céus e da terra
No princípio, Deus criou os céus
e a terra.
2 A terra era sem forma e vazia, e havia
trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito
de Deus pairava sobre a face das águas.
3 Disse Deus: Haja luz. E houve luz.
4 Deus viu que a luz era boa; e fez
separação entre a luz e as trevas.
5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas,
noite. E foram-se a tarde e a manhã, o
primeiro dia.
6 E disse Deus: Haja um firmamento no
meio das águas, que faça separação entre
águas e águas.
7 E Deus fez o firmamento e separou as
águas que estavam debaixo do firmamento
das que estavam por cima dele. E assim foi.
8 E ao firmamento Deus chamou céu. E
foram-se a tarde e a manhã, o segundo dia.
9 E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar
as águas que estão debaixo do céu, e apareça
o continente. E assim foi.
10 E ao continente Deus chamou terra, e
ao ajuntamento das águas, mares. E Deus viu
que isso era bom.
11 E disse Deus: Produza a terra os
vegetais: plantas que deem semente e
árvores frutíferas que, segundo suas
espécies, deem fruto que contenha a sua
semente sobre a terra. E assim foi.
12 E a terra produziu os vegetais: plantas
que davam semente segundo suas espécies e
árvores que davam fruto que continha a sua
semente, segundo as suas espécies. E Deus
viu que isso era bom.
13 E foram-se a tarde e a manhã,
o terceiro dia.
14 E disse Deus: Haja luminares no
firmamento celeste, para fazerem separação
entre o dia e a noite; sirvam eles de sinais
tanto das estações como dos dias e dos anos.
1.1 NO PRINCÍPIO, DEUS [...] VAZIA.
princípios básicos para que o tempo e a história
sejam possíveis. Deus dá nome às coisas e, com
isso, revela a função a ser exercida pelo que acabou de criar.
1.6-10 HAJA UM FIRMAMENTO NO
MEIO DAS ÁGUAS [...] APAREÇA O
CONTINENTE [...] TERRA [...] MARES. Segundo
a concepção dos povos antigos, no firmamento
havia um oceano (v. Sl 104.3,13). Ao se abrirem
as comportas, a água caía do céu sobre a terra.
Inclusive imaginava-se que o oceano celeste fosse o céu, semelhante a um mar de águas incomparavelmente claras.
1.10 AO CONTINENTE DEUS CHAMOU TERRA, E AO AJUNTAMENTO
DAS ÁGUAS, MARES. Deus dá o nome e distingue o dia da noite. Deus coloca a história à disposição do ser humano. Deus concede o tempo
— noite e dia — e o espaço — terra e mar —,
para que, mais tarde, o ser humano construa sua
existência. Deus aprova o mundo material que
ele criou, pois era bom.
1.11b PLANTAS [...] ÁRVORES FRUTÍFERAS QUE, SEGUNDO SUAS
ESPÉCIES, DEEM FRUTO. A criação do mundo
acontece de forma ordenada. A terra é chamada
para produzir diferentes espécies. Além disso, ao
se reproduzirem, as plantas têm capacidade de
perpetuar sua espécie.
1
 Deus é o sujeito da criação e ele não se
encontra em competição com outros deuses.
Deus cria a partir do nada. Antes de Deus criar
o universo e o homem, havia o “nada”, era o “vazio”. A soberania de Deus não precisa de matéria-prima para criar alguma coisa. O objeto criado
é sempre algo especial, novo e incomparável. A
criação é ação de Deus na história e na natureza.
1.2 SEM FORMA E VAZIA [...] SOBRE A
FACE DO ABISMO [...] O ESPÍRITO DE
DEUS PAIRAVA. Gênesis começa com uma progressão do caos à bênção, à medida que toda
criação divina é pronunciada boa, e o homem,
como governante mediatório de Deus, é abençoado com vitalidade e fertilidade com as quais
deve encher a terra e desfrutar Deus e sua criação
(cf. 1.28-31).
1.3 HOUVE LUZ. A primeira criação é a
luz. Deus intervém na escuridão da não-existência e cria a luz, a partir da qual é possível
a criação individual e ordenada no ritmo de sete
dias. Somente a partir da luz é possível a criação
dos outros dias.
1.5 DEUS CHAMOU [...] TARDE E A MANHÃ, O PRIMEIRO DIA. Deus mostra que
pode criar coisas magníficas apenas com a sua
palavra. A partir da separação entre luz e trevas,
o ritmo do tempo entra em vigor. Dia e noite são



BBE PAGINADA.indb 4



19/05/2016 11:26:37
Gênesis 1.25
6
Quadro 2: A TORÁ E SEUS LIVROS
Livros
Nomes hebraicos
Nomes em português
A Lei
(Torá)
Bereshit: No princípio
Gênesis
WeElleh Shemot: Estes são os nomes
Êxodo
VaYkrá: E ele chamou
Levítico
Midbar: No deserto
Números
Elleh HaDevarim: Estas são as palavras
Deuteronômio
25 E Deus fez os animais selvagens,
segundo suas espécies, e o gado, segundo
suas espécies, e todos os animais da terra que
rastejam, segundo suas espécies. E Deus viu
que isso era bom.
26 E disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme nossa
semelhança; domine ele sobre os peixes
do mar, sobre as aves do céu, sobre o gado,
sobre os animais selvagens e sobre todo
animal rastejante que se arrasta sobre
a terra.
27 E Deus criou o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou.
28 Então Deus os abençoou e lhes disse:
Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e
sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar,
1.25 DEUS FEZ [...] TODOS OS ANIMAIS
lado. O ser humano é apresentado como um ser
social, pois ele foi criado para viver em comunhão, não em solidão.
1.28 ENCHEI A TERRA
E SUJEITAI-A; DOMINAI.
Em alguns momentos da história do cristianismo foi disseminada a compreensão de que o
homem, ao dominar a natureza, teria também
liberdade para destruí-la. O que devemos considerar é que o texto bíblico define a relação do
homem com a natureza a partir da lógica de uma
interação. É nosso dever cuidar da criação dentro
da perspectiva da mordomia (Gn 2.15). Embora
possamos identificar certos momentos da história em que o cristianismo tenha contribuído
para a degradação do meio ambiente, hoje não
cabe mais uma associação entre as duas coisas.
Outros movimentos religiosos não têm assumido a liderança em relação à defesa do meio ambiente, porém esta é uma bandeira que precisa
fazer parte das ações das igrejas evangélicas e
que pode começar em pequenas práticas relacionadas à educação ambiental ou ao incentivo
de atividades como as de reduzir-reciclar-reutilizar. Podemos pensar em pequenos gestos e
ações ligados à reciclagem ou à coleta seletiva, a
 DA TERRA [...] DEUS VIU QUE ISSO ERA
BOM. Os animais são protegidos e abençoados
por Deus e foram criados de acordo com suas
espécies.
1.26 E DISSE DEUS: FAÇAMOS O
HOMEM [...] DOMINE ELE. O texto
bíblico faz, em primeiro lugar, afirmação sobre o
agir de Deus e não sobre o ser humano. Deus cria
o ser humano para se relacionar com ele. Como
totalidade emocional e racional, o ser humano é
imagem de Deus. Deus, em sua absoluta soberania, cria o homem como seu governante representativo na terra.
1.26-28 MULTIPLICAI-VOS; ENCHEI
A TERRA E SUJEITAI-A; DOMINAI.
Nestes versículos, há três elementos importantes da bênção de Deus para a humanidade: a
descendência, a terra e o domínio. Todo o livro
de Gênesis é uma expansão desses temas. Em
Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José, estão em jogo
a terra, a descendência e o domínio da terra. (Sobre a ideia de “mandato cultural” relacionado a
estes versículos, ver 2.15).
1.27 HOMEM E MULHER OS CRIOU. O
homem e a mulher foram criados lado a



BBE PAGINADA.indb 6

19/05/2016 11:26:37
13
Gênesis 6.7
viveu setecentos e oitenta e dois anos; e
gerou filhos e filhas.
27 Todos os dias de Matusalém foram
novecentos e sessenta e nove anos;
e morreu.
28 Lameque viveu cento e oitenta e dois
anos; e gerou um filho,
29 a quem chamou Noé, dizendo: Este
nos consolará de nossas obras e do trabalho
de nossas mãos, que provêm da terra que o
Senhor amaldiçoou.
30 Depois que gerou Noé, Lameque viveu
quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou
filhos e filhas.
31 Todos os dias de Lameque foram
setecentos e setenta e sete anos; e morreu.
32 E Noé tinha quinhentos anos quando
havia gerado Sem, Cam e Jafé.
A corrupção do gênero humano
Sucedeu que, quando os homens
começaram a multiplicar-se na terra e
lhes nasceram filhas,
6
6.1—9.19 ENTRA NA ARCA, TU E
 TODA A TUA FAMÍLIA [...] COLOQUEI
O MEU ARCO NAS NUVENS; ELE SERÁ O SINAL
DE UMA ALIANÇA ENTRE MIM E A TERRA.
A arca de Noé
Vinícius de Moraes
Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata,
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.
E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
[...]
E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.
[...]
BBE PAGINADA.indb 13
2 os filhos de Deus viram que as filhas dos
homens eram bonitas e, dentre todas elas,
tomaram as que haviam escolhido.
3 Então disse o Senhor: O meu Espírito
não permanecerá para sempre no homem,
pois ele é carne; os seus dias serão cento e
vinte anos.
4 Naqueles dias os nefilins estavam na
terra, e também depois, quando os filhos
de Deus possuíram as filhas dos homens,
as quais lhes deram filhos. Esses nefilins
eram os valentes, os homens de renome da
antiguidade.
5 E o Senhor viu que a maldade do
homem na terra era grande e que toda a
imaginação dos pensamentos de seu coração
era continuamente má.
6 Então o Senhor arrependeu-se de
haver feito o homem na terra, e isso lhe
pesou no coração.
7 E disse o Senhor: Destruirei da face da
terra o homem que criei, tanto o homem
como o gado, os animais que rastejam
Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.
6.5 A MALDADE DO HOMEM NA
 TERRA ERA GRANDE. A humanida-
de está imersa na maldade. Em Gênesis, temos
o pacto da redenção, o plano da redenção. No
capítulo 1, Deus faz aliança com toda a criação.
No capítulo 9, ele faz aliança com Noé, que
era um homem justo, num pacto que abrange
toda a criação (v. Gn 9.9-10). No capítulo 12 de
Gênesis, a aliança é feita com um povo escolhido, na figura de Abraão, e por meio dele todos serão abençoados no futuro, sendo que no
Antigo Testamento o foco se dá sobre os israe­
litas. No plano de redenção, pessoas e povos
aparecem na narrativa bíblica de forma entrelaçada. A relação do indivíduo com a redenção
não pode prescindir das referências coletivas,
sejam estas culturais ou ambientais. Deus dá
origem a toda a criação, e é para esta criação
que ele envia o Redentor.
19/05/2016 11:26:38
113
Êxodo 12.10
Quadro 1 – As 10 pragas
A
s 10 pragas podem ser divididas em três grupos de três pragas, sendo a última o clímax do
juízo de Deus. Em cada grupo de três pragas, existe um padrão de composição do texto. A
primeira e a segunda praga de cada grupo (1ª, 2ª, 4ª, 5ª, 7ª e 8ª) são introduzidas por um aviso,
enquanto a terceira de cada grupo (3ª, 6ª e 9ª) acontece sem aviso nenhum. A primeira praga
de cada grupo sempre acontece pela manhã, e Deus orienta Moisés a ir ao encontro do faraó,
enquanto que, na segunda praga de cada grupo, só há orientação para ir ao encontro do faraó, sem
referência de tempo.
Praga
Referência — deus egípcio
1.
Êx 7.14-25 – Hapi (deusa do Nilo)
Água em sangue
2.Rãs
Êx 8.1-15 – Heket (deusa da fertilidade)
3.Piolhos
Êx 8.16-19 – Hator (vaca) e Nut (deusa do céu)
4.Moscas
Êx 8.20-32 – Shu (deus do ar) e Ísis (natureza)
5.
Peste e morte dos rebanhos
Êx 9.1-7 – Ápis (touro)
6.
Feridas purulentas
Êx 9.8-12 – Sekhmet (deusa das doenças)
7.
Chuva de pedras
Êx 9.13-35 – Geb (deus da terra)
8.Gafanhotos
Êx 10.1-20 – Seth (deus das colheitas)
9.
Êx 10.21-29 – Re (ou Rá – deus sol)
Trevas
10. Morte dos primogênitos
Êx 11.1—12.30 – o faraó (visto como divino, era
adorado como seu filho)
conforme o número de pessoas. Calculareis
o cordeiro conforme a porção adequada para
cada um.
5 O animal será um macho de um ano,
sem defeito. Podereis tomar um cordeiro ou
um cabrito.
6 E o guardareis até o décimo quarto
dia deste mês. Então, reunida, toda
a comunidade de Israel o matará, ao
entardecer.
7 Depois, pegarão um pouco do sangue e
colocarão nos batentes e na viga da porta,
nas casas em que tomarem refeição.
8 E, naquela noite, comerão a carne assada
no fogo, com pães sem fermento; sim, a
comerão com ervas amargas.
9 Não o comereis cru, nem cozido em
água, mas assado no fogo, junto com a
cabeça, as pernas e as vísceras.
10 Não deverá sobrar nada para a manhã
seguinte. O que sobrar até de manhã deverá
ser queimado no fogo.
de clãs, e cada clã era constituído por famílias.
Assim, a Páscoa é prescrita para o menor grupo
social de Israel: a família.
 conformidade com sacrifícios, mas sem
BBE PAGINADA.indb 113
12.7 SANGUE. Toda a descrição está em
relação com o perdão de pecados. No entanto,
19/05/2016 11:26:48
Êxodo 19.23
23 Moisés respondeu ao Senhor: O povo
não poderá subir ao monte Sinai, porque tu
nos advertiste, dizendo: Marca limites ao
redor do monte e santifica-o.
24 E o Senhor insistiu: Vai, desce. Depois
subirás com Arão; mas os sacerdotes e o
povo não poderão ultrapassar os limites para
subir até o Senhor, para que não se volte
contra eles.
25 Então Moisés desceu até o povo e lhe
disse isso.
Os dez mandamentos
(Dt 5.7-21)
Então Deus falou todas estas palavras:
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirou da terra do Egito, da casa da escravidão.
20
19.22 SE SANTIFICAR. O sacerdócio e
 santificação são mais uma vez relaciona-
dos. Aqui, porém, a intenção é revelar o perigo
de ser sacerdote. Vale lembrar que o capítulo
menciona o sacerdócio de todo o Israel (19.6),
assim, se a santificação não for observada, haverá grande perigo para todo o povo, como propriedade exclusiva do Senhor.
19.24 SACERDOTES. Sem nenhum aviso
prévio, o texto faz distinção entre o povo
e os sacerdotes. Essa diferenciação é estranha,
uma vez que, poucos versículos antes, a nação
inteira é chamada de reino de sacerdotes. A
menção de um grupo especial de sacerdotes
não tira a importância daquilo que é dito do
povo como um todo.
20.1 DEUS FALOU. De acordo com Deuteronômio 9.10, essas palavras foram ouvidas pelo povo. Dessa forma, parece que Moisés
desceu do topo do monte e ouviu essas palavras
com o povo.
20.2 TEU DEUS. A lei começa com uma
apresentação do Deus dos israelitas. Começar com essa apresentação da ação primeira
de Deus (que te tirou da terra do Egito, da casa
da escravidão) dá, para obediência à lei, uma
característica de reação a uma graça recebida. A
obediência, como reação, deve-se ao mérito de
quem é o Senhor. E, por mencionar a libertação
da escravidão, estabelece o caráter moral, tanto do Senhor (‫ – יהוה‬Javé) quanto da lei. Os dez
mandamentos devem ser lidos com esse pano
de fundo.
20.3 DEUSES. O primeiro mandamento está intimamente relacionado com a




BBE PAGINADA.indb 130
130
3 Não terás outros deuses além de mim.
4 Não farás para ti imagem esculpida, nem
figura alguma do que há em cima no céu,
nem embaixo na terra, ou nas águas debaixo
da terra.
5 Não te curvarás diante delas, nem as
cultuarás, pois eu, o Senhor teu Deus, sou
Deus zeloso. Eu castigo o pecado dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração
daqueles que me rejeitam;
6 mas sou misericordioso com mil
gerações dos que me amam e guardam os
meus mandamentos.
7 Não tomarás o nome do Senhor
teu Deus em vão; porque o Senhor não
considerará inocente quem tomar o seu
nome em vão.
apresentação do Senhor que o precede. Uma vez
que foi o Senhor que os libertou do Egito, não poderia haver outro deus para os israelitas.
20.3 ALÉM DE MIM. ‫ל־פנָי‬
ָ ּ ַ‫‘( ע‬al-pªnªy),
lit. “na minha face”, muitas vezes tendo o
sentido de localidade (v. Js 13.25; 1Rs 17.3; 2Cr
3.4). Podendo significar onde quer que o Senhor
esteja, não há outro deus. Outra ideia é a de “que
seja comparável a mim”, isto é, nenhum outro
deus que pretenda ser meu rival.
20.4 IMAGEM ESCULPIDA. A proibição de se fazerem ídolos (‫ּ ֶפסֶ ל‬
– pesel) parece uma expansão do primeiro mandamento. Mesmo que tal imagem fosse esculpida para representar o Senhor. O que está em
jogo é a ideia de um deus limitado pela imaginação humana.
20.5 DEUS ZELOSO. Ou seja, que exige
exclusividade. Essa linguagem, que diz
respeito à aliança, remete a relacionamentos
onde a fidelidade é essencial, como o casamento. Por isso, a imagem do casamento se tornará
propícia para descrever a aliança do Senhor com
Israel (cf. Oseias).
20.5-6 EU CASTIGO [...] MIL GERAÇÕES.
Tal afirmação deve ser entendida com o
seu contraponto no versículo seguinte. Assim
sendo, a ideia não é literal, pois dificilmente se
deveria entender “mil gerações” como literal. O
castigo de Deus em uma geração certamente
traria consequências para gerações futuras, assim como suas misericórdias. Esta última em termos mais extensos.
20.7 NOME. A importância do nome do
Senhor ficou clara em 3.14. Usar o nome do





19/05/2016 11:26:52
1Samuel 18.1
430
PARA VENCER O GIGANTE (1Sm 17)
1. Há gigantes ameaçadores em nossa vida (v. 4). O tamanho do gigante é do tamanho do nosso
medo. Por causa do medo, Israel via Golias como um gigante maior do que realmente era.
2. Devemos saber que na vida precisamos enfrentar gigantes (v. 34-36). Não devemos fugir, nem
precisamos temer.
3. Devemos compreender que crescemos em caráter, na fé e na dependência de Deus quando
enfrentamos gigantes.
4. A luta de Davi com o gigante representou uma etapa valiosa em sua formação e na formação
do seu povo.
5. O tamanho do nosso medo tem a ver com a estatura da nossa fé. Os israelitas se esqueceram de
que eram soldados do Deus vivo (v. 26).
6. Há sempre pessoas que dirão que não temos condições de vencer os gigantes (v. 28). Davi não
tinha nome conhecido; ninguém sabia de quem era filho (v. 58). Ele não aceitou essas “sentenças” sobre sua vida.
7. Precisamos nos ver com a força de um leão, porque somos revestidos do poder de Deus (v. 37).
Davi sabia que, embora não tivesse força própria para vencer, era soldado do Deus vivo.
8. Com fé em Deus e uma visão correta, não precisamos de outros recursos além dos que já temos
(v. 40). Davi não precisou de uma armadura estranha e pesada. Ele se serviu apenas dos recursos que já possuía (uma funda e algumas pedras). Nós já dispomos dos recursos necessários
para iniciar a batalha.
9. Vencemos quando enfrentamos um gigante de cada vez. Havia outros inimigos de Israel. Davi
resolveu enfrentar o pior deles: o gigante Golias. Muitas vezes nem sequer sabemos quem é
nosso inimigo; usar a inteligência não é demonstração de falta de fé, mas a afirmação de nossa fé.
10. Vencemos quando entendemos que a luta é de Deus. É ele quem luta, e nós somos seus parceiros. Perdemos quando vamos lutar contra o gigante em nosso próprio nome e com a nossa
própria força (v. 45). Na vitória de Davi sobre Golias, Deus dirigiu a pedra para o lugar vulnerável; todo gigante tem um ponto vulnerável (v. 49). Davi teve de fazer a sua parte, e a fez. Deus
sempre faz a parte dele.
Jônatas torna-se aliado de Davi
Depois que Davi terminou de falar
com Saul, Jônatas se tornou muito
amigo de Davi; e Jônatas o amou como a
si próprio.
2 Daquele dia em diante, Saul o manteve
consigo e não permitiu que voltasse para a
casa de seu pai.
3 Então Jônatas fez um acordo com Davi,
porque o amava como a si mesmo.
4 Jônatas tirou a capa que vestia e a deu
a Davi, como também sua armadura, e até
mesmo sua espada, seu arco e seu cinto.
5 E Davi ia aonde quer que Saul o enviasse,
e era sempre bem-sucedido; por isso Saul
o colocou no comando das tropas, e isso
pareceu bem a todo o povo e até aos servos
de Saul.
comemorativa sempre fez parte da maneira
hebraica de mostrar alegria. Tanto em momentos de adoração como nas comemorações, os
israelitas costumavam dançar e cantar ao som
de instrumentos, inclusive tamborins, o que foi
confirmado pela arqueologia. A cultura brasileira
tem muitas similaridades com essa efusividade
alegre e positiva.
18
BBE PAGINADA.indb 430
A fama de Davi irrita Saul
6 Mas sucedeu que quando eles
retornavam, depois de Davi ter matado o
filisteu, as mulheres de todas as cidades
de Israel saíram ao encontro do rei Saul,
cantando e dançando alegremente, com
tamborins e com instrumentos de música.
19/05/2016 11:27:32
505
1Reis 12.15
Dom Pedro II, o Imperador que amava a Bíblia
D
om Pedro II desde a sua juventude acalentava o desejo de conhecer a língua hebraica”, destaca Kurt Loewenstamm em O hebraísta no trono do Brasil (São Paulo: Centauro, 2002). “Amo a
Bíblia, leio-a todos os dias, e quanto mais a leio, mais a amo”, disse certa vez o monarca. Seu conhecimento do hebraico começou por acaso, quando encontrou num banco de jardim do Palácio de
São Cristovão uma gramática hebraica, esquecida por um missionário sueco. Convocado ao palácio,
o clérigo acabou por aceitar o convite de Dom Pedro para tornar-se o seu professor.
Rapidamente, Dom Pedro iniciou-se no idioma sagrado. Loewenstamm conta que o imperador,
em pouco tempo, vertia do hebraico para o latim vários livros da Bíblia, entre estes Isaías, Jó, Salmos,
Eclesiastes, Cântico dos Cânticos e outros. Já em Petrópolis, sob a orientação de outro professor,
também sueco, chamado Akerblom, Dom Pedro mostrou progressos extraordinários. Foi contratando, sucessivamente, novos professores. A história registra os nomes do orientalista Dr. Koch e,
depois, do Dr. Henning. Quando Koch faleceu, em Petrópolis, Dom Pedro escreveu o epitáfio do
amigo em latim, grego e hebraico. Quando esteve em São Francisco, na Califórnia, o imperador
visitou uma sinagoga. Nela, foi-lhe proporcionado pelo rabino o ensejo de fazer a preleção do capítulo da Torá daquele dia. O estudo do hebraico levou o monarca a estudar também a história e a
literatura judaicas.
Em 1877, em Paris, estudou a obra de Rabinowitz, La législation Criminelle du Talmud [A legislação
criminal do Talmude]. Em Cannes, em 1888, encontrou-se com o rabino-chefe de Marselha, Benjamin Mossé, numa reunião que durou mais de duas horas. Ao sair, o rabino Mossé, segundo atesta
o historiador Eduardo Prado, declarou: “Majestade, sois mais que um Imperador, sois um filósofo e
um sábio!”
O imperador foi ao Oriente Médio, visitando a Síria, o Egito, o Líbano e, principalmente, Israel.
Claro, o ponto alto de sua visita foi Jerusalém: “Jerusalém”, escreveu ele em carta ao ministro francês
Gobineau, “pela sua posição elevada domina quase toda a Terra Santa e produz o efeito mais surpreendente, qualquer que seja o lado pelo qual se lhe aproxima. A ela cheguei três vezes”.
Depois da queda da monarquia, no seu exílio europeu, Dom Pedro estudou o hebraico e o provençal, editando em 1891 um pequeno livro, Poésies Hebraico-Provençales du Rituel Israélite — Contadin,
Traduites et transcrites par S. M. Dom Pedro II d’Alcantara, Empereur Du Brésil (Avignon). O volume, de
76 páginas, contém uma introdução na qual o imperador faz observações sobre os seus estudos do
hebraico, esclarece sobre os poemas traduzidos — dos quais dá as versões hebraica e provençal.
São Piutim, cânticos litúrgicos sinagogais, um comentário sobre o livro de Ester e o hagadá, cerimonial tradicional de Pessach (Páscoa judaica). O provençal era um idioma judaico falado em Provence,
França, enriquecido por termos hebraicos e árabes, escrito com caracteres hebraicos (com o que
se assemelha, estruturalmente, ao ídiche, ao ladino e à hakitia). Hoje em dia, é falado — e assim
mesmo por poucos judeus — só na região de Marselha.
Esse amor do imperador pela cultura judaica explica a política amistosa para com os israelitas,
desenvolvida pelos vários governos da monarquia, inclusive e sobretudo no estímulo à imigração e
à cooperação com as várias entidades envolvidas na questão judaica.
“
eu o aumentarei ainda mais; meu pai vos
castigou com açoites, mas eu vos castigarei
com escorpiões.
15 O rei não deu ouvidos ao povo porque
12.15 MUDANÇA VINHA DO SE-
 NHOR. A Bíblia não tem nenhum
problema em dizer que Deus é Soberano sobre
todas as coisas e, portanto, está no controle de
BBE PAGINADA.indb 505
esta mudança vinha do Senhor, para
confirmar a palavra que o Senhor tinha
dito por intermédio de Aías, o silonita, a
Jeroboão, filho de Nebate.
tudo. É a pura verdade. No entanto, isso não quer
dizer que Roboão não tenha responsabilidade
sobre seus atos. Deus é bom e não inclina o ser
humano para fazer a maldade. O próprio Roboão
19/05/2016 11:27:38
2Crônicas 15.9
618
O QUE FAZEMOS COM A PALAVRA QUE DEUS
NOS APRESENTA? (2Crônicas 15 e 16)
O
s capítulos 15 e 16 de 2Crônicas relatam a história do rei Asa, de Judá. Ambos começam com
o surgimento de um profeta exortando o rei. Ao primeiro, Asa ouve. Ao segundo, Asa manda
prender.
Ouvindo o primeiro, Asa toma coragem e faz uma reforma religiosa. Na linguagem do NT, podemos dizer que Asa ficou cheio do Espírito Santo. Grandes foram os seus feitos.
Ignorando o segundo profeta, encheu-se de si mesmo. O preço pago foi alto. Sem o Espírito
Santo, Asa nada realizou de bom. Cometeu erro após erro.
Nesses capítulos, aprendemos a respeito de Deus:
1. DEUS FALA
— O que aprendemos de Deus, a partir das experiências de Asa?
Entre as verdades observadas, uma é que, nos momentos necessários, Deus mandava seus profetas para falar aos reis, que eram os líderes do povo de Israel. Deus sempre se comunicou com o
seu povo.
Deus nos fala ainda hoje por diversos meios. Evidentemente, devemos tomar cuidado com as
falas diretas, mesmo por meio de pessoas, já que nosso coração é enganoso. O critério é que toda
palavra de Deus, seja a fala de um cristão, seja um sonho, seja um sussurro divino ao coração, deve
ser julgada segundo as Escrituras.
Deus fala, sobretudo, por meio da Bíblia. Deus também fala por meio da palavra pregada na
igreja. A pregação será uma extensão da Palavra inspirada se for baseada nas Escrituras Sagradas e
se for ouvida com a intenção de colocar cada conceito em prática.
O que Deus fala pode ser agradável e desagradável. Pode nos confortar e pode nos corrigir. O
critério não é o nosso conforto, mas a procedência da palavra.
2. NOSSOS ATOS SÃO RESPOSTAS À PALAVRA DE DEUS
— O que fazemos diante da palavra de Deus?
Asa nos dá um exemplo de como devemos responder. Em Asa, não há uma religião ideal, mas
uma resposta real, boa em um caso, péssima no outro.
o altar do Senhor, que estava diante do
pórtico do Senhor.
9 Ele reuniu todos de Judá e Benjamim,
e os de Efraim, Manassés e Simeão que
moravam entre eles, pois muitos de Israel
tinham vindo encontrá-lo quando viram que
o Senhor, seu Deus, estava com ele.
10 Ajuntaram-se em Jerusalém no
terceiro mês, no décimo quinto ano do
reinado de Asa.
11 No mesmo dia, ofereceram setecentos
bois e sete mil ovelhas, do despojo que
trouxeram, em sacrifício ao Senhor.
12 Eles fizeram uma aliança de buscar
o Senhor, Deus de seus pais, de todo o
coração e de toda a alma;
13 e de que todo aquele que não buscasse o
Senhor, Deus de Israel, fosse morto, tanto
jovem como idoso, tanto homem como
mulher.
14 Eles prestaram juramento ao Senhor
bem alto, com júbilo, ao som de trombetas e
cornetas.
15 Todo o Judá se alegrou com esse
juramento, porque de todo o coração
juraram e de toda a vontade buscaram o
Senhor, e o encontraram. Então o Senhor
lhes deu descanso ao redor.
mais ainda na reforma religiosa que iniciara.
Declarou guerra aberta à idolatria, renovou o altar do Senhor e convocou o povo a reafirmar sua
aliança com Deus. A ratificação dessa aliança era
uma promessa de que o povo se dedicaria ao Senhor de todo o coração. Assim, o povo jurou em
BBE PAGINADA.indb 618
19/05/2016 11:27:52
1289
Mateus 6.16
10 venha o teu reino,
seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu;
11 o pão nosso de cada dia
nos dá hoje;
12 e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como também
temos perdoado aos
nossos devedores;
13 e não nos deixes entrar
em tentação;
mas livra-nos do mal.
[Pois teus são o reino, o poder
e a glória, para sempre. Amém.]
6.9-13 ORAI DESTE MODO. A con-
 junção portanto (οὖν [oun]) deixa
claro que, de modo coerente com o que Jesus
ensinou nos versículos anteriores, a oração do
Pai Nosso não deve ser repetida mecanicamente, sem entendimento. É instrutivo examinar a
estrutura dessa oração: (1) introdução (Pai Nosso que estás no céu); (2) 3 pedidos relacionados
a Deus (santificado seja o teu nome; venha o teu
reino, seja feita a tua vontade); (3) 3 pedidos relacionados às necessidades do ser humano (o
pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos
as nossas dívidas [...] não nos deixes entrar em tentação, mas livra-nos do mal); (4) conclusão (doxologia). A prioridade é dada à glória de Deus, não
à felicidade de quem ora, e as súplicas visam ao
suprimento de necessidades não de indivíduos,
mas sim da coletividade.
6.9 PAI NOSSO. Nós nos relacionamos com um Deus pessoal que,
como Pai, cuida de nós, embora seja transcendente e soberano, fato realçado pela expressão
que estás no céu.
6.9 SANTIFICADO SEJA O TEU
NOME. O nome de Deus é um reflexo
de tudo o que ele é. O primeiro pedido expressa
o desejo de que Deus seja reconhecido como
santo e as pessoas, por seus pensamentos e conduta, o reverenciem como merece.
6.10 VENHA O TEU REINO. O termo reino
se refere ao soberano domínio de Deus.
Orar por sua vinda significa desejar que todas
as pessoas se submetam ao domínio de Deus,
reconhecendo-o como o Senhor de suas vidas e
de todas as estruturas na sociedade.
6.10 SEJA FEITA A TUA VONTADE.
A versão da oração do Pai Nosso em
Lucas 11.2-4 não contém essa frase, o que para




BBE PAGINADA.indb 1289
14 Porque, se perdoardes aos homens
as suas ofensas, também vosso Pai celestial
vos perdoará;
15 se, porém, não perdoardes aos
homens, tampouco vosso Pai perdoará
vossas ofensas.
Sobre o jejum
16 Quando jejuardes, não vos mostreis
entristecidos como os hipócritas; pois eles
mudam a aparência do rosto, a fim de que
os homens vejam que estão jejuando. Em
verdade vos digo que eles já receberam sua
recompensa.
alguns comentaristas é evidência de que ela
explica o que significa a vinda do Reino: rea­
lização plena da vontade de Deus. Entrar no
Reino do céu significa fazer a vontade do Pai
(7.21), e quem faz a vontade do Pai é irmão de
Jesus (12.50).
6.11 O PÃO NOSSO. O pão aqui se refere ao alimento e tudo de que necessitamos em nossa vida física e não só ao alimento
espiritual da Palavra de Deus. O pedido é um
reconhecimento de que o alimento e todas as
coisas boas, inclusive a nossa capacidade para
adquiri-las, vêm de Deus e, por isso, devemos
viver um dia de cada vez, na certeza de que ele
nos providenciará aquilo de que precisamos e
não aquilo que cobiçamos. O pão aqui evoca o
Maná (Êx 16, Nm 11).
6.12 PERDOA-NOS [...] TEMOS PERDOA­
DO. O pecado (dívidas) é uma realidade
em nossa vida e precisamos do perdão para
continuar a nos relacionar com Deus e com o próximo. Afirmamos que temos perdoado aos nossos
devedores não para que Deus possa nos perdoar,
mas num reconhecimento de que as ofensas que
eventualmente recebemos dos homens não são
nada diante das nossas ofensas contra o Pai.
6.13 TENTAÇÃO. O último pedido não
busca uma blindagem contra a tentação,
pois ela pode produzir resultados bons em nossa
vida (veja Tg 1.2-4); antes, manifesta o desejo de
que Deus nos guarde de tentação ou provação
(πειρασμός [peirasmos]) que resulte em queda.
6.13 LIVRA-NOS DO MAL. A última parte reconhece que não podemos vencer o
Diabo (mal) por nós mesmos e precisamos do Pai
para nos libertar.
6.16-18 JEJUM. Os fariseus jejuavam
duas vezes por semana (segunda e
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1455
11 Em verdade, em verdade te digo
que nós dizemos o que conhecemos e
testemunhamos o que vimos; mesmo assim
não aceitais o nosso testemunho!
12 Se vos falei de coisas terrenas e não
credes, como crereis se vos falar das celestiais?
13 Ninguém subiu ao céu, senão aquele
que de lá desceu, o Filho do homem.
14 Assim como Moisés levantou a serpente
no deserto, também é necessário que o Filho
do homem seja levantado;
15 para que todo aquele que nele crê tenha
a vida eterna.
16 Porque Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.
17 Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para que julgasse o mundo, mas para
que o mundo fosse salvo por meio dele.
18 Quem nele crê não é condenado; mas
quem não crê, já está condenado, pois não
crê no nome do Filho unigênito de Deus.
e distribui dons conforme sua vontade. Ele vai e
vem, sem que ninguém saiba como. O vento até
hoje é um fenômeno bastante misterioso para
o ser humano. O vento como fenômeno natural
ilustra o agir imperceptível do Espírito de Deus.
3.10 MESTRE EM ISRAEL. A expressão
mestre em Israel parece sugerir que Nicodemos tinha uma posição de destaque como
professor da Lei. Portanto, ele deveria ter entendido o que Jesus falava, pois o AT fala sobre
a incapacidade humana de chegar a Deus pelas
próprias forças. Todas as barreiras – de ordem
natural, intelectual, e religiosa – que Nicodemos
colocou para crer em Jesus têm sido postas pelos
homens de todas as eras. Mas a causa é moral: a
luz veio ao mundo mas os homens amaram mais
as trevas do que a luz. Só há um obstáculo que
impede o homem de crer em Jesus: o pecado.
3.13 FILHO DO HOMEM. Título preferido por Jesus para referir-se a si mesmo, o
qual aparece mais de 80 vezes nos evangelhos.
É derivado do hebraico e do aramaico, equivalendo à expressão “ser humano”. Também tinha
uma conotação messiânica, ainda que não explicitamente. Não era uma expressão de uso muito
comum no judaísmo do século I. Filho do Homem
tem sua origem provável em Daniel 7.13-14,
onde denomina um ser celestial que recebe um
reino e o domínio eterno.
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BBE PAGINADA.indb 1455
João 3.25
19 E o julgamento é este: A luz veio ao
mundo, e os homens amaram as trevas em
lugar da luz, pois suas obras eram más.
20 Porque todo aquele que pratica o mal
odeia a luz e não vem para a luz, para que as
suas obras não sejam expostas.
21 Mas quem pratica a verdade vem para a
luz, a fim de que se manifeste que suas obras
são feitas em Deus.
Outro testemunho de João Batista
22 Depois disso, Jesus foi com seus
discípulos para a terra da Judeia, onde ficou
com eles por algum tempo; e ali batizava.
23 João também estava batizando
em Enom, perto de Salim, porque ali
havia muita água; e o povo chegava e era
batizado.
24 João ainda não havia sido mandado
para a prisão.
25 E surgiu uma disputa entre os
discípulos de João e certo judeu acerca
da purificação.
3.14 MOISÉS LEVANTOU A SERPENTE.
 Refere-se ao episódio da serpente de
bronze levantada por Moisés no deserto (Nm
21.9) a fim de propiciar salvação aos israelitas
que tinham sido picados por serpentes. O paralelo em relação à cruz é bastante claro e explicitado nos versículos que seguem.
3.16 DEUS AMOU. A mudança de
tom entre os versículos 14 e 16 sugere que o texto que segue a partir do versículo 16
trata-se de comentários do próprio autor do evangelho. O fato de Deus amar o mundo não significa que aprova a má conduta dos seres humanos,
mas indica que tem sentimentos benevolentes
para com toda a humanidade. Ele odeia o mal,
entretanto deseja a felicidade daqueles que são
pecadores. Na dispensação da graça, o propósito
divino é salvar todo aquele que crê em Jesus, tanto
judeu como gentio, e chamar para fora do mundo
esse povo especial, formando a igreja de Deus.
3.23 ENOM, PERTO DE SALIM. A localização de Enom e Salim, onde João batizava,
é incerta. Várias hipóteses têm sido apresentadas, desde as regiões da Pereia, do norte do vale
do rio Jordão, até a Samaria. Nenhuma delas,
porém, é decisiva. Todavia, ficava do outro lado
do Jordão (v. 26).
3.25 PURIFICAÇÃO. A discussão entre
os discípulos de João Batista e um certo
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João 3.26
1456
Trecho de os
Lusíadas
(Luís Vaz de Camões)
 Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Qualquer alma farão segura e forte,
Porém Fortuna, Caso, Tempo e Sorte
Têm do confuso mundo o regimento.
 Efeitos mil revolve o pensamento,
E não sabe a que causa se reporte,
Mas sabe que o que é mais que vida
e morte,
Que não o alcança o humano
entendimento.
 Doutos varões darão razões subidas,
Mas são experiências mais provadas
E por isso é melhor ter muito visto.
 Cousas há que passam sem ser cridas
E cousas cridas há, sem ser passadas;
Mas o melhor de tudo é crer em Cristo.
26 E foram até João e disseram-lhe: Rabi,
aquele que estava contigo do outro lado do
Jordão, do qual tens dado testemunho, está
batizando, e todos estão se dirigindo a ele.
27 João respondeu: Ninguém pode receber
coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
28 Vós mesmos sois testemunhas de que
eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado
adiante dele.
judeu quanto à purificação parece, pelo contexto, refletir algo sobre o batismo de João e as
lavagens cerimoniais requeridas pela Lei judaica. Entretanto, o foco da discussão não nos é
apresentado.
3.34 DEUS DÁ O ESPÍRITO SEM RESTRIÇÃO. Essa é a explicação de João quanto à
autoridade de Jesus. Nele, portanto, a presença e
a atuação do Espírito é ilimitada. Não se trata de
um comentário sobre a atuação do Espírito na
vida dos cristãos.
3.36 QUEM CRÊ NO FILHO TEM A VIDA
ETERNA. Jesus foi feito mediador da nova
Aliança pelo derramamento do seu precioso
sangue na cruz, resgatando da maldição eterna
todos os que nele confiam. Cristo se despiu da
sua glória celeste e vestiu-se igual a um camponês. Por amor de nós tornou-se pobre. Dormiu
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BBE PAGINADA.indb 1456
29 A noiva pertence ao noivo; mas o
amigo do noivo, que está presente e o ouve,
alegra-se muito com a voz do noivo. Assim se
completa esta minha alegria.
30 É necessário que ele cresça e eu
diminua.
31 Aquele que vem do alto está acima de
todos; aquele que vem da terra é terreno e
fala estando na terra. Aquele que vem do céu
está acima de todos.
32 Ele testifica do que tem visto e ouvido,
mas ninguém aceita o seu testemunho.
33 Mas o que aceita o seu testemunho, esse
confirma que Deus é verdadeiro.
34 Pois aquele que Deus enviou fala as
palavras de Deus; porque Deus dá o Espírito
sem restrição.
35 O Pai ama o Filho e entregou todas as
coisas nas suas mãos.
36 Quem crê no Filho tem a vida eterna;
quem, porém, mantém-se em desobediência
ao Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.
O diálogo com a mulher samaritana
Quando, pois, o Senhor soube que os
fariseus ouviram dizer que ele, Jesus,
fazia e batizava mais discípulos que João
2 (embora Jesus mesmo não batizasse,
mas os seus discípulos),
3 saiu da Judeia e foi outra vez para a
Galileia.
4 E era-lhe necessário passar por Samaria.
4
na manjedoura de outrem, viajou em barco
emprestado, cavalgou num jumento alheio e
foi sepultado no túmulo de José de Arimateia.
Todos falharam, mas ele jamais! Ele é o perfeito
Salvador, o amoroso Senhor! Cristo aboliu a pena
da morte em caráter universal, pois é capaz de
salvar a todos; porém, é restrita na sua eficiência,
pois opera somente para quem está em Cristo
(Rm 8.1). A abolição da penalidade da morte é,
por sua vez, condicional e gradual. Condicional,
porque depende da nossa fé em Cristo; gradual,
porque esperamos ansiosamente o dia em que
todo rastro de morte será removido do universo
criado por Deus.
4.1-15 ERA-LHE NECESSÁRIO PASSAR
POR SAMARIA. Jesus escolheu deliberadamente passar por ali. Esse caminho era
evitado pela maioria dos judeus, pelo simples
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19/05/2016 11:29:38
1487
João 14.24
JESUS, O CAMINHO (Jo 14.6)
E
m sua resposta a Tomé Jesus não diz onde fica o caminho, nem o que é a verdade e nem como se deve viver. Ele aponta para si mesmo e diz: “Eu sou o caminho para o Pai”. “Eu sou
a verdade do Pai”, isto é, a revelação completa do Pai. “Eu sou o mapa da vida”. Em outras palavras, a mensagem essencial de nosso Senhor foi ele mesmo. Ele não apenas pregou o evangelho; ele mesmo é o Evangelho. Ele não apenas deu pão; ele disse: Eu sou o Pão. Ele não apenas
trouxe luz; ele disse: Eu sou a Luz. Ele não apenas mostrou a porta; ele disse: Eu sou a Porta. Ele
não apenas designou um pastor; ele disse: Eu sou o Pastor. Ele não apenas apontou o caminho; ele disse: Eu sou o Caminho. Na resposta que deu a Tomé (também a mim e a você),
Jesus faz uma síntese de sua vida e missão. É como se reunisse numa só frase tudo o que já
havia dito de essencial a seu respeito. É como se dissesse: minha mensagem sou eu mesmo. Ele já se apresentara como sendo o Caminho que leva à vida (Mt 7.14) e como caminho para a justiça (Mt 21.32). Os cristãos levaram tanto a sério sua fé em Jesus, que acabaram sendo identificados
como seguidores do Caminho antes mesmo de serem conhecidos como cristãos (At 9.2; 19.9; 19.23;
22.4; 24.13; 24.22). Somos chamados a seguir por esse Caminho, por escolha própria, e com temor
e tremor, pois “o cristão não é alguém que segue todo o caminho com Cristo. Nenhum de nós o faz.
O cristão é alguém que apenas encontrou a estrada certa” (Charles L. Allen). Sirva-nos de desafio o
desejo manifesto por John Bunyan: “Gosto de ouvir meu Senhor falar e onde vejo as pegadas de seus
pés na terra, ali desejo colocar minhas pegadas também”.
17 o Espírito da verdade, o qual o mundo
não pode receber, porque não o vê nem o
conhece; mas vós o conheceis, pois ele habita
convosco e estará em vós.
18 Não vos deixarei órfãos; voltarei
para vós.
19 Dentro em pouco o mundo não me verá
mais, mas vós me vereis. Porque eu vivo, vós
também vivereis.
20 Naquele dia sabereis que estou
em meu Pai e que vós estais em mim,
e eu em vós.
21 Aquele que tem os meus mandamentos
e a eles obedece, esse é o que me ama.
E aquele que me ama será amado por
meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei
a ele.
22 E Judas, não o Iscariotes, perguntou-lhe:
Mas como, Senhor, te manifestarás a nós, e
não ao mundo?
23 Jesus lhe respondeu: Se alguém me
amar, obedecerá à minha palavra; e meu
Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele
morada.
24 Quem não me ama não obedece
às minhas palavras. A palavra que estais
ouvindo não é minha, mas do Pai que me
enviou.
junto ao Pai, o Consolador, um ser distinto do
Messias, mas de natureza semelhante, seria enviado para atuar junto aos discípulos. Um dos
nomes do Messias para os judeus era também
Consolador, papel que Jesus desempenhou em
seu ministério terrestre. Agora, ao voltar para
o céu, Jesus enviaria o Espírito Santo para continuar seu trabalho, derramando o amor do Pai
e do Filho no coração das pessoas e ajudando-as a compreender as preciosas promessas do
evangelho. O Espírito prometido por Jesus estaria para sempre ao lado dos seus discípulos e
também dos futuros crentes, sustentando-os no
seu ministério e conservando a verdade incontaminada até o final dos tempos.
14.21 AQUELE QUE TEM OS MEUS MANDAMENTOS E A ELES OBEDECE ESSE
É O QUE ME AMA. A obediência aos preceitos
deixados por Jesus é o primeiro dever de todo o
cristão. Assim como o amor se manifesta através
da obediência, a própria obediência é uma demonstração de amor. O crente possui os mandamentos de Deus no seu coração e nas suas ações.
Essa é a maior prova do seu amor a Cristo.
BBE PAGINADA.indb 1487
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28 Depois, sabendo Jesus que todas as
coisas já estavam consumadas, para que se
cumprisse a Escritura, disse: Estou com sede.
29 Havia ali uma vasilha cheia de vinagre.
Então puseram uma esponja ensopada de
vinagre num ramo de hissopo e a ergueram
até à boca de Jesus.
30 Havendo provado o vinagre, Jesus disse:
Está consumado. E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito.
31 Era o dia da preparação. E para que
os corpos não ficassem na cruz no dia de
sábado, pois aquele sábado era especial,
os judeus pediram a Pilatos que fossem
quebradas as pernas dos crucificados e que
eles fossem retirados dali.
32 Então os soldados foram e quebraram
as pernas ao primeiro e ao outro que com ele
fora crucificado.
33 Mas, chegando a Jesus, vendo que já
estava morto, não lhe quebraram as pernas.
34 Contudo um dos soldados perfurou-lhe
o lado com uma lança, e logo saíram sangue
e água.
35 E aquele que viu isso é quem dá
testemunho, e o seu testemunho é
verdadeiro; ele sabe que diz a verdade, para
que também possais crer.
36 Porque isso aconteceu para que se
cumprisse a Escritura:
Nenhum dos seus ossos será quebrado. 37 Também diz a Escritura em outro lugar:
Olharão para aquele a quem
transpassaram. João 20.6
Arimateia, que era discípulo de Jesus,
embora em segredo por medo dos judeus,
pediu a Pilatos que lhe permitisse levar o
corpo de Jesus. E Pilatos permitiu. Então ele
foi e o levou.
39 E Nicodemos, que havia se encontrado
com Jesus de noite, acompanhou-o, levando
cerca de cem libras de uma mistura de mirra
e aloés.
40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus e
o envolveram em panos de linho com as
especiarias, como os judeus costumavam
fazer em preparação para o sepultamento.
41 No lugar onde Jesus foi crucificado
havia um jardim, e ali estava um sepulcro
novo, no qual ninguém havia sido colocado.
42 E ali puseram o corpo de Jesus, porque
o sepulcro ficava perto, e era véspera do
sábado dos judeus.
O sepultamento de Jesus
Mt 27.57-61; Mc 15.42-47; Lc 23.50-56
38 Passadas essas coisas, José de
A ressurreição de Jesus
Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12
No primeiro dia da semana, estando
ainda escuro, Maria Madalena foi ao
sepulcro de madrugada e viu que a pedra
havia sido removida.
2 Então, correu ao encontro de Simão
Pedro e do outro discípulo, a quem Jesus
amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o
Senhor, e não sabemos onde o puseram.
3 Então Pedro e o outro discípulo saíram e
foram ao sepulcro.
4 E os dois corriam juntos, mas o outro
discípulo correu mais depressa do que Pedro
e chegou primeiro.
5 Abaixando-se, viu os panos de linho
deixados ali, mas não entrou.
6 Chegando Simão Pedro, que o seguia,
Judeus. Pilatos estava tão aborrecido com os líderes religiosos por ter condenado um inocente
que decidiu agir com firmeza e não ceder a mais
nenhum de seus pedidos.
19:30 ESTÁ CONSUMADO. Ao finalizar
sua missão neste mundo, Jesus não se
apresenta como um ser fracassado, pregado
numa cruz. Ele declara o encerramento de sua
missão na terra. E, curvando a cabeça, entregou o
espírito. Não morreu por um ato humano, a crucificação, mas ele entregou sua vida por decisão
voluntária, tornado-se vitorioso contra o príncipe deste mundo. Esse foi o grande momento
de sua glorificação. Cristo, o Cordeiro de Deus
foi sacrificado no mesmo momento em que
o cordeiro pascal era apresentado no templo.
Afirmam alguns comentaristas que aquele cordeiro pascal escapou das mãos do sacerdote.
Também o véu que fazia a divisão entre o lugar
Santo e o Santíssimo se rasgou de alto a baixo
(Mt 27.51). Jesus se tornou a nossa Páscoa (1Co
5.7), iniciando uma nova dispensação.
20.1-10 ERA NECESSÁRIO QUE ELE RESSUSCITASSE DENTRE OS MORTOS. O
texto relata que Maria Madalena e dois discípulos, Simão e o próprio João, foram ao sepulcro e o
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BBE PAGINADA.indb 1497
20
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João 21.6
PAZ SEJA CONVOSCO (Jo 20.19-29)
A
o se manifestar aos discípulos após sua ressurreição, por três vezes Jesus os saúda com a
expressão: Paz seja convosco! Era a saudação judaica costumeira quando amigos se encontravam, mas aqui ela se reveste de um significado bem mais profundo em cada uma dessas ocasiões:
I. v. 19-20: Para dissipar o medo e trazer alegria (Jo 14.27; 16.33).
II. v. 21-23: Para os enviar para a missão, capacitados pelo Espírito Santo e com autoridade do
alto (Jo 16.7-14).
III. v. 24-29: Para dissipar toda incredulidade e infundir convicção.
outra vez ali reunidos, e Tomé estava entre
eles. Estando as portas trancadas, Jesus
chegou, colocou-se no meio deles e disse:
Paz seja convosco!
27 Depois disse a Tomé: Coloca aqui o
teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a
tua mão e coloca-a no meu lado. Não sejas
incrédulo, mas crente!
28 Tomé lhe respondeu: Senhor meu e
Deus meu!
29 E Jesus lhe disse: Porque me viste,
creste? Bem-aventurados os que não viram
e creram.
30 Jesus, na verdade, realizou na presença
de seus discípulos ainda muitos outros sinais
que não estão registrados neste livro.
31 Estes, porém, foram registrados para
que possais crer que Jesus é o Cristo, o Filho
de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome.
20.27-29 COLOCA AQUI O TEU DEDO, E
enhor sabia o
que estava no coração de Tomé. Em sua segunda
aparição aos discípulos, dirigiu imediatamente
sua atenção ao incrédulo discípulo, oferecendo
a ele a prova exata que ele havia pedido antes de
se encontrar com o Senhor. João não menciona
se Tomé fez uso do exame físico que Jesus lhe
ofereceu, mas prostrou-se aos seus pés e o reconheceu como Deus.
21.1 JESUS APARECEU OUTRA VEZ AOS
SEUS DISCÍPULOS. Considerando que o
capítulo 21 segue-se a uma conclusão clara do
capítulo 20, muitos comentaristas questionam
se esse trecho foi realmente escrito pelo mesmo autor. Existem pelo menos duas evidências
 VÊ AS MINHAS MÃOS. O S
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BBE PAGINADA.indb 1499
A pesca maravilhosa no mar de Tiberíades
Depois disso, Jesus apareceu outra
vez aos discípulos, junto ao mar de
Tiberíades, do seguinte modo:
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé,
chamado Dídimo, Natanael, de Caná da
Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois
dos seus discípulos.
3 E Simão Pedro lhes disse: Vou pescar.
Eles responderam: Nós também vamos
contigo. Então foram e entraram no barco,
mas naquela noite nada apanharam.
4 Mas logo ao amanhecer, Jesus estava na
praia. Todavia, os discípulos não sabiam que
era ele.
5 Disse-lhes, então, Jesus: Filhos,
não tendes nada para comer? Eles lhe
responderam: Não.
6 E ele lhes disse: Lançai a rede à direita
do barco, e achareis. Então lançaram a rede e
21
fundamentais que apoiam a posição de que o
autor é o mesmo: a evidência textual, bem como
o vocabulário e o estilo, são uma continuação do
texto precedente. A segunda evidência é que em
todas as cópias encontradas do evangelho de
João consta o capítulo 21.
21.2-14 A PESCA MARAVILHOSA. A
maioria dos discípulos era composta de
pescadores experientes. O fato de Pedro decidir
pescar e convidar alguns dos seus companheiros a ir com ele não indica necessariamente que
eles haviam colocado de lado a missão que Cristo lhes havia atribuído para levar o evangelho
a todo mundo. Provavelmente estivessem necessitando de alguns recursos, mas a noite não
havia sido produtiva para a pesca. Então Jesus
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Romanos 10.6
1588
que pratica a justiça proveniente da lei viverá
por meio dela.
6 Mas a justiça que vem da fé diz:
Não digas em teu coração: Quem subirá
ao céu? (isto é, para fazer Cristo
descer)
7 ou:
Quem descerá ao abismo? (isto é, para
fazer Cristo subir dentre os mortos).
8 Mas que diz?
A palavra está perto de ti, na tua boca e
no teu coração; isto é, a palavra da fé
que pregamos.
9 Porque, se com a tua boca confessares
Jesus como Senhor, e em teu coração creres
que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo;
10 pois com o coração é que se crê para a
justiça, e com a boca se faz confissão para
a salvação.
11 Porque a Escritura diz:
Todo o que nele crê nunca será
envergonhado.
12 Pois não há distinção entre judeu e
grego; porque o mesmo Senhor é o Senhor
de todos, rico para com todos que o invocam.
13 Porque:
Todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo.
14 Como, pois, invocarão aquele em quem
não creram? E como crerão naquele de quem
não ouviram falar? E como ouvirão, se não
há quem pregue?
15 E como pregarão, se não forem
enviados? Assim como está escrito:
Como são belos os pés dos que anunciam
coisas boas!
16 Mas nem todos deram ouvidos ao
evangelho; pois Isaías diz:
Senhor, quem deu crédito à nossa
mensagem?
17 Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir,
pela palavra de Cristo.
18 Mas pergunto: Será que não ouviram?
Claro que sim:
Sua voz ecoou por toda a terra, e suas
palavras, até os confins do mundo.
19 Mas pergunto ainda: Será que Israel não
ficou sabendo? Primeiro diz Moisés:
Farei com que tenham ciúmes dos
que não são um povo; com um povo
insensato vos provocarei à ira.
20 E Isaías ousou dizer:
Fui achado pelos que não me buscavam,
da lei diz respeito à obediência (observância)
dos estatutos e normas.
10.6-10 NO TEU CORAÇÃO. As citações
são de Deuteronômio 30.11-14, mas Paulo troca “mandamento” por “Cristo” e omite “para
cumprir” do final do versículo 14 (cf. 10.8a). Assim, parece que Paulo quer dizer que a justiça
que vem da fé está na obediência/submissão a
Jesus como Cristo. No entanto, essa obediência
não se resume a meros atos externos, ela é fruto
de uma confissão de Jesus como Senhor (Cristo
e Rei), pelo poder de Deus (ressurreição), ou seja,
uma obediência internalizada (no coração).
10.11-13 TODO O QUE NELE CRÊ. Paulo
repete a citação de Isaías 28.16 (cf. 9.30)
para enfatizar a questão que a justiça de Deus
sempre esteve relacionada com o crer. Aqui, porém, ele usa a palavra “todo” (πᾶς [pas]), possivelmente em dependência da próxima citação do v.
13, para enfatizar a universalidade dessa “crença”,
pois o Senhor (Jesus) é Senhor sobre todos. Essa
segunda citação (Jl 2.32) enfatiza a universalidade da salvação novamente, mas da “crença” que
é “invocada”, formando a ligação com o que ele
vinha dizendo anteriormente (cf. v. 8-10).
 está dizendo que Israel não ouviu (cf. v.
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BBE PAGINADA.indb 1588
10.14-17 COISAS BOAS. Aqui Paulo não
18). Ele quer enfatizar o conteúdo do anúncio
que leva ao crer. Quanto ao conteúdo, ele cita
Isaías 52.7, que fala do anúncio sobre o reinado
de Deus. Essa é a palavra de Cristo (v. 17), ou seja,
o anúncio do evangelho (Deus reina), demonstrando que esse reinado se dá por meio de Cristo. O crer vem pelo ouvir, já que o evangelho é
anunciado; contudo, Isaías 53.1 mostra que, apesar de esse anúncio ter sido feito a Israel, o povo
não creu (não deu ouvidos).
10.18 POR TODA A TERRA. Não há desculpa para Israel, pois eles ouviram o
anúncio. Paulo cita Salmos 19.4 como forma de
dizer que o anúncio do evangelho foi feito, apesar de o contexto de Salmos ser a ideia de Deus
como Criador e nada ter a ver com o anúncio do
reinado de Deus em Cristo.
10.19-20 NÃO FICOU SABENDO? Primeiro, Paulo informa que Israel já havia sido
alertado sobre a participação de outros povos
na “promessa” (nesta passagem, a chamada de fé
em Cristo), ou seja, não há novidade nisso. Assim, ele cita Deuteronômio 32.21b e Isaías 65.1.
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19/05/2016 11:30:14
1627
1Coríntios 13.9
O AMOR É (13.4-7)
A
o descrever as qualidades do amor, Paulo o personifica usando uma série de prosopopeias. O
amor: (1) é paciente – não se irrita facilmente, não desiste e é capaz de suportar ofensas sem se
vingar; (2) é benigno – toma iniciativas de demonstração de bondade, é prestativo e serve de boa
vontade, como um bom brasileiro; (3) não é invejoso – não “ferve” de ciúmes ou inveja (a pessoa
ciumenta ou invejosa tem a tendência de competir ou polarizar discussões); (4) não se vangloria –
não conta vantagem, não faz de tudo para chamar a atenção dos outros; (5) não se orgulha – não
se considera superior aos outros, nem mais importante; (6) não se porta com indecência – não é
inconveniente nem constrange os outros, conhece e respeita seus limites em relação ao próximo; (7)
não busca os próprios interesses – não é egocêntrico, não busca em primeiro lugar seu próprio bem,
mas o bem de outros; (8) não se enfurece – não se deixa enfurecer (o verbo está na voz passiva); (9)
não guarda ressentimento do mal – literalmente, “não credita na conta do outro”, isto é, não mantém
registros do mal que alguém lhe fez para confronto posterior; (10) não se alegra com a injustiça – não
tem prazer nos pecados, falhas e fracassos de outros; (11) congratula-se com a verdade – celebra
alegremente o triunfo da verdade, mesmo quando ela incomoda, o que significa que não faz uso do
nosso “jeitinho brasileiro” com propósito de manipular ou enganar; (12) tudo sofre – tudo aguenta
ou nunca deixa de suportar; (13) Tudo crê – nunca deixa de acreditar, não perde a fé no potencial
de alguém, sejam pessoas ou grupos, e sempre tenta acreditar nas boas intenções das pessoas; (14)
tudo suporta – não desiste nunca apesar da ingratidão e da imaturidade das pessoas, assim como o
apóstolo não desistiu da igreja de Corinto ou Cristo não desistiu de Pedro.
mistérios, e tivesse todo o conhecimento,
e mesmo que tivesse fé suficiente para
mover montanhas, mas não tivesse amor,
eu nada seria.
3 E mesmo que eu distribuísse todos os
meus bens para o sustento dos pobres, e
entregasse meu corpo para ser queimado,
mas não tivesse amor, nada disso me traria
benefício algum.
4 O amor é paciente; o amor é benigno.
Não é invejoso; não se vangloria, não se
orgulha,
5 não se porta com indecência,
não busca os próprios interesses,
não se enfurece, não guarda ressentimento
do mal;
6 não se alegra com a injustiça, mas
congratula-se com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.
8 O amor jamais é vencido. Mas, havendo
profecias, serão extintas; havendo línguas,
silenciarão; havendo conhecimento,
desaparecerá.
9 Porque parcialmente conhecemos e
parcialmente profetizamos;
extraordinária. A identidade do homem não se
baseia na posse desses valiosos dons, pois, mesmo que os tivesse, sem amor ele nada seria.
13.3 TODOS OS MEUS BENS [...]
MEU CORPO. Mesmo o ato altruísta mais extremo que é dar a própria vida pode
ser realizado sem amor. Logo, o fim do homem
não está em si mesmo. O amor transcende a realidade humana, de modo que a identidade do
homem está fora dele. Paulo eleva o amor acima
da vida e, ao final do capítulo, retomará o caráter eterno do amor (v. 8).
 DO. Paulo retoma o tema da tran-

BBE PAGINADA.indb 1627
13.8-10 O AMOR JAMAIS É VENCI-
sitoriedade dos dons, contrasta parte (μέρος
[meros]) com completo (τέλειος [t¾leios]) e repete o paralelismo no versículo 12. Anuncia a
parcialidade da vida e a completude do conhecimento pleno na era vindoura. Os dons, por
serem transitórios, ajudam no conhecimento
de Deus, mas apenas parcialmente. Somente o
amor permanece, pois ele jamais será vencido e
será plenamente realizado quando vier o que é
completo, Cristo.
19/05/2016 11:30:26
1709
Filipenses 1.27
21 Pois para mim o viver é Cristo, e o
morrer é lucro.
22 Mas, se o viver no corpo resulta para
mim em fruto do meu trabalho, não sei
então o que escolher.
23 Sinto-me, porém, pressionado de
ambos os lados, tendo desejo de partir e
estar com Cristo, pois isso é muito melhor;
24 todavia, por vossa causa, acho mais
necessário permanecer no corpo.
25 E, tendo esta confiança, sei que ficarei
1.21-23 POIS PARA MIM. Paulo não tem
 receio algum de encarar a morte. Para ele,
morrer era lucro. Essa atitude de esperança cristã
está em contraste com a postura de desesperança perante a morte, tão bem caracterizada no romantismo brasileiro, representado aqui por este
poema de Álvares de Azevedo:
Se Eu Morresse Amanhã!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
1.22 FRUTO DO MEU TRABALHO. O gre-
 go traz o genitivo ἔργου (ergou) É muito
provável que devamos ler o genitivo como atributivo dependente de καρπὸς (karpos). O desdobramento dessa relação gramatical pode ser
expresso como “trabalho útil” (NTLH).
1.22 MAS, SE O VIVER NO CORPO. Paulo
afirma que não sabe o que escolher (continuar vivo ou morrer). Isso, porém, não significa
que ele tenha o suicídio como opção. O apóstolo
afirma apenas que pode enfrentar a possibilidade da morte com tranquilidade. Provocar a

BBE PAGINADA.indb 1709
e permanecerei com todos vós para vosso
desenvolvimento e alegria na fé;
26 para que cresça o motivo de vos
orgulhardes em Cristo Jesus por minha
causa, pela minha presença de novo
entre vós.
Várias recomendações
27 Somente portai-vos de modo digno do
evangelho de Cristo, para que, quer eu vá e
vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de
morte intencionalmente é, no fundo, querer ser
Deus, além de ser uma fuga covarde dos embates da vida. Como a vida é sagrada para a tradição cristã, o suicídio sempre foi condenável. Os
exemplos bíblicos de Saul (1Sm 31.4) e Judas (Mt
27.5) são possivelmente os mais negativos. Deve-se considerar, porém, que a questão torna-se
complexa quando se trata de pessoas que tiram
a própria vida sem ter consciência do que estão
fazendo, a exemplo de pessoas com problemas
mentais. Outro caso interessante é o de Sansão,
que mata os filisteus ao derrubar o templo, sabendo que morreria junto com eles (Jz 16.30).
1.27 PORTAI-VOS DE MODO DIGNO. No
original, a palavra πολιτεύεσθε (politeuesthe) significa conduzir-se, viver a vida como
cidadão livre, habitante da mesma cidade, ou
cumprir as obrigações de cidadão, portar-se publicamente. Sua raiz é a mesma da palavra que
aparece em 3.20 (πολίτευμα [politeuma]), que
trata de nossa cidadania celestial. Exortações
semelhantes são encontradas em 1Ts 2.12; Rm
16.2; Cl 1.10; Ef 4.1. Assim, literalmente, Paulo
quer dizer “seja a vossa cidadania”. Como habitantes de uma colônia romana, os filipenses
eram considerados praticamente “cidadãos” de
Roma com os mesmos direitos legais dos que
moravam em Roma. Paulo usa essa analogia
para se referir aos cristãos, que, embora vivam
neste mundo, têm sua verdadeira cidadania no
reino (Hb 13.14). Este mundo é para nós como
uma colônia dos céus na terra e, em última instância, devemos prestar contas a Deus, vivendo
hoje com a dignidade de cidadãos celestiais. Os
exemplos desse procedimento têm destaque na
carta: Jesus (2.5-11), Timóteo (2.19-22), Epafrodito (2.25-30) e Paulo (1.12-26; 3.4-16).
1.27 FÉ DO EVANGELHO. Aqui temos
mais um genitivo no grego, πίστει τοῦ
εὐαγγελίου (pistei tou euangeliou), sujeito a várias interpretações. Embora seja possível entendê-lo como genitivo de origem, isto é, a fé que
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1851
​1Pedro 3.17
refreie a língua do mal, e os lábios de
falar coisas enganosas;
11 afaste-se do mal e faça o bem; busque a
paz e nela insista.
12 Porque os olhos do Senhor estão
sobre os justos, e os seus ouvidos,
atentos à sua súplica; mas o rosto
do Senhor está contra os que praticam
o mal.
13 Quem vos fará mal, se sois zelosos
do bem?
14 Mas, ainda que venhais a sofrer por
causa da justiça, sereis abençoados. Não
temais suas ameaças, nem vos alarmeis.
15 Antes, reverenciai a Cristo como Senhor
no coração. Estai sempre preparados para
responder a todo o que vos pedir a razão da
esperança que há em vós.
16 Mas fazei isso com mansidão e temor,
tendo boa consciência, para que os que
caluniam o vosso bom procedimento em
Cristo fiquem envergonhados naquilo de que
falam mal de vós.
17 Porque, se a vontade de Deus assim o
uma compreensão equilibrada da vida santificada. Essa visão permite que ele a descreva sob
a forma de atitudes positivas: união no pensar,
demonstração de compaixão e amor fraternal,
demonstração de misericórdia e humildade,
prática do bem e busca da paz. Ao mesmo tempo, o texto bíblico fala sobre atitudes negativas,
que devem ser evitadas: vingança, maledicência,
maldade. O equilíbrio na compreensão e na vivência da santidade é saudável para a vida e o
testemunho dos cristãos.
3.8-12 A exortação de Pedro tem
paralelos evidentes com o que Paulo
recomenda à comunidade cristã em Roma (Rm
12.9-21). E, a exemplo de Paulo, o autor cita o
AT (Sl 34.12-16) como motivação para a atitude
condizente com o amor fraternal. Em resumo,
a atitude que manifesta o amor fraternal na comunidade cristã por meio de um procedimento
ético adequado — a rejeição do mal e a busca do
bem — traz como recompensa a bênção (v. 9) e a
atenção misericordiosa do Senhor (v. 12).
3.11 BUSQUE A PAZ E NELA INSISTA. As recomendações de Pedro
têm como objetivo estabelecer relacionamentos
saudáveis, tanto dentro da comunidade de fiéis
quanto pela sua presença na sociedade. A busca
insistente da paz mostra-se cada vez mais necessária em meio à realidade da crescente violência urbana que se vê no Brasil. Os que desejam
“amar a vida e ver dias felizes” são exortados a
experimentar uma mudança no comportamento cotidiano, começando com a forma e o conteúdo do que falam (3.10). A importância atribuída
à linguagem aponta para a necessidade de buscar uma mudança de mentalidade ligada aos
relacionamentos, postura que representa um
primeiro e importante passo na busca da paz
nos lares, nas cidades e nações. É importante
aderir às iniciativas tomadas pela sociedade civil
que se caracterizam por mostrar compaixão e
amor fraternal (3.8).
3.14 SOFRER […] SEREIS ABENÇOADOS.
Transparece neste versículo a marca que
os ensinamentos de Jesus devem ter deixado
sobre Pedro, particularmente no que diz respeito às bem-aventuranças que advêm da perseguição e do sofrimento. É como se o apóstolo
estivesse se lembrando das palavras do próprio
Jesus registradas em Mateus 5.10,11. Bem-aventurados e abençoados refletem a mesma palavra
grega μακάριος (makarios), empregada tanto no
texto de Mateus quanto aqui em 3.14.
3.15 REVERENCIAI A CRISTO COMO SENHOR. O verbo grego traduzido como reverenciai (ἁγιάζω [hagiazÜ]) é também usado na
oração do Pai-nosso: santificado seja o teu nome
(Mt 6.9). Tem o sentido de reconhecer a soberania e a supremacia de Cristo em meio às ameaças
(v. 14), consagrando-lhe o centro da existência,
o coração. Assim, será possível apresentar uma
defesa (ἀπολογία [apologia], traduzido por responder) da fé (esperança) cristã. Em 1Pedro, “esperança” está diretamente relacionada com fé,
cf. 1.13, 21; 3.5; cf. também Hebreus 11.1.
3.15 Muitos manuscritos mais recentes
trazem Θεὸν (theon), Deus, em lugar de
Χριστὸν (christon), Cristo, forma mais atestada
nos manuscritos mais antigos.
3.16 TENDO BOA CONSCIÊNCIA. Ou “em
nada sendo acusado pela consciência”,
algo como “estar sempre atento à voz do Espírito
Santo, que convence o homem de seu pecado”.
Ainda que se levantem calúnias, o cristão se
apresenta santo, irrepreensível, livre de sentimentos de culpa (1Pe 1.15,16). Veja 1Timóteo
1.5, onde Paulo usa a mesma expressão.
3.17 A VONTADE DE DEUS […] QUE SOFRAIS. Sofrer por fazer o que é correto
(bem ou justiça, cf. v. 14) pode ser enquadrado
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BBE PAGINADA.indb 1851
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12/8/16 12:21 PM
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